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Criminologia
Li El t ô i
AULA ESSENCIAL
Criminologia
Sumário
Mariana Barreiras
Criminologia...................................................................................................................................... 3
Análise da Banca.............................................................................................................................. 3
1. Conteúdo mais Cobrado em Provas......................................................................................... 4
1.1. Criminologia como Ciência. . ..................................................................................................... 4
2. Nascimento da Criminologia..................................................................................................... 5
2.1. Clássicos..................................................................................................................................... 5
2.2. Positivistas................................................................................................................................ 6
3. Escolas Sociológicas. . ................................................................................................................. 8
3.1. Teorias do Consenso.. ............................................................................................................... 9
3.2. Teorias do Conflito..................................................................................................................12
4. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito................................... 14
4.1. Prevenção Primária................................................................................................................ 14
4.2. Prevenção Secundária.. ......................................................................................................... 14
4.3. Prevenção Terciária................................................................................................................16
5. Modelos de Reação ao Delito.. ................................................................................................. 17
5.1. Modelo Dissuasório (Clássico).............................................................................................. 17
5.2. Modelo Ressocializador.. ...................................................................................................... 18
5.3. Modelo Integrador (Restaurador, Consensual, Reparador).......................................... 18
Questões de Concurso...................................................................................................................19
Gabarito............................................................................................................................................ 25
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Mariana Barreiras
CRIMINOLOGIA
Análise da Banca
Olá, estudante! Vamos começar nossa aula 80/20 fazendo uma análise da banca FGV.
Essa banca não possui qualquer tradição em provas de Criminologia. Não há nenhuma ques-
tão de Criminologia nos bancos de questões. Talvez por essa razão, ela copiou integralmente
o modelo de edital de Criminologia do Cebraspe.
Em Criminologia, o edital do Cebraspe costuma ser o mesmo em todas as provas. Na sua
não foi diferente, o que é uma boa notícia.
Vamos, então, analisar o que o Cebraspe cobra. Analisando as provas já realizadas pelo Ce-
braspe nos últimos dez anos, é possível perceber que há uma predileção da banca pelos temas
de Prevenção do delito no Estado Democrático de Direito e Modelos de Reação ao Crime, res-
ponsáveis por 34% das questões. Em seguida, o assunto Escolas Sociológicas é responsável
por 28% das questões. Criminologia como Ciência (métodos, objetos, funções da Criminologia
e sua relação com o Direito Penal e a Política Criminal) ocupa o 3º lugar, com 27% das ques-
tões. Por fim, os modelos teóricos respondem por 11% das questões.
11%
Escolas Sociológicas
28%
Prevenção e modelos de
reação ao delito
DICA:
Recurso Mnemônico:
CrimINologia: IN: INDUTIVA, INTERDISCIPLINAR, “IMPÍRICA”
Humana
Não valorativa
Crime
Criminoso
Objetos
Vítima
Conceito
Controle Social
Criminologia Empirismo
Métodos Interdisciplinaridade
Indução
Etiologia
Compreensão Prevenção
Resposta ao crime
2. Nascimento da Criminologia
No tocante ao nascimento da Criminologia, as bancas têm predileção por perguntas que
diferenciam a Escola Clássica, típica do século XVIII, e a Escola Positivista, típica do Século
XIX. Ambas tiveram como epicentro a Itália.
2.1. Clássicos
Os autores clássicos reconhecem que as pessoas são seres racionais, que possuem livre-
-arbítrio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento de um crime é fruto de uma decisão
que implica quebra do pacto social de convivência pacífica. O delinquente deve ser punido pelo
mal que causou com a sua escolha. A ele, então, são aplicáveis as penas previstas no orde-
namento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva (a dedução é típica do Direito, lembre-se! A
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Criminologia usa técnica indutiva, mas nessa época a Criminologia ainda não havia nascido
propriamente como ciência, de modo que os clássicos são, sobretudo, juristas da área penal)
de subsumir uma conduta a uma norma penal incriminadora. Os clássicos consideram que o
crime é, antes de tudo, um ente jurídico. É necessário que haja uma previsão legal para que
uma conduta seja considerada criminosa.
A Escola Clássica não estava tão interessada em entender a razão pela qual alguém decide
cometer um crime. Mas foi a Escola Clássica que se preocupou, pela primeira vez, em funda-
mentar, delimitar e legitimar a pena. Em substituição ao sistema penal caótico e desumano do
Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um panorama legislativo humanitário e racional,
mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, justa e proporcional.
Alguns dos principais expoentes são: Francesco Carrara, Feuerbach e Cesare Bonesana,
também conhecido como Marquês de Beccaria.
Século XVIII
Feuerbach
Francesco Carrara
Livre-arbítrio
Escola Clássica
Delinquente e não-delinquente são
essencialmente iguais
2.2. Positivistas
Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos clássicos, os positivistas defendem a observa-
ção dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. A ideia era
aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais. Como não era possível
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realizar essa aplicação em relação às normas (grande objeto de estudo dos penalistas clás-
sicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores identificam que aí nasce,
verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse momento que a Criminologia
começa a se valer do método indutivo, empírico e multidisciplinar.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determi-
nismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que di-
ferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças,
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são as
características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos, não
há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da etio-
logia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão pela
qual uma pessoa comete um crime.
Para os positivistas, o crime não é uma entidade jurídica. Ele existe por si só, ou seja, onto-
logicamente.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A pena,
para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista a ado-
ção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse a pato-
logia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade) contra o
criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os principais expoentes do positivismo são:
• Cesare Lombroso, autor de “O Homem Delinquente”, responsável pela corrente antropo-
lógica do positivismo e considerado o pai da Criminologia;
• Enrico Ferri, autor de “Sociologia Criminal”, responsável pela corrente sociológica do
positivismo;
• Rafaelle Garofalo, autor de “Criminologia”, responsável pela corrente jurídica do positi-
vismo.
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Século XIX
3. Escolas Sociológicas
As teorias sociológicas do crime podem ser agrupadas em duas grandes categorias: as
Teorias do Consenso e as Teorias do Conflito. As teorias do consenso partem do pressuposto
de existência de objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. São
também chamadas de funcionalistas ou integralistas.
As teorias do consenso mais cobradas em provas são: Escola de Chicago, Teoria da Ano-
mia, Teoria da Subcultura Delinquente e Teoria da Associação Diferencial.
As teorias do conflito, por outro lado, partem do pressuposto de que há força e coerção
na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de uns e sujeição de outros. A
produção legislativa serviria para assegurar o triunfo da classe dominadora. Essas teorias são
também chamadas de argumentativas.
DICA:
Recurso Mnemônico
Teorias do Consenso: Chicago, Anomia, Subcultura e Associa-
ção.
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Se propôs a discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida na
cidade. Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos produ-
ziram mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago. Os bairros de Chicago
são divididos e analisados de acordo com seus problemas sociais. Burgess desenvolve a teo-
ria das zonas concêntricas. Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois nomes importantes
na Escola de Chicago. Preocupados com a delinquência juvenil, na obra Delinquency Areas,
demonstraram que, quanto mais perto do loop, maior a degradação e as taxas de criminalidade
dos bairros. Concluíram, também, que nas áreas criminais, o controle social informal é pouco
eficiente. A pessoa recém-chegada à cidade passa por um processo de desorganização social.
Há um sentimento de perda pessoal, rejeição de regras sociais, perda de raízes. A desorganiza-
ção social causa aumento de doenças, prostituição, insanidades, suicídios e crime.
Seu principal autor foi Edwin Sutherland, sociólogo norte-americano. No começo dos anos
40, Sutherland defendeu que o crime não é cometido somente por pessoas menos favoreci-
das. As pessoas aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por
base essa conduta. O processo de comunicação, é fundamental. A pessoa se torna criminosa
quando as definições favoráveis à violação da norma superam as definições desfavoráveis, em
um processo de imitação.
Sutherland cunhou a expressão (white collar crime) em 1939. É o crime cometido no âmbi-
to da profissão por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social. A razão pela qual
esses crimes são cometidos é a mesma da criminalidade dos pobres: aprendizado somado a
definições favoráveis à violação da lei. Crimes difíceis de se detectar ou sancionar, em virtude
da “imunidade do negócio”. Crimes com efeitos significativos, porém difusos. É um tipo de cri-
minalidade organizada praticada pelos homens de negócio.
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O tema está, atualmente, em franca evidência. A Operação Lava Jato é citada como exem-
plo de quebra de paradigma. Banestado e Mensalão foram importantes precedentes. Algumas
leis foram importantes para essa alteração de cenário, como a Lei dos Crimes de Colarinho
Branco (Lei n. 7.492/1986) e a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998). Impunidade
deixou de ser uma certeza para os poderosos, políticos ou financeiros.
Émile Durkheim: sociólogo francês (final séc. XIX). Há momentos em que a sociedade atra-
vessa transformações e perde a capacidade de exercer o papel de freio moral. A anomia é esse
estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produzindo uma situação de
transgressão ou de pouca coesão. O crime se torna um problema quando existe anomia. Caso
contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal e útil, porque permite que a consciên-
cia coletiva evolua.
Robert Merton: sociólogo (EUA), final dos anos 30. Adaptou a teoria do Durkheim para o
American Dream. As estruturas sociais e culturais apresentam objetivos e meios que têm, en-
tre outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e regularidade do comportamento
humano. No limite, quando a previsibilidade das condutas num grupo social é minimizada, pelo
espaçamento entre os objetivos e os meios, está configurada a anomia ou caos cultural. Os in-
divíduos procedem a adaptações individuais, que podem ser: conformidade; inovação (anomia
propriamente dita); ritualismo; retração e rebelião.
Talcott Parsons: sociólogo (EUA), 1951. Teoria do sistema social, aprofundando as ideias
de Merton. Considerou três duplas de fatores: atividade e passividade; predomínio conforma-
tivo e predomínio alienativo; e orientação para objetos sociais e orientação para normas. A
combinação deles ditará qual o tipo de resposta que uma pessoa dará a uma situação em que
há uma perturbação no quadro de expectativas.
Desenvolvida na obra “Delinquent boys”, de Albert Cohen (EUA), 1955. Toda sociedade é
internamente diferenciada em numerosos subgrupos, ou subculturas, com maneiras de pensar
e agir: que lhe são peculiares; que as pessoas somente podem adquirir participando desses
grupos; e que alguém raramente deixará de adquirir se for um participante verdadeiro do grupo.
A subcultura, típica das gangues, valoriza o não utilitarismo, a malícia, o negativismo, a versa-
tilidade, o hedonismo de curto prazo e a autonomia de grupo.
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QUADRO SINÓPTICO DAS TEORIAS DO CONSENSO
Robert Park
Ernest Burgess Desorganização social das grandes
Escola de Clifford Shaw cidades
Chicago Henry McKay Controle social informal enfraquecido
(1920-1930)
Émile Durkheim
Crime é normal e útil, a não ser quando
(fim séc. XIX)
Anomia ultrapassados certos limites
Robert Merton
Descompasso entre meios e objetivos
(1938)
Edw in Sutherland
Desenvolvida sobretudo nos EUA a partir da década de 1960. Também chamada de teoria
da rotulação; teoria do etiquetamento; teoria da reação social; teoria interacionista; interacio-
nismo simbólico. O controle social formal se consolidou como objeto da Criminologia em virtu-
de dessa escola, que nasceu nos anos de 1960, nos Estados Unidos. Estudar a realidade social
implica estudar os processos de interação individual ocorridos no seio da própria sociedade.
Reconhece o caráter constitutivo do controle social formal, considerado instrumento seletivo
e discriminatório. Deixa-se de questionar por que um indivíduo comete crimes, e passa-se a
indagar a razão de certa conduta ser etiquetada com o rótulo de desviada. Há abandono do
paradigma etiológico. Propuseram a política dos 4 Ds:
• Descriminalização (deixar de considerar certas condutas como criminosas);
• Diversão (diversificar a resposta aos problemas da sociedade);
• Devido processo legal (respeitar as regras do processo legal);
• Desinstitucionalização: (pensar em penas alternativas à prisão).
Manicômios, Prisões e
Erving Goffman
Labelling Approach / Conventos, 1961
Teoria da Reação Social/
Teoria da Rotulação/ Teoria Discriminalização
do Etiquetamento / Teoria Diversão (diversificação)
Interacionista (Déc. 60) Política dos 4Ds
Devido Processo Legal
Desistitucionalização
Criminologia Crítica e
Alessandro Baratta (ITA /
Crítica do Direito Penal,
ALE)
1982
Criminolodia Dialética,
Roberto Lyra Filho
1972
Criminologia Crítica /
Criminologia Radical / A Criminologia Radical,
Juarez Cirino dos Santos
Nova Criminologia 1981
(Déc. 70) Brasil Introdução Crítica ao
Nilo Batista Direito Penal Brasileiro,
1990
Criminologia da Libertação,
Lola Aniyar de Castro
1987
Venezuela
América Latina e sua
Rosa del Olmo
Criminologia, 1981
Não confunda essa classificação de prevenção (primária, secundária e terciária) com a classi-
ficação relativa ao processo de criminalização, que utiliza as mesmas categorias:
• criminalização primária: é aquela realizada pelo legislador ao criar os tipos penais;
• criminalização secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas;
• criminalização terciária: é a estigmatização realizada pelo sistema prisional durante a
execução da pena.
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Causas do crime
Situações de risco
Ressocialização
Presos e egressos
Terciária Age tardiamente
Conciliação de todas as
expectitivas do fenômeno
criminal
QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/2018/Q949267) Afirmar que a criminolo-
gia é interdisciplinar e tem o empirismo como método significa dizer que esse ramo da ciência:
a) utiliza um método analítico para desenvolver uma análise indutiva.
b) considera os conhecimentos de outras áreas para formar um conhecimento novo, se afir-
mando, então, como independente.
c) utiliza um método silogístico.
d) utiliza um método racional de análise e trabalha o direito penal de forma dogmática.
e) é metafísica e leva em conta os métodos das ciências exatas para o estudo de seu objeto.
A criminologia constrói seu saber a partir de análises do fenômeno criminal. Ela se vale do
conhecimento integrado de vários ramos do saber (interdisciplinaridade) e da observação do
mundo fático (empirismo). Assim, analisa a realidade fática e, a partir dessa observação de
casos, chega a formulações genéricas sobre o fenômeno analisado, numa operação de indu-
ção (parte do específico para chegar ao geral). Na letra b, a criminologia é, certamente, uma
ciência autônoma, mas “dependente” no sentido de necessitar dos aportes de outras áreas. Na
letra c, a criminologia não emprega o método silogístico, que é um tipo de argumento lógico
que aplica o raciocínio dedutivo (o oposto do raciocínio indutivo, típico da criminologia) para
chegar a uma conclusão. Na letra d, a criminologia não trabalha de forma dogmática. O direito
penal é dogmático, parte de dogmas para criar tipos penais e as respectivas penas. Na letra
e, a criminologia não é uma ciência metafísica. A metafísica busca conhecer a essência das
coisas, se ocupa do supremo na hierarquia dos seres, enquanto a criminologia é empírica, se
baseia em fatos e não pretende divagar abstratamente sobre a essência do crime. Por fim, a
criminologia se vale do empirismo, método típico das ciências naturais, mas não se vale dos
métodos rigorosos das ciências exatas, com predições e medições precisas e quantificáveis.
Letra a.
Essa é uma questão difícil, mas não tanto pelo conteúdo em si quanto pela redação ambígua
do enunciado, especificamente no tocante ao termo “independentemente”. O que o enuncia-
do quer dizer, resumidamente, é: O positivismo criminológico caracteriza-se pela negação do
livre arbítrio, pela crença no determinismo, pela adoção do método empírico-indutivo e pela
neutralidade axiológica da ciência, independentemente do fato de um dado autor positivista
ter um viés mais antropológico, psicológico ou sociológico. Lido dessa maneira o enunciado
está correto: a criminologia positivista é empírica, é indutiva, acredita que o livre-arbítrio é uma
ilusão, defende o determinismo, não se aproxima do delito para julgá-lo, ou seja, não faz juízos
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de valores, juízos axiológicos (neutralidade axiológica), mas sim tenta entender as razões para
o cometimento de um delito. Todos esses postulados foram empregados por autores posi-
tivistas independentemente do viés antropológico, psicológico ou sociológico de seus estu-
dos. Ocorre que, na leitura do enunciado, podemos fazer outra interpretação – absolutamente
possível do ponto de vista da estrutura da frase – do sentido do termo “independentemente”.
Nessa outra possibilidade de interpretação, concluiríamos que o positivismo não dependia de
conteúdos antropológicos, sociológicos ou psicológicos, o que é evidentemente equivocado.
Lombroso utilizou aportes antropológicos e psicológicos, ao falar de atavismo e da categoria
de louco moral. Ferri inaugurou a sociologia criminal. Logo, o candidato que faz essa segunda
interpretação possível do termo “independentemente” acaba avaliando, naturalmente, que o
enunciado está errado.
Certo.
Robert Merton e Talcott Parsons desenvolveram a Teoria da Anomia, que obedece ao modelo
da denominada sociologia do consenso.
Errado.
Edwin Sutherland é o principal autor da teoria da associação diferencial. Para Sutherland, o cri-
me não é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas aprendem a condu-
ta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa conduta. Esse processo
é tanto mais intenso quanto mais íntimas as relações estabelecidas pelo indivíduo. As pesso-
as, então, interagem em grupos, aprendem umas com as outras, se associam, mas não para
seguir os padrões da sociedade, e sim para agir de modo diferente (praticando delitos). Daí o
nome associação diferencial.
Letra e.
O modelo restaurativo, ou integrador, com discurso positivo e otimista, propõe mediação, con-
ciliação e reparação para apaziguar as situações decorrentes do fenômeno criminal. Trata-se
de resgatar a dimensão interpessoal do crime: os envolvidos devem realizar a gestão participa-
tiva do conflito. O modelo integrador é o que confere à vítima o papel mais ativo na resposta do
delito. Na letra a, o modelo dissuasório clássico confia na pretensão punitiva do Estado – por
meio da prevenção e imposição de uma pena –, que produz o efeito de dissuadir as pessoas
à prática criminal. Vítima e comunidade ocupam posições marginais no modelo dissuasório.
Posições centrais são ocupadas pelo Estado e pelo delinquente. Na letra b, o modelo ressocia-
lizador busca o resgate e a reinserção social do infrator, e não da vítima. Na letra c, o modelo
de reação ao delito com viés retribucionista é o modelo clássico, em que não há preocupação
com o ressarcimento da vítima. Na letra d, apesar de a vítima recuperar um pouco de seu pro-
tagonismo no modelo integrador, não há que se falar em julgamento do criminoso pela vítima.
Esse papel cabe ao Estado.
Letra e.
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Mariana Barreiras
GABARITO
1. a 5. E 9. e
2. b 6. e 10. c
3. C 7. C
4. C 8. E
Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.