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CRIMINOLOGIA
Estado Democrático de Direito e Prevenção do Delito. Modelos de Reação ao Delito
Mariana Barrerias
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito e Modelos de Reação
ao Delito.................................................................................................................................................................................4
Conceito de Prevenção..................................................................................................................................................4
Parte I – Teorias da Pena.............................................................................................................................................5
Teorias Justificacionistas x Teorias Negacionistas.....................................................................................5
Teorias Absolutas x Teorias Relativas................................................................................................................6
Teorias Absolutas............................................................................................................................................................6
Teorias Relativas..............................................................................................................................................................8
Teorias Mistas...................................................................................................................................................................11
Claus Roxin..........................................................................................................................................................................11
Direito Penal do Inimigo.............................................................................................................................................12
Garantismo.........................................................................................................................................................................12
Teoria Materialista da Pena.....................................................................................................................................13
Parte II – Classificações da Prevenção Delitiva . .........................................................................................14
Prevenção Direta x Prevenção Indireta.............................................................................................................14
Prevenção Primária X Secundária X Terciária................................................................................................15
Parte III - Modelos de Reação ao Crime.............................................................................................................17
Modelo Dissuasório......................................................................................................................................................18
Modelo Ressocializador.............................................................................................................................................18
Modelo Integrador (Restaurador, Consensual)............................................................................................19
Modelo de Segurança Cidadã.. ................................................................................................................................23
Resumo................................................................................................................................................................................25
Mapas Mentais. . ..............................................................................................................................................................30
Questões de Concurso................................................................................................................................................35
Gabarito...............................................................................................................................................................................49
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................50
Referências........................................................................................................................................................................80
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Apresentação
Olá, vamos estudar a prevenção da infração penal no Estado Democrático de Direito e os
modelos de reação ao delito. Depois das Escolas Sociológicas, esse é o segundo tema mais
cobrado nas provas de concurso público, quando consideradas todas as questões, de todas
as bancas.
Na primeira parte da aula, vamos analisar as classificações das teorias da pena, já que mui-
tas dessas teorias versam exatamente sobre o fim preventivo da pena. Nessa parte falaremos
sobre prevenção geral e especial, prevenção positiva e negativa.
Na segunda parte, vamos analisar outra possibilidade de classificação, agora relativa à
prevenção propriamente dita. Trata-se da separação em prevenção primária, secundária e
terciária.
Na terceira parte, analisaremos os modelos de reação ao crime.
Gostaria de fazer duas observações sobre as 50 questões de concurso, que aparecem ao
final da aula. Criminologia é uma matéria com poucas questões nas provas de concurso. Ge-
ralmente, esse número oscila entre 3 a 5 questões. Daí decorrem duas conclusões.
A primeira conclusão é que o aluno não deve gastar um tempo enorme com o estudo de
Criminologia, apesar de ela ser a disciplina mais legal de se estudar! Como o tempo é escasso,
a leitura do resumo, dos mapas mentais e a resolução das questões pode ser suficiente para
a preparação. Aliás, não deixe de resolver as questões e de aprender com os comentários dos
gabaritos, que são autoexplicativos.
A segunda conclusão derivada da pouca incidência de Criminologia nos concursos diz
respeito à seleção das questões que insiro ao final da aula. Observe que começo com ques-
tões para o cargo de delegado, depois seleciono outras questões de cargos jurídicos. Ao final,
acabo utilizando questões de cargos não-jurídicos e de bancas variadas pela simples razão de
que as questões de cargos jurídicos acabam. Não menospreze essas questões, que aparente-
mente são mais simples. Elas podem te ajudar a fixar e te ensinar demais.
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1
OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 2 ed. Salvador: Juspodium, 2019, p. 159.
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A teoria agnóstica da pena foi desenvolvida pelo argentino Eugenio Raúl Zaffaroni. Trata-se
de teoria de Direito Penal mínimo com viés negacionista, porque não reconhece a legitimidade
das penas.
Em sua obra Em Busca das Penas Perdidas, do começo da década de 1990, estabelecen-
do diálogo com Louk Hulsman (criminólogo holandês pertencente ao abolicionismo penal, a
quem Zaffaroni dedica o seu livro), Zaffaroni reconhece que vivemos uma situação de pro-
gressiva perda das penas, isto é, as penas têm se tornado inflição de dor sem sentido, sem
racionalidade.
A pena, para ele, é uma coerção que impõe privação de direitos e dor, mas que não repara,
não restitui e tampouco detém as lesões em curso ou neutraliza perigos iminentes. É o que ele
chama de conceito de pena agnóstico quanto à função: um conceito que confessa não conhe-
cer a função da pena. Além de agnóstico, é um conceito negativo de pena: pois não reconhece
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qualquer função positiva na pena, mas somente a função negativa de causar dor e privação. A
pena não soluciona conflitos. Ela apenas decide esses conflitos, suspende-os no tempo. Como
puro ato unilateral do poder, ela somente deteriora a coexistência, sobretudo por neutralizar
brutalmente o condenado, afastando-o da sociedade.
O discurso jurídico-penal é falso e não legitima a dor e a morte que nossos sistemas penais
semeiam. Esse discurso falso se sustenta pela sua própria incapacidade de ser substituído
por outro que defenda os direitos de algumas pessoas. Seletividade, reprodução da violência,
criação de condições para condutas lesivas mais graves, corrupção institucionalizada, concen-
tração de poder e verticalização social são características estruturais – e não circunstanciais,
conjunturais – dos sistemas penais. Ao mesmo tempo, explica Zaffaroni, o sistema penal e
a pena são “fatos de poder”, ou seja, instituições sociais efetivamente existentes e que não
podem ser negadas. Importante, então, a existência de um Direito Penal mínimo e garantista,
capaz de reduzir, assinalar os limites e, em alguns casos, cancelar o poder punitivo. A pena,
apesar de ser um fato de poder, não é legítima, seja moralmente, seja juridicamente, pois os
fins declarados da pena (prevenção, ressocialização) não são atingidos. Assim, a função dos
penalistas e do Direito Penal seria a de reduzir a própria violência do sistema punitivo2.
Teorias Absolutas
As teorias absolutas olham para o passado. A pena, para elas, não é um instrumento com
fins futuros. São teorias que impedem a instrumentalização do indivíduo para fins preventivos
(o indivíduo não pode ser um meio para se atingir qualquer coisa, como a prevenção) e que
delimitam a magnitude da pena (não é permitida a penalização grave em culpabilidade leve, e
vice-versa). Para esse modelo de pensamento, é crucial o entendimento de dois filósofos ale-
mães: Kant e Hegel.
2
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2001.
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Kant
Para Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, a lei penal é um imperativo cate-
górico: se a justiça desaparecer, não há mais sentido para a vida humana. Há, portanto, uma
exigência incondicional de justiça, que ele ilustra com o exemplo de uma ilha. Ele propõe que
imaginemos uma sociedade, instalada numa ilha. Trata-se, no exemplo, de uma sociedade
prestes a deixar de existir, já que os habitantes teriam decidido se espalhar pelo mundo. Ainda
nesse caso de dissolução da sociedade, defende Kant, permaneceria a necessidade de infligir
a pena ao último criminoso, ou seja, de executar o último assassino que se encontrasse preso.
Com isso, conclui Kant, a pena não é útil para a sociedade, não é algo que possui finalidade
pedagógica. A pena é, para ele, uma retribuição moral que se encerra em si mesma.
Em modo de síntese, pode-se dizer que no pensamento kantiano a pena não pode servir para o bem
próprio do delinquente ou da sociedade, mas para realizar a justiça (que é um imperativo categóri-
co); a pena serve, portanto, para retribuir a culpa de um fato passado. Para que a pessoa possa ser
tratada como um fim em si mesmo, ou seja, como um ser racional e autônomo, capaz de autodeter-
minar-se, a pena deve ser a retribuição3.
Hegel
Para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo alemão que viveu entre os séculos XVIII e XIX,
a pena era, igualmente, retribuição, mas não uma retribuição moral, e sim retribuição jurídica.
Ela não é retribuição em função do imperativo categórico de justiça, e sim retribuição como
resultado da lesão do direito. O criminoso, com sua conduta, cria uma contranorma, que sim-
boliza a negação do direito. O delito é a negação do direito. A pena é a negação do delito. Logo,
a pena é a negação da negação do direito.
Delito = negação do direito.
Pena – = negação do delito.
Pena – = negação da negação do direito.
A pena é necessária para afastar a contranorma e para reforçar e confirmar a validade da
norma jurídica original. Ou seja, a pena serve para restaurar o direito e reforçar que a vontade
geral, expressa no ordenamento jurídico, prevalece sobre a vontade especial do delinquente,
expressa no delito. Para Hegel, a punição de uma pessoa não pode ter utilidade de prevenção
ou intimidação, pois isso atenta contra a dignidade do delinquente (o indivíduo não poder nun-
ca um meio para que se atinja alguma coisa).
Então, recapitulando, até aqui vimos que, dentre os justificacionistas (aqueles que defen-
dem a legitimidade do sistema penal), existem os adeptos das teorias absolutas e os adeptos
das teorias relativas. Para os adeptos das teorias absolutas, a pena é castigo, retribuição.
Para Kant, retribuição moral. Para Hegel, retribuição jurídica. Agora, vamos analisar as teorias
3
VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 346.
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relativas, que defendem que a pena deve ter uma utilidade voltada para o futuro, uma função
preventiva.
Teorias Relativas
As teorias relativas defendem que a pena deve ter um fim socialmente útil. São teorias que
olham para o futuro. A ideia é prevenir que outros crimes sejam praticados.
Dentro das teorias relativas, a prevenção pode ser geral e especial. A prevenção geral é
destinada à comunidade como um todo. A prevenção especial, ao próprio delinquente.
Além disso, fala-se também em prevenção positiva e negativa, como veremos nos pró-
ximos itens.
Prevenção Geral
Para a prevenção geral, a pena tem impacto na generalidade de pessoas. A pena se dirige à
sociedade como um todo – é genérica, geral – e não apenas a um delinquente específico. Pode
ser subdividida em prevenção geral positiva e negativa.
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pena. Acredita-se, portanto, que em muitas situações a prevenção geral negativa funciona.
Empiricamente, no entanto, isso é algo de difícil mensuração e, portanto, praticamente inde-
monstrável, sobretudo em locais onde há um número expressivo de organizações criminais e
em que as taxas de impunidade são altíssimas, como é o caso do Brasil no tocante aos homi-
cídios. Luiz Flávio Gomes aponta, especificamente, que a eficácia dissuasória da pena é muito
questionável em certos tipos de crime, como os delitos contra a vida. Ademais, a prevenção
geral negativa desconsidera a confiança que o delinquente tem em não ser descoberto, im-
portante fator na equação racional delitiva. Logo, a ideia de um “ser humano econômico”, que
avalia as vantagens e desvantagens da sua atuação, faz cálculos e ponderações a todo tempo
antes de praticar uma conduta, não corresponde à realidade.
No tocante à racionalidade estatal, é importante observar que a teoria da prevenção geral
negativa além de ser inclinada ao terror no tocante à agravação desproporcional das penas,
passa longe de resolver o impasse de delimitar quais são os comportamentos que o Estado
tem legitimidade para intimidar. Fica aberta a questão: todas as condutas antiéticas ou anti-
jurídicas podem ser tuteladas pelo Direito Penal? O âmbito do punível resta indefinido. É uma
prevenção que se ocupa da legalidade mediante coação, mas que não se preocupa com a legi-
timidade, com o fundamento do poder estatal de aplicar sanções jurídico-penais.
Prevenção geral negativa Intimidação, medo, ameaça
A pena reforça (caráter positivo) a confiança da população (caráter geral) no sistema ju-
rídico como um todo, promovendo integração social. A prevenção geral positiva também é
chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência
social, da integração social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunida-
de. É uma teoria dirigida ao cidadão fiel ao direito. A pena é reforço à fidelidade dos indivíduos
com as normas.
Prevenção geral positiva Integração Social, confiança na norma
Há autores que especificam que a prevenção geral positiva pode ser subdividida. Vamos
analisar duas subdivisões diferentes, cada uma com dois itens.
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• Prevenção geral positiva limitadora: encara a pena, e o Direito Penal, como um instru-
mento a mais de controle e organização da coletividade, mas um instrumento que se
diferencia dos demais por seu caráter formal e pela necessidade de subordinação a prin-
cípios e fundamentos importantes e essenciais para sua validade e eficiência. Há, para
os adeptos dessa corrente, uma preocupação em limitar a intervenção jurídico-penal do
Estado frente aos direitos individuais dos cidadãos. Difere, portanto, da prevenção geral
positiva fundamentadora porque sua preocupação central não é legitimar a pena, mas
sim limitá-la.
Prevenção Especial
Vimos até aqui que a prevenção geral se destina à coletividade, seja positivamente (inte-
gração social), seja negativamente (intimidação). Agora vamos passar a falar da prevenção
especial, que se dirige ao criminoso em particular, e não à generalidade de pessoas.
Para a prevenção especial negativa, a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (ca-
ráter especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Aqui, trata-se de isolar, de
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inocuizar (tornar inócuo, inofensivo), de neutralizar (com a prisão, por exemplo) uma pessoa
para que não cometa outros crimes.
Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocialização (caráter positi-
vo) do condenado (caráter especial). Aqui, a pena teria caráter pedagógico.
Em resumo podemos pensar assim:
Prevenção geral positiva: integração social
Prevenção geral negativa: intimidação
Prevenção especial positiva: ressocialização
Prevenção especial negativa: segregação
Teorias Mistas
As teorias mistas, também chamadas de ecléticas ou unificadoras, realizam a combinação
de finalidades retributivas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes.
No Brasil, o art. 59 do Código Penal diz que, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
deve ser observado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Trata-se de uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas, abarcando
tanto a prevenção geral como a prevenção especial.
Agora vamos analisar alguns autores e linhas de pensamento sobre a prevenção que cos-
tumam figurar nas provas.
Claus Roxin
Segundo Roxin, há três momentos importantes para assinalar a finalidade da pena: a co-
minação, a aplicação e a execução. Em cada uma dessas etapas, pode prevalecer a prevenção
geral ou especial, uma não excluindo ou afastando a outra. Dá-se o nome de teoria dialética
unificadora a esse pensamento de conjugação das diferentes modalidades de prevenção.
Na cominação, o legislador deve se orientar pela função de prevenção geral, tendo em
mente que a pena é um instrumento subsidiário (que só deve ser usado em último caso) de
proteção de bens jurídicos. Nessa etapa, a prevenção geral é tanto positiva, no aspecto de for-
talecimento da consciência jurídica da comunidade, como negativa, no sentido de intimidar as
pessoas à prática delitiva.
Na aplicação da pena, confirma-se a função de prevenção geral da etapa anterior, mas
acrescenta-se, na dosimetria concreta da pena aplicada, a função de prevenção especial. Nes-
sa etapa, a pena está limitada à medida da culpabilidade do indivíduo.
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Garantismo
Luigi Ferrajoli, que também estudamos em nossa primeira aula, é um dos principais expo-
entes do Garantismo italiano e mundial, sobretudo a partir de seu artigo intitulado “O Direito
Penal Mínimo”, de 1986 e de sua obra “Direito e Razão”, de 1989. Ferrajoli é considerado o
grande desenvolvedor teórico do Garantismo. Ele sustenta que os sistemas políticos devem
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ser capazes tanto de tolerar o desvio como produto de tensões sociais não resolvidas, como
de prevenir o desvio pelo desaparecimento de suas causas materiais.
Vimos que, para Ferrajoli, o fim do sistema penal levaria a uma anarquia punitiva, com res-
postas selvagens, uma situação muito pior do que a atualmente vivenciada no mundo. Daí a
importância de permanência do Direito Penal, com todas suas garantias.
A pena possuiria dois objetivos: prevenção dos delitos e prevenção das penas informais.
A prevenção do delito está relacionada com o máximo bem-estar possível dos não desviantes
(que vão se beneficiar da não ocorrência de delitos). Mas o objetivo utilitário de prevenção
do delito, isoladamente, orienta o Direito Penal a adotar meios penais maximamente fortes e
ilimitadamente severos. Ou seja, os objetivos de prevenção do delito, explica Ferrajoli, não são
suficientes para ditar o limite máximo das penas, mas somente o limite mínimo, abaixo do qual
a prevenção do delito não se realiza, por falta de capacidade dissuasória.
Por isso, é necessário levar em consideração o segundo objetivo: prevenção de penas in-
formais. É que na ausência do sistema penal, uma reação maior – informal, selvagem, es-
pontânea, arbitrária, punitiva, mas não penal – pode ter lugar e isso é um outro tipo de mal,
geralmente negligenciado pelas doutrinas tradicionais e pelas abolicionistas. Ou seja, aqui não
se trata do máximo bem-estar possível dos não desviantes, mas, sim, do mínimo mal-estar ne-
cessário dos desviantes. É o impedimento dessas reações informais, das quais seria vítima o
réu, ou, pior ainda, pessoas solidárias a ele, que representa o segundo e fundamental objetivo
justificante do Direito Penal. “Quero dizer que a pena não serve apenas para prevenir os delitos
injustos, mas, igualmente, as injustas punições”4.
4
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo: RT, 2002, p. 268.
5
GUIMARÃES, Claudio Alberto Gabriel. Funções da Pena Privativa de Liberdade no Sistema Penal Capitalista. 381f. Tese
(Doutorado em Direito) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006, p. 54 e ss.
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vada e da ordem econômica desigual. E como o Direito Penal é a forma mais bruta de Direito,
ele simboliza o Direito como um todo, em sua função de garantir a manutenção da dominação
de classes.
Como se pode notar, é uma teoria da pena conectada aos aportes da Criminologia Crítica,
que desmente a tese de neutralidade do sistema penal. Alessandro Baratta compartilha desse
pensamento. No Brasil, Juarez Cirino dos Santos defende a teoria materialista, assim como os
demais autores de viés crítico.
Prevenção indireta
As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito espe-
cificamente. É uma atuação profilática, com campo de atuação extenso e intenso, que busca
todas as causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas.
Essas medidas de prevenção podem atuar no indivíduo ou no meio social. Quando atu-
am no indivíduo, podem, por exemplo, analisar a personalidade, o caráter e o temperamento,
para tentar moldar a conduta. Podem ainda atuar na cura de doenças, na correção de defeitos
congênitos, na recuperação de alcóolatras e dependentes químicos, na orientação sobre boa
alimentação e qualidade de vida.
Quando atuam no meio social, também procuram melhorar a qualidade de vida, com me-
didas sociais, políticas, econômicas etc. Construção de moradias dignas, melhoramento das
condições dos bairros mais carentes, aumento da rede de esgoto, universalização do ensino
público, oferta de cursos profissionalizantes, medidas de planejamento familiar são exemplos
comumente citados de prevenção indireta.
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Prevenção Direta
As medidas de prevenção direta relacionam-se com a infração criminal que está prestes a
ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter criminis. É o caso da intervenção policial,
das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídico-processual de delitos e até mesmo das
políticas públicas de desestímulo a alguma prática delitiva concreta.
Prevenção Primária
Prevenção Secundária
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Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos potenciais delinquentes e pelo modus
operandi – local, horário, vítima.
Trata-se de uma prevenção que coloca as oportunidades para o cometimento do crime em
primeiro plano. Parte-se da ideia de que pessoas de diferentes sexos, idades, classes sociais
têm diferentes chances de serem protagonistas de um delito ou de se tornarem vítimas desses
crimes. A política legislativa penal, a ação policial, o controle social penal se encaixam nesse
tipo de prevenção.
Dentro da ideia de prevenção secundária se encontram, também, as práticas derivadas do
routine activity approach, ou enfoque das atividades cotidianas, que advêm da teoria das ati-
vidades rotineiras, típica do modelo clássico e neoclássico da opção racional (vimos isso na
aula 2!). Como já analisamos, para esse enfoque, o crime ocorre quando convergem em tempo
e espaço os seguintes elementos: delinquente motivado; objetivo alcançável; e ausência de
guardião habilitado a prevenir a prática.
Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões pessoais (quem comete cri-
mes? quem são as principais vítimas?), temporais (quando acontecem os crimes?) e espaciais
(onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham importância, pois é nessas
variáveis que se busca intervir.
Assim, o investimento em policiamento ostensivo, as ideias de alteração do ambiente físi-
co, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação de hot spots, embeleza-
mento de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados); de colocação
de barreiras físicas (cadeados, muros, grades, cancelas ou outros métodos de dificultar o aces-
so ao alvo – target hardening); de emprego de técnicas de vigilância de ambientes (câmeras,
vigilância pessoal, ronda de veículos de segurança); de controle dos meios de comunicação
(determinação de que certos assuntos não sejam noticiados, tais como suicídios); de marca-
ção da propriedade ou da coisa subtraída (tinta rosa nas cédulas de dinheiro obtidas com a
explosão de um caixa eletrônico); e de potencialização da culpa (campanhas fortes e tocantes
sobre o abuso de menores ou sobre a condução sob efeito de álcool, destinadas a grupos e
problemas específicos de uma sociedade) são mecanismos típicos de prevenção secundárias,
pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
A prevenção secundária guarda, portanto, correlação com a prevenção direta que estuda-
mos na classificação anterior.
Para García-Pablos de Molina, essas ideias de prevenção secundária legitimam a “ideolo-
gia de segurança” ou “segurança cidadã”, que, apesar do nome vinculado à ideia de cidadania,
impõe práticas não solidárias e pode levar a excessos de vigilância, por trazer implícita uma
ideia de cruzada contra as situações criminógenas. Nessa ideologia de segurança cidadã, o
medo da população cresce; o combate à criminalidade dos poderosos fica em segundo plano,
pois o que interessa é o crime das ruas; movimentos políticos de populismo penal ganham
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força; e verifica-se o desprezo pelas garantias dos cidadãos. Essa ideologia é, por isso, muito
perigosa e considerada uma involução.
No entanto, apesar de todos esses perigos e de não modificar a situação fática que está
na base do problema delitivo, essa é a modalidade de prevenção mais presente na atuação
do Estado, pois ela fornece, em teorias, resultados mais rápidos e diretamente relacionados à
prática criminal.
Prevenção Terciária
Trata-se da prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a
delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.
São programas que pretendem a não consolidação do status de desviado.
Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é es-
tigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para
que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena.
A prevenção terciária enfrenta o fenômeno criminal muito tardiamente: quando ele já ocor-
reu. A ideia é, então, evitar as cerimônias degradantes típicas das instâncias de controle social
formal e fornecer à pena um fim utilitário, um efeito positivo (tratar, ensinar um ofício, fornecer
terapia, educar) e um caráter compatível com os postulados de dignidade da pessoa humana.
Os altos índices de reincidência, de filiação de presos às facções criminosas e de delinqu-
ência dentro do próprio cárcere demonstram a atual incapacidade do Estado brasileiro de lidar
de forma satisfatória com a prevenção terciária.
Não confunda essa classificação de prevenção (primária, secundária e terciária) com a classi-
ficação relativa ao processo de criminalização, que utiliza as mesmas categorias.
• criminalização primária: é aquela realizada pelo legislador ao criar os tipos penais;
• criminalização secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas;
• criminalização terciária: é a estigmatização realizada pelo sistema prisional durante a
execução da pena.
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Mais uma vez, é importante raciocinar que os modelos não são necessariamente excluden-
tes entre si. Um país pode adotar algumas práticas típicas de um modelo, e outras relaciona-
das com outros modelos.
Modelo Dissuasório
Segundo esse modelo, também chamado de modelo clássico, a pretensão punitiva do Es-
tado – por meio da prevenção e imposição de uma pena – produz o efeito de dissuadir as
pessoas à prática criminal. Baseia-se na ideia da racionalidade do criminoso: o potencial de-
linquente, diante das normas e do aparato penal, ponderará sobre os malefícios do castigo o
optará pela conduta conforme a lei. Nesse modelo, é importante que o sistema de persecução
penal conte com normas completas e órgãos sólidos, mas que os operadores do sistema re-
cordem que o Direito Penal não é promotor de transformações sociais.
Como se percebe, a vítima e a comunidade ocupam posições marginais no modelo dissua-
sório. Posição central é ocupada, sobretudo, pelo Estado, e também pelo delinquente.
Nesse modelo, como há crença no efeito dissuasório da pena, defende-se o recrudesci-
mento do sistema penal como forma de prevenção do delito. É, portanto, um modelo que pode
facilmente levar a excessos punitivistas.
O modelo dissuasório possui estreita conexão com a finalidade de prevenção geral nega-
tiva da pena. Leis que criam tipos penais, aumentam pena, agravam o regime de cumprimento
são exemplos de iniciativas que se encaixam no modelo dissuasório.
Modelo Ressocializador
Trata-se de modelo que tem como objetivo a reinserção social do infrator. A pena é, por-
tanto, boa para o delinquente. Esse modelo está intimamente conectado com a prevenção es-
pecial positiva e com a prevenção terciária. Em função dessa conexão com a ressocialização,
ou seja, com a atribuição de um caráter utilitário para a pena, é considerado um modelo mais
humanista, se comparado com o modelo dissuasório.
Se no modelo dissuasório a pretensão estatal punitiva ocupa um papel central, no modelo
ressocializador esse papel é ocupado pela pessoa delinquente. Os efeitos estigmatizantes das
engrenagens penais demonstram que é necessário que se busque a neutralização dos efeitos
nocivos do castigo.
Esse modelo parte de um pressuposto de solidariedade social: não se pode simplesmente
impor um castigo, mas deve-se, ao revés, ver se a pena tem efeitos positivos sobre o delinquen-
te. É necessário que o Direito Penal olhe para o futuro e reconheça seu poder de transforma-
ção social.
O delito é visto como um déficit nos processos de socialização do delinquente. É necessá-
rio que a pena lhe dê a assistência necessária para superar esse isolamento. O delito também
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pode ser visto como sintoma da vontade débil do criminoso. Quando se encara o delinquente
como fraco, inválido, necessitando de ajuda para poder guiar sua vida, se diz que o Direito
Penal é correcional. Na visão correcional, o Direito Penal tem pretensão pedagógica e tutelar.
O castigo, portanto, existiria para o bem do delinquente. Nesse modelo, a dignidade do in-
frator é exaltada, mas ainda são deixados de lado os interesses da vítima.
Mais uma vez, vale reiterar que, ao menos no Brasil (e praticamente na totalidade dos pa-
íses) esse modelo é uma ficção, já que as taxas de ressocialização apresentam índices tanto
mais baixos quanto mais amplas são as taxas de encarceramento.
A mediação aponta, sem dúvida, uma nova saída ao velho sistema de justiça clássica. (...) a media-
ção sugere uma solução realista, não punitiva, empática e solidária, aos conflitos sociais, integrando
o infrator na comunidade. (...) Sendo assim, a mediação sugere um compromisso comunitário. (...)
A justiça restaurativa é, paradoxalmente, mais exigente com o infrator, pois não se contenta com
que este cumpra o castigo merecido, nem sequer com que repare o mal que causou à sua vítima e à
comunidade. Pretende, sobretudo, que ele se envolva ativa e responsavelmente na busca negociada
de uma solução válida. Que assuma a realidade do dano causado e sua própria responsabilidade.6
Natacha de Oliveira explica que o modelo restaurador compreende a exposição dos fatos
e sentimentos pela vítima e a assunção de culpa pelo ofensor, de forma voluntária e confi-
dencial, pelo processo de compreensão do mal praticado, garantindo-se a assistência jurídica
necessária.7
6
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; introdu-
ção às bases criminológicas da Lei 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5.ed. São Paulo: RT, 2006, p. 405.
7
OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 2 ed. Salvador: Juspodium, 2019, p. 179.
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Dos três modelos apresentados, o modelo integrador é o que confere à vítima o papel mais
ativo na resposta do delito.
O modelo consensual é visto como superior aos demais por: perseguir metas e objetivos
exigentes; se servir de bases flexíveis e informais; e apresentar custos sociais menores.
O que se tenta, com os mecanismos de justiça consensual, é encontrar, para os conflitos
sociais, uma solução realista, não punitiva, empática, solidária. É comum, na Criminologia, que
se utilize o termo diversion para se referir a essas práticas alternativas, em geral de inspira-
ção anglo-saxônica, que buscam solucionar os conflitos à margem do sistema legal, por meio
de procedimentos mais informais. Afinal, já que a Criminologia tem demonstrado os efeitos
perniciosos da prisão e do próprio processo penal, é necessário buscar vias alternativas que
resolvam de maneira eficaz e com menor custo os conflitos.
Para García-Pablos de Molina, a justiça restaurativa, ao contrário da benevolência de que
parece ser dotada, é muito exigente com o infrator. Afinal, não se contenta com que ele cumpra
o castigo, nem com que repare o mal. Ela pretende que o ofensor se envolva ativa e responsa-
velmente na busca negociada de uma solução válida. Há um conteúdo pedagógico na concilia-
ção, que faz com que se exija que o infrator perceba o dano que causou, que ele se comunique
com a vítima e que ele esteja disposto a reparar o mal causado. Porque se houver imposição,
não há que se falar em modelo consensual de justiça.
No verdadeiro modelo integrador, não há espaço para cerimônias degradantes de reprova-
ção. Isso é melhor para o criminoso, para a sociedade como um todo (porque gera uma quan-
tidade menor de indivíduos estigmatizados e que entrariam em uma carreira criminal) e para a
administração da justiça, já que as técnicas de mediação, conciliação e reparação melhoram,
diante da opinião pública, a deteriorada imagem da justiça. Afinal, na aplicação do modelo
consensual, a justiça dá tratamento personalizado a cada caso, se vale de flexibilidade, de lin-
guagem mais simples, de procedimentos menos rígidos e formais, e isso tudo faz com que a
população inteira encare com mais simpatia a administração da justiça.
Para Pablos de Molina, os procedimentos do modelo consensual têm, em linhas gerais,
quatro fases:
• seleção dos casos que podem estar sujeitos ao modelo;
• sondagem da atitude e disposição das partes envolvidas para a obtenção de um acordo;
• tratamento comunicativo e construtivo do conflito;
• acordo entre as partes.
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implicados, o perigo de haver rigor desmedido, irracionalidade. Por isso, é necessário que os
países encontrem mecanismos que permitam desburocratizar a solução de conflitos, envolver
os implicados, mas atentando para que os direitos constitucionais do imputado não sejam
vulnerados.
Como já mencionei antes, para García-Pablos de Molina seria um erro reservar a conciliação
para as infrações leves, já que ela almeja metas pedagógicas ambiciosas. Para conflitos pe-
quenos, pode ser suficiente a advertência, a multa ou qualquer outra sanção menos complexa.
O Brasil não seguiu exatamente essa prescrição. Mas seguiu a tendência internacional de
separar a grande da pequena e média criminalidade. Parte-se da ideia de que o ordenamento
jurídico deve fornecer reações quantitativa e qualitativa distintas para cada tipo de infração.
A lei n. 9.0999/95, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, e a lei n.
10.259/01, que dispõe sobre esses juizados na Justiça Federal, definem as categorias de infra-
ção de menor potencial ofensivo e infração de médio potencial ofensivo.
As infrações de menor potencial ofensivo são todas as contravenções e todos os delitos
cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse dois anos. Para elas se aplicam integralmente
os institutos despenalizantes da lei, como composição civil dos danos, transação penal e sus-
pensão condicional do processo.
As infrações de médio potencial ofensivo são os crimes que possuem pena máxima supe-
rior a dois anos, mas cuja pena mínima cominada em abstrato seja igual ou inferior a um ano.
Elas admitem a suspensão condicional do processo.
Todas essas infrações integram o que se chama espaço de consenso.
Repare que para ser catalogada como infração de MENOR potencial ofensivo, olha-se a PENA
MÁXIMA prevista abstratamente, que não pode ser maior que DOIS ANOS.
E para ser catalogada como infração de MÉDIO potencial ofensivo, olha-se a pena máxima
(que será necessariamente superior a dois anos, pois caso contrário seria uma infração de
menor potencial ofensivo), mas principalmente a PENA MÍNIMA prevista abstratamente, que
deve ser de no máximo UM ANO.
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RESUMO
Prevenção criminal: conjunto de medidas, públicas ou privadas, adotadas com o objetivo
de impedir a prática de delitos, abarcando tanto as políticas sociais para redução da delinquên-
cia, como as políticas criminais para o fornecimento de respostas penais adequadas.
Estado Democrático de Direito: medidas preventivas devem ser priorizadas em relação às
repressivas. Medidas de cunho não penal devem ser largamente empregadas. Tanto a popula-
ção como todos os setores do Poder Público e todos os entes da federação (União, Estados,
DF, Municípios) devem se envolver com o tema, agindo conjuntamente. Deve-se reconhecer a
onipresença do crime.
Teorias da Pena
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Os modelos não são necessariamente excludentes entre si. Um país pode adotar algumas
práticas típicas de um modelo, e outras relacionadas com outros modelos. São três os mode-
los principais e consagrados na Criminologia.
Modelo dissuasório (clássico): a pretensão punitiva do Estado – por meio da prevenção e
imposição de uma pena – produz o efeito de dissuadir as pessoas à prática criminal. Baseia-se
na ideia da racionalidade do criminoso. É importante que o sistema de persecução penal conte
com normas completas e órgãos sólidos. Posições centrais são ocupadas pelo Estado e pelo
delinquente. Defende-se o recrudescimento do sistema penal como forma de prevenção do
delito. Pode facilmente levar a excessos punitivistas.
Modelo ressocializador: tem como objetivo a reinserção social do infrator. É considerado
um modelo mais humanista, se comparado com o modelo dissuasório. Papel central é ocupa-
do pela pessoa delinquente.
Modelo integrador (restaurador, consensual, reparador): o delito não é apenas um proble-
ma entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Assim,
o modelo integrador busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações sociais.
Propugna as ideias de “Justiça restaurativa”: procedimentos de mediação, conciliação e re-
paração. Resgate da dimensão interpessoal do crime: os envolvidos devem realizar a gestão
participativa do conflito. Geralmente, ficam de fora do alcance dos procedimentos de justiça
restaurativa tanto os delitos muito graves como os delitos muito leves. Confere à vítima papel
mais ativo na resposta do delito.
No Brasil, a justiça consensual relativa aos delitos é modelo de controle social formal trila-
teral imparcial e conciliatório. A lei n. 9.0999/95, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis
e criminais, e a lei n. 10.259/01, que dispõe sobre esses juizados na Justiça Federal, criaram
as categorias de infração de menor potencial ofensivo (pena máxima até 2 anos) e infração de
médio potencial ofensivo (pena mínima até 1 ano). Integram o que se chama espaço de con-
senso. Esse espaço busca a ressocialização do autor e pode implicar o recuo de certos direitos
e garantias fundamentais. Está organizado em torno de três princípios fundamentais:
• Princípio da oportunidade regrada: em algumas hipóteses previstas em lei, o Ministério
Público pode dispor da persecução penal para propor alguma medida alternativa. Essa
aplicação depende de aceitação do imputado. Quando aceita a proposta, dá-se uma
transação, em que o autor do fato abre mão do exercício de uma série de direitos e ga-
rantias fundamentais
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MAPAS MENTAIS
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue
o próximo item.
As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à
solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária.
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A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia
de educação, a redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de
vida, enquanto a prevenção primária é voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e
reintegração social.
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b) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez
que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no
processo motivacional do infrator.
c) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que
opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a
curto prazo, dispensando prestações sociais.
d) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades
policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não
solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção
terciária do delito.
e) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias
atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.
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c) à ordenação urbana.
d) à população carcerária.
e) ao surgimento de conflito.
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público valorize a liberdade e passe a fazer escolhas melhores em sua vida, evitando o retorno
ao cárcere.
c) Implementação de sistemas de leitores óticos de placas de veículos nas ruas e avenidas da
cidade de Salvador para identificação de veículos relacionados a algum tipo de crime.
d) Bloqueio que impeça a ativação e utilização de aparelhos de telefonia celular subtraídos do
legítimo proprietário por meio de uma conduta criminosa.
e) Melhoria de atendimento pré e pós-natal a todas as gestantes de uma determinada cidade
com a finalidade de reduzir os índices criminais no município.
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a) F, V, V, F
b) V, V, V, V
c) V, F, V, V
d) V, F, F, V
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c) terciária.
d) quaternária.
e) quinaria.
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GABARITO
1. E 37. C
2. c 38. e
3. e 39. C
4. E 40. e
5. C 41. b
6. C 42. e
7. b 43. b
8. e 44. b
9. a 45. c
10. d 46. b
11. C 47. e
12. a 48. d
13. C 49. b
14. E 50. e
15. E
16. E
17. E
18. c
19. d
20. a
21. e
22. e
23. e
24. c
25. C
26. a
27. c
28. d
29. c
30. E
31. b
32. E
33. E
34. E
35. E
36. C
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Estado Democrático de Direito e Prevenção do Delito. Modelos de Reação ao Delito
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GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue
o próximo item.
As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à
solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária.
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o conflito, reparar o dano e pacificar as relações sociais. Também é chamado de modelo repa-
rador, restaurador, restaurativo, consensual ou, ainda, de justiça criminal negociada.
a) Errada. No modelo clássico ou dissuasório, o foco reside na pretensão punitiva do Estado:
por meio da prevenção e imposição de uma pena proporcional ao dano causado, produz-se o
efeito de dissuadir as pessoas da prática criminal.
b) Errada. O modelo ressocializador se preocupa em afastar a reincidência, mas não em fun-
ção do recrudescimento do sistema penal, e sim da imposição de penas que não sejam es-
tigmatizantes e criminógenas, ou seja, que proponham uma inserção positiva do apenado no
seio social.
d) Errada. A inserção positiva do apenado no seio social faz parte do modelo ressocializador.
e) Errada. O modelo que confere especial relevância ao “ius puniendi” estatal é o modelo dissu-
asório. O modelo integrador não está centrado no jus puniendi, e sim na aproximação e diálogo
entre as partes envolvidas no conflito, para que se pacifiquem as relações.
Letra c.
O modelo restaurativo, ou integrador, com discurso positivo e otimista, propõe mediação, con-
ciliação e reparação para apaziguar as situações decorrentes do fenômeno criminal. Trata-se
de resgatar a dimensão interpessoal do crime: os envolvidos devem realizar a gestão participa-
tiva do conflito. O modelo integrador é o que confere à vítima o papel mais ativo na resposta do
delito. Na letra A, o modelo dissuasório clássico confia na pretensão punitiva do Estado – por
meio da prevenção e imposição de uma pena –, que produz o efeito de dissuadir as pessoas
à prática criminal. Vítima e comunidade ocupam posições marginais no modelo dissuasório.
Posições centrais são ocupadas pelo Estado e pelo delinquente. Na letra B, o modelo ressocia-
lizador busca o resgate e a reinserção social do infrator, e não da vítima. Na letra C, o modelo
de reação ao delito com viés retribucionista é o modelo clássico, em que não há preocupação
com o ressarcimento da vítima. Na letra D, apesar de a vítima recuperar um pouco de seu pro-
tagonismo no modelo integrador, não há que se falar em julgamento do criminoso pela vítima.
Esse papel cabe ao Estado.
Letra e.
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A alteração dos espaços físicos e urbanos pode configurar medida de prevenção, mais especi-
ficamente prevenção secundária. Essa prevenção atua considerando os potenciais e eventuais
criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode
ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela
é voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se
interessa pelas causas do delito, mas sim pelas formas – local, horário, vítima – de seu come-
timento. Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões temporais (quando acon-
tecem os crimes?) e espaciais (onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham
importância, pois é nessas variáveis que se busca intervir. Assim, ideias de alteração do am-
biente físico, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação, embelezamento
de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados) são mecanismos típi-
cos de prevenção secundárias, pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
Certo.
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Medidas indiretas de prevenção delitiva visam atacar as causas do crime: cessada a causa,
cessam seus efeitos.
As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito especifi-
camente. Realizam atuação profilática, com campo de atuação extenso, que busca todas as
causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas. A ideia é
que cessada a causa, cessam os efeitos. Diferem das medidas diretas que se relacionam com
a infração criminal que está prestes a ocorrer ou em formação. As medidas diretas interferem,
portanto, no iter criminis.
Certo.
A superlotação carcerária afeta a prevenção terciária, que é aquela voltada para o preso e o
egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Essa prevenção busca afastar a reincidên-
cia. Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é
estigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso,
para que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da
pena. A prevenção primária – voltada para as causas do cometimento do crime – e a preven-
ção secundária – que atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem – não são diretamente afetadas pela super-
lotação carcerária.
Letra b.
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A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a de-
linquir. Busca afastar a reincidência. Nas letras A e B, temos medidas de prevenção primária,
que é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. A prevenção primária se preo-
cupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o
Estado forneça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde, emprego. Na letra
C, a prevenção primária é muito eficaz, por atua nas mais variadas causas da criminalidade;
opera a médio e longo prazo; envolve múltiplas prestações sociais; e se destina à coletividade.
Na letra D, a investigação não é exatamente uma medida de prevenção, mas sim de reação ao
delito. Mas caso se entenda que o apoio policial serve também para evitar o cometimento de
novos crimes, deve-se compreender que se trata de medida de prevenção secundária. Essa
prevenção atua considerando os locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Também
pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco.
Letra e.
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Uma das funções da Criminologia é fazer uma avaliação dos diferentes modelos de resposta
ao crime. São basicamente três modelos: o dissuasório; o ressocializador; e o integrador. Não
são modelos que necessariamente se excluem. Em certa medida, é possível conciliar, num
mesmo ordenamento, medidas que atendam a diferentes modelos. No modelo dissuasório, a
pretensão punitiva do Estado – por meio da prevenção e imposição de uma pena – produz o
efeito de dissuadir as pessoas à prática criminal. O modelo ressocializador tem como objetivo
a reinserção social do infrator. Já o modelo integrador leva em consideração o fato de que o
delito não é apenas um problema entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro
do fenômeno criminal. Assim, busca conciliar o conflito, reparar o dano e pacificar as relações
sociais. Na letra B, a justiça restaurativa não é repudiada pela Criminologia. Ao contrário, é
aceita e incentivada contemporaneamente. Na letra C, o erro está em dizer que é desnecessá-
rio o aparelhamento estatal, quando na verdade para o modelo dissuasório é importante que
o sistema de persecução penal conte com normas completas e órgãos sólidos. Na letra D, o
modelo ressocializador busca a reinserção social do infrator. O modelo que busca a solução
pacífica é o modelo integrador. Na letra E, o erro está em dizer que o modelo integrador pode
ser aplicado independentemente da gravidade. Nesse modelo, geralmente ficam de fora do
alcance dos procedimentos de justiça restaurativa tanto os delitos muito graves como os deli-
tos muito leves: os primeiros porque não podem ficar sujeitos a procedimentos muito flexíveis
como os de conciliação; os segundos porque não podem se submeter a procedimentos tão
lentos e complexos.
Letra a.
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de, orientando mudanças na legislação positivada. No enunciado III, o Direito Penal, no tocante
às funções da pena, abarca a teoria mista, já que consagra, em seu art. 59, a ideia de conjugar a
reprovação e a prevenção do crime. Para a teoria absoluta, o fim da pena é a imposição de um
castigo. São as chamadas teorias retributivas, para as quais a pena é uma forma de retribuição
do mal causado. Elas são chamadas de absolutas porque, para elas, a pena não necessita de
outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mesmo. Para as teorias relativas (ou
utilitárias), por sua vez, a pena deve ter um fim socialmente útil, de prevenção.
Letra a.
A teoria da prevenção geral negativa deixa sem solução o impasse de delimitar quais são os
comportamentos que o Estado tem legitimidade para intimidar. Fica aberta a questão: todas as
condutas antiéticas ou antijurídicas podem ser tuteladas pelo Direito Penal? Com isso, pode-se
afirmar que o discurso da teoria da prevenção geral negativa confunde o direito em geral e toda
a ética social com o poder punitivo. O âmbito do punível resta indefinido. É uma prevenção que
se ocupa da legalidade mediante coação, mas que não se preocupa com a legitimidade, com
o fundamento do poder estatal de aplicar sanções jurídico-penais.
Certo.
A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se preo-
cupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o
Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento bá-
sico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina à
coletividade. A prevenção orientada para a ressocialização do preso é denominada prevenção
terciária.
Errado.
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A prevenção terciária do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas so-
ciais pelo estado social de direito, que consiste na adoção de medidas mais eficazes de pre-
venção ao delito.
A prevenção terciária do delito é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que
voltem a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização. São programas que pre-
tendem a não consolidação do status de desviado. A prevenção que se preocupa com a imple-
mentação de políticas sociais é a prevenção primária.
Errado.
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O art. 59 do Código Penal dispõe que, ao estabelecer a pena em um caso concreto, será obser-
vado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de uma
postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas. E por prevenção, entende-se
que o Código Penal abarca tanto a prevenção geral como a especial. Na prevenção geral, acre-
dita-se que as penas do Código Penal têm impacto na generalidade de pessoas. A pena se
dirige à sociedade como um todo – é genérica, geral –, seja como ameaça (prevenção geral
negativa), seja como reforço da consciência coletiva de respeito ao ordenamento jurídico (pre-
venção geral positiva). Na prevenção especial, a pena se preocupa tanto com o isolamento, a
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neutralização do delinquente por um tempo (prevenção especial negativa) – com a pena priva-
tiva de liberdade, por exemplo –, como com sua ressocialização (prevenção especial positiva).
Letra c.
A prevenção terciária é voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a delinquir. Almeja
afastar a reincidência. São programas que pretendem a não consolidação do status de desvia-
do. Buscam-se, por exemplo, alternativas à pena privativa de liberdade, que é estigmatizante.
Procura-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para que ele se
sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena.
Letra d.
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cessidade das penas serem proporcionais ao bem jurídico protegido, enquanto que o modelo
tradicional busca no sistema de justiça criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e
Sistema Penitenciário) a efetividade para a prevenção do delito.
e) São caracterizados por três modelos, também conhecido como as três velocidades do Di-
reito Penal, um Direito Penal mais “duro” para os crimes mais violentos, um Direito Penal mais
brando, como, por exemplo, para os crimes de menor potencial ofensivo e um Direito Penal
intermediário, um meio termo, para os demais crimes.
Uma das funções da Criminologia é fazer uma avaliação dos diferentes modelos de resposta
ao crime. São basicamente três modelos: o dissuasório, ou clássico; o ressocializador; e o
integrador. Não são modelos que necessariamente se excluem. Em certa medida, é possível
conciliar, num mesmo ordenamento, medidas que atendam a diferentes modelos. O modelo
dissuasório enfoca a punição. O modelo ressocializador, a reinserção social do delinquente. O
integrador ou consensual busca restabelecer a harmonia das situações. Emprega mediação,
conciliação, reparação, transação penal para apaziguar as situações decorrentes do fenôme-
no criminal. Com isso, retira uma parcela da criminalidade da subsunção aos procedimentos
penais clássicos, revigorando o princípio da intervenção mínima.
Letra a.
A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
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o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. A melhoria de atendimento às gestantes é uma medida de saúde que beneficia
a população como um todo e que opera a longo prazo, pois contribui para o nascimento e cres-
cimento de indivíduos saudáveis, para a saúde das mulheres. A longo prazo, essa medida pode
favorecer, por exemplo, a existência de lares estruturados e de pessoas plenamente aptas ao
estudo e trabalho. Na letra A, C e D temos exemplos de medidas de prevenção secundária. Na
letra B, exemplo de medida de prevenção terciária.
Letra e.
A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. Nas letras A e C temos exemplo de prevenção secundária, que atua conside-
rando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os
crimes ocorrem. Na letra B, a prevenção descrita é primária. Na letra D, a prevenção descrita é
terciária: atua sobre o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir.
Letra e.
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A teoria preventiva especial positiva relaciona-se, de fato, com a ressocialização, mas, para
isso, não utiliza a inocuização, que é sinônimo de neutralização, segregação. A inocuização é,
aliás, o objetivo da prevenção especial negativa. Nas letras A e B, emprega-se a classificação
das teorias criminológicas de Peter-Alexis Albrecht, para quem as escolas podem ser agru-
padas nos seguintes grupos: etiológico-individualizante; etiológico sócio-estrutural; labelling
approach; labelling socialmente orientado. Resumidamente, os dois primeiros fazem parte do
modelo teórico positivista. Os dois últimos, do modelo teórico da reação social. Na letra A,
as teorias de cunho etiológico-individualizante procuram, no corpo do criminoso, as causas
da personalidade criminal, que fazia do delinquente um ser essencialmente diferente do não
delinquente. Na letra B, as teorias da anomia e da subcultura integram o modelo etiológico
de viés sociológico, denominado etiológico sócio-estrutural. Na letra C, a prevenção geral ne-
gativa trata de punir o autor do delito para gera intimidação em todos os demais cidadãos,
para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na utilização do medo, que seria a mola
propulsora da racionalidade humana. A pena é contramotivação. Na letra D, a prevenção geral
positiva limitadora encara a pena, e o Direito Penal, como um instrumento a mais de controle e
organização da coletividade, mas um instrumento que se diferencia dos demais por seu cará-
ter formal e pela subordinação a princípios e fundamentos importantes e essenciais para sua
validade e eficiência.
Letra e.
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Para a prevenção geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os
cidadãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação,
na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A pena é contra-
motivação. É uma teoria dirigida à toda a coletividade, mas que acaba produzindo efeito nos
potenciais infratores. É bastante utilizada para legitimar tanto a criação de novos tipos penais
como a elevação da pena de delitos já existentes. A prevenção geral negativa é bastante criti-
cada, seja por sua inclinação ao terror (tendência a reforçar o efeito intimidatório elevando os
patamares do castigo), pela impossibilidade de demonstração empírica de sua eficácia dissu-
asória, seja por desconsiderar a confiança que o delinquente tem em não ser descoberto, so-
bretudo em locais como o Brasil, em que há altas taxas de criminalidade organizada e em que
crimes graves com frequência ficam impunes. Na letra A, a prevenção geral positiva reforça
a confiança (caráter positivo) da população (caráter geral) no sistema jurídico como um todo,
promovendo integração social. A prevenção geral positiva também é chamada de integrado-
ra, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência social, da integração
social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade. A Criminologia
Crítica, por sua vez, parte de uma visão conflitual de sociedade: a pena existe para que sejam
mantidas as estruturas de dominação, de coerção. Na letra B, a prevenção especial negativa
trata de segregação, neutralização. As saídas temporárias na execução penal relacionam-se
com a prevenção especial positiva, que cuida de reinserção, ressocialização. Na letra D, as
altas estatísticas criminais oficiais brasileiras revelam que as teorias da prevenção pouco têm
funcionado em nossa sociedade. Na letra E, o pensamento funcionalista contemporâneo, de
Günther Jakobs, relaciona-se com a prevenção geral positiva. Nela, a meta do Direito Penal é
garantir a função orientadora das normas jurídicas e compensar a frustração das expectativas
sociais. A sanção penal não serviria para a proteção de bens jurídicos, mas sim para a reva-
lidação da norma penal. A função da pena é motivar a comunidade a preservar seus valores
fundamentais e a cumprir as expectativas de vigência das normas. A formulação da teoria da
prevenção geral negativa se deve a Feuerbach.
Letra c.
As teorias relativas são as que atribuem peso à prevenção. A prevenção especial é dirigida ao
condenado. A prevenção especial positiva busca a reinserção do apenado.
Certo.
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a) F, V, V, F
b) V, V, V, V
c) V, F, V, V
d) V, F, F, V
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No funcionalismo de Günther Jakobs, o Direito Penal possui função de prevenção geral po-
sitiva, ou seja, de reforçar a confiança na validade da norma penal. A meta do Direito Penal é
garantir a função orientadora das normas jurídicas e compensar a frustração das expectativas
sociais. A sanção penal não serviria para a proteção de bens jurídicos, mas sim para a reva-
lidação da norma penal. A função da pena é motivar a comunidade a preservar seus valores
fundamentais e a cumprir as expectativas de vigência das normas.
Letra d.
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d) A principal crítica que se faz à teoria da prevenção especial negativa é que, ao contrário da
ideologia ressocializadora por ela propagada, a criminalização e a prisonização do indivíduo
não possibilitam o seu melhoramento moral ou psicológico, mas apenas deterioram a sua
personalidade.
e) O problema central da teoria da prevenção especial positiva é que ela pretende reforçar a
confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do delito, utilizando o indiví-
duo, autor da infração, como instrumento para obtenção desse fim.
A prevenção geral positiva eticizante, encabeçada por Hans Welzel, defende que o Direito Penal
promove integração social, pois enfatiza valores ético-sociais e atitudes de respeito à norma.
A ideia é tutelar os bens jurídicos mais relevantes, com a conscientização jurídica da popula-
ção. A prevenção geral positiva eticizante é criticada em função da inexistência de um sistema
único de valores na sociedade. Se o sistema de valores não é único (há muitas culturas, muitas
opiniões divergentes, muitos valores conflitantes), não haveria como se falar em defesa, pelo
Direito Penal, de um conjunto sólido de valores éticos. Na letra A, a principal crítica que se faz
à teoria da prevenção geral positiva sistêmica, de Jakobs, é a tendência de atuação ampliada
do Direito Penal. Como o Direito Penal serve para reforçar a validade das normas, ele pode ser
amplamente utilizado, não sendo necessário que se verifique, no tipo penal, a proteção de um
bem jurídico. Tanto os delitos de massa como os refinados podem ser duramente punidos no
pensamento de Jakobs. Na letra B, a prevenção geral negativa baseia-se na intimidação do
grupo social em geral pela pena e não guarda relação com a medida da pena aplicada a um
indivíduo específico. Como se trata de prevenção geral, é direcionada para toda a coletividade.
Na letra D, a teoria da prevenção especial negativa não propaga uma ideologia ressocializado-
ra, mas sim uma ideologia de segregação, neutralização. A ideologia ressocializadora integra a
teoria da prevenção especial positiva. Na letra E, a prevenção especial positiva cuida da resso-
cialização. O reforço da confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do
delito é papel da prevenção geral positiva.
Letra c.
Para a prevenção geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os
cidadãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação,
na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A prevenção que
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Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocialização (caráter positivo)
do condenado (caráter especial). A pena teria caráter pedagógico. É uma prevenção que se
preocupa com o delinquente e tenta equacionar os fatores que atuaram como causas do deli-
to. Possui, portanto, um fundo etiológico direcionado ao indivíduo apenado. Na letra A, na sis-
temática de execução penal brasileira, o exame criminológico inicial tem sido negligenciado,
ao mesmo tempo em que é comum que juízes determinem, em modelos padrões de decisão, a
realização de exame criminológico para progressão de regime. Ambas as práticas prejudicam
a individualização da pena necessária à reinserção do condenado. Na letra C, os objetivos de
prevenção geral negativa, ou seja, de intimidação, são criticados exatamente em virtude da
dificuldade de sua demonstração empírica. É praticamente impossível demonstrar, empirica-
mente, que a pena possui eficácia dissuasória. Além disso, a eficácia dissuasória da pena é
muito questionável em certos tipos de crime, como delitos contra a vida. Não há comprovação
da eficácia preventivo-geral-negativa da Lei dos Crimes Hediondos. Na letra D, A implementa-
ção de um programa de direitos humanos nos presídios brasileiros passa pela implementação
das ideias de prevenção especial positiva, ou seja, pela perseguição concreta dos ideais de
ressocialização. A prevenção geral positiva relaciona-se com a confiança na validade da nor-
ma. Na letra E, o art. 59 do Código Penal diz que, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
deve ser observado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Trata-se de uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas, abarcando
tanto a prevenção geral como a prevenção especial. Naturalmente, o fato de o Código Penal
abarcar a teoria mista não significa que os objetivos de prevenção e repressão estejam sendo
efetivamente cumpridos: tanto os índices criminais brasileiros como os índices de impunida-
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O castigo como reprimenda penal por meio do confronto entre o Estado e o infrator de maneira
polarizada caracteriza o modelo de reação ao delito denominado modelo dissuasório clássico.
O modelo criminológico contemporâneo é mais bem caracterizado pelo modelo integrador de
resposta criminal, em que o delito não é considerado apenas um problema entre o Estado e o
criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno criminal. Seguindo o pensamento de
García-Pablos de Molina, levadas em conta as atuais tendências político-criminais, pode-se
falar, ainda, que o modelo de reação ao delito vigente é o modelo de segurança cidadã.
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A prevenção especial, seja positiva ou negativa, nunca é direcionada para a coletividade. A pre-
venção especial dirige-se, sempre, ao criminoso em particular, enquanto a prevenção geral se
dirige à coletividade. Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocializa-
ção do condenado. Intimidação está relacionada com a prevenção geral negativa, para a qual
a pena é uma ameaça dirigida a todos os cidadãos para que se abstenham, pelo medo, de co-
meter crimes. Neutralização está relacionada com a prevenção especial negativa, para a qual
a pena deve segregar, neutralizar a pessoa que cometeu um delito para defender a sociedade.
Errado.
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A prevenção geral é aquela dirigida à coletividade. Em seu aspecto negativo, a pena é uma
ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter geral) para que se abstenham
de cometer crimes. Baseia-se na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racio-
nalidade humana. A pena é contramotivação, intimidação dirigida a toda a coletividade, mas
que produz efeitos nos potenciais infratores. Na letra A, a prevenção dirigida à reintegração é
a prevenção terciária. Na letra B, a conscientização de todos os cidadãos sobre a importância
de obedecer às leis e o fornecimento de serviços públicos de qualidade são típicas medidas
de prevenção primária. Na letra D, a prevenção que busca a reeducação e ressocialização é a
prevenção especial positiva. Na letra E, as ações policiais de repressão ao delito são medidas
de prevenção secundária.
Letra c.
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A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delin-
quir. Busca afastar a reincidência. Na letra A, o trabalho de conscientização social, se dirigido à
toda a coletividade, é medida de prevenção primária; se dirigido a grupos específicos, é medida
de prevenção secundária. Na letra C, a prevenção criminal terciária cuida da ressocialização do
preso, e não é uma das formas de participação popular na gestão pública. Na letra D, a preven-
ção criminal terciária atua tardiamente (quando o delito já ocorreu e o delinquente está preso
ou já cumpriu sua pena) e não profilaticamente (antes da prática delitiva). Na letra E, o aparato
de repressão criminal se insere na prevenção secundária do delito.
Letra b.
Políticas públicas que desestimulem a prática de uma conduta desviante são exemplos de
medida de prevenção direta do delito. As medidas de prevenção direta relacionam-se com
a infração criminal que está prestes a ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter
criminis. É o caso da intervenção policial, das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídi-
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co-processual de delitos e até mesmo das políticas públicas de desestímulo a alguma prática
delitiva concreta. Nas letras A, B, C e D constam medidas de prevenção indireta, que atuam nas
causas do crime, sem atingir o delito especificamente. É uma atuação profilática, com campo
de atuação extenso e intenso, que busca todas as causas possíveis da criminalidade: próximas
ou remotas, genéricas ou específicas. Análise de personalidade, caráter e temperamento, para
tentar moldar a conduta das pessoas; cura de doenças; orientação sobre boa alimentação e
qualidade de vida; construção de moradias dignas; melhoramento das condições dos bairros
mais carentes; aumento da rede de esgoto; universalização do ensino público; oferta de cursos
profissionalizantes; medidas de planejamento familiar são exemplos comumente citados de
prevenção indireta.
Letra e.
A prevenção terciária tem um destinatário específico: é voltada para o preso ou recluso, e tem
o fim de evitar que volte a delinquir. Busca afastar a reincidência. Engloba programas que pre-
tendem a não consolidação do status de desviado, com medidas socioeducativas e ressociali-
zadoras. Na letra A, a prevenção relacionada com os problemas eventualmente decorrentes da
migração não recebe uma denominação específica. Na letra C, a prevenção que age na raiz ou
nas causas do conflito criminal é a prevenção primária. Na letra D temos exemplos de preven-
ção secundária. Na letra E temos exemplos de prevenção primária.
Letra b.
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A prevenção terciária é voltada para os presos e egressos e tem por objetivo evitar a reincidência.
Letra c.
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A prevenção primária busca diminuir os conflitos sociais que estão na base da razão para o co-
metimento do crime. A implementação de políticas públicas se insere nesse tipo de prevenção:
devem ser resolvidas as situações de carência, as desigualdades, os conflitos da sociedade,
para que desapareçam as causas que levam à criminalidade. Na letra A, a prevenção terciária
é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Não decorre, em
geral, da atuação direta do Ministério Público e do Poder Judiciário, cujos afazeres, aliás, di-
zem mais respeito à repressão do que à prevenção delitiva. Na letra C, trabalhos na área social
contribuem para a diminuição de conflitos que está na base da razão para o cometimento do
crime. Logo, são medidas de prevenção primária. Na letra D, a construção de presídios não tem
se mostrado efetiva como medida de prevenção ao crime, pois o aumento do encarceramento
não leva à diminuição das taxas criminais. Na letra E, a atuação de ONG pode se enquadrar
como prevenção primária, secundária ou terciária. Caso se trate de ONG voltada a causas so-
ciais, será prevenção primária. Caso se trate de ONG que busca diminuir as oportunidades e
situações delitivas, será prevenção secundária. E caso se trate de ONG voltada para a reinser-
ção de presos e egressos, prevenção terciária.
Letra b.
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De acordo com o art. 59 do Código Penal, o juiz, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
observará se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de
uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas (retributivas) com as relativas (preventi-
vas). A isso se dá o nome de teoria unificadora, unitária, eclética ou mista.
Letra e.
A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que volte a delin-
quir. Busca afastar a reincidência. Nas letras A e B, constam programas de prevenção secun-
dária, que são aqueles que consideram os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção
situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Na letra C, a punição em público
não é permitida pelo ordenamento jurídico brasileiro. A letra E traz exemplo de medida de pre-
venção primária, que se caracteriza por ser voltada para as causas do cometimento do crime,
orientando-se pela neutralização do problema antes que ele se manifeste.
Letra d.
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O modelo integrador ou restaurador leva em consideração o fato de que o delito não é apenas
um problema entre o Estado e o criminoso: há outras expectativas dentro do fenômeno crimi-
nal. É o modelo que confere à vítima o papel mais ativo na resposta do delito e o que carac-
teriza mais apropriadamente o pensamento criminológico contemporâneo, já que a moderna
Criminologia é partidária de uma imagem mais complexa do acontecimento delitivo. Como o
castigo do infrator não esgota as expectativas que o fato criminal desencadeia, é necessário
ir além, ressocializando o delinquente, reparando o dano e restabelecendo o controle social
abalado pela prática delitiva. Nas letras A, C e D, privilegia-se o modelo dissuasório clássico.
Na letra E, privilegia-se o modelo ressocializador.
Letra b.
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REFERÊNCIAS
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FERRAJOLI, Luigi. Garantismo: una discusión sobre derecho y democracia.2 ed. Madri, 2009.
JAKOBS, G. Direito Penal do Inimigo: noções e críticas. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advo-
gado, 2007.
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; FERRACINI Neto, Ricardo. Criminologia. Salvador: Jus-
Podium, 2019.
PENTEADO Filho, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
ROXIN, Claus. A proteção de bens jurídicos como função do Direito Penal. Org. e trad. André
Luís Callegari, Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema
penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001.
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Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.
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