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CRIMINOLOGIA

Estado Democrático de Direito e


Prevenção do Delito. Modelos de
Reação ao Delito

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Estado Democrático de Direito e Prevenção do Delito. Modelos de Reação ao Delito
Mariana Barrerias

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito e Modelos de Reação
ao Delito.................................................................................................................................................................................4
Conceito de Prevenção..................................................................................................................................................4
Parte I – Teorias da Pena.............................................................................................................................................5
Teorias Justificacionistas x Teorias Negacionistas.....................................................................................5
Teorias Absolutas x Teorias Relativas................................................................................................................6
Teorias Absolutas............................................................................................................................................................6
Teorias Relativas..............................................................................................................................................................8
Teorias Mistas...................................................................................................................................................................11
Claus Roxin..........................................................................................................................................................................11
Direito Penal do Inimigo.............................................................................................................................................12
Garantismo.........................................................................................................................................................................12
Teoria Materialista da Pena.....................................................................................................................................13
Parte II – Classificações da Prevenção Delitiva . .........................................................................................14
Prevenção Direta x Prevenção Indireta.............................................................................................................14
Prevenção Primária X Secundária X Terciária................................................................................................15
Parte III - Modelos de Reação ao Crime.............................................................................................................17
Modelo Dissuasório......................................................................................................................................................18
Modelo Ressocializador.............................................................................................................................................18
Modelo Integrador (Restaurador, Consensual)............................................................................................19
Modelo de Segurança Cidadã.. ................................................................................................................................23
Resumo................................................................................................................................................................................25
Mapas Mentais. . ..............................................................................................................................................................30
Questões de Concurso................................................................................................................................................35
Gabarito...............................................................................................................................................................................49
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................50
Referências........................................................................................................................................................................80

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Apresentação
Olá, vamos estudar a prevenção da infração penal no Estado Democrático de Direito e os
modelos de reação ao delito. Depois das Escolas Sociológicas, esse é o segundo tema mais
cobrado nas provas de concurso público, quando consideradas todas as questões, de todas
as bancas.
Na primeira parte da aula, vamos analisar as classificações das teorias da pena, já que mui-
tas dessas teorias versam exatamente sobre o fim preventivo da pena. Nessa parte falaremos
sobre prevenção geral e especial, prevenção positiva e negativa.
Na segunda parte, vamos analisar outra possibilidade de classificação, agora relativa à
prevenção propriamente dita. Trata-se da separação em prevenção primária, secundária e
terciária.
Na terceira parte, analisaremos os modelos de reação ao crime.
Gostaria de fazer duas observações sobre as 50 questões de concurso, que aparecem ao
final da aula. Criminologia é uma matéria com poucas questões nas provas de concurso. Ge-
ralmente, esse número oscila entre 3 a 5 questões. Daí decorrem duas conclusões.
A primeira conclusão é que o aluno não deve gastar um tempo enorme com o estudo de
Criminologia, apesar de ela ser a disciplina mais legal de se estudar! Como o tempo é escasso,
a leitura do resumo, dos mapas mentais e a resolução das questões pode ser suficiente para
a preparação. Aliás, não deixe de resolver as questões e de aprender com os comentários dos
gabaritos, que são autoexplicativos.
A segunda conclusão derivada da pouca incidência de Criminologia nos concursos diz
respeito à seleção das questões que insiro ao final da aula. Observe que começo com ques-
tões para o cargo de delegado, depois seleciono outras questões de cargos jurídicos. Ao final,
acabo utilizando questões de cargos não-jurídicos e de bancas variadas pela simples razão de
que as questões de cargos jurídicos acabam. Não menospreze essas questões, que aparente-
mente são mais simples. Elas podem te ajudar a fixar e te ensinar demais.

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PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL NO ESTADO


DEMOCRÁTICO DE DIREITO E MODELOS DE REAÇÃO AO
DELITO
Conceito de Prevenção
Cabe definir prevenção criminal como o conjunto de medidas, públicas ou privadas, adota-
das com o objetivo de impedir a prática de delitos, abarcando tanto as políticas sociais (edu-
cação, habitação, moradia) para redução da delinquência, como as políticas criminais para o
fornecimento de respostas penais adequadas1.
Em resumo, podemos dizer que prevenção é o conjunto de ações que visam evitar a ocor-
rência do delito, atingindo-o direta ou indiretamente.
Um Estado Democrático de Direito deve preferir medidas de prevenção, dos mais variados
tipos, em lugar de priorizar intervenções meramente repressivas.
No Estado Democrático de Direito, ademais, a prevenção deve levar em consideração a
complexa dinâmica criminal. Afinal, ações preventivas não são somente as atividades policiais
e do Poder Judiciário, e tampouco limitam-se às competências de um ente federativo. Tanto
a população como todos os setores do Poder Público e todos os entes da federação (União,
Estados, DF, Municípios) devem se envolver com o tema, agindo conjuntamente.
Além disso, medidas de cunho não-penal (tais como fornecimento de educação, geração
de emprego, instalação de iluminação pública, construção de equipamentos de lazer) devem
ser largamente empregadas para equacionar o problema criminal, em detrimento do emprego
desmedido de medidas puramente penalistas (tais como reforço no policiamento, criação de
tipos penais, construção de presídios, etc.).
É, ainda, típico dos Estados Democráticos, na seara criminológica, reconhecer a onipre-
sença do crime: não se pretende eliminar o crime, nem mesmo todas as suas causas, que são
múltiplas e complexas. A meta utópica de erradicação da criminalidade conduz a excessos
punitivistas e à crença desmedida na eficiência penal e deve, portanto, ser substituída por es-
forços para a prevenção, controle e compreensão da criminalidade.
Ah, e outro termo que pode ser empregado para fazer referência à prevenção é profilaxia.
Por isso, a profilaxia criminal pode ser entendida como a disciplina que, analisando as origens
da delinquência, busca medidas que possam atuar na redução dos índices delitivos.

1
OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 2 ed. Salvador: Juspodium, 2019, p. 159.

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Parte I – Teorias da Pena


Teorias Justificacionistas x Teorias Negacionistas
Eduardo Viana explica que a justificação da pena é o problema clássico, por excelência,
da teoria do direito. As questões sobre “por que” e “se” punir recebem dois tipos de resposta.
As respostas positivas, que reconhecem a legitimidade do sistema penal, são denominadas
justificacionistas. As teorias justificacionistas se dividem em dois grandes ramos: teorias ab-
solutas e teoria relativas da pena, que analisaremos nos itens subsequentes dessa aula.
As respostas negativas, que não reconhecem legitimidade na intervenção jurídico-penal,
são denominadas negacionistas. Elas dão origem a orientações político criminais de viés abo-
licionista – que defendem o fim da pena privativa de liberdade ou mesmo o fim do próprio
sistema penal – ou de viés de Direito Penal mínimo. Um exemplo de teoria negacionista (ainda
que não especificamente abolicionista, mas sim de Direito Penal mínimo) é a teoria agnóstica
da pena. Outros autores negacionistas são Louk Hulsman, Michel Foucault, Thomas Mathie-
sen e Nils Christie.

Os abolicionistas são negacionistas. Eles não reconhecem a legitimidade do sistema jurídico


penal e querem seu fim, ou ao menos o fim da pena privativa de liberdade. Mas nem todos os
teóricos de Direito Penal mínimo se encaixam na categoria de negacionista. Como veremos
mais adiante, o Garantismo de Luigi Ferrajoli é uma linha de pensamento de Direito Penal míni-
mo, mas que deve ser considerado justificacionista, pois ele acredita que acabar com o Direito
Penal seria muito pior.

Teoria Agnóstica da Pena

A teoria agnóstica da pena foi desenvolvida pelo argentino Eugenio Raúl Zaffaroni. Trata-se
de teoria de Direito Penal mínimo com viés negacionista, porque não reconhece a legitimidade
das penas.
Em sua obra Em Busca das Penas Perdidas, do começo da década de 1990, estabelecen-
do diálogo com Louk Hulsman (criminólogo holandês pertencente ao abolicionismo penal, a
quem Zaffaroni dedica o seu livro), Zaffaroni reconhece que vivemos uma situação de pro-
gressiva perda das penas, isto é, as penas têm se tornado inflição de dor sem sentido, sem
racionalidade.
A pena, para ele, é uma coerção que impõe privação de direitos e dor, mas que não repara,
não restitui e tampouco detém as lesões em curso ou neutraliza perigos iminentes. É o que ele
chama de conceito de pena agnóstico quanto à função: um conceito que confessa não conhe-
cer a função da pena. Além de agnóstico, é um conceito negativo de pena: pois não reconhece

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qualquer função positiva na pena, mas somente a função negativa de causar dor e privação. A
pena não soluciona conflitos. Ela apenas decide esses conflitos, suspende-os no tempo. Como
puro ato unilateral do poder, ela somente deteriora a coexistência, sobretudo por neutralizar
brutalmente o condenado, afastando-o da sociedade.
O discurso jurídico-penal é falso e não legitima a dor e a morte que nossos sistemas penais
semeiam. Esse discurso falso se sustenta pela sua própria incapacidade de ser substituído
por outro que defenda os direitos de algumas pessoas. Seletividade, reprodução da violência,
criação de condições para condutas lesivas mais graves, corrupção institucionalizada, concen-
tração de poder e verticalização social são características estruturais – e não circunstanciais,
conjunturais – dos sistemas penais. Ao mesmo tempo, explica Zaffaroni, o sistema penal e
a pena são “fatos de poder”, ou seja, instituições sociais efetivamente existentes e que não
podem ser negadas. Importante, então, a existência de um Direito Penal mínimo e garantista,
capaz de reduzir, assinalar os limites e, em alguns casos, cancelar o poder punitivo. A pena,
apesar de ser um fato de poder, não é legítima, seja moralmente, seja juridicamente, pois os
fins declarados da pena (prevenção, ressocialização) não são atingidos. Assim, a função dos
penalistas e do Direito Penal seria a de reduzir a própria violência do sistema punitivo2.

Teorias Absolutas x Teorias Relativas


Como dissemos acima, as teorias justificacionistas se dividem em dois grandes ramos:
teorias absolutas e teoria relativas da pena
Para as teorias absolutas, o fim da pena é a imposição de um castigo. São as chamadas
teorias retributivas, para as quais a pena é uma forma de retribuição do mal causado. Elas são
chamadas de absolutas porque, para elas, a pena não necessita de outras finalidades ou justi-
ficações. Ela é um fim em si mesmo, sendo possuidora de um valor intrínseco.
Para as teorias relativas, a pena deve olhar para o futuro e possuir alguma utilidade, além
da mera retribuição.

Teorias Absolutas
As teorias absolutas olham para o passado. A pena, para elas, não é um instrumento com
fins futuros. São teorias que impedem a instrumentalização do indivíduo para fins preventivos
(o indivíduo não pode ser um meio para se atingir qualquer coisa, como a prevenção) e que
delimitam a magnitude da pena (não é permitida a penalização grave em culpabilidade leve, e
vice-versa). Para esse modelo de pensamento, é crucial o entendimento de dois filósofos ale-
mães: Kant e Hegel.

2
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2001.

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Kant

Para Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, a lei penal é um imperativo cate-
górico: se a justiça desaparecer, não há mais sentido para a vida humana. Há, portanto, uma
exigência incondicional de justiça, que ele ilustra com o exemplo de uma ilha. Ele propõe que
imaginemos uma sociedade, instalada numa ilha. Trata-se, no exemplo, de uma sociedade
prestes a deixar de existir, já que os habitantes teriam decidido se espalhar pelo mundo. Ainda
nesse caso de dissolução da sociedade, defende Kant, permaneceria a necessidade de infligir
a pena ao último criminoso, ou seja, de executar o último assassino que se encontrasse preso.
Com isso, conclui Kant, a pena não é útil para a sociedade, não é algo que possui finalidade
pedagógica. A pena é, para ele, uma retribuição moral que se encerra em si mesma.

Em modo de síntese, pode-se dizer que no pensamento kantiano a pena não pode servir para o bem
próprio do delinquente ou da sociedade, mas para realizar a justiça (que é um imperativo categóri-
co); a pena serve, portanto, para retribuir a culpa de um fato passado. Para que a pessoa possa ser
tratada como um fim em si mesmo, ou seja, como um ser racional e autônomo, capaz de autodeter-
minar-se, a pena deve ser a retribuição3.

Hegel

Para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo alemão que viveu entre os séculos XVIII e XIX,
a pena era, igualmente, retribuição, mas não uma retribuição moral, e sim retribuição jurídica.
Ela não é retribuição em função do imperativo categórico de justiça, e sim retribuição como
resultado da lesão do direito. O criminoso, com sua conduta, cria uma contranorma, que sim-
boliza a negação do direito. O delito é a negação do direito. A pena é a negação do delito. Logo,
a pena é a negação da negação do direito.
Delito = negação do direito.
Pena – = negação do delito.
Pena – = negação da negação do direito.
A pena é necessária para afastar a contranorma e para reforçar e confirmar a validade da
norma jurídica original. Ou seja, a pena serve para restaurar o direito e reforçar que a vontade
geral, expressa no ordenamento jurídico, prevalece sobre a vontade especial do delinquente,
expressa no delito. Para Hegel, a punição de uma pessoa não pode ter utilidade de prevenção
ou intimidação, pois isso atenta contra a dignidade do delinquente (o indivíduo não poder nun-
ca um meio para que se atinja alguma coisa).
Então, recapitulando, até aqui vimos que, dentre os justificacionistas (aqueles que defen-
dem a legitimidade do sistema penal), existem os adeptos das teorias absolutas e os adeptos
das teorias relativas. Para os adeptos das teorias absolutas, a pena é castigo, retribuição.
Para Kant, retribuição moral. Para Hegel, retribuição jurídica. Agora, vamos analisar as teorias
3
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 346.

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relativas, que defendem que a pena deve ter uma utilidade voltada para o futuro, uma função
preventiva.

Teorias Relativas
As teorias relativas defendem que a pena deve ter um fim socialmente útil. São teorias que
olham para o futuro. A ideia é prevenir que outros crimes sejam praticados.
Dentro das teorias relativas, a prevenção pode ser geral e especial. A prevenção geral é
destinada à comunidade como um todo. A prevenção especial, ao próprio delinquente.
Além disso, fala-se também em prevenção positiva e negativa, como veremos nos pró-
ximos itens.

Prevenção Geral

Para a prevenção geral, a pena tem impacto na generalidade de pessoas. A pena se dirige à
sociedade como um todo – é genérica, geral – e não apenas a um delinquente específico. Pode
ser subdividida em prevenção geral positiva e negativa.

Prevenção Geral Negativa

A formulação da teoria da prevenção geral negativa se deve a Feuerbach, responsável por


elaborar uma teoria pioneira em não se debruçar exclusivamente sobre a execução da pena.
Preocupou-se em teorizar sobre a etapa de cominação legal. Para ele, a pena é uma “coação
psicológica” com a qual se pretende evitar o fenômeno delitivo. Substitui-se o poder físico, so-
bre o corpo, pelo poder psíquico, sobre a alma.
A teoria da prevenção geral negativa desenvolveu-se, portanto, no período do Iluminismo
e foi adotada também por Jeremy Bentham e Marquês de Beccaria. Para essa linha de pen-
samento, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter geral)
para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação, na utilização do medo,
que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A pena é contramotivação. É uma teoria
dirigida à toda a coletividade, mas que acaba produzindo efeito nos potenciais infratores.
É bastante utilizada para legitimar tanto a criação de novos tipos penais como a elevação
da pena de delitos já existentes. Claus Roxin, penalista alemão contemporâneo, diz que essa
é uma teoria inclinada ao terror, pois quem pretende intimidar com a pena tende a reforçar o
efeito castigando o mais duramente possível.
A capacidade racional absolutamente livre do homem e a existência de um Estado abso-
lutamente racional em seus objetivos são duas importantes ficções que servem de apoio à
teoria da prevenção geral negativa.
No que diz respeito à racionalidade humana, sabe-se que a atitude conforme o Direito pode,
em muitos casos, ser consequência da cominação penal e da possibilidade de execução da
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pena. Acredita-se, portanto, que em muitas situações a prevenção geral negativa funciona.
Empiricamente, no entanto, isso é algo de difícil mensuração e, portanto, praticamente inde-
monstrável, sobretudo em locais onde há um número expressivo de organizações criminais e
em que as taxas de impunidade são altíssimas, como é o caso do Brasil no tocante aos homi-
cídios. Luiz Flávio Gomes aponta, especificamente, que a eficácia dissuasória da pena é muito
questionável em certos tipos de crime, como os delitos contra a vida. Ademais, a prevenção
geral negativa desconsidera a confiança que o delinquente tem em não ser descoberto, im-
portante fator na equação racional delitiva. Logo, a ideia de um “ser humano econômico”, que
avalia as vantagens e desvantagens da sua atuação, faz cálculos e ponderações a todo tempo
antes de praticar uma conduta, não corresponde à realidade.
No tocante à racionalidade estatal, é importante observar que a teoria da prevenção geral
negativa além de ser inclinada ao terror no tocante à agravação desproporcional das penas,
passa longe de resolver o impasse de delimitar quais são os comportamentos que o Estado
tem legitimidade para intimidar. Fica aberta a questão: todas as condutas antiéticas ou anti-
jurídicas podem ser tuteladas pelo Direito Penal? O âmbito do punível resta indefinido. É uma
prevenção que se ocupa da legalidade mediante coação, mas que não se preocupa com a legi-
timidade, com o fundamento do poder estatal de aplicar sanções jurídico-penais.
Prevenção geral negativa  Intimidação, medo, ameaça

Prevenção Geral Positiva

A pena reforça (caráter positivo) a confiança da população (caráter geral) no sistema ju-
rídico como um todo, promovendo integração social. A prevenção geral positiva também é
chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência
social, da integração social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunida-
de. É uma teoria dirigida ao cidadão fiel ao direito. A pena é reforço à fidelidade dos indivíduos
com as normas.
Prevenção geral positiva  Integração Social, confiança na norma
Há autores que especificam que a prevenção geral positiva pode ser subdividida. Vamos
analisar duas subdivisões diferentes, cada uma com dois itens.

Prevenção geral positiva fundamentadora x limitadora


• Prevenção geral positiva fundamentadora: trata da afirmação da vigência da norma pe-
rante a sociedade, da garantia de valores éticos e sociais da coletividade, por meio de
previsões legais que imponham uma pena a condutas que desrespeitem valores funda-
mentais. É uma prevenção geral positiva, pois considera que a norma cumpre papel de
integração social, que se preocupa em fundamentar o direito de punir: a pena é legítima
porque tutela valores éticos, fundamentais.

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• Prevenção geral positiva limitadora: encara a pena, e o Direito Penal, como um instru-
mento a mais de controle e organização da coletividade, mas um instrumento que se
diferencia dos demais por seu caráter formal e pela necessidade de subordinação a prin-
cípios e fundamentos importantes e essenciais para sua validade e eficiência. Há, para
os adeptos dessa corrente, uma preocupação em limitar a intervenção jurídico-penal do
Estado frente aos direitos individuais dos cidadãos. Difere, portanto, da prevenção geral
positiva fundamentadora porque sua preocupação central não é legitimar a pena, mas
sim limitá-la.

Prevenção Geral Positiva Eticizante X Sistêmica


• Prevenção geral positiva eticizante: encabeçada por Hans Welzel, defende que o Direito
Penal promove integração social, pois enfatiza valores ético-sociais e atitudes de respei-
to à norma. A ideia é tutelar os bens jurídicos mais relevantes, com a conscientização
jurídica da população. Essa teoria é criticada em função da inexistência de um sistema
único de valores na sociedade. Se o sistema de valores não é único (há muitas culturas,
muitas opiniões divergentes, muitos valores conflitantes), não há como se falar em de-
fesa, pelo Direito Penal, de um conjunto sólido de valores éticos.
• Prevenção geral positiva sistêmica: derivada do pensamento de Günther Jakobs, defen-
de que o Direito Penal promove integração social, mas não por enfatizar valores éticos, e
sim porque serve como instrumento de estabilização do sistema social. Quando ocorre
um crime, o sistema social se desequilibra, e a aplicação da pena recupera esse equi-
líbrio. A aplicação de uma pena restaura a confiança da população na norma, reafirma
a validade da regra violada pelo delinquente. Essa teoria recebe o nome de sistêmica
por ter se baseado na teoria dos sistemas, de Niklas Luhmann. Aliás, a principal crítica
que se faz ao pensamento de Jakobs é, exatamente, sua excessiva preocupação com
o sistema, que deixou de lado a tutela garantista dos cidadãos. É muito fácil, a partir do
pensamento de Jakobs, chegar a formulações de Direito Penal máximo, como veremos
mais adiante, ao tratar do Direito Penal do Inimigo.

Prevenção Especial

Vimos até aqui que a prevenção geral se destina à coletividade, seja positivamente (inte-
gração social), seja negativamente (intimidação). Agora vamos passar a falar da prevenção
especial, que se dirige ao criminoso em particular, e não à generalidade de pessoas.

Prevenção Especial Negativa

Para a prevenção especial negativa, a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (ca-
ráter especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Aqui, trata-se de isolar, de

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inocuizar (tornar inócuo, inofensivo), de neutralizar (com a prisão, por exemplo) uma pessoa
para que não cometa outros crimes.

Prevenção Especial Positiva

Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocialização (caráter positi-
vo) do condenado (caráter especial). Aqui, a pena teria caráter pedagógico.
Em resumo podemos pensar assim:
Prevenção geral positiva: integração social
Prevenção geral negativa: intimidação
Prevenção especial positiva: ressocialização
Prevenção especial negativa: segregação

Teorias Mistas
As teorias mistas, também chamadas de ecléticas ou unificadoras, realizam a combinação
de finalidades retributivas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes.
No Brasil, o art. 59 do Código Penal diz que, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
deve ser observado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Trata-se de uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas, abarcando
tanto a prevenção geral como a prevenção especial.
Agora vamos analisar alguns autores e linhas de pensamento sobre a prevenção que cos-
tumam figurar nas provas.

Claus Roxin
Segundo Roxin, há três momentos importantes para assinalar a finalidade da pena: a co-
minação, a aplicação e a execução. Em cada uma dessas etapas, pode prevalecer a prevenção
geral ou especial, uma não excluindo ou afastando a outra. Dá-se o nome de teoria dialética
unificadora a esse pensamento de conjugação das diferentes modalidades de prevenção.
Na cominação, o legislador deve se orientar pela função de prevenção geral, tendo em
mente que a pena é um instrumento subsidiário (que só deve ser usado em último caso) de
proteção de bens jurídicos. Nessa etapa, a prevenção geral é tanto positiva, no aspecto de for-
talecimento da consciência jurídica da comunidade, como negativa, no sentido de intimidar as
pessoas à prática delitiva.
Na aplicação da pena, confirma-se a função de prevenção geral da etapa anterior, mas
acrescenta-se, na dosimetria concreta da pena aplicada, a função de prevenção especial. Nes-
sa etapa, a pena está limitada à medida da culpabilidade do indivíduo.

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Na execução, tem relevância a função de prevenção especial positiva, de reincorporação


do indivíduo à sociedade.

Direito Penal do Inimigo


Como vimos há pouco, Jakobs desenvolveu a teoria da prevenção geral positiva sistêmica.
Segundo ela, o Direito Penal promove integração social porque serve como instrumento de
estabilização do sistema a cada vez que se verifica um desequilíbrio causado por um delito. A
aplicação da pena recupera o equilíbrio do sistema social.
Em 1985 Jakobs formulou a teoria do Direito Penal do Inimigo, que defende a distinção
entre cidadãos e inimigos, aos quais seriam aplicados regimes jurídicos distintos.
Explique, em nossa primeira aula, que o cidadão é aquele indivíduo que, quando autor de
um fato delitivo, danifica a vigência da norma, sem deixar, no entanto, de oferecer garantia de
que se conduzirá, em linhas gerais, de acordo com elas. O ato delitivo é desautorização de
uma norma, um ataque à sua vigência. Para esses casos, temos a pena, que consiste na com-
pensação do dano à vigência da norma. A pena significa que o ataque à vigência da norma é
irrelevante para a validade da norma. Logo, a aplicação da pena não se destina a proteger bens
jurídicos, mas a reafirmar a validade da norma. A pena, aplicada ao cidadão, passa a mensa-
gem para toda a sociedade de que a norma segue vigente; de que os valores violados continu-
am válidos; e de que a configuração da sociedade está mantida.
O inimigo, por sua vez, é aquele que se afasta de maneira duradoura e decidida do Direito. É
um indivíduo que não admite ser obrigado a entrar em um estado de cidadania e que não pode,
portanto, participar dos benefícios do conceito de pessoa. Aqui não há que se falar em pena,
mas em eliminação de perigo.
Costuma-se diferenciar, então, na teoria do Jakobs, o caráter preventivo do Direito Penal do
Cidadão (preocupado em reforçar a vigência de uma norma); do caráter preventivo do Direito
Penal do Inimigo (preocupado em segregar o inimigo, em retirá-lo da sociedade).
No Direito Penal do Cidadão, ou simplesmente Direito Penal, a pena tem caráter de pre-
venção geral positiva (é a prevenção geral positiva sistêmica, de que já falamos). No Direito
Penal do Inimigo, a pena tem caráter de prevenção especial negativa, pois busca a eliminação,
a neutralização do inimigo.

Garantismo
Luigi Ferrajoli, que também estudamos em nossa primeira aula, é um dos principais expo-
entes do Garantismo italiano e mundial, sobretudo a partir de seu artigo intitulado “O Direito
Penal Mínimo”, de 1986 e de sua obra “Direito e Razão”, de 1989. Ferrajoli é considerado o
grande desenvolvedor teórico do Garantismo. Ele sustenta que os sistemas políticos devem

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ser capazes tanto de tolerar o desvio como produto de tensões sociais não resolvidas, como
de prevenir o desvio pelo desaparecimento de suas causas materiais.
Vimos que, para Ferrajoli, o fim do sistema penal levaria a uma anarquia punitiva, com res-
postas selvagens, uma situação muito pior do que a atualmente vivenciada no mundo. Daí a
importância de permanência do Direito Penal, com todas suas garantias.
A pena possuiria dois objetivos: prevenção dos delitos e prevenção das penas informais.
A prevenção do delito está relacionada com o máximo bem-estar possível dos não desviantes
(que vão se beneficiar da não ocorrência de delitos). Mas o objetivo utilitário de prevenção
do delito, isoladamente, orienta o Direito Penal a adotar meios penais maximamente fortes e
ilimitadamente severos. Ou seja, os objetivos de prevenção do delito, explica Ferrajoli, não são
suficientes para ditar o limite máximo das penas, mas somente o limite mínimo, abaixo do qual
a prevenção do delito não se realiza, por falta de capacidade dissuasória.
Por isso, é necessário levar em consideração o segundo objetivo: prevenção de penas in-
formais. É que na ausência do sistema penal, uma reação maior – informal, selvagem, es-
pontânea, arbitrária, punitiva, mas não penal – pode ter lugar e isso é um outro tipo de mal,
geralmente negligenciado pelas doutrinas tradicionais e pelas abolicionistas. Ou seja, aqui não
se trata do máximo bem-estar possível dos não desviantes, mas, sim, do mínimo mal-estar ne-
cessário dos desviantes. É o impedimento dessas reações informais, das quais seria vítima o
réu, ou, pior ainda, pessoas solidárias a ele, que representa o segundo e fundamental objetivo
justificante do Direito Penal. “Quero dizer que a pena não serve apenas para prevenir os delitos
injustos, mas, igualmente, as injustas punições”4.

Teoria Materialista da Pena


A teoria materialista da pena está conectada ao pensamento socialista de Karl Marx e do
soviético Evguiéni Pachukanis (Eugeny Pasukanis). Para eles, a função da pena é a manuten-
ção da estrutura desigual de classes. A pena privativa de liberdade seria uma forma de punição
específica e característica da sociedade capitalista, possuidora de fins econômicos. O Direito,
de forma mais ampla, configuraria uma superestrutura imprescindível para a disciplina das re-
lações sociais no seio do capitalismo, pois ele constrói a categoria da “igualdade”. A desigual-
dade econômica entre os burgueses – detentores dos meios de produção – e os proletários
– produtores propriamente ditos, vendedores da força de trabalho – seria compensada pela
igualdade jurídica, que lhes daria isonomia de condições contratuais.5
Assim, na teoria materialista, a pena ajuda o Estado a assegurar a ordem política e a man-
ter o padrão de acumulação de capital, garantindo que a classe subordinada permaneça em
seu papel de marginalidade. O Direito Penal funciona como um garantidor da propriedade pri-

4
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo: RT, 2002, p. 268.
5
GUIMARÃES, Claudio Alberto Gabriel. Funções da Pena Privativa de Liberdade no Sistema Penal Capitalista. 381f. Tese
(Doutorado em Direito) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006, p. 54 e ss.

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vada e da ordem econômica desigual. E como o Direito Penal é a forma mais bruta de Direito,
ele simboliza o Direito como um todo, em sua função de garantir a manutenção da dominação
de classes.
Como se pode notar, é uma teoria da pena conectada aos aportes da Criminologia Crítica,
que desmente a tese de neutralidade do sistema penal. Alessandro Baratta compartilha desse
pensamento. No Brasil, Juarez Cirino dos Santos defende a teoria materialista, assim como os
demais autores de viés crítico.

Parte II – Classificações da Prevenção Delitiva


A prevenção delitiva é o conjunto de ações que buscam evitar a ocorrência do delito.
No Estado Democrático de Direito, a prevenção deve levar em consideração a complexa di-
nâmica criminal. Ações preventivas não são somente as atividades policiais e do Poder Judici-
ário. Todos os setores do Poder Público devem se envolver com o tema, agindo conjuntamente.
Além das classificações que já vimos, relativas às teorias da pena, há outras maneiras de
classificar a prevenção. Uma das possibilidades é a diferenciação entre prevenção direta e in-
direta. Outra, a classificação em prevenção primária, secundária e terciária.

Prevenção Direta x Prevenção Indireta


Essa é uma das possibilidades de classificação que leva em conta o momento da interven-
ção. A prevenção direta atua no crime que está prestes a ocorrer, enquanto a indireta atua nas
causas que levam à delinquência.

Prevenção indireta

As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito espe-
cificamente. É uma atuação profilática, com campo de atuação extenso e intenso, que busca
todas as causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas.
Essas medidas de prevenção podem atuar no indivíduo ou no meio social. Quando atu-
am no indivíduo, podem, por exemplo, analisar a personalidade, o caráter e o temperamento,
para tentar moldar a conduta. Podem ainda atuar na cura de doenças, na correção de defeitos
congênitos, na recuperação de alcóolatras e dependentes químicos, na orientação sobre boa
alimentação e qualidade de vida.
Quando atuam no meio social, também procuram melhorar a qualidade de vida, com me-
didas sociais, políticas, econômicas etc. Construção de moradias dignas, melhoramento das
condições dos bairros mais carentes, aumento da rede de esgoto, universalização do ensino
público, oferta de cursos profissionalizantes, medidas de planejamento familiar são exemplos
comumente citados de prevenção indireta.

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Prevenção Direta

As medidas de prevenção direta relacionam-se com a infração criminal que está prestes a
ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter criminis. É o caso da intervenção policial,
das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídico-processual de delitos e até mesmo das
políticas públicas de desestímulo a alguma prática delitiva concreta.

Prevenção Primária X Secundária X Terciária


Essa é outra possibilidade de classificação da prevenção, e leva em conta o momento e
os destinatários das medidas preventivas. Ao lado da catalogação em prevenção geral e es-
pecial, positiva e negativa, essa que vamos estudar agora é a classificação que mais aparece
em provas.

Prevenção Primária

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se


preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo,
que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, sanea-
mento básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se
destina à coletividade.
Como se orienta para as causas do crime, diz-se que essa é uma prevenção etiológica e é
considerada muito eficaz. No entanto, acabam sendo pouco empregadas por não apresenta-
rem resultados imediatos.
Aqui se encaixam as políticas públicas e os programas de prevenção do delito de inspira-
ção político-social: devem ser resolvidas as situações de carência, as desigualdades, os confli-
tos da sociedade, para que desapareçam as causas que levam à criminalidade.
O fortalecimento de vínculos sociais, de valores cívicos e da consciência sobre o cum-
primento das normas são, igualmente, medidas de prevenção primária quando destinadas à
coletividade como um todo (quando endereçadas a um grupo específico, são medidas de pre-
venção secundária).
A prevenção primária guarda, portanto, correlação com a prevenção indireta que estuda-
mos na classificação anterior.

Prevenção Secundária

Essa prevenção atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além


dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção
situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de curto a
médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator.

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Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos potenciais delinquentes e pelo modus
operandi – local, horário, vítima.
Trata-se de uma prevenção que coloca as oportunidades para o cometimento do crime em
primeiro plano. Parte-se da ideia de que pessoas de diferentes sexos, idades, classes sociais
têm diferentes chances de serem protagonistas de um delito ou de se tornarem vítimas desses
crimes. A política legislativa penal, a ação policial, o controle social penal se encaixam nesse
tipo de prevenção.
Dentro da ideia de prevenção secundária se encontram, também, as práticas derivadas do
routine activity approach, ou enfoque das atividades cotidianas, que advêm da teoria das ati-
vidades rotineiras, típica do modelo clássico e neoclássico da opção racional (vimos isso na
aula 2!). Como já analisamos, para esse enfoque, o crime ocorre quando convergem em tempo
e espaço os seguintes elementos: delinquente motivado; objetivo alcançável; e ausência de
guardião habilitado a prevenir a prática.
Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões pessoais (quem comete cri-
mes? quem são as principais vítimas?), temporais (quando acontecem os crimes?) e espaciais
(onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham importância, pois é nessas
variáveis que se busca intervir.
Assim, o investimento em policiamento ostensivo, as ideias de alteração do ambiente físi-
co, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação de hot spots, embeleza-
mento de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados); de colocação
de barreiras físicas (cadeados, muros, grades, cancelas ou outros métodos de dificultar o aces-
so ao alvo – target hardening); de emprego de técnicas de vigilância de ambientes (câmeras,
vigilância pessoal, ronda de veículos de segurança); de controle dos meios de comunicação
(determinação de que certos assuntos não sejam noticiados, tais como suicídios); de marca-
ção da propriedade ou da coisa subtraída (tinta rosa nas cédulas de dinheiro obtidas com a
explosão de um caixa eletrônico); e de potencialização da culpa (campanhas fortes e tocantes
sobre o abuso de menores ou sobre a condução sob efeito de álcool, destinadas a grupos e
problemas específicos de uma sociedade) são mecanismos típicos de prevenção secundárias,
pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
A prevenção secundária guarda, portanto, correlação com a prevenção direta que estuda-
mos na classificação anterior.
Para García-Pablos de Molina, essas ideias de prevenção secundária legitimam a “ideolo-
gia de segurança” ou “segurança cidadã”, que, apesar do nome vinculado à ideia de cidadania,
impõe práticas não solidárias e pode levar a excessos de vigilância, por trazer implícita uma
ideia de cruzada contra as situações criminógenas. Nessa ideologia de segurança cidadã, o
medo da população cresce; o combate à criminalidade dos poderosos fica em segundo plano,
pois o que interessa é o crime das ruas; movimentos políticos de populismo penal ganham

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força; e verifica-se o desprezo pelas garantias dos cidadãos. Essa ideologia é, por isso, muito
perigosa e considerada uma involução.
No entanto, apesar de todos esses perigos e de não modificar a situação fática que está
na base do problema delitivo, essa é a modalidade de prevenção mais presente na atuação
do Estado, pois ela fornece, em teorias, resultados mais rápidos e diretamente relacionados à
prática criminal.

Prevenção Terciária

Trata-se da prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a
delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.
São programas que pretendem a não consolidação do status de desviado.
Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é es-
tigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para
que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena.
A prevenção terciária enfrenta o fenômeno criminal muito tardiamente: quando ele já ocor-
reu. A ideia é, então, evitar as cerimônias degradantes típicas das instâncias de controle social
formal e fornecer à pena um fim utilitário, um efeito positivo (tratar, ensinar um ofício, fornecer
terapia, educar) e um caráter compatível com os postulados de dignidade da pessoa humana.
Os altos índices de reincidência, de filiação de presos às facções criminosas e de delinqu-
ência dentro do próprio cárcere demonstram a atual incapacidade do Estado brasileiro de lidar
de forma satisfatória com a prevenção terciária.

Não confunda essa classificação de prevenção (primária, secundária e terciária) com a classi-
ficação relativa ao processo de criminalização, que utiliza as mesmas categorias.
• criminalização primária: é aquela realizada pelo legislador ao criar os tipos penais;
• criminalização secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas;
• criminalização terciária: é a estigmatização realizada pelo sistema prisional durante a
execução da pena.

Parte III - Modelos de Reação ao Crime


Na nossa primeira aula, expliquei a você que uma das funções da Criminologia é fazer
uma avaliação dos diferentes modelos de resposta ao crime. Vamos analisar agora como a
Criminologia tem classificado esses modelos. São basicamente três modelos: o dissuasório;
o ressocializador; e o integrador. Ao final veremos um quarto modelo – o de segurança cidadã
– que não está, ainda, consagrado na Criminologia.

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Mais uma vez, é importante raciocinar que os modelos não são necessariamente excluden-
tes entre si. Um país pode adotar algumas práticas típicas de um modelo, e outras relaciona-
das com outros modelos.

Modelo Dissuasório
Segundo esse modelo, também chamado de modelo clássico, a pretensão punitiva do Es-
tado – por meio da prevenção e imposição de uma pena – produz o efeito de dissuadir as
pessoas à prática criminal. Baseia-se na ideia da racionalidade do criminoso: o potencial de-
linquente, diante das normas e do aparato penal, ponderará sobre os malefícios do castigo o
optará pela conduta conforme a lei. Nesse modelo, é importante que o sistema de persecução
penal conte com normas completas e órgãos sólidos, mas que os operadores do sistema re-
cordem que o Direito Penal não é promotor de transformações sociais.
Como se percebe, a vítima e a comunidade ocupam posições marginais no modelo dissua-
sório. Posição central é ocupada, sobretudo, pelo Estado, e também pelo delinquente.
Nesse modelo, como há crença no efeito dissuasório da pena, defende-se o recrudesci-
mento do sistema penal como forma de prevenção do delito. É, portanto, um modelo que pode
facilmente levar a excessos punitivistas.
O modelo dissuasório possui estreita conexão com a finalidade de prevenção geral nega-
tiva da pena. Leis que criam tipos penais, aumentam pena, agravam o regime de cumprimento
são exemplos de iniciativas que se encaixam no modelo dissuasório.

Modelo Ressocializador
Trata-se de modelo que tem como objetivo a reinserção social do infrator. A pena é, por-
tanto, boa para o delinquente. Esse modelo está intimamente conectado com a prevenção es-
pecial positiva e com a prevenção terciária. Em função dessa conexão com a ressocialização,
ou seja, com a atribuição de um caráter utilitário para a pena, é considerado um modelo mais
humanista, se comparado com o modelo dissuasório.
Se no modelo dissuasório a pretensão estatal punitiva ocupa um papel central, no modelo
ressocializador esse papel é ocupado pela pessoa delinquente. Os efeitos estigmatizantes das
engrenagens penais demonstram que é necessário que se busque a neutralização dos efeitos
nocivos do castigo.
Esse modelo parte de um pressuposto de solidariedade social: não se pode simplesmente
impor um castigo, mas deve-se, ao revés, ver se a pena tem efeitos positivos sobre o delinquen-
te. É necessário que o Direito Penal olhe para o futuro e reconheça seu poder de transforma-
ção social.
O delito é visto como um déficit nos processos de socialização do delinquente. É necessá-
rio que a pena lhe dê a assistência necessária para superar esse isolamento. O delito também

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pode ser visto como sintoma da vontade débil do criminoso. Quando se encara o delinquente
como fraco, inválido, necessitando de ajuda para poder guiar sua vida, se diz que o Direito
Penal é correcional. Na visão correcional, o Direito Penal tem pretensão pedagógica e tutelar.
O castigo, portanto, existiria para o bem do delinquente. Nesse modelo, a dignidade do in-
frator é exaltada, mas ainda são deixados de lado os interesses da vítima.
Mais uma vez, vale reiterar que, ao menos no Brasil (e praticamente na totalidade dos pa-
íses) esse modelo é uma ficção, já que as taxas de ressocialização apresentam índices tanto
mais baixos quanto mais amplas são as taxas de encarceramento.

Modelo Integrador (Restaurador, Consensual)


Esse modelo leva em consideração o fato de que o delito não é apenas um problema entre
o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Assim, o modelo
integrador busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações sociais. Também
é chamado de modelo reparador, restaurador, restaurativo, consensual ou, ainda, de justiça
criminal negociada.
Com discurso positivo e otimista, propugna as ideias de “Justiça restaurativa”: procedi-
mentos de mediação, conciliação e reparação são utilizados para apaziguar as situações de-
correntes do fenômeno criminal. Trata-se de resgatar a dimensão interpessoal do crime: os
envolvidos devem realizar a gestão participativa do conflito. Geralmente, ficam de fora do al-
cance dos procedimentos de justiça restaurativa tanto os delitos muito graves como os delitos
muito leves: os primeiros porque não podem ficar sujeitos a procedimentos muito flexíveis
como os de conciliação; os segundos porque não podem se submeter a procedimentos tão
lentos e complexos. Mas como demonstrarei daqui a pouco, essa não é uma regra absoluta e
os delitos de pequeno potencial ofensivo têm sido abarcados por esse modelo no Brasil.

A mediação aponta, sem dúvida, uma nova saída ao velho sistema de justiça clássica. (...) a media-
ção sugere uma solução realista, não punitiva, empática e solidária, aos conflitos sociais, integrando
o infrator na comunidade. (...) Sendo assim, a mediação sugere um compromisso comunitário. (...)
A justiça restaurativa é, paradoxalmente, mais exigente com o infrator, pois não se contenta com
que este cumpra o castigo merecido, nem sequer com que repare o mal que causou à sua vítima e à
comunidade. Pretende, sobretudo, que ele se envolva ativa e responsavelmente na busca negociada
de uma solução válida. Que assuma a realidade do dano causado e sua própria responsabilidade.6

Natacha de Oliveira explica que o modelo restaurador compreende a exposição dos fatos
e sentimentos pela vítima e a assunção de culpa pelo ofensor, de forma voluntária e confi-
dencial, pelo processo de compreensão do mal praticado, garantindo-se a assistência jurídica
necessária.7

6
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; introdu-
ção às bases criminológicas da Lei 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5.ed. São Paulo: RT, 2006, p. 405.
7
OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 2 ed. Salvador: Juspodium, 2019, p. 179.

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Dos três modelos apresentados, o modelo integrador é o que confere à vítima o papel mais
ativo na resposta do delito.
O modelo consensual é visto como superior aos demais por: perseguir metas e objetivos
exigentes; se servir de bases flexíveis e informais; e apresentar custos sociais menores.
O que se tenta, com os mecanismos de justiça consensual, é encontrar, para os conflitos
sociais, uma solução realista, não punitiva, empática, solidária. É comum, na Criminologia, que
se utilize o termo diversion para se referir a essas práticas alternativas, em geral de inspira-
ção anglo-saxônica, que buscam solucionar os conflitos à margem do sistema legal, por meio
de procedimentos mais informais. Afinal, já que a Criminologia tem demonstrado os efeitos
perniciosos da prisão e do próprio processo penal, é necessário buscar vias alternativas que
resolvam de maneira eficaz e com menor custo os conflitos.
Para García-Pablos de Molina, a justiça restaurativa, ao contrário da benevolência de que
parece ser dotada, é muito exigente com o infrator. Afinal, não se contenta com que ele cumpra
o castigo, nem com que repare o mal. Ela pretende que o ofensor se envolva ativa e responsa-
velmente na busca negociada de uma solução válida. Há um conteúdo pedagógico na concilia-
ção, que faz com que se exija que o infrator perceba o dano que causou, que ele se comunique
com a vítima e que ele esteja disposto a reparar o mal causado. Porque se houver imposição,
não há que se falar em modelo consensual de justiça.
No verdadeiro modelo integrador, não há espaço para cerimônias degradantes de reprova-
ção. Isso é melhor para o criminoso, para a sociedade como um todo (porque gera uma quan-
tidade menor de indivíduos estigmatizados e que entrariam em uma carreira criminal) e para a
administração da justiça, já que as técnicas de mediação, conciliação e reparação melhoram,
diante da opinião pública, a deteriorada imagem da justiça. Afinal, na aplicação do modelo
consensual, a justiça dá tratamento personalizado a cada caso, se vale de flexibilidade, de lin-
guagem mais simples, de procedimentos menos rígidos e formais, e isso tudo faz com que a
população inteira encare com mais simpatia a administração da justiça.
Para Pablos de Molina, os procedimentos do modelo consensual têm, em linhas gerais,
quatro fases:
• seleção dos casos que podem estar sujeitos ao modelo;
• sondagem da atitude e disposição das partes envolvidas para a obtenção de um acordo;
• tratamento comunicativo e construtivo do conflito;
• acordo entre as partes.

Atualmente, o modelo consensual de justiça apresenta saldos positivos, sobretudo no que


diz respeito à delinquência de jovens. As principais propostas são de aplicar procedimentos
que fornecem uma resposta progressista ao crime, não repressiva, desinstitucionalizada, me-
nos formal, à margem do sistema, evitando o efeito estigmatizante que está presente no pro-
cesso penal, mesmo antes da pena. Há, todavia, ao se devolver a resolução do crime aos

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implicados, o perigo de haver rigor desmedido, irracionalidade. Por isso, é necessário que os
países encontrem mecanismos que permitam desburocratizar a solução de conflitos, envolver
os implicados, mas atentando para que os direitos constitucionais do imputado não sejam
vulnerados.

Modelo Consensual Brasileiro

Como já mencionei antes, para García-Pablos de Molina seria um erro reservar a conciliação
para as infrações leves, já que ela almeja metas pedagógicas ambiciosas. Para conflitos pe-
quenos, pode ser suficiente a advertência, a multa ou qualquer outra sanção menos complexa.
O Brasil não seguiu exatamente essa prescrição. Mas seguiu a tendência internacional de
separar a grande da pequena e média criminalidade. Parte-se da ideia de que o ordenamento
jurídico deve fornecer reações quantitativa e qualitativa distintas para cada tipo de infração.
A lei n. 9.0999/95, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, e a lei n.
10.259/01, que dispõe sobre esses juizados na Justiça Federal, definem as categorias de infra-
ção de menor potencial ofensivo e infração de médio potencial ofensivo.
As infrações de menor potencial ofensivo são todas as contravenções e todos os delitos
cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse dois anos. Para elas se aplicam integralmente
os institutos despenalizantes da lei, como composição civil dos danos, transação penal e sus-
pensão condicional do processo.
As infrações de médio potencial ofensivo são os crimes que possuem pena máxima supe-
rior a dois anos, mas cuja pena mínima cominada em abstrato seja igual ou inferior a um ano.
Elas admitem a suspensão condicional do processo.
Todas essas infrações integram o que se chama espaço de consenso.

Repare que para ser catalogada como infração de MENOR potencial ofensivo, olha-se a PENA
MÁXIMA prevista abstratamente, que não pode ser maior que DOIS ANOS.
E para ser catalogada como infração de MÉDIO potencial ofensivo, olha-se a pena máxima
(que será necessariamente superior a dois anos, pois caso contrário seria uma infração de
menor potencial ofensivo), mas principalmente a PENA MÍNIMA prevista abstratamente, que
deve ser de no máximo UM ANO.

No espaço de consenso devem permanecer as criminalidades pequena e média. Esse es-


paço busca a ressocialização do autor e pode implicar o recuo de certos direitos e garantias
fundamentais para que se respeite o princípio da autonomia da vontade. Há, então, uso volun-
tariamente limitado de direitos e garantias fundamentais. A ideia é aplicar, na maior extensão
possível, o princípio da intervenção mínima, assim como as penas ou medidas alternativas.
Para que as infrações pequenas e médias passassem a integrar o espaço de consenso, foi

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fundamental o reconhecimento da insuficiência ou mesmo falência do sistema penal clássico.


É o fim da crença na capacidade de o sistema penal lidar de maneira exitosa com todas as
infrações (“full enforcement”) e na capacidade dissuasória da pena severa (“deterrence”). Ao
lado do princípio da verdade material, abre-se espaço para a verdade consensuada.
No espaço de conflito fica a criminalidade grave. Nesse espaço impera a contrariedade, o
antagonismo e o estrito respeito a todos os direitos e garantias individuais.
O modelo consensual brasileiro está organizado em torno de três princípios fundamentais:
• Princípio da oportunidade regrada: em algumas hipóteses previstas em lei, o Ministé-
rio Público pode dispor da persecução penal para propor alguma medida alternativa.
O princípio da oportunidade ou disponibilidade pura é o que rege a ação penal privada:
o ofendido decide se quer ou não iniciar ou dar continuidade a uma ação penal. Com o
princípio da oportunidade regrada, confere-se ao Ministério Público o poder de dispor
da resposta estatal cominada abstratamente (pena de prisão ou multa) nas ações pe-
nais públicas. Como o Ministério Público não pode abrir mão integralmente de qualquer
resposta estatal, não é um princípio de oportunidade absoluto, mas sim um princípio
de oportunidade regrada. O Ministério Público pode, em audiência, propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multa. Essa aplicação depende de aceitação
do imputado. O juiz deve fiscalizar se a eventual aceitação do imputado está sendo feita
com total liberdade e consciência. No instante em que o autor do fato conforma-se com
a sanção, ocorre o que se chama de conformidade penal. Na conformidade simples, o
autor do fato aceita na íntegra a proposta feita pelo Ministério Público. Na complexa, o
autor faz uma contraproposta e inicia-se uma espécie de conciliação na presença do
juiz. De qualquer maneira, quando aceita a proposta, dá-se uma transação, em que o
autor do fato abre mão do exercício de uma série de direitos e garantias fundamentais
• Princípio da autonomia da vontade: como acabei de explicar, sem a aceitação do impu-
tado, não há transação nem conciliação. E também como acabei de explicar, a transação
implica abrir mão de direitos e garantias fundamentais. Afinal, o procedimento das leis
n. 9.099/95 e 10.259/01 é mais célere, simplificado, o que pode concorrer para a supres-
são de alguns direitos inerentes ao clássico devido processo legal. Isso pode ocorrer
porque o modelo consensual faz com que o acusado prescinda de alguns direitos funda-
mentais (busca da verdade real, dilação probatória, segurança jurídica) para que sejam
privilegiados outros direitos igualmente fundamentais, tais como dignidade da pessoa
humana, não-estigmatização, ressocialização etc.
• Princípio da desnecessidade da pena de prisão: a pena de prisão de curta duração é ne-
fasta, podendo, além de inútil, ser um gatilho para o desencadeamento de uma carreira
criminal. Reconhece-se que a pena de prisão embrutece, estigmatiza, é dessocializadora
e fator de criação de mais crime, consubstanciado na reincidência.

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Modelo de Segurança Cidadã


Como vimos, usualmente fala-se na existência de três modelos de reação ao delito. García-
-Pablos de Molina explica que eles são modelos ideais e que refletem uma evolução positiva
no pensamento criminológico, porque à ideia de dissuasão e punição vão sendo incorporadas
outras funções, como a reinserção do infrator, a reparação do dano, a pacificação social etc.
Ele alerta, no entanto, para o perigo de as atuais tendências político-criminais significarem uma
regressão. E afirma que talvez seja o momento de falar em um novo modelo, denominado de
segurança cidadã.
Esse modelo, apesar do nome vinculado à ideia de cidadania, impõe práticas pouco solidá-
rias e pode levar a excessos de vigilância, por trazer implícita uma ideia de cruzada contra as
situações criminógenas. Os principais traços desse modelo são:
Protagonismo da delinquência convencional e o correlativo favorecimento da criminalida-
de dos poderosos: perseguição da criminalidade de rua e adoção de atitude resignada frente
aos obstáculos que existem para perseguir o crime dos poderosos;
Predomínio do sentimento coletivo de insegurança cidadã e de medo do crime: crime como
preocupação principal no “ranking” dos problemas comunitários; desmedida confiança na efe-
tividade das proibições penais; rigor e incompreensão da delinquência;
Exacerbação e substantividade dos interesses das vítimas: interesses particulares das
vítimas influenciam profundamente um ramo do Direito Público (Direito Penal), inclusive se
contrapondo aos interesses do delinquente por um julgamento justo e uma execução voltada
à reinserção.
Populismo e politização partidária: a opinião pública, formada pelos meios de comunica-
ção social, a vítima e a população mais simples são os agentes sociais que mais influenciam
nas decisões legislativas. A opinião de especialistas e operadores jurídicos tem sido desacre-
ditada. Essa dinâmica populista acelera o tempo legislativo, restringe debates elementares e
recorre ao alarme social para fazer aprovar leis de urgência.
Endurecimento do rigor penal e revalorização do componente aflitivo da população: confe-
re-se respeitabilidade social aos sentimentos de vingança e de necessidade de endurecimento
das penas e de seus regimes de execução.
Confiança ilimitada nos órgãos estatais penais e desprezo pelo sistema de garantias: ge-
neralização da opinião de que vale a pena renunciar às garantias em prol de maior efetividade
e sistema penal.
Implicação direta da sociedade na luta contra a delinquência: colaboração da comunidade
com a Polícia, seja com programas de autoproteção das vítimas, programas de controle vici-
nal, bem como com o desempenho, pela comunidade, de funções tradicionalmente reservadas
aos órgãos de controle social formal. É o caso dos serviços de segurança privada, das clínicas
particulares de desintoxicação de drogas etc.

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Do paradigma etiológico ao paradigma do controle: opção, no pensamento criminológico


da década de 1990, pelos programas de controle social, que partem do pressuposto de que o
crime é consequência da falta, mau funcionamento ou falhas do controle social, que deve ser
incrementado.
Em resumo, nessa ideologia de segurança cidadã, o medo da população cresce; o combate
à criminalidade dos poderosos fica em segundo plano, pois o que interessa é o crime das ruas;
movimentos políticos de populismo penal ganham força; e verifica-se o desprezo pelas garan-
tias dos cidadãos. Essa ideologia é, por isso, muito perigosa e considerada uma involução.
Bem, aqui encerramos nossas aulas de Criminologia em PDF para o concurso de Delegado
da Polícia Federal. Espero que você tenha aprendido muito. Não deixe de fazer as questões, de
ler os gabaritos comentados e de me procurar (se for no Instagram, @profmaribarreiras), seja
para tirar dúvidas, seja para desabafar e, principalmente, para me contar da sua aprovação.
Fico na torcida! Nos vemos nas carreiras públicas! Foi lindo!

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RESUMO
Prevenção criminal: conjunto de medidas, públicas ou privadas, adotadas com o objetivo
de impedir a prática de delitos, abarcando tanto as políticas sociais para redução da delinquên-
cia, como as políticas criminais para o fornecimento de respostas penais adequadas.
Estado Democrático de Direito: medidas preventivas devem ser priorizadas em relação às
repressivas. Medidas de cunho não penal devem ser largamente empregadas. Tanto a popula-
ção como todos os setores do Poder Público e todos os entes da federação (União, Estados,
DF, Municípios) devem se envolver com o tema, agindo conjuntamente. Deve-se reconhecer a
onipresença do crime.

Teorias da Pena

Teorias justificacionistas x Teorias negacionistas


Teorias negacionistas: não reconhecem legitimidade na intervenção jurídico-penal (orien-
tações político-criminais de viés abolicionista).
Teoria agnóstica da pena (Eugenio Raúl Zaffaroni, Em Busca das Penas Perdidas, 1991):
vivemos uma situação de progressiva perda das penas. As penas têm se tornado inflição de
dor sem sentido, sem racionalidade. É o que ele chama de conceito de pena agnóstico quanto
à função: um conceito que confessa não conhecer a função da pena. Além de agnóstico, é um
conceito negativo de pena: pois não reconhece qualquer função positiva na pena, mas somen-
te a função negativa de causar dor e privação.
Teorias justificacionistas: reconhecem a legitimidade do sistema penal. Dividem-se em
dois grandes ramos: teorias absolutas e teoria relativas da pena.
Teorias absolutas x Teorias relativas
Teorias absolutas (retributivas): o fim da pena é a imposição de um castigo. A pena não
necessita de outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mesmo. Teorias que olham
para o passado. Impedem a instrumentalização do indivíduo para fins preventivos e delimitam
a magnitude da pena.
Kant: filósofo alemão do século XVIII. Lei penal é um imperativo categórico: se a justiça
desaparecer, não há mais sentido para a vida humana. Ex: sociedade, instalada numa ilha, está
prestes a deixar de existir. Ainda nesse caso permanece a necessidade de infligir a pena ao
último criminoso, porque a pena não é útil para a sociedade, não é pedagógica. A pena é uma
retribuição moral que se encerra em si mesma.
Hegel: filósofo alemão que viveu entre os séculos XVIII e XIX. Pena é retribuição jurídica.
O delito é a negação do direito. A pena é a negação do delito. Logo, a pena é a negação da
negação do direito.
Teorias relativas (preventivas): a pena deve ter um fim socialmente útil. São teorias que
olham para o futuro. A ideia é prevenir que outros crimes sejam praticados.
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Prevenção geral: destinada à comunidade como um todo.


Prevenção geral negativa: A pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cida-
dãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação, na
utilização do medo. Teoria inclinada ao terror.
Prevenção geral positiva (integradora): a pena reforça (caráter positivo) a confiança da
população (caráter geral) no sistema jurídico como um todo, promovendo integração social.
Prevenção geral positiva fundamentadora x limitadora
Prevenção geral positiva fundamentadora: afirmação da vigência da norma perante a so-
ciedade, da garantia de valores éticos e sociais da coletividade, por meio de previsões legais
que imponham uma pena a condutas que desrespeitem valores fundamentais;
Prevenção geral positiva limitadora: encara a pena como um instrumento a mais de or-
ganização da coletividade, que se diferencia dos demais por seu caráter formal e pela subor-
dinação a princípios e fundamentos importantes e essenciais para sua validade e eficiência.
Preocupação em limitar a intervenção jurídico-penal do Estado frente aos direitos individuais
dos cidadãos.
Prevenção geral positiva eticizante x sistêmica:
• Prevenção geral positiva eticizante: (Hans Welzel) o Direito Penal promove integração
social, pois enfatiza valores ético-sociais. Tutela dos bens jurídicos mais relevantes.
• Prevenção geral positiva sistêmica: (Günther Jakobs) o Direito Penal promove integra-
ção social porque serve como instrumento de estabilização do sistema social. Quando
ocorre um crime, o sistema social se desequilibra, e a aplicação da pena recupera esse
equilíbrio. Baseada na teoria dos sistemas, de Niklas Luhmann. Possibilidade de chegar
a formulações de Direito Penal máximo.

Prevenção especial: dirige-se ao criminoso em particular, e não à generalidade de pessoas.


Prevenção especial negativa: a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (caráter
especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Trata-se de isolar, de inocuizar, de
neutralizar.
Prevenção especial positiva: pena deve objetivar a ressocialização (caráter positivo) do
condenado (caráter especial). Pena com caráter pedagógico.
Teorias mistas (ecléticas ou unificadoras): realizam a combinação de finalidades retributi-
vas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes. Ex: Brasil, art. 59 do Código Penal:
ao se estabelecer a pena em um caso concreto, será observado se ela é necessária e suficiente
para reprovação e prevenção do crime.
Claus Roxin: teoria dialética unificadora. Há três momentos importantes para assinalar a
finalidade da pena: a cominação, a aplicação e a execução. Na cominação, o legislador deve
se orientar pela função de prevenção geral, tanto positiva (fortalecimento da consciência jurí-
dica), como negativa (intimidação das pessoas). Na aplicação da pena, confirma-se a função

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de prevenção geral, mas acrescenta-se a função de prevenção especial, limitada à medida da


culpabilidade do indivíduo. Na execução, tem relevância a função de prevenção especial posi-
tiva, de ressocialização.
Direito Penal do Inimigo (Günther Jakobs, 1985): distinção entre cidadãos e inimigos. Ci-
dadão: quando autor de um fato delitivo, danifica a vigência da norma, sem deixar, no entanto,
de oferecer garantia de que se conduzirá, em linhas gerais, conforme as regras. A pena pas-
sa a mensagem para toda a sociedade de que a norma segue vigente. Inimigo: afasta-se de
maneira duradoura e decidida do Direito. Não admite ser obrigado a entrar em um estado de
cidadania e não pode, portanto, participar dos benefícios do conceito de pessoa. Não se fala
em pena, mas em eliminação de perigo. No Direito Penal do Cidadão, ou simplesmente Direito
Penal, a pena tem caráter de prevenção geral positiva. No Direito Penal do Inimigo, caráter de
prevenção especial negativa. Maior parte dos criminólogos condena a previsão de um Direito
Penal do inimigo, defendendo que, em um Estado Democrático de Direito, não é possível con-
siderar ninguém como inimigo.
Garantismo (Luigi Ferrajoli, Direito e Razão, 1989): fim do sistema penal levaria a uma anar-
quia punitiva, com respostas selvagens. Daí a importância de permanência do Direito Penal,
com todas suas garantias. A pena possuiria dois objetivos: prevenção dos delitos e prevenção
das penas informais. A prevenção do delito está relacionada com o máximo bem-estar possí-
vel dos não desviantes. A prevenção de penas informais está relacionada com o mínimo mal-
-estar necessário dos desviantes.
Teoria materialista da pena (Karl Marx, Pachukanis): a função da pena é a manutenção da
estrutura desigual de classes. A pena privativa de liberdade seria uma forma de punição espe-
cífica e característica da sociedade capitalista, possuidora de fins econômicos.

Classificações da Prevenção Delitiva

Prevenção direta x Prevenção Indireta


Prevenção direta: atua no crime que está prestes a ocorrer. Interferem no iter criminis.
Prevenção indireta: atua nas causas que levam à delinquência. Podem atuar no indivíduo
(análise de personalidade, cura de doenças, recuperação de dependentes químicos) ou no
meio social (melhoria da qualidade de vida, com medidas sociais, políticas, econômicas etc.).
Prevenção primária x secundária x terciária
Prevenção primária: voltada para as causas do cometimento do crime (educação, con-
dições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento básico, saúde, emprego, lazer).
Opera a médio e longo prazo e se destina à coletividade.
Prevenção secundária: atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas,
além dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de pre-
venção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de
curto a médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o

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infrator. Ex: policiamento, colocação de barreiras físicas, técnicas de vigilância de ambientes


de controle dos meios de comunicação, marcação da propriedade ou da coisa subtraída, po-
tencialização da culpa. Modalidade de prevenção mais presente na atuação do Estado.
Prevenção terciária: prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que
voltem a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.

Modelos de Reação ao Crime

Os modelos não são necessariamente excludentes entre si. Um país pode adotar algumas
práticas típicas de um modelo, e outras relacionadas com outros modelos. São três os mode-
los principais e consagrados na Criminologia.
Modelo dissuasório (clássico): a pretensão punitiva do Estado – por meio da prevenção e
imposição de uma pena – produz o efeito de dissuadir as pessoas à prática criminal. Baseia-se
na ideia da racionalidade do criminoso. É importante que o sistema de persecução penal conte
com normas completas e órgãos sólidos. Posições centrais são ocupadas pelo Estado e pelo
delinquente. Defende-se o recrudescimento do sistema penal como forma de prevenção do
delito. Pode facilmente levar a excessos punitivistas.
Modelo ressocializador: tem como objetivo a reinserção social do infrator. É considerado
um modelo mais humanista, se comparado com o modelo dissuasório. Papel central é ocupa-
do pela pessoa delinquente.
Modelo integrador (restaurador, consensual, reparador): o delito não é apenas um proble-
ma entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Assim,
o modelo integrador busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações sociais.
Propugna as ideias de “Justiça restaurativa”: procedimentos de mediação, conciliação e re-
paração. Resgate da dimensão interpessoal do crime: os envolvidos devem realizar a gestão
participativa do conflito. Geralmente, ficam de fora do alcance dos procedimentos de justiça
restaurativa tanto os delitos muito graves como os delitos muito leves. Confere à vítima papel
mais ativo na resposta do delito.
No Brasil, a justiça consensual relativa aos delitos é modelo de controle social formal trila-
teral imparcial e conciliatório. A lei n. 9.0999/95, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis
e criminais, e a lei n. 10.259/01, que dispõe sobre esses juizados na Justiça Federal, criaram
as categorias de infração de menor potencial ofensivo (pena máxima até 2 anos) e infração de
médio potencial ofensivo (pena mínima até 1 ano). Integram o que se chama espaço de con-
senso. Esse espaço busca a ressocialização do autor e pode implicar o recuo de certos direitos
e garantias fundamentais. Está organizado em torno de três princípios fundamentais:
• Princípio da oportunidade regrada: em algumas hipóteses previstas em lei, o Ministério
Público pode dispor da persecução penal para propor alguma medida alternativa. Essa
aplicação depende de aceitação do imputado. Quando aceita a proposta, dá-se uma
transação, em que o autor do fato abre mão do exercício de uma série de direitos e ga-
rantias fundamentais
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• Princípio da autonomia da vontade: sem a aceitação do imputado, não há transação


nem conciliação. O procedimento é mais célere, simplificado. O acusado pode prescin-
dir de alguns direitos fundamentais (busca da verdade real, dilação probatória, seguran-
ça jurídica) para que sejam privilegiados outros direitos igualmente fundamentais, tais
como dignidade da pessoa humana, não-estigmatização, ressocialização etc.
• Princípio da desnecessidade da pena de prisão: a pena de prisão de curta duração é ne-
fasta, podendo, além de inútil, ser um gatilho para o desencadeamento de uma carreira
criminal.

Modelo de segurança cidadã:


• García-Pablos de Molina fala em um novo modelo (seria o 4º, mas ainda não consagra-
do) denominado de segurança cidadã, que impõe práticas não solidárias e pode levar
a excessos de vigilância, por trazer implícita uma ideia de cruzada contra as situações
criminógenas. Os principais traços desse modelo são:
• Protagonismo da delinquência convencional e o correlativo favorecimento da criminali-
dade dos poderosos;
• Predomínio do sentimento coletivo de insegurança cidadã e de medo do crime;
• Exacerbação e substantividade dos interesses das vítimas;
• Populismo e politização partidária;
• Endurecimento do rigor penal e revalorização do componente aflitivo da população;
• Confiança ilimitada nos órgãos estatais penais e desprezo pelo sistema de garantias;
• Implicação direta da sociedade na luta contra a delinquência:
• Do paradigma etiológico ao paradigma do controle.

Na ideologia de segurança cidadã, o medo da população cresce; o combate à criminalida-


de dos poderosos fica em segundo plano; movimentos políticos de populismo penal ganham
força; e verifica-se o desprezo pelas garantias dos cidadãos. Ideologia muito perigosa e consi-
derada uma involução.

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MAPAS MENTAIS

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue
o próximo item.
As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à
solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária.

002. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Em busca do melhor sis-


tema de enfrentamento à criminalidade, a Criminologia estuda os diversos modelos de reação
ao delito. A respeito desses modelos, assinale a opção correta.
a) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o con-
flito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de
resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
b) Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudes-
cem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá so-
pesar o castigo com o eventual proveito obtido.
c) Para a Criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem
com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como prota-
gonistas na solução do conflito.
d) A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação
aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma
inserção positiva do apenado no seio social.
e) O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como
forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.

003. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) A Criminologia considera que o


papel da vítima varia de acordo com o modelo de reação da sociedade ao crime. No modelo
a) clássico, a vítima é a responsável direta pela punição do criminoso, sendo figura protagonis-
ta no processo penal.
b) ressocializador, busca-se o resgate da vítima, de modo a reintegrá-la na sociedade.
c) retribucionista, o objetivo restringe-se ao ressarcimento do dano pelo criminoso à vítima.
d) da justiça integradora, a vítima é tida como julgadora do criminoso.
e) restaurativo, o foco é a participação dos envolvidos no conflito em atividades de reconcilia-
ção, nas quais a vítima tem um papel central.

004. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.

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A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia
de educação, a redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de
vida, enquanto a prevenção primária é voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e
reintegração social.

005. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A alteração dos espaços físicos e urbanos, como, por exemplo, a elaboração de novos dese-
nhos arquitetônicos e o aumento da iluminação pública, pode ser considerada uma forma de
prevenção delituosa.

006. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
Medidas indiretas de prevenção delitiva visam atacar as causas do crime: cessada a causa,
cessam seus efeitos.

007. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Dados publicados em dezembro


de 2017 pelo Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de superlotação nos
estabelecimentos prisionais na ordem de 197,4%.
(Agência de Notícias, Empresa Brasil de Comunicação)
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlota-
ção carcerária aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a
I – prevenção primária.
II – prevenção secundária.
III – prevenção terciária.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

008. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Considerando que, para


a Criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de me-
didas preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto cri-
minológico.
a) A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins
lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de pre-
venção terciária do delito.

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b) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez
que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no
processo motivacional do infrator.
c) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que
opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a
curto prazo, dispensando prestações sociais.
d) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades
policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não
solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção
terciária do delito.
e) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias
atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

009. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) No que se refere aos métodos de com-


bate à criminalidade, a Criminologia analisa os controles formais e informais do fenômeno de-
litivo e busca descrever e apresentar os meios necessários e eficientes contra o mal causado
pelo crime. A esse respeito, assinale a opção correta.
a) A Criminologia distingue os paradigmas de respostas conforme a finalidade pretendida,
apresentando, entre os modelos de reação ao delito, o modelo dissuasório, o ressocializador e
o integrador como formas de enfrentamento à criminalidade. Em determinado nível, admitem-
-se como conciliáveis esses modelos de enfrentamento ao crime.
b) Como modelo de enfrentamento do crime, a justiça restaurativa é altamente repudiada pela
Criminologia por ser método benevolente ao infrator, sem cunho ressocializador e pedagógico.
c) O modelo dissuasório de reação ao delito, no qual o infrator é objeto central da análise cien-
tífica, busca mecanismos e instrumentos necessários à rápida e rigorosa efetivação do castigo
ao criminoso, sendo desnecessário o aparelhamento estatal para esse fim.
d) O modelo ressocializador de enfrentamento do crime propõe legitimar a vítima, a comunida-
de e o infrator na busca de soluções pacíficas, sem que haja a necessidade de lidar com a ira
e a humilhação do infrator ou de utilizar o ius puniendi estatal.
e) A doutrina admite pacificamente o modelo integrador na solução de conflitos havidos em
razão do crime, independentemente da gravidade ou natureza, uma vez que o controle formal
das instâncias não se abdica do poder punitivo estatal.

010. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) A Criminologia reconhece que não basta


reprimir o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Con-
siderando essa informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
a) Para a moderna Criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta
das estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.

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b) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o


delito, com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de
maior concentração de criminalidade.
c) No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na
sociedade, de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são
considerados pela Criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a
criminalidade.
d) Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando ofere-
cidos à sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do
delito, capaz de abrandar os fenômenos criminais.
e) A doutrina da Criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito,
uma vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal
e promover meios de ressocialização do apenado.

011. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue


o próximo item.
Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determi-
nados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secun-
dária do delito.

012. (CESPE/2018/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO) A respeito da política criminal, da Criminolo-


gia, da aplicação da lei penal e das funções da pena, julgue os itens subsequentes.
I – Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o criminoso como
agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da norma penal e seus efeitos, mas obser-
vando principalmente as causas que levam à delinquência, com o fim de possibilitar o aperfei-
çoamento dogmático do sistema penal.
II – A política criminal constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios de controle so-
cial da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar reformas na legislação positivada.
III – O Direito Penal positivado no ordenamento penal brasileiro corrobora a teoria absoluta,
porquanto consagra a ideia do caráter retributivo da sanção penal.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I,II e III.
c) II e III.
d) I e III.
e) I.

013. (CESPE/2015/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO) A respeito do objeto de estudo do Direito


Penal, do Direito Penal do autor e das teorias da pena, julgue o item seguinte.
O discurso da teoria da prevenção geral negativa é criticado porque confunde o direito em geral
e toda a ética social com o poder punitivo.

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014. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) A prevenção primária do delito ocor-


re por meio de implementação de medidas efetivas voltadas à ressocialização do apenado.

015. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Como ações profiláticas contra o cri-


me, a doutrina apresenta uma série analítica de prevenções, incidente no estado democrático
de direito. A respeito de prevenção, julgue o item seguinte.
A prevenção terciária do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas so-
ciais pelo estado social de direito, que consiste na adoção de medidas mais eficazes de pre-
venção ao delito.

016. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às teorias da Criminolo-


gia e à prevenção da infração penal no estado democrático de direito, julgue o item subsequen-
te acerca dos modelos de reação ao delito.
O cumprimento dos deveres legais por parte do apenado recluso constitui instrumento de rea-
ção ao delito analisado pelo modelo restaurador: o real impacto do castigo aplicado ao indiví-
duo no caso concreto é capaz de aferir os diagnósticos e de proporcionar adequadas soluções
para prevenir a reincidência.

017. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às teorias da Criminolo-


gia e à prevenção da infração penal no estado democrático de direito, julgue o item subsequen-
te acerca dos modelos de reação ao delito.
O modelo integrador baseia-se na ideia do criminoso racional, que, ao ponderar os malefícios
do castigo pelo crime cometido, opta por respeitar a lei, especificamente diante da eficácia da
lei e dos métodos de tratamento penitenciário.

018. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Tendo o Direito Penal a missão subsi-


diária de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre desenvolvimento do indivíduo, e, ainda,
sendo a pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal, após a reforma do Código Penal
Brasileiro, em 1984, é correto afirmar que a finalidade da pena é
a) repreensiva e abusiva.
b) punitiva e reparativa.
c) retributiva e preventiva (geral e especial).
d) ressocializadora e reparativa.
e) punitiva e distributiva.

019. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) A prevenção terciária da infração penal,


no Estado Democrático de Direito, está relacionada
a) ao controle dos meios de comunicação.
b) aos programas policiais de prevenção.

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c) à ordenação urbana.
d) à população carcerária.
e) ao surgimento de conflito.

020. (VUNESP/2015/PC-CE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE) Assinale a alter-


nativa correta em relação aos modelos teóricos de reação social ao delito.
a) São três os modelos: o dissuasório, o ressocializador e o integrador; o primeiro, também
conhecido como modelo clássico, tem o foco na punição do criminoso, procurando mostrar
que o crime não compensa; o segundo tem o foco no criminoso e sua ressocialização, procu-
rando reeducá-lo para reintegrá-lo à sociedade; e o terceiro, conhecido como justiça restaura-
tiva, que defende uma intervenção mínima estatal em que o sistema carcerário só atuará em
último caso.
b) Apresentam dois modelos bem distintos: o tradicional e o moderno, por entender que um
tem foco na punição e recuperação do delinquente, e o outro tem foco na reparação do delito;
o primeiro olha para o delinquente e o segundo, somente para a vítima, não importando a recu-
peração do delinquente.
c) Estão divididos em dois modelos: o concreto e o abstrato, nos quais os objetivos são co-
muns, ou seja, ambos estão focados no sujeito ativo do delito e em como fazer com que ele
não volte a delinquir; o primeiro visa aplicar uma pena privativa de liberdade e o segundo, uma
pena pecuniária.
d) São três os modelos teóricos: o moderno, o contemporâneo e o tradicional; o modelo mo-
derno objetiva tratar a prevenção do delito como um problema social, no qual todos têm res-
ponsabilidade na ressocialização do criminoso; o modelo contemporâneo entende que há ne-
cessidade das penas serem proporcionais ao bem jurídico protegido, enquanto que o modelo
tradicional busca no sistema de justiça criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e
Sistema Penitenciário) a efetividade para a prevenção do delito.
e) São caracterizados por três modelos, também conhecido como as três velocidades do Di-
reito Penal, um Direito Penal mais “duro” para os crimes mais violentos, um Direito Penal mais
brando, como, por exemplo, para os crimes de menor potencial ofensivo e um Direito Penal
intermediário, um meio termo, para os demais crimes.

021. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa que contém um


exemplo de prevenção de infrações penais preponderantemente primária.
a) Construção de uma praça com equipamentos de lazer em uma comunidade com altos índi-
ces de criminalidade e de vulnerabilidade social com o fim de evitar que jovens daquele local,
em especial em situação de risco, envolvam-se com a criminalidade.
b) Projeto Começar de Novo, que visa devolver aos cumpridores de pena e egressos a autoes-
tima e a cidadania suprimidas com a privação de sua liberdade, por meio de ações de caráter
preventivo, educativo e ressocializador, atuando, assim, na humanização, a fim de que referido

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público valorize a liberdade e passe a fazer escolhas melhores em sua vida, evitando o retorno
ao cárcere.
c) Implementação de sistemas de leitores óticos de placas de veículos nas ruas e avenidas da
cidade de Salvador para identificação de veículos relacionados a algum tipo de crime.
d) Bloqueio que impeça a ativação e utilização de aparelhos de telefonia celular subtraídos do
legítimo proprietário por meio de uma conduta criminosa.
e) Melhoria de atendimento pré e pós-natal a todas as gestantes de uma determinada cidade
com a finalidade de reduzir os índices criminais no município.

022. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) No Estado Democrático


de Direito a prevenção criminal é integrante da agenda federativa passando por vários setores
do Poder Público, não se restringindo à Segurança Pública e ao Judiciário. Com relação à pre-
venção criminal, assinale a afirmativa correta:
a) A prevenção primária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o
problema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
b) A prevenção secundária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social,
atuando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.
c) A prevenção terciária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o pro-
blema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
d) A prevenção secundária tem como destinatário o condenado, se orientando a evitar a reinci-
dência da população presa por meio de programas reabilitadores e ressocializadores.
e) A prevenção primária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social, atu-
ando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.

023. (MPDFT/2011/MPDFT/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Assinale a alternativa falsa:


a) As teorias criminológicas de cunho etiológico-individualizante têm na personalidade defici-
tária do criminoso o principal fator explicativo da criminalidade.
b) A teoria da anomia e a teoria da subcultura representam exemplos do paradigma criminoló-
gico etiológico sócio-cultural.
c) A prevenção geral negativa, por meio da punição do autor do delito, tem por propósito des-
motivar outros membros da sociedade a realizarem condutas similares.
d) A teoria da prevenção geral positiva limitadora concebe o Direito Penal como um instrumen-
to a mais de controle social, caracterizado pela sua formalização.
e) A teoria preventiva especial positiva atribui à pena a função declarada de ressocializar o
agente, o que o faz por meio da inocuização.

024. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) A teoria da prevenção


a) geral positiva remonta aos ideais da Criminologia crítica de resistência ao poder puniti-
vo estatal.
b) especial negativa tem como exemplo concreto as saídas temporárias na execução penal.

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c) geral negativa é utilizada como discurso legitimador de novas incriminações, a despeito de


dificuldades empíricas de sua comprovação na realidade brasileira.
d) da pena em suas múltiplas correntes possui efetividade real na sociedade brasileira diante
da previsão legal e das estatísticas oficiais.
e) geral negativa foi criada pelo pensamento funcionalista contemporâneo e tem previsão ex-
pressa na legislação brasileira.

025. (MP-GO/2005/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Entre as principais teorias relativas ou preven-


tivas ou utilitárias sobre a pena, a teoria da prevenção especial positiva sustenta que a pena
tem por finalidade reintegrar o condenado no meio social.

026. (TJ-PR/2010/TJ-PR/JUIZ) Na busca por novas formas de resoluções de conflitos acerca


de condutas criminalizadas, face ao notório insucesso e crise do tradicional modelo de Justiça
Penal, vem emergindo a Justiça Restaurativa, que se destaca por ser alternativa condizente
com o respeito aos Direitos Humanos e à dignidade da pessoa humana para dirimir confli-
tos tanto na esfera Penal quanto no âmbito da Infância e Juventude. Em relação à Justiça
Restaurativa, avalie se as assertivas a seguir são falsas (F) ou verdadeiras (V) e assinale a
opção CORRETA.

(  ) Sistema retributivo baseado no delito como ofensa à seguridade social.


(  ) Identificada como uma justiça penal social inclusiva.
 (  ) Revitalização da vítima em processo dialogado e fundado no princípio consensual.
 (  ) Modelo retributivo, de resposta imposta verticalmente e concretizada pela aplicação de
pena pelo Estado ao autor da conduta criminalizada.

a) F, V, V, F
b) V, V, V, V
c) V, F, V, V
d) V, F, F, V

027. (NC-UFPR/2014/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Na Criminologia, é frequente o debate


a respeito das funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria
a função de:
a) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
b) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
c) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infra-
ções penais.
d) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
e) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infra-
ções penais.

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028. (VUNESP/2019/TJ-RO JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Dentre as escolas e doutrinas


penais apresentadas a seguir, a que adota como finalidade da pena exclusivamente a preven-
ção geral positiva é:
a) a Escola Positivista.
b) a Escola Correcionalista.
c) a Escola Técnico-jurídica.
d) o Funcionalismo de Gunther Jakobs.
e) a Escola Clássica.

029. (FCC/2019/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às críticas feitas por parte da


doutrina às teorias preventivas da pena, é correto afirmar:
a) A falha que se aponta na teoria da prevenção geral positiva, no modelo de Günther Jakobs,
é que ela legitima a imposição da pena nos casos de delitos mais refinados, que acarretam
maior danosidade social, mas admite a abstenção das agências penais em relação aos delitos
de massa, típicos da classe menos abastada.
b) Uma das críticas feitas à teoria da prevenção geral negativa é que a medida da pena não
teria relação com a gravidade do fato praticado, mas sim dependeria do grau de periculosidade
do agente, isto é, da probabilidade de voltar a delinquir e representar um risco à sociedade.
c) A teoria da prevenção geral positiva, na sua versão eticizada, parte do falso pressuposto de
que todo delito afeta valores ético-sociais comuns à coletividade, desconsiderando o fato de
que nas sociedades modernas multiculturais não há um sistema de valores único, o que enseja
uma ditadura ética.
d) A principal crítica que se faz à teoria da prevenção especial negativa é que, ao contrário da
ideologia ressocializadora por ela propagada, a criminalização e a prisonização do indivíduo
não possibilitam o seu melhoramento moral ou psicológico, mas apenas deterioram a sua
personalidade.
e) O problema central da teoria da prevenção especial positiva é que ela pretende reforçar a
confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do delito, utilizando o indiví-
duo, autor da infração, como instrumento para obtenção desse fim.

030. (MPE-SC/2014/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Conforme a teoria da prevenção ge-


ral negativa, a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor desista de cometer novas
infrações, assumindo assim caráter ressocializador e pedagógico.

031. (FCC/2017/DPE-SC/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Sobre a teorias da pena, é cor-


reto afirmar:
a) O exame criminológico cumpre o projeto ressocializador determinado pelo ordenamento
jurídico, pois permite a aferição concreta desta função da pena.
b) A prevenção especial positiva relaciona-se com a concepção etiológica de crime.

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c) A Lei de Crimes Hediondos comprovou na prática seus objetivos declarados de prevenção


geral negativa.
d) A implementação de um programa de direitos humanos nos presídios brasileiros passa pela
implementação das ideias de prevenção geral positiva.
e) As funções de prevenção e retribuição do delito são realizadas no direito brasileiro, pois es-
tão previstas expressamente no Código Penal.

032. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Em relação aos


preceitos da Criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o
sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue.
O castigo como reprimenda penal por meio do confronto entre o Estado e o infrator de maneira
polarizada caracteriza o modelo criminológico contemporâneo.

033. (CESPE/2015/DEPEN AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção geral negativa age para garantir a segurança social, com a
concepção de que a reintegração social é medida necessária para impedir ou, ao menos, dimi-
nuir a reincidência criminosa dos condenados à pena privativa de liberdade.

034. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção especial positiva da pena está direcionada para a coletivi-
dade, no sentido de que a imposição e a execução da pena são úteis, respectivamente, para
intimidar e neutralizar os criminosos.

035. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A função preventiva especial, em razão do caráter abstrato da previsão legal dos delitos e das
penas, enfoca o delito e não o infrator individualmente.

036. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista relativa pode ser de caráter geral ou especial e considera a pena como
meio para a realização do fim utilitário da prevenção de futuros delitos.

037. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista absoluta concebe a pena como uma finalidade em si mesma, por ca-
racterizar a pena pelo seu intrínseco valor axiológico.

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038. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a liberdade


assistida e a prestação de serviços comunitários pelos criminosos estão inseridas como me-
didas de prevenção
a) primária.
b) imediata.
c) controlada.
d) secundária.
e) terciária.

039. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) No tocante à temática da prevenção da in-


fração à lei penal, é correto afirmar que a prevenção
a) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reinte-
gração do preso na sociedade.
b) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de quali-
dade, tais como saúde, educação e segurança.
c) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
d) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
e) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

040. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Aqueles que atribuem à pena privativa de li-


berdade função de prevenir a infração penal unicamente através da segregação do delinquente
são adeptos da teoria que defende a função ________ da pena.
Completa corretamente a lacuna:
a) retributiva
b) preventiva especial positiva
c) preventiva geral negativa
d) preventiva geral positiva
e) preventiva especial negativa

041. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se que a


prevenção criminal terciária:
a) é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em
sua origem.
b) é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração
familiar e social.
c) constitui uma das formas de participação popular na gestão pública.
d) representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da criminalidade.
e) é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas delitivas.

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042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Constituem medidas


diretas de prevenção do delito, dentre outras:
a) o planejamento familiar e a alfabetização de adultos.
b) os programas de incentivo à qualificação profissional.
c) a campanha de prevenção de doenças e o incentivo à frequência a cultos religiosos
d) os programas de construção de moradias populares.
e) as políticas públicas de desestímulo ao jogo de azar, à prostituição e ao consumo de dro-
gas ilícitas

043. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Compreende-se


por “prevenção delitiva” o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. Assim
sendo, a prevenção terciária está focada.
a) na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada
região, favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico.
b) no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a rein-
cidência, é realizada por meio de medidas socioeducativas e ressocializadoras.
c) na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste, como edu-
cação, emprego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz.
d) nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear problemas cri-
minais; apresenta-se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação.
e) no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e controle familiar,
estruturado nos programas sociais do governo com apoio financeiro.

044. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A prevenção criminal secundária


é aquela que atua
a) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evi-
tando sua reincidência.
b) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial,
programas de apoio e controle das comunicações.
c) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individu-
ais e sociais.
d) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança.
e) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com progra-
mas psicológicos e de assistência social.

045. (IADES/2017/PMDF/POLICIAL MILITAR) A prevenção que tem por destinatário o reclu-


so (ou seja, a população presa) e por objetivo evitar a reincidência denomina-se prevenção
a) primária.
b) secundária.

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c) terciária.
d) quaternária.
e) quinaria.

046. (FCC/2013/TRT 15ª REGIÃO/SEGURANÇA) Na moderna concepção de prevenção das


infrações penais e o Estado Democrático de Direito,
a) as atuações do Poder Judiciário e do Ministério Público enquadram-se na prevenção terciária.
b) a efetiva materialização de políticas públicas faz parte da prevenção primária do crime.
c) o trabalho desenvolvido pelas instituições públicas ou privadas na área social, qual seja, a
responsabilidade social, faz parte da prevenção secundária.
d) a construção de presídios e a atuação dos policiais são analisadas de forma apartada na
questão das prevenções primária, secundária e terciária.
e) a atuação das Organizações Não Governamentais, ONG, tem hoje enquadramento na pre-
venção secundária e, às vezes, na terciária.

047. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O legislador brasileiro, ao dispor


sobre as funções da reprimenda pela prática de infração penal no artigo 59 do Código Penal –
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabe-
lecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime..., adotou
a teoria da
a) função reeducativa da pena.
b) função de prevenção especial da pena.
c) função de prevenção geral da pena.
d) função retributiva da pena.
e) função mista ou unificadora da pena.

048. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A prevenção terciária


consiste em
a) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à
violência doméstica.
b) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer
ou de praticar delitos.
c) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimida-
ção aos demais criminosos.
d) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso
do sistema prisional.
e) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da cri-
minalidade.

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049. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) O modelo restaura-


dor de reação ao delito, também conhecido por modelo integrador ou de justiça restaurativa,
tem por objetivo(s)
a) aplicar pena ao condenado, buscando desestimulá-lo à prática de novos delitos.
b) buscar a recuperação do delinquente, proporcionar assistência à vítima e restabelecer o
controle social abalado pela prática do delito.
c) punir o delinquente, como meio de castigá-lo e retribuir-lhe o mal pelo delito praticado.
d) proteger os bens jurídicos violados pela prática delitiva.
e) reinserir o condenado à sociedade por meio da religião e da laborterapia.

050. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A modalidade preventiva


que cuida da diminuição das oportunidades que influenciam na vontade delitiva, dificultando a
prática do crime, é chamada de prevenção
a) geral.
b) qualitativa.
c) especial.
d)quantitativa.
e) situacional.

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GABARITO
1. E 37. C
2. c 38. e
3. e 39. C
4. E 40. e
5. C 41. b
6. C 42. e
7. b 43. b
8. e 44. b
9. a 45. c
10. d 46. b
11. C 47. e
12. a 48. d
13. C 49. b
14. E 50. e
15. E
16. E
17. E
18. c
19. d
20. a
21. e
22. e
23. e
24. c
25. C
26. a
27. c
28. d
29. c
30. E
31. b
32. E
33. E
34. E
35. E
36. C

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GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue
o próximo item.
As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à
solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária.

Os programas mencionados se inserem na categoria de prevenção secundária, que é aquela


que atua considerando os locais, os momentos, os grupos em que os crimes ocorrem. Tam-
bém pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de
risco, oportunidades para o crime.
Errado.

002. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Em busca do melhor sis-


tema de enfrentamento à criminalidade, a Criminologia estuda os diversos modelos de reação
ao delito. A respeito desses modelos, assinale a opção correta.
a) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o con-
flito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de
resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
b) Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudes-
cem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá so-
pesar o castigo com o eventual proveito obtido.
c) Para a Criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem
com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como prota-
gonistas na solução do conflito.
d) A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação
aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma
inserção positiva do apenado no seio social.
e) O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como
forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.

Medidas despenalizadoras, como é o caso da transação penal e da suspensão condicional do


processo, são exemplos de respostas típicas do modelo consensual ou integrador, que leva em
consideração o fato de que o delito não é apenas um problema entre o Estado e o criminoso: há
outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Assim, o modelo integrador busca conciliar

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o conflito, reparar o dano e pacificar as relações sociais. Também é chamado de modelo repa-
rador, restaurador, restaurativo, consensual ou, ainda, de justiça criminal negociada.
a) Errada. No modelo clássico ou dissuasório, o foco reside na pretensão punitiva do Estado:
por meio da prevenção e imposição de uma pena proporcional ao dano causado, produz-se o
efeito de dissuadir as pessoas da prática criminal.
b) Errada. O modelo ressocializador se preocupa em afastar a reincidência, mas não em fun-
ção do recrudescimento do sistema penal, e sim da imposição de penas que não sejam es-
tigmatizantes e criminógenas, ou seja, que proponham uma inserção positiva do apenado no
seio social.
d) Errada. A inserção positiva do apenado no seio social faz parte do modelo ressocializador.
e) Errada. O modelo que confere especial relevância ao “ius puniendi” estatal é o modelo dissu-
asório. O modelo integrador não está centrado no jus puniendi, e sim na aproximação e diálogo
entre as partes envolvidas no conflito, para que se pacifiquem as relações.
Letra c.

003. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) A Criminologia considera que o


papel da vítima varia de acordo com o modelo de reação da sociedade ao crime. No modelo
a) clássico, a vítima é a responsável direta pela punição do criminoso, sendo figura protagonis-
ta no processo penal.
b) ressocializador, busca-se o resgate da vítima, de modo a reintegrá-la na sociedade.
c) retribucionista, o objetivo restringe-se ao ressarcimento do dano pelo criminoso à vítima.
d) da justiça integradora, a vítima é tida como julgadora do criminoso.
e) restaurativo, o foco é a participação dos envolvidos no conflito em atividades de reconcilia-
ção, nas quais a vítima tem um papel central.

O modelo restaurativo, ou integrador, com discurso positivo e otimista, propõe mediação, con-
ciliação e reparação para apaziguar as situações decorrentes do fenômeno criminal. Trata-se
de resgatar a dimensão interpessoal do crime: os envolvidos devem realizar a gestão participa-
tiva do conflito. O modelo integrador é o que confere à vítima o papel mais ativo na resposta do
delito. Na letra A, o modelo dissuasório clássico confia na pretensão punitiva do Estado – por
meio da prevenção e imposição de uma pena –, que produz o efeito de dissuadir as pessoas
à prática criminal. Vítima e comunidade ocupam posições marginais no modelo dissuasório.
Posições centrais são ocupadas pelo Estado e pelo delinquente. Na letra B, o modelo ressocia-
lizador busca o resgate e a reinserção social do infrator, e não da vítima. Na letra C, o modelo
de reação ao delito com viés retribucionista é o modelo clássico, em que não há preocupação
com o ressarcimento da vítima. Na letra D, apesar de a vítima recuperar um pouco de seu pro-
tagonismo no modelo integrador, não há que se falar em julgamento do criminoso pela vítima.
Esse papel cabe ao Estado.
Letra e.

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004. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia
de educação, a redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de
vida, enquanto a prevenção primária é voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e
reintegração social.

É exatamente o oposto. A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento


do crime. Ela se preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário,
por exemplo, que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde,
emprego. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina à coletividade. Já a
prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delin-
quir. Busca afastar a reincidência.
Errado.

005. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A alteração dos espaços físicos e urbanos, como, por exemplo, a elaboração de novos dese-
nhos arquitetônicos e o aumento da iluminação pública, pode ser considerada uma forma de
prevenção delituosa.

A alteração dos espaços físicos e urbanos pode configurar medida de prevenção, mais especi-
ficamente prevenção secundária. Essa prevenção atua considerando os potenciais e eventuais
criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode
ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela
é voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se
interessa pelas causas do delito, mas sim pelas formas – local, horário, vítima – de seu come-
timento. Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões temporais (quando acon-
tecem os crimes?) e espaciais (onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham
importância, pois é nessas variáveis que se busca intervir. Assim, ideias de alteração do am-
biente físico, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação, embelezamento
de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados) são mecanismos típi-
cos de prevenção secundárias, pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
Certo.

006. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.

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Medidas indiretas de prevenção delitiva visam atacar as causas do crime: cessada a causa,
cessam seus efeitos.

As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito especifi-
camente. Realizam atuação profilática, com campo de atuação extenso, que busca todas as
causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas. A ideia é
que cessada a causa, cessam os efeitos. Diferem das medidas diretas que se relacionam com
a infração criminal que está prestes a ocorrer ou em formação. As medidas diretas interferem,
portanto, no iter criminis.
Certo.

007. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Dados publicados em dezembro


de 2017 pelo Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de superlotação nos
estabelecimentos prisionais na ordem de 197,4%.
(Agência de Notícias, Empresa Brasil de Comunicação)
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlota-
ção carcerária aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a
I – prevenção primária.
II – prevenção secundária.
III – prevenção terciária.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

A superlotação carcerária afeta a prevenção terciária, que é aquela voltada para o preso e o
egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Essa prevenção busca afastar a reincidên-
cia. Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é
estigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso,
para que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da
pena. A prevenção primária – voltada para as causas do cometimento do crime – e a preven-
ção secundária – que atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem – não são diretamente afetadas pela super-
lotação carcerária.
Letra b.

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008. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Considerando que, para


a Criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de me-
didas preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto cri-
minológico.
a) A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins
lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de pre-
venção terciária do delito.
b) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez
que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no
processo motivacional do infrator.
c) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que
opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a
curto prazo, dispensando prestações sociais.
d) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades
policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não
solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção
terciária do delito.
e) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias
atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a de-
linquir. Busca afastar a reincidência. Nas letras A e B, temos medidas de prevenção primária,
que é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. A prevenção primária se preo-
cupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o
Estado forneça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde, emprego. Na letra
C, a prevenção primária é muito eficaz, por atua nas mais variadas causas da criminalidade;
opera a médio e longo prazo; envolve múltiplas prestações sociais; e se destina à coletividade.
Na letra D, a investigação não é exatamente uma medida de prevenção, mas sim de reação ao
delito. Mas caso se entenda que o apoio policial serve também para evitar o cometimento de
novos crimes, deve-se compreender que se trata de medida de prevenção secundária. Essa
prevenção atua considerando os locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Também
pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco.
Letra e.

009. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) No que se refere aos métodos de com-


bate à criminalidade, a Criminologia analisa os controles formais e informais do fenômeno de-
litivo e busca descrever e apresentar os meios necessários e eficientes contra o mal causado
pelo crime. A esse respeito, assinale a opção correta.

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a) A Criminologia distingue os paradigmas de respostas conforme a finalidade pretendida,


apresentando, entre os modelos de reação ao delito, o modelo dissuasório, o ressocializador e
o integrador como formas de enfrentamento à criminalidade. Em determinado nível, admitem-
-se como conciliáveis esses modelos de enfrentamento ao crime.
b) Como modelo de enfrentamento do crime, a justiça restaurativa é altamente repudiada pela
Criminologia por ser método benevolente ao infrator, sem cunho ressocializador e pedagógico.
c) O modelo dissuasório de reação ao delito, no qual o infrator é objeto central da análise cien-
tífica, busca mecanismos e instrumentos necessários à rápida e rigorosa efetivação do castigo
ao criminoso, sendo desnecessário o aparelhamento estatal para esse fim.
d) O modelo ressocializador de enfrentamento do crime propõe legitimar a vítima, a comunida-
de e o infrator na busca de soluções pacíficas, sem que haja a necessidade de lidar com a ira
e a humilhação do infrator ou de utilizar o ius puniendi estatal.
e) A doutrina admite pacificamente o modelo integrador na solução de conflitos havidos em
razão do crime, independentemente da gravidade ou natureza, uma vez que o controle formal
das instâncias não se abdica do poder punitivo estatal.

Uma das funções da Criminologia é fazer uma avaliação dos diferentes modelos de resposta
ao crime. São basicamente três modelos: o dissuasório; o ressocializador; e o integrador. Não
são modelos que necessariamente se excluem. Em certa medida, é possível conciliar, num
mesmo ordenamento, medidas que atendam a diferentes modelos. No modelo dissuasório, a
pretensão punitiva do Estado – por meio da prevenção e imposição de uma pena – produz o
efeito de dissuadir as pessoas à prática criminal. O modelo ressocializador tem como objetivo
a reinserção social do infrator. Já o modelo integrador leva em consideração o fato de que o
delito não é apenas um problema entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro
do fenômeno criminal. Assim, busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações
sociais. Na letra B, a justiça restaurativa não é repudiada pela Criminologia. Ao contrário, é
aceita e incentivada contemporaneamente. Na letra C, o erro está em dizer que é desnecessá-
rio o aparelhamento estatal, quando na verdade para o modelo dissuasório é importante que
o sistema de persecução penal conte com normas completas e órgãos sólidos. Na letra D, o
modelo ressocializador busca a reinserção social do infrator. O modelo que busca a solução
pacífica é o modelo integrador. Na letra E, o erro está em dizer que o modelo integrador pode
ser aplicado independentemente da gravidade. Nesse modelo, geralmente ficam de fora do
alcance dos procedimentos de justiça restaurativa tanto os delitos muito graves como os deli-
tos muito leves: os primeiros porque não podem ficar sujeitos a procedimentos muito flexíveis
como os de conciliação; os segundos porque não podem se submeter a procedimentos tão
lentos e complexos.
Letra a.

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010. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) A Criminologia reconhece que não basta


reprimir o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Con-
siderando essa informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
a) Para a moderna Criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta
das estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
b) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o
delito, com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de
maior concentração de criminalidade.
c) No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na
sociedade, de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são
considerados pela Criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a
criminalidade.
d) Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando ofere-
cidos à sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do
delito, capaz de abrandar os fenômenos criminais.
e) A doutrina da Criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito,
uma vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal
e promover meios de ressocialização do apenado.

A alternativa D traz exemplos de medidas de prevenção primária, que é o tipo de prevenção


voltada para as causas do cometimento do crime. A prevenção primária se preocupa em neu-
tralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o Estado for-
neça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde, emprego. Alguém pode ter
considerado a alternativa D errada por julgar que iluminação pública é medida de prevenção
secundária. Mas depende: a iluminação pública é uma medida de prevenção primária quando
é dirigida à coletividade de maneira geral, ou seja, quando se insere no panorama de melhoria
das condições de moradia e vida das pessoas. A melhoria da iluminação pública pode ser
considerada uma medida de prevenção secundária quando se destina a equacionar os pro-
blemas concretos de uma localidade específica. Quando, por exemplo, as estatísticas revelam
que em determinada praça muitos crimes estão ocorrendo à noite, e decide-se iluminá-la mais
adequadamente porque ali já se verifica um “hot spot”, (ou seja, quando se decide iluminar
porque é necessário minimizar as oportunidades delitivas que ali se instalaram), nesse caso
a iluminação é medida de prevenção secundária. Na letra A, a moderna Criminologia entende
que medidas de prevenção secundária, que alteram o cenário onde os crimes têm ocorrido,
podem levar à obstaculização de novas condutas ilícitas. Na letra B estão descritas medidas
de prevenção secundária. Na letra C estão descritas medidas de prevenção primária. A letra E
descreve a prevenção terciária.
Letra d.
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011. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue


o próximo item.
Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determi-
nados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secun-
dária do delito.

A prevenção secundária se preocupa com a desconstrução de oportunidades para o crime,


considerando os grupos mais vulneráveis à delinquência e à vitimização e os locais e momen-
tos em que os delitos são cometidos. Controle dos meios de comunicação e ordenação urba-
na, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, são típicos exemplos de medidas
de prevenção secundária.
Certo.

012. (CESPE/2018/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO) A respeito da política criminal, da Criminolo-


gia, da aplicação da lei penal e das funções da pena, julgue os itens subsequentes.
I – Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o criminoso como
agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da norma penal e seus efeitos, mas obser-
vando principalmente as causas que levam à delinquência, com o fim de possibilitar o aperfei-
çoamento dogmático do sistema penal.
II – A política criminal constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios de controle so-
cial da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar reformas na legislação positivada.
III – O Direito Penal positivado no ordenamento penal brasileiro corrobora a teoria absoluta,
porquanto consagra a ideia do caráter retributivo da sanção penal.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I,II e III.
c) II e III.
d) I e III.
e) I.

No enunciado I, a Criminologia estuda o crime considerando-o um fenômeno social e conferin-


do extremo peso à Sociologia Criminal. Também estuda o criminoso. Não se restringe à análise
da norma penal e pode até mesmo prescindir delas. Debruça-se – com intensidade variada, a
depender da escola criminológica – sobre a etiologia criminal, isto é, sobre as causas do crime.
Uma de suas finalidades é realizar um diálogo e até mesmo uma crítica do Direito Penal, para
aperfeiçoá-lo (via política criminal). No enunciado II, a política criminal serve de ponte entre a
Criminologia e o Direito Penal, sistematizando as estratégias de controle social da criminalida-

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Estado Democrático de Direito e Prevenção do Delito. Modelos de Reação ao Delito
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de, orientando mudanças na legislação positivada. No enunciado III, o Direito Penal, no tocante
às funções da pena, abarca a teoria mista, já que consagra, em seu art. 59, a ideia de conjugar a
reprovação e a prevenção do crime. Para a teoria absoluta, o fim da pena é a imposição de um
castigo. São as chamadas teorias retributivas, para as quais a pena é uma forma de retribuição
do mal causado. Elas são chamadas de absolutas porque, para elas, a pena não necessita de
outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mesmo. Para as teorias relativas (ou
utilitárias), por sua vez, a pena deve ter um fim socialmente útil, de prevenção.
Letra a.

013. (CESPE/2015/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO) A respeito do objeto de estudo do Direito


Penal, do Direito Penal do autor e das teorias da pena, julgue o item seguinte.
O discurso da teoria da prevenção geral negativa é criticado porque confunde o direito em geral
e toda a ética social com o poder punitivo.

A teoria da prevenção geral negativa deixa sem solução o impasse de delimitar quais são os
comportamentos que o Estado tem legitimidade para intimidar. Fica aberta a questão: todas as
condutas antiéticas ou antijurídicas podem ser tuteladas pelo Direito Penal? Com isso, pode-se
afirmar que o discurso da teoria da prevenção geral negativa confunde o direito em geral e toda
a ética social com o poder punitivo. O âmbito do punível resta indefinido. É uma prevenção que
se ocupa da legalidade mediante coação, mas que não se preocupa com a legitimidade, com
o fundamento do poder estatal de aplicar sanções jurídico-penais.
Certo.

014. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) A prevenção primária do delito ocor-


re por meio de implementação de medidas efetivas voltadas à ressocialização do apenado.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se preo-
cupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o
Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento bá-
sico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina à
coletividade. A prevenção orientada para a ressocialização do preso é denominada prevenção
terciária.
Errado.

015. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Como ações profiláticas contra o cri-


me, a doutrina apresenta uma série analítica de prevenções, incidente no estado democrático
de direito. A respeito de prevenção, julgue o item seguinte.

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A prevenção terciária do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas so-
ciais pelo estado social de direito, que consiste na adoção de medidas mais eficazes de pre-
venção ao delito.

A prevenção terciária do delito é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que
voltem a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização. São programas que pre-
tendem a não consolidação do status de desviado. A prevenção que se preocupa com a imple-
mentação de políticas sociais é a prevenção primária.
Errado.

016. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às teorias da Criminolo-


gia e à prevenção da infração penal no estado democrático de direito, julgue o item subsequen-
te acerca dos modelos de reação ao delito.
O cumprimento dos deveres legais por parte do apenado recluso constitui instrumento de rea-
ção ao delito analisado pelo modelo restaurador: o real impacto do castigo aplicado ao indiví-
duo no caso concreto é capaz de aferir os diagnósticos e de proporcionar adequadas soluções
para prevenir a reincidência.

O modelo restaurador também recebe o nome de integrador, reparador, restaurativo, consensu-


al ou, ainda, de justiça criminal negociada. Ele leva em consideração o fato de que o delito não é
apenas um problema entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno
criminal. Pretende solucionar o problema por meio de uma ação conciliadora, atendendo aos
interesses e exigências de todas as partes envolvidas, com maior protagonismo para a vítima
e com o emprego de soluções criativas, que por vezes distanciam-se da típica resposta penal.
Assim, o modelo integrador busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações
sociais. O cumprimento dos deveres legais por parte do apenado relaciona-se, sobretudo, com
o modelo ressocializador, que tem como objetivo a reinserção social do infrator.
Errado.

017. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às teorias da Criminolo-


gia e à prevenção da infração penal no estado democrático de direito, julgue o item subsequen-
te acerca dos modelos de reação ao delito.
O modelo integrador baseia-se na ideia do criminoso racional, que, ao ponderar os malefícios
do castigo pelo crime cometido, opta por respeitar a lei, especificamente diante da eficácia da
lei e dos métodos de tratamento penitenciário.

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São três, basicamente, os modelos de reação ao delito: dissuasório, ressocializador e integra-


dor. O enunciado diz respeito ao modelo dissuasório, segundo o qual a pretensão punitiva do
Estado – por meio da prevenção e imposição de uma pena – produz o efeito de dissuadir as
pessoas da prática criminal. Esse modelo se baseia na ideia da racionalidade do criminoso: o
potencial delinquente, diante das normas e do aparato penal, ponderará sobre os malefícios do
castigo o optará pela conduta conforme a lei. É importante que o sistema de persecução penal
conte com normas completas e órgãos sólidos, mas é igualmente crucial que os operadores
do sistema recordem que o Direito Penal não é promotor de transformações sociais. O modelo
integrador, por outro lado, leva em consideração o fato de que o delito não é apenas um proble-
ma entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Assim,
o modelo integrador busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações sociais.
Também é chamado de modelo reparador, restaurador, restaurativo, consensual ou, ainda, de
justiça criminal negociada. Com discurso positivo e otimista, propugna as ideias de “Justiça
restaurativa”: procedimentos de mediação, conciliação e reparação são utilizados para apazi-
guar as situações decorrentes do fenômeno criminal.
Errado.

018. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Tendo o Direito Penal a missão subsi-


diária de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre desenvolvimento do indivíduo, e, ainda,
sendo a pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal, após a reforma do Código Penal
Brasileiro, em 1984, é correto afirmar que a finalidade da pena é
a) repreensiva e abusiva.
b) punitiva e reparativa.
c) retributiva e preventiva (geral e especial).
d) ressocializadora e reparativa.
e) punitiva e distributiva.

O art. 59 do Código Penal dispõe que, ao estabelecer a pena em um caso concreto, será obser-
vado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de uma
postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas. E por prevenção, entende-se
que o Código Penal abarca tanto a prevenção geral como a especial. Na prevenção geral, acre-
dita-se que as penas do Código Penal têm impacto na generalidade de pessoas. A pena se
dirige à sociedade como um todo – é genérica, geral –, seja como ameaça (prevenção geral
negativa), seja como reforço da consciência coletiva de respeito ao ordenamento jurídico (pre-
venção geral positiva). Na prevenção especial, a pena se preocupa tanto com o isolamento, a

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neutralização do delinquente por um tempo (prevenção especial negativa) – com a pena priva-
tiva de liberdade, por exemplo –, como com sua ressocialização (prevenção especial positiva).
Letra c.

019. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) A prevenção terciária da infração penal,


no Estado Democrático de Direito, está relacionada
a) ao controle dos meios de comunicação.
b) aos programas policiais de prevenção.
c) à ordenação urbana.
d) à população carcerária.
e) ao surgimento de conflito.

A prevenção terciária é voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a delinquir. Almeja
afastar a reincidência. São programas que pretendem a não consolidação do status de desvia-
do. Buscam-se, por exemplo, alternativas à pena privativa de liberdade, que é estigmatizante.
Procura-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para que ele se
sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena.
Letra d.

020. (VUNESP/2015/PC-CE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE) Assinale a alter-


nativa correta em relação aos modelos teóricos de reação social ao delito.
a) São três os modelos: o dissuasório, o ressocializador e o integrador; o primeiro, também
conhecido como modelo clássico, tem o foco na punição do criminoso, procurando mostrar
que o crime não compensa; o segundo tem o foco no criminoso e sua ressocialização, procu-
rando reeducá-lo para reintegrá-lo à sociedade; e o terceiro, conhecido como justiça restaura-
tiva, que defende uma intervenção mínima estatal em que o sistema carcerário só atuará em
último caso.
b) Apresentam dois modelos bem distintos: o tradicional e o moderno, por entender que um
tem foco na punição e recuperação do delinquente, e o outro tem foco na reparação do delito;
o primeiro olha para o delinquente e o segundo, somente para a vítima, não importando a recu-
peração do delinquente.
c) Estão divididos em dois modelos: o concreto e o abstrato, nos quais os objetivos são co-
muns, ou seja, ambos estão focados no sujeito ativo do delito e em como fazer com que ele
não volte a delinquir; o primeiro visa aplicar uma pena privativa de liberdade e o segundo, uma
pena pecuniária.
d) São três os modelos teóricos: o moderno, o contemporâneo e o tradicional; o modelo mo-
derno objetiva tratar a prevenção do delito como um problema social, no qual todos têm res-
ponsabilidade na ressocialização do criminoso; o modelo contemporâneo entende que há ne-

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cessidade das penas serem proporcionais ao bem jurídico protegido, enquanto que o modelo
tradicional busca no sistema de justiça criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e
Sistema Penitenciário) a efetividade para a prevenção do delito.
e) São caracterizados por três modelos, também conhecido como as três velocidades do Di-
reito Penal, um Direito Penal mais “duro” para os crimes mais violentos, um Direito Penal mais
brando, como, por exemplo, para os crimes de menor potencial ofensivo e um Direito Penal
intermediário, um meio termo, para os demais crimes.

Uma das funções da Criminologia é fazer uma avaliação dos diferentes modelos de resposta
ao crime. São basicamente três modelos: o dissuasório, ou clássico; o ressocializador; e o
integrador. Não são modelos que necessariamente se excluem. Em certa medida, é possível
conciliar, num mesmo ordenamento, medidas que atendam a diferentes modelos. O modelo
dissuasório enfoca a punição. O modelo ressocializador, a reinserção social do delinquente. O
integrador ou consensual busca restabelecer a harmonia das situações. Emprega mediação,
conciliação, reparação, transação penal para apaziguar as situações decorrentes do fenôme-
no criminal. Com isso, retira uma parcela da criminalidade da subsunção aos procedimentos
penais clássicos, revigorando o princípio da intervenção mínima.
Letra a.

021. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa que contém um


exemplo de prevenção de infrações penais preponderantemente primária.
a) Construção de uma praça com equipamentos de lazer em uma comunidade com altos índi-
ces de criminalidade e de vulnerabilidade social com o fim de evitar que jovens daquele local,
em especial em situação de risco, envolvam-se com a criminalidade.
b) Projeto Começar de Novo, que visa devolver aos cumpridores de pena e egressos a autoes-
tima e a cidadania suprimidas com a privação de sua liberdade, por meio de ações de caráter
preventivo, educativo e ressocializador, atuando, assim, na humanização, a fim de que referido
público valorize a liberdade e passe a fazer escolhas melhores em sua vida, evitando o retorno
ao cárcere.
c) Implementação de sistemas de leitores óticos de placas de veículos nas ruas e avenidas da
cidade de Salvador para identificação de veículos relacionados a algum tipo de crime.
d) Bloqueio que impeça a ativação e utilização de aparelhos de telefonia celular subtraídos do
legítimo proprietário por meio de uma conduta criminosa.
e) Melhoria de atendimento pré e pós-natal a todas as gestantes de uma determinada cidade
com a finalidade de reduzir os índices criminais no município.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que

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o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. A melhoria de atendimento às gestantes é uma medida de saúde que beneficia
a população como um todo e que opera a longo prazo, pois contribui para o nascimento e cres-
cimento de indivíduos saudáveis, para a saúde das mulheres. A longo prazo, essa medida pode
favorecer, por exemplo, a existência de lares estruturados e de pessoas plenamente aptas ao
estudo e trabalho. Na letra A, C e D temos exemplos de medidas de prevenção secundária. Na
letra B, exemplo de medida de prevenção terciária.
Letra e.

022. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) No Estado Democrático


de Direito a prevenção criminal é integrante da agenda federativa passando por vários setores
do Poder Público, não se restringindo à Segurança Pública e ao Judiciário. Com relação à pre-
venção criminal, assinale a afirmativa correta:
a) A prevenção primária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o
problema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
b) A prevenção secundária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social,
atuando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.
c) A prevenção terciária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o pro-
blema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
d) A prevenção secundária tem como destinatário o condenado, se orientando a evitar a reinci-
dência da população presa por meio de programas reabilitadores e ressocializadores.
e) A prevenção primária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social, atu-
ando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. Nas letras A e C temos exemplo de prevenção secundária, que atua conside-
rando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os
crimes ocorrem. Na letra B, a prevenção descrita é primária. Na letra D, a prevenção descrita é
terciária: atua sobre o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir.
Letra e.

023. (MPDFT/2011/MPDFT/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Assinale a alternativa falsa:


a) As teorias criminológicas de cunho etiológico-individualizante têm na personalidade defici-
tária do criminoso o principal fator explicativo da criminalidade.

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b) A teoria da anomia e a teoria da subcultura representam exemplos do paradigma criminoló-


gico etiológico sócio-cultural.
c) A prevenção geral negativa, por meio da punição do autor do delito, tem por propósito des-
motivar outros membros da sociedade a realizarem condutas similares.
d) A teoria da prevenção geral positiva limitadora concebe o Direito Penal como um instrumen-
to a mais de controle social, caracterizado pela sua formalização.
e) A teoria preventiva especial positiva atribui à pena a função declarada de ressocializar o
agente, o que o faz por meio da inocuização.

A teoria preventiva especial positiva relaciona-se, de fato, com a ressocialização, mas, para
isso, não utiliza a inocuização, que é sinônimo de neutralização, segregação. A inocuização é,
aliás, o objetivo da prevenção especial negativa. Nas letras A e B, emprega-se a classificação
das teorias criminológicas de Peter-Alexis Albrecht, para quem as escolas podem ser agru-
padas nos seguintes grupos: etiológico-individualizante; etiológico sócio-estrutural; labelling
approach; labelling socialmente orientado. Resumidamente, os dois primeiros fazem parte do
modelo teórico positivista. Os dois últimos, do modelo teórico da reação social. Na letra A,
as teorias de cunho etiológico-individualizante procuram, no corpo do criminoso, as causas
da personalidade criminal, que fazia do delinquente um ser essencialmente diferente do não
delinquente. Na letra B, as teorias da anomia e da subcultura integram o modelo etiológico
de viés sociológico, denominado etiológico sócio-estrutural. Na letra C, a prevenção geral ne-
gativa trata de punir o autor do delito para gera intimidação em todos os demais cidadãos,
para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na utilização do medo, que seria a mola
propulsora da racionalidade humana. A pena é contramotivação. Na letra D, a prevenção geral
positiva limitadora encara a pena, e o Direito Penal, como um instrumento a mais de controle e
organização da coletividade, mas um instrumento que se diferencia dos demais por seu cará-
ter formal e pela subordinação a princípios e fundamentos importantes e essenciais para sua
validade e eficiência.
Letra e.

024. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) A teoria da prevenção


a) geral positiva remonta aos ideais da Criminologia crítica de resistência ao poder puniti-
vo estatal.
b) especial negativa tem como exemplo concreto as saídas temporárias na execução penal.
c) geral negativa é utilizada como discurso legitimador de novas incriminações, a despeito de
dificuldades empíricas de sua comprovação na realidade brasileira.
d) da pena em suas múltiplas correntes possui efetividade real na sociedade brasileira diante
da previsão legal e das estatísticas oficiais.
e) geral negativa foi criada pelo pensamento funcionalista contemporâneo e tem previsão ex-
pressa na legislação brasileira.

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Para a prevenção geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os
cidadãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação,
na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A pena é contra-
motivação. É uma teoria dirigida à toda a coletividade, mas que acaba produzindo efeito nos
potenciais infratores. É bastante utilizada para legitimar tanto a criação de novos tipos penais
como a elevação da pena de delitos já existentes. A prevenção geral negativa é bastante criti-
cada, seja por sua inclinação ao terror (tendência a reforçar o efeito intimidatório elevando os
patamares do castigo), pela impossibilidade de demonstração empírica de sua eficácia dissu-
asória, seja por desconsiderar a confiança que o delinquente tem em não ser descoberto, so-
bretudo em locais como o Brasil, em que há altas taxas de criminalidade organizada e em que
crimes graves com frequência ficam impunes. Na letra A, a prevenção geral positiva reforça
a confiança (caráter positivo) da população (caráter geral) no sistema jurídico como um todo,
promovendo integração social. A prevenção geral positiva também é chamada de integrado-
ra, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência social, da integração
social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade. A Criminologia
Crítica, por sua vez, parte de uma visão conflitual de sociedade: a pena existe para que sejam
mantidas as estruturas de dominação, de coerção. Na letra B, a prevenção especial negativa
trata de segregação, neutralização. As saídas temporárias na execução penal relacionam-se
com a prevenção especial positiva, que cuida de reinserção, ressocialização. Na letra D, as
altas estatísticas criminais oficiais brasileiras revelam que as teorias da prevenção pouco têm
funcionado em nossa sociedade. Na letra E, o pensamento funcionalista contemporâneo, de
Günther Jakobs, relaciona-se com a prevenção geral positiva. Nela, a meta do Direito Penal é
garantir a função orientadora das normas jurídicas e compensar a frustração das expectativas
sociais. A sanção penal não serviria para a proteção de bens jurídicos, mas sim para a reva-
lidação da norma penal. A função da pena é motivar a comunidade a preservar seus valores
fundamentais e a cumprir as expectativas de vigência das normas. A formulação da teoria da
prevenção geral negativa se deve a Feuerbach.
Letra c.

025. (MP-GO/2005/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Entre as principais teorias relativas ou preven-


tivas ou utilitárias sobre a pena, a teoria da prevenção especial positiva sustenta que a pena
tem por finalidade reintegrar o condenado no meio social.

As teorias relativas são as que atribuem peso à prevenção. A prevenção especial é dirigida ao
condenado. A prevenção especial positiva busca a reinserção do apenado.
Certo.
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026. (TJ-PR/2010/TJ-PR/JUIZ) Na busca por novas formas de resoluções de conflitos acerca


de condutas criminalizadas, face ao notório insucesso e crise do tradicional modelo de Justiça
Penal, vem emergindo a Justiça Restaurativa, que se destaca por ser alternativa condizente
com o respeito aos Direitos Humanos e à dignidade da pessoa humana para dirimir confli-
tos tanto na esfera Penal quanto no âmbito da Infância e Juventude. Em relação à Justiça
Restaurativa, avalie se as assertivas a seguir são falsas (F) ou verdadeiras (V) e assinale a
opção CORRETA.

 (  ) Sistema retributivo baseado no delito como ofensa à seguridade social.


 (  ) Identificada como uma justiça penal social inclusiva.
 (  ) Revitalização da vítima em processo dialogado e fundado no princípio consensual.
 (  ) Modelo retributivo, de resposta imposta verticalmente e concretizada pela aplicação de
pena pelo Estado ao autor da conduta criminalizada.

a) F, V, V, F
b) V, V, V, V
c) V, F, V, V
d) V, F, F, V

A Justiça restaurativa se encaixa no modelo integrador e consensual de reação ao delito. Não


faz parte do modelo retributivo, ou seja, do modelo dissuasório clássico. Como pretende solu-
cionar o problema por meio de uma ação conciliadora, atendendo aos interesses e exigências
de todas as partes envolvidas, é considerado um modelo de justiça penal social inclusiva, que
confere mais protagonismo à vítima, já que ela pode dialogar com o seu ofensor.
Letra a.

027. (NC-UFPR/2014/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Na Criminologia, é frequente o debate


a respeito das funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria
a função de:
a) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
b) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
c) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infra-
ções penais.
d) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
e) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infra-
ções penais.

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A prevenção especial dirige-se ao criminoso em particular. Mais especificamente, a prevenção


especial negativa entende que a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (caráter es-
pecial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Segrega-se, inocuiza-se, para que o
cidadão não volte a delinquir.
Letra c.

028. (VUNESP/2019/TJ-RO JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Dentre as escolas e doutrinas


penais apresentadas a seguir, a que adota como finalidade da pena exclusivamente a preven-
ção geral positiva é:
a) a Escola Positivista.
b) a Escola Correcionalista.
c) a Escola Técnico-jurídica.
d) o Funcionalismo de Gunther Jakobs.
e) a Escola Clássica.

No funcionalismo de Günther Jakobs, o Direito Penal possui função de prevenção geral po-
sitiva, ou seja, de reforçar a confiança na validade da norma penal. A meta do Direito Penal é
garantir a função orientadora das normas jurídicas e compensar a frustração das expectativas
sociais. A sanção penal não serviria para a proteção de bens jurídicos, mas sim para a reva-
lidação da norma penal. A função da pena é motivar a comunidade a preservar seus valores
fundamentais e a cumprir as expectativas de vigência das normas.
Letra d.

029. (FCC/2019/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às críticas feitas por parte da


doutrina às teorias preventivas da pena, é correto afirmar:
a) A falha que se aponta na teoria da prevenção geral positiva, no modelo de Günther Jakobs,
é que ela legitima a imposição da pena nos casos de delitos mais refinados, que acarretam
maior danosidade social, mas admite a abstenção das agências penais em relação aos delitos
de massa, típicos da classe menos abastada.
b) Uma das críticas feitas à teoria da prevenção geral negativa é que a medida da pena não
teria relação com a gravidade do fato praticado, mas sim dependeria do grau de periculosidade
do agente, isto é, da probabilidade de voltar a delinquir e representar um risco à sociedade.
c) A teoria da prevenção geral positiva, na sua versão eticizada, parte do falso pressuposto de
que todo delito afeta valores ético-sociais comuns à coletividade, desconsiderando o fato de
que nas sociedades modernas multiculturais não há um sistema de valores único, o que enseja
uma ditadura ética.

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d) A principal crítica que se faz à teoria da prevenção especial negativa é que, ao contrário da
ideologia ressocializadora por ela propagada, a criminalização e a prisonização do indivíduo
não possibilitam o seu melhoramento moral ou psicológico, mas apenas deterioram a sua
personalidade.
e) O problema central da teoria da prevenção especial positiva é que ela pretende reforçar a
confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do delito, utilizando o indiví-
duo, autor da infração, como instrumento para obtenção desse fim.

A prevenção geral positiva eticizante, encabeçada por Hans Welzel, defende que o Direito Penal
promove integração social, pois enfatiza valores ético-sociais e atitudes de respeito à norma.
A ideia é tutelar os bens jurídicos mais relevantes, com a conscientização jurídica da popula-
ção. A prevenção geral positiva eticizante é criticada em função da inexistência de um sistema
único de valores na sociedade. Se o sistema de valores não é único (há muitas culturas, muitas
opiniões divergentes, muitos valores conflitantes), não haveria como se falar em defesa, pelo
Direito Penal, de um conjunto sólido de valores éticos. Na letra A, a principal crítica que se faz
à teoria da prevenção geral positiva sistêmica, de Jakobs, é a tendência de atuação ampliada
do Direito Penal. Como o Direito Penal serve para reforçar a validade das normas, ele pode ser
amplamente utilizado, não sendo necessário que se verifique, no tipo penal, a proteção de um
bem jurídico. Tanto os delitos de massa como os refinados podem ser duramente punidos no
pensamento de Jakobs. Na letra B, a prevenção geral negativa baseia-se na intimidação do
grupo social em geral pela pena e não guarda relação com a medida da pena aplicada a um
indivíduo específico. Como se trata de prevenção geral, é direcionada para toda a coletividade.
Na letra D, a teoria da prevenção especial negativa não propaga uma ideologia ressocializado-
ra, mas sim uma ideologia de segregação, neutralização. A ideologia ressocializadora integra a
teoria da prevenção especial positiva. Na letra E, a prevenção especial positiva cuida da resso-
cialização. O reforço da confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do
delito é papel da prevenção geral positiva.
Letra c.

030. (MPE-SC/2014/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Conforme a teoria da prevenção ge-


ral negativa, a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor desista de cometer novas
infrações, assumindo assim caráter ressocializador e pedagógico.

Para a prevenção geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os
cidadãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação,
na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A prevenção que

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possui caráter ressocializador e pedagógico é a prevenção especial positiva. Ela é especial


porque dirigida ao delinquente, e é positiva porque busca sua ressocialização.
Errado.

031. (FCC/2017/DPE-SC/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Sobre a teorias da pena, é cor-


reto afirmar:
a) O exame criminológico cumpre o projeto ressocializador determinado pelo ordenamento
jurídico, pois permite a aferição concreta desta função da pena.
b) A prevenção especial positiva relaciona-se com a concepção etiológica de crime.
c) A Lei de Crimes Hediondos comprovou na prática seus objetivos declarados de prevenção
geral negativa.
d) A implementação de um programa de direitos humanos nos presídios brasileiros passa pela
implementação das ideias de prevenção geral positiva.
e) As funções de prevenção e retribuição do delito são realizadas no direito brasileiro, pois es-
tão previstas expressamente no Código Penal.

Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocialização (caráter positivo)
do condenado (caráter especial). A pena teria caráter pedagógico. É uma prevenção que se
preocupa com o delinquente e tenta equacionar os fatores que atuaram como causas do deli-
to. Possui, portanto, um fundo etiológico direcionado ao indivíduo apenado. Na letra A, na sis-
temática de execução penal brasileira, o exame criminológico inicial tem sido negligenciado,
ao mesmo tempo em que é comum que juízes determinem, em modelos padrões de decisão, a
realização de exame criminológico para progressão de regime. Ambas as práticas prejudicam
a individualização da pena necessária à reinserção do condenado. Na letra C, os objetivos de
prevenção geral negativa, ou seja, de intimidação, são criticados exatamente em virtude da
dificuldade de sua demonstração empírica. É praticamente impossível demonstrar, empirica-
mente, que a pena possui eficácia dissuasória. Além disso, a eficácia dissuasória da pena é
muito questionável em certos tipos de crime, como delitos contra a vida. Não há comprovação
da eficácia preventivo-geral-negativa da Lei dos Crimes Hediondos. Na letra D, A implementa-
ção de um programa de direitos humanos nos presídios brasileiros passa pela implementação
das ideias de prevenção especial positiva, ou seja, pela perseguição concreta dos ideais de
ressocialização. A prevenção geral positiva relaciona-se com a confiança na validade da nor-
ma. Na letra E, o art. 59 do Código Penal diz que, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
deve ser observado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Trata-se de uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas, abarcando
tanto a prevenção geral como a prevenção especial. Naturalmente, o fato de o Código Penal
abarcar a teoria mista não significa que os objetivos de prevenção e repressão estejam sendo
efetivamente cumpridos: tanto os índices criminais brasileiros como os índices de impunida-

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de seguem elevados, a despeito da adoção uma série de medidas político-criminais tomadas


para, pretensamente, equacionar o problema delitivo.
Letra b.

032. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Em relação aos


preceitos da Criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o
sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue.
O castigo como reprimenda penal por meio do confronto entre o Estado e o infrator de maneira
polarizada caracteriza o modelo criminológico contemporâneo.

O castigo como reprimenda penal por meio do confronto entre o Estado e o infrator de maneira
polarizada caracteriza o modelo de reação ao delito denominado modelo dissuasório clássico.
O modelo criminológico contemporâneo é mais bem caracterizado pelo modelo integrador de
resposta criminal, em que o delito não é considerado apenas um problema entre o Estado e o
criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Seguindo o pensamento de
García-Pablos de Molina, levadas em conta as atuais tendências político-criminais, pode-se
falar, ainda, que o modelo de reação ao delito vigente é o modelo de segurança cidadã.
Errado.

033. (CESPE/2015/DEPEN AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção geral negativa age para garantir a segurança social, com a
concepção de que a reintegração social é medida necessária para impedir ou, ao menos, dimi-
nuir a reincidência criminosa dos condenados à pena privativa de liberdade.

A prevenção geral negativa não se ocupa da diminuição da reincidência. Para a prevenção


geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter
geral) para que se abstenham de cometer crimes. Já para a prevenção especial positiva a pena
deve objetivar a ressocialização (caráter positivo) do condenado (caráter especial).
Errado.

034. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção especial positiva da pena está direcionada para a coletivi-
dade, no sentido de que a imposição e a execução da pena são úteis, respectivamente, para
intimidar e neutralizar os criminosos.

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A prevenção especial, seja positiva ou negativa, nunca é direcionada para a coletividade. A pre-
venção especial dirige-se, sempre, ao criminoso em particular, enquanto a prevenção geral se
dirige à coletividade. Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocializa-
ção do condenado. Intimidação está relacionada com a prevenção geral negativa, para a qual
a pena é uma ameaça dirigida a todos os cidadãos para que se abstenham, pelo medo, de co-
meter crimes. Neutralização está relacionada com a prevenção especial negativa, para a qual
a pena deve segregar, neutralizar a pessoa que cometeu um delito para defender a sociedade.
Errado.

035. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A função preventiva especial, em razão do caráter abstrato da previsão legal dos delitos e das
penas, enfoca o delito e não o infrator individualmente.

A prevenção especial, seja positiva ou negativa, dirige-se ao criminoso em particular, ao in-


frator individualmente, seja na forma de neutralização (prevenção especial negativa), seja na
forma de ressocialização (prevenção especial positiva).
Errado.

036. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista relativa pode ser de caráter geral ou especial e considera a pena como
meio para a realização do fim utilitário da prevenção de futuros delitos.

As teorias justificacionistas reconhecem a legitimidade do sistema penal. Elas se dividem em


dois grandes ramos: teorias absolutas e teoria relativas da pena. Para as teorias relativas (ou
utilitárias) a pena deve ter um fim socialmente útil, de prevenção. Dentro das teorias relativas,
a prevenção pode ser geral e especial. A prevenção geral é destinada à comunidade como um
todo. A prevenção especial, ao próprio delinquente.
Certo.

037. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista absoluta concebe a pena como uma finalidade em si mesma, por ca-
racterizar a pena pelo seu intrínseco valor axiológico.

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As teorias justificacionistas reconhecem a legitimidade do sistema penal. Elas se dividem em


dois grandes ramos: teorias absolutas e teoria relativas da pena. Para as teorias absolutas, o
fim da pena é a imposição de um castigo. São as chamadas teorias retributivas, para as quais
a pena é uma forma de retribuição do mal causado. Elas são chamadas de absolutas porque,
para elas, a pena não necessita de outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mes-
mo, sendo possuidora de um valor intrínseco.
Certo.

038. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a liberdade


assistida e a prestação de serviços comunitários pelos criminosos estão inseridas como me-
didas de prevenção
a) primária.
b) imediata.
c) controlada.
d) secundária.
e) terciária.

A liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários pelos criminosos são medidas


que auxiliam na reinserção do condenado no meio social. São programas que pretendem a não
consolidação do status de desviado, que buscam afastar a reincidência. Cuida-se de preven-
ção terciária, voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a delinquir. Na letra A, a pre-
venção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se preocupa
em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. Nas letras B e C, prevenção imediata e
controlada não são termos consagrados na Criminologia. Na letra D, a prevenção secundária
atua considerando os potenciais e eventuais criminosos, além dos locais e momentos em que
os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a
neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de curto a médio prazo, voltada para atacar
as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Ela não é destinada aos crimino-
sos que já estão cumprindo suas penas, mas sim aos criminosos em potencial.
Letra e.

039. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) No tocante à temática da prevenção da in-


fração à lei penal, é correto afirmar que a prevenção
a) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reinte-
gração do preso na sociedade.

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b) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à


importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de quali-
dade, tais como saúde, educação e segurança.
c) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
d) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
e) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

A prevenção geral é aquela dirigida à coletividade. Em seu aspecto negativo, a pena é uma
ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter geral) para que se abstenham
de cometer crimes. Baseia-se na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racio-
nalidade humana. A pena é contramotivação, intimidação dirigida a toda a coletividade, mas
que produz efeitos nos potenciais infratores. Na letra A, a prevenção dirigida à reintegração é
a prevenção terciária. Na letra B, a conscientização de todos os cidadãos sobre a importância
de obedecer às leis e o fornecimento de serviços públicos de qualidade são típicas medidas
de prevenção primária. Na letra D, a prevenção que busca a reeducação e ressocialização é a
prevenção especial positiva. Na letra E, as ações policiais de repressão ao delito são medidas
de prevenção secundária.
Letra c.

040. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Aqueles que atribuem à pena privativa de li-


berdade função de prevenir a infração penal unicamente através da segregação do delinquente
são adeptos da teoria que defende a função ________ da pena.
Completa corretamente a lacuna:
a) retributiva
b) preventiva especial positiva
c) preventiva geral negativa
d) preventiva geral positiva
e) preventiva especial negativa

A prevenção especial dirige-se ao criminoso em particular. Mais especificamente, a prevenção


especial negativa entende que a pena deve segregar, isolar (caráter negativo) a pessoa (caráter
especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Na letra A, a função retributiva
insere-se nas teorias absolutas, para as quais o fim da pena é a imposição de um castigo, uma
forma de retribuição do mal causado. Na letra B, na prevenção especial positiva a preocupação
é a ressocialização. Na letra C, a prevenção geral negativa está relacionada com a intimidação

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de um potencial delinquente. Na letra D, a prevenção geral positiva relaciona-se com o reforço


da consciência coletiva sobre a validade das normas e a necessidade de sua obediência.
Letra e.

041. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se que a


prevenção criminal terciária:
a) é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em
sua origem.
b) é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração
familiar e social.
c) constitui uma das formas de participação popular na gestão pública.
d) representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da criminalidade.
e) é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas delitivas.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delin-
quir. Busca afastar a reincidência. Na letra A, o trabalho de conscientização social, se dirigido à
toda a coletividade, é medida de prevenção primária; se dirigido a grupos específicos, é medida
de prevenção secundária. Na letra C, a prevenção criminal terciária cuida da ressocialização do
preso, e não é uma das formas de participação popular na gestão pública. Na letra D, a preven-
ção criminal terciária atua tardiamente (quando o delito já ocorreu e o delinquente está preso
ou já cumpriu sua pena) e não profilaticamente (antes da prática delitiva). Na letra E, o aparato
de repressão criminal se insere na prevenção secundária do delito.
Letra b.

042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Constituem medidas


diretas de prevenção do delito, dentre outras:
a) o planejamento familiar e a alfabetização de adultos.
b) os programas de incentivo à qualificação profissional.
c) a campanha de prevenção de doenças e o incentivo à frequência a cultos religiosos
d) os programas de construção de moradias populares.
e) as políticas públicas de desestímulo ao jogo de azar, à prostituição e ao consumo de dro-
gas ilícitas

Políticas públicas que desestimulem a prática de uma conduta desviante são exemplos de
medida de prevenção direta do delito. As medidas de prevenção direta relacionam-se com
a infração criminal que está prestes a ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter
criminis. É o caso da intervenção policial, das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídi-

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co-processual de delitos e até mesmo das políticas públicas de desestímulo a alguma prática
delitiva concreta. Nas letras A, B, C e D constam medidas de prevenção indireta, que atuam nas
causas do crime, sem atingir o delito especificamente. É uma atuação profilática, com campo
de atuação extenso e intenso, que busca todas as causas possíveis da criminalidade: próximas
ou remotas, genéricas ou específicas. Análise de personalidade, caráter e temperamento, para
tentar moldar a conduta das pessoas; cura de doenças; orientação sobre boa alimentação e
qualidade de vida; construção de moradias dignas; melhoramento das condições dos bairros
mais carentes; aumento da rede de esgoto; universalização do ensino público; oferta de cursos
profissionalizantes; medidas de planejamento familiar são exemplos comumente citados de
prevenção indireta.
Letra e.

043. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Compreende-se


por “prevenção delitiva” o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. Assim
sendo, a prevenção terciária está focada.
a) na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada
região, favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico.
b) no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a rein-
cidência, é realizada por meio de medidas socioeducativas e ressocializadoras.
c) na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste, como edu-
cação, emprego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz.
d) nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear problemas cri-
minais; apresenta-se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação.
e) no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e controle familiar,
estruturado nos programas sociais do governo com apoio financeiro.

A prevenção terciária tem um destinatário específico: é voltada para o preso ou recluso, e tem
o fim de evitar que volte a delinquir. Busca afastar a reincidência. Engloba programas que pre-
tendem a não consolidação do status de desviado, com medidas socioeducativas e ressociali-
zadoras. Na letra A, a prevenção relacionada com os problemas eventualmente decorrentes da
migração não recebe uma denominação específica. Na letra C, a prevenção que age na raiz ou
nas causas do conflito criminal é a prevenção primária. Na letra D temos exemplos de preven-
ção secundária. Na letra E temos exemplos de prevenção primária.
Letra b.

044. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A prevenção criminal secundária


é aquela que atua
a) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evi-
tando sua reincidência.

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b) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial,


programas de apoio e controle das comunicações.
c) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individu-
ais e sociais.
d) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança.
e) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com progra-
mas psicológicos e de assistência social.

A prevenção secundária atua considerando os potenciais e eventuais criminosos, além dos


locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Ela é voltada para atacar as oportunidades
que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim
pelos potenciais delinquentes e pelo modus operandi – local, horário, vítima. Impõe ideias de
atuação em setores de maior vulnerabilidade da sociedade, como, por exemplo, emprego de
técnicas de vigilância de ambientes (policiamento de determinadas áreas problemáticas, em-
prego de câmeras, vigilância pessoal, ronda de veículos de segurança), programas de apoio a
determinados grupos sociais (como os programas de redução de danos destinados aos usuá-
rios de drogas) e controle dos meios de comunicação (determinação de que certos assuntos
não sejam noticiados, tais como suicídios, cenas de crimes violentos). A letra A trata de pre-
venção terciária. A letra C mescla medidas de prevenção primária (qualidade de vida, proteção
de direitos individuais e sociais) com medidas de prevenção secundária (proteção dos bens
patrimoniais, como colocação de alarmes, grades, cadeados etc.). A letra D traz medidas de
prevenção primária. A letra E mescla medidas de prevenção terciária (assistência ao recluso)
com a reparação do dano causado, que não integra essa classificação de medidas preventivas.
Letra b.

045. (IADES/2017/PMDF/POLICIAL MILITAR) A prevenção que tem por destinatário o reclu-


so (ou seja, a população presa) e por objetivo evitar a reincidência denomina-se prevenção
a) primária.
b) secundária.
c) terciária.
d) quaternária.
e) quinaria.

A prevenção terciária é voltada para os presos e egressos e tem por objetivo evitar a reincidência.
Letra c.

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046. (FCC/2013/TRT 15ª REGIÃO/SEGURANÇA) Na moderna concepção de prevenção das


infrações penais e o Estado Democrático de Direito,
a) as atuações do Poder Judiciário e do Ministério Público enquadram-se na prevenção terciária.
b) a efetiva materialização de políticas públicas faz parte da prevenção primária do crime.
c) o trabalho desenvolvido pelas instituições públicas ou privadas na área social, qual seja, a
responsabilidade social, faz parte da prevenção secundária.
d) a construção de presídios e a atuação dos policiais são analisadas de forma apartada na
questão das prevenções primária, secundária e terciária.
e) a atuação das Organizações Não Governamentais, ONG, tem hoje enquadramento na pre-
venção secundária e, às vezes, na terciária.

A prevenção primária busca diminuir os conflitos sociais que estão na base da razão para o co-
metimento do crime. A implementação de políticas públicas se insere nesse tipo de prevenção:
devem ser resolvidas as situações de carência, as desigualdades, os conflitos da sociedade,
para que desapareçam as causas que levam à criminalidade. Na letra A, a prevenção terciária
é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Não decorre, em
geral, da atuação direta do Ministério Público e do Poder Judiciário, cujos afazeres, aliás, di-
zem mais respeito à repressão do que à prevenção delitiva. Na letra C, trabalhos na área social
contribuem para a diminuição de conflitos que está na base da razão para o cometimento do
crime. Logo, são medidas de prevenção primária. Na letra D, a construção de presídios não tem
se mostrado efetiva como medida de prevenção ao crime, pois o aumento do encarceramento
não leva à diminuição das taxas criminais. Na letra E, a atuação de ONG pode se enquadrar
como prevenção primária, secundária ou terciária. Caso se trate de ONG voltada a causas so-
ciais, será prevenção primária. Caso se trate de ONG que busca diminuir as oportunidades e
situações delitivas, será prevenção secundária. E caso se trate de ONG voltada para a reinser-
ção de presos e egressos, prevenção terciária.
Letra b.

047. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O legislador brasileiro, ao dispor


sobre as funções da reprimenda pela prática de infração penal no artigo 59 do Código Penal –
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabe-
lecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime..., adotou
a teoria da
a) função reeducativa da pena.
b) função de prevenção especial da pena.
c) função de prevenção geral da pena.
d) função retributiva da pena.
e) função mista ou unificadora da pena.

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De acordo com o art. 59 do Código Penal, o juiz, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
observará se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de
uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas (retributivas) com as relativas (preventi-
vas). A isso se dá o nome de teoria unificadora, unitária, eclética ou mista.
Letra e.

048. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A prevenção terciária


consiste em
a) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à
violência doméstica.
b) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer
ou de praticar delitos.
c) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimida-
ção aos demais criminosos.
d) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso
do sistema prisional.
e) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da cri-
minalidade.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que volte a delin-
quir. Busca afastar a reincidência. Nas letras A e B, constam programas de prevenção secun-
dária, que são aqueles que consideram os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção
situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Na letra C, a punição em público
não é permitida pelo ordenamento jurídico brasileiro. A letra E traz exemplo de medida de pre-
venção primária, que se caracteriza por ser voltada para as causas do cometimento do crime,
orientando-se pela neutralização do problema antes que ele se manifeste.
Letra d.

049. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) O modelo restaura-


dor de reação ao delito, também conhecido por modelo integrador ou de justiça restaurativa,
tem por objetivo(s)
a) aplicar pena ao condenado, buscando desestimulá-lo à prática de novos delitos.
b) buscar a recuperação do delinquente, proporcionar assistência à vítima e restabelecer o
controle social abalado pela prática do delito.
c) punir o delinquente, como meio de castigá-lo e retribuir-lhe o mal pelo delito praticado.

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d) proteger os bens jurídicos violados pela prática delitiva.


e) reinserir o condenado à sociedade por meio da religião e da laborterapia.

O modelo integrador ou restaurador leva em consideração o fato de que o delito não é apenas
um problema entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno crimi-
nal. É o modelo que confere à vítima o papel mais ativo na resposta do delito e o que carac-
teriza mais apropriadamente o pensamento criminológico contemporâneo, já que a moderna
Criminologia é partidária de uma imagem mais complexa do acontecimento delitivo. Como o
castigo do infrator não esgota as expectativas que o fato criminal desencadeia, é necessário
ir além, ressocializando o delinquente, reparando o dano e restabelecendo o controle social
abalado pela prática delitiva. Nas letras A, C e D, privilegia-se o modelo dissuasório clássico.
Na letra E, privilegia-se o modelo ressocializador.
Letra b.

050. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A modalidade preventiva


que cuida da diminuição das oportunidades que influenciam na vontade delitiva, dificultando a
prática do crime, é chamada de prevenção
a) geral.
b) qualitativa.
c) especial.
d)quantitativa.
e) situacional.

A prevenção situacional ou secundária coloca as oportunidades para o cometimento do crime


em primeiro plano. Atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Destina-se a neutralizar situações de risco.
Ela é uma prevenção de curto a médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que ofe-
recem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos
potenciais delinquentes e pelo modus operandi – local, horário, vítima.
Letra e.

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REFERÊNCIAS
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FERRAJOLI, Luigi. Garantismo: una discusión sobre derecho y democracia.2 ed. Madri, 2009.

GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus


fundamentos teóricos; introdução às bases criminológicas da Lei 9.099/95, Lei dos Juizados
Especiais Criminais. 5.ed. São Paulo: RT, 2006.

GUIMARÃES, Claudio Alberto Gabriel. Funções da Pena Privativa de Liberdade no Sistema


Penal Capitalista. 381f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal de Santa Catarina,
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JAKOBS, G. Direito Penal do Inimigo: noções e críticas. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advo-
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MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; FERRACINI Neto, Ricardo. Criminologia. Salvador: Jus-
Podium, 2019.

OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 2 ed. Salvador: Juspodium, 2019.

PENTEADO Filho, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

ROXIN, Claus. A proteção de bens jurídicos como função do Direito Penal. Org. e trad. André
Luís Callegari, Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.

ROXIN, Claus. Estudos de direito penal. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 7ª ed. São Paulo: RT, 2018.

VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema
penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

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Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.

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