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Padrões Monetários

Internacionais
‘Sistema Monetários
Internacionais’

Rodrigo da Silva Souza


Bibliografia
Bibliografia

• Krugman, Paul; Obstfeld, Maurice; Melitz, Marc. Economia


Internacional. Editora Pearson, 10° Edição.
• Sistemas Monetários Internacionais, Capítulo 19.

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Introdução
Introdução

o Em 1944, representantes de 44 países se reuniram em Bretton


Woods (EUA) para formular um novo sistema monetário e cambial
internacional.
o Taxas de câmbio fixas em termos de dólar.
o Uma série de crises cambiais levou ao abandono do sistema em 1973.
o Desde então o mundo é descrito por muitos arranjos de taxa de
câmbio;
o Alguns operam com taxas de câmbio flexíveis, outros com taxas
de câmbio fixas; há também os que alternam esses regimes.

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Introdução

o Qual regime escolher é uma questão muito debatida em


macroeconomia.
o No geral há prós e contras em todos os regimes.
o E na história recente, o padrão monetário internacional tem mudado
de forma frequente.
o Inclusive, estamos observando no presente uma possível mudança no
padrão monetário internacional.

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Evolução

Fonte
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Metas de política
macroeconômica
em economias
abertas
Metas de política macroeconômica

o Em economias abertas, os responsáveis pelas decisões políticas são


motivados pelas metas de equilíbrio interno e externo.
o O equilíbrio interno requer o pleno emprego dos recursos de um
país e a estabilidade do nível de preço nacional.
o O equilíbrio externo é atingido quando a conta-corrente de um
país não está em um déficit tão profundo que faça o país ser incapaz
de pagar suas dívidas exteriores no futuro, nem em um superávit
tão forte que faça os estrangeiros serem colocados nessa posição.

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Equilíbrio Interno

o Quando os recursos produtivos de um país são plenamente


empregados e seu nível de preço está estável, o país está em
equilíbrio interno.
o Sub ou superemprego leva a movimentos gerais do nível de preço
que reduzem a eficiência da economia.
o Para evitar a instabilidade do nível de preço, o governo deve
impedir grandes flutuações na produção, que também são
indesejáveis em si.

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Equilíbrio Externo

o Os livros de economia internacional frequentemente identificam o


equilíbrio externo com equilíbrio na conta-corrente de um país.
o Embora essa definição seja apropriada em algumas circunstâncias,
ela não é apropriada como regra geral.
o De forma mais geral, podemos pensar nos desequilíbrios da
conta-corrente como mais um exemplo de como os países ganham
com o comércio.
o Em um dado ponto, os responsáveis pelas decisões políticas
geralmente adotam alguma meta de conta-corrente como objetivo, e
essa meta define seu objetivo de equilíbrio externo.
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O trilema
O trilema

o Os responsáveis pelas decisões políticas em uma economia aberta


encaram um trilema monetário inescapável ao escolher os
arranjos da moeda que os permitam atingir melhor suas metas de
equilíbrio interno e externo.
o Vimos como um país que fixa a taxa de câmbio da moeda abre mão
do controle sobre a política monetária nacional.
o Esse sacrifício ilustra a impossibilidade de um país em ter mais do
que dois itens da lista a seguir:
o Estabilidade da taxa de câmbio; Política monetária voltada para metas
nacionais; Liberdade de movimentos de capital internacional.
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Versões para taxa
de câmbio fixa
Taxas de câmbio fixas

o Moeda de reserva
o Bancos centrais fixam a taxa de câmbio de sua moeda em relação à moeda
reserva.
o Padrão ouro
o Os bancos centrais fixam o preço de suas moedas ao ouro.

Diferentes implicações sobre a macroeconomia

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Moeda de reserva

o Ilustrado pelo sistema que foi estabelecido entre o final da Segunda


Guerra Mundial e 1973, com o dólar dos Estados Unidos sendo a
meda de reserva.
o Nesse sistema, cada banco central fixava a taxa de câmbio de sua
moeda em dólar.
o Dessa forma, as outras taxas de câmbio eram automaticamente
fixadas também.
o Exemplo, Marco Alemão: 4 DM = 1 US$; Franco Francês: 5 FF
= 1 US$; Assim, 1 FF = 0,8 DM (4\5)
Arbitragem garante a convergência
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Moeda de reserva

o Há N-1 taxas de câmbio no mundo, contra a moeda de reserva.


o Compra de ativos domésticos pelo banco central do país centro:
o Maior oferta de moeda; menor taxa de juros; excesso de demanda por
moedas estrangeiras.
o Todos os outros bancos centrais são forçados a comprar moeda de reserva
(expansão monetária), para evitar a valorização de suas moedas
(desvalorização da moeda de reserva).
o Assim, o produto mundial cresce.

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Moeda de reserva

o O país centro é o único país no sistema que pode desfrutar de taxas


de câmbio fixas, sem a necessidade de intervir; e, ainda é capaz de
usar a política monetária para fins de estabilização.

Assimetria no sistema monetário internacional

Privilégio do país emissor da moeda de reserva

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O padrão-ouro

o Período: é difícil precisar as datas de vigência.


o Inglaterra já adotava no século XVIII;
o Europa no século XIX;
o Estados Unidos no início do século XX.
o Requisitos:
o Conversibilidade das moedas nacionais em ouro;
o Paridade fixa das moedas em relação ao ouro;
o Livre movimentação do ouro.
o Estoque monetário atrelado ao estoque de ouro via regra.

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O padrão-ouro

o Há N países e N preços de ouro em termos dessas moedas.


o Nenhum país ocupa uma posição privilegiada dentro do sistema.
Não há assimetria
o Cada país corrige o preço de sua moeda em termos de ouro, estando
pronto para comercializar a moeda nacional por ouro, sempre que
necessário, para defender o preço oficial.
o Um padrão-ouro, como um sistema de moeda de reserva, resulta em
taxas de câmbio fixas entre todas as moedas.

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O padrão-ouro

o Mecanismo de ajuste:
o Suponha que a Grã-Bretanha compra ativos domésticos (expansão
monetária), o que pressiona a taxa de juros para baixo, e torna os ativos
estrangeiros mais atraentes.
o Os infelizes titulares de libras podem vende-las ao Bank of England, em
troca de ouro. E, após isso, vender ouro em troca da moeda estrangeira de
interesse, cujos títulos do pais oferecem taxas de juros maiores.
o Há, portanto, saída de capitais da Inglaterra e entrada em outros países.
o Para manter o preço fixo da libra em ouro, o Bank of England compra libra
e vende ouro (perde reserva). Os outros bancos centrais ganham reservas,
porque compram ouro com suas moedas.
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O padrão-ouro

o Mecanismo de ajuste:
o Como as reservas estrangeiras oficiais estão caindo na Grã-Bretanha e
aumentando no exterior, a taxa de juros na Grã-Bretanha tende a subir, e
as ofertas de moeda nos outros países sobe, reduzindo a taxa de juros.
o Ajuste monetário simétrico sob o padrão ouro.
o Sempre que um país está perdendo reservas e vendo sua oferta de moeda
diminuir em consequência, os países estrangeiros estão ganhando reservas e
vendo suas ofertas de moeda ser expandidas.
o Um padrão-ouro coloca limites automáticos na extensão a que os bancos
centrais podem causar aumentos nos níveis de preços nacionais por meio de
políticas monetárias expansionistas.
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O padrão-ouro

o Compensando esse benefício potencial de um padrão-ouro temos


alguns inconvenientes:
o O padrão-ouro coloca restrições indesejáveis à utilização da política
monetária para combater o desemprego.
o Amarrar os valores das moedas ao ouro garante um nível de preços geral
estável somente se o preço relativo do ouro e de outros bens e serviços for
estável.

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O padrão-ouro

o Compensando esse benefício potencial de um padrão-ouro temos


alguns inconvenientes:
o Um sistema de pagamentos internacionais baseado em ouro é problemático,
porque os bancos centrais não podem aumentar a participação das reservas
internacionais conforme suas economias crescem, a menos que haja novas
descobertas contínuas de ouro.
o O padrão-ouro poderia dar aos países com produção de ouro potencialmente
grande, como a Rússia e a África do Sul, uma capacidade considerável de
influenciar as condições macroeconômicas em todo o mundo por meio de
vendas de ouro no mercado.

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O padrão-ouro

o Padrão bimetálico
o Até o início dos anos 1870, muitos países aderiram a um padrão bimetálico,
em que a moeda era baseada em prata e ouro.
o EUA foram bimetálicos de 1837 até a Guerra Civil.
o A casa da moeda cunha quantidades específicas de outro ou prata na
unidade monetária.
o Exemplo: 371,25 grãos de prata ou 23,22 grãos de ouro poderiam se
transformar em um dólar de prata ou de ouro. Essa paridade da casa da
moeda fazia o ouro valer 371,25/23,22 = 16 vezes mais do que a prata.
o Poderia reduzir a instabilidade do nível de preços, resultante do uso de
apenas um dos metais.
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O padrão-ouro

o O padrão câmbio-ouro
o A meio caminho entre o padrão-ouro e um padrão de moeda de reserva
pura.
o Sob um padrão-ouro de câmbio, as reservas dos bancos centrais consistem
em ouro e moedas, cujos preços em termos de ouro são fixos, e cada banco
central corrige sua taxa de câmbio para uma moeda com um preço fixo de
ouro.
o Um padrão-ouro de câmbio pode operar como um padrão-ouro para conter
o crescimento monetário excessivo em todo o mundo, mas permite mais
flexibilidade no crescimento das reservas internacionais, que podem consistir
de ativos, além de ouro.

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Política
macroeconômica
internacional sob o
padrão-outro, 1870-
1914
Padrão-ouro, 1870-1914

o O padrão-ouro teve sua origem na utilização de moedas de ouro


como meio de troca, unidade contábil e reserva de valor.
o O padrão-ouro como uma instituição legal data de 1819, quando o
Parlamento Britânico anulou as restrições de longo prazo na
exportação de moedas e barras de ouro da Grã -Bretanha.
o Mais tarde no século XX, os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão
e outros países também adotaram o padrão -ouro.
o Londres tornou-se naturalmente o centro do sistema monetário
internacional construído sobre o padrão-ouro.

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Padrão-ouro, 1870-1914

o Como as reservas internacionais tomaram a forma de ouro durante


esse período, o superávit ou o déficit na balança de pagamentos
tinha de ser financiado por envios de ouro entre os bancos centrais.
o Para evitar grandes movimentações de ouro, os bancos centrais
adotaram políticas que impulsionavam a balança de pagamentos
para zero.
o O padrão-ouro contém alguns mecanismos automáticos poderosos
que contribuem para o alcance simultâneo do equilíbrio da balança
de pagamentos por todos os países.
o O mais importante é o mecanismo de preço-fluxo de metais
preciosos
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Padrão-ouro, 1870-1914

o Mecanismo de preço-fluxo de metais preciosos (David Hume – 1711-


1776):
o Quando um país tinha uma balança comercial positiva, o ouro fluía para o
país na medida em que o valor das exportações excedesse o valor das
importações.
o Mantendo tudo mais constante, a oferta de moeda aumentaria no país com
uma balança comercial positiva (saindo do país com déficit).
o De acordo com a TQM, países com oferta de moeda crescente
experimentariam inflação.
o Portanto, há uma valorização real da moeda do país com superávit (dada a
taxa de câmbio fixa) – consequente, desvalorização real do país com déficit.
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Padrão-ouro, 1870-1914

o Mecanismo de preço-fluxo de metais preciosos (David Hume – 1711-


1776):
o A valorização real da taxa de câmbio desestimula as importações e, com
isso, restaura o equilíbrio na balança de pagamentos.
o Eventualmente, os movimentos de reserva param e todos os países
alcançam o equilíbrio da balança de pagamentos.
o O mesmo funciona de forma inversa.

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Padrão-ouro, 1870-1914

o Na prática, houve pouco incentivo para os países que estavam


acumulando ouro seguirem as regras.
o Os países frequentemente revertiam as regras e esterilizavam os
fluxos de ouro.
o O padrão-ouro permitia altos graus de estabilidade de taxa de
câmbio e mobilidade de capital financeiro internacional, mas não
permitia que a política monetária buscasse metas de política
interna.

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Os anos entre
guerras, 1918-1939
Os anos entre guerras

o O governo suspendeu efetivamente o padrão ouro durante a


primeira guerra mundial (1914).
o O entre guerras foram marcados por instabilidade.
o Os gatos com a reconstrução, muitas vezes financiados com a criação de
moeda, levaram a episódios de hiperinflação na Europa. Exemplo: a
hiperinflação alemã.
o Os EUA assumem a posição de potência mundial.
o Grandes perdas de produção industrial na França e na Alemanha.
o A estagnação britânica na década de 1920 acelerou o declínio de
Londres como o centro financeiro líder mundial.
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Os anos entre guerras

o Em 1919, os Estados Unidos voltaram para o ouro.


o Em 1922, na Conferência de Gênova, Grã-Bretanha, França, Itália e
Japão firmaram um acordo que incluía o retorno ao padrão ouro e a
cooperação entre os bancos centrais visando a objetivos internos e
externos.
o Em 1925, a Grã-Bretanha retornou ao padrão ouro atrelando a libra
ao ouro no preço pré-guerra.
o Em 1929, a Grande Depressão logo foi seguida por quebras de
bancos mundo afora.

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Os anos entre guerras

o Conforme a depressão continuou, muitos países renunciaram ao


padrão-ouro e permitiram que suas moedas flutuassem no mercado
cambial estrangeiro.
o O comércio mundial desmoronou drasticamente.
o A economia mundial desintegrou-se em unidades nacionais cada vez
mais autárquicas no começo da década de 1930.

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Os anos entre guerras

o Em face à Grande Depressão, a maioria dos países resolveu escolher


entre equilíbrio externo e interno, reduzindo suas ligações de
comércio com o resto do mundo e eliminando, por decreto
governamental, a possibilidade de um desequilíbrio externo
significativo.
o Reduzindo os ganhos com o comércio, essa abordagem impôs custos
altos à economia mundial e contribuiu para a lenta recuperação da
depressão.

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Questões
Questões

1) Explique o trilema monetário.


2) Faça um resumo sobre o padrão-ouro. Por favor, mencione o
mecanismo de ajuste, vantagens e desvantagens, etc.
3) Faça um resumo sobre os anos entre guerras.

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Obrigado!
Gracias!
Rodrigo da Silva Souza
rs.souza@unila.edu.br
LinkedIn – ORCID
Lattes - SSRN

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