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CRIMINOLOGIA
AULA 01
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
Conceitos.
Conceitos
A origem da palavra Criminologia, hibridismo greco-latino. Esse vocábulo, a
princípio reservado ao estudo do crime, ascendeu à ciência geral da criminalidade,
antes denominada Sociologia Criminal ou Antropologia Criminal.
A criminologia é uma ciência social, filiada à Sociologia, e não uma ciência social
independente, desorientada, ela não é teorética. Em relação ao seu objeto — a
criminalidade — a criminologia é ciência geral porque cuida dela de um modo geral.
Conceitos
Em relação a sua posição, a Criminologia é uma ciência particular, porque, no seio da
Sociologia e sob sua égide, trata, particularmente, da criminalidade.
É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa
do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, que trata de
atestar uma informação válida e contrastada sobre o gênese, dinâmica e variáveis do
crime, contemplando este como problema individual e social, buscando programas de
prevenção eficazes e técnicos de intervenção positiva no homem delinquente
conforme os diversos modelos ou sistemas de respostas ao delito. Cabe destacar que
este conceito é bem cobrado nas provas.
Conceitos
2017 – CESPE – DPU - Defensor Público Federal) A respeito do conceito e dos objetos
da criminologia, julgue o item a seguir.
O desvio ou o delito, objetos da criminologia, devem ser abordados,
primordialmente, como um comportamento individual do desviante ou delinquente;
em segundo plano, analisam-se as influências ambientais e sociais.
Conceitos
Conceitos
ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCSP – VUNESP) São objetos de estudo da Criminologia
moderna ______________, o criminoso, _____________ e o controle social. Assinale
a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
a) a desigualdade social - o Estado
b) a conduta - o castigo
c) o direito - a ressocialização
d) a sociedade - o bem jurídico
e) o crime - a vítima
Conceitos
DESENHISTA TÉCNICO PERICIAL – PCSP – VUNESP) A criminologia é conceituada como
uma ciência
a) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) e monodisciplinar.
b) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.
c) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e
unidisciplinar.
d) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.
e) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima e unidisciplinar.
Conceitos
MÉDICO LEGISTA – VUNESP - PCSP) A autonomia da Criminologia frente ao Direito
Penal
a) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
b) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário
do segundo.
c) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em
relação ao segundo.
d) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são
emprestados do segundo.
Prof. Alexandre Herculano
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Conceitos
e) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados
pelo mesmo método de estudo, qual seja, o empírico.
Conceitos
AGENTE POLICIAL – 2018 – VUNESP) Em relação ao conceito e aos objetos de estudo
da criminologia, é correto afirmar que:
a) a criminologia é o ramo das ciências criminais que define as infrações penais
(crimes e contravenções) e comina as respectivas sanções (penas e medidas de
segurança).
b) a criminologia extrapola a análise do controle social formal do crime,
preocupando-se também com os sistemas informais, e, sob um ponto de vista crítico,
pode até mesmo defender a extinção de alguns crimes para determinadas condutas.
Conceitos
c) após os inúmeros equívocos e abusos cometidos a partir das visões lombrosianas, a
criminologia moderna afastou-se do estudo sobre o criminoso, pois funda-se em
conceitos democráticos e respeita os direitos fundamentais da pessoa humana.
d) o estudo do crime por parte da criminologia tem por objetivo principal a análise de
seus elementos objetivos e subjetivos indispensáveis à tipificação penal
e) a preocupação com o estudo da vítima motivou a criação da criminologia como
ciência autônoma, sendo este, por consequência, seu primeiro objeto de estudo.
Conceitos
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto
(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no
mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever ser”,
portanto, normativa e valorativa.
A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação
histórica como ciência dotada de autonomia, à vista da influência profunda de
diversas outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina
legal, etc.
Conceitos
A Criminologia é a ciência que estuda:
• As causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória
da criminalidade;
• As manifestações e os efeitos da criminalidade e da periculosidade
preparatória da criminalidade;
• A política a propor, assistencialmente, à etiologia* da criminalidade e da
periculosidade preparatória da criminalidade, suas manifestações e seus efeitos.
* ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e
origens de um determinado fenômeno.
Conceitos
(AGENTE POLICIAL – 2018 – VUNESP) Em relação ao método da criminologia, é
correto afirmar que:
a) em razão do volume de dados, a criminologia foca suas análises em
metodologias quantitativas, reservando às ciências jurídicas as metodologias que
têm por base análises qualitativas.
b) o método empírico dominou a fase inicial e pré-científica da criminologia,
cedendo espaço posteriormente ao método dogmático e descritivo, que melhor
se adequa à fase científica e ao reconhecimento da criminologia como ciência
autônoma.
Conceitos
c) o método dedutivo é priorizado na criminologia por respeito à cientificidade
deste ramo do saber.
d) o método empírico tem protagonismo, por tratar-se a criminologia de uma
ciência do ser.
e) as premissas dogmáticas norteiam as diversas linhas e pensamentos
criminológicos de modo que se permita a sistematização do conhecimento.
Conceitos
(2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia) Afirmar que a criminologia é
interdisciplinar e tem o empirismo como método significa dizer que esse ramo da
ciência
a) utiliza um método analítico para desenvolver uma análise indutiva.
b) considera os conhecimentos de outras áreas para formar um conhecimento novo,
se afirmando, então, como independente.
c) utiliza um método silogístico
d) utiliza um método racional de análise e trabalha o direito penal de forma
dogmática.
Prof. Alexandre Herculano
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Conceitos
e) é metafísica e leva em conta os métodos das ciências exatas para o estudo de
seu objeto.
Conceitos
(PCSP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO – VUNESP) Sobre o objeto de estudo da
Criminologia dos dias atuais, assinale a alternativa correta.
a) O ramo da Criminologia que estuda a vítima é denominado Frenologia Criminal.
b) O estudo de desvios de conduta que atentam contra a moral e os bons costumes
não é assunto da Criminologia, por não configurarem crime, na acepção jurídica da
palavra.
c) A Escatologia Criminal estuda os atos pecaminosos praticados por quem escolhe a
vereda do mal.
Conceitos
d) A Criminologia ocupa-se do estudo do crime, caracterizando-o como simples fato
típico e antijurídico, da mesma forma que o Direito Penal.
e) A Criminologia tem por objeto de estudo o delinquente, o delito, a vítima e o
controle social.
Conceitos
(2017 – CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia Substituto) A respeito do conceito e das
funções da criminologia, assinale a opção correta.
a) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os
melhores passos para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem
funções mais relacionadas à prevenção do crime.
b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação
do crime.
c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
Conceitos
d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as
concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta
dos crimes socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos
efeitos graves desses crimes para determinados indivíduos e famílias.
Conceitos
(VUNESP - PCSP - Agente de Polícia) É correto afirmar que a Criminologia
A) é uma ciência do dever-ser.
B) não é uma ciência interdisciplinar.
C) não é uma ciência multidisciplinar.
D) é uma ciência normativa.
E) é uma ciência empírica.
Conceitos
(INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP - PCSP) A ciência que estuda a criminogênese
é chamada de:
a) ciência política.
b) ciência pública.
c) sociologia individual.
d) etiologia criminal.
e) ciência jurídica.
CRIMINOLOGIA
AULA 02
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
CONTROLE
SOCIAL
Quando uma sociedade vê-se tomada pela criminalidade e pela violência, é possível
dizer que há o efeito de um fato social patológico, que foge da normalidade esperada
por uma sociedade. A violência e a criminalidade generalizadas são sintomas de uma
patologia social.
CRIMINOLOGIA
AULA 03
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
CRIMINOLOGIA
AULA 04
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
O Controle Social
Toda convivência mínima em sociedade precisa de mecanismos e de instrumentos que
assegurem a harmonia de seus membros. Busca-se a prevalência dos padrões de
comportamento sociais dominantes.
Nesse sentido, podemos destacar o conceito do professor Paulo Sumariva que define
controle social como “o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que
pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas de convivência
social”.
O Controle Social
A sociedade possui dois sistemas de controle: Controle/Agentes de controle social
INFORMAL e Controle/Agentes de controle social FORMAL. Vejamos cada um:
- Controles INFORMAIS:
São constituídos por aqueles indivíduos ou grupos responsáveis pela formação da base
humana fundamental, caráter pessoal do indivíduo (sociedade civil), possuindo
finalidade preventiva e educacional.
Podemos citar como exemplos: família, escola, igreja, profissão, círculo de amizades, a
opinião pública etc.
O Controle Social
- Controles FORMAIS:
Trata-se da chamada ultima ratio, de modo à intervir sempre que os mecanismos de
controle informal falharem na prevenção da criminalidade.
O Controle Social
O Controle Social formal é classificado por seleções / instâncias:
Primeira Seleção: Apresenta-se com o início da persecução penal, visando esclarecer
a autoria, materialidade e circunstâncias do crime. Caracteriza-se pela atuação da
Polícia Judiciária (Polícia Civil e Federal). Já cai em concursos o fato de que a Polícia
Civil é polícia judiciária integrante do controle social formal (justamente por este
motivo, o objeto de estudo da criminologia que melhor representa a atuação da
polícia judiciária é o controle social).
Segunda Seleção: Caracteriza-se pela atuação do Ministério Público, com a oferta da
denúncia em face do delinquente.
O Controle Social
Terceira Seleção: Com a tramitação do processo judicial (recebimento da peça
acusatória até a condenação definitiva), caracteriza-se com a participação do Poder
Judiciário.
O Controle Social
O Controle Social
(INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP - PCSP) É órgão da segunda seleção da
instância formal de controle social:
a) Ministério Público.
b) Polícia Judiciária.
c) Poder Judiciário.
d) Administração Penitenciária.
e) Polícia Administrativa.
O Controle Social
(2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) A moderna criminologia se
dedica, também, ao estudo do controle social do delito, tendo este objeto
representado um giro metodológico de grande importância. Assinale a alternativa
correta:
A) a família, a escola, a opinião pública, por exemplo, são instituições encarregadas de
exercer o controle social primário.
B) polícia, o Judiciário, a administração penitenciária, por exemplo, são instituições
encarregadas de exercer o controle social informal.
C) a polícia, o Judiciário, a administração penitenciária, por exemplo, são instituições
encarregadas de exercer o controle social formal.
O Controle Social
D) família, a escola, a opinião pública, por exemplo, são instituições encarregadas de
exercer o controle social terciário.
E) a família, a escola, a opinião pública, por exemplo, são instituições encarregadas de
exercer o controle social secundário.
O Controle Social
(VUNESP - PCSP – Atendente de Necrotério Policial) Assinale a alternativa que
contém o ente que exerce ou fomenta os controles sociais informais sobre a vida dos
indivíduos:
A) Poder Judiciário.
B) Polícia.
C) Sistema Penitenciário.
D) Ministério Público.
E) Escola.
O Controle Social
(VUNESP - PCSP – Fotógrafo Criminalístico) Assinale a alternativa que indica um dos
objetos de estudo da criminologia moderna.
A) O controle social.
B) A justiça.
C) O direito penal.
D) O desiquilíbrio psicológico.
E) A lei.
O Controle Social
(FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL – VUNESP) Assinale a alternativa que indica um dos
objetos de estudo da criminologia moderna.
a) O controle social.
b) A justiça.
c) O direito penal.
d) O desiquilíbrio psicológico.
e) A lei.
O Controle Social
(VUNESP - PC-SP – Atendente de Necrotério Policial) Assinale a alternativa que
aponta o ente que exerce ou fomenta, concomitantemente, os controles formal e
informal sobre a vida em sociedade.
A) Poder Judiciário.
B) Família.
C) Policiamento Comunitário.
D) Clubes de Serviço.
E) Forças Armadas.
O Controle Social
Como exemplo de policiamento comunitário, podemos citar as Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs), Programa Educacional de Resistência às Drogas; as rondas
constantes realizadas pela Polícia Militar; as reuniões dos conselhos de segurança do
bairro (CONSEG); etc.
Aprofundando mais um pouco, fala-se em primeira seleção do controle social formal
em face da atuação de seus órgãos de repressão jurídica, isto é, da atuação da polícia
judiciária. Pode-se afirmar que, quando ocorre um crime, surge para o Estado o poder
dever e exercitar o ius puniendi em desfavor do criminoso.
O Controle Social
(2018 – FUMARC – PCMG – Escrivão de Polícia Civil) A respeito dos objetos da
Criminologia, analise as assertivas abaixo:
(...)
III. O controle social consiste em um conjunto de mecanismos e sanções sociais que
pretendem submeter o indivíduo aos modelos e às normas comunitários. Para alcançar
tais metas, as organizações sociais lançam mão de dois sistemas articulados entre si: o
controle social informal e o controle social formal.
O Controle Social
Formas de Controle Social – “Lélio Braga Calhau”
Sanções formais (aplicadas pelo Estado) e sanções informais (não possuem
coercibilidade)
Controle interno (aquele que vai sendo incutido em nossas vidas com o passar do
tempo) e controle externo (ação da sociedade ou do Estado – aplicação de multas no
trânsito)
O Controle Social
(2018 – VUNESP – PCSP – Investigador de Polícia Civil) É correto afirmar que a Polícia
Civil é uma:
A) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal
B) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal e informal
C) Polícia Judiciária, que não integra o controle social
D) Polícia Judiciária, que integra o controle social formal
E) Polícia Judiciária, que integra o controle social informal
O Controle Social
(VUNESP - PCSP - 2018) É correto afirmar que o controle social formal é representado,
entre outras, pelas seguintes instâncias:
A) Igreja, Família e Opinião Pública
B) Escolas, Igreja e Polícia.
C) Forças Armadas, Polícia e Escola.
D) Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
E) Família, Escola e Ministério Público.
O Controle Social
(VUNESP - PCSP - 2018) É correto afirmar que atualmente o objeto da criminologia
está dividido em quatro vertentes, a saber:
A) vítima, criminoso, polícia e controle social.
B) polícia, ministério público, poder judiciário e controle social.
C) crime, criminoso, vítima e controle social.
D) polícia, ministério público, poder judiciário e sistema prisional.
E) forças de segurança, criminoso, vítima, controle social.
O Controle Social
(VUNESP - PCSP - 2013) A criminologia entende o crime como um fenômeno:
A) social
B) ideológico
C) subjetivo
D) objetivo
E) político
O Controle Social
(FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL – VUNESP) Os métodos científicos utilizados pela
Criminologia, como ciência empírica e experimental que é, são, dentre outros:
a) jurídicos e escritos.
b) físicos e naturais.
c) biológicos e sociológicos.
d) costumes e experiências.
e) documentados e teses.
O Controle Social
(ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP - PCSP) O método científico utilizado pela
Criminologia é o método biológico e ____________, como ciência empírica e
_____________ que é. Completam as lacunas do texto, correta e respectivamente:
a) Experimental - jurídica
b) Sociológico - experimental
c) físico - social
d) filosófico - humana
e) psicológico – normativa
CRIMINOLOGIA
AULA 05
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
O criminoso passional age por impulso e é motivado por paixões nobres. Não
apresenta características físicas particulares que o identifiquem, salvo a
idade, que varia entre 20 e 30 anos.
Esse tipo de criminoso é extremamente afetuoso e sente grande comoção
após cometer o delito. Às vezes, tenta o suicídio. Os motivos que o levam a
cometer um crime podem ser três: luto, infanticídio e paixão política.
A Mulher Criminosa
Lombroso, expoente da Escola positiva, publicara em 1893 um livro que tratava da
delinquência feminina, chamado “A Mulher Delinquente, a Prostituta e a Mulher
Normal”.
Na mitologia grega, a mulher, enquanto delinquente, detinha posição privilegiada,
visto que sua conduta criminosa era justificada pela paixão ou pelo ciúme, assim como
ressalta Alessandro Baratta quando diz que “a questão feminina tornou-se um
componente privilegiado da questão criminal”.
A Mulher Criminosa
Bordieu (1999), quando a qualifica como “violência suave, insensível, invisível a suas
próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da
comunicação ou do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do
reconhecimento ou, em última instância, do sentimento”.
Como exemplo, temos a condutada praticada por Medeia, que assassinou os próprios
filhos em vingança ao marido infiel, que, embora tenha sido repugnante, justificou-se
pelo ciúme.
A Mulher Criminosa
O que fica aparente é que afigura feminina emerge como autora, e, ao mesmo tempo,
vítima do crime. Autora por ter praticado uma conduta típica, ilícita e culpável, e vítima
porque o Estado deixa de ser, em relação a ela, garantidor de direitos, surgindo assim a
co-culpabilidade estatal.
Adentrar na emoção que norteia a criminalidade feminina - que pratica o infanticídio,
por exemplo, justificado pelo estado puerperal - constitui um desafio.
O art. 123 do Código Penal não passa de mera ficção jurídica para justificar o homicídio
praticado pela mãe contra o próprio filho. Parte dos estudiosos da medicina legal não
reconhece como alterações psíquicas o estado puerperal na motivação do crime.
A Mulher Criminosa
A emoção e a paixão não excluem o crime, embora sejam integrantes da psicologia
humana. Apenas o atenuam, a depender do caso concreto, pois o art. 28, I do vigente
Código Penal brasileiro é bem claro: “Não excluem a imputabilidade penal: a emoção
ou a paixão”.
Freud dizia que havia nas mulheres uma quase ausência de formação de superego que,
no homem, pode conduzir a repressão dos impulsos (FERNANDES, 2010).
Atualmente, a originalidade do comportamento delinquencial feminino, atestado com
os dados estatísticos, são amplamente inferiores aos praticados por homens.
Lombroso alegava que “a mulher seria duas vezes mais fraca que o homem e, por
tanto, pelo menos duas vezes menos criminosa”. E continua: “a inferioridade
delinquencial da mulher também decorria de certa falta de habilidade e de inaptidão”.
A Mulher Criminosa
É sabido que o aborto e o infanticídio atingem o ponto máximo das cifras negras, uma
vez que raramente se chega ao conhecimento da polícia tais práticas delituosas. O
ordenamento jurídico penal, de forma frequente, enquadra certos crimes como
propriamente femininos, como exemplo, é o caso daqueles decorrentes da
prostituição.
O comportamento delitivo feminino encontra-se com mais frequência nos crimes
contra o patrimônio, tráfico de drogas e na corrupção de menores, pelo menos os que
são etiquetados. É notável também o baixo índice de reincidência das mulheres
criminosas, uma vez que, geralmente, atuam por indução ou, mais uma vez, por
paixão.
A Mulher Criminosa
É certo que as mulheres cometem menos crimes que os homens, mas isso não quer
dizer que sejam menos punidas ou condenadas. Em todo caso, no campo da
Criminologia, nada atesta de que elas sejam mais ou menos sociáveis que os homens,
mas para os dados estatísticos, no total, as mulheres representam apenas 6,4% da
população carcerária do Brasil.
A população carcerária feminina subiu de 5.601 para 37.380 detentas entre 2000 e
2014, um crescimento de 567% em 15 anos, e, em sua maioria é por tráfico de drogas,
motivo de 68% das prisões (dados do CNJ).
A Mulher Criminosa
O estudo da delinquência feminina é importante na medida em que se deve tirar as
detentas da invisibilidade, assim como declarou o coordenador do Departamento de
Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário:
“quando abordamos o sistema prisional, é necessário reconhecer que a mulher
pertence a um dos grupos mais vulneráveis, em um segmento já vulnerável, que é a
população carcerária. Esquecemos, muitas vezes, que sobre a mulher recai uma
reprovação moral que vai muito além do crime que ela praticou, tornando a sanção
muito mais pesada para ela do que para os homens”.
CRIMINOLOGIA
AULA 06
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
A prevenção criminal poderá será ser feita de várias formas a depender do caso
começado de forma legislativa (leis), administrativa (polícias) e judicial (cumprimento
das leis) desta forma o conhecimento da criminalidade deve ser objeto de estudo
pautado na Criminologia pois deve-se buscar a fundo toda a essência criminal para
posteriormente desenvolver técnicas de Política Criminal.
A prevenção da infração penal poderá ser geral positiva, visando a intervenção na
pessoa do delinquente com a sua recolocação na sociedade de forma a ressocializá-lo
através da credibilidade institucional dos órgãos do Estado com a devida correção, este
meio de prevenção visa atingir a sociedade como todo com o objetivo de reforçar os
valores da ordem democrática do Estado.
Assim, entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a
ocorrência do delito. Seja através da educação, meios tecnológicos empregados, etc. A
noção de prevenção delitiva não é algo novo, suportando inúmeras transformações
com o passar dos tempos em função da influência recebida de várias correntes do
pensamento jusfilosófico.
O saber criminológico, no Estado Democrático de Direito, orienta-se pela conduta
prevencionista, uma vez que seu objetivo máximo é evitar o delito e não a simples
punição.
Para que possa alcançar esse verdadeiro objetivo do Estado de Direito, que é a
prevenção de atos nocivos e consequentemente a manutenção da paz e harmonia
sociais, mostra-se irrefutável a necessidade de dois tipos de medidas: a primeira delas
atingindo indiretamente o delito e a segunda, diretamente. Em regra, as medidas
indiretas visam as causas do crime, sem atingi-lo de imediato. O crime só seria
alcançado porque, cessada a causa, cessam os efeitos.
Na profilaxia indireta, assume papel relevante a medicina, por meio dos exames pré-
natal, do planejamento familiar, da cura de certas doenças, do uso de células-tronco
embrionárias para a correção de defeitos congênitos e a cura de doenças graves, da
recuperação de alcoólatras e dependentes químicos, da boa alimentação, etc., o que
poderia facilitar, por evidente, a obtenção de um sistema preventivo eficaz.
Por sua vez, Nestor Sampaio, arfirma que as medidas diretas de prevenção criminal
direcionam-se para a infração penal em formação, ou seja, no chamado iter criminis.
Entretanto, esse mesmo meio pode estimular boas ações e oportunidades, seja por
meio da urbanização das cidades, da desfavelização e do fomento de empregos; seja
pela reciclagem profissional e pela educação pública, gratuita e acessível a todos.
Já as medidas diretas de prevenção criminal possuem o foco na infração penal in
itinere ou em formação (iter criminis). Destaca-se a importância das medidas de ordem
jurídica, como as referentes à efetiva punição de crimes graves, incluindo os de
colarinho branco; a repressão implacável às infrações penais de toda a natureza,
substituindo o direito penal nas pequenas infrações pela adoção de medidas de cunho
administrativo; a atuação da polícia ostensiva em seu papel de prevenção, manutenção
da ordem e vigilância; o aparelhamento e treinamento das polícias judiciárias para a
repressão delitiva em todos os segmentos da criminalidade; entre outras.
Pelo fato de agirem eminentemente nos delitos, as ações diretas são denominadas
pela Criminologia de prevenção secundária.
Parece ser mais correta esta última vertente, sendo difícil conceber uma justiça
restauradora em delitos de elevada gravidade, a exemplo de infrações penais como o
homicídio, latrocínio, etc. Apesar disso, Molina afirma que os procedimentos
conciliatórios recuperaram a face humana do conflito criminal, redefinindo o próprio
ideal de justiça que refuta o caráter excludente do castigo através de uma proposta de
soluções alternativas, cuja solidariedade e construtivismo deverão nortear as partes na
celebração de compromissos.
Há, também, a Teoria da Pena que reconhece a pena como uma espécie de retribuição,
de privação de bens jurídicos, imposta ao delinquente em razão do ilícito cometido. O
estudo da pena constata a existência de três grandes correntes: teorias absolutas,
relativas e mistas.
As teorias absolutas encaram a pena como um imperativo de justiça, negando fins
utilitários. As teorias relativas ensejam um fim utilitário para a punição, sustentando
que o crime não é causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada. Já as teorias
mistas conjugam as duas primeiras, sustentando o caráter retributivo da pena.
A prevenção geral vislumbra a pena como intimidadora daqueles que são propensos a
cometer delitos. Já a prevenção especial analisa o delito sob os fatores endógenos e
exógenos, em busca da reeducação do indivíduo e de sua recuperação.
A prevenção geral da pena instala-se sob dois ângulos: o negativo e o positivo. Pela
prevenção geral negativa, conhecida como prevenção por intimidação, a pena serve
para que todos os membros do grupo social observem uma dada condenação e não
venham a cometer uma prática delituosa. A prevenção geral positiva ou integradora
busca sensibilizar a consciência geral, disseminando o respeito aos valores mais
importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem jurídica.
No Estado Democrático de Direito, o poder político estatal é juridicamente limitado,
isto é, apenas pode ser exercido inserido em determinadas restrições definidas pela
ordem jurídico-política constitucional, marcada pelas dimensões de legalidade,
separação de poderes e proteção aos direitos fundamentais.
Tal modelo de organização política de poder pressupõe que os indivíduos têm certos
direitos indispensáveis à própria existência e ao desenvolvimento da personalidade
humana, que constituem verdadeiras barreiras de proteção contra a utilização
arbitrária do poder do Estado. O indivíduo é considerado como efetivo sujeito de
direito frente à comunidade e do próprio Estado, cuja atividade deve estar norteada
pelos princípios e garantias impostas pela Constituição Federal.
A atuação repressiva do Estado em face dos indivíduos que praticam condutas
tipificadas como crimes é uma atividade indispensável para a manutenção da ordem
jurídico-política.
Por outro lado, o processo também pode ser visualizado sob o aspecto da tutela dos
direitos fundamentais, ou seja, como uma garantia do indivíduo de que não será
submetido a uma pena sem a observância dos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal. Com efeito, em uma ordem constitucional fundada na instituição
de amplas garantias e direitos individuais, como é o caso do Estado brasileiro, o
processo penal deve necessariamente se desenvolver visando à efetivação dessas
premissas.
O Estado possui o monopólio da aplicação da lei penal. Porém, existem regras
constitucionais e legais que limitam e determinam como a lei penal possa ser aplicada.
Para tanto, deve o Estado Administração, nos crimes de ação penal pública, após a
produção de uma prova mínima, levar o caso ao Estado Juiz, para que este se
manifeste sobre a aplicação ou não da sanção penal ao caso concreto.
A atuação do Estado encontra na Constituição federal e nas leis limitações que
impedem que o Estado produza todo tipo de prova em face dos acusados. O Estado é o
primeiro a ter de respeitar, então, essas limitações.
Prevenção de crime é um conceito aberto. Para alguns é dissuadir o delinquente a não
cometer o ato, para outros é mais, importa inclusive na modificação de espaços físicos,
novos desenhos arquitetônicos, aumento da iluminação pública com o intuito de
dificultar a prática do crime e para um terceiro grupo é apenas o impedimento da
reincidência.
Há três tipos de prevenção, todas distintas entre si, seja quanto e maior ou menor
relevância etiológica dos programas, seja quanto aos destinatários aos quais se dirigem
nos instrumentos e os mecanismos que utilizam.
Vou destacar um quadro que vai ajudar a responder muitas questões, pois esta parte é
bem cobrada em concursos públicos.
Prevenção PRIMÁRIA
A prevenção primária procura agir a raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes
que o problema se manifeste. (através de uma socialização proveitosa de acordo com
os objetivos sociais).
Para que haja prevenção primária, são necessárias estratégias de política cultural,
econômica e social, que capacitem os cidadãos de condições sociais que os ajudem a
superar de forma produtiva eventuais conflitos. Se, principalmente os governantes
dedicassem atenção, respeito e seriedade ao assunto, poderia também ser cobrado da
sociedade a sua efetiva parcela de contribuição.
O importante é que está escrito, é Lei, todos conhecem, o triste é que não há
cumprimento a risca daquilo que poderia ser o fechamento dessa cicatriz que de uma
forma ou de outra causa enormes prejuízos ao País.
Prevenção SECUNDÁRIA
A chamada prevenção secundária opera onde e quando o conflito acontece, nem
antes nem depois. E se caracteriza pelas ações policiais, pelo controle dos meios de
comunicação, da implantação da ordem social e se destina a atuar sobre os grupos e
subgrupos que apresentam maior risco de protagonizarem algum problema criminal.
Prevenção TERCIÁRIA
A prevenção terciária se destina única e exclusivamente ao recluso, (população), o
condenado. A terciária é a aplicação de reclusão sobre o individuo criminoso. Nesse
caso a “ressocialização” é voltada apenas para o infrator, no ambiente prisional. Das
três modalidades de prevenção a terciária é a que possui o mais acentuado caráter
punitivo.
Como a prevenção terciária só se dá depois do cometimento do crime, agindo só na
condenação, ela é insuficiente e parcial, pois não neutraliza as causas do problema
criminal, além do que a plena determinação da população carcerária, assim como os
altos índices de reincidência não compensam o déficit da prevenção terciária e suas
carências.
CRIMINOLOGIA
AULA 07
PROFESSOR ALEXANDRE HERCULANO
OBRIGADO!