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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara 

(se Caixa Econômica


Federal, da Justiça Federal ou Juizado Especial Federal / se bancos privados, Cível ou
do Juizado Especial Cível ou de Relações de Consumo onde houver) de (nome da
comarca)
 
 
 
 
 
 
 
 
Ação de Cobrança de diferenças de remuneração de Poupança
Expurgos dos planos Bresser (Jul/87); Verão (Fev/89) e Collor (Mai/Jun/90)
Justiça Gratuita
 
 
 
(Nome do autor), (nacionalidade), <estado civil>, <profissão>, portador do RG
<00.000/UF> e do CPF <000.000.000-00>, residente e domiciliado à (endereco), bairro
(nome do bairro), em (cidade/UF), CEP <00.000-000>, por seus procuradores infra
assinados, considerando os fatos que registra, vem propor a presente AÇÃO DE
COBRANÇA em face do BANCO (nome do banco), CNPJ número
<00.000.000/0001-00>, com sede à (endereço), em (cidade/UF), CEP <00.000-000>,
com fundamento na legislação vigente e com suporte na pacífica jurisprudência dos
tribunais.
 
Justiça Gratuita
O autor não tem como suportar os ônus do processo sem prejuízo do próprio sustento
familiar, conforme declaração inclusa, razão pela qual requer que se digne Vossa
Excelência de deferir-lhe os benefícios da Justiça Gratuita.
 
Relação de Consumo
A matéria versada na presente ação discute contratos bancários de caderneta de
poupança, insertos no rol de proteção do Código de Defesa do Consumidor, art. 3°,
caput e §2°, pelo que configuram uma relação de consumo.
 
Dos Fatos
Expurgo de Julho de 1987
O autor mantinha, durante o mês de junho de 1987, junto à instituição ré, conta de
depósito em Caderneta de Poupança, com data de aniversário anterior ao dia 15 de
cada mês, conforme extratos inclusos.
 
Considerando as normas vigentes à época, a atualização das cadernetas de poupança
até junho de 1987 era garantida mediante a atualização dos respectivos saldos
segundo a variação a variação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ou da LBC
(Letra do Banco Central), sendo usado o maior índice (Resolução BACEN 1.136/87).
Em junho de 1987, a variação do IPC foi maior do que a da LBC, e alcançou 26,06%.
 
Com a entrada em vigor do Plano Bresser, no dia 15 de junho de 1987 o Banco
Central do Brasil (BACEN) editou a Resolução 1.338/87, modificando o critério anterior
para estabelecer que a partir de julho de 1987 os saldos das cadernetas de poupança
deveriam ser corrigidos pela OTN (Obrigações do Tesouro Nacional).
 
Assim, a instituição ré remunerou, no mês de julho de 1987, todas as contas de
poupança conforme o novo critério, ou seja, pela variação da OTN do mês anterior. No
mês de junho, este índice foi de 18,02%.
 
Entretanto, esta atitude deixou de observar o direito de parte dos poupadores: aqueles
com data de aniversário da poupança até o dia 15. É que estas contas iniciaram seus
trintídios antes da entrada em vigor da nova resolução, e como as Cadernetas de
Poupança têm natureza contratual, os poupadores têm direito adquirido à correção
pela fórmula que estava em vigor no início do período aquisitivo.
 
A não observação desse direito resultou em um prejuízo para o autor no importe de
8,04% sobre os seus créditos na Caderneta de Poupança à época.
 
Expurgo de Fevereiro de 1989
O autor mantinha, durante o mês de janeiro de 1989, junto à instituição bancária, ora
Ré, a conta de Caderneta de Poupança, com a data de aniversário anterior ao dia 15
de cada mês, extratos inclusos.
 
Considerando as normas vigentes à época, a remuneração das cadernetas de
poupança era garantida mediante a atualização dos respectivos saldos pela variação
da OTN.
 
Em 15 de janeiro de 1989, o presidente da República anunciava mais um choque
econômico para tentar conter a inflação: o Plano Verão, que, através da Medida
Provisória 32 (posteriormente convertida na lei 7.730/89), extinguiu a OTN e
determinou a correção das cadernetas de poupança em fevereiro pela variação da
LFT de janeiro de 89.
 
Assim, a instituição ré remunerou, no mês de fevereiro de 1989, todas as contas de
poupança conforme o novo critério, ou seja, pela variação da LFT de janeiro
(22,3589%).
 
Portanto, mais uma vez, a instituição ré deixou de observar o direito de parte dos
poupadores, aqueles com data de aniversário da poupança até o dia 15 de cada mês,
que iniciaram seus trintídios antes da entrada em vigor da nova resolução.
 
Entretanto, como a OTN havia sido extinta em meados do mês de janeiro com a MP
32, essas cadernetas com data de aniversário até o dia 15 ficaram sem um índice de
correção oficial.
 
Conforme jurisprudência consolidada do STJ, para preencher esta lacuna da
legislação a melhor solução é a aplicação do IPC de janeiro nas correções das
cadernetas com aniversário entre os dias 1 e 15 do mês de fevereiro, pois este índice
foi o que melhor refletiu a inflação do período.
 
No mês de janeiro, o IPC alcançou 42,72%, enquanto o valor aplicado pelos bancos foi
de apenas 22,3589%, resultando em um prejuízo para os poupadores no importe de
20,36%.
 
A matéria de mérito relativa aos expurgos dos planos Bresser e Verão já está
pacificada no Egrégio Superior Tribunal de Justiça, nos seguintes termos:
 
Processo: REsp 707151 / SP ; RECURSO ESPECIAL 2004/0169543-6
Relator(a): Ministro FERNANDO GONÇALVES (1107)
Data do Julgamento: 17/05/2005 Data da Publicação/Fonte: DJ 01.08.2005 p. 471
Ementa: CIVIL. CONTRATO. POUPANÇA. PLANO BRESSER (JUNHO DE 1987) E
PLANO VERÃO (JANEIRO DE 1989). BANCO DEPOSITANTE. LEGITIMIDADE
PASSIVA.PRESCRIÇÃO. VINTENÁRIA. CORREÇÃO. DEFERIMENTO.
1 - Quem deve figurar no pólo passivo de demanda onde se pede diferenças de correção
monetária, em caderneta de poupança, nos meses de junho de 1987 e janeiro de 1989, é
a instituição bancária onde depositado o montante objeto da demanda.
2 - Os juros remuneratórios de conta de poupança, incidentes mensalmente e
capitalizados, agregam-se ao capital, assim como a correção monetária, perdendo, pois, a
natureza de acessórios, fazendo concluir, em conseqüência, que a prescrição não é a de
cinco anos, prevista no art. 178, §10, III, do Código Civil de 1916 (cinco anos), mas a
vintenária. Precedentes da Terceira e da Quarta Turma.
3 - Nos termos do entendimento dominante nesta Corte são devidos, na correção de
caderneta de poupança, o IPC de junho de 1987 (26,06%) e o IPC de janeiro de 1989
(42,72%).
4 - Recurso especial não conhecido.
 
Expurgos de Maio e Junho de 1990.
Com relação à atualização monetária da poupança nos meses de maio a junho de 1990,
também houve expurgo, não com base no direito adquirido conforme ocorreu nos
períodos de junho de 87 e janeiro de 89, mas, por lacuna legal que autorizasse a
alteração dos índices.
 
Até a promulgação da Medida Provisória 168/90, as Cadernetas de Poupança eram
remuneradas com base no IPC, conforme a regra do artigo 17, inc. III, da Lei
7.730/1989, com o seguinte teor:
 
Art. 17 - Os saldos das cadernetas de poupança serão atualizados:
...
III - a partir de maio de 1989, com base na variação do IPC verificada no mês
anterior.
 
A Medida Provisória 168/90 dispôs sobre a conversão dos saldos das cadernetas de
poupança em cruzeiros até o limite de NCz$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzados
novos), e que os valores excedentes seriam recolhidos ao Banco Central e somente
convertidos e liberados a partir de setembro de 1991, em doze parcelas mensais,
iguais e sucessivas.
 
Sobre os valores superiores a NCz$ 50.000,00, recolhidos ao Banco Central, ficou
estabelecido que seriam atualizados pela BTN Fiscal. Contudo, não se alterou a norma
então vigente de correção pelo IPC em relação aos valores que continuassem na conta de
poupança sob administração dos bancos.
 
Art. 6º. Os saldos das cadernetas de poupança serão convertidos em cruzeiros
na data do próximo crédito de rendimento, segundo a paridade estabelecida no §
2º. do art 1º., observado o limite de NCz$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzados
novos).
§ 1º. As quantias que excederem o limite fixado no caput deste artigo serão
convertidas a partir de 16 de setembro de 1991, em doze parcelas mensais iguais
e sucessivas.
§ 2º. As quantias mencionadas no parágrafo anterior serão atualizadas
monetariamente pela variação do BTN Fiscal, verificada entre o dia 19 de março
de 1990 e a data da conversão, acrescida de juros equivalentes a 6% (seis por
cento) ao ano ou fração pro rata.
 
Poucos dias depois, notando que os saldos que continuassem nas contas de
poupança ainda seriam corrigidos pelo IPC, o Governo editou a MP 172, alterando a
redação do caput do art. 6º. e seu § 1º. da MP 168, dispondo que todos os saldos
fossem remunerados pelo BTN Fiscal:
 
Art. 6º. Os saldos das cadernetas poupança serão convertidos em cruzeiros na
data do próximo crédito de rendimento ou a qualquer tempo, neste caso fazendo
jus o valor sacado à atualização monetária pela variação do BTN Fiscal verificada
entre a data do último crédito de rendimento até a data do saque, segundo a
paridade estabelecida no § 2º. do art. 1º., observado o limite de NCz$ 50.000,00
(cinqüenta mil cruzados novos).
 
§ 1º. As quantias que excederem o limite fixado no caput deste artigo serão
convertidos em cruzeiros a partir de setembro de 1991, em 12 (doze) parcelas
mensais iguais e sucessivas.
 
Todavia, o Congresso Nacional desprezou as modificações da MP 172 e converteu a
MP 168 na Lei 8.024/90 com a sua redação original. Portanto, a MP 172 restou
revogada pela Lei de Conversão e, por conseqüência, perderam eficácia as suas
disposições e as circulares do Banco Central nelas embasadas, permanecendo a
correção da poupança pelo IPC, conforme a Lei 7730/89.
 
As MPs 180 e 184, editadas posteriormente, tentaram restabelecer a redação da MP
172. Contudo, não foram convertidas e sequer reeditadas. Assim, também perderam a
eficácia.

O entendimento retro exposto foi manifestado no Superior Tribunal de Justiça, pelo


voto do Ministro Edson Vidigal, nos embargos de divergência no Recurso Especial
218.426-SP, e também no Supremo Tribunal Federal, pelo voto vencedor do Ministro
Nelson Jobim, proferido no Recurso Extraordinário 206.048-8 RS.
 
RE 206.048-8 RS – Constitucional. Direito Econômico. Caderneta de Poupança.
Correção Monetária. Incidência de Plano Econômico (Plano Collor). Cisão da
Caderneta de Poupança (MP 168/90). Parte do depósito foi mantido na
caderneta de poupança junto à instituição financeira, disponível e atualizável
pelo IPC...
 
Enfim, data vênia, resta claro que as contas de poupança que permaneceram nos
bancos deveriam ter sido remuneradas em maio de 1990 pelo IPC do mês de abril
(44,80%) e, no mês de junho, pelo IPC de maio (7,87%), com base na Lei 7.730/89
então vigente.
 
O índice de correção só foi alterado pela MP 189, de 30 de maio de 1990, que
escolheu o BTN (Bônus do Tesouro Nacional) para corrigir a poupança a partir de
então. Essa modificação só poderia surtir efeito para os créditos feitos a partir de julho,
já que os rendimentos de junho iniciaram o período aquisitivo em maio e, portanto,
antes da edição da Medida Provisória 189, tendo direito adquirido à correção pelo IPC
(Lei 7.730/89).
 
O desatendimento da norma legal pelos bancos nos lançamentos da remuneração de
Maio e Junho de 1990 resultou em um prejuízo para os poupadores na ordem de
44,80% no mês de Maio, período em que a poupança ficou congelada (0,00%), e
2,49%, no mês de Junho, descontado o índice de 5,38% efetivamente creditado.
 
Desse modo, sob pena de ferir o constitucional direito adquirido e desatender as
normas vigentes à época, os poupadores têm direito à reposição das diferenças dos
valores efetivamente creditados, devidamente acrescidas dos índices de atualização
da poupança desde àquela data e até a data do efetivo pagamento, e os reflexos
sobre os expurgos ocorridos anteriormente, além dos juros moratórios e demais
cominações legais.
 
Do direito
As cadernetas de poupança com data de aniversário anterior ao dia 15 de cada mês
não poderiam ser atingidas de imediato pelas normas editadas após iniciado um novo
ciclo de trinta dias e as eventuais alterações só poderiam produzir efeitos no ciclo
seguinte.
 
É que a instituição ré tem a obrigação de guardar, administrar e devolver ao
consumidor-poupador os valores depositados sob sua custódia, acrescidos da
remuneração devida no período, sendo certo que a cada período mensal do depósito
não sacado recomeça uma nova fase do contrato que não pode ser alterada dentro do
período. Ou seja, iniciado um novo ciclo de poupança, as normas supervenientes
somente produzirão seus efeitos a partir do ciclo seguinte.
 
Destarte, as cadernetas de poupança com aniversário entre os dias 01 e 15 foram
indevidamente afetadas com o crédito inferior ao devido nos ciclos que
mediaram entre o mês de junho e mês de julho de 1987 e entre os meses de
janeiro e fevereiro de 1989, vez que não se sujeitavam às normas editadas
posteriormente ao início do período de aquisição do direito à remuneração, situação
em que se enquadra a Conta de Poupança do autor, conforme consta dos extratos
respectivos, em anexo.
 
Desse modo, sob pena de ferir o constitucional direito adquirido, é devido ao autor a
reposição dos valores correspondentes às diferenças de créditos, conforme memória de
cálculo inclusa, devidamente acrescida dos índices de atualização da poupança desde
àquela data e até a data do efetivo pagamento, além dos juros moratórios e demais
cominações legais.
 
Ainda, com relação aos expurgos ocorridos em Abril e Maio de 1990, em resumida
síntese, importa destacar que mesmo que o autor não mantivesse qualquer saldo na
poupança nestes meses, é imperioso o exame da questão para que se possam deferir
os reflexos respectivos para efeito da aplicação dos reflexos sobre os expurgos
ocorridos em épocas anteriores.
 
Das normas que regem a matéria:
O ordenamento legal que rege a remuneração das Cadernetas de Poupança, nas
questões da presente demanda, baseia-se nas seguintes normas:
a)         Decreto-Lei 2.284, de 10 de março de 1986, que, no art. 12, indica a correção
das cadernetas de poupança, a partir de 01 de março de 1987, pelo IPC;
b)         Resolução nº 1.336, de 11 de junho de 1987, que estabeleceu a correção das
cadernetas de poupança pelo maior índice entre LBC e IPC.
c)         Resolução nº 1.338, de 15 de junho de 1987, que estabeleceu a correção das
cadernetas de poupança pela OTN, vinculada à LBC.
d)         Medida Provisória 32 de 15 de janeiro de 1989 (transformada na Lei
7730/89).
e)         Lei 7.730/89, que estabeleceu a correção das cadernetas de poupança pelo
IPC.
f)           Medida Provisória 168 de 15 de março de 1990 (transformada na Lei
8.024/90).
g)         Medida Provisória 189 de 30 de maio de 1990, que estabeleceu a correção
das cadernetas de poupança pela BTN (Bônus do Tesouro Nacional).
Do Pedido
Ante o exposto, requer a citação da instituição ré, no seu endereço retro apontado,
para, no prazo legal, querendo, contestar a presente ação, e acompanhá-la em todos
os seus ulteriores termos até sentença final.
Pede e espera, ainda, consideradas as alegações e fundamentações retro, decretar a
procedência do pedido e condenar a instituição bancária ré a restituir ao autor o valor
correspondente à diferença de créditos devidos em sua Caderneta de Poupança, em
face do lançamento incorreto da remuneração relativa ao período de junho/julho de
1987, Plano Bresser, tudo devidamente atualizado monetariamente com base nos
índices das cadernetas de poupança até a data do efetivo pagamento, incidindo ainda
o reflexo do expurgo do Plano Verão, janeiro/fevereiro de 1989 e reflexos do Plano
Collor, maio e junho de 1990, além dos juros moratórios, honorários advocatícios e
demais cominações legais, conforme se apurar.

 
Planilha
O autor junta, em anexo, a planilha de cálculos respectiva, que indica o valor que lhe é
devido até a presente data.
 
Requer, por fim, a inversão do ônus da prova, como previsto no artigo 6º, VIII, do
CDC.
 
Dá-se à causa o valor de R$ (valor dos cálculos) .
 
 
 Nestes termos,
 pede deferimento.
 
(Local), (data).
 

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA _____ VARA DO JUIZADO ESPECIAL


FEDERAL CÍVEL E PREVIDENCIÁRIO DA SUBSEÇÃO DE BLUMENAU, SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
SANTA CATARINA.

xxxxxxxxxxxxx, brasileira, viúva, aposentada, Carteira de Identidade nº 3R xxxxxxx e CPF nº


xxxxxxxxxxxxx, residente e domiciliada na Rua xxxxxxxx, Blumenau/SC, vem à presença de
V.Exa. por seus procuradores in fine assinados, propor:

AÇÃO DE COBRANÇA DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS DAS CADERNETAS DE POUPANÇA,


contra a:

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, pessoa jurídica, constituída sob forma de empresa pública
de direito privado, inscrita no CNPJ/MF nº 00.360.305/0001-04, sediada em Brasília - DF, com
filial nesta cidade/comarca de Blumenau, à Rua Sete de Setembro, 1314, na pessoa de seu
representante legal ou quem fizer às vezes, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa
aduzir e requerendo ao final.
1. DOS FATOS

A Autora é titular da conta poupança aberta sob o número 00013814-9, mantida junto a Caixa
Econômica Federal ora Ré.

Releva ressaltar, que a conta de poupança da Autora foi aberta antes da edição da legislação
que alterou a forma de correção. Iniciada ou renovada caderneta de poupança, norma posterior
que altere o índice de correção incidente sobre tal modalidade de investimento não pode
retroagir para alcançá-la. Portanto, não afeta as situações jurídicas já iniciadas ou constituídas.

O critério de atualização estabelecido quando da abertura ou renovação automática, das


cadernetas de poupança, para vigorar durante o período mensal seguinte, passa a ser a partir
de então, direito adquirido do poupador.

2. DOS FUNDAMENTOS

2.1. PLANO BRESSER

Na época da edição do Plano Bresser, a sistemática de correção das cadernetas de poupança,


era com supedâneo no Decreto-Lei nº 2.284, de 10/03/86, com redação dada pelo Decreto-Lei
nº 2.311, de 23/11/86, o qual determinava que as correções dos saldos das contas de
poupanças fossem com base na variação das Letras do Banco Central – LBC, ou outro índice
que viesse a ser fixado pelo CMN – Conselho Monetário Nacional.

Contudo, foi editada a Resolução nº 1.338, de 15/06/87, do Banco Central do Brasil, que em
seu bojo estipulou que para o mês de julho de 1987, as atualizações das contas de poupança
deveriam se dar pelo índice da variação das OTN’s e a partir de agosto de 1987, previu
atualização pela variação das OTN’s, ou, se maior, pelo rendimento das LBC’s que excedesse o
percentual fixo de 0,5% relativo a juros.

Ora, a inflação medida no mês de junho/87, para crédito nas contas de poupança no mês de
julho/87, foi de 26,06% (IPC), porém foi creditado apenas 18,6106%, isto é, faltando a
diferença entre a inflação medida pelo IPC e a medida pelas LBCs.

O eg. Superior Tribunal de Justiça orientou-se no sentido de que as regras relativas aos
rendimentos da poupança, resultantes das resoluções 1.336/87, 1.338/87 e 1.343/87, do
Conselho Monetário Nacional, aplicam-se aos períodos aquisitivos iniciados a partir do dia 17 de
junho de 1987, de sorte a preservar o direito do depositante de ter creditado o valor relativo ao
IPC para corrigir os saldos em contas cujo trintídio se iniciou antes dessa data:

“PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE COBRANÇA – CORREÇÃO MONETÁRIA -


PRESCRIÇÃO - ATIVOS RETIDOS E CADERNETA DE POUPANÇA - PEDIDOS CUMULADOS:
POSSIBILIDADE.

1. A correção monetária das contas de poupança nos meses de junho/87 e janeiro/89, segundo
jurisprudência do STJ, obedecem ao IPC, sendo responsável pelo pagamento o banco
depositário. A ação de cobrança dessa diferença de correção monetária de saldo de caderneta
de poupança prescreve em vinte anos. (...)

4. Recurso da CEF improvido e recurso do BACEN provido.” (RESP 636396 / RS ; RECURSO


ESPECIAL 2003/0236905-0 - Relator(a) Ministra ELIANA CALMON (1114) - T2 - Data da
Publicação/Fonte DJ 23.05.2005 p. 212)

DIREITO ECONÔMICO. CADERNETA DE POUPANÇA. ALTERAÇÃO DO CRITERIO DE


ATUALIZAÇÃO. JUNHO/87. DIREITO ADQUIRIDO DO DEPOSITANTE. PRECEDENTES. RECURSO
PROVIDO. I - A JURISPRUDENCIA DESTA CORTE ORIENTOU-SE NO SENTIDO DE QUE AS
REGRAS RELATIVAS AOS RENDIMENTOS DA POUPANÇA, RESULTANTES DAS RESOLUÇÕES
1.336/87, 1.338/87 E 1.343/87, DO CONSELHO MONETARIO NACIONAL, APLICAM-SE AOS
PERIODOS AQUISITIVOS INICIADOS A PARTIR DO DIA 17 DE JUNHO DE 1987, DE SORTE A
PRESERVAR O DIREITO DO DEPOSITANTE DE TER CREDITADO O VALOR RELATIVO AO IPC
PARA CORRIGIR OS SALDOS EM CONTAS CUJO TRINTIDIO SE INICIOU ANTES DESSA DATA.
II - A RETIRADA DO DINHEIRO ANTES DE COMPLETADOS OS TRINTA DIAS - E ESSA
CONSCIENCIA O POUPADOR A TEM TAMBEM NO MOMENTO DA CELEBRAÇÃO OU RENOVAÇÃO
DA APLICAÇÃO - IMPORTA APENAS NA PERDA VOLUNTARIA DO DIREITO AO RENDIMENTO,
PERDA QUE, CONTUDO, DECORRE DE ATITUDE UNILATERAL FACULTADA
CONTRATUALMENTE AO INVESTIDOR DE NÃO MAIS SE DISPOR A CUMPRIR A CONDIÇÃO
SUSPENSIVA A QUE SE DEVERIA SUBMETER PARA FAZER JUS A CONTRAPRESTAÇÃO
REMUNERATORIA AJUSTADA. III - O QUE NÃO SE ADMITE, POREM, E QUE, UMA VEZ
TRANSCORRIDO O LAPSO TEMPORAL EXIGIVEL SEM RETIRADAS, CUMPRIDO PORTANTO
PELO POUPADOR TUDO O QUE LHE INCUMBIA, A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA VENHA A
CREDITAR O RENDIMENTO COM BASE EM INDICE DIVERSO DO VIGENTE A EPOCA DA
CONTRATAÇÃO. (STJ - RESP 73955/RJ – Rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA – j.
12/12/1995, DJ 04.03.1996, p. 5410). Grifamos

Dessa forma, as contas poupança cujo período aquisitivo da correção teve início antes do dia 15
de junho de 1987, fazem jus à reposição dos expurgos.

2.2. PLANO VERÃO

Com o Plano Verão (novo Plano Econômico imposto à Economia Brasileira) a MP nº 32/89,
publicada no dia 15/01/89, transformada depois na Lei nº 7.730, de 31/01/89, trouxe
mudanças nos critérios de aplicação da correção monetária, extinguindo a OTN e passando a
ser com base nas LFTs, causando prejuízos, pois seu efeito retroativo estabelecido atingiu o
direito adquirido dos poupadores e o ato jurídico perfeito.

Desta forma, com base no princípio do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da
irretroatividade das leis, tendo em vista a resolução nº 1.338, de 15/06/87, a nova forma de
correção não poderia abranger as contas de poupança com aniversário até o dia 15 (quinze),
abertas antes da edição da lei, pois se encontravam com o trintídio iniciado ou renovado para
receberem integralmente a correção monetária do mês janeiro/89, para crédito no mês de
fevereiro/89.

Agindo desta forma, a Ré em flagrante desrespeito à norma legal, usurpou direito de todos os
poupadores, de ver aplicado o índice correto da correção monetária em suas contas à época, e
conseqüentemente vindo a tirar o ganho real de todos os poupadores que mantinham junto
à(ao) Ré(u) suas economias, incluindo-se neste contexto a Autora.
O eg. Superior Tribunal de Justiça já firmou, em definitivo, o entendimento de que no cálculo
da correção monetária, para efeito de atualização de cadernetas de poupança, iniciadas e
renovadas até 15 de janeiro de 1989, aplica-se o IPC relativo àquele mês:

“ECONÔMICO. PROCESSUAL CIVIL. BANCO DEPOSITÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA.


CADERNETA DE POUPANÇA. CRITÉRIO DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IPC DE JANEIRO DE
1989 E MARÇO DE 1990 EM DIANTE. CONTAS ABERTAS OU RENOVADAS NA PRIMEIRA E NA
SEGUNDA QUINZENAS.

I. O Superior Tribunal de Justiça já firmou, em definitivo, o entendimento de que no cálculo da


correção monetária para efeito de atualização de cadernetas de poupança iniciadas e renovadas
até 15 de janeiro de 1989, aplica-se o IPC relativo àquele mês em 42,72% (Precedente: REsp
n. 43.055-0/SP, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU de 20.02.95). Todavia, nas
contas-poupança abertas ou renovadas em 16 de janeiro de 1989 em diante, incide a
sistemática estabelecida pela Lei n. 7.730/89, então em vigor. (...)

III. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.” (RESP - RECURSO ESPECIAL – 207428
- Processo: 199900218035 UF: SP Órgão Julgador: QUARTA TURMA - Relator ALDIR
PASSARINHO JUNIOR - Fonte DJ de 01/09/2003, página 290)

Assim, a Ré deve pagar as diferenças entre os percentuais de 26,06% (correção monetária


correspondente ao IPC do mês de junho/87), e o percentual de 18,6106%, efetivamente
creditado, relativo ao Plano Bresser e, a diferença entre o percentual de 42,72% (correção
monetária correspondente ao IPC do mês de janeiro/89), e o percentual de 22,9708%,
efetivamente creditado, mais juros remuneratórios legais de 0,5%.

2.3. PLANO COLLOR I e II

Quanto à correção para os meses de abril e maio de 1990 e fevereiro de 1991, relativos aos
expurgos inflacionários determinados pelo Plano Collor I (Medida Provisória nº 168, de
15/03/90, posteriormente convertida na Lei nº 8.024/90) e Plano Collor II (Lei nº 8.177/91),
sustenta que são devidos os índices abril/90 (44,80%), maio/90 (7,87%) e fevereiro/91
(21,87%), para corrigir os valores inferiores a Cr$ 50.000,00, não bloqueados, ou seja,
mantidos nas contas dos poupadores.

Em 15 de março de 1990, sobreveio a Medida Provisória nº. 168/90 que instituiu novo Plano de
estabilização Econômica conhecido como PLANO COLLOR I. Tal Medida Provisória foi publicada
no dia 16 de março do mesmo mês e ano.

Leia-se a redação originária da mesma:

“Art. 6º. Os saldos das cadernetas de poupança serão convertidos em cruzeiros na data do
próximo crédito de rendimento de rendimento, segundo a paridade estabelecida no § 2º. do
art. 1º, observado o limite de NCZ$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzados novos). (...)

§2º. As quantias mencionadas no parágrafo anterior serão atualizadas monetariamente pela


variação do BTN Fiscal, verificada entre a data do próximo crédito de rendimentos e a data de
conversão, acrescidos de juros equivalentes a 6% (seis por cento) ao ano ou fração por rata.”
Conforme se observa, não havia nenhuma regra sobre a atualização monetária dos rendimentos
a serem creditados, existentes, permanecidos e disponíveis aos poupadores.

Isso foi constado pelo Ministro Moreira Alves nos autos do RE 226.855-7, mantendo-se íntegra
a determinação contida no art. 17, inciso III, da lei n°. 7.730/89 quanto à atualização dos
rendimentos das cadernetas de poupança até o limite de NCZ$ 50.000,00.

No dia 17 de março de 1990 foi publicada a MP 172/90, publicada na segunda-feira dia 19 de


março de 1990 que, alterando a redação originária dada pela MP 168/90, determinou que a
atualização dos valores disponíveis aos poupadores até o limite de NCZ$ 50.000,00 (cinqüenta
mil cruzados novos) fosse feita com base na variação do BTN Fiscal.

Conforme decidido pelo STF no RE 206.048-8 de que foi Relator o Ministro Nelson Jobim: “A
parcela de NCZ$ 50.000,00 remanesce na conta de poupança. O excedente de NCZ$
100.000,00 era lançado na conta “Valores a Ordem do Banco Central” (VOBC) e creditada na
conta de depósitos compulsórios do BACEN. Esta última remanesceu bloqueada.

Os valores disponíveis aos poupadores e os valores bloqueados foram convertidos em Cruzeiros


na paridade estabelecida, passando quem tinha, por exemplo, NCZ$ 50.000,00 a ter CR$
50.000,00. Com a finalidade de disciplinar os procedimentos, a serem adotados pelas
instituições Financeiras, o Banco Central editou em 19 de março de 1990 a Circular nº. 1606
determinando que os saldos mantidos à disposição dos poupadores fossem atualizados com
base no BTN Fiscal, seguindo a regra instituída pela redação alterada pela MP 172/90 à MP
168/90.

Em 30 de março de 1990, o BACEN baixou o Comunicado nº. 2067 fixando os índices de


atualização monetária para os saldos das cadernetas de poupança disponíveis aos poupadores
com base na redação dada ao art. 6º. pela MP 172/90 ao art. 6º. da MP 168/90, determinando
a aplicação de 84,35% correspondente ao IPC de março aos saldos não bloqueados. Para as
Novas Contas foi determinada a aplicação do BTN Fiscal.

Vejam que o BACEN instituiu regras apenas quanto aos saldos não bloqueados, ou seja, os
saldos que não foram transferidos para a conta “VOBC”, cuja atualização ficou e continuou sob
a responsabilidade das Instituições Financeiras, nada disso tendo haver com as quantias
bloqueadas transferidas para o BACEN, também conforme decidido pelo STF no citado RE
206.048-8.

Em 12 de abril de 1990 sobreveio a Lei de Conversão nº. 8.024/90 que converteu diretamente
a MP n.º 168/90 sem considerar a modificação introduzida pela MP 172/90, importando na
revogação da MP 172/90, já que não convertida a alteração ao art. 6º. por esta introduzida,
também conforme restou decidido pelo STF no RE 206.048-8. Ou seja, todo o período de
vigência da MP 172/90 ficou coberto pela retomada da eficácia da MP 168/90, perdendo, em
conseqüência, a validade da aplicação do BTN Fiscal para a atualização dos saldos das
cadernetas de poupança até o limite de NCZ$ 50.000,00 que voltaram a ter sua atualização
com base na regra anterior introduzida pelo art. 17, inciso III, da lei n°. 7.730/89, ou seja, pela
variação do IPC.

Com isso, deixaram de produzir efeitos a Circular nº. 1606 e o Comunicado n°. 2.067 do Banco
Central do Brasil perderam seus efeitos devendo os saldos disponíveis aos poupadores e não
transferidos para o BANCO CENTRAL DO BRASIL até o limite de NCZ$ 50.000,00 serem
convertidos para até CR$ 50.000,00 e atualizados com os IPCs de abril de 90 no índice de
44,80% e de maio de 90 no índice de 7,87%

Em suma, com relação ao Plano Collor I (MP nº. 168/90, convertida na Lei nº. 8.024/90), o STF
decidiu que, considerando a natureza contratual das cadernetas de poupança e em respeito ao
ato jurídico perfeito, não houve incidência da legislação nova nos prazos de sua remuneração,
razão pela qual fixou o BTN Fiscal como índice de correção monetária aplicável às referidas
contas com data-base posterior ao dia 16/03/1990, devendo o IPC ser aplicado somente aos
valores inferiores a cinqüenta mil cruzados novos.

Acerca do tema, o Pleno do Supremo Tribunal Federal enfrentou questão, dirimindo a celeuma
no julgamento do Recurso Extraordinário nº 206.048-8/RS, de 15/08/2001 (DJU 19/10/2001),
sobre a viabilidade de aplicação dos IPCs nos moldes pretendidos pela parte autora.

Eis a ementa:

“Constitucional. Direito Econômico. Caderneta de poupança. Correção Monetária. Incidência de


Plano Econômico (Plano Collor). Cisão da caderneta de poupança (MP 168/90). Parte do
depósito foi mantido na conta de poupança junto à instituição financeira, disponível e
atualizável pelo IPC. Outra parte - excedente de NCz$ 50.000,00 - constituiu-se em uma conta
individualizada junto ao BACEN, com liberação a iniciar-se em 15 de agosto de 1991 e
atualizável pelo BTN Fiscal. A MP 168/90 observou os princípios da isonomia e do direito
adquirido. Recurso não conhecido.”

Assim, segundo o STF, a Medida Provisória nº. 168/90 observou os princípios da isonomia e do
direito adquirido, sendo correta a aplicação, sobre as cadernetas de poupança, do IPC, para
valores até cinqüenta mil cruzados novos, e BTN Fiscal, para valores superiores àquele limite.

Enfim, se denota que os sucessivos planos de estabilização econômica do passado, na tentativa


de combater a galopante onda inflacionária tiveram como fundamento a retirada de papéis-
moeda em circulação à custa de prejuízos aos consumidores-poupadores, assim como aos
trabalhadores e aposentados e hoje ainda deixam marcas indeléveis na sociedade brasileira.

“CADERNETA DE POUPANÇA. PRESCRIÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUNHO/87.

JANEIRO/1989. ABRIL E MAIO DE 1990. DEPÓSITOS NÃO BLOQUEADOS.

1. Os rendimentos de caderneta de poupança devem ser reajustados pelo IPC, no percentual de


26,06% (junho/ 87) e 42,72% (janeiro/ 89).

2. No que respeita aos saldos inferiores NCz$ 50.000,00, a responsabilidade pela correção deles
é das instituições financeiras depositárias que permaneceram com a disponibilidades deles (no
caso, CEF).

3. Os saldos das cadernetas de poupança, no tocante aos valores convertidos em cruzeiros, até
o máximo de Cr$ 50.000,00 (anteriormente NCz$ 50.000,00), devem ser corrigidos segundo os
critérios do artigo 17 da Lei 7.730/89, com base no IPC (março, abril e maio de 1990 e
fevereiro de 1991).
4. Apelação desprovida.” (TRF 4ª - AC - APELAÇÃO CIVEL - Processo: 2003.72.07.009109-9 /
SC - TERCEIRA TURMA – Fonte DJU DATA:22/06/2005 PÁGINA: 842 – Relator CARLOS
EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ)

Acerca da correção monetária para o mês de fevereiro de 1991 (Plano Collor II, (Lei nº.
8.177/91), a Primeira Seção do colendo Superior Tribunal de Justiça, em MS n. 1.023-DF, rel.
Min. Demócrito Reinaldo, j. 03.12.1991, definiu o IPC em 21,87% (RSTJ 28/267).

No mesmo sentido colaciona-se precedente do Superior Tribunal de Justiça em REsp


811992/CE, rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, j. 07.03.2006, DJ
07.04.2006, p. 249:

"CORREÇÃO MONETÁRIA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. INCIDÊNCIA. DISSÍDIO


PRETORIANO. NÃO-CONFIGURAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. SÚMULA N. 284/ STF.

(...) 8. O índice a ser utilizado para fins de atualização monetária no período compreendido
entre os meses de março/90 e janeiro/91, na hipótese da ocorrência de compensação, é o IPC,
que se traduz nos seguintes percentuais: 84,32% (março/90), 44,80% (abril/90), 7,87%
(maio/90), 12,92% (julho/90), 12,03% (agosto/90), 14,20% (outubro/90) e 21,87%
(fevereiro/91)."

“EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. REAJUSTE DA


CADERNETA DE POUPANÇA. PLANO COLLOR II. FEVEREIRO/1991. LEGITIMIDADE PASSIVA DO
BANCO DEPOSITÁRIO. SITUAÇAO QUE NÃO SE CONFUNDE COM O DEPÓSITO DOS CRUZADOS
BLOQUEADOS. Prequestionamento formulado pelo banco réu, com natureza de rediscussão em
torno de matéria pacificada. Desnecessária a indicação de todos os fundamentos legais
eventualmente incidentes no caso. Desacolhimento.” (TJRS -Embargos de Declaração Nº
70015039993, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Orlando
Heemann Júnior, Julgado em 13/07/2006 - PUBLICAÇÃO: Diário da Justiça do dia 19/07/2006)

Destarte, impõe-se a indicação do índice oficial que melhor retratou a inflação naqueles
períodos, qual seja o IPC, que apurou os seguintes percentuais: abril/90 (44,80%), maio/90
(7,87%) e fevereiro/91 (21,87%).

2.4. DO DIREITO ADQUIRIDO

Assim agindo, a Ré feriu os princípios constitucionais da irretroatividade da lei e do direito


adquirido, inserido no inciso XXXVI, art. 5° da Carta da República, o qual declara: “a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”

Indiscutível que entre a Autora e a Ré, foram estabelecidos contratos de depósito com
características próprias, com regras definidas, concluídos por ambas as partes antes da edição
das medidas ditadas pelas autoridades monetárias, com obrigações estabelecidas sob a égide
de condições outras que não as alegadas pelas autoridades que investiram contra os
poupadores, mudando, a bem da verdade, as regras do jogo quando este já estava em curso.

A Autora firmou contrato de depósito remunerado em caderneta de poupança confiando nas


condições oferecidas, porque sabiam que os valores que estavam poupando e depositando
junto ao Banco requerido, lhe renderia a título de atualização monetária do mês, acrescido de
juros mensais de 0,5%, o que representava na realidade, a variação do IPC - Índice de Preços
ao Consumidor.

Neste sentido:

“CADERNETA DE POUPANÇA. CRITÉRIO DE REMUNERAÇÃO. PRESCRIÇÃO. “PLANO VERÃO”.

1. A ação de cobrança de diferença de correção monetária de saldo de caderneta de poupança


prescreve em vinte anos.

2. Iniciado ou renovado o depósito em caderneta de poupança, norma posterior que altere o


critério de atualização não pode retroagir para alcançá-lo.

3. Segundo assentou a eg. Corte Especial, o índice corretivo no mês de janeiro/89 é de 42,72%
(REsp nº 43.055-0/SP).

Recurso especial conhecido, em parte, e provido.” (STJ, REsp. 200203/SP, Número de Registro
1999/0001139-2, 4ª T., Rel. Min. Barros Monteiro, Data Julgamento 25.02.2003)

2.5. DA PRESCRIÇÃO

O direito a atualização das contas poupança (correção monetária e juros) tem natureza de ação
pessoal, prescrevendo em 20 anos, art. 177 do Código Civil de 1916 e art. 2.028 do Código Civil
de 2002, na linha da seguinte jurisprudência:

“PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO STF. DISSÍDIO


PRETORIANO NÃO DEMONSTRADO. CADERNETA DE POUPANÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA.
JUROS REMUNERATÓRIOS. PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA. (...)

3. Os juros remuneratórios de conta de poupança, incidentes mensalmente e capitalizados,


agregam-se ao capital, assim como a correção monetária, perdendo, pois, a natureza de
acessórios, fazendo concluir, em conseqüência, que a prescrição não é a de cinco anos, prevista
no art. 178, §10, III, do Código Civil de 1916 (cinco anos), mas a vintenária (REsp 707.151/SP,
Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, DJ de 01.08.2005). Precedentes do STJ (AgRg no
REsp 705.004/SP, Rel. Min. Castro Filho, 3ª Turma, DJ de 06.06.2005; AgRg no REsp
659.328/SP, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, 3ª Turma, DJ de 17.12.2004).

4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.” (REsp 780085 / SC -


RECURSO ESPECIAL - 2005/0145995-9 - Relator Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI - T1 - Data
da Publicação/Fonte DJ 05.12.2005 p. 247)

“Agravo. Recurso especial. Caderneta de poupança. Remuneração. Juros e correção monetária.


Prescrição. Precedentes da Corte.

1. Nas ações em que são impugnados os critérios de remuneração da caderneta de poupança e


são postuladas as respectivas diferenças, a prescrição é vintenária, já que se discute o valor do
principal, composto por correção monetária e juros capitalizados.

2. Agravo improvido.” (Agraresp 532421/PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes, 3ª Turma, DJU
de 09.12.2003, pág. 287)

2.6. DA ATUALIZAÇÃO DOS EXPURGOS ATÉ O EFETIVO PAGAMENTO

As diferenças deverão ser recompostas desde quando deveriam ter sido creditadas, até a data
do efetivo pagamento, conforme o entendimento consolidado no eg. Superior Tribunal de
Justiça e adotado por outros tribunais pátrios, aplicando-se os índices previstos na Súmula 37
do TRF da 4ª Região, que tem o seguinte teor:

“SÚMULA 37: Na liquidação de débito resultante de decisão judicial, incluem-se os índices


relativos ao IPC de março, abril e maio de 1990 e fevereiro de 1991”. (DJ (Seção 2) de 14-03-
96, p.15388)

Com efeito, o argumento de que a Súmula 37 não se aplica ao caso, já que se trata de correção
monetária referente à poupança cuja matéria está sujeita à legislação própria, não pode
subsistir, pois a correção monetária a ser calculada mediante a utilização dos índices previstos
na referida Súmula refere-se, tão-só, ao valor que deixou de ser pago, considerando o direito
reconhecido na via judicial.

Nessa hipótese, a Lei n° 6.899 de 08/04/1991, estabelece inequívoca orientação ao determinar,


em seu parágrafo 1°, que incide correção monetária sobre qualquer débito resultante de
decisão judicial, o que se configura na espécie.

Assim, após a apuração do valor dos expurgos, estes deverão obedecer ao critério de correção
dos débitos judiciais, conforme previsão da Súmula 37 do TRF.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região vem entendendo que devem ser aplicados os índices
previstos na Súmula 37 às correções dos expurgos das cadernetas de poupanças.

Neste sentido, é firme a jurisprudência do TRF que por unanimidade deu provimento ao recurso
no processo n° 2006.72.13.000444-0, julgado em 15/08/2006, rel. Juiz CARLOS EDUARDO
THOMPSON FLORES LENZ - 3ª TURMA, (acórdão publicado no DJU n° 182, S2, pág. 682, em
21/09/2006) determinando a inclusão de tais índices na correção dos expurgos, reformando
sentença da Justiça Federal de Rio do Sul/SC, que havia determinado a sua exclusão:

“ADMINISTRATIVO. CADERNETA DE POUPANÇA. PLANOS BRESSER E VERÃO. CORREÇÃO DAS


DIFERENÇAS APURADAS. SÚMULAS 32 E 37 DO TRF DA 4ª REGIÃO.

1. É devida a aplicação dos índices previstos nas Súmulas 32 e 37 desta Corte, visto que não
incidem sobre o saldo total das contas poupança, somente sobre as parcelas que deixaram de
ser adimplidas.

2. Apelação provida.”

No mesmo sentido, o Tribunal deu provimento ao recurso, por unanimidade, no processo n°


2006.72.15.003529-6, 4ª Turma, rel. Juiz Federal MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA, julgado em
27/09/2006, DJ de 08/11/2006, pág. 470, oriundo da Vara Federal de Brusque/SC:
Ementa: “ADMINISTRATIVO. CADERNETA DE POUPANÇA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
ÍNDICES DE CORREÇÃO. SÚMULAS 32 E 37 DO TRF /4ª REGIÃO. É entendimento pacificado no
Superior Tribunal de Justiça e neste Tribunal, de ser aplicável, na liquidação do débito judicial,
o teor das Súmulas 32 e 37, do TRF/4ª Região.”

Além disso, ressalta-se que o que se pede não é a remuneração da caderneta de poupança,
porém, somente a atualização dos valores expurgados, em razão da aplicação incorreta da
legislação vigente.

Importante ressaltar, que é matéria completamente diversa das contas do FGTS, assim, não
podem ser tratados da mesma forma.

Neste sentido são as ementas abaixo:

“DIREITO ECONOMICO. CADERNETA DE POUPANÇA. PLANO VERÃO. ILEGITIMIDADE DA


UNIÃO. PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO.

- EXISTINDO VINCULO JURIDICO DE INDOLE CONTRATUAL ENTRE AS PARTES, A


LEGITIMIDADE NÃO SE AFASTA PELA CIRCUNSTANCIA DE TEREM SIDO EMITIDAS NORMAS,
POR ORGÃO OFICIAIS, QUE POSSAM AFETAR A RELAÇÃO ENTRE OS CONTRATANTES.” (AgRg
no Ag 110580 / RS - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 1996/0028781-3 -
Relator Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA - T4 - QUARTA TURMA - Data da
Publicação/Fonte DJ 29.10.1996 p. 41667)

“Caderneta de poupança. Ilegitimidade do Bacen e da União. Plano Verão. A circunstância de a


instituição financeira ter cumprido a lei e as determinações emanadas do Banco Central não a
exime do adimplemento das obrigações assumidas com terceiros a quem pagou a menos do
que efetivamente devido” (AgRg/Ag n° 68.182/RS publicado no DJR de 21/08/1995.

Pensar ao contrário será simplesmente privilegiar o infrator, que além de não corrigir
corretamente os investimentos dos poupadores, ainda se beneficiaria com o pagamento de um
valor inferior ao legal, como que mantendo os poupadores vinculados ao sistema de correção
por quase vinte anos sem poder optar por aplicações mais vantajosas.

A aplicação da Súmula nº. 37 do TRF da 4ª Região é entendimento pacificado da Colenda 3ª


Seção do Superior Tribunal de Justiça, no sentido da possibilidade de inclusão de tais índices na
atualização de débitos judiciais, por se tratar de mera recomposição do valor nominal do débito:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSUAL CIVIL E ECONÔMICO – CADERNETAS DE


POUPANÇA - CORREÇÃO MONETÁRIA - JANEIRO DE 1989 – LEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM - CEF - ÍNDICE - IPC- ACÓRDÃO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA
- SÚMULA 83 DO STJ - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. (...) DECISÃO

Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto pela Caixa Econômica Federal contra decisão que
negou seguimento na origem a Recurso Especial arrimado na alínea "a" do permissivo
constitucional. Os ora agravados ajuizaram ação ordinária objetivando o pagamento da
diferença de correção monetária entre a LFT verificada no mês de janeiro de 1989 e o IPC do
mês que não foi creditado em suas

contas-poupanças pela agravante. O pedido foi julgado parcialmente procedente para condenar
a agravante a: a) incidir sobre o saldo da(s) conta(s) de caderneta(s)

de poupança do autor o índice de 42,72% relativo a o IPC de janeiro de 1989, bem como os
respectivos juros contratuais; b) pagar a diferença entre o valor apurado na forma do item
acima e o efetivamente creditado na correspondente data de aniversário, acrescida de juros de
mora de 6% (seis por cento) ao ano, a contar da citação, e corrigido monetariamente pela
aplicação dos índices previstos para reajuste dos depósitos populares de poupança; c) pagar as
despesas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o
valor total da condenação, tendo em vista a singeleza do feito.

Inconformada, recorreu a ora agravante ao Tribunal de origem. O apelo restou improvido em


acórdão assim ementado:

PROCESSUAL CIVIL – POUPANÇA – LEGITIMIDADE DA CEF – ÍNDICE EXPURGADO.

I - Rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva argüida pela CEF. A instituição financeira,


depositária dos créditos de poupança, é parte legítima para figurar no pólo passivo da ação.

II - A Medida Provisória n.º 32/89, transformada na Lei n.º 7.730/89, não retroage para atingir
situações já constituídas no mês de janeiro de 1989, razão pela qual os saldos das cadernetas
de poupança, referentes a esse mês, devem ser atualizados pelo IPC.

III - O percentual a ser aplicado em janeiro/89 é de 42,72%.

IV - É inaplicável o art. 17, I, da Lei n.º 7.730/89, relativamente às contas em cadernetas de


poupança cujo período aquisitivo mensal se tenha iniciado antes da M.P. n.º 32/89, sendo
aplicável, pois, com relação aos períodos iniciados após a edição da aludida Medida Provisória.

V- A correção monetária incide a partir do vencimento da dívida, na forma da Lei 6.899/81,


sendo a correção pelos índices oficiais da inflação, incluídos os expurgos dos IPCs conforme as
Súmulas 32 e 37 do TRF - 4ª Região."

Irresignada, a agravante interpôs Recurso Especial para delatar vilipêndio ao artigos 2º e 9º da


Lei n.º 4.595/64, artigo 12 do Decreto-Lei n.º 2.284, à MP n.º 32/89 e à Lei n. 7.730/89. (...)
Forte em tais razões, NEGO PROVIMENTO ao presente agravo de instrumento”. (AG 533504
Relator(a): Ministra NANCY ANDRIGHI. Data da Publicação: DJ 16.03.2004) Grifo nosso

A tese da Ré foi rechaçada por decisões unânimes dos nossos tribunais:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONTAS VINCULADAS. JUNHO DE 1987 E
JANEIRO DE 1989. LEGITIMIDADE PASSIVA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. INOCORRÊNCIA.
JUROS DE MORA. (...)

- Em ação de cobrança de créditos de natureza privada, ainda que no contexto de uma típica
ação coletiva, aplica-se o prazo prescricional de 20 anos.

- Direito à diferença de correção monetária entre os índices de correção monetária do IPC e os


índices aplicados, relativamente aos meses de junho de 1987 e janeiro de 1989, reconhecido.

- Juros de mora contados a partir da citação do processo de conhecimento.

- Incidência de correção monetária pertinente às cadernetas de poupança, sem prejuízo dos


expurgos inflacionários reconhecidos na Súmula nº 37 do TRF da 4ª Região.

- Sucumbência mantida.

- Prequestionamento sobre a legislação invocada estabelecido pelas razões de decidir.

- Apelação e recurso adesivo improvidos.” (TRF 4ª Reg. - AC - APELAÇÃO CIVEL - Processo:


2003.72.01.002068-4 UF/SC - Data da Decisão: 20/02/2006 - TERCEIRA TURMA - Fonte DJU
DATA:19/04/2006 PÁGINA: 611 - Relator JOSE PAULO BALTAZAR JUNIOR)

“DIREITO ECONÔMICO. CADERNETA DE POUPANÇA. LEGITIMIDADE DA CEF.


IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. PRESCRIÇÃO. PLANO BRESSER. JUNHO/87 E PLANO
VERÃO. JANEIRO/89. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 37. (...)

- É devida a inclusão dos índices da Súmula 37 na atualização de débitos judiciais, por se tratar
de mera recomposição do valor nominal do débito.

- Incidem juros de mora de 1% ao mês desde a citação, afastada, entretanto, a aplicação da


taxa SELIC.” (TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO - AC - APELAÇÃO CIVEL - Processo:
200272010038751 – UF/SC - Fonte DJU DATA: 08/09/2005 PÁGINA: 461 - Relatora VÂNIA
HACK DE ALMEIDA)

“DIREITO ECONÔMICO. CADERNETA DE POUPANÇA. PRESCRIÇÃO. JUNHO/87 (26,06%).


JANEIRO/89 (42,72%).JUROS DE MORA. SÚMULA 37 TRF/4ª REGIÃO.

- A ação para cobrança de juros relativos à diferença de aplicação de índice de correção


monetária se sujeita à prescrição vintenária, e não à prescrição qüinqüenal.

- As contas abertas entre os dias 1º e 15 de junho de 1987, inclusive, bem como as já


existentes e com data de aniversário neste período, devem ter seus rendimentos calculados
com base na variação do IPC de junho/87, no percentual de 26,06%.

- As contas poupança do autor devem ter, igualmente, seus rendimentos calculados com base
na variação do IPC de janeiro de 1989, no percentual de 42,72%.

- A nova determinação, embora válida imediatamente, somente poderia aplicada ao rendimento


no mês seguinte, sem efeito retroativo para alcançar o período aquisitivo em curso antes de sua
vigência.

- Os juros de 0,5% ao mês eram inerentes às cadernetas de poupança no período em que foi
questionado o índice de correção monetária, fazendo parte, inclusive, do contrato firmado entre
a instituição financeira e o poupador.

- Devida a incidência da Súmula 37 do TRF/4ª Região.” (TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO - AC -


APELAÇÃO CIVEL Processo: 200372050056150 - UF/SC - TERCEIRA TURMA - Fonte DJU
DATA:24/08/2005 PÁGINA: 801 - Relator(a) VÂNIA HACK DE ALMEIDA)

QUADRO DEMONSTRATIVO:

MÊS ÍNDICE APLICADO


(OFICIAL) (%)
ÍNDICE DEVIDO
(%)
DIFERENÇA
SIMPLES

(%)
DIFERENÇCA
ACUMULADA (%)
FATOR
MULTIPLICADOR

JAN/89 0,00 (IPC) 42,72 (IPC) 42,72 42,72 1,4272


MAR/90 41,28 (BTN) 84,32 (IPC) 43,04 30,46 1,3046
ABR/90 0,00 (BTN) 44,80 (IPC) 44,80 44,80 1,4480
MAI/90 5,38 (BTN) 7,87 (IPC) 2,49 2,36 0,0236
FEV/91 7,00 21,87 (IPC/IBGE) 14,87 13,90 0,1390

Dessa forma, deverão ser incluídos no cálculo da atualização monetária das diferenças
apuradas, os índices inflacionários expurgados no período, considerando-se a diferença entre o
índice que foi aplicado e o índice devido, conforme segue no Quadro Demonstrativo acima.
Assim, a atualização deverá ser acrescida pelos seguintes fatores de atualização: 1,4272
(janeiro/89), 1,3046 (março/90), 1,4480 (abril/90), 1,0236 (maio/90) e 1,1390 (fevereiro/91),
conforme jurisprudência pacífica do eg. STJ e Súmula 37 do TRF da 4ª Região.

ANTE O EXPOSTO, a Autora requer que V.Exa. receba a presente e considerando-a, determine:

a) a procedência dos pedidos em todos os seus termos, condenando a Ré a pagar à Autora os


valores decorrentes das diferenças de correção monetária, referente aos Planos Econômicos
Bresser, Verão e Collor I e II, I) entre o percentual que foi creditado de 18,61% e o que
deveria ter sido efetivamente creditado de 26,06%, correspondente ao IPC do mês de junho/87
– mais 0,5% de juros remuneratórios, isto no mês de julho/87; II) os valores decorrentes das
diferenças de correção monetária, entre o percentual que foi creditado de 22,97% e o que
deveria ter sido efetivamente creditado de 42,72%, correspondente ao IPC do mês de
janeiro/89 - mais 0,5% de juros remuneratórios, isto no mês de fevereiro de 1989; III) os
valores decorrentes das diferenças de correção monetária, entre o percentual que foi creditado
de 0,00% e o que deveria ter sido efetivamente creditado de 44,80%, correspondente ao IPC
do mês de abril/90 - mais 0,5% de juros remuneratórios, isto no mês de maio de 1990; IV) os
valores decorrentes das diferenças de correção monetária, entre o percentual que foi creditado
de 5,28% e o que deveria ter sido efetivamente creditado de 7,87%, correspondente ao IPC do
mês de maio/90 - mais 0,5% de juros remuneratórios, isto no mês de junho de 1990; V) os
valores decorrentes das diferenças de correção monetária, entre o percentual que foi creditado
de 7,00% e o que deveria ter sido efetivamente creditado de 21,87%, correspondente ao IPC
do mês de fevereiro/91 - mais 0,5% de juros remuneratórios, isto no mês de março de 1991,
sobre o saldo existente nas contas da Autora, atualizados desde a data em que se tornaram
devidos, até a data do efetivo pagamento, com juros remuneratórios e correção monetária,
quanto a esta, observado os critérios da Lei nº. 6.899/81 e modificações posteriores,
considerando-se os seguintes parâmetros, quanto à correção monetária:

a.1) incluir no cálculo da atualização monetária das diferenças apuradas, os índices


inflacionários expurgados no período, considerando-se a diferença entre o índice que foi
aplicado e o índice devido, conforme segue no Quadro Demonstrativo acima. Assim, a
atualização deverá ser acrescida pelos seguintes fatores: 1,4272 (janeiro/89), 1,3046
(março/90), 1,4480 (abril/90), 1,0236 (maio/90) e 1,1390 (fevereiro/91), conforme
jurisprudência pacífica do eg. STJ e Súmula 37 do TRF da 4ª Região.

b) a incidência de juros moratórios à razão de 1% ao mês, mais correção monetária, desde a


citação;

c) a citação da Ré, para querendo, ofereça no prazo legal a peça contestatória sob as penas do
artigo 285 e art. 319 do CPC;

d) a produção de todos os meios de prova em direito admitidas (art.332 CPC), notadamente as


documentais inclusas; depoimento pessoal do representante do(a) Ré(u); juntada de novos
documentos e o mais que o controvertido dos autos assim o exigir, o que desde já se requer;

e) o benefício da justiça gratuita, nos termos da Lei 1.060/50 e 7.510/86, por não possuir
condições de custear as despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento e de seus
familiares (docs. anexos).

Dá à causa o valor de R$ 3.386,84 (três mil trezentos e oitenta e seis reais e oitenta e quatro
centavos) meramente para seus efeitos fiscais.

Nestes Termos,

Pedem Deferimento.

Blumenau (SC), 24 de abril de 2007.

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