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Criminologia

Professor Ricardo Ziegler

CRIMINOLOGIA (TEORIA)

EDITAL PMDF - IADES/2018

CRIMINOLOGIA:

1 Criminologia. 1.1 Conceito. 1.2 Métodos: empirismo e interdisciplinaridade. 1.3 Objetos da criminologia: delito, delinquente, vítima,
controle social.
2.Funções da criminologia. 2.1 Criminologia e política criminal.
3 Modelos teóricos da criminologia.3.1 Teorias sociológicas. 3.2 Prevenção da infração penal no Estado democrático de direito.3.3
Prevenção primária. 3.4 Prevenção secundária. 3.5 Prevenção terciária.3.6Modelos de reação ao crime.

MÓDULO I

1. Conceito.
2. Método
3.Objetos (Delito; Delinquente; Vítima e Controle Social)
4. Funções da Criminologia
5. Criminologia e Política Criminal (Abolicionismo Penal; Minimalismo Penal; Garantismo; Direito Penal do Inimigo; Política Criminal Atuarial)

MÓDULO II

6. Modelos Teóricos (Teorias e Escolas)

6.1 Ideologia da Defesa Social


6.1.1 Escola Clássica
6.1.2 Escola Positivista

6.2 Teorias Sociológicas Consenso


6.2.1 Escola de Chicago – Teoria Ecológica- Desorganização Social
6.2.2 Estrutural-Funcionalista
6.2.3 Associação Diferencial
6.2.4 Neutralização
6.2.5 Subcultura Criminal

MÓDULO II

6.3 Teorias do Conflito


6.3.1 Teoria do Etiquetamento( Labelling Approach)
6.3.2 Criminologia Crítica
6.3.3 Criminologia Radical

MÓDULO III

7. Prevenção da Infração Penal

7.1 Prevenção Geral


7.2 Prevenção Especial
7.3 Prevenção Primária
7.4 Prevenção Secundária
7.5 Prevenção Terciária

8. Modelos de Reação ao Crime


8.1 Modelo clássico, dissuasório ou retributivo
8.2 Modelo ressocializador
8.3 Modelo restaurador, integrador ou Justiça Restaurativa
8.4 Modelo de Segurança Cidadã

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MÓDULO I (CONCEITO, MÉTODO, OBJETOS, FUNÇÕES, CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL)

NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA • Interdisciplinar: Influencia e é influenciada por outros ramos


do conhecimento pela Sociologia, Antropologia, Direito Penal,
• Hans Göppinger: “ a criminologia tem uma curta história, Economia, Biologia, Psicologia, Política Criminal etc...
porém um longo passado”
2.1.  Interdisciplinar
• Fase Pré- Científica: (Demonologia, Fisionomia, Frenologia e
Psiquiatria) • Direito Penal: define quais condutas tipificam crimes ou
contravenções, estabelecendo as respectivas penas (ESCOLA
• Iluminismo ( Escola Clássica e Direito Penal ) CLÁSSICA)

• Fase Científica: (Escola Cartográfica, Positivismo • Medicina Legal: Psiquiatria Forense ( ESCOLA POSITIVA e
Criminológico, Antropologia, Biologia, Psicologia, Sociologia e NEUROCRIMINOLOGIA)
Ciências Jurídicas)
• Sociologia Criminal: visualiza o ilícito penal como fenômeno
• Paul Topinard: Usou pela primeira vez o termo “ Criminologia“ gerado no ambiente social (FERRI) (ESCOLA DE CHICAGO)

• 1ª Escola: Liberal Clássica: Beccaria “Dos Delitos e das • Economia do Crime: análise dos custos e benefícios da prática
Penas”-1764 do crime (TOLERÂNCIA ZERO)

• Inaugura o marco científico foi Lombroso “ O Homem 3. OBJETOS


delinquente” -1876
• Delito.
• Rafael Garofalo: Internacionalizou o termo no seu livro “ • Delinquente.
Criminologia“-1885 • Vítima.
• Controle Social.
1. CONCEITO
3.1.  Delito:
• Rogério Greco preconiza que “no que diz respeito às ciências
criminais propriamente ditas, serve a criminologia como mais » CRIME PARA CRIMINOLOGIA ≠ DIREITO PENAL
um instrumento de análise do comportamento delitivo, das » Escolas e Modelos Teóricos adotam critérios diferentes:
suas origens, dos motivos pelos quais se delinque, quem ∙ Ex: Escola Clássica : Crime = Norma
determina o que se punir, quando punir, como punir, bem ∙ Ex: Positivismo Criminológico: Crime = Concepção
como se pretende, com ela, buscar soluções que evitem ou Natural ( Patológico)
mesmo diminuam o cometimento das infrações penais”. ∙ Ex: Estrutural-Funcionalismo: Crime= Fenômeno Normal
∙ Ex: Criminologia Crítica: Crime = Opção Política das
• Nelson Hungria: “Criminologia é o estudo experimental do classes dominantes
fenômeno crime, para pesquisar-lhe a etiologia e tentar a sua
debelação por meios preventivos ou curativos”. “Assim, para a criminologia, o crime é um fenômeno social,
comunitário e que se mostra como um “problema” maior, a
• Edwin H. Sutherland: “Criminologia é um conjunto de exigir do pesquisador uma empatia para se aproximar dele e o
conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da entender em suas múltiplas facetas”.Nestor Penteado.
criminalidade, a personalidade do delinquente, sua conduta
delituosa e a maneira de ressocializá-lo”. “Delito é toda infração de normas sociais consagradas nas leis
CIÊNCIA AUTÔNOMA DESCRITIVA INTERDISCIPLINAR penais que tende a ser perseguida oficialmente no caso de ser
Objeto Método Função descoberta” . Luís Régis Prado
1- Crime; Fornecer Informações válidas e
2-Criminoso;
Empírico
confiáveis sobre a criminalidade “Uma conduta delitiva para interesse da Criminologia, deve-se
3-Vitima; e soluções para diminuir a observar os seguintes parâmetros: incidência massiva e aflitiva,
4-Controle Social criminalidade
persistência espaço-temporal, consciência generalizada sobre
2. MÉTODO sua negatividade”. Eduardo Viana

• Empírico: Observações sistemáticas de fenômenos reais e 3.2.  Delinquente:


Experiências;
O criminoso para criminologia, tal como o crime, terá
• Indutivo: A partir de análise dos dados, chega a uma Teoria ou características definidas para Criminologia a depender de suas
conclusões. Particular para o Geral. diversas teorias, ora como um indivíduo dotado de liberdade
de escolha, ora como determinado por características inatas
ou pelo ambiente, classe social, ora como vítima da ausência
do Estado em prover condições básicas de existência.

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3.3.  Criminoso PROTAGONISMO DA VÍTIMA NO DIREITO PENAL


ESCOLAS/ TEORIAS DELINQUENTE
Criminoso Nato(determinismo biológico) • Fixação da pena
Escola Positivista ou de processos causais alheios
(determinismo social). Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes,
Dotado de livre-arbítrio, não é anormal e à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos,
Escola Liberal Clássica
responsável moralmente.
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
Indivíduo normal inserido em um estrutura
Estrutural
social defeituosa(enfraquecimento da
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
Funcionalista necessário e suficiente para reprovação e prevenção do
solidariedade)
Criminoso independe de classes social ou crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Associação Diferencial
de frequência no cárcere.
Criminoso pertence as classes sociais • Conversão das penas restritivas de direitos
Labeling Approach desfavorecidas sendo selecionado pelo
Sistema Penal.
§ 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em
3.4.  Vítima dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública
ou privada com destinação social, de importância fixada pelo
• Vitimologia juiz,[...]. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
• Classificação das Vítimas
• Vitimização Primária, Secundária e Terciária. • Circunstâncias atenuantes

Três grandes instantes da vítima nos estudos criminológicos: Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a
1) Idade do ouro/protagonismo da vítima: desde os primórdios influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
da civilização até o fim da Alta Idade Média (lei de Talião, por vítima;
exemplo);
3.4.3.  Processos de Vitimização:
2) Neutralização/esquecimento: surgiu com o processo
inquisitivo e com a assunção do poder público no monopólio • Vitimização Primária -  Refere-se ao prejuízo derivado do
da punição; crime praticado, aos danos físicos, sociais e econômicos. Aqui
o indivíduo sofre diretamente a ação, os danos.
3) Revalorização/descobrimento: a partir do fim da Segunda
Guerra Mundial, quando se observou ser necessário dar • Vitimização Secundária -  É a sobrevitimização do processo
contornos mais humanos às vítimas. penal. Consiste no sofrimento adicional imputado pela prática
da justiça criminal, o sofrimento de reviver os danos durante a
3.4.1.  Vitimologia ação penal. Há que entenda que o réu também sofre ao reviver
o crime.
A vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da
vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na • Vitimização Terciária - É ligada à  cifra negra, também
sociedade, quando esta tiver real interesse nisso. (Benjamim chamada de  cifra oculta da criminalidade, pela considerável
Mendelsohn) quantidade de crimes que não chegam ao Sistema Penal,
quando a vítima experimenta abandono e não dá publicidade
3.4.2.  Classificação das Vítimas ao ocorrido.

Mendelsohn conclui que as vítimas podem ser classificadas Vitimização Primária - Relação: criminoso → vítima.
em três grandes grupos para efeitos de aplicação da pena ao
infrator: Vitimização Secundária -  Relação: Estado (MP, polícia e etc)
» Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem → vítima.
outra forma de participação no delito, mas sim puramente
vitimal; Vitimização Terciária - Relação: Sociedade → vítima.
» Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na ação
nociva e existe uma culpabilidade reciproca, pela qual
a pena deve ser menor para o agente do delito(vítima
provocadora);
» Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que
cometem por si a ação nociva e o não culpado deve ser
excluído de toda pena.

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3.5.  Controle Social: A tríplice função, consubstanciada em 1: explicar e prevenir o


crime; 2:intervir na pessoa do infrator; e 3: avaliar os diferentes
• Formas de exercício de poder, forma de realização de modelos de resposta ao crime.
imposição através de sua hegemonia na sociedade;
• Teoria do Controle Social – Hirschi 5. POLÍTICA CRIMINAL

PORQUÊ SIM >>>>>> PORQUÊ NÃO Criminologia, Direito Penal e Política Criminal
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL
“A organização da sociedade é tal que os interesses da maioria Seleciona
Ciência empírica que
das pessoas seriam colocados em perigo caso se envolvessem comportamentos Estratégias e meios
estuda o crime, o
em fatos delitivos”. HIRSCHI, T. Causes of delinquency indesejados e os define de controle social da
criminoso, a vitima e o
como infração penal e criminalidade
controle social
impõe penas
3.5.1.  Controle Social Informal:
CRIME --- NORMA CRIME --- FATO CRIME --- VALOR
Quais políticas
» Difuso(Informal): (espalhado na sociedade: família, mídia, Quais fatores
públicas desenvolver
Ex: Furto contribuem para a
religião, educação, associações, ideologias...) para diminuir o crime
incidência do furto?
de furto.
» O sistema informal vai socializando a pessoa desde a sua
infância (ex:estrutura familiar), e ele é, em geral, sutil e 5.1.  MOVIMENTOS ATUAIS
não possui uma pena, além de ser mais ágil na resolução
dos conflitos que os mecanismos públicos. 5.1.1.  ABOLICIONISMO PENAL:

3.5.2.  Controle Social Formal: O mais famoso defensor dessa escola, Louk Hulsman, no seu
lendário livro Penas perdidas, atesta que as sanções criminais
» Institucionalizado(Formal): (passam necessariamente não servem para ressocializar ninguém, mas apenas para
pelo crivo do Estado, que pode ser punitivo ou não impor um castigo inútil e que deturpa ainda mais o criminoso. As
punitivo – com mais destaque para o punitivo que se dá penas são métodos de castigo/vingança por parte do Estado.
pelo sistema penal) Christiano Gonzaga. Manual de Criminologia . Editora Saraiva.
Edição do Kindle.
» Polícia judiciária e militar, Judiciário, Ministério Público,
Administração Penitenciária, etc. Os agentes do Estado Thomas Mathiense: Perspectiva Marxista que vincula o
atuam de forma subsidiária (ultima ratio), quando o Sistema Penal ao modo de produção capitalista , instrumento
controle informal não foi capaz de evitar o crime. de dominação que deve ser banido.

» Sistema Penal: poder legislativo, instituições policiais, Fundou a KROM ( Organização Norueguesa Anti-Carcerária)
ministério público e judiciário.
8 Premissas:
Processos de Criminalização:
1) A finalidade da prevenção especial é irreal;
• Zaffaroni, Alagia e Slokar sustentam que o sistema de 2) O fim da prevenção geral é incerto;
Administração da Justiça(PENAL) atua de forma altamente 3) Delitos Patrimoniais( bem disponível);
seletiva. Distinguem entre o que denominam criminalização 4) Irreversibilidade da construção de presídios;
primária e secundária: 5) Instituição Total Expansiva;
6) Desumanidade das prisões;
• 1ª seleção: Poder Legislativo(criminaliza condutas) 7) Produz Violência;
• 2ª seleção: Polícias + MP e Tribunais 8) Elevado custo carcerário

4. FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA Nils Christie: Defende o fim de toda e qualquer espécie de


sanção ou pena capaz de causar sofrimento ao desviante.
CIÊNCIA AUTÔNOMA DESCRITIVA INTERDISCIPLINAR A solução para o delito (situação-problema) decorre da
Objeto Método Função
instituição de comitês encarregados de encontrar soluções
1- Crime; Fornecer Informações
alternativas, como a compensação da vítima, a mediação ,
2-Criminoso; válidas e confiáveis sobre a
Empírico mas nunca a imposição de pena. JOSÉ CÉSAR NAVES DE LIMA
3-Vitima; criminalidade e soluções para
4-Controle Social diminuir a criminalidade JÚNIOR. Manual de Criminologia. Editora JusPodvm

Luiz Flávio Gomes e García-Pablos de Molina ( Perspectiva Michel Foucault: Zaffaroni (1991, P- 101) afirma que,
Moderna das Funções da Criminologia): embora Foucault (1926-1984) – Vigiar e Punir “não possa ser
considerado um abolicionista no sentido dos demais autores”,
A função prioritária da Criminologia seria aportar um núcleo foi, inequivocamente, um abolicionista, por ter produzido, em
de conhecimentos seguros e fundamentados acerca do crime, uma perspectiva estruturalista, subsídio teórico a este saber
do criminoso, da vítima e do controle social. contracultural.

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NATACHA ALVES DE OLIVEIRA – Criminologia(Sinopse)- Ed. XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
JusPodvm de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
SOCIEDADE DISCIPLINAR e PANOPTISMO(Deslegitimidade do
Poder Punitivo e Falso Humanismo e Ressocializador LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal;
5.1.2.  MINIMALISMO PENAL:
» Raízes Filosóficas : Rousseau, Hobbes, Kant.
» Limitação do Direito Penal à tutela de bens jurídicos
relevantes(SUBSIDIARIEDADE E FRAGMENTARIEDADE). » Günter Jakobs - Funcionalismo Sistêmico -1985
» Dignidade da Pessoa Humana(Veda Pena de Morte);
» Legalidade , Reserva Legal ( anterioridade, escrita, estrita » Direito Penal do Cidadão vs. Direito Penal do Inimigo
e taxatividade).
» Princípio da lesividade (atitude interna, alteridade,penal » “A transição da qualidade de “cidadão” para “inimigo” dá-se
do fato) a partir da reincidência, da habitualidade, da delinquência
» Insignificância profissional ou da integração à organização criminosa”
» Lei 9.099/95 ( Medidas Despenalizadoras) (MASSON, 2017, p. 114)
» Reforma do Código Penal de 1984 - (Art. 43 Penas
Restritivas de Direito) » “Criminosos econômicos, terroristas, delinquentes
» Extinção do Crime de Adultério (Art. 240 – Lei 11.106/2005) organizados, autores de delitos sexuais são os indivíduos
» Art. 28 da Lei 11.343/06. potencialmente tratados como inimigos, aqueles que se
» Extinção da Punibilidade Crimes Tributários SV 24 afastam de modo permanente do Direito e não oferecem
» STF e STJ ( Principio da Insignificância) garantias cognitivas de que vão continuar fiéis à norma.
Assim, por não aceitarem ingressar no estado de cidadania,
5.1.3.  GARANTISMO PENAL: Ferrajoli (DIREITO E RAZÃO, 1990) não podem participar dos benefícios do conceito de ‘pessoa.
Uma vez que não se amoldam em sujeitos processuais não
Sistema jurídico-processual penal que respeite os direitos e fazem jus a um procedimento penal legal, mas sim, um
garantias fundamentais. procedimento de guerra” LUIZ FLÁVIO GOMES.

Três prismas e dez axiomas (Ferrajoli): Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o
propósito inequívoco de consumar tal delito:
∙ Modelo normativo – Limites formais à atuação punitiva
do Estado legislador. Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de
∙ Teoria Jurídica – Necessidade de que o garantismo, um quarto até a metade.
assim entendido como o respeito aos direitos e garantias
fundamentais, não fique apenas no plano normativo, mas Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter
também seja verificado quando da operacionalização do em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta
sistema. ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores
∙ Filosofia Política – Limites materiais à atuação punitiva ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a
do Estado, que deve saber separar direito e moral, preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei:
criminalizando apenas aquilo que for capaz de atentar
seriamente contra a vida em sociedade. Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.

Art. 5º CF/88: 5.1.4.  VELOCIDADES DO DIREITO PENAL -


Jesus Maria Silva Sanchez
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal; 1ª velocidade: tutela bens jurídicos individuais e,
eventualmente, supraindividuais, assegurando as garantias
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos penais e processuais individuais ao acusado, mas conferindo
direitos e liberdades fundamentais; primazia à pena privativa de liberdade.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e 2ª velocidade: Passa a privilegiar penas alternativas,
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; restritivas de direito( Reforma Penal de 1984, Lei 9.099/95,
Art. 28 da Lei 11.343/06)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de 3ª velocidade: Imposição de penas sem garantias penais
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos e processuais. Os atentados terroristas deram margem a
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, essa velocidade: mitigam certos direitos e princípios para
os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; reprimir esses crimes. (Crimes Hediondos e Crime Organizado)
(DIREITO PENAL DO INIMIGO)

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4ª velocidade: Chamado de neopunitivismo por Daniel Pastor, vislumbrar uma decisão totalmente racional), buscar por
relaciona-se ao Direito Penal Internacional, caracterizando- meio da pena atingir objetivos econômicos. Neste modelo,
se pela aplicação, pelo Tribunal Penal Internacional - TPI, a criminalidade é compreendida enquanto fruto de um erro
das normas de direito internacional a pessoas que atuaram de cálculo, de um erro de antecipação”. DIETER, Maurício
como Chefes de Estado e, nesse mister, violaram gravemente Stegemann. Política criminal atuarial: a criminologia do fim da
tratados internacionais de direitos humanos. (GADDAFI,Libía história. Rio de Janeiro: Revan, 2013.
e Bizimungu; Ruanda)
DIREITO PENAL
• Teoria das Janelas Quebradas( Broken Windows)

DIREITO PENAL
• Experiência Phillip Zimbrado ( Bronx e Palo Alto) - ABOLICIONISMO MINIMALISMO GARANTISMO
MÁXIMO +

• “A desordem teria como consequência inexorável (mais)


desordem, delitos e intensificação da criminalidade, por mais
simples e “inofensivo” que o comportamento reprovável possa EditANOTAÇÕES
se revelar em um primeiro momento.” Wilson,Kelling e Skogan
– Bronken Windows: The Police and the neighborhood safety.

• Movimento Lei e Ordem: Intervenção Penal Drástica –


Instrumento Central para conter a Criminalidade Urbana.

• Losing Ground- American Social Policy – Charles Murray

• Rudolph Giuliani - Prefeito de NY ; William Bratton – Chefe da


Polícia Municipal de NY.
a. Aumento do Efetivo;
b. Obrigação de apresentar resultados;
c. Emprego de Tecnologia de Monitoramento de Crime e
Desordens
d. Aplicação inflexível da lei a delitos menores.

5.2.  RESULTADOS:

Em Nova York, os assassinatos diminuíram 61% e a prática


de crimes em geral caiu 44%, depois da aplicação da política
iniciada em 1994, durante o mandato do então prefeito Rudolph
Giuliani. A iniciativa aumentou o policiamento ostensivo nas
ruas e as punições a contravenções e crimes menores, como
não pagar transporte coletivo ou consumir bebidas alcóolicas
nas ruas.

5.3.  CRÍTICAS:

• Hipertrofia Penal ( violação do princípio da legalidade; da


fragmentariedade e da proporcionalidade.);
• Deslegitimidade do Direito Penal ( seletividade penal)
• Aumento das leis penais simbólicas;
• Encarceramento em massa e Alto Grau de Reincidência
• Controle de Grupos de Riscos;
• Gestão e Neutralização dos riscos;
• Incapacitação dos criminosos habituais;
• “A Criminologia Atuarial, nesse sentido, aplica aos
comportamentos humanos as técnicas estatísticas
desenvolvidas para as finanças e os seguros para calcular os
riscos” (BRANDARIZ GARCÍA, 2007; GARAPON, 2010)

5.4.  POLÍTICA CRIMINAL ATUARIAL

“A Criminologia Atuarial apoia-se na lógica econômica para,


a partir de números e estatísticas (que permitem a avaliação
mesurada de objetivos quantitativos e que proporcionam

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MÓDULO II - MODELOS TEÓRICOS (TEORIAS E ESCOLAS) E TEORIAS DO CONSENSO

6. IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL • Método: Abstrato e dedutivo;


Teoria Expoentes
Objeto Palavras-Chave
(Escola/Obras) (Autores) • Autores: Beccaria, Carrara, Romangnosi e Feurbach.
Beccaria Livre-arbítrio,
Clássica Crime
Carrara prevenção Positivismo Criminológico
(Dos delitos e (ente
Romagnosi geral negativa,
das penas) -jurídico)
Jeremy Bentham Iluminismo
• Fatores Favoráveis ao Positivismo Criminológico:
Criminoso, Determinismo,
Positivista Lombroso
ser atávico. indutivo
(Neoclássica) (Medicina) 1) Ineficácia das concepções clássicas para diminuição da
experimental,
Ferri(Sociologia) Crime
Homem
prevenção criminalidade;
(Patológico, especial negativa, 2) Aplicação do método de observação ao estudo do homem;
Delinquente Garofalo(Juridico)
Natural) criminoso nato.
3) Contribuições de Quetelet: Regularidade e Uniformidade na
Ideologia da Defesa Social( Alessandro Baratta) Qntde de Crimes;
4) Conflitos em Proteção aos Direitos Individuais vs. Coletividade
a. Princípio da Legitimidade: O Estado está legitimado a • Progresso das Ciências Naturais.
reprimir a criminalidade;
• Explicação patológica da criminalidade
b. Princípio do bem e do mal: O delito é um dano para a
sociedade, o delinquente é um elemento negativo; • Cesare Lombroso - 3 Teses Centrais:

c. Princípio da Culpabilidade: O delito é expressão de uma I. O Criminosos diferencia-se dos não-criminosos por sinais
atitude reprovável, porque contraria valores e normas; físicos e psíquicos.
II. O criminoso é um ser atávico( degeneração)
d. Princípio da Finalidade ou da Prevenção: A pena não tem III. Variação transmitida hereditariamente
somente função de retribuir o mal, mas a de prevenir o
crime; • Recepção no Brasil – Eugenia – contorno racistas.

e. Princípio de igualdade: A criminalidade é a violação da • Neodeterminismo( Neolombrosianos)


lei penal e, como tal, é o comportamento de uma minoria
desviante. A lei penal é igual para todos; • O crime: é um fato humano; delito natural

f. Princípios do Interesse social e do delito natural: O • O criminoso: Não é dotado de livre arbítrio, é um ser anormal
núcleo central dos delitos definidos nos códigos das sob a ótica biológica e psicológica;
nações civilizadas representa ofensa de interesses
fundamentais.(delitos naturais), apenas uma pequena • A  pena: baseada no determinismo, prevenção especial
parte viola arranjos políticos e econômicos ( delitos negativa( neutralização).
artificiais) .
• Método: Empírico e indutivo
Escola Liberal Clássica da Criminologia
• Autores: Lombroso(antrobiológica), Ferri(sociológica) e
• ILUMINISMO – Concepção Liberal do Estado de Direito Garofalo(jurídica)

• Processo Filosofia do Direito Penal >>>>> Ciência do Direito Criminologia Moderna ( Virada Sociológica)
Penal
MODELOS TEÓRICOS

• Dos Delitos e das Penas – Pressupostos para uma teoria TEORIAS DO CONSENSO(paradigma TEORIAS DO CONFLITO
etiológico) (paradigma da reação social)
jurídica do delito e da pena.
Escola de Chicago Criminologia Radical/Crítica
• “As penas que ultrapassam a necessidade de conservar o Teoria do Etiquetamento
Teoria da Associação Diferencial
depósito de saúde pública são injustas por natureza.[...]tudo o (Labeling Approach)
mais é abuso e não justiça, é fato e não direito” BECCARIA
Estrutural Funcionalismo(Teoria da
Anomia)
• O crime: É um ente jurídico (decorre da violação de um direito);
Subcultura Delinquente

• O criminoso: É ser livre que pratica o delito por livre escolha;

• A pena: baseada no livre arbítrio (retribuição) e na prevenção


geral negativa( intimidatório).

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• O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas 2) O desvio é um fenômeno normal de toda estrutura social.
visões:
3) Somente quando ultrapassados determinados limites o
• TEORIA DO CONSENSO - defende que o escopo da sociedade, fenômeno do desvio é negativo, seguindo-se um estado de
a convivência harmoniosa, é alcançado quando suas desorganização, no qual o sistema de regras de conduta perde
instituições funcionam perfeitamente, caracterizadas quando o valor ( ANOMIA)
as pessoas buscam objetivos comuns e aceitam respeitar as
normas vigentes 6.3.  ESTRUTURAL-FUNCIONALISMO – MERTON

• TEORIA DO CONFLITO - defende que a ordem e coesão • ESTRUTURA SOCIAL E ANOMIA


sociais são impositivas, caracterizando meios de coerção e
dominação de uns e sujeição e opressão de outros. • A anomia é o sintoma do vazio produzido quando os meios
Teoria Expoentes socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais
Objeto Palavras-Chave
(Escola) (Autores) da sociedade, fazendo com que a falta de oportunidade leve à
prática de atos irregulares para atingir a meta cobiçada.
Escola de Chicago
Sociologia
Robert E.
urbana, • “A desproporção que pode existir entre os fins culturalmente
Park, Louis
Teoria Desorganização crescimento reconhecidos como válidos e os meios legítimos, à
Wirth,Ernest
Ecológica Social/ Urbana das cidades disposição do individuo para alcança-los está na origem dos
Burgess, Everett
,aumento da
Hughes e comportamentos desviantes”.
criminalidade.
Robert McKenzie
ESTRUTURA SOCIAL E ANOMIA – 5 Modelos de Adequação
Crime fenômeno
normal, metas
de Merton.
culturais e MEIOS MEIOS
Estrutural- Estrutura Social
Durkheim e frustrações INSTITUCIONAIS(SIM) INSTITUCIONAIS(NÃO)
Funcionalista Modos de
Merton sociais, crime FINS CULTURAIS
Anomia* adaptação CONFORMIDADE INOVAÇÃO (desviante)
produto social, (SIM)
superar teorias
biológicas. FINS CULTURAIS APATIA ( hippies) ou
RITUALISM(acomodado)
(NÃO) REBELIÃO(Revolucionário
6.1.  ESCOLA DE CHICAGO
7. TEORIAS DO CONSENSO(APRENDIZAGEM)
• Crescimento Populacional de Chicago: Teoria
Expoentes
• 1870 – 300.000 (Escola/ Objeto Palavras-Chave
(Autores)
• 1920 – 2.700.000 Obras)
• Escola de Chicago criou uma metodologia utilizada até hoje, Crimes do
Colarinho
Taxas de homicídios por bairro e por 100mil/hab;
Branco(white
• Maior importância no controle social informal; Associação
Edwin Sutherland,
Processo de
collar), Cifra
• Degradação e Pobreza traz desorganização pessoal; Diferencial aprendizagem
inspirado em Dourada, crime
(White do
• A multidão como forma de camuflagem e anonimato para o Gabriel Tarde(leis da não depende de
Collar comportamento
criminoso; imitação) classe social.
Crimes) desviante.
Origem do
• Desconstrói a Tese de Lombroso( os ascendentes dos
Direito Penal
criminosos imigrantes não tinham nenhum registro criminal); Econômico
• Teoria dos Círculos Concêntricos.( Burgess e Mckay) Cultura : hábitos Sociedade é
Wolfgang , Ferracuti identificáveis atomizada,
Nenhuma redução da criminalidade é possível se não houver Subculturas
Schaw, Trascher , nas palavras e fragmentada,
mudança nas condições sociais e econômicas das crianças e Clower e Ohlin. na conduta dos pluralista,
(Delinquent
Albert membros de diversos valores.
adolescentes. Boys-1955)
Cohen(criminalidade uma comunidade Negação do
juvenil) e que são princípio da
Para fins de combater o fenômeno criminal, a Escola de transmitidos. culpabilidade.
Chicago defende a prioridade da ação preventiva (ex.: incentivo
ao controle social do crime pela vizinhança; recuperação de 7.1.  Teoria da Associação Diferencial
prédios públicos degradados) e a minimização da atuação
repressiva • Crítica as teorias gerais do comportamento criminoso, baseada
em condições econômicas( a pobreza), psicopatológicas ou
6.2.  ESTRUTURAL-FUNCIONALISMO - DURKHEIM sociopatológicas.

Negação do Princípio do Bem e do Mal; 1- Falsa amostra da criminalidade(crimes colarinho e branco);


2- Crimes sofisticados são praticados por autores que não são
1) As causas do desvio não devem ser pesquisadas nem pobres;
fatores bioantropológicos e naturais( clima e raça), nem em 3 – Criminalidade como processo de aprendizagem.
uma situação patológica da estrutura social;

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“O fato de uma pessoa torne-se ou não um criminoso • Os criminosos do colarinho branco não consideravam ilegais
é determinado, em larga medida, pelo grau relativo de suas manobras criminosas, senão uma habilidade empresarial
frequência e de intensidade de suas relações com os dois tipos para alcançar seus objetivos.
de comportamento. Isto pode ser chamado de processo de
associação diferencial.” 7.2.  Teoria das Subculturas Criminais

7.1.1.  PROPOSIÇÕES DE SUTHERLAND: Negação do Princípio de Culpabilidade;

O comportamento criminoso se aprende(não é hereditário); * Relação de compatibilidade com a Teoria Estrutural Funcionalista
e Associação Diferencial; ( dificuldade de adaptação de classes)
O aprendizado depende de um processo de comunicação;
*Não funda um grupo autônomo de teoria combinada com outros
O comportamento criminosos se aprende, sobretudo, elementos, no interior de um quadro de teorias complexas.
no interior de um grupo, família, amigos íntimos. (requer
pessoalidade); * Subculturas Criminais representam a reação das minorias
desfavorecidas e a tentativa de ser orientarem dentro da
O aprendizado inclui técnicas de execução do crime e direção sociedade em virtude das reduzidas possibilidades legítimas de
específica de motivos, razões e atitudes e desejos; agir.

A orientação dos motivos justificam a interpretação favorável *A etiologia do crime, diferentemente da Teoria Ecológica(Escola
ou desfavorável ao valor das normas jurídicas; de Chicago), não está atrelada necessariamente à desorganização
social, mas sim associada aos sistemas de normas e valores
+ CONTATO com quem despreza as normas = Comportamento distintos para com a sociedade tradicional.
Criminoso
A teoria da subcultura do delinquente(juvenil) possui seis
As associações diferencias variam por conta Frequência, características:
Duração, Prioridade e Intensidade; I. Não utilitarismo da ação: o crime é praticado por prazer,
sem um fim útil.
O mecanismo de aprendizagem da conduta criminosa são os II. Malícia da conduta: o crime é praticado para causar
mesmos para qualquer tipo de aprendizagem; desconforto alheio.
III. Negativismo da ação: o crime é praticado para rechaçar
O comportamento criminoso é a expressão de um conjunto de valores dominantes.
necessidades e valores; IV. Flexível: Não se especializam em um desvio;
V. Hedonista: Não há metas de longo prazo; não exige muito
7.1.2.  White Collar Crimes ( Crimes do Colarinho Branco) planejamento, busca do prazer imediato;
VI. Reforçadora do Grupo: Integrantes são solidários ao
• 05 de dezembro de 1939 – Conferência na Sociedade grupo e hostis a outros grupos.
Americana de Sociologia;
7.3.  Teorias do Conflito(Reação Social)
• Gangsterismo -→ Fim da Visibilidade
Teoria Expoentes
Objeto Palavras-Chave
(Escola/Obras) (Autores)
• “um crime cometido por uma pessoa respeitável e com
elevado status social, no curso de seu trabalho” praticado Luta de Classes,
por quem viola as leis destinadas a regular suas atividades Marx, Rusche, Criminalidade
Kirchmayer,Juarez inerente ao
profissionais. Criminologia
Cirino. Alessandro capitalismo,
Crítica/Radical
Baratta, Nilo única que
• Sutherland supera a definição dogmática-jurídica , a Batista, Zaffaroni. propõe solução
Sistema Penal
danosidade social da propaganda enganosa, dumping, cabal.
(Quem Pune,
concorrência desleal equiparam-se a delitos. Porquê Pune,
Teoria Como Pune)
Reação Social,
• Cifras Douradas. Etiquetamento/ Garfinkel,
Interacionismo
Rotulação Goffman, Eriksan,
Simbólico,
(Labelling Becker, Shur e
• Elementos do Crime de Colarinho Branco: Cifra Negra,
Approach – The Sack.
Etiquetamento.
Outsiders)
1) Existência do crime;
2) o fato de ser cometido por pessoas respeitáveis;
3) o elevado status social do criminoso;
4) o fato de ser relacionado com as ocupações profissionais;
5) violação da confiança;
6) a danosidade social da conduta.

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• TEORIA DO ETIQUETAMENTO ( Labeling Approach) • “Role Engulfment” ou mergulho: é a aceitação do papel de


criminoso.)
• Novo Paradigma Criminológico da Reação Social;
CRIMINOLOGIA CRÍTICA/RADICAL (BASE MARXISTA):
• Negação do Princípio do fim ou da prevenção e da legitimidade
do sistema penal; • O sistema capitalista resulta no antagonismo das classes(luta
de classes), apresentando como conceitos chave as noções
• A criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, de mais-valia e de exploração.
mas a consequência de um processo em que se atribui tal
“qualidade” (estigmatização). • Propõe, por isso, a abolição do capitalismo que, de resto, tinha
substituído o feudalismo.
• TEORIA DO ETIQUETAMENTO ( Labeling Approach)
• O sucessor seria o comunismo, uma sociedade sem classes
• Metáfora da Etiquetadora do Mercado. que surgiria após um período de transição, marcado pela
ditadura revolucionária do proletariado.
• Consequências políticas da teoria do labelling approach:
(Descriminalização e Desinstitucionalização) • Crítica do Programa de Gotha- Marx e Engels

• TEORIA DO ETIQUETAMENTO ( Labeling Approach): “Na perspectiva da criminologia crítica a criminalidade


não é mais uma qualidade ontológica de determinados
1- Interacionismo simbólico e construtivismo social  (o comportamentos e de determinados indivíduos, mas se
conceito que um indivíduo tem de si mesmo, de sua sociedade revela, principalmente, como status atribuído a determinados
e da situação que nela representa, é ponto importante do indivíduos”. BARATTA, Alessandro.
significado genuíno da conduta criminal);
Rompimento de “Mitos” do Direito Penal ( Princípios do
2- Introspecção simpatizante como técnica de aproximação interesse social, delito natural e da igualdade)
da realidade criminal para compreendê-la a partir do mundo
do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele atribui a sua Resultados da Crítica:
conduta;
O direito penal não defende todos e somente os bens
3- Natureza “definitorial” do delito (o caráter delitivo de uma essenciais, nos quais estão igualmente interessados todos os
conduta e de seu autor depende de certos processos sociais cidadãos e quando pune as ofensas aos bens essenciais o faz
de definição, que lhe atribuem tal caráter, e de seleção, que com intensidade desigual e de modo fragmentário;
etiquetaram o autor como delinquente);
A lei penal não é igual para todos, o status de criminoso é
4-  Caráter constitutivo do controle social  (a criminalidade é distribuído de modo desigual entre os indivíduos;
criada pelo controle social);
O grau efetivo de tutela e a distribuição do status de
5-  Seletividade e discriminatoriedade do controle social  (o criminosos é independente da danosidade social das ações,
controle social é altamente discriminatório e seletivo); não é a principal variável da reação criminalizante e da sua
intensidade.
6-  Efeito criminógeno da pena  (potencializa e perpetua
a desviação, consolidando o desviado em um status de 8. SISTEMAS DE JUSTIÇA CRIMINAL
delinquente, gerando estereótipos e etiologias que se supõe
que pretende evitar. O condenado assume uma nova imagem Perspectiva Criminológica das Teorias da Reação Social.
de si mesmo, redefinindo sua personalidade em torno do papel
de desviado, desencadeando-se a denominada desviação A  teoria do conflito explica as contradições entre as classes
secundária. sociais:
a. na estrutura econômica de produção e circulação de
7-  Paradigma de controle  (processo de definição e seleção mercadorias, com objetivo de lucro mediante apropriação
que atribui a etiqueta de delinquente a um indivíduo) de mais-valia como trabalho não remunerado,
b. na forma legal do Direito, que institui a desigualdade
Conceitos importantes da Teoria do Etiquetamento: social entre a classe capitalista (proprietária dos meios
de produção e circulação) e a classe trabalhadora
• Desviação primária: é a interação entre o psicológico e o (possuidora de força de trabalho, vendida ao capitalista
movimento social, ou seja, age antes da ação criminosa. Essa pelo preço do salário), e
pessoa é estigmatizada e se sente segregada pela sociedade. c. nas formas políticas do Estado, que garantem as
desigualdades sociais nas relações econômicas e nas
• Desviação secundária: é o ato de cometimento do delito. Ela formas jurídicas respectivas através do poder coercitivo
acontece por conta da reação social em relação ao desvio. do Sistema de Justiça Criminal (Polícia, Justiça e Prisão).

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SISTEMA PENAL( POLÍCIA, MINISTÉRIO PÚBLICO E PODER


JUDICIÁRIO): EditANOTAÇÕES

• Responsáveis pelo processo de criminalização secundária


, procuram a criminalidade nos estratos sociais dos quais é
normal espera-la.

• Reproduzem as relações sociais de manutenção da estrutura


social criando contra-estímulos à integração dos setores
marginalizados.

• DIREITO PENAL SUBTERRÂNEO: o sistema penal subterrâneo


é exercido pelas agências executivas de controle - portanto,
pertencentes ao Estado - à margem da lei e de maneira
violenta e arbitrária, contando com a participação ativa ou
passiva, em maior ou menor grau, dos demais operadores que
compõem o sistema penal.

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MÓDULO III - PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL E MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME

1. CONCEITOS IMPORTANTES • Síndrome de Londres: Evento ocorrido na Embaixada Iraniana,


localizada na cidade de Londres, onde seis terroristas
1.1.  CIFRAS iranianos tomaram como reféns 16 diplomatas e funcionários
iranianos, 3 cidadãos britânicos e 1 libanês, durante o período
a. Cifras Negras : de 30 de abril a 5 de maio de 1980.

∙ Edwin H. Sutherland, quando criticou as ocorrências No grupo de reféns, havia um funcionário iraniano chamado
criminais jamais conhecidas pelas autoridades. Abbas Lavasani, que discutia, com frequência, com os
∙ Resultado da diferença entre os crimes conhecidos e terroristas dizendo que jamais se dedicaria ao Aiatolá e que
os ocultos. seu compromisso era com a justiça da revolução islâmica.
∙ O termo cifra negra (zona obscura, dark number ou
ciffre noir), em suma, refere-se à porcentagem de O clima entre Lavasani e os terroristas era o pior possível
crimes não solucionados ou punidos, à existência de um até que, em determinado momento do sequestro, quando
significativo número de infrações penais desconhecidas decidiram que um dos reféns deveria ser morto para
“oficialmente” (nota). que acreditassem nas suas ameaças, os sequestradores
∙ “Tronco” dos demais (sub)tipos de Cifras. escolheram Lavasini e o executaram.

b. Cifra dourada: • Síndrome de Estocolmo: se evidencia quando a vítima, como


instinto defensivo, passa a apresentar um comportamento
∙ Trata-se aqui de um subtipo da “cifra negra”. excessivamente lamurioso, demasiadamente submisso e com
∙ A cifra dourada espelha as infrações penais praticadas pedido contínuo de misericórdia.
pela elite (político-econômica) e que não são reveladas
ou apuradas. • Síndrome da Mulher de Potifar: A mulher de Potifar,
∙ “Delitos do colarinho branco” (sonegação fiscal, lavagem importante figura do exército egípcio. Em alguns episódios a
de dinheiro, crimes eleitorais etc.). mulher cercou o jovem escravo com seus encantos sedutores
de mulher bela e fogosa, no entanto, foi rejeitada. Devido a
c. Cifras Cinzas: isso, impetrou terrível perseguição ao serviçal. Aquele fato
fez nascer no Direito Penal a Síndrome da Mulher de Potifar,
∙ A cifra em comento retrata as ocorrências registradas, importante figura jurídica, que trata da mulher que rejeitada faz
mas sem solução pelo Estado-juiz. denúncia apócrifa com a intenção de punir a pessoa que a rejeitou.
∙ Há quem sustente que não se chega ao processo por
serem solucionadas na própria Delegacia de Polícia ou 2. PREVENÇÃO CRIMINAL
pelos Policiais Militares que atenderam a ocorrência;
NÍVEIS DE PREVENÇÃO + NÍVEIS DE PREVENÇÃO -
∙ Por outro lado, sustentam outros que, embora
devidamente noticiados, são delitos que não chegam ao PREVENÇÃO GERAL NEGATIVA:
PREVENÇÃO GERAL POSITIVA:
conhecimento dos tribunais, tendo em vista a própria (prevenção por intimidação), a
integradora, a pena como forma
inoperância do Estado. pena como instrumento de coação
de estímulo à valorização dos bens
psicológica coletiva (temor de ter a
jurídicos, efeito educativo.
liberdade restringida).
d. Cifras amarelas:

PREVENÇÃO ESPECIAL NEGATIVA: a


∙ Neste conceito observamos que as vítimas são pessoas PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA:
pena como forma de neutralizar o
que sofreram alguma forma de violência cometida a pena atuando como medida
criminoso, a fim de que não cometa
ressocializadora, tem a finalidade
por um funcionário público e deixam de noticiar o fato novas infrações, tem a finalidade de
de evitar a reincidência.
aos órgãos responsáveis por receio de algum tipo de retirar da sociedade o criminoso.
represália.
• Prevenção Secundária: destina-se a setores da sociedade que
e. Cifras Verdes: podem vir a padecer do problema criminal e não ao indivíduo,
manifestando-se a curto e médio prazo de maneira seletiva,
∙ Ligada ao ramo da moderna Green Criminology, revela ligando-se à ação policial, programas de apoio, controle das
fundamentalmente os crimes ambientais que não comunicações.
chegam ao conhecimento oficial. São crimes em que se
percebe uma grande dificuldade de o Estado identificar Exemplos: Podemos situar as Unidades de Polícia
sua autoria. Pacificadora, portanto, como uma medida de prevenção
secundária do crime. Elas não almejam acabar com o tráfico
f. Cifra Rosa: nem combater as causas sociais da criminalidade. Seu objetivo
é combater o tráfico armado, ostensivo, e as guerras entre
∙ São essencialmente os crimes de caráter homofóbico facções criminosas pelo domínio territorial do tráfico, que
que não chegam ao conhecimento do Estado. elevam a taxa de violência e a sensação de insegurança em
alguns locais da cidade do Rio de Janeiro.

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• Prevenção Terciária: voltada ao recluso, visando sua


recuperação e evitando a reincidência (sistema prisional);
EditANOTAÇÕES
realiza-se por meio de medidas socioeducativas, como a
laborterapia, a liberdade e assistida, a prestação de serviços
comunitários etc.

3. MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME

• Modelo clássico, dissuasório ou retributivo : A base do modelo


está na punição do delinquente, que deve ser intimidatória e
proporcional ao dano causado. Os protagonistas do modelo
são o Estado e delinquente, estando excluídos a vítima e a
sociedade.

• Modelo ressocializador: Este modelo se preocupa com a


reinserção social do delinquente. Assim, a finalidade da pena
não se reduz ao retribucionismo (retribuição do mal feito pelo
castigo corporal), mas procura ressocializar o agente para
reinseri-lo na sociedade. A sociedade tem papel de destaque
na efetivação da ressocialização, pois cabe a esta afastar
estigmas, como o de ex-presidiário.

• Modelo restaurador, integrador ou Justiça Restaurativa


: procura restaurar o  status quo antes  da prática do delito.
Para tanto utiliza-se meios alternativos de solução. A
restauração do controle social abalado pela delito se dá pela
via da reparação do dano pelo delinquente à vítima. A ação
conciliadora, com a participação dos envolvidos no conflito,
é fundamental para a solução do problema criminal. Exemplo
no sistema brasileiro: composição civil dos delitos nos
Juizados Especiais Criminais.

• Modelo de Segurança Cidadã: Modelo de Segurança Cidadã


é o modelo em voga hoje na América Latina que tem tudo do
Populismo Penal Vingativo e que diz que o crime só se vence
com maior repressão. Penas duras resolvem o problema,
política da mão dura (mano durismo), quanto mais dureza,
mais solução, mais resolve o problema. Os países da América
Latina utilizam, fora a Nicarágua. Ele é populista, pois atende
as demandas vingativas da sociedade. A mídia é o epicentro
deste terremoto, só fazem discurso que atendam a massa.
Problema é que este modelo não cuida da prevenção e
essa política dura não é contra os poderosos, pois a mídia
raramente se posiciona contra eles. Esse é um modelo de
reação midiática. Modelo de Segurança Cidadã é o modelo
em voga hoje na América Latina que tem tudo do Populismo
Penal Vingativo e que diz que o crime só se vence com maior
repressão. FONTE: Luiz Flávio Gomes

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