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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA VARA

FEDERAL – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PORTO ALEGRE/RS

JULIO FRANCISC BORSATT brasileir


O O, o,
casad aposentado, inscrito CPF
o,
no nº.
384.582.170-15, residente e domiciliado à Rua
Arnaldo Harry Fleck, 36, bairro: Operá rio – Novo
Hamburgo/RS – CEP: 93.315-300, por seus
advogados constituídos nos termos do incluso
instrumento de mandato e ao final assinada, com
escritó rio profissional na Avenida Praia de Belas,
1212 – sala 424 – Praia de Belas - Porto Alegre/RS,
vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelê ncia, propor a presente

AÇÃO REVISIONAL DO FGTS - DECLARATÓRIA


DE NOVO ÍNDICE DE CORREÇÃO E
CONDENATÓRIA DE PAGAMENTO DE VALORES

Contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL empresa


pú blica, dotada de personalidade jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ nº. 00.360.305/0428-
85, com sede na Rua dos Andradas, 1000 – Praça
da Alfâ ndega – Centro – Porto Alegre - RS – CEP:
90.020-007, pelos fatos e fundamentos que passa a
expor:

PRELIMINAR – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Por ser pessoa de parcos recursos na forma da lei, sem


condiçõ es de arcar com despesas processuais sem prejuízo do pró prio
sustento, conforme declaraçã o em anexo, requer os benefícios da justiça
gratuita (CF art. 5º, XXXIV ‘a’ e LXXIV).
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Porto Alegre - Capã o da Canoa - Sã o Paulo
(51) 99693.3050 (51) 99993.7978
O benefício da JUSTIÇA GRATUITA deve ser concedido ao
autor que comprovadamente nã o tem condiçõ es de arcar com as custas do
processo, ademais em caso de eventual condenaçã o, o que se admite
apenas ao sabor do argumento, o pagamento de custas, despesas do
processo, honorá rios advocatícios e sucumbenciais tem a possibilidade de
ficarem inexigíveis até que possa o “credor demonstrar que deixou de existir
a situaçã o de insuficiê ncia de recursos que justificou a concessã o de
gratuidade”.

Frente ao exposto requer, em sede de preliminar, a


concessã o da assistê ncia judiciá ria gratuita à reclamante com a isençã o
e/ou suspensã o das custas processuais.

1. DOS FATOS

O Autor, conforme extratos analíticos do FGTS anexos,


possui depó sitos em sua conta vinculada que sofreram correçã o pela TR
(Taxa Referencial), índice esse nã o aplicá vel à correçã o monetá ria do FGTS,
conforme detalhadamente passaremos a expor.

A síntese da presente demanda é a busca da parte


autora, por meio da presente, para que seja a ré condenada a substituir o
índice de correçã o monetá ria aplicado à sua conta vinculada do FGTS (Taxa
Referencial - TR) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC ou
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, com o pagamento das
diferenças decorrentes da alteraçã o.

Como sabido, a TR é o índice atualmente utilizado para


correçã o do FGTS, contudo, a TR nã o tem promovido a necessá ria
atualizaçã o do saldo existente na conta fundiá ria, uma vez que se encontra
em patamar inferior à queles utilizados para indicaçã o do percentual de
inflaçã o, como é o caso do IPCA ou do INPC.

No mesmo vié s, o Supremo Tribunal Federal já se


manifestou no sentido de nã o reconhecer a TR como índice capaz de
corrigir a variaçã o inflacioná ria da moeda, nã o servindo, portanto, como
índice de correçã o monetá ria, sendo imprescindível, e por questã o de
justiça, que outro índice seja aplicado, seja ele o INPC ou IPCA, versando a
maté ria tã o somente no sentido de qual dos índices aplicar-se-á para
correçã o dos depó sitos de FGTS.
Prevê o art. 13 da Lei 8.036/90:

Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas


serão corrigidos monetariamente com base nos
parâmetros fixados para atualização dos saldos dos
depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por
cento ao ano.

Por sua vez, a Lei 8.177/91 dispô s que se deveria


aplicar a Taxa Referencial – TR para atualizaçã o dos saldos de poupança:

Art. 12. Em cada período de rendimento, os depósitos de


poupança serão remunerados:
I - como remuneração básica, por taxa correspondente à
acumulação das TRD, no período transcorrido entre o dia
do último crédito de rendimento, inclusive, e o dia do
crédito de rendimento, exclusive;

Tal índice, todavia, foi incapaz de corrigir


monetariamente os valores depositados a partir de janeiro de 1999. Isso
fica claro comparando-se a TR com os índices oficiais de inflaçã o, como o
IPCA e o INPC.

No mesmo sentido foi o julgamento das ADIs 4425 e


4357, que analisaram a constitucionalidade da Emenda Constitucional
62/2009. Na decisã o, ficou assentado que a TR nã o pode ser utilizada como
índice de atualizaçã o monetá ria, por nã o ser capaz de espelhar o processo
inflacioná rio brasileiro. Veja-se trecho do voto do Min. Luiz Fux, o redator
do acó rdã o:

A inflação, por outro lado, é fenômeno econômico


insuscetível de captação apriorística. O máximo que se
consegue é estimá-la para certo período, mas jamais fixá-
la de antemão. Daí por que os índices criados
especialmente para captar o fenômeno inflacionário são
sempre definidos em momentos posteriores ao período
analisado, como ocorre com o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Índice de
Preços ao Consumidor (IPC), divulgado pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV). A razão disso é clara: a inflação é
sempre constatada em apuração ex post, de sorte que
todo índice definido ex ante é incapaz de refletir a efetiva
variação de preços que caracteriza a inflação. É o que
ocorre na hipótese dos autos. A prevalecer o critério
adotado pela EC nº 62/09, os créditos inscritos em
precatórios seriam atualizados por índices pré-fixados e
independentes da real flutuação de preços apurada no
período de referência. Assim, o índice oficial de
remuneração da caderneta de poupança não é
critério adequado para refletir o fenômeno
inflacionário.

Fica nítido, portanto, que a TR nã o é índice adequado


para a correçã o dos valores depositados na conta de FGTS do Requerente.

2. LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Conforme descrito, o artigo 7º da Lei n. 8.036/90 delega


à Caixa Econô mica Federal a qualidade de agente operador do FGTS, e
disso decorre sua legitimidade para figurar no polo passivo da demanda.
Ademais, como a presente açã o discute a aplicaçã o de índices de correçã o
monetá ria do referido fundo, aplica-se a Sú mula n. 249 do Superior
Tribunal de Justiça, in verbis:

STJ Súmula nº 249 - 24/05/2001 - DJ 22.06.2001 Caixa


Econômica Federal - Legitimidade Passiva - Correção
Monetária do FGTS A Caixa Econômica Federal tem
legitimidade passiva para integrar processo em que se
discute correção monetária do FGTS.

Da mesma forma, o referido Tribunal reconhece que a


questã o está pacificada em seu â mbito, conforme se verifica no julgado a
seguir colacionado:

AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS.


CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS.
DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA
JÁ PACIFICADO NO STJ. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. A
matéria referente à correção monetária das contas
vinculadas ao FGTS, em razão das diferenças de
expurgos inflacionários, foi decidida pela Primeira Seção
deste Superior Tribunal, no REsp n. 1.111.201 - PE e no
REsp n. 1.112.520 - PE, de relatoria do Exmo. Min.
Benedito Gonçalves, ambos submetidos ao regime do
art. 543-C do CPC e da Resolução n. 8/08 do STJ, que
tratam dos recursos representativos da controvérsia,
publicados no DJe de 4.3.2010. [...] Quanto às demais
preliminares alegadas, devidamente prequestionadas,
esta Corte tem o entendimento no sentido de que, nas
demandas que tratam da atualização monetária dos
saldos das contas
vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva ad causam é
exclusiva da Caixa Econômica Federal, por ser gestora do
Fundo, com a exclusão da União e dos bancos
depositários (Súmula 249/STJ). (AR 1.962/SC, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção,
Julgado em 08/02/2012, DJe 27/02/2012 – grifou-se).

Neste sentido, consoante entendimento já consolidado


na jurisprudê ncia pá tria, e conforme emerge da lei, é incontroverso que a
Caixa Econô mica Federal é parte legítima para figurar no polo passivo da
presente demanda.

3. INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO

Antes de adentrar no â mago da questã o, cabe destacar


que o prazo prescricional para invocar o direito ora pleiteado é trintená rio,
conforme já pacificado perante Superior Tribunal de Justiça, conforme
teor da Sú mula 210: "A ação de cobrança das contribuições para o FGTS
prescreve em (30) trinta anos".

Para nã o restarem quaisquer dú vidas, cita-se recente


julgado proferido pelo referido Tribunal:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁ RIO. FGTS.


CORREÇÃ O DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS.
DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁ RIOS.
TEMA JÁ JULGADO PELO REGIME DO ART. 543-C
DO CPC E DA RESOLUÇÃ O N. 8/08 DO STJ, QUE
TRATAM DOS RECURSOS REPRESENTATIVOS DE
CONTROVÉ RSIA. [...]
Outrossim, nã o deve prevalecer a interpretaçã o da
recorrente quanto à ocorrê ncia de prescriçã o
quinquenal, pois este Tribunal já decidiu que é
trintená ria a prescriçã o para cobrança de correçã o
monetá ria de contas vinculadas ao FGTS, nos termos
das Sú mula 210/STJ: "A açã o de cobrança das
contribuiçõ es para o FGTS prescreve em (30) trinta
anos". (REsp 1150446/RJ, rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 10-08-2010,
DJe 10-09-2010 - grifou-se.).

Portanto, verifica-se de plano que a pretensã o coletiva


ora formulada nã o está alcançada pela prescriçã o trintená ria citada, tendo
em vista que, conforme o laudo anexo, os cré ditos das contas vinculadas
ao FGTS dos substituídos passaram a ser erroneamente corrigidos pela
taxa referencial a partir de 1999.

4. DIREITO DE REVISÃO DO SALDO DO FGTS

4.1. Correção monetária do FGTS

A Lei n. 8.036/90, que rege o Fundo de Garantia por


Tempo de Serviço, contempla expressamente a obrigatoriedade de
atualizaçã o monetá ria sobre os saldos das contas vinculadas ao referido
fundo, dispondo, no caput do seu artigo 2º:

“O FGTS é constituído pelos saldos das contas


vinculadas a que se refere esta lei e outros recursos a
ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização
monetária e juros, de modo a assegurar a cobertura de
suas obrigações.”

O artigo 13 da legislaçã o supracitada determina que:

“Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão


corrigidos monetariamente com base nos parâmetros
fixados para atualização dos saldos dos depósitos de
poupança e capitalização juros de (três) por cento ao
ano.”

Atualmente, os depó sitos de poupança sã o corrigidos


pela taxa referencial, nos termos dos artigos 12 e 17 da Lei n. 8.177, de 1º
de março de 1991:

Por sua vez, o artigo 12 da referida lei, define:

Em cada período de rendimento, os depósitos de


poupança serão remunerados:
1. como remuneração básica, por taxa correspondente à
acumulação das TRD, no período transcorrido entre o
dia do último crédito de rendimento, inclusive, e o dia do
crédito de rendimento, exclusive;
2. como remuneração adicional, por juros de: (Redação
dada pela Lei n º 12.703, de 2012)
3. 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto a
meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central
do Brasil, for superior a 8,5% (oito inteiros e cinco
décimos por cento); ou (Redação dada pela Lei n º
12.703, de 2012)
4. 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano,
definida pelo Banco Central do Brasil, mensalizada,
vigente na data de início do período de rendimento, nos
demais casos. (Redação dada pela Lei n º 12.703, de
2012) [...]

No mesmo sentido, o artigo 17 determina que:

“A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do


Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
passam a ser remunerados pela taxa aplicável à
remuneração básica dos depósitos de poupança com data
de aniversário no dia 1º, observada a periodicidade
mensal para remuneração.
Parágrafo único. As taxas de juros previstas na
legislação em vigor do FGTS são mantidas e
consideradas como adicionais à remuneração prevista
neste artigo.”

Da mesma forma, o artigo 1º da Lei n. 8.177/91


determina os parâ metros para cá lculo da TR:

“O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial


(TR), calculada a partir da remuneração mensal média
líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados
nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos
múltiplos com carteira comercial ou de investimentos,
caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais,
estaduais e municipais, de acordo com metodologia a
ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no
prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do
Senado Federal.”
2º As instituições que venham a ser utilizadas como
bancos de referência, dentre elas, necessariamente, as
dez maiores do País, classificadas pelo volume de
depósitos a prazo fixo, estão obrigadas a fornecer as
informações de que trata este artigo, segundo normas
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional,
sujeitando-se a instituição e seus administradores, no
caso de infração às referidas normas, às penas
estabelecidas no art. 44 da Lei nº 4.595, de 31 de
dezembro de 1964.
3º Enquanto não aprovada a metodologia de cálculo de
que trata este artigo, o Banco Central do Brasil fixará a
TR.
A metodologia a que se refere o § 3º acima transcrito já
foi definida pelo Banco Central e pelo Conselho Monetá rio Nacional, e hoje
está vigente na forma da Resoluçã o n. 3.354, de 31 de março de 2006.
Entretanto, conforme será demonstrado, a taxa referencial nã o serve como
índice de correçã o monetá ria, nem sequer vem atualizando os valores das
contas do FGTS, consoante determina a lei que o rege.

A correçã o monetá ria pode ser conceituada como um


ajuste feito periodicamente em determinados valores, objetivando
compensar a perda de valor da moeda em circulaçã o, por meio da
observâ ncia dos índices de aumento de preço em determinada economia.
Busca-se, efetivamente, adequar o valor nominal da moeda ao valor real,
fazendo com que, ainda que os preços subam, o dinheiro em posse do
indivíduo permita adquirir a mesma quantidade de produto.

Desde 1960 diversos índices de correçã o monetá ria


foram criados, até a entrada em vigor da Medida Provisó ria n. 294, de 31
de janeiro de 1991, que posteriormente se transformou na Lei n. 8.177, de
1º de março de 1991. Por ela, o Governo Collor pretendeu substituir pela
taxa referencial os diversos indexadores tradicionais (ORTN, OTN e BTN),
os quais eram vinculados ao nível geral de preços.

Existiu grande discussã o doutriná ria ao redor da taxa


referencial, justamente em virtude da lei que a criou. Afinal, no artigo 39
da Lei n. 8.177/91, a TR é tratada como taxa de juros, enquanto no artigo
18 do mesmo diploma legal, ela é tida como indexador.

Entretanto, nã o se pode confundir os dois conceitos. As


taxas de juros tê m como objetivo remunerar a disposiçã o do capital, ou
seja, quando um indivíduo entrega o seu capital em benefício de uma
instituiçã o financeira, ou vice-versa, deve haver remuneraçã o pela
possibilidade do uso do dinheiro. Os indexadores, por sua vez, estã o
relacionados à variaçã o dos preços no mercado, e visam corrigir os efeitos
inflacioná rios em determinada economia.

O Supremo Tribunal Federal, ao enfrentar o tema da


natureza jurídica da taxa referencial, na Açã o Direta de
Inconstitucionalidade n. 493- 0/DF, chegou à seguinte conclusã o:

A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção


monetária, pois, refletindo as variações do custo
primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não
constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo
da moeda.
Nessa oportunidade, o Supremo Tribunal Federal
entendeu que a Taxa Referencial tinha natureza de taxa de juros, e
declarou inconstitucional o artigo 18 da Lei n. 8.177/91, cujo texto
original estabelecia que os saldos devedores e as prestaçõ es dos contratos
integrantes do SFH deveriam ser atualizados pela taxa aplicá vel à
remuneraçã o bá sica dos depó sitos de poupança.

Da ementa da referida Açã o Direta de


Inconstitucionalidade extrai- se o seguinte teor:

Ação direta de inconstitucionalidade. - Se a lei alcançar


os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente
a ela, será essa lei retroativa (retroatividade mínima)
porque vai interferir na causa, que é um ato ou fato
ocorrido no passado. - O disposto no artigo 5, XXXVI, da
Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei
infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de
direito público e lei de direito privado, ou entre lei de
ordem pública e lei dispositiva. Precedente do S.T.F.. -
Ocorrência, no caso, de violação de direito adquirido. A
taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária,
pois, refletindo as variações do custo primário da
captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice
que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda. Por
isso, não há necessidade de se examinar a questão de
saber se as normas que alteram índice de correção
monetária se aplicam imediatamente, alcançando, pois,
as prestações futuras de contratos celebrados no
passado, sem violarem o disposto no artigo 5, XXXVI, da
Carta Magna. - Também ofendem o ato jurídico perfeito
os dispositivos impugnados que alteram o critério de
reajuste das prestações nos contratos já celebrados pelo
sistema do Plano de Equivalência Salarial por Categoria
Profissional (PES/CP). Ação direta de
inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar
a inconstitucionalidade dos artigos 18, "caput" e
parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo único; 23 e
parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei 8.177, de 1
de maio de 1991. (ADI 493, Relator (a): Min. MOREIRA
ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/1992, DJ 04-
09-1992 PP- 14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260
RTJ VOL-00143-03 PP-00724)

Pois bem. É pú blico e notó rio que, apesar de nunca ter


sido fixada em percentual correspondente à inflaçã o, a TR sempre esteve
em patamares pró ximos do INPC e IPCA, pois o redutor aplicado à taxa
referencial era razoá vel e visava, efetivamente, corrigir o valor do capital.
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Nã o bastasse, a aná lise do grá fico abaixo, demonstra
que os rendimentos dos depó sitos vinculados à s contas do FGTS foram
inferiores aos índices inflacioná rios. Esse desempenho insatisfató rio tem
ligaçã o direta com a vinculaçã o do FGTS à Taxa Referencial.

Percebe-se, pelo grá fico, que a partir de 1999 o índice


da TR deixou de crescer no mesmo ritmo dos demais indexadores,
evidenciando que nã o está havendo a efetiva correçã o monetá ria nos
termos da lei.

A aná lise do grá fico demonstra que, até o ano de 1999,


a TR evoluiu em taxas semelhantes à s do INPC e do IPCA, em um mesmo
patamar de crescimento. A partir daquele ano, contudo, o INPC e IPCA
continuaram no mesmo ritmo de crescimento, mas a TR teve seu
crescimento desacelerado, chegando praticamente à estagnaçã o em 2012.

A alteraçã o na evoluçã o dos indicadores da TR nã o está


relacionada exclusivamente às oscilaçõ es na economia, mas
principalmente à metodologia de cá lculo que vem sendo adotada pelo
Banco Central, o qual tem por lei (artigo 1º da Lei n. 8.177/91 e artigo 5º
da Lei n. 10.192/01) a atribuiçã o de regulamentaçã o a metodologia de
cá lculo da TR.

A referida instituiçã o passou a calcular a TR a partir da


remuneraçã o mensal mé dia dos certificados e recibos de depó sito bancá rio
(CDB/RDB), emitidos pelas 30 maiores instituiçõ es financeiras (a partir
da Resoluçã o n. 4.240, de 28 de junho de 2013, esse nú mero passou a ser
de 20) e de um redutor R, esse determinado por resoluçã o do Conselho
Monetá rio Nacional, independentemente de qualquer previsã o legal.
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Afinal, a lei que rege o FGTS é clara ao garantir, em
seu artigo 2º, a atualização monetária e os juros dos fundos
vinculados. Quando a TR é igual a zero, em virtude do referido
redutor, ou desproporcional em relação à inflação, há violação ao
mencionado dispositivo de lei, e o patrimônio constituído pelo
trabalhador é subtraído e indevidamente utilizado pela empresa
pública que tem o dever legal de administrá-lo.

A Caixa Econô mica Federal está efetivamente


confiscando o patrimô nio dos trabalhadores, tornando o FGTS um fundo
sem recomposiçã o inflacioná ria dos recursos, fazendo-o perder seu poder
de compra. O trabalhador está subsidiando as políticas pú blicas
atualmente vigentes, em virtude do redutor que vem sendo
costumeiramente aplicado pelo Banco Central e que impede a
recomposiçã o adequada do referido fundo.

Como foi visto, a metodologia estabelecida pelo


Conselho Monetá rio Nacional sofreu modificaçõ es ao longo dos anos, mas
a partir da Resoluçã o n. 2.437, de 30 de outubro de 1997, a TR passou a
ser calculada com base na Taxa Bá sica Financeira e um redutor. A
Resoluçã o n. 3.354/06, hoje vigente sobre o assunto, diz o seguinte
(redaçã o dada pela Resoluçã o n. 4.240, de 28 de junho de 2013):

Art. 1º. Para fins de cá lculo da Taxa Bá sica Financeira


(TBF) e da Taxa Referencial (TR), de que tratam os arts.
1º da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, 1º da Lei
nº 8.660, de 28 de maio de 1993, e 5º da Lei nº 10.192,
de 14 de fevereiro de 2001, deve ser constituída
amostra das 20 maiores instituiçõ es financeiras do
País, assim consideradas em funçã o do volume de
captaçã o efetuado por meio de certificados e recibos de
depó sito bancá rio (CDB/RDB), com prazo de 30 a 35
dias corridos, inclusive, e remunerados a taxas
prefixadas, entre bancos mú ltiplos, bancos comerciais,
bancos de investimento e caixas econô micas. (Redaçã o
dada pela Resoluçã o nº 4.240, de 28/6/2013.)
§ 1º. Para efeito da constituiçã o da amostra referida
neste artigo, devem ser considerados:
I - como uma ú nica instituiçã o financeira, o conjunto
de instituiçõ es de um mesmo conglomerado financeiro,
nos termos do conceito estabelecido no Plano Contá bil
das Instituiçõ es do Sistema Financeiro Nacional
(COSIF);
II - os somató rios dos valores de captaçã o de CDB/RDB
ao longo de cada semestre

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§ 2º. O Banco Central do Brasil deve constituir a
amostra de que trata este artigo até o dé cimo quinto
dia ú til dos meses de janeiro e julho, para vigorar a
partir dos dias 1º de fevereiro e 1º de agosto de cada
ano.
Art. 2º A TBF e a TR sã o calculadas a partir da
remuneraçã o mensal mé dia dos CDB/RDB emitidos a
taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35
dias corridos, inclusive, com base em informaçõ es
prestadas pelas instituiçõ es integrantes da amostra de
que trata o art. 1º, na forma a ser determinada pelo
Banco Central do Brasil.
Art. 4º Para cada dia do mê s - dia de referê ncia -, o
Banco Central do Brasil deve calcular a TBF, para o
período de um mê s, com início no pró prio dia de
referê ncia e té rmino no dia correspondente ao dia de
referê ncia no mê s seguinte, considerada a hipó tese
prevista no § 2º, inciso IV. [...]
Art. 5º Para cada TBF obtida, segundo a metodologia
descrita no art. 4º, deve ser calculada a correspondente
TR, pela aplicaçã o de um redutor R, de acordo com a
seguinte fó rmula: TR = max {0,100 {[(1 + TBF/100) / R
] - 1}} (em %). (Redaçã o dada pela Resoluçã o 3.530, de
31/01/2008)

Ora, dessa metodologia estabelecida pelo Banco


Central e pelo Conselho Monetá rio Nacional constata-se que a TBF e a TR
sã o exatamente iguais em sua formaçã o até o momento em que se
estabelece a aplicaçã o de um redutor à TBF para se chegar à TR.

Como decorrê ncia dessa intervençã o do Banco Central


na metodologia de cá lculo, a TR deixou de refletir, a partir de 1999, as
taxas de inflaçã o do mercado financeiro, e, por conseguinte, o FGTS
també m deixou de remunerar corretamente os depó sitos vinculados a
cada trabalhador.

Os danos ocasionados aos assalariados em virtude da


indexaçã o do FGTS ao TR sã o graves e evidentes. Mesmo com a incidê ncia
de juros de 3% ao ano, desde 2002 o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço vem rendendo menos que a inflaçã o.

Desse modo, o dinheiro pertencente aos trabalhadores


nã o está sofrendo correçã o monetá ria. Mesmo com a incidê ncia de juros, o
crescimento está abaixo da inflaçã o. Ademais, ainda que se diga que a
aplicaçã o do redutor pelo Banco Central e pelo Conselho Monetá rio
Nacional seja legal, sua reduçã o a zero e um cená rio de inflaçã o que varia
de 5% a 6% ao ano, configura evidente afronta ao artigo 2º da Lei n.
8.036/90, que obriga a instituição a proceder a adequada correção
monetária.

4.2. Dos prejuízos para os trabalhadores

Como foi visto, a ausê ncia de correçã o monetá ria em


virtude da aplicaçã o da TR como indexador vê m tornando o FGTS um
fundo iníquo, já que nã o acompanha os índices de inflaçã o. Os valores ali
depositados, com o passar dos anos, perdem seu poder de compra,
impossibilitando que o trabalhador usufrua do valor econô mico a que
efetivamente tem direito.

Sabe-se que os recursos vinculados à conta do FGTS


pertencem ao trabalhador, e, conforme visto, devem ser atualizados
mediante incidê ncia de correçã o monetá ria e juros.

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, foi


criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o trabalhador
demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas,
abertas em nome de cada trabalhador, quando o empregador efetua o
primeiro depó sito. O saldo da conta vinculada é formado pelos depó sitos
mensais efetivados pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salá rio pago
ao empregado, acrescido de atualização monetária e juros.

Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de


formar um patrimô nio, que pode ser sacado em momentos especiais, como
o da aquisiçã o da casa pró pria ou da aposentadoria e em situaçõ es de
dificuldades, que podem ocorrer com a demissã o sem justa causa ou em
caso de algumas doenças graves.

Sabe-se, ainda, que apesar de ser proprietá rio dos


recursos vinculados à sua conta do FGTS, o trabalhador nã o pode dispor
livremente de tais valores, pois o saque está vinculado à s hipó teses
previstas na legislaçã o. Da mesma forma, o trabalhador nã o pode utilizar
o montante que possui para investir em aplicaçõ es mais rentá veis. Ou
seja, ele é obrigado a se submeter a políticas econô micas e sociais que lhe
sã o altamente prejudiciais.

Ocorre, contudo, que com a aplicaçã o da TR como


indexador dos valores depositados nas contas vinculadas ao FGTS o
trabalhador tem a real sensaçã o de que “está perdendo dinheiro”. Por
mais que faça um planejamento de aquisiçã o de casa pró pria, por
exemplo, no momento do saque o trabalhador constatará que o valor dos
imó veis e da inflaçã o cresceram muito mais que os valores em sua conta
vinculada, em termos percentuais.

Trata-se de real apropriaçã o, pela Caixa Econô mica


Federal, do montante depositado nas contas vinculadas do FGTS dos
trabalhadores. Os referidos valores acabam nã o só financiando os
programas de habitaçã o popular e outros programas sociais, mas sim
subsidiando-os.

O crescimento dos saldos das contas vinculadas abaixo


da inflaçã o (mesmo com a incidê ncia dos juros de 3% ao ano que,
conforme foi visto, acabam por perder seu cará ter de remuneraçã o pela
disposiçã o de capital e apenas atenuar a correçã o monetá ria nã o
realizada) gera uma situaçã o de confisco por parte do Governo Federal,
feito atravé s da instituiçã o financeira ré .

E alé m de confiscar o patrimô nio do trabalhador, a


Caixa Econô mica Federal obté m altíssimas taxas de lucro ao emprestar os
mesmos valores a juros abusivamente mais elevados, muitas vezes para o
pró prio trabalhador que teve seu patrimô nio confiscado, por meio do
Sistema Financeiro de Habitaçã o.

Explica-se: muitas vezes o trabalhador faz um


planejamento para adquirir a casa pró pria dentro de alguns anos. Passado
esse tempo, contudo, o trabalhador percebe que, em termos percentuais,
seu saldo no FGTS nã o cresceu da mesma forma que a inflaçã o e os
preços dos imó veis em sua regiã o.

Diante desse quadro, o trabalhador saca seu dinheiro – menos do que


tinha direito – e o restante financia – na maioria das vezes com a pró pria
Caixa Econô mica Federal, que é uma das instituiçõ es financeiras que
mais se utiliza dos fundos do Sistema Financeiro de Habitaçã o.

Ou seja, a Caixa Econô mica Federal utiliza o montante


que deveria ter sido repassado aos trabalhadores a título de correçã o
monetá ria para emprestá -lo ao mesmo trabalhador. Ela se apropria dos
valores ao nã o efetuar o repasse da correçã o monetá ria e depois os
empresta, a taxas de juros que estã o entre as maiores do mundo, aos
mesmos trabalhadores que, efetivamente, sã o donos daquele dinheiro.
Essa prá tica nã o pode se perpetuar!
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Se os depó sitos vinculados à conta do FGTS tivessem
sido regularmente corrigidos, é bem prová vel que o trabalhador nã o
precisaria endividar-se por anos para poder quitar o imó vel adquirido, por
exemplo.

4.3 Índices que corrigem monetariamente

Como foi visto, desde 1999, com a metodologia adotada


pelo Banco Central do Brasil, a TR nã o vem mais corrigindo
monetariamente os depó sitos vinculados à s contas de FGTS. Ora, se a
TR nã o pode ser considerada um indexador idô neo, é necessá rio substituí-
la por outro índice que, efetivamente, dê cumprimento aos preceitos do
artigo 2º da Lei n. 8.036/90.

Sabe-se, que o salá rio mínimo do trabalhador brasileiro é corrigido pelo


INPC, índice previsto na Lei n. 12.382, de 25 de fevereiro de 2011, nos
seguintes termos:

Art. 2º. Ficam estabelecidas as diretrizes para a política


de valorização do salário mínimo a vigorar entre 2012 e
2015, inclusive, a serem aplicadas em 1o de janeiro do
respectivo ano.
1º. Os reajustes para a preservação do poder aquisitivo
do salário mínimo corresponderão à variação do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado e
divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, acumulada nos doze
meses anteriores ao mês do reajuste.
2º. Na hipótese de não divulgação do INPC referente a
um ou mais meses compreendidos no período do cálculo
até o último dia útil imediatamente anterior à vigência
do reajuste, o Poder Executivo estimará os índices dos
meses não disponíveis.
3º. Verificada a hipótese de que trata o § 2º, os índices
estimados permanecerão válidos para os fins desta Lei,
sem qualquer revisão, sendo os eventuais resíduos
compensados no reajuste subsequente, sem
retroatividade.
4º. A título de aumento real, serão aplicados os
seguintes percentuais:
I. em 2012, será aplicado o percentual equivalente à
taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto - PIB,
apurada pelo IBGE, para o ano de 2010;

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II. em 2013, será aplicado o percentual equivalente à
taxa de crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE,
para o ano de 2011;
III. em 2014, será aplicado o percentual equivalente à
taxa de crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE,
para o ano de 2012; e
IV. em 2015, será aplicado o percentual equivalente à
taxa de crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE,
para o ano de
5º. Para fins do disposto no § 4º, será utilizada a taxa
de crescimento real do PIB para o ano de referência,
divulgada pelo IBGE até o último dia útil do ano
imediatamente anterior ao de aplicação do respectivo
aumento real.

Desse modo, utilizou-se o INPC para correçã o dos


salá rios-mínimos justamente para preservar o seu poder aquisitivo. Se o
salá rio-mínimo é corrigido por esse índice, nada mais razoá vel que corrigir
os depó sitos vinculados ao FGTS pelo mesmo indexador, justamente por
decorrerem diretamente do salá rio do trabalhador.

Caso nã o se entenda dessa forma, outro índice que se


mostra aplicá vel e que efetivamente produz correçã o monetá ria é o IPCA,
índice estabelecido pelo Governo Federal para medir as metas
inflacioná rias contratadas com o FMI ou, ainda, outro índice estabelecido
pelo Juízo, desde que respeitada a correçã o monetá ria prevista no artigo
2º da Lei n. 8.036/90.

Ademais, o parecer contá bil em anexo apresenta


comparaçõ es interessantes entre a correçã o monetá ria (nã o) efetuada pela
TR e a correçã o realizada por outros índices. Verifica-se, por exemplo, que
um trabalhador com salá rio de R$1.000,00 (mil reais), se tivesse seus
fundos corrigidos pelo INPC desde 1999, teria uma diferença a receber de
R$9.098,56 (nove mil e noventa e oito reais e cinquenta e seis centavos).

Da mesma forma, um trabalhador com o mesmo salá rio acima


especificado, se tivesse seus rendimentos corrigidos pelo IPCA desde 1999,
teria uma diferença a receber de R$8.561,43 (oito mil, quinhentos e
sessenta e um reais e quarenta e trê s centavos). Ou seja, a TR é um
indexador inidô neo que merece ser substituído para efetivo cumprimento
dos preceitos da Lei n. 8.036/90.
5. Suspensão do feito em razão da decisão nos autos da ADI 5090

Na Açã o Direta de Inconstitucionalidade nº 5.090/DF,


que versa sobre Correçã o Monetá ria das contas do FGTS, o Exmº Relator
Ministro Luís Roberto Barroso determinou a suspensã o de todos os
processos que discutem a mesma maté ria até o julgamento definitivo da
mencionada ADI. Vejamos:

Considerando: (a) a pendência da presente ADI 5090,


que sinaliza que a discussão sobre a rentabilidade do
FGTS ainda será apreciada pelo Supremo e, portanto,
não está julgada em caráter definitivo, estando sujeita a
alteração (plausibilidade jurídica); (b) o julgamento do
tema pelo STJ e o não reconhecimento da repercussão
geral pelo Supremo, o que poderá ensejar o trânsito em
julgado das decisões já proferidas sobre o tema (perigo
na demora); (c) os múltiplos requerimentos de cautelar
nestes autos; e (d) a inclusão do feito em pauta para
12/12/2019, defiro a cautelar, para determinar a
suspensão de todos os feitos que versem sobre a
matéria, até julgamento do mérito pelo Supremo
Tribunal Federal. Publique-se. Intime-se. Brasília, 6 de
setembro de 2019. Ministro Luís Roberto Barroso
Relator.”

Isto posto, considerando que a presente açã o versa


sobre maté ria idê ntica e que existe é Açã o Direta de Inconstitucionalidade
– ADI nº 5090 pendente de julgamento com determinaçã o de suspensã o de
todos os processos que versem sobre a correçã o monetá ria do FGTS,
requer o autor que este Nobre Julgador determine o sobrestamento do
processo em aná lise.

6. CONCLUSÃO

Frente a todo exposto, em primeiro lugar deve ser


declarado que a TR – Taxa Referencial, não constitui índice de
correção monetária porquanto reflete a variação do custo primário da
captação dos depósitos bancários a prazo fixo, e não a variação do
custo da moeda, e a declaraçã o do direito dos substituídos de terem os
valores que foram e que serã o depositados em conta vinculada do FGTS,
de serem corrigidos monetariamente considerados os índices pleiteados na
presente açã o.
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Alé m disso, os substituídos fazem jus a ter os seus
depó sitos do FGTS corrigidos monetariamente com os índices pleiteados –
inclusive sobre os saques eventualmente ocorridos, com o cré dito em suas
contas das diferenças resultantes, acrescidas dos juros garantidos pela
pró pria Lei nº 8.036/90 e os juros de mora.

Por fim, as correçõ es em tela devem ser consideradas


també m naquelas hipó teses em que, com o apoio legal (art. 20 da Lei
nº 8.036/90) o substituído sacou seu FGTS com a continuidade do
vínculo empregatício. Em outros termos, os valores sacados que no futuro
foram ou serã o considerados para fins rescisó rios, devem també m ser
corrigidos monetariamente pelo índice reconhecido como devido na
presente açã o (art. 18, § 1º da Lei nº 8.036/90 e Resoluçã o do Conselho
Curador do FGTS nº 28, de 06.02.91).

7. PEDIDOS

Por todos os fundamentos anteriormente expostos, o Autor REQUER o


reconhecimento das situaçõ es de fato e de direito acima expostas (conteú do
declarató rio), nos seguintes termos:

a) a concessã o dos benefícios da Justiça Gratuita, uma vez que o


Autor se enquadra na pobreza na forma da lei, não lhe permitindo
pagar as custas do processo e os honorários sem prejuízo do sustento
próprio e da família;

b) a citaçã o da Ré no endereço inicialmente indicado para, querendo,


apresentar defesa dos termos da lei, advertida das sançõ es de
confissã o e revelia; a produçã o de todas as provas em direito
admitidas, especialmente a documental anexa;

c) declaraçã o judicial que a TR – Taxa Referencial, nã o constitui índice


de correçã o monetá ria porquanto reflete a variaçã o do custo
primá rio da captaçã o dos depó sitos bancá rios a prazo fixo, e nã o a
variaçã o do custo da moeda;

d) a suspensã o do feito com base na ADI 5090;

e) a condenaçã o da Ré a substituir a TR pelo INPC como índice de


correçã o dos depó sitos efetuados em nome dos substituídos, a partir
de 1999, com o consequente pagamento, em favor de cada
trabalhador substituído pelo autor, do valor correspondente à s

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diferenças do FGTS decorrentes da aplicaçã o do INPC aos valores
vinculados, nos meses em que a TR foi menor que a inflaçã o do
período (parcelas vencidas e vincendas);

f) caso nã o entenda pela aplicaçã o do INPC, a condenaçã o da ré a


substituir a TR pelo IPCA como índice de correçã o dos depó sitos
efetuados em nome dos substituídos, a partir de 1999, com o
consequente pagamento, em favor de cada trabalhador substituído
pelo autor, do valor correspondente à s diferenças do FGTS
decorrentes da aplicaçã o do IPCA aos valores vinculados, nos meses
em que a TR foi menor que a inflaçã o do período (parcelas vencidas
e vincendas);

g) e ainda, caso, nã o entenda das formas anteriormente expostas, a


condenaçã o da ré a substituir a TR por outro índice que leve em
consideraçã o a correçã o monetá ria e atualize os depó sitos efetuados
em nome dos substituídos, a partir de 1999, com o consequente
pagamento, em favor de cada trabalhador substituído pelo autor, do
valor correspondente à s diferenças do FGTS decorrentes da
aplicaçã o do referido índice aos valores vinculados, nos meses em
que a TR foi menor que a inflaçã o do período (parcelas vencidas e
vincendas);

h) sobre os valores devidos pela condenaçã o de que tratam os itens


anteriores, a incidê ncia de correçã o monetá ria desde a
inadimplê ncia da Caixa, bem como os juros legais, observando
aqueles pró prios do FGTS e os juros do có digo civil quando tenha
ocorrido saque do FGTS em qualquer uma das hipó teses da
previstas no art. 20 da Lei 036/90.

i) a condenaçã o da ré ao pagamento das custas e honorá rios


advocatícios, em valor a ser arbitrado pelo Juízo.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, principalmente documental.

Termos em que, dando à causa o valor de R$


165.386,69, para efeitos de distribuiçã o, em cará ter preliminar, e
requerendo a total procedê ncia da presente açã o, com a condenaçã o da Ré
nos pedidos formulados e verbas pleiteadas, acrescidas de juros morató rios
e correçã o monetá ria na forma da lei, custas processuais, verba honorá ria
advocatícia de sucumbê ncia e demais cominaçõ es legais,
Pede deferimento,

Porto Alegre, 14 de setembro de 2021.

Pp. Daniella Ramos V. Gadis

OAB/RS 62.160

Pp. Sidnei Fernandes

Plein OAB/RS 115.579

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