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br/depeso/351888/a-correcao-monetaria-do-fgts
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fgts
Ocorre que, a contar do ano de 1999, a TR não refletiu mais a correção monetária,
tendo se distanciado completamente dos índices oficiais de inflação, ou seja, um
índice que não expressou a real inflação, e como consequência afetou a
remuneração dos cotistas.
Isso acaba por significar que há anos os trabalhadores que possuem depósitos no
FGTS não experimentam ganhos reais em sua aplicação. Ao contrário, há muito
tempo, os trabalhadores possuem rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando
em conta a remuneração dos juros de 3% ao ano prevista na legislação regente.
A análise do tema estava pautada no STF para ocorrer em 13 de maio deste ano,
mas, em 6 de maio, a ADIn 5090 foi retirada da pauta e até o presente momento não
há nova data para uma nova inclusão de pauta para a consequente definição da
matéria.
Ressalte-se que, em outra análise já realizada pelo STF no final do ano de 2020, a
TR já foi considerada inconstitucional para fins de correção monetária de débitos de
natureza trabalhista, bem como de depósitos recursais relativas a esta mesma
natureza2, tendo em vista que a TR se tornou inadequada no contexto da
Consolidação das leis Trabalhistas (CLT).
Isso porque, caso o STF também entenda por bem modular os efeitos na hipótese
de o julgamento ser favorável à modificação do índice de correção monetária dos
depósitos do FGTS - cuja análise poderá se dar em breve por meio da ADIn 5090 -,
aqueles trabalhadores adeptos que não possuírem ação judicial em curso sobre o
tema poderão, com grande chance, ficarem impossibilitados de buscar o
reconhecimento do direito em seu favor com a finalidade de reaver os valores ainda
devidos.
Deste modo, é possível opinar que todos os trabalhadores que tiveram depósitos
realizados em suas respectivas contas vinculadas do FGTS entre os períodos de
1999 e 2013, além de possuírem o direito de ingressar com demanda individual com
o objetivo de buscar a substituição da TR por outro índice mais apropriado e de ver
procedida a revisão da correção em todo o mencionado período, devem exercê-lo de
forma preventiva, ou seja, antes do enfrentamento do tema pelo STF.
Nada obsta demandar judicialmente após o julgamento definitivo do tema pelo STF,
contudo poderá o trabalhador não possuir as condições necessárias à busca do
benefício a que se pretende, posto que, conforme já destacado, a modulação de
efeitos, se aplicada, poderá viabilizar o alcance apenas aos trabalhadores que
ajuizaram a ação até antes do julgamento da ADI 5090, não alcançando os demais
trabalhadores, certamente prejudicados.
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1 "Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a
depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a
importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no
mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que
tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a lei
4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da lei 4.749, de 12 de agosto de
1965."