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Rua 1º de Março, 113/306 José Álvaro Nonnenmacher Nestor Luiz Riedi

ADVOCACIA São Leopoldo RS Sérgio José Arnoldo Rodrigo de Assis


EMPRESARIAL Brasil Rosicler Elisabeth Bondan Aline Lenz
93010-210 André Sperb Márcia Pinto Marques
Fone: 51 35898222 Márcia Elena Petry Roberta Andrade Leopardo
www.nra-adv.com.br Cíntia Spode Ana Paula Giordani

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR CARLOS EDUARDO ZIETLOW DURO –


22ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – PORTO
ALEGRE/RS.

Apelação Cível n.º 70060169729

GB ARTEFATOS PLÁSTICOS LTDA., devidamente qualificada nos


autos do recurso em epígrafe, cuja parte apelada é o ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, vem,
respeitosamente, por seus procuradores infra-assinados, à presença de Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 557, § 1º, do Código de Processo Civil, interpor agravo interno contra a decisão
monocrática de fls. (Nota de Expediente n.º 567/2014, disponibilizada no DJE de 26/06/2014), o
que faz alicerçada nos fundamentos de fato e de direito anexos.

Requer seja o presente recurso recebido e processado na forma do


disposto no aludido artigo, o qual prevê a possibilidade de reconsideração por parte de Vossa
Excelência, ou, não sendo esse o entendimento, a submissão do agravo ao julgamento do órgão
competente.

Nestes termos,
requer deferimento.
São Leopoldo (RS), 02 de julho de 2014.

pp. André Sperb pp. Sérgio José Arnoldo


OAB/RS 54.311 OAB/RS 24.753

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Espécie: Agravo Interno

Agravante: GB Artefatos Plásticos Ltda.


Agravado: Estado do Rio Grande do Sul

Origem: Decisão monocrática proferida pelo douto Desembargador Carlos Eduardo Zietlow Duro
(Apelação Cível n.º 70060169729)

RAZÕES DO AGRAVO INTERNO

COLENDO COLEGIADO
EMINENTES DESEMBARGADORES

1. Excelências. Data maxima venia, o ilustre Desembargador Relator


se equivocou ao negar seguimento a apelação interposta pela Agravada com base no artigo 557,
caput, do CPC.

2. Entendeu o nobre relator que a CDA atendeu aos requesitos legais e


a aplicação da Taxa Selic aos débitos tributários é legal. Em que pese o entendimento do nobre
relator, a CDA que embasa a pretensão da Agravada desrespeita a exigência contida no artigo
202 da lei tributária nacional, mais especificamente o seu inciso III, que o termo de inscrição
em dívida ativa contenha a origem do crédito, ou seja, discrimine os fatos geradores dos quais
resultaram os valores consignados ou, porventura cada certidão corresponda a um único fato
gerador, faça a referência a esse fato gerador.

3. E esse aspecto (qual seja a presença da origem do crédito), por mais


singelo que possa parecer, é de fundamental importância à Agravante, porquanto lhe possibilita
gozar dos direitos constitucionalmente assegurados do contraditório e da ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes (artigo 5º, inciso LV, da Carta Magna de 1988).

4. O detalhamento dos fatos geradores que resultaram nos créditos


tributários exequendos (a sua origem, dessarte) na certidão de dívida ativa, por conseguinte,
nada mais é do um meio outorgado pelo legislador ao contribuinte para que esse último possa
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exercer a sua defesa em sua plenitude. Sim, porque do contrário – e a inicial executiva
embargada é prova disso -, fica o contribuinte (e a Agravante se encontra nessa situação)
totalmente impossibilitado de verificar, por exemplo, se o imposto foi pago e o exequente não
considerou o pagamento efetuado. Ou ainda se recai alguma discussão acerca da legalidade ou
da inconstitucionalidade do tributo naquela determinada época. Enfim, ficando o contribuinte
tolhido da origem do crédito, lhe é denegado o elemento crucial e sine qua non ao preparo e
consequente oferecimento da defesa incidental.

5. Ademais, os inúmeros entendimentos jurisprudenciais colacionados


na apelação corroboram a tese defendida pela Agravante de que é necessária a origem dos
créditos tributários mediante a discriminação dos fatos geradores dos quais resultaram os
valores nela consignados, o que acarreta a nulidade da certidão de dívida ativa e, por
conseguinte, a própria execução fiscal.

6. Por outro lado, igualmente eivado de equívoco o posicionamento


do nobre Relator no que diz respeito à validade da execução fiscal embargada. Isto porque está
pacificado no Judiciário que não é possível o prosseguimento de execução quando constem das
certidões de dívida ativa valores indevidos não destacáveis do título mediante mero cálculo
aritmético (in casu, os juros calculados à taxa Selic). O julgado destacado abaixo comprova esta
compreensão, in verbis:

“Se parte substancial do crédito fiscal constante da CDA é indevido, cujo saldo
não é aferível mediante simples cálculos aritméticos, o título perde a certeza e
liquidez, não podendo a execução prosseguir.” 1 (grifo nosso)

7. Também o Superior Tribunal de Justiça compartilhou deste


entendimento em julgado cujas circunstâncias são exatamente iguais àquelas presentes in casu,
manifestando-se no sentido de que há “impossibilidade de se recortar o valor
inconstitucionalmente adicionado na base de cálculo sem que se realize novo lançamento.” 2

8. Ou seja, a incerteza e a iliquidez da certidão de dívida ativa que


instrui a ação executiva estão direta e exclusivamente vinculadas ao fato de conter o executivo,
em seu bojo, valores correspondentes a rubrica reconhecidamente inexigível, tais como os juros
calculados à taxa SELIC.

1
Apelação Cível n.º 97.04.49144-1/PR. Primeira Turma. Relator Desembargador Federal FÁBIO ROSA. DJU de
03/03/1999.
2
Embargos de Divergência em Resp n.º 602.002/SP. Relator Ministro HUMBERTO MARTINS. DJU de 27/08/2007.
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9. Não sendo tarefa meramente aritmética, portanto, a extirpação dos


juros calculados à taxa SELIC dos débitos exequendos, ficam inequivocamente abaladas a
certeza e a liquidez da certidão de dívida ativa que corporifica os correspondentes débitos
eventualmente devidos, sendo a extinção da execução medida que se impõe.

10. Data maxima venia, igualmente equivocado o nobre Relator quanto


aos juros calculados à taxa SELIC, na medida em que há forte posicionamento dos Tribunais no
sentido de serem tais juros inaplicáveis na atualização dos créditos tributários.

11. Isto porque a utilização dos juros calculados à taxa SELIC, índice
flutuente, fixado pelo Executivo fere as disposições legais e, principalmente, a Constituição
Federal. Em especial o caput do artigo 37.
12. Apesar de o nobre Relator entender que a existência de lei estadual
aplicando a taxa SELIC aos débitos tributários lhe confere legitimidade, esta legitimidade é
apenas aparente em razão do abuso do estado em impor ao contribuinte um débito futuro e
incerto, porque irá fixar, de forma unilateral, a taxa a ser cobrada.

13. Ademais, o principio da legalidade insculpido no artigo 150, I da


Carta Magna foi afetado pela lei estadual que fixou a taxa SELIC como taxa de juros a ser aplicada
aos débitos tributários, eis que o artigo 161, parágrafo 1º do CTN possibilita a imposição de taxa
de juros superior a 1%, desde que outra lei fixe um índice diverso.

14. Ora, é de conhecimento público que a taxa SELIC é fixada pelo


Banco Central, por meio de ato administrativo, evidenciando afronta ao principio da legalidade.

15. Mister o afastamento da taxa SELIC, declarando-a inconstitucional e


ilegal, restabelecendo-se a eficácia normativa do artigo 161 do Código Tributário Nacional, que
permite a exigência de juros de no máximo 1% (um por cento) ao mês.

16. Além desses argumentos, que, por si só, já demonstram a


ilegalidade e a inconstitucionalidade da taxa SELIC, mais um elemento comprova a
inaplicabilidade de tal taxa na exigência em tela: o malferimento ao princípio da isonomia.

17. Pode-se explicar a violação a tal princípio diante dos recentes


precedentes do Superior Tribunal de Justiça, nos quais os contribuintes que aforaram ações
repetitórias não estão tendo o indébito corrigido pela SELIC, sendo a citada taxa substituída pela
correção monetária pelos índices oficiais mais os juros moratórios legais de 1% (um por cento) ao
mês.

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18. O julgado cuja ementa segue abaixo confirma a jurisprudência neste


sentido, in verbis:

“TRIBUTÁRIO. RECURSOS ESPECIAIS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A


REMUNERAÇÃO DE ADMINISTRADORES, AUTÔNOMOS E AVULSOS. COMPENSAÇÃO. LIMITES
INTRODUZIDOS PELAS LEIS Nºs 9.032/95 E 9.129/95. APLICAÇÃO A PARTIR DA ENTRADA EM
VIGOR DAS REFERIDAS LEIS. PRECEDENTES. CRÉDITOS ANTERIORES ÀS LEIS LIMITADORAS.
NÃO INCIDÊNCIA DA RESTRIÇÃO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. JUROS DE MORA.
ARTIGO 161, § 1º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. ARTIGO 39, § 4O, DA LEI 9.250/95.
TAXA SELIC. ILEGALIDADE. INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE O RECOLHIMENTO
INDEVIDO.
...(omissis)...
A Taxa SELIC para fins tributários é, a um tempo, inconstitucional e ilegal. Como não há
pronunciamento de mérito da Corte Especial deste egrégio Tribunal que, em decisão
relativamente recente, não conheceu da argüição de inconstitucionalidade correspectiva (cf.
Incidente de Inconstitucionalidade no Resp n. 215.881/PR), permanecendo a mácula também
na esfera infraconstitucional, nada está a empecer seja essa indigitada Taxa proscrita do
sistema e substituída pelos juros previstos no Código Tributário (artigo 161, § 1º, do CTN).
Recurso especial do INSS provido em parte, para excluir a incidência da Taxa SELIC,
substituindo-a pelos juros moratórios legais de 1% ao mês, nos termos do artigo 167,
parágrafo único, do Código Tributário Nacional, e correção monetária pelos índices oficiais
desde o recolhimento indevido.” 3 (grifo nosso)

ANTE O EXPOSTO, requer digne-se Vossa Excelência, nos termos do


§ 1º do artigo 557 do Código de Processo Civil,

(a) reconsiderar a decisão agravada; e,

(b) não sendo esse o entendimento, submeter o presente recurso


ao órgão julgador competente, a fim de que, em juízo de
retratação, seja conhecido e, consequentemente, seja provida a
apelação cível a qual foi negado seguimento pela decisão agravada.

Nestes termos,
requer deferimento.

São Leopoldo (RS), 02 de julho de 2014.

RECURSO ESPECIAL n.º 412.776/RS. Segunda Turma. Relator Ministro FRANCIULLI NETTO. DJU de 28/10/2002.

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