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Jessé Wyllyan de Souza Fernandes

O AVANÇO DA CRIMINOLOGIA NO CONTEXTO DA JUSTIÇA


CRIMINAL

Rio de Janeiro
2023
Jessé Wyllyan de Souza Fernandes

O avanço da criminologia no contexto da justiça criminal

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Digital Descomplica, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do grau
de Pós-Graduação em Investigação Criminal e
Psicologia Forense.

Rio de Janeiro
2023
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação, o


meu muito obrigado.
RESUMO

Inicialmente, antes de adentrarmos o campo da sociologia jurídica, vamos realizar


uma análise geral de uma ciência que lhe é afim, a sociologia. Na sequência, dentro
do campo da criminologia vamos examinar os principais aspectos e teorias dessa
importante disciplina jurídica. A criminologia é a disciplina que estuda o crime sob o
aspecto social, e não exclusivamente jurídico. Analisam-se a história, os movimentos
culturais alternativos, as influências políticas, culturais e exteriores às questões
puramente normativas, o conceito de criminologia não é algo uniforme na doutrina e
evolui com o decorrer dos anos.
O texto apresenta a evolução do pensamento criminológico, passando pelas suas
diversas fases até a moderna configuração crítica. Podemos afirmar que a
criminologia é a ciência que estuda a criminalidade e a periculosidade preparatória,
visando os seguintes objetos: as causas e concausas; as manifestações e os seus
efeitos; a etiologia e suas derivações, desde o surgimento do interesse nos estudos
criminológicos até o desenvolvimento desse pensamento de acordo com novos
paradigmas de conhecimento.

Palavras-chave: Criminalidade, Criminologia, Etiologia.


INTRODUÇÃO

Apesar de no passado já ter sido discutível a classificação da criminologia como


ciência autônoma, em especial com relação ao direito penal, atualmente não existem
dúvidas em classificá-las desta forma. A ciência em qualquer de seus ramos deve
contextualizar-se e tomar consciência do seu papel social, pois que ela "está no
âmago da sociedade e, embora bastante distinta dessa sociedade, é inseparável
dela, isso significa que todas as ciências, incluindo as físicas e biológicas, são
sociais.
Etiologicamente, a palavra criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego
logos (estudo), assim sendo, têm-se seu significado literal como “o estudo do crime”.
É preciso ter em mente o enorme potencial transformador do conhecimento e do
trato científico dado a um problema, tendo em vista que isso engloba o contexto do
processo de socialização da sociedade contemporânea.
No decorrer deste trabalho procurar-se-á expor sumariamente o caminho percorrido
pelo pensamento criminológico, desde o seu surgimento até a atualidade,
propiciando a constatação dos frutos (positivos ou negativos) produzidos em
conformidade com o referencial teórico adotado para o estudo do fenômeno criminal.
METODOLOGIA

Para compreender as considerações da evolução da criminologia no contexto


criminal, pesquisamos e descrevemos algumas teorias baseando-se em livros de
conteúdos conexos a temática abordada.

A coleta de dados foi feita apenas em nível de conhecimento e análise de dados


porque esse trabalho não tem como objetivo comparar diferentes escolas
criminológicas, seu funcionamento pretende compreender como essa temática de
maneira geral selecionando como a interdisciplinaridade se relaciona com o avanço
de outras ciências dentro da sociedade atual.
DESENVOLVIMENTO

A criminologia não parece, à primeira vista, tão relevante quanto o estudo do Direito
Penal ou do Direito Processual Penal, ou mesmo da política criminal. Às vezes, tem-
se a impressão de que, dentro das denominadas ciências criminais, a criminologia
foi deixada de lado, enquanto se deu muita importância às outras ciências, que se
desenvolveram e ganharam mais status na comunidade jurídica. Conhecer as
premissas e métodos da criminologia como ciência apura a visão crítica e científica
daquele que se propõe a analisar o problema da delinquência. Portanto, estudar
criminologia, além de importante, é extremamente necessário.
O incremento da complexidade dos fenômenos criminais, como o aumento da
violência urbana e o crescimento gradativo da população carcerária e do caos dos
estabelecimentos penais, são motivos significativos para a ascensão da criminologia,
ciência que pode fornecer respostas mais pormenorizadas a esses problemas. O
estudo da criminologia ganha relevo porque é ela quem deve analisar quais são os
fatores que culminaram no cenário atual. É a ciência que possui as ferramentas e
saberes para examinar o fenômeno criminológico que ocorre na sociedade. Não
incumbe à criminologia punir o transgressor (tarefa do Direito Penal), muito menos
definir qual é o procedimento de persecução penal durante a investigação ou o
processo (missão do Direito Processual Penal).
Pode-se dizer que a criminologia é em sua essência interdisciplinar, significa que ela
se utiliza de conhecimentos de outras ciências, também autônomas, para chegar a
suas conclusões e como parâmetros de estudos. Evidenciando suas peculiaridades
mesmo em meio sua autonomia, pode-se diferenciar a ciência criminológica das
demais como o Direito Penal que tem por finalidade essencial proteger os valores
mais importantes dos indivíduos e da sociedade em geral. Tais valores são
chamados bens jurídicos penais, entre os quais se destacam: vida, liberdade,
propriedade, integridade física, honra, patrimônio público. O Direito Processual
Penal é um ramo do Direito Público responsável pela aplicação jurisdicional do
Direito Penal. Isso quer dizer que ele fornece os instrumentos necessários ao
cidadão diante do Estado, assim como o Código de Processo Penal é usado para
aperfeiçoar a legislação penal brasileira.
A principal função da criminologia é entender o crime como fenômeno social, em
suas diversas facetas, subsidiando outras ciências como o direito penal e a política
criminal. Busca-se entender o delito enquanto fato, perquirindo as suas origens,
razões da sua existência, os seus contornos e forma de exteriorização. Portanto,
pode-se afirma que a função da criminologia consiste em subsidiar a tomada de
decisões dentro da sociedade, em especial pelos poderes públicos sobre o delito, o
delinquente, a vítima e o controle social. Além de servir como fonte para o próprio
direito penal, a partir da produção legislativa, buscando prevenir e intervir com
eficácia e de modo positivo no homem delinquente.

A criminologia não tem como objetivo a busca por erradicar o crime, pois isso seria
uma verdadeira utopia. Não há de se falar em sociedade sem algum grau de
presença de delitos. O que se busca é entender cientificamente esse fenômeno e de
alguma forma minimizar seu impacto na sociedade. Tradicionalmente o crime era
encarado como uma realidade em si mesmo, ou seja, ontologicamente considerado.
O criminoso como um indivíduo diferente, anormal ou até mesmo patológico. Desse
modo todos os esforços eram alocados para as pesquisas em torno dos fatores
produtores da delinquência e os mecanismos capazes de prevenir, reprimir e corrigir
as condutas desviantes. Crime e criminoso vistos como entes naturais, embora
deletérios.

A teoria que versa sobre a Criminologia Crítica abandona definitivamente tais


concepções e desmistifica a crença no crime como realidade ontológica e natural,
bem como a ideologia da figura do criminoso como um anormal. A consideração do
crime como um comportamento definido pelo direito, e o repúdio do determinismo e
da consideração do delinquente como um indivíduo diferente, são aspectos
essenciais da nova criminologia. Dentro dessa teoria é possível enxergar o
fenômeno criminal a partir de outros fatores, como desigualdade social, luta de
classes, capitalismo, sistema punitivo, dentre outros. Situa-se nas teorias do conflito,
onde o conflito é ferramenta normal e necessária para o bom funcionamento da
sociedade, essa mudança de enfoque possibilita a conclusão crucial para um estudo
mais realista, de que o delito não é um ente de fato, mas um ente jurídico. O delito é
um ente jurídico porque sua essência deve consistir, indeclinavelmente, na violação
de um direito. Durkheim assinala que o crime é um fato rotineiramente tomado como
patológico pela maioria dos criminologistas, devido a uma atitude precipitada e
irrefletida. Afinal de contas o crime não é encontrável somente em certas sociedades
com estes ou aqueles caracteres. Trata-se de algo presente em toda e qualquer
sociedade; um elemento constante. Nem mesmo a evolução social conduz,
juntamente com o seu maior nível organizativo, a um decréscimo nos índices de
criminalidade. Na verdade, opera-se justamente o oposto: nas sociedades mais
complexas ocorre um avanço da criminalidade. Não há, portanto, fenômeno que
apresente de maneira mais irrefutável todos os sintomas de normalidade, dado que
aparece como estreitamente ligado às condições de qualquer vida coletiva.
Transformar o crime numa doença social seria admitir que a doença não é uma
coisa acidental mas que, pelo contrário, deriva, em certos casos, da constituição
fundamental do ser vivo; seria eliminar qualquer distinção entre o fisiológico e o
patológico. Tendo em vista essa alteração do enfoque epistemológico, observar-se-á
uma grande diferença entre os conceitos tradicionais de criminologia e aquele hoje
preconizados pelos autores críticos pós – modernos.

Para os criminologistas radicais ou críticos a criminologia é a ciência que estuda a


geração do fenômeno delinquencial pela ordem social, buscando uma prática social
transformadora, com profundas e radicais alterações nas estruturas sociais como
meio para o equacionamento do problema do crime e da criminalidade. Dessa
forma, não só o conceito, mas também o objeto de estudo alteram-se
significativamente. O enfoque principal desloca-se do ato e dos agentes criminosos
para o Sistema Penal e os processos de criminalização, ensejando a revelação de
uma função velada da antiga criminologia como uma ideologia de justificação do
sistema penal e do controle social de que este forma parte. A segurança pública
como atividade estatal que tem por finalidade garantir a ordem e a incolumidade das
pessoas e do patrimônio, nos termos da Constituição Federal, se analisada sob a
perspectiva das funções da criminologia, se trata de exercício do controle social
formal. É cediço que, segundo Sheicaira (2020, p. 57), o controle social é um
conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos
modelos e normas comunitários.
CONCLUSÃO

Em virtude dos fatos mencionados, sob a ótica da função criminológica de


prevenção do crime e da criminalidade, aloca-se, genericamente, a segurança
pública como atividade de prevenção secundária atuando no momento em que o
crime está acontecendo, preste a acontecer ou já consumado. Estando essa
interligada aos ramos da “Nova Criminologia” têm o grande predicado de
constituírem um fértil campos para o desenvolvimento de uma visão crítica da
organização social em geral e do Sistema Penal em especial, inclusive com
repercussões no âmbito legislativo e da Política Criminal.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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HACK, Érico. Direito Constitucional: conceitos, fundamentos e princípios


básicos. - Curitiba. InterSaberes, 2012.

RAMIDOFF, Mario Luiz. Elementos de Processo Penal. - Curitiba. InterSaberes,


2017.

ANDRADE, Anezio. Criminologia decifrada. - 2 ed. - Rio de Janeiro. Método, 2023.

CAETANO, Cristiano Israel. Planejamento Estratégico e Administração em


Segurança. - Curitiba. InterSaberes, 2016.

VENERAL, Débora. Direito Aplicado - 2 ed. - Curitiba. InterSaberes, 2017.

MOTTA, Felipe Heringer Roxo da. Introdução ao estudo da criminologia. -


Curitiba. InterSaberes, 2021.

BACILA, Carlos Roberto. Introdução ao Direito Penal e à Criminologia. - Curitiba.


InterSaberes, 2016

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