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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS DE IMPERATRIZ


UNIDADE PROF. JOSÉ BATISTA DE OLIVEIRA
CURSO DE DIREITO

MATEUS SILVA PEREIRA

Sistemas Penais e Sistemas de Controle Social; Criminologia Positiva


Antropologia Criminal; Cifras Negras da Delinquência e Criminalidade do
Colarinho Branco

IMPERATRIZ
2023
MATEUS SILVA PEREIRA

Sistemas Penais e Sistemas de Controle Social; Criminologia Positiva


Antropologia Criminal; Cifras Negras da Delinquência e Criminalidade do
Colarinho Branco
Trabalho apresentado a disciplina de
Criminologia do Curso de Direito da
Universidade Federal do Maranhão para
obtenção de nota.

IMPERATRIZ
2023
Sumário
1. Sistemas Penais e Sistemas de Controle Social ................................................................. 4
1.1 Controle Social ................................................................................................................ 4
1.2. Controle penal ou controle social formal penal......................................................... 4
1.3. Características do controle social “penal”. ................................................................ 5
2. Criminologia Positiva ........................................................................................................ 5
3. Antropologia Criminal....................................................................................................... 6
4. Cifras Negras da Delinquência .......................................................................................... 7
5. Criminalidade do Colarinho Branco .................................................................................. 7
6. Referências ....................................................................................................................... 8
1. Sistemas Penais e Sistemas de Controle Social

1.1 Controle Social

O controle social, como conceituado, representa um intricado conjunto de elementos que


visa moldar e assegurar a conformidade do indivíduo às normas e modelos sociais. Seu escopo
abrange diversas esferas, incluindo sistemas normativos, agentes sociais, estratégias de atuação,
modalidades de consequências e destinatários específicos.

No que tange aos sistemas normativos, o controle social incorpora uma gama ampla, desde
princípios éticos até normas legais como o Direito civil e trabalhista. Esse arcabouço normativo
serve como alicerce para a definição e manutenção das expectativas sociais.

Os agentes envolvidos no controle social são igualmente diversos, abrangendo desde a


célula familiar até instituições como igreja, partidos políticos, sindicatos e o sistema judiciário.
Cada um desempenha um papel específico na transmissão e execução das normas sociais.

As estratégias de atuação ou respostas variam, englobando desde medidas repressivas até


abordagens preventivas e iniciativas de ressocialização. Essas estratégias visam tanto corrigir
desvios quanto prevenir comportamentos indesejáveis na sociedade.

As modalidades de consequências refletem a dualidade do controle social, apresentando


tanto incentivos positivos, como ascensões e boa reputação, quanto sanções negativas,
incluindo reparação do dano, sanção pecuniária, privação de liberdade e restrição de direitos.
Estas últimas, quando provenientes do controle social formal, frequentemente carregam
estigmatização.

O controle social se desdobra em duas formas principais: formal e informal. O primeiro se


vale de normas legais para impor suas diretrizes, enquanto o segundo recorre a mecanismos não
legais, como educação, escola, medicina, trabalho, igreja e mídia, para regular as interações
sociais.

É notável que o controle social informal antecede o formal, destacando a importância dos
mecanismos não legais na configuração inicial do comportamento social. No entanto, o controle
social formal, particularmente no âmbito penal, é acionado somente quando os mecanismos
informais se mostram insuficientes para alcançar seus objetivos.

Em síntese, o controle social é um fenômeno multifacetado, abordando a complexidade das


interações sociais e a necessidade de uma abordagem equilibrada entre mecanismos formais e
informais para manter a coesão e a ordem na sociedade.

1.2. Controle penal ou controle social formal penal

O controle social penal, um componente essencial do panorama mais amplo do controle


social formal, é eminentemente representado pela Justiça criminal, com o Direito penal como
uma de suas engrenagens fundamentais.

Dentro desse domínio, a infração penal emerge como um fenômeno que abarca uma gama
variada de condutas desviadas possíveis. Essa diversidade de comportamentos transgressores é
encapsulada e respondida por meio do Direito penal, que, por sua vez, oferece um conjunto de
sanções disponíveis como resposta às infrações cometidas. A pena, portanto, representa a
escolha entre essas sanções, configurando-se como a última etapa desse processo de reação ao
desvio.
É crucial perceber que o controle social penal opera como um subsistema dentro do sistema
global de controle social formal. Enquanto o controle social formal abrange uma rede complexa
de mecanismos, o controle social penal, incorporado pela Justiça criminal e pelo Direito penal,
se destaca como uma faceta especializada, focada na resposta legal e sancionadora a
comportamentos transgressores.

Ao sistematizar essa relação, torna-se evidente que o Sistema penal, com o Direito penal
como componente central, está interligado com outros mecanismos de controle social. Essa
interconexão se visualiza na integração do Sistema penal com outros elementos-chave, como
educação, escola, medicina, trabalho, igreja, mídia, entre outros. O gráfico delineado acima
reflete a complexa rede na qual o controle social penal está imerso, destacando sua
interdependência com outros instrumentos de influência social.

1.3. Características do controle social “penal”.

Objeto do controle social penal direciona sua atenção exclusivamente para condutas
desviantes que se configuram como infrações penais. Não abrange todas as condutas desviadas,
mas apenas aquelas que adquirem a natureza de infração penal.

Tem como objetivos principais a prevenção e a repressão de comportamentos desviantes.


Meios Utilizados: Os meios empregados pelo controle social penal incluem penas ou medidas de
segurança, destacando a natureza punitiva dessas intervenções. Rigorosa Formalização na
Operação: Opera sob o princípio da estrita legalidade, o que implica uma aplicação rigorosa das
normas legais e procedimentos estabelecidos.

Em relação ao momento e aos limites de atuação do controle social penal, o texto destaca o
papel dos dispositivos de autodefesa da sociedade, conhecidos como controle social informal.
Esses dispositivos, como família, igreja, escola e opinião pública, são geralmente eficazes para
lidar com conflitos cotidianos de menor gravidade, agindo de maneira espontânea e informal.

2. Criminologia Positiva

A criminologia positivista vale-se do método empírico, estudando o delinquente a partir da


observação e da experimentação, de modo a distinguir os delinquentes dos não delinquentes
por meio de suas características físicas, psicológicas e sociais. Dessa forma, negando o livre-
arbítrio, explica o fenômeno criminal com base no determinismo, procurando identificar nos
indivíduos predisposições à prática do delito

A criminologia positivista fundamenta-se na ideologia da defesa social, argumentando que


o cometimento de um delito atenta contra os valores fundamentais do contrato social,
justificando uma resposta estatal apropriada. O Direito Penal, para essa abordagem,
desempenha um papel central na defesa social, com o Estado sendo considerado o ente legítimo
para exercer a violência oficial. A igualdade é destacada, pois a lei penal, gerada a partir do
consenso, deveria ser aplicada uniformemente a todos que violassem esses valores, enquanto
os criminosos são vistos como uma minoria na sociedade.
A criminologia positivista propõe uma abordagem preventiva da pena, visando dissuadir a
prática de novos delitos. No entanto, essa prevenção é concebida como uma verdadeira cura,
abordando as causas biológicas, sociais e psicológicas subjacentes aos delitos para evitar sua
recorrência.

Apesar de suas preocupações com as causas determinantes dos delitos, a criminologia


positivista é criticada por suas insuficiências ao não abordar questões cruciais relacionadas à
forma de criminalização, aos agentes que definem quais condutas devem ser tipificadas e ao
funcionamento do sistema de persecução penal. Essas lacunas são confrontadas por outra escola
criminológica, indicando a necessidade de uma abordagem mais crítica e abrangente para
entender o fenômeno da criminalidade.

Essa nova forma de ver o criminoso, o trata como patológico, que não consegue agir
conforme a norma por ser detentor de uma patologia preexistente, assim ao contrário da escola
clássica em que o livre arbítrio era indicado como explicação mais plausível para o delito, nessa
corrente criminológica o criminoso nato não é produto da desorganização social, mais sim como
manifestação da natureza criminosa dele mesmo.

3. Antropologia Criminal
A Antropologia Criminal, também conhecida como Biologia Criminal, fundamenta-se na
suposição de que os criminosos possuem características físicas específicas que os predispõem
ao crime. Originada nos estudos de César Lombroso, essa disciplina busca identificar fatores
diferenciais no corpo humano ou nos sistemas orgânicos para explicar comportamentos
delitivos, considerando-os como resultado de patologias, disfunções ou transtornos orgânicos.

Lombroso, principal estudioso dessa abordagem, examinou diversas características físicas de


criminosos, como tatuagens, características cranianas e esqueléticas, propondo que certas
anomalias indicam predisposição para o crime. Ele argumentava que o criminoso é
geneticamente determinado para o mal, destacando a influência de fatores hereditários e
atavismo.

Apesar de reconhecer outros fatores como clima, cultura, alcoolismo e situação econômica,
Lombroso enfatizava a importância das características biológicas. A cólera, vingança, mentira e
crueldade são observadas desde a infância, indicando predisposições criminosas.

Lombroso não desculpava o comportamento delituoso por tendências hereditárias,


sugerindo que outros fatores poderiam influenciar. Ele propôs a criação de asilos para menores
com tendências criminosas, argumentando que a prevenção desde a infância seria crucial.

Além das características físicas, Lombroso explorou as estatísticas antropométricas,


concluindo que anomalias hereditárias estavam presentes em grande parte dos delinquentes. A
Biologia Criminal destaca a importância do código biológico e genético no entendimento do
comportamento criminoso, defendendo que certos indivíduos têm predisposição genética para
o crime.

Entretanto, críticos apontam limitações e condicionamentos dessas teorias, destacando que


a delinquência punida muitas vezes recai sobre as classes menos favorecidas, gerando
desigualdades no sistema de justiça. Apesar das críticas, a Biologia Criminal mantém seu lugar
na Criminologia, considerando o código biológico como um dos componentes do processo de
interação que influencia o comportamento humano.

4. Cifras Negras da Delinquência

As "Cifras Negras da Delinquência" referem-se à discrepância entre a quantidade real de


crimes cometidos e aqueles que são oficialmente registrados pelas autoridades e relatados nas
estatísticas criminais. Essa disparidade revela uma subnotificação significativa, onde muitos
crimes não são denunciados, investigados ou devidamente registrados nos sistemas de justiça
criminal.

O termo destaca a existência de uma porção não visível do universo criminoso, composta
por delitos que escapam ao conhecimento das autoridades policiais e judiciais. Essa lacuna pode
ser atribuída a vários fatores, incluindo o medo de retaliação por parte das vítimas, a
desconfiança no sistema de justiça, a subnotificação de crimes considerados menores e a falta
de conscientização sobre a ocorrência de certos delitos.

A cifra negra evidencia a importância de reconhecer as limitações das estatísticas oficiais e


ressalta a necessidade de abordagens mais amplas na compreensão do fenômeno criminal.
Entender a subnotificação é crucial para desenvolver políticas criminais eficazes, garantindo que
as estratégias sejam direcionadas não apenas aos crimes conhecidos, mas também àqueles que
muitas vezes permanecem ocultos.
Além disso, a cifra negra destaca desigualdades no acesso à justiça e ressalta a importância
de abordagens sensíveis ao contexto social. Ao examinar a subnotificação, os pesquisadores e
formuladores de políticas podem identificar lacunas no sistema de justiça, promovendo medidas
que incentivem a denúncia, melhorem a confiança nas instituições e abordem as causas
subjacentes da não notificação.

Portanto, as cifras negras da delinquência destacam uma realidade complexa e muitas vezes
invisível do crime, sublinhando a necessidade de uma abordagem abrangente para entender e
lidar efetivamente com o comportamento criminoso em uma sociedade.

5. Criminalidade do Colarinho Branco

A doutrina sobre a Criminalidade do Colarinho Branco explora os mecanismos pelos quais os


criminosos de colarinho branco operam, destacando estratégias como fraude, corrupção,
manipulação de informações financeiras e evasão fiscal. Em muitos casos, essas ações visam
obter ganhos financeiros ilícitos enquanto evitam detecção ou punição.

Diversos artigos e pesquisas abordam as causas subjacentes, características e impactos


sociais da Criminalidade do Colarinho Branco. Muitas vezes, os criminosos desse tipo se
aproveitam de suas posições de poder e influência para cometer crimes complexos, explorando
brechas legais e contornando regulamentações. A falta de transparência em transações
corporativas e financeiras, bem como a falha em responsabilizar adequadamente indivíduos em
posições de destaque, contribuem para a persistência desse fenômeno.

Estudos indicam que a Criminalidade do Colarinho Branco pode ter efeitos devastadores na
economia, prejudicando investidores, consumidores e a integridade dos mercados. As vítimas
muitas vezes incluem não apenas instituições financeiras, mas também trabalhadores e
comunidades afetadas por práticas fraudulentas ou manipuladoras.
As doutrinas jurídicas e a pesquisa sobre esse tipo de criminalidade enfatizam a necessidade
de aprimorar a legislação, reforçar os mecanismos de fiscalização e responsabilização e
promover uma cultura de ética nos negócios. Muitos argumentam que as penas para crimes de
colarinho branco devem ser proporcionais à gravidade dos danos causados, buscando dissuadir
futuras transgressões.

Logo, pode concluir que a Criminalidade do Colarinho Branco é um fenômeno complexo que
exige uma abordagem holística, envolvendo tanto a esfera legal quanto a ética empresarial. As
doutrinas, artigos e pesquisas nesta área convergem para a necessidade de medidas eficazes
para prevenir, detectar e punir crimes cometidos por indivíduos em posições de poder e
influência.

6. Referências

BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Editora Revan,2011.

GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª edição. Editora Saraiva.

LOMBROSO, César. O Homem Delinquente. Tradução de Maristela Bleggi Tomasini e Oscar


Antonio Corbo Garcia. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2001

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