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http://advogadoonlineemfoco.com.br/2016/06/17/peticao-correçã o-dos-saldos-do-fgts/
Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização dos depósitos dos saldos
de poupança e consequentemente dos depósitos do FGTS é a Taxa Referencial –
TR.
EXCELENTÍSSIMO JUIZ… (juízo competente para apreciar a demanda proposta) EMENTA:
CORREÇÃ O DOS SALDOS DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS).
PARTE AUTORA, (nacionalidade), (estado civil), (profissã o), portador (a) do documento de
identidade sob o n.º.., CPF sob o n.º…, residente e domiciliado (a) na rua.., bairro.., cidade..,
estado.., CEP…, vem a presença de Vossa Excelência propor a presente
AÇÃ O JUDICIAL PARA CORREÇÃ O DOS SALDOS DO FUNDO DE GARANTIA (FGTS)
contra a CAIXA ECONÔ MICA FEDERAL, com sede na rua…, bairro…, cidade…, estado…,
CEP…, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz.
I- FATOS
O presente processo trata de questã o de extrema importâ ncia para milhõ es de
trabalhadores brasileiros e diz respeito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Como é cediço, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado na década de 1960
para proteger o trabalhador, como sucedâ neo da antiga estabilidade decenal. É constituído
por valores depositados pelas empresas em nome de seus empregados e possibilita que o
trabalhador forme um patrimô nio.
Consta no sítio eletrô nico da Caixa Econô mica Federal que o FGTS hoje financia programas
de habitaçã o popular, saneamento bá sico e infraestrutura urbana.
O FGTS é regido pelas disposiçõ es da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, por normas e
diretrizes estabelecidas pelo seu Conselho Curador e gerido pela Caixa Econô mica Federal.
Dos artigos 2º e 13 da Lei nº 8.036/90 extraímos que há uma obrigatoriedade de correçã o
monetá ria e de remuneraçã o através de juros dos depó sitos efetuados nas contas
vinculadas do FGTS, senã o vejamos:
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e
outros recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualizaçã o monetá ria e
juros, de modo a assegurar a cobertura de suas obrigaçõ es.
Art. 13. Os depó sitos efetuados nas contas vinculadas serã o corrigidos monetariamente
com base nos parâ metros fixados para atualizaçã o dos saldos dos depó sitos de poupança e
capitalizaçã o juros de (três) por cento ao ano. (Grifamos)
Ressalte-se que o parâ metro fixado para a atualizaçã o dos depó sitos dos saldos de
poupança e consequentemente dos depó sitos do FGTS é a Taxa Referencial – TR, conforme
prescrevem os artigos 12 e 17 da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, com redaçã o da lei
nº 12.703, de 7 de agosto de 2012, cuja dicçã o é a seguinte:
Art. 12. Em cada período de rendimento, os depó sitos de poupança serã o remunerados:
I – como remuneraçã o bá sica, por taxa correspondente à acumulaçã o das TRD, no período
transcorrido entre o dia do ú ltimo crédito de rendimento, inclusive, e o dia do crédito de
rendimento, exclusive
II- como remuneraçã o adicional, por juros de: (Redaçã o dada pela Lei n º 12.703, de 2012)
a) 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano, definida
pelo Banco Central do Brasil, for superior a 8,5% (oito inteiros e cinco décimos por cento);
ou (Redaçã o dada pela Lei n º 12.703, de 2012)
b) 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do
Brasil, mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, nos demais casos.
(Redaçã o dada pela Lei n º 12.703, de 2012)
(…)
Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicá vel à remuneraçã o
bá sica dos depó sitos de poupança com data de aniversá rio no dia 1º, observada a
periodicidade mensal para remuneraçã o. Pará grafo ú nico. As taxas de juros previstas na
legislaçã o em vigor do FGTS sã o mantidas e consideradas como adicionais à remuneraçã o
prevista neste artigo.
Retrata a Lei nº 8.177/91 a forma como a TR será calculada:
Art. 1º O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da
remuneraçã o mensal média líquida de impostos, dos depó sitos a prazo fixo captados nos
bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos mú ltiplos com carteira comercial ou
de investimentos, caixas econô micas, ou dos títulos pú blicos federais, estaduais e
municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetá rio Nacional,
no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal.
§ 2º As instituiçõ es que venham a ser utilizadas como bancos de referência, dentre elas,
necessariamente, as dez maiores do País, classificadas pelo volume de depó sitos a prazo
fixo, estã o obrigadas a fornecer as informaçõ es de que trata este artigo, segundo normas
estabelecidas pelo Conselho Monetá rio Nacional, sujeitando-se a instituiçã o e seus
administradores, no caso de infraçã o à s referidas normas, à s penas estabelecidas no art. 44
da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
§ 3º Enquanto nã o aprovada a metodologia de cá lculo de que trata este artigo, o Banco
Central do Brasil fixará a TR.
A metodologia de cá lculo foi há muito tempo definida pelo Banco Central, e hoje está
vigente sob a forma da Resoluçã o nº 3.354, de 31 de março de 2006.
Ocorre que, há muito tempo, a TR nã o reflete mais a correçã o monetá ria, tendo se
distanciado completamente dos índices oficiais de inflaçã o. Nos meses de setembro,
outubro e novembro de 2009, janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e de
setembro de 2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se nã o existisse
qualquer inflaçã o no período passível de correçã o.
Eis a razã o desta açã o.
II- PRELIMINARMENTE
A) LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA ECONÔ MICA FEDRAL
Posto que a lide versa sobre correçã o monetá ria dos depó sitos de FGTS, sobressai
irrefutá vel a legitimidade passiva e exclusiva da Caixa Econô mica Federal, conforme
precedentes do STJ, senã o vejamos:
AÇÃ O RESCISÓ RIA. ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃ O DOS SALDOS DAS CONTAS
VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁ RIOS. TEMA JÁ PACIFICADO NO
STJ. PROCEDÊ NCIA DA AÇÃ O.
1. A matéria referente à correçã o monetá ria das contas vinculadas ao FGTS, em razã o das
diferenças de expurgos inflacioná rios, foi decidida pela Primeira Seçã o deste Superior
Tribunal, no REsp. N. 1.111.201 – PE e no REsp. N. 1.112.520 – PE, de relatoria do Exmo.
Min. Benedito Gonçalves, ambos submetidos ao regime do art. 543-C do CPC e da Resoluçã o
n. 8/08 do STJ, que tratam dos recursos representativos da controvérsia, publicados no DJe
de 4.3.2010.
(…)
3. Quanto à s demais preliminares alegadas, devidamente prequestionadas, esta Corte tem o
entendimento no sentido de que, nas demandas que tratam da atualizaçã o monetá ria dos
saldos das contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva ad causam é exclusiva da
Caixa Econô mica Federal, por ser gestora do Fundo, com a exclusã o da Uniã o e dos bancos
depositá rios (Sú mula 249/STJ).
(…)
(AR 1.962/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃ O, julgado em
08/02/2012, DJe 27/02/2012) (grifamos)
Ainda nesse sentido a Sú mula 249 do Superior Tribunal de Justiça: “A Caixa Econô mica
Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correçã o
monetá ria do FGTS”.
Assim, a presente açã o se dirige exclusivamente contra a Caixa Econô mica Federal,
conforme pacificamente definido pela jurisprudência pá tria.
B) DA PRESCRIÇÃ O
No que tange ao prazo prescricional, já está amplamente assentado na doutrina e
jurisprudência, que em relaçã o ao pleito de correçã o monetá ria do FGTS, a prescriçã o é
trintená ria.
Neste sentido, decisã o do STJ:
RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁ RIO. FGTS. CORREÇÃ O DOS SALDOS DAS CONTAS
VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁ RIOS. TEMA JÁ JULGADO PELO
REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃ O N. 8/08 DO STJ, QUE TRATAM DOS
RECURSOS REPRESENTATIVOS DE CONTROVÉ RSIA.
(…)
3. No REsp n. 1.112.520 – PE, por seu turno, firmou-se o seguinte entendimento: 4.
Outrossim, nã o deve prevalecer a interpretaçã o da recorrente quanto à ocorrência de
prescriçã o quinquenal, pois este Tribunal já decidiu que é trintená ria a prescriçã o para
cobrança de correçã o monetá ria de contas vinculadas ao FGTS, nos termos das Sú mula
210/STJ: “A açã o de cobrança das contribuiçõ es para o FGTS prescreve em (30) trinta
anos”. (…)
(REsp 1150446 RJ 2009/0143136-0, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
Julgamento: 10/08/2010, Ó rgã o Julgador: T2 – SEGUNDA TURMA, Publicaçã o: DJe
10/09/2010) (grifamos)
Assim, a açã o ora proposta nã o está alcançada pela prescriçã o trintená ria, conforme se
demonstrará adiante.