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Compra e venda

Entende-se por compra e venda o contrato segundo o qual uma das partes se obriga a
transferir o domínio de uma coisa a outra, mediante o pagamento, por esta, de certo preço
em dinheiro.

A pessoa que se obriga a transferir o domínio da coisa se denomina vendedor.

Aquele que, para fazer jus ao domínio, assume a obrigação de pagar certo preço em dinheiro
é chamado comprador.

Obs: apesar de carregar duas operações no nome, o contrato é um só. A compra e a venda se
fazem de maneira simultânea.

❐ Compra e venda mercantil

A compra e venda mercantil depende de um requisito SUBJETIVO, ou seja, dos sujeitos


são parte deste contrato, portanto, será considerada mercantil somente a compra e venda
celebrada entre DOIS EMPRESÁRIOS.

Será mercantil a compra e venda entre EMPRESÁRIOS, independente da atividade ser


comercial ou industrial, pois “a cadeia de circulação das mercadorias é uma sucessão de
contratos de compra e venda mercantis.”

Obs.: O regime jurídico da compra e venda mercantil não possui diferença nas delimitações
dos direitos e obrigações em relação a compra e venda cível.

Por meio dele, o empresário obtém as mercadorias que irá revender com lucro.

Também é mercantil a compra e venda de insumos (matéria-prima, máquinas, energia etc.)


para incorporação em processos produtivos ou equipagem de estabelecimento empresarial.

❐ Cadeia de circulação de mercadorias

A cadeia de circulação de mercadorias é uma sucessão de contratos de compra e venda


mercantis: a indústria química vende produtos para a farmacêutica, que vende remédios para
o atacadista, que os revende para farmácias e drogarias; a siderúrgica fornece aço para a
montadora de automóveis, que vende os veículos para as concessionárias; a fábrica têxtil
vende tecido para a confecção, que comercializa suas roupas para o importador, que as
negocia com lojistas no shopping center etc.
Não será mercantil o contrato de compra e venda situado fora da cadeia de circulação
de mercadorias (compra e venda entre não empresários) ou aqueles celebrados no elo final
da cadeia (empresário e consumidor).

❐ Requisitos

Para a caracterização mercantil em um contrato de compra e venda, é necessário apenas um


requisito, com base no Código Civil de 2002, que é o requisito subjetivo (empresários), a
qualidade da coisa objeto de contrato (sempre uma mercadoria) e a finalidade da operação
(circulação de mercadorias) são decorrências deste requisito subjetivo.

❐ Diferença entre compra e venda mercantil e compra e venda cível

A única diferença, assim, entre a compra e venda mercantil e a cível está na disciplina das
consequências da instauração da execução concursal do patrimônio do comprador.

Na compra e venda cível em geral, caindo o comprador em insolvência, o vendedor pode


obstar a entrega da coisa e exigir caução pelo pagamento. Mas na compra e venda
mercantil, decretada a falência do comprador, variam os direitos do vendedor segundo o
estágio em que se encontrava a execução do contrato.

❐ Objetos suscetíveis a compra e venda mercantil

Entre as coisas suscetíveis de compra e venda mercantil a moeda, os valores mobiliários e as


participações societárias. Desse modo, o câmbio, a alienação de debêntures ou ações e a
cessão de quotas sociais são espécies do gênero compra e venda mercantil.

❐ Objetivos do comprador

Quando o comprador, mesmo sendo empresário, adquire bem que não é estritamente
necessário ao desenvolvimento de sua atividade econômica, a coisa, para o direito, não
se considera insumo — embora até possa considerar-se como tal para outras tecnologias,
como a economia ou a administração de empresas —, e o contrato de compra e venda
correspondente não é mercantil. Caracteriza-se, nessa hipótese, uma relação de consumo.

❐ Elementos do contrato

A compra e venda forma-se assim que comprador e vendedor concordam relativamente a


coisa, preço e condições.

I) Coisa - O objeto da compra e venda mercantil é necessariamente uma mercadoria


(requisito objetivo), mas não precisa ser presente, isto é, existente no momento da
contratação.
Em suma, a compra e venda mercantil pode ter por objeto coisa futura. O vendedor não
dispõe necessariamente do bem que vende ao celebrar o contrato.

Fechado o contrato, se o vendedor não consegue, por razões de mercado, cumprir as


obrigações assumidas, responde por inexecução do contrato e deve indenizar o comprador
pelos prejuízos decorrentes.

II) Preço - No sistema econômico fundado na livre iniciativa, o princípio geral é o da


liberdade de composição dos preços.

O montante a ser pago pelo comprador ao vendedor é fixado exclusivamente por eles.
Mesmo se o preço é estipulado por arbitragem, prevalece a vontade dos contratantes,
que escolheram livremente esse procedimento.

A lei ou o regulamento não podem, assim, genérica e permanentemente, quantificar ou


balizar preços, limitando a liberdade dos sujeitos de direito, sob pena de
inconstitucionalidade.

Mas, em situações específicas e durante a vigência de planos de estabilização econômica, a


ordem jurídica admite mecanismos de intervenção do estado nesse aspecto das relações
privadas.

O estado pode controlar preços de forma direta ou indireta. No primeiro caso, a lei interfere
em sua composição por meio dos seguintes instrumentos:
a – congelamento (bloqueio de elevações dos preços praticados em determinadas datas).
b – tabelamento (fixação do preço máximo para venda ao consumidor), autorização ou
homologação (licenças administrativas para aumento dos preços em segmentos estratégicos
da economia).
c – monitoramento (comunicação dos aumentos praticados para a autoridade administrativa).

Na forma indireta, o estado influencia os preços praticados no mercado concedendo


benefícios fiscais, adotando política monetária de ampliação ou restrição da
disponibilidade do meio circulante ou do crédito, mantendo e administrando estoques
reguladores etc.

Ao negociarem o preço, comprador e vendedor consideram diversos fatores, tais como o


volume da operação (quanto maior a quantidade de mercadorias solicitadas, menor costuma
ser o preço unitário), despesas com a tradição (se o vendedor fica responsável pela entrega
da mercadoria, o custo do transporte deve ser embutido no preço), condições de
pagamento (se parcelado o preço, o custo financeiro deve ser suportado pelo comprador) etc.
Também são importantes na composição do preço considerações de natureza subjetiva (a
pessoa do comprador ou/e a pessoa do vendedor).
A discriminação dos adquirentes na negociação de preços só é vedada na lei quando
objetivar eliminação ou prejuízo da concorrência, domínio de mercado ou aumento
arbitrário de lucros.

O preço pode ser pago à vista ou a prazo, em função exclusivamente do contratado entre
comprador e vendedor. Na primeira hipótese, convenciona-se que o dinheiro sai da
propriedade do comprador e ingressa na do vendedor no ato do fechamento do contrato.

Na venda aprazada, essa mutação patrimonial deve verificar-se em momento posterior ao


contrato, como no dia da tradição (contraentrega) ou no dia 15 do mês imediatamente
seguinte ao do contrato (15 dias fora o mês). Também é a prazo o pagamento contratado para
ser feito em parcelas periódicas (ato, 30, 60 e 90 dias). A lei não admite, na compra e
venda, juros remuneratórios do aprazamento do preço superiores aos cobrados pela
Fazenda Nacional por atraso nos seus impostos (CC, arts. 406 e 591). Isso significa que
os juros não podem ser contratados senão à taxa SELIC. Como a remuneração do dinheiro é
normalmente maior, a compra e venda mercantil aprazada muitas vezes é fechada com a
interveniência de instituição financeira, e é conjugada a contratos de vendor, factoring ou a
desconto de duplicata.

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. (Vide
ADIN 5867) (Vide ADC 58) (Vide ADC 59) (Vide ADPF 131)

Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,
sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a
capitalização anual.

III) Condições - o que caracteriza a condição é a superveniência ou não de um fato incerto e


futuro. Assim, na condição há sempre duas hipóteses a fazer: ou o fato se realiza ou não se
realiza. Subordinando-se a existência do contrato à realização do evento, aquele só se
efetivará se realmente o evento acontecer; neste caso, a condição é chamada suspensiva, e a
formação do contrato fica suspensa até que tal condição se verifique. Se, por acaso, o evento
não ocorrer, o contrato não se faz, sendo considerados como inexistentes os atos
anteriormente praticados.

Há, porém, casos em que o contrato se torna perfeito desde o momento em que as partes
dão o consentimento, embora estabeleça que, se ocorrer certo evento futuro, o contrato
será considerado como desfeito, voltando as partes à situação em que estavam antes de
contratar. A essa condição acordada pelas partes dá-se o nome de resolutiva. Ocorrendo
o evento resolve o contrato, extinguindo-se o direito que nascera com o acordo de vontades.
Em contratos sujeitos à condição suspensiva, o vínculo geral não existe senão depois de
verificada à condição; já nos contratos sujeitos à condição resolutiva o vínculo existe desde a
celebração do acordo e só deixará de existir se se verificar a condição.
❐ Formação do contrato

A compra e venda é contrato consensual; significa dizer que a formação do vínculo


obrigacional entre os sujeitos participantes do ato dá-se com o encontro de vontades sobre
coisa, preço e condições.

Não é condição de constituição do contrato nem a instrumentalização do acordo em


documento (escrito ou virtual), nem a entrega da coisa.

O contrato pode ocorrer por meio oral, escrito (papel) ou virtual (eletrônico, magnético e
similares).

A compra e venda mercantil começa, em geral, com a iniciativa do representante de uma


sociedade empresária de indagar ao de outra sobre as condições em que poderia vir a lhe
interessar determinado negócio.

Diante das informações sobre o mercado e o outro negociador, os profissionais de cada


sociedade discutem e elaboram entre eles a estratégia da negociação.

Esse período encerra quando uma das sociedades se sente segura para formular a proposta
inicial e submetê-la à outra.

O destinatário, então, elabora uma contraproposta (é uma fase onde as partes tentam
alcançar um consenso enquanto analisam a melhor maneira, cada uma, de não saírem
prejudicadas e otimizarem seus lucros). Nessa fase, não há contrato, portanto, não há direito
nem obrigações.

Alcançado o consenso entre os negociadores, as vontades concordes podem documentar-se


num único instrumento, como na assinatura de contrato escrito, cujas cláusulas são redigidas
pelos advogados das sociedades empresárias envolvidas.

As declarações de vontade constituintes do contrato são chamadas, na lei, de proposta e


aceitação. Quem manifesta a primeira denomina-se proponente; o outro contratante,
aceitante.

A proposta é vinculativa para o proponente, salvo estipulação contrária (CC, art. 427;
CC-16, art. 1.080).

Ela deixa de ser obrigatória se o destinatário não a aceitar no prazo para resposta.

Se, contudo, não se fixou prazo para a resposta, reputa-se que têm o mesmo efeito liberatório
a não aceitação imediata do presente ou o decurso de tempo razoável para o ausente
pronunciar-se (CC, art. 428, I a III; CC-16, art. 1.081, I a III).
Em qualquer caso, se o destinatário manifesta a recusa da proposta, esta não é mais
obrigatória para o proponente. A aceitação é a adesão incondicional aos termos da
proposta, expressa imediatamente (entre contratantes presentes), no prazo fixado ou razoável
(entre ausentes).

Qualquer adição, restrição ou modificação manifestada pelo destinatário da proposta


desnatura a sua declaração de vontade como aceitação. A mesma descaracterização
verifica-se na manifestação fora do prazo. A lei determina que a pretensa aceitação nessas
situações seja tratada como nova proposta (CC, art. 431; CC-16, art. 1.083).

Nenhuma manifestação de vontade, por fim, será eficaz na constituição de vínculos


contratuais se a retratação chegar antes ou mesmo concomitantemente ao conhecimento do
interlocutor (CC, art. 428, IV; CC-16, arts. 1.081, IV, e 1.085).

❐ Obrigações do vendedor

As obrigações do vendedor, na compra e venda, são três:

I) transferir o domínio da coisa objeto de contrato na forma e no prazo contratado;

Omisso o contrato sobre o ato da tradição, considera-se que ela ocorre no momento da
entrega (real ou simbólica) das mercadorias, ou de título representativo, no lugar em que se
encontravam ao serem vendidas (CC, art.493)

Dada a falta de acordo entre as partes, correm por conta do vendedor as despesas com a
tradição (CC, art. 490).

Se o vendedor não cumpre a obrigação de transferir o domínio da coisa ao comprador, este


pode reivindicar a coisa adquirida (em execução específica do contrato) ou apenas a
indenização pelo descumprimento da obrigação contratual (CC, art. 475).

II) responder por vícios;

Apresentando-se a coisa inapta ao uso que o comprador legitimamente poderia esperar, por
deficiência na qualidade ou quantidade, configura-se o vício.

Está também viciado o bem que, embora não apresente deficiência nenhuma, tem valor
inferior ao do comprado.

Nesses casos, o comprador tem direito de optar entre o desfazimento do contrato (ação
redibitória) ou a redução proporcional do preço (ação estimatória ou quanti minoris).
Assinala a lei o prazo decadencial de 30 dias para o comprador manifestar sua opção de modo
formal perante o vendedor. Esse prazo conta-se do recebimento das mercadorias, quando o
vício é manifesto. Sendo oculto, conta-se de sua manifestação, limitado porém o prazo a 180
dias da entrega efetiva da coisa.

Na compra e venda mercantil, ressalte-se, não tem o comprador o direito de exigir do


vendedor a eliminação do vício ou a substituição da mercadoria viciada. Esse direito
titulariza-o, por exemplo, o consumidor na compra e venda sujeita à disciplina consumerista
(CDC, arts. 18, § 1º, I, e 19, III).

III) responder por evicção, salvo se o comprador tinha conhecimento desta.

O vendedor responde por evicção, cabendo-lhe a defesa da validade do contrato quando


reivindicada a coisa por terceiros. Também se obriga o vendedor a indenizar o comprador
na hipótese de reconhecimento judicial dos direitos reivindicados por terceiros sobre a
coisa vendida.

Não tem direito a indenização o comprador que tinha conhecimento da reivindicação antes
do contrato.

Outra obrigação que tem o vendedor é a de custear a tradição da mercadoria. A lei


estipula que lhe cabem as despesas relacionadas à tradição, isto é, transporte até o
estabelecimento do comprador das mercadorias que vender, salvo se as partes acertarem de
forma diversa (CC, art. 490). Desse modo, em princípio é ônus do vendedor contratar a
empresa transportadora ou fazer a entrega da mercadoria vendida por seus próprios meios,
suportando todos os demais custos, como pedágio rodoviário, armazenagem, impostos,
seguro etc.

❐ Obrigações do comprador

A principal obrigação do comprador é pagar o preço no local, montante e prazo estipulados


com o vendedor. É também sua obrigação receber a coisa adquirida no tempo, lugar e modo
contratado.

Em decorrência, o vendedor tem direito ao recebimento de compensações por atrasos na


tradição de responsabilidade do comprador.

Se a fatura representativa da compra e venda já foi enviada e a mercadoria encontra-se


disponibilizada ao comprador, apenas aguardando as providências deste de recolhimento e
transporte, o vendedor pode cobrar a estadia.

Se a demora do comprador em cumprir a obrigação é demasiada, o vendedor, para evitar


maiores prejuízos, pode, após notificação àquele, mandar entregar a mercadoria em seu
estabelecimento ou num depósito ou armazém-geral das proximidades, tendo direito ao
ressarcimento das despesas correspondentes.

Finalmente, quando a completa eficácia da transferência do domínio da coisa objeto de


contrato depender de registro, cabe ao comprador providenciá-lo e arcar com as despesas
correspondentes.

❐ Contrato de fornecimento

São contratos de compra e venda mercantil que possuem execução periódica ou contínua,
estes contratos garantem ao comprador maior segurança de suprimento dos insumos em caso
de escassez no mercado.

No contrato de fornecimento, comprador e vendedor estabelecem de comum acordo uma ou


mais condições para a realização de uma série de compras e vendas. Seu objetivo é garantir o
suprimento de insumos (para o comprador) e o mínimo de demanda de produtos (para o
vendedor).

No fornecimento, uma das partes se obriga a vender e a outra a comprar a coisa objeto
de contrato, como em qualquer outra compra e venda. A nota particular do fornecimento
é a prévia definição, pelo acordo de vontade dos contratantes, de uma ou mais condições de
negócio.

Se o varejista quer ter garantia de suprimento, pode contratar com o atacadista a compra de
uma quantidade mínima mensal do produto, ficando data de entrega, preço e prazo de
pagamento a serem estipulados a cada remessa.

❐ Função

A função do contrato de fornecimento é estabilizar determinados aspectos da relação


negocial, poupando as partes de renegociações periódicas sobre eles e possibilitando o
cálculo empresarial relativamente ao suprimento de insumos (para o comprador) ou garantia
de demanda (para o vendedor).

Não há nenhuma condição geral que se encontre em todo contrato de fornecimento.

O fornecimento pode ser celebrado por prazo determinado ou indeterminado, com ou


sem exclusividade, definindo ou não preço, procedimentos, periodicidade, quantidade e
demais condições.

A partir da assinatura do contrato de fornecimento, comprador e vendedor assumem a


obrigação de realizar a compra e venda nas condições estabilizadas.
O descumprimento das obrigações estipuladas no fornecimento, como em qualquer outro
contrato, dá ao contratante prejudicado o direito de rescindir o vínculo contratual e demandar
perdas e danos.

❐ Compra e venda no comércio exterior

Quando uma das partes do contrato de compra e venda mercantil é empresário estabelecido
no Brasil e a outra não, o negócio se inclui no conceito de comércio exterior.

Assim, se o vendedor é empresário estabelecido no Brasil e o comprador em outro país, a


compra e venda é denominada exportação; se é comprador o brasileiro e vendedor o
estrangeiro, denomina-se importação.

❐ Câmbio

A moeda desempenha diversas funções. Em primeiro lugar, ela é meio de pagamento. Ela é
também medida de valor e serve como parâmetro para comparação entre bens ou direitos de
diferentes naturezas. A terceira função da moeda é de reserva de valor. A maior ou menor
liquidez do empresário guarda relação com o montante de dinheiro disponível em seu
patrimônio (caixa, depósito bancário, aplicação financeira etc.).

A compra e venda cujo objeto é a moeda estrangeira denomina-se câmbio. Nele, a moeda
nacional é meio de pagamento do preço, e a estrangeira, a coisa vendida. Somente
determinadas instituições financeiras ou empresas autorizadas pelo Banco Central
podem operar o câmbio, e apenas em hipóteses específicas, como turismo ou comércio
exterior.

❐ Custo de tradição: INCOTERM'S

As despesas com a tradição da coisa (remuneração dos serviços da empresa transportadora,


estadias em portos ou aeroportos, impostos etc.) e riscos (de subtração, dano ou perda)
correm, de acordo com o direito brasileiro, por conta do vendedor, a menos que as partes
tenham convencionado de modo diverso.

No comércio internacional, é usual a repartição dessas despesas entre as partes. Para auxiliar
a contratação dessa matéria, uma entidade privada, a Câmara do Comércio Internacional, tem
divulgado, desde os anos 1930, sua interpretação sobre as principais cláusulas utilizadas pelas
partes (os INCOTERMs: FOB, FAS, CIF etc.).

As regras de interpretação das cláusulas gerais de comércio internacional da CCI abrangem


quatro grupos.

❐ INCOTERMs
Os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos Internacionais de
Comércio) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda
internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador,
estabelecendo um conjunto padronizado de definições e determinando regras.

Tabela INCOTERMs:

– Grupo “E” (partida) EXW Ex Works;


– Grupo “F” FCA Free Carrier (transporte principal não pago) FAS Free Alongside Ship FOB
Free on Board;
– Grupo “C” CFR Cost and Freight.(transporte principal pago) CIF Cost, Insurance and
Freight
CPT Carriage Paid to...
CIP Carriage and Insurance Paid to...
– Grupo “D” DAT Delivered at Terminal
(chegada) DAP Delivered at Place
DDP Delivered Duty Paid

Quando as partes convencionam a compra e venda na condição EXW (a partir do local da


produção), significa que todos os custos da tradição serão suportados exclusivamente pelo
comprador, que se encarregará de retirar as mercadorias no estabelecimento do vendedor e
trazer para o seu.

Nas cláusulas do Grupo “F”, o transporte principal é pago pelo comprador, ficando o
vendedor responsável pela saída da mercadoria das fronteiras de seu país. Desdobra-se em
três:
– FCA, FAS e FOB. Na compra e venda feita na condição FCA (transportador livre), o
vendedor cumpre suas obrigações ao entregar as mercadorias aos cuidados de empresa
transportadora indicada pelo comprador, desde que desembaraçadas para exportação.

Nos INCOTERMs do Grupo “C”, o pagamento do transporte principal é custo do vendedor, e


o comprador encarrega-se basicamente de providenciar a entrada das mercadorias no seu
país. São quatro cláusulas nesse grupo:
– CFR, CIF, CPT e CIP. A condição CFR (custo e frete) atribui ao vendedor a
responsabilidade por todas as despesas com a tradição da mercadoria até a chegada no porto
de destino, mas o risco é já do comprador a partir do momento em que as mercadorias cruzam
a amurada do navio na operação de embarque.

As cláusulas dos contratos de chegada (grupo “D”) são três:


– DAT, DAP e DDP. Na primeira, DAT (entregue no terminal), própria dos transportes
terrestres ou aéreos, o vendedor se obriga pelas despesas até o momento em que as
mercadorias são postas à disposição do comprador.
Na cláusula DAP (entregue no local), também o desembaraço aduaneiro no país de
destino é da responsabilidade do vendedor, mas, diferentemente do DAT, as mercadorias
não são entregues (descarregadas) num terminal, mas num lugar diferente, de escolha
das partes.

Por fim, a cláusula DDP (entregue com impostos de importação pagos) corresponde a
negócio em que o vendedor entrega as mercadorias no estabelecimento do comprador,
arcando com a totalidade dos custos, salvo o referente ao PSI.

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