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CRIMINOLOGIA

Conceito, Objeto, Método e Funções da


Criminologia

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
Mariana Barreiras

Sumário
Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia..................................................................................3
Apresentação......................................................................................................................................................................3
1. Criminologia: Conceito. Cientificidade. Objeto. Métodos.......................................................................4
1.1. Conceito..........................................................................................................................................................................4
1.2. Cientificidade..............................................................................................................................................................4
1.3. Objeto...............................................................................................................................................................................5
1.4. Métodos.......................................................................................................................................................................12
1.5. Funções.........................................................................................................................................................................15
1.6. Sistema: Criminologia, Política Criminal e Direito Penal.................................................................18
Resumo.................................................................................................................................................................................21
Mapas Mentais. . .............................................................................................................................................................. 24
Questões de Concurso................................................................................................................................................26
Gabarito...............................................................................................................................................................................36
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................37
Referências........................................................................................................................................................................57

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
Mariana Barreiras

CONCEITO, OBJETO, MÉTODO E FUNÇÕES DA


CRIMINOLOGIA
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)!
Começarei a aula me apresentando. Sou formada em Direito pela Universidade de São Pau-
lo (USP). Desde o começo da faculdade, sempre gostei muito das matérias penais. Por isso,
já na graduação, fiz o laboratório de iniciação científica do Instituto Brasileiro de Ciências Cri-
minais, oportunidade em que escrevi um trabalho de iniciação científica sobre a delinquência
feminina. Logo depois da graduação, ingressei no mestrado em Direito Penal e Criminologia,
novamente na USP. Na dissertação de mestrado, escrevi sobre a presença de mulheres na
Polícia Militar, com foco nos temas de Criminologia. Fui Oficial de Inteligência da Agência Bra-
sileira de Inteligência, de 2009 a 2018. Atualmente, sou Consultora Legislativa da Câmara dos
Deputados e, aqui no Gran, professora das matérias Criminologia e Atividade de Inteligência e
Legislação Correlata.
Ministrarei o curso de Criminologia e tentarei fazê-lo de maneira bem didática, para ajudar
tanto quem nunca teve contato com a matéria quanto quem já estudou e precisa rever os con-
ceitos de forma sistematizada.
Neste curso, dividirei o conteúdo em seis aulas, que contemplam os seguintes itens:
• Aula 1: Criminologia: Conceito. Cientificidade. Objeto. Método.
• Aula 2: Histórico da Criminologia.Escola clássica e positiva. Escola de política criminal
e “Terza Scuola”.
• Aula 3: Escolas sociológicas do crime.
• Aula 4: Vitimologia. Estatística Criminal e Cifra Negra.
• Aula 5: Prevenção da infração penal.
• Aula 6: Aula 8020, com os principais pontos do conteúdo programático.

Ao final de cada aula, você vai encontrar Mapas Mentais, Resumo e ao menos 50 Questões
de Concurso ou Inéditas, com gabarito comentado.
Se ficar com alguma dúvida, pode me procurar pelo Fórum do Gran. E se quiser seguir meu
Instagram, o perfil é @profmaribarreiras.
Boa aula!!! Vamos com tudo!

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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1. Criminologia: Conceito. Cientificidade. Objeto. Métodos.


1.1. Conceito
A Criminologia é uma ciência humana, autônoma, interdisciplinar, empírica e indutiva (va-
mos falar sobre esses termos daqui a pouco!), que se ocupa do estudo de quatro categorias de
objetos: o crime, o criminoso, a vítima e os mecanismos de controle social. É um saber que se
aproxima do fenômeno criminal com o intuito de entender sua origem, suas causas – individu-
ais e sociais –, suas consequências e o funcionamento das instâncias de controle.

Já de largada, vamos mencionar dois pontos que as bancas adoram. Em primeiro lugar, são
muitas as perguntas sobre os objetos da criminologia. Lembrem-se que eles são, principal-
mente, quatro: crime, criminoso, vítima e controle social. Ou seja, a criminologia estuda: o
crime em si, quem o pratica, quem o sofre e quem o combate.

Outro ponto que as bancas adoram é o termo “Etiologia”. Ele se refere ao estudo das causas
da criminalidade. A criminologia, ao analisar o fenômeno criminal e seu autor, busca, por vezes,
a etiologia do crime, isto é, as causas do cometimento do delito. E às vezes, as bancas usam
palavras parecidas apenas para confundir o(a) candidato(a), como, por exemplo, “Etimologia”.
Esses dois tipos de questão você não vai errar!
Enquanto o Direito Penal valora a sociedade, estabelecendo o que pode e o que não pode
ser feito e prevendo a aplicação de sanções para o descumprimento das normas, a Criminolo-
gia se encarrega de encarar o fenômeno criminal de forma objetiva, sem conotação valorativa,
sem mediação, sem julgamentos.
Em boa síntese:

Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do
crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata
de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais
do crime – contemplando este como problema individual e como problema social –, assim como
sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem
delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito1.

1.2. Cientificidade
A Criminologia é uma ciência. Possui objeto de estudo próprio, utiliza métodos científicos
e fornece informações válidas sobre o fenômeno criminal. Não se baseia em intuições, “achis-
mos”, mas sim em marcos teóricos que vêm sendo construídos há mais de um século.
1
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; introdu-
ção às bases criminológicas da Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 33.

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Lembre-se, entretanto, de que é uma ciência humana, não exata. Assim, a informação que
essa ciência fornece é válida, confiável, porém não exata ou definitiva. Os criminólogos obser-
vam a realidade, analisam dados, transformam-nos em informações, mas não buscam leis uni-
versais irrefutáveis que estabeleçam relações de causa e efeito entre as pessoas e os fenôme-
nos criminais. Em vez de tentar fixar regras de causalidade, a Criminologia busca correlações,
fatores que interliguem pessoas e eventos criminais.

1.3. Objeto
Vamos agora analisar separadamente os quatro principais objetos da Criminologia, que, a
essa altura, já sabemos serem quatro: delito, delinquente, vítima e controle social. A principal
ideia, aqui, é entendermos em que momento eles passaram a ser estudados pela Criminologia.
Para ficar bem didático, vamos considerar que a Criminologia nasce por volta dos séculos XVIII
e XIX. No século XVIII temos os chamados autores clássicos, e no século XIX, os positivistas.
Essa distinção entre clássicos e positivistas vai aparecer bastante nas próximas aulas, é bas-
tante cobrada em provas e é importante para entender como a Criminologia foi, com o passar
do tempo, incorporando novos objetos à sua análise.

Delito

O crime é o objeto por excelência da criminologia. Desde o século XVIII ele é analisado
pelos autores clássicos, que eram essencialmente juristas da área penal, e não exatamente
criminólogos. Segundo os autores clássicos do direito penal, as pessoas possuem livre-arbí-
trio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento de um crime é fruto de uma decisão que
implica quebra do pacto social de convivência pacífica. O delinquente deve ser punido pelo
mal que causou com a sua escolha. A ele, então, são aplicáveis as penas previstas no ordena-
mento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva de subsumir uma conduta a uma norma penal
incriminadora.

Os clássicos utilizam o método dedutivo. Nele, parte-se de uma lei ou teoria geral, abstrata,
para chegar a conclusões relativas a questões particulares. Eles partiam da lei penal para apli-
car uma pena justa, proporcional ao cometimento do crime. Preste atenção porque isso vai
mudar com os positivistas e é algo bastante cobrado em provas!

Esses postulados racionais, situados no momento histórico do Iluminismo, foram sinteti-


zados na célebre obra de Cesare de Bonesana, o Marquês de Beccaria, Dos delitos e das penas
(1764). Ela serviu de base para a valorização da dignidade das pessoas e para a consequente
humanização das penas, em contraposição à crueldade das sanções existentes até a primeira

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metade do século XVIII. O indivíduo escolhe ou não obedecer às leis, mas o Estado não pode
escolher tratamentos cruéis e desumanos.
Então, desde essa fase, ainda chamada de pré-científica da Criminologia, o crime era anali-
sado, mas com essa ótica bastante jurídica, orientada à proporcionalidade das penas.
Atualmente, com a Criminologia já consolidada como ciência, há uma distinção entre o
conceito de delito para a Criminologia e o conceito de delito para o Direito Penal. Juridicamen-
te, crime é o fato típico, ilícito e culpável, ou seja, em resumo bem apertado, pode-se dizer que
uma conduta é delitiva para o Direito Penal se ela se submete à descrição de uma norma penal
proibitiva (é típica, está descrita em um tipo penal); não se encaixa em nenhuma das hipóteses
de exclusão da ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito e
estrito cumprimento do dever legal); e é reprovável.
Para a Criminologia, no entanto, os requisitos a serem preenchidos para que uma conduta
seja considerada criminosa são outros.
Segundo Sérgio Salomão Shecaira, uma conduta, para ser considerada crime pela Crimino-
logia, deve apresentar:
• incidência massiva na população: não devem ser consideradas criminosas as condutas
isoladas, que não se reiteram. Segundo esse critério, não é razoável, por exemplo, crimi-
nalizar a conduta de molestar cetáceo (baleias, golfinhos), pois não é algo que ocorre
com frequência no país. Não obstante, temos no Brasil a Lei n. 7.643/1987, que estabe-
lece pena de 2 a 5 anos de reclusão para quem infringir a regra do art. 1º: – “fica proibida
a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo
nas águas jurisdicionais brasileiras”;
• incidência aflitiva: crime é algo que causa dor. Não devem ser previstas como crimes
condutas que não causem sofrimento. Segundo esse critério, não é razoável que seja
considerada crime, por exemplo, a conduta de utilizar o termo “couro sintético” para de-
nominar produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal, mas a Lei n.
4.888/1965 previa que essa conduta configurava o crime de concorrência desleal;
• persistência espaço-temporal: se a conduta não se distribui por nosso território ao longo
de um certo tempo, não deve ser criminalizada. Imagine, por exemplo, um país que não
receba muitos turistas. Nesse caso, é impensável defender a criminalização específica
da conduta de aplicar golpes em turistas, ou aplicar uma pena mais alta a essa prática
se comparada ao estelionato comum;
• inequívoco consenso social: é necessário que haja inequívoco consenso social sobre a
razoabilidade de se criminalizar a conduta. Ainda, por exemplo, que se saiba que o álcool
é uma droga e que produz consequências nefastas, não há consenso sobre a razoabili-
dade de se proibir o seu uso e comércio2.

2
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2. ed. São Paulo: RT, 2008. p. 50 e ss.

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Delito e crime podem ser usados como sinônimo. No Direito Penal, crime (ou delito) e con-
travenção são espécies do gênero infração penal. Em linhas gerais, pode-se dizer que a contra-
venção é um crime menor, menos grave. A Criminologia utiliza, normalmente, o termo delito ou
crime para se referir a todas as infrações penais.

Crime para a Criminologia Crime para o Direito Penal

Incidência massiva na população Tipicidade

Incidência aflitiva Ilicitude (antijuridicidade)

Persistência espaço-temporal
Culpabilidade
Inequívoco consenso social

Delinquente

A Criminologia passa a estudar o delinquente a partir da segunda metade do século XIX,


com o advento do pensamento positivista.
Opondo-se ao racionalismo abstrato e dedutivo dos clássicos, os positivistas defendem a
observação dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. Eles
não se satisfaziam mais com a mera aplicação de uma norma abstrata a um crime. Isso era
tarefa do Direito Penal e seu método dedutivo. A ideia, com os positivistas, era analisar o caso
concreto, aplicando os sentidos humanos da observação (visão, audição, tato…). Eles não que-
riam mais partir da norma. Eles queriam aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das
ciências naturais. Como não era possível realizar essa aplicação em relação às normas, que
são muito abstratas, começa-se a estudar o próprio delinquente. Aí nasce, verdadeiramente, a
Criminologia como ciência.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determi-
nismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que di-
ferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças,
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são as
características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos, não
há espaço para a escolha do indivíduo.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. É ca-
racterística do pensamento positivista a adoção de medidas de segurança com finalidade
curativa, pelo tempo em que persistisse a patologia.
No estudo dos delinquentes há, ainda, a visão correcionalista, para a qual o criminoso é um
fraco, uma pessoa cuja vontade deve ser direcionada. O delinquente não é capaz de dirigir a
sua vida, sendo necessária a intervenção do Estado, que deve adotar postura pedagógica e de

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piedade. Aqui se encaixam as reprovações, no ordenamento jurídico brasileiro, dos atos infra-
cionais praticados por adolescentes.
Já para as teorias socialistas, como veremos nas próximas aulas, a sociedade joga um
papel importante na definição de alguém com criminoso.
Para o marxismo, por sua vez, a sociedade é culpável pelo crime. O delinquente é vítima
inocente e fungível (substituível) das estruturas econômicas injustas da sociedade.
Essas visões não são necessariamente excludentes entre si. O delinquente pode estar su-
jeito às influências do meio, mas ser capaz de superá-las por sua vontade. Todas essas cor-
rentes serão analisadas nas próximas aulas, mas o que dissemos até aqui já demonstra como
foi esse momento de ingresso – com o positivismo – do delinquente na lista dos objetos de
estudo da Criminologia.

Vítima

Em relação à vítima, os estudos criminais, de maneira geral, passaram por três gran-
des momentos.
• Idade de ouro da vítima: perdura desde os primórdios da civilização até o fim da Alta
Idade Média. Nessa época, havia a possibilidade de autotutela, ou seja, de fazer justiça
pelas próprias mãos. Hoje, a autotutela é crime. Trata-se do delito de exercício arbitrário
das próprias razões, do art. 345 do Código Penal:

Exercício arbitrário das próprias razões


Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
do a lei o permite:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

Havia também, na idade de ouro, a possibilidade de aplicação da lei de talião. Conhecida


pela máxima “olho por olho, dente por dente”, essa regra tem a ideia de correspondência entre
o mal causado e o castigo que o malfeitor deve receber. A um homicida, por exemplo, poderia
ser imposta a pena de morte.

Atualmente, no Brasil, existe previsão de pena de morte no Código Penal Militar para crimes
militares em tempo de guerra, tais como: traição; espionagem; favorecimento do inimigo; ali-
ciação de militar; ato prejudicial à eficiência da tropa; fuga em presença do inimigo; motim;
revolta; conspiração; rendição; epidemia; envenenamento ou corrupção (poluição) de água po-
tável, forragem ou víveres, dentre outros.

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Foi durante a era de ouro da vítima que se desenvolveu o processo penal acusatório, em
que as funções de acusar, julgar e defender estavam em mãos distintas. As partes tinham
iniciativa probatória, diante de um juiz inerte, que não podia produzir as provas independente-
mente da provocação do autor e do réu.
• Neutralização do poder da vítima: essa fase tem início com a adoção do processo penal
inquisitivo, no século XII. Em oposição ao processo acusatório, o processo inquisitivo
concentra as funções de acusar e julgar nas mãos do juiz, ou seja, o juiz passou a ter a
iniciativa da própria acusação ao mesmo tempo em que continuava a exercer a compe-
tência de julgar a causa. A ideia inicial era diminuir a impunidade, já que essa acabava
sendo a consequência em muitos casos quando a iniciativa extremamente dispendiosa
de acusar estava nas mãos de um particular durante o processo acusatório. No entanto,
o processo inquisitório acabou se revelando problemático por dificultar a imparcialidade
do juiz, que deixou de ser um árbitro e passou a ser um inquisidor.

Nessa fase de neutralização, a vítima perdeu, portanto, o poder de reação ao fato delituoso,
que passou para as mãos da Administração Pública. A pena não era mais dirigida a compensar
a dor da vítima ou mesmo determinada em função dessa dor. A sanção penal passou a ser
uma garantia para o grupo social de que eles podiam ter expectativa na norma, pois a frustra-
ção de seus comandos geraria uma consequência. Desapareceu, nessa fase, a autotutela. A
vítima perdeu seu poder na persecução penal.
• Revalorização do poder da vítima: essa fase tem início no século XVIII e perdura até os
dias atuais. Percebe-se que a vítima havia sido esquecida pelo processo criminal e con-
sidera-se necessário recuperar certa parcela de seu protagonismo. Os autores penalis-
tas clássicos (séculos XVIII) começam a mencionar a importância da vítima, mas é com
a consolidação da Criminologia que os discursos de que a vítima deve ter proeminência
ganham força. Esse discurso se verifica de maneira pronunciada com Benjamim Men-
delsohn, advogado israelita que utiliza o termo vitimologia em 1947 para descrever o so-
frimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. A vitimologia,
como veremos em aula mais adiante, procura entender qual o papel desempenhado pela
vítima no fenômeno criminal; qual tipo de assistência é necessário para fazer frente aos
traumas deixados pelo evento criminoso; e quais são as taxas reais de criminalidade.

Um dos problemas verificados nessa etapa de revalorização do poder da vítima é a pressão


que as vítimas ou seus parentes exercem em nossa sociedade, em nossos legisladores e em
nossos julgadores para que haja punições extremamente severas em função da dor que estão
sentindo, o que pode levar a um movimento de punitivismo exacerbado.

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Controle Social

Controle social, o quarto objeto da Criminologia, é o conjunto de meios de intervenção


acionados por cada sociedade ou grupo social a fim de induzir os próprios membros a se con-
formarem às normas.
Shecaira, de modo conciso e bastante elucidativo, explica que controle social é o conjunto
de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas
comunitários.3
Controle social, portanto, são os freios que a sociedade apresenta aos indivíduos que al-
mejam a prática de alguma conduta antissocial. Existem inúmeros critérios para classificar as
instâncias de controle social. A dualidade mais comumente utilizada na Criminologia é aquela
que separa controle social formal de controle social informal. O critério que diferencia uma ca-
tegoria da outra é a possibilidade de emprego de uma sanção penal estatal no controle social
formal e a ausência desse tipo de pena no controle social informal. Como exemplos de freios
sociais informais podem ser citados a família, a vizinhança, o trabalho, a igreja, a opinião públi-
ca, os clubes, as associações, os meios de comunicação de massa. Já os agentes de controle
social formal são a Polícia, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Poder Judiciário, a
Administração Penitenciária, o Sistema Penal etc.
A Criminologia deu seus primeiros passos para incluir o controle social entre seus objetos
de estudo no começo do século XX. Isso ocorreu com o advento da Escola de Chicago, que
estudaremos nas próximas aulas. Essa Escola possuía enfoque fortemente empírico e trans-
disciplinar, e se propunha a discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados
com a vida na cidade. Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus
alunos produziram mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago, abordando
problemas como falta de moradia, desorganização social, guetos, zonas residenciais ricas e
pobres, distribuição de doentes mentais na cidade, entre outros. Em diversas dessas obras, os
bairros de Chicago são divididos e analisados de acordo com seus problemas sociais. Esses
bairros ou áreas seriam analisados também a partir das possibilidades moralizadoras ou de
controle social que geravam em seus habitantes. A cidade, em geral, permitia a confusão, a
mobilidade e, portanto, o refúgio e a criação de personalidades conflitivas, como vagabundos,
alcoólatras, prostitutas e delinquentes. Todos eles, porém, seriam reprimidos e censurados
em determinadas áreas morais, nas quais, em virtude do funcionamento das engrenagens de
controle social informal, não se verificariam conflitos significativos.
Percebe-se, assim, que no começo do século XX as instâncias de controle social, sobre-
tudo as informais, relacionadas com a vizinhança, o bairro e a comunidade, começaram a ser
estudadas como fatores que influenciam a criminalidade de um determinado local. No entanto,
não foi ainda nessa oportunidade que o controle social se consolidou como objeto da Crimino-

3
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2. ed. São Paulo: RT, 2008. p. 60.

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logia, até mesmo porque o papel das agências formais de controle social ainda não era olhado
com interesse.
A entrada das agências formais de controle social no rol de objetos da criminologia acon-
teceu algumas décadas mais tarde, sobretudo a partir dos anos de 1960, nos Estados Unidos,
com o labelling approach, também conhecido como teoria do etiquetamento, teoria da reação
social, teoria da rotulação social ou teoria interacionista. O labelling propugnava que estudar
a realidade social implicava estudar os processos de interação individual ocorridos no seio
da própria sociedade, ou seja, que não se pode compreender o crime prescindindo do enten-
dimento da própria reação ao crime. Assim, não se pode estudar os delitos sem analisar a
Polícia, o Ministério Público, o Poder Judiciário, que são as instâncias que reagem ao crime.
Foi uma teoria que causou uma quebra de paradigma ao defender que a desviação não é uma
qualidade intrínseca da conduta (o crime não existe por si próprio). A desviação é um atributo
que é conferido a certas condutas por meio de complexos processos de interação social (uma
conduta somente passa a ser um crime se as instâncias de controle social formal dizem que
ela é um crime). É decisivo, então, para compreender o crime, compreender como funcionam
os mecanismos sociais que atribuem o status de delinquente a certas pessoas e deixam de
atribuí-lo a outras.

Seletividade do Sistema Penal

Conforme os teóricos interacionistas, para cada uma das ações desviadas é possível en-
contrar inúmeras ações similares que não serão rotuladas de criminosas, por não serem leva-
das em consideração ou por não se apresentarem de maneira evidente como desviadas. Dian-
te de cada fato, as instituições atuam como filtros, definindo sua natureza. Frente às condutas
humanas, portanto, as agências formais de controle social atuam como uma grande peneira, a
separar quais devem ser etiquetadas como criminosas e quais não merecem o rótulo.
O primeiro filtro de seleção é a polícia. O segundo filtro é realizado pelo Ministério Público,
que decide se pretende dar início à ação penal. E o terceiro filtro é feito pelo Poder Judiciário.
Assim, o labelling approach reconhece o caráter constitutivo do controle social formal:
as instâncias de controle social formal são parte da constituição do crime. Os mecanismos
e instituições de Direito Penal são instrumentos seletivos e discriminatórios. Eles escolhem
quais condutas serão rotuladas como criminosas e escolhem com base em estereótipos e
preconceitos.
Deixa-se de questionar por que um indivíduo comete crimes, e passa-se a indagar a razão
de certa conduta ser etiquetada com o rótulo de desviada. Nesse questionamento, as agências
de controle social adquirem enorme importância e passam a ser estudadas criteriosamente.
Se hoje é comum que haja capítulos sobre a polícia, o Ministério Público, as instituições pri-
sionais, o sistema judiciário nos livros e manuais de Criminologia, isso, em grande parte, deve-
-se ao paradigma inaugurado pelo labelling approach, que tanto valor atribuiu aos respectivos

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papéis na constituição do delito. Vamos falar mais especificamente sobre essa teoria na aula
sobre Escolas Sociológicas.

1.4. Métodos
Assim como ocorre com as demais ciências, os estudos criminológicos não possuem uma
lista fechada de métodos que podem ser utilizados. As técnicas têm, no entanto, como traços
genéricos o empirismo, a indução e a interdisciplinaridade.
Empírico é o conhecimento obtido pela observação de fatos, realizada a partir dos sentidos
humanos. No empirismo, a experiência humana sensorial é a base para a compreensão do
mundo. Uma ciência empírica, portanto, se baseia na experiência, na observação. Desse modo,
podemos afirmar que as teorias criminológicas devem ser formuladas e explicadas a partir da
observação do mundo (e não a partir de abstrações, típicas, por exemplo, do Direito).
Nesse ponto, a Criminologia difere bastante do Direito. Enquanto a Criminologia observa o
fenômeno criminal, o analisa, inserindo-se no mundo real, verificável, o Direito valora o mundo,
dizendo como as pessoas devem se comportar e quais são as sanções para o descumprimen-
to da norma.
Como ciência empírica que é, a Criminologia se vale de método indutivo, que mencionei
agora há pouco. No método indutivo, o raciocínio parte de dados particulares (fatos observa-
dos, ou seja, crimes que ocorreram) e, por meio de uma sequência de operações cognitivas,
chega a teorias ou conceitos mais gerais, indo dos efeitos à causa, das consequências ao
princípio, da experiência à teoria. Esse método empírico e indutivo se opõe ao método abstrato
e dedutivo largamente utilizado no Direito. Mais uma vez para fixar: no método dedutivo, lar-
gamente empregado no Direito, parte-se de uma premissa geral (lei) para uma premissa par-
ticular (caso concreto ao qual a lei deve ser aplicada). Já na indução, largamente empregada
na Criminologia, a observação das situações particulares leva à formulação de um padrão, um
conhecimento genérico que se aplicará a casos parecidos com aqueles analisados.
Como exemplo de técnicas empíricas – de observação da realidade – utilizadas pela Crimi-
nologia, podemos mencionar:
• inquéritos sociais (social surveys): interrogatório direto feito a um número considerado
de pessoas sobre itens criminologicamente relevantes;
• entrevistas;
• estudos biográficos de casos individuais: também conhecidos como métodos longitu-
dinais, são estudos descritivos e analíticos de experiências criminais de um ou vários
casos individuais (são estudos qualitativos que tentam analisar a história de vida do
autor de um fato criminoso);
• observação participante: participação ativa do investigador na vida do grupo objeto de
investigação;

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
Mariana Barreiras

• estudos de follow up ou de seguimento: acompanhamento do desenvolvimento das car-


reiras delinquentes e do comportamento dos delinquentes durante e após um tratamen-
to institucional;
• grupos de controle: estabelecimento de comparações estatísticas entre um grupo en-
volvido com o fenômeno criminal (grupo experimental) e um grupo sem envolvimento
(grupo de controle) para o estabelecimento de conclusões sobre a relevância de deter-
minada variável no fenômeno;
• testes: instrumento padronizado de medida objetiva de determinados aspectos da per-
sonalidade;
• tipologia: organização dos fenômenos criminológicos em tipos que reduzem uma mul-
tiplicidade de fenômenos a um conjunto articulado de características (ex.: criminoso
nato, louco, ocasional, habitual ou passional);
• estatísticas criminais: registros relativos à criminalidade advindos das instâncias for-
mais de controle social (ex.: estatísticas policiais, do Ministério Público, judiciais, peni-
tenciárias etc.) somados à criminalidade oculta;
• inquéritos de vitimização: inquéritos sociais em que as pessoas são interrogadas sobre
suas experiências como vítimas de crime;
• criminologia comparada: comparações de dados relativos a diferentes contextos cultu-
rais, sociais ou nacionais;
• tábuas de prognose: enunciados de probabilidade estatística sobre o comportamento
futuro, penalmente relevante, de um indivíduo.

Além de empírica e indutiva, a Criminologia é interdisciplinar, ou seja: dentro do que se co-


nhece por Criminologia estão estudiosos das mais variadas áreas do conhecimento. A Crimi-
nologia se realiza com a cooperação de várias disciplinas. A Sociologia, a Psicologia, a Medici-
na, o Direito, a Biologia, a Antropologia, a Estatística, a Assistência Social, todos esses e outros
campos do saber fornecem ferramentas úteis para a compreensão do fenômeno criminal.
Para que se possa falar em real existência de interdisciplinaridade, deve haver conjugação,
integração desses saberes especializados. Caso contrário, não haveria sequer a própria Cri-
minologia: cada ramo do conhecimento seguiria construindo suas teorias de modo isolado.
Quando a interdisciplinaridade realmente se verifica, o estudo é inteiramente planejado em
conjunto e no resultado final dificilmente é possível discernir as contribuições de cada estudio-
so de forma isolada.
A Criminologia deve, portanto, estudar o fenômeno criminal levando em consideração as
pessoas envolvidas, seus corpos, suas mentes, a sociedade em que se inserem, tudo ao mes-
mo tempo, de maneira muito dinâmica e empírica.
Diferentemente da Criminologia, o Direito Penal se aproxima do fenômeno criminal valoran-
do os aspectos da vida considerados graves, de forma normativa e dogmática.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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As bancas gostam de questionar se a Criminologia é uma ciência normativa, dogmática,


dedutiva. A resposta é NÃO! Esses são traços distintivos do Direito Penal, que o distanciam da
Criminologia. O Direito Penal se baseia em normas – é normativo; é construído em torno de
uma série de princípios, dogmas – é dogmático; parte de regras gerais que devem ser aplica-
das a um caso concreto – é dedutivo. A Criminologia, por sua vez, se baseia na observação
da realidade – é empírica; não possui dogmas; estuda o caso concreto (ser) e não as normas
(dever-ser); parte do caso concreto para tentar, deles, formular hipóteses de generalização –
é indutiva.

Método biológico e sociológico

Alguns autores, como Nestor Sampaio Penteado Filho, defendem que a criminologia, além
de ser indutiva, empírica e interdisciplinar, utiliza os métodos biológicos e sociológicos. Ao
utilizar o método biológico, a criminologia procura, nos corpos dos delinquentes, explicações
para o fenômeno criminal. Ao se valer do método sociológico, a criminologia parte do pressu-
posto que o crime é um fenômeno não apenas individual, mas também social. Quando empre-
ga o método sociológico, as explicações para o fenômeno criminal e a análise da prevenção e
da reação ao delito são feitas considerando as características do grupo social onde ocorre o
crime, e daí a imprescindibilidade da sociologia criminal.
É verdade que a criminologia pode utilizar esses métodos, como veremos com mais deta-
lhes nos próximos capítulos. Mas não é correto pensar que esses (biológico e sociológico) são
os únicos métodos da criminologia, como alguns autores e bancas parecem querer indicar.
Estamos falando de uma ciência que pode se valer de abordagens psicológicas, históricas,
multifatoriais, apenas para citar alguns exemplos. Mas precisamos deixar registrado que, para
algumas bancas (sobretudo Vunesp), é correto dizer que a criminologia utiliza os métodos
biológicos e sociológicos.
Em resumo: a Criminologia é humana, empírica, interdisciplinar (ou multidisciplinar), indu-
tiva, do “ser”.
A Criminologia NÃO é exata, normativa, dogmática, dedutiva, jurídica, teorética, abstrata,
do “dever-ser”.
Recurso Mnemônico:
CrimINologia: IN: INDUTIVA, INTERDISCIPLINAR, “IMPÍRICA”
• Criminologia à Indução à Parte-se do caso concreto com o intuito de chegar a regras
genéricas.
• Direito Penal à Dedução à Parte-se de regras genéricas, formulações abstratas, que de-
vem ser aplicadas aos casos concretos.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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1.5. Funções
A Criminologia possui variadas finalidades ou funções, que estão interligadas.
Uma das principais funções da Criminologia reside no fornecimento de informações con-
fiáveis para que o fenômeno criminal seja compreendido e para que possam ser realizadas
intervenções preventivas.

A função básica da Criminologia consiste em informar a sociedade e os poderes públicos sobre o


delito, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos – o mais
seguro e contrastado – que permita compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e
intervir com eficácia e de modo positivo no homem delinquente4.

A Criminologia se aproxima da realidade social sem valorá-la para conhecer e explicar


como é o fenômeno criminal e para tentar, ademais, transformar a sociedade.
Nesse ponto, lembre-se, mais uma vez, que a Criminologia não se preocupa especificamen-
te em analisar a subsunção de uma conduta a um tipo penal. Isso é tarefa do Direito Penal. A
Criminologia tem por função conhecer quais os crimes que vêm sendo praticados, a razão do
seu cometimento, o impacto deles na sociedade e nas vítimas específicas do caso, a consequ-
ência das penas para aqueles delinquentes etc.
Como já vimos no começo dessa aula, a Criminologia, para cumprir sua função, pode tentar
compreender as causas do crime, e a isso se dá o nome de “etiologia”. No desempenho dessa
função etiológica, deve-se considerar que o crime, na maioria das vezes, terá causas multifato-
riais. Não se trata da existência de apenas uma causa para o crime, mas sim da coexistência
dinâmica de fatores sociais, biológicos, psíquicos etc.
Nessa sistemática de compreender a etiologia do crime, os profissionais da Criminologia
traçam perfis antropológicos, sociais, culturais ou psicológicos do criminoso. Esses perfis, so-
mados a determinantes endógenas (interiores ao indivíduo) e exógenas (exteriores ao indiví-
duo), ajudam a Criminologia a tentar compreender como se chegou ao cometimento do crime.
No desempenho dessas funções, já deve ter ficado claro que a Criminologia não desem-
penha um papel matemático. Como já dissemos antes, é uma ciência humana e, portanto,
considera o ser humano em suas múltiplas facetas. Pode se utilizar de números – sobretudo
em seu viés estatístico – mas não se resume a eles e deles pode prescindir. Quando os dados
estatísticos criminais são utilizados ou produzidos por profissionais da Criminologia, servem
de base para a análise de algum fenômeno criminal ou para mensuração das propostas de
equacionamento do crime.

4
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; introdu-
ção às bases criminológicas da Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 112.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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Outra função importante da Criminologia é fazer com que o Direito Penal dialogue com as
demais ciências que tratam do fenômeno criminal. O crime é, sempre, um fenômeno complexo,
resultado da interação entre humanos em sociedade.
Ao ter os mecanismos de controle social como objeto de estudo, a Criminologia desem-
penha outra importante função: a de demonstrar a ineficácia do Direito Penal. A Criminologia
mostra que o sistema penal é estigmatizante e fundamental para que a etiqueta de criminoso
seja atribuída a alguém de maneira efetiva. Nessa função, a Criminologia demonstra que a
seleção realizada pelos mecanismos penais tem o condão de acelerar uma carreira criminal e
consolidar o “status” de desviado.

As teorias da reação social (como a do “labelling approach”) afirmam que o Direito Penal causa
estigmas: quem é selecionado pelos filtros de reação social – Polícia, Ministério Público, Poder
Judiciário, penitenciárias – passa a ser marcado com sinais sociais que o inabilitam para a
plena aceitação social. É muito difícil, se não impossível, que essa pessoa se livre da etiqueta
de criminoso depois de sua passagem pelas engrenagens de controle penal.

Ainda sobre as instâncias de controle social como objeto de estudo, a Criminologia de-
sempenha a função de demonstrar que a rapidez e a certeza da aplicação da sanção penal são
mais importantes do que a sua gravidade. Sabe aquela sensação de impunidade que reina no
Brasil? Pois bem, estudos criminológicos têm demonstrado que o mais importante para o fim
dessa sensação não é a previsão ou aplicação de uma pena severa, longa, extensa, mas sim a
existência de uma pena que seja aplicada de forma célere e certa.
Especificamente em relação ao delinquente, pode-se afirmar que a Criminologia é uma
ciência que tem por função intervir no criminoso, para que ele não volte a delinquir, para que
seja ressocializado. Nesse aspecto, pesquisas criminológicas têm demonstrado o potencial
estigmatizante da pena privativa de liberdade e a importância das modalidades alternativas
de cumprimento de pena, como as penas restritivas de direito e a pena de multa. Ademais, a
Criminologia ressalta a importância de o Direito Penal continuar apresentando traços de sub-
sidiariedade e fragmentariedade.

De acordo com o princípio da fragmentariedade, o Direito Penal deve agir seguindo um postula-
do de intervenção mínima, protegendo apenas os bens jurídicos mais relevantes da sociedade
e somente quando forem alvo de ataques intoleráveis. Diz-se que o Direito Penal é um arquipé-
lago de pequenas ilhas de condutas consideradas ilícitas espalhadas pelo mar do penalmente
indiferente.
O princípio da subsidiariedade impõe, a seu turno, que o Direito Penal somente deve ser uti-
lizado quando outras instâncias de controle não puderem equacionar a questão de maneira

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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satisfatória. Assim, se um problema social pode ser enfrentado pelas regras do Direito Civil ou
Administrativo, não deve ser invocado o Direito Penal. Se uma questão pode ser solucionada
no âmbito familiar, não há que se aplicar Direito Penal. Esse princípio é também conhecido pela
expressão latina ultima ratio, que significa, em tradução bem livre, “última instância”.

Em relação à prevenção do delito, as teorias criminológicas têm demonstrado como são


importantes intervenções na sociedade que extrapolem a esfera penal. Não basta colocar po-
lícia nos lugares onde há maior atividade delitiva. A depender do caso, podem ser necessárias
ações diversionistas, como iluminar a área, remover detritos, instalar serviços, construir esco-
las e áreas de lazer, podar árvores, alterar rotas de meios de transporte público, asfaltar vias
públicas, apenas para mencionar alguns exemplos. Especificamente em relação à prevenção
direcionada ao delinquente, são necessárias intervenções que forneçam melhora nas condi-
ções de vida e que, consequentemente, possibilitem sua reinserção.
Outra função da Criminologia é tentar fornecer uma análise totalizadora do delito. O crime
é visto em todos os seus aspectos e não apenas como fato típico, ilícito e culpável.

Interessa à Criminologia não tanto a qualificação formal correta de um acontecimento penalmente


relevante, senão a imagem global do fato e do seu autor: a etiologia do fato real, sua estrutura inter-
na e dinâmica, formas de manifestação, técnicas de prevenção e programas de intervenção junto
ao infrator5.

A Criminologia desempenha, ainda, a função de demonstrar que o crime é problema de


toda a sociedade, pois possui como causas, entre outros, fatores sociais e porque afeta toda
a população de uma dada localidade, e não apenas a vítima direta. Cada vez que um crime é
cometido e noticiado, cresce o medo da população, muda a maneira como as pessoas intera-
gem com o espaço e com as demais pessoas, transforma-se a crença que os seres humanos
depositam na norma e no sistema jurídico como um todo.
Cuidando dos envolvidos no fenômeno criminal, a Criminologia tem se preocupado em de-
monstrar a importância de mecanismos que pacifiquem as situações que estão na base dos
delitos. Desse modo, a Criminologia objetiva colocar a vítima frente a frente com o delinquente
em casos em que seja recomendado, para que não exista apenas punição, mas também diálo-
go, composição de prejuízos, reparação de danos e pacificação social.
Destrinchando ainda mais a função, devemos explicitar que, ao realizar o fornecimento de
informações válidas e confiáveis para que o fenômeno criminal seja compreendido e para que
possam ser realizadas intervenções preventivas, a Criminologia não pretende eliminar o cri-
me. Deseja-se, sem dúvida, que o crime seja controlado, que se faça prevenção do delito, que
o delinquente não volte a delinquir, que as taxas criminais diminuam. No entanto, dizer que a
Criminologia pretende acabar com o crime é inexato. Afinal, a Criminologia reconhece o caráter
perene do delito. Enquanto houver sociedade, haverá crime.
5
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2. ed. São Paulo: RT, 2008. p. 44.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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Por fim, podemos afirmar ainda que a Criminologia não pretende apresentar conclusões
universais. Ela não é uma ciência “dura”, mas sim humana, e como tal, apresenta um conheci-
mento parcial, provisório, fragmentado, fluido. O saber criminológico deve se adaptar à realida-
de local e às evoluções históricas e sociais.

1.6. Sistema: Criminologia, Política Criminal e Direito Penal


No começo desta aula, comentei que, enquanto o Direito Penal valora a sociedade, dizendo
o que pode e o que não pode ser feito e prevendo a aplicação de sanções para o descumpri-
mento das normas, a Criminologia se encarrega de encarar o fenômeno de forma objetiva,
sem conotação valorativa, sem mediação, sem julgamentos. Pois bem. Vamos desenvolver um
pouco mais essa ideia. A Criminologia e o Direito Penal têm, necessariamente, que dialogar.
Quem permite esse diálogo é, em grande parte, a Política Criminal.
Entre a Criminologia e o Direito Penal se interpõe a Política Criminal, disciplina que está a
todo tempo avaliando se o Direito Penal está cumprindo seus objetivos, sejam eles de proteção
do bem jurídico, de prevenção ou de repressão. A Política Criminal oferece aos governantes
opções concretas para bem equacionar a questão criminal. Ela transforma os conhecimentos
da Criminologia em opções concretas de atuação.
Na imagem representativa a seguir, coloquei a Política Criminal como uma ponte entre a
Criminologia e o Direito Penal, mas inseri uma seta bidirecional conectando as disciplinas. Afi-
nal, ao mesmo tempo em que a Criminologia estuda a realidade e tenta compreender o crime,
a vítima, o criminoso e o controle social, com isso fornecendo ao Direito Penal um arcabouço
sobre esse fenômeno, traduzido em opções concretas pela Política Criminal, o próprio Direito
Penal molda a atuação das instâncias de controle social, que são objeto da Criminologia. Uma
disciplina conversa com a outra a todo tempo.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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Exemplo: imagine que você tenha seu celular roubado. A Criminologia pode se ocupar desse
fenômeno de muitas maneiras, como, por exemplo: por que o criminoso praticou o crime?
Quais características do criminoso o tornaram mais propensos a decidir pelo crime? Por que
o sistema de justiça criminal mantém preso esse ladrão, mas não consegue ser eficiente em
relação aos criminosos poderosos? O Estado, antes de punir o criminoso, poderia ter ofertado
mais educação, esporte, lazer, cultura a esse criminoso? Quais as consequências da pena que
a ele será aplicada? Qual o impacto que esse evento terá na vida da vítima? Quais os bairros
da cidade onde mais se cometem esse tipo de crime? Em todos esses casos, o fenômeno
criminal está sendo analisado de modo empírico e interdisciplinar para que conclusões mais
genéricas sejam elaboradas, dentro de uma dinâmica indutiva.
A Política Criminal se ocupará do fenômeno raciocinando, por exemplo, sobre a suficiência das
atuais leis penais para o crime de furto; sobre a eficiência dos instrumentos manejados pelas
instâncias de controle social; sobre as regras do processo criminal e de execução penal.
O Direito Penal, por sua vez, se ocupa, basicamente, de punir o delinquente, aplicando àquele
caso concreto regras penais abstratamente previstas, numa operação dedutiva.

Política Criminal é, portanto, a escolha de estratégias de controle social para a proteção de


um bem jurídico.

Para a tutela de bens jurídicos o Estado pode se valer de estratégias penais e extrapenais. Somente
se justifica a tutela penal na hipótese de ser um meio eficaz de proteção do bem jurídico. Assim, a
política criminal, com base em considerações de outros ramos, tais como a criminologia, a filosofia
e a sociologia, visa à análise crítica da legislação penal e à propositura das devidas alterações6.

Logo, a Política Criminal se dedica a receber as contribuições da Criminologia e a propor


medidas para bem equacionar os delitos. Essas medidas podem ser penais ou não-penais. Por
exemplo: para diminuir um índice delitivo, as autoridades podem decidir fazer campanhas na
mídia; podem decidir iluminar uma área; podem decidir reformar um parquinho abandonado.
Essas são medidas de política criminal, mas não são medidas penais. São medidas extrape-
nais de política criminal. Mas pode ser que as contribuições da Criminologia demonstrem que
é necessário, por exemplo, criar um tipo penal; ou mesmo deixar de considerar uma conduta
como criminosa, porque já é amplamente aceita pela sociedade; ou que é necessário mexer
na pena de um delito, seja para majorá-la ou diminuí-la. Em todos esses casos, em que haverá
alteração do Direito Penal, a Política Criminal terá funcionado como essa ponte entre a Crimi-
nologia e o Direito.
Franz Von Lizst, jurista austríaco que trabalhou na Alemanha na segunda metade do século
XIX, propôs um modelo tripartido da ciência conjunta do Direito Penal. Essa ciência conjunta
conteria três saberes autônomos, mas que deveriam andar interligados: o Direito Penal propria-
mente dito, ciência normativa e dogmática que tem por objetivo punir as condutas desviantes;
6
SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André. Direito Penal: parte geral. 7. ed. Salvador, BA: JusPodivm, 2017, p. 44.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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a Criminologia, como ciência das causas do crime e da criminalidade; e a política criminal,


consubstanciada em um conjunto de princípios fundados na investigação das causas do crime
e dos efeitos da pena (ou seja, fundados nas contribuições da Criminologia), com base nos
quais o Estado deve definir que instrumentos utilizará para controlar o fenômeno criminal (ou
seja, como deve ser o Direito Penal). Liszt dizia que o Código Penal era a Carta Magna do delin-
quente: o Código Penal não defendia a sociedade, mas sim o indivíduo que fez um mal a ela, e
que somente poderá ser castigado dentro dos limites estabelecidos naquela lei. E para o bom
desenho da dogmática penal (ou seja, das leis penais), era necessário pedir auxílio constante à
Criminologia e à Política Criminal. Von Lizst enfatizava que à política criminal (baseada na Cri-
minologia) competia elaborar uma constante crítica e revisão do Direito Penal, para assegurar
que ele estava cumprindo sua missão garantista (de preservação dos direitos fundamentais do
delinquente no processo e na aplicação da pena).

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RESUMO
Conceito da Criminologia

Ciência empírica e disciplinar, que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vítima e


do controle social, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gê-
nese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual
e como problema social –, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e
técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas
de resposta ao delito.

Cientificidade

A Criminologia é uma ciência. Possui objeto de estudo próprio, emprega método científico
e fornece informações válidas sobre o fenômeno criminal. Não se baseia em intuições, “achis-
mos”, mas sim em marcos teóricos que vêm sendo construídos há mais de um século.

Objetos da Criminologia

Delito: sempre fez parte dos estudos criminológicos, desde os penalistas clássicos no sé-
culo XVIII, preocupados com a racionalidade e a proporcionalidade da pena.
Delinquente: passa a ser objeto da criminologia sobretudo a partir do século XIX, com o
advento das teorias positivistas, que queriam aplicar a observação empírica da realidade.
Vítima: os estudos criminais, de maneira geral, passaram por três grandes momentos:
Idade de ouro da vítima (desde os primórdios da civilização até o século XII, com previsão de
autotutela e processo penal do tipo acusatório, com importante papel desempenhado pela ví-
tima); neutralização do poder da vítima (início com a adoção do processo penal inquisitivo, no
século XII, com perda de protagonismo da vítima); e ressurgimento do poder da vítima (início
no século XVIII e consolidação da vitimologia, sobretudo a partir dos estudos de Benjamim
Mendelsohn de 1947 sobre os judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista).
Controle Social: são os freios que a sociedade apresenta aos indivíduos que almejam a
prática de alguma conduta antissocial. Os controles sociais informais (vizinhança, escola, tra-
balho, clubes, associações) são aqueles de cuja atuação não pode resultar uma sanção penal.
Tornaram-se objeto da criminologia sobretudo com a Escola de Chicago, de 1920 em dian-
te. Os controles sociais formais (polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, penitenciárias)
são aqueles de cuja atuação pode resultar uma sanção penal. Consolidaram-se como objeto
de estudo da criminologia a partir dos estudos interacionistas (labelling approach) da déca-
da de 1960.

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Seletividade do Sistema Penal

Conforme os teóricos interacionistas, para cada uma das ações desviadas é possível en-
contrar inúmeras ações similares que não serão rotuladas de criminosas. Diante de cada fato,
as instituições atuam como filtros, definindo sua natureza. As instâncias de controle social for-
mal são parte da constituição do crime. Os mecanismos e instituições de Direito Penal são ins-
trumentos seletivos e discriminatórios. Eles escolhem quais condutas serão rotuladas como
criminosas e escolhem com base em estereótipos e preconceitos. O primeiro filtro de seleção
do sistema de justiça criminal é a polícia. O segundo filtro é realizado pelo Ministério Público,
que decide se pretende dar início à ação penal. E o terceiro filtro é feito pelo Poder Judiciário.

Métodos da Criminologia

CrimINologia: IN: INDUTIVA, INTERDISCIPLINAR, “IMPÍRICA” (empírica)


Empírico é o conhecimento obtido pela observação de fatos, realizada a partir dos sentidos
humanos. No método indutivo, o raciocínio parte de dados particulares (fatos observados, ou
seja, crimes que ocorreram) e, por meio de uma sequência de operações cognitivas, chega a
teorias. A Criminologia é interdisciplinar porque se realiza com a cooperação de várias disci-
plinas, tais como a Sociologia, a Psicologia, a Medicina, o Direito, a Biologia, a Antropologia, a
Estatística, a Assistência Social.
A Criminologia é uma ciência humana, interdisciplinar, empírica, indutiva, do “ser”.
A Criminologia NÃO é exata, normativa, dogmática, dedutiva, teorética, valorativa, abstrata,
do “dever-ser”.

Funções da Criminologia
• Compreensão do fenômeno criminal;
• Fornecimento de informações para intervenções preventivas;
• Controle da criminalidade;
• Compreensão da etiologia do crime;
• Diálogo com o Direito Penal via Política Criminal;
• Crítica do Direito Penal;Avaliação dos modelos de resposta ao crime;
• Pacificação social;
• Reparação do dano;
• Diálogo entre protagonistas do crime.

Sistema: Política Criminal e Direito Penal

A Criminologia forma um sistema com a política criminal e o Direito Penal.

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CRIMINOLOGIA
Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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A política criminal é considerada uma ponte entre a Criminologia e o Direito Penal. Ela
transforma os conhecimentos da Criminologia em opções concretas de ação, muitas vezes
alterando as normas do Direito Penal. A política criminal se dedica a receber as contribuições
da Criminologia e propor medidas para bem equacionar os delitos. Essas medidas podem ser
penais ou não-penais.
Franz Von Liszt, jurista austríaco que trabalhou na Alemanha na segunda metade do século
XIX, propôs um modelo tripartido da ciência conjunta do Direito Penal. Essa ciência conjunta
conteria três saberes autônomos, mas que deveriam andar interligados: Criminologia, Direito
Penal e política criminal. O Programa de Marburgo consolida essas ideias.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
Mariana Barreiras

MAPAS MENTAIS

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Os objetos de estudo da moderna
Criminologia são:
a) a vítima e o delinquente.
b) o crime, o criminoso, a vítima e o controle social.
c) o delito e o delinquente.
d) o problema social, suas causas biológicas e o mimetismo.
e) o crime e os fatores biopsicológicos decorrentes de sua prática.

002. (IESES/2014/IGP-SC/AUXILIAR PERICIAL/LABORATÓRIO) Ciência empírica e interdis-


ciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social e
do comportamento delitivo. Este é conceito atribuído a qual das ciências abaixo relacionadas:
a) Criminologia.
b) Perícia Criminal.
c) Criminalística.
d) Medicina Legal.

003. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Assinale a alternativa que in-


dica um dos objetos de estudo da Criminologia moderna.
a) O controle social.
b) A justiça.
c) O Direito Penal.
d) O desiquilíbrio psicológico.
e) A lei.

004. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) O método de estudo da Criminologia reúne


as seguintes características:
a) silogismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
b) empirismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
c) racionalismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
d) empirismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
e) racionalismo; interdisciplinaridade; visão dedutiva da realidade.

005. (VUNESP/2014/PC-SP/DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL) Os objetos de estudo da Cri-


minologia são: o crime, o criminoso, a vítima e __________________. Assinale a alternativa que
preenche corretamente a lacuna do texto.
a) a participação da vítima no crime
b) as classes sociais

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c) as leis
d) o controle social
e) o Poder Público

006. (CEFET-BA/2008/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) No âmbito da Criminologia da reação


social, o trabalho da Polícia Civil pode ser considerado como a
a) expressão do controle social informal.
b) contribuição de uma agência do controle social formal.
c) manifestação do controle social difuso.
d) manifestação do controle empresarial.
e) expressão particular de uma visão de justiça.

007. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna-


tiva correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico estabe-
lecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipóteses
se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os argumen-
tos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.

008. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) É correto afir-


mar que o controle social formal é representado, entre outras, pelas seguintes instâncias:
a) Igreja, Família e Opinião Pública.
b) Escola, Igreja e Polícia.
c) Forças Armadas, Polícia e Escola.
d) Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
e) Família, Escola e Ministério Público.

009. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Segundo a doutrina dominante,


Criminologia é uma ciência que se serve do método
a) lógico abstrato.
b) dogmático.
c) normativo.
d) empírico.

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e) dedutivo.

010. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Com relação ao método, é correto


afirmar que a criminologia é uma ciência do
a) dever ser, teorética (observação da realidade), que se vale do método indutivo, utilizando-se
de métodos biológico e sociológico.
b) ser, empírica (observação da realidade), que se vale do método indutivo, utilizando-se de
métodos biológico e sociológico.
c) dever ser, conceitual e abstrata, que se vale exclusivamente do método indutivo.
d) dever ser, teorética e especulativa, que se vale do método indutivo, utilizando-se de métodos
biológico e sociológico.
e) ser, empírica e teorética (observação da realidade), que se vale exclusivamente do méto-
do indutivo.

011. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta em rela-


ção ao conceito, método, objeto ou finalidade da Criminologia.
a) Por ser uma categoria jurídica, o crime não é objeto de estudo da Criminologia, que se ocupa
de seus efeitos.
b) A finalidade precípua da Criminologia é fundamentar a tipificação criminal das condutas e
as respectivas penas.
c) Criminologia é uma ciência auxiliar do Direito Penal e a ele se circunscreve, visto ocupar-se
das consequências dele decorrentes.
d) A vítima, primeiro objeto a ser estudado pela Criminologia, deixou de ser interesse dessa
ciência a partir do surgimento da vitimologia.
e) Uma das finalidades da Criminologia, no seu atual estágio de desenvolvimento, é questionar
a própria existência de alguns tipos de crimes.

012. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A Criminologia é a ciência


a) teorética que tem por objeto o estudo das ciências penais e processuais penais e seus refle-
xos no controle social, propondo soluções para redução da criminalidade.
b) teorética alicerçada na análise dos antecedentes sociais da criminalidade e dos criminosos,
que estuda exclusivamente o crime, propondo soluções para redução da criminalidade.
c) empírica e teorética, alicerçada no estudo das ciências penais e processuais penais e seus
reflexos no controle da criminalidade, tendo por objeto a redução da criminalidade.
d) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto
de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, a vítima e o controle
social das condutas criminosas.

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e) conceitual e abstrata, que se dedica ao estudo das armas de fogo e suas munições; das
armas brancas e demais armas impróprias, objetivando o controle social e a redução da cri-
minalidade.

013. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que atualmente


o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes, a saber:
a) vítima, criminoso, polícia e controle social.
b) polícia, ministério público, poder judiciário e controle social.
c) crime, criminoso, vítima e controle social.
d) polícia, ministério público, poder judiciário e sistema prisional.
e) forças de segurança, criminoso, vítima, controle social.

014. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) A respeito do conceito e


das funções da criminologia, assinale a opção correta.
a) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores
passos para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relaciona-
das à prevenção do crime.
b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses
crimes para determinados indivíduos e famílias.

015. (VUNESP/2015/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Os objetos de estudo da moder-


na criminologia estão divididos em
a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.
b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.
e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

016. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Para a aproximação


e verificação de seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
a) empírico e interdisciplinar.
b) dedutivo e dogmático.
c) dedutivo e interdisciplinar.
d) dogmático e lógico-abstrato.

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e) empírico e lógico-abstrato.

017. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Sobre o objeto de es-


tudo da Criminologia dos dias atuais, assinale a alternativa correta.
a) O ramo da Criminologia que estuda a vítima é denominado Frenologia Criminal.
b) O estudo de desvios de conduta que atentam contra a moral e os bons costumes não é as-
sunto da Criminologia, por não configurarem crime, na acepção jurídica da palavra.
c) A Escatologia Criminal estuda os atos pecaminosos praticados por quem escolhe a ve-
reda do mal.
d) A Criminologia ocupa-se do estudo do crime, caracterizando-o como simples fato típico e
antijurídico, da mesma forma que o Direito Penal.
e) A Criminologia tem por objeto de estudo o delinquente, o delito, a vítima e o controle social.

018. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) São fins básicos da


Criminologia, dentre outros,
a) os valores do ressarcimento e da indenização da vítima pelos danos sofridos.
b) a prevenção e o controle do fenômeno criminal.
c) o processo e o julgamento judicial do criminoso.
d) o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento ambulatorial e
internação hospitalar.
e) a vingança e o castigo públicos do criminoso.

019. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternati-


va que contém o ente que exerce ou fomenta os controles sociais informais sobre a vida dos
indivíduos.
a) Poder Judiciário.
b) Polícia.
c) Sistema Penitenciário.
d) Ministério Público.
e) Escola.

020. (VUNESP/2014/PC-SP/DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL) A criminologia é conceitua-


da como uma ciência
a) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar.
b) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.
c) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e uni-
disciplinar.
d) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.
e) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar.

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021. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A criminologia pode ser conceitu-


ada como uma ciência ______, baseada na observação e na experiência, e ________ que tem por
objeto de análise o crime, o criminoso, a vítima e o controle social.
a) exata … multidisciplinar
b) objetiva … monodisciplinar
c) humana … unidisciplinar
d) biológica … transdisciplinar
e) empírica … interdisciplinar

022. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) Sobre a Criminologia, é correto afirmar que


a) ela não é considerada uma ciência para a maior parte dos autores.
b) tal conhecimento encontra-se inteiramente subordinado ao Direito Penal.
c) ela ocupa-se do estudo do delito e do delinquente, mas não se ocupa do estudo da vítima e
do controle social, uma vez que tal assunto constitui objeto de interesse da Sociologia.
d) ela ocupa-se do estudo do delito e do controle social, mas não se ocupa do estudo do delin-
quente e da vítima, uma vez que tal assunto constitui objeto de estudo da Psicologia.
e) ela constitui um campo fértil de pesquisas para psiquiatras, psicólogos, sociólogos, antro-
pólogos e juristas.

023. (FCC/2018/DPE-RS/DEFENSOR PÚBLICO) O trecho abaixo integra uma letra musical do


grupo Facção Central. Dentre as várias formas de interpretação desse fragmento escrito, po-
de-se dizer que ele suscita a reflexão sobre as técnicas de prevenção dos delitos e as formas
alternativas de solução de conflitos.
“(…) Ocupamos os bondes dos 157 em transferência
Porque não fomos convidados pras feiras de ciência
Pela indução diária a trilha dos para-fal
Em vez de pena merecíamos perdão judicial.”
Com relação às funções da criminologia, e com base no trecho apresentado acima, é correto
afirmar que
a) as situações de perdão judicial são vedadas às análises criminológicas.
b) a criminologia é uma matéria jurídica que veda reflexões teóricas sobre as realidades fáticas
ou as narrativas artísticas.
c) a identificação da autoria do crime, o isolamento do local do fato e a realização das perícias
são abordagens exclusivas da criminologia.
d) a reflexão suscitada é uma das funções da criminologia.
e) a criminologia se ocupa do “dever ser” e, por isso, representações sociais (como expressões
artísticas) devem ser excluídas de qualquer estudo.

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024. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Em relação aos


preceitos da criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o
sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue.
Entre outros, a reparação do dano é um dos objetivos da criminologia contemporânea.

025. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Em relação aos


preceitos da criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o
sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue.
Na criminologia contemporânea, não se consideram os protagonistas do crime — vítima, in-
frator e comunidade — nem o desenvolvimento de técnicas de intervenção e controle, pois
essas matérias devem ser objeto de políticas públicas de segurança pública e não da ciência
criminológica.

026. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Afirmar que a criminologia é in-


terdisciplinar e tem o empirismo como método significa dizer que esse ramo da ciência
a) utiliza um método analítico para desenvolver uma análise indutiva.
b) considera os conhecimentos de outras áreas para formar um conhecimento novo, se afir-
mando, então, como independente.
c) utiliza um método silogístico
d) utiliza um método racional de análise e trabalha o direito penal de forma dogmática.
e) é metafísica e leva em conta os métodos das ciências exatas para o estudo de seu objeto.

027. (CESPE/2018/PC-MA DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Com relação à situação hipoté-


tica descrita no texto 1A14AAA e às funções da criminologia, da política criminal e do direito
penal, assinale a opção correta.

a) O direito penal tem a função de analisar a forma como o crime foi cometido, bem como
estudar os meios que devem ser adotados com relação à pena e à ressocialização de João.
b) O direito penal é o responsável pelo diagnóstico do fenômeno dos crimes cometidos contra
as mulheres.
c) A criminologia deverá analisar a conduta de João, subsidiando o juiz quanto ao arbitramen-
to da pena.

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d) A política criminal tem a função de propor medidas para a redução das condições que faci-
litaram o cometimento do crime por João, como a urbanização e a iluminação de ruas.
e) A criminologia deverá indicar os trajetos que precisam de rondas policiais ou os locais para
se instalarem postos policiais.

028. (CESPE/2016/SDS-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) A criminologia moderna:


a) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias para mi-
nimizar os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a repressão social
contra o delito por meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções.
b) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal – suas causas, características,
sua prevenção e o controle de sua incidência –, sendo uma ciência causal-explicativa do delito
como fenômeno social e individual.
c) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem delinquente em
seu aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à criminalidade e des-
preza, na análise empírica, o meio social como fatores criminógenos.
d) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de um de-
linquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos apreendidos mediante
o método indutivo de observação.
e) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comporta-
mento criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos epistemológicos e ideológicos
como forma segura de definição jurídico-formal do crime e da pena.

029. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É órgão da segunda seleção da


instância formal de controle social:
a) Ministério Público
b) Polícia Judiciária.
c) Poder Judiciário.
d) Administração Penitenciária
e) Polícia Administrativa.

030. (VUNESP/2018/PC-SP/Investigador de Polícia)


É correto afirmar que a Polícia Civil é uma
a) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal.
b) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal e informal.
c) Polícia Judiciária, que não integra o controle social.
d) Polícia Judiciária, que integra o controle social formal.
e) Polícia Judiciária, que integra o controle social informal.

031. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O processo penal de tipo acusatório é típico:

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a) da era de ouro da vítima


b) do período de neutralização do poder da vítima
c) do período de revalorização da vítima
d) da primeira metade do século XXI

032. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Marques de Beccaria foi um dos expoentes _______


a) do positivismo criminológico.
b) do pensamento clássico.
c) do labelling approach.
d) da Escola de Chicago.

033. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Robert Ezra Park e Ernest W. Burgess são teóricos rela-
cionados com:
a) a Escola de Chicago
b) a teoria da anomia
c) o pensamento clássico penal
d) a Criminologia radical

034. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Julgue os itens subsequentes de acordo com os ensinamen-


tos da Criminologia:
A culpabilidade é um dos elementos do crime para a Criminologia.

035. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A Criminologia contemporânea abandonou os inquéritos de


vitimização em virtude de carecerem de cientificidade.

036. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Na observação participante, uma das técnicas utilizadas pela
Criminologia, o pesquisador atua de forma ativa na vida do grupo objeto de investigação.

037. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A Criminologia pode ter, entre seus objetivos, a compreensão
da etiologia do crime.

038. (QUESTÃO INÉDITA/2022) No Brasil, atualmente, não existe previsão de pena de morte,
por vedação constitucional.

039. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A previsão da autotutela foi traço característico da era de


ouro da vítima.

040. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A percepção do crime como fruto do livre-arbítrio humano é


um dos principais postulados das escolas positivistas.

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041. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Apesar de ser interdisciplinar, a Criminologia não conta com
contribuições de juristas dado o caráter normativo do direito.

042. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O labelling approach entende que as instâncias de controle


social formal é que definem se uma dada conduta será rotulada de criminosa.

043. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Incidência aflitiva e massiva são traços caracterizadores do


delito para a Criminologia.

044. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O positivismo foi fundamental para a inclusão do controle


social como um dos objetos de estudo da Criminologia.

045. (QUESTÃO INÉDITA/2022) As penitenciárias podem ser consideradas objeto de estudo


da Criminologia.

046. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Benjamim Mendelsohn é considerado um expoente da esco-


la clássica criminológica.

047. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Para a visão correcionalista, o delinquente é um inimigo que


escolheu se colocar fora do pacto de paz social.

048. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Para o determinismo social, as características do ambiente


social levam um indivíduo ao crime.

049. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O labelling approach é uma corrente de pensamento de-


terminista.

050. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Punitivismo exacerbado foi uma consequência indesejada


do período de neutralização da vítima.

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GABARITO
1. b 37. C
2. a 38. E
3. a 39. C
4. d 40. E
5. d 41. E
6. b 42. C
7. c 43. C
8. d 44. E
9. d 45. C
10. b 46. E
11. e 47. E
12. d 48. C
13. c 49. E
14. d 50. E
15. e
16. a
17. e
18. b
19. e
20. b
21. e
22. e
23. d
24. C
25. E
26. a
27. d
28. b
29. a
30. d
31. a
32. b
33. a
34. E
35. E
36. C

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Os objetos de estudo da moderna
Criminologia são:
a) a vítima e o delinquente.
b) o crime, o criminoso, a vítima e o controle social.
c) o delito e o delinquente.
d) o problema social, suas causas biológicas e o mimetismo.
e) o crime e os fatores biopsicológicos decorrentes de sua prática.

Essa é exatamente a lista com todos os objetos de estudo da Criminologia, conforme verifica-
da a evolução da disciplina. As alternativas “a” e “c” não estão erradas, mas incompletas.
Letra b.

002. (IESES/2014/IGP-SC/AUXILIAR PERICIAL/LABORATÓRIO) Ciência empírica e interdis-


ciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social e
do comportamento delitivo. Este é conceito atribuído a qual das ciências abaixo relacionadas:
a) Criminologia.
b) Perícia Criminal.
c) Criminalística.
d) Medicina Legal.

O enunciado apresenta traços característicos da Criminologia (empirismo, interdisciplinarida-


de) e seus objetos de estudo (delito, delinquente, vítima e controle social).
Letra a.

003. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Assinale a alternativa que in-


dica um dos objetos de estudo da Criminologia moderna.
a) O controle social.
b) A justiça.
c) O Direito Penal.
d) O desiquilíbrio psicológico.
e) A lei.

Tecnicamente, a resposta correta é a “a”, pois os objetos da Criminologia são delito, delinquen-
te, vítima e controle social. A Justiça, o Direito Penal e a lei, de maneira mais genérica, podem

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ser incluídos no estudo da Criminologia, mas exatamente como mecanismos ou instrumentos


de controle social. Dessa maneira, a melhor alternativa, sem dúvida, é a “a”.
Letra a.

004. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) O método de estudo da Criminologia reúne


as seguintes características:
a) silogismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
b) empirismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
c) racionalismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
d) empirismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
e) racionalismo; interdisciplinaridade; visão dedutiva da realidade.

A Criminologia é empírica, pois se baseia na experiência, na observação do fenômeno crimi-


nal. É interdisciplinar, pois necessita do aporte de profissionais de diversos ramos do saber. É
indutiva, pois parte de dados particulares (fatos observados, experiências) e, por meio de uma
sequência de operações cognitivas, chega a leis ou conceitos mais gerais, indo dos efeitos à
causa, das consequências ao princípio, da experiência à teoria.
Letra d.

005. (VUNESP/2014/PC-SP/DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL) Os objetos de estudo da Cri-


minologia são: o crime, o criminoso, a vítima e __________________. Assinale a alternativa que
preenche corretamente a lacuna do texto.
a) a participação da vítima no crime
b) as classes sociais
c) as leis
d) o controle social
e) o Poder Público

Os objetos de estudo da Criminologia são o crime (ou delito), o criminoso (ou delinquente), a
vítima e o controle social.
Letra d.

006. (CEFET-BA/2008/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) No âmbito da Criminologia da reação


social, o trabalho da Polícia Civil pode ser considerado como a
a) expressão do controle social informal.
b) contribuição de uma agência do controle social formal.
c) manifestação do controle social difuso.

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d) manifestação do controle empresarial.


e) expressão particular de uma visão de justiça.

As teorias de reação social fizeram com que o controle social integrasse definitivamente o rol
de objetos de estudo da Criminologia. Controle socialsão os freios que a sociedade apresenta
aos indivíduos que almejam a prática de alguma conduta antissocial. O critério que diferencia
controle social formal de controle social informal é, respectivamente, a possibilidade (controle
social formal) ou impossibilidade (controle social informal) da aplicação de uma sanção penal
como consequência da atuação de cada um desses tipos de controle. Como exemplos de con-
trole social formal pode ser citada a polícia, o Poder Judiciário, a administração penitenciária,
o sistema penal etc.
Letra b.

007. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna-


tiva correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico estabe-
lecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipóteses
se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os argumen-
tos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.

A alternativa C é correta pois traz a informação de que a criminologia analisa dados, ou seja, os
observa, e induz conclusões, ou seja, parte do concreto para o abstrato, realizando induções.
Os fatos prevalecem sobre argumentos, porque é uma ciência empírica. Não é correto dizer
que a criminologia é abstrata, dedutiva, valorativa, dogmática e tampouco que parte, em suas
análises da realidade criminal, da norma jurídica.
Letra c.

008. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) É correto afir-


mar que o controle social formal é representado, entre outras, pelas seguintes instâncias:
a) Igreja, Família e Opinião Pública.
b) Escola, Igreja e Polícia.

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c) Forças Armadas, Polícia e Escola.


d) Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
e) Família, Escola e Ministério Público.

O controle social formal é aquele em que há presença do Estado e de cuja atuação pode resul-
tar a aplicação de uma pena. Não é o caso de Igreja, Família, Opinião Pública, Escola, que são
instâncias de controle social informal. A alternativa D traz apenas agências de controle social
formal: Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
Letra d.

009. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Segundo a doutrina dominante,


Criminologia é uma ciência que se serve do método
a) lógico abstrato.
b) dogmático.
c) normativo.
d) empírico.
e) dedutivo.

A Criminologia se vale de método empírico, pois parte da observação da realidade. Não parte
de conceitos lógico-abstratos, nem de dogmas ou de normas. Vale-se, ademais, de método in-
dutivo (parte do caso concreto para tentar chegar a formular teorias) e não dedutivo (que parte
de conceitos gerais que devem ser aplicados aos casos concretos, como é o caso do Direito).
Letra d.

010. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Com relação ao método, é correto


afirmar que a criminologia é uma ciência do
a) dever ser, teorética (observação da realidade), que se vale do método indutivo, utilizando-se
de métodos biológico e sociológico.
b) ser, empírica (observação da realidade), que se vale do método indutivo, utilizando-se de
métodos biológico e sociológico.
c) dever ser, conceitual e abstrata, que se vale exclusivamente do método indutivo.
d) dever ser, teorética e especulativa, que se vale do método indutivo, utilizando-se de métodos
biológico e sociológico.
e) ser, empírica e teorética (observação da realidade), que se vale exclusivamente do méto-
do indutivo.

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A criminologia é uma ciência do ser, que estuda os fatos, e não uma ciência que se ocupa do
dever-ser, das normas. O dever-ser é objeto de preocupação, por exemplo, do direito penal, mas
não da criminologia. É, ademais, uma ciência que se vale do método empírico (de observação
da realidade com os sentidos humanos) e indutivo (parte de casos particulares para chegar a
conceitos mais gerais). O método indutivo, portanto, não é o único utilizado pela criminologia.
Além do empirismo e da indução, ela se vale da multidisciplinaridade, e de fato emprega mé-
todos da biologia e da sociologia. Como a criminologia estuda os fatos concretos, não é uma
ciência baseada em processos mentais abstratos, conceituais. Na letra E, a definição de teoré-
tica não guarda relação com a observação da realidade. Teorético é aquilo que não é prático.
Sendo a criminologia uma ciência empírica e prática, não há que se falar em método teorético.
Letra b.

011. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta em rela-


ção ao conceito, método, objeto ou finalidade da Criminologia.
a) Por ser uma categoria jurídica, o crime não é objeto de estudo da Criminologia, que se ocupa
de seus efeitos.
b) A finalidade precípua da Criminologia é fundamentar a tipificação criminal das condutas e
as respectivas penas.
c) Criminologia é uma ciência auxiliar do Direito Penal e a ele se circunscreve, visto ocupar-se
das consequências dele decorrentes.
d) A vítima, primeiro objeto a ser estudado pela Criminologia, deixou de ser interesse dessa
ciência a partir do surgimento da vitimologia.
e) Uma das finalidades da Criminologia, no seu atual estágio de desenvolvimento, é questionar
a própria existência de alguns tipos de crimes.

Ao ter os mecanismos de controle social como objeto de estudo, a Criminologia desempenha


a importante função de demonstrar a ineficácia do Direito Penal. A Criminologia mostra que a
prevenção criminal não é efetiva, que o sistema penal é estigmatizante e fundamental para que
a etiqueta de criminoso seja atribuída a alguém de maneira efetiva. Nessa função, a Criminolo-
gia demonstra que a seleção pelos mecanismos penais não apenas é ineficaz como ainda tem
o condão de acelerar uma carreira criminal e consolidar o “status” de desviado. Daí a importân-
cia de o Direito Penal continuar apresentando traços de subsidiariedade e fragmentariedade.
Como a Criminologia demonstra que, em muitas oportunidades, o Direito Penal gera mais vio-
lência do que a que ele pretenderia eliminar, fica claro que muitas condutas antissociais devem
ser equacionadas pelo Poder Público fora do âmbito penal.
Letra e.

012. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A Criminologia é a ciência

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a) teorética que tem por objeto o estudo das ciências penais e processuais penais e seus refle-
xos no controle social, propondo soluções para redução da criminalidade.
b) teorética alicerçada na análise dos antecedentes sociais da criminalidade e dos criminosos,
que estuda exclusivamente o crime, propondo soluções para redução da criminalidade.
c) empírica e teorética, alicerçada no estudo das ciências penais e processuais penais e seus
reflexos no controle da criminalidade, tendo por objeto a redução da criminalidade.
d) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto
de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, a vítima e o controle
social das condutas criminosas.
e) conceitual e abstrata, que se dedica ao estudo das armas de fogo e suas munições; das
armas brancas e demais armas impróprias, objetivando o controle social e a redução da cri-
minalidade.

A criminologia não é teorética, abstrata ou conceitual. Ao contrário, é bastante prática e empí-


rica, pois parte da observação direta da realidade fática. Ela é interdisciplinar, pois se vale de
diversos outros saberes e ciências conjugados. Como objeto, ela tem o crime, o delinquente
– podendo fazer e de fato fazendo, em muitos casos, uma análise de sua personalidade –, a
vítima e as instâncias de controle social.
Letra d.

013. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que atualmente


o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes, a saber:
a) vítima, criminoso, polícia e controle social.
b) polícia, ministério público, poder judiciário e controle social.
c) crime, criminoso, vítima e controle social.
d) polícia, ministério público, poder judiciário e sistema prisional.
e) forças de segurança, criminoso, vítima, controle social.

A letra c traz a lista completa com as quatro vertentes corretas de objetos da Criminologia.
Vale ressaltar que todos os itens de todas as alternativas configuram objetos da Criminologia,
mas a divisão correta das vertentes encontra-se na alternativa c.
Letra c.

014. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) A respeito do conceito e


das funções da criminologia, assinale a opção correta.

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a) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores


passos para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relaciona-
das à prevenção do crime.
b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses
crimes para determinados indivíduos e famílias.

Estudar a etiologia do delito é uma das funções da criminologia. Na letra A, não há uma oposi-
ção entre o que faz a política criminal e a criminologia. Ambas podem tratar de ressocialização
e de prevenção. Na letra B, a criminologia não pretende acabar com o crime. Na letra C, o exa-
minador trocou etiologia por etimologia para confundir o candidato. Na letra E, a criminologia
orienta e não é orientada pela política criminal. Além disso, as intervenções após um delito são
ditadas por medidas de política criminal e pela aplicação do direito penal.
Letra d.

015. (VUNESP/2015/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Os objetos de estudo da moder-


na criminologia estão divididos em
a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.
b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.
e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

A única alternativa que traz os quatro objetos atuais da criminologia é a letra D: crime, que é
sinônimo de delito, delinquente, vítima e controle social.
Letra e.

016. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Para a aproximação


e verificação de seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
a) empírico e interdisciplinar.
b) dedutivo e dogmático.
c) dedutivo e interdisciplinar.
d) dogmático e lógico-abstrato.

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e) empírico e lógico-abstrato.

O método da criminologia é empírico, ou seja, baseado na observação da realidade, e interdis-


ciplinar, isto é, dependente da contribuição de estudiosos de diversos saberes, como médicos,
psiquiatras, sociólogos, juristas, psicólogos etc. Além disso, seu método é indutivo, partindo
da observação de fatos concretos e chegando a conclusões mais genéricas. Essa metodolo-
gia se opõe à dedução, que parte de regras gerais a serem aplicadas a casos concretos, como
é o caso do Direito Penal. Além disso, a criminologia não se baseia em dogmas, princípios,
verdades imutáveis. Ao contrário, apresenta um saber que vai evoluindo conforme a realidade
se transforma. Tampouco é correto afirmar que o saber criminológico é lógico-abstrato, exata-
mente porque ele é empírico: parte da observação da realidade e não de abstrações lógicas.
Letra a.

017. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Sobre o objeto de es-


tudo da Criminologia dos dias atuais, assinale a alternativa correta.
a) O ramo da Criminologia que estuda a vítima é denominado Frenologia Criminal.
b) O estudo de desvios de conduta que atentam contra a moral e os bons costumes não é as-
sunto da Criminologia, por não configurarem crime, na acepção jurídica da palavra.
c) A Escatologia Criminal estuda os atos pecaminosos praticados por quem escolhe a ve-
reda do mal.
d) A Criminologia ocupa-se do estudo do crime, caracterizando-o como simples fato típico e
antijurídico, da mesma forma que o Direito Penal.
e) A Criminologia tem por objeto de estudo o delinquente, o delito, a vítima e o controle social.

A alternativa E traz os quatro objetos atuais da criminologia: o delinquente, o delito, a vítima e


o controle social. O estudo das vítimas é denominado vitimologia. A frenologia, característica
do século XIX, estuda o crânio dos criminosos com o intuito de estabelecer relações entre o
formato da cabeça e características da personalidade. Na letra B, é importante recordar que o
que é crime para a Criminologia não é necessariamente coincidente com o conceito de crime
para o Direito Penal. Além disso, há, sim, desvios de conduta que atentam contra a moral e
os bons costumes que podem ser considerados crime, seja para o Direito Penal, seja para a
Criminologia. Na letra C, escatologia criminal é uma invenção do examinador. Na letra D, o erro
está em dizer que o conceito de crime para a criminologia é o mesmo conceito de crime para
o Direito Penal.
Letra e.

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018. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) São fins básicos da


Criminologia, dentre outros,
a) os valores do ressarcimento e da indenização da vítima pelos danos sofridos.
b) a prevenção e o controle do fenômeno criminal.
c) o processo e o julgamento judicial do criminoso.
d) o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento ambulatorial e
internação hospitalar.
e) a vingança e o castigo públicos do criminoso.

Prevenir e controlar o fenômeno criminal são fins da criminologia. Arbitrar ressarcimento da


vítima, processar e julgar o criminoso são tarefas do Direito Penal, apoiado nas contribuições
da vitimologia. Cuidar de doentes mentais é papel da medicina. Realizar vinganças e castigos
públicos está vedado pela nossa legislação penal.
Letra b.

019. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternati-


va que contém o ente que exerce ou fomenta os controles sociais informais sobre a vida dos
indivíduos.
a) Poder Judiciário.
b) Polícia.
c) Sistema Penitenciário.
d) Ministério Público.
e) Escola.

O único ente das alternativas que integra o rol de agentes informais do controle social é a esco-
la. Todos os demais são exemplos de controle social formal, pois são atividades de monopólio
estatal e de cuja atuação pode resultar a imposição de uma pena.
Letra e.

020. (VUNESP/2014/PC-SP/DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL) A criminologia é conceitua-


da como uma ciência
a) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar.
b) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.
c) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e uni-
disciplinar.
d) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.
e) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar.

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A alternativa B traz duas características da criminologia: o empirismo, que significa a observa-


ção dos fatos através dos sentidos; e a interdisciplinaridade, que significa que a criminologia
conta com o aporte integrado de profissionais de diversos ramos do saber (psicólogos, psi-
quiatras, médicos, juristas, sociólogos etc.). A Vunesp considera correto afirmar, também que
a criminologia é multidisciplinar. Não é unidisciplinar ou monodisciplinar, porque deve contar
necessariamente com uma abordagem de diversos ramos do saber. A Criminologia não se
confunde com nenhum ramo do direito, por isso não é jurídica. A Criminologia não desempe-
nha um papel matemático. Não é uma ciência exata, mas sim uma ciência humana e, portanto,
considera o ser humano em suas múltiplas facetas. Pode se utilizar de números – sobretudo
em seu viés estatístico – mas não se resume a eles e deles pode prescindir. Considera o crime
um fenômeno social, mas não se baseia unicamente no comportamento social do criminoso.
Letra b.

021. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A criminologia pode ser conceitu-


ada como uma ciência ______, baseada na observação e na experiência, e ________ que tem por
objeto de análise o crime, o criminoso, a vítima e o controle social.
a) exata … multidisciplinar
b) objetiva … monodisciplinar
c) humana … unidisciplinar
d) biológica … transdisciplinar
e) empírica … interdisciplinar

A criminologia é empírica e interdisciplinar. Por empírica, entende-se que se baseia na observa-


ção de fatos e na experiência. Por interdisciplinar, entende-se que necessita do aporte integra-
do de diversos ramos do saber, de modo que é errado afirmar que ela seja monodisciplinar ou
unidisciplinar. A Vunesp considera correto afirmar, também que a criminologia é multidiscipli-
nar. Não é exata, porque não se resume a números e pode até abrir mão de analisá-los. Não é
objetiva, porque lida com fatos sociais, humanos. Não é biológica: apesar de poder contar com
o aporte de dados da biologia, não pode se resumir a eles.
Letra e.

022. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) Sobre a Criminologia, é correto afirmar que


a) ela não é considerada uma ciência para a maior parte dos autores.
b) tal conhecimento encontra-se inteiramente subordinado ao Direito Penal.
c) ela ocupa-se do estudo do delito e do delinquente, mas não se ocupa do estudo da vítima e
do controle social, uma vez que tal assunto constitui objeto de interesse da Sociologia.

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d) ela ocupa-se do estudo do delito e do controle social, mas não se ocupa do estudo do delin-
quente e da vítima, uma vez que tal assunto constitui objeto de estudo da Psicologia.
e) ela constitui um campo fértil de pesquisas para psiquiatras, psicólogos, sociólogos, antro-
pólogos e juristas.

A criminologia é interdisciplinar e, portanto, conta com estudos de diversos ramos do saber,


como psiquiatria, psicologia, sociologia, antropologia e direito. Ela é, sim, considerada ciência
para a maior parte dos autores, pois tem objeto, método e função próprios. Por ter autonomia
científica, não se subordina ao Direito Penal, mas sim o analisa e com ele dialoga. Possui como
objetos tanto o crime como o criminoso, a vítima e o controle social.
Letra e.

023. (FCC/2018/DPE-RS/DEFENSOR PÚBLICO) O trecho abaixo integra uma letra musical do


grupo Facção Central. Dentre as várias formas de interpretação desse fragmento escrito, po-
de-se dizer que ele suscita a reflexão sobre as técnicas de prevenção dos delitos e as formas
alternativas de solução de conflitos.
“(…) Ocupamos os bondes dos 157 em transferência
Porque não fomos convidados pras feiras de ciência
Pela indução diária a trilha dos para-fal
Em vez de pena merecíamos perdão judicial.”
Com relação às funções da criminologia, e com base no trecho apresentado acima, é correto
afirmar que
a) as situações de perdão judicial são vedadas às análises criminológicas.
b) a criminologia é uma matéria jurídica que veda reflexões teóricas sobre as realidades fáticas
ou as narrativas artísticas.
c) a identificação da autoria do crime, o isolamento do local do fato e a realização das perícias
são abordagens exclusivas da criminologia.
d) a reflexão suscitada é uma das funções da criminologia.
e) a criminologia se ocupa do “dever ser” e, por isso, representações sociais (como expressões
artísticas) devem ser excluídas de qualquer estudo.

Basicamente, a passagem da música diz que muitos jovens se tornam ladrões (Roubo, art.
157 do Código Penal) porque lhes faltam oportunidades de receber bom ensino e porque já
vivem, desde cedo, em ambientes conflitivos e povoados de armas de fogo (parafal é um tipo
de fuzil). Uma das principais funções da criminologia reside no fornecimento de informações
confiáveis para que o fenômeno criminal seja compreendido e para que possam ser realizadas
intervenções preventivas. A criminologia tem por objetivo, então, compreender a criminalidade

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para, naturalmente, prevenir a ocorrência dos delitos e controlar o fenômeno. Assim, a reflexão
sobre as técnicas de prevenção dos delitos (melhores escolas, desarmamento) e as formas
alternativas de solução de conflitos é uma das funções da criminologia.
Na letra A, a criminologia pode, analisando algumas situações, mostrar aos tomadores de deci-
sões político-criminais, que o perdão judicial – como qualquer outro instituto penal – deve ser
reduzido, ampliado, modificado. Assim, as situações de perdão judicial podem ser analisadas
pela criminologia. Na letra B, a criminologia não é jurídica. Na letra C são descritas tarefas de
investigação criminal, ou seja, tarefas do aparato de repressão penal, não se tratando de abor-
dagens da criminologia. Na letra E, quem se ocupa do “dever ser” é o direito penal, enquanto a
criminologia se ocupa do “ser”.
Letra d.

024. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Em relação aos


preceitos da criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o
sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue.
Entre outros, a reparação do dano é um dos objetivos da criminologia contemporânea.

Cuidando dos envolvidos no fenômeno criminal, a criminologia tem se preocupado em de-


monstrar a importância de mecanismos que pacifiquem as situações que estão na base dos
delitos. Desse modo, a criminologia objetiva colocar a vítima frente a frente com o delinquente
em casos em que seja recomendado, para que não exista apenas punição, mas também diálo-
go, composição de prejuízos, reparação de danos e pacificação social. A justiça restaurativa é
um exemplo dessa preocupação.
Certo.

025. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Em relação aos


preceitos da criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o
sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue.
Na criminologia contemporânea, não se consideram os protagonistas do crime — vítima, in-
frator e comunidade — nem o desenvolvimento de técnicas de intervenção e controle, pois
essas matérias devem ser objeto de políticas públicas de segurança pública e não da ciência
criminológica.

A criminologia se ocupa da vítima, do delinquente e das instâncias de controle social, sejam


elas formais ou informais. Assim, pode-se concluir que todos os protagonistas do crime são
considerados pela criminologia. As intervenções para prevenção e repressão da criminalidade
fazem parte do estudo da criminologia, seja analisando como um indivíduo pode deixar de

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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delinquir, como a sociedade contribui para o crime ou mesmo como as instâncias de controle
social agem para equacionar o fenômeno. Naturalmente, as políticas públicas também vão
tratar do assunto, mas não são atuações excludentes, a da criminologia e da política criminal.
Ao contrário, elas se complementam. Afinal, a criminologia tem, entre seus objetos, os meca-
nismos de controle social. Logo, a criminologia estuda as agências que aplicam o direito penal,
não sendo mais uma ciência puramente explicativa das causas do delito. E a criminologia não
apenas estuda o direito penal, como também propõe alterações das normas e procedimentos.
Fazendo essa ponte entre a criminologia e o direito penal está a política criminal. A política
criminal se dedica, portanto, a receber as contribuições da criminologia e propor alterações no
sistema penal para que ele desempenhe bem sua função de tutela de bens jurídicos.
Errado.

026. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Afirmar que a criminologia é in-


terdisciplinar e tem o empirismo como método significa dizer que esse ramo da ciência
a) utiliza um método analítico para desenvolver uma análise indutiva.
b) considera os conhecimentos de outras áreas para formar um conhecimento novo, se afir-
mando, então, como independente.
c) utiliza um método silogístico
d) utiliza um método racional de análise e trabalha o direito penal de forma dogmática.
e) é metafísica e leva em conta os métodos das ciências exatas para o estudo de seu objeto.

A Criminologia constrói seu saber a partir de análises do fenômeno criminal. Ela se vale do
conhecimento integrado de vários ramos do saber (interdisciplinaridade) e da observação do
mundo fático (empirismo). Assim, analisa seus objetos e, a partir dessa observação de casos,
chega a regras genéricas sobre o fenômeno analisado, numa operação de indução (parte do
específico para chegar ao geral).
Na letra B, a Criminologia depende do conhecimento de outras áreas. Na letra C, o erro está
no emprego do método silogístico, que é um tipo de argumento lógico que aplica o raciocínio
dedutivo (o oposto do raciocínio indutivo, típico da criminologia) para chegar a uma conclusão.
Na letra D, a Criminologia não trabalha de forma dogmática. O Direito Penal, ele sim, é dogmá-
tico, parte de dogmas para criar tipos penais e as respectivas penas. A Criminologia não é, na
letra E, uma ciência metafísica. A metafísica busca conhecer a essência das coisas, se ocupa
do supremo na hierarquia dos seres, enquanto a Criminologia é empírica, se baseia em fatos e
não pretende divagar abstratamente sobre a essência do crime. Por fim, a Criminologia se vale
do empirismo, método típico das ciências naturais, mas não se vale dos métodos rigorosos
das ciências exatas, com predições e medições precisas e quantificáveis.
Letra a.

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027. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Com relação à situação hipoté-


tica descrita no texto 1A14AAA e às funções da criminologia, da política criminal e do direito
penal, assinale a opção correta.

a) O direito penal tem a função de analisar a forma como o crime foi cometido, bem como
estudar os meios que devem ser adotados com relação à pena e à ressocialização de João.
b) O direito penal é o responsável pelo diagnóstico do fenômeno dos crimes cometidos contra
as mulheres.
c) A criminologia deverá analisar a conduta de João, subsidiando o juiz quanto ao arbitramen-
to da pena.
d) A política criminal tem a função de propor medidas para a redução das condições que faci-
litaram o cometimento do crime por João, como a urbanização e a iluminação de ruas.
e) A criminologia deverá indicar os trajetos que precisam de rondas policiais ou os locais para
se instalarem postos policiais.

A política criminal converte os aportes da criminologia em alternativas concretas para as auto-


ridades. As políticas criminais nem sempre são penais. Medidas como urbanização e ilumina-
ção de ruas podem contribuir para a diminuição da delinquência em um dado local, podendo
ser consideradas medidas de política criminal, ainda que não se trate de alternativas tipica-
mente relacionadas com o sistema penal.
Nas letras A e B, o direito penal trata de analisar a subsunção de um fato a um tipo penal e
aplicar a pena correspondente, mas não de analisar meios de ressocialização e de fazer diag-
nósticos de crimes. Na letra C, a criminologia não tem papel no arbitramento da pena, tarefa
que cabe ao juiz ao aplicar o direito penal. Na letra E encontram-se típicas medidas de políti-
ca criminal.
Letra d.

028. (CESPE/2016/SDS-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) A criminologia moderna:


a) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias para mi-
nimizar os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a repressão social
contra o delito por meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções.

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b) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal – suas causas, características,


sua prevenção e o controle de sua incidência –, sendo uma ciência causal-explicativa do delito
como fenômeno social e individual.
c) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem delinquente em
seu aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à criminalidade e des-
preza, na análise empírica, o meio social como fatores criminógenos.
d) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de um de-
linquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos apreendidos mediante
o método indutivo de observação.
e) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comporta-
mento criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos epistemológicos e ideológicos
como forma segura de definição jurídico-formal do crime e da pena.

A criminologia é uma ciência que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vítima e do


controle social. Considera o crime um fenômeno tanto social quanto individual. Ou seja, há
características pessoais, individuais que levam à delinquência e elas convivem com causas
sociais, da sociedade, que também são criminógenas (causadoras de crime).
A criminologia tenta compreender as características e as causas do delito para fornecer expli-
cações sobre o fenômeno, se ocupando também da prevenção e da ressocialização.
Nas letras A, C, D e E há vários erros: a criminologia não é normativa, ou seja, não parte de
normas para estudar seus objetos; não impõe regras coibitivas, cuja transgressão implica san-
ções (isso é tarefa do Direito Penal); não despreza o meio social como fator criminógeno; parte
de fatos concretos e não abstratos; não é ideológica, pois não parte de valores ou axiomas (é
uma ciência do ser e não do dever-ser); não se ocupa da definição jurídico-formal do crime.
Letra b.

029. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É órgão da segunda seleção da


instância formal de controle social:
a) Ministério Público
b) Polícia Judiciária.
c) Poder Judiciário.
d) Administração Penitenciária
e) Polícia Administrativa.

As instâncias formais de controle social atuam seletivamente, como grandes filtros. O primeiro
filtro é a polícia; o segundo filtro, o Ministério Público; e o terceiro filtro, o Poder Judiciário.
Letra a.

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030. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a Polícia


Civil é uma
a) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal.
b) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal e informal.
c) Polícia Judiciária, que não integra o controle social.
d) Polícia Judiciária, que integra o controle social formal.
e) Polícia Judiciária, que integra o controle social informal.

Na esfera estadual, as polícias civis realizam a tarefa de polícia judiciária, pois são encarrega-
das do cumprimento de mandados do Poder Judiciário (mandados de prisão, de busca e apre-
ensão, de condução de presos, de condução coercitiva etc.). Além disso, integram o controle
social formal, que é aquele realizado por instituições estatais, de cuja atuação pode decorrer a
aplicação de uma pena. Nas letras A e B, a polícia administrativa é aquela encarregada da pre-
venção ao crime. Na esfera estadual, as polícias militares são polícia administrativa. Na letra C,
a polícia é um dos principais exemplos de controle social formal. E nas letras B e E, o controle
social informal é aquele realizado pela sociedade civil, como família, vizinhança, associações,
igreja etc.
Letra d.

031. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O processo penal de tipo acusatório é típico:


a) da era de ouro da vítima
b) do período de neutralização do poder da vítima
c) do período de revalorização da vítima
d) da primeira metade do século XXI

O processo penal de tipo acusatório é típico da era de ouro da vítima. Foi exatamente durante
a era de ouro da vítima que se desenvolveu o processo penal acusatório, em que as funções
de acusar, julgar e defender estavam em mãos distintas. As partes, aí incluída a vítima, tinham
iniciativa probatória, diante de um juiz inerte, que não podia produzir as provas independente-
mente da provocação do autor e do réu.
Letra a.

032. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Marques de Beccaria foi um dos expoentes _______


a) do positivismo criminológico.
b) do pensamento clássico.
c) do labelling approach.
d) da Escola de Chicago.

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Conceito, Objeto, Método e Funções da Criminologia
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Cesare de Beccaria, autor da obra Dos delitos e das penas (1764), é considerado um autor da
escola clássica que sintetizou os postulados racionais do Iluminismo.
Letra b.

033. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Robert Ezra Park e Ernest W. Burgess são teóricos rela-
cionados com:
a) a Escola de Chicago
b) a teoria da anomia
c) o pensamento clássico penal
d) a Criminologia radical

A Criminologia deu seus primeiros passos para incluir o controle social entre seus objetos de
estudo no começo do século XX. Isso se deu com a Escola de Chicago, entre os anos 1920 e
1930, com Robert Ezra Park e Ernest W. Burgess.
Letra a.

034. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Julgue os itens subsequentes de acordo com os ensinamen-


tos da Criminologia:
A culpabilidade é um dos elementos do crime para a Criminologia.

A culpabilidade é um dos elementos do crime para o Direito Penal. Os elementos do crime para
a criminologia são incidência massiva na população; incidência aflitiva; inequívoco consenso
social; e persistência espaço-temporal.
Errado.

035. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A Criminologia contemporânea abandonou os inquéritos de


vitimização em virtude de carecerem de cientificidade.

Inquéritos de vitimização constituem uma das técnicas empíricas da Criminologia. Trata-se de


inquéritos sociais em que as pessoas são interrogadas sobre suas experiências como vítimas
de crime. São ferramentas importantes para o estudo da vitimologia.
Errado.

036. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Na observação participante, uma das técnicas utilizadas pela
Criminologia, o pesquisador atua de forma ativa na vida do grupo objeto de investigação.

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A observação participante é uma das técnicas empíricas utilizadas por estudiosos da Crimino-
logia para se aproximar dos seus objetos de investigação.
Certo.

037. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A Criminologia pode ter, entre seus objetivos, a compreensão
da etiologia do crime.

As bancas adoram esse termo. A Etiologia é o estudo das causas do crime. Muitas escolas
criminológicas abandonaram essa aproximação, mas pode ser, sem dúvida, um dos objetivos
dos estudos criminológicos.
Certo.

038. (QUESTÃO INÉDITA/2022) No Brasil, atualmente, não existe previsão de pena de morte,
por vedação constitucional.

A Constituição Federal permite, e o Código Penal Militar prevê, a adoção de pena de morte em
caso de crimes de guerra.
Errado.

039. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A previsão da autotutela foi traço característico da era de


ouro da vítima.

Autotutela é a possibilidade de fazer justiça com as próprias mãos. Na era de ouro da vítima, a
prática era permitida. Hoje, é crime.
Certo.

040. (QUESTÃO INÉDITA/2022) A percepção do crime como fruto do livre-arbítrio humano é


um dos principais postulados das escolas positivistas.

As escolas positivistas negam o livre-arbítrio e postulam que o crime é fruto de determinismo,


seja biológico, seja social.
Errado.

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041. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Apesar de ser interdisciplinar, a Criminologia não conta com
contribuições de juristas dado o caráter normativo do direito.

Operadores do Direito são alguns dos profissionais que contribuem com a formatação da Cri-
minologia, que tem essencialmente caráter interdisciplinar.
Errado.

042. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O labelling approach entende que as instâncias de controle


social formal é que definem se uma dada conduta será rotulada de criminosa.

Para o labelling approach, as condutas não são crimes ontologicamente. As instâncias de con-
trole social formal possuem papel definidor dos crimes, pois selecionarão os indivíduos a se-
rem considerados criminosos.
Certo.

043. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Incidência aflitiva e massiva são traços caracterizadores do


delito para a Criminologia.

Incidência aflitiva e massiva, persistência espaço-temporal e inequívoco consenso da popula-


ção sobre a necessidade e efetividade de tipificar a conduta são elementos que definem um
crime para a Criminologia.
Certo.

044. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O positivismo foi fundamental para a inclusão do controle


social como um dos objetos de estudo da Criminologia.

O positivismo foi fundamental para a inclusão do delinquente como objeto de estudo da Crimi-
nologia. As instâncias de controle social passaram a ser objeto da Criminologia com a Escola
de Chicago e, sobretudo, com as teorias interacionistas.
Errado.

045. (QUESTÃO INÉDITA/2022) As penitenciárias podem ser consideradas objeto de estudo


da Criminologia.

As penitenciárias são uma das ferramentas de controle social formal do crime. Logo, podem
ser objeto de estudo da Criminologia.
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Certo.

046. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Benjamim Mendelsohn é considerado um expoente da esco-


la clássica criminológica.

A Escola Clássica situa-se nos séculos XVIII e XIX. Mendelsohn viveu no século XX e foi funda-
mental para o fortalecimento do estudo do papel da vítima no delito.
Errado.

047. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Para a visão correcionalista, o delinquente é um inimigo que


escolheu se colocar fora do pacto de paz social.

Os correcionalistas veem o delinquente como um fraco, débil, que não possui capacidade de
dirigir a sua vida.
Errado.

048. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Para o determinismo social, as características do ambiente


social levam um indivíduo ao crime.

Típico das teorias positivistas, o determinismo social nega o livre-arbítrio e postula que as ca-
racterísticas do ambiente social levam um indivíduo ao crime.
Certo.

049. (QUESTÃO INÉDITA/2022) O labelling approach é uma corrente de pensamento de-


terminista.

O labelling approach entende que as instâncias de controle social rotulam as pessoas como
criminosas, mas não é considerada uma teoria determinista, pois não nega o livre-arbítrio.
Errado.

050. (QUESTÃO INÉDITA/2022) Punitivismo exacerbado foi uma consequência indesejada


do período de neutralização da vítima.

O punitivismo exacerbado tem sido visto como uma consequência indesejada do período de
ressurgimento da vítima na Criminologia.
Errado.

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REFERÊNCIAS
ANITUA, Gabriel Ignacio. História dos pensamentos criminológicos. Rio de Janeiro: Revan:
ICC, 2008.

BARREIRAS, Mariana Barros. Manual de Criminologia. Salvador, BA: Juspodivm, 2021.

BECCARIA, Cesare; Bonesana, Marches di. Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Cla-
ret, 2014.

DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia: o homem delinquente e


a sociedade criminógena. 2. reimpr. Coimbra: Coimbra Editora, 1997.

GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus


fundamentos teóricos; introdução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juiza-
dos Especiais Criminais. 5. ed. São Paulo: RT, 2006.

LOMBROSO, Cesare. L´Homme criminel. 2. ed. francesa. Paris: Félix Alcan Éditeur, 1895.

SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André. Direito Penal: parte geral. 7. ed. Salvador, BA:
JusPodivm, 2017.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2. ed. São Paulo: RT, 2008.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 7. ed. São Paulo: RT, 2018.

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Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.

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CRIMINOLOGIA
Nascimento da Criminologia.
Precursores. Iluminismo. Clássicos.
Positivistas. Intermediários

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Nascimento da Criminologia. Precursores. Iluminismo.
Clássicos. Positivistas. Intermediários
Mariana Barreiras

Sumário
Ii – Histórico Da Criminologia. Escola Clássica E Positiva. Escola De Política Criminal
E “Terza Scuola”. . ..............................................................................................................................................................3
1. Iluminismo.........................................................................................................................................................................3
2. A Escola Liberal Clássica Do Direito Penal E A Criminologia Positivista.................................3
2.1. Escola Clássica..........................................................................................................................................................4
2.2. Criminologia Positivista......................................................................................................................................6
2.3. Marcos Científicos Da Criminologia. ...........................................................................................................12
3. Escolas Intermediárias.. .........................................................................................................................................13
3.1. Escola De Política Criminal. . .............................................................................................................................13
3.2. Terza Scuola. . ............................................................................................................................................................14
Resumo.................................................................................................................................................................................16
Mapas Mentais. . ...............................................................................................................................................................18
Exercícios.............................................................................................................................................................................21
Gabarito...............................................................................................................................................................................32
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................33
Referências Bibliográficas.......................................................................................................................................55

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Nascimento da Criminologia. Precursores. Iluminismo.
Clássicos. Positivistas. Intermediários
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II – HISTÓRICO DA CRIMINOLOGIA. ESCOLA CLÁSSICA


E POSITIVA. ESCOLA DE POLÍTICA CRIMINAL E
“TERZA SCUOLA”
Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem? Esta é a nossa segunda aula, na qual estudaremos um
duelo de pensamentos que está na origem da Criminologia. De tudo o que apresentarei, o que o
examinador mais cobra nas provas é a diferença entre os clássicos e os positivistas. As Escolas
Intermediárias, que estão ao final da aula, aparecem com pouca frequência nas provas. Já falamos
um pouco da disputa entre clássicos e positivistas na primeira aula e agora vamos aprofundar1.

1. Iluminismo
A Europa, nos séculos XV a XVIII, vivenciou o que se convencionou chamar de Antigo Re-
gime. Era a época das monarquias absolutistas, com o regime centralizado nas mãos do rei.
A figura do rei era sagrada e incontestável e a visão teocêntrica do mundo, amplamente do-
minante. Nesse período, o sistema penal era caótico, cruel e arbitrário. Os réus não possuí-
am as garantias processuais e penais que hoje existem em qualquer sistema democratica-
mente sólido.
No século XVIII surgiu o Iluminismo, movimento filosófico que exaltou o poder da razão em
detrimento do poder da religião. Ideologias absolutistas e religiosas foram substituídas pelo co-
nhecimento racional do mundo. O Iluminismo, portanto, promoveu o culto à razão e passou a for-
necer explicações racionais para os problemas sociais. O movimento iluminista é considerado a
base tanto dos autores clássicos do Direito Penal quanto dos autores positivistas da Criminologia.

2. A Escola Liberal Clássica do Direito Penal e a Criminologia Po-


sitivista

A Escola Clássica e a Escola Positivista são praticamente da mesma época, isto é, séculos
XVIII e XIX. Os principais autores de cada uma delas defenderam seus postulados e critica-
ram os representantes da linha de pensamento oposta, travando um dos maiores embates da
Criminologia.
Delinearei, em primeiro lugar, as características gerais do pensamento de cada uma
das escolas.

Essa é a parte mais importante da aula. Trata das origens da Criminologia como ciência e é
bastante cobrada pelas bancas.
1
Vamos nos basear, principalmente, nos manuais de Criminologia de García-Pablos de Molina, Sérgio Salomão Shecaira e Edu-
ardo Viana e nas obras originais de: Beccaria, Lombroso, Ferri, Garofalo, Nina Rodrigues, Afrânio Peixoto e Tobias Barreto.

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Nascimento da Criminologia. Precursores. Iluminismo.
Clássicos. Positivistas. Intermediários
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2.1. Escola Clássica


Na esfera penal, o Antigo Regime contava com práticas punitivas bárbaras, aleatórias, des-
proporcionais. No século XVIII, com o advento do Iluminismo, novos códigos penais entram
em cena, com técnicas mais humanas e racionais de punição. Nasce, então, um Direito Penal
como conhecemos hoje, com elaboradas racionalizações e construções dogmáticas. O fun-
dador da moderna dogmática penal foi o alemão Paul Johann Anselm von Feuerbach, mais
conhecido nos estudos penais pelo último sobrenome.
Os autores clássicos, como já vimos na primeira aula, reconhecem que as pessoas são
seres racionais, que possuem livre-arbítrio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento de
um crime é fruto de uma decisão que implica quebra do pacto social de convivência pacífica. O
delinquente deve ser punido pelo mal que causou com a sua escolha. A ele, então, são aplicá-
veis as penas previstas no ordenamento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva (a dedução
é típica do Direito, lembre-se! A Criminologia usa técnica indutiva, mas nessa época a Crimi-
nologia ainda não havia nascido propriamente como ciência, de modo que os clássicos são,
sobretudo, juristas da área penal) de subsumir uma conduta a uma norma penal incriminadora.
A Escola Clássica teve na Itália grande epicentro.
Os clássicos consideram que o crime é, antes de tudo, um ente jurídico. É necessário que
haja uma previsão legal para que uma conduta seja considerada criminosa.
O enfoque clássico se vale de um método dedutivo: parte da regra geral (normas jurídicas
por exemplo) para analisar o fenômeno criminal. O método é também abstrato, pois baseia-se
sobretudo na lei, um comando genérico. A lei é justa e deve ser aplicada de maneira racional e
igualitária para todos.
A Escola Clássica não estava tão interessada em entender a razão pela qual alguém decide
cometer um crime.

As bancas, como já sabemos, gostam de utilizar o termo etiologia. Se refere à busca de ex-
plicações das causas do comportamento criminoso. A Escola Clássica não estava, portanto,
preocupada com a etiologia dos delitos.

Assim, a Escola Clássica pouco contribuiu com a etiologia. Mas foi a Escola Clássica que
se preocupou, pela primeira vez, em fundamentar, delimitar e legitimar a pena. Em substituição
ao sistema penal caótico e desumano do Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um pano-
rama legislativo humanitário e racional, mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, justa
e proporcional.
A pena, para os clássicos, deve ter nítido caráter de retribuição pela responsabilidade mo-
ral do delinquente (imputabilidade moral), de modo a prevenir o delito e restaurar a ordem
externa social.

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Os principais autores clássicos relembrados por terem contribuído para a Criminologia são
os seguintes:
• Feuerbach, principal redator do Código Bávaro de 1813. Lá, situou o Direito Penal dentro
do Direito Público e o separou do processo penal. Fez a distinção entre crime e outros
tipos de ilícitos. Desenhou a autonomia da disciplina (Direito Penal) e colocou a tarefa
de criar delitos e impor penas nas mãos do soberano, entregando ao Estado a exclusi-
vidade do poder criminal. Defendeu a separação entre direito e moral. Especificou que
as penas deviam estar previamente declaradas em leis e que somente com observância
dessas leis o direito penal podia ser aplicado, dando forte ênfase ao direito positivado,
ao princípio da legalidade e, portanto, à proteção das liberdades individuais do cidadão.
• Cesare Bonesana, conhecido como Marquês de Beccaria, com sua obra Dos delitos e
das penas, de 1764, que serviu de base para a valorização da dignidade das pesso-
as e para a consequente humanização das penas, em contraposição à crueldade das
sanções existentes até a primeira metade do século XVIII. Para Beccaria, o indivíduo
escolhe ou não obedecer às leis, mas o Estado não poderia escolher tratamentos cruéis
e desumanos. As leis, para ele, deviam ser simples, conhecidas pelo povo. E as penas
deveriam estar previstas nessas leis. Ele criticava o sistema de provas que não admitia
o testemunho da mulher, não dava atenção ao depoimento do condenado e era compla-
cente com a tortura. Preocupava-se com a situação deplorável das prisões e defendia
a necessidade de provas robustas para a condenação de alguém. A obra de Cesare
Bonesana é considerada fundamental para o Direito Penal liberal e para a Criminologia
clássica. Veja alguns trechos:

O juiz deve fazer um silogismo perfeito. A premissa maior deve ser a lei geral; a menor, a ação con-
forme ou não à lei; a consequência, a liberdade ou a pena. Se o juiz for obrigado a elaborar um racio-
cínio a mais, ou se o fizer por sua conta, tudo se torna incerto e obscuro. (...) Quando as leis forem
fixas e literais, quando apenas confiarem ao magistrado a missão de examinar os atos dos cidadão,
para indicar se esses atos são conforme a lei escrita, ou se a contrariam (...) então não se verão
mais os cidadãos submetidos ao poder de uma multidão de ínfimos tiranos (...). À proporção que as
penas forem mais suaves, quando as prisões deixarem de ser a horrível mansão do desespero e da
fome (...) as leis poderão satisfazer-se com provas mais fracas para pedir a prisão2.

• Francesco Carrara, com o seu Programa de Direito Criminal, de 1859. Para ele, o crime
não é um ente de fato, mas sim um ente jurídico. Ou seja, só existe crime porque há
uma norma dizendo que tal fato é um crime. Os indivíduos possuem livre-arbítrio e deci-
dem se comportar de maneira contrária à lei, sendo a pena uma retribuição jurídica que
pretende restabelecer a ordem externa violada. Se o crime é um ente jurídico, deve ser
estudado a partir das normas, em obediência a um método dedutivo, lógico-abstrato.

2
BECCARIA, Cesare Bonesana, Marches di, Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Claret, 2014, p. 21-24.

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Além desses, também podemos citar Giovanni Carmignani, igualmente italiano e preocu-
pado em fundamentar o direito de castigar. Para ele, o direito de punir se fundamentava na
necessidade de manter a paz social. A pena não deve se preocupar tanto em castigar, mas sim
em evitar delitos futuros.

MNEMÔNICO!
Quando quisermos lembrar dos autores da Escola CLÁSSICA,
CARRARA, FEUERBACH, BECCARIA, BONESANA e CARMIGANI
vamos pensar em Música CLÁSSICA. Para ouvir música CLÁS-
SICA, vamos nos dirigir a um ambiente como o da imagem, com
mármore CARRARA, lareira com fogo (FEUER, fogo em alemão),
escutar BACH, e vamos vestir uma roupa elegante (uma BECA),
de preferência com o chapéu (BONÉ). Quem combina com esse
ambiente é a CARMINHA, de novela Avenida Brasil.

2.2. Criminologia Positivista


Antes de falar da Criminologia Positivista, vamos falar um pouquinho sobre o Positivismo
de maneira geral, pois isso vai ajudar a fixar o conteúdo. O Positivismo foi uma corrente filosó-
fica formulada pelo francês Auguste Comte, no início do século XIX. A Europa passava por uma
transição rumo à modernidade, com urbanização e industrialização. Comte defendia que, para
enfrentar essas mudanças, os seres humanos também deveriam passar por uma reforma, nes-
se caso intelectual. Nessa transformação de pensamento, era necessário passar a explicar os
fenômenos, naturais e sociais, por meio da sua observação (emprego dos sentidos humanos)

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e por meio da compreensão das leis naturais que os regem. A humanidade já havia passado
pelo estado teológico (em que se pensava que deuses e seres sobrenaturais seriam respon-
sáveis por reger o mundo); pelo estado metafísico (típico do pensamento clássico, em que se
pensava que com argumentações lógicas, abstratas e racionais seria possível compreender o
mundo); e agora estava pronta para ingressar no estado positivo, em que o ser humano em-
pregaria a observação (observação daquilo que é concreto, tangível, positivo) e o trabalho em-
pírico para, de maneira científica, compreender a natureza e a sociedade, rumo ao progresso.
Visto isso, fica mais fácil compreender o positivismo criminológico, ou Escola Positivista,
ou simplesmente Escola Positiva. Vou relembrar aqui, para você, algumas ideias que estuda-
mos na primeira aula.
A Criminologia tem como objeto o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. A Cri-
minologia passa a estudar o delinquente a partir da segunda metade do século XIX, com o
advento da filosofia positivista.
Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos clássicos, os positivistas defendem a observa-
ção dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. A ideia era
aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais. Como não era possível
realizar essa aplicação em relação às normas (grande objeto de estudo dos penalistas clás-
sicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores identificam que aí nasce,
verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse momento que a Criminologia
começa a se valer do método indutivo, empírico e multidisciplinar.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determi-
nismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que di-
ferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças,
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são as
características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos, não
há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da etio-
logia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão pela
qual uma pessoa comete um crime.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A pena,
para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista a ado-
ção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse a pato-
logia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade) contra o
criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os autores positivistas foram bastante influenciados pelo pensamento evolucionista de
Charles Darwin, que acreditava que alguns seres eram mais evoluídos que outros. Depois de
Darwin demonstrar a teoria da evolução das espécies, o antropólogo inglês Herbert Spencer
(século XIX) defendeu que os pobres, os incapazes, os imprudentes, eram inaptos para o cres-
cimento intelectual e seriam superados pelos indivíduos mais aptos. Seu pensamento evolu-

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cionista buscava justificar o neocolonialismo: os colonos, dos países ocupados, seriam seres
inferiores, que não haviam passado por uma evolução completa. As raças inferiores teriam
menos sensibilidade. Era inútil ofertar a elas muita educação ou instrução, sendo mais lógico
reservar-lhes os trabalhos manuais. As ideias de Darwin e de Spencer influenciaram bastante
os positivistas, para quem, como veremos, os indivíduos não eram todos iguais.
O positivismo, de maneira geral, foi crucial para a Criminologia: era essencialmente inter-
disciplinar, tendo construído seu pensamento a partir da aglutinação de várias ciências; aban-
donou a perspectiva fortemente centrada nos saberes jurídicos dos clássicos; trouxe, portanto,
o método indutivo, empírico e interdisciplinar para o centro dos estudos; e transformou o delin-
quente em objeto de profunda análise.
Vamos, agora, analisar o pensamento dos principais autores positivistas e suas três fases
principais: antropológica, jurídica e sociológica.
• Cesare Lombroso, médico e antropólogo italiano, com sua obra O homem delinquente,
de 1876, funda o que se convencionou chamar de fase antropológica do positivismo cri-
minológico. Para a maioria dos autores, é com Lombroso que a Criminologia pode passar
a ser considerada uma ciência e por isso ele é considerado o pai da Criminologia. Utilizou
algumas ideias de fisionomistas para tentar fazer um retrato do delinquente. Várias ca-
racterísticas corporais das pessoas eram analisadas, tais como estrutura do tórax, tama-
nho das mãos e das pernas, quantidade de cabelo, altura, peso, barba, rugas, tamanho
da cabeça etc. A ideia era partir da observação da realidade para chegar a regras gerais
sobre o comportamento delinquente. Tratou, então, de aplicar o método empírico e indu-
tivo para analisar o fenômeno criminal. Para Lombroso, o crime era um fenômeno bio-
lógico, e não um ente jurídico: o delinquente é um selvagem (ele não é igual ao restante
da população!) que já nasce criminoso por ser possuidor de algum tipo de epilepsia. Por
isso, Lombroso utiliza amplamente o conceito de criminoso nato. Os fatores ambientais,
sociais, ou seja, exógenos, externos ao indivíduo, apenas têm o poder de desencadear
os fatores clínicos, biológicos, endógenos. Há, portanto, forte negação do livre-arbítrio, já
que o criminoso é um ser moralmente inferior (não evoluiu!), um louco moral, com evidên-
cias de atavismo. O ser atávico é aquele que reapresenta características que já estavam
presentes em ascendentes distantes. Lombroso era, então, um evolucionista (seguia os
ensinamentos de Darwin): ele entendia que algumas pessoas seriam dotadas de uma
predisposição primitiva para a delinquência. Pessoas mais “evoluídas”, mais distantes
de seus antecessores primitivos, não seriam criminosas por não serem portadoras des-
sas características inatas que levavam ao crime. Lombroso emanou conceitos bastante
preconceituosos sobre as mulheres, consideradas cruéis, mentirosas, fracas, tagarelas e
indiscretas. As mulheres criminosas, para Lombroso, estavam intimamente associadas
à prostituição. As grandes categorias de criminoso para Lombroso são:
− o criminoso nato;
− o louco moral;

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− o epilético;
− o criminoso louco;
− o criminoso ocasional;
− e o criminoso passional.

Não há, em sua obra, uma preocupação em traçar nitidamente a distinção conceitual entre
cada uma das categorias. Partindo do pressuposto – equivocado – que essas categorias são con-
ceitos de cristalina compreensão, focou sua atenção em tirar medidas, analisar e comparar a fisio-
nomia e outras características corporais dos criminosos de cada tipo, buscando o tipo criminal.
• Raffaele Garofalo, jurista italiano, com sua obra Criminologia, de 1885, deu início à fase
jurídica do positivismo criminológico. Ele dizia que o crime é a revelação de uma nature-
za degenerada. Introduziu o conceito de temibilidade (ou periculosidade), que é a perver-
sidade constante e ativa do delinquente e a quantidade do mal que se deve temer desse
criminoso. Esse conceito foi importante para a proposta dos positivistas de aplicação
de medida de segurança, espécie de sanção penal com finalidade curativa que, diferen-
temente da pena, não deve ter prazo, mas sim ser aplicada pelo tempo em que persista
a patologia. A finalidade da medida de segurança, como o próprio nome já diz, é tratar o
criminoso e proteger a sociedade de pessoas desprovidas dos sentimentos de piedade
e probidade. Garofalo defendia, ainda, a existência de um conceito de delito natural, ou
seja, condutas que seriam consideradas crimes em todos os tempos e locais, tais como
o parricídio, o latrocínio e o homicídio por mera brutalidade. Ele postulava a adoção
de – e chegou mesmo a redigir – um código penal internacional, no qual previa duas
categorias de penas: eliminação absoluta, que nada mais é do que a pena de morte, des-
tinada aos homicidas; e eliminação relativa, para os demais tipos de delinquente. Den-
tro da eliminação relativa havia as seguintes espécies: “marooning” ou transporte com
abandono (abandono do delinquente em algum lugar isolado, como um deserto, ou uma
ilha remota, por exemplo); internação perpétua em colônia penal no exterior; internação
por tempo indeterminado no exterior; confinamento em asilos por tempo indeterminado,
que era o tipo de pena apropriada para loucos e alcoólatras; e trabalho compulsório.
• Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Com sua obra Sociologia Criminal, de
1900, inaugurou a fase sociológica do positivismo criminológico. Defendia, assim como
o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência de fatores antro-
pológicos (ex: condições orgânicas), físicos (cosmo-telúricos, como clima e condições
atmosféricas) e sociais (como política, densidade populacional, religião, família) que
influenciavam no cometimento de um crime. Com base nesses fatores, e muito influen-
ciado pela aplicação dos métodos das ciências naturais às ciências humanas, formulou
a “lei da saturação”: assim como um líquido se comporta de maneiras diferentes a de-
pender da temperatura, o nível de criminalidade seria determinado pelas condições do
meio físico e social, combinadas com as tendências congênitas e impulsos ocasionais
dos indivíduos.

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Ferri dividiu os criminosos em cinco categorias:


• Criminoso nato: era impulsivo e incorrigível, agindo de maneira desproporcional aos mo-
tivos da ação;
• Criminoso louco: é levado ao crime por uma doença mental e pela atrofia da moral;
• Criminoso habitual: delinquente urbano, criado em um ambiente de miséria, que começa
com leves faltas e incorre numa escalada rumo aos crimes graves;
• Criminoso ocasional: apresenta menor periculosidade, maior possibilidade de ser rea-
daptado socialmente e é condicionado por fatores ambientais, como provocação, ne-
cessidades, facilidades, sem os quais a delinquência não ser verificaria;
• Criminoso passional: age impelido por alguma paixão pessoal, política ou social.

Ferri, ao dar o devido peso aos fatores sociais, é considerado o pai da sociologia crimi-
nal. Ele explicava que o delinquente é um anormal, que só comete delitos porque vive em
sociedade. E segundo Ferri, é papel da sociedade se defender dessas ameaças, por meio de
medidas de defesa social (que viriam a dar origem às atuais medidas de segurança). Para
ele, a pena-castigo, por tempo determinado, não era adequada, suficiente. Era fundamental
que os delinquentes fossem colocados em isolamento por tempo indeterminado, para que só
saíssem quando estivessem curados ou corrigidos, ou seja, para que retornassem ao meio
social somente quando demonstrassem capacidade de interagir em sociedade sem represen-
tar ameaças.
No Brasil, três autores são particularmente identificados como conectados às ideias da
Escola Positivista Italiana:
• Tobias Barreto, em seu livro Menores e loucos em direito criminal, de 1884, apesar de
possuir uma concepção humanista, afirma que o direito de punir é consequência de
uma fórmula científica, algébrica, de imposição da pena aos criminosos, que perturbam
a ordem social. Tobias Barreto, assim como Lombroso, tinha uma visão bastante pre-
conceituosa da mulher, considerada um ser que se deixava levar pelas paixões e que,
quando apaixonada, era incapaz de pensar em qualquer outro assunto que não o amor;
• Nina Rodrigues, em As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, de 1894, cri-
ticou o ecletismo de Tobias Barreto e negou o livre-arbítrio invocando a heterogeneidade
da cultura mental dos brasileiros. Com postulados racistas, Nina Rodrigues dizia que o
negro era briguento, violento nas impulsões sociais e muito dado à embriaguez. Chegou
a defender a existência de, pelo menos, quatro Códigos Penais no Brasil, que atendes-
sem diversidades raciais e regionais;
• Afrânio Peixoto, autor de Hygiene, de 1917, foi no Brasil o defensor da eugenia (eu: boa;
genus: geração). Defendia a importância da medicina eugênica preventiva para o traba-
lho policial: deviam ser investigados e resolvidos os problemas biológicos da gestação,
para a produção de entes sadios, válidos. Em seu livro Criminologia, de 1933, defendeu

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que a disposição ao crime é hereditária e que, por isso, é necessário fazer uma seleção
das pessoas que queremos em nossa sociedade. Partindo de premissas polêmicas, en-
tendia que apenas as pessoas biologicamente dignas deveriam prosperar, e que seria a
realização de um sonho impedir a procriação de doentes, loucos, degenerados.

Como problemas comuns aos teóricos positivistas podem ser citados a patologização do
fenômeno delitivo e a concepção do entorno social como mero fator desencadeante da crimi-
nalidade. Houve, ademais, um erro metodológico cometido pelos positivistas, que consistiu
em analisar clinicamente pessoas que já haviam sido selecionadas pelo sistema sucessivo de
freios que é o Direito Penal.

Recurso Mnemônico
Para lembrarmos dos principais autores do POSITIVISMO,
(Lombroso, Ferri e Garofalo) temos essa imagem do Luiz Flá-
vio Gomes, penalista, conhecido como LFG, fazendo o sinal de
POSITIVO.

Outra possibilidade é lembrarmos que É POSITIVO andar de


FERRARI (FERRI)
SER CAMPEÃO E ESTOURAR UMA GARRAFA (GAROFALO)
DE LAMBRUSCO (LOMBROSO)

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2.3. Marcos Científicos da Criminologia


Os principais marcos científicos da Criminologia são:
• 1764: Cesare Bonesana, jurista italiano conhecido como Marquês de Beccaria, lança a
obra Dos delitos e das penas, marco para o Direito Penal Clássico;
• 1835: Adolphe Quetelet lança a obra Ensaio de Física Social, base da Escola Cartográfica;
• 1859: Francesco Carrara, jurista italiano, lança o Programa de Direito Criminal, filiando-
-se ao pensamento clássico;

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• 1876: Cesare Lombroso, antropólogo italiano, lança a obra O homem delinquente, marco
para o positivismo antropológico;
• 1885: Raffaele Garofalo lança a obra Criminologia, marco para o positivismo jurídico;
• 1900: Enrico Ferri lança sua obra Sociologia criminal, dando origem a uma linha positi-
vista sociológica.

3. Escolas Intermediárias
As escolas intermediárias são aquelas que tentam compatibilizar o pensamento das Esco-
las Clássica e Positivista.

3.1. Escola de Política Criminal


Também conhecida como Escola de Marburgo, Escola Sociológica Alemã ou Jovem Escola
Alemã de Política Criminal, conferia decisiva importância à Política Criminal dentro do Direito
Penal. Encabeçada por Franz Von Liszt (do qual falamos em nossa primeira aula e que lançou o
Programa de Marburgo em 1882), estava desligada das disputas de escolas e defendia a neces-
sidade de investigações sociológicas e antropológicas. Em síntese, essa escola defendia: aná-
lise científica da realidade criminal, dirigida à busca das causas do crime (etiologia), em vez de
contemplação filosófica ou jurídica; e relativização do problema do livre-arbítrio, levando à com-
patibilização das penas com as medidas de segurança, para que o sistema penal pudesse contar
com instrumentos flexíveis e multifuncionais, capazes de intimidar algumas pessoas e curar
outras. Diz-se que a principal contribuição dessa escola foi distinguir os imputáveis dos inimpu-
táveis, com a distinção de pena para os imputáveis e medida de segurança para os inimputáveis.
Liszt defendia que a pena justa é a pena necessária e que a finalidade preventiva especial
(dirigida ao delinquente) da pena se cumpre dependendo do tipo de criminoso:
• Para o criminoso ocasional (que não necessita ser ressocializado), a pena é uma intimi-
dação, uma recordação de que ele não deve cometer crimes;
• Para o criminoso corrigível, a pena deve ter o fim de ressocializar, de corrigir (prevenção
especial positiva, como veremos nas próximas aulas);
• Para o criminoso habitual (que não é passível de ressocialização), a pena deve servir
como neutralização, inocuização, para que ele, isolado, deixe de cometer novos crimes
(prevenção especial negativa).

Essa escola busca, portanto, um equilíbrio entre os sistemas clássico e positivista. Von
Liszt, particularmente, defendia a ciência total do Direito Penal, da qual deveriam fazer parte o
Direito, a Antropologia, a Psicologia, a Estatística, a Criminologia, a Política Criminal. Para Liszt,
o Código Penal era a carta magna do delinquente e o Direito Penal, a barreira intransponível da
política criminal. Ou seja, o código Penal existia para defender os criminosos dos abusos esta-

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tais e as autoridades estariam obstadas de tentar buscar objetivos de dominação e poder por
meio do sistema criminal. As políticas criminais punitivistas teriam uma barreira, a dogmática
penal, cujos sólidos princípios nunca deveriam ser ultrapassados.
Se, como veremos nas próximas aulas, hoje são comuns as manifestações contrárias às
penas privativas de liberdade, muito se deve a essa Escola. Algumas das primeiras manifesta-
ções contrárias às penas privativas de liberdade de curta duração surgiram com o Programa
de Marburgo de Von Liszt, em 1882, e a sua “ideia de fim no Direito Penal”, quando sustentou
que a pena justa é a pena necessária.

Recurso Mnemônico:
Escola de Política Criminal;
Franz von Liszt;
Marburgo, na Alemanha.

Não chamaremos mais essa Escola de Escola de Política Criminal, mas sim de ESCOLA DE
POLISZTICA CRIMINALEMANHA.

3.2. Terza Scuola


A Terza Scuola italiana, também chamada de Positivismo Crítico, ou Escola Eclética, realizou
uma tentativa de harmonizar os postulados do positivismo com os dogmas clássicos. Seus prin-
cipais representantes foram Bernardino Alimena, Manuel Carnevale e Giovanni (João) Battista Im-
pallomeni. O nome da escola se deve ao artigo Una terza scuola di Diritto Penale in Italia, escrito em
1892 por Carnevale. Eles possuíam afinidade com o pensamento da Escola Alemã de Marburgo.
Para a Terza Scuola, o delito é produto de uma pluralidade muito complexa de fatores endó-
genos e exógenos. Seus autores conservaram a importância da Antropologia e da Sociologia
Criminal, mas acreditavam que era necessário separar as disciplinas empíricas das disciplinas
normativas, já que as primeiras usavam método experimental, e as segundas, método abstrato
e dedutivo. Há, portanto, uma conciliação de métodos, resultando em grande versatilidade.

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A Terza Scuola postulava a substituição da tipologia positivista (criminoso nato, criminoso


louco, criminoso habitual etc.) por outra mais simplificada, que distinguia os delinquentes em
ocasionais, habituais e anormais. Não aceitavam a categoria de criminoso nato pela fatalidade
(determinismo) que ela trazia consigo.
Os autores da Terza Scuola adotaram a divisão dos criminosos em imputáveis e inimpu-
táveis, na mesma linha da Escola de Política Criminal Alemã. García-Pablos de Molina afirma
que, em relação ao conceito de livre-arbítrio, defenderam uma postura eclética, a depender
das circunstâncias de cada caso: a possibilidade de se usar tanto a pena, fundamentada na
responsabilidade moral, na dirigibilidade da ação, na voluntariedade; quanto a medida de se-
gurança, fundamentada na temibilidade ou indirigibilidade do delinquente. Mas a maioria dos
autores defende que a Terza Scuola, ao fazer a distinção entre imputáveis e inimputáveis, não
adotou postura eclética quanto ao livre-arbítrio, e sim que, em realidade, rechaçou esse con-
ceito. Afinal, para Bernardino Alimena, a responsabilidade moral (que embasaria o emprego da
pena) não estaria calcada no livre-arbítrio, mas sim num determinismo psicológico. A pessoa
seria imputável se a sua estrutura psíquica fosse normal e permitisse que ela pautasse suas
condutas por escolhas. A dirigibilidade da ação (base da responsabilidade moral) derivaria da
normalidade psíquica do indivíduo (que ele não escolhe) e não do livre-arbítrio.
Para a Terza Scuola, o crime era um fenômeno individual e social. Para alguns autores, a
pena, nessa Escola, visava a defesa social e tinha caráter aflitivo. Para outros, a pena tinha,
preferencialmente, finalidade preventiva. Em realidade, há uma variedade de posições sobre a
pena – e outros tópicos – dentro da Terza Scuola.

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Nascimento da Criminologia. Precursores. Iluminismo.
Clássicos. Positivistas. Intermediários
Mariana Barreiras

RESUMO
ILUMINISMO:
Antigo Regime (séculos XV a XVIII): monarquias absolutistas. Visão teocêntrica do mundo.
Sistema penal cruel, arbitrário e caótico.
Iluminismo (século XVIII): exaltação do poder da razão em detrimento da religião e do mis-
ticismo. Visão androcêntrica do mundo. Sistema penal humanizado. Serviu de base tanto para
a escola clássica como para a positivista.
ESCOLA CLÁSSICA:
Crença no livre arbítrio. O crime é o principal objeto de estudo, considerado um ente jurídico
e significa uma quebra do pacto social. Utilização do método dedutivo e abstrato. Preocupação
com as normais penais, que devem ser justas. As penas devem ser proporcionais, legítimas e
delimitadas e devem estar previstas em leis.
Expoentes da Escola Clássica:
• Feuerbach – Fundador da moderna dogmática penal. Delineou a autonomia do Direito
Penal. Deu ênfase ao princípio da legalidade.
• Marquês de Beccaria – Dos delitos e das penas, 1764. Valorização da dignidade das
pessoas. Humanização das penas.
• Francesco Carrara – Programa de Direito Criminal, 1859. Crime é um ente jurídico. As
pessoas escolhem se comportar contrariamente à lei. A pena pretende restabelecer a
ordem violada.

ESCOLA POSITIVISTA:
Crença no determinismo. O criminoso passa a ser o principal objeto de estudo. O crime é
considerado um fenômeno biológico ou social. Utilização do método indutivo, experimental e
interdisciplinar. Preocupação com a etiologia dos crimes. As penas ideais são as medidas de
segurança por tempo indeterminado.
Expoentes do Positivismo:
• Cesare Lombroso – O homem delinquente, 1876. Análise de características corporais.
Crime é fenômeno biológico. Criminoso possui epilepsia. Negação do livre-arbítrio. Uti-
lização do conceito de criminoso nato. Visão preconceituosa da mulher. Categorias de
criminoso: o criminoso nato; o louco moral; o epilético; o criminoso louco; o criminoso
ocasional; e o criminoso passional.
• Raffaele Garofalo – Criminologia, 1885. Crime é revelação da natureza degenerada.
Conceito de temibilidade justifica a aplicação de Medidas de Segurança por prazo inde-
terminado. Conceito de crime natural. Código Penal Internacional.

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• Enrico Ferri – Sociologia criminal, 1900. Livre-arbítrio é ficção. Fatores antropológicos,


físicos e sociais determinam o delinquente, que pode ser nato, louco, habitual, ocasional
e passional. Pai da sociologia criminal. Delinquente é um anormal que somente comete
crimes porque vive em sociedade. Formulou a lei da saturação criminal.

Positivistas brasileiros:
• Tobias Barreto – Menores e loucos em direito criminal, 1884. Possui concepção hu-
manista, mas afirma que o direito de punir é consequência de uma fórmula científica,
algébrica.
• Nina Rodrigues – As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, 1894. Negou
o livre-arbítrio invocando a heterogeneidade da cultura mental dos brasileiros. Postula-
dos racistas. 4 Códigos Penais.
• Afrânio Peixoto – Hygiene, de 1917, e Criminologia, de 1933. Defensor da eugenia. Dis-
posição ao crime é hereditária.

ESCOLAS INTERMEDIÁRIAS:
• Escola de Marburgo (Alemanha): Escola Sociológica Alemã, Escola Moderna Alemã ou
Jovem Escola Alemã de Política Criminal. Franz Von Liszt. Ciência total do Direito Penal.
Integração da Política Criminal ao Direito Penal. Emprego da Criminologia, Antropologia,
Sociologia, com o método indutivo-experimental Superação do monismo no tocante às
penalidades: possibilidade de emprego de penas (imputáveis) e medidas de segurança
(inimputáveis). Oposição às penas privativas de liberdade de curta duração. Pena vista
sobretudo como prevenção especial: intimidação para o criminoso ocasional; ressocia-
lização para o corrigível; ou neutralização para o habitual. Crime como fenômeno huma-
no, social e jurídico.
• Terza Scuola (Itália): Bernardino Alimena, Manuel Carnevale e Giovanni (João) Battista
Impallomeni. Delito é produto de uma pluralidade muito complexa de fatores endógenos
e exógenos. Possibilidade de se usar tanto a pena, fundamentada na responsabilidade
moral dos imputáveis, quanto a medida de segurança, fundamentada na temibilidade
do inimputável. Responsabilidade moral calcada no determinismo psíquico, e não no
livre-arbítrio. Dualidade de métodos (lógico-jurídico para o Direito Penal e empírico, ex-
perimental para as demais ciências penais). Crime como fenômeno individual e social.
Pena que visava a defesa social, com caráter aflitivo para alguns autores, e preventivo
para outros.

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MAPAS MENTAIS
Paul Johann Anselm Feuerbach

Clássicos Marquês de Beccaria


Francesco Carrara

Cesare Lombroso
Criminologia
Itália Enrico Ferri
Raffaele Garofalo
Nascimento Positivistas
Tobias Barreto
Brasil
Nina Rodrigues
Iluminismo Afrânio Peixoto

Karl Röeder
Escola Correcionalista Francisco Giner de los Ríos
Pedro Dorado Montero

Alexandre Lacassagne
Escola de Lyon
Gabriel Tarde

Escola de Marburgo Franz Von Liszt


Escolas Intermediárias

Arturo Rocco
Escola Técnico-Jurídica
Karl von Binding

Bernardino Alimena
Terza Scuola Manuel Carnevale
Giovanni Impallomeni

Escola de Defesa Filippo Gramatica


Social
Marc Ancel

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Século XVIII
Feuerbach
Marquês de Beccaria Dos Delitos e das Penas, 1764
Francesco Carrara
Crime como principal objeto
Crime é ente jurídico: infração à lei
Livre-arbítrio
Escola
Criminologia Delinquente e não-delinquente são essencialmente iguais
Clássica
Preocupação com penas justas, proprocionais e previstas em lei
Método dedutivo e abstrato
Política Criminal baseada em princípios como legalidade, huma-
nidade, dignidade
Pena como retribuição ao mal causado
Pena baseada na responsabilidade moral

Século XIX
Lombroso O Homem Delinquente, 1876
Garofalo Criminologia, 1885
Ferri Sociologia Criminal, 1900

Nascimento da Criminologia como Ciência


Método indutivo, empírico e interdisciplinar
Escola
Criminologia Criminoso como principal objeto
Positivista
Crime existe ontologicamente
Determinismo
Delinquente é doente, anormal
Medida de segurança com finalidade curativa
Medida de segurança baseada na periculosidade

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Criminologia

Escola de Marburgo

Alemanha
Escola Sociológica Alemã. Escola Moderna Alemã ou Escola de Política Criminal
Integração da Política Criminal ao Direito Penal
Franz Von Liszt
Crime é fenômeno humano, social e jurídico
Superação do monismo em relação às penalidades

Imputáveis: pena
Inimputáveis: medida de segurança

Pena como prevenção

Para o criminoso ocasional: intimidação


Para o criminoso corrigível: ressocialização
Para o criminoso habitual: inocuização

Eliminação das penas de curta duração


Emprego da Criminologia, Antropologia, Sociologia etc, com o método indutivo-experimental

Positivismo Crítico ou Escola Eclética

Bernardino Alimena

Manuel Carnevale

Giovanni (João) Battista Impallomeni


Terza Scuola
Crime como fenômeno individual e social

DP: lógico-jurídico

Dualidade de métodos Demais ciências penais: empírico

Imputávais: pena

Dualidade de penas Inimputáveis: medida de segurança

Responsabilidade moral do imputável calcada na normalidade psíquica

Pena que visava a defesa social

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EXERCÍCIOS
001. (VUNESP/PC/DELEGADO DE POLÍCIA/2014) A obra O homem delinquente, publicada
em 1876, foi escrita por:
a) Cesare Lombroso.
b) Enrico Ferri.
c) Rafael Garófalo.
d) Cesare Bonesana.
e) Adolphe Quetelet.

002. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA/2018)

Sobre o método, o objeto e as funções da Criminologia, considera-se:


I – A luta das escolas (positivismo versus classicismo) pode ser traduzida como um enfren-
tamento entre adeptos de métodos distintos; de um lado, os partidários do método abstrato,
formal e dedutivo (os clássicos) e, de outro, os que propugnavam o método empírico e indutivo
(os positivistas).
II – Uma das características que mais se destaca na moderna Criminologia é a progressiva
ampliação e problematização do seu objeto.
III – A Criminologia, como ciência, não pode trazer um saber absoluto e definitivo sobre o
problema criminal, senão um saber relativo, limitado, provisional a respeito dele, pois, com o
tempo e o progresso, as teorias se superam.
Estão CORRETAS as assertivas indicadas em:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I, II e III.
d) II e III, apenas.

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003. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Numere as seguintes assertivas de


acordo com a ideia de Criminologia que representam, utilizando (1) para a Criminologia positi-
vista e (2) para a escola liberal clássica do Direito Penal.
( ) Assumia uma concepção patológica da criminalidade.
( ) Considerava a criminalidade como um dado pré-constituído às definições legais de certos
comportamentos e certos sujeitos.
( ) Não considerava o delinquente como um ser humano diferente dos outros.
( ) Objetivava uma política criminal baseada em princípios como os da humanidade, legalidade
e utilidade.
( ) Pretendia modificar o delinquente.
A sequência que expressa a associação CORRETA, de cima para baixo, é:
a) 1, 1, 2, 2, 1.
b) 1, 2, 1, 2, 2.
c) 2, 2, 1, 1, 1.
d) 2, 1, 2, 2, 2.

004. (FUNDATEC/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A Criminologia é definida tradicionalmente


como a ciência que estuda de forma empírica o delito, o delinquente, a vítima e os mecanismos
de controle social. Os autores que fundaram a Criminologia (Positivista) são:
a) Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo.
b) Franz Von Liszt, Edmund Mezger e Marquês de Beccaria.
c) Marquês de Beccaria, Cesare Lombroso e Michel Foucault.
d) Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Michel Foucault.
e) Enrico Ferri, Michel Foucault e Nina Rodrigues.

005. (NUCEPE/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:


a) o crime é um fenômeno social.
b) estuda o crime, o criminoso, mas não a vítima.
c) é uma ciência normativa e valorativa.
d) o crime é um fenômeno filosófico.
e) não tem por base a observação e a experiência.

006. (VUNESP/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Assinale a alternativa correta em relação


aos estudos e contribuições de Lombroso para o desenvolvimento histórico da Criminologia.
a) Fundadas nas demonstrações de Lombroso, todas as teorias criminológicas defendem
que não se deve punir aqueles que cometem crimes em virtude do determinismo genético e
biológico.
b) As ideias desenvolvidas por Lombroso fundamentaram as bases da teoria do distanciamento.

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c) Lombroso sustentava que era de suma importância estudar as circunstâncias do delito em


detrimento do delinquente.
d) Os estudos de Lombroso inserem-se no contexto de ideias que contrapõem o conceito de
livre arbítrio.
e) Os estudos desenvolvidos por Lombroso demonstram-se como um retrocesso às ideias e
conceitos da Escola Clássica, motivo pelo qual não contribuíram para o desenvolvimento da
Criminologia como ciência.

007. (FCC/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO/2016) Sobre a Escola Positivista da Criminologia, é


correto afirmar:
a) A Escola Positivista ainda não chega a considerar a concepção da pena como meio de defe-
sa social, que é própria de escolas mais modernas da Criminologia.
b) Sua recepção no Brasil recebeu contornos racistas, notadamente no trabalho antropológico
de Nina Rodrigues.
c) É uma escola criminológica ultrapassada e que já influenciou a legislação penal brasileira,
mas que após a Constituição Federal de 1988 não conta mais com institutos penais influencia-
dos por esta corrente.
d) Por ter enveredado pela sociologia criminal, Enrico Ferri não é considerado um autor da Es-
cola Positivista, que possui viés médico e antropológico.
e) O método positivista negava a importância da pesquisa empírica, que possivelmente a leva-
ria a resultados diversos daqueles encontrados pelos seus autores.

008. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) O italiano Cesare Lombroso, autor


da obra “L’Uomo delinquente”, foi um dos precursores da Escola Clássica de Criminologia, a
qual admitia a ideia de que o crime é um ente jurídico – infração – e não ação.

009. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) Dos autores a seguir, o que perten-


ceu à Escola Positiva da Criminologia e foi chamado de “discípulo de Lombroso” foi:
a) Enrico Ferri.
b) Francesco Carrara.
c) Giovanni Carmignani.
d) James Wilson.
e) Hans Gross.

010. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Contrariamente ao classicismo,


que não visualizou no criminoso nenhuma anormalidade – e dele não se ocupou – o positi-
vismo reconduziu-o para o centro de suas análises, apreendendo nele estigmas decisivos da
criminalidade.

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011. (VUNESP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2014) Dentre as escolas penais a seguir,


aquela na qual se pretendeu inicialmente aplicar ao Direito Penal os mesmos métodos de ob-
servação e investigação que se utilizavam em outras ciências naturais é a:
a) Clássica.
b) Técnico-Jurídica.
c) Correcionalista.
d) Positivista.
e) Moderna.

012. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) A escola criminológica que surgiu


no século XIX, tendo, entre seus principais autores, Raffaele Garofalo, e que pode ser dividida
em três fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

013. (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) O surgimento das teorias sociológicas em Criminologia


marca o fim da pesquisa etiológica, própria da escola ou do modelo positivista.

014. (VUNESP/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL/2013) Este autor foi o criador da cha-


mada “sociologia criminal”. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos,
físicos e culturais. Trata-se de:
a) Francesco Carrara.
b) Cesare Lombroso.
c) Rafael Garófalo.
d) Enrico Ferri.
e) Franz von Lizst.

015. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2012/ADAPTADA) A Escola de Política


Criminal ou Escola Sociológica Alemã reúne entre os seus postulados a distinção entre impu-
táveis e inimputáveis – prevendo pena para os “normais” e medida de segurança para os “pe-
rigosos” – e a eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.

016. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2010) A Escola Clássica:


a) tem em Garófalo um dos seus precursores.
b) baseia-se no método empírico-indutivo.
c) crê no livre arbítrio.
d) surge na etapa científica da Criminologia.
e) criou a figura do criminoso nato.

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017. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS – ANALISTA LEGISLATIVO/2014) O direito penal,


a partir de sua vertente clássica, sempre concentrou seus estudos no trinômio delinquente,
vítima e crime.

018. (FCC/AL-PB/PROCURADOR/2013) Franz Von Liszt (1851-1919) foi um modernizador do


Direito Penal, propondo repensá-lo desde a ótica de uma política criminal que tenha na pena
uma ferramenta estatal na luta contra o crime, inclusive com fundamentos científicos da crimi-
nologia e da penologia. O movimento correspondente, que teve em Von Liszt um de seus mais
importantes defensores, denomina-se:
a) Escola de Kiel.
b) Teoria da nova defesa social.
c) Finalismo.
d) Programa de Marburgo.
e) Escola Positiva.

019. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) Assinale a alternativa correta em


relação a Enrico Ferri.
a) Foi filósofo, sustentou que a criminologia é fruto da disparidade social; portanto, riqueza e
pobreza estão ligadas ao crime.
b) Foi escritor, criou a teoria da escola clássica da criminologia; utilizou o método lógico
dedutível.
c) Publicou o livro O Homem Delinquente em 1876, descrevendo o determinismo biológico
como fonte da personalidade criminosa.
d) Foi jurista, afirmou que o crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste.
e) Foi autor da obra Sociologia Criminal; para ele a criminalidade deriva de fenômenos antro-
pológicos, físicos e sociais.

020. (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros


aspectos, pela negação do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método
empírico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quantitativo,
embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do conteúdo antropoló-
gico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade axiológica da ciência.

021. (VUNESP/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA/2013) A história da Criminologia conta com


grandes autores que, com suas obras, contribuíram significativamente na construção desse
ramo do conhecimento. É correto afirmar que Cesare Bonesana (1738~1794), o marquês de
Beccaria, foi autor da obra:
a) O Homem Delinquente.
b) Dos Delitos e das Penas.

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c) Antropologia Criminal.
d) O Ambiente Criminal.
e) Sociologia Criminal.

022. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) Cesare Bonesana, o Marquês de


Beccaria, pertenceu à seguinte escola dos estudos da criminologia:
a) Clássica.
b) Moderna.
c) Positiva.
d) Política criminal ou moderna alemã.
e) Terza scuola italiana.

023. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) Cesare Bonesana, Francesco Car-


rara e Giovanni Carmignani foram autores da corrente doutrinária da história da Criminologia
denominada.
a) Escola Clássica.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola Moderna Alemã.
d) Escola Positiva.
e) Escola de Chicago.

024. (VUNESP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) No que concerne às Escolas Penais, é


correto afirmar que a:
a) “Positiva” entende que o crime deriva de circunstâncias biológicas ou sociais, tendo sido
defendida por Feuerbach.
b) “Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes.
c) “Lombrosiana” acredita que o homem é racional e nasce livre, sendo o crime fruto de uma
escolha errada, concepção hipotetizada por Lombroso e também por Ferri.
d) “Clássica” entende que a pena é medida profilática, de cura, pensamento difundido por
Carmignani.
e) “Positiva” nasce em contraposição às ideias de Lombroso, defende o naturalismo-racional e
tem em Garofalo um de seus doutrinadores.

025. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL/2013) São considerados


autores que desenvolveram trabalhos na Escola Clássica:
a) Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni.
b) Cesare Bonesana, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani.
c) Enrico Ferri, Cesare Lombroso e Marquês de Pombal.
d) Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel.
e) Cesare Lombroso, Paul Topinard e Rafael Garófalo.

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026. (PC-SP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) O Positivismo Criminológico, com a


Scuola Positiva italiana, foi encabeçado por:
a) Lombroso, Garofalo e Ferri.
b) Luchini, Ferri e Del Vecchio.
c) Dupuy, Ferri e Vidal.
d) Lombroso, Dupuy e Garofolo.
e) Baratta, Adolphe e Vidal.

027. (VUNESP/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/2017) Considerando o estudo


da Criminologia, assinale a alternativa correta.
a) Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil.
b) Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal.
c) A Escola Clássica nasceu na Suíça, no final do séc. XX.
d) Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento.
e) Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva.

028. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) ____________ é considerado pai da cri-


minologia, por ter utilizado o método empírico em suas pesquisas, revolucionando e inovando
os estudos da criminalidade.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
a) Enrico Ferri.
b) Cesare Lombroso.
c) Adolphe Quetelet.
d) Emile Durkheim.
e) Cesare Bonesana.

029. (UEG/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Tendo a obra O Homem Deliquente, de


Cesare Lombroso (1836-1909), como fundante da Criminologia surgida a partir da segunda
metade do século XIX, verifica-se que, segundo a sistematização realizada por Enrico Ferri
(1856-1929), o pensamento criminológico positivista assenta-se, dentre outras, na tese de que:
a) o livre arbítrio é um conceito chave para o direito penal.
b) os chamados delinquentes poderiam ser classificados como loucos, natos, morais, passio-
nais e de ocasião.
c) a defesa social é tomada como o principal objetivo da justiça criminal.
d) a responsabilidade social, tida como clássica, deveria ser substituída pela categoria da res-
ponsabilidade moral para a imputação do delito.
e) a natureza objetiva do crime, mais do que a motivação, deve ser base para medida da pena.

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030. (UEG/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Para a criminologia positivista, a crimina-


lidade é uma realidade ontológica, pré-constituída ao direito penal, ao qual cabe tão somente
reconhecê-la e positivá-la. Neste sentido, tem-se o seguinte:
a) Em seus primeiros estudos, Cesare Lombroso encontrou no atavismo uma explicação para
relacionar a estrutura corporal ao que chamou de criminalidade habitual.
b) A periculosidade, ou temeritá, tal como conceituada por Enrico Ferri, foi definida como a
perversidade constante e ativa a recomendar que esta, e não o dano causado, a medida de
proporcionalidade de aplicação da pena.
c) Para Raffaele Garófalo (1851-1934), a defesa social era a luta contra seus inimigos naturais
carecedores dos sentimentos de piedade e probidade.
d) Nos marcos do pensamento criminológico positivista, Enrico Ferri, embora discípulo de
Lombroso, abandonou a noção de criminalidade centrada em causas de ordem biológica, pas-
sando a considerar como centrais as causas ligadas à etiologia do crime, sendo estas: as indi-
viduais, as físicas e as sociais.
e) Enrico Ferri e Cesare Lombroso, recorrendo à metáfora da guerra contra o delito, sustenta-
ram a possibilidade de aplicação das penas de deportação ou expulsão da comunidade para
aqueles que carecessem do sentido de justiça ou o tivessem aviltado.

031. (VUNESP/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL/2013) Pode-se afirmar que estão entre


os princípios fundamentais da escola clássica da criminologia:
a) o crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a
punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
b) a pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método
indutivo-experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a
pena e o processo.
c) o crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter
aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.
d) o direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determi-
nismo social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
e) a distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade
moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deve-
rá receber uma medida de segurança).

032. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2012/ADAPTADA) Julgue o enunciado de


acordo com os postulados criminológicos.
FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de Marburgo (1882), criou um modelo integrado
e relativamente harmônico entre dogmática e política criminal, postulando ser tarefa da ciência
jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e multifuncionais, com escopo de ressocializar e
intimidar as mais diversas classes de delinquentes.

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033. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) A obra Dos Delitos e Das Penas


de 1764 foi escrita por:
a) Adolphe Quetelet.
b) Francesco Carrara.
c) Giovanni Carmignani.
d) Cesare Bonesana.
e) Cesare Lombroso.

034. (PC-SP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) Assinale a afirmativa correta.


a) A Escola de Chicago faz parte da Teoria Crítica.
b) O delito não é considerado objeto da Criminologia.
c) A Criminologia não é uma ciência empírica.
d) A Teoria do Criminoso Nato é de Merton.
e) Cesare Lombroso e Raffaelle Garofalo pertencem à Escola Positiva.

035. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Acerca dos modelos teóricos da crimino-


logia, julgue o item que se segue.
As orientações sociológicas estão inseridas no panorama criminológico clássico e buscam
identificar, por meio da análise psicológica, fatores criminais propulsores da delinquência, de
modo a analisar fatores externos criminais introjetados no mundo anímico do homem.

036. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2019) O estudo da pessoa do


infrator teve seu protagonismo durante a fase positivista na evolução histórica da Criminolo-
gia. Assinale, dentre as afirmativas abaixo, a que descreve corretamente como a criminologia
tradicional o examina.
a) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma realidade biopsicopato-
lógica, considerando o determinismo biológico e social.
b) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um incapaz de dirigir por si
mesmo sua vida, cabendo ao Estado tutelá-lo.
c) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma unidade biopsicossocial,
considerando suas interdependências sociais.
d) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um sujeito determinado pelas
estruturas econômicas excludentes, sendo uma vítima do sistema capitalista.
e) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como alguém que fez mau uso da
sua liberdade embora devesse respeitar a lei.

037. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Para Liszt, o fundamento da pena é


orientado às finalidades de: a) ressocialização dos delinquentes suscetíveis de socialização;
b) intimidação dos que não têm necessidade de socialização e; c) neutralização dos não sus-
cetíveis de socialização.

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038. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) A distinção entre imputáveis e


inimputáveis, a responsabilidade moral baseada no determinismo, o crime como fenômeno
social e individual e a pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social, são caracte-
rísticas da:
a) Terza Scuola Italiana.
b) Escola Moderna Alemã.
c) Escola Positiva.
d) Escola Clássica.
e) Escola Tradicional.

039. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) No paradigma etiológico, modela-


do segundo uma matriz positivista derivada Das Ciências Naturais, a Criminologia é definida
como uma Ciência causal-explicativa da criminalidade, isto é, que investiga as causas da cri-
minalidade (seu objeto) segundo o método experimental.

040. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA/2013) A _________surgiu na Europa,


influenciada pelos fisiocratas e iluministas; possui três fases: antropológica, sociológica e jurí-
dica; priorizou os interesses sociais aos individuais. Em 1876, foi publicado o livro “O homem
delinquente”, que instaurou um período científico de estudos criminológicos, assim, é conheci-
da ainda como “surgimento da fase científica da criminologia”.
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do texto.
a) Escola Clássica.
b) Terza Scuola.
c) Escola Criminológica.
d) Escola Positiva.
e) Escola Política Criminal ou Moderna Alemã.

041. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2010) O período antropológico de estudo


da criminalidade foi iniciado pelo médico:
a) Enrico Ferri.
b) Cesare Lombroso.
c) Cesare Bonesana.
d) Emile Durkheim.
e) Hans von Hentig.

042. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2010) Complete com a alternativa correta:


Considerado o principal idealizador da Sociologia Criminal............ tem como obra princi-
pal................
a) Lombroso – “O Homem Delinquente”.
b) Garofalo – “O Ambiente Criminal”.

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c) Ferri – “Sociologia Criminal”.


d) Carrara – “Sociedade e Crime”.
e) Lacassagne – “Sociedade e Miséria”.

043. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2010) A Escola Positiva:


a) crê no determinismo e defende o tratamento do criminoso.
b) tem em Bentham um de seus precursores.
c) foi consolidada por Carrara.
d) baseia-se no método dogmático e dedutivo.
e) surgiu na etapa pré-científica da Criminologia.

044. (INÉDITA/2022) Tobias Barreto se revelou um grande defensor dos direitos das mulheres
no Brasil.

045. (INÉDITA/2022) Franceso Carrara, um dos representantes da Escola Clássica do Direito


Penal, defendia o livre-arbítrio e postulava que a pena pretendia restabelecer a ordem violada.

046. (INÉDITA/2022) Bonesana, Lombroso e Garofalo pertencem à mesma escola cri-


minológica.

047. (INÉDITA/2022) A eugenia de Afrânio Peixoto pode ser considerada uma decorrência
dos estudos positivistas.

048. (INÉDITA/2022) Uma das principais diferenças entre as escolas clássica e positivista
reside no método. Enquanto os clássicos são eminentemente empíricos, os positivistas se
valem do método indutivo.

049. (INÉDITA/2022) Para os positivistas, o delinquente era escravo do determinismo biológi-


co, enquanto para os clássicos ele era escravo do determinismo social.

050. (INÉDITA/2022) Garofalo foi um jurista positivista que defendeu a aplicação de medida
de segurança com finalidade curativa.

051. (INÉDITA/2022) Tanto a Terza Scuola como a Escola de Marburgo possuem, entre seus
postulados, a possibilidade de coexistência da pena e da medida de segurança num mesmo
ordenamento jurídico.

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GABARITO
1. a 27. e
2. c 28. b
3. a 29. c
4. a 30. c
5. a 31. a
6. d 32. C
7. b 33. d
8. E 34. e
9. a 35. E
10. C 36. a
11. d 37. C
12. a 38. a
13. E 39. C
14. d 40. d
15. C 41. b
16. c 42. c
17. E 43. a
18. d 44. E
19. e 45. C
20. C 46. E
21. b 47. C
22. a 48. E
23. a 49. E
24. b 50. C
25. b 51. C
26. a

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/PC/DELEGADO DE POLÍCIA/2014) A obra O homem delinquente, publicada
em 1876, foi escrita por:
a) Cesare Lombroso.
b) Enrico Ferri.
c) Rafael Garófalo.
d) Cesare Bonesana.
e) Adolphe Quetelet.

Os autores debatem sobre qual o marco inicial da Criminologia como ciência. Para a grande
maioria dos estudiosos, a Criminologia moderna nasce com Cesare Lombroso, que escreveu O
homem delinquente, em 1876.
Letra a.

002. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA/2018)

Sobre o método, o objeto e as funções da Criminologia, considera-se:


I – A luta das escolas (positivismo versus classicismo) pode ser traduzida como um enfren-
tamento entre adeptos de métodos distintos; de um lado, os partidários do método abstrato,
formal e dedutivo (os clássicos) e, de outro, os que propugnavam o método empírico e indutivo
(os positivistas).
II – Uma das características que mais se destaca na moderna Criminologia é a progressiva
ampliação e problematização do seu objeto.

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III – A Criminologia, como ciência, não pode trazer um saber absoluto e definitivo sobre o
problema criminal, senão um saber relativo, limitado, provisional a respeito dele, pois, com o
tempo e o progresso, as teorias se superam.
Estão CORRETAS as assertivas indicadas em:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I, II e III.
d) II e III, apenas.

I – Certo. A assertiva apresenta corretamente as principais diferenças entre clássicos e po-


sitivistas.
II – Certo. A Criminologia começa estudando o crime, passa, em seguida, a analisar o crimi-
noso, e depois inclui a vítima e os mecanismos de controle social entre seus objetos. O objeto
tem sido aumentado, portanto.
III – Certo. A assertiva recorda que a Criminologia é uma ciência humana, sujeita a alterações
e superações, e não uma ciência exata e definitiva.
Letra c.

003. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Numere as seguintes assertivas de


acordo com a ideia de Criminologia que representam, utilizando (1) para a Criminologia positi-
vista e (2) para a escola liberal clássica do Direito Penal.
( ) Assumia uma concepção patológica da criminalidade.
( ) Considerava a criminalidade como um dado pré-constituído às definições legais de certos
comportamentos e certos sujeitos.
( ) Não considerava o delinquente como um ser humano diferente dos outros.
( ) Objetivava uma política criminal baseada em princípios como os da humanidade, legalidade
e utilidade.
( ) Pretendia modificar o delinquente.
A sequência que expressa a associação CORRETA, de cima para baixo, é:
a) 1, 1, 2, 2, 1.
b) 1, 2, 1, 2, 2.
c) 2, 2, 1, 1, 1.
d) 2, 1, 2, 2, 2.

O positivismo entendia que o criminoso era um doente e, portanto, pretendia curá-lo. Alguns
autores positivistas, como é o caso de Garofalo, defendiam a existência do delito natural: con-
dutas que seriam consideradas crimes em qualquer tempo e lugar por sua brutalidade. Essa
criminalidade prescindiria, portanto, de definições legais.

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Já a Escola Clássica entendia que os seres humanos são dotados de igualdade e que devem
ser respeitados princípios de humanidade, legalidade e utilidade.
Letra a.

004. (FUNDATEC/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A Criminologia é definida tradicionalmente


como a ciência que estuda de forma empírica o delito, o delinquente, a vítima e os mecanismos
de controle social. Os autores que fundaram a Criminologia (Positivista) são:
a) Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo.
b) Franz Von Liszt, Edmund Mezger e Marquês de Beccaria.
c) Marquês de Beccaria, Cesare Lombroso e Michel Foucault.
d) Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Michel Foucault.
e) Enrico Ferri, Michel Foucault e Nina Rodrigues.

Lombroso, Ferri e Garofalo são os principais nomes e os fundadores do positivismo italiano.


Letra a.

005. (NUCEPE/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:


a) o crime é um fenômeno social.
b) estuda o crime, o criminoso, mas não a vítima.
c) é uma ciência normativa e valorativa.
d) o crime é um fenômeno filosófico.
e) não tem por base a observação e a experiência.

O crime é um fenômeno social, pois afeta os membros da sociedade e é desencadeado em


função de fatores dessa exata sociedade. Na letra “b”, a Criminologia estuda a vítima. Na letra
“c”, a criminologia não é uma ciência normativa ou valorativa: olha para o fenômeno criminal
sem realizar juízos de valores. Nas letras “d” e “e” O crime não é, para a Criminologia, um fe-
nômeno filosófico, mas sim um fenômeno real, verificável pela observação com os sentidos
comuns das pessoas.
Letra a.

006. (VUNESP/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Assinale a alternativa correta em relação


aos estudos e contribuições de Lombroso para o desenvolvimento histórico da Criminologia.
a) Fundadas nas demonstrações de Lombroso, todas as teorias criminológicas defendem
que não se deve punir aqueles que cometem crimes em virtude do determinismo genético e
biológico.
b) As ideias desenvolvidas por Lombroso fundamentaram as bases da teoria do distanciamento.

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c) Lombroso sustentava que era de suma importância estudar as circunstâncias do delito em


detrimento do delinquente.
d) Os estudos de Lombroso inserem-se no contexto de ideias que contrapõem o conceito de
livre arbítrio.
e) Os estudos desenvolvidos por Lombroso demonstram-se como um retrocesso às ideias e
conceitos da Escola Clássica, motivo pelo qual não contribuíram para o desenvolvimento da
Criminologia como ciência.

Lombroso, assim como seus colegas positivistas, desenvolveram teorias que consideravam o
livre-arbítrio uma ficção.
Os positivistas reconheciam o determinismo, mas não por isso defendiam que não devesse ha-
ver punição. Para Lombroso, o estudo do corpo do delinquente era fundamental para entender
o crime. Os estudos de Lombroso e dos positivistas trouxeram, para a Criminologia, métodos e
objetos que puderam consolidá-la como ciência. Não há, na Criminologia, referências à teoria
do distanciamento.
Letra d.

007. (FCC/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO/2016) Sobre a Escola Positivista da Criminologia, é


correto afirmar:
a) A Escola Positivista ainda não chega a considerar a concepção da pena como meio de defe-
sa social, que é própria de escolas mais modernas da Criminologia.
b) Sua recepção no Brasil recebeu contornos racistas, notadamente no trabalho antropológico
de Nina Rodrigues.
c) É uma escola criminológica ultrapassada e que já influenciou a legislação penal brasileira,
mas que após a Constituição Federal de 1988 não conta mais com institutos penais influencia-
dos por esta corrente.
d) Por ter enveredado pela sociologia criminal, Enrico Ferri não é considerado um autor da Es-
cola Positivista, que possui viés médico e antropológico.
e) O método positivista negava a importância da pesquisa empírica, que possivelmente a leva-
ria a resultados diversos daqueles encontrados pelos seus autores.

Nina Rodrigues, em As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, de 1894, negou o


livre-arbítrio invocando a heterogeneidade da cultura mental dos brasileiros. Com postulados
racistas, Nina Rodrigues dizia que o negro era briguento, violento nas impulsões sociais e mui-
to dado à embriaguez.
Para os positivistas, a pena podia ter duração indeterminada, já que era vista como um meio de
defesa social, ou seja, ela seria utilizada não apenas para castigar, mas para defender a socie-

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dade dos criminosos, que eram vistos como doentes e anormais e só poderiam retornar à vida
em liberdade quando estivessem curados, quando deixassem de representar uma ameaça.
O instituto penal da medida de segurança, plenamente vigente, é considerado uma decorrência
dos postulados positivistas.
Feri é, ao lado de Garofalo e Lombroso, expoente da Criminologia, ainda que tenha enveredado
pela sociologia criminal.
O positivismo foi a escola responsável por trazer a pesquisa empírica para o método da
Criminologia.
Letra b.

008. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) O italiano Cesare Lombroso, autor


da obra “L’Uomo delinquente”, foi um dos precursores da Escola Clássica de Criminologia, a
qual admitia a ideia de que o crime é um ente jurídico – infração – e não ação.

Lombroso foi um dos precursores do positivismo e não da Escola Clássica.


Errado.

009. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) Dos autores a seguir, o que perten-


ceu à Escola Positiva da Criminologia e foi chamado de “discípulo de Lombroso” foi:
a) Enrico Ferri.
b) Francesco Carrara.
c) Giovanni Carmignani.
d) James Wilson.
e) Hans Gross.

Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Em sua obra Sociologia criminal, de 1900, de-
fendia, assim como o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência de
fatores antropológicos, físicos e também sociais.
Letra a.

010. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Contrariamente ao classicismo, que


não visualizou no criminoso nenhuma anormalidade – e dele não se ocupou – o positivismo re-
conduziu-o para o centro de suas análises, apreendendo nele estigmas decisivos da criminalidade.

A Escola Clássica não viu nenhuma anormalidade no criminoso e se preocupou mais com o
crime em si e com a pena. A Escola Positivista, a seu turno, colocou o criminoso na lista de
objetos da Criminologia e nele detectou a existência de traços, marcas que determinavam o
caráter delinquente.
Certo.

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011. (VUNESP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2014) Dentre as escolas penais a seguir,


aquela na qual se pretendeu inicialmente aplicar ao Direito Penal os mesmos métodos de ob-
servação e investigação que se utilizavam em outras ciências naturais é a:
a) Clássica.
b) Técnico-Jurídica.
c) Correcionalista.
d) Positivista.
e) Moderna.

A Escola Positivista trouxe, para o estudo do Direito Penal, o método científico empírico, in-
dutivo e multidisciplinar, oriundo das ciências naturais, fundando a Criminologia como ciên-
cia autônoma.
Letra d.

012. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) A escola criminológica que surgiu


no século XIX, tendo, entre seus principais autores, Raffaele Garofalo, e que pode ser dividida
em três fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

Raffaele Garofalo pertence ao positivismo, que pode ser dividido em fase antropológica, de
Lombroso; fase sociológica, de Ferri; e fase jurídica, de Garofalo.
Letra a.

013. (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) O surgimento das teorias sociológicas em Criminologia


marca o fim da pesquisa etiológica, própria da escola ou do modelo positivista.

As teorias sociológicas começam a surgir no seio da Escola Positivista, com Enrico Ferri. Não
implicam o fim da pesquisa sobre as causas do crime (etiologia). Ao contrário, surgem exata-
mente para dar resposta às investigações etiológicas.
Errado.

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014. (VUNESP/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL/2013) Este autor foi o criador da cha-


mada “sociologia criminal”. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos,
físicos e culturais. Trata-se de:
a) Francesco Carrara.
b) Cesare Lombroso.
c) Rafael Garófalo.
d) Enrico Ferri.
e) Franz von Lizst.

Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Em sua obra Sociologia Criminal, de 1900, de-
fendia, assim como o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência
de fatores antropológicos, físicos e também sociais. Ferri, ao dar o devido peso aos fatores
sociais, é considerado o pai da sociologia criminal.
Letra d.

015. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2012/ADAPTADA) A Escola de Política


Criminal ou Escola Sociológica Alemã reúne entre os seus postulados a distinção entre impu-
táveis e inimputáveis – prevendo pena para os “normais” e medida de segurança para os “pe-
rigosos” – e a eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.

A Escola de Política Criminal previa a possibilidade de penas conviverem com medidas de se-
gurança no ordenamento jurídico. O Programa de Marburgo de Von Liszt, mais especificamen-
te, defendia o fim das penas privativas de liberdade de curta duração.
Certo.

016. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2010) A Escola Clássica:


a) tem em Garófalo um dos seus precursores.
b) baseia-se no método empírico-indutivo.
c) crê no livre arbítrio.
d) surge na etapa científica da Criminologia.
e) criou a figura do criminoso nato.

A Escola Clássica acredita que o indivíduo pode tomar decisões racionais relativas ao cometi-
mento de crimes.
As demais alternativas referem-se ao positivismo criminológico.
Letra c.

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017. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS – ANALISTA LEGISLATIVO/2014) O direito penal,


a partir de sua vertente clássica, sempre concentrou seus estudos no trinômio delinquente,
vítima e crime.

O trinômio trazido pela questão faz parte dos objetos da criminologia, aos quais ainda deve
se somar o controle social. O direito penal se preocupava sobretudo com o delito e, de certo
modo, com o delinquente (preocupação com o caráter proporcional e justo das penas, por
exemplo), mas não olhou para a vítima.
Errado.

018. (FCC/AL-PB/PROCURADOR/2013) Franz Von Liszt (1851-1919) foi um modernizador do


Direito Penal, propondo repensá-lo desde a ótica de uma política criminal que tenha na pena
uma ferramenta estatal na luta contra o crime, inclusive com fundamentos científicos da crimi-
nologia e da penologia. O movimento correspondente, que teve em Von Liszt um de seus mais
importantes defensores, denomina-se:
a) Escola de Kiel.
b) Teoria da nova defesa social.
c) Finalismo.
d) Programa de Marburgo.
e) Escola Positiva.

Franz Von Liszt propôs um modelo tripartido da ciência conjunta do Direito penal. Essa ciên-
cia conjunta conteria três saberes autônomos, mas que deveriam andar interligados: o direito
penal, ciência normativa e dogmática que tem por objetivo punir as condutas desviantes; a
criminologia, como ciência das causas do crime e da criminalidade; e a política criminal, con-
substanciada nos instrumentos que o Estado utiliza para controlar o fenômeno criminal. Esse
movimento de modernizar o Direito Penal, integrando-o com o a criminologia e a política crimi-
nal, ficou conhecido como Programa de Marburgo. Na letra A, a Escola de Kiel foi responsável
por idealizar o direito penal nazista, que servia aos ideais de superioridade da raça ariana e
que admitia a punição pela simples cogitação, fundada na periculosidade do agente. Na letra
B, a teoria da nova defesa social pretendia conciliar a luta contra o crime e a humanização
das penas. Na letra C, o finalismo penal de Hans Welzel se dedicou a explicar que toda ação
humana é finalista, ou seja, traz consigo uma finalidade, um querer, e que, por isso, o dolo e a
culpa deveriam ser retirados da culpabilidade e transportados para a tipicidade. Na letra E, a
escola positiva diz respeito ao positivismo, que tentou aplicar às ciências humanas métodos
das ciências naturais.
Letra d.

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Clássicos. Positivistas. Intermediários
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019. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) Assinale a alternativa correta em


relação a Enrico Ferri.
a) Foi filósofo, sustentou que a criminologia é fruto da disparidade social; portanto, riqueza e
pobreza estão ligadas ao crime.
b) Foi escritor, criou a teoria da escola clássica da criminologia; utilizou o método lógico
dedutível.
c) Publicou o livro O Homem Delinquente em 1876, descrevendo o determinismo biológico
como fonte da personalidade criminosa.
d) Foi jurista, afirmou que o crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste.
e) Foi autor da obra Sociologia Criminal; para ele a criminalidade deriva de fenômenos antro-
pológicos, físicos e sociais.

Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Com sua obra Sociologia Criminal, de 1900,
inaugurou a fase sociológica do positivismo criminológico. Defendia, assim como o sogro, que
o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência de fatores antropológicos, físicos e
sociais que influenciavam no cometimento de um crime.
Letra e.

020. (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros


aspectos, pela negação do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método
empírico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quantitativo,
embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do conteúdo antropoló-
gico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade axiológica da ciência.

Essa questão é de alto nível de dificuldade em função de uma redação, a meu ver, um tanto pro-
blemática. O que o enunciado quer dizer, resumidamente, é: O positivismo criminológico carac-
teriza-se pela negação do livre arbítrio, pela crença no determinismo, pela adoção do método
empírico-indutivo e pela neutralidade axiológica da ciência, independentemente do fato de um
dado autor positivista ter um viés mais antropológico, psicológico ou sociológico. Lido dessa
maneira o enunciado está correto: a criminologia positivista é empírica, é indutiva, defende o
determinismo, não se aproxima do delito para julgá-lo, ou seja, não faz juízos de valores, juízos
axiológicos (neutralidade axiológica), mas sim tenta entender as razões para o cometimento
de um delito. Todos esses postulados foram empregados por autores positivistas independen-
temente do viés antropológico, psicológico ou sociológico de seus estudos.
Certo.

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021. (VUNESP/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA/2013) A história da Criminologia conta com


grandes autores que, com suas obras, contribuíram significativamente na construção desse
ramo do conhecimento. É correto afirmar que Cesare Bonesana (1738~1794), o marquês de
Beccaria, foi autor da obra:
a) O Homem Delinquente.
b) Dos Delitos e das Penas.
c) Antropologia Criminal.
d) O Ambiente Criminal.
e) Sociologia Criminal.

Em 1764, Cesare Bonesana, jurista italiano conhecido como Marquês de Beccaria, lança a obra
Dos delitos e das penas, marco para o Direito Penal Clássico e para a Criminologia.
Letra b.

022. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) Cesare Bonesana, o Marquês de


Beccaria, pertenceu à seguinte escola dos estudos da criminologia:
a) Clássica.
b) Moderna.
c) Positiva.
d) Política criminal ou moderna alemã.
e) Terza scuola italiana.

Marquês de Beccaria é o principal nome da Escola Clássica.


Letra a.

023. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) Cesare Bonesana, Francesco Car-


rara e Giovanni Carmignani foram autores da corrente doutrinária da história da Criminologia
denominada.
a) Escola Clássica.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola Moderna Alemã.
d) Escola Positiva.
e) Escola de Chicago.

Cesare Bonesana – o Marquês de Beccaria –, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani são


expoentes da escola clássica.
Letra a.
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024. (VUNESP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) No que concerne às Escolas Penais, é


correto afirmar que a:
a) “Positiva” entende que o crime deriva de circunstâncias biológicas ou sociais, tendo sido
defendida por Feuerbach.
b) “Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes.
c) “Lombrosiana” acredita que o homem é racional e nasce livre, sendo o crime fruto de uma
escolha errada, concepção hipotetizada por Lombroso e também por Ferri.
d) “Clássica” entende que a pena é medida profilática, de cura, pensamento difundido por
Carmignani.
e) “Positiva” nasce em contraposição às ideias de Lombroso, defende o naturalismo-racional e
tem em Garofalo um de seus doutrinadores.

Os autores clássicos defendiam o livre-arbítrio, ou seja, a capacidade do ser humano de optar


pela prática de um crime. Um de seus principais expoentes foi Francesco Carrara. Na letra “a”,
Feuerbach é um dos expoentes da Escola Clássica. Na letra “c”, Lombroso era determinista, e
não acreditava na racionalidade e liberdade de escolha pelo crime. Na letra “d”, para a escola
positivista a pena tem a função de curar os criminosos, que são doentes, anormais. Na letra “e”,
Lombroso é um dos maiores expoentes do positivismo, e não seu opositor.
Letra b.

025. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL/2013) São considerados


autores que desenvolveram trabalhos na Escola Clássica:
a) Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni.
b) Cesare Bonesana, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani.
c) Enrico Ferri, Cesare Lombroso e Marquês de Pombal.
d) Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel.
e) Cesare Lombroso, Paul Topinard e Rafael Garófalo.

Cesare Bonesana – o Marquês de Beccaria –, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani são


expoentes da escola clássica.
Letra b.

026. (PC-SP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) O Positivismo Criminológico, com a


Scuola Positiva italiana, foi encabeçado por:
a) Lombroso, Garofalo e Ferri.
b) Luchini, Ferri e Del Vecchio.
c) Dupuy, Ferri e Vidal.
d) Lombroso, Dupuy e Garofolo.
e) Baratta, Adolphe e Vidal.

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Cesare Lombroso, Raffaele Garofalo e Enrico Ferri são os principais expoentes da Escola Po-
sitivista da Criminologia.
Letra a.

027. (VUNESP/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/2017) Considerando o estudo


da Criminologia, assinale a alternativa correta.
a) Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil.
b) Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal.
c) A Escola Clássica nasceu na Suíça, no final do séc. XX.
d) Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento.
e) Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva.

Raffaele Garofalo é um dos principais expoentes da Escola Positivista da Criminologia. Na


letra “a”, Giovanni Falcone foi um juiz italiano especializado em processos contra a máfia Cosa
Nostra e que foi, inclusive, assassinado a mando dessa organização em 1992. Na letra “b”,
cifra negra é a diferença entre a taxa real de criminalidade e a parcela de infrações penais que
permanece desconhecida das estatísticas oficiais. Na letra “c”, a Escola Clássica nasceu na
Itália, no século XVIII. E na letra “d”, Enrico Ferri é um expoente do positivismo criminológico.
Letra e.

028. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) ____________ é considerado pai da cri-


minologia, por ter utilizado o método empírico em suas pesquisas, revolucionando e inovando
os estudos da criminalidade.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
a) Enrico Ferri.
b) Cesare Lombroso.
c) Adolphe Quetelet.
d) Emile Durkheim.
e) Cesare Bonesana.

Cesare Lombroso é considerado o pai da Criminologia, por ter inovado nos métodos que em-
pregou. Para a maioria dos autores, é com Lombroso que a Criminologia pode passar a ser
considerada uma ciência.
Letra b.

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029. (UEG/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Tendo a obra O Homem Deliquente, de


Cesare Lombroso (1836-1909), como fundante da Criminologia surgida a partir da segunda
metade do século XIX, verifica-se que, segundo a sistematização realizada por Enrico Ferri
(1856-1929), o pensamento criminológico positivista assenta-se, dentre outras, na tese de que:
a) o livre arbítrio é um conceito chave para o direito penal.
b) os chamados delinquentes poderiam ser classificados como loucos, natos, morais, passio-
nais e de ocasião.
c) a defesa social é tomada como o principal objetivo da justiça criminal.
d) a responsabilidade social, tida como clássica, deveria ser substituída pela categoria da res-
ponsabilidade moral para a imputação do delito.
e) a natureza objetiva do crime, mais do que a motivação, deve ser base para medida da pena.

Questão difícil! A letra “c” é a mais correta. Para o positivismo, é papel da sociedade se defen-
der das ameaças que são os criminosos, por meio de medidas de defesa social (que viriam
a dar origem às atuais medidas de segurança). Era fundamental que os delinquentes fossem
colocados em isolamento por tempo indeterminado, para que só saíssem quando estivessem
curados ou corrigidos. Na letra “a”, para o pensamento positivista o livre-arbítrio é uma ficção.
Na letra “b”, Ferri não fala de delinquente moral, e fala em delinquente habitual. Na letra “d”, não
se trata, para Ferri, de definir a quantidade de punição de alguém de acordo com a imoralidade
do seu ato (responsabilidade moral, típica da Escola Clássica), mas sim de definir a quantidade
de punição de alguém de acordo com a necessidade de proteger a sociedade desse tipo de
mal (responsabilidade social). Na letra “e”, a cura do delinquente deve ser a medida da pena, e
não a natureza objetiva do crime.
Letra c.

030. (UEG/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Para a criminologia positivista, a crimina-


lidade é uma realidade ontológica, pré-constituída ao direito penal, ao qual cabe tão somente
reconhecê-la e positivá-la. Neste sentido, tem-se o seguinte:
a) Em seus primeiros estudos, Cesare Lombroso encontrou no atavismo uma explicação para
relacionar a estrutura corporal ao que chamou de criminalidade habitual.
b) A periculosidade, ou temeritá, tal como conceituada por Enrico Ferri, foi definida como a
perversidade constante e ativa a recomendar que esta, e não o dano causado, a medida de
proporcionalidade de aplicação da pena.
c) Para Raffaele Garófalo (1851-1934), a defesa social era a luta contra seus inimigos naturais
carecedores dos sentimentos de piedade e probidade.
d) Nos marcos do pensamento criminológico positivista, Enrico Ferri, embora discípulo de
Lombroso, abandonou a noção de criminalidade centrada em causas de ordem biológica, pas-
sando a considerar como centrais as causas ligadas à etiologia do crime, sendo estas: as indi-
viduais, as físicas e as sociais.

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e) Enrico Ferri e Cesare Lombroso, recorrendo à metáfora da guerra contra o delito, sustenta-
ram a possibilidade de aplicação das penas de deportação ou expulsão da comunidade para
aqueles que carecessem do sentido de justiça ou o tivessem aviltado.

Outra questão difícil! Para Garofalo, a finalidade da medida de segurança, meio de defesa so-
cial, era tratar o criminoso e proteger a sociedade de pessoas desprovidas dos sentimentos de
piedade e probidade. Na letra “a”, Lombroso associa o atavismo ao criminoso nato. Na letra “b”,
o conceito de temeridade é de Garofalo. Na letra ‘d”, Ferri não chegou a abandonar as causas
biológicas da criminalidade. O que ele fez, em realidade, foi associá-las a outros tipos de expli-
cações para o crime, como as sociais. Na letra “e”, estão descritas penas previstas no Código
Penal Internacional de Garofalo.
Letra c.

031. (VUNESP/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL/2013) Pode-se afirmar que estão entre


os princípios fundamentais da escola clássica da criminologia:
a) o crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a
punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
b) a pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método
indutivo-experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a
pena e o processo.
c) o crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter
aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.
d) o direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determi-
nismo social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
e) a distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade
moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deve-
rá receber uma medida de segurança).

Para a escola clássica, o crime é um ente jurídico que deve ser apenado com base no livre-arbí-
trio, a partir do método dedutivo de aplicar a lei (uma regra geral) ao caso concreto (infração).
Nas demais alternativas há vários erros. É com o positivismo que: a pena passa a ser consi-
derada instrumento de defesa social; o criminoso se torna objeto da criminologia; tem início o
emprego do método indutivo-experimental; o crime passa a ser visto como fenômeno social;
tem início o emprego do conceito de determinismo social.
Letra a.

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032. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2012/ADAPTADA) Julgue o enunciado de


acordo com os postulados criminológicos.
FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de Marburgo (1882), criou um modelo integrado
e relativamente harmônico entre dogmática e política criminal, postulando ser tarefa da ciência
jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e multifuncionais, com escopo de ressocializar e
intimidar as mais diversas classes de delinquentes.

Franz Von Liszt propôs um modelo tripartido da ciência conjunta do Direito penal. Essa ciên-
cia conjunta conteria três saberes autônomos, mas que deveriam andar interligados: o direito
penal propriamente dito, ciência normativa e dogmática que tem por objetivo punir as condutas
desviantes; a criminologia, como ciência das causas do crime e da criminalidade; e a política
criminal, consubstanciada em um conjunto de princípios fundados na investigação das causas
do crime e dos efeitos da pena (ou seja, fundados nas contribuições da criminologia), com base
nos quais o Estado deve definir que instrumentos utilizará para controlar o fenômeno criminal. Os
instrumentos devem ser flexíveis e multifuncionais, capazes tanto de intimidar algumas pessoas
como de ressocializar outras. Esse movimento de modernizar o Direito Penal, integrando-o com
o a criminologia e a política criminal, ficou conhecido como Programa de Marburgo.
Certo.

033. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) A obra Dos Delitos e Das Penas


de 1764 foi escrita por:
a) Adolphe Quetelet.
b) Francesco Carrara.
c) Giovanni Carmignani.
d) Cesare Bonesana.
e) Cesare Lombroso.

Dos delitos e das Penas é a mais importante obra de Cesare Bonesana, conhecido como Mar-
quês de Beccaria e um dos principais expoentes da escola clássica.
Letra d.

034. (PC-SP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) Assinale a afirmativa correta.


a) A Escola de Chicago faz parte da Teoria Crítica.
b) O delito não é considerado objeto da Criminologia.
c) A Criminologia não é uma ciência empírica.
d) A Teoria do Criminoso Nato é de Merton.
e) Cesare Lombroso e Raffaelle Garofalo pertencem à Escola Positiva.

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Lombroso e Garofalo são dois expoentes da Escola Positiva. Como ainda veremos detalhada-
mente, na letra “a”, a Escola de Chicago é uma teoria do consenso que explica a criminalidade
analisando a desorganização social das cidades, enquanto a Teoria Crítica é uma teoria do
conflito que, com viés predominantemente marxista, enxerga no modo de vida capitalista as
razões para a prática criminal, fazendo duras críticas às teorias do consenso. Na letra “b”, o
delito sempre foi um dos objetos da Criminologia. Na letra “c”, a Criminologia utiliza amplamen-
te o método empírico, de observação da realidade. E na letra “d”, a teoria do criminoso nato é
de Lombroso.
Letra e.

035. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Acerca dos modelos teóricos da crimino-


logia, julgue o item que se segue.
As orientações sociológicas estão inseridas no panorama criminológico clássico e buscam
identificar, por meio da análise psicológica, fatores criminais propulsores da delinquência, de
modo a analisar fatores externos criminais introjetados no mundo anímico do homem.

No panorama criminológico clássico (Escola Clássica) não há que se falar, ainda, em orien-
tações sociológicas, que serão introduzidas na Criminologia pelo positivismo criminológi-
co de Ferri.
Errado.

036. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2019) O estudo da pessoa do


infrator teve seu protagonismo durante a fase positivista na evolução histórica da Criminolo-
gia. Assinale, dentre as afirmativas abaixo, a que descreve corretamente como a criminologia
tradicional o examina.
a) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma realidade biopsicopato-
lógica, considerando o determinismo biológico e social.
b) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um incapaz de dirigir por si
mesmo sua vida, cabendo ao Estado tutelá-lo.
c) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma unidade biopsicossocial,
considerando suas interdependências sociais.
d) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um sujeito determinado pelas
estruturas econômicas excludentes, sendo uma vítima do sistema capitalista.
e) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como alguém que fez mau uso da
sua liberdade embora devesse respeitar a lei.

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É necessário prestar atenção ao enunciado para perceber que a pergunta diz respeito à crimi-
nologia tradicional positivista, que é aquela calcada, sobretudo, nos ensinamentos de Lombro-
so. Trata-se de uma criminologia que analisa o corpo e a mente do delinquente em busca de
patologias (realidade biopsicopatológica) que justifiquem a prática de um crime. É uma escola
que rechaça o livre-arbítrio, em detrimento do determinismo, seja ele biológico ou social.
Letra a.

037. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Para Liszt, o fundamento da pena é


orientado às finalidades de: a) ressocialização dos delinquentes suscetíveis de socialização;
b) intimidação dos que não têm necessidade de socialização e; c) neutralização dos não sus-
cetíveis de socialização.

Liszt defendia que a pena justa é a pena necessária e que a finalidade preventiva especial (di-
rigida ao delinquente) da pena se cumpre dependendo do tipo de criminoso: para o criminoso
ocasional (que não necessita ser ressocializado), a pena é uma intimidação, uma recordação
de que ele não deve cometer crimes; para o criminoso corrigível, a pena deve ter o fim de
ressocializar, de corrigir; para o criminoso habitual (que não é passível de ressocialização),
a pena deve servir como neutralização, inocuização, para que ele, isolado, deixe de cometer
novos crimes.
Certo.

038. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) A distinção entre imputáveis e


inimputáveis, a responsabilidade moral baseada no determinismo, o crime como fenômeno
social e individual e a pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social, são caracte-
rísticas da:
a) Terza Scuola Italiana.
b) Escola Moderna Alemã.
c) Escola Positiva.
d) Escola Clássica.
e) Escola Tradicional.

Alguns postulados da Terza Scuola são: distinção entre imputáveis e inimputáveis, sendo a
aplicação de penas fundada não mais com base no livre-arbítrio, mas na responsabilidade
moral derivada do determinismo da normalidade psíquica; crime como fenômeno individual e
social; pena que visava a defesa social, com caráter aflitivo para alguns autores, e preventivo
para outros. Na letra B, a Escola Moderna Alemã (Escola de Marburgo, Escola de Política Cri-

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minal) também realizava – e em realidade inaugurou – a distinção entre imputáveis e inimpu-


táveis, mas não falava em determinismo e encarava o crime como fenômeno humano, social
e também jurídico. Além disso, via a pena como portadora de função preventiva. Nas letras C
e D, as Escolas Clássica e Positivista não faziam distinção entre imputáveis e inimputáveis:
eram monistas, ou seja, adotavam somente uma das modalidades de punição. Na letra E, não
existe uma Escola Tradicional da Criminologia. Pode-se dizer que a Escola Clássica e a Escola
Positivista são escolas tradicionais, em oposição às modernas escolas sociológicas.
Letra a.

039. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) No paradigma etiológico, modela-


do segundo uma matriz positivista derivada Das Ciências Naturais, a Criminologia é definida
como uma Ciência causal-explicativa da criminalidade, isto é, que investiga as causas da cri-
minalidade (seu objeto) segundo o método experimental.

A Escola Positivista defendia a observação dos fenômenos criminais, com primazia para a
experiência sensitiva humana. A ideia era aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos
das ciências naturais. Essa Escola inaugura o paradigma etiológico, ou seja, um esquema de
interesse pela razão que leva alguém ao cometimento de um crime. A Criminologia nasce no
Positivismo como ciência causal-explicativa da criminalidade, valendo-se do método de obser-
vação da realidade (empírico, experimental, indutivo e interdisciplinar).
Certo.

040. (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA/2013) A _________surgiu na Europa,


influenciada pelos fisiocratas e iluministas; possui três fases: antropológica, sociológica e jurí-
dica; priorizou os interesses sociais aos individuais. Em 1876, foi publicado o livro “O homem
delinquente”, que instaurou um período científico de estudos criminológicos, assim, é conheci-
da ainda como “surgimento da fase científica da criminologia”.
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do texto.
a) Escola Clássica.
b) Terza Scuola.
c) Escola Criminológica.
d) Escola Positiva.
e) Escola Política Criminal ou Moderna Alemã.

O Positivismo criminológico, ou Escola Positiva, surgiu na Itália, no século XIX. Foi influenciada
pelos postulados iluministas. Possui três fases principais: antropológica (de Cesare Lombro-
so), jurídica (de Raffaele Garofalo) e sociológica (de Enrico Ferri). Antropólogo italiano, Lom-

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CRIMINOLOGIA
Nascimento da Criminologia. Precursores. Iluminismo.
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broso foi autor da célebre obra O homem delinquente, de 1876, em que aplicou o método
empírico e indutivo para analisar o fenômeno criminal. Para a maioria dos autores, é com Lom-
broso que a Criminologia pode passar a ser considerada uma ciência. Para o positivismo, o
criminoso é anormal, doente. É característica do pensamento positivista a adoção de medidas
de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse a patologia. A medida
de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade) contra o criminoso. Prio-
rizam-se, assim, no positivismo os interesses da sociedade, em detrimento, por exemplo, dos
direitos e garantias dos delinquentes.
Letra d.

041. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2010) O período antropológico de estudo


da criminalidade foi iniciado pelo médico:
a) Enrico Ferri.
b) Cesare Lombroso.
c) Cesare Bonesana.
d) Emile Durkheim.
e) Hans von Hentig.

O Positivismo Criminológico teve três fases principais: antropológica (de Cesare Lombroso),
jurídica (de Raffaele Garofalo) e sociológica (de Enrico Ferri). Na letra A, Ferri é o pai da Socio-
logia Criminal. Na letra C, Cesare Bonesana, ou Marquês de Beccaria, é o principal expoente
da Escola Clássica. Na letra D, Durkheim formulou a Teoria da Anomia. E na letra E, Hans von
Hentig é um dos principais autores da Vitimologia.
Letra b.

042. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2010) Complete com a alternativa correta:


Considerado o principal idealizador da Sociologia Criminal............ tem como obra princi-
pal................
a) Lombroso – “O Homem Delinquente”.
b) Garofalo – “O Ambiente Criminal”.
c) Ferri – “Sociologia Criminal”.
d) Carrara – “Sociedade e Crime”.
e) Lacassagne – “Sociedade e Miséria”.

Enrico Ferri é considerado o pai da Sociologia Criminal. Em 1900 publicou a obra Sociologia
Criminal, em que defendeu a análise de muitos fatores que atuam na criminogênese, dentre os
quais mencionava a influência do ambiente físico e social onde o delinquente vive.
Letra c.

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Nascimento da Criminologia. Precursores. Iluminismo.
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043. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2010) A Escola Positiva:


a) crê no determinismo e defende o tratamento do criminoso.
b) tem em Bentham um de seus precursores.
c) foi consolidada por Carrara.
d) baseia-se no método dogmático e dedutivo.
e) surgiu na etapa pré-científica da Criminologia.

Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determinismo
biológico ou do determinismo social. É característica do pensamento positivista a adoção de
medidas de segurança com finalidade curativa, de tratamento, pelo tempo em que persistisse
a patologia. Na letra B, Jeremy Bentham, filósofo inglês dos séculos XVIII e XIX, que defendeu
a construção de panópticos, pode ser catalogado como pertencente ao utilitarismo ou à Es-
cola Clássica. Na letra C, Francesco Carrara é um dos expoentes da Escola Clássica. Na letra
D, a criminologia positivista tem como um de seus principais méritos o fato de ter introduzido
o emprego do método indutivo e empírico na análise do fenômeno criminal. Os métodos dog-
mático e dedutivo são típicos do Direito Penal. Na letra E, foi com a Escola Positivista que a
criminologia se firmou como ciência, portanto não se trata de etapa pré-científica.
Letra a.

044. (INÉDITA/2022) Tobias Barreto se revelou um grande defensor dos direitos das mulheres
no Brasil.

Tobias Barreto, assim como Lombroso, tinha uma visão bastante preconceituosa da mulher,
um ser que se deixava levar pelas paixões e que, quando apaixonada, era incapaz de pensar em
qualquer outro assunto que não o amor.
Errado.

045. (INÉDITA/2022) Franceso Carrara, um dos representantes da Escola Clássica do Direito


Penal, defendia o livre-arbítrio e postulava que a pena pretendia restabelecer a ordem violada.

Francesco Carrara, com o seu Programa de Direito Criminal, de 1859, defendia que indivíduos
possuem livre-arbítrio e decidem se comportar de maneira contrária à Lei, sendo a pena uma
retribuição jurídica que pretende restabelecer a ordem externa violada. Ele é considerado um
dos principais nomes da Escola Clássica do Direito Penal.
Certo.

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046. (INÉDITA/2022) Bonesana, Lombroso e Garofalo pertencem à mesma escola cri-


minológica.

Bonesana é o Marquês de Beccaria, que pertence à Escola Clássica do Direito Penal. Lombroso
e Garofalo, por sua vez, são expoentes do positivismo criminológico.
Errado.

047. (INÉDITA/2022) A eugenia de Afrânio Peixoto pode ser considerada uma decorrência
dos estudos positivistas.

Afrânio Peixoto, autor de Hygiene, de 1917, foi no Brasil o defensor da eugenia (eu: boa; genus:
geração). Defendia a importância da Medicina eugênica preventiva para o trabalho policial: de-
viam ser investigados e resolvidos os problemas biológicos da gestação, para a produção de
entes sadios, válidos. Ele é um dos autores brasileiros conectados à Escola Positivista.
Certo.

048. (INÉDITA/2022) Uma das principais diferenças entre as escolas clássica e positivista
reside no método. Enquanto os clássicos são eminentemente empíricos, os positivistas se
valem do método indutivo.

O começo está correto. Uma das principais diferenças entre as Escolas Clássica e Positivista
reside no método. Ocorre que tanto o método indutivo quanto o empirismo, isto é, a observa-
ção da realidade, são típicos do positivismo. A Escola Clássica era dedutiva e abstrata.
Errado.

049. (INÉDITA/2022) Para os positivistas, o delinquente era escravo do determinismo biológi-


co, enquanto para os clássicos ele era escravo do determinismo social.

Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determinismo
biológico ou do determinismo social. Já os clássicos acreditavam no livre-arbítrio do indivíduo.
Errado.

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050. (INÉDITA/2022) Garofalo foi um jurista positivista que defendeu a aplicação de medida
de segurança com finalidade curativa.

Raffaele Garofalo, jurista italiano, em sua obra Criminologia, de 1885, discorreu sobre a temibi-
lidade, conceito importante para a proposta dos positivistas de aplicação de medida de segu-
rança, espécie de sanção penal com finalidade curativa que, diferentemente da pena, não deve
ter prazo, mas sim ser aplicada pelo tempo em que persista a patologia.
Certo.

051. (INÉDITA/2022) Tanto a Terza Scuola como a Escola de Marburgo possuem, entre seus
postulados, a possibilidade de coexistência da pena e da medida de segurança num mesmo
ordenamento jurídico.

A depender das circunstâncias do crime e do criminoso, podem ser aplicadas penas, baseadas
na culpabilidade, ou medidas de segurança, baseadas na periculosidade dos delinquentes.
Certo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2008.

BARREIRAS, Mariana Barros. Manual de Criminologia. Salvador: Juspodivm, 2021.

BARRETO, Tobias. Menores e loucos em direito criminal. Brasília: Senado Federal, Conselho
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BECCARIA, Cesare Bonesana, Marches di. Dos delitos e das penas. São Paulo:Martin Claret, 2014.

GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus


fundamentos teóricos; introdução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/95, Lei dos Juiza-
dos Especiais Criminais. 5ª ed. São Paulo: RT, 2006.

DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia: o homem delinquente e


a sociedade criminógena. 2ª reimpressão. Coimbra: Coimbra Editora, 1997.

FERRI, Enrico. Criminal Sociology. [S.l]: Jefferson Publication, 2015.

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GAROFALO, Raffaele. Criminology. Boston: Little, Brown and Company. 1914.

HERREIRA, Aparecida da Silva. Nova Defesa Social. In Akropolis – Revista de Ciências Huma-
nas da UNIPAR, volume 3, n. 12 (1995), pp. 20 – 25.

LOMBROSO, Cesare. L´Homme criminel. 2 ed. francesa. Paris: Félix Alcan Éditeur, 1895.

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PEIXOTO, Afranio. Criminologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1933.

RODRIGUES, Nina. As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil.3. ed. [S.l.]: Com-
panhia Editora Nacional, 1938.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2ª ed. São Paulo: RT, 2008.

_______. Criminologia. 7ª ed. São Paulo: RT, 2018.

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Societé Internationale de Défense Sociale. La Societé Internationale de Défense Sociale y por


uma política criminal humanista. Disponível em: http://defensesociale.org/historia/.

VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018.

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Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.

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Teorias Sociológicas

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Teorias Sociológicas
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Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Teorias Sociológicas.......................................................................................................................................................4
1. Teorias do Consenso e do Conflito.....................................................................................................................4
2. Teorias do Consenso..................................................................................................................................................5
2.1. Escola de Chicago....................................................................................................................................................6
2.2. Teoria da Anomia.. ................................................................................................................................................. 10
2.3. Teorias da Aprendizagem. . ................................................................................................................................14
2.4. Teoria da Subcultura Delinquente.............................................................................................................. 22
3. Teorias do Conflito.. .................................................................................................................................................25
3.1. Labelling Approach.. ............................................................................................................................................26
3.2. Criminologia Crítica.............................................................................................................................................33
Resumo................................................................................................................................................................................55
Mapas Mentais. . ..............................................................................................................................................................63
Exercícios............................................................................................................................................................................ 67
Gabarito...............................................................................................................................................................................84
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................85
Referências......................................................................................................................................................................120

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Teorias Sociológicas
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Apresentação
Olá, bem-vindo(a) à nossa terceira aula. Antes de começarmos, deixo meu Instagram, para
quem tiver interesse: @profmaribarreiras.
Hoje vamos analisar o assunto de Criminologia mais cobrado em provas (se analisadas as
questões de todas as bancas): as teorias sociológicas, que são amplamente dominantes na
Criminologia contemporânea. São teorias que, como já expliquei para você, defendem a im-
possibilidade de se analisar o fenômeno criminal prescindindo do estudo da sociedade onde
o delito está inserido.
Antes de analisar as teorias sociológicas propriamente ditas, vamos conhecer algumas
classificações que são feitas sobre elas.
Ah, nessa aula, vou usar muitos recursos mnemônicos, para ajudar na memorização. Afi-
nal, temos que saber associar a ideia principal de cada teoria a seus autores. Caso eles não
te ajudem, desenvolva os seus. Vá memorizando aos poucos, por camadas. Num primeiro
momento, aprenda quais são as teorias do consenso, e quais as do conflito. Depois de uns
dias, decore a ideia central de cada escola. Por fim, quando tudo isso estiver dominado, acres-
cente os nomes dos autores. Aqui na aula escrita, não tenho como desenvolver os recursos
mnemônicos com detalhes. Inseri as imagens de cada recurso de memorização que uso nas
aulas gravadas. Apesar de as imagens serem autoexplicativas, você pode sentir falta de mais
detalhes para compreender o recurso mnemônico. Nesses casos, sugiro que dê uma olhada
nas videoaulas. Boa aula!

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Teorias Sociológicas
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TEORIAS SOCIOLÓGICAS
1. Teorias do Consenso e do Conflito
As teorias sociológicas dividem-se em dois grandes grupos: teorias do consenso e teorias
do conflito.
As teorias do consenso partem do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos
os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. As pessoas de um grupo social possuem con-
senso em torno de uma série de valores e criam instituições para manter a ordem social. Esse
grupo de teorias também é chamado de integralista ou estrutural funcionalista, pois compre-
ende que a sociedade é uma estrutura relativamente estável de elementos, bem integrada e
que todo elemento em uma sociedade possui uma função, contribuindo para a manutenção do
sistema. Essas teorias são mais conservadoras, pois aceitam pacificamente a organização da
sociedade. Para essas teorias, o crime é uma disfunção, ou seja, uma função negativa. O delito
é um fenômeno social, normal e funcional.
Ralf Dahrendorf explica que as teorias do consenso se baseiam em quatro teses:
• Toda sociedade é um sistema relativamente constante e estável de elementos (tese da
estabilidade);
• Toda sociedade é um sistema equilibrado de elementos (tese do equilíbrio);
• Cada elemento dentro da sociedade contribui para o seu funcionamento (tese do fun-
cionalismo);
• Cada sociedade se mantém graças ao consenso dos seus membros sobre determina-
dos valores comuns (tese do consenso).1

As principais teorias do consenso são:


• Escola de Chicago;
• Teoria da Anomia;
• Teoria da Subcultura Delinquente;
• Teorias da Aprendizagem.

Recurso de memorização!
CONSENSO: Chicago, Anomia, Subcultura, Aprendizagem.
É CONSENSO que todo mundo quer CASA.

As teorias do conflito, por outro lado, partem do pressuposto de que há força e coerção
na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de uns e sujeição de outros. A
produção legislativa serviria para assegurar o triunfo da classe dominadora. A sociedade está

1
DAHRENDORF, Ralf. Sociedad y Libertad: hacia un análisis sociológico de la actualidad. Madri: Tecnos, 1971, p. 190.

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sempre sujeita a processos de mudança e cada elemento da sociedade contribui, de certa for-
ma, para sua desintegração. Para essas teorias o crime faz parte da luta pelo poder. Assim, em
lugar de uma visão de cunho funcionalista, tem-se uma visão de cunho argumentativo. Essas
teorias são mais progressistas, pois enxergam a dominação e querem alterá-la.
Dahrendorf, ao tentar simplificar as teorias do conflito, elenca os seguintes postulados:
• Toda sociedade – e cada um dos seus elementos – está a todo tempo submetida à mu-
dança (tese da historicidade);
• Toda sociedade é um sistema de elementos contraditórios em si e explosivos (tese da
explosividade);
• Cada elemento dentro da sociedade contribui para a sua mudança (tese da disfunciona-
lidade e da produtividade);
• Toda sociedade se mantém graças à coação que alguns dos membros exercem sobre
os demais (tese da coação).2

Para Dahrdendorf, aliás, a tese da coação é a mais apropriada para explicar os conflitos
sociais que são, no limite, conflitos que repousam sobre a desigualdade de divisão de poder
entre os membros da sociedade. Para os teóricos dessa linha, os conflitos possuem efetivida-
de criadora (eles causam mudanças) e é necessário se afastar do pensamento utópico de um
sistema social equilibrado.
A teoria do labelling approach – também chamada de interacionista, interacionismo simbó-
lico, teoria da rotulação ou do etiquetamento – e as teorias críticas – também denominadas
radicais ou dialéticas – se encaixam na categoria de teoria do conflito. Perceba, portanto, que
o Modelo de Reação Social é o modelo típico das teorias do conflito.

Recurso de memorização!
CONSENSO: Chicago, Anomia, Subcultura, Aprendizagem.
CONFLITO: Crítica, Interacionismo Simbólico ou Etiquetamen-
to.
É CONSENSO que todo mundo quer CASA.
O CONFLITO é que estamos em CRISE.

2. Teorias do Consenso
Como acabamos de analisar, as teorias do consenso também são chamadas de funciona-
listas, estrutural-funcionalistas ou integralistas. Elas partem do pressuposto de existência de
objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. Essas teorias são con-

2
DAHRENDORF, Ralf. Sociedad y Libertad: hacia un análisis sociológico de la actualidad. Madri: Tecnos, 1971, p. 190.

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sideradas conservadoras, porque acreditam na coesão social e querem garanti-la, preservando


o status quo, ou seja, o estado vigente das coisas.

2.1. Escola de Chicago


Já falei dessa escola para você. Na primeira aula, expliquei que foi ela a responsável por
incluir as instâncias de controle social informal dentre os objetos da criminologia. E aqui quero
recordar que as instâncias de controle social informal são aquelas em que não há monopólio
estatal e de cuja atuação não decorre a aplicação de uma pena, tais como família, associa-
ções, clubes, escolas, igrejas.
Para começar, vamos recordar o que vimos na primeira aula. Disse, naquela oportunidade,
que a Escola de Chicago, com enfoque fortemente empírico e transdisciplinar, se propôs a
discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida na cidade. Entre
os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos produziram mais de
20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago, abordando problemas como falta de
moradia, desorganização social, guetos, zonas residenciais ricas e pobres, distribuição de do-
entes mentais na cidade, entre outros. Em diversas dessas obras, os bairros de Chicago são
divididos e analisados de acordo com seus problemas sociais. Esses bairros ou áreas seriam
analisados também a partir das possibilidades moralizadoras ou de controle social que gera-
vam em seus habitantes. A cidade em geral permitia a confusão, a mobilidade e, portanto, o
refúgio e a criação de personalidades conflitivas, como vagabundos, alcoólatras, prostitutas e
delinquentes. Todos eles, porém, seriam reprimidos e censurados em determinadas áreas mo-
rais, nas quais, em virtude desse controle social, não se verificariam conflitos sociais significa-
tivos. Foi com base nesses estudos que as instâncias de controle social informal começaram
a fazer parte da lista de objetos da Criminologia.
Revistos os conceitos da primeira aula, vamos aprofundar um pouco mais.
Robert Park se apropriou de conceitos da ecologia. Comparava a cidade a um organismo
vivo e utilizava os conceitos de invasão, dominação e sucessão descritos pelos ecologistas.
A expansão e consolidação da burguesia industrial, o êxodo rural e o recebimento de gran-
des contingentes de imigrantes, fizeram com que Chicago, assim como outras cidades estadu-
nidenses, passassem por profundas mudanças em um curto espaço temporal. Várias etnias,
povos, religiões e culturas passam a conviver ali. Esse conceito de fusão de elementos hete-
rogêneos e por vezes conflitivos se denomina melting pot, em referência a um caldeirão onde
tudo se derrete e se mistura.
Também chamada de teoria da ecologia criminal ou teoria da desorganização social, a es-
cola de Chicago se dispôs a analisar comportamentos sociais, seitas, grupos, multidões, opi-
nião pública, criminalidade e outros fenômenos que ocorriam na cidade cuja população saltou
de 4.470 pessoas em 1840 para mais de um milhão de habitantes em 1900.

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Grande parte da população de Chicago nessa época era de imigrantes. A cidade crescia se
expandindo em anéis, ou círculos concêntricos, do centro para a periferia. Essa é a teoria das
zonas concêntricas, de Ernest Burgess. Segundo ele, o anel mais central, chamado loop, era a
zona comercial, com bancos, grandes lojas, a administração da cidade, estações etc. A segun-
da zona, chamada zona de transição, é uma zona de comércio que conecta o loop à terceira
zona (residencial). A zona de transição, por estar constantemente sujeita à invasão do loop, era
uma área com intensa mobilidade e degradação, com barulho, agitação, mau cheiro, bordéis e
pensões – as denominadas tenement houses, espécies de cortiços para os recém-chegados à
cidade. A terceira zona abrigava trabalhadores com uma condição financeira ligeiramente me-
lhor e imigrantes de segunda geração (filhos dos imigrantes originais). Nela, as moradias ainda
são modestas, mas já ficam um pouco mais afastadas das zonas deterioradas. A quarta zona
é a da chamada classe média, com moradias um pouco melhores. E a quinta zona é aquela
habitada pelos altos-estratos da população. Esses moradores são chamados commuters: são
pessoas que gastam muito tempo em meios de transporte para chegar às regiões centrais
da cidade.

Grandes condomínios de luxo, que se assemelham a cidades, com ruas, enormes áreas de
lazer e até lojas, mais populosos que muitas cidades, cercados de muros, constantemente
vigiados, e afastados do centro da cidade são realidades bastante comuns nas metrópoles
brasileiras. Alphaville em São Paulo (e presente também em outras cidades brasileiras) e con-
domínios da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) são citados como exemplos que se encaixam na
descrição da zona V de Burgess. O aumento da tensão social e a decadência de certos bairros
da cidade faz com que as pessoas queiram se agrupar em comunidades fechadas, em que
fiquem distantes da confusão. Iniciativas como essa acabam por fragmentar o espaço social,
criando a cidade dual. Esse conceito de dual city aumentar a distância social entre os dois gru-
pos. Os moradores dos condomínios não veem os pobres, não convivem com eles. E quanto
mais desconhecemos o outro, quanto mais ficamos afastados e o consideramos um estranho,
mais fácil é criminalizar suas condutas. Segundo Nils Christie, criminólogo norueguês contem-
porâneo, falecido em 2015, a distância social aumenta a tendência de que certas condutas
sejam criminalizadas3.

Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois nomes importantes na Escola de Chicago.
Com base na teoria das zonas concêntricas, eles se dedicaram a analisar as áreas de delinqu-
ência e a delinquência juvenil. A obras mais conhecidas deles é Delinquency Areas.
Eles foram responsáveis por demonstrar que, quanto mais perto do loop, maior a degrada-
ção e as taxas de criminalidade dos bairros. Concluíram, também, que nas áreas criminais, o

3
FREITAS, Wagner Cinelli de Paula. Espaço urbano e criminalidade: lições da Escola de Chicago. São Paulo: IBCCRIM, 2002,
p.121 e ss.

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controle social informal é pouco eficiente na formatação do comportamento dos jovens, já que
familiares, amigos e vizinhos geralmente aprovam condutas antissociais. Para Shaw e McKay,
a delinquência começaria cedo, como jogo das ruas e alguns bairros ofereceriam oportunida-
des ao crime, como pessoas dispostas a adquirir bens roubados.
Não se deve, no entanto, entender que há um determinismo ecológico, ou seja: a pessoa
cometerá crimes apenas por habitar uma região. O que ocorre é que o fato de estar localizado
em uma área da cidade é um vetor criminógeno, ou seja, um fator que pode contribuir com a
prática de um delito.
A escola de Chicago percebe que é mais apropriado falar em “cidades”, no plural, pois cada
parte do Município tem sua cultura própria, sua dinâmica particular, com estatutos, usos, cos-
tumes. A cidade não é apenas um amontoado de pessoas, ruas, bairros. O complexo cultural
determina o que é típico de cada cidade e mais, de cada parte da cidade. Essas culturas são
transmitidas e aprendidas dentro dos respectivos grupos.
As formas de adaptação das pessoas à cidade fazem com que haja um processo de per-
manente interação. As interações são tantas que se fala em sobrecarga ou saturação. E ao
mesmo tempo em que há interação, é comum, nas cidades, que haja anonimato: as pessoas
têm mais liberdade de ação de modo que os freios exercidos pelas instâncias de controle so-
cial se afrouxam. As pessoas, nas cidades, se distanciam, são seletivas em seus processos
de aproximação, competem pelos escassos recursos da cidade, tudo isso resultando em uma
postura individualista que tem impacto na criminalidade.
Dentro dos bairros, dos quarteirões, dos edifícios, as pessoas se aproximam por serem
similares. Os vizinhos controlam, informalmente, as atividades uns dos outros, numa espécie
de polícia natural. Nas chamadas “regiões morais”, um grupo de habitantes se identifica. Em
cidades com muitos imigrantes, como era Chicago, havia áreas morais formadas por pessoas
de uma mesma raça ou origem, que ali vivem ou convivem (pode ser um local de residência ou
de encontro) de maneira segregada do restante da população. Há, por exemplo, regiões morais
de pobres, viciados, desajustados, criminosos.
Como as cidades são dotadas de mobilidade, há grande fluidez de pessoas pelas regiões,
o que tende e confundir e desmoralizar as pessoas, pois o controle social informal é tanto
menor quanto mais a pessoa se distancie de suas raízes. A mobilidade dificulta que a família,
a vizinhança, a igreja ou os grupos comunitários imponham inibições a condutas de vício, pro-
miscuidade e delinquência. Assim, a mobilidade está relacionada com criminalidade.
Os estudiosos de Chicago notaram que as taxas de doença mental estavam distribuídas
diferencialmente por bairro da cidade. Os bairros mais pobres apresentavam maiores taxas de
criminalidade e maiores índices de distúrbios mentais. As precárias condições das famílias,
a falta de intervenção estatal e as dificuldades de adaptação decorrentes da imigração e do
isolamento contribuíam enormemente para as altas taxas de insanidade mental.
A pessoa recém-chegada à cidade passa por um processo de desorganização social. Há
um sentimento de perda pessoal, rejeição de regras sociais, perda de raízes. A desorganização
social causa aumento de doenças, prostituição, insanidades, suicídios e crime.

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Clifford Shaw é autor, também, de The Jack-roller: a delinquent boy’s own story. Shaw utiliza
o relato da história de vida (autobiografia) de um delinquente de Chicago, denominado Stanley,
que viveu em diferentes áreas de cidade. A ideia foi demonstrar como a vida em diferentes
áreas da cidade, convivendo com diferentes culturas, tinha impacto na criminogênese.
Por tudo isso, as propostas de Escola de Chicago para equacionar a questão criminal pas-
sam, necessariamente, por alterar as condições de vida nas cidades, sobretudo as condições
econômicas e sociais das crianças, diminuindo as condições para as carreiras delinquentes. O
enfoque da intervenção proposta pelos autores Clifford Shaw e Henry McKay no Chicago Area
Project era a maximização do controle social informal (famílias, vizinhanças, igrejas, clubes,
escolas). Deve haver macrointervenção na comunidade e reconstrução da solidariedade so-
cial. Os projetos devem ser feitos levando em consideração cada vizinhança e devem incluir
atividades recreativas, artesanais, culturais e melhorias nas condições sanitárias e de conver-
sação predial de alguns bairros e edifícios.
Como definitiva contribuição, a Escola de Chicago utilizou largamente os social surveys,
inquéritos sociais que consistem em interrogatório direto feito a um número considerado de
pessoas sobre itens criminologicamente relevantes. Trata-se de técnica empírica de observa-
ção da realidade até hoje utilizado largamente pela criminologia. Além disso, implicou toda
a comunidade no enfrentamento do crime. Alargou o objeto de estudo da ciência, para nele
incluir os mecanismos de controle social. Ademais, a Escola de Chicago propugnou uma inter-
venção preventiva e não repressiva.
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2.2. Teoria da Anomia


Vamos analisar a teoria da anomia sob a ótica de dois grandes nomes: Émile Durkheim e
Robert Merton. O termo anomia tem origem grega e significa ausência de leis.

Émile Durkheim

Émile Durkheim foi um sociólogo francês do final do século XIX. Ele é considerado um dos
principais teóricos da anomia. Sua teoria sociológica considera que um ser vivo só pode ser
feliz e até mesmo viver se suas necessidades forem compatíveis com os meios para satisfa-
zê-las. No animal, o equilíbrio entre necessidades e meios depende de condições puramente
materiais: é o organismo, o corpo que dita quais são as necessidades (respirar, se alimentar, se
hidratar). No ser humano, a maioria das necessidades não depende do corpo. Afinal, para os
seres humanos, além do mínimo necessário para a sobrevivência, existe o desejo de condições
melhores, de situações de bem-estar. Esse apetite por conforto em algum momento tem que
encontrar limites, até mesmo porque desejos ilimitados são insaciáveis por definição e geram
um perpétuo estado de desconforto. E como esse limite não é dado pelo corpo, ele somente
pode vir da sociedade.
Para Durkheim, então, a força reguladora externa ao indivíduo que limita os desejos é a
sociedade, único poder moral superior ao indivíduo. A sociedade regula, ainda que nem sem-
pre por meio de norma jurídica, o máximo de bem-estar que cada classe social pode legitima-
mente procurar obter e cada um percebe vagamente o ponto extremo até onde podem ir suas
ambições. O contentamento com essas regras gera prazer de existir e viver. O trabalhador não
estará em harmonia com sua função social se não estiver convencido de que é mesmo aquela
a função que deve ter. Ou seja, essa disciplina que a sociedade exerce só é útil se for considera-
da justa pelos povos submetidos a ela, se for reconhecida como equitativa pela grande maioria
das pessoas.
Há momentos, explica Durkheim, em que a sociedade atravessa transformações. Nesses
transtornos, a sociedade perde a capacidade de exercer seu papel de freio moral. Não importa
se se trata de uma crise dolorosa ou de uma transformação boa, afortunada, com pujança
econômica. Em qualquer caso, como as condições de vida mudam, a escala segundo a qual
as necessidades eram reguladas já não pode permanecer a mesma. Leva tempo até que seres
humanos e coisas sejam novamente classificados pela consciência pública.
A anomia é esse estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produzin-
do uma situação de transgressão ou de pouca coesão4. São, por exemplo, aquelas situações
em que não se sabe quais as normas vigentes ou em que uma norma positivada deixa de ser
amplamente observada pela sociedade. Para Durkheim, o crime se torna um problema quando
existe uma situação de anomia. Caso contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal.
4
DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Edipro, 2014, p. 249.

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Afinal, ele ocorre em todas as sociedades, de todos os tipos e muitos índices criminais vêm
aumentando significativamente ao longo da história social. Por isso, ele diz: “Não há fenômeno
que apresente de maneira mais inconteste todos os sintomas da normalidade. (...) Sem dúvida,
pode ser que o crime tenha formas anormais; é o que ocorre quando, por exemplo, ele atinge
uma taxa exagerada”5.
Para Durkheim, além de normal, o crime é útil. Para entender esse ponto é importante com-
preender suas ideias sobre a consciência coletiva, que é um conjunto de crenças e sentimen-
tos comuns à média dos membros de uma sociedade e que tem vida própria. A consciência
coletiva não é simplesmente a soma de todas as consciências individuais. Ela depende das
consciências individuais, mas não se confunde com elas. Nas sociedades arcaicas, em que as
pessoas diferem pouco umas das outras, existe uma solidariedade por semelhança, mecânica.
Nessas sociedades, os membros têm sentimentos parecidos e por isso diz-se que a consci-
ência coletiva abrange a maior parte das consciências individuais, ainda que com elas não se
confunda. Nas sociedades contemporâneas, os indivíduos são menos parecidos entre si. Cada
um age de acordo com sua liberdade de crença e ação. Aqui, Durkheim fala em solidariedade
orgânica. Nessas sociedades, a consciência coletiva tem sua amplitude reduzida. O crime é
útil porque permite que a consciência coletiva evolua.

O crime é, portanto, necessário; ele está ligado às condições fundamentais de toda vida social, mas
por isso mesmo, ele é útil. Pois estas condições são indispensáveis para a evolução normal da
moral e do direito. (...) A liberdade de pensar de que gozamos atualmente jamais poderia ter sido
proclamada, se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas antes de serem solenemente
revogada.6

Como o crime é considerado útil, portador de uma função – a de reforçar a solidariedade da


sociedade – essa teoria tem forte traço funcional. Uma sociedade sem crimes é pouco desen-
volvida para Durkheim.

Do mesmo modo como o crime é algo natural, a sanção também é algo normal. A função
da pena é satisfazer a consciência coletiva, ferida com o crime, mantendo intacta a coesão
social. Assim, o castigo do condenado age nas pessoas honestas, já que serve para curar a
ferida feita nos sentimentos coletivos que somente residem nos indivíduos corretos. Mas a
pena segue sendo, ao menos em parte, uma vingança, pois é uma reação passional institucio-
nalizada – e que reforça a coesão social.

Robert Merton

Além de Durkheim, outro nome importante para a teoria da anomia na criminologia é o do


sociólogo estadunidense Robert Merton, que viveu de 1910 a 2003. Ele adaptou a teoria do
Durkheim para a sociedade norte-americana da década de 1930, que vivia o American Dream.

5
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014, p. 82-83.
6
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014, p. 87.

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Merton defendeu, em artigo lançado em 1938, que as estruturas sociais e culturais são
compostas de vários elementos, dois dos quais são de fundamental importância: os objetivos
e os meios.
Os objetivos são as metas, propósitos, interesses (Ex.: comprar uma casa; ter um carro;
viajar para o exterior todo ano). Eles são social e culturalmente ordenados em uma escala
de valores.
Os meios, por sua vez, definem, regulam e controlam as maneiras consideradas aceitáveis
para o atingimento dos objetivos (Ex.: trabalhar em troca de um bom salário para poder adquirir
seus bens; praticar fraudes).
Segundo Merton, os meios são sempre limitados pelas normas instituídas. Ou seja: nem
todas as maneiras de se atingir um objetivo são toleradas, lícitas.
Os objetivos culturalmente definidos e os meios considerados válidos pelas normas ins-
tituídas operam em conjunto. Mas a relação entre os objetivos e os meios é uma relação in-
constante. Às vezes, a cultura de uma sociedade coloca muita ênfase na importância de que
se atinja um certo objetivo, mas não fornece os meios correspondentes para que o êxito se dê.
Isso é particularmente visível nas situações em que a estrutura cultural impõe aos cidadãos
padrões de consumo e riqueza, mas a estrutura social não fornece condições para que os indi-
víduos enriqueçam ou consumam do modo como se espera.
Os objetivos e meios têm, entre outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e
regularidade do comportamento das pessoas em sociedade. Quando esses elementos estão
dissociados, a efetividade dessas funções fica limitada. No limite, quando a previsibilidade
das condutas num grupo social é minimizada, por esse espaçamento entre os objetivos e os
meios, está configurada a anomia, que também pode ser chamada de caos cultural.
Para lidar com os objetivos e meios, os indivíduos procedem a adaptações individuais, que
podem ser de cinco tipos7:
Modos de Objetivos ou Metas
Meios Instituídos
Adaptação Culturais
Conformidade + +
Inovação + -
Ritualismo - +
Retração - -
Rebelião ± ±
• Conformidade: os indivíduos se adaptam (+) aos objetivos culturais e (+) aos meios exis-
tentes. Quando temos uma sociedade estável, esse é o tipo mais comum de adaptação.
• Inovação: a ênfase cultural muito forte no objetivo de sucesso convida a esse tipo de
adaptação, que ocorre pelo uso de meios proibidos, porém efetivos, para se alcançar ao
menos um simulacro do sucesso, ou seja, riqueza e poder. Esses indivíduos aceitam (+)
7
MERTON, Robert K. On Social Structure and Science. Chicago: The University of Chicago Press, 1996, p. 139.

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a meta “sucesso”, mas não aceitam (-) se valer dos meios permitidos, regulados pelas
normas. Aqui reside um tipo de delinquência. É aqui, especificamente, que se fala em
anomia, como não aceitação das regras que limitam os meios para o alcance das metas.
• Ritualismo: os indivíduos abandonam ou diminuem gradualmente (-) as metas de suces-
so pecuniário e mobilidade social para um ponto em que podem ser atingidas; e, ao mes-
mo tempo, continuam obedecendo (+) quase compulsivamente às normas instituídas.
• Retração: esses indivíduos rejeitam (-) tanto os objetivos culturais como (-) os meios
instituídos. Eles abdicam dos objetivos estabelecidos pela sociedade e adotam compor-
tamentos em desacordo com as normas instituídas, de modo que estão em constante
escapismo da realidade. É o caso, segundo Merton, dos psicóticos, autistas, marginais,
mendigos, pedintes, alcóolatras crônicos, viciados em drogas.
• Rebelião: essas pessoas não aceitam a estrutura social reinante, mas imaginam e pro-
curam dar vida (±) a uma estrutura modificada. A rebelião envolve necessariamente
ação, transformação dos valores, também chamada de transvaloração. É uma espécie
de adaptação coletiva, em que se deseja instalar uma estrutura social onde haveria cor-
respondência entre mérito, esforço e recompensa.

Esse esquema de Robert Merton foi, posteriormente, ampliado e aprofundado por Talcott
Parsons, que, em 1951, criou a teoria do sistema social. Ele substituiu as duas variáveis de
Merton (objetivos e meios) por outras três duplas de fatores: atividade e passividade; predomí-
nio conformativo e predomínio alienativo; e orientação para objetos sociais e orientação para
normas. A combinação desses fatores ditará qual o tipo de resposta – delitiva por exemplo –
que uma pessoa dará a uma situação em que há uma perturbação no quadro de expectativas.
A teoria de Parsons é complexa e nunca foi cobrada em detalhes em provas. O que as bancas
cobram é que o candidato saiba que ela é uma teoria da anomia e, portanto, do consenso.
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2.3. Teorias da Aprendizagem


Dentro das teorias da aprendizagem, vamos falar de teóricos que defendem que o crime é
fruto de aprendizagem. Assim como aprendem a fazer qualquer outra coisa, as pessoas, que
não nascem criminosas, aprendem a cometer delitos e a desenvolver mecanismos de neu-
tralização da culpa. Não se trata de uma questão de pobreza ou riqueza. Aliás, grande parte
da importância dessas teorias reside exatamente na demonstração de que os ricos também
cometem crimes.

2.3.1. Teoria da Associação Diferencial

A Teoria da Associação Diferencial foi formulada por Edwin Sutherland, sociólogo (e cri-
minólogo) norte-americano. Suas ideias são do começo da década de 1940. Para Sutherland,
o crime não é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas de qualquer
classe social aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base
essa conduta. O processo de comunicação, que permite a aprendizagem, é fundamental para
a prática criminal.
Associação Diferencial significa, em resumo, se associar para aprender a fazer coisas dife-
rentes do que é a regra, ou seja, imitar alguém que é desviante, que comete crimes.
Segundo Sutherland, a pessoa se torna criminosa quando as definições favoráveis à viola-
ção da norma superam as definições desfavoráveis, tudo no âmbito de um processo de imita-
ção. Esse processo é tanto mais intenso quanto mais íntimas as relações estabelecidas pelo
indivíduo. As pessoas, então, interagem, aprendem umas com as outras, se associam, mas não
para seguir os padrões da sociedade, e sim para agir de modo diferente (praticando delitos).
Daí o nome associação diferencial.
Uma das causas fundamentais para a existência de associação diferencial é o conflito
cultural: na sociedade existem diversos grupos culturais, e a cultura criminosa pode prevalecer
por diversos fatores. Outra causa básica para o comportamento criminoso é a desorganização
social, que já havia sido bem explicada pela Escola de Chicago. Quando há desorganização
social, os mecanismos de controle social informal são precários em virtude da perda de raízes,
e isso pode facilitar a escolha pelo caminho do crime.
Sutherland elencou nove princípios da Teoria da Associação Diferencial:
1. A conduta criminosa se aprende, como qualquer outra atividade.
2. O aprendizado se produz por interação com outras pessoas em um processo de
comunicação.
3. A parte mais importante do aprendizado tem lugar dentro dos grupos pessoais íntimos.
4. O aprendizado do comportamento criminoso abrange tanto as técnicas para cometer o
crime, que às vezes são muito complicadas e outras, muito simples, quanto a direção específi-
ca dos motivos, atitudes, impulsos e racionalizações.

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5. A direção específica dos motivos e impulsos se aprende de definições favoráveis ou


desfavoráveis a elas.
6. Uma pessoa se torna delinquente por efeito de um excesso de definições favoráveis à
violação da lei, que predominam sobre as definições desfavoráveis a essa violação.
7. As associações diferenciais podem variar tanto em frequência como em prioridade, du-
ração e intensidade.
8. O processo de aprendizagem do comportamento criminoso por meio da associação
com pautas criminais e anticriminais compreende os mesmos mecanismos abrangidos por
qualquer outra aprendizagem.
9. Se o comportamento criminoso é expressão de necessidades e valores gerais, não se
explica por estes, já que o comportamento não criminoso também é expressão dos mesmos
valores e necessidades8.
Essas ideias foram importantes para demonstrar que o crime pode ser cometido por qual-
quer pessoa na sociedade, independentemente de fatores biológicos, de pobreza, de déficit de
inteligência ou falta de inserção social. A teoria da associação diferencial foi a primeira a co-
locar o foco na criminalidade dos poderosos, estudando a forma distinta como a justiça penal
os tratava.
Como crítica, costuma-se delinear que a teoria de Sutherland não explicava por que, con-
vivendo no seio de uma mesma cultura, certas pessoas aprendiam ou optavam pelo com-
portamento criminoso, enquanto outras não. Ademais, a teoria da associação diferencial não
considerava, como relevantes para a prática de um crime, fatores impulsivos, ocasionais, pas-
sionais, calamitosos. Em casos em que esses fatores se apresentam, muitas vezes não há que
se falar em aprendizado, mas sim em reação isolada.

Crime do colarinho branco (White-collar crime)

Sutherland cunhou a expressão crime de colarinho branco (white collar crime). Utilizou-a
por primeira vez em um discurso de 1939. Trata-se do crime cometido no âmbito da profis-
são por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social. Em seu livro que leva esse
nome – Crime de colarinho branco: versão sem cortes –, ele analisa decisões da justiça e das
comissões administrativas relativas a 70 grandes empresas americanas para defender a tese
de que as pessoas da classe socioeconômica mais alta estão engajadas em muitos comporta-
mentos criminosos e que este comportamento criminoso difere do comportamento criminoso
da classe econômica mais baixa principalmente por conta dos procedimentos administrativos
– mais brandos – para lidar com os infratores. A diferença entre a criminalidade dos poderosos
e a criminalidade das pessoas mais pobres não é, no entanto, significativa do ponto de vista
da causação do crime: a razão pela qual os crimes são cometidos é a mesma, o aprendizado
somado a definições favoráveis à violação da lei9.

8
SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 14.
9
SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 33.

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São crimes que, em geral, não podem ser explicados pela pobreza ou educação de má qua-
lidade. São, ademais, crimes difíceis de se detectar ou mesmo de se sancionar.
A própria população tem, em muitos momentos, dificuldade de classificar tais condutas
como criminosas. Há um sentimento de admiração e respeito aos grandes empresários, ban-
queiros, homens de negócio, políticos. É como se houvesse uma “imunidade do negócio”. A
concessão de prisão especial para os possuidores de diploma de nível superior costuma ser
citada como exemplo de imunidade do negócio.
Sutherland relatava que costuma haver, em relação aos crimes de colarinho branco, a pre-
visão de penas não muito elevadas e de penas pecuniárias e restritivas de direito em substi-
tuição à pena privativa da liberdade, pois o pensamento dominante é que os autores desses
crimes não precisam ser ressocializados, já que têm boa situação econômica e estão integra-
dos na sociedade.
Os efeitos dos crimes de colarinho branco costumam ser significativos, porém difusos.
Não é uma pessoa particular que sente o efeito danoso da conduta, e sim uma coletividade.
Essa característica também contribui para a leveza das penas e para as baixas taxas de perse-
cução do crime.
Apesar de tudo isso, defende Sutherland, o crime do colarinho branco é, por diversas ra-
zões, um tipo de criminalidade organizada praticada pelos homens de negócio. É um tipo de
crime organizado porque são condutas deliberadas, com unidade relativamente consistente. É
uma criminalidade persistente, pois grande parte dos criminosos é reincidente. Mas os crimi-
nosos do colarinho branco não se veem como criminosos, até mesmo porque não são tratados
com os mesmos procedimentos oficiais destinados aos criminosos comuns; e porque, como
são oriundos de outra classe social, não se relacionam de forma pessoal e íntima com aqueles
que se definem como os criminosos típicos.

Cifras da criminalidade

Vou falar um pouco sobre as cifras da criminalidade, porque o crime do colarinho branco
está intimamente relacionado com esse conceito. O conceito de cifras da criminalidade deriva
da percepção de quem nem todos os crimes chegam ao conhecimento das autoridades. Ao
lado da criminalidade real – isto é, da totalidade de delitos praticados – existe a criminalidade
revelada, ou seja, a parcela da criminalidade real que chega ao conhecimento do Estado.
Trata-se do chamado efeito de funil, também conhecido como mortalidade de casos crimi-
nais. Isso é natural e a criminologia reconhece que o processamento de todos os casos (total
enforcement) levaria à falência do próprio sistema penal.

Cifra negra

Uma das consequências do efeito de funil é a existência da denominada cifra negra, aquela
parcela de crimes que não integra as contagens oficiais. São os crimes que não chegam ao co-
nhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Quantas vezes, por exemplo, somos
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assaltados ou furtados e deixamos de registrar ocorrência? Quando fazemos isso, estamos


inflando a cifra negra, que nada mais é, portanto, do que a diferença entre a criminalidade real
e a criminalidade revelada.
Os crimes do colarinho branco apresentam alta cifra negra, já que são delitos de difícil de-
tecção e punição. Outro tipo de delito que apresenta altíssimas taxas de subnotificação são os
crimes sexuais. Acredita-se que a diferença entre os crimes sexuais praticados e aqueles que
são comunicados chega a 90%. Às vezes a própria vítima sente vergonha e não denuncia; às
vezes a vítima quer denunciar, mas não se sente acolhida nos contatos com a polícia e acaba
desistindo de levar adiante seus relatos; às vezes a própria família acoberta o caso, para evitar
que se torne um escândalo, já que a maior parte dos crimes sexuais contra menores são co-
metidas por parentes próximos à vítima. Esses são apenas alguns exemplos de motivos que
estão na base desse descompasso entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida.
Por tudo isso, as estatísticas criminais não refletem a criminalidade real, mas apenas uma
parte dela, restando a cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou
seja, realizadas com a população em geral questionando se foram vítimas de algum crime,
procuram suprir essa lacuna.

Cifra dourada

Cifra negra é o nome mais genérico para designar essa diferença entre a criminalidade
real e a criminalidade conhecida. Ao longo dos anos, subclassificações das cifras negras têm
aparecido. Já disse a você que os crimes do colarinho branco possuem alta taxa de subnoti-
ficação, porque são delitos de difícil detecção. Criou-se, então, um nome específico para essa
diferença entre criminalidade real e conhecida dos poderosos: é a chamada cifra dourada.
A cifra dourada diz respeito, portanto, aos delitos cometidos pelos poderosos que são
desconhecidos e ficam impunes. Pode-se dizer que ela é um subtipo da cifra negra. Quando
alguém dos altos estratos sociais comete um crime contra o sistema financeiro ou um crime
tributário, por exemplo, é possível que fique sem punição porque o sistema penal é desenhado
para selecionar a criminalidade de rua, cometida pelos pobres.

 Obs.: Obs. Já houve questões da Vunesp considerando que o conceito de cifra dourada equi-
vale ao conceito de crime do colarinho branco. Tecnicamente, não é isso, como aca-
bamos de ver. Aos crimes do colarinho branco (crimes dos poderosos cometidos no
âmbito laboral) que permanecem desconhecidos ou, segundo algumas definições, em
relação aos quais há uma indulgência do sistema persecutório penal, dá-se o nome
cifra dourada.

Outras cifras
• Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não
chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados pelos pró-

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prios policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de polícia; ou com a


renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação. A cifra cinza demonstra que
as polícias têm papel conciliador de conflitos e é, nesse aspecto, dotada de muito poder,
pois exerce suas competências de tratar o fenômeno delitivo longe da supervisão direta
das instâncias que seriam as intervenientes subsequentes do sistema de persecução,
como ministério público, defensoria pública, poder judiciário.
• Cifra amarela: casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por
servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes
pela apuração.
• Cifra verde: delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhe-
cimento policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria.
• Cifra rosa: crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das autori-
dades.

Recurso Mnemônico

2.3.2. Teoria Behaviorista

Quando a Psicologia surgiu, havia forte preocupação com a análise da introspecção. Esse
era o viés estruturalista. Com o passar do tempo, ganhou força a visão funcionalista, compor-
tamental ou behaviorista, favorecendo a observação do comportamento. A partir de 1913 sur-
ge o Behaviorismo, liderado pelo psicólogo americano John Broadus Watson, que defendia que
o homem é um animal autômato. Muito influenciado pela Psicologia Animal e pela Filosofia
Objetiva e Mecanicista, o Behaviorismo defende que a Psicologia deve ser empírica e objetiva
e deve se ocupar unicamente de atos observáveis da conduta, que possam ser analisados
em termos de estímulo e resposta. Conhecendo-se a resposta, é possível predizer o estímulo.

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Conhecido o estímulo, é possível predizer a resposta. O objetivo da Psicologia Behaviorista é a


predição e o controle do comportamento.
Burrhus Frederik Skinner, na década de 1940, desenvolveu o behaviorismo radical. Segun-
do Skinner, existem dois tipos de comportamento: respondente e operante. Comportamento
respondente é a resposta comportamental suscitada por um estímulo específico e observável.
Por exemplo: vejo um prato de comida e começo a salivar e a sentir o estômago roncando.
O prato de comida é o estímulo para o meu comportamento. Já o comportamento operante
ocorre sem quaisquer estímulos externos observáveis. Por exemplo: estou assistindo a uma
aula e resolvo levantar a mão para fazer uma pergunta. Nenhum estímulo observável fez com
que eu erguesse a mão. Mas a partir do momento em que a pergunta é formulada, o ambiente é
modificado. Os efeitos dessa modificação agem novamente sobre mim: a professora recebeu
bem a pergunta ou fui ridicularizado, por ela ou pelos colegas, pelo meu questionamento? A
depender desses efeitos, altera-se a probabilidade de ocorrência futura semelhante.
No condicionamento operante, tem lugar um mecanismo de premiação de determinadas
respostas do indivíduo a certas situações. Esses reforços positivos fazem com que o indivíduo
fique condicionado a tomar certas atitudes. Nas experiências com ratos em laboratório, há
condicionamento operante, por exemplo, quando o animal, faminto, descobre que ao acionar
uma alavanca, recebe comida. A tendência é que o rato adquira o hábito de repetir o movimen-
to sempre que estiver com fome.
A abordagem mais eficiente de uma ciência do comportamento, segundo Skinner, é o estu-
do do condicionamento e a extinção dos comportamentos operantes não saudáveis.
Skinner, com a intenção de formular um programa de controle do comportamento – reforço
de certos comportamentos saudáveis e extinção de comportamentos operantes não saudáveis
–, analisou os problemas de aprendizagem e o papel da punição na aquisição de respostas.
Partindo de uma ideia mecanicista e determinista do comportamento humano – e, portanto,
afastando-se do conceito de livre-arbítrio –, pretendia usar o reforço positivo para condicionar
as atitudes humanas. O bom uso da ciência comportamental permitiria, para Skinner, que os
homens fossem felizes, bem-educados e produtivos. Não se trata de punir, mas sim de reforçar
positivamente o comportamento desejado, de cultivar nos homens comportamentos habituais
saudáveis.
A principal crítica que se faz à teoria de Skinner é que ela, ao se distanciar dos conceitos
de livre-arbítrio e de autodeterminação dos indivíduos, aniquilaria a dignidade da pessoa huma-
na e configuraria a transposição, para a sociedade, de experimentos laboratoriais realizados
com ratos.
O behaviorismo foi responsável pela aplicação da “tecnologia científica” ao campo da mo-
dificação do comportamento, notadamente de criminosos presos. Como exemplo, podem ser
citadas técnicas de modificação do comportamento que agem diretamente sobre o sistema
nervoso, normalmente irreversíveis como a psicocirurgia, aplicada no “tratamento” de crimino-

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sos violentos, as drogas, estimulação elétrica do cérebro, choques, castração química, tranqui-
lizantes. Na prática do sistema penitenciário dos Estados Unidos alguns programas de modi-
ficação de comportamento foram vistos, pelos próprios prisioneiros, como “psicogenocídio”.
As supostas técnicas de tratamento, em muitos casos, transformaram-se em formas extras
de punição.
Recurso Mnemônico

2.3.4. Teoria das Técnicas de Neutralização

A teoria da neutralização foi desenvolvida em um artigo publicado em 1957 por outros


dois criminólogos norte-americanos: David Matza e Gresham Sykes (também conhecido como
Grex). Eles se debruçaram sobre a criminalidade juvenil e defenderam que os delinquentes
não possuem outro sistema de valores, mas sim que compartilham do mesmo sistema de
valores da sociedade. Chegaram a essa conclusão ao observar que grande parte dos crimino-
sos: sentem culpa e vergonha após o crime; demonstram respeito às pessoas que obedecem
a lei; e são conscientes da ilegitimidade de seus comportamentos. Assim, além de terem que
aprender as técnicas de cometimento do delito, os delinquentes têm que aprender a neutralizar
o comportamento delitivo. Eles vão desenvolvendo racionalizações e justificações para neutra-
lizar a culpa que sentem ao violar um sistema de valores socialmente aceito.
São basicamente cinco as técnicas de neutralização empregadas:
• Negação da responsabilidade (não foi minha culpa): sua conduta é um acidente ou uma
consequência natural das circunstâncias ao redor (lares desestruturados, bairros violen-
tos);
• Negação da lesão (eu achava que não faria mal a ninguém): sua conduta são atos de
travessura inofensivos, tais como vandalismo, brigas de gangue, furto de uso.

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• Negação da vítima (ele teve o que merecia): sua conduta é uma punição à vítima, que
merecia o castigo. Esse raciocínio é empregado para justificar, por exemplo, crimes ho-
mofóbicos.
• Condenação dos condenadores (juízes e policiais são imbecis que implicam comigo):
sua conduta é hipocritamente reprovada por condenadores parciais e corruptos.
• Apelo à lealdade (eu fiz isso em defesa de algo maior): sua conduta se justifica por valo-
res éticos superiores, como o nacionalismo em crimes de terrorismo.

Recurso Mnemônico

DIAGRAMAÇÃO, RETIRAR SUBLINHADO VERMELHO DA PALAVRA.

2.3.5. Teoria da Aprendizagem Social

A Teoria da Aprendizagem Social foi desenvolvida por Albert Brandura, psicólogo canaden-
se, radicado nos EUA, contemporâneo a nós. Ela também pode ser denominada Teoria Social
Cognitiva.
Brandura analisou os comportamentos antissociais em adolescentes e percebeu que esse
tipo de conduta era influenciado em grande parte pelas atitudes dos pais em relação à agres-
sividade. Diferentemente dos behavioristas radicais, acredita que o indivíduo pode aprender
sem sofrer qualquer tipo de reforço. As pessoas podem aprender através da observação. A
esse aprendizado deu o nome aprendizagem observacional, vicariante ou, ainda, modelação.
Ela contém algumas etapas: Atenção; Retenção, Reprodução Motora; Motivação.
A aprendizagem social acontece a partir da interação entre a mente do aprendiz e o am-
biente ao seu redor. A educação se dá, portanto, pelo exemplo e por ações, mas sempre con-

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siderando, igualmente, o estado mental da pessoa aprendiz. Os modelos podem ser outras
pessoas (pais, professores, crianças) ou podem ser simbólicos (internet, televisão, jogos).

2.4. Teoria da Subcultura Delinquente


Essa teoria se desenvolveu a partir da obra Delinquent boys, publicada por Albert Cohen
em 1955. Para ele, toda sociedade é internamente diferenciada em numerosos subgrupos.
Esses subgrupos possuem maneiras de pensar e agir: que lhe são peculiares; que as pesso-
as somente podem adquirir participando desses grupos; e que alguém raramente deixará de
adquirir se for um participante verdadeiro do grupo. Essas culturas dentro das culturas são as
subculturas. Ele explica que a subcultura delinquente se tornou comum em certos grupos da
sociedade norte-americana, que são as gangues de meninos que floresceram visivelmente nos
bairros delitivos das grandes cidades americanas. Quando crescem, alguns membros de gan-
gues passam a cumprir as leis, enquanto outros se profissionalizam no crime, mas, indepen-
dentemente disso, a tradição delitiva é mantida viva pelos jovens que os sucedem nos grupos.
A subcultura delinquente surge como um meio de lidar com problemas de ajuste: certas
crianças e adolescentes não conseguem preencher os critérios do sistema de status respei-
tável na sociedade. A subcultura delinquente fornece outros critérios de status, esses, sim,
possíveis de serem alcançados por esses jovens, que são em sua maioria meninos da classe
baixa. Eles se juntam em grupos – as gangues – e nesses grupos praticam diversas atividades,
algumas delas delitivas.
A subcultura aceita alguns valores predominantes, mas também expressa sentimentos e
crenças exclusivos de seus grupos. A subcultura é, como se vê, bastante típica da juventude.

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Os grupos subculturais aceitam, por exemplo, que seus integrantes façam algazarra, vandalis-
mo, obscenidades. Os punks, skinheads, hooligans e as gangues são citados por Cohen como
exemplos de grupos de subcultura.
Um argumento central para a teoria da subcultura delinquente é a existência de diferenças
essenciais entre a criminalidade subcultural e a criminalidade em geral. A subcultura, típica
das gangues, valoriza o não utilitarismo, a malícia, o negativismo, a versatilidade, o hedonismo
de curto prazo e a autonomia de grupo:
• Não utilitarismo: eles cometem furtos não como uma atitude racional e utilitária. Eles
roubam porque estão a fim, sem qualquer consideração sobre lucro ou ganho, mas sim
porque é uma atividade que implica renome, satisfação e valentia naquele grupo. Não
há explicação racional ou utilitária para o esforço que se emprega e o risco que se corre
em roubar coisas que muitas vezes acabam sendo descartadas, destruídas ou doadas;
• Malícia: por toda parte, há um tipo de malícia aparente, um prazer no desconforto alheio,
um deleite em desafiar tabus, uma hostilidade gratuita direcionada aos adultos e a quem
não é da gangue;
• Negativismo: a subcultura delinquente não é apenas um conjunto de regras que é dife-
rente ou em conflito com as normas dos adultos respeitáveis da sociedade. Ela é defini-
da por sua polaridade negativa em relação a essas normas. A subcultura pega empres-
tadas as normas da cultura geral e as vira de ponta cabeça. A conduta do delinquente
é correta pelos padrões de sua subcultura exatamente porque ela é errada segundo as
normas da cultura geral.
• Versatilidade: não há uma tendência à especialização. As gangues cometem furtos, van-
dalismo, danos, invasão de domicílio, com vítimas as mais variadas.
• Hedonismo de curto prazo: não há interesse em metas de longo prazo, atividades plane-
jadas ou que envolvam conhecimento e habilidade que somente possam ser adquiridos
com tempo de estudo, dedicação e prática. Os membros das gangues apenas se reú-
nem em alguma esquina sem nenhuma atividade específica em mente.
• Autonomia de grupo: as relações entre os membros da gangue tendem a ser solidárias
e prementes. As relações com outros grupos tendem a ser indiferentes, hostis ou rebel-
des. Para eles, as gangues são um foco irresistível de atração, lealdade e solidariedade,
e é exatamente isso que é a essência da subcultura.

Por ter focado na criminalidade juvenil dentro desses grupos de meninos, uma das críticas
mais frequentes que a teoria da subcultura recebe é exatamente a de não ter conseguido for-
necer uma explicação mais abrangente da criminalidade.
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Quadro sinóptico das teorias do consenso


Teoria Autores Ideia Principal
Émile Durkheim
Crime é normal e útil, a não ser quando
(fim séc. XIX)
Anomia ultrapassados certos limites
Robert Merton
Descompasso entre meios e objetivos
(1938)
Robert Park
Ernest Burgess
Desorganização social das grandes cidades
Escola de Chicago Clifford Shaw
Controle social informal enfraquecido
Henry McKay
(1920-1930)
Edwin
Associação Crime é aprendizado
Sutherland
Diferencial Crime do colarinho branco
(1940)
Skinner (déc. Reforço positivo do comportamento
Behaviorista
1940) desejado
David Matza Delinquentes aprendem a neutralizar a
Aprendizado Técnicas de
Gresham Sykes culpa que sentem ao violar um sistema de
Neutralização
(1957) valores socialmente aceito.
Pessoas aprendem através da observação.
Aprendizagem observacional, vicariante
Aprendizagem
Albert Brandura ou modelação contém algumas etapas:
Social
Atenção; Retenção, Reprodução Motora;
Motivação.
Gangues são subculturas delinquentes
Albert Cohen Não utilitarismo da ação, malícia,
Subcultura Delinquente
(1955) versatilidade, negativismo, hedonismo de
curto prazo e autonomia de grupo

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3. Teorias do Conflito
Antes de mais nada, vamos recordar que os teóricos do conflito partem do pressuposto de
que há força e coerção na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de uns e
sujeição de outros. A sociedade está sempre sujeita a processos de mudança e cada elemento
da sociedade contribui, de certa forma, para sua desintegração. Para essas teorias, o crime faz
parte da luta pelo poder.
As teorias do conflito alteram profundamente a maneira de pensar as questões crimino-
lógicas. Alessandro Baratta, um dos principais teóricos da Criminologia crítica, explica que a
Criminologia consensual tradicional (e o Direito Penal) sempre se baseou em duas ideias: o
princípio do interesse social e o princípio do delito natural.
Para o princípio do interesse social, o núcleo central dos delitos previstos nos códigos re-
presenta ofensa aos principais interesses fundamentais da sociedade. A ideia de delitos natu-
rais defende a existência de crimes contra os quais toda sociedade civilizada se defende, inde-
pendentemente de época ou cultura. Assim, para a ideologia penal oficial e para a Criminologia
tradicional, a criminalidade é uma qualidade objetiva, ontológica de certos comportamentos.

As provas gostam de perguntar sobre a ontologia da criminalidade. Em linhas gerais, podemos


dizer que a ontologia estuda a natureza do ser, da existência, da realidade. Quando a Criminolo-
gia começa a debater se o crime existe ontologicamente, quer saber se ele existe por si próprio,
ou seja, se algumas condutas podem ser consideradas essencialmente criminais, objetiva-
mente criminais. Baratta explica que a Criminologia tradicional, em linhas gerais, acreditava
que sim. A Criminologia do conflito questiona esse postulado, pois para ela o crime não existe
ontologicamente. Ele possui natureza definitorial: as condutas não são criminosas em si mes-
mas, mas são definidas como criminosas em virtude de complexos processos de interação,
dominação e seleção. Ou seja: as condutas são consideradas criminosas porque alguém ou
alguma instituição define que elas são criminosas.

Além de acreditar na ontologia do crime, a Criminologia tradicional parte de um ideal de


homogeneidade dos valores e interesses protegidos pelo direito penal.
Esses princípios, do interesse social, do delito natural e da homogeneidade de valores, são
negados pelos teóricos do conflito. Para a Criminologia do conflito, a criminalidade não é uma
qualidade ontológica, mas um status social atribuído por meio de processos de definição e
mecanismos de reação. Ou seja, o crime não existe antes de um sistema de reação (Polícia,
Ministério Público, Poder Judiciário) defini-lo como tal. O foco das teorias criminológicas se
desloca da criminalidade (já que ela não existe por si própria) para os processos de criminali-
zação (que definem uma conduta como criminosa).

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As teorias do conflito possuem forte tradição nos Estados Unidos, sobretudo em virtude
do contexto social de pós-guerras, em que disputas internas (raciais, de classe, de desempre-
go, de marginalização, estudantis, feministas) assumiram prevalência se comparadas a con-
flitos externos. Elas partem do pressuposto da existência, na sociedade, de uma pluralidade
de grupos e subgrupos que, eventualmente, apresentam discrepâncias em seus valores. Para
as teorias do conflito, portanto, a sociedade não é monolítica, unitária. Ela está em constante
mudança, cenário que é decorrente de visões diferentes de uma mesma situação por grupos
antagônicos que coexistem.
Assim, para as teorias do conflito, não é o contrato social que garante a manutenção do
sistema e que faz com que os grupos sociais evoluam. Esses papeis devem ser – e são –
atribuídos ao conflito. É, portanto, o conflito que promove as alterações necessárias para o
desenvolvimento dinâmico da sociedade. Por isso, diz-se que essas teorias são progressistas,
e não conservadoras.
Os teóricos do conflito demonstram, por exemplo, que o sistema penal trata os suspeitos
de forma diferenciada com base em sua raça, etnia ou classe social, já que a sociedade não
é hegemônica e que os agentes do controle social e outros grupos poderosos podem impor
definições de desvio que atendem a seus objetivos10.
Os principais postulados da Criminologia conflitual são:
• A ordem social da sociedade industrializada não tem por base o consenso, mas sim o
conflito;
• O conflito não é patológico, senão a expressão da própria estrutura e dinâmica da mu-
dança social;
• Os interesses protegidos pelo direito penal não são interesses comuns a todos os cida-
dãos;
• O Direito representa os valores e interesses das classes ou setores sociais dominantes;
• O crime é uma reação à desigual e injusta distribuição de poder e riqueza na sociedade;
• A criminalidade é uma realidade social criada por meio do processo de criminalização;
• A criminalidade e o direito penal têm natureza política.

Com esses postulados, já adiantamos como pensam as escolas do conflito. Vamos, agora,
analisar especificamente cada uma delas. Ao final da aula, falarei brevemente sobre a Crimino-
logia cultural, que é um desenrolar mais contemporâneo da Criminologia crítica e que começou
a aparecer em algumas provas.

3.1. Labelling Approach


Essa é uma teoria bastante cobrada em provas. Dedique bastante atenção a ela. Ela tam-
bém é conhecida como:
10
SCHAEFER, Richard T. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre, AMGH Editora LTDA, 2014, p. 267.

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• teoria da rotulação;
• teoria do etiquetamento;
• teoria da reação social;
• teoria interacionista;
• interacionismo simbólico.

Você deve estar lembrado(a) de que, ao longo das nossas aulas, venho falando pouco a
pouco dessa teoria. Já na nossa primeira aula, eu disse que o controle social formal se conso-
lidou como objeto da Criminologia justamente em virtude dessa escola, que floresceu a partir
dos anos de 1960, nos Estados Unidos.
Rompendo com o ideal consensual de sociedade, o labelling propugnava que estudar a
realidade social implicava estudar os processos de interação individual ocorridos no seio da
própria sociedade. Isto é, não se pode compreender o crime prescindindo do entendimento
da própria reação social. Por isso se diz que um dos postulados da teoria é o interacionismo,
ou interacionismo simbólico, ou construtivismo social. A desviação não é uma qualidade in-
trínseca da conduta, mas um atributo que lhe é conferido por meio de complexos processos
de interação social. É decisivo, então, para compreender o crime, analisar como funcionam os
mecanismos sociais que atribuem o status de delinquente a alguém.
Conforme os teóricos interacionistas, para cada uma das ações desviadas é possível en-
contrar inúmeras ações similares que não serão rotuladas de criminosas, por não serem leva-
das em consideração ou por não se apresentarem de maneira evidente como desviadas. Dian-
te de cada fato, as instituições atuam como filtros, definindo sua natureza. Frente às condutas
humanas, portanto, as agências formais de controle social atuam como uma grande peneira, a
separar quais devem ser etiquetadas como criminosas e quais não merecem o rótulo.
Assim, o labelling approach reconhece o caráter constitutivo do controle social formal, con-
siderado instrumento seletivo e discriminatório. Deixa-se de questionar por que um indivíduo
comete crimes, e passa-se a indagar a razão de certa conduta ser etiquetada com o rótulo de
desviada. O labelling approach abandona o paradigma etiológico (busca da causa do crime),
substituindo a busca das causas da criminalidade pela análise das reações das instâncias
oficiais de controle social. Nesse questionamento, as agências de controle social adquirem
enorme importância e passam a ser estudadas criteriosamente. Se hoje é comum que haja
capítulos sobre a polícia, o Ministério Público, as instituições prisionais, o sistema judiciário
nos livros e manuais de Criminologia, isso, em grande parte, deve-se ao paradigma de controle
inaugurado pelo labelling approach, que tanto valor atribuiu aos respectivos papéis na consti-
tuição do delito.
O labelling defende que os estudiosos defendem a adoção da introspecção simpatizante,
isto é, a aproximação da realidade criminal para compreendê-la a partir do ponto de vista do
delinquente, tentando entender qual é o seu ponto de vista.

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Há, portanto, uma importante quebra de paradigma na Criminologia. A Criminologia deslo-


ca o problema do plano da ação (conduta criminosa) para o plano da reação (controle social).
Ela deixa de analisar os bad actors e passa a enfocar nos powerful reactors. A pergunta não é
mais: por que alguém comete um crime? A pergunta passa a ser: por que algumas condutas
são selecionadas como criminosas pelos poderosos filtros de seleção do sistema criminal?

Howard Becker

Um dos principais autores do labelling approach é o norte-americano Howard Becker, da


Universidade de Chicago.

 Obs.: os interacionistas, como Becker, evitam termos tradicionais como crime, criminoso,
bandido, dada a carga valorativa pejorativa que possuem. Preferem utilizar a nomen-
clatura deviance, que podemos traduzir como desviação. A conduta desviante é criada
pela sociedade, ao reagir a certas práticas, rotulando-as.

Em seu livro Outsiders: Studies in the Sociology of Deviance, de 1963, Becker relata o resul-
tado da análise de grupos de usuários de maconha e de músicos de jazz que fez na década de
1950. Ele explica que todos os grupos sociais constroem suas próprias regras. A pessoa que
quebras essas regras não é aceita como membro de um grupo. Ela é considerada uma estra-
nha, ou melhor, é etiquetada como outsider, e começa, a partir daí, a sofrer um processo de es-
tigmatização. O quanto alguém é considerado um outsider varia de caso a caso. Por exemplo:
uma pessoa que infringe as regras de trânsito é, em geral, menos outsider que um assassino
ou estuprador.
Becker defende que quando perguntamos “por que alguém quebra as regras?” ou ainda “O
que essas pessoas têm de especial que as leva a fazer coisas proibidas?”, estamos: aceitando
que há algo inerentemente desviante nesses atos que quebram as regras; partindo do pressu-
posto de que essa pessoa possui características que a levem a fazer isso; e, mais do que tudo,
aceitando os valores do grupo que faz o julgamento. Ao fazer isso, podemos deixar de fora
uma variável importante, que é exatamente esse processo de julgamento.
As regras são o produto da iniciativa de alguém e Becker denomina essas pessoas moral
entrepreneurs, ou seja, empreendedores morais, e aí se encaixam tanto aqueles que fazem as
regras como aqueles que as aplicam.
Dentre os criadores de regras existem os reformistas de cruzada moral (moral crusading re-
former ou moral crusader). Aqui, ele emprega o termo cruzada referindo-se às cruzadas medie-
vais em nome de Deus. Esses reformistas, explica Becker, estão preocupados com um mal (o
crime), que tem que ser eliminado a todo preço. Eles acreditam que a missão deles é sagrada
e querem, a todo custo, forçar a moral deles para outros grupos de pessoas. Nesse processo,
preocupam-se mais com os fins do que com os meios. É comum que os reformistas requeiram

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o serviço de um profissional que possa redigir e embasar apropriadamente uma minuta de


projeto de lei. Becker cita especificamente que juristas costumam fazer esse papel e que cada
vez se torna mais comum que psiquiatras sejam empregados em alguma parte do processo. O
reformista moral passa essa parcela técnica do trabalho – que não lhe interessa – nas mãos
dos outros, e parte para a descoberta de um novo mal que ele possa resolver. Ele se torna um
descobridor profissional de erros a serem corrigidos, de situações que necessitam de novas
leis. Os crusaders que têm sucesso, criam novas regras e, com isso, novos grupos de outsiders.
Dentre os aplicadores da lei (rule enforcer), temos a força policial, que é o resultado final
de uma cruzada moral. A existência de leis a serem aplicadas dá aos policiais um trabalho,
uma profissão. Então, a polícia dedica-se a demonstrar que o problema de infrações às leis de
fato existe e é um problema sério. Eles insistem muito na existência do problema, já que isso
fornece uma boa razão para a manutenção da posição que eles ocupam. No trabalho policial,
é importante ganhar respeito da população e isso, explica Becker, significa que uma pessoa
pode ser etiquetada como desviante não por ter efetivamente desrespeitado uma lei, mas por
ter mostrado falta de respeito com os policiais. Existe uma enorme margem de discricionarie-
dade no trabalho policial: o policial estabelece prioridades, pois sabe que não pode lidar com
o todo o mal que encontra. Assim, os enforcers aplicam as leis e criam outsiders de maneira
seletiva. Para que uma pessoa que cometeu uma desviação seja etiquetada como desviante,
muitos fatores estranhos ao seu comportamento são levados em consideração, tais como: se
o policial acha que deve agir naquele momento; se o ofensor mostrou deferência ao policial; se
o desviante conta com a ajuda de algum facilitador (um advogado ou um parente influente, por
exemplo); se o policial tem aquela conduta em sua lista de prioridades etc.
Nos grupos e organizações, explica Becker, existe conflito político. As decisões sobre quais
regras devem ser criadas, quais condutas devem ser consideradas desviantes e quais pessoas
devem ser etiquetadas como outsiders são, em sua visão, decisões políticas.
Por tudo isso, ele entende que a desviação é criada pela sociedade. Vamos ver textualmen-
te o que ele diz, em tradução livre:

Essa visão sociológica que eu acabei de discutir define a desviação como a infração de regras sobre
as quais há acordo. (...) Parece-me que essa suposição ignora o fato central sobre a desviação: ela
é criada pela sociedade. E eu não quero dizer com isso aquilo que é normalmente compreendido, ou
seja, que as causas da desviação estão localizadas na situação social do desviante (...). Ao contrá-
rio, eu quero dizer que os grupos sociais criam a desviação fazendo regras cuja infração constitui a
desviação, e aplicando essas regras para pessoas em particular e etiquetando-as como outsiders. A
partir desse ponto de vista, a desviação não é uma qualidade do ato que a pessoa comete, mas uma
consequência da aplicação, pelas outras pessoas, de regras e sanções para um ofensor. O desviante
é alguém em quem aquela etiqueta foi aplicada com sucesso; o comportamento desviante é um
comportamento que é assim etiquetado pelas pessoas11.

11
BECKER, Howard S. Outsiders: Studies in the Sociology of Deviance. Nova Iorque: The Free Press, 1963, p. 9.

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Assim, se a desviação é uma consequência da resposta dos outros ao ato de alguém, não
podemos supor que haja homogeneidade no grupo dos etiquetados como desviantes. Nem
todos que foram etiquetados, infringiram uma regra. E nem todos os que quebraram regras, fo-
ram etiquetados. Não é possível, então, ficar procurando traços de personalidade ou situações
de vida que expliquem a desviação. O importante, para Becker, é entender a desviação como
o produto de uma transação que ocorre entre um grupo social e aquele que é visto por esse
grupo como um transgressor (rulebreaker).
No processo de estudo da desviação, não devemos encará-la como algo depravado ou
como algo muito diferente das demais condutas. A desviação é apenas um tipo de compor-
tamento que algumas pessoas desaprovam, enquanto outras valorizam. O correto é tentar
entender o processo pelo meio do qual ambas as perspectivas são construídas e mantidas, e
aí reside a importância de manter contato próximo com os objetos de estudo.
Para Becker, as pessoas de classe média com padrão mínimo de bem-estar e conforto não
seguem os impulsos criminais que todos têm por que elas teriam muito a perder: os laços es-
treitos com amigos e parentes; o emprego; a carreira estudantil; o conforto. Quem, no entanto,
não tem muito a perder, pode se arriscar.
E praticado o ato inicial, explica Becker, começam as cerimônias degradantes, que são
processos desmoralizantes a que é submetido o réu e que atingem sua autoestima. Tem iní-
cio, também, o processo de estigmatização. A sociedade seleciona essa etiqueta – criminoso,
ladrão – para designar o indivíduo, mesmo que ele só tenha gastos alguns minutos da sua
existência praticando o crime.
Estigmatizado e segredado da sociedade, o delinquente se aproximará de outros crimino-
sos e acabará se identificando com eles pela situação de vida em que se encontram. Começa,
então, o processo de desviação secundária: novos atos desviantes são cometidos como fruto
do processo de reação social à desviação primária. O agente mergulha no papel de delinquen-
te, num processo que se chama de role engulfment, e tem início sua carreira criminal. A profe-
cia se autocumpre: tanto diziam que ele era um criminoso, que agora de fato o é.
Becker demonstra que os estudos interacionistas fazem com que os sociólogos percebam
que um grupo muito maior de pessoas e eventos têm que ser levados em consideração no
estudo da desviação. Nesse sentido, a desviação é um ato coletivo. É preciso, diz ele, estudar
o acusado, mas também o acusador. É preciso considerar que há pessoas, situações ou atos
suficientemente poderosos ou legitimados a impor definições (a colar as etiquetas). E ao fazer
isso, ou seja, ao tornar os empreendedores morais objetos de estudo, os estudos interacionis-
tas violam a hierarquia de credibilidade da sociedade, pois questionam o monopólio da verda-
de sobre a desviação. É mais ou menos como se, pela primeira vez, a Criminologia colocasse
em dúvida a palavra da Polícia, do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Administração
Penitenciária. Por isso, diz-se que o labelling inaugura um paradigma novo na Criminologia,
aquilo que em nossa terceira aula chamamos de Modelo da Reação Social.

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Erving Goffman

Outro nome de peso no labelling approach é o do canadense Erving Goffman, que realizou
suas pesquisas nos Estados Unidos. É autor, entre outros, de Estigma: Notas sobre a Manipula-
ção da Identidade Deteriorada, de 1963, e Manicômios, Prisões e Conventos, de 1961, livros em
que se debruçou sobre a questão prisional.
Ele introduziu o conceito de instituição total que são aquelas que, como é o caso do cárce-
re, possuem barreiras à relação com o mundo externo simbolizadas por portas fechadas, pa-
redes altas, arame farpado, fossos, água, florestas ou pântanos. Nas instituições totais, todos
os aspectos da vida do condenado são realizados no mesmo local, sob uma autoridade única
e diante de um grupo de pessoas razoavelmente grande. Há horário, padrão e sequência para
as atividades. Caso a permanência do condenado na instituição total seja longa, começa a ter
lugar um processo gradativo de desculturamento: humilhações, rebaixamentos, degradações
pessoais e profanações do “eu”. O “eu” civil é mortificado e a pessoa começa a passar por mu-
danças radicais em sua carreira moral, composta pelas progressivas mudanças que ocorrem
na crença que os outros têm a seu respeito.
A mortificação da pessoa começa por meio de medidas do processo de admissão, que é
um rito de passagem onde ocorre: a perda do nome; a atribuição de um número de prontuário; a
privação dos pertences pessoais; a adoção de um uniforme padrão; as medições pelo departa-
mento médico; as agressões físicas que recebe dos superiores e de colegas mais antigos etc.
Além desse rito inicial, o interno tem que se adaptar à nova vida, adotando novas posturas,
nova linguagem, assumindo novos papeis de submissão e inferioridade, desempenhando tra-
balhos obrigatórios que muitas vezes são vistos como inúteis, se encaixando em regras que
disciplinam minúcias da sua vida.
Goffman fala em exposição contaminadora: trata-se da dissolução da fronteira entre o ser
e o ambiente. O interno não consegue ter sua intimidade preservada. Tudo que ele faz é obser-
vado e registrado em um dossiê. E são comuns queixas de alimento sujo, locais em completa
desordem, pertences impregnados com o suor de outras pessoas, instalações sujas para o
banho. Além disso, são frequentes exames na pessoa do interno e em seu dormitório, violando
a intimidade e o território do “eu”.
Por tudo isso, as instituições totais são fatais para o eu civil do internado, diz Goffman.
Importante explicar que quando fala em instituições totais, Goffman não estava se referindo
somente a prisões, mas também a quartéis, asilos para idosos, claustros religiosos, abrigos
para órfãos, hospitais para doentes mentais, campos de concentração, internatos e tantas ou-
tras instituições em que há barreira social com o mundo externo e proibições à saída.
A pessoa institucionalizada é alguém inadaptada para o convívio em sociedade, exatamen-
te por se identificar com a instituição na qual está recolhida, e estigmatizada. Os egressos do
sistema penitenciário têm, pelo resto de suas vidas, sua ocupação laboral e sua localização
geográfica determinada pela participação na instituição total. A estadia na prisão orienta o
pertencimento ao ambiente da comunidade do submundo, de modo que isso tem efeitos em
toda a existência do ex-interno.

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Implicações político-criminais

No plano político-criminal, as teorias interacionistas propuseram a política dos 4 Ds:


• Descriminalização: como a reação social causa mais criminalidade, é prudente deixar de
considerar certas condutas como criminosas para diminuir os problemas de estigmati-
zação e ingresso na carreira criminal;
• Diversão: é necessário diversificar a resposta aos problemas da sociedade, para que se
utilize menos a resposta penal, dados os males que ela causa;
• Devido processo legal: as regras do processo legal precisam ser estreitamente respeita-
das para que o indivíduo seja tratado pelos mecanismos de controle social formal com
respeito e dignidade;
• Desinstitucionalização: os presídios são instituições totalizadoras que provocam a mu-
tilação do “eu” e a inadaptabilidade para o convívio social, de modo que deve ser dada
preferência, quando possível, a penas alternativas à prisão12.

A reforma penal brasileira de 1984, com a instituição do regime progressivo de cumpri-


mento da pena privativa de liberdade e a adoção de penas substitutivas, pode ser citada com
um reflexo das ideias de desinstitucionalização do labelling em nosso ordenamento. O mesmo
vale para os dispositivos da Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/1984) que ensejam o contato
do preso com o mundo exterior; e para a Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei n.
9.099/1995), que elimina da esfera penal vários crimes e adota postura descarcerizadora.
Recurso Mnemônico

12
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2ª ed. São Paulo: RT, 2008, p. 271.

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3.2. Criminologia Crítica


Também chamadas de Nova Criminologia, Criminologia Radical ou, ainda, Criminologia
Dialética, as teorias de Criminologia Crítica nascem na década de 1970 com forte apelo às
ideias de Karl Marx. Para os autores críticos, há relação direta entre o modo de produção ca-
pitalista e o funcionamento dos modos punitivos. Não se trata mais de descobrir as razões
da delinquência ou de lutar contra o crime, mas sim de abolir as desigualdades sociais para
equacionar o fenômeno delitivo.
Além de Marx, outra fonte de inspiração para os teóricos críticos é a Escola de Frankfurt,
fundada em 1924, na Universidade de Frankfurt na Alemanha. A teoria crítica dos filósofos ale-
mães se opõe à teoria tradicional por não ser neutra, por analisar as condições sociopolíticas
e econômicas e buscar alterá-las.
As teorias críticas são dotadas de forte práxis (atividade prática, em oposição à mera te-
oria), ou seja, elas querem não apenas denunciar as situações de desigualdade, mas também
alterá-las profundamente.
Na Criminologia Crítica, a própria Criminologia, como vinha sendo desenvolvida tradicional-
mente, passa a ser objeto de estudo. A Criminologia passa a questionar qual deve ser o objeto
e qual deve ser o papel da investigação criminológica. Os teóricos críticos não querem defen-
der a sociedade do crime, mas sim defender os indivíduos da sociedade capitalista.
A Criminologia Crítica surgiu nos Estados Unidos, sobretudo com o pensamento de William
Chambliss, e logo se espalhou para outros países, difundindo a ideia de realizar uma reflexão
analítica sobre o real funcionamento do poder e das instituições de controle social. Essas
teorias opõem-se ao positivismo, que focava sua análise no delinquente, e demandam que o
Estado, que até então não era objeto da Criminologia, passe a sê-lo. Para a Criminologia Críti-
ca, portanto, deve-se contestar a função conservadora do status quo que a Criminologia vinha
realizando até o seu surgimento.
Para as teorias marxistas, o crime é um produto histórico, patológico e contingente da so-
ciedade capitalista. Na ordem social, classes antagônicas se confrontam. Uma dessas classes
se sobrepõe e explora a outra, utilizando, para isso, o direito penal e a justiça. Desse modo, o
sistema legal é um instrumento a serviço da classe dominante para oprimir a classe trabalha-
dora. A justiça penal possuiria administradores: os funcionários públicos não estão lá para
lutar contra o crime, mas sim para realizar a administração do fenômeno, recrutando a popula-
ção desviada dentre as classes trabalhadoras que são sua clientela habitual. Por isso fala-se
que é necessário formular uma definição proletária de crime.
A Criminologia Crítica, em certa medida, produz um retorno ao determinismo, mas agora
não um determinismo biológico, como dos positivistas. Trata-se de um determinismo eco-
nômico-social, que deriva do modo de produção desigual do capitalismo. Aqui, no entanto,
costuma-se dizer que não há um determinismo tão rígido como aquele do século XIX, pois

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compreende-se que nem todos os marginalizados sociais cairão na engrenagem penal. Por
isso, nas provas, algumas bancas falam em determinismo econômico e social (Cebraspe, por
exemplo), enquanto outras (MPE-GO, por exemplo) defendem que existe livre-arbítrio, ou seja,
que os indivíduos são livres e escolhem o caminho da desviação como solução das contradi-
ções capitalistas.
Em resumo, para a Criminologia Crítica não é possível fazer Criminologia sem questionar
os processos de criação da lei penal de acordo com os interesses da classe dominante (cha-
mados processos de definição) e os processos discriminatórios de aplicação da lei em prejuí-
zo das classes oprimidas (chamados processos de seleção).
Do ponto de vista metodológico, a Criminologia Crítica se distancia das técnicas das ciên-
cias sociais. Não aceitam investigações puramente empíricas. Preferem o método histórico-a-
nalítico, em que são analisadas as agências de controle social da sociedade capitalista. Assim,
por exemplo, no lugar de pesquisas estatísticas e empíricas, nascem pesquisas analíticas,
descritivas, situacionais, que consideram a historicidade da situação social.
São considerados postulados da Criminologia crítica:
1. Fundamento conflitual da desviação: a criminalidade surge em resposta a um con-
flito social;
2. Máxima relevância da desviação secundária: a consideração de que as instâncias de
controle social impulsionam processos de etiquetamento e estigmatização;
3. Justiça de classe: a justiça é seletiva e discriminatória, recrutando sua clientela dos mais
baixos estratos sociais;
4. Atitude empática em relação ao desviado: apreço em relação ao criminoso comum e
atitude hostil e beligerante com o delinquente poderoso;
5. Abolicionismo: descrença no papel desempenhado pelas instâncias de controle so-
cial formal.

William Chambliss

William Chambliss é o principal nome da Criminologia Crítica nos Estados Unidos. Autor
de Law, Order and Power, de 1971, foi ao mesmo tempo pioneiro e sistematizador da Crimi-
nologia Crítica em seu país. Resumidamente, Chambliss explica que as ciências sociais são
dominadas por duas grandes perspectivas de trabalho: o modelo funcional, ligado ao trabalho
de Durkheim, e o modelo dialético, derivado da obra de Karl Marx.
Para a visão funcionalista, o crime ofende a moralidade do povo, mas é útil porque une e
concentra as consciências íntegras. Assim, o crime estabelece e preserva os limites morais da
comunidade. É o típico pensamento de Durkheim.
Para a visão dialética, os atos são criminosos porque é do interesse da classe dominante
assim defini-los. A rotulação de pessoas como criminosas serve aos interesses da classe do-
minante. É o típico pensamento derivado de Karl Marx.

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Para compreender qual modelo explica mais corretamente a distribuição do comporta-


mento criminoso, Chambliss analisa e compara a aplicação de leis criminais na Nigéria e nos
Estados Unidos, países que herdaram o direito consuetudinário britânico. Ele utiliza o método
de observação participante e de aplicação de entrevistas de informantes de todo os aspectos
do direito criminal: criminosos, prostitutas, policiais, empresários, servidores públicos etc.
Analisando especificamente dados de Ibadan (Nigéria) e Seattle (EUA), ele percebe que em
ambos os países muitas leis são sistematicamente violadas impunemente por aqueles que
detêm os recursos políticos e econômicos da sociedade.
Em Ibadan, a sistemática de suborno e propinas era virtualmente universal e contribuía de-
cisivamente para o florescimento de um grande e altamente lucrativo comércio de vícios, como
jogatina, prostituição e bebida. Quadrilhas de ladrões profissionais operavam impunemente
em virtude de suas ligações com a polícia. No gueto do grupo étnico Hausa, por exemplo, havia
poucas prisões, não obstante a existência dos mais eficientes grupos de ladrões profissionais.
Um sistema individual de pagamento de extorsões estava em funcionamento. Ia preso, na Ni-
géria, quem não dispunha de dinheiro ou influência política para eliminar a acusação criminal.
Em Seattle, as mesmas práticas eram verificadas. Prostituição, jogo, agiotagem, drogas,
contrabando de bebida e mercado de apostas ocorriam com a conivência dos policiais e políti-
cos da cidade, que mantinham uma relação simbiótica com os responsáveis por organizar es-
sas atividades. Subornos e comércio de licenças governamentais eram práticas corriqueiras.
A parte nipo-americana da cidade – em paralelo ao que ocorria no gueto Hausa – apresentava
alto índice de crimes não computados nas estatísticas oficiais. Mas na comunidade nipo-ame-
ricana o sistema de pagamento de extorsões, que operava cotidianamente, era comunitário, e
não individual.
Chambliss conlui, então, que o modelo dialético explica bem o fenômeno:

A mais óbvia conclusão é que esses sistemas de aplicação da lei não eram organizados para reduzir
o crime ou para reforçar a moralidade pública. Eles eram antes organizados para dirigir o crime pela
cooperação com os grupos mais criminosos e aplicando as leis contra aqueles cujos crimes eram
uma ameaça mínima para a sociedade. Fazendo isto, os aplicadores da lei acabam como produto-
res do crime. Por prometer lucros e segurança àqueles criminosos que se envolvem em atividades
criminosas organizadas, das quais os sistemas políticos e legais podem se beneficiar, as práticas
da aplicação da lei produzem o crime por selecionar e encorajar a perpetuação das carreiras crimi-
nosas.13

Taylor, Walton e Young

Ian Taylor, Paul Walton e Jock Young, em seus livros A nova Criminologia, de 1973, e Crimi-
nologia crítica, de 1975, criticam as posturas tradicionais da Criminologia do consenso. Defen-
13
CHAMBLISS, William. A Economia Política do Crime: um estudo comparativo da Nigéria e dos Estados Unidos. In:
TAYLOR, Ian; WALTON, Paul; YOUNG, Jock (Orgs.) Criminologia crítica. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1980, p. 218.

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dem que o fenômeno criminal depende do modo de produção capitalista: a lei penal nada mais
é do que uma superestrutura dependente da infraestrutura do sistema de produção. O direito
não é uma ciência, mas uma ideologia que deve ser analisada no contexto de luta de classes.
Aceitar a definição burguesa de crime equivale a aceitar a ficção da neutralidade do direito.
A sociedade criminaliza atividades desenvolvidas a partir das contradições de sua eco-
nomia política. Por isso, é necessário superar a Criminologia Fabiana, ou o Fabianismo da
Criminologia.

 Obs.: Obs. O Fabianismo foi um movimento político e ideológico criado na Inglaterra em


1883. Possui caráter democrático, socialista, reformista, porém não -marxista. Em
resumo apertado, para o Fabianismo, o Estado não é um organismo de classe a ser
tomado, mas um aparelho para ser usado para promover gradualmente o bem-estar.
O nome do movimento foi inspirado no Cônsul romano Fábio Máximo, que vencia as
batalhas gradualmente, sem ataque direto. O Fabianismo acabou se tornando sinô-
nimo de socialismo moderado, em que se defende: geração de emprego a partir de
investimentos públicos; legislação social de amparo aos trabalhadores; estatização de
setores da economia; sistema fiscal distributivo etc.

Taylor, Walton e Young explicam que a meritocracia é uma falácia, porque as pessoas par-
ticipam do jogo capitalista com fortes desigualdades de acesso. O Fabianismo, criticam eles,
reconhecia isso, mas, em lugar de tentar destruir esse sistema, empenhava-se em racionalizar
a meritocracia, tentando dar condições iguais de acesso ao jogo capitalista. Para eles, o Fabia-
nismo tentou o impossível: criar uma sociedade verdadeiramente meritocrática sem transfor-
mar as relações de propriedade que trabalhavam continuamente para obstruir o igualitarismo
competitivo. Nessa tentativa de conceder igualdade de condições, o Partido Trabalhista inglês,
na época do pós-guerra, engajou-se em compromissos de bem-estar social e recrutou, para
isso, exércitos da classe média, como peritos, professores e assistentes sociais. As agências
de assistência social proliferavam, com a missão de ajudar aqueles cuja vida familiar os inca-
pacitasse de participar na luta meritocrática. A preocupação primária era atacar a privação e
os fatores sociais e ambientais, que estavam, aliás, na base da criminalidade.
Ocorre que essas agências de saneamento (as instituições de assistência social) se valiam
de tratamentos que, apesar de descritos como de interesse do próprio cliente, resultavam em
espirais de rotulações espúrias, posterior internamento e canalização irreversível de indivíduos
em direção a carreiras na prisão, em hospitais psiquiátricos e em áreas marginais. Ou seja, a
assistência social refletia a ideologia da cúpula: é necessário estimular o ajuste, encorajar a boa
cidadania. Com isso, a assistência social ajudava a canalizar contingentes da população rumo
a carreiras na prisão. Segundo Taylor, Walton e Young, a Criminologia ortodoxa dessa época
era uma tentativa de corrigir e controlar os piores excessos de um sistema judicial conservador

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punitivo e repressivo, com melhoramento do ambiente e fortalecimento da assistência social.


A Criminologia tradicional, portanto, chancelava o sistema judicial, sem tentar alterá-lo.
A Criminologia Crítica, por sua vez, é uma tentativa de realçar os excessos do sistema
de controle social que substitui cuidado por punição. Não se trata, nesse novo enfoque, de
dar condições de igualdade para jogar o jogo meritocrático. O enfoque radical é um enfoque
materialista, ou seja, de uma Criminologia que esteja normativamente comprometida com a
abolição de desigualdades em riqueza e poder e de uma sociedade em que não se criminalize
tudo aquilo que é diferente. É preciso questionar não somente as causas dos crimes, mas tam-
bém as causas das normas. Ser radical, explicam eles, é compreender as coisas pela raiz, e o
homem é inseparável da sociedade em que vive.
É central, na Criminologia Crítica, parar de aceitar o sistema legal sem questionamentos. É
fundamental compreender como as autoridades se tornam autoridades e como elas transfor-
mam legitimidade em legalidade.

Alessandro Baratta

Alessandro Baratta foi um filósofo, sociólogo e jurista italiano. Seu pensamento, em grande
parte desenvolvido na Alemanha, onde recepcionou a teoria o labelling approach, é central para
a Criminologia Crítica e, posteriormente, para as teorias de direito penal mínimo. Em 1982, pu-
blicou Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal.
Nesse livro, ele defende que o processo de criminalização é o mais poderoso mecanismo
de reprodução das relações de desigualdade do capitalismo. Para ele, a luta por uma socieda-
de democrática e igualitária passa pela superação do sistema penal.
Ele retoma a ideia de que a história do sistema punitivo é a história das relações entre ricos
e pobres. Na sociedade capitalista, há uma drástica repartição desigual de acesso aos recur-
sos e às chances sociais. A mobilidade social é um mito: raramente as pessoas das classes
mais baixas conseguem ascender.
O sistema escolar – assim como o sistema penal – ajuda a refletir a estrutura vertical e hie-
rarquizada da sociedade. As sanções escolares negativas, tais como repetição de anos, notas
baixas em provas, expulsões, etc., são muito maiores quando se desce aos níveis inferiores
da escala social. Começa-se a perceber que as técnicas de seleção baseadas em testes de
coeficientes de inteligência ou no conceito de mérito não são neutras. Afinal, os alunos prove-
nientes de classes mais baixas têm enorme dificuldade de se adaptar ao mundo escolar, que
é estranho a eles, em função, por exemplo, do uso de regras de comportamento e linguagem
bastante diferentes das normas de seus grupos de origem. E aí, diante dessas dificuldades,
advêm sanções negativas que refletem o quanto a escola é um instrumento de transmissão da
cultura dominante.
Os professores partem, ainda que inconscientemente, de estereótipos e preconceitos no
dia a dia de contato com alunos de grupos marginalizados. Algumas pesquisas têm demons-

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trado que a cota de erros desconsiderados pelo professor é menor no caso de maus alunos
que no caso de bons alunos. Ou seja, aquele aluno que tem dificuldade de se adaptar e é con-
siderado um mau aluno, é tratado com mais rigor nas correções.
Além disso, o fenômeno da profecia autocumprida do labelling approach – também conhe-
cida como self-fullfilling profecy – se aplica ao mundo escolar.
Assim, os alunos que vêm de classes sociais marginalizadas encontram um ambiente for-
mado por pessoas que os encaram com estigmas e preconceitos. Desse modo, entendem que
há uma expectativa para que eles sejam maus alunos e que essa expectativa determina, de
largada, o comportamento.
Confirmada a expectativa, o mau aluno sofre com o distanciamento de colegas, que pas-
sam a rejeitá-lo e a isolá-lo. E a maioria dos alunos, que segue os modelos de comportamento,
se sente integrada e coesa, distante desses maus exemplos.
Seguindo essa lógica, a escola não facilita a mobilidade social. Ao contrário, ela ajuda a
diferenciar as classes, econômica e socialmente.
A ideia central de Baratta é demonstrar que o sistema escolar e o sistema penal são com-
plementares e ajudam a reproduzir e assegurar as relações sociais verticalizadas. Ambos os
sistemas criam contraestímulos à integração dos setores mais baixos e marginalizados do
proletariado.
Baratta utiliza os conceitos de criminalização primária e secundária para explicar o proces-
so seletivo de criminalização. A criminalização primária é o ato de aprovar ou sancionar uma
lei penal que tipifica condutas. A criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre
pessoas concretas.
A criminalização primária – as leis penais em abstrato – reflete o universo moral próprio da
cultura burguesa individualista, dando total ênfase ao patrimônio privado e se orientando para
atingir as formas de desvio dos grupos marginalizados. Os crimes dos poderosos – como os
crimes do colarinho branco – tendem a ficar impunes até mesmo em razão da fragmentarieda-
de do direito penal, que não é neutra.
A fragmentariedade do direito penal segue uma lei de tendência, que leva a preservar da
criminalização primária as ações antissociais realizadas por integrantes das classes sociais
hegemônicas ou que são mais funcionais às exigências do processo de acumulação do ca-
pital. Criam-se, assim, zonas de imunização de condutas cuja danosidade se volte contra as
classes subalternas.
Já os processos de criminalização secundária – punição no caso concreto – desenrolam-
-se de uma maneira muito parecida com aquela que narrei ao falar do professor e seus maus
alunos oriundos das classes mais baixas: preconceitos e estereótipos guiam a ação dos re-
presentantes das agências de controle social formal. Policiais, delegados, promotores e juízes
procuram a verdadeira criminalidade naqueles estratos sociais em que é normal encontrá-la.
A pessoa etiquetada com o rótulo de criminosa tem a sua identidade social alterada. Ele não

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é visto mais da mesma maneira e nem se vê mais do mesmo modo. Fica muito fácil que se
instale, então, a delinquência secundária (reincidência) e que nasça uma carreira criminosa.
Baratta relembra o conceito de sociedade dividida de Dahrendorf: só metade da sociedade
extrai de seu seio os juízes e eles têm, diante de si, predominantemente indivíduos provenien-
tes da outra metade. A justiça, então, não é neutra. Existe uma justiça de classe: a distância lin-
guística separa julgadores e julgados; e a menor possibilidade de desenvolver um papel ativo
no processo e de se servir do trabalho de advogados prestigiosos desfavorecem os indivíduos
das classes mais baixas.
Os juízes desconhecem a vida das pessoas marginalizadas e são incapazes de compre-
ender as nuances de um cotidiano de pobreza. Muitos dos julgamentos ocorrem com base
no senso comum. Ou seja, os juízes tendem a esperar um comportamento conforme a lei dos
indivíduos pertencentes aos estratos médios e superiores e condutas contrárias à lei de indiví-
duos provenientes de estratos inferiores. E tendem, ademais, a aplicar mais penas detentivas
em desfavor dos marginalizados, pois considera-se que ela é menos comprometedora para o
status social já baixo dos pobres do que se comparamos à sua aplicação, por exemplo, a um
acadêmico. Essa tendência de julgar conforme o senso comum é chamada, por alguns auto-
res, de teoria de todos os dias.
Voltando aos pressupostos do labelling com que iniciamos nossa aula, Baratta usa a ideia
de que as instâncias de controle social formal criam a criminalidade, constituem o delito e que,
nesse processo, selecionam a população carcerária nos estratos mais baixos da população.
A desigual distribuição de definições criminais – muito maior entre os pobres e muito menor
entre os ricos – ocorre não de maneira fortuita, mas seguindo regras próprias, que Baratta
chama de second code. Esse segundo código social, portanto, revela que o direito penal de-
senvolve um importante papel de reprodução das relações sociais, especialmente na circuns-
crição e marginalização de uma população criminosa recrutada nos setores mais débeis do
proletariado.
Essas ideias todas questionam a neutralidade do direito, demonstram a importância que a
estigmatização produz no indivíduo e colocam em xeque a função educativa da pena.
No mundo criminal, mais uma vez tem o lugar o fenômeno da profecia autocumprida, de
que tanto falou a teoria do labelling approach. A expectativa de criminalidade dirigida aos gru-
pos mais marginalizados faz com que, ainda que haja a mesma quantidade de condutas ilí-
citas nos diferentes estratos sociais, elas sejam mais facilmente detectadas e punidas nos
estratos mais baixos da sociedade.
O sistema penal age, então, de forma bastante similar à da escola, reproduzindo a estra-
tificação e operando no sentido de mantê-la. Por isso a existência, em diferentes países, de
mecanismos de internação de menores delinquentes e por isso, também, o intercâmbio entre
internos dessas instituições e dos presídios. São a mesma população, submetem-se à mesma
lógica. Apesar de as instituições de internação de menores infratores pretenderem ressocia-

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lizar, não é isso que ocorre. A cada sucessiva passagem do menor por uma instituição de as-
sistência corresponde um aumento, em lugar de diminuição, das chances de ser selecionado
para uma carreira criminal.
Os efeitos da intervenção estatal nos criminosos são tão determinantes que, aqueles que
foram submetidos às instâncias de controle social formal (investigados, processados, presos,
condenados) revelam uma criminalidade secundária mais alta do que aqueles que puderam se
subtrair a essa intervenção.
Baratta é absolutamente crítico do cárcere. Ele diz que têm se mostrado infrutíferas as
tentativas de socialização e de reinserção através dessas instituições. Os institutos de deten-
ção são o momento culminante do mecanismo de marginalização. Neles, chamam a atenção
o constante regime de privações a que são submetidos os condenados e o processo negativo
de socialização. Trata-se de um processo de socialização em que há:
• desculturação, isto é, desadaptação às condições necessárias para a vida em liberdade; e
• aculturação ou prisionalização, que é a assunção de atitudes e modelos de comporta-
mento típicos da subcultura carcerária. Na prisionalização, que também pode ser cha-
mada de prisionização, o condenado é educado tanto para ser um criminoso (copiando
os criminosos com forte orientação antissocial) como para ser um bom preso, passivo,
conformista e oportunista.

A educação para ser um bom preso acaba se tornando o verdadeiro objetivo da instituição,
enquanto a função educativa real é excluída desse processo.
Na prática, portanto, as prisões produzem efeitos contrários à reeducação e à reinserção
do condenado, e, logo, favoráveis à sua estável permanência na população criminosa.
Por tudo isso, Baratta defende a adoção de uma política criminal alternativa, que não pode
ser confundida com política penal alternativa. Seu desejo não é apenas de melhorar o direito
penal, mas de substituí-lo por algo melhor que o direito penal, parafraseando Radbruch. Na po-
lítica criminal alternativa haveria a diferenciação da criminalidade pela posição social do autor.
A criminalidade de rua, dos pobres – respostas individuais às adversidades do capitalismo
– seria despenalizada, ou seja, seria equacionada por controles sociais não estigmatizantes,
tais como sanções administrativas ou civis. A criminalidade dos poderosos e a criminalidade
organizada – expressão da relação funcional entre processos políticos e mecanismos legais
e ilegais de acumulação de capital – seriam destinatárias da ampliação do sistema punitivo,
pois isso significaria proteção de interesses comunitários tais como saúde, segurança no tra-
balho e integridade ecológica.
De todos modos, ele é categórico ao dizer que uma política criminal alternativa não pode
ser uma política de substitutivos penais, limitados a uma perspectiva reformista e humanitária.
A política criminal alternativa que ele defende, ou política criminal das classes subalternas,
implica grandes reformas sociais e institucionais para o desenvolvimento da igualdade e do

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contrapoder proletário, em vista da superação das relações sociais de produção capitalista.


Somente com essas reformas seria possível aliviar a pressão negativa do sistema punitivo
sobre as classes subalternas.
No limite, o objetivo último dessa reforma é a abolição da instituição carcerária, em função
da consciência do fracasso histórico da instituição. Para se chegar ao objetivo final, talvez
seja necessário passar por algumas etapas, como a ampliação do sistema de penas alternati-
vas; o alargamento das hipóteses de livramento condicional, suspensão condicional da pena e
sistema de progressão de regime; aumento das permissões de saída; reavaliação do trabalho
carcerário; e, especialmente, a abertura do cárcere para a sociedade.
A abertura do cárcere seria feita, sobretudo, com a cooperação dos presos e suas asso-
ciações com as organizações do movimento operário. Para Baratta, essa aproximação entre
presos e operários teria a finalidade de reinserir o condenado na classe trabalhadora. É que,
para ele, o cárcere tem o poder de dividir artificialmente a classe subalterna (em condena-
dos e trabalhadores), e essa aproximação poderia fazer com que os condenados adquirissem
consciência política das condições sociais impostas pelo capitalismo. Com a aquisição dessa
consciência política, seria feita a verdadeira “reeducação” do preso, bastante diferente do mito
burguês de reeducação e reinserção por meio do próprio cárcere. O preso verdadeiramente re-
educado teria condições de transformar aquela reação individual e egoísta (o delito) em ação
política dentro do movimento de classe.
A política criminal alternativa deveria levar em máxima consideração a função da opinião
pública, para compreender os processos de sustentação e legitimação do direito penal desigual
atualmente vigente. Assim, a nova política criminal teria que estar disposta a enfrentar uma
batalha cultural e ideológica para reverter a hegemonia cultural e desenvolver, com crítica ide-
ológica, produção científica e informação, uma consciência alternativa sobre a criminalidade.

Georg Rusche e Otto Kirchheimer

Vamos falar agora e no próximo item de autores que escreveram obras fundamentais para
o pano de fundo da Criminologia Crítica. O livro dos alemães Rusche e Kirchheimer, Punição
e Estrutura Social, foi escrito entre 1938 e 1939, mas somente foi “descoberto” na década de
1970. Ele foi fundamental para o livro que abordaremos no próximo item (Vigiar e Punir, de
Michel Foucault).
Georg Rusche foi o primeiro pensador marxista a sistematizar a questão criminal e a ana-
lisar historicamente as relações entre condições sociais, mercados de trabalho e sistemas
penais. O livro foi complementado por Kirchheimer após a morte de Rusche.
Eles demonstraram que, no século XV, com mão de obra abundante, o sistema penal se
dirigia contra as massas empobrecidas, com execuções, mutilações e açoitamentos.
No mercantilismo dos séculos XVI e XVII, nasce a exploração da mão de obra na prisão,
pois havia escassez de trabalhadores. Nascem leis que punem a vadiagem e que tornam úteis

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os camponeses expulsos das terras. A pena de degredo auxilia países na colonização de ter-
ras “descobertas” e a pena de galés (trabalho forçado) demonstra grande funcionalidade. As
casas de correção começam a ser lucrativas, pois conjugam nenhum ou baixos salários ao
adestramento de trabalhadores desqualificados.
Com a Revolução Industrial do século XVIII, surge o processo de acumulação de capital,
caracterizado por exploração intensa de mão de obra e miséria da classe trabalhadora. O capi-
talismo gera um exército de reserva e o mercado se encarrega de oprimir as pessoas.
No século XIX, com o crescimento da rebeldia popular, das revoluções e dos delitos contra
a propriedade, a prisão se converte na pena mais importante de todo o mundo ocidental. Rus-
che e Kirchheimer demonstram que as prisões são uma forma especificamente burguesa de
punição, que se disseminam com a passagem para o capitalismo. A construção da ideologia
burguesa de trabalho é acompanhada pelo surgimento de uma concepção burguesa de tempo,
que tornará possível o princípio fundamental da proporcionalidade da pena.
Eles defendem que:

O sistema penal de uma dada sociedade não é um fenômeno isolado sujeito apenas às suas leis
especiais. É parte de todo o sistema social, e compartilha suas aspirações e seus defeitos. A taxa de
criminalidade pode de fato ser influenciada somente se a sociedade está numa posição de oferecer
a seus membros um certo grau de segurança e de garantir um nível de vida razoável. A passagem de
uma política penal repressiva para um programa progressista de reformas pode, então, transcender
o mero humanitarismo para tornar-se uma atividade social verdadeiramente construtiva. (...) A futili-
dade da punição severa e o tratamento cruel podem ser testados mais de mil vezes, mas enquanto
a sociedade não estiver apta a resolver seus problemas sociais, a repressão, o caminho aparente-
mente mais fácil, será sempre bem aceita.14

Michel Foucault

Michel Foucault foi um filósofo francês que, em 1975, lançou Vigiar e punir: Nascimento da
Prisão. É um estudo sobre a evolução histórica do cárcere e da legislação penal. Seu pensa-
mento surge na mesma época em que a Criminologia Crítica se desenvolvia e apresenta, com
ela, bastante conexão. A obra de Foucault foi uma das responsáveis por descobrir o pensa-
mento de Rusche e Kirchheimer.

As bancas gostam muito de fazer perguntas sobre o pensamento de Foucault. E mais, as per-
guntas sobre Foucault são, em geral e por algum motivo nebuloso, muito exigentes. Então vou
me alongar nesse item, seja porque sua obra é extensa, seja porque os examinadores têm al-
guma predileção por complicar o que já não é muito simples. Vou tentar resumir e simplificar.

14
RUSCHE, Georg; KIRCHHEIMER, Otto. Punição e estrutura social. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2004, p. 282.

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Se, ao final da aula, você sentir dificuldades nas perguntas sobre Foucault, não desanime. Para
ser vítima das questões sobre Foucault basta estar vivo!

Foucault explica que, até o século XVII, as penas eram verdadeiro suplício: esquartejamen-
to, exposição do condenado em praças públicas, execução em palanques montados a céu
aberto – chamados de patíbulos –, torturas, marcas no rosto, amputação. Eram penas despro-
porcionais, bárbaras e ostentosas. São rituais pensados para restituir a soberania do príncipe.
Posteriormente, o Iluminismo desqualifica o suplício, reprovando sua atrocidade. Surgem
agitações e protestos contra essa teatralização das penas. Ao mesmo tempo, a criminalidade
violenta, de sangue, passa a dar lugar a uma criminalidade de fraude, mais complexa, relacio-
nada com a concentração de riquezas. Essa alteração da criminalidade somada à desqualifica-
ção do suplício leva ao surgimento da ideia de penas proporcionais aos crimes. Aqui situa-se,
por exemplo, a obra de Beccaria.
Fala-se, então, da reforma humanista do século XVIII: os suplícios dão lugar a penas pro-
porcionais. O castigo deve ter a humanidade como medida (e atente-se que a prisão ainda
não era a forma por excelência de castigo). Pouco a pouco, o corpo esquartejado, amputado e
dado como espetáculo começa a desaparecer. O rito de punição que, muitas vezes, ultrapas-
sava o próprio crime em sua selvageria, vai sendo abandonado. Em suas próprias palavras, “a
melancólica festa de punição vai-se extinguindo.”15
Portanto, com uma série de reformas ocorridas em diversos países no final do século XVIII,
o suplício vai, pouco a pouco, sendo deixado de lado. Foucault fala em penalidade suaviza-
da, em que deve haver humanidade, proporcionalidade (medida), individualização das penas
e classificação dos crimes e castigos. Aliás, a partir do século XVIII, difunde-se a ideia de
que a punição das ilegalidades deve ser regular. Pune-se com menos severidade, mas com
mais universalidade. É necessário controlar a codificar as práticas ilícitas, principalmente se
se considera que passou a incomodar muito à nova burguesia a ascensão dos crimes contra a
propriedade. É que antes as principais ilegalidades eram dirigidas a direitos, mas com o desen-
volvimento da sociedade capitalista, elas se dirigiam aos bens. O roubo se torna mais comum
e incômodo, de modo que os códigos começam a separar e a classificar as ilegalidades. De um
lado, as ilegalidades dos direitos, e de outro, as ilegalidades dos bens, sobre as quais há menos
tolerância e que exigem, portanto, vigilância constante.
As reformas penais inserem novos princípios para regularizar e universalizar a arte de cas-
tigar; para diminuir o custo econômico e aumentar a eficácia da pena. Elas constituem uma
nova economia e nova tecnologia do poder de punir. O direito de punir não é mais decorrência
da sede de vingança do soberano. Ele é, agora, instrumento de defesa da sociedade. Mas isso
não significa que ele seja verdadeiramente mais suave, pois, como se verá, ele será posterior-
mente dotado de elementos tão fortes que se torna quase mais temível.

15
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 42 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p. 13.

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Com essa reforma dita humanista, a partir do século XIX, sobretudo entre 1830 e 1848, a
punição torna-se a parte mais velada do processo penal. A publicidade se volta para os deba-
tes e para a sentença, mas a execução fica escondida, pois é algo que a justiça tem vergonha
de impor ao condenado. É pouco glorioso punir. As práticas punitivas se tornam pudicas, e que-
rem tocar no corpo o mínimo possível, para atingir nele algo que não é o próprio corpo. O que
se quer, no sistema penal moderno, é atingir a liberdade, e não provocar dor em um corpo. O
que se quer é suspender direitos. “O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis
a uma economia dos direitos suspensos”16. É, em teoria, uma penalidade incorpórea.
Como já dissemos, essas mudanças são tradicionalmente descritas como consequências
de uma reforma humanista, que visava conferir mais dignidade ao cumprimento de penas. Mas
Foucault questiona essa explicação simplista e defende que permanece um fundo supliciante
na pena moderna, mas com mudança de objetivo. Não se quer mais supliciar diretamente o
corpo, mas sim a alma, o coração, o intelecto, a vontade, as disposições. Constrói-se uma nova
economia e nova tecnologia do poder de punir. A reforma “humanista” não pretende punir me-
nos, mas sim punir melhor. A alma do criminoso é levada ao tribunal e o juiz não julga sozinho,
mas sim em companhia de uma série de instâncias anexas, como peritos, psicólogos, psiquia-
tras, funcionários da administração penitenciária etc. Eles são chamados de juízes anexos, que
fracionam o poder de punir. Essa operação de incorporar, no julgamento, elementos extrajurí-
dicos, escusa o juiz da responsabilidade de castigar. É a pretensa “suavidade penal” aplicada
como técnica de poder.
Na época dos suplícios, o exemplo (a punição) era uma réplica do crime. Após as refor-
mas, considera-se que é preciso empregar a máxima economia. É preciso punir exatamente
o suficiente para impedir novos crimes. A punição passa a ser discreta. Não é mais um ritual
manifesto, é um sinal, um sinal que cria obstáculo. A semiotécnica (método para identificar
sinais que constroem um significado) do poder de punir nesse momento de reforma, explica
Foucault, repousa sobre as seguintes regras:
• Regra da quantidade mínima: o crime é cometido porque traz vantagens. Se, à ideia do
crime, é ligada a ideia de uma desvantagem minimamente maior, ele deixa de ser dese-
jável.
• Regra da idealidade suficiente: a eficácia da pena está na ideia de uma dor, de um des-
prazer. Não é tanto a sensação de sofrimento que importa, mas sim a representação
(idealização) da pena. A representação da pena, e não sua realidade corpórea, deve ser
maximizada.
• Regra dos efeitos laterais: a pena deve ter efeitos mais intensos naqueles que não come-
teram a falta, para que se comportem conforme as regras.
• Regra da certeza perfeita: é preciso que haja um laço forte unindo crime e castigo, pois
nada torna mais frágil o instrumento das leis que a esperança de impunidade.
16
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Trad. Ligia Pondé Vassalo. 3ª ed. Petrópolis:
Vozes, 1984, p. 16.

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• Regra da verdade comum: a verdade do crime somente poderá ser admitida uma vez in-
teiramente comprovada. É uma transformação importante, já que na fase dos suplícios,
frases arrancadas pelo sofrimento (confissão sob tortura) tinham valor de autenticação.
• Regra da especificação ideal: todas as infrações têm que ser classificadas e reunidas
em um código, que tenha pretensões exaustivas e generalizantes, mas que consiga, ao
mesmo tempo, individualizar a pena.

São, segundo Foucault, regras que, de modo geral, exigem a suavidade como economia
calculada do poder de punir.
Acontece que, quando as reformas foram feitas, não se imaginava e nem se pretendia
conferir à pena de prisão o caráter quase universal de pena. Naquela época, a prisão não era
sinônimo de pena como é para a gente hoje. Mas esse movimento de transformar a detenção
na forma essencial de castigo tem lugar logo após as reformas, sobretudo no século XIX. E é
por isso, explica Foucault, que o corpo (que tinha sido substituído pela alma) volta a ser o per-
sonagem principal. Há uma nova política do corpo.
Então, vamos resumindo: saímos do suplício, rituais bárbaros e ostensivos que evocavam
o poder do Monarca; passamos, a partir do século XVIII, pela reforma pretensamente humanis-
ta, que incorporou uma ideia de suavidade penal, com a humanização e universalização das
penas, já nas mãos de um juiz que divide seu poder com os juízes auxiliares; e chegamos, a
partir do século XIX, à universalização da pena de prisão.
Ou seja, agora relacionando com as escolas criminológicas: Foucault faz uma análise da
suposta suavização penal passando pelos momentos históricos dos suplícios, das penas pro-
porcionais ao delito (conectadas à Escola Clássica, direcionadas à alma) e, por fim, da dissemi-
nação do cárcere como punição por excelência (conectada ao pensamento positivista, como
veremos, e com um regresso de direcionamento ao corpo do homem delinquente).
Quando o emprego da prisão se dissemina, ainda que não sejam empregados castigos
violentos e sangrentos, trata-se, novamente, do corpo do condenado: da sua utilidade, da sua
docilidade, da sua submissão. Há uma tecnologia política do corpo: uma microfísica do poder
que sabe muito sobre o corpo (bem a cara do positivismo!) e que controla suas forças. O dis-
curso de que a nova punição é sobre a alma não consegue mascarar que continua (ou volta) a
haver, sobretudo com a disseminação da pena privativa de liberdade, uma pesada tecnologia
do poder sobre o corpo.
É que, em realidade, já na segunda metade do século XVIII, ainda na Era Clássica, surge
uma preocupação em controlar o corpo em larga escala. Não se trata de cuidar do corpo, mas
de esquadrinhá-lo detalhadamente, de exercer sobre ele uma coerção sem folga. Essa é a
ideia do corpo dócil: um corpo que se analisa, que se manipula, que se modela, que se treina,
que obedece ao adestramento. Para que isso funcione, é necessário atentar aos detalhes:
inspeções minuciosas, regulamentos detalhados e controle das mínimas parcelas da vida e

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do corpo começam a ter lugar. Ganha força, então, a ideia de poder disciplinar e de sociedade
disciplinar, que vai se fortalecendo nos séculos seguintes.
No poder disciplinar, algumas ideias são centrais. Os indivíduos são distribuídos no espa-
ço, e para isso: podem ser utilizadas cercas que fecham um grupo de pessoas em um local
(presídio, por exemplo, mas também pode ser uma escola, um quartel); pode ser determinado
que cada indivíduo deva permanecer em uma parte determinada desse local (cela, por exem-
plo); e pode ser determinado que cada local da construção tenha sua função (pátio, refeitório).
Além da distribuição espacial, existe controle das atividades: horários para as atividades, ges-
tos a serem empregados, utilização crescente do tempo. Quando fala do nascimento do poder
disciplinar, Foucault não se refere especificamente às prisões. Ele exemplifica com a vida nos
quartéis, instituições médicas, escolares e industriais. Mas ele demonstra que, com o passar
do tempo, o cárcere se revela uma importante e útil ferramenta para implementar o poder
disciplinar.
Ao falar especificamente das prisões, ele retoma a ideia do panóptico, que já havia sido em-
pregada pelo inglês Jeremy Bentham na virada do século XVIII para o século XIX. O panóptico
é um sistema arquitetônico para presídios: de uma torre central, todos os corredores radiais
seriam observados. Os presos poderiam ser monitorados facilmente, com um simples virar de
cabeça dos guardas alocados na torre. Ademais, a construção arquitetônica ideal de panóptico
não permitiria a definição, pelos detentos, do ponto a partir do qual se realiza a vigilância, e
tampouco a identificação de quem os vigia. O panóptico ideal é uma máquina de dissociar o
par “ver” x “ser visto”. A ideia era utilitarista: ter a maior vigilância dos detentos com o menor
emprego de recursos. Vamos dar um exemplo:

Foto: peramblogando.blogspot.com

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O panoptismo penitenciário é um sistema de documentação individualizante e permanente


sobre o preso: tudo é visto, registrado e se transforma em saber sobre aquele corpo, saber que
regula a prática carcerária.
Foucault faz uma distinção entre infrator (ou condenado) e delinquente. A partir do mo-
mento em que o infrator é condenado, ele passa a ser objeto do saber sobre o corpo. E aí,
nesse processo, o aparelho penitenciário efetua uma substituição: das mãos da justiça ele
recebe um condenado (infrator), mas no lugar do condenado ele coloca o delinquente, que é o
indivíduo a ser conhecido, analisado, retreinado. O condenado ou infrator é caracterizado pelo
ato que cometeu. O delinquente, pela sua vida. A operação penitenciária deve totalizar a vida
do delinquente, tornar a prisão uma espécie de teatro artificial e coercitivo onde toda a existên-
cia do delinquente será refeita. O castigo da justiça ao infrator diz respeito a um ato. A técnica
punitiva, a uma vida.
Por trás do infrator, revela-se o caráter delinquente, e nesse processo joga importante pa-
pel a investigação biográfica. O infrator, que era apenas autor de um ato, se distingue do ho-
mem delinquente, que está amarrado ao seu delito por instintos, pulsões, tendência, tempera-
mentos. As tipologias positivistas foram cruciais nessa dinâmica de criar o delinquente, uma
unidade biográfica, núcleo de periculosidade, dotado de anomalia. Por isso, para Foucault, a
técnica penitenciária e o homem delinquente são irmãos gêmeos, que surgiram juntos e que
ajudam a formar, nos subterrâneos do aparelho judiciário, a delinquência, em substituição à
mera infração.
Para Foucault, o sistema permanente de controle, ou seja, de feições panópticas, tem
por objetivo:

[...] induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funciona-
mento automático do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente em seus efeitos, mesmo
se descontínua em sua ação; que a perfeição do poder tenda a tornar inútil a atualidade de seu exer-
cício; que esse aparelho arquitetural seja uma máquina de criar e sustentar uma relação de poder
independente daquele que o exerce; enfim, que os detentos se encontrem presos numa situação de
poder de que eles mesmos são os portadores17.

Quem quer que passe pelo cárcere leva consigo as marcas dessa coerção máxima estatal
consubstanciada na pena privativa de liberdade. Afinal, a prisão deixa traços no corpo, impõe
hábitos, determina comportamentos, envolve disciplina.
A disciplina é feita com o adestramento dos corpos, por meio de:
• vigilância hierárquica: redes verticais de relações de controle, em que os controladores
operam vendo tudo o que acontece. São verdadeiros observatórios da multiplicidade
humana.
• sanção normalizadora: sistema de recompensa e de punição instituído para corrigir des-
vios, especialmente mediante micropenalidades baseadas no tempo (atrasos, ausên-
17
Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Trad. Ligia Pondé Vassalo. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1984, p. 116.

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cias), na atividade (desatenção, negligência), e em maneiras de ser (grosseria, desobedi-


ência). Trata-se de uma microeconomia de penalidade perpétua, de cálculo permanente,
que, no final das contas, deixa de julgar atos, mas passa a diferenciar os indivíduos entre
bons e maus, de acordo com sua natureza, sua virtualidade. Essa penalidade perpétua,
ao controlar todos os instantes das instituições disciplinares, compara, diferencia, hie-
rarquiza, homogeniza e exclui, e isso tudo Foucault resume em uma palavra: ela “norma-
liza.”
• exame: os exames altamente ritualizados sobre os corpos são cerimônias de poder e
demonstração de força. Os corpos são analisados, as celas são revistadas e formam-
-se verdadeiros arquivos com documentos sobre detalhes e minúcias dos corpos e dos
dias. O indivíduo é mensurado, descrito, comparado e isso se constitui em renovação
constante do ritual de poder. O exame, com todas suas técnicas documentárias, faz de
cada indivíduo um caso.

O poder disciplinar, que começa centrado em locais determinados (“disciplina-bloco” de


quartéis, colégios, grandes oficinas) passa a ser transportado para todo o corpo social, forman-
do o que Foucault chama de sociedade disciplinar (“disciplina-mecanismo”). O panoptismo
também se espalha pela sociedade, ajudando na multiplicação das instituições de disciplina,
sobretudo quando se verifica a acumulação de capital e as grandes explosões demográficas
(acumulação de seres humanos). Trata-se de uma tecnologia minuciosa e calculada da sujei-
ção de grupos populacionais, sem a necessidade de emprego da forma de poder tradicional,
ritual, dispendiosa e violenta. O controle policial permanente, exaustivo, onipresente, produtor
de inúmeros relatórios e registros é parte importante desse fenômeno de generalização do
panoptismo.

Hoje, o conceito de panoptismo extrapolou a ideia de sistema arquitetônico prisional. Ele é


aplicado também com referência a sistemas de informações que permitem localizar, observar,
esquadrinhar a vida dos cidadãos e, mais especificamente, dos condenados monitorados com
medidas alternativas, como tornozeleiras eletrônicas, que permitem à Justiça criminal saber
em tempo real onde está o réu.

A generalização dos dispositivos disciplinares traz consigo um contradireito, pois enquan-


to o direito tenta garantir a igualdade, a disciplina introduz assimetrias insuperáveis, em que o
poder está sempre do mesmo lado e inexiste equidade de posições.
Foucault explica, ainda, que a prisão tem sido denunciada como o grande fracasso da jus-
tiça penal. Mas ele chama atenção para o fato de essa não ser uma crítica recente, já que ela
aparece muito cedo, praticamente superposta ao próprio nascimento da detenção punitiva.
As prisões:

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• não diminuem a taxa de criminalidade;


• provocam a reincidência;
• fabricam delinquentes (porque não pensam no homem em sociedade e porque impõem
limitações violentas, funcionando abusiva e arbitrariamente);
• favorecem a organização (solidariedade e hierarquia) de delinquentes; e
• fabricam indiretamente mais delinquentes ao fazer cair na miséria a família do detento.

A prisão, declara Foucault, é um duplo erro econômico: pelo custo (direto) de sua organiza-
ção e pelo custo (indireto) da delinquência que ela não reprime.
Como resposta a essas críticas, sempre sobrevêm reformas penitenciárias, que reforçam
os princípios da técnica penitenciária e que, portanto, querem resolver a prisão com a própria
prisão. Esses princípios da técnica penitenciária são:
• Princípio da correção (a prisão deve ter por função a transformação do comportamento
do indivíduo);
• Princípio da classificação (os detentos devem ser isolados de acordo alguns critérios,
como a gravidade de seus atos, idade etc.);
• Princípio da modulação das penas (o desenrolar da pena deve ser modificado de acordo
com os resultados obtidos, os progressos, as recaídas);
• Princípio do trabalho como obrigação e como direito (o trabalho penal deve ser uma das
peças essenciais da transformação);
• Princípio da educação penitenciária (a educação é uma precaução no interesse da so-
ciedade e uma obrigação com o detento);
• Princípio do controle técnico da detenção (pessoal especializado com capacidade mo-
ral e técnica deve zelar pelos detentos);
• Princípio das instituições anexas (medidas de assistência devem ser tomadas até a re-
adaptação definitiva do antigo detento).

Mas o emprego desses princípios não vai resolver os males do cárcere. A prisão, seu fra-
casso e sua reforma não são momento sucessivos na história, mas momentos simultâneos,
de forma que a prisão é uma invenção desacreditada desde o seu nascimento. Ou seja, há 150
anos o fracasso da prisão acompanha sua manutenção. E isso ocorre porque o fracasso da
prisão tem uma utilidade. Afinal, a prisão não se destina a suprimir infrações, mas sim a distin-
gui-las, distribuí-las e utilizá-las. A penalidade é uma maneira de gerir as ilegalidades, de traçar
limites de tolerância, deixando algumas pessoas dentro da economia geral das ilegalidades,
e excluindo outras. Ela demarca qual a forma particular de ilegalidade sobre a qual quer jogar
luz. A delinquência (aqui usando o conceito específico de Foucault, que contrapõe delinquente
e infrator; que separa a delinquência, como sinônimo de vida criminosa, da infração, sinônimo
de ato criminal isolado) é a ilegalidade que o sistema carcerário recortou e organizou. É o que
ele chama de ilegalidade dominada, que funciona, aliás, como um agente para a ilegalidade

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dos grupos dominantes. Para que a ilegalidade dos grupos dominantes funcione e tenha seus
lucros, seja na prostituição, no tráfico de armas e de drogas, controla-se e maneja-se a ilegali-
dade dos “delinquentes”. A criminalidade de necessidade (dos pobres, dos necessitados) mas-
cara, com os holofotes que atrai, a delinquência de cima. A delinquência da riqueza é tolerada
pelas leis, pelos tribunais e pela imprensa.
Assim, para Foucault, se há um desafio global em torno da prisão, ele reside na alternativa:
prisão ou algo diferente da prisão?

Criminologia Crítica na América Latina

No Brasil, Roberta Lyra Filho chegou a ser citado pelo Ministro Nelson Jobim como o mais
crítico de nossos juristas críticos. Em seu livro Criminologia dialética, de 1972, ele defendia que
a Criminologia não podia andar a reboque do formalismo jurídico. A integração da Criminologia
e do direito penal precisa passar pelo reexame da filosofia jurídica e da antropologia filosófica,
para que se repense o próprio conceito de direito. Afinal, o conceito de crime é historicamente
determinado pelas manifestações específicas da cultura e das subculturas. Por isso, traçar
um novo conceito de crime é parte dos afazeres criminológicos. A gênese das normas deve
ser estudada, para que se compreenda como o fenômeno delituoso é um capítulo da dialética
de valores.
Outro nome importante para a Criminologia Crítica brasileira foi Juarez Cirino dos San-
tos, professor paranaense, que fez ecoar o pensamento da Criminologia Crítica em seu livro
A Criminologia Radical, escrito entre 1979 e 1981. O autor explica que se embasou no que ele
considera a linha de frente de um movimento universal de Criminologia Crítica, composto por
Foucault; Taylor, Walton e Young; e Rusche e Kirchheimer. Juarez Cirino mostra que a Crimino-
logia Radical tem por objeto as relações sociais de produção (estrutura de classes) e de repro-
dução político-jurídica (superestruturas de controle) da formação social, e que as contradições
de classes vinculam o controle do crime às relações capitalistas da estrutura econômica. A
Criminologia está ligada à economia, e ambas, à política.
Para Juarez Cirino, o processo de criminalização, tanto na produção como na aplicação
das normas, protege seletivamente os interesses das classes dominantes, pré-selecionando
os indivíduos estigmatizáveis distribuídos nas classes sociais subalternas. A punição é admi-
nistrada pela posição de classe do autor, uma variável independente que determina a imunida-
de das elites e a repressão das massas miseráveis. O Direito não é neutro. Ele reflete o modo
de produção da sociedade. O Estado, por sua vez, é organização política do poder das classes
hegemônicas.
Assim, a Criminologia Radical nota que o sistema punitivo possui objetivos aparentes e
objetivos reais. Os objetivos ideológicos aparentes do sistema punitivo são, por exemplo, a
repressão do crime, a ressocialização, a diminuição das taxas criminais. Os objetivos reais
ocultos, por sua vez, são a reprodução das relações de produção e da massa criminalizada.

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(...) o fracasso histórico do sistema penal limita-se aos objetivos ideológicos aparentes, porque os
objetivos reais ocultos do sistema punitivo representam êxito histórico absoluto desse aparelho de
reprodução do poder econômico e político da sociedade capitalista18.

Ainda no Brasil, mas agora no Rio de Janeiro, Nilo Batista explica, tanto em Introdução Críti-
ca ao Direito Penal Brasileiro, de 1990, como em Matrizes Ibéricas do Sistema Penal no Brasil, de
2000, que há marcante congruência entre os fins do Estado e os fins do Direito Penal, de modo
que o conhecimento das reais e concretas funções históricas, econômicas e sociais do Estado
é fundamental para a compreensão desse ramo do direito. Nilo Batista, que foi Promotor de
Justiça e Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, escreveu Direito Penal
Brasileiro em companhia do argentino Eugenio Raúl Zaffaroni, de que falaremos mais adiante.
Continuando no Rio de Janeiro, Vera Malaguti Batista em Difíceis Ganhos Fáceis: Drogas e
Juventude Pobre no Rio de Janeiro, de 1998, e em Introdução Crítica à Criminologia Brasileira,
de 2011, também defende que as escolas criminológicas prévias tentavam classificar e hierar-
quizar, desistoricizar, despolitizar as lutas dos pobres do mundo que são, sempre, o alvo dos
sistemas penais capitalistas. Para ela, é necessário destrinchar e desnudar os mecanismos
de inflição de dor e sofrimento às histórias tristes dos pobres e isso significa, por exemplo:
mudar a política criminal de drogas, produzindo políticas coletivas de controle pela legalidade;
despenalizar os crimes patrimoniais sem violência contra a pessoa; abrir os muros das prisões
para sua comunicação com o mundo externo; diminuir o número de policiais, desarmando-
-os e transformando-os em agentes coletivos de defesa civil; ampliar as defensorias públicas;
acabar com a exposição de suspeitos na mídia e reduzir o noticiário emocionalizado de casos
criminais.
Na Argentina, o nome de Eugenio Raúl Zaffaroni tem muito destaque no campo da Crimi-
nologia Crítica. Ele defende, em Em Busca das Penas Perdidas, de 1991, e outras obras, que os
sistemas penais não detêm legitimidade, já que são seletivos e reprodutores da violência. Zaf-
faroni incorpora dados da realidade social para demonstrar essa deslegitimação, que se mani-
festa no que ele chama de “perda” das penas, ou seja, penas como inflição de dor sem sentido.
As penas perdidas são, portanto, penas carentes de racionalidade. E a esse procedimento, de
incorporar dados da realidade para demonstrar a deslegitimação penal, ele dá o nome de rea-
lismo jurídico-penal. Como ele faz essa análise a partir de um ponto de vista da América Latina,
uma região marginal do poder planetário, ele denomina sua análise, mais especificamente, de
realismo jurídico-penal marginal.
Roberto Bergalli, também argentino, radicado em Barcelona e falecido em maio de 2020,
dedicou grande parte da sua vida ao estudo do controle social punitivo na América Latina. Ele
foi fundador de um dos primeiros cursos de pós-graduação em Criminologia Crítica na Espa-
nha, onde se exilou após ter sido perseguido pela ditadura argentina. Publicou diversas obras
nos campos da Criminologia, da sociologia jurídica e política, da teoria e filosofia do direito, e
18
SANTOS, Juarez Cirino dos. A Criminologia Radical. Curitiba: ICPC: Lumen Juris, 2006, p. 128.

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assim se consagrou como um dos maiores nomes contemporâneos do pensamento sobre a


questão criminal, em especial, da Criminologia, que ele denominava “sociologia do controle
penal”. Bergalli defendia a importância de uma sociologia jurídica do controle penal, que ana-
lisasse tanto a etapa de criação das normas como a de sua aplicação. Seria fundamental que
essa sociologia estudasse, por exemplo, como os funcionários públicos atuam para colocar
em marcha o controle penal. Desvendar os mecanismos do interior dos aparatos policiais, ju-
diciais e penitenciários ajudaria a aprofundar a democracia.
Na Venezuela, Lola Aniyar de Castro publicou em 1987 a obra Criminologia da Libertação.
O nome Criminologia da Libertação advém da premissa de que uma discussão sobre domina-
ção leva a uma discussão sobre libertação. E toda dominação requer o que se chama controle
social. Assim, para Lola, na Criminologia deve ser analisada a atuação dos controles ideoló-
gicos, que começam como processos de socialização, passam por modelos educacionais e
logo se transformam em modelos de intervenção penal. Por isso, seria importante analisar a
fundo não apenas as agências de controle social formal, mas também as de controle social
informal, com intensa pesquisa sobre a educação, a religião e os meios de comunicação. O
controle social serve para construir hegemonia ou, em sua falta (da hegemonia), para permitir
a submissão forçada daqueles que não se integram à ideologia dominante.
Outra importante criminóloga venezuelana foi Rosa del Olmo, autora de América Latina e
sua Criminologia, de 1981. Nessa obra, analisa a subordinação da economia e do pensamento
latino-americano às estratégias da geopolítica norte-americana para o continente. Ela lutava
contra o “silêncio histórico” da América Latina, que derivava de seu passado colonial e de sua
posterior incorporação à periferia do sistema capitalista. No pós-guerra, o crescente protago-
nismo dos Estados Unidos fez com que eles se colocassem na posição de responsáveis pelo
controle continental do delito, interferindo nos corpos policiais, no ciclo de ditaduras militares
e na guerra às drogas.

Criminologia cultural

Em tempos mais recentes, sobretudo a partir de meados dos anos 90, surgem muitos tex-
tos e obras sobre Criminologia Cultural. Alguns autores abordam os cultural studies dentro da
Criminologia Crítica, e por isso vou falar brevemente sobre eles.
A Criminologia Cultural é um ramo da Criminologia que se debruça sobre a criminalização
da cultura diferente, como a de grafiteiros, punks, neonazistas, roqueiros, mendigos, prostitu-
tas etc. Trata-se, então, de um grupo de teóricos preocupados com a subcultura de que falava
Albert Cohen, mas agora dentro de um enfoque conflitual da sociedade.
Jeff Ferrell, nos Estados Unidos, relatou sua experiência com grafiteiros de Denver no livro
Crimes of Style e no artigo Urban grafitti: crime, control and resistance. Em 2008, Jeff Ferrell,
Keith Hayward e Jock Young lançaram Cultural Criminology.

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No Brasil, Salo de Carvalho publicou Criminologia cultural e rock em 2011 e Saulo Ramos
Furquim, A Criminologia cultural e a criminalização cultural periférica, de 2016. Salah H. Khaled
Jr. e Álvaro Oxley da Rocha traduziram a obra de Jeff Ferrell e Keith Hayward e complementa-
ram suas análises. Juntos, esses quatro autores conceberam o Instituto Brasileiro de Crimino-
logia Cultural, fundado em abril de 2019, que assim define a Criminologia Cultural:

A Criminologia Cultural é uma abordagem teórica, metodológica e intervencionista de estudo do


crime e do desvio, que coloca a criminalidade e seu controle no contexto da cultura; isto é, considera
o crime e as agências e instituições de controle do crime como produtos culturais – como constru-
ções criativas. Criminologistas culturais focam incansavelmente na geração contínua de significado
em torno da interação: regras criadas, regras quebradas e uma interação constante de empreende-
dorismo moral, inovação política e transgressão19.

A Criminologia Cultural tem um grande referencial teórico e metodológico no labelling


approach, mais especificamente no livro Outsiders, do Howard Becker, que, como já explica-
mos, analisou os grupos de usuários de maconha e músicos de jazz.
Em resumo, a Criminologia Cultural não é uma nova teoria: ela incorpora para o mundo
contemporâneo, multicultural, uma série de orientações teóricas da Criminologia, tais como
subculturais, interacionistas, críticas, para tentar compreender a convergência de processos
culturais, criminais e de controle do crime.
É uma Criminologia que busca entender as mudanças da sociedade e da sua cultura. Vi-
vemos em uma sociedade líquida, em que há um fluxo infinito, instantâneo e globalizado de
imagens e informações na televisão, em nossos celulares e computadores, proporcionando
possibilidades infinitas. De todos os lados surgem modelos a serem seguidos, pensamentos
a serem observados, tecnologias novas a serem dominadas. As redes sociais ajudam a propa-
gar essa miríade de culturas e vão substituindo as mediações cotidianas por mediações tecno-
lógicas. Surgem novas línguas, novas etnias, novos conflitos. Como diz Shecaira, “chegamos
a um hiperpluralismo de identidades e orientações culturais que, por sua vez, é matéria-prima
que alimenta o individualismo e grande parte dos crimes estudados por esta nova área da Cri-
minologia”20.
A Criminologia Cultural, sem se preocupar com classificações pormenorizadas dos grupos
subculturais, parte da ideia de que o mundo é desigual e injusto, e procura entender como o
poder é exercido, como ele é resistido pelos grupos culturais, e como se dá o mecanismo de
criação de regras, de violação de regras e representação do crime.
O foco, na Criminologia Cultural, é o estilo, a linguagem, os significados simbólicos do cri-
me para esses grupos, e o modo empregado pelas autoridades para criminalizar essas condu-
tas diante da existência de múltiplos sistemas válidos de valores.

19
Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural. Disponível em: https://www.criminologiacultural.com.br/. Acesso em 08 ago. 2020.
20
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 7ª ed. São Paulo: RT, 2018, p. 369.

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RESUMO
Teorias Sociológicas: para compreender o fenômeno criminal é necessário analisar a so-
ciedade onde o delito está inserido.

Teorias do consenso x Teorias do conflito

Teorias do consenso: existência de objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as


regras vigentes. A sociedade é uma estrutura relativamente estável de elementos, bem integra-
da. Teorias conservadoras. Todo elemento em uma sociedade possui uma função, contribuin-
do para a manutenção do sistema. O crime é uma disfunção, ou seja, uma função negativa. São
teorias do consenso a Escola de Chicago; as Teorias da Anomia; a Teoria da Subcultura De-
linquente; e Teoria da Aprendizagem. Mnemônico: é CONSENSO que todo mundo quer CASA.
Teorias do conflito: há força e coerção na sociedade. Somente existe ordem porque há
dominação de uns e sujeição de outros. Teorias argumentativas, progressistas. São teorias do
conflito as teorias críticas e a teoria do labelling approach (interacionismo simbólico, etique-
tamento). Mnemônico: é CONSENSO que todo mundo quer CASA. O CONFLITO é que esta-
mos em CRISE.

Teorias do Consenso

Escola de Chicago: Se propôs a discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacio-
nados com a vida na cidade. Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess
e seus alunos produziram mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago. Os
bairros de Chicago são divididos e analisados de acordo com seus problemas sociais. Burgess
desenvolve a teoria das zonas concêntricas. Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois
nomes importantes na Escola de Chicago. Preocupados com a delinquência juvenil, na obra
Delinquency Areas, demonstraram que, quanto mais perto do loop, maior a degradação e as
taxas de criminalidade dos bairros. Concluíram, também, que nas áreas criminais, o controle
social informal é pouco eficiente. A pessoa recém-chegada à cidade passa por um processo
de desorganização social. Há um sentimento de perda pessoal, rejeição de regras sociais, per-
da de raízes. A desorganização social causa aumento de doenças, prostituição, insanidades,
suicídios e crime.

Teoria da Anomia

Émile Durkheim: sociólogo francês (final séc. XIX). Há momentos em que a sociedade atra-
vessa transformações e perde a capacidade de exercer o papel de freio moral. A anomia é esse
estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produzindo uma situação de

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transgressão ou de pouca coesão. O crime se torna um problema quando existe anomia. Caso
contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal e útil, porque permite que a consciên-
cia coletiva evolua.
Robert Merton: sociólogo (EUA), final dos anos 30. Adaptou a teoria do Durkheim para o
American Dream. As estruturas sociais e culturais apresentam objetivos e meios que têm, entre
outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e regularidade do comportamento
humano. No limite, quando a previsibilidade das condutas num grupo social é minimizada, pelo
espaçamento entre os objetivos e os meios, está configurada a anomia ou caos cultural. Os in-
divíduos procedem a adaptações individuais, que podem ser: conformidade; inovação (anomia
propriamente dita); ritualismo; retração e rebelião.
Talcott Parsons: sociólogo (EUA), 1951. Teoria do sistema social, aprofundando as ideias
de Merton. Considerou três duplas de fatores: atividade e passividade; predomínio conforma-
tivo e predomínio alienativo; e orientação para objetos sociais e orientação para normas. A
combinação deles ditará qual o tipo de resposta que uma pessoa dará a uma situação em que
há uma perturbação no quadro de expectativas.
Teorias da Aprendizagem: o crime se aprende, assim como também aprendemos técnicas
para neutralizar a culpa.
Teoria Da Associação Diferencial: se insere nas Teorias da Aprendizagem Social. O princi-
pal autor foi Edwin Sutherland, sociólogo norte-americano. No começo dos anos 40, Suther-
land defendeu que o crime não é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pes-
soas aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa
conduta. O processo de comunicação, é fundamental. A pessoa se torna criminosa quando as
definições favoráveis à violação da norma superam as definições desfavoráveis, em um pro-
cesso de imitação.
Crime do colarinho branco (White-collar crime): Sutherland cunhou a expressão (white
collar crime) em 1939. É o crime cometido no âmbito da profissão por uma pessoa de respei-
tabilidade e elevado estatuto social. A razão pela qual esses crimes são cometidos é a mesma
da criminalidade dos pobres: aprendizado somado a definições favoráveis à violação da lei.
Crimes difíceis de se detectar ou sancionar, em virtude da “imunidade do negócio”. Crimes com
efeitos significativos, porém difusos. É um tipo de criminalidade organizada praticada pelos
homens de negócio.

Cifras da criminalidade

Cifra negra: crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diver-
sas razões.
Cifra dourada: delitos cometidos pelos poderosos que ficam impunes.
Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não che-
gam a virar um processo penal.

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Cifra amarela: casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por
servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes
pela apuração.
Cifra verde: delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhecimen-
to policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria.
Cifra rosa: crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das autoridades.
Behaviorismo: defende que o homem é um animal autômato. A Psicologia deve ser empí-
rica e objetiva e deve se ocupar unicamente de atos observáveis da conduta, que possam ser
analisados em termos de estímulo e resposta. O objetivo da Psicologia Behaviorista é a pre-
dição e o controle do comportamento. Burrhus Frederik Skinner desenvolveu o behaviorismo
radical. Partindo de uma ideia mecanicista e determinista do comportamento humano – e,
portanto, afastando-se do conceito de livre-arbítrio –, pretendia usar o reforço positivo para
condicionar as atitudes humanas. A principal crítica que se faz à teoria de Skinner é que ela, ao
se distanciar dos conceitos de livre-arbítrio e de autodeterminação dos indivíduos, aniquilaria a
dignidade da pessoa humana e configuraria a transposição, para a sociedade, de experimentos
laboratoriais realizados com ratos. O behaviorismo foi responsável pela aplicação da “tecnolo-
gia científica” ao campo da modificação do comportamento, notadamente de criminosos pre-
sos (realização de psicocirurgia em criminosos violentos, uso de drogas, estimulação elétrica
do cérebro, choques, castração química, tranquilizantes). Alguns programas de modificação
de comportamento foram vistos, pelos próprios prisioneiros, como “psicogenocídio”.
Teoria das Técnicas de Neutralização David Matza e Gresham Sykes, criminólogos (EUA),
1957. Analisaram a criminalidade juvenil. Os delinquentes compartilham do mesmo sistema
de valores da sociedade e têm que aprender a neutralizar o comportamento delitivo. Há 5 téc-
nicas de neutralização: negação da responsabilidade; negação da lesão; negação da vítima;
condenação dos condenadores; e apelo à lealdade.
Teoria da Aprendizagem Social (Teoria Social Cognitiva): foi desenvolvida por Albert Bran-
dura, psicólogo canadense contemporâneo a nós. Acredita que o indivíduo pode aprender sem
sofrer qualquer tipo de reforço. As pessoas podem aprender através da observação. Aprendi-
zagem observacional, vicariante ou modelação, contém algumas etapas: Atenção; Retenção,
Reprodução Motora; Motivação. Os modelos podem ser outras pessoas (pais, professores,
crianças) ou podem ser simbólicos (internet, televisão, jogos).
Teoria Da Subcultura Delinquente: Delinquent boys, Albert Cohen (EUA), 1955. Toda socie-
dade é internamente diferenciada em numerosos subgrupos, ou subculturas, com maneiras de
pensar e agir: que lhe são peculiares; que as pessoas somente podem adquirir participando
desses grupos; e que alguém raramente deixará de adquirir se for um participante verdadeiro
do grupo. A subcultura, típica das gangues, valoriza o não utilitarismo, a malícia, o negativismo,
a versatilidade, o hedonismo de curto prazo e a autonomia de grupo.

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Teorias Sociológicas do Conflito

Partem do pressuposto de que há força e coerção na sociedade. Somente existe ordem


porque há dominação de uns e sujeição de outros. A criminalidade não é uma qualidade onto-
lógica, mas um status social atribuído por meio de processos de definição e mecanismos de
reação. Possuem forte tradição nos Estados Unidos, sobretudo em virtude do contexto social
de pós-guerras, em que disputas internas (raciais, de classe, de desemprego, de marginaliza-
ção, estudantis, feministas) assumiram prevalência. A sociedade não é monolítica, unitária.

Labelling approach

Também chamada de teoria da rotulação; teoria do etiquetamento; teoria da reação social;


teoria interacionista; interacionismo simbólico. O controle social formal se consolidou como
objeto da Criminologia em virtude dessa escola, que nasceu nos anos de 1960, nos Estados
Unidos. Estudar a realidade social implica estudar os processos de interação individual ocorri-
dos no seio da própria sociedade. Reconhece o caráter constitutivo do controle social formal,
considerado instrumento seletivo e discriminatório. Deixa-se de questionar por que um indiví-
duo comete crimes, e passa-se a indagar a razão de certa conduta ser etiquetada com o rótulo
de desviada. Há abandono do paradigma etiológico. Propuseram a política dos 4 Ds:
• Descriminalização (deixar de considerar certas condutas como criminosas);
• Diversão (diversificar a resposta aos problemas da sociedade);
• Devido processo legal (respeitar as regras do processo legal);
• Desinstitucionalização: (pensar em penas alternativas à prisão).

No Brasil, a Reforma Penal de 1984, a Lei de Execução Penal e a Lei dos dos Juizados Es-
peciais Cíveis e Criminais são citadas como reflexo das ideias do labelling.
Howard Becker: Norte-americano, da Universidade de Chicago. Outsiders: Studies in the So-
ciology of Deviance, de 1963. Relata a análise de grupos de usuários de maconha e de músicos
de jazz feita na década de 1950. Todos os grupos sociais constroem suas próprias regras. A
pessoa que quebras essas regras é etiquetada como outsider, e começa, a partir daí, a sofrer
um processo de estigmatização. Tem início o processo de desviação secundária. O agente
mergulha no papel de delinquente, num processo que se chama de role engulfment e profe-
cia autocumprida. As regras são o produto da iniciativa dos moral entrepreneurs. Existe uma
enorme margem de discricionariedade no trabalho policial. O policial estabelece prioridades.
Assim, os enforcers aplicam as leis e criam outsiders de maneira seletiva. As decisões sobre
quais regras devem ser criadas, quais condutas devem ser consideradas desviantes e quais
pessoas devem ser etiquetadas como outsiders são decisões políticas. A desviação é criada
pela sociedade.

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Erving Goffman: Canadense, realizou suas pesquisas nos Estados Unidos. É autor. Estig-
ma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada, de 1963, e Manicômios, Prisões e
Conventos, de 1961. Introduziu o conceito de instituição total, que possuem barreiras à rela-
ção com o mundo externo. Nelas, todos os aspectos da vida do condenado são realizados
no mesmo local, sob uma autoridade única e diante de um grupo de pessoas razoavelmente
grande. Há um processo gradativo de desculturamento: humilhações, rebaixamentos, degrada-
ções pessoais e profanações do “eu”. A pessoa institucionalizada é alguém inadaptada para o
convívio em sociedade, exatamente por se identificar com a instituição na qual está recolhida,
e estigmatizada.

Criminologia crítica

Também chamada de Nova Criminologia ou Criminologia Radical. Forte apelo às ideias


de Karl Marx. Há relação direta entre o modo de produção capitalista e o funcionamento dos
modos punitivos. Não se trata mais de descobrir as razões da delinquência ou de lutar contra
o crime, mas sim de abolir as desigualdades sociais para equacionar o fenômeno delitivo. O
Direito Penal e a própria Criminologia, como vinha sendo desenvolvida tradicionalmente, pas-
sam a ser objetos de estudo.
William Chambliss: Principal nome da Criminologia Crítica nos Estados Unidos. Law, Order
and Power, de 1971. As ciências sociais são dominadas por duas grandes perspectivas de
trabalho: o modelo funcional (Durkheim) e o modelo dialético (Karl Marx). Analisa e compara
a aplicação de leis criminais na Nigéria e nos Estados Unidos e conclui que o modelo dialético
é mais adequado. Os sistemas de aplicação da lei não são organizados para reduzir o crime,
mas sim para dirigir o crime pela cooperação com os grupos mais criminosos e pela aplicação
das leis contra aqueles cujos crimes eram uma ameaça mínima para a sociedade. As práticas
da aplicação da lei produzem o crime por selecionar e encorajar a perpetuação das carreiras
criminosas.
Taylor, Walton e Young: Ian Taylor, Paul Walton e Jock Young. A nova Criminologia (1973) e
Criminologia crítica (1975). Defendem que o fenômeno criminal depende do modo de produção
capitalista: a lei penal nada mais é do que uma superestrutura dependente da infraestrutura do
sistema de produção. O direito não é uma ciência, mas uma ideologia que deve ser analisada
no contexto de luta de classes. É necessário superar a Criminologia Fabiana, que confiava na
meritocracia e inflava as agências de assistência social, na tentativa de igualar as condições
para o jogo meritocrático. A assistência social refletia a ideologia da cúpula e se valia de trata-
mentos que resultavam em espirais de rotulações espúrias. É fundamental compreender como
as autoridades se tornam autoridades e como elas transformam legitimidade em legalidade.
Alessandro Baratta: Filósofo, sociólogo e jurista italiano. Desenvolveu seus estudos na Ale-
manha. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal, 1982. O processo de criminalização é o
mais poderoso mecanismo de reprodução das relações de desigualdade do capitalismo. A

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luta por uma sociedade democrática e igualitária passa pela superação do sistema penal. A
mobilidade social é um mito. O sistema escolar e o sistema penal são complementares e aju-
dam a reproduzir e assegurar as relações sociais verticalizadas. Ambos criam contraestímu-
los à integração dos setores mais baixos e marginalizados do proletariado. A criminalização
primária – as leis penais em abstrato – reflete o universo moral próprio da cultura burguesa
individualista, dando total ênfase ao patrimônio privado. Os processos de criminalização se-
cundária – punição no caso concreto – guiam-se por preconceitos e estereótipos. Os juízes
desconhecem a vida das pessoas marginalizadas. Muitos dos julgamentos ocorrem com base
no senso comum (teoria de todos os dias). É absolutamente crítico do cárcere. Têm se mos-
trado infrutíferas as tentativas de socialização e de reinserção através dessas instituições,
momento culminante do mecanismo de marginalização, que funcionam com desculturação
e aculturação (ou prisionização). Defende a adoção de uma política criminal alternativa, em
que haveria a diferenciação da criminalidade pela posição social do autor. No limite, o objetivo
último é uma reforma para abolição da instituição carcerária, em função do fracasso histórico.
Aproximação entre presos e operários, com a finalidade de reinserir o condenado na classe tra-
balhadora e fazer com que os condenados adquiram consciência política sobre o capitalismo.
A nova política criminal teria que estar disposta a enfrentar uma batalha cultural e ideológica
para reverter a hegemonia cultural.
Georg Rusche e Otto Kirchheimer: Alemães, autores de Punição e Estrutura Social, de 1939,
mas somente “descoberto” na década de 1970. No século XV, com mão de obra abundante, o
sistema penal se dirigia contra as massas empobrecidas, com execuções, mutilações e açoi-
tamentos. No mercantilismo dos séculos XVI e XVII, nasce a exploração da mão de obra na
prisão, pois havia escassez de trabalhadores. No século XIX, com o crescimento da rebeldia
popular, das revoluções e dos delitos contra a propriedade, a prisão se converte na pena mais
importante de todo o mundo ocidental. As prisões são uma forma especificamente burguesa
de punição, que se disseminam com a passagem para o capitalismo.
Michel Foucault: Filósofo francês. Vigiar e punir: Nascimento da Prisão, de 1975. Estudo
sobre a evolução histórica do cárcere e da legislação penal. Até o século XVII, as penas eram
verdadeiro suplício, rituais bárbaros pensados para restituir a soberania do príncipe. Posterior-
mente, o Iluminismo desqualifica o suplício, reprovando sua atrocidade. Advém a reforma hu-
manista do século XVIII: os suplícios dão lugar a penas proporcionais. Foucault fala em penali-
dade suavizada, em que deve haver humanidade, proporcionalidade (medida), individualização
das penas e classificação dos crimes e castigos em códigos. Pune-se com menos severidade,
mas com mais universalidade. Permanece um fundo supliciante na pena moderna, mas com
mudança de objetivo: não se quer mais supliciar diretamente o corpo, mas sim a alma. Já na
segunda metade do século XVIII, ainda na Era Clássica, surge uma preocupação em controlar
o corpo em larga escala. Ganha força, então, a ideia de poder disciplinar e de sociedade disci-
plinar, que vai se fortalecendo nos séculos seguintes. Quando as reformas foram feitas, não

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se imaginava e nem se pretendia conferir à pena de prisão o caráter quase universal de pena.
Esse movimento de transformar a detenção na forma essencial de castigo tem lugar logo após
as reformas, sobretudo no século XIX e se ajusta à ideia de poder disciplinar. Então a evolução
consiste em:
• suplício  pena proporcional  prisão.

Quando o emprego da prisão se dissemina, o corpo (que tinha sido substituído pela alma)
volta a ser o personagem principal. Há uma nova política do corpo. Ainda que não sejam em-
pregados castigos violentos e sangrentos, trata-se, novamente, do corpo do condenado: da
sua utilidade, da sua docilidade, da sua submissão. Com o passar do tempo, o cárcere se
revela uma importante e útil ferramenta para implementar o poder disciplinar, sobretudo se
empregado o modelo panóptico, que permite vigilância constante. Faz-se distinção entre in-
frator (ou condenado) e delinquente. O aparelho penitenciário efetua uma substituição: das
mãos da justiça ele recebe um condenado (infrator), mas no lugar do condenado ele coloca o
delinquente, que é o indivíduo a ser conhecido, analisado, retreinado. A disciplina é feita com o
adestramento dos corpos, por meio de: vigilância hierárquica; sanção normalizadora e exame.
A prisão é um duplo erro econômico: pelo custo (direto) de sua organização e pelo custo (indi-
reto) da delinquência que ela não reprime. Elas não diminuem a taxa de criminalidade, provo-
cam reincidência, fabricam delinquentes, favorecem a organização de delinquentes e fabricam
indiretamente mais delinquentes ao fazer cair na miséria a família do detento. A prisão, seu
fracasso e sua reforma não são momento sucessivos na história, mas momentos simultâneos.
O fracasso da prisão tem uma utilidade. A prisão não se destina a suprimir infrações, mas sim
a distingui-las, distribuí-las e utilizá-las. A penalidade é uma maneira de gerir as ilegalidades,
de traçar limites de tolerância, deixando algumas pessoas dentro da economia geral das ilega-
lidades, e excluindo outras.

Criminologia crítica na América Latina

Roberta Lyra Filho, Criminologia dialética, de 1972. Criminologia não pode andar a reboque
do formalismo jurídico. O conceito de crime é historicamente determinado pelas manifestações
da cultura e das subculturas. Traçar novo conceito de crime é parte do afazer criminológico.
Juarez Cirino dos Santos, professor paranaense, A Criminologia Radical, 1981. O processo
de criminalização (produção e aplicação das normas) protege seletivamente os interesses das
classes dominantes, pré-selecionando os indivíduos estigmatizáveis das classes subalternas.
O fracasso histórico do sistema penal limita-se aos objetivos ideológicos aparentes. Os objeti-
vos reais ocultos do sistema apresentam êxito absoluto.
Nilo Batista, Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro, 1990, e Matrizes Ibéricas do Siste-
ma Penal Brasileiro, 2000. Há marcante congruência entre os fins do Estado e os fins do Direito

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Penal. O conhecimento das reais e concretas funções históricas, econômicas e sociais do


Estado é fundamental para a compreensão desse ramo do direito.
Vera Malaguti Batista, Introdução Crítica à Criminologia Brasileira, 2011. Não se pode de-
sistoricizar e despolitizar as lutas dos pobres do mundo que são o alvo dos sistemas penais
capitalistas. Necessário: mudar a política criminal de drogas; despenalizar os crimes patri-
moniais sem violência; abrir os muros das prisões; diminuir o número de policiais; ampliar as
defensorias públicas; acabar com a exposição de suspeitos e o noticiário emocionalizado de
casos criminais na mídia.
Eugenio Raúl Zaffaroni, argentino, Em Busca das Penas Perdidas, 1991. Os sistemas penais
não detêm legitimidade, já que são seletivos e reprodutores da violência. As penas perdidas são
penas carentes de racionalidade. Denomina sua análise de realismo jurídico-penal marginal.
Roberto Bergalli, argentino, radicado em Barcelona. Importância de uma sociologia jurí-
dica do controle penal, que analisasse tanto a etapa de criação das normas como a de sua
aplicação.
Lola Aniyar de Castro, venezuelana, Criminologia da Libertação, 1987. Deve ser analisada
a atuação dos controles ideológicos (processos de socialização, modelos educacionais, que
logo se transformam em modelos de intervenção penal). Importante analisar o controle so-
cial informal.
Rosa del Olmo, venezuelana, em América Latina e sua Criminologia, 1981. Subordinação da
economia e do pensamento latino-americano às estratégias da geopolítica norte-americana
para o continente.
Criminologia cultural: início na década de 1990. Criminalidade e seu controle analisados no
contexto da cultura. Criminalização da cultura diferente (grafiteiros, punks, neonazistas, roquei-
ros, mendigos, prostitutas). Não é uma nova teoria: incorpora para o mundo contemporâneo,
multicultural, orientações teóricas da Criminologia, tais como subculturais, interacionistas, crí-
ticas. Compreender a convergência de processos culturais, criminais e de controle do crime.
Nomes de destaque: Jeff Ferrell (EUA); Keith Hayward (DIN). No Brasil, Salah Khaled Jr., Álvaro
Oxley da Rocha (Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural); Salo de Carvalho (Criminologia
cultural e rock, 2011) e Saulo Ramos Furquim (A Criminologia cultural e a criminalização cultural
periférica, 2016).

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MAPAS MENTAIS

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Teorias Sociológicas
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EXERCÍCIOS
001. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às teorias sociológicas da
criminalidade, é correto afirmar que
A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba por contribuir com a
inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma “espiral” que o impedirá
de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como criminoso.
Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da cri-
minalidade?
a) Janelas quebradas.
b) Etiquetamento Social.
c) Anomia.
d) Subcultura.
e) Ecológica do crime.

002. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) O fundador da escola denominada “positivis-


mo criminológico” e o teórico inspirador da Teoria da Anomia são, respectivamente,
a) V. Lizt e Kardec.
b) Carrara e Parsons.
c) Beccaria e Ohlin.
d) Feuerbach e Merton.
e) Lombroso e Durkheim.

003. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) O comportamento criminal é aprendido,


mediante a interação com outras pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou
seja, o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas
de classes menos favorecidas, não sendo exclusividade destas.
Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em um
ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como
a) Anomia.
b) Teoria Ecológica do Crime.
c) Associação Diferencial.
d) Subcultura Delinquente.
e) Labeling approach ou “etiquetamento”.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) A ausência de utilitarismo da ação, a malí-


cia da conduta e seu respectivo negativismo são fatores associados à teoria sociológica da
criminalidade denominada como

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a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia
c) Teoria Ecológica do Crime.
d) Labeling approach ou “etiquetamento”.
e) Associação Diferencial.

005. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que Edwin H. Su-


therland desenvolveu a teoria da
a) labelling approach.
b) associação diferencial.
c) crítica e autocrítica.
d) escola de Chicago.
e) subcultura delinquente.

006. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É considerada como teoria de


consenso, criada pelo sociólogo Albert Cohen. Segundo Cohen, esta teoria se caracteriza por
três fatores: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo.
Trata-se da seguinte teoria sociológica da criminalidade:
a) escola de Chicago.
b) associação diferencial.
c) labelling approach.
d) subcultura delinquente.
e) teoria crítica.

007. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Escola Criminológica que tem como expoen-


te Albert Cohen, e que procura equacionar por meio de respostas não criminais e não punitivas
o comportamento geralmente juvenil que desafia os modelos de produção consumista:
a) Escola da Contracultura Contemporânea.
b) Teoria da Subcultura Delinquente.
c) Escola Socialista Cultural.
d) Teoria do Comunismo Consciente.
e) Teoria do Socialmente Razoável.

008. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Pode-se afirmar que o pensamen-


to criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho
argumentativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respecti-
vamente. Essas visões também são conhecidas como teorias
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.

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Teorias Sociológicas
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c) do conhecimento e da pesquisa
d) da formação e da dedução
e) do estudo e da conclusão.

009. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) A Teoria do labelling approach, a qual expli-


ca que a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um
processo em que se atribui tal estigmatização, também é denominada teoria
a) da desorganização social.
b) da rotulação ou do etiquetamento.
c) da neutralização.
d) da identificação diferencial.
e) da anomia.

010. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternati-


va contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A teoria _______ considera que o crime é um fenômeno natural da vida em sociedade; todavia,
sua ocorrência deve ser tolerada, mediante estabelecimento de limites razoáveis, sob pena de
subverter a ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo vigente.
a) da associação diferencial
b) do etiquetamento ou labelling approach
c) behaviorista
d) da anomia
e) da subcultura delinquente

011. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) Os objetos de investigação da crimino-


logia incluem o delito, o infrator, a vítima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente,
assinale a opção correta.
a) Para a criminologia positivista, infrator é mera vítima inocente do sistema econômico; culpá-
vel é a sociedade capitalista.
b) Para o marxismo, delinquente é o indivíduo pecador que optou pelo mal, embora pudesse
escolher pela observância e pelo respeito à lei.
c) Para os correcionalistas, criminoso é um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os seus
atos: ele necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
d) Para a criminologia clássica, criminoso é um ser atávico, escravo de sua carga hereditária,
nascido criminoso e prisioneiro de sua própria patologia.
e) A criminologia e o direito penal utilizam os mesmos elementos para conceituar crime: ação
típica, ilícita e culpável.

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Teorias Sociológicas
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012. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) De acordo com a teoria de Su-


therland, os crimes são cometidos
a) em razão do comportamento das vítimas e das condições do ambiente.
b) por pessoas de baixa renda, exatamente em razão de sua condição socioeconômica des-
privilegiada.
c) em razão do comportamento delinquente herdado, ou seja, de origem biológica.
d) por pessoas que sofrem de sociopatias ou psicopatias.
e) por pessoas que convivem em grupos que realizam e legitimam ações criminosas.

013. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Texto 1A14AAA João nutria gran-


de desejo por sua colega de turma, Estela, mas não era correspondido. Esse desejo transfor-
mou-se em ódio e fez que João planejasse o estupro e o homicídio da colega. Para isso, ele
passou a observar a rotina de Estela, que trabalhava durante o dia e estudava com João à
noite. Determinado dia, após a aula, em uma rua escura no caminho de Estela para casa, João
realizou seus intentos criminosos, certo de que ficaria impune, mas acabou sendo descober-
to e preso.
Conforme a criminologia crítica, o crime praticado contra Estela, descrito no texto 1A14AAA,
pode ser explicado
a) por traumas de infância desenvolvidos por João, o que tornou difícil a sua relação com
as mulheres.
b) pela pouca iluminação da rua que Estela elegeu para voltar para casa depois da aula.
c) pelo comportamento imprudente de Estela, que, no período noturno, andava sozinha em rua
mal iluminada.
d) pela existência de alguma característica inata de João, que fatalmente o levaria a cometer
os crimes de estupro e homicídio.
e) por multifatores, como uma cultura misógina que desvaloriza as mulheres e que legitima a
sua punição quando não forem atendidos os interesses e os desejos masculinos.

014. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relacionados aos modelos teóri-


cos da criminologia.
A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile Durkheim no século
XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime como patologia a noção da normalidade do
desvio como fenômeno social, podendo ser situada no contexto da guinada sociológica da
criminologia, em que se origina uma concepção alternativa às teorias de orientação biológica
e caracterológica do delinquente.

015. (CESPE/2018/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da


criminologia.
Para a teoria da reação social, o delinquente é fruto de uma construção social, e a causa dos
delitos é a própria lei; segundo essa teoria, o próprio sistema e sua reação às condutas des-
viantes, por meio do exercício de controle social, definem o que se entende por criminalidade.

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016. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) O paradigma da reação social


a) surgiu na Europa a partir do enfoque do interacionismo simbólico.
b) afirma que os grupos sociais criam o desvio, o qual é uma qualidade do ato infracional co-
metido pela pessoa.
c) indica que é mais apropriado falar em criminalização e criminalizado que falar em crimina-
lidade e criminoso.
d) afirma que a criminalidade tem natureza ontológica.
e) pode ser chamado, também, de labbeling approach, etiquetamento ou paradigma etiológico.

017. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relacionados aos modelos teóri-


cos da criminologia.
As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e Parsons obede-
cem ao modelo da denominada sociologia do conflito.

018. (CEBRASPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) Na perspectiva macrossociológica,


o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões: a das teorias de consen-
so e a das teorias de conflito.

019. (CEBRASPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) As teorias sociológicas de consen-


so vinculam-se a orientações ideológicas e políticas progressistas. Essas teorias consideram
que os objetivos da sociedade são atingidos quando as instituições funcionam e os indivíduos,
que dividem os mesmos valores, concordam com as regras de convívio.

020. (CEBRASPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) Relacionada a movimentos conser-


vadores e a orientações políticas também conservadoras, a teoria sociológica do conflito con-
sidera que a harmonia social advém da coerção e do uso da força, pois as sociedades estão
sujeitas a mudanças contínuas e são predispostas à dissolução.

021. (CEBRASPE/2018/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos


da criminologia.
De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de
atingir suas metas pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras,
conforme o seu próprio interesse.

022. (CEBRASPE/2018/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos


da criminologia.
Conforme a teoria ecológica, crime é um fenômeno natural e o criminoso é um delinquente
nato possuidor de uma série de estigmas comportamentais potencializados pela desorganiza-
ção social.

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023. (CESPE/2018/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às escolas e às teorias jurí-


dicas do direito penal, assinale a opção correta.
a) Os positivistas conclamavam a justiça a olhar para o crime como uma entidade jurídica,
enquanto os clássicos encaravam o crime como fatos sociais e humanos.
b) Na primeira metade do século passado, floresceu, na Universidade de Chicago, a chamada
teoria ecológica ou da desorganização social, que considerava o crime um fenômeno ligado a
áreas naturais.
c) A labelling approach enxerga o comportamento criminoso como motivado por razões onto-
lógicas ou intrínsecas, e não como decorrente do sistema de controle social.
d) A escola clássica ficou marcada pelo método de fundo dedutivo que empregava na ciência
do direito penal: o jurista deveria partir do concreto, ou seja, das questões jurídico-penais, para
passar ao abstrato, ou seja, ao direito positivo.
e) Os clássicos adotavam princípios relativos e que não se sobrepunham às leis em vigor, evi-
tando leis draconianas e excessivamente rigorosas, com penas desproporcionais.

024. (CEBRASPE/2019/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) A explicação do crime como


fenômeno coletivo cuja origem pode ser encontrada nas mais variadas causas sociais, como
a pobreza, a educação, a família e o ambiente moral, corresponde à perspectiva criminológica
denominada
a) sociologia criminal.
b) criminologia da escola positiva.
c) criminologia socialista
d) labeling approach, ou etiquetamento.
e) ecologia criminal.

025. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Acerca dos modelos teóricos da cri-


minologia, julgue o item que se segue.
Estabelecida por Durkheim, a teoria da anomia, que analisa o comportamento delinquencial
sob o enfoque estrutural-funcionalista, admite o crime como um comportamento normal, ubí-
quo e propulsor da modernidade.

026. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Na visão do marxismo, a responsabi-


lidade pelo crime recai sobre a sociedade, tornando o infrator vítima do determinismo social e
econômico.

027. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Segundo as análises de Michel Foucault em


seu livro Vigiar e punir, a necessidade de uma classificação paralela dos crimes e dos castigos,
assim como a necessidade de uma individualização das penas em conformidade com as ca-
racterísticas singulares de cada criminoso são elementos que se referem

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a) à reforma do modelo prisional, no século XIX.


b) ao suplício corporal, do século XVIII.
c) à reforma humanista do Direito penal, no século XVIII.
d) à reforma judiciária do Direito, no século XX.
e) às penas físicas, no século XVII.

028. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO – REAPLICAÇÃO) Ficaria claro, com ele,


que a maneira pela qual as sociedades e suas instituições reagem diante de um fato é mais
determinante para defini-lo como delitivo ou desviado do que a própria natureza do fato (...).
(Adaptado de: ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos criminológicos. Rio de Janeiro: Revan, 2008,
p. 588)

A teoria criminológica descrita na passagem acima é conhecida por


a) Escola de Chicago.
b) Associação Diferencial.
c) Escola Positivista.
d) Reação Social.
e) Garantismo Penal.

029. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO – REAPLICAÇÃO) O funcionalismo na


criminologia
a) surge com a dogmática contemporânea alemã e suas inovações em matéria de prevenção
do delito.
b) reúne as escolas que se enquadram na crítica à guerra às drogas e o consequente controle
social da pobreza que engendra.
c) opôs-se à Escola Positivista ao propor um modelo social baseado no conflito e no papel do
sistema penal na luta de classes.
d) fundamenta os movimentos de lei e ordem e de tolerância zero surgidos na Europa na dé-
cada de 1980.
e) defende que a pena tem como função a manutenção da coesão e harmonia social em um
quadro social caracterizado pelo consenso.

030. (FCC/2018/DPE-RS/DEFENSOR PÚBLICO) A legislação penal brasileira considera típico


o ato de pichação (art. 65 da Lei n. 9.605/98 e Lei n. 12.408/11). Contudo, tal comportamen-
to humano é percebido de formas diversas na sociedade, podendo também ser interpretado
como arte de rua. Nesse sentido, tal interferência na paisagem urbana pode ser compreendida
a partir de uma criminologia
a) iluminista, que afirma o delito como desvio não aceito pelo Rei, que na atualidade é repre-
sentado pelo Estado.

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b) fenomenal, que desdobra a história do direito penal e o relaciona às tendências punitivistas


contemporâneas.
c) biológica, que condiciona o conhecimento do ilícito e a capacidade de autodeterminação do
agente à evolução da espécie humana.
d) defensivista, que pretende justificar a criminalização do comportamento ilícito na proteção
dos bens coletivos.
e) cultural, que introduz a estética e a dinâmica da vida cotidiana do século XXI na investigação
criminológica.

031. (FCC/2016/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO) Na história da administração penal, várias


épocas podem ser destacadas, durante as quais vigoraram sistemas de punição completa-
mente diferentes. Indenização (penance) e fiança foram os métodos de punição preferidos
na Idade Média. Eles foram sendo gradativamente substituídos por um duro sistema de pu-
nição corporal e capital que, por sua vez, abriu caminho para o aprisionamento, em torno do
século XVII.
(RUSCHE, Georg; KIRCHHEIMER, Otto. Punição e estrutura social. 2.ed. Rio de Janeiro: Revan, 2004, p. 23)
De acordo com o clássico trabalho de Rusche e de Kirchheimer de 1939, é correto afirmar:
a) A pena de prisão foi tida pelos autores como uma forma positiva de adaptação dos trabalha-
dores ao sistema produtivo, trazendo a ressocialização ao centro do sistema punitivo.
b) O surgimento da prisão como forma hegemônica de punição da modernidade foi uma con-
quista iluminista de humanização das penas frente à barbárie da Idade Média.
c) Os autores podem ser classificados como membros da Escola de Chicago, dominante no
período de publicação da obra.
d) As relações entre mercado de trabalho, sistema punitivo e cárcere são próprios da crimi-
nologia crítica, que surgiu na década de 1960 e foi a principal escola de oposição a Rusche e
Kirchheimer.
e) A pena de prisão é relacionada ao surgimento do capitalismo mercantil, com a consequente
necessidade de disciplina da mão de obra para beneficiar interesses econômicos.

032. (UEG/2018/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre o labelling approach e sua influência


sobre o pensamento criminológico do século XX, constata-se que
a) a criminalidade se revela como o processo de anteposição entre ação e reação social.
b) recebeu influência decisiva de correntes de origem fenomenológica, tais como o interacio-
nismo simbólico e o behaviorismo.
c) o sistema penal é entendido como um processo articulado e dinâmico de criminalização.
d) parte dos conceitos de conduta desviada e reação social como termos independentes para
determinar que o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta.
e) no processo de criminalização seletiva o funcionamento das agências formais de controle
mostra-se autossuficiente e autorregulado.

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033. (FCC/2017/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) A criminologia da reação social


a) concentra seus estudos nos processos de criminalização.
b) corresponde a uma teoria do consenso.
c) explica o comportamento criminoso como fruto de um aprendizado.
d) identificou as subculturas delinquentes.
e) explica a existência do homem criminoso pelo atavismo.

034. (MPE-SC/2016/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) No âmbito das teorias criminológi-


cas, a teoria da subcultura delinquente, originariamente conhecida como “Escola de Chicago”,
assevera que a delinquência surge como resultado da estrutura das classes sociais, que faz
com que alguns grupos aceitem a violência como forma de resolver os conflitos sociais.

035. (NC-UFPR/2014/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Em relação às distintas teorias crimi-


nológicas, a ideia de que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de crimino-
so foi aplicado com sucesso foi desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
e) da reação social ou Labelling Approach.

036. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Paulo, executivo do mercado financeiro,


após um dia estressante de trabalho, foi demitido. O mundo desabara sobre sua cabeça. Pe-
gou seu carro e o que mais queria era chegar em casa. Mas o horário era de rush e o trânsito es-
tava caótico, ainda chovia. No interior de seu carro sentiu o trauma da demissão e só pensava
nas dívidas que já estavam para vencer, quando fora acometido de uma sensação terrível: uma
mistura de fracasso, com frustração, impotência, medo e etc. Neste instante, sem quê nem
porque, apenas querendo chegar em casa, jogou seu carro para o acostamento, onde atropelou
um ciclista que por ali trafegava, subiu no passeio onde atropelou um casal que ali se encon-
trava, andou por mais de 200 metros até bater num poste, desceu do carro meio tonto e não
hesitou, agrediu um motoqueiro e subtraiu a motocicleta, evadindo- se em desabalada carreira,
rumo à sua casa. Naquele dia, Paulo, um pacato cidadão, pagador de impostos, bom pai de
família, representante da classe média-alta daquela metrópole, transformou-se num criminoso
perigoso, uma fera que ocupara as notícias dos principais telejornais. Diante do caso narrado,
identifique dentre as Teorias abaixo, a que melhor analisa (estuda/explica) o caso.
a) Escola de Chicago.
b) Teoria da associação diferencial.
c) Teoria da anomia.
d) Teoria do labeling approach.
e) Teoria crítica.

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037. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) O efeito criminógeno da grande cidade,


valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos ur-
banos, é explicado pela
a) Teoria do Criminoso Nato.
b) Teoria da Associação Diferencial
c) Teoria da Anomia.
d) Teoria do Labelling Aproach.
e) Teoria Ecológica.

038. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a afirmativa correta.


a) A Escola de Chicago faz parte da Teoria Crítica.
b) O delito não é considerado objeto da Criminologia.
c) A Criminologia não é uma ciência empírica.
d) A Teoria do Criminoso Nato é de Merton.
e) Cesare Lombroso e Raffaelle Garofalo pertencem à Escola Positiva.

039. (FCC/2018/CLDF/CONSULTOR LEGISLATIVO DIREITOS HUMANOS) A chamada cri-


minalidade do colarinho branco foi assim designada de forma pioneira no âmbito da teoria
criminológica
a) da criminologia crítica, a partir dos estudos de Baratta.
b) do labelling aproach, a partir da obra de Becker.
c) da associação diferencial, a partir da obra Shutterland.
d) da discriminação simbólica, a partir da obra de Crane.
e) do cálculo racional, a partir dos estudos de Forman.

040. (VUNESP/2017/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) É possível encontrar re-


latos em reportagens jornalísticas e em investigações criminais de situações em que teori-
camente o poder do Estado não alcança, exemplo é a teoria de que organizações criminosas
mantêm “códigos de condutas” próprios e que execuções de integrantes das facções são con-
sideradas “justas” dada a gravidade das “infrações” praticadas dentro das citadas “regras”.
Também é possível, ao ouvir uma música com a expressão “é melhor viver pouco como um rei
do que muito como um Zé”, ter a ideia de que o crime compensaria, pois se fossem respeitadas
as regras sociais, a maioria dos jovens não conseguiria alcançar uma condição de vida satis-
fatória diante da falta de oportunidades para a ascensão social.
Os fatos sugeridos podem ser usados como exemplos de quais teorias criminológicas, tam-
bém chamadas de teorias do consenso?
a) Ecologia do Crime e Desorganização Cultural.
b) Labbelling Approach e Reorganização Cultural.
c) Aculturação e Reação História.

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d) Distanciamento e Associação Diferencial.


e) Subcultura Delinquente e Anomia.

041. (FAPEMS/2017/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA) Tendo como premissa o estudo da


Teoria Criminológica da Anomia, analise o problema a seguir.
O senhor X, 55 anos, bancário desempregado, encontrou, como forma de subsistência própria
e da família, trabalho na contravenção (apontador do jogo do bicho em frente à rodoviária da
cidade). Por lá permaneceu vários meses, sempre assustado com a presença da polícia, mas
como nunca sofreu qualquer repreensão, inclusive tendo alguns agentes como clientes dentre
outras autoridades da cidade, continuou sua labuta diária. Y, delegado de polícia, recém-chega-
do à cidade, ao perceber a prática contravencional, a despeito da tolerância de seus colegas,
prende X em flagrante. No entanto, apenas algumas horas após sua soltura, X retornou ao
antigo ponto continuando a receber apostas diárias de centenas de pessoas da comunidade.
Assinale a alternativa correta correspondente a esse caso.
a) A teoria da anomia advém do funcionalismo penal, que defende a pertinência da norma
enquanto reconhecida pela sociedade como necessária para a solução dos conflitos sociais,
tendo sido arbitrária a conduta do delegado.
b) A anomia, no contexto do problema, dá-se pelo enfraquecimento da norma, que já não in-
fluencia o comportamento social de reprovação da conduta, quando a sociedade passa a acei-
tá-la como normal.
c) A atitude dos demais policiais caracteriza o poder de discricionariedade legítimo do agente
de segurança pública, diante da anomia social caracterizada da norma que perde vigência pela
ausência de funcionalidade.
d) A atitude do delegado expressa a representação da teoria da anomia, em que a norma não
perde sua força de coerção social, pois, somente revogada por outra norma, independente do
comportamento do infrator.
e) A teoria da anomia não tem aplicação no caso em análise, pois sob o aspecto criminoló-
gico é necessário que estejam presentes no estudo do fenômeno o delinquente, a vítima e a
sociedade.

042. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Com o surgimento das Teorias Sociológicas


da Criminalidade (ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição
marcante das pesquisas criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em con-
sideração, principalmente, a forma como os sociólogos encaram a composição da sociedade:
Consensual (Teorias do consenso, funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do
conflito social). Neste contexto são consideradas Teorias Consensuais:
a) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
b) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
c) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.

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d) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.


e) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.

043. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa incorreta. A Teoria


do Etiquetamento
a) é considerada um dos marcos das teorias de consenso.
b) é conhecida como Teoria do Labelling Aproach.
c) tem como um de seus expoentes Ervinh Goffman.
d) tem como um de seus expoentes Howard Becker.
e) surgiu nos Estados Unidos.

044. (UEG/2018/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA) Em Vigiar e Punir, Michel Foucault (1926-


1984) aborda a transformação dos métodos punitivos a partir de uma tecnologia do corpo,
dentre cujos aspectos fundamentais destaca-se
a) a coexistência entre diversas economias políticas do castigo, mas, fundamentalmente, a
mudança qualitativa que representou substituição do carcerário pelo patibular.
b) o pensamento criminológico centrado na figura do homem delinquente, o que constitui a
força motriz para o surgimento e consolidação da prisão como mecanismo de controle.
c) o cumprimento dos fins declarados da pena de prisão na medida em que separa os espaços
sociais livres de castigo e os que devem ser objeto da repressão estatal.
d) o abandono completo do suplício corporal como tecnologia encarceradora que passa ser
utilizada a partir do século XIX.
e) o cárcere como dispositivo preponderante sobre o qual se ergue a sociedade disciplinar.

045. (FUMARC/2018/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre a relação entre o


preso e a sociedade, segundo Alessandro Baratta, é CORRETO afirmar:
a) A reinserção do preso na sociedade, após o cumprimento da pena, é assegurada a partir do
momento em que, no cárcere, o preso absorve um conjunto de valores e modelos de compor-
tamento desejados socialmente.
b) É necessário primeiro modificar os excluídos, para que eles possam voltar ao convívio social
na sociedade que está apta a acolhê-los.
c) O cárcere não reflete as características negativas da sociedade, em razão do isolamento a
que são submetidos os presos.
d) São relações sociais baseadas no egoísmo e na violência ilegal, no interior das quais os in-
divíduos socialmente mais débeis são constrangidos a papéis de submissão e de exploração.

046. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Trata-se da assunção das atitudes, dos mo-


delos de comportamento, dos valores característicos da subcultura carcerária. Estes aspectos
da subcultura carcerária, cuja interiorização é inversamente proporcional às chances de rein-

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serção na sociedade livre, têm sido examinados sob o aspecto das relações sociais e de poder,
das normas, dos valores, das atitudes que presidem estas relações, como também sob o ponto
de vista das relações entre os detidos e o staff da instituição penal.
(BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002, p. 184-
185)

O fenômeno retratado pelo trecho acima é chamado de


a) criminalização da pobreza.
b) prisionização.
c) direito penal do inimigo.
d) criminologia crítica.
e) encarceramento em massa.

047. (FCC/2017/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Com fundamento no ensinamento de Michel


Foucault sobre panoptismo, é correto afirmar:
a) A localização GPS inserida em fotos de pessoas tiradas de celulares juntamente ao reconhe-
cimento facial automatizado permite um controle de deslocamento constante e invisível des-
sas pessoas, porém não é um exemplo de panóptico por não se poder visualizar quem o exerce.
b) A indefinição do ponto de vigilância, de quem vigia e de quem aplicará eventual sanção
normalizadora é considerada uma falha no sistema panóptico e exige correção, por via de pro-
cedimento de exame.
c) Há distinção entre panoptismo e sistema panóptico, sendo que este último apenas pode ser
operado via instâncias disciplinadoras oficiais do Estado, como as escolas e prisões.
d) O monitoramento eletrônico de presos, via colocação de tornozeleiras eletrônicas com SIM
Cards, é exemplo de panoptismo, cuja função de vigilância é exercida com auxílio de um sof-
tware de georrastreamento.
e) A arquitetura panóptica refere-se unicamente a estruturas físicas de edifícios (prisões, es-
colas, hospitais etc.), não se cogitando que sistemas de informação sejam arquitetados para
operar em panoptismo.

048. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) “O atestado de que a prisão fracassa em redu-


zir os crimes deve talvez ser substituído pela hipótese de que a prisão conseguiu muito bem
produzir a delinquência, tipo especificado, forma política ou economicamente menos perigosa
− talvez até utilizável − de ilegalidade; produzir delinquentes, meio aparentemente marginaliza-
do mas centralmente controlado; produzir o delinquente como sujeito patologizado”.
O trecho acima, extraído de Vigiar e punir, sintetiza uma importante conclusão de Michel Fou-
cault decorrente de suas análises sobre a prisão como uma instituição disciplinar moderna.
Para o autor, a prisão permite
a) objetivar a delinquência por trás da infração e consolidar a delinquência no movimento das
ilegalidades.
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b) classificar a delinquência em suas categorias e erradicar a delinquência do meio social.


c) reduzir a delinquência através do controle e controlar a delinquência por meio da repressão.
d) combater a delinquência por meio da punição e erradicar a delinquência do meio social.
e) controlar a delinquência por meio da repressão e diferenciar a delinquência da periculosidade.

049. (MPE-SC/2013/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MANHÃ) Os principais postulados


do labelling approach são o interacionismo simbólico e construtivismo social; a introspecção
simpatizante como técnica de aproximação da realidade criminal para compreendê-la a partir
do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele atribui a sua conduta; a natureza
“definitorial” do delito; o caráter constitutivo do controle social; a seletividade e discriminatorie-
dade do controle social; o efeito criminógeno da pena e o paradigma do controle.

050. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Um dos instrumentos do poder disciplinar,


caracterizado por Michel Foucault em seu livro Vigiar e Punir, consiste em uma forma de puni-
ção que é, ao mesmo tempo, um exercício das condutas dos indivíduos. Este instrumento da
disciplina é denominado, pelo autor,
a) pena capital.
b) sanção normalizadora.
c) execução normativa.
d) sanção repressora.
e) poder soberano.

051. (FCC/2013/AL-PB/PROCURADOR) A avaliação do espaço urbano é especialmente im-


portante para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produ-
ção das condutas desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de
pensamento, conhecida na literatura criminológica, como
a) teoria da anomia.
b) escola de Chicago.
c) teoria da associação diferencial.
d) criminologia crítica.
e) labelling approach.

052. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Em relação ao conceito de crime, de


criminoso e de pena nas diversas correntes do pensamento criminológico e ao desenvolvimen-
to científico de seus modelos teóricos, é correto afirmar:
a) A criminologia científica nasceu no ambiente do século XVIII, recebendo contribuições da
Escola Positivista, mas ganhando contornos mais precisos com a Escola Clássica.
b) A criminologia crítica compreende que a finalidade da sociedade é atingida quando há um
perfeito funcionamento das suas instituições, de forma que os indivíduos compartilhem as
regras sociais dominantes.
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c) As teorias desenvolvidas nas escolas positivistas a partir do método dedutivo buscaram


maximizar as garantias individuais na persecução penal e fora dela.
d) No pensamento criminológico das escolas clássicas, identifica-se uma grande preocupação
com os conceitos de crime e pena como entidades jurídicas e abstratas de modo a estabelecer
a razão e limitar o poder de punir do Estado.
e) Os modelos teóricos de integração que compõem a criminologia tradicional partem da pre-
missa de que toda a sociedade está, a cada momento, sujeita a processos de mudança, exi-
bindo dissensão e conflito, haja vista que todo elemento em uma sociedade contribui, de certa
forma, para sua desintegração e mudança. Sendo assim, a sociedade é baseada na coerção de
alguns de seus membros por outros.

053. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) O pensamento criminoló-


gico moderno, de viés macrossociológico, é influenciado pela visão de cunho funcionalista
(denominada teoria da integração, mais conhecida por teorias do consenso) e de cunho argu-
mentativo (denominada por teorias do conflito). É correto afirmar que:
a) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da subcultura do delinquente e a teoria do etiquetamento.
b) São exemplos de teorias do conflito a teoria de associação diferencial a teoria da anomia, a
teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
c) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.
d) São exemplos da teoria do consenso a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia,
a teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
e) São exemplos da teoria do conflito a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial,
a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.

054. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Os modelos sociológicos


contribuíram decisivamente para um conhecimento realista do problema criminal demonstran-
do a pluralidade de fatores que com ele interagem. Leia as afirmativas a seguir, e marque a
alternativa INCORRETA:
a) As teorias conflituais partem da premissa de que o conflito expressa uma realidade pato-
lógica da sociedade sendo nocivo para ela na medida em que afeta o seu desenvolvimento e
estabilidade.
b) As teorias ecológicas partem da premissa de que a cidade produz delinquência, valendo-se
dos conceitos de desorganização e contágio social inerentes aos modernos núcleos urbanos.
c) As teorias subculturais sustentam a existência de uma sociedade pluralista com diver-
sos sistemas de valores divergentes em torno dos quais se organizam outros tantos grupos
desviados.

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d) As teorias estrutural-funcionalistas consideram a normalidade e a funcionalidade do crime


na ordem social, menosprezando o componente biopsicopatológico no diagnóstico do proble-
ma criminal.
e) As teorias de aprendizagem social sustentam que o comportamento delituoso se aprende
do mesmo modo que o indivíduo aprende também outras atividades lícitas em sua interação
com pessoas e grupos.

055. (MPE-SC/2019/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) A criminologia crítica é elaborada


com base em uma interpretação da realidade realizada a partir de um ponto de vista marxista.
Trata-se de uma proposta política que considera que o sistema penal é ilegítimo, e seu objetivo
é a desconstrução desse sistema.

056. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) No tocante às teorias da subcultura


delinquente e da anomia, assinale a alternativa correta.
a) Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não conse-
gue oferecer uma explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a
determinado tipo de criminalidade, sem que se tenha uma abordagem do todo.
b) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio
produzido no momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas cul-
turais da sociedade, fazendo com que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares
para atingir os objetivos almejados.
c) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a
função da pena não é cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que
desacredita o sistema normativo de condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia
não significa ausência de normas, mas o enfraquecimento de seu poder de influenciar condu-
tas sociais.
d) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura delinquencial sob a
perspectiva de Albert Cohen.
e) O sentimento de impunidade vivenciado por uma sociedade é antagônico ao conceito de
anomia identificado sob a ótica de Durkheim.

057. (FUMARC/2018/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre o sistema penal


e a reprodução da realidade social, segundo Alessandro Baratta, é CORRETO afirmar:
a) A cada sucessiva recomendação do menor às instâncias oficiais de assistência e de con-
trole social corresponde uma diminuição das chances desse menor ser selecionado para uma
“carreira criminosa”.
b) A homogeneidade do sistema escolar e do sistema penal corresponde ao fato de que reali-
zam, essencialmente, a mesma função de reprodução das relações sociais e de manutenção
da estrutura vertical da sociedade.

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c) A teoria das carreiras desviantes, segundo a qual o recrutamento dos “criminosos” se dá nas
zonas sociais mais débeis, não é confirmada quando se analisa a população carcerária.
d) O suficiente conhecimento e a capacidade de penetração no mundo do acusado por parte
do juiz e das partes no processo criminal são favoráveis aos indivíduos provenientes dos es-
tratos econômicos inferiores da população.

058. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A corrente de pensamento criminológi-


co que aponta, como técnica utilizada pelo criminoso para sua autojustificação, um procedi-
mento racional em que atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos en-
carregados de sua punição (policiais, membros do ministério público, magistrados), os quais
seriam corruptos, parciais e inescrupulosos, é denominada teoria
a) do estrutural-funcionalismo.
b) da criminologia crítica.
c) da neutralização.
d) do conflito cultural.
e) da criminologia radical.

059. (INÉDITA) A Teoria da Aprendizagem Social, também denominada Teoria Social Cogniti-
va, foi desenvolvida por:
a) B. F. Skinner
b) John Watson
c) Albert Brandura
d) David Matza
e) Gresham Sykes

060. (INÉDITA) Os programas de modificação de comportamento de presos empregados no


sistema penitenciário dos Estados Unidos decorrem, em grande medida, da Teoria Behaviorista.

061. (INÉDITA) Para a Teoria da Aprendizagem Social, defendida por Brandura, o comporta-
mento humano é uma resposta às recompensas do meio externo.

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GABARITO
1. b 37. e
2. e 38. e
3. c 39. c
4. a 40. e
5. b 41. b
6. d 42. a
7. b 43. a
8. b 44. b
9. b 45. d
10. d 46. b
11. c 47. d
12. e 48. a
13. e 49. C
14. C 50. b
15. C 51. b
16. c 52. d
17. E 53. c
18. C 54. a
19. E 55. C
20. E 56. a
21. C 57. b
22. E 58. c
23. b 59. c
24. a 60. C
25. C 61. E
26. C
27. c
28. d
29. e
30. e
31. e
32. c
33. a
34. E
35. e
36. c

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às teorias sociológicas da
criminalidade, é correto afirmar que
A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba por contribuir com a
inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma “espiral” que o impedirá
de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como criminoso.
Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da cri-
minalidade?
a) Janelas quebradas.
b) Etiquetamento Social.
c) Anomia.
d) Subcultura.
e) Ecológica do crime.

Para o Labelling Approach, Teoria da Rotulação, da Reação Social ou do Etiquetamento Social,


a prisão de infratores está relacionada com o início das cerimônias degradantes. Para Howard
Becker, praticado o ato inicial, começam as cerimônias degradantes, que são processos des-
moralizantes a que é submetido o réu e que atingem sua autoestima. Tem início, também, o
processo de estigmatização. A sociedade seleciona essa etiqueta – criminoso, ladrão – para
designar o indivíduo, mesmo que ele só tenha gasto alguns minutos da sua existência pratican-
do o crime. Estigmatizado e segregado da sociedade, o delinquente se aproximará de outros
criminosos e acabará se identificando com eles pela situação de vida em que se encontram.
Começa, então, o processo de desviação secundária: novos atos desviantes são cometidos
como fruto do processo de reação social à desviação primária. O agente mergulha no papel de
delinquente, num processo que se chama de “role engulfment”, e tem início sua carreira crimi-
nal. A profecia se autorrealiza: tanto diziam que ele era um criminoso que, agora, de fato o é.
Letra b.

002. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) O fundador da escola denominada “positivis-


mo criminológico” e o teórico inspirador da Teoria da Anomia são, respectivamente,
a) V. Lizt e Kardec.
b) Carrara e Parsons.
c) Beccaria e Ohlin.
d) Feuerbach e Merton.
e) Lombroso e Durkheim.

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Cesare Lombroso fundou a Escola Positivista. Émile Durkheim inspirou a Teoria Criminológica
da Anomia. Outros dois nomes importantes para a Teoria da Anomia se encontram nas letras
B (Talcott Parsons) e D (Robert Merton), mas em ambas as alternativas estão precedidos por
autores da Escola Clássica. Na letra A, Von Liszt pertence à Escola de Marburgo (Escola Socio-
lógica Alemã, Escola Moderna Alemã ou Jovem Escola Alemã de Política Criminal) e Kardec
não é um autor consagrado na Criminologia. Na letra C, Beccaria pertence à Escola Clássica e
Lloyd Ohlin pertence à Teoria da Ocasião Diferencial, uma das Teorias do Aprendizado.
Letra e.

003. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) O comportamento criminal é aprendido,


mediante a interação com outras pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou
seja, o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas
de classes menos favorecidas, não sendo exclusividade destas.
Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em um
ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como
a) Anomia.
b) Teoria Ecológica do Crime.
c) Associação Diferencial.
d) Subcultura Delinquente.
e) Labeling approach ou “etiquetamento”.

Para a Teoria da Associação Diferencial, surgida no começo da década de 1940, o crime não
é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas de qualquer classe social
aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa con-
duta. O processo de comunicação, que permite a aprendizagem, é fundamental para a prática
criminal. Essas ideias foram importantes para demonstrar que o crime pode ser cometido por
qualquer pessoa na sociedade, independentemente de fatores biológicos, de pobreza, de défi-
cit de inteligência ou falta de inserção social.
Letra c.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) A ausência de utilitarismo da ação, a malí-


cia da conduta e seu respectivo negativismo são fatores associados à teoria sociológica da
criminalidade denominada como
a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia
c) Teoria Ecológica do Crime.

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d) Labeling approach ou “etiquetamento”.


e) Associação Diferencial.

A Teoria da Subcultura Delinquente se desenvolveu a partir da obra Delinquent boys, de Albert


Cohen. Um argumento central para a teoria da subcultura delinquente é a existência de diferen-
ças essenciais entre a criminalidade subcultural e a criminalidade em geral. A subcultura, típica
das gangues, valoriza o não utilitarismo, a malícia, o negativismo, a versatilidade, o hedonismo
de curto prazo e a autonomia de grupo.
Letra a.

005. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que Edwin H. Su-


therland desenvolveu a teoria da
a) labelling approach.
b) associação diferencial.
c) crítica e autocrítica.
d) escola de Chicago.
e) subcultura delinquente.

Edwin Sutherland foi um criminólogo norte-americano, responsável pelo desenvolvimento da


teoria da associação diferencial na década de 1940.
Letra b.

006. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É considerada como teoria de


consenso, criada pelo sociólogo Albert Cohen. Segundo Cohen, esta teoria se caracteriza por
três fatores: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo.
Trata-se da seguinte teoria sociológica da criminalidade:
a) escola de Chicago.
b) associação diferencial.
c) labelling approach.
d) subcultura delinquente.
e) teoria crítica.

A teoria da subcultura delinquente defende a existência de uma subcultura. Nela, alguns gru-
pos (como os de delinquentes juvenis) passam a aceitar um sistema alternativo de valores e
crenças, que tem origem na interação com outros adolescentes em situação semelhante e que
soluciona os problemas de adaptação causados pela cultura dominante. A criminalidade des-
ses subgrupos possui características como o não utilitarismo da ação, malícia, versatilidade,
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negativismo, hedonismo de curto prazo e autonomia de grupo. Duas observações, portanto: os


fatores do enunciado (não utilitarismo, malícia e negativismo) estão incompletos; e eles não
caracterizam a teoria, mas sim a delinquência dos subgrupos.
Letra d.

007. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Escola Criminológica que tem como expoen-


te Albert Cohen, e que procura equacionar por meio de respostas não criminais e não punitivas
o comportamento geralmente juvenil que desafia os modelos de produção consumista:
a) Escola da Contracultura Contemporânea.
b) Teoria da Subcultura Delinquente.
c) Escola Socialista Cultural.
d) Teoria do Comunismo Consciente.
e) Teoria do Socialmente Razoável.

A teoria da subcultura delinquente se desenvolveu a partir da obra Delinquent boys, de Albert


Cohen, que versa sobre os grupos de gangues de meninos que não preenchem os critérios do
sistema de status respeitável na sociedade consumista.
Letra b.

008. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Pode-se afirmar que o pensamen-


to criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho
argumentativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respecti-
vamente. Essas visões também são conhecidas como teorias
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.
c) do conhecimento e da pesquisa
d) da formação e da dedução
e) do estudo e da conclusão.

As teorias do consenso também são chamadas de integralistas, estrutural-funcionalistas ou


simplesmente funcionalistas, pois defendem que a sociedade é uma estrutura relativamente
estável de elementos, bem integrada e que todo elemento em uma sociedade possui uma
função, contribuindo para a manutenção do sistema. As teorias do conflito, por outro lado, en-
tendem que há força e coerção na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de
uns e sujeição de outros. Esse grupo possui, portanto, um viés argumentativo.
Letra b.

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009. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) A Teoria do labelling approach, a qual expli-


ca que a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um
processo em que se atribui tal estigmatização, também é denominada teoria
a) da desorganização social.
b) da rotulação ou do etiquetamento.
c) da neutralização.
d) da identificação diferencial.
e) da anomia.

O labelling approach também é denominado teoria do etiquetamento (labelling em português),


teoria da reação social, teoria interacionista ou teoria da rotulação.
Letra b.

010. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternati-


va contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A teoria _______ considera que o crime é um fenômeno natural da vida em sociedade; todavia,
sua ocorrência deve ser tolerada, mediante estabelecimento de limites razoáveis, sob pena de
subverter a ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo vigente.
a) da associação diferencial
b) do etiquetamento ou labelling approach
c) behaviorista
d) da anomia
e) da subcultura delinquente

O termo anomia, na criminologia, diz respeito à ausência de normas ou à desintegração entre


os sistemas de valores e o sistema das normas sociais. Para a teoria da anomia de Durkheim,
a desviação é um fenômeno normal de toda estrutura social e somente quando se ultrapassam
certos limites o crime é um fenômeno negativo. Do contrário, o crime é necessário e útil para o
equilíbrio e desenvolvimento sociocultural.
Letra d.

011. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) Os objetos de investigação da crimino-


logia incluem o delito, o infrator, a vítima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente,
assinale a opção correta.
a) Para a criminologia positivista, infrator é mera vítima inocente do sistema econômico; culpá-
vel é a sociedade capitalista.

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b) Para o marxismo, delinquente é o indivíduo pecador que optou pelo mal, embora pudesse
escolher pela observância e pelo respeito à lei.
c) Para os correcionalistas, criminoso é um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os seus
atos: ele necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
d) Para a criminologia clássica, criminoso é um ser atávico, escravo de sua carga hereditária,
nascido criminoso e prisioneiro de sua própria patologia.
e) A criminologia e o direito penal utilizam os mesmos elementos para conceituar crime: ação
típica, ilícita e culpável.

Os correcionalistas veem o criminoso como um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os


seus atos, e que necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
O delinquente não é capaz de dirigir a sua vida, sendo necessária a intervenção do Estado, que
deve adotar postura pedagógica e de piedade. Na letra A, o correto seria Criminologia Crítica
ou Marxismo em vez de Criminologia Positivista. Na letra B, o correto seria Criminologia Clás-
sica em lugar de Marxismo. Na letra D, o correto seria Criminologia Positivista em lugar de
Clássica. E na letra E, ação típica, ilícita e culpável são elementos do crime para o Direito Penal,
mas não para a Criminologia. Incidência aflitiva e massiva, persistência espaço-temporal e ine-
quívoco consenso da população sobre a necessidade e efetividade de tipificar a conduta são
elementos que definem um crime para a Criminologia.
Letra c.

012. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) De acordo com a teoria de Su-


therland, os crimes são cometidos
a) em razão do comportamento das vítimas e das condições do ambiente.
b) por pessoas de baixa renda, exatamente em razão de sua condição socioeconômica des-
privilegiada.
c) em razão do comportamento delinquente herdado, ou seja, de origem biológica.
d) por pessoas que sofrem de sociopatias ou psicopatias.
e) por pessoas que convivem em grupos que realizam e legitimam ações criminosas.

Edwin Sutherland é o principal autor da teoria da associação diferencial. Para Sutherland, o cri-
me não é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas aprendem a conduta
desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa conduta. Esse processo é
tanto mais intenso quanto mais íntimas as relações estabelecidas pelo indivíduo. As pesso-
as, então, interagem em grupos, aprendem umas com as outras, se associam, mas não para
seguir os padrões da sociedade, e sim para agir de modo diferente (praticando delitos). Daí o
nome associação diferencial.
Letra e.
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013. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Texto 1A14AAA João nutria gran-


de desejo por sua colega de turma, Estela, mas não era correspondido. Esse desejo transfor-
mou-se em ódio e fez que João planejasse o estupro e o homicídio da colega. Para isso, ele
passou a observar a rotina de Estela, que trabalhava durante o dia e estudava com João à
noite. Determinado dia, após a aula, em uma rua escura no caminho de Estela para casa, João
realizou seus intentos criminosos, certo de que ficaria impune, mas acabou sendo descober-
to e preso.
Conforme a criminologia crítica, o crime praticado contra Estela, descrito no texto 1A14AAA,
pode ser explicado
a) por traumas de infância desenvolvidos por João, o que tornou difícil a sua relação com
as mulheres.
b) pela pouca iluminação da rua que Estela elegeu para voltar para casa depois da aula.
c) pelo comportamento imprudente de Estela, que, no período noturno, andava sozinha em rua
mal iluminada.
d) pela existência de alguma característica inata de João, que fatalmente o levaria a cometer
os crimes de estupro e homicídio.
e) por multifatores, como uma cultura misógina que desvaloriza as mulheres e que legitima a
sua punição quando não forem atendidos os interesses e os desejos masculinos.

É importante notar, nessa questão, que a pergunta se refere à possível explicação para os
crimes praticados contra Estela conforme a Criminologia Crítica. Parte-se, no pensamento cri-
minológico contemporâneo, da ideia de que a delinquência é fruto de muitas variáveis. Dentre
elas, encontra-se a cultura misógina, machista ou sexista. Misoginia é um termo empregado
para descrever as relações nocivas de ódio e desprezo dos homens em relação às mulheres.
Na base dessa cultura reside a ideia de hierarquia entre os sexos, com os homens ocupando
um lugar de ascendência e superioridade sobre as mulheres. Esse tipo de pensamento justifica
crimes como estupro, violência doméstica, feminicídio etc. Na letra A, não há, no texto, qual-
quer menção a traumas de infância de João, e tampouco é esse um argumento recorrente na
Criminologia Crítica. Na letra B, a pouca iluminação da rua pode ter influenciado para a escolha
do local do crime, mas não explica, no marco da Criminologia Crítica, os crimes de estupro
e homicídio em si. Na letra C, o enunciado emprega argumentos de culpabilização da vítima
primária, rechaçados pela Criminologia Crítica. Na letra D, o enunciado é típico da Criminologia
positivista, que falava em criminosos natos e em determinismo.
Letra e.

014. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relacionados aos modelos teóri-


cos da criminologia.

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A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile Durkheim no século


XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime como patologia a noção da normalidade do
desvio como fenômeno social, podendo ser situada no contexto da guinada sociológica da
criminologia, em que se origina uma concepção alternativa às teorias de orientação biológica
e caracterológica do delinquente.

Émile Durkheim foi um sociólogo francês do final do século XIX. Ele é considerado um dos
principais teóricos da anomia. A anomia é o estado de desregramento, de ausência ou desin-
tegração das normas sociais, produzindo uma situação de transgressão ou de pouca coesão.
Para Durkheim, o crime se torna um problema quando existe uma situação de anomia. Caso
contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal. Sua teoria se afastava da patologiza-
ção do delito defendida, por exemplo, pelos positivistas. A criminologia sociológica se conso-
lidou como uma importante alternativa às teorias biológicas e psicológicas (sobre o caráter,
caracterológicas) do delito.
Certo.

015. (CESPE/2018/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da


criminologia.
Para a teoria da reação social, o delinquente é fruto de uma construção social, e a causa dos
delitos é a própria lei; segundo essa teoria, o próprio sistema e sua reação às condutas des-
viantes, por meio do exercício de controle social, definem o que se entende por criminalidade.

Para a teoria da reação social, ou “labelling approach”, não se pode compreender o crime pres-
cindindo do entendimento da própria reação social. Por isso se diz que um dos postulados da
teoria é o interacionismo, ou interacionismo simbólico, ou construtivismo social. A desviação
não é uma qualidade intrínseca da conduta, mas um atributo que lhe é conferido pelas instân-
cias de controle social formal. É decisivo, então, para compreender o crime, entender como
funcionam os mecanismos de controle social que atribuem o status de delinquente a alguém.
Certo.

016. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) O paradigma da reação social


a) surgiu na Europa a partir do enfoque do interacionismo simbólico.
b) afirma que os grupos sociais criam o desvio, o qual é uma qualidade do ato infracional co-
metido pela pessoa.
c) indica que é mais apropriado falar em criminalização e criminalizado que falar em crimina-
lidade e criminoso.
d) afirma que a criminalidade tem natureza ontológica.
e) pode ser chamado, também, de labbeling approach, etiquetamento ou paradigma etiológico.

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Surgido nos Estados Unidos, o paradigma da reação social começa a abandonar os questiona-
mentos etiológicos (estudo das causas do cometimento de crimes). Também conhecido por
“Labelling Approach” ou Teoria do Etiquetamento, tenta se distanciar da nomenclatura crime-
-criminoso, substituindo o enfoque dos estudos. Ao enfocar os processos de criminalização,
procura entender por que a alguém é satisfatoriamente atribuído um rótulo estigmatizante,
ou seja, porque algumas condutas e pessoas são selecionadas pelos mecanismos de reação
social – são criminalizadas – e outras não.
Letra c.

017. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relacionados aos modelos teóri-


cos da criminologia.
As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e Parsons obede-
cem ao modelo da denominada sociologia do conflito.

Robert Merton e Talcott Parsons desenvolveram a Teoria da Anomia, que obedece ao modelo
da denominada sociologia do consenso.
Errado.

018. (CEBRASPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) Na perspectiva macrossociológica,


o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões: a das teorias de consen-
so e a das teorias de conflito.

As duas grandes linhas das perspectivas sociológicas da Criminologia – aí incluídas as pers-


pectivas macrossociológicas – são as teorias do consenso e do conflito.
Certo.

019. (CEBRASPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) As teorias sociológicas de consen-


so vinculam-se a orientações ideológicas e políticas progressistas. Essas teorias consideram
que os objetivos da sociedade são atingidos quando as instituições funcionam e os indivíduos,
que dividem os mesmos valores, concordam com as regras de convívio.

As teorias do consenso partem do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos os


cidadãos, que aceitam as regras vigentes. De fato, essas teorias consideram que os objetivos
da sociedade são atingidos quando as instituições funcionam e os indivíduos, que dividem os
mesmos valores, concordam com as regras de convívio. No entanto, essas teorias são consi-
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deradas conservadoras, porque acreditam na coesão social e querem garanti-la, preservando


o status quo, ou seja, o estado vigente das coisas. Logo, não se vinculam a orientações ideoló-
gicas e políticas progressistas.
Errado.

020. (CEBRASPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) Relacionada a movimentos conser-


vadores e a orientações políticas também conservadoras, a teoria sociológica do conflito con-
sidera que a harmonia social advém da coerção e do uso da força, pois as sociedades estão
sujeitas a mudanças contínuas e são predispostas à dissolução.

As teorias sociológicas do conflito são consideradas progressistas. Para elas, não é o contrato
social que garante a manutenção do sistema e que faz com que os grupos sociais evoluam.
Esses papeis devem ser – e são – atribuídos ao conflito. É, portanto, o conflito que promove
as alterações necessárias para o desenvolvimento dinâmico da sociedade. Por isso, diz-se que
essas teorias são progressistas, e não conservadoras.
Errado.

021. (CEBRASPE/2018/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos


da criminologia.
De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de
atingir suas metas pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras,
conforme o seu próprio interesse.

O enunciado diz respeito à teoria da anomia de Robert Merton. Para ele, a cultura de uma socie-
dade coloca muita ênfase na importância de que se atinja um certo objetivo, mas não fornece
os meios correspondentes para que o êxito se dê. Isso é particularmente visível nas situações
em que a estrutura cultural impõe aos cidadãos padrões de consumo e riqueza, mas a estru-
tura social não fornece condições para que os indivíduos enriqueçam ou consumam do modo
como se espera. Para lidar com os objetivos e meios, os indivíduos procedem a adaptações
individuais, que podem ser de cinco tipos. Uma das possibilidades de adaptação é a inovação.
Nela, o indivíduo faz uso de meios proibidos, porém efetivos, alcançar seus objetivos. É aqui,
especificamente, que se fala em anomia, como não aceitação das regras que limitam os meios
para o alcance das metas.
Certo.

022. (CEBRASPE/2018/DPF/DELEGADO) Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos


da criminologia.

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Conforme a teoria ecológica, crime é um fenômeno natural e o criminoso é um delinquente


nato possuidor de uma série de estigmas comportamentais potencializados pela desorganiza-
ção social.

A teoria ecológica, da Escola de Chicago, relaciona a criminalidade com a desorganização


social decorrente do crescimento abrupto e desordenado das grandes cidades. Não encara
o criminoso como delinquente nato possuidor de estigmas comportamentais. Esse modo de
retratar o criminoso é típico do positivismo criminológico.
Errado.

023. (CESPE/2018/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO) Com relação às escolas e às teorias jurí-


dicas do direito penal, assinale a opção correta.
a) Os positivistas conclamavam a justiça a olhar para o crime como uma entidade jurídica,
enquanto os clássicos encaravam o crime como fatos sociais e humanos.
b) Na primeira metade do século passado, floresceu, na Universidade de Chicago, a chamada
teoria ecológica ou da desorganização social, que considerava o crime um fenômeno ligado a
áreas naturais.
c) A labelling approach enxerga o comportamento criminoso como motivado por razões onto-
lógicas ou intrínsecas, e não como decorrente do sistema de controle social.
d) A escola clássica ficou marcada pelo método de fundo dedutivo que empregava na ciência
do direito penal: o jurista deveria partir do concreto, ou seja, das questões jurídico-penais, para
passar ao abstrato, ou seja, ao direito positivo.
e) Os clássicos adotavam princípios relativos e que não se sobrepunham às leis em vigor, evi-
tando leis draconianas e excessivamente rigorosas, com penas desproporcionais.

A Teoria Ecológica ou da Desorganização Social também é chamada de Escola de Chicago.


Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos produziram mais
de 20 obras sobre a “ecologia” urbana da cidade de Chicago. Estudando Chicago, Park concluiu
que dentro do caos da metrópole, existem numerosas subcomunidades, ou “áreas naturais”.
As grandes cidades, exemplificava Park, possuem um distrito comercial, áreas residenciais,
distritos industriais, cidades satélites, favelas, colônias de imigrantes e essas são áreas natu-
rais de distribuição populacional que precisam ser compreendidas sociologicamente. Park fa-
lava em áreas naturais porque elas não eram – e não são – planejadas: resultam, ao contrário,
de processos ecológicos que afetam a distribuição e a função que as pessoas desempenham
na cidade. A cidade em geral permitia a confusão, a mobilidade e, portanto, o refúgio e a cria-
ção de personalidades conflitivas, como vagabundos, alcoólatras, prostitutas e delinquentes,
sobretudo a depender das áreas das cidades consideradas. Na letra A, eram os clássicos que

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consideravam o crime um fato jurídico. Na letra C, o crime não existe ontologicamente para
o “Labelling Approach” e tampouco interessam, para essa teoria, as motivações delitivas. Na
letra D, de fato, a Escola Clássica se valia de método dedutivo, mas isso significava partir do
abstrato (normas) para se chegar ao concreto (delito). Na letra E, os clássicos se preocupavam
com as penas proporcionais, mas defendiam que princípios deveriam informar o sistema, so-
brepondo-se às leis.
Letra b.

024. (CEBRASPE/2019/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) A explicação do crime como


fenômeno coletivo cuja origem pode ser encontrada nas mais variadas causas sociais, como
a pobreza, a educação, a família e o ambiente moral, corresponde à perspectiva criminológica
denominada
a) sociologia criminal.
b) criminologia da escola positiva.
c) criminologia socialista
d) labeling approach, ou etiquetamento.
e) ecologia criminal.

As escolas sociológicas ocupam, sobretudo a partir do século XX, importância central na Cri-
minologia. Como parte da Sociologia, a Sociologia Criminal busca explicações para o fenôme-
no criminal na sociedade em que o delito está inserido. É uma ciência que explica a correlação
entre o crime e sua sociedade, tentando compreender as motivações, as possibilidades de
controle e a permanência do fenômeno criminal nos grupos sociais. Para a Sociologia Criminal,
o delito é um fenômeno social causado por variados fatores (como família, educação, pobreza,
costumes, moral), e que guarda relação com situações ordinárias da vida cotidiana.
Letra a.

025. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Acerca dos modelos teóricos da cri-


minologia, julgue o item que se segue.
Estabelecida por Durkheim, a teoria da anomia, que analisa o comportamento delinquencial
sob o enfoque estrutural-funcionalista, admite o crime como um comportamento normal, ubí-
quo e propulsor da modernidade.

A teoria da anomia tem em Émile Durkheim seu fundador. O enfoque é estrutural-funcionalista,


inserindo-se no grupo das teorias do consenso. Para Durkheim, o crime se torna um problema
quando existe uma situação de anomia (desintegração de normas). Caso contrário, o crime é
um fenômeno relativamente normal. Afinal, ele ocorre em todas as sociedades. Aliás, explica

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ele, muitos índices criminais vêm aumentando significativamente ao longo da história social.
Ou seja, o crime é ubíquo, onipresente, está em todas as partes ao mesmo tempo. Além de
normal, o crime é útil porque propulsiona a evolução da consciência coletiva. Uma sociedade
sem crimes é pouco desenvolvida para Durkheim.
Certo.

026. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Na visão do marxismo, a responsabi-


lidade pelo crime recai sobre a sociedade, tornando o infrator vítima do determinismo social e
econômico.

A Criminologia Crítica, derivada das ideias de Marx, produz, em certa medida, um retorno ao
determinismo, mas agora não um determinismo biológico, como dos positivistas. Trata-se de
um determinismo econômico-social, que deriva do modo de produção desigual do capitalismo.
Aqui, no entanto, costuma-se dizer que não há um determinismo tão rígido como aquele do
século XIX, pois compreende-se que nem todos os marginalizados sociais cairão na engre-
nagem penal.
Certo.

027. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Segundo as análises de Michel Foucault em


seu livro Vigiar e punir, a necessidade de uma classificação paralela dos crimes e dos castigos,
assim como a necessidade de uma individualização das penas em conformidade com as ca-
racterísticas singulares de cada criminoso são elementos que se referem
a) à reforma do modelo prisional, no século XIX.
b) ao suplício corporal, do século XVIII.
c) à reforma humanista do Direito penal, no século XVIII.
d) à reforma judiciária do Direito, no século XX.
e) às penas físicas, no século XVII.

Na reforma humanista do século XVIII, fala-se em uma penalidade suavizada, em que deve ha-
ver humanidade, proporcionalidade (medida), individualização das penas e classificação dos
crimes e castigos. É necessário controlar a codificar as práticas ilícitas, principalmente se se
considera que passou a incomodar muito à nova burguesia a ascensão dos crimes contra a
propriedade. É que antes as principais ilegalidades eram dirigidas a direitos, mas com o de-
senvolvimento da sociedade capitalista, elas passaram a se dirigir aos bens. O roubo se tor-
nou mais comum e incômodo, de modo que os códigos começam a separar e a classificar as
ilegalidades. De um lado, as ilegalidades dos direitos, e de outro, as ilegalidades dos bens, em
relação às quais havia menos tolerância e que exigiam, portanto, vigilância constante.
Letra c.

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028. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO – REAPLICAÇÃO) Ficaria claro, com ele,


que a maneira pela qual as sociedades e suas instituições reagem diante de um fato é mais
determinante para defini-lo como delitivo ou desviado do que a própria natureza do fato (...).
(Adaptado de: ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos criminológicos. Rio de Janeiro: Revan, 2008,
p. 588)

A teoria criminológica descrita na passagem acima é conhecida por


a) Escola de Chicago.
b) Associação Diferencial.
c) Escola Positivista.
d) Reação Social.
e) Garantismo Penal.

A Teoria da Reação Social, ou Labelling Approach, postula que o crime não existe ontologica-
mente, ou seja, não existe por si só. O conceito de crime é definitorial: ele é resultado dos pro-
cessos de interação na sociedade e, portanto, não se pode compreender o crime prescindindo
do entendimento da própria reação social, que é quem define algo como sendo criminoso. É
decisivo, para compreender o crime, analisar como funcionam os mecanismos sociais que
atribuem o status de delinquente a alguém.
Letra d.

029. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO – REAPLICAÇÃO) O funcionalismo na


criminologia
a) surge com a dogmática contemporânea alemã e suas inovações em matéria de prevenção
do delito.
b) reúne as escolas que se enquadram na crítica à guerra às drogas e o consequente controle
social da pobreza que engendra.
c) opôs-se à Escola Positivista ao propor um modelo social baseado no conflito e no papel do
sistema penal na luta de classes.
d) fundamenta os movimentos de lei e ordem e de tolerância zero surgidos na Europa na dé-
cada de 1980.
e) defende que a pena tem como função a manutenção da coesão e harmonia social em um
quadro social caracterizado pelo consenso.

Para a Criminologia, o funcionalismo corresponde às teorias sociológicas do consenso, que


partem do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos os cidadãos que, por sua
vez, aceitam as regras vigentes. As pessoas de um grupo social possuem consenso em torno
de uma série de valores e criam instituições para manter a ordem social. Esse grupo de teorias

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também é chamado de integralista, pois compreende-se que a sociedade é uma estrutura rela-
tivamente estável de elementos, bem integrada e que todo elemento em uma sociedade possui
uma função, contribuindo para a manutenção do sistema. Para Durkheim, expoente da Teoria
da Anomia, o crime é útil e funcional porque permite que a consciência coletiva evolua, porque
reforça a solidariedade da sociedade.
Letra e.

030. (FCC/2018/DPE-RS/DEFENSOR PÚBLICO) A legislação penal brasileira considera típico


o ato de pichação (art. 65 da Lei n. 9.605/98 e Lei n. 12.408/11). Contudo, tal comportamen-
to humano é percebido de formas diversas na sociedade, podendo também ser interpretado
como arte de rua. Nesse sentido, tal interferência na paisagem urbana pode ser compreendida
a partir de uma criminologia
a) iluminista, que afirma o delito como desvio não aceito pelo Rei, que na atualidade é repre-
sentado pelo Estado.
b) fenomenal, que desdobra a história do direito penal e o relaciona às tendências punitivistas
contemporâneas.
c) biológica, que condiciona o conhecimento do ilícito e a capacidade de autodeterminação do
agente à evolução da espécie humana.
d) defensivista, que pretende justificar a criminalização do comportamento ilícito na proteção
dos bens coletivos.
e) cultural, que introduz a estética e a dinâmica da vida cotidiana do século XXI na investigação
criminológica.

A Criminologia Cultural é um desdobramento da Criminologia Crítica que se debruça sobre a


criminalização da cultura diferente na dinâmica da vida cotidiana do século XXI, como a de
grafiteiros, punks, neonazistas, roqueiros, mendigos, prostitutas etc. Jeff Ferrell, nos Estados
Unidos, relatou sua experiência com grafiteiros de Denver no livro “Crimes of Style” e no artigo
“Urban grafitti: crime, control and resistance”.
Letra e.

031. (FCC/2016/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO) Na história da administração penal, várias


épocas podem ser destacadas, durante as quais vigoraram sistemas de punição completa-
mente diferentes. Indenização (penance) e fiança foram os métodos de punição preferidos
na Idade Média. Eles foram sendo gradativamente substituídos por um duro sistema de pu-
nição corporal e capital que, por sua vez, abriu caminho para o aprisionamento, em torno do
século XVII.
(RUSCHE, Georg; KIRCHHEIMER, Otto. Punição e estrutura social. 2.ed. Rio de Janeiro: Revan, 2004, p. 23)

De acordo com o clássico trabalho de Rusche e de Kirchheimer de 1939, é correto afirmar:


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a) A pena de prisão foi tida pelos autores como uma forma positiva de adaptação dos trabalha-
dores ao sistema produtivo, trazendo a ressocialização ao centro do sistema punitivo.
b) O surgimento da prisão como forma hegemônica de punição da modernidade foi uma con-
quista iluminista de humanização das penas frente à barbárie da Idade Média.
c) Os autores podem ser classificados como membros da Escola de Chicago, dominante no
período de publicação da obra.
d) As relações entre mercado de trabalho, sistema punitivo e cárcere são próprios da crimi-
nologia crítica, que surgiu na década de 1960 e foi a principal escola de oposição a Rusche e
Kirchheimer.
e) A pena de prisão é relacionada ao surgimento do capitalismo mercantil, com a consequente
necessidade de disciplina da mão de obra para beneficiar interesses econômicos.

Os alemães Georg Rusche e Otto Kirchheimer, em 1939, na obra “Punição e Estrutura Social”,
estabeleceram uma relação entre mercado de trabalho e cárcere. Nela, defendiam exatamente
que a pena de prisão é relacionada ao surgimento do capitalismo mercantil, com a consequen-
te necessidade de disciplina da mão de obra para beneficiar interesses econômicos. Na letra
A, a ressocialização não foi trazida para o centro do sistema punitivo com o aprisionamento:
para Rusche e Kirchheimer a sociedade capitalista depende da existência de excluídos e por
isso a ressocialização pelo trabalho não consegue ter sucesso. São ideias conflitantes. Na
letra B, o nascimento da prisão como forma hegemônica não foi uma conquista humanista.
Ele se deu porque era necessário encontrar mão de obra para o sistema capitalista. Ou seja, a
hegemonia da prisão não existe em função da necessidade de humanizar as penas, mas por
uma razão econômica. Na letra C, Rusche e Kirchheimer não são pertencentes à Escola de Chi-
cago, ainda que tenham publicado a obra em período de pleno florescimento dessa corrente
de pensamento. E na letra D, não há oposição entre o pensamento de Rusche e Kirchheimer e
a Criminologia Crítica. O pensamento dos autores alemães foi redescoberto e difundido pela
Criminologia Crítica.
Letra e.

032. (UEG/2018/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre o labelling approach e sua influência


sobre o pensamento criminológico do século XX, constata-se que
a) a criminalidade se revela como o processo de anteposição entre ação e reação social.
b) recebeu influência decisiva de correntes de origem fenomenológica, tais como o interacio-
nismo simbólico e o behaviorismo.
c) o sistema penal é entendido como um processo articulado e dinâmico de criminalização.
d) parte dos conceitos de conduta desviada e reação social como termos independentes para
determinar que o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta.
e) no processo de criminalização seletiva o funcionamento das agências formais de controle
mostra-se autossuficiente e autorregulado.

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O Labelling Approach, Teoria da Reação Social ou do Etiquetamento, reconhece o caráter cons-


titutivo do controle social formal, considerado instrumento seletivo e discriminatório. Assim o
sistema penal cria a criminalidade, que não existe ontologicamente (por si própria). O sistema
penal não é um conjunto de leis penais, mas sim um processo dinâmico e articulado de cri-
minalização. Na letra A, a criminalidade não se antepõe à ação e à reação social, mas delas
decorre. Na letra B, o Labelling recebeu influência do interacionismo simbólico, que possui
ligações com a fenomenologia (estudo descritivo dos fenômenos, de tudo o que se pode ob-
servar na natureza a partir dos sentidos individuais) social. Mas ele não recebeu influência de-
cisiva do Behaviorismo, teoria e método de investigação psicológica que procura examinar de
modo mais objetivo o comportamento humano e dos animais, com ênfase nos fatos objetivos
(estímulos e reações), sem fazer recurso à introspecção. Na letra D, os conceitos de conduta
desviada e reação social não são independentes, já que, para o Labelling, é a reação que cria
o desvio. Na letra E, a investigação das agências formais de controle não pode considerá-las
como agências isoladas umas das outras, autossuficientes e autorreguladas. Requer, ao con-
trário, uma análise integrada, que permita apreender o funcionamento do sistema de crimina-
lização como um todo.
Letra c.

033. (FCC/2017/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) A criminologia da reação social


a) concentra seus estudos nos processos de criminalização.
b) corresponde a uma teoria do consenso.
c) explica o comportamento criminoso como fruto de um aprendizado.
d) identificou as subculturas delinquentes.
e) explica a existência do homem criminoso pelo atavismo.

O Labelling Approach, ou Teoria da Reação Social, reconhece o caráter constitutivo do controle


social formal, considerado instrumento seletivo e discriminatório. Deixa de questionar por que
um indivíduo comete crimes, e passa a indagar a razão de certa conduta ser etiquetada com
o rótulo de desviada. Nesse questionamento, as agências de controle social e os processos
de criminalização que realizam adquirem enorme importância e passam a ser estudados crite-
riosamente. O crime não existe por si só, ontologicamente. O crime deriva desse processo de
criminalização, que nada mais é do que a atribuição da etiqueta de criminoso a certas pessoas
realizada cotidianamente pelas instâncias de controle social formal. Se hoje é comum que haja
capítulos sobre a Polícia, o Ministério Público, as instituições prisionais, o sistema judiciário
nos livros e manuais de Criminologia, isso, em grande parte, deve-se ao paradigma inaugurado
pelo Labelling Approach, que tanto valor atribuiu aos respectivos papéis na constituição do
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delito. Na letra B, a Teoria da Reação Social insere no grupo de teorias do conflito, e não do
consenso. Na letra C, a principal teoria que explica o comportamento criminoso como fruto de
aprendizado foi a Teoria da Associação Diferencial, de Sutherland. A letra D refere-se à Teoria
da Subcultura Delinquente de Albert Cohen. Na letra E, coube ao Positivismo, e mais especifi-
camente a Lombroso, a explicação da existência do homem criminoso pelo atavismo.
Letra a.

034. (MPE-SC/2016/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) No âmbito das teorias criminológi-


cas, a teoria da subcultura delinquente, originariamente conhecida como “Escola de Chicago”,
assevera que a delinquência surge como resultado da estrutura das classes sociais, que faz
com que alguns grupos aceitem a violência como forma de resolver os conflitos sociais.

A Teoria da Subcultura Delinquente e a Escola de Chicago são teorias distintas. A Escola de


Chicago analisa a criminogênese a partir do estudo dos problemas urbanos das grandes cida-
des. A Teoria da Subcultura Delinquente trata das gangues, que surgem como uma alternativa
para os jovens incapazes de preencher os critérios do sistema de status respeitável na socie-
dade. As subculturas fornecem outros tipos de critérios de status, de modo que eles passam a
poder lidar com esses problemas de ajuste.
Errado.

035. (NC-UFPR/2014/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Em relação às distintas teorias crimi-


nológicas, a ideia de que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de crimino-
so foi aplicado com sucesso foi desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
e) da reação social ou Labelling Approach.

A teoria da reação social ou do labelling approach também é conhecida por teoria do etiqueta-
mento ou da rotulação social porque, entre outros aspectos, estuda o processo de reação do
controle social formal ao crime e se debruça sobre a questão de como uma etiqueta de crimi-
noso é aplicada, colada, atribuída com sucesso a certos delinquentes.
Letra e.

036. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Paulo, executivo do mercado financeiro,


após um dia estressante de trabalho, foi demitido. O mundo desabara sobre sua cabeça. Pe-

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gou seu carro e o que mais queria era chegar em casa. Mas o horário era de rush e o trânsito es-
tava caótico, ainda chovia. No interior de seu carro sentiu o trauma da demissão e só pensava
nas dívidas que já estavam para vencer, quando fora acometido de uma sensação terrível: uma
mistura de fracasso, com frustração, impotência, medo e etc. Neste instante, sem quê nem
porque, apenas querendo chegar em casa, jogou seu carro para o acostamento, onde atropelou
um ciclista que por ali trafegava, subiu no passeio onde atropelou um casal que ali se encon-
trava, andou por mais de 200 metros até bater num poste, desceu do carro meio tonto e não
hesitou, agrediu um motoqueiro e subtraiu a motocicleta, evadindo- se em desabalada carreira,
rumo à sua casa. Naquele dia, Paulo, um pacato cidadão, pagador de impostos, bom pai de
família, representante da classe média-alta daquela metrópole, transformou-se num criminoso
perigoso, uma fera que ocupara as notícias dos principais telejornais. Diante do caso narrado,
identifique dentre as Teorias abaixo, a que melhor analisa (estuda/explica) o caso.
a) Escola de Chicago.
b) Teoria da associação diferencial.
c) Teoria da anomia.
d) Teoria do labeling approach.
e) Teoria crítica.

Questão difícil. O foco da narrativa está nas consequências delitivas da demissão de Paulo.
Ele, integrante da classe média-alta, pensava nas dívidas a pagar, na sensação de frustração,
impotência e medo. Naquele momento, seus objetivos de longo prazo (suas metas, suas com-
pras, suas contas, seus impostos) não podiam mais ser satisfeitos pelos meios disponíveis
(seu salário), já que ele deixava de ter uma renda. Além disso, seu objetivo imediato (chegar
rápido à sua casa) tampouco podia ser satisfeito pelo meio disponível (carro), já que havia
engarrafamento e chuva. Esse distanciamento entre os objetivos e os meios disponíveis para
alcançá-los é o eixo central da teoria da anomia de Robert Merton. Pode-se dizer que, em rela-
ção ao roubo da motocicleta, Paulo agiu com o comportamento de inovação: não aceitou as
regras que limitavam seus meios, e tratou de descumpri-las para alcançar a meta de chegar
logo em casa.
Letra c.

037. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) O efeito criminógeno da grande cidade,


valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos ur-
banos, é explicado pela
a) Teoria do Criminoso Nato.
b) Teoria da Associação Diferencial
c) Teoria da Anomia.
d) Teoria do Labelling Aproach.
e) Teoria Ecológica.

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Também chamada de teoria da ecologia criminal ou teoria da desorganização social, a escola


de Chicago se dispôs a analisar comportamentos sociais, seitas, grupos, multidões, opinião
pública, criminalidade e outros fenômenos que ocorriam na cidade, cuja população saltou de
4.470 pessoas em 1840 para mais de um milhão de habitantes em 1900.
Letra e.

038. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a afirmativa correta.


a) A Escola de Chicago faz parte da Teoria Crítica.
b) O delito não é considerado objeto da Criminologia.
c) A Criminologia não é uma ciência empírica.
d) A Teoria do Criminoso Nato é de Merton.
e) Cesare Lombroso e Raffaelle Garofalo pertencem à Escola Positiva.

Lombroso e Garofalo são dois dos principais expoentes da Escola Positivista italiana. Na letra
A, a Escola de Chicago é uma das teorias do consenso e não faz parte da Teoria Crítica, que é
uma das teorias do conflito. Na letra B, o delito é um dos objetos da Criminologia, ao lado do
delinquente, da vítima e das instâncias de controle social. Na letra C, a Criminologia se vale de
método empírico, de observação da realidade. Na letra D, a teoria do criminoso nato foi utiliza-
da sobretudo por Cesare Lombroso.
Letra e.

039. (FCC/2018/CLDF/CONSULTOR LEGISLATIVO DIREITOS HUMANOS) A chamada cri-


minalidade do colarinho branco foi assim designada de forma pioneira no âmbito da teoria
criminológica
a) da criminologia crítica, a partir dos estudos de Baratta.
b) do labelling aproach, a partir da obra de Becker.
c) da associação diferencial, a partir da obra Shutterland.
d) da discriminação simbólica, a partir da obra de Crane.
e) do cálculo racional, a partir dos estudos de Forman.

Edwin Sutherland (e não Shutterland!), defensor da teoria da associação diferencial, cunhou a


expressão crime de colarinho branco (“white collar crime”). Utilizou-a por primeira vez em um
discurso de 1939. Trata-se do crime cometido no âmbito da profissão por uma pessoa de res-
peitabilidade e elevado estatuto social.
Letra c.

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Teorias Sociológicas
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040. (VUNESP/2017/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) É possível encontrar re-


latos em reportagens jornalísticas e em investigações criminais de situações em que teori-
camente o poder do Estado não alcança, exemplo é a teoria de que organizações criminosas
mantêm “códigos de condutas” próprios e que execuções de integrantes das facções são con-
sideradas “justas” dada a gravidade das “infrações” praticadas dentro das citadas “regras”.
Também é possível, ao ouvir uma música com a expressão “é melhor viver pouco como um rei
do que muito como um Zé”, ter a ideia de que o crime compensaria, pois se fossem respeitadas
as regras sociais, a maioria dos jovens não conseguiria alcançar uma condição de vida satis-
fatória diante da falta de oportunidades para a ascensão social.
Os fatos sugeridos podem ser usados como exemplos de quais teorias criminológicas, tam-
bém chamadas de teorias do consenso?
a) Ecologia do Crime e Desorganização Cultural.
b) Labbelling Approach e Reorganização Cultural.
c) Aculturação e Reação História.
d) Distanciamento e Associação Diferencial.
e) Subcultura Delinquente e Anomia.

A Teoria da Subcultura Delinquente pode ser usada para explicar as regras próprias das fac-
ções criminosas, pois é uma teoria que explica o florescimento de gangues nos bairros deli-
tivos das grandes cidades americanas. As gangues aceitam alguns valores predominantes,
mas também expressam sentimentos e crenças exclusivos de seus grupos (regras próprias,
códigos de conduta próprios). E a teoria da anomia, sobretudo a de Robert Merton, se dedica
a explicar as consequências criminológicas desse descompasso entre objetivos (condição de
vida satisfatória) e meios (oportunidades para a ascensão social).
Letra e.

041. (FAPEMS/2017/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA) Tendo como premissa o estudo da


Teoria Criminológica da Anomia, analise o problema a seguir.
O senhor X, 55 anos, bancário desempregado, encontrou, como forma de subsistência própria
e da família, trabalho na contravenção (apontador do jogo do bicho em frente à rodoviária da
cidade). Por lá permaneceu vários meses, sempre assustado com a presença da polícia, mas
como nunca sofreu qualquer repreensão, inclusive tendo alguns agentes como clientes dentre
outras autoridades da cidade, continuou sua labuta diária. Y, delegado de polícia, recém-chega-
do à cidade, ao perceber a prática contravencional, a despeito da tolerância de seus colegas,
prende X em flagrante. No entanto, apenas algumas horas após sua soltura, X retornou ao
antigo ponto continuando a receber apostas diárias de centenas de pessoas da comunidade.
Assinale a alternativa correta correspondente a esse caso.

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a) A teoria da anomia advém do funcionalismo penal, que defende a pertinência da norma


enquanto reconhecida pela sociedade como necessária para a solução dos conflitos sociais,
tendo sido arbitrária a conduta do delegado.
b) A anomia, no contexto do problema, dá-se pelo enfraquecimento da norma, que já não in-
fluencia o comportamento social de reprovação da conduta, quando a sociedade passa a acei-
tá-la como normal.
c) A atitude dos demais policiais caracteriza o poder de discricionariedade legítimo do agente
de segurança pública, diante da anomia social caracterizada da norma que perde vigência pela
ausência de funcionalidade.
d) A atitude do delegado expressa a representação da teoria da anomia, em que a norma não
perde sua força de coerção social, pois, somente revogada por outra norma, independente do
comportamento do infrator.
e) A teoria da anomia não tem aplicação no caso em análise, pois sob o aspecto criminoló-
gico é necessário que estejam presentes no estudo do fenômeno o delinquente, a vítima e a
sociedade.

A anomia, para Durkheim, é o estado de desregramento ou desintegração das normas sociais,


produzindo uma situação de transgressão ou de pouca coesão. São, por exemplo, aquelas si-
tuações em que não se sabe quais as normas vigentes ou em que uma norma positivada deixa
de ser amplamente observada pela sociedade. No caso concreto descrito na questão, a proibi-
ção do jogo do bicho é uma norma que se desintegrou. A situação está desregrada, anômica,
apesar de não ter havido revogação expressa do tipo penal que proíbe o jogo do bicho. Na letra
A, a conduta do delegado foi conforme a lei, portanto não se pode dizer que foi arbitrária. E a
teoria da anomia não advém do funcionalismo penal (ela é uma teoria do funcionalismo crimi-
nológico). Na letra C, os demais policiais tinham, em teoria, diante de uma ilegalidade, o dever
de fazer cumprir a lei, não havendo que se falar em discricionariedade. Afinal, discricionarie-
dade é uma margem de liberdade que o servidor público tem para eleger, segundo critérios
consistentes de razoabilidade, um dentre pelo menos dois comportamentos cabíveis perante
cada caso concreto. Ignorar um ato ilícito não é, ao menos não em teoria, para um policial, uma
atitude que se encaixe na margem de discricionariedade. Na letra D, em uma situação de ano-
mia a norma perde, sim, sua capacidade de regrar a sociedade, sua capacidade de coerção. Na
letra E, a teoria da anomia, que fala dessas situações em que as normas perdem a capacidade
de regrar os comportamentos, aplica-se ao caso em análise.
Letra b.

042. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Com o surgimento das Teorias Sociológicas


da Criminalidade (ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição
marcante das pesquisas criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em con-

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sideração, principalmente, a forma como os sociólogos encaram a composição da sociedade:


Consensual (Teorias do consenso, funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do
conflito social). Neste contexto são consideradas Teorias Consensuais:
a) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
b) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
c) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
d) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
e) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.

A Escola de Chicago, a Teoria da Anomia e a Teoria da Associação Diferencial são teorias


consensuais. Nas letras B, C, D e E, a Teoria Crítica e a Teoria do Etiquetamento (ou Teoria da
Rotulação, ou Labelling Approach) inserem-se no grupo de teorias conflituais.
Letra a.

043. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa incorreta. A Teoria


do Etiquetamento
a) é considerada um dos marcos das teorias de consenso.
b) é conhecida como Teoria do Labelling Aproach.
c) tem como um de seus expoentes Ervinh Goffman.
d) tem como um de seus expoentes Howard Becker.
e) surgiu nos Estados Unidos.

A teoria do etiquetamento – também conhecida como teoria do labelling approach – nasceu


nos EUA e tem como expoentes Becker e Goffman. Ela é uma teoria que se encaixa no marco
das teorias criminológicas do conflito.
Letra a.

044. (UEG/2018/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA) Em Vigiar e Punir, Michel Foucault (1926-


1984) aborda a transformação dos métodos punitivos a partir de uma tecnologia do corpo,
dentre cujos aspectos fundamentais destaca-se
a) a coexistência entre diversas economias políticas do castigo, mas, fundamentalmente, a
mudança qualitativa que representou substituição do carcerário pelo patibular.
b) o pensamento criminológico centrado na figura do homem delinquente, o que constitui a
força motriz para o surgimento e consolidação da prisão como mecanismo de controle.
c) o cumprimento dos fins declarados da pena de prisão na medida em que separa os espaços
sociais livres de castigo e os que devem ser objeto da repressão estatal.

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d) o abandono completo do suplício corporal como tecnologia encarceradora que passa ser
utilizada a partir do século XIX.
e) o cárcere como dispositivo preponderante sobre o qual se ergue a sociedade disciplinar.

Questão difícil. Foucault, em Vigiar e Punir, não faz, ele mesmo, uma criminologia do homem
delinquente. Passa muito longe disso. O que a banca quis dizer é que Foucault aborda a trans-
formação dos métodos punitivos a partir de uma tecnologia do corpo, e que, em sua aborda-
gem, ele considera que a Criminologia do século XIX, centrada na figura do homem delinquen-
te, constitui força motriz para a consolidação da prisão como mecanismo de controle. Afinal,
naquela época, o mundo estava preocupado com o controle do corpo. Não se trata de cuidar
do corpo, mas de esquadrinhá-lo detalhadamente, de exercer sobre ele uma coerção sem fol-
ga. Essa é a ideia do corpo dócil: um corpo que se analisa, que se manipula, que se modela,
que se treina, que obedece ao adestramento. Esse corpo que se esquadrinha é um conceito
que se potencializa com a Escola Positivista, do século XIX. Para que isso funcione, é neces-
sário atentar aos detalhes: inspeções minuciosas, regulamentos detalhados e controle das
mínimas parcelas da vida e do corpo começam a ter lugar. Ganha força, então, a ideia de poder
disciplinar e de sociedade disciplinar, onde o cárcere desempenha importante papel. As tipo-
logias positivistas foram cruciais na dinâmica de criar o delinquente (uma unidade biográfica,
núcleo de periculosidade, dotado de anomalia) e colocá-lo no lugar do infrator (mero autor de
um fato). Por isso, para Foucault, a técnica penitenciária e o homem delinquente são irmãos
gêmeos, que surgiram juntos e que ajudam a formar, nos subterrâneos do aparelho judiciário,
a delinquência, em substituição à mera infração. Na letra “a”, Foucault fala exatamente do
contrário, substituição do patibular (suplício) pelo cárcere. Na letra “c”, ele não argumenta que
os fins declarados (ressocialização, por exemplo) da pena de prisão sejam cumpridos. Na le-
tra “d”, o suplício corporal não foi completamente abandonado com o cárcere. Ainda que não
sejam necessariamente empregados castigos violentos e sangrentos, trata-se, ainda, do cor-
po do condenado: da sua utilidade, da sua docilidade, da sua submissão. Há uma tecnologia
política do corpo: uma microfísica do poder que sabe muito sobre o corpo e que controla suas
forças. O discurso de que a nova punição é sobre a alma não consegue mascarar que continua
a haver, sobretudo com a disseminação da pena privativa de liberdade, uma pesada tecnologia
do poder sobre o corpo. Na letra “e”, que induz muita gente a erro, quando fala do nascimento
do poder disciplinar, Foucault não se refere especificamente às prisões. Ele exemplifica com
a vida nos quartéis, instituições médicas, escolares e industriais, instituições onde começa de
fato a se erguer o poder disciplinar. Mas ele demonstra que, com o passar do tempo, o cárcere
se revela uma importante ferramenta para implementar o poder disciplinar.
Letra b.

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045. (FUMARC/2018/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre a relação entre o


preso e a sociedade, segundo Alessandro Baratta, é CORRETO afirmar:
a) A reinserção do preso na sociedade, após o cumprimento da pena, é assegurada a partir do
momento em que, no cárcere, o preso absorve um conjunto de valores e modelos de compor-
tamento desejados socialmente.
b) É necessário primeiro modificar os excluídos, para que eles possam voltar ao convívio social
na sociedade que está apta a acolhê-los.
c) O cárcere não reflete as características negativas da sociedade, em razão do isolamento a
que são submetidos os presos.
d) São relações sociais baseadas no egoísmo e na violência ilegal, no interior das quais os in-
divíduos socialmente mais débeis são constrangidos a papéis de submissão e de exploração.

Para Baratta, as relações entre o preso e a sociedade são perversas, porque reafirmam e apro-
fundam a marginalização social, num mecanismo egoísta, fruto de uma sociedade capitalista,
e violento, permeado de privações e ilegalidades. O sistema penal ajuda a reproduzir e assegu-
rar as relações sociais verticalizadas. Ele cria contraestímulos à integração dos setores mais
baixos e marginalizados do proletariado e é orientando para atingir as formas de desvio des-
ses grupos socialmente mais débeis. Na letra “a”, Baratta é absolutamente crítico do cárcere.
Ele diz que têm se mostrado infrutíferas as tentativas de socialização e de reinserção através
dessas instituições. Nas prisões, chamam a atenção o constante regime de privações a que
são submetidos os condenados e o processo negativo de socialização. Trata-se de um proces-
so de socialização em que há desculturação, isto é, desadaptação às condições necessárias
para a vida em liberdade, e aculturação ou prisionalização, que é a assunção de atitudes e mo-
delos de comportamento típicos da subcultura carcerária. Na letra “b”, o mais importante para
Baratta é modificar a sociedade capitalista excludente. Na letra “c”, os institutos de detenção
são o momento culminante do mecanismo de marginalização, refletindo, portanto, as caracte-
rísticas negativas da sociedade.
Letra d.

046. (FCC/2018/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Trata-se da assunção das atitudes, dos mo-


delos de comportamento, dos valores característicos da subcultura carcerária. Estes aspectos
da subcultura carcerária, cuja interiorização é inversamente proporcional às chances de rein-
serção na sociedade livre, têm sido examinados sob o aspecto das relações sociais e de poder,
das normas, dos valores, das atitudes que presidem estas relações, como também sob o ponto
de vista das relações entre os detidos e o staff da instituição penal.
(BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002, p. 184-
185)

O fenômeno retratado pelo trecho acima é chamado de

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a) criminalização da pobreza.
b) prisionização.
c) direito penal do inimigo.
d) criminologia crítica.
e) encarceramento em massa.

O processo de socialização do preso contém uma faceta de desculturação e outra de prisio-


nalização (ou prisionização), também chamada de aculturação. A prisionização é a assunção
de atitudes, modelos e valores característicos da subcultura carcerária. Quanto mais interio-
rizados os valores dessa nova subcultura, menor são as chances de reinserção na sociedade
posteriormente.
Letra b.

047. (FCC/2017/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Com fundamento no ensinamento de Michel


Foucault sobre panoptismo, é correto afirmar:
a) A localização GPS inserida em fotos de pessoas tiradas de celulares juntamente ao reconhe-
cimento facial automatizado permite um controle de deslocamento constante e invisível des-
sas pessoas, porém não é um exemplo de panóptico por não se poder visualizar quem o exerce.
b) A indefinição do ponto de vigilância, de quem vigia e de quem aplicará eventual sanção
normalizadora é considerada uma falha no sistema panóptico e exige correção, por via de pro-
cedimento de exame.
c) Há distinção entre panoptismo e sistema panóptico, sendo que este último apenas pode ser
operado via instâncias disciplinadoras oficiais do Estado, como as escolas e prisões.
d) O monitoramento eletrônico de presos, via colocação de tornozeleiras eletrônicas com SIM
Cards, é exemplo de panoptismo, cuja função de vigilância é exercida com auxílio de um sof-
tware de georrastreamento.
e) A arquitetura panóptica refere-se unicamente a estruturas físicas de edifícios (prisões, es-
colas, hospitais etc.), não se cogitando que sistemas de informação sejam arquitetados para
operar em panoptismo.

O panóptico, originalmente, é um sistema arquitetônico para presídios: de uma torre central, to-
dos os corredores radiais seriam observados. No panoptismo penal há vigilância permanente.
Hoje, o conceito de panoptismo extrapolou a ideia de sistema arquitetônico prisional. Ele é apli-
cado também com referência a sistemas de informações que permitem localizar, observar a
vida dos cidadãos e, mais especificamente, dos condenados monitorados com medidas alter-
nativas, como tornozeleiras eletrônicas, que permitem à Justiça criminal saber em tempo real
onde está o réu. Nas letras A e B, faz parte do conceito de panoptismo não saber quem exerce

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o controle. O efeito mais importante do panóptico é induzir no detento um estado consciente


e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático de poder, ainda que o
detento não visualize quem o exerce. Na letra C, essa distinção inexiste na literatura. O panop-
tismo é a situação gerada pelo emprego do sistema panóptico. Na letra E, o panoptismo extra-
polou os muros prisionais. Os sistemas de informação operam em panoptismo na atualidade.
Letra d.

048. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) “O atestado de que a prisão fracassa em redu-


zir os crimes deve talvez ser substituído pela hipótese de que a prisão conseguiu muito bem
produzir a delinquência, tipo especificado, forma política ou economicamente menos perigosa
− talvez até utilizável − de ilegalidade; produzir delinquentes, meio aparentemente marginaliza-
do mas centralmente controlado; produzir o delinquente como sujeito patologizado”.
O trecho acima, extraído de Vigiar e punir, sintetiza uma importante conclusão de Michel Fou-
cault decorrente de suas análises sobre a prisão como uma instituição disciplinar moderna.
Para o autor, a prisão permite
a) objetivar a delinquência por trás da infração e consolidar a delinquência no movimento das
ilegalidades.
b) classificar a delinquência em suas categorias e erradicar a delinquência do meio social.
c) reduzir a delinquência através do controle e controlar a delinquência por meio da repressão.
d) combater a delinquência por meio da punição e erradicar a delinquência do meio social.
e) controlar a delinquência por meio da repressão e diferenciar a delinquência da periculosidade.

Para Foucault, o sistema penitenicário revela a delinquência por trás da infração. O panoptis-
mo penitenciário é um sistema de documentação individualizante e permanente sobre o pre-
so: tudo é visto, registrado e se transforma em saber sobre aquele corpo, saber que regula a
prática carcerária. A partir do momento em que o infrator é condenado, ele passa a ser objeto
desse saber. O aparelho penitenciário efetua uma substituição: das mãos da justiça ele recebe
um condenado (ou infrator), mas no lugar do condenado ele coloca o delinquente, que é o indi-
víduo a ser conhecido, analisado, retreinado. O condenado ou infrator é caracterizado pelo ato
que cometeu. O delinquente, pela sua vida. Ou seja, por trás da infração (um ato), existe a delin-
quência (uma vida), que o aparelho penitenciário desvenda. Além disso, para Foucault, a prisão
serve para demarcar a delinquência no campo maior das ilegalidades. A prisão não se destina
a suprimir infrações, mas sim a distingui-las, distribuí-las e utilizá-las. A penalidade é uma ma-
neira de gerir as ilegalidades, de traçar limites de tolerância, deixando algumas pessoas dentro
da economia geral das ilegalidades, e excluindo outras. Ela demarca qual a forma particular de
ilegalidade sobre a qual quer jogar luz. A delinquência é a ilegalidade que o sistema carcerário
recortou e organizou. Nas letras B e D, a prisão não permite erradicar a delinquência do meio
social. Na letra C, a prisão não permite reduzir a delinquência. Foucault, ao explicar que a pri-

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são tem sido denunciada como o grande fracasso da justiça penal, recorda que elas não dimi-
nuem a taxa de criminalidade. Em realidade, fabricam delinquentes. Na letra E, a delinquência e
a periculosidade estão conectadas para Foucault. As tipologias positivistas foram cruciais na
dinâmica de criar o delinquente, uma unidade biográfica, núcleo de periculosidade, dotado de
anomalia. Por isso, para Foucault, a técnica penitenciária e o homem delinquente são irmãos
gêmeos, que surgiram juntos e que ajudam a formar, nos subterrâneos do aparelho judiciário,
a delinquência, em substituição à mera infração.
Letra a.

049. (MPE-SC/2013/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MANHÃ) Os principais postulados


do labelling approach são o interacionismo simbólico e construtivismo social; a introspecção
simpatizante como técnica de aproximação da realidade criminal para compreendê-la a partir
do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele atribui a sua conduta; a natureza
“definitorial” do delito; o caráter constitutivo do controle social; a seletividade e discriminatorie-
dade do controle social; o efeito criminógeno da pena e o paradigma do controle.

Pergunta difícil! Todos os postulados enunciados se enquadram no labelling approach: 1- Inte-


racionismo simbólico e construtivismo social (o saber criminológico passa necessariamente
pelo conhecimento de todas as partes envolvidas no processo de interação social e o conceito
que um indivíduo tem de si mesmo, de sua sociedade e da situação que nela representa –
como ele se constrói socialmente e como simboliza essas interações –, é ponto importante
do significado genuíno da conduta criminal); 2- Introspecção simpatizante como técnica de
aproximação da realidade criminal para compreendê-la a partir do mundo do desviado e captar
o verdadeiro sentido que ele atribui a sua conduta (os teóricos do labelling defendem que é
necessário tentar ver o mundo com os olhos do desviado); 3- Natureza “definitorial” do delito
(o caráter delitivo de uma conduta e de seu autor não é ontológico, ou seja, não existe isolada-
mente, mas depende de certos processos sociais de definição, que lhe atribuem tal caráter, e
de seleção, que etiquetam o autor como delinquente); 4- Caráter constitutivo do controle social
(a criminalidade é criada, constituída, pelo controle social, que seleciona condutas e etiqueta
seus autores); 5- Seletividade e discriminatoriedade do controle social (o controle social é al-
tamente discriminatório e seletivo, pois seleciona sua clientela sempre dos mesmos estratos
e grupos sociais); 6- Efeito criminógeno da pena (a pena potencializa e perpetua a desviação,
consolidando o desviado em um status de delinquente, gerando estereótipos e etiologias que
se supõe que pretende evitar. O condenado assume uma nova imagem de si mesmo, redefi-
nindo sua personalidade em torno do papel de desviado, desencadeando-se a denominada
desviação secundária); 7- Paradigma de controle (a criminologia passa a se dedicar ao estudo
das instâncias de controle social formal, isto é, do processo de definição e seleção que atribui
a etiqueta de delinquente a um indivíduo).
Certo.

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050. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Um dos instrumentos do poder disciplinar,


caracterizado por Michel Foucault em seu livro Vigiar e Punir, consiste em uma forma de puni-
ção que é, ao mesmo tempo, um exercício das condutas dos indivíduos. Este instrumento da
disciplina é denominado, pelo autor,
a) pena capital.
b) sanção normalizadora.
c) execução normativa.
d) sanção repressora.
e) poder soberano.

A sanção normalizadora é, ao lado da vigilância e do exame, um dos pilares da disciplina para


Foucault e consiste em um sistema instituído para corrigir e reduzir desvios.
Letra b.

051. (FCC/2013/AL-PB/PROCURADOR) A avaliação do espaço urbano é especialmente im-


portante para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produ-
ção das condutas desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de
pensamento, conhecida na literatura criminológica, como
a) teoria da anomia.
b) escola de Chicago.
c) teoria da associação diferencial.
d) criminologia crítica.
e) labelling approach.

A teoria ecológica da Escola de Chicago se dedicou a analisar as cidades, as zonas urbanas


onde a criminalidade está distribuída e o impacto criminógeno que a desorganização social
urbana possui.
Letra b.

052. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Em relação ao conceito de crime, de


criminoso e de pena nas diversas correntes do pensamento criminológico e ao desenvolvimen-
to científico de seus modelos teóricos, é correto afirmar:
a) A criminologia científica nasceu no ambiente do século XVIII, recebendo contribuições da
Escola Positivista, mas ganhando contornos mais precisos com a Escola Clássica.
b) A criminologia crítica compreende que a finalidade da sociedade é atingida quando há um
perfeito funcionamento das suas instituições, de forma que os indivíduos compartilhem as
regras sociais dominantes.

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c) As teorias desenvolvidas nas escolas positivistas a partir do método dedutivo buscaram


maximizar as garantias individuais na persecução penal e fora dela.
d) No pensamento criminológico das escolas clássicas, identifica-se uma grande preocupação
com os conceitos de crime e pena como entidades jurídicas e abstratas de modo a estabelecer
a razão e limitar o poder de punir do Estado.
e) Os modelos teóricos de integração que compõem a criminologia tradicional partem da pre-
missa de que toda a sociedade está, a cada momento, sujeita a processos de mudança, exi-
bindo dissensão e conflito, haja vista que todo elemento em uma sociedade contribui, de certa
forma, para sua desintegração e mudança. Sendo assim, a sociedade é baseada na coerção de
alguns de seus membros por outros.

Os clássicos consideram que o crime é, antes de tudo, um ente jurídico. A Escola Clássica se
preocupou, pela primeira vez, em fundamentar, delimitar e legitimar a pena. Em substituição ao
sistema penal caótico e desumano do Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um panora-
ma legislativo humanitário e racional, mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, justa e
proporcional. Na letra A, os positivistas, no século XIX, deram contornos mais precisos à Crimi-
nologia como ciência. Na letra B, a Criminologia Crítica é uma teoria do conflito que, com viés
predominantemente marxista, enxerga no modo de vida capitalista as razões para a prática
criminal, fazendo duras críticas às teorias do consenso e às ideias de existência de objetivos
comuns a todos os cidadãos. Na letra C, as teorias positivistas eram indutivas. Na letra E, os
modelos de integração são os modelos de consenso, que não falam de coerção, dissensão e
conflito. Para os modelos de integração, as pessoas de um grupo social possuem consenso
em torno de uma série de valores e criam instituições para manter a ordem social.
Letra d.

053. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) O pensamento criminoló-


gico moderno, de viés macrossociológico, é influenciado pela visão de cunho funcionalista
(denominada teoria da integração, mais conhecida por teorias do consenso) e de cunho argu-
mentativo (denominada por teorias do conflito). É correto afirmar que:
a) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da subcultura do delinquente e a teoria do etiquetamento.
b) São exemplos de teorias do conflito a teoria de associação diferencial a teoria da anomia, a
teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
c) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.
d) São exemplos da teoria do consenso a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia,
a teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
e) São exemplos da teoria do conflito a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial,
a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.

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CRIMINOLOGIA
Teorias Sociológicas
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A Escola de Chicago; as Teorias do Aprendizado, aí incluída a Teoria da Associação Diferencial;


a Teoria da Anomia; e a Teoria da Subcultura Delinquente são teorias do consenso, também
chamadas de funcionalistas ou de integração. A Teoria do Etiquetamento e a Teoria Crítica (ou
radical) são teorias do conflito ou argumentativas.
Letra c.

054. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Os modelos sociológicos


contribuíram decisivamente para um conhecimento realista do problema criminal demonstran-
do a pluralidade de fatores que com ele interagem. Leia as afirmativas a seguir, e marque a
alternativa INCORRETA:
a) As teorias conflituais partem da premissa de que o conflito expressa uma realidade pato-
lógica da sociedade sendo nocivo para ela na medida em que afeta o seu desenvolvimento e
estabilidade.
b) As teorias ecológicas partem da premissa de que a cidade produz delinquência, valendo-se
dos conceitos de desorganização e contágio social inerentes aos modernos núcleos urbanos.
c) As teorias subculturais sustentam a existência de uma sociedade pluralista com diver-
sos sistemas de valores divergentes em torno dos quais se organizam outros tantos grupos
desviados.
d) As teorias estrutural-funcionalistas consideram a normalidade e a funcionalidade do crime
na ordem social, menosprezando o componente biopsicopatológico no diagnóstico do proble-
ma criminal.
e) As teorias de aprendizagem social sustentam que o comportamento delituoso se aprende
do mesmo modo que o indivíduo aprende também outras atividades lícitas em sua interação
com pessoas e grupos.

As teorias conflituais não falam de patologia. Elas partem do pressuposto de que há força e
coerção na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de uns e sujeição de ou-
tros. A sociedade está sempre sujeita a processos de mudança e cada elemento da sociedade
contribui, de certa forma, para sua desintegração. Para essas teorias o crime faz parte da luta
pelo poder.
Letra a.

055. (MPE-SC/2019/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) A criminologia crítica é elaborada


com base em uma interpretação da realidade realizada a partir de um ponto de vista marxista.
Trata-se de uma proposta política que considera que o sistema penal é ilegítimo, e seu objetivo
é a desconstrução desse sistema.

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Teorias Sociológicas
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Também chamada de Nova Criminologia ou Criminologia Radical, as teorias de Criminologia


Crítica nascem com forte apelo às ideias de Karl Marx. Para os autores críticos, há relação dire-
ta entre o modo de produção capitalista e o funcionamento dos modos punitivos. Não se trata
mais de descobrir as razões da delinquência ou de lutar contra o crime, mas sim de abolir as
desigualdades sociais para equacionar o fenômeno delitivo. O sistema legal é um instrumento
a serviço da classe dominante para oprimir a classe trabalhadora. Em virtude da descrença no
papel desempenhado pelas instâncias de controle social formal, que são seletivas, discrimina-
tórias e estigmatizantes, possuem um postulado abolicionista, ou seja, de desconstrução do
sistema penal.
Certo.

056. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) No tocante às teorias da subcultura


delinquente e da anomia, assinale a alternativa correta.
a) Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não conse-
gue oferecer uma explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a
determinado tipo de criminalidade, sem que se tenha uma abordagem do todo.
b) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio
produzido no momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas cul-
turais da sociedade, fazendo com que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares
para atingir os objetivos almejados.
c) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a
função da pena não é cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que
desacredita o sistema normativo de condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia
não significa ausência de normas, mas o enfraquecimento de seu poder de influenciar condu-
tas sociais.
d) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura delinquencial sob a
perspectiva de Albert Cohen.
e) O sentimento de impunidade vivenciado por uma sociedade é antagônico ao conceito de
anomia identificado sob a ótica de Durkheim.

Por ter focado na criminalidade juvenil dos subgrupos (gangues, facções), uma das críticas
mais frequentes sobre a teoria da subcultura é exatamente a de não ter conseguido fornecer
uma explicação mais abrangente da criminalidade. Na letra B, a teoria da anomia apresentada
é de Robert Merton. Na letra C, a teoria da anomia apresentada é a de Durkheim. Na letra D, o
correto seria “não utilitarismo”. E na letra E, o sentimento de impunidade é convergente com o

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Teorias Sociológicas
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conceito de anomia de Durkheim, que significa desintegração de normas, como por exemplo
no caso que normas punitivas que deixam de ser aplicadas, abrindo espaço para a impunidade.
Letra a.

057. (FUMARC/2018/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre o sistema penal


e a reprodução da realidade social, segundo Alessandro Baratta, é CORRETO afirmar:
a) A cada sucessiva recomendação do menor às instâncias oficiais de assistência e de con-
trole social corresponde uma diminuição das chances desse menor ser selecionado para uma
“carreira criminosa”.
b) A homogeneidade do sistema escolar e do sistema penal corresponde ao fato de que reali-
zam, essencialmente, a mesma função de reprodução das relações sociais e de manutenção
da estrutura vertical da sociedade.
c) A teoria das carreiras desviantes, segundo a qual o recrutamento dos “criminosos” se dá nas
zonas sociais mais débeis, não é confirmada quando se analisa a população carcerária.
d) O suficiente conhecimento e a capacidade de penetração no mundo do acusado por parte
do juiz e das partes no processo criminal são favoráveis aos indivíduos provenientes dos es-
tratos econômicos inferiores da população.

Para Baratta, o sistema escolar – assim como o sistema penal – ajuda a refletir a estrutura ver-
tical e hierarquizada da sociedade. Há homogeneidade entre eles, porque operam de maneira
similar. As sanções escolares negativas, tais como repetição de anos, notas baixas em provas,
expulsões etc., são muito maiores quando se desce aos níveis inferiores da escala social.
Começa-se a perceber que as técnicas de seleção baseadas em testes de coeficientes de in-
teligência ou no conceito de mérito não são neutras. Afinal, os alunos provenientes de classes
mais baixas têm enorme dificuldade de se adaptarem ao mundo escolar, que é estranho a eles,
em função, por exemplo, do uso de regras de comportamento e linguagem bastante diferentes
das normas de seus grupos de origem. E aí, diante dessas dificuldades, advêm sanções nega-
tivas que refletem o quanto a escola é um instrumento de transmissão da cultura dominante.
Letra b.

058. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A corrente de pensamento criminológi-


co que aponta, como técnica utilizada pelo criminoso para sua autojustificação, um procedi-
mento racional em que atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos en-
carregados de sua punição (policiais, membros do ministério público, magistrados), os quais
seriam corruptos, parciais e inescrupulosos, é denominada teoria
a) do estrutural-funcionalismo.
b) da criminologia crítica.
c) da neutralização.

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d) do conflito cultural.
e) da criminologia radical.

A teoria da neutralização foi desenvolvida em um artigo publicado em 1957 por outros dois cri-
minólogos norte-americanos: David Matza e Gresham Sykes (também conhecido como Grex).
Eles se debruçaram sobre a criminalidade juvenil e defenderam que os delinquentes não pos-
suem outro sistema de valores, mas sim que compartilham do mesmo sistema de valores da
sociedade. Chegaram a essa conclusão ao observar que grande parte dos criminosos: sentem
culpa e vergonha após o crime; demonstram respeito às pessoas que obedecem a lei; e são
conscientes da ilegitimidade de seus comportamentos. Assim, além de terem que aprender
as técnicas de cometimento do delito, os delinquentes têm que aprender a neutralizar o com-
portamento delitivo. Eles vão desenvolvendo racionalizações e justificações para neutralizar a
culpa que sentem ao violar um sistema de valores socialmente aceito. São basicamente cinco
as técnicas de neutralização empregadas: negação da responsabilidade (não foi minha culpa);
negação da lesão (eu achava que não faria mal a ninguém); negação da vítima (ele teve o que
merecia); condenação dos condenadores (juízes e policiais são imbecis que implicam comigo,
são parciais e corruptos); apelo à lealdade (eu fiz isso em defesa de algo maior).
Letra c.

059. (INÉDITA) A Teoria da Aprendizagem Social, também denominada Teoria Social Cogniti-
va, foi desenvolvida por:
a) B. F. Skinner
b) John Watson
c) Albert Brandura
d) David Matza
e) Gresham Sykes

A Teoria da Aprendizagem Social foi desenvolvida pelo psicólogo canadense radicado nos
EUA, Albert Brandura.
Letra c.

060. (INÉDITA) Os programas de modificação de comportamento de presos empregados no


sistema penitenciário dos Estados Unidos decorrem, em grande medida, da Teoria Behaviorista.

O behaviorismo foi responsável pela aplicação da “tecnologia científica” ao campo da modi-


ficação do comportamento, notadamente de criminosos presos. Como exemplo, podem ser
citadas técnicas de modificação do comportamento que agem diretamente sobre o sistema
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Teorias Sociológicas
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nervoso, normalmente irreversíveis como a psicocirurgia, aplicada no “tratamento” de crimino-


sos violentos, as drogas, estimulação elétrica do cérebro, choques, castração química, tranqui-
lizantes. Na prática do sistema penitenciário dos Estados Unidos alguns programas de modi-
ficação de comportamento foram vistos, pelos próprios prisioneiros, como “psicogenocídio”.
As supostas técnicas de tratamento, em muitos casos, transformaram-se em formas extras
de punição.
Certo.

061. (INÉDITA) Para a Teoria da Aprendizagem Social, defendida por Brandura, o comporta-
mento humano é uma resposta às recompensas do meio externo.

Albert Brandura, teórico da Aprendizagem Social, diferentemente dos behavioristas radicais,


acredita que o indivíduo pode aprender sem sofrer qualquer tipo de reforço. As pessoas podem
aprender através da observação. A esse aprendizado deu o nome aprendizagem observacio-
nal, vicariante ou, ainda, modelação.
Errado.

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Teorias Sociológicas
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DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014.

__________ O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Edipro, 2014.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 42 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fun-
damentos teóricos; introdução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados
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Teorias Sociológicas
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OLMO, Rosa del. A América Latina e sua Criminologia. Rio de Janeiro: Revan, 2004.

PENTEADO Filho, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. 7. ed. São Paulo: Sa-
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SCHAEFER, Richard T. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre, AMGH Editora LTDA, 2014.

SERRANO Maíllo, Alfonso; PRADO Luiz Regis. Curso de Criminologia. 3 ed. São Paulo: RT, 2016.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2ª ed. São Paulo: RT, 2008.

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VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018.

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Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.

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Vitimologia e Criminologia Clínica

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Vitimologia e Criminologia Clínica
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Sumário
Vitimologia e Criminologia Clínica..........................................................................................................................3
Parte I - Vitimologia........................................................................................................................................................3
Conceito de Vitimologia. . ..............................................................................................................................................3
Evolução Histórica...........................................................................................................................................................4
Principais Nomes da Vitimologia............................................................................................................................5
Consolidação da Vitimologia...................................................................................................................................12
Contribuições da Vitimologia.. .................................................................................................................................13
Outras Classificações Vitimárias..........................................................................................................................15
Estatística Criminal e Cifras da Criminalidade...............................................................................................16
Classificações da Vitimização.................................................................................................................................18
Vitimologia Clássica x Vitimologia Solidarista ou Humanitária........................................................20
Lei n. 9.099/95. . ................................................................................................................................................................21
Lei n. 11.106/05.................................................................................................................................................................21
Vítimo-dogmática.. .........................................................................................................................................................23
Desmaterialização da Vítima..................................................................................................................................23
Seletividade da Vitimização.................................................................................................................................... 24
Síndromes Relacionadas à Vitimização............................................................................................................25
Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e
de Abuso de Poder........................................................................................................................................................26
Parte II - Criminologia Clínica................................................................................................................................. 28
Conceito de Criminologia Clínica.. ......................................................................................................................... 28
Resumo................................................................................................................................................................................32
Mapa Mental......................................................................................................................................................................41
Questões de Concurso................................................................................................................................................47
Gabarito...............................................................................................................................................................................65
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................66
Referências..................................................................................................................................................................... 103

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CRIMINOLOGIA
Vitimologia e Criminologia Clínica
Mariana Barreiras

VITIMOLOGIA E CRIMINOLOGIA CLÍNICA


Vamos dividir essa aula em duas partes. A primeira, e mais completa, será dedicada ao
estudo da Vitimologia. A segunda, relativa à Criminologia Clínica, tratará da definição de Cri-
minologia Clínica e de alguns tópicos do pensamento do Alvino Augusto de Sá, principal nome
da Criminologia Clínica brasileira. Sobre esse assunto, não vamos nos aprofundar, pois é um
ramo imenso da Criminologia, de modo que seria necessário outro curso se pretendêssemos
abordá-lo por completo. Vamos nos ater, nesse PDF, àquilo que é mais perguntado em provas.

Parte I - Vitimologia
Conceito de Vitimologia
O termo Vitimologia deriva da união das palavras vítima e logos e refere-se, portanto, ao
estudo das vítimas. Esse termo foi cunhado em 1947 por Benjamin Mendelsohn, advogado
egresso do campo de concentração nazista, sobre quem falaremos mais adiante.
Vítima pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, desde que sofra uma desventura, uma
ofensa, uma lesão decorrente de um crime. A lesão pode ser de vários tipos, como corpórea,
psíquica ou econômica.
A vítima pode ser direta ou indireta. A vítima direta, ou imediata, é a pessoa propriamente
lesada, detentora do bem jurídico atacado. Em um crime de homicídio, a pessoa morta é vítima
direta. A vítima indireta, ou mediata, é aquela que suporta indiretamente as consequências do
delito. É o caso, por exemplo, do Estado. Como titular da grande maioria das ações penais, é
considerado vítima mediata. E pode, naturalmente, ser também considerado vítima imediata,
como nos crimes contra a Administração Pública.
Alguns autores defendem que a Vitimologia é uma ciência. Outros, que é um ramo da Cri-
minologia. De qualquer maneira, a Vitimologia se dedica a jogar luz sobre o papel fundamental
que a vítima desempenha no fenômeno criminal. Analisa, entre outras coisas, a contribuição
do ofendido como causa ou condição do evento delituoso. Preocupa-se com a vítima, buscan-
do restaurar o seu papel no cenário criminal. Além de tentar entender qual o papel da vítima no
delito, defende programas de intervenção em crises, compensação, restituição, ressarcimento
do dano, assistência médica, psicológica e jurídica, seja na etapa de mediação como no pro-
cesso criminal ou cível eventualmente instaurado. Movimentos de defesa dos direitos da mu-
lher, da criança e do adolescente, dos indígenas, dos condenados e de grupos especialmente
vulneráveis têm sido citados como importantes propulsores da Vitimologia.
Além de procurar entender o papel desempenhado pela vítima no fenômeno criminal e o
tipo de assistência necessária para fazer frente aos traumas deixados pelo evento criminoso, a
Vitimologia desempenha importante papel no descobrimento das taxas reais de criminalidade,
como veremos mais adiante.

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Vitimologia e Criminologia Clínica
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Lola Aniyar de Castro, criminóloga venezuelana, sintetiza os seguintes objetos da Vitimologia:


• Estudo da personalidade da vítima, tanto vítimas de delinquentes, ou vítima de outros
fatores;
• Descobrimentos dos elementos psíquicos do complexo criminógeno existente na dupla
penal, isto é, o potencial de receptividade vitimal;
• Análise da personalidade das vítimas sem intervenção de um terceiro (como é o caso
do suicídio);
• Estudo dos meios de identificação dos indivíduos com tendência a se tornarem vítimas
(e inclusão de métodos psicoeducativos necessários para organizar sua própria defesa);
• Busca dos meios de tratamento curativo, para prevenir a recidiva da vítima.

García-Pablos de Molina explica que o Direito Penal contemporâneo encontra-se unilateral


e equivocadamente voltado para a pessoa do delinquente, relegando a vítima a uma posição
marginal, de desamparo, sem outro papel que o puramente testemunhal. Para ele, o sistema
legal já nasceu com o propósito deliberado de distanciar os dois protagonistas do conflito
criminal, despersonalizando a rivalidade, neutralizando a vítima e transformando-a em mero
conceito abstrato. A Sociologia e Psicologia Social têm ajudado a denunciar esse abandono e
a fornecer modelos teóricos aptos a analisar os dados das investigações vtimológicas.

Evolução Histórica
A vítima é um dos objetos da Criminologia, como analisamos na primeira aula. Ali, tivemos a
oportunidade de analisar que, em relação à vítima, os estudos criminais passaram por três gran-
des momentos. Vamos agora, retomar e aprofundar os conhecimentos sobre essas três fases:
• Idade de ouro da vítima: perdurou desde os primórdios da civilização até o fim da Alta
Idade Média. Nessa época havia a possibilidade de composição e de autotutela, ou seja,
de fazer justiça pelas próprias mãos. Havia, ainda, a possibilidade de aplicação da lei de
talião, de que já falamos anteriormente. Conhecida pela máxima “olho por olho, dente
por dente”, essa lei traz a ideia de correspondência entre o mal causado a alguém e o
castigo que deve receber. A um homicida, por exemplo, poderia ser imposta a pena de
morte. Durante a era de ouro da vítima se desenvolveu o processo penal acusatório,
em que as funções de acusar, julgar e defender estavam em mãos distintas. As partes
tinham iniciativa probatória, diante de um juiz inerte, que não podia produzir as provas
independentemente da provocação do autor e do réu.
• Neutralização do poder da vítima: essa fase teve início com a Baixa Idade Média, com
a crise do feudalismo, o início das Cruzadas, e a adoção do processo penal inquisitivo,
no século XII. Em oposição ao processo acusatório, o processo inquisitivo concentra as
funções de acusar e julgar nas mãos do juiz. Também chamado de processo inquisitório,
acabou se revelando problemático por dificultar a imparcialidade do juiz, que deixou de ser

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Vitimologia e Criminologia Clínica
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um árbitro e passou a ser um inquisidor. Nessa fase de neutralização, a vítima perdeu o


poder de reação ao fato delituoso, que passou para as mãos da administração pública. A
pena não era mais dirigida a compensar a dor da vítima ou determinada em função dessa
dor. A sanção penal passou a ser uma garantia para o grupo social de que eles podiam ter
expectativa na norma, pois a frustração de seus comandos geraria uma consequência.
• Revalorização do poder da vítima: essa fase teve início no século XVIII e perdurou até
os dias atuais. Considera-se que a vítima havia sido esquecida pelo processo criminal
e que é necessário recuperar certa parcela de seu protagonismo. Os autores penalistas
clássicos (séculos XVIII e XIX) começam a mencionar a importância da vítima, mas é
com a consolidação da Criminologia que os discursos de que a vítima deve ter proemi-
nência ganham força. Apesar do forte apelo da Vitimologia à doutrina de direitos huma-
nos, um dos problemas verificados nessa etapa de revalorização do poder da vítima é
a pressão que as vítimas ou seus parentes exercem em nossa sociedade, em nossos
legisladores e julgadores para que haja punições extremamente severas em função da
dor que estão sentindo, o que pode levar a um movimento de punitivismo exacerbado.
Muitos criminólogos conservadores, de viés punitivista, têm se apoiado nas vítimas com
o intuito de fortalecer o argumento de que se deve robustecer o poder repressivo, ale-
gando que quanto mais se protege o vitimador, mais dano se faz à vítima. García-Pablos
de Molina adverte que, nessa fase, não se pode pretender um retorno à idade de ouro da
vítima, afinal já se percebeu que uma resposta institucional a serena ao delito não pode
se subordinar aos estados emocionais da vítima. Reconhece-se que a natureza pública
do delito, da pena e do processo foram avanços civilizatórios históricos, aos quais não
se pretende renunciar. Mas é necessário proceder a uma redefinição global do status
da vítima, com identificação de suas expectativas e do papel que pode desempenhar na
busca de concreta justiça.

Principais Nomes da Vitimologia


Hans Gross

Hans Gross foi um jurista e criminólogo austríaco que teve importância decisiva no nasci-
mento da Criminalística, disciplina que se dedica a elucidar os crimes. Além de pai da perícia
criminal, Hans Gross é considerado precursor da Vitimologia em virtude de sua obra Raritä-
tenbetrug, publicada em 1901, em que analisou a ingenuidade das vítimas de fraudes raras.

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Benjamin Mendelsohn

O discurso de revalorização do poder da vítima se verificou de maneira pronunciada com


Benjamin Mendelsohn, advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para des-
crever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista.
Considerado um dos pais da Vitimologia, Mendelsohn sustentou a autonomia científica
desse saber. Para cuidar das vítimas, defendia Mendelsohn, é necessário ir além do Direito
Penal, pois o arsenal jurídico é estranho a elas. Daí a importância de escapar das armadilhas
jurídicas e daí, também, a defesa de uma Vitimologia geral (não exclusivamente jurídico-penal).
Mendelsohn argumentava ser impossível realizar justiça sem atentar para o papel da vítima.
Para ele, o objetivo da Vitimologia deveria ser: menos vítimas em todos os domínios em que a
sociedade está interessada, e na medida desse interesse. Não se deve restringir o domínio da
Vitimologia às vítimas de delitos. A vítima da delinquência não é a única que deve despertar inte-
resse na sociedade, e o seu sofrimento não é a única praga social pela qual a sociedade deve se
interessar. Meldelsohn se valia amplamente do conceito de vitmidade (victimité): trata-se da ca-
pacidade de ser vítima de fatores endógenos ou exógenos, ou, dito de outro modo, da totalidade
de características biopsicossociais comuns às diferentes categorias de vítimas que a sociedade
tem interesse de prevenir e curar, quaisquer que sejam os fatores determinantes.
A noção de vitimidade, acrescentava, não é o inverso da noção de criminalidade. A vitimida-
de compreende uma esfera muito mais ampla, que inclui, por exemplo, as vítimas de acidentes
de trânsito, de acidentes de trabalho, de vícios, de suicídios, do doenças laborais, dentre outras.
Essa noção ampla de vitimidade, aliás, seria determinante para diferenciar o objeto da Vitimo-
logia – vítima em seu conceito amplo – de um dos objetos da Criminologia – vítima de delitos.
Assim como a Sociologia se ocupa de todos os problemas sociais; a Medicina, de todas
as doenças; a Criminologia, de todos os delitos; a Vitimologia deveria se ocupar de todas as
categorias de vítimas e todos os problemas de vitimidade, sem ignorar nenhum dos fatores
determinantes que interessam à sociedade.
Esses fatores, que determinam que alguém se torne vítima, provêm de seis espé-
cies de meios:
• Meio endógeno, bio-psíquico, da própria vítima, tais como negligência, desatenção, es-
quecimento, falta de coordenação entre a percepção, o discernimento, a decisão e a
reação muscular;
• Meio natural, físico, imune à influência humana;
• Meio natural ambientalmente modificado pela influência humana;
• Meio social, aí consideradas as ações antissociais individuais ou organizacionais;
• Meio social político, em que se incluem os governos autoritários, ditatoriais, racistas,
genocidas;
• Meio motor, em que se encaixam as máquinas da modernidade que têm alto potencial
vitimizador.

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Considerados esses fatores, a Vitimologia deveria concentrar seus esforços na identifica-


ção de meios capazes de afastar o “complexo do perigo”, que equivale à soma de elementos
objetivos, subjetivos ou mistos, permanentes ou temporários, aparentes ou velados, que de-
terminam quais pessoas se tornarão vítimas. É necessário, portanto, analisar a periculosidade
vitimal, que não é distribuída igualmente na população, já que algumas pessoas têm mais
propensão a se tornar vítimas. A periculosidade vitimal diz respeito ao comportamento inapro-
priado da vítima que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação do agressor.
Mendelsohn defendia que, caso a ação de prevenção vitimal falhasse, a Vitimologia deveria
passar a se preocupar em reduzir ao mínimo a nocividade para as vítimas e em evitar a recidiva
vitimal. Aliás, para Mendelsohn, um dos paradoxos da sociedade contemporânea é o fato de que
quanto mais avançada uma sociedade, mais riscos ela implica. Assim, o complexo do perigo
avança rapidamente, com muitos riscos sendo criados para a população, enquanto os meios de
evitar os perigos estão sempre atrasados. A vitimidade, portanto, decorre de uma série de fatores
e é um problema geral e não individual, que guarda conexão com a evolução da sociedade.
Mendelsohn postulava a formulação de uma Vitimologia Clínica, um elemento vital da nova
ciência, que diria respeito à criação, nos hospitais, de uma seção especial para onde seriam di-
rigidas as vítimas de acidentes. Nesse setor, além de médicos, haveria sociólogos, psicólogos e
outros profissionais habilitados a lidar com as questões relativas às vítimas. Ele também defen-
dia a criação de um Centro de Vitimologia, que se ocuparia das questões vitimológicas que não
fossem clínicas. Para Mendelsohn, portanto, a Vitimologia, além de ampla, devia ter efeitos prá-
ticos, de livrar o ser humano do perigo. Se fosse útil e viável, a Vitimologia seria revolucionária1.

Classificação Vitimária de MENDELSOHN

Sua tipologia das vítimas, apresentada na palestra “Um horizonte novo na ciência biopsi-
cossocial”, pronunciada em um hospital de Bucareste, é bastante conhecida. Possui uma base
ao mesmo tempo etiológica e interacionista, já que procura compreender as causas de alguém
se tornar vítima analisando a interação existente entre os integrantes da dupla penal (vítima e
agressor). Foi desenvolvida, portanto, com base na correlação de culpabilidade entre a vítima e
o vitimador (delinquente): quanto maior a culpabilidade de um, menor a culpabilidade do outro.

Esse assunto é bastante cobrado nas provas!

As categorias da classificação vitimária de Mendelsohn são:


• Vítima totalmente inocente, que não tem “culpa” na infração penal, ou seja, não concorre
de forma alguma para o evento, como ocorre no caso do infanticídio e das pessoas com
mediana prudência. É também chamada de vítima ideal;

1
MENDELSOHN, Benjamin. La victimologie et les besoins de la societe actuelle. In: Revue internationale de criminologie et
de police technique, v. 26, n. 3, p. 267-276, jui./sep. 1973.

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• Vítima por ignorância, que é menos culpada que o delinquente, como, por exemplo,
aquele que anda com a bolsa aberta um lugar perigoso, sendo imprudente. São também
chamadas de vítima de menor culpabilidade;
• Vítima tão culpada quanto o delinquente, que dá causa ao resultado, como, por exemplo,
no caso da rixa (briga), da eutanásia, da dupla suicida, do aborto consentido e dos cri-
mes de estelionato em que a vítima tenta se aproveitar de uma situação pretensamente
muito vantajosa que lhe é apresentada. É também chamada de vítima voluntária;
• Vítima mais culpada que o delinquente, que o provoca, como, por exemplo, a vítima de
um homicídio privilegiado praticado após injusta provocação. São também chamadas
de vítima por provocação;
• Vítima como única culpada, de que é exemplo a pessoa que se coloca em situação de
completo risco, como o suicida ou um agressor que acaba sendo vítima de legítima
defesa. São também chamadas de vítimas agressoras, simuladas, simuladoras, imagi-
nárias ou pseudovítimas. Nessas hipóteses não se está diante de uma vítima real. Não
se trata de uma pessoa que coopera com o ânimo criminoso de alguém: ao contrário, a
pseudovítima é a única culpada pela situação.

RECURSO MNEMÔNICO

Essa classificação é bastante cobrada em provas. Para ajudar na memorização, eu cons-


truí uma tabelinha que ajuda a resolver as questões, que costumam mesclar e relacionar os
itens da primeira coluna com os da segunda.

A VÍTIMA É CULPADA NOMENCLATURA

NÃO Ideal

- Ignorância

= Voluntária

+ Provocadora

EXCLUSIVAMENTE Pseudo

E para ajudar a memorizar, em aula eu sugiro que os alunos memorizem o começo das no-
menclaturas que Mendelsohn atribui: Id, Ig, Vo, Provo, Pseudo. Isso ajuda a construir a tabela
na hora da prova.

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Hans Von Hentig

Hans Von Hentig foi um psicólogo criminal alemão radicado nos Estados Unidos.
No artigo Remarks on the Interaction of Perpretator and Victim, publicado em 1940, Hans
von Hentig explica que, em muitos casos a vítima não contribui para o fenômeno criminal, mas
que frequentemente pode ser observada uma mutualidade na conexão entre agressor e vítima.
Em clara conexão com os postulados positivistas do século XIX, e nitidamente inserido numa
visão de corresponsabilização da vítima, ele defende que em muitos casos a vítima ativamente
leva o agressor à tentação. “Se há criminosos natos, é evidente que também existem vítimas
natas, que se autolesionam e se autodestroem por meio de uma pessoa estranha maleável.”
Ele analisa três grupos de crimes, sob o ponto de vista vitimológico: assassinatos, crimes se-
xuais e estelionatos.
No tocante aos crimes sexuais, Hentig assinala – em viés típico de uma cultura pautada
por valores androcêntricos – que a sedução e o caráter depravado de certas vítimas são fun-
damentais para compreender muitos casos de estupro e incesto (relação sexual com parente
próximo). Em dois exemplos que nos soam absurdos, ele cita casos em que a filha ia dormir
na cama do pai, sendo que em um desses casos a menina havia perdido a mãe recentemente.
Por fim, no que diz respeito aos crimes de estelionato e outras fraudes, Hentig sublinha o
caráter fundamental da cooperação da vítima: a pessoa enganada é tentada a agir em direção
oposta aos seus interesses. Trata-se de um delito cooperativo, um jogo de confiança, do qual
raramente é vítima uma pessoa honesta. A vítima não apenas contribui amplamente para a
consumação do crime com o seu comportamento como impede, em muitos casos, que o deli-
to seja reportado e investigado, já que a demonstração de que estavam dispostas a entrar em
negócios desonestos pode ser bastante prejudicial à alta reputação de certas vítimas.
Em 1948, Hentig lançou o livro “O criminoso e sua vítima.” Para alguns, essa foi a primeira
obra a tentar sistematizar o estudo da Vitimologia. Nela, adiantando um pouco os postulados
interacionistas que seriam definitivamente incorporados à Criminologia na década de 1960,
Hentig explica que a relação entre o agressor e a vítima é muito mais intrincada do que as dis-
tinções simplistas do Direito Penal. São dois seres humanos, entre os quais pode se verificar
uma rica gama de interações, atrações e repulsas. Para o Direito é muito clara a distinção entre
vítima e agressor. O mesmo raciocínio não se aplica na Sociologia e na Psicologia, em que as
duas categorias podem se fundir. Há uma relação de mutualidade entre vítima e agressor. A
vítima forma e modela o criminoso. Em certo sentido, os animais predadores e suas presas se
complementam. Para conhecer uma pessoa, temos que estar familiarizadas com o seu com-
panheiro complementar.
Há, no livro, uma classificação geral das vítimas e os tipos psicológicos de vítimas. Em
ambas, como se verá a seguir, Hentig segue na ótica de corresponsabilização da vítima, com
viés fortemente impregnado de uma visão androcêntrica de mundo.

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As classes gerais de vítimas, para Hentig, são:


• A vítima jovem: a juventude é o período mais perigoso da vida. Por isso há tantos dispo-
sitivos impondo o dever de cuidado dos pais sobre os filhos. Mas há algumas ficções,
sobretudo no tocante ao consentimento, que distorcem a realidade. As mulheres jovens
são vítimas de crimes sexuais com mais frequência na lei do que na realidade. Mui-
tas meninas não oferecem qualquer resistência ao ato sexual e tampouco tentam fugir,
numa mistura de medo e curiosidade, castidade e desafio mental.
• A vítima mulher: o gênero feminino é outra forma de fraqueza reconhecida pela lei. Mas
em muitos casos a mulher somente se torna vítima em circunstâncias excepcionais,
como as trabalhadoras domésticas que engravidam dos seus patrões e, por isso, aca-
bam sendo eliminadas; ou as idosas que, por ganância, são atraídas por estelionatários.
E é incorreto falar de vítima quando tanto o agressor como a vítima estão envolvidos em
um empreendimento criminal.
• A vítima idosa: no idoso, há uma combinação de patrimônio acumulado, fraqueza física e
debilidade mental. Na combinação de riqueza e fraqueza mora o perigo. Qualquer um que
supere a desconfiança e a apreensão dos idosos pode se aproximar, para o bem ou para o
mal. O homem idoso é presa fácil de delinquência sexual, já que as inibições desaparecem.
• A vítima doente mental ou com perturbações mentais: nos dementes, loucos, viciados
em drogas, alcoólatras o jogo de forças motivacionais não opera de maneira normal.
Eles não têm noção do perigo e se colocam facilmente em situação de vítima. Há neles
tendências suicidas, autoacusações e são comumente vítimas de furto, roubo, estupro
e até mesmo assassinato.
• A vítima imigrante, ignorante ou minoritária: imigrantes e ignorantes são vítimas poten-
ciais de estelionatários. Imigrar é mais do que mudar de país. Relações humanas vitais
ficam prejudicadas. Há dificuldades linguísticas e necessidade de reconstruir laços psi-
cológicos. Leva alguns anos e algumas experiências dolorosas até que isso aconteça.
Antes disso, o imigrante é facilmente vitimizado. A pessoa ignorante ou inocente, segun-
do Hentig, parece ter nascido para ser vitimizado. O sucesso de tantos estelionatários
somente pode ser explicado pela estupidez das suas vítimas, e não pelo brilhantismo
dos criminosos. Essa estupidez psicológica é muito procurada pelos criminosos, porque
se aproxima da infantilidade. Os grupos minoritários não recebem a mesma proteção da
lei do que as classes dominantes. Eles temem a exploração e o abuso e é por isso que
membros do próprio grupo se aproximam deles com mais facilidade. Assim, negros aca-
bam sendo vítimas de outros negros. Além disso, os grupos minoritários são vítimas do
próprio sistema de justiça criminal. Em um levantamento realizado em Virgínia, Estados
Unidos, todos os negros indiciados por matar um branco receberam sentença de prisão
de morte ou perpétua. Mas somente 5,7% dos negros indiciados por matarem outro
negro receberam pena tão severa. A maioria (41,8%) dos negros que mataram negros
recebeu pena inferior a 10 anos de prisão. A cor da vítima influencia, portanto, enorme-
mente, o desfecho do caso.

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Depois de apresentada essa classificação geral de vítimas, Hentig passa a apresentar os


tipos psicológicos de vítimas, que são os seguintes:
• O tipo depressivo: é dominado por um desejo subconsciente de ser aniquilado e possui
um instinto de autopreservação débil.
• O tipo ganancioso: é dominado por sua expectativa de obter dinheiro de maneira fácil,
o que faz com que suspeitas e inibições sejam suprimidas. O desejo de ganho eclipsa
a inteligência, a experiência comercial e os impedimentos internos. Pessoas honestas
são com menor frequência vítima de golpes, porque não querem especular ou ter lucro
fácil. As meninas vítimas do tráfico de pessoas não são transportadas drogadas, incons-
cientes: elas são persuadidas por imagens de luxo, prazer, riqueza, aplausos e felicidade.
São, portanto, vítimas da própria vaidade.
• O tipo lascivo: está relacionado, sobretudo, com o homicídio de mulheres jovens e de
meia idade, cuja sensualidade é uma fraqueza facilmente explorável. Mas muitas mulhe-
res são cúmplices ou mesmo provocadoras de crimes sexuais.
• O tipo solitário ou de coração partido: o desejo por companhia é natural e urgente no ser
humano. Para quem está solitário, qualquer coisa é melhor do que ficar sozinho. É fácil
se tornar presa nessa situação. É o caso de idosos, viúvas, crianças abandonadas ou
que fugiram de seus lares, prostitutas sem rede familiar e em ostracismo social.
• O tipo tormentoso: trata-se, por exemplo, de um pai alcóolatra ou psicótico que tortura
esposa e filhos. O filho cresce e mata o pai. Ou da esposa de temperamento forte. Ela
atormenta tanto a vida do marido que, ao final, acaba sendo eliminada por ele. São, por-
tanto, pessoas tiranas, que passam de algozes de um relacionamento abusivo a vítimas
de assassinato, praticado pelo oprimido, num momento de rebelião e explosão.
• O tipo bloqueado, isento ou lutador: trata-se de uma categoria ampla, que pode ser divi-
dida nos seguintes subtipos:
− O tipo bloqueado: é o indivíduo que se encontra em situação tão perdida que movi-
mentos defensivos parecem impossíveis ou mais danosos que a lesão provocada pelo
criminoso. É o caso do banqueiro inadimplente que, ao tentar salvar seu negócio, acaba
entrando em negócios escusos, é enganado e tem as finanças ainda mais prejudicadas.
Profissionais de prestígio, como advogados, banqueiros, médicos, empresários, padres,
quando enganados, preferem muitas vezes engolir o orgulho a prestar uma queixa e as-
sumir suas fraquezas É também o caso do criminoso extorquido pela polícia; ou de uma
vítima de crime no momento de intimidade proibida, como no motel com a amante; ou
do preso que, estando em posse ilegal de dinheiro, é furtado dentro da prisão.
− O tipo isento: é o indivíduo que poderia, a priori, ser vítima, mas que, por suas caracte-
rísticas e atitudes, é desqualificado, descartado. Hentig explica que essa situação se dá
quando as situações e os seres humanos por alguma razão se repelem, e os resultados
criminais não aparecem. Nesses casos, não há interação e intercâmbio de elementos
causais. Como exemplo, ele cita que o ladrão católico normalmente não vai roubar um
padre e que os ladrões em geral não roubam pessoas com deficiência e policiais.

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− O tipo lutador: é o indivíduo que resiste, revida à violência. Raramente o criminoso


insiste em uma vítima agressiva e inteligente. Pode-se, portanto, ter como resultado
um crime apenas tentado. E a vítima, nesses casos, tem a tendência de não reportar
o delito. Mas há muitos casos em que a resistência da vítima pode agravar a situação.
Em crimes sexuais, aliás, a resistência aciona o impulso mórbido do agressor, acres-
centando um estímulo novo, poderoso e perigoso.

Consolidação da Vitimologia
Em 1973 ocorreu o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidi-
do por Israel Drapkin Senderey, médico argentino-chileno. Foi o fundador do Instituo de Crimi-
nologia do Chile e ajudou na formação de outras instituições de Criminologia em países latino-
-americanos, como Venezuela, Costa Rica e México. Em 1959, mudou-se para Israel para criar
o Instituto de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Sua vinculação com a América Latina, no entanto, nunca cessou, já que ele visitava frequen-
temente a região para dar cursos e palestras, com especial destaque para as vindas ao Brasil.
Em 1976 ocorreu, em Boston, nos Estados Unidos, o 2º Simpósio Internacional. O 3º Sim-
pósio ocorreu em Münster, na Alemanha, em 1979. Nessa ocasião, decidiu-se pela criação da
Sociedade Mundial de Vitimologia. (World Society of Victimology). Desde então, os Simpósios
Internacionais seguem acontecendo a cada três anos.
Em 1991, o 7º Simpósio Internacional de Vitimologia foi realizado no Rio de Janeiro. A es-
colha do Rio de Janeiro guardou relação com o sólido trabalho que vinha sendo realizado no
País pela Sociedade Brasileira de Vitimologia (SBV), fundada sete anos antes, em 28 de julho
de 1984, na mesma cidade.
Na fundação da SBV, especialistas das áreas de Direito, Medicina, Psiquiatria, Psicologia,
Sociologia e Serviço Social, além de outros estudiosos das ciências sociais, uniram-se para
consolidar no Brasil os conhecimentos relacionados com a vitimologia.
A SBV realiza estudos, pesquisas, seminários e congressos ligados à pesquisa vitimológi-
ca e mantém contato com outros grupos nacionais e internacionais, sobre aspectos relevantes
da Vitimologia. É, inclusive, membro da Sociedade Mundial de Vitimologia.
Para Ester Kosovski, brasileira, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, orga-
nizadora e autora de obras na área da Vitimologia e expoente da SBV,

a vitimologia é um campo multidisciplinar por excelência e abrange vários níveis de atuação em


diferentes contextos. Podemos dizer que repousa em um tripé: estudo e pesquisa; mudança da
legislação e assistência e proteção à vítima. (...)

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Todo o arcabouço do sistema penal, a começar com a polícia, passando pelo Ministério Público, a
Defensoria Pública, o Judiciário e finalmente a execução da pena é calcado quase que exclusiva-
mente na perseguição ao criminoso (nem sempre bem sucedida) e na sua punição (quase sempre
falha), deixando fora das preocupações do Estado a vítima, o lesado, o agredido, aquele que sofreu
a ofensa e que deve requerer mais atenção2.

A SBV tem sido muito importante na realização de colóquios, simpósios e palestras sobre
Vitimologia no Brasil e no incentivo a iniciativas pragmáticas que transformem o cenário viti-
mológico brasileiro. O Grupo Interdisciplinar de Estudos em Vitimologia, da Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro, foi impulsionado pela SBV como importante local de pesquisas e debates
sobre Vitimologia no meio acadêmico nacional. A criação e o funcionamento de centros de
assistência à vítima em várias unidades da federação foram fomentados pela SBV, na tentativa
de prevenir o processo de vitimização e de auxiliar no processo de assistência às vítimas.
Dentre os nomes de destaque da Vitimologia no Brasil podemos citar ainda: Edgard de
Moura Bittencourt, com sua obra Vítima, Laércio Pellegrino, Heitor Piedade Júnior e Heber
Soares Vargas.

Contribuições da Vitimologia
A Vitimologia, ao retirar a vítima do esquecimento penal e ao atribuir-lhe protagonismo, per-
cebe e demonstra que estudar o ofendido, analisar sua contribuição para a dinâmica criminal
e ouvir e atender suas necessidades é tarefa fundamental e complexa para as atuais ciências
criminais. As principais contribuições da moderna Vitimologia podem ser agrupadas nos se-
guintes eixos3:
• Vítima e dinâmica criminal: a Vitimologia explica que nem sempre a vítima é aleatória,
fungível, acidental ou irrelevante no iter criminis. A contribuição da vítima para a gênese
e dinâmica criminal não é homogênea e uniforme, mas sim variável de acordo com diver-
sos fatores, como a existência de interação prévia entre infrator e vítima;
• Vítima e prevenção do delito: partindo-se da premissa de que o risco de vitimização
(risco de ser vítima de um delito) não é distribuído igualmente na sociedade, admite-se
a possibilidade de prevenção vitimária, que é a prevenção da delinquência voltada para
a vítima em potencial. Como se sabe, por exemplo, que as principais vítimas de delitos
sexuais são as mulheres, podem ser traçadas estratégias para diminuição desse risco
diferenciado de vitimização. É uma prevenção complementar e não substitutiva da pre-
venção criminal. Possui as vantagens de ser uma intervenção não-penal e de ser dese-
nhada especificamente para grupos ou subgrupos que necessitam proteção especial
(mulheres, negros, idosos, jovens, etc.);

2
KOSOVSKI, Ester. Vitimologia e Direitos Humanos: uma boa parceria. Disponível em <http://sbvitimologia.blogspot.com.
br/>. Acesso em 17 abr. 2018.
3
GARCÍA-PABLOS de Molina. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. 5 ed. São Paulo: RT,
2006, p. 76 e ss.

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• Vítima como fonte alternativa informadora da criminalidade real: as estatísticas oficiais


somente fornecem dados sobre uma parcela da criminalidade: os delitos registrados, no-
ticiados pelo sistema legal. Assim, medem mais a atividade das instâncias de controle
social formal do que as oscilações reais das taxas de criminalidade. Por isso, possuem
relevância central as pesquisas de vitimização, em que se pede diretamente à popula-
ção que relate suas experiências como vítimas de delitos em certo espaço temporal.
São questionários estruturados, destinados a uma grande parcela da população, em que
pergunta se o pesquisado foi vítima de delito, quantas vezes, em quais circunstâncias,
com quais consequências e se houve, ou não, notificação do fato ao sistema legal de
persecução penal. Essas pesquisas demonstram tanto valor quantitativo como qualita-
tivo, já que quantificam e fornecem uma imagem rica e dinâmica da criminalidade real.
• Vítima e medo do delito: a vítima desempenha papel fundamental no problema cada
vez mais central do medo do delito. Aquele que se torna vítima de um delito passa por
uma “experiência vitimária”, e é normal que experimente uma angústia que pode até se
perpetuar, convertendo-se em profundo temor de reviver a situação. Mas a Vitimologia
tem, cada vez mais, se preocupado não com o medo individual, e sim com o medo como
estado de ânimo coletivo e não necessariamente associado a uma prévia experiência
vitimária. Trata-se de um medo por vezes imaginário e sem fundamento com profundos
efeitos nocivos: alteração de hábitos de vida; fomento de comportamentos pouco soli-
dários em relação a outras vítimas; fortalecimento de uma política criminal drástica, de
rigor desnecessário e pouco eficaz.
• Vítima e política social: a Vitimologia preocupa-se com a ressocialização da vítima, que
não reclama apenas compaixão, mas respeito aos seus direitos. E o dano que a vítima
experimenta não se resume à lesão ao bem jurídico. Infelizmente, é comum que a vítima
inspire desconfiança, receio e suspeitas. Por tudo isso, é necessário formular progra-
mas de reparação, assistência, compensação e tratamento das vítimas.
• Vítima e sistema legal: a vítima tem em suas mãos a chave da movimentação legal, já
que praticamente somente os delitos noticiados são perseguidos. A Vitimologia inves-
tiga os fatores que contribuem para a decisão da vítima em não noticiar o delito, tais
como o impacto psicológico (temor, abatimento, depressão); o sentimento de impotên-
cia; o medo de represália; a relação pessoal da vítima como o vitimizador (também cha-
mado de vitimário); o receio do descaso do sistema de controle penal; o pertencimento
da vítima a grupos minoritários ou marginalizados, entre outros.

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Vitimologia e Criminologia Clínica
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Outras Classificações Vitimárias


Além da classificação das vítimas de Mendelsohn, outras classificações são, por vezes,
cobradas em provas. Vou apresentar, portanto, outras categorias de vítimas apontadas pelo
pensamento criminológico e vitimológico4:
• Vítima nata: aquela que a apresenta, desde o nascimento, predisposição para ser vítima
e que acaba tomando atitudes, conscientes ou não, para figurar nesse papel. Segundo
Guaracy Moreira Filho, possuem temperamento agressivo e personalidade insuportável,
precipitando a eclosão do crime. Em nítido viés preconceituoso, misógino e de culpabili-
zação da vítima, ele cita como exemplos as pessoas imprudentes ou prepotentes, como
as que exibem objetos de valor nos veículos e nas ruas; ou as mulheres que vão praticar
ginástica à noite em trajes sumários; e os homossexuais.
• Vítima potencial ou latente: aquela que apresenta comportamento, temperamento ou
estilo de vida que atrai o delinquente. É portadora de um impulso irresistível para ser ví-
tima dos mesmos delitos, repetidas vezes. É o caso de prostitutas e usuários de drogas.
• Vítima eventual, real ou inocente: aquela que é verdadeiramente vítima, ou seja, cuja
conduta não contribuiu para a ocorrência do crime. Guaracy Moreira Filho cita alguns
exemplos, tais como as vítimas de infanticídio, de abandono (de incapaz, intelectual,
material), de maus-tratos, de extorsão mediante sequestro.
• Vítima falsa ou simuladora: aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, impu-
ta falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de
crime algum. Ela simula um delito, se autovitimiza, para obter benefícios.
• Vítima voluntária: aquela que concorda com o crime, como a vítima de eutanásia.
• Vítima acidental: aquela que é vítima de si mesma, geralmente por inobservância do
dever de cuidado, como negligência ou imprudência.
• Vítima indefesa: aquela que se vê privada da ajuda do Estado. Tolera a lesão sofrida,
pois sabe que perseguir o infrator será tarefa ainda mais custosa. É o caso das vítimas
de corrupção policial.
• Vítima imune: aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função
de prestígio, os delinquentes evitam vitimar, diante da repercussão que o caso pode ga-
nhar. É o caso de padres, jornalistas, personalidades, políticos etc.
• Vítima atuante ou inconformada: aquela que busca determinadamente a punição dos
autores e a indenização dos danos sofridos, exercendo plenamente a cidadania e co-
municando diligentemente o fato criminoso às autoridades competentes. Essas vítimas
se informam, pesquisam, constituem advogados, unem-se com pessoas que tiveram
os mesmos problemas, fundam associações, tudo para fazer valer o seu direito ou até
mudar a legislação penal.

4
SUMARIVA, Paulo. Criminologia: teoria e prática. 6 ed. Niterói/RJ: Impetus, 2019, p. 140-141; MOREIRA Filho, Guaracy. Viti-
mologia: o papel da vítima na gênese do delito. 2 ed. São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 2004, p. 163 e ss.

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• Vítima omissa ou ilhada: aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar
da sociedade e viver isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus
direitos violados. Para Guaracy Moreira Filho, são pessoas que desprezam a cidadania:
não denunciam à autoridade pública quando agredidas ou subtraídas, ainda que sejam,
com frequência, vítimas de furtos, roubos e atentados sexuais.
• Vítima da Política Social: aquela que é vítima do Estado, da negligência do Poder Públi-
co. Para Guaracy Moreira Filho, essa vítima aparece quando o Poder Público se organiza
contra o povo, fenômeno denominado crime branco: inversão de prioridades no Gover-
no, corrupção, ausência de políticas públicas voltadas para o indivíduo. Os exemplos
mais comuns de vítima da política social seriam as crianças desnutridas, as pessoas
analfabetas, as vítimas da seca, os presos em cárceres superlotados, a população sem
assistência médica, as vítimas de enchentes, desabamentos, blecautes.

Estatística Criminal e Cifras da Criminalidade


No momento histórico em que a Criminologia passou a dar mais atenção à vítima, tornou-
-se possível conhecer melhor as reais taxas de criminalidade. As pesquisas de vitimização, em
lugar de se basearem nas estatísticas oficiais, perguntam às pessoas de um grupo social se
elas foram vítimas de algum delito em certo marco temporal. Na prática, quando isso ocorre, a
pergunta é feita diretamente às possíveis vítimas, por questionadores que não vinculam suas
perguntas à atividade dos órgãos de persecução penal, sendo maior a chance de que as res-
postas correspondam à realidade.
As pesquisas de vitimização têm se revelado imprescindíveis, sobretudo por demonstrar que
as taxas de subnotificação criminal – ou seja, de delitos que não são reportados às autoridades
ou que não são registrados adequadamente pelo Poder Público – são muito significativas em
uma série de delitos, como é o caso dos crimes sexuais, em que há vergonha e sentimento de hu-
milhação; dos crimes de corrupção policial, em que há temor em denunciar o crime para colegas
dos próprios agressores; dos crimes de maus tratos contra crianças, dentre outros.
Quando se reconhece a importância das pesquisas de vitimização não se está, em nenhum
momento, descartando a validade das estatísticas oficiais baseadas em registros de delitos
pelo Poder Público. Essas estatísticas possuem valor inquestionável para a métrica do proble-
ma criminal. Mas os estudiosos e aplicadores dos saberes penais não podem, jamais, conside-
rar esses registros como reflexo fiel da realidade criminal de um dado grupo social.

Cifra Negra

As taxas reais de criminalidade são, portanto, facilitadas pelos informes que as vítimas
fornecem. Há muitos crimes que não chegam ao conhecimento da polícia. Nos crimes sexuais,
por exemplo, é bastante comum que, por vergonha e temor, se deixe de noticiar o caso às auto-

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ridades estatais encarregadas do controle social formal, sobretudo quando o delito é cometido
por um parente. Deixando de haver notícia do crime, o delito não integra as estatísticas oficiais.
A essa diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados – e a cri-
minalidade conhecida ou revelada, dá-se o nome de cifra negra, ou cifra oculta. Esses crimes,
que ocorrem, mas não chegam ao conhecimento do poder estatal, integram o que se chama de
“cifra negra” ou cifra oculta da criminalidade. Pesquisas revelam que a diferença entre a cifra
negra dos crimes sexuais é altíssima: a diferença entre os crimes ocorridos e os comunicados
à agência de controle social seria de aproximadamente 90%.
Trata-se do chamado efeito de funil, também conhecido como mortalidade de casos crimi-
nais. Isso é natural e a Criminologia reconhece que o processamento de todos os casos (“total
enforcement”) levaria à falência do próprio sistema penal.
A propensão em relatar ou não um caso às instâncias de controle social está conectada
à crença no sistema de justiça penal; à existência de uma situação vexatória para a vítima; ao
grau de relacionamento da vítima com o agressor; à existência de apólice de seguro dando
cobertura ao objeto do crime; ao montante envolvido no delito, entre outros fatores.
Quando são muito significativas as cifras negras, as estatísticas deixam de ser confiáveis
e o Poder Público encontra séria dificuldade em equacionar os problemas, já que não conhece
sua real dimensão. O maior prejudicado, nesse caso, é a própria sociedade.

Cifra Dourada

Os crimes do colarinho branco possuem alta taxa de subnotificação, porque são delitos de
difícil detecção. Há um nome específico para essa diferença entre criminalidade real e conhe-
cida dos poderosos: é a chamada cifra dourada.
Tecnicamente, a cifra dourada equivale aos delitos cometidos pelos poderosos que não
chegam ao conhecimento das instâncias de controle social formal, mas há algumas variações
em torno desse conceito. Há quem, incorrendo em certa imprecisão, diga que a cifra dourada
equivale a delitos do colarinho branco que ficam impunes, mas desconhecimento da ocor-
rência do crime e impunidade são realidades distintas. Já houve, ademais, oportunidades em
que a Vunesp, alargando ainda mais a definição, considerou que o conceito de cifra dourada
equivale ao próprio conceito de crime do colarinho branco, independentemente de o delito ser
conhecido pelas instâncias de controle social.

Cifra Cinza

A cifra cinza consiste nos crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém
que não chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados pelos pró-
prios policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de polícia; ou com a renúncia
da vítima ao direito de queixa ou representação. A cifra cinza demonstra que as polícias têm

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papel conciliador de conflitos e é, nesse aspecto, dotada de muito poder, pois exerce suas
competências de tratar o fenômeno delitivo longe da supervisão direta das instâncias que
seriam as intervenientes subsequentes do sistema de persecução, como Ministério Público,
Defensoria Pública, Poder Judiciário.

Cifra Amarela

A cifra amarela consiste nos casos em que as vítimas sofrem algum tipo de violência prati-
cada por servidor público e deixam, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes
pela apuração.

Cifra Verde

Trata-se de delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhecimen-
to policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria.

Cifra Rosa

São os crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das autoridades.

Classificações da Vitimização
Atualmente, a Vitimologia aponta que existem diferentes maneiras de classificar a
vitimização.

Vitimização Direta x Vitimização Indireta

Uma das possibilidades é diferenciar a vitimização direta da vitimização indireta. A vítima


direta é aquela que, como o nome sugere, sofre diretamente os efeitos de um delito. Num fur-
to, por exemplo, a vítima direta é a proprietária do bem. A vítima indireta é aquela que, por ter
alguma relação com a vítima direta, acaba sofrendo indiretamente as consequências do crime.
Imagine, por exemplo, uma mãe que leve diariamente seus filhos à escola de carro. Caso esse
veículo seja objeto de furto, as crianças que usufruíam do bem podem ser consideradas víti-
mas indiretas do crime.

Vitimização Primária, Secundária e Terciária

Outra possibilidade de classificação fala em vitimização primária, secundária ou terciária.


Para essa tipologia, considera-se:
• Vitimização primária: é aquela em que o sujeito é atingido pela prática do crime ou de
um fato traumático. No delito de furto, por exemplo, no momento em que tem seu patri-
mônio diminuído, o ofendido está submetido ao processo de vitimização primária.

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• Vitimização secundária (sobrevitimização, revitimização): é aquela em que a vítima pri-


mária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática
dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos
à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal: espera
em delegacia, tomada de depoimento, desrespeito à privacidade (procedimentos invasi-
vos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento a inúmeros atos processuais,
identificação dos suspeitos, procedimentos de perícia, etc. A vítima se sente maltratada
e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com
seu papel e que, por vezes, desconfia de seu relato ou a responsabiliza pelo delito so-
frido. O sistema penal tradicional coisifica a vítima, tratando-a como mero objeto e não
como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade. No sistema tradicional de
justiça criminal, portanto, a vítima é reificada (tratada como res, coisa). É o caso, por
exemplo, da mulher que se dirige a uma delegacia para fazer boletim de ocorrência de
estupro e se sente humilhada, ridicularizada, julgada em função dos procedimentos, dos
comentários, ou da frieza dos policiais. Não há dúvidas, portanto, de que o sofrimento
adicional imposto à vítima pela dinâmica de investigação e julgamento do delito configu-
ram vitimização secundária. Falta consenso, todavia, no que diz respeito à total omissão
estatal. Como se verá em seguida, a omissão completa do Estado também é conside-
rada, por alguns autores, vitimização secundária, pois seria apenas um outro aspecto
do mesmo fenômeno de descaso do Poder Público. Outros autores consideram que a
omissão estatal – que vai além do mero sofrimento adicional do sistema de justiça cri-
minal – configura vitimização terciária.
• Vitimização terciária: trata-se de conceito, todavia, em fase de concretização, sobre o
qual não há consenso. Vamos analisar três linhas de pensamento.
− Para um primeiro grupo de autores, ocorre a vitimização terciária quando a vítima pri-
mária do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio social: pela comunidade,
familiares, amigos etc. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima pri-
mária pelas instâncias informais de controle social. Para essa linha de pensamento,
a falta de amparo dos órgãos estatais às vítimas configuraria vitimização secundária.
Essa tem sido a linha adotada pela Vunesp e pela FCC.
− Para um segundo grupo de autores, do qual faz parte Nestor Sampaio Penteado Filho,
a vitimização terciária se verifica igualmente com o abandono das vítimas, mas esse
abandono pode ser praticado tanto pelas instâncias informais como pelas agências
formais de controle social. Para esta corrente, a vitimização terciária consiste na “fal-
ta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse contexto, a própria sociedade
não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às autorida-
des, ocorrendo o que se chama de cifra negra.” Nessa segunda visão, portanto, o des-
caso estatal pode ser desdobrado e visto como: vitimização secundária, se for o caso

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de uma humilhação, um tratamento insensível, um sofrimento adicional em função da


burocracia de apuração do delito; ou vitimização terciária, se for o caso de abandono
da vítima pelo Estado. No tocante à postura do Estado, haveria então uma diferença
de grau entre a vitimização secundária (sofrimentos adicionais típicos da burocracia,
menos grave) e a terciária (abandono, omissão, mais grave). O mais importante é
compreender que, para essa linha de pensamento, a vitimização terciária decorre da
omissão, seja do Estado, seja da sociedade.
− Para um terceiro grupo, do qual faz parte Shecaira, por exemplo, a vitimização terciá-
ria não atinge a vítima primária do crime, mas sim o seu autor. Ela ocorre nas hipóte-
ses em que o autor do ato delitivo acaba por receber um sofrimento excessivo, como
tortura, apedrejamento, linchamento; ou quando ele responde a processos que não
deveriam ter sido a ele imputados. Seria, portanto, a vitimização do vitimizador.

Os dois primeiros conceitos de vitimização terciária são mais amplamente aceitos.


Tanto a vitimização secundária como a vitimização terciária – seja como abandono da
vítima somente pelos integrantes do meio social em que vive, seja como abandono da vítima
também pelo Estado – podem ter como decorrência o aumento da subnotificação criminal.
As vítimas podem optar por não registrar uma ocorrência diante do medo de serem ridicu-
larizadas no grupo social; ou podem não conseguir ou desistir de noticiá-la, em virtude das
dificuldades ou do abandono estatal. Em qualquer dessas hipóteses, as cifras negras serão
profundamente infladas.

Heterovitimização

Paulo Sumariva menciona outra categoria de vitimização: a heterovitimização. Trata-se da


autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. A vítima se sente culpada, se autorres-
ponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a ocorrência do delito. Como exemplo,
podemos citar o mecanismo psicológico de a vítima de um roubo se sentir culpada pelo delito
por ter transitado sozinha, em local pouco iluminado, no período noturno.

Vitimologia Clássica x Vitimologia Solidarista ou Humanitária


Vitimologia Clássica foi um termo cunhado por Elena Larrauri para se referir às primeiras e
perigosas tendências de transferir para a vítima a responsabilidade pela gênese criminal. Ha-
via, nas primeiras formulações vitimológicas, a tendência de analisar os crimes mais comuns e
de considerar, de certa maneira, a vítima como culpada pelo delito. A Vitimologia convencional
estaria carregada de preconceitos, pré-julgamentos e tenderia à coculpabilização da vítima,
configurando um saber que precipita a vitimização secundária.

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Com o passar do tempo, a tendência da Vitimologia foi de se inclinar para um direciona-


mento mais humanitário ou solidarista, com a nítida preocupação de conferir à vítima um papel
de destaque nos procedimentos de apuração de responsabilidades, de proteger seus interes-
ses e sua dignidade, e de ressarcir seus prejuízos.
Como exemplo de dispositivo típico da Vitimologia clássica, o Código Penal brasileiro, em
seu art. 59, dispõe que o juiz, ao fixar a pena, deve atentar para diversos fatores, dentre os
quais se encontra o comportamento da vítima. Eduardo Viana chama atenção do seu leitor
para o item 50 da Exposição de Motivos da Parte Geral do Código Penal, segundo o qual para
a dosimetria da pena, faz-se referência expressa ao comportamento da vítima porque ele deve
ser erigido como fator criminógeno em alguns casos, como é o caso do pouco recato da vítima
nos crimes contra os costumes.
Algumas alterações legislativas são de suma importância do ponto de vista vitimológico,
sobretudo no que diz respeito à passagem de uma Vitimologia Clássica, de corresponsabili-
zação, para uma Vitimologia Humanitária, como veremos a seguir. Pouco a pouco, observa-se
que paradigmas clássicos de revitimização são mitigados, e privilegia-se um modelo mais
humanitário.

Lei n. 9.099/95
A Lei n. 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais, marcou uma mudança paradigmá-
tica no ordenamento jurídico brasileiro em direção à consideração da vítima na relação delitiva.
Seu art. 62 dispõe expressamente que o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
pena não privativa de liberdade.
Heitor Piedade Júnior defende que esse ato normativo foi responsável por outorgar à víti-
ma o status de personagem cidadã.

Anteriormente ao advento da referida lei, a vítima sofria um duplo processo de vitimização: a primá-
ria, consistente na violência sofrida pelo crime, e a vitimização secundária, que ocorria quando, na
expressão de Raul Cervini, entrando em contato com o sistema policial ou judicial, (...) sofria o efeito
sobrevitimizador do processo penal. A partir de uma nova visão social, à luz das modernas ciências
do comportamento humano, a vítima pode pedir proteção ao poder público, pode falar em juízo,
pode ouvir e ser ouvida, pode contribuir na busca da Justiça, como sujeito de direitos.

Lei n. 11.106/05
A Lei n. 11.106/05 fez importantes alterações do ponto de vista vitimológico no Código
Penal. Em primeiro lugar, retirou o termo “mulher honesta” do tipo penal de posse sexual me-
diante fraude e atentado violento ao pudor mediante fraude, deixando claro que é irrelevante a

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conduta recatada prévia da vítima na configuração do tipo penal. Além disso, retirou, do rol de
causas extintivas da punibilidade, algumas previsões que estavam em completo descompasso
com a realidade do século XXI. Antes do advento da Lei, extinguiam a punibilidade o “casamen-
to do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes”, e o “casamento da vítima com
terceiro”, nos mesmos crimes, desde que cometidos sem violência real ou grave ameaça e
desde que a ofendida não requeresse o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal.

Violência Doméstica e Feminicídio

Do ponto de vista dos processos de vitimização, a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06,
que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher) é frequente-
mente citada como exemplo de ato normativo que se preocupa com a diminuição dos efeitos
da vitimização secundária. Seu art. 10-A, prevê, desde 2017, alguns dispositivos para, expres-
samente, evitar a revitimização da depoente. Assim, passou a ser direito da mulher em situa-
ção de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininter-
rupto e prestado por servidores previamente capacitados, preferencialmente do sexo feminino.
Devem ser evitadas sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e
administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. Por isso, o depoimento deve
ser registrado em meio eletrônico ou magnético, e a degravação e a mídia devem integrar o
inquérito.
Nos crimes de feminicídio é muito comum que os filhos sejam vítimas indiretas, tanto
pelo fato de perderem a mãe, como pelo fato de presenciarem o crime. A grande maioria dos
crimes de feminicídio é cometida no local de residência da mulher e em muitos casos o delito
é praticado na presença de outros moradores do lar. Foi por essa razão, aliás, que o legislador
incluiu, em 2018, uma causa de aumento de pena – de 1/3 até a metade – para o feminicídio
praticado na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima (Art. 121, §7º,
inciso III, do Código Penal).

Lei n. 13.431/17. Direitos da Criança e do Adolescente

A Lei n. 13.431/17 estabeleceu o sistema de garantia de direitos da criança e do adoles-


cente vítima ou testemunha de violência e alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
n. 8.069/90). Dispõe, expressamente, em seu art. 4º, inciso IV, que a revitimização da criança e
do adolescente é um tipo de violência institucional que deve ser evitada.
Para isso, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio
de escuta especializada e depoimento especial, que serão realizados em local apropriado e
acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade. A escuta especiali-
zada é uma entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão
da rede de proteção, limitada ao estritamente ao necessário para o cumprimento de sua fina-

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lidade. E o depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente perante


autoridade policial ou judiciária. Sempre que possível, o depoimento será realizado uma única
vez, e valerá como produção antecipada de prova judicial.

Vítimo-dogmática
Dá-se o nome vítimo-dogmática às implicações que a Vitimologia causou na dogmática
penal, sobretudo a partir da Alemanha na década de 1990. A vitimo-dogmática analisa a con-
tribuição da vítima para a ocorrência de um crime O essencial na discussão desse tema é o
estudo da responsabilidade da vítima na experiência que sofreu e o consequente impacto, na
dosimetria da pena, de sua eventual contribuição. O raciocínio é o seguinte: se a vítima renun-
cia às medidas de autoproteção disponíveis e, consequentemente, abandona o bem jurídico, a
responsabilidade penal do autor deve ser eximida ou atenuada. Essa discussão ganhou parti-
cular importância nos crimes culposos, como nos casos em que se apura que a vítima de um
acidente culposo de trânsito não estava fazendo uso de cinto de segurança. Ora, se ela mesma
não estava protegendo sua vida e integridade física, é justo atribuir essa responsabilização ao
vitimário que não agiu dolosamente?
Para os adeptos de uma visão vítimo-dogmática moderada, ou fraca, o comportamento da
vítima somente pode repercutir no âmbito da dosimetria da pena, como está previsto no art.
59 do Código Penal. Fazem parte desse grupo Thomas Hillemkamp e Winfried Hassemer. É a
corrente majoritária.
Para os adeptos de uma visão vítimo-dogmática radical, ou forte, não é adequado, sequer,
impor pena se a vítima não necessita ou não merece proteção. A corresponsabilidade da víti-
ma implica a exclusão do crime, via de regra pela atipicidade. Parte-se do princípio do Direito
Penal como ultima ratio, ou seja, do princípio da subsidiariedade, de acordo com o qual a pena
somente é legítima para condutas que violem bens jurídicos de uma vítima merecedora de
proteção. Fazem parte desse grupo Bernd Schünemann e Claus Roxin, com seu funcionalismo
penal, para o qual o efeito protetivo da norma encontra seu limite na autorresponsabilidade da
vítima. Esse pensamento seria aplicável aos delitos não violentos e aos delitos de interação,
como é o caso do estelionato, em que é necessário um determinado comportamento da vítima
para sua consumação. Uma das críticas que se faz a essa visão é o fato de ela impor pesada
carga de responsabilidade penal sobre a vítima, transferindo para ela os custos do crime. Por
isso, tem sido apelidada de “blaming the victim” (culpando a vítima).

Desmaterialização da Vítima
No Direito Penal, os delitos com vítima indeterminada são denominados crimes vagos, ou
ainda multivitimários ou de vítimas difusas. A coletividade é quem sofre os efeitos da prática
delitiva. O sujeito passivo é a comunidade inteira, e não alguém dotado de personalidade jurídi-
ca. É o caso, por exemplo, do crime de porte de arma de fogo e dos crimes de poluição.

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Atualmente, vivemos em sociedades de risco. O termo sociedade de risco foi cunhado por
Ulrich Beck e diz respeito à sociedade pós-industrial que se preocupa enormemente com os
perigos, tanto porque sabe que, como destruiu os recursos naturais, catástrofes ecológicas
são uma realidade cada vez mais presente; como porque presencia o desmoronamento dos
sistemas sociais. É uma sociedade em que há intenso desenvolvimento tecnológico, o traba-
lho é precarizado e as instituições duram menos que as pessoas. Trata-se de uma sociedade
em que grandes contingentes de pessoas são empurrados para o mercado informal ou para-
lelo de trabalho, mas que, ao mesmo tempo, pune mais quem tenta se inserir nessa realidade,
seja com trabalhos ocasionais, furtos, contrabandos e mercados negros.
Na sociedade de risco, a população está com medo, não sabe em que acreditar e sente uma
necessidade de consumir segurança. Nessa sociedade, hipertecnológica e global, os riscos são
desconhecidos, incontroláveis, ameaçam as gerações presentes e futuras e dão origem a uma
sensação coletiva de insegurança. Surgem novas modalidades criminosas, de caráter suprain-
dividual, como a econômica e a ambiental. As estruturas e conceitos básicos do Direito Penal
clássico, de caráter individual, não oferecem boas respostas a esses medos coletivos.
Nessa realidade contemporânea, existe uma tendência de desmaterialização da vítima e
do bem jurídico. Os legisladores exacerbam a política criminal punitiva e criam tipos preventi-
vos, em que a tutela penal é antecipada para um momento prévio, fornecendo um tratamento
diferenciado e gravoso aos crimes novos e com vítimas difusas, tais como econômico-tributá-
rios, ambientais e relativos a organizações criminosas. Verifica-se uma expansão da proteção
de bens jurídicos coletivos, vagos, imprecisos. A essa tendência, dá-se o nome de desmateria-
lização, liquefação, espiritualização ou dinamização do bem jurídico ou da vítima.

Seletividade da Vitimização
A Vitimologia demonstra que o risco de vitimização é seletivo e diferencial. Alguns grupos
populacionais e segmentos sociais são particularmente propensos à vitimização, seja ela pri-
mária, secundária ou terciária. Fatores pessoais, sociais e situacionais atuam para desenhar
um maior ou menor prognóstico de vitimização.
Minorias e grupos marginalizados atraem uma parcela significativa de delitos. No Brasil,
isso é facilmente observável nos delitos violentos. Os jovens negros são as principais vítimas
de homicídio. Segundo dados do Atlas da Violência 2020, do total das vítimas de homicídio em
2018, 75,7% eram negros. Entre eles, a taxa foi de 37,8 por 100 mil habitantes, enquanto entre
os não-negros a taxa foi de 13,9. A chance de uma pessoa negra morrer de forma violenta no
Brasil é 2,7 maior que uma pessoa não-negra. E o homicídio foi a principal causa de mortalidade
de jovens, que são as pessoas de 15 a 29 anos. Fala-se, portanto, em uma juventude perdida.
Os escassos recursos socioeconômicos das vítimas pobres potencializam, ademais, os
efeitos da revitimização, já que lhes é mais custoso enfrentar as dificuldades para fazer girar
com eficiência o sistema de justiça criminal. A população marginalizada, quando vítima, pos-
sui reduzida capacidade de se fazer ouvir com credibilidade, de perseguir seus direitos.

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Síndromes Relacionadas à Vitimização


Síndrome de Estocolmo

A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que a vítima passa a ter simpatia


ou mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao vitimizador após longo período de
intimidação. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psiquiatra Nils Bejerot. Tem como origem
um assalto a banco realizado em 1973 em Estocolmo, na Suécia. Quatro pessoas foram feitas
reféns por cerca de uma semana. Durante as negociações, pediram que os criminosos fos-
sem deixados em liberdade, deram pistas falsas e alegaram que a culpada pela situação era
a polícia, que tinha efetuado os primeiros disparos. Ao serem liberadas, recusaram ajuda dos
policiais e usaram os próprios corpos para proteger os criminosos. Posteriormente, uma das
vítimas chegou a criar um fundo para ajudar os assaltantes com as despesas judiciais. Após
40 anos, uma das reféns ainda se comunicava com o outro criminoso.
Na Síndrome de Estocolmo, a vítima procura evitar comportamentos que desagradem o
vitimador e, aos poucos, passa a encarar com simpatia os atos gentis do agressor, a quem
pode pensar que deve sua vida. É um afeto, portanto, decorrente do instinto de sobrevivência
da vítima, que sente que, de alguma maneira, o agressor se importa com ela. Verifica-se, com
frequência, em casos de sequestro, cárcere privado e agressões domésticas.

Síndrome de Lima

A Síndrome de Lima é o outro aspecto do mesmo fenômeno de afeição. Nela, os agressores


desenvolvem sentimentos de simpatia e cumplicidade em relação às vítimas, e preocupam-se
com o seu bem-estar. O nome se deve a um sequestro de centenas de pessoas realizado pelo
Movimento Revolucionário Túpac Amaru. O fato ocorreu na Embaixada do Japão em Lima,
capital do Peru, em 1996. Ao final, não houve pedido de resgate: os reféns foram liberados por
sentimentos de compaixão e afeto.
No mesmo episódio de assalto a banco que deu origem ao termo Síndrome de Estocolmo,
Jan Olsson, um dos raptores, afirmou em entrevistas subsequentes que não conseguiu matar
os reféns porque acabou estreitando laço com eles.

Síndrome de Londres

Na Síndrome de Londres, as vítimas adotam postura de enfrentamento com os agressores.


Ela é o oposto da Síndrome de Estocolmo. Trata-se de denominação surgida após sequestro re-
alizado por terroristas na Embaixada do Irã em Londres, episódio conhecido como Operação Ni-
mrod. Entre os reféns, havia um funcionário iraniano, chefe de imprensa da Embaixada, chama-
do Abbas Lavasani, que adotou postura de embate e discussão com os sequestradores. Dizia,
constantemente, que discordava de suas ideias, pois era crente devoto da Revolução Iraniana.

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Na Síndrome de Londres, a vítima, também como estratégia de sobrevivência, adota postu-


ra de desobediência e embate com o agressor, por quem nutre profundo ódio. Esse mecanismo
pode elevar as tensões entre vítima e vitmizador, vindo a ser fatal. No caso da Embaixada do
Irã em Londres, Abbas Lavasani acabou sendo executado e jogado para fora do prédio como
demonstração de força dos raptores.

Síndrome da Mulher de Potifar

A Síndrome da Mulher de Potifar diz respeito aos casos em que mulheres fazem falsa acu-
sação de estupro ou outros abusos sexuais. Potifar é um personagem bíblico, retratado como
um homem poderoso que possuía vários escravos. Sua esposa sentia-se atraída por José, o
serviçal de confiança de Potifar. Diante da recusa de José, a esposa de Potifar, sentindo-se
humilhada e rejeitada, vingou-se, acusando-o falsamente de estupro.
Essa situação é particularmente delicada, já que os delitos sexuais são comumente prati-
cados na ausência de testemunhas, fazendo com que prova pericial e a palavra da dupla penal
(agressor e vítima) ganhem extrema relevância na apuração dos fatos. Por isso, os operadores
do sistema de justiça criminal podem ter em mente essa figura criminológica para apurar cui-
dadosamente a verossimilhança da palavra da vítima.

Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da


Criminalidade e de Abuso de Poder
Em sintonia com as tendências da Criminologia e da Vitimologia, a Organização das Na-
ções Unidas adotou, em 1985, a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às
Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder. Antes disso, a preocupação da ONU sempre
havia sido voltada para o delinquente.
O texto da Declaração parte de um conceito amplo de vítima: são as pessoas que, individu-
al ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integrida-
de física ou mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado
aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das
leis penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder. Uma
pessoa pode ser considerada vítima quer o autor seja ou não identificado, preso, processado
ou declarado culpado, e quaisquer que sejam os laços de parentesco deste com a vítima. O ter-
mo vítima inclui também, conforme o caso, a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima
direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistência às
vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização.
Assim, trata-se, hoje em dia, no âmbito internacional, de uma Vitimologia definida em
termos de direitos humanos, e não meramente de direito penal. Essa é a atual tendência da
Vitimologia.

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A Declaração considera que as vítimas da criminalidade, as vítimas de abuso de poder e,


frequentemente, as respectivas famílias, testemunhas e outras pessoas que acorrem em seu
auxílio sofrem injustamente perdas, danos ou prejuízos. Além disso, podem ser submetidas a
provações suplementares quando colaboram na perseguição dos delinquentes – é a chamada
vitimização secundária. Daí a necessidade de se adotar de medidas que visem garantir o reco-
nhecimento universal e eficaz dos direitos das vítimas da criminalidade e de abuso de poder.
As vítimas devem ser tratadas com compaixão e respeito pela sua dignidade. Têm direito
ao acesso às instâncias judiciárias e à obtenção de reparação através de procedimentos, ofi-
ciais ou oficiosos, que sejam rápidos, equitativos, de baixo custo e acessíveis.
Os países devem tomar medidas para minimizar, tanto quanto possível, as dificuldades encon-
tradas pelas vítimas, proteger a sua vida privada e garantir a sua segurança, bem como a da sua
família e a das suas testemunhas, preservando-as de manobras de intimidação e de represálias.
Quando se revelem adequados, os meios extrajudiciários de solução de conflitos, incluin-
do a mediação, a arbitragem e as práticas de direito consuetudinário ou as práticas autócto-
nes de justiça, devem ser utilizados, para facilitar a conciliação e obter a reparação em favor
das vítimas.
Os autores de crimes ou os terceiros responsáveis pelo seu comportamento devem, se
necessário, reparar de forma equitativa o prejuízo causado às vítimas, às suas famílias ou às
pessoas a seu cargo. Tal reparação deve incluir a restituição dos bens, uma indenização pelos
prejuízos sofridos, o reembolso das despesas feitas como consequência da vitimização, a
prestação de serviços e o restabelecimento dos direitos.
Em todos os casos em que sejam causados graves danos ao ambiente, a restituição deve
incluir, na medida do possível, a reabilitação do ambiente, a reposição das infraestruturas, a
substituição dos equipamentos coletivos e o reembolso das despesas de reinstalação.
Quando servidores públicos ou outras pessoas, agindo a título oficial ou quase oficial, te-
nham cometido uma infração penal, as vítimas devem receber a restituição por parte do Es-
tado cujos funcionários ou agentes sejam responsáveis pelos prejuízos sofridos. No caso em
que o Governo sob cuja autoridade se verificou o ato ou a omissão na origem da vitimização já
não exista, o Estado ou o Governo sucessor deve assegurar a restituição às vítimas.
Quando não seja possível obter do delinquente ou de outras fontes uma indenização com-
pleta, os Estados devem procurar assegurar uma indenização financeira às vítimas que tenham
sofrido um dano corporal ou um atentado importante à sua integridade física ou mental; ou à
família, em particular às pessoas a cargo das vítimas que tenham falecido ou que tenham sido
atingidas por incapacidade física ou mental como consequência da vitimização. Para tanto,
será incentivado o estabelecimento, o reforço e a expansão de fundos nacionais de indeniza-
ção às vítimas.

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A Declaração orienta que os funcionários dos serviços de polícia, de justiça e de saúde, tal
como o dos serviços sociais e o de outros serviços interessados, devem receber uma forma-
ção que os sensibilize para as necessidades das vítimas, bem como instruções que garantam
uma ajuda pronta e adequada a elas.
Alinhada com os ideais de direitos humanos, a Declaração da ONU pretende reduzir a viti-
mização e solicita aos países signatários – dentre os quais se inclui o Brasil:
• que tomem medidas nos domínios da assistência social, da saúde, incluindo a saúde
mental, da educação e da economia, bem como medidas especiais de prevenção crimi-
nal para reduzir a vitimização e promover a ajuda às vítimas em situação de carência;
• que incentivem os esforços coletivos e a participação dos cidadãos na prevenção do crime;
• que adaptem as respectivas legislações aos direitos humanos;
• que reforcem os meios necessários à investigação, à persecução e à condenação dos
culpados da prática de crimes;
• que promovam a divulgação de informações que permitam aos cidadãos a fiscalização
da conduta dos servidores públicos e das empresas e a promoção de outros meios de
acolher as preocupações dos cidadãos;
• que haja o respeito de códigos de conduta e normas éticas por parte dos servidores
públicos, incluindo o pessoal encarregado da aplicação das leis, o dos serviços peniten-
ciários, o dos serviços médicos e sociais e o das forças armadas, bem como por parte
do pessoal das empresas comerciais;
• que proíbam as práticas e os procedimentos suscetíveis de favorecer os abusos, tais
como o uso de locais secretos de detenção e a detenção em situação incomunicável;
• que colaborem com os outros Estados, no quadro de acordos de auxílio judiciário e admi-
nistrativo, em domínios como o da investigação e o da persecução penal dos delinquen-
tes, da sua extradição e da penhora dos seus bens para os fins de indenização às vítimas.

Parte II - Criminologia Clínica


Conceito de Criminologia Clínica
Algumas teorias criminológicas podem ser agrupadas no que se denomina vertente psi-
cológica. Os modelos de cunho psicológico explicam o comportamento criminal a partir de
determinados processos psíquicos.
Dentro dessa vertente, estão teorias baseadas na psicopatologia (psiquiatria), na psicaná-
lise e na psicologia.
A Psiquiatria ou Psicopatologia delimita os conceitos de enfermidades mentais, tentando
estabelecer a correlação entre doenças psíquicas e crimes.
A Psicanálise examina a estrutura psicodinâmica da personalidade: conflitos, frustrações,
motivações e interpretações que o delinquente dá a seu ato.

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A Psicologia, por sua vez, estuda os processos mentais e os comportamentos humanos.


Uma tarefa de extrema relevância desenvolvida pela vertente psicológica encontra-se na
Criminologia Clínica, que procura compreender como funciona a mente dos indivíduos que
se envolvem com a delinquência para a definição de estratégias de intervenção com vistas à
reinserção do apenado. Em resumo, a Criminologia Clínica consiste na aplicação dos conheci-
mentos teóricos para o tratamento dos criminosos.
Alguns autores empregam o termo Microcriminologia como sinônimo de Criminologia Clí-
nica, já que a Microcriminologia analisa o autor do delito, seja individualmente, seja levando em
consideração o grupo social onde vive.
Um de seus maiores expoentes no Brasil foi Alvino Augusto de Sá, da Universidade de São
Paulo. Alvino atuou como psicólogo no sistema carcerário paulista por mais de 30 anos. Segun-
do seus ensinamentos, a Criminologia Clínica analisa os presos, na tentativa de compreender
os indivíduos e grupos que se envolveram com a delinquência; de estudar a instituição prisio-
nal; e de desenvolver estratégias de intervenção que promovam a reinserção social dos inter-
nos. O campo de trabalho do criminólogo clínico é o cárcere, e é ali que ele vai tentar analisar:
• A conduta delitiva e quem a praticou;
• O cárcere e suas vicissitudes (adversidades);
• As estratégias de avaliação do preso e de intervenção com vistas à sua reinserção no
convívio social.

Crime como Expressão de uma História de Conflito

Alvino explica que o processo de maturação psicológica do indivíduo se faz numa cami-
nhada que vai do ato ao pensamento. Ou seja, as pessoas caminham, em sua evolução psíqui-
ca, do ato (impensado) para a reflexão.
No princípio do curso vital de cada indivíduo, ocorre um dos mais profundos conflitos do ser
humano. Trata-se do conflito fundamental para a psicanálise, que é aquele que se estabelece
entre filhos e pais, permeado por sentimentos e impulsos contraditórios, de amor e ódio. Esse
conflito funciona como paradigma para os grandes conflitos sociais, como aqueles entre seg-
mentos e camadas sociais, entre o indivíduo e a civilização, entre dominados e dominadores.
Diante do conflito fundamental, apresentam-se duas hipóteses de solução.
• Solução não satisfatória, com fixação no conflito fundamental.
• Solução satisfatória, sem fixação no conflito fundamental.

Quando há uma solução não satisfatória, a pessoa fica presa no conflito fundamental. O
filho (ou ambos, pais e filhos) ficam presos em relações infantis de domínio-submissão e riva-
lidade, e em formas não construtivas do filho de lutar pela emancipação. Essas experiências
mal resolvidas na infância resultam em padrões de resposta para conflitos futuros. Nesses
casos, se a pessoa vem a praticar um delito, seu crime será, predominantemente, expressão de

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um conflito intraindividual. O crime é descarga de tensões geradas por conflitos arcaicos. As


respostas aos conflitos da vida (os crimes) são desajustadas e não se direcionam a atingir os
objetivos que estão na base do conflito (Ex: a pessoa quer conquistar autonomia, e para isso
mata o pai, mas ao fazer isso não conquista real independência). Alguns teóricos da Crimino-
logia chamam esses conflitos de não realísticos ou irracionais.
Quando há uma solução satisfatória, sem fixação no conflito fundamental, o filho se eman-
cipa e os pais percebem o filho como portador de identidade própria e direitos inalienáveis. As
respostas às situações conflitivas tendem a ser mais refletidas e mediadas pela simbolização.
Nessas hipóteses, caso a pessoa venha a cometer um delito, seu crime será, predominante-
mente, expressão de um conflito interindividual. O crime resulta da inabilidade na solução dos
conflitos oriundos do convívio com a sociedade – e normalmente essa inabilidade resulta da
uma história de marginalização escolar e social. Ainda que as condutas (crimes) não sejam
as mais adequadas socialmente, estão voltadas para objetivos construtivos e conquistas legí-
timas (Ex: quero ter dinheiro e pratico um roubo, conquistando o objetivo). Alguns teóricos da
Criminologia chamam esses conflitos de realísticos racionais.
Assim, o crime é expressão de um conflito, inter ou intraindividual. Mas o sistema peniten-
ciário, explica Alvino, não se preocupa em equacionar adequadamente esses conflitos, que
estão na base da criminalidade. Para explicar isso, ele relembra que a vítima foi quase que
alijada do cenário processual e penal, tendo o Estado assumido o seu lugar. Com isso, o crime
foi neutralizado de seu real caráter de dramaticidade. Cumprida a pena considera-se que o
condenado pagou sua dívida perante a justiça. Porém o mero cumprimento dessa dívida não
tem qualquer conexão com a resolução dos conflitos do condenado, ou dos conflitos entre o
condenado e a vítima, entre o condenado e a sociedade.
Aliás, explica Alvino, a pena privativa de liberdade, por simbolizar domínio e poder, pelo seu
caráter de degradação, deterioração e despersonalização do condenado, fatalmente contribui
para a atualização do conflito fundamental e agravamento dos conflitos atuais.
Nas práticas penitenciárias, os programas de reabilitação ou ressocialização procuram
corrigir desvios e desajustes, inclusive sociais, do indivíduo. O foco da atenção terapêutica
está centrado no sentenciado. Mas se enxergamos o crime como expressão de conflito, o foco
da atenção deve se deslocar para o cenário do conflito. O foco deve se deslocar da pessoa do
apenado para o complexo de relações entre ele, seu contexto familiar e sociedade.
Alvino recupera o pensamento de dois expoentes da Criminologia Crítica. Ele explica que
Alessandro Baratta critica os termos tratamento, reabilitação e ressocialização, e propõe em
seu lugar o termo “reintegração social”, que seria um processo de abertura do cárcere para a
sociedade e abertura da sociedade para o cárcere. A sociedade passaria a ter um compromis-
so, um papel ativo e fundamental.

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Eugenio R. Zaffaroni, importante nome atual da Criminologia Crítica argentina, diz que os
indivíduos criminalizados pelo sistema tornaram-se criminosos por conta das condições de
marginalização social que sofreram, que inclui uma vulnerabilidade social e uma vulnerabi-
lidade psíquica. Os conflitos intra e interindividuais por que a pessoa tem passado em sua
caminhada de maturação psicológica tornaram-na mais vulnerável para enfrentar os atuais
conflitos, de forma a se deixar mais facilmente capturar pela malha do sistema penal. Nessa
linha, em vez de falar em etiologia (busca das razões) da criminalidade, deveríamos falar em
etiologia da vulnerabilidade.
Com base nesses postulados, Alvino elenca algumas propostas para a execução penal:
• Fortalecimento psíquico do apenado (não se trata exatamente de equacionar desvios
psicológicos dos internos, mas sim de identificar seus pontos vulneráveis diante dos
obstáculos que suas condições lhes impõem).
• Abertura (gradativa) do cárcere (o cárcere será tanto melhor quanto menos cárcere for).
• Reaproximação cárcere-sociedade (saídas temporárias, serviços externos, visitas, tra-
balho voluntário).
• Programas de recompensa (encontro agressor-vítima-sociedade, Justiça restaurativa).
• Estímulo ao pensamento, à reflexão, à simbolização (caminhada de maturação psicológica).

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RESUMO
Conceituação e Finalidade

Vitimologia é o estudo das vítimas. O termo foi cunhado em 1947 por Benjamin Mendelsohn.
Vítima pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, que sofra uma desventura, uma ofensa,
uma lesão (física, psíquica, econômica, etc.) decorrente de um crime.
Para alguns, a Vitimologia é uma ciência. Para outros, um ramo da Criminologia. Dedica-se a:
• compreender o papel fundamental que a vítima desempenha no fenômeno criminal;
• defender programas de intervenção em crises, ressarcimento do dano e assistência mé-
dica, psicológica e jurídica;
• descobrir das taxas reais de criminalidade;
• mudar a legislação naquilo que for necessário;
• retirar a vítima do papel meramente testemunhal.

Evolução Histórica

Idade de ouro da vítima: desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média.
Possibilidade de composição e de autotutela. Lei de talião: “olho por olho, dente por dente”.
Desenvolveu-se o processo penal acusatório, em que as funções de acusar, julgar e defender
estavam em mãos distintas.
Neutralização do poder da vítima: da Baixa Idade Média (século XII) até século XVII. Pro-
cesso inquisitivo: concentra as funções de acusar e julgar nas mãos do juiz e dificulta a impar-
cialidade do magistrado. A vítima perdeu o poder de reação ao fato delituoso, que passou para
as mãos da administração pública.
Revalorização do poder da vítima: do século XVIII até os dias atuais. Percebe-se que a víti-
ma havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela de
seu protagonismo. Um dos problemas é a pressão que as vítimas ou seus parentes exercem
para que haja leis e punições extremamente severas.

Principais Nomes da Vitimologia

Hans Gross: jurista e criminólogo austríaco considerado precursor da Vitimologia em virtu-


de de sua obra Raritätenbetrug, publicada em 1901, em que analisou a ingenuidade das vítimas
de fraudes raras.
Benjamin Mendelsohn: advogado israelita, utilizou o termo Vitimologia em 1947 para des-
crever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Sustentou
a autonomia científica da Vitimologia. Defesa de uma Vitimologia geral (não exclusivamente
jurídico-penal). Não se deve restringir o domínio da Vitimologia às vítimas de delitos: compre-

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ende uma esfera muito mais ampla, que inclui as vítimas de acidentes de trânsito, de acidentes
de trabalho, de vícios, de suicídios, do doenças laborais, dentre outras. Fatores que determi-
nam que alguém se torne vítima provêm de seis espécies de meios:
• Meio endógeno, bio-psíquico, da própria vítima;
• Meio natural, físico, imune à influência humana;
• Meio natural ambientalmente modificado pela influência humana;
• Meio social (ações antissociais);
• Meio social político (governos autoritários, ditatoriais, racistas, genocidas);
• Meio motor (máquinas da modernidade).

A periculosidade vitimal não é distribuída igualmente na população: algumas pessoas têm


mais propensão a se tornar vítimas em função de seu comportamento inapropriado que faci-
lita, instiga ou provoca a ação do agressor. Necessário se preocupar com a prevenção vitimal.
Caso ela falhasse, a Vitimologia deveria atuar para reduzir ao mínimo a nocividade para as
vítimas e para evitar a recidiva vitimal. A vitimidade é um problema geral e não individual, que
guarda conexão com a evolução da sociedade. Paradoxo da sociedade contemporânea: quan-
to mais avançada uma sociedade, mais riscos ela implica.
Defesa da Vitimologia Clínica: criação, nos hospitais, de uma seção especial para onde
seriam dirigidas as vítimas de acidentes, com médicos, sociólogos, psicólogos e outros profis-
sionais habilitados.
Classificação vitimária conforme Mendelsohn:
• Vítima totalmente inocente (ou ideal): não concorre de forma alguma para o evento. Ex:
infanticídio.
• Vítima menos culpada que o delinquente (ou por ignorância): é imprudente. Ex: andar
com a bolsa aberta um lugar perigoso.
• Vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária): dá causa ao resultado. Ex: rixa.
• Vítima mais culpada que o delinquente (ou por provocação): provoca o delinquente. Ex:
homicídio privilegiado praticado após injusta provocação.
• Vítima exclusivamente culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou
pseudovítima): Ex: suicida; agressor vítima de legítima defesa.

Hans Von Hentig: “O criminoso e sua vítima”, 1948. Psicólogo criminal alemão radicado
nos Estados Unidos. Há mutualidade na conexão entre agressor e vítima. Visão de correspon-
sabilização da vítima: a vítima ativamente leva o agressor à tentação. “Se há criminosos natos,
é evidente que também existem vítimas natas”.
Classes gerais de vítimas, para Hentig:
• A vítima jovem: a juventude é o período mais perigoso da vida. Mas algumas ficções
distorcem a realidade. Mulheres jovens muitas vezes consentem com o ato sexual.

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• A vítima mulher: gênero feminino é forma de fraqueza reconhecida pela lei. Em muitos
casos a mulher é responsável por sua vitimização, como as trabalhadoras domésticas
que engravidam dos seus patrões e acabam sendo eliminadas.
• A vítima idosa: no idoso, há uma combinação de patrimônio acumulado, fraqueza física
e debilidade mental. Qualquer um que supere a desconfiança e a apreensão dos idosos
pode se aproximar, para o bem ou para o mal.
• A vítima doente mental ou com perturbações mentais: dementes, loucos, viciados em dro-
gas, alcoólatras não têm noção do perigo e se colocam facilmente em situação de vítima.
• A vítima imigrante, ignorante ou minoritária: imigrantes e ignorantes são vítimas poten-
ciais de estelionatários. A estupidez psicológica é muito procurada pelos criminosos,
porque se aproxima da infantilidade. Os grupos minoritários não recebem a mesma pro-
teção da lei do que as classes dominantes. Além disso, são vítimas do próprio sistema
de justiça criminal. A cor da vítima influencia enormemente no desfecho do caso.

Tipos psicológicos de vítimas para Hentig:


• O tipo depressivo: dominado por um desejo subconsciente de ser aniquilado. Possui
instinto de autopreservação débil.
• O tipo ganancioso: dominado por sua expectativa de obter dinheiro de maneira fácil. São
vítimas da própria ganância ou vaidade.
• O tipo lascivo: mulheres jovens e de meia idade cuja sensualidade é uma fraqueza facil-
mente explorável.
• O tipo solitário ou de coração partido: para quem está solitário, qualquer coisa é melhor
do que ficar sozinho. É o caso de idosos, viúvas, crianças abandonadas ou que fugiram
de seus lares, prostitutas sem rede familiar.
• O tipo tormentoso: pessoas tiranas, que passam de algozes de um relacionamento abu-
sivo a vítimas de assassinato, praticado pelo oprimido, num momento de rebelião e ex-
plosão. Ex: pai que tortura os filhos e depois é por eles assassinado.
• O tipo bloqueado, isento ou lutador:
− O tipo bloqueado: é o indivíduo que se encontra em situação tão perdida que movi-
mentos defensivos parecem impossíveis ou mais danosos que a lesão provocada
pelo criminoso. Ex: criminoso extorquido pela polícia.
− O tipo isento: indivíduo que poderia ser vítima, mas que, por suas características e ati-
tudes, é desqualificado, descartado. Ex: o ladrão católico normalmente não vai roubar
um padre.
− O tipo lutador: é o indivíduo que resiste, revida à violência.

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CRIMINOLOGIA
Vitimologia e Criminologia Clínica
Mariana Barreiras

Consolidação da Vitimologia

1973: 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidido por Israel


Drapkin Senderey, médico argentino-chileno.
1984: Fundação da Sociedade Brasileira de Vitimologia (SBV).
1991: 7º Simpósio Internacional de Vitimologia foi realizado no Rio de Janeiro.
Alguns nomes de destaque da Vitimologia no Brasil: Ester Kosovski, Edgard de Moura Bit-
tencourt, Laércio Pellegrino, Heitor Piedade Júnior e Heber Soares Vargas.

Contribuições da Vitimologia
• Vítima e dinâmica criminal: nem sempre a vítima é aleatória, fungível, acidental ou irre-
levante no iter criminis.
• Vítima e prevenção do delito: prevenção vitimária é a prevenção da delinquência voltada
para a vítima em potencial. É uma prevenção complementar e não substitutiva da pre-
venção criminal.
• Vítima como fonte alternativa informadora da criminalidade real: possuem relevância
central as pesquisas de vitimização, em que se pede diretamente à população que relate
suas experiências como vítimas de delitos em certo espaço temporal.
• Vítima e medo do delito: Vitimologia preocupa-se com o medo como estado de ânimo
coletivo e não necessariamente associado a uma prévia experiência vitimária.
• Vítima e política social: a Vitimologia preocupa-se com a ressocialização da vítima, que
não reclama apenas compaixão, mas respeito aos seus direitos.
• Vítima e sistema legal: a vítima tem em suas mãos a chave da movimentação legal, já
que praticamente somente os delitos noticiados são perseguidos.

Outras Classificações Vitimárias


• Vítima nata: aquela que a apresenta, desde o nascimento, predisposição para ser vítima.
• Vítima potencial ou latente: aquela que apresenta comportamento, temperamento ou
estilo de vida que atrai o delinquente.
• Vítima eventual, real ou inocente: aquela que é verdadeiramente vítima, ou seja, cuja
conduta não contribuiu para a ocorrência do crime.
• Vítima falsa ou simuladora: aquela que imputa falsamente a alguém a prática de um
delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime algum.
• Vítima voluntária: aquela que concorda com o crime, como a vítima de eutanásia.
• Vítima acidental: aquela que é vítima de si mesma, geralmente por inobservância do
dever de cuidado, como negligência ou imprudência.
• Vítima indefesa: aquela que tolera a lesão sofrida, pois sabe que perseguir o infrator será
tarefa ainda mais custosa.

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• Vítima imune: aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função
de prestígio, os delinquentes evitam vitimar.
• Vítima atuante ou inconformada: aquela que busca determinadamente a punição dos
autores e a indenização dos danos sofridos.
• Vítima omissa ou ilhada: aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar
da sociedade e viver isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus
direitos violados.
• Vítima da Política Social: aquela que é vítima do Estado, da negligência do Poder Público.

Estatística Criminal e Cifras da Criminalidade

Nas pesquisas de vitimização, pergunta-se às pessoas de um grupo social se elas foram


vítimas de algum delito em certo marco temporal. São importantes porque as taxas de subno-
tificação criminal são muito significativas em uma série de delitos, como é o caso dos crimes
sexuais e dos crimes de corrupção policial.
Cifra negra: diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados
– e a criminalidade conhecida ou revelada.
Cifra dourada: criminalidade do colarinho branco que não chega ao conhecimento das ins-
tâncias de controle social formal.
Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, mas que não che-
gam a virar um processo penal.
Cifra amarela: casos em que as vítimas sofrem algum tipo de violência praticada por servi-
dor público e deixam, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração.
Cifra verde: delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhecimen-
to policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria.
Cifra rosa: crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das autoridades.

Classificação da Vitimização

Vitimização direta x Vitimização indireta: vítima direta é aquela que sofre diretamente os
efeitos de um delito. A vítima indireta é aquela que, por ter alguma relação com a vítima direta,
acaba sofrendo indiretamente as consequências do crime.
Vitimização Primária, Secundária e Terciária: vitimização primária é aquela em que o su-
jeito é atingido pela prática do crime ou de um fato traumático. Vitimização secundária (sobre-
vitimização, revitimização) é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do
desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
Sobre o conceito de vitimização terciária não há consenso. Para alguns, ocorre a vitimização
terciária quando a vítima primária do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio so-
cial (Vunesp e FCC). Para outros (Nestor Sampaio Penteado Filho), a vitimização terciária se

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verifica igualmente com o abandono das vítimas, mas esse abandono pode ser praticado tanto
pelas instâncias informais como pelas agências formais de controle social. Para um terceiro
grupo(Shecaira), a vitimização terciária não atinge a vítima primária do crime, mas sim o seu
autor, que recebe um sofrimento excessivo, como tortura, apedrejamento, linchamento, ou res-
ponde a processos que não deveriam ter sido a ele imputados.
Heterovitimização: autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime.
Vitimologia Clássica x Vitimologia Solidarista ou Humanitária
Vitimologia Clássica: termo cunhado por Elena Larrauri. Tendências de transferir para a
vítima a responsabilidade pela gênese criminal. Vitimologia carregada de preconceitos, pré-jul-
gamentos e tenderia à coculpabilização da vítima.
Vitimologia humanitária ou solidarista: nítida preocupação de conferir à vítima um papel
de destaque nos procedimentos de apuração de responsabilidades, de proteger seus interes-
ses e sua dignidade, e de ressarcir seus prejuízos. Alterações legislativas nesse sentido:
• Lei n. 9.099/95: mudança paradigmática no ordenamento jurídico brasileiro em direção
à consideração da vítima na relação delitiva. Processo deve objetivar, sempre que possí-
vel, a reparação dos danos sofridos pela vítima.
• Lei n. 11.106/05: retirou o termo “mulher honesta” de alguns tipos penais. Retirou, do rol
de causas extintivas da punibilidade, algumas previsões como o casamento do agente
com a vítima ou com terceiro nos crimes contra os costumes.
• Violência Doméstica: a Lei Maria da Penha: contém dispositivos para, expressamente,
evitar a revitimização da depoente, como atendimento policial e pericial especializado,
e a determinação para que sejam evitadas sucessivas inquirições sobre o mesmo fato.
Nos casos de feminicídio, é muito comum que os filhos sejam vítimas indiretas, tanto
pelo fato de perderem a mãe, como pelo fato de presenciarem o crime. O legislador
incluiu, em 2018, uma causa de aumento de pena – de 1/3 até a metade – para o femi-
nicídio praticado na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima
(Art. 121, §7º, inciso III, do Código Penal).
• Lei n. 13.431/17 (Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente: dispõe, expressa-
mente, que a revitimização da criança e do adolescente é um tipo de violência institucio-
nal que deve ser evitada, e disciplina a escuta especializada e o depoimento especial.

Vítimo-dogmática: implicações que a Vitimologia causou na dogmática penal, sobretudo a


partir da Alemanha na década de 1990. Analisa a contribuição da vítima para a ocorrência de
um crime e o consequente impacto na dosimetria da pena. Se a vítima renuncia às medidas de
autoproteção disponíveis e, consequentemente, abandona o bem jurídico, a responsabilidade
penal do autor deve ser eximida ou atenuada.
Visão vítimo-dogmática moderada, ou fraca: o comportamento da vítima somente pode re-
percutir no âmbito da dosimetria da pena. É a corrente majoritária (Art. 59 do CP; Hillemkamp;
Hassemer).

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Visão vítimo-dogmática radical, ou forte: não é adequado, sequer, impor pena se a vítima
não necessita ou não merece proteção. A corresponsabilidade da vítima implica a exclusão do
crime, pela atipicidade (Schünemann, Roxin). É criticada por impor pesada carga de responsa-
bilidade penal sobre a vítima: “blaming the victim” (culpando a vítima).
Desmaterialização da vítima: Atualmente, vivemos em sociedades de risco: sociedade
pós-industrial, altamente tecnológica e global, que destruiu os recursos naturais e presencia
o desmoronamento dos sistemas sociais. População sente medo e necessidade de consumir
segurança. Riscos são desconhecidos e incontroláveis. Surgem novas modalidades crimino-
sas, de caráter supraindividual, como a econômica e a ambiental. Tendência de desmateriali-
zação (liquefação, espiritualização ou dinamização) do bem jurídico ou da vítima. Política cri-
minal punitiva com tipos preventivos, expansão da proteção de bens jurídicos coletivos, vagos.
Seletividade da vitimização: o risco de vitimização é seletivo e diferencial. Minorias e gru-
pos marginalizados atraem uma parcela significativa de delitos. No Brasil, os jovens negros
são as principais vítimas de homicídio. Os escassos recursos socioeconômicos das vítimas
pobres potencializam os efeitos da revitimização.

Síndromes Relacionadas à Vitimização


• Síndrome de Estocolmo: a vítima passa a ter simpatia ou mesmo sentimento de amor e
amizade em relação ao vitimizador após longo período de intimidação. É um afeto de-
corrente do instinto de sobrevivência da vítima. Comum em casos de sequestro, cárcere
privado e agressões domésticas.
• Síndrome de Lima: agressor desenvolve sentimentos de simpatia e cumplicidade em
relação às vítimas, e preocupam-se com o seu bem-estar.
• Síndrome de Londres: a vítima adota postura de enfrentamento com os agressores.
• Síndrome da Mulher de Potifar: casos em que mulheres fazem falsa acusação de estu-
pro ou outros abusos sexuais.

Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminali-


dade e de Abuso de Poder

ONU, 1985: Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Crimina-
lidade e de Abuso de Poder.
Conceito amplo de vítima: são as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido
um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integridade física ou mental, um sofrimento de
ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como
consequência de atos ou de omissões violadores das leis penais em vigor num Estado membro,
incluindo as que proíbem o abuso de poder. O conceito de vítima inclui também a família próxima
ou as pessoas a cargo da vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervi-
rem para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização.

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Vítimas devem ser tratadas com compaixão e respeito pela sua dignidade. Têm direito ao
acesso às instâncias judiciárias e à obtenção de reparação através de procedimentos rápidos,
equitativos, de baixo custo e acessíveis.
Meios extrajudiciários de solução de conflitos (mediação, arbitragem) podem ser utilizados.
Quando não seja possível obter do delinquente uma indenização completa, os Estados
devem procurar assegurar uma indenização financeira às vítimas.

Criminologia Clínica

A Criminologia Clínica, também chamada Microcriminologia, procura compreender como


funciona a mente dos indivíduos que se envolvem com a delinquência para a definição de
estratégias de intervenção com vistas à reinserção do apenado. O campo de trabalho do crimi-
nólogo clínico é o cárcere, onde ele vai tentar analisar: a conduta delitiva e quem a praticou; o
cárcere e suas vicissitudes (adversidades); as estratégias de avaliação do preso e de interven-
ção com vistas à sua reinserção no convívio social.
Um de seus maiores expoentes no Brasil foi Alvino Augusto de Sá, que atuou como psicó-
logo no sistema carcerário paulista por mais de 30 anos. Alvino fala do crime como expressão
de uma história de conflito. No princípio da vida, ocorre o conflito fundamental, entre filhos e
pais, permeado por sentimentos e impulsos contraditórios, de amor e ódio. Esse conflito fun-
ciona como paradigma para os grandes conflitos que a pessoa vai encontrar. Diante do conflito
fundamental, apresentam-se duas hipóteses de solução.
Solução não satisfatória: a pessoa fica presa no conflito fundamental, em relações infantis
de domínio-submissão e rivalidade. Nesses casos, o crime será, predominantemente, expres-
são de um conflito intraindividual. O crime é descarga de tensões geradas por conflitos arcai-
cos. As respostas aos conflitos da vida (os crimes) são desajustadas e não se direcionam a
atingir os objetivos que estão na base do conflito.
Solução satisfatória: o filho se emancipa e os pais percebem o filho como portador de iden-
tidade própria e direitos inalienáveis. As respostas às situações conflitivas tendem a ser mais
refletidas e mediadas pela simbolização. Nesses casos, o crime será, predominantemente,
expressão de um conflito interindividual. O crime resulta da inabilidade na solução dos confli-
tos oriundos do convívio com a sociedade. Ainda que as condutas (crimes) não sejam as mais
adequadas socialmente, estão voltadas para objetivos construtivos e conquistas legítimas.
A vítima foi alijada do cenário processual e penal, tendo o Estado assumido o seu lugar.
Cumprida a pena, considera-se que o condenado pagou sua dívida perante a justiça. Porém,
isso não tem qualquer conexão com a resolução dos conflitos do condenado. Aliás, a pena
privativa de liberdade, por simbolizar domínio e poder, contribui para a atualização do conflito
fundamental e agravamento dos conflitos atuais.
Nas práticas penitenciárias, o foco da atenção deve se deslocar da pessoa do apenado
para o complexo de relações entre ele, seu contexto familiar e sociedade.

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Alvino elenca algumas propostas para a execução penal:


• Fortalecimento psíquico do apenado (não se trata exatamente de equacionar desvios
psicológicos dos internos, mas sim de identificar seus pontos vulneráveis diante dos
obstáculos que suas condições lhes impõem).
• Abertura (gradativa) do cárcere (o cárcere será tanto melhor quanto menos cárcere for).
• Reaproximação cárcere-sociedade (saídas temporárias, serviços externos, visitas, tra-
balho voluntário).
• Programas de recompensa (encontro agressor-vítima-sociedade, Justiça restaurativa).
• Estímulo ao pensamento, à reflexão, à simbolização (caminhada de maturação psicológica).

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MAPA MENTAL

É o estudo das vítimas

Termo cunhado em 1947 por Bnejamin Mendelsohn


Conceito de
Vitimologia
Para alguns é ciência. Para outros, é ramo da Criminologia

Compreender o papel fundamental que a vítima desem-


penha do fenômeno criminal
Dedica-se a Defender programas de intervenção em crises, ressarci-
mento do dano e assistência médica, psicológica e jurídica
Descobrir das taxas reais de criminalidade
Mudar a legislação naquilo que for necessário
Retirar a vítima do papel meramente testemunhal.

Priomórdios da civilização até fim da Alta Idade Média


Possibilidade de composição e autotutela

Idade de ouro da vítima Lei de talião: olho por olho, dente por dente
Processo penal acusatório

Funções de acusar, julgar e defender


estavam em mãos distintas.

Fases do Baixa Idade Média (sec XII) até sec. XVII


estudo Neutralização do poder da vítima Processo penal inquisitivo

da vítima Concentra as funções de acusar e


julgar nas mãos do juiz e dificulta a
imparcialidade do magistrado

Séc. XVIII até dias atuais


Percebe-se que a vítima havia sido esquecida pelo
Revalorização do poder da vítima processo criminal e que é necessário recuperar
certa parcela de seu protagonismo

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“Raritätenbetrug”, 1901
Analisou a ingenuidade das vítimas de fraudes raras
Hans Gross
Precursor da Vitimologia

Advogado israelita
“Um horizonte novo na ciência biopsicossocial”, 1947

Benjamin Descreveu o sofrimento dos judeus nos campos de


concentração da Alemanha nazista - 2ª Guerra Mundial
Mendelsohn
Defesa de uma Vitimologia geral (não exclusivamente
jurídico-penal)

Principais Vítima menos culpada que o delinquente Ideal

nomes da Tipologia
Vítima tão culpada quanto o delinquente Ignorante
Vítima tão culpada quanto o delinquente Voluntária
Vitimologia
Vítima mais culpada que o delinquente Provocadora
Vítima exclusivamente culpada Pseudovítima

Há mutualidade na conexão entre agressor e vítima


Visão de corresponsabilização da vítima: a vítima ativa-
mente leva o agressor à tentação

Hans von Hentig Depressivo


Ganancioso
Lascivo
Tipos psicológicos de vítimas
Solitário ou de coração partido
Tormentoso
Bloqueado
Isento
Lutador

1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém,


Israel, presidido por Israel Drapkin
1973

Fundação da Sociedade Brasileira de Vitimologia


1984

Consolidação 1991 7º Simpósio Internacional de Vitimologia, realizado no Rio de Janeiro.

da Vitimologia
Ester Kosovski
Edgard de Moura Bittencourt
Laércio Pellegrino
Nomes de destaque no Brasil
Heitor Piedade Júnior
Heber Soares Vargas

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Vítima e dinâmica criminal: nem sempre a vítima é aleatória, fungível,


acidental ou irrelevante no iter criminis.

Vítima e prevenção do delito: prevenção vitimária é a prevenção da delinquência


voltada para a vítima em potencial. É uma prevenção complementar e não
substitutiva da prevenção criminal.

Vítima como fonte alternativa informadora da criminalidade real: possuem


relevância central as pesquisas de vitimização, em que se pede diretamente
à população que relate suas experiências como vítimas de delitos em certo
Contribuições da
espaço temporal.
Vitimologia
Vítima e medo do delito: a Vitimologia se preocupa com o medo como
estado de ânimo coletivo e não necessariamente associado a uma prévia
experiência vitimária.

Vítima e política social: a Vitimologia se preocupa com a ressocialização da


vítima, que não reclama apenas compaixão, mas respeito aos seus direitos.

Vítima e sistema legal: a vítima tem em suas mãos a chave da movimentação


legal, já que praticamente somente os delitos noticiados são perseguidos.

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Vítima nata: aquela que a apresenta, desde o nascimento, predisposição para ser vítima.

Vítima potencial ou latente: aquela que apresenta comportamento, temperamento ou estilo de vida que atrai o delinquente.

Vítima eventual, real ou inocente: aquela que é verdadeiramente vítima, ou seja, cuja conduta não
contribuiu para a ocorrência do crime.

Vítima falsa ou simuladora: aquela que imputa falsamente a alguém a prática de um


delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime algum.

Vítima voluntária: aquela que concorda com o crime, como a vítima de eutanásia.
Outras
Vítima acidental: aquela que é vítima de si mesma, geralmente por
Classificações
inobservância do dever de cuidado, como negligência ou imprudência.
das Vítimas
Vítima indefesa: aquela que tolera a lesão sofrida, pois sabe que perseguir o infrator será tarefa ainda mais custosa.

Vítima imune: aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função de prestígio, os delinquentes evitam vitimar.

Vítima atuante ou inconformada: aquela que busca determinadamente a punição dos autores e a indenização dos danos sofridos.

Vítima omissa ou ilhada: aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar da sociedade e viver isoladamente, deixa
de relatar às autoridades competentes seus direitos violados.

Vítima da Política Social: aquela que é vítima do Estado, da negligência do Poder Público.

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Diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de deli-


tos praticados – e a criminalidade conhecida ou revelada.
Cifra negra
Criminalidade do colarinho branco que não chega ao conhe-
cimento das instâncias de controle social formal.
Cifra dourada

Crimes que são de conhecimento das instâncias policiais,


mas que não chegam a virar um processo penal.
Cifra cinza
Cifras da criminalidade Casos em que as vítimas sofrem algum tipo de violência
praticada por servidor público e deixam, por temor, de
Cifra amarela denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração.

Delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não


chegam ao conhecimento policial ou não são processados
Cifra verde porque impossível tentar descobrir a autoria.

Crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conheci-


Cifra rosa mento das autoridades.

Vítima direta é aquela que sofre direta-


Direta mente os efeitos de um delito

Vítima indireta é aquela que, por ter


Direta x Indireta alguma relação com a vítima direta,
acaba sofrendo indiretamente as conse-
Indireta quências do crime.

Vitimização primária é aquela em que o


sujeito é atingido pela prática do crime
Primária ou de um fato traumático

Secundária (sobrevitimização, revitimização)

Na vitimização secundária, a vítima primária é objeto da


Classificações da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente
1ª, 2ª, 3ª burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
Vitimização
A vítima primária é abandonada ou ridiculari-
zada em seu meio social (FCC, Vunesp)
A vítima primária é abandonada, seja pelas ins-
Terciária tâncias informais, seja pelas agências formais
de controle social. (Nestor Penteado Fº)
O autor do crime recebe um sofrimento exces-
sivo (Shecaira)

Autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime.


Heterovitimização

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A vítima passa a ter simpatia ou mesmo sentimento de


amor e amizade em relação ao vitimizador após longo
período de intimidação. É um afeto decorrente do instinto
de sobrevivência da vítima. Comum em casos de seques-
Síndrome de Estocolmo tro, cárcere privado e agressões domésticas.

Agressor desenvolve sentimentos de simpatia e cumplicidade


Síndromes Síndrome de Lima em relação às vítimas, e preocupam-se com o seu bem-estar.

relacionadas
à vitimização A vítima adota postura de enfrentamento com os agressores.
Síndrome de Londres

Casos em que mulheres fazem falsa acusa-


Síndrome da Mulher de Potifar ção de estupro ou outros abusos sexuais.

Aplicação dos conhecimentos teóricos para o tratamento dos criminosos

Cárcere como campo de trabalho


Intraindividual
Crime como expressão de um conflito
Interindividual
Foco do tratamento penitenciário
Alvino Augusto de Sá deve se deslocar da pessoa do ape-
nado para o cenário do conflito

Compreensão dos indivíduos e grupos que se


Criminologia envolveram com a delinquência;
Estudo das adversidades da instituição prisional;
Clínica
Análise dos presos Desenvolvimento de estratégias de intervenção
que promovam a reinserção social dos internos.

Fortalecimento psíquico do apenado (não se trata exata-


mente de equacionar desvios psicológicos dos internos,
mas sim de identificar seus pontos vulneráveis diante
dos obstáculos que suas condições lhes impõem).
Abertura (gradativa) do cárcere (o cárcere será tanto
melhor quanto menos cárcere for).
Reaproximação cárcere-sociedade (saídas temporárias,
Propostas para a serviços externos, visitas, trabalho voluntário).
Execução Penal Programas de recompensa (encontro agressor-vítima-
-sociedade, Justiça restaurativa).
Estímulo ao pensamento, à reflexão, à simbolização
(caminhada de maturação psicológica).

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) Na classifica-
ção de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considerada uma vítima
a) mais culpada que o infrator.
b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator.
c) completamente inocente ou ideal.
d) unicamente culpada.
e) de culpabilidade menor ou por ignorância.

002. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternati-


va contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A _______ é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões
que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito.
a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização

003. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) As vítimas podem ser classifica-


das da seguinte maneira: vítima completamente inocente ou vítima ideal; vítima de culpabili-
dade menor ou por ignorância; vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator; vítima mais
culpada que o infrator e vítima unicamente culpada.
No estudo da vitimologia, essa classificação é atribuída a
a) Benjamin Mendelsohn.
b) Enrico Ferri.
c) Cesare Bonesana.
d) Cesare Lombroso.
e) Raffaele Garofalo.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às classificações de víti-


mas, apresentadas por Benjamin Mendelsohn, em relação aos estudos de vitimologia,
a) vítima resistente é aquela que concorre para a produção do resultado.
b) vítima ideal é aquela que contribui, de alguma forma, para o resultado danoso.
c) vítima como única culpada pode ser exemplificada pelo indivíduo embriagado que atravessa
avenida movimentada vindo a falecer atropelado.
d) vítima por ignorância é aquela que não tem nenhuma participação no evento criminoso.
e) vítima completamente inocente é aquela cuja participação ativa é imprescindível para a ca-
racterização do crime.
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Vitimologia e Criminologia Clínica
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005. (NUCEPE/2018/PC-PI/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Sobre a Vitimologia, assinale a


alternativa CORRETA.
a) De acordo com a classificação das vítimas, formulada por Mendelsohn, a vítima simuladora
é aquela que voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente.
b) É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em
decorrência do crime.
c) De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou co-
letivamente, tenham sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem
violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder.
d) O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de
Hans Von Hentig, seguido por Mendelsohn.
e) É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle so-
cial, no decorrer do processo de registro e apuração do crime.

006. (VUNESP/2017/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Considerando o estudo


da Criminologia, assinale a alternativa correta.
a) Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil.
b) Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal.
c) A Escola Clássica nasceu na Suíça, no final do séc. XX.
d) Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento.
e) Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva.

007. (MPE-SC/2016/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Enquanto a criminologia pode ser


identificada como a ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso e dos fatores da
criminalidade, a vitimologia tem por objeto o estudo da vítima e de suas peculiaridades, sendo
considerada por alguns autores como ciência autônoma.

008. (VUNESP/2015/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Quando a vítima, em decorrên-


cia do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado,
durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento
por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de
direitos, caracteriza
a) vitimização estatal ou oficial.
b) vitimização secundária.
c) vitimização terciária.
d) vitimização quaternária.
e) vitimização primária.

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009. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A sobrevitimização,


ou revitimização, também é conhecida na doutrina por vitimização
a) secundária.
b) primária.
c) quaternária.
d) quintenária.
e) terciária.

010. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternati-


va que contém os nomes dos precursores da vitimologia do século XX.
a) Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn.
b) Cesare Bonesana e Raffaele Garofalo.
c) Émile Durkheim e Cesare Lombroso.
d) Francesco Carrara e Enrico Ferri.
e) Michel Foucault e John Locke.

011. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os primeiros estudos sobre


a vitimologia datam de 1901, tendo como estudioso do assunto
a) Hans Gross.
b) Enrico Ferri.
c) Francesco Carrara.
d) Adolphe Quetelet.
e) Cesare Bonesana.

012. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Em 1973, houve o 1º Simpó-


sio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém/Israel, sob a supervisão do famoso criminó-
logo chileno______________. Os estudos impulsionaram a atenção comportamental, buscando
traçarem perfis de vítimas potenciais, com a interação do direito penal, da psicologia e da
psiquiatria.
A alternativa que completa corretamente a lacuna é:
a) Osvaldo Loro
b) Diego Ventura
c) Cláudio Mensura
d) Israel Drapkin
e) Ibrain Neto

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013. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Os estudos de vitimologia são relativamente


recentes em matéria criminológica. Embora seja possível citar referências históricas, tiveram
grande impulso e ganharam corpo somente após
a) o extermínio de judeus na Segunda Grande Guerra.
b) a abolição da escravatura na América do Sul.
c) a independência tardia dos países africanos, ex-colônias europeias.
d) a grande depressão iniciada nos Estados Unidos da América após a crise de 1929.
e) a exposição das fragilidades humanitárias da Europa Oriental após a queda do Muro
de Berlim.

014. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Um dos primeiros autores a classifi-


car as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em conta a participação das
vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classificam-se em __________; vítimas menos
culpadas que os criminosos; __________; vítimas mais culpadas que os criminosos e __________.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
a) vítimas inocentes … vítimas inimputáveis … vítimas culpadas
b) vítimas primárias … vítimas secundárias … vítimas terciárias
c) vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadas
d) vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas
quanto aos criminosos
e) vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação
aos criminosos

015. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Vítima inocente, vítima provocadora e


vítima agressora, simuladora ou imaginária”. Essa foi uma das primeiras classificações, de
forma sintetizada, que levou em conta a participação ou provocação das vítimas nos crimes.
O autor dessa classificação foi:
a) Francesco Carrara
b) Giovanni Carmignani
c) Cesare Lombroso.
d) Benjamin Mendelsohn
e) Cesare Beccaria

016. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) Entende-se por vitimização secundária ou


sobrevitimização aquela
a) provocada pelo cometimento do crime e pela conduta violadora dos direitos da vítima, pro-
porcionando danos materiais e morais, por ocasião do delito.
b) que não concorreu, de forma alguma, para a ocorrência do crime.
c) que, de modo voluntário ou imprudente, colabora com o ânimo criminoso do agente.

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d) que ocorre no meio social em que vive a vítima e é causada pela família, por grupo de amigos etc.
e) causada pelos órgãos formais de controle social, ao longo do processo de registro e apu-
ração do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcionamento do sistema de
persecução criminal.

017. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A falta de amparo


dos órgãos públicos às vítimas, a omissão do Estado e da sociedade proporcionam, muitas
vezes, o não registro do crime, ocorrendo o que se chama de “cifra negra” (quantidade de cri-
mes que não chegam ao conhecimento do Estado). O fenômeno mencionado é conhecido por
vitimização.
a) quintenária.
b) terciária.
c) quaternária.
d) secundária
e) primária.

018. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É considerado o pai da Vitimologia:


a) Cesare Lombroso.
b) Raffaele Garofalo.
c) Émile Durkheim.
d) Benjamin Mendelsohn.
e) Cesare Bonesana.

019. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Entende(m)-se por vitimiza-


ção terciária
a) os danos materiais e morais diretamente causados pelo delito, em face da vítima.
b) a conduta de terceiros ou de eventos oriundos da natureza.
c) o aborrecimento e o temor causados pela necessidade de comparecer aos órgãos encarre-
gados de persecução criminal para o formal registro da ocorrência bem como para a indicação
de seu algoz.
d) a discriminação que a vítima recebe de seus familiares, amigos e colegas de trabalho, em
forma de segregação e humilhação, por conta do delito por ela sofrido.
e) a sobrevitimização, como o suicídio ou a autolesão.

020. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a alternativa correta, a


respeito da Vitimologia.
a) O comportamento da vítima em nada contribui para a ocorrência do crime contra si praticado.
b) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o modo pelo qual participa, bem
como sua contribuição na ocorrência do delito.

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c) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por conta das observações fei-
tas pelos estudiosos a respeito do comportamento da vítima perante o ordenamento jurídi-
co em vigor.
d) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por meio da obra “O Homem
Delinquente”, de Cesare Lombroso.
e) O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência do crime contra si praticado.

021. (FAPEMS/2017/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA) Dentro da criminologia, tem-se a ver-


tente da vitimologia, que estuda de forma ampla os aspectos da vítima na criminalidade, e é
dividida em primária, segundária e terciária. Da análise dessa divisão, pode-se afirmar que a
vitimização terciária ocorre, quando
a) a vítima tem três ou mais antecedentes.
b) a vítima é parente em terceiro grau do ofensor.
c) um terceiro participa da ação criminosa.
d) a vítima é abandonada pelo estado e estigmatizada pela sociedade.
e) duas ou mais pessoas cometem o crime.

022. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Nos crimes de extorsão mediante


sequestro, por exemplo, pode ocorrer a chamada Síndrome de Estocolmo, que consiste
a) na doença que os sequestradores sofrem.
b) na identificação afetiva da vítima com o criminoso, pelo próprio instinto de sobrevivência.
c) em uma teoria que os órgãos públicos utilizam para reduzir a criminalidade.
d) no arrependimento do criminoso em razão do descontrole emocional
e) no trauma que a vítima adquire em razão do sofrimento.

023. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Quando ocorre a falta de amparo


da família, dos colegas de trabalho e dos amigos, e a própria sociedade não acolhe a vítima,
incentivando-a a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra ne-
gra, está-se diante da vitimização
a) caracterizada.
b) secundária.
c) descaracterizada.
d) primária.
e) terciária.

024. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A reparação dos danos e a indeni-


zação dos prejuízos à vítima são vistas pela doutrina como:
a) uma importante tendência político-criminal observada na Lei n.º 9.099/95.
b) um problema que cabe apenas ao Direito Civil tratar.

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c) uma teoria que vê a vítima como uma parte autossuficiente no crime.


d) algo obsoleto, que não cabe mais sua discussão.
e) um fato que serve exclusivamente como base para cálculo da pena do criminoso.

025. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A autorrecriminação da vítima


pela ocorrência de um crime, por meio da busca por causas que, eventualmente, tornaram-na
responsável pelo delito, é denominada.
a) homovitimização.
b) heterovitimização
c) vitimização primária.
d) vitimização secundária
e) vitimização terciária

026. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O indivíduo que é lesado por um


estelionatário, o qual aplica-lhe o clássico golpe do “bilhete premiado”, é considerado, de acor-
do com a classificação proposta por Mendelsohn, vítima.
a) exclusivamente culpada.
b) inocente.
c) tão culpada quanto o criminoso.
d) menos culpada do que o criminoso.
e) mais culpada do que o criminoso.

027. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O estudo da contribuição da ví-


tima na ocorrência de um crime, e a influência dessa participação na dosimetria da pena, é
denominado:
a) vitimodogmática.
b) perigosidade criminal.
c) infortunística.
d) círculo restaurativo.
e) iter victimae

028. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende­se por vitimi-


zação terciária.
a) o sofrimento causado pela posterior perseguição da vítima pelo autor do crime.
b) os prejuízos causados pelo crime praticado contra a vítima
c) aquela oriunda dos familiares e do círculo de relações sociais da vítima, que a segregam,
excluem e até humilham, em virtude do crime por ela sofrido.
d) o sofrimento causado pelos órgãos públicos encarregados da persecução criminal.
e) aquela denominada “terceirização da vitimização”, isto é, advinda de terceiros, estranhos ao
círculo de familiares e amigos da vítima

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029. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) O comportamento inadequado da vítima


que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação de seu verdugo é denominado
a) vitimização terciária.
b) vitimização secundária.
c) periculosidade vitimal.
d) vitimização primária.
e) vitimologia.

030. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O estudo da vitimologia atual, ba-


seada numa tendência política criminal eficiente, privilegia
a) a assistência social ao delinquente, bem como um atendimento eficiente do poder público.
b) a assistência psicológica à vítima e tratamento adequado ao delinquente, para sua
recuperação.
c) uma pena que recupere o delinquente, sociabilizando-o, com trabalho e educação.
d) uma punição exemplar para o delinquente, de forma que se cumpra a função retributi-
va da pena.
e) a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima.

031. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Considere os acontecimentos abaixo.


I – No dia 16 de outubro, após um dia exaustivo de trabalho, quando chegava em sua casa, às
23:00 horas, em um bairro afastado da cidade, Maria foi estuprada. Naquela mesma data, fora
acionada a polícia, quando então foi lavrado boletim de ocorrência e tomadas as providências
médico-legais, que constatou as lesões sofridas.
II – Após o fato, Maria passou a perceber que seus vizinhos, que já sabiam do ocorrido, a olha-
vam de forma sarcástica, como se ela tivesse dado causa ao fato e até tomou conhecimento
de comentários maldosos, tais como: “também com as roupas que usa (...)”, “também como
anda, rebolando para cima e para baixo” e etc., o que a deixou profundamente magoada, humi-
lhada e indignada.
III – Em novembro, fora à Delegacia de Polícia prestar informações, quando relatou o ocorrido,
relembrando todo o drama vivido. Em dezembro fora ao fórum da Comarca, onde mais uma
vez, Maria foi questionada sobre os fatos, revivendo mais uma vez o trauma do ocorrido.
Os acontecimentos I, II e III relatam, respectivamente processos de vitimização:
a) primária, secundária e terciária.
b) primária, terciária e secundária.
c) secundária, primária e terciária.
d) terciária, primária e secundária.
e) secundária, terciária e primária.

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032. (FCC/2009/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) A expressão ‘cifra negra’ ou oculta, refere-se


a) às descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime cometido.
b) ao fracasso do autor na empreitada em que a maioria tem êxito.
c) à porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semi-aberto.
d) à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos porque, num sistema seletivo, não
caíram sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração carcerária, porque nos presí-
dios ‘não estão todos os que são’.
e) à porcentagem de criminalização da pobreza e à globalização, pelas quais o centro exerce
seu controle sobre a periferia, cominando penas e criando fatos típicos de acordo com seus
interesses econômicos, determinando estigmatização das minorias.

033. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se por ci-


fras negras
a) as ocorrências criminais não registradas nos órgãos policiais responsáveis, em prejuízo do
interesse da sociedade.
b) somente os delitos praticados pelos criminosos de colarinho branco, em prejuízo da co-
letividade.
c) os crimes hediondos praticados com violência ou grave ameaça.
d) os crimes de menor potencial ofensivo praticados sem violência ou grave ameaça.
e) apenas os crimes praticados por policiais, que não são apurados, por temor de represália.

034. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna-


tiva correta no que diz respeito à classificação dos tipos de vítimas segundo Hans Von Hentig.
a) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim aquela que, sob o pretexto de que a per-
secução judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação
criminosa, acaba deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos
geralmente nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.
b) Vítima imune – é considerada dessa forma a pessoa que, em decorrência de seu cargo,
função, ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive, acredita que não está sujeita a
qualquer tipo de ação delituosa que possa transformá-la em vítima. Um exemplo é o padre.
c) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que, pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer
de maneira rápida ou fácil, acaba sendo ludibriada por estelionatários ou vigaristas.
d) Vítima que se converte em autor – denomina-se assim a vítima que, por não aceitar ser
agredida pelo autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em
defesa de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Nessa situação, há sempre a
disposição da vítima em lutar com o autor.
e) Vítima da natureza – denomina-se assim a pessoa que possui uma tendência natural de se tor-
nar vítima. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenfreada, libertina ou aflita da pes-
soa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o criminoso.

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035. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Do ponto de vista vi-


timológico, vítima falsa é aquela que:
a) consente com a prática do delito.
b) tolera a lesão sofrida pelo temor de perseguição por seu algoz.
c) se autovitimiza com o fim de obter benefícios para si.
d) detém predisposição permanente e inconsciente para se tornar vítima.
e) deixa de comunicar o crime sofrido às autoridades competentes.

036. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) Buscam incansavelmente a repara-


ção judicial pelos danos sofridos ou a punição dos autores, comunicando o fato criminoso às
autoridades públicas. Trata-se de vítimas
a) incansáveis.
b) desatentas.
c) conscientes.
d) persistentes.
e) atuantes.

037. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os estudos vitimológicos


permitem estudar a criminalidade real, por meio dos registros efetuados pela própria vítima. A
falta desses registros gera a(o) chamada(o)
a) gráfico incompleto.
b) estatística branca.
c) cifra negra.
d) ponto obscuro.
e) incongruência estatística.

038. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) Os “crimes de colarinho branco” são deli-


tos conhecidos na Criminologia por
a) crimes contra a dignidade social.
b) crimes de menor potencial ofensivo.
c) cifras cinza.
d) cifras amarelas.
e) cifras douradas.

039. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Uma das primeiras classifica-


ções, de forma sintética, da vítima em grupos, quanto à sua participação ou provocação no
crime foi: vítima inocente, vítima provocadora e vítima agressora, simuladora ou imaginária.
Essa classificação é atribuída a:
a) Cesare Lombroso.
b) Hans von Hentig.

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c) Benjamin Mendelsohn.
d) Kurt Schneider.
e) Hans Gross.

040. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) De acordo com Benjamin Men-


delsohn, as vítimas são classificadas em:
a) vítimas primárias, vítimas secundárias e vítimas terciárias.
b) vítimas ideais, vítimas menos culpadas que os criminosos, vítimas tão culpadas quanto os
criminosos, vítimas mais culpadas que os criminosos e vítimas como únicas culpadas.
c) vítimas desatentas, vítimas desinformadas, vítimas descuidadas, vítimas inocentes, vítimas
provocativas e vítimas participativas.
d) vítimas perfeitas, vítimas participativas, vítimas concorrentes, vítimas imperfeitas e vítimas
contumazes.
e) vítimas inocentes, vítimas conscientes e vítimas culpadas.

041. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) A expressão “cifra negra”, em Criminologia,


corresponde ao número de
a) erros judiciais (decisões judiciais incompatíveis com a realidade dos fatos).
b) crimes ocorridos e não reportados à autoridade.
c) criminosos reincidentes.
d) prisões efetuadas injustamente.

042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Para a Vitimologia, a


vítima agressora, simuladora ou imaginária também é conhecida por:
a) vítima inocente.
b) vítima menos culpada que o criminoso.
c) vítima tão culpada quanto o criminoso.
d) pseudovítima ou vítima totalmente culpada.
e) vítima ideal

043. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSOPISTA POLICIAL) A vitimologia é uma


ciência que se ocupa do estudo da vítima e da vitimização, dessa forma, a classificação das
vítimas em “vítima ideal ou inocente; provocadora; e, agressora ou imaginária” foi proposta por:
a) Israel Drapkin.
b) Edwin Sutherland.
c) Hans Von Hentig.
d) Hans Gross.
e) Benjamin Mendelsohn.

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044. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A criminologia moderna estuda


o fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a expressão “cifra
dourada” designa.
a) o total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que são elucidados.
b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo
da “cifra negra”, a exemplo do crime de sonegação fiscal
c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucida-
do, permite ao poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação
d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a
exemplo do delito de perturbação do sossego alheio
e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conheci-
mento do poder público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados

045. (CEBRASPE/2018/PC-SE DELEGADO DE POLÍCIA) Texto 1A9-II


No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a vio-
lência doméstica contra a mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu
o reconhecimento de conduta criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo
com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais
apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal
contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode
ser resultado de uma subnotificação desse tipo de violência.

Internet: (com adaptações).

Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da
criminologia.
De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os co-
municados às agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em con-
sonância com os dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II),
que indica a ocorrência de subnotificação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse
fenômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser registrada oficialmente pelo Estado, é
o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade.

046. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) São conhecidas por __________os


crimes que não são registrados em órgãos oficiais encarregados de sua repressão, em decor-
rência de omissão das vítimas, por temor de represália.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
a) estatísticas azuis
b) estatísticas brancas
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c) cifras douradas
d) cifras negras
e) cifras cinza

047. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Uma informação confiável


e contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto
para formular um diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos programas de pre-
venção. Assinale a alternativa correta:
a) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes.
A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder
político e econômico.
b) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin-
quentes. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder
político e econômico.
c) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin-
quentes. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida-
dos dos crimes de rua.
d) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos de-
linquentes. A cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao
conhecimento das corregedorias.
e) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida-
dos dos crimes de rua.

048. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2019) “A vítima do delito experimen-


tou um secular e deliberado abandono. Desfrutou do máximo protagonismo [...] durante a épo-
ca da justiça privada, sendo depois drasticamente “neutralizada” pelo sistema legal moderno
[...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73). A Vitimologia im-
pulsionou um processo de revisão científica do papel da vítima no fenômeno delitivo. Leia as
afirmativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema.
a) A vitimologia ocupa-se, sobretudo, do estudo sobre os riscos de vitimização, dos danos que
sofrem as vítimas como consequência do delito assim como da posterior intervenção do sis-
tema legal, dentre outros temas.

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b) A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto


neutro e passivo, tendo polarizado em torno do delinquente as investigações sobre o delito,
sua etiologia e prevenção.
c) Os pioneiros da vitimologia compartilhavam uma análise etiológica e interacionista, sendo
que suas tipologias ponderavam sobre o maior ou menor grau de contribuição da vítima para
sua própria vitimização.
d) A Psicologia Social destacou-se como marco referencial teórico às investigações vitimológi-
cas, fornecendo modelos teóricos adequados à interpretação e explicação dos dados.
e) O redescobrimento da vítima e os estudos científicos decorrentes se deram a partir da 1ª
(Primeira) Guerra Mundial em atendimento daqueles que sofreram com os efeitos dos confli-
tos e combates.

049. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) A dor causada à vítima, ao


ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao juiz o sentimento de humilhação experi-
mentado, quando os advogados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi ela própria
que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que podem ser causados pelo exame mé-
dico-forense, pelo interrogatório policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros,
são exemplos da chamada vitimização.
a) indireta.
b) secundária.
c) primária.
d) terciária.
e) direta.

050. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) A criminologia classifica como vitimi-


zação secundária a coisificação, pelas esferas de controle formal do delito, da pessoa ofendi-
da, ao tratá-la como mero objeto e com desdém durante a persecução criminal.

051. (CEBRASPE/2018/PC-SE DELEGADO DE POLÍCIA)


Texto 1A9-I: Sentença
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha)
Processo n.º: XXXXXXX
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de dro-
gas, lhe fez ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a co-
municação do fato e o pedido de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao
respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. Simplesmente decidir que o agressor
deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o sujeito, sentindo só a
debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, cha-
mar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há
que fazer. Enfim, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão

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sem fim — agressão, reclamação na polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o
instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção.
Intimem-se, inclusive ao MP.
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da
criminologia.
A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplifica o que a teoria criminológica descreve como re-
vitimização ou vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o des-
crédito na palavra da vítima, o descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito
à sua privacidade, o constrangimento e a responsabilização da vítima pela violência sofrida.

052. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) Assinale a alternativa correta no que diz


respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da vitimologia.
a) Os estudos, as teorias e as classificações desenvolvidos no âmbito da vitimologia demons-
tram que a conduta da vítima não pode ser indicada como fator que, de algum modo, contribui
para a prática do crime.
b) Uma das grandes contribuições do atual estágio de desenvolvimento da vitimologia foi de-
monstrar que o fênomeno da subnotificação é um mito e praticamente insignificante em ter-
mos quantitativos.
c) O aumento do número de crimes investigados e processados pode ocasionar uma maior
vitimização secundária.
d) O preconceito posterior à prática do crime que recai sobre a vítima, em crimes sexuais, por
parte da sociedade em geral e que contribui para a subnotificação deste tipo de crime é deno-
minado de vitimização primária.
e) Pesquisas de vitimização devem, paulatinamente, substituir os indicadores criminais base-
ados em registros de crimes.

053. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta no que


diz respeito à vitimologia.
a) Na década de 80 do século XX, a ONU promulgou um dos principais diplomas internacionais
no que diz respeito aos direitos das vítimas.
b) Vitimização terciária é definida como o resultado dos obstáculos e sofrimentos vivencia-
dos pela vítima, em decorrência dos procedimentos legais da persecução penal desenvolvida
pelo Estado.
c) No Brasil, a vitimologia é sistematizada por autores nacionais a partir da década de 30 do
século XX, ajudando a nortear a elaboração do Código Penal de 1940.
d) Vitimização secundária é definida como o resultado da agressão infligida à vítima pelo au-
tor do crime.
e) O termo “vitimologia” foi cunhado na década de 20 do século XX, ao término da primeira
guerra mundial.

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054. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) No que diz respeito aos estudos de-


senvolvidos no âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta.
a) O linchamento do autor de um crime por populares em uma rua pode ser classificado como
uma vitimização secundária e terciária.
b) A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime,
por inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária.
c) A longa espera da vítima de um crime em uma delegacia de polícia para o registro do crime
é denominada de vitimização terciária.
d) A vítima só passa a ter um contorno sistemático em sua abordagem criminológica a partir
do fim da primeira guerra mundial, na segunda década do século XX.
e) As pesquisas de vitimização têm por objetivo principal mensurar a vitimização secundária.

055. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) O afeiçoamento da vítima em


relação ao criminoso sequestrador, interagindo com ele pelo próprio instinto de sobrevivência,
é chamado, pela Criminologia, de:
a) complexo de Asperger.
b) síndrome de Tourette.
c) síndrome de Burnout.
d) complexo de inferioridade.
e) síndrome de Estocolmo.

056. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR) Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veí-


culo automotor, a fim de sair do estacionamento de um shopping center, é surpreendido por
bandido armado que estava homiziado em local próximo, aguardando a primeira pessoa a
quem pudesse roubar, é
a) tão culpado quanto o criminoso.
b) vítima ideal.
c) mais culpado que o criminoso.
d) exclusivamente culpado.
e) vítima de culpabilidade menor.

057. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) As pessoas que apresentam predis-


posição permanente e inconsciente para se tornarem vítimas, atraindo os criminosos, como
por exemplo prostitutas e usuários de drogas, são chamadas de
a) vítimas omissas.
b) vítimas falsas.
c) pseudovítimas.
d) vítimas latentes.
e) vítimas atuantes.

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058. (MPE-GO/2014/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O Procurador de


Justiça Rogério Greco preconiza que “no que diz respeito às ciências criminais propriamente
ditas, serve a criminologia como mais um instrumento de análise do comportamento delitivo,
das suas origens, dos motivos pelos quais se delinque, quem determina o que se punir, quan-
do punir, como punir, bem como se pretende, com ela, buscar soluções que evitem ou mesmo
diminuam o cometimento das infrações penais”. No contexto da seara criminológica, aponte a
alternativa incorreta:
a) Stalking é um termo que designa a forma de violência na qual o sujeito ativo invade repetida-
mente a esfera de privacidade da vítima, empregando táticas de perseguição e meios diversos
de atuação, resultando dano à sua integridade psicológica e emocional, restrição à sua liber-
dade de locomoção ou lesão à sua reputação, configurando, deste modo, uma modalidade de
assédio moral.
b) A teoria de anomia, a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago são consideras
teorias de consenso.
c) A figura criminológica conhecida como “síndrome da mulher de potifar” pode ser utilizada
como técnica de aferição da credibilidade da palavra da vítima nos crimes de conotação sexual.
d) A “síndrome de Londres” se evidencia quando a vítima, como instinto defensivo, passa a
apresentar um comportamento excessivamente lamurioso, demasiadamente submisso e com
pedido contínuo de misericórdia.

059. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre a relação entre sistema penal e pobre-


za é correto afirmar que
a) a vertente criminológica do conflito identifica a pobreza como principal causa da criminali-
dade e defende maior investimento social para reduzir as taxas de crimes.
b) tal qual o processo de criminalização, a vitimização também é um processo seletivo que
tem como alvo preferencial os mais pobres.
c) por se tratar de uma questão de saúde, a internação das pessoas com transtorno mental pe-
las medidas de segurança não se dá de maneira seletiva como no processo de criminalização.
d) o surgimento da prisão como forma de punição por excelência nos séculos XVIII e XIX teve
como fulcro a substituição de penas cruéis, mas somente nas últimas duas décadas passou a
ser um mecanismo de controle social da pobreza.
e) o efetivo respeito ao garantismo penal é capaz de reverter o caráter seletivo do sistema pe-
nal brasileiro e sua consequente gestão autoritária da miséria.

060. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Segundo a doutrina dominante, a


criminologia é uma ciência aplicada que se subdivide em dois ramos: a criminologia ______ que
consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das
ciências criminais acerca do seu objeto; e a criminologia ________que consiste na aplicação
dos conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos.

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a) prática … social
b) comparativa … observativa
c) geral … clínica
d) individual … científica
e) metódica … particular

061. (UEG/2018/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/ADAPTADA) A partir dos estudos culturais


(cultural studies), a criminologia clínica resgata os estudos do labelling approach.

062. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A criminologia geral consis-


te ______________; e a criminologia clínica consiste na _____________.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas.
a) no estudo do crime e do criminoso, mas não serve para subsidiar a elaboração das leis
penais... análise da vítima e da conduta social para subsidiar no planejamento das políti-
cas criminais
b) no estudo da vítima e da conduta social, subsidiando a elaboração dos tipos penais... análi-
se do crime e do criminoso para servir no planejamento das políticas criminais
c) no estudo do comportamento da vítima e do delinquente, traçando uma relação de causali-
dade sem que, contudo, influencie na elaboração de legislação correlata... análise dos crimes,
tanto em quantidade como em qualidade para servir no planejamento das políticas criminais
d) na relação sistemática do poder público quanto à elaboração de leis que procuram evitar o
crime e sua reincidência... análise e estudos da vítima e sua participação no delito
e) na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciên-
cias criminais acerca de seus objetos... aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o
tratamento dos criminosos.

063. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A microcriminologia, também co-


nhecida por criminologia
a) do desenvolvimento, dedica-se ao estudo, centrado no comportamento criminoso do indiví-
duo, ao longo de sua vida.
b) geral, dedica-se ao estudo sociológico do crime.
c) aplicada, dedica-se às pesquisas de cunho acadêmico.
d) clínica, estuda a pessoa do criminoso, em busca de sua ressocialização.
e) analítica, estuda as relações entre as ciências sociais e as políticas de segurança pública.

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GABARITO
1. d 33. a
2. e 34. b
3. a 35. c
4. c 36. e
5. e 37. c
6. e 38. e
7. C 39. c
8. b 40. b
9. a 41. b
10. a 42. d
11. a 43. e
12. d 44. b
13. a 45. C
14. c 46. d
15. d 47. e
16. e 48. e
17. d 49. b
18. d 50. C
19. d 51. C
20. b 52. c
21. d 53. a
22. b 54. b
23. e 55. e
24. a 56. b
25. b 57. d
26. c 58. d
27. a 59. b
28. c 60. c
29. c 61. E
30. e 62. e
31. b 63. d
32. d

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) Na classifica-
ção de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considerada uma vítima
a) mais culpada que o infrator.
b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator.
c) completamente inocente ou ideal.
d) unicamente culpada.
e) de culpabilidade menor ou por ignorância.

Na classificação de Mendelsohn, a vítima imaginária encaixa-se na categoria de vítima como


única culpada. São também chamadas de vítimas agressoras, simuladas ou pseudovítimas.
Os exemplos comumente citados são o do suicida ou de um agressor que acaba sendo vítima
de legítima defesa. Nessas hipóteses não se está diante de uma vítima real.
Letra d.

002. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternati-


va contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A _______ é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões
que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito.
a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização

A heterovitimização é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. A vítima se


sente culpada, se autorresponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a ocorrência
do delito.
Letra e.

003. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) As vítimas podem ser classifica-


das da seguinte maneira: vítima completamente inocente ou vítima ideal; vítima de culpabili-
dade menor ou por ignorância; vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator; vítima mais
culpada que o infrator e vítima unicamente culpada.
No estudo da vitimologia, essa classificação é atribuída a
a) Benjamin Mendelsohn.
b) Enrico Ferri.

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c) Cesare Bonesana.
d) Cesare Lombroso.
e) Raffaele Garofalo.

Benjamin Mendelsohn foi um advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para
descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Segun-
do sua classificação, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o
delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária); mais
culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada. Nas letras B, D e E constam auto-
res positivistas, preocupados com o delinquente, e não com a vítima. Na letra C, Cesare Bonesa-
na, ou Marquês de Beccaria, filia-se à escola clássica, que dava enfoque ao crime, e não à vítima.
Letra a.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às classificações de víti-


mas, apresentadas por Benjamin Mendelsohn, em relação aos estudos de vitimologia,
a) vítima resistente é aquela que concorre para a produção do resultado.
b) vítima ideal é aquela que contribui, de alguma forma, para o resultado danoso.
c) vítima como única culpada pode ser exemplificada pelo indivíduo embriagado que atravessa
avenida movimentada vindo a falecer atropelado.
d) vítima por ignorância é aquela que não tem nenhuma participação no evento criminoso.
e) vítima completamente inocente é aquela cuja participação ativa é imprescindível para a ca-
racterização do crime.

A pessoa embriagada que atravessa uma rua movimentada se colocou (ainda que sem ter
consciência) em situação de completo risco. Por isso, a melhor classificação para esse caso é
de vítima como única culpada. Na letra A, a vítima que concorre para a produção do delito pode
ser a vítima por ignorância, a vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária), a vítima
mais culpada que o delinquente ou a vítima como única culpada. Mendelsohn não emprega
o termo vítima resistente. Na letra B, a vítima ideal é a vítima totalmente inocente. Na letra D,
a vítima por ignorância é a vítima menos culpada que o delinquente, mas que age de maneira
imprudente e participa, portanto, do evento criminoso. Na letra E, a vítima completamente ino-
cente é a vítima ideal, que não concorre de forma alguma para o evento criminoso.
Letra c.

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005. (NUCEPE/2018/PC-PI/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Sobre a Vitimologia, assinale a


alternativa CORRETA.
a) De acordo com a classificação das vítimas, formulada por Mendelsohn, a vítima simuladora
é aquela que voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente.
b) É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em
decorrência do crime.
c) De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou co-
letivamente, tenham sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem
violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder.
d) O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de
Hans Von Hentig, seguido por Mendelsohn.
e) É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle so-
cial, no decorrer do processo de registro e apuração do crime.

A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân-
cias de controle social formal. Na letra A, a vítima simuladora é aquela que se coloca em situ-
ação de completo risco. Também é chamada de vítima como única culpada. Ela não colabora
com o ânimo criminoso de um agente. Ao contrário, ela mesma é a única culpada pelo resulta-
do delitivo. Na letra C, a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da
Criminalidade e de Abuso de Poder, da ONU, parte do conceito de um conceito amplo de vítima:
são as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente
um atentado à sua integridade física ou mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda ma-
terial, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou de
omissões violadores das leis penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem
o abuso de poder. O termo vítima inclui também a família próxima ou as pessoas a cargo da
vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistên-
cia às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização. Na letra D, o surgimento
da Vitimologia se deu com os estudos de Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn, mas isso
ocorreu no século XX, sobretudo a partir da 2ª Guerra Mundial.
Letra e.

006. (VUNESP/2017/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Considerando o estudo


da Criminologia, assinale a alternativa correta.
a) Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil.
b) Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal.
c) A Escola Clássica nasceu na Suíça, no final do séc. XX.
d) Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento.
e) Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva.

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Raffaele Garofalo é um dos principais expoentes da Escola Positivista da Criminologia. Na


letra A, Giovanni Falcone foi um juiz italiano especializado em processos contra a máfia Cosa
Nostra e que foi, inclusive, assassinado a mando dessa organização em 1992. Na letra B, cifra
negra é a diferença entre a taxa real de criminalidade e a parcela de infrações penais que per-
manece desconhecida das estatísticas oficiais. Na letra C, a Escola Clássica nasceu na Itália,
no século XVIII. E na letra D, Enrico Ferri é um expoente do positivismo criminológico.
Letra e.

007. (MPE-SC/2016/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Enquanto a criminologia pode ser


identificada como a ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso e dos fatores da
criminalidade, a vitimologia tem por objeto o estudo da vítima e de suas peculiaridades, sendo
considerada por alguns autores como ciência autônoma.

A Criminologia é uma ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso, da vítima e do


controle social. Em seu bojo, são cabíveis análises sobre os fatores da criminalidade. Já a
Vitimologia se dedica ao estudo da vítima. Alguns autores defendem que a Vitimologia é uma
ciência autônoma. Esse é o caso de Benjamin Meldensohn. Outros autores argumentam que é
um ramo da Criminologia. De todos os modos, dedica-se a jogar luz sobre o papel fundamen-
tal que a vítima desempenha no fenômeno criminal. Analisa a contribuição do ofendido como
causa ou condição do evento delituoso. Preocupa-se com a vítima, buscando restaurar o seu
papel no cenário criminal.
Certo.

008. (VUNESP/2015/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Quando a vítima, em decorrên-


cia do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado,
durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento
por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de
direitos, caracteriza
a) vitimização estatal ou oficial.
b) vitimização secundária.
c) vitimização terciária.
d) vitimização quaternária.
e) vitimização primária.

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A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân-
cias de controle social formal. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal,
que não dispensa um tratamento condizente com seu papel.
Letra b.

009. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A sobrevitimização,


ou revitimização, também é conhecida na doutrina por vitimização
a) secundária.
b) primária.
c) quaternária.
d) quintenária.
e) terciária.

A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân-
cias de controle social formal. Também é conhecida como sobrevitimização ou revitimização.
Letra a.

010. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternati-


va que contém os nomes dos precursores da vitimologia do século XX.
a) Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn.
b) Cesare Bonesana e Raffaele Garofalo.
c) Émile Durkheim e Cesare Lombroso.
d) Francesco Carrara e Enrico Ferri.
e) Michel Foucault e John Locke.

Benjamin Mendelsohn é considerado o pai da vitimologia em função da conferência “Um ho-


rizonte novo na ciência biopsicossocial” de 1947. Hans Von Henting publicou a obra “O crimi-
noso e sua vítima” em 1948.
Letra a.

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011. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os primeiros estudos sobre


a vitimologia datam de 1901, tendo como estudioso do assunto
a) Hans Gross.
b) Enrico Ferri.
c) Francesco Carrara.
d) Adolphe Quetelet.
e) Cesare Bonesana.

Em 1901, Hans Gross, jurista austríaco, analisou a ingenuidade das vítimas de fraude em traba-
lho considerado pioneiro na área da Vitimologia.
Letra a.

012. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Em 1973, houve o 1º Simpó-


sio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém/Israel, sob a supervisão do famoso criminó-
logo chileno______________. Os estudos impulsionaram a atenção comportamental, buscando
traçarem perfis de vítimas potenciais, com a interação do direito penal, da psicologia e da
psiquiatria.
A alternativa que completa corretamente a lacuna é:
a) Osvaldo Loro
b) Diego Ventura
c) Cláudio Mensura
d) Israel Drapkin
e) Ibrain Neto

Em 1973 ocorreu o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidido


por Israel Drapkin, médico argentino-chileno que é nome de destaque na Vitimologia latino-
-americana.
Letra d.

013. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Os estudos de vitimologia são relativamente


recentes em matéria criminológica. Embora seja possível citar referências históricas, tiveram
grande impulso e ganharam corpo somente após
a) o extermínio de judeus na Segunda Grande Guerra.
b) a abolição da escravatura na América do Sul.
c) a independência tardia dos países africanos, ex-colônias europeias.
d) a grande depressão iniciada nos Estados Unidos da América após a crise de 1929.
e) a exposição das fragilidades humanitárias da Europa Oriental após a queda do Muro
de Berlim.

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Benjamin Mendelsohn é considerado o pai da Vitimologia. Advogado israelita, utiliza o termo


Vitimologia em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, para descrever o sofrimento dos judeus
nos campos de concentração de Alemanha nazista.
Letra a.

014. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Um dos primeiros autores a classifi-


car as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em conta a participação das
vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classificam-se em __________; vítimas menos
culpadas que os criminosos; __________; vítimas mais culpadas que os criminosos e __________.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
a) vítimas inocentes … vítimas inimputáveis … vítimas culpadas
b) vítimas primárias … vítimas secundárias … vítimas terciárias
c) vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadas
d) vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas
quanto aos criminosos
e) vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação
aos criminosos

Benjamin Mendelsohn foi um advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para
descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Segun-
do sua classificação, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o
delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária); mais
culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada.
Letra c.

015. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Vítima inocente, vítima provocadora e


vítima agressora, simuladora ou imaginária”. Essa foi uma das primeiras classificações, de
forma sintetizada, que levou em conta a participação ou provocação das vítimas nos crimes.
O autor dessa classificação foi:
a) Francesco Carrara
b) Giovanni Carmignani
c) Cesare Lombroso.
d) Benjamin Mendelsohn
e) Cesare Beccaria

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A classificação de vítimas resumida no enunciado é de Benjamin Mendelsohn, advogado is-


raelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para descrever o sofrimento dos judeus nos
campos de concentração de Alemanha nazista. Segundo sua classificação, a vítima pode ser:
totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância);
tão culpada quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única
culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima).
Letra d.

016. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) Entende-se por vitimização secundária ou


sobrevitimização aquela
a) provocada pelo cometimento do crime e pela conduta violadora dos direitos da vítima, pro-
porcionando danos materiais e morais, por ocasião do delito.
b) que não concorreu, de forma alguma, para a ocorrência do crime.
c) que, de modo voluntário ou imprudente, colabora com o ânimo criminoso do agente.
d) que ocorre no meio social em que vive a vítima e é causada pela família, por grupo de
amigos etc.
e) causada pelos órgãos formais de controle social, ao longo do processo de registro e apu-
ração do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcionamento do sistema de
persecução criminal.

Vitimização secundária, também chamada de sobrevitimização ou revitimização, é aquela em


que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente
burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais im-
postos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal. A ví-
tima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento
condizente com seu papel.
Letra e.

017. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A falta de amparo dos


órgãos públicos às vítimas, a omissão do Estado e da sociedade proporcionam, muitas vezes, o
não registro do crime, ocorrendo o que se chama de “cifra negra” (quantidade de crimes que não
chegam ao conhecimento do Estado). O fenômeno mencionado é conhecido por vitimização.
a) quintenária.
b) terciária.
c) quaternária.
d) secundária
e) primária.

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Questão bastante polêmica. Vitimização secundária é aquela em que a vítima de um delito é


objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operado-
res do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária
em função da atuação das instâncias de controle social formal. A vítima se sente maltratada e
negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel.
A vitimização secundária também é conhecida como sobrevitimização ou revitimização. Não
há dúvidas, portanto, de que o sofrimento adicional imposto à vítima pela dinâmica de investi-
gação e julgamento do delito configuram vitimização secundária. Falta consenso, todavia, no
que diz respeito à total omissão estatal. Para alguns autores, a omissão completa do Estado
também é considerada vitimização secundária, pois seria apenas um outro aspecto do mesmo
fenômeno de descaso do Poder Público. Outros autores consideram que a omissão estatal –
que vai além do mero sofrimento adicional do sistema de justiça criminal – configura vitimiza-
ção terciária. A VUNESP considerou correta a letra D. Com isso, pode-se, primeiramente, enten-
der que a banca partiu da visão segundo a qual tanto a falta de amparo estatal (insensibilidade
com os custos adicionais da dinâmica do inquérito e processo criminal) como a omissão com-
pleta do Estado configurariam vitimização secundária. Ocorre que consta, ainda, do enunciado,
uma menção à omissão da sociedade, e usualmente a VUNESP considera que o desamparo
que a vítima encontra no meio social (família, comunidade, amigos) configura outro tipo de
vitimização: a vitimização terciária. Essa noção de vitimização terciária foi, aliás, cobrada pela
banca em outras provas aplicadas no mesmo ano e no ano seguinte. Além disso, há no enun-
ciado uma menção à cifra negra, que pode ser decorrência tanto do processo de vitimização
secundária como do de vitimização terciária, a depender do conceito adotado. Ou seja, trata-se
de questão que contempla, em um mesmo enunciado, diversos aspectos e possibilidades de
conceituação de vitimização. A questão parece ter sido retirada da obra de Nestor Penteado
Filho, usualmente adotada pela VUNESP, e onde se lê que a vitimização terciária consiste na
“falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse contexto, a própria sociedade não
acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo
o que se chama de cifra negra.” Partindo-se desse conceito, a alternativa correta seria letra B,
mas não foi assim que a banca se posicionou. Em resumo trata-se de questão que poderia – e
deveria – ter sido anulada, diante da miscelânea de conceitos em um mesmo enunciado.
Letra d.

018. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É considerado o pai da Vitimologia:


a) Cesare Lombroso.
b) Raffaele Garofalo.
c) Émile Durkheim.
d) Benjamin Mendelsohn.
e) Cesare Bonesana.

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Benjamin Mendelsohn, advogado israelita, utiliza o termo Vitimologia em 1947 para descrever
o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista e é considerado
o pai da Vitimologia.
Letra d.

019. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Entende(m)-se por vitimiza-


ção terciária
a) os danos materiais e morais diretamente causados pelo delito, em face da vítima.
b) a conduta de terceiros ou de eventos oriundos da natureza.
c) o aborrecimento e o temor causados pela necessidade de comparecer aos órgãos encarre-
gados de persecução criminal para o formal registro da ocorrência bem como para a indicação
de seu algoz.
d) a discriminação que a vítima recebe de seus familiares, amigos e colegas de trabalho, em
forma de segregação e humilhação, por conta do delito por ela sofrido.
e) a sobrevitimização, como o suicídio ou a autolesão.

O conceito de vitimização terciária encontra-se, todavia, em fase de concretização. Para alguns


autores, ocorre a vitimização terciária quando a vítima primária do crime é ridicularizada ou
discriminada pela sociedade, familiares e amigos. Há uma exaltação do criminoso e humilha-
ção da vítima primária pelas instâncias informais de controle social. Esse é o conceito usual-
mente adotado pela Vunesp.
Letra d.

020. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a alternativa correta, a


respeito da Vitimologia.
a) O comportamento da vítima em nada contribui para a ocorrência do crime contra si praticado.
b) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o modo pelo qual participa, bem
como sua contribuição na ocorrência do delito.
c) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por conta das observações fei-
tas pelos estudiosos a respeito do comportamento da vítima perante o ordenamento jurídi-
co em vigor.
d) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por meio da obra “O Homem
Delinquente”, de Cesare Lombroso.
e) O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência do crime contra si praticado.

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A Vitimologia se dedica a jogar luz sobre o papel fundamental que a vítima desempenha no
fenômeno criminal. Analisa a contribuição do ofendido como causa ou condição do evento
delituoso. Preocupa-se com a vítima, buscando restaurar o seu papel no cenário criminal. Na
letra A, um dos papeis da Vitimologia é, precisamente, tentar entender qual o papel da vítima no
delito. Na letra C, a Vitimologia nasceu como ramo da Criminologia. As formulações de Men-
delsohn, aliás, partem de um conceito amplo de vítima, que extrapola a mera noção de vítimas
de delitos. Na letra D, a Vítima nasceu como ramo da Criminologia a partir das formulações de
Benjamin Mendelsohn, no contexto pós Segunda Guerra Mundial. Na letra E, o comportamen-
to da vítima pode ou não contribuir para a ocorrência do crime. Tanto é assim que na própria
classificação de Mendelsohn está prevista a categoria de vítima totalmente inocente, também
chamada de vítima ideal, que não tem “culpa” na infração penal, ou seja, não concorre de forma
alguma para o evento.
Letra b.

021. (FAPEMS/2017/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA) Dentro da criminologia, tem-se a ver-


tente da vitimologia, que estuda de forma ampla os aspectos da vítima na criminalidade, e é
dividida em primária, segundária e terciária. Da análise dessa divisão, pode-se afirmar que a
vitimização terciária ocorre, quando
a) a vítima tem três ou mais antecedentes.
b) a vítima é parente em terceiro grau do ofensor.
c) um terceiro participa da ação criminosa.
d) a vítima é abandonada pelo estado e estigmatizada pela sociedade.
e) duas ou mais pessoas cometem o crime.

A questão adotou o conceito de vitimização terciária de Nestor Sampaio Penteado Filho. Para
ele, a vitimização terciária consiste na “falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse
contexto, a própria sociedade não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar
o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra”.
Letra d.

022. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Nos crimes de extorsão mediante


sequestro, por exemplo, pode ocorrer a chamada Síndrome de Estocolmo, que consiste
a) na doença que os sequestradores sofrem.
b) na identificação afetiva da vítima com o criminoso, pelo próprio instinto de sobrevivência.
c) em uma teoria que os órgãos públicos utilizam para reduzir a criminalidade.
d) no arrependimento do criminoso em razão do descontrole emocional
e) no trauma que a vítima adquire em razão do sofrimento.

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A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que a vítima passa a ter simpatia ou


mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao vitimizador após longo período de inti-
midação. A vítima procura evitar comportamentos que desagradem o vitimador e, aos poucos,
passa a encarar com empatia os atos gentis do agressor, a quem pode pensar que deve sua
vida. É um afeto, portanto, decorrente do instinto de sobrevivência da vítima, que sente que,
de alguma maneira, o agressor se importa com ela. Verifica-se, com frequência, em casos de
sequestro, cárcere privado e agressões domésticas.
Letra b.

023. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Quando ocorre a falta de amparo


da família, dos colegas de trabalho e dos amigos, e a própria sociedade não acolhe a vítima,
incentivando-a a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra ne-
gra, está-se diante da vitimização
a) caracterizada.
b) secundária.
c) descaracterizada.
d) primária.
e) terciária.

O conceito de vitimização terciária está, todavia, em fase de concretização, não havendo con-
senso sobre o significado do termo. Para alguns autores, ocorre a vitimização terciária quan-
do a vítima do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio social: pela comunidade,
familiares, amigos etc. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primária pe-
las instâncias informais de controle social. Como decorrência da vitimização terciária pode
haver o aumento da subnotificação criminal, ou seja, da cifra negra. As vítimas podem, por
exemplo, optar por não registrar uma ocorrência diante do medo de serem ridicularizadas no
grupo social. Esse conceito de vitimização terciária tem sido o mais frequentemente adotado
pela Vunesp.
Letra e.

024. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A reparação dos danos e a indeni-


zação dos prejuízos à vítima são vistas pela doutrina como:
a) uma importante tendência político-criminal observada na Lei n.º 9.099/95.
b) um problema que cabe apenas ao Direito Civil tratar.
c) uma teoria que vê a vítima como uma parte autossuficiente no crime.
d) algo obsoleto, que não cabe mais sua discussão.
e) um fato que serve exclusivamente como base para cálculo da pena do criminoso.

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A Lei n. 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais, marcou uma mudança paradigmática
no ordenamento jurídico brasileiro em direção à consideração da vítima na relação delitiva. Seu
art. 62 dispõe expressamente que o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos
critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objeti-
vando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena
não privativa de liberdade.
Letra a.

025. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A autorrecriminação da vítima


pela ocorrência de um crime, por meio da busca por causas que, eventualmente, tornaram-na
responsável pelo delito, é denominada.
a) homovitimização.
b) heterovitimização
c) vitimização primária.
d) vitimização secundária
e) vitimização terciária

Heterovitimização é o nome que se dá à autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime.


A vítima se sente culpada, se autorresponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a
ocorrência do delito.
Letra b.

026. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O indivíduo que é lesado por um


estelionatário, o qual aplica-lhe o clássico golpe do “bilhete premiado”, é considerado, de acor-
do com a classificação proposta por Mendelsohn, vítima.
a) exclusivamente culpada.
b) inocente.
c) tão culpada quanto o criminoso.
d) menos culpada do que o criminoso.
e) mais culpada do que o criminoso.

Na classificação de Benjamin Mendelsohn, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal);
menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente;
mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou agressora, simulada,
simuladora, imaginária ou pseudovítima). A vítima tão culpada quanto o delinquente é aquela

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que dá causa ao resultado, como, por exemplo, no caso da rixa (briga), da eutanásia, da dupla
suicida, do aborto consentido e dos crimes de estelionato em que a vítima tenta se aproveitar
de uma situação pretensamente muito vantajosa que lhe é apresentada. O golpe do bilhete
premiado se encaixa nesse último exemplo de vítima tão culpada quanto o delinquente.
Letra c.

027. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O estudo da contribuição da ví-


tima na ocorrência de um crime, e a influência dessa participação na dosimetria da pena, é
denominado:
a) vitimodogmática.
b) perigosidade criminal.
c) infortunística.
d) círculo restaurativo.
e) iter victimae

Dá-se o nome vítimo-dogmática às implicações que a Vitimologia causou na dogmática penal,


sobretudo a partir da Alemanha na década de 1990. A vitimo-dogmática analisa a contribuição
da vítima para a ocorrência de um crime O essencial na discussão desse tema é o estudo da
responsabilidade da vítima na experiência que sofreu e o consequente impacto, na dosimetria
da pena, de sua eventual contribuição.
Letra a.

028. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende­se por vitimi-


zação terciária.
a) o sofrimento causado pela posterior perseguição da vítima pelo autor do crime.
b) os prejuízos causados pelo crime praticado contra a vítima
c) aquela oriunda dos familiares e do círculo de relações sociais da vítima, que a segregam,
excluem e até humilham, em virtude do crime por ela sofrido.
d) o sofrimento causado pelos órgãos públicos encarregados da persecução criminal.
e) aquela denominada “terceirização da vitimização”, isto é, advinda de terceiros, estranhos ao
círculo de familiares e amigos da vítima

Não há, todavia, consenso sobre o conceito de vitimização terciária. Para a linha de pensamento
adotada pela Vunesp, ocorre a vitimização terciária quando a vítima primária do crime é abando-
nada ou ridicularizada em seu meio social: pela comunidade, familiares, amigos etc. Há uma exal-
tação do criminoso e humilhação da vítima primária pelas instâncias informais de controle social.
Letra c.

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029. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) O comportamento inadequado da vítima


que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação de seu verdugo é denominado
a) vitimização terciária.
b) vitimização secundária.
c) periculosidade vitimal.
d) vitimização primária.
e) vitimologia.

A periculosidade vitimal diz respeito ao comportamento inapropriado da vítima que de certo


modo facilita, instiga ou provoca a ação do agressor. Assim, a periculosidade vitimal não é
distribuída igualmente na população, já que algumas pessoas têm mais propensão a se tor-
nar vítimas. A Vitimologia deve concentrar seus esforços na identificação de meios capazes
de afastar o “complexo do perigo”, que equivale à soma de elementos que determinam quais
pessoas se tornarão vítimas.
Letra c.

030. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O estudo da vitimologia atual, ba-


seada numa tendência política criminal eficiente, privilegia
a) a assistência social ao delinquente, bem como um atendimento eficiente do poder público.
b) a assistência psicológica à vítima e tratamento adequado ao delinquente, para sua
recuperação.
c) uma pena que recupere o delinquente, sociabilizando-o, com trabalho e educação.
d) uma punição exemplar para o delinquente, de forma que se cumpra a função retributi-
va da pena.
e) a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima.

Nas primeiras formulações vitimológicas, havia a tendência de analisar os crimes mais co-
muns e de considerar, de certa maneira, a vítima como culpada pelo delito. Era uma Vitimolo-
gia carregada de preconceitos, pré-julgamentos e que tenderia à coculpabilização da vítima.
Atualmente, a tendência da Vitimologia é de adotar um direcionamento mais humanitário ou
solidarista, com a nítida preocupação de conferir à vítima um papel de destaque nos procedi-
mentos de apuração de responsabilidades, de proteger seus interesses e sua dignidade, e de
ressarcir seus prejuízos.
Letra e.

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031. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Considere os acontecimentos abaixo.


I – No dia 16 de outubro, após um dia exaustivo de trabalho, quando chegava em sua casa, às
23:00 horas, em um bairro afastado da cidade, Maria foi estuprada. Naquela mesma data, fora
acionada a polícia, quando então foi lavrado boletim de ocorrência e tomadas as providências
médico-legais, que constatou as lesões sofridas.
II – Após o fato, Maria passou a perceber que seus vizinhos, que já sabiam do ocorrido, a olha-
vam de forma sarcástica, como se ela tivesse dado causa ao fato e até tomou conhecimento
de comentários maldosos, tais como: “também com as roupas que usa (...)”, “também como
anda, rebolando para cima e para baixo” e etc., o que a deixou profundamente magoada, humi-
lhada e indignada.
III – Em novembro, fora à Delegacia de Polícia prestar informações, quando relatou o ocorrido,
relembrando todo o drama vivido. Em dezembro fora ao fórum da Comarca, onde mais uma
vez, Maria foi questionada sobre os fatos, revivendo mais uma vez o trauma do ocorrido.
Os acontecimentos I, II e III relatam, respectivamente processos de vitimização:
a) primária, secundária e terciária.
b) primária, terciária e secundária.
c) secundária, primária e terciária.
d) terciária, primária e secundária.
e) secundária, terciária e primária.

No item I, o foco principal é o abuso sexual sofrido por Maria. Nesse momento ela passou por
um processo de vitimização primária, que é aquela em que é aquela em que o sujeito é atingido
pela prática do crime ou de um fato traumático. No item II, o foco principal é a humilhação por
que passou Maria em seu meio social. Nesse momento, ela foi alvo de vitimização terciária, que,
em uma de suas acepções, diz respeito ao processo de ridicularização que a vítima primária do
crime sofre em seu meio social. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primá-
ria pelas instâncias informais de controle social. No utem III, o foco principal está no fato de
Maria ter que reviver o trauma, relatando os fatos mais de uma vez. Trata-se, nesse ponto, de um
processo de vitimização secundária: a vítima primária é objeto da insensibilidade, do desinte-
resse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. Trata-se
dos custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de con-
trole social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, comparecimento a inúmeros
atos processuais, identificação dos suspeitos, perícia etc. O sistema penal coisifica a vítima,
tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade.
Letra b.

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032. (FCC/2009/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) A expressão ‘cifra negra’ ou oculta, refere-se


a) às descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime cometido.
b) ao fracasso do autor na empreitada em que a maioria tem êxito.
c) à porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semi-aberto.
d) à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos porque, num sistema seletivo, não
caíram sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração carcerária, porque nos presí-
dios ‘não estão todos os que são’.
e) à porcentagem de criminalização da pobreza e à globalização, pelas quais o centro exerce
seu controle sobre a periferia, cominando penas e criando fatos típicos de acordo com seus
interesses econômicos, determinando estigmatização das minorias.

A cifra negra diz respeito à parcela de crimes que não chegam ao conhecimento da polícia, da
justiça ou da administração carcerária e que, portanto, não são solucionados ou punidos. Tra-
ta-se, portanto, da diferença entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida. Ela se deve
a vários fatores, dentre os quais se encontra a seletividade do sistema penal, que direciona sua
engrenagem para a parcela mais marginalizada da população. Assim, nem todas as pessoas
que praticam atos definidos como crimes caem nos filtros do controle social formal.
Letra d.

033. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se por ci-


fras negras
a) as ocorrências criminais não registradas nos órgãos policiais responsáveis, em prejuízo do
interesse da sociedade.
b) somente os delitos praticados pelos criminosos de colarinho branco, em prejuízo da co-
letividade.
c) os crimes hediondos praticados com violência ou grave ameaça.
d) os crimes de menor potencial ofensivo praticados sem violência ou grave ameaça.
e) apenas os crimes praticados por policiais, que não são apurados, por temor de represália.

As cifras negras dizem respeito aos crimes que deixam de ser reportados às instâncias poli-
ciais, dando margem à subnotificação criminal. Quando as cifras negras são muito significati-
vas, as estatísticas deixam de ser confiáveis e o Poder Público encontra séria dificuldade em
equacionar os problemas, já que não conhece sua real dimensão. O maior prejudicado, nesse
caso, é a própria sociedade. Há outras duas alternativas na questão que dizem respeito a cifras
criminológicas. Na letra B, os crimes dos poderosos, também conhecidos como delitos do co-
larinho branco, quando ficam impunes, configuram a chamada cifra dourada. Na letra E, temos
um exemplo de cifra amarela, que corresponde aos casos em que as vítimas sofreram algum

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tipo de violência praticada por servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às
unidades competentes pela apuração. Nas letras C e D, como não é mencionada a diferença
entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida, não há sequer que se falar em cifras.
Letra a.

034. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna-


tiva correta no que diz respeito à classificação dos tipos de vítimas segundo Hans Von Hentig.
a) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim aquela que, sob o pretexto de que a per-
secução judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação
criminosa, acaba deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos
geralmente nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.
b) Vítima imune – é considerada dessa forma a pessoa que, em decorrência de seu cargo,
função, ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive, acredita que não está sujeita a
qualquer tipo de ação delituosa que possa transformá-la em vítima. Um exemplo é o padre.
c) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que, pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer
de maneira rápida ou fácil, acaba sendo ludibriada por estelionatários ou vigaristas.
d) Vítima que se converte em autor – denomina-se assim a vítima que, por não aceitar ser
agredida pelo autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em
defesa de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Nessa situação, há sempre a
disposição da vítima em lutar com o autor.
e) Vítima da natureza – denomina-se assim a pessoa que possui uma tendência natural de se
tornar vítima. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenfreada, libertina ou aflita
da pessoa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o
criminoso.

Vítima imune é aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função de pres-
tígio, os delinquentes evitam vitimar, diante da repercussão que o caso pode ganhar. É o caso
de padres, jornalistas, personalidades, políticos etc. Na letra A, a vítima que deixa de processar o
autor de delito por saber que a perseguição do agressor seria mais infrutífera ou danosa à própria
vítima é denominada vítima indefesa. Na letra C, vítima falsa é aquela que, agindo por vingança
ou interesse pessoal, imputa falsamente a alguém a prática de um crime contra si, mesmo não
tendo sido vítima de delito algum. A vítima de estelionato pode ser, na classificação de Mendel-
sohn, catalogada como vítima tão culpada como o criminoso. Na letra D estão descritas situa-
ções de legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal, que são causas de exclusão da
ilicitude, não sendo possível dizer que a vítima se transformou em autor de um delito. Ademais,
vítima que se converte em autor não é uma classificação consagrada na Vitimologia. Na letra E,
a pessoa que possui uma tendência natural de se tornar vítima é denominada vítima nata.
Letra b.

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035. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Do ponto de vista vi-


timológico, vítima falsa é aquela que:
a) consente com a prática do delito.
b) tolera a lesão sofrida pelo temor de perseguição por seu algoz.
c) se autovitimiza com o fim de obter benefícios para si.
d) detém predisposição permanente e inconsciente para se tornar vítima.
e) deixa de comunicar o crime sofrido às autoridades competentes.

A vítima falsa ou simuladora é aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa
falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime
algum. Ela simula um delito, se autovitimiza, para obter benefícios. Na letra A está descrita a
vítima voluntária. Na letra B, a vítima indefesa. Na letra D, a vítima nata. E na letra E, a vítima
omissa ou ilhada.
Letra c.

036. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) Buscam incansavelmente a repara-


ção judicial pelos danos sofridos ou a punição dos autores, comunicando o fato criminoso às
autoridades públicas. Trata-se de vítimas
a) incansáveis.
b) desatentas.
c) conscientes.
d) persistentes.
e) atuantes.

Vítima atuante ou inconformada é aquela que busca determinadamente a punição dos autores
e a indenização dos danos sofridos, comunicando diligentemente o fato criminoso às autori-
dades competentes.
Letra e.

037. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os estudos vitimológicos


permitem estudar a criminalidade real, por meio dos registros efetuados pela própria vítima. A
falta desses registros gera a(o) chamada(o)
a) gráfico incompleto.
b) estatística branca.
c) cifra negra.
d) ponto obscuro.
e) incongruência estatística.

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O conceito de cifras negras refere-se à parcela de crimes que não integra as contagens oficiais.
Trata-se da diferença entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida. São os crimes que
não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Por isso as esta-
tísticas criminais não refletem a criminalidade real, mas apenas uma parte dela, restando uma
cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou seja, realizadas com a po-
pulação em geral questionando se foram vítimas de algum crime, procuram suprir essa lacuna.
Letra c.

038. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) Os “crimes de colarinho branco” são deli-


tos conhecidos na Criminologia por
a) crimes contra a dignidade social.
b) crimes de menor potencial ofensivo.
c) cifras cinza.
d) cifras amarelas.
e) cifras douradas.

Em Criminologia, as cifras são usadas para expressar uma parcela de criminalidade que, pelas
mais variadas razões, não chegam ao conhecimento das autoridades ou não são apuradas,
em consequência do efeito funil da seleção quantitativa. As cifras douradas correspondem
aos crimes dos poderosos praticados no contexto laboral, também conhecidos como delitos do
colarinho branco, que ficam impunes. A alternativa E não fala da diferença entre criminalidade
real e criminalidade conhecida, mas é a que melhor se encaixa na questão, já que os crimes de
colarinho de branco não são crimes contra a dignidade (em geral são crimes de aspecto econô-
mico, contra a ordem financeira, contra a relação de consumo, etc.); não são crimes de menor
potencial ofensivo, pois são dotados de penas altas, dada a gravidade da conduta e o número
de pessoas que podem ser lesadas; não estão necessariamente relacionados à cifra cinza, que
consiste nos crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não chegam
a virar um processo penal; não estão relacionados com à cifra amarela, que diz respeito aos
casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por servidor público e dei-
xaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração; e, por fim, os
crimes de colarinho branco estão, necessariamente, ligados ao conceito de cifra dourada.
Letra e.

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039. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Uma das primeiras classifica-


ções, de forma sintética, da vítima em grupos, quanto à sua participação ou provocação no
crime foi: vítima inocente, vítima provocadora e vítima agressora, simuladora ou imaginária.
Essa classificação é atribuída a:
a) Cesare Lombroso.
b) Hans von Hentig.
c) Benjamin Mendelsohn.
d) Kurt Schneider.
e) Hans Gross.

A classificação constante do enunciado é de Benjamin Meldensohn, advogado israelita que se


ocupou da Vitimologia no pós Segunda Guerra Mundial. Para ele, a vítima pode ser: totalmente
inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada
quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou
agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima).
Letra c.

040. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) De acordo com Benjamin Men-


delsohn, as vítimas são classificadas em:
a) vítimas primárias, vítimas secundárias e vítimas terciárias.
b) vítimas ideais, vítimas menos culpadas que os criminosos, vítimas tão culpadas quanto os
criminosos, vítimas mais culpadas que os criminosos e vítimas como únicas culpadas.
c) vítimas desatentas, vítimas desinformadas, vítimas descuidadas, vítimas inocentes, vítimas
provocativas e vítimas participativas.
d) vítimas perfeitas, vítimas participativas, vítimas concorrentes, vítimas imperfeitas e vítimas
contumazes.
e) vítimas inocentes, vítimas conscientes e vítimas culpadas.

Na classificação do advogado israelita Benjamin Meldensohn, a vítima pode ser: totalmente


inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada
quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou
agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima).
Letra b.

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041. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) A expressão “cifra negra”, em Criminologia,


corresponde ao número de
a) erros judiciais (decisões judiciais incompatíveis com a realidade dos fatos).
b) crimes ocorridos e não reportados à autoridade.
c) criminosos reincidentes.
d) prisões efetuadas injustamente.

Crimes que ocorrem, mas não chegam ao conhecimento do poder estatal, integram o que se
chama de “cifra negra” ou cifra oculta da criminalidade, que também pode ser definida como a
diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados – e a criminali-
dade conhecida ou revelada.
Letra b.

042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Para a Vitimologia, a


vítima agressora, simuladora ou imaginária também é conhecida por:
a) vítima inocente.
b) vítima menos culpada que o criminoso.
c) vítima tão culpada quanto o criminoso.
d) pseudovítima ou vítima totalmente culpada.
e) vítima ideal

Na classificação das vítimas de Benjamin Mendelsohn, que leva em conta a participação ou


provocação da vítima, temos: a) vítimas ideais (completamente inocentes); b) vítimas menos
culpadas que os criminosos (ou vítimas por ignorância); c) vítimas tão culpadas quanto os cri-
minosos; d) vítimas mais culpadas que os criminosos (vítimas por provocação que dão causa
ao delito); e) vítimas como únicas culpadas (vítimas agressoras, simuladas, simuladoras, ima-
ginárias ou pseudovítimas).
Letra d.

043. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSOPISTA POLICIAL) A vitimologia é uma


ciência que se ocupa do estudo da vítima e da vitimização, dessa forma, a classificação das
vítimas em “vítima ideal ou inocente; provocadora; e, agressora ou imaginária” foi proposta por:
a) Israel Drapkin.
b) Edwin Sutherland.
c) Hans Von Hentig.
d) Hans Gross.
e) Benjamin Mendelsohn.

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Na classificação do advogado israelita Benjamin Meldensohn, a vítima pode ser: totalmente


inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada
quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou
agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima). Ele sintetiza essa classificação
em três grupos: o da vítima inocente (que não concorre de forma alguma para o crime); o da
vítima provocadora (que contribui com o ânimo criminoso); e o da vítima agressora.
Letra e.

044. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A criminologia moderna estuda


o fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a expressão “cifra
dourada” designa.
a) o total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que são elucidados.
b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo
da “cifra negra”, a exemplo do crime de sonegação fiscal
c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucida-
do, permite ao poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação
d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a
exemplo do delito de perturbação do sossego alheio
e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conheci-
mento do poder público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados

A cifra dourada diz respeito delitos cometidos pelos poderosos que ficam impunes. Quando
alguém dos altos estratos sociais comete um crime contra o sistema financeiro ou um crime
tributário, por exemplo, é possível que fique sem punição porque o sistema penal é desenhado
para selecionar a criminalidade de rua, cometida pelos pobres. A sonegação fiscal é um exem-
plo de criminalidade da elite que, em muitos casos, fica impune e integra a cifra dourada. A
cifra dourada é um subtipo da cifra negra, que é, de maneira mais genérica, a diferença entre a
criminalidade real e a criminalidade conhecida.
Letra b.

045. (CEBRASPE/2018/PC-SE DELEGADO DE POLÍCIA) Texto 1A9-II


No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a vio-
lência doméstica contra a mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu
o reconhecimento de conduta criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo
com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais

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apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com


dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal
contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode
ser resultado de uma subnotificação desse tipo de violência.

Internet: (com adaptações).

Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da
criminologia.
De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os co-
municados às agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em con-
sonância com os dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II),
que indica a ocorrência de subnotificação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse
fenômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser registrada oficialmente pelo Estado, é
o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade.

A cifra negra corresponde àquela parcela de crimes que não integra as contagens oficiais. São
os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Os
crimes sexuais apresentam altíssimas taxas de subnotificação. Acredita-se que a diferença
entre os crimes sexuais praticados e aqueles que são comunicados é de 90%. Por isso as esta-
tísticas criminais não refletem a criminalidade real, mas apenas uma parte dela, restando uma
cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou seja, realizadas com a po-
pulação em geral questionando se foram vítimas de algum crime, procuram suprir essa lacuna.
Certo.

046. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) São conhecidas por __________os


crimes que não são registrados em órgãos oficiais encarregados de sua repressão, em decor-
rência de omissão das vítimas, por temor de represália.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
a) estatísticas azuis
b) estatísticas brancas
c) cifras douradas
d) cifras negras
e) cifras cinza

A cifra negra corresponde àquela parcela de crimes que não integra as contagens oficiais. São os
crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. A omis-
são das vítimas, por temor de represália, é um dos motivos que estão na base das cifras negras.

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Outros motivos podem levar à subnotificação, como a revitimização, a descrença no aparato


repressivo, a falta de recursos ou de tempo, a sensação de vergonha e humilhação no meio
social, o desconhecimento do modo de funcionamento das instâncias de controle social etc.
Letra d.

047. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Uma informação confiável


e contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto
para formular um diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos programas de pre-
venção. Assinale a alternativa correta:
a) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes.
A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder
político e econômico.
b) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin-
quentes. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder
político e econômico.
c) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin-
quentes. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida-
dos dos crimes de rua.
d) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos de-
linquentes. A cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao
conhecimento das corregedorias.
e) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida-
dos dos crimes de rua.

A questão versava sobre o conceito de cifra negra, que é aquela parcela de crimes que não in-
tegra as contagens oficiais. São os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades,
pelas mais diversas razões. Tecnicamente, cifra negra não diz respeito somente aos crimes de
rua, mas a todos tipos de crime. Analisando as demais alternativas, no entanto, fica claro que
a letra E contém a melhor resposta. Na letra A, a ausência de registro de práticas antissociais
do poder político e econômico é a cifra dourada, um subtipo da cifra negra. Nas letras B, C e D,
a criminalidade real é a totalidade de delitos cometidos e não a parcela de crimes que chegou
ao conhecimento do Estado.
Letra e.

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048. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2019) “A vítima do delito experimen-


tou um secular e deliberado abandono. Desfrutou do máximo protagonismo [...] durante a épo-
ca da justiça privada, sendo depois drasticamente “neutralizada” pelo sistema legal moderno
[...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73). A Vitimologia im-
pulsionou um processo de revisão científica do papel da vítima no fenômeno delitivo. Leia as
afirmativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema.
a) A vitimologia ocupa-se, sobretudo, do estudo sobre os riscos de vitimização, dos danos que
sofrem as vítimas como consequência do delito assim como da posterior intervenção do sis-
tema legal, dentre outros temas.
b) A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto
neutro e passivo, tendo polarizado em torno do delinquente as investigações sobre o delito,
sua etiologia e prevenção.
c) Os pioneiros da vitimologia compartilhavam uma análise etiológica e interacionista, sendo
que suas tipologias ponderavam sobre o maior ou menor grau de contribuição da vítima para
sua própria vitimização.
d) A Psicologia Social destacou-se como marco referencial teórico às investigações vitimológi-
cas, fornecendo modelos teóricos adequados à interpretação e explicação dos dados.
e) O redescobrimento da vítima e os estudos científicos decorrentes se deram a partir da 1ª
(Primeira) Guerra Mundial em atendimento daqueles que sofreram com os efeitos dos confli-
tos e combates.

O redescobrimento da vítima teve lugar a partir da 2ª Guerra Mundial, em especial com os es-
tudos de Benjamin Mendelsohn, advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947
para descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista.
Letra e.

049. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) A dor causada à vítima, ao


ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao juiz o sentimento de humilhação experi-
mentado, quando os advogados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi ela própria
que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que podem ser causados pelo exame mé-
dico-forense, pelo interrogatório policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros,
são exemplos da chamada vitimização.
a) indireta.
b) secundária.
c) primária.
d) terciária.
e) direta.

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A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân-
cias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, comparecimento
a inúmeros atos processuais, identificação dos suspeitos, perícia, etc. A vítima se sente mal-
tratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com
seu papel e que, por vezes, desconfia de seu relato ou a responsabiliza pelo delito sofrido. O
sistema penal coisifica a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de
direitos e merecedora de dignidade.
Letra b.

050. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) A criminologia classifica como vitimi-


zação secundária a coisificação, pelas esferas de controle formal do delito, da pessoa ofendi-
da, ao tratá-la como mero objeto e com desdém durante a persecução criminal.

A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân-
cias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, comparecimento
a inúmeros atos processuais, identificação dos suspeitos, perícia, etc. A vítima se sente mal-
tratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com
seu papel e que, por vezes, desconfia de seu relato ou a responsabiliza pelo delito sofrido. O
sistema penal coisifica a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de
direitos e merecedora de dignidade.
Certo.

051. (CEBRASPE/2018/PC-SE DELEGADO DE POLÍCIA)


Texto 1A9-I: Sentença
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha)
Processo n.º: XXXXXXX
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de dro-
gas, lhe fez ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a co-
municação do fato e o pedido de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao
respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. Simplesmente decidir que o agressor
deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o sujeito, sentindo só a
debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, cha-

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mar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há
que fazer. Enfim, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão
sem fim — agressão, reclamação na polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o
instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção.
Intimem-se, inclusive ao MP.
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da
criminologia.
A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplifica o que a teoria criminológica descreve como re-
vitimização ou vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o des-
crédito na palavra da vítima, o descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito
à sua privacidade, o constrangimento e a responsabilização da vítima pela violência sofrida.

A sentença transcrita traz exemplo de vitimização secundária, também conhecida como revi-
timização ou sobrevitimização. Na vitimização secundária a vítima primária é objeto da insen-
sibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema
criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da
atuação das instâncias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimen-
to, desrespeito à privacidade (procedimentos invasivos, perguntas sobre sua vida pessoal),
comparecimento a inúmeros atos processuais, identificação dos suspeitos, procedimentos de
perícia etc. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa
um tratamento condizente com seu papel e que, por vezes, desconfia de seu relato ou a respon-
sabiliza pelo delito sofrido. O sistema penal coisifica a vítima, tratando-a como mero objeto e
não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade.
Certo.

052. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) Assinale a alternativa correta no que diz


respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da vitimologia.
a) Os estudos, as teorias e as classificações desenvolvidos no âmbito da vitimologia demons-
tram que a conduta da vítima não pode ser indicada como fator que, de algum modo, contribui
para a prática do crime.
b) Uma das grandes contribuições do atual estágio de desenvolvimento da vitimologia foi de-
monstrar que o fênomeno da subnotificação é um mito e praticamente insignificante em ter-
mos quantitativos.
c) O aumento do número de crimes investigados e processados pode ocasionar uma maior
vitimização secundária.
d) O preconceito posterior à prática do crime que recai sobre a vítima, em crimes sexuais, por
parte da sociedade em geral e que contribui para a subnotificação deste tipo de crime é deno-
minado de vitimização primária.
e) Pesquisas de vitimização devem, paulatinamente, substituir os indicadores criminais base-
ados em registros de crimes.

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A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do


desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal es-
tatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das
instâncias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, desrespeito
à privacidade (procedimentos invasivos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento
a inúmeros atos processuais, identificação dos suspeitos, procedimentos de perícia, etc. O
aumento do número de crimes investigados pode, portanto, ocasionar maior vitimização se-
cundária. Na letra A, a Vitimologia joga luz sobre o papel fundamental que a vítima desempe-
nha no fenômeno criminal, analisando, por exemplo, a contribuição do ofendido como causa
ou condição do evento delituoso. Na letra B, uma das grades contribuições da Vitimologia é a
demonstração de imprescindibilidade das pesquisas de vitimização. Em lugar de se basearem
nas estatísticas oficiais, essas pesquisas perguntam às pessoas de um grupo social se elas
foram vítimas de algum delito em certo marco temporal. Os resultados têm demonstrado que
as taxas de subnotificação criminal – ou seja, de delitos que não são reportados às autorida-
des ou que não são registrados adequadamente pelo Poder Público – são muito significativas
em uma série de delitos, como é o caso dos crimes sexuais. Na letra B, o fenômeno descrito
se denomina vitimização terciária, em que a vítima primária do crime é abandonada ou ridicu-
larizada em seu meio social: pela comunidade, familiares, amigos etc. Há uma exaltação do
criminoso e humilhação da vítima primária pelas instâncias informais de controle social, me-
canismo que pode levar à subnotificação criminal. Na letra E, o reconhecimento da importância
das pesquisas de vitimização não implica seu emprego em substituição aos indicadores aos
indicadores criminais baseados em registros de crimes. As estatísticas oficiais baseadas em
crimes registrados devem seguir existindo, com a ressalva de que não refletem fielmente a
realidade criminal de um dado grupo social.
Letra c.

053. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta no que


diz respeito à vitimologia.
a) Na década de 80 do século XX, a ONU promulgou um dos principais diplomas internacionais
no que diz respeito aos direitos das vítimas.
b) Vitimização terciária é definida como o resultado dos obstáculos e sofrimentos vivencia-
dos pela vítima, em decorrência dos procedimentos legais da persecução penal desenvolvida
pelo Estado.
c) No Brasil, a vitimologia é sistematizada por autores nacionais a partir da década de 30 do
século XX, ajudando a nortear a elaboração do Código Penal de 1940.

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d) Vitimização secundária é definida como o resultado da agressão infligida à vítima pelo au-
tor do crime.
e) O termo “vitimologia” foi cunhado na década de 20 do século XX, ao término da primeira
guerra mundial.

A Organização das Nações Unidas adotou, em 1985, a Declaração dos Princípios Básicos de
Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder, um dos principais diplomas
internacionais no que diz respeito aos direitos das vítimas. Na letra B, os obstáculos e sofri-
mentos vivenciados pela vítima em decorrência da atuação do controle social formal formam a
vitimização secundária. Na letra C, a Vitimologia passa a ser sistematizada no Brasil sobretudo
na década de 1980, com a fundação da Sociedade Brasileira de Vitimologia (SBV), no Rio de Ja-
neiro, em 1984. Na letra D, a agressão infligida à vítima pelo autor do crime é denominada vitimi-
zação primária. Na letra E, o termo Vitimologia foi cunhado por Benjamin Mendelsohn, egresso
do campo de concentração nazista, no contexto de término da Segunda Guerra Mundial.
Letra a.

054. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) No que diz respeito aos estudos de-


senvolvidos no âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta.
a) O linchamento do autor de um crime por populares em uma rua pode ser classificado como
uma vitimização secundária e terciária.
b) A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime,
por inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária.
c) A longa espera da vítima de um crime em uma delegacia de polícia para o registro do crime
é denominada de vitimização terciária.
d) A vítima só passa a ter um contorno sistemático em sua abordagem criminológica a partir
do fim da primeira guerra mundial, na segunda década do século XX.
e) As pesquisas de vitimização têm por objetivo principal mensurar a vitimização secundária.

Vitimização secundária é aquela em que a vítima é objeto da insensibilidade, do desinteresse e


da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São os custos
adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social
formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, desrespeito à privacidade (procedimen-
tos invasivos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento a inúmeros atos processu-
ais, identificação dos suspeitos, procedimentos de perícia, etc. Na letra A, o linchamento do
autor de um crime é um exemplo de vitimização terciária, na concepção de Sérgio Salomão
Shecaira, para quem a vitimização terciária não atinge a vítima primária do crime, mas sim o
seu autor. Ela ocorre nas hipóteses em que o autor do ato delitivo acaba por receber um sofri-

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mento excessivo, como tortura, apedrejamento, linchamento. Seria, portanto, a vitimização do


vitimizador. O linchamento não é exemplo de vitimização secundária, que é aquela consistente
em sofrimentos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias
de controle social formal. Na letra C há outro exemplo de vitimização secundária. Na letra D,
a vítima passa a ter contorno sistemático a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Na letra
E, as pesquisas de vitimização têm por objetivo principal conhecer e mensurar a criminalidade
real, e isso relaciona-se com a vitimização primária, que é aquela em que o sujeito é atingido
pela prática de um crime.
Letra b.

055. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) O afeiçoamento da vítima em


relação ao criminoso sequestrador, interagindo com ele pelo próprio instinto de sobrevivência,
é chamado, pela Criminologia, de:
a) complexo de Asperger.
b) síndrome de Tourette.
c) síndrome de Burnout.
d) complexo de inferioridade.
e) síndrome de Estocolmo.

A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que a vítima passa a ter simpatia ou


mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao vitimizador após longo período de inti-
midação. A vítima procura evitar comportamentos que desagradem o vitimador e, aos poucos,
passa a encarar com simpatia os atos gentis do agressor, a quem pode pensar que deve sua
vida. É um afeto, portanto, decorrente do instinto de sobrevivência da vítima, que sente que, de
alguma maneira, o agressor se importa com ela.
Letra e.

056. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR) Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veí-


culo automotor, a fim de sair do estacionamento de um shopping center, é surpreendido por
bandido armado que estava homiziado em local próximo, aguardando a primeira pessoa a
quem pudesse roubar, é
a) tão culpado quanto o criminoso.
b) vítima ideal.
c) mais culpado que o criminoso.
d) exclusivamente culpado.
e) vítima de culpabilidade menor.

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A vítima ideal é, na classificação de Mendelsohn, a vítima totalmente inocente, que não tem
“culpa” na infração penal, ou seja, não concorre de forma alguma para o evento, como ocorre
no caso do enunciado. Na letra A, a vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária, é
aquela que dá causa ao resultado, como, por exemplo, no caso da rixa (briga), da eutanásia,
da dupla suicida, do aborto consentido e dos crimes de estelionato em que a vítima tenta se
aproveitar de uma situação pretensamente muito vantajosa que lhe é apresentada. Na letra C,
a vítima mais culpada que o delinquente (ou vítima por provocação) é aquela que o provoca
o agressor, como, por exemplo, a vítima de um homicídio privilegiado praticado após injusta
provocação. Na letra D, a vítima como única culpada (vítima agressora, simulada, simuladora,
imaginária ou pseudovítima) é aquela que se coloca em situação de completo risco, como um
agressor que acaba sendo vítima de legítima defesa. Na letra E, a vítima de culpabilidade me-
nor (ou vítima por ignorância), é menos culpada que o delinquente, como, por exemplo, aquele
que anda com a bolsa aberta um lugar perigoso, sendo imprudente.
Letra b.

057. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) As pessoas que apresentam predis-


posição permanente e inconsciente para se tornarem vítimas, atraindo os criminosos, como
por exemplo prostitutas e usuários de drogas, são chamadas de
a) vítimas omissas.
b) vítimas falsas.
c) pseudovítimas.
d) vítimas latentes.
e) vítimas atuantes.

Vítima latente ou potencial é aquela que aquela que apresenta comportamento, temperamento
ou estilo de vida que atrai o delinquente. Possui, portanto, predisposição para se tornar vítima,
atraindo criminosos, como é o caso de prostitutas e usuários de drogas. Na letra A, vítima
omissa é aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar da sociedade e viver
isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus direitos violados. Na letra B,
vítima falsa ou simuladora é aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa
falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime
algum. Na letra C, pseudovítima é a vítima exclusivamente culpada, de que é exemplo a pessoa
que se coloca em situação de completo risco, como agressor que acaba sendo vítima de legíti-
ma defesa. Na letra E, a vítima atuante ou inconformada é aquela que busca determinadamen-
te a punição dos autores e a indenização dos danos sofridos, comunicando diligentemente o
fato criminoso às autoridades competentes.
Letra d.

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058. (MPE-GO/2014/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O Procurador de


Justiça Rogério Greco preconiza que “no que diz respeito às ciências criminais propriamente
ditas, serve a criminologia como mais um instrumento de análise do comportamento delitivo,
das suas origens, dos motivos pelos quais se delinque, quem determina o que se punir, quan-
do punir, como punir, bem como se pretende, com ela, buscar soluções que evitem ou mesmo
diminuam o cometimento das infrações penais”. No contexto da seara criminológica, aponte a
alternativa incorreta:
a) Stalking é um termo que designa a forma de violência na qual o sujeito ativo invade repetida-
mente a esfera de privacidade da vítima, empregando táticas de perseguição e meios diversos
de atuação, resultando dano à sua integridade psicológica e emocional, restrição à sua liber-
dade de locomoção ou lesão à sua reputação, configurando, deste modo, uma modalidade de
assédio moral.
b) A teoria de anomia, a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago são consideras
teorias de consenso.
c) A figura criminológica conhecida como “síndrome da mulher de potifar” pode ser utilizada
como técnica de aferição da credibilidade da palavra da vítima nos crimes de conotação sexual.
d) A “síndrome de Londres” se evidencia quando a vítima, como instinto defensivo, passa a
apresentar um comportamento excessivamente lamurioso, demasiadamente submisso e com
pedido contínuo de misericórdia.

Na Síndrome de Londres, as vítimas adotam postura de enfrentamento com os agressores.


Como estratégia de sobrevivência, a vítima adota postura de desobediência e embate com o
agressor, por quem nutre profundo ódio. Esse mecanismo pode elevar as tensões entre vítima
e vitmizador, vindo a ser fatal. Na letra A, stalking é a perseguição persistente descrita, e con-
figura espécie de assédio moral, porém mais grave, revestindo-se de ilicitude penal. No Brasil,
pode configurar a contravenção de perturbação da tranquilidade. Na letra B, a teoria da anomia,
a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago são teorias do consenso, pois partem
do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as regras
vigentes. Na letra C, a Síndrome da Mulher de Potifar diz respeito aos casos em que mulheres
fazem falsa acusação de estupro ou outros abusos sexuais. Essa situação é particularmente
delicada, já que os delitos sexuais são comumente praticados na ausência de testemunhas,
fazendo com que prova pericial e a palavra da dupla penal (agressor e vítima) ganhem extre-
ma relevância na apuração dos fatos. Por isso, os operadores do sistema de justiça criminal
podem ter em mente essa figura criminológica para apurar cuidadosamente a verossimilhança
da palavra da vítima.
Letra d.

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059. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre a relação entre sistema penal e pobre-


za é correto afirmar que
a) a vertente criminológica do conflito identifica a pobreza como principal causa da criminali-
dade e defende maior investimento social para reduzir as taxas de crimes.
b) tal qual o processo de criminalização, a vitimização também é um processo seletivo que
tem como alvo preferencial os mais pobres.
c) por se tratar de uma questão de saúde, a internação das pessoas com transtorno mental pe-
las medidas de segurança não se dá de maneira seletiva como no processo de criminalização.
d) o surgimento da prisão como forma de punição por excelência nos séculos XVIII e XIX teve
como fulcro a substituição de penas cruéis, mas somente nas últimas duas décadas passou a
ser um mecanismo de controle social da pobreza.
e) o efetivo respeito ao garantismo penal é capaz de reverter o caráter seletivo do sistema pe-
nal brasileiro e sua consequente gestão autoritária da miséria.

A Vitimologia demonstra que o risco de vitimização é seletivo e diferencial. Alguns grupos


populacionais e segmentos sociais são particularmente propensos à vitimização. Minorias e
grupos marginalizados atraem uma parcela significativa de delitos. No Brasil, isso é facilmente
observável nos delitos violentos. Os jovens negros são as principais vítimas de homicídio. Os
escassos recursos socioeconômicos das vítimas pobres potencializam, ademais, os efeitos
da revitimização, já que lhes é mais custoso enfrentar as dificuldades para fazer girar com
eficiência o sistema de justiça criminal. Na letra A, a criminologia do conflito abandona o pa-
radigma etiológico, e não fala mais em causas da criminalidade. Defende-se, de fato, o maior
investimento social, mas não porque a pobreza é causa dos delitos, e sim porque os marginali-
zados formam a clientela preferencial do sistema de persecução penal. Na letra C, a aplicação
de medida de segurança segue a mesma discricionariedade e seletividade das demais medi-
das penais, sendo direcionada preferencialmente aos despossuídos sociais. Na letra D, o erra
reside na referência às última duas décadas. De fato, com as reformas humanistas, a partir do
século XVIII, os suplícios (penas desproporcionais, bárbaras e ostentosas) dão lugar a penas
proporcionais. E no século XIX tem lugar o movimento de transformar a detenção na forma
essencial de castigo. Foucault explica que a reforma pretensamente “humanista” não pretende
punir menos, mas sim punir melhor. Quando o emprego da prisão se dissemina, ainda que não
sejam empregados castigos violentos e sangrentos, trata-se, novamente, do corpo do conde-
nado: da sua utilidade, da sua docilidade, da sua submissão. O poder disciplinar ganha força,
sobretudo quando se verifica a acumulação de capital e as grandes explosões demográficas
da virada do século XIX para o século XX. Para Loïc Wacquant, uma das maiores transfor-
mações políticas do último meio século (1950-2000) é a erupção do Estado penal nos EUA e

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suas repercussões em outras sociedades neoliberais. Na letra E, o garantismo penal não tem
a pretensão de reverter o caráter seletivo do sistema penal. Reconhece-se a seletividade como
intrínseca ao sistema. O que se busca é fornecer garantias para os cidadãos capturados pelas
engrenagens penais.
Letra b.

060. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Segundo a doutrina dominante, a


criminologia é uma ciência aplicada que se subdivide em dois ramos: a criminologia ______ que
consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das
ciências criminais acerca do seu objeto; e a criminologia ________que consiste na aplicação
dos conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos.
a) prática … social
b) comparativa … observativa
c) geral … clínica
d) individual … científica
e) metódica … particular

A criminologia pode ser dividida em criminologia geral e criminologia clínica. A criminologia


geral consistiria no estudo mais genérico de todos os objetos da criminologia, com a constru-
ção de teorias a partir da sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos
em todas as ciências que se debruçam de alguma maneira sobre a questão criminal. Já a
criminologia clínica consistira na aplicação dos conhecimentos teóricos da criminologia geral
para análise de condutas delitivas específicas e intervenção carcerária com vistas ao trata-
mento dos criminosos. As letras A, B, D e E não trazem subdivisões da criminologia.
Letra c.

061. (UEG/2018/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/ADAPTADA) A partir dos estudos culturais


(cultural studies), a criminologia clínica resgata os estudos do labelling approach.

A Criminologia Clínica é um ramo específico da Criminologia que se ocupa do indivíduo conde-


nado para investigar a dinâmica da conduta criminosa, sua personalidade (diagnóstico) e pers-
pectivas de desdobramentos futuros (prognóstico), para propor estratégias de intervenção e
evitar a reincidência. Logo, não se relaciona com os estudos culturais a partir de um resgate
do Labelling Approach.
Errado.

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062. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A criminologia geral consis-


te ______________; e a criminologia clínica consiste na _____________.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas.
a) no estudo do crime e do criminoso, mas não serve para subsidiar a elaboração das leis
penais... análise da vítima e da conduta social para subsidiar no planejamento das políti-
cas criminais
b) no estudo da vítima e da conduta social, subsidiando a elaboração dos tipos penais... análi-
se do crime e do criminoso para servir no planejamento das políticas criminais
c) no estudo do comportamento da vítima e do delinquente, traçando uma relação de causali-
dade sem que, contudo, influencie na elaboração de legislação correlata... análise dos crimes,
tanto em quantidade como em qualidade para servir no planejamento das políticas criminais
d) na relação sistemática do poder público quanto à elaboração de leis que procuram evitar o
crime e sua reincidência... análise e estudos da vítima e sua participação no delito
e) na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciên-
cias criminais acerca de seus objetos... aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o
tratamento dos criminosos.

A criminologia pode ser dividida em criminologia geral e criminologia clínica. A criminologia


geral consistiria no estudo mais genérico de todos os objetos da criminologia, com a constru-
ção de teorias a partir da sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos
em todas as ciências que se debruçam de alguma maneira sobre a questão criminal. Já a crimi-
nologia clínica consistira na aplicação dos conhecimentos teóricos da criminologia geral para
análise de condutas delitivas específicas e intervenção carcerária com vistas ao tratamento dos
criminosos. Na letra A, os subsídios da criminologia geral podem ser úteis para a formulação de
leis, por meio da política criminal e a criminologia clínica não se dedica à análise da vítima, mas
sim do criminoso. Na letra B, a criminologia geral analisa a vítima e a conduta social (delitiva)
e esses estudos podem, eventualmente, subsidiar a elaboração de tipos penais. A criminologia
clínica estuda, de fato, o crime e o criminoso, mas não exatamente para o planejamento de po-
líticas criminais, e sim para intervenção no delinquente, a fim de que seja reinserido na socieda-
de. De todos modos, as duas orações do item B não servem para distinguir a criminologia geral
da criminologia clínica. Na letra C, a criminologia geral estuda a vítima e o delinquente, mas nem
sempre buscando uma relação de causalidade e podendo, eventualmente, influenciar na elabo-
ração de legislação correlata. A criminologia clínica analisa crimes, mas de modo específico, e
não de modo genérico, em quantidade e qualidade. Trata-se da análise dos crimes especifica-
mente cometidos pelos indivíduos encarcerados sobre os quais pretendem intervir para evitar a
reincidência. Na letra D, a primeira parte resulta praticamente incompreensível. E a criminologia
clínica não se dedica a analisar a vítima, mas sim o criminoso.
Letra e.
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Vitimologia e Criminologia Clínica
Mariana Barreiras

063. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A microcriminologia, também co-


nhecida por criminologia
a) do desenvolvimento, dedica-se ao estudo, centrado no comportamento criminoso do indiví-
duo, ao longo de sua vida.
b) geral, dedica-se ao estudo sociológico do crime.
c) aplicada, dedica-se às pesquisas de cunho acadêmico.
d) clínica, estuda a pessoa do criminoso, em busca de sua ressocialização.
e) analítica, estuda as relações entre as ciências sociais e as políticas de segurança pública.

A Microcriminologia analisa o autor do delito, seja individualmente, seja levando em considera-


ção o grupo social onde vive. A Criminologia Clínica consiste na aplicação dos conhecimentos
teóricos da Criminologia Geral para o tratamento dos criminosos. Alguns autores consideram
que Microcriminologia e Criminologia Clínica são sinônimos, pois ambas se debruçam sobre o
delinquente. Na letra A, a criminologia do desenvolvimento, de fato, dedica-se ao estudo do cri-
minoso ao longo da sua vida, com foco na idade e fase de crescimento do delinquente. Insere-
-se na Microcriminologia mas dela não é sinônimo. Na letra B, a Criminologia Geral relaciona-se
com a Macrocriminologia. Na letra C, a Criminologia Aplicada refere-se à soma da criminologia
científica com a prática dos operadores de Direito. Na letra E, a Criminologia analítica diz res-
peito a verificação do cumprimento do papel das ciências criminais e da política criminal.
Letra d.

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Vitimologia e Criminologia Clínica
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REFERÊNCIAS
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teóricos. 5 ed. São Paulo: RT, 2006.

HENTIG, Hans Von. The Criminal & His Victim: studies in the Sociobiology of Crime. [s.l.]: Ar-
chon Books, 1967.

HENTIG, Hans Von. Remarks on the Interaction of Perpetrator and Victim. In: Journal of Crimi-
nal Law and Criminology (1931-1951). 31(3):303-309; Northwestern University Press, 1940.

KOSOVSKI, Ester. Vitimologia e Direitos Humanos: uma boa parceria. Disponível em <http://
sbvitimologia.blogspot.com.br/>. Acesso em 17 abr. 2018.

KOSOVSKI, Ester; SÉGUIN, Elida. Temas de Vitimologia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.

KOSOVSKI, Ester; PIEDADE Jr., Heitor; ROITMAN, Riva (Orgs.) Estudos de Vitimologia. Rio de
Janeiro: Letra Capital, 2014.

MENDELSOHN, Benjamin. La victimologie et les besoins de la societe actuelle. In: Revue inter-
nationale de criminologie et de police technique, v. 26, n. 3, p. 267-276, jui./sep. 1973.

MOREIRA Filho, Guaracy. Vitimologia: o papel da vítima na gênese do delito. 2 ed. São Paulo:
Editora Jurídica Brasileira, 2004.

PENTEADO Filho, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

SÁ, Alvino Augusto de. Criminologia Clínica e Psicologia Criminal. São Paulo: RT, 2007.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 7ª ed. São Paulo: RT, 2018.

SUMARIVA, Paulo. Criminologia: teoria e prática. 6 ed. Niterói/RJ: Impetus, 2019.

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Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.

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Prevenção Criminal

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Prevenção Criminal
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Sumário
Prevenção Criminal.. ........................................................................................................................................................3
Parte I – Prevenção e as Teorias da Pena..........................................................................................................3
Conceito de Prevenção..................................................................................................................................................3
Teorias da Pena: Teorias Justificacionistas x Teorias Negacionistas...............................................4
Teorias Absolutas x Teorias Relativas................................................................................................................4
Teorias Absolutas............................................................................................................................................................4
Teorias Relativas..............................................................................................................................................................5
Teorias Mistas....................................................................................................................................................................7
Parte II – Classificações da Prevenção Delitiva. ............................................................................................7
Prevenção Direta x Prevenção Indireta...............................................................................................................7
Prevenção Primária x Secundária x Terciária...................................................................................................8
Parte III – Perfilamento Criminal. . ........................................................................................................................ 10
Perfilamento Racial.. ......................................................................................................................................................11
Resumo.................................................................................................................................................................................13
Mapas Mentais. . ...............................................................................................................................................................15
Questões de Concurso.................................................................................................................................................16
Gabarito...............................................................................................................................................................................29
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................30
Referências........................................................................................................................................................................57

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Prevenção Criminal
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PREVENÇÃO CRIMINAL
V – Prevenção da Infração Penal. Perfilamento Criminal.
Olá, vamos hoje concluir nossas aulas de Criminologia.
Na primeira e segunda partes da aula, vamos falar de prevenção criminal. Para isso, vamos,
na primeira parte, analisar as classificações das teorias da pena, já que muitas dessas teorias
versam exatamente sobre o fim preventivo da pena. Nessa parte falaremos sobre prevenção
geral e especial, prevenção positiva e negativa. Depois, na segunda parte, vamos analisar ou-
tra possibilidade de classificação, agora relativa à prevenção propriamente dita. Trata-se da
separação em prevenção primária, secundária e terciária. Essa é a classificação mais fácil e,
também, a mais cobrada em provas.
Depois, na terceira parte, vamos falar de perfilamento criminal, explicando o que é e dife-
renciando de perfilamento racial.

Parte I – Prevenção e as Teorias da Pena


Conceito de Prevenção
Cabe definir prevenção criminal como o conjunto de medidas, públicas ou privadas, adota-
das com o objetivo de impedir a prática de delitos, abarcando tanto as políticas sociais (edu-
cação, habitação, moradia) para redução da delinquência, como as políticas criminais para o
fornecimento de respostas penais adequadas1.
Em resumo, podemos dizer que prevenção é o conjunto de ações que visam evitar a ocor-
rência do delito, atingindo-o direta ou indiretamente.
Um Estado Democrático de Direito deve preferir medidas de prevenção, dos mais variados
tipos, em lugar de priorizar intervenções meramente repressivas.
No Estado Democrático de Direito, ademais, a prevenção deve levar em consideração a
complexa dinâmica criminal. Afinal, ações preventivas não são somente as atividades policiais
e do Poder Judiciário, e tampouco limitam-se às competências de um ente federativo. Tanto
a população como todos os setores do Poder Público e todos os entes da federação (União,
Estados, DF, Municípios) devem se envolver com o tema, agindo conjuntamente.
Além disso, medidas de cunho não-penal (tais como fornecimento de educação, geração
de emprego, instalação de iluminação pública, construção de equipamentos de lazer) devem
ser largamente empregadas para equacionar o problema criminal, em detrimento do emprego
desmedido de medidas puramente penalistas (tais como reforço no policiamento, criação de
tipos penais, construção de presídios, etc.).

1
OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 2 ed. Salvador: Juspodium, 2019, p. 159.

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Prevenção Criminal
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É, ainda, típico dos Estados Democráticos, na seara criminológica, reconhecer a onipre-


sença do crime: não se pretende eliminar o crime, nem mesmo todas as suas causas, que são
múltiplas e complexas. A meta utópica de erradicação da criminalidade conduz a excessos
punitivistas e à crença desmedida na eficiência penal e deve, portanto, ser substituída por es-
forços para a prevenção, controle e compreensão da criminalidade.
Ah, e outro termo que pode ser empregado para fazer referência à prevenção é profilaxia.
Por isso, a profilaxia criminal pode ser entendida como a disciplina que, analisando as origens
da delinquência, busca medidas que possam atuar na redução dos índices delitivos.

Teorias da Pena: Teorias Justificacionistas x Teorias Negacionistas


Eduardo Viana explica que a justificação da pena é o problema clássico, por excelência,
da teoria do direito. As questões sobre “por que” e “se” punir recebem dois tipos de resposta.
As respostas positivas, que reconhecem a legitimidade do sistema penal, são denominadas
justificacionistas. As teorias justificacionistas se dividem em dois grandes ramos: teorias ab-
solutas e teoria relativas da pena, que analisaremos nos itens subsequentes dessa aula.
As respostas negativas, que não reconhecem legitimidade na intervenção jurídico-penal,
são denominadas negacionistas. Elas dão origem a orientações político criminais de viés abo-
licionista – que defendem o fim da pena privativa de liberdade ou mesmo o fim do próprio
sistema penal – ou de viés de Direito Penal mínimo.

Teorias Absolutas x Teorias Relativas


Como dissemos acima, as teorias justificacionistas se dividem em dois grandes ramos:
teorias absolutas e teoria relativas da pena.
Para as teorias absolutas, o fim da pena é a imposição de um castigo. São as chamadas
teorias retributivas, para as quais a pena é uma forma de retribuição do mal causado. Elas são
chamadas de absolutas porque, para elas, a pena não necessita de outras finalidades ou justi-
ficações. Ela é um fim em si mesmo, sendo possuidora de um valor intrínseco.
Para as teorias relativas, a pena deve olhar para o futuro e possuir alguma utilidade, além
da mera retribuição.

Teorias Absolutas
As teorias absolutas olham para o passado. A pena, para elas, não é um instrumento com
fins futuros. São teorias que impedem a instrumentalização do indivíduo para fins preventivos
(o indivíduo não pode ser um meio para se atingir qualquer coisa, como a prevenção) e que
delimitam a magnitude da pena (não é permitida a penalização grave em culpabilidade leve, e
vice-versa). São expoentes desse modelo de pensamento Kant e Hegel.

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Teorias Relativas
As teorias relativas defendem que a pena deve ter um fim socialmente útil. São teorias que
olham para o futuro. A ideia é prevenir que outros crimes sejam praticados.
Dentro das teorias relativas, a prevenção pode ser geral e especial. A prevenção geral é
destinada à comunidade como um todo. A prevenção especial, ao próprio delinquente.
Além disso, fala-se também em prevenção positiva e negativa, como veremos nos pró-
ximos itens.

Prevenção Geral

Para a prevenção geral, a pena tem impacto na generalidade de pessoas. A pena se dirige à
sociedade como um todo – é genérica, geral – e não apenas a um delinquente específico. Pode
ser subdividida em prevenção geral positiva e negativa.
Prevenção Geral Negativa
A formulação da teoria da prevenção geral negativa se deve a Feuerbach, responsável por
elaborar uma teoria pioneira em não se debruçar exclusivamente sobre a execução da pena.
Preocupou-se em teorizar sobre a etapa de cominação legal. Para ele, a pena é uma “coação
psicológica” com a qual se pretende evitar o fenômeno delitivo. Substitui-se o poder físico, so-
bre o corpo, pelo poder psíquico, sobre a alma.
A teoria da prevenção geral negativa desenvolveu-se, portanto, no período do Iluminismo
e foi adotada também por Jeremy Bentham e Marquês de Beccaria. Para essa linha de pen-
samento, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter geral)
para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação, na utilização do medo,
que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A pena é contramotivação. É uma teoria
dirigida à toda a coletividade, mas que acaba produzindo efeito nos potenciais infratores.
É bastante utilizada para legitimar tanto a criação de novos tipos penais como a elevação
da pena de delitos já existentes. Claus Roxin, penalista alemão contemporâneo, diz que essa
é uma teoria inclinada ao terror, pois quem pretende intimidar com a pena tende a reforçar o
efeito castigando o mais duramente possível.
A capacidade racional absolutamente livre do homem e a existência de um Estado abso-
lutamente racional em seus objetivos são duas importantes ficções que servem de apoio à
teoria da prevenção geral negativa.
No que diz respeito à racionalidade humana, sabe-se que a atitude conforme o Direito pode,
em muitos casos, ser consequência da cominação penal e da possibilidade de execução da
pena. Acredita-se, portanto, que em muitas situações a prevenção geral negativa funciona.
Empiricamente, no entanto, isso é algo de difícil mensuração e, portanto, praticamente inde-
monstrável, sobretudo em locais onde há um número expressivo de organizações criminais e
em que as taxas de impunidade são altíssimas, como é o caso do Brasil no tocante aos homi-

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cídios. Luiz Flávio Gomes aponta, especificamente, que a eficácia dissuasória da pena é muito
questionável em certos tipos de crime, como os delitos contra a vida. Ademais, a prevenção
geral negativa desconsidera a confiança que o delinquente tem em não ser descoberto, im-
portante fator na equação racional delitiva. Logo, a ideia de um “ser humano econômico”, que
avalia as vantagens e desvantagens da sua atuação, faz cálculos e ponderações a todo tempo
antes de praticar uma conduta, não corresponde à realidade.
No tocante à racionalidade estatal, é importante observar que a teoria da prevenção geral
negativa além de ser inclinada ao terror no tocante à agravação desproporcional das penas,
passa longe de resolver o impasse de delimitar quais são os comportamentos que o Estado
tem legitimidade para intimidar. Fica aberta a questão: todas as condutas antiéticas ou anti-
jurídicas podem ser tuteladas pelo Direito Penal? O âmbito do punível resta indefinido. É uma
prevenção que se ocupa da legalidade mediante coação, mas que não se preocupa com a legi-
timidade, com o fundamento do poder estatal de aplicar sanções jurídico-penais.
Prevenção geral negativa  Intimidação, medo, ameaça
Prevenção Geral Positiva
A pena reforça (caráter positivo) a confiança da população (caráter geral) no sistema ju-
rídico como um todo, promovendo integração social. A prevenção geral positiva também é
chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência
social, da integração social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunida-
de. É uma teoria dirigida ao cidadão fiel ao direito. A pena é reforço à fidelidade dos indivíduos
com as normas.
Prevenção geral positiva  Integração Social, confiança na norma

Prevenção Especial

Vimos até aqui que a prevenção geral se destina à coletividade, seja positivamente (inte-
gração social), seja negativamente (intimidação). Agora vamos passar a falar da prevenção
especial, que se dirige ao criminoso em particular, e não à generalidade de pessoas.
Prevenção Especial Negativa
Para a prevenção especial negativa, a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (ca-
ráter especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Aqui, trata-se de isolar, de
inocuizar (tornar inócuo, inofensivo), de neutralizar (com a prisão, por exemplo) uma pessoa
para que não cometa outros crimes.
Prevenção especial negativa  Segregação
Prevenção Especial Positiva
Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocialização (caráter positi-
vo) do condenado (caráter especial). Aqui, a pena teria caráter pedagógico.

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Prevenção especial positiva  Ressocialização


Em resumo podemos pensar assim:
Prevenção geral positiva: integração social
Prevenção geral negativa: intimidação
Prevenção especial positiva: ressocialização
Prevenção especial negativa: segregação

Teorias Mistas
As teorias mistas, também chamadas de ecléticas ou unificadoras, realizam a combinação
de finalidades retributivas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes.
No Brasil, o art. 59 do Código Penal diz que, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
deve ser observado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Trata-se de uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas, abarcando
tanto a prevenção geral como a prevenção especial.

Parte II – Classificações da Prevenção Delitiva


Além das classificações que já vimos, relativas às teorias da pena, há outras maneiras de
classificar a prevenção. Uma das possibilidades é a diferenciação entre prevenção direta e in-
direta. Outra, a classificação em prevenção primária, secundária e terciária.

Prevenção Direta x Prevenção Indireta


Essa é uma das possibilidades de classificação que leva em conta o momento da interven-
ção. A prevenção direta atua no crime que está prestes a ocorrer, enquanto a indireta atua nas
causas que levam à delinquência.

Prevenção Indireta

As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito espe-
cificamente. É uma atuação profilática, com campo de atuação extenso e intenso, que busca
todas as causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas.
Essas medidas de prevenção podem atuar no indivíduo ou no meio social. Quando atu-
am no indivíduo, podem, por exemplo, analisar a personalidade, o caráter e o temperamento,
para tentar moldar a conduta. Podem ainda atuar na cura de doenças, na correção de defeitos
congênitos, na recuperação de alcóolatras e dependentes químicos, na orientação sobre boa
alimentação e qualidade de vida.

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Quando atuam no meio social, também procuram melhorar a qualidade de vida, com me-
didas sociais, políticas, econômicas etc. Construção de moradias dignas, melhoramento das
condições dos bairros mais carentes, aumento da rede de esgoto, universalização do ensino
público, oferta de cursos profissionalizantes, medidas de planejamento familiar são exemplos
comumente citados de prevenção indireta.

Prevenção Direta

As medidas de prevenção direta relacionam-se com a infração criminal que está prestes a
ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter criminis. É o caso da intervenção policial,
das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídico-processual de delitos e até mesmo das
políticas públicas de desestímulo a alguma prática delitiva concreta.

Prevenção Primária x Secundária x Terciária


Essa é outra possibilidade de classificação da prevenção, e leva em conta o momento e
os destinatários das medidas preventivas. Ao lado da catalogação em prevenção geral e es-
pecial, positiva e negativa, essa que vamos estudar agora é a classificação que mais aparece
em provas.

Prevenção Primária

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se


preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo,
que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, sanea-
mento básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se
destina à coletividade.
Como se orienta para as causas do crime, diz-se que essa é uma prevenção etiológica e é
considerada muito eficaz. No entanto, acabam sendo pouco empregadas por não apresenta-
rem resultados imediatos.
Aqui se encaixam as políticas públicas e os programas de prevenção do delito de inspira-
ção político-social: devem ser resolvidas as situações de carência, as desigualdades, os confli-
tos da sociedade, para que desapareçam as causas que levam à criminalidade.
O fortalecimento de vínculos sociais, de valores cívicos e da consciência sobre o cum-
primento das normas são, igualmente, medidas de prevenção primária quando destinadas à
coletividade como um todo (quando endereçadas a um grupo específico, são medidas de pre-
venção secundária).
A prevenção primária guarda, portanto, correlação com a prevenção indireta que estuda-
mos na classificação anterior.

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Prevenção Secundária

Essa prevenção atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além


dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção
situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de curto a
médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator.
Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos potenciais delinquentes e pelo modus
operandi – local, horário, vítima.
Trata-se de uma prevenção que coloca as oportunidades para o cometimento do crime em
primeiro plano. Parte-se da ideia de que pessoas de diferentes sexos, idades, classes sociais
têm diferentes chances de serem protagonistas de um delito ou de se tornarem vítimas desses
crimes. A política legislativa penal, a ação policial, o controle social penal se encaixam nesse
tipo de prevenção.
Dentro da ideia de prevenção secundária se encontram, também, as práticas derivadas do
routine activity approach, ou enfoque das atividades cotidianas, que advêm da teoria das ati-
vidades rotineiras, típica do modelo clássico e neoclássico da opção racional (vimos isso na
aula 2!). Como já analisamos, para esse enfoque, o crime ocorre quando convergem em tempo
e espaço os seguintes elementos: delinquente motivado; objetivo alcançável; e ausência de
guardião habilitado a prevenir a prática.
Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões pessoais (quem comete cri-
mes? quem são as principais vítimas?), temporais (quando acontecem os crimes?) e espaciais
(onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham importância, pois é nessas
variáveis que se busca intervir.
Assim, o investimento em policiamento ostensivo, as ideias de alteração do ambiente físi-
co, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação de hot spots, embeleza-
mento de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados); de colocação
de barreiras físicas (cadeados, muros, grades, cancelas ou outros métodos de dificultar o aces-
so ao alvo – target hardening); de emprego de técnicas de vigilância de ambientes (câmeras,
vigilância pessoal, ronda de veículos de segurança); de controle dos meios de comunicação
(determinação de que certos assuntos não sejam noticiados, tais como suicídios); de marca-
ção da propriedade ou da coisa subtraída (tinta rosa nas cédulas de dinheiro obtidas com a
explosão de um caixa eletrônico); e de potencialização da culpa (campanhas fortes e tocantes
sobre o abuso de menores ou sobre a condução sob efeito de álcool, destinadas a grupos e
problemas específicos de uma sociedade) são mecanismos típicos de prevenção secundárias,
pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
A prevenção secundária guarda, portanto, correlação com a prevenção direta que estuda-
mos na classificação anterior.

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Para García-Pablos de Molina, essas ideias de prevenção secundária legitimam a “ideolo-


gia de segurança” ou “segurança cidadã”, que, apesar do nome vinculado à ideia de cidadania,
impõe práticas não solidárias e pode levar a excessos de vigilância, por trazer implícita uma
ideia de cruzada contra as situações criminógenas. Nessa ideologia de segurança cidadã, o
medo da população cresce; o combate à criminalidade dos poderosos fica em segundo plano,
pois o que interessa é o crime das ruas; movimentos políticos de populismo penal ganham
força; e verifica-se o desprezo pelas garantias dos cidadãos. Essa ideologia é, por isso, muito
perigosa e considerada uma involução.
No entanto, apesar de todos esses perigos e de não modificar a situação fática que está
na base do problema delitivo, essa é a modalidade de prevenção mais presente na atuação
do Estado, pois ela fornece, em teorias, resultados mais rápidos e diretamente relacionados à
prática criminal.

Prevenção Terciária

Trata-se da prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a
delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.
São programas que pretendem a não consolidação do status de desviado.
Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é es-
tigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para
que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena.
A prevenção terciária enfrenta o fenômeno criminal muito tardiamente: quando ele já ocor-
reu. A ideia é, então, evitar as cerimônias degradantes típicas das instâncias de controle social
formal e fornecer à pena um fim utilitário, um efeito positivo (tratar, ensinar um ofício, fornecer
terapia, educar) e um caráter compatível com os postulados de dignidade da pessoa humana.
Os altos índices de reincidência, de filiação de presos às facções criminosas e de delinqu-
ência dentro do próprio cárcere demonstram a atual incapacidade do Estado brasileiro de lidar
de forma satisfatória com a prevenção terciária.

Parte III – Perfilamento Criminal


Perfilamento criminal é a construção de um perfil psicológico, tipológico, social, físico e
geográfico de um indivíduo não identificado, que pode ter cometido delitos. É um processo em
que os comportamentos e as ações exibidas em uma cena de crime são interpretados para
formarem predições concernentes às características do possível perpetrador do crime.
A premissa básica do perfilamento é a de que cada comportamento reflete traços de perso-
nalidade. O comportamento de um criminoso refletiria em sua cena de crime o tipo de pessoa
que esse criminoso é. A análise dessa cena de crime, juntamente com a descrição que a vítima
faz do perpetuador – quando possível – podem sugerir traços do tipo de pessoa que comete
um crime. Assim, o perfilamento fornece pistas para direcionar a investigação criminal.

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O FBI foi uma das primeiras instituições a empregar a técnica, que costuma ser empregada
nos últimos estágios de uma investigação, para filtrar a lista de suspeitos. Mas nada impede
que seja empregado no início da investigação, para dar um norte aos policiais.
Não é uma profissão regulamentada no Brasil. Detetives, criminólogos, psicólogos, psi-
quiatras, policiais, jornalistas, etc. realizam a atividade. É muito comum, aliás, que perfiladores
não possuam graduação ou educação formal em ciências comportamentais (como psicologia
ou psiquiatria, por exemplo). Logo, a maioria dos perfis carece de cientificidade e não pode
embasar formalmente uma investigação.
O perfilamento é empregado principalmente em:
• Crimes onde haja sinais de psicopatologia;
• Crimes seriais (Serial killers estão entre os mais perfiláveis, pois matam por razões psi-
cológicas e, com isso, deixam muitas pistas para os perfilhadores);
• Crimes violentos (sexuais, ritualistas, satanistas, etc.);
• Incêndios, etc.

Os perfiladores analisam, sobretudo:


• Modus operandi: os criminosos cometem os crimes de forma particular ou similar;
• Comportamento: características do crime que possam ser indicativas da personalidade
do criminoso.

Alguns objetivos do perfilamento criminal são:


1) Avaliação social e psicológica: elaboração de um perfil contendo informações como a
idade, raça, educação, tipos de emprego, estado civil, religião, etc.
2) Avaliação psicológica dos pertences encontrados em posse dos suspeitos: souvenires
de uma cena de crime, fotos, vídeos, livros, revistas ou outros itens podem apontar os motivos
do crime e ao background criminal do suspeito.
3) Sugestões e estratégias para entrevistar suspeitos quando esses são apreendidos:
como existem diferentes tipos de criminosos, uma estratégia de interrogação pode não ser
adequada a todos eles.

Perfilamento Racial
Perfilamento criminal não é o mesmo que perfilamento racial, termo que está bastante em
alta na Criminologia. Perfilamento racial é o ato de suspeitar ou ter como alvo uma pessoa de
uma determinada raça, com base em características ou comportamentos observados ou as-
sumidos de um grupo racial ou étnico, em vez de uma suspeita individual.
Em inglês emprega-se o termo “racial profiling”.

EXEMPLO
Atitude policial de revistar, com mais frequência, veículos dirigidos por negros ou pedestres negros.

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Devemos atentar tanto para as ações dos agentes como para suas omissões. O perfila-
mento racial demonstra que o sistema de justiça criminal não é neutro: a atuação dos policiais,
delegados, promotores e juízes é baseada em estereótipos e preconceitos, direcionando a bus-
ca pelo crime sempre nos mesmos estratos sociais: os pobres.
A maioria dos presos são negros. E isso não quer dizer que eles cometem mais crimes,
mas sim, como já sabemos, que são os alvos preferenciais do sistema penal, que sistematica-
mente deixa impune a criminalidade dos brancos e poderosos.
Atualmente, o emprego de tecnologia de reconhecimento facial tem aprofundado os pro-
blemas de perfilamento racial. Algumas pesquisas apontam que softwares de reconhecimento
facial erram mais com mais frequência quando analisam rostos negros, e isso tem feito com
que pessoas inocentes sejam detectadas como criminosas, instaurando traumas e injustiças.

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RESUMO
Prevenção criminal: conjunto de medidas, públicas ou privadas, adotadas com o objetivo
de impedir a prática de delitos, abarcando tanto as políticas sociais para redução da delinquên-
cia, como as políticas criminais para o fornecimento de respostas penais adequadas.
Estado Democrático de Direito; medidas preventivas devem ser priorizadas em relação às
repressivas. Medidas de cunho não penal devem ser largamente empregadas. Tanto a popula-
ção como todos os setores do Poder Público e todos os entes da federação (União, Estados,
DF, Municípios) devem se envolver com o tema, agindo conjuntamente. Deve-se reconhecer a
onipresença do crime.
Teorias da Pena
Teorias justificacionistas x Teorias negacionistas
Teorias negacionistas: não reconhecem legitimidade na intervenção jurídico-penal (orien-
tações político-criminais de viés abolicionista).
Teorias justificacionistas: reconhecem a legitimidade do sistema penal. Dividem-se em
dois grandes ramos: teorias absolutas e teoria relativas da pena.
Teorias absolutas x Teorias relativas
Teorias absolutas (retributivas): o fim da pena é a imposição de um castigo. A pena não
necessita de outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mesmo. Teorias que olham
para o passado. Impedem a instrumentalização do indivíduo para fins preventivos e delimitam
a magnitude da pena. Expoentes: Kant e Hegel.
Teorias relativas (preventivas): a pena deve ter um fim socialmente útil. São teorias que
olham para o futuro. A ideia é prevenir que outros crimes sejam praticados.
Prevenção geral: destinada à comunidade como um todo.
Prevenção geral negativa: A pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cida-
dãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação, na
utilização do medo. Teoria inclinada ao terror.
Prevenção geral positiva (integradora): a pena reforça (caráter positivo) a confiança da
população (caráter geral) no sistema jurídico como um todo, promovendo integração social.
Prevenção especial: dirige-se ao criminoso em particular, e não à generalidade de pessoas.
Prevenção especial negativa: a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (caráter
especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Trata-se de isolar, de inocuizar, de
neutralizar.
Prevenção especial positiva: pena deve objetivar a ressocialização (caráter positivo) do
condenado (caráter especial). Pena com caráter pedagógico.
Teorias mistas (ecléticas ou unificadoras): realizam a combinação de finalidades retributi-
vas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes. Ex.: Brasil, art. 59 do Código Penal:
ao se estabelecer a pena em um caso concreto, será observado se ela é necessária e suficiente
para reprovação e prevenção do crime.

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Classificações da prevenção delitiva

Prevenção direta x Prevenção Indireta


Prevenção direta: atua no crime que está prestes a ocorrer. Interferem no iter criminis.
Prevenção indireta: atua nas causas que levam à delinquência. Podem atuar no indivíduo
(análise de personalidade, cura de doenças, recuperação de dependentes químicos) ou no
meio social (melhoria da qualidade de vida, com medidas sociais, políticas, econômicas etc.).
Prevenção primária x secundária x terciária
Prevenção primária: voltada para as causas do cometimento do crime (educação, con-
dições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento básico, saúde, emprego, lazer).
Opera a médio e longo prazo e se destina à coletividade.
Prevenção secundária: atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas,
além dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de pre-
venção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de
curto a médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o
infrator. Ex.: policiamento, colocação de barreiras físicas, técnicas de vigilância de ambientes
de controle dos meios de comunicação, marcação da propriedade ou da coisa subtraída, po-
tencialização da culpa. Modalidade de prevenção mais presente na atuação do Estado.
Prevenção terciária: prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que
voltem a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.

Perfilamento criminal

Perfilamento criminal é a construção de um perfil psicológico, tipológico, social, físico e


geográfico de um indivíduo não identificado, que pode ter cometido delitos. É um processo em
que os comportamentos e as ações exibidas em uma cena de crime são interpretados para for-
marem predições concernentes às características do possível perpetrador do crime. A análise
dessa cena de crime, juntamente com a descrição que a vítima faz do perpetuador – quando
possível – podem sugerir traços do tipo de pessoa que comete um crime. fornece pistas para
direcionar a investigação criminal.
Não é uma profissão regulamentada no Brasil. A maioria dos perfis carece de cientificidade
e não pode embasar formalmente uma investigação.
O perfilamento é empregado principalmente em: crimes onde haja sinais de psicopatolo-
gia; crimes seriais; crimes violentos; e incêndios.
Perfilamento criminal não é o mesmo que perfilamento racial, ato de suspeitar ou ter como
alvo uma pessoa de uma determinada raça, com base em características ou comportamentos
observados ou assumidos de um grupo racial ou étnico, em vez de uma suspeita individual.
Atualmente, o emprego de tecnologia de reconhecimento facial tem aprofundado os pro-
blemas de perfilamento racial. Algumas pesquisas apontam que softwares de reconhecimento
facial erram mais com mais frequência quando analisam rostos negros, e isso tem feito com
que pessoas inocentes sejam detectadas como criminosas, instaurando traumas e injustiças.

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MAPAS MENTAIS
Abolicionismo Penal

Não: Teorias Negacionistas Teoria Agnóstica da Pena

Teorias da Pena.
Teorias Absolutas
Devemos Punir?
Teorias Relativas
Sim: Teorias Justificacionistas
Teorias Mistas

Kant: retribuição moral


Teorias absolutas:
Hegel: retribuição jurídica
pena é retribuição

Negativa: Intimidação
Prevenção geral: toda a comunidade
Positiva: Integração social
Teorias Teorias relativas:
Justificacionistas pena é prevenção
Negativa: segregação
Prevenção especial: delinquente Positiva: ressocialização

Teorias mistas: pena é Brasil: art.59 CP

retribuição e prevenção

Iter criminis
Direta
Prevenção
Causas do Crime
Indireta

Causas do crime
Médio e longo prazo
Primária Coletividade
Ex: moradia, educação, emprego

Situações de risco
Curto e médio prazo

Prevenção Secundária Oportunidades e grupos vulneráveis


Ex: policiamento, grades, campanhas sobre delitos específicos

Ressocialização
Presos e egressos
Terciária Age tardiamente
Ex: remição da pena, regime progressivo, laborterapia, penas alternativas

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Uma das formas que o Estado Brasi-
leiro adota como controle e inibição criminal é a pena prevista para cada crime, cuja teoria
adotada pelo Código Penal Brasileiro é a mista, de acordo com o artigo 59 do Código Penal,
que tem como finalidade a:
a) prevenção e a retribuição
b) indenização e a repreensão.
c) punição e a reparação.
d) inibição e a reeducação.
e) conciliação e o exemplo.

002. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) O conceito de prevenção delitiva, no Es-


tado Democrático de Direito, e as medidas adotadas para alcançá-la são.
a) o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito, atingindo direta e indiretamen-
te o delito.
b) o conjunto de ações que visam estudar o delito, atingindo direta e indiretamente o criminoso
c) o conjunto de ações adotadas pela vítima que visam evitar o delito, atingindo o delinquente
direta e indiretamente.
d) o conjunto de ações que visam estudar o criminoso, atingindo o ato delitivo direta e in-
diretamente.
e) o conjunto de ações que visam estudar o crime, atingindo o criminoso direta e indiretamente.

003. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Umas das formas que o Estado


Democrático de Direito possui para prevenir o crime é a pena. De acordo com a teoria mista
que estuda as penas, estas têm a finalidade de
a) punir o delinquente de forma proporcional ao mal praticado.
b) trazer mais tranquilidade para a sociedade, uma vez que o criminoso não estará mais nas ruas.
c) retomar a tranquilidade e a paz pública.
d) prevenção geral e prevenção especial.
e) afastar o delinquente da sociedade, para evitar novos crimes.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) A instalação, na cidade de São Paulo, de câ-


meras de videomonitoramento que possuem a funcionalidade de leitura de placas de veículos
e cruzamento com banco de dados criminais, com o objetivo de identificar veículos utilizados
ou que foram objeto da prática de crimes pode ser definida, no âmbito do conceito de Estado
Democrático de Direito e dos modernos conceitos de prevenção criminal do crime, como uma
medida prioritariamente de prevenção
a) secundária.
b) básica.

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c) quaternária.
d) terciária.
e) primária.

005. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna-


tiva que apresenta um exemplo de política de prevenção criminal prioritariamente terciária.
a) Previsão do direito do condenado de abreviar o tempo imposto em sua sentença penal, me-
diante trabalho, estudo ou leitura.
b) Instalação de câmeras de videomonitoramento em um estabelecimento que foi alvo de di-
versos roubos.
c) Melhoria na regulação do sistema financeiro para prevenção às práticas de lavagem
de dinheiro.
d) Programas de educação aos jovens para prevenção ao uso de drogas.
e) Instalação de iluminação pública em locais com alto índice de criminalidade.

006. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O saber criminológico, no Estado


Democrático de Direito, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; portanto, são aspectos
importantes de prevenção terciária
a) o policiamento, a assistência social e o conselho tutelar.
b) a educação, a religião e o lazer.
c) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários.
d) as posturas municipais, a classificação etária dos programas televisivos e o civismo.
e) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho.

007. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) É correto afir-


mar que as medidas voltadas à população carcerária, com caráter punitivo e com desiderato
na recuperação do recluso para evitar, por meio da ressocialização, sua reincidência:
a) integram a prevenção primária, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do crimi-
noso, diminuindo-se os indicadores criminais.
b) são relevantes para a criminologia, impactando na diminuição dos indicadores criminais,
entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
c) são relevantes para a criminologia e integram a prevenção terciária, visando à recuperação
do criminoso.
d) são relevantes para a criminologia, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do
criminoso, entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
e) são relevantes para a vitimologia, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do
criminoso, entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.

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008. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Com relação à criminologia no


Estado Democrático de Direito, é correto afirmar que as políticas públicas de Segurança Pú-
blica devem:
a) primar pela repressão ao crime e pelo combate à corrupção.
b) priorizar a prevenção criminal integralizada com todos os entes federativos.
c) priorizar a prevenção criminal terciária e a repressão ao crime organizado.
d) primar pela repressão criminal integralizada com todos os entes federativos.
e) primar pela repressão ao crime e pelo controle social.

009. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que os progra-


mas de apoio, de controle de meios de comunicação, de ordenação urbana estão inseridos
como medidas de prevenção.
a) secundária.
b) primária.
c) imediata.
d) terciária.
e) controlada.

010. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A prevenção crimi-


nal_______________ destina-se a atuar na educação, emprego, moradia e segurança, onde o Es-
tado deve garantir o exercício dos direitos sociais a todos.
Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) secundária
b) terciária
c) primária
d) quaternária
e) especial

011. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) As finalidades da pena são


“retribuição e prevenção”, sendo assim, o objetivo da prevenção é o de
a) retribuir ao infrator da lei o malefício causado à sociedade na medida proporcional do crime
cometido (devolutiva).
b) evitar que o infrator da lei volte a delinquir (especial) e que a punição sirva de exemplo para
que outros não pratiquem o mesmo ato (geral).
c) evitar que o cidadão se torne uma vítima, instruindo-o em relação aos perigos sociais (ex-
plicativa).
d) inibir que o infrator da lei cometa o crime somente por meio de exemplos preventivos (inibi-
tória), sem que haja necessidade da aplicação efetiva da pena.
e) substituir a pena privativa de liberdade pelas penas restritivas de direitos, evitando que o
infrator da lei seja levado ao cárcere (substitutiva).

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012. (VUNESP/2013/PC-SP/PERITO CRIMINAL) As melhoras da educação, do processo de


socialização, da habitação, do trabalho, do bem-estar social e da qualidade de vida das pessoas
de uma determinada comunidade são os elementos essenciais de um programa de prevenção
a) terciária.
b) quinária.
c) secundária.
d) primária.
e) quaternária.

013. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE POLICIAL) Entende(m)-se por prevenção primária


a) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis.
b) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco.
c) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ou social.
d) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia.
e) aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acontecimento.

014. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) As políticas públicas de prevenção cri-


minal terciária têm por público-alvo
a) a vítima de violência doméstica.
b) o adolescente.
c) o preso.
d) o idoso.
e) o usuário de drogas ilícitas.

015. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) Para a Criminologia, a preven-


ção geral positiva, como uma finalidade da pena, é
a) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
b) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
c) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem
a novas práticas delitivas.
d) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o cida-
dão da prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
e) uma espécie de consequência jurídica pelo comportamento inclinado às infrações penais.

016. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue


o próximo item.
As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à
solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária.

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017. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia
de educação, a redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de
vida, enquanto a prevenção primária é voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e
reintegração social.

018. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A alteração dos espaços físicos e urbanos, como, por exemplo, a elaboração de novos dese-
nhos arquitetônicos e o aumento da iluminação pública, pode ser considerada uma forma de
prevenção delituosa.

019. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
Medidas indiretas de prevenção delitiva visam atacar as causas do crime: cessada a causa,
cessam seus efeitos.

020. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Dados publicados em dezembro


de 2017 pelo Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de superlotação nos
estabelecimentos prisionais na ordem de 197,4%.
(Agência de Notícias, Empresa Brasil de Comunicação)
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlota-
ção carcerária aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a
I – prevenção primária.
II – prevenção secundária.
III – prevenção terciária.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

021. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Considerando que, para a


Criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de medidas
preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto criminológico.
a) A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins
lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de pre-
venção terciária do delito.

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b) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez
que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no
processo motivacional do infrator.
c) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que
opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a
curto prazo, dispensando prestações sociais.
d) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades
policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não
solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção
terciária do delito.
e) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias
atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

022. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) A Criminologia reconhece que não basta


reprimir o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Con-
siderando essa informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
a) Para a moderna Criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta
das estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
b) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o
delito, com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de
maior concentração de criminalidade.
c) No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na
sociedade, de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são
considerados pela Criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a
criminalidade.
d) Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando ofere-
cidos à sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do
delito, capaz de abrandar os fenômenos criminais.
e) A doutrina da Criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito,
uma vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal
e promover meios de ressocialização do apenado.

023. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue


o próximo item.
Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determi-
nados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secun-
dária do delito.

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024. (CESPE/2018/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO) A respeito da política criminal, da Criminolo-


gia, da aplicação da lei penal e das funções da pena, julgue os itens subsequentes.
I – Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o criminoso como
agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da norma penal e seus efeitos, mas obser-
vando principalmente as causas que levam à delinquência, com o fim de possibilitar o aperfei-
çoamento dogmático do sistema penal.
II – A política criminal constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios de controle so-
cial da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar reformas na legislação positivada.
III – O Direito Penal positivado no ordenamento penal brasileiro corrobora a teoria absoluta,
porquanto consagra a ideia do caráter retributivo da sanção penal.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I,II e III.
c) II e III.
d) I e III.
e) I.

025. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) A prevenção primária do delito ocor-


re por meio de implementação de medidas efetivas voltadas à ressocialização do apenado.

026. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Como ações profiláticas contra o cri-


me, a doutrina apresenta uma série analítica de prevenções, incidente no estado democrático
de direito. A respeito de prevenção, julgue o item seguinte.
A prevenção terciária do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas so-
ciais pelo estado social de direito, que consiste na adoção de medidas mais eficazes de pre-
venção ao delito.

027. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Tendo o Direito Penal a missão subsi-


diária de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre desenvolvimento do indivíduo, e, ainda,
sendo a pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal, após a reforma do Código Penal
Brasileiro, em 1984, é correto afirmar que a finalidade da pena é
a) repreensiva e abusiva.
b) punitiva e reparativa.
c) retributiva e preventiva (geral e especial).
d) ressocializadora e reparativa.
e) punitiva e distributiva.

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028. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) A prevenção terciária da infração penal,


no Estado Democrático de Direito, está relacionada
a) ao controle dos meios de comunicação.
b) aos programas policiais de prevenção.
c) à ordenação urbana.
d) à população carcerária.
e) ao surgimento de conflito.

029. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa que contém um


exemplo de prevenção de infrações penais preponderantemente primária.
a) Construção de uma praça com equipamentos de lazer em uma comunidade com altos índi-
ces de criminalidade e de vulnerabilidade social com o fim de evitar que jovens daquele local,
em especial em situação de risco, envolvam-se com a criminalidade.
b) Projeto Começar de Novo, que visa devolver aos cumpridores de pena e egressos a autoes-
tima e a cidadania suprimidas com a privação de sua liberdade, por meio de ações de caráter
preventivo, educativo e ressocializador, atuando, assim, na humanização, a fim de que referido
público valorize a liberdade e passe a fazer escolhas melhores em sua vida, evitando o retorno
ao cárcere.
c) Implementação de sistemas de leitores óticos de placas de veículos nas ruas e avenidas da
cidade de Salvador para identificação de veículos relacionados a algum tipo de crime.
d) Bloqueio que impeça a ativação e utilização de aparelhos de telefonia celular subtraídos do
legítimo proprietário por meio de uma conduta criminosa.
e) Melhoria de atendimento pré e pós-natal a todas as gestantes de uma determinada cidade
com a finalidade de reduzir os índices criminais no município.

030. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) No Estado Democrático


de Direito a prevenção criminal é integrante da agenda federativa passando por vários setores
do Poder Público, não se restringindo à Segurança Pública e ao Judiciário. Com relação à pre-
venção criminal, assinale a afirmativa correta:
a) A prevenção primária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o
problema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
b) A prevenção secundária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social,
atuando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.
c) A prevenção terciária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o pro-
blema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
d) A prevenção secundária tem como destinatário o condenado, se orientando a evitar a reinci-
dência da população presa por meio de programas reabilitadores e ressocializadores.
e) A prevenção primária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social, atu-
ando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.

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031. (MP-GO/2005/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Entre as principais teorias relativas ou preven-


tivas ou utilitárias sobre a pena, a teoria da prevenção especial positiva sustenta que a pena
tem por finalidade reintegrar o condenado no meio social.

032. (NC-UFPR/2014/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Na Criminologia, é frequente o debate


a respeito das funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria
a função de:
a) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
b) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
c) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infra-
ções penais.
d) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
e) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infra-
ções penais.

033. (MPE-SC/2014/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Conforme a teoria da prevenção ge-


ral negativa, a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor desista de cometer novas
infrações, assumindo assim caráter ressocializador e pedagógico.

034. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção geral negativa age para garantir a segurança social, com a
concepção de que a reintegração social é medida necessária para impedir ou, ao menos, dimi-
nuir a reincidência criminosa dos condenados à pena privativa de liberdade.

035. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção especial positiva da pena está direcionada para a coletivi-
dade, no sentido de que a imposição e a execução da pena são úteis, respectivamente, para
intimidar e neutralizar os criminosos.

036. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A função preventiva especial, em razão do caráter abstrato da previsão legal dos delitos e das
penas, enfoca o delito e não o infrator individualmente.

037. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista relativa pode ser de caráter geral ou especial e considera a pena como
meio para a realização do fim utilitário da prevenção de futuros delitos.
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038. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista absoluta concebe a pena como uma finalidade em si mesma, por ca-
racterizar a pena pelo seu intrínseco valor axiológico.

039. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a liberdade


assistida e a prestação de serviços comunitários pelos criminosos estão inseridas como me-
didas de prevenção
a) primária.
b) imediata.
c) controlada.
d) secundária.
e) terciária.

040. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) No tocante à temática da prevenção da in-


fração à lei penal, é correto afirmar que a prevenção
a) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reinte-
gração do preso na sociedade.
b) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de quali-
dade, tais como saúde, educação e segurança.
c) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
d) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
e) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

041. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Aqueles que atribuem à pena privativa de li-


berdade função de prevenir a infração penal unicamente através da segregação do delinquente
são adeptos da teoria que defende a função ________ da pena.
Completa corretamente a lacuna:
a) retributiva
b) preventiva especial positiva
c) preventiva geral negativa
d) preventiva geral positiva
e) preventiva especial negativa

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042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se que a


prevenção criminal terciária:
a) é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em
sua origem.
b) é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração
familiar e social.
c) constitui uma das formas de participação popular na gestão pública.
d) representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da criminalidade.
e) é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas delitivas.

043. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Constituem medidas


diretas de prevenção do delito, dentre outras:
a) o planejamento familiar e a alfabetização de adultos.
b) os programas de incentivo à qualificação profissional.
c) a campanha de prevenção de doenças e o incentivo à frequência a cultos religiosos
d) os programas de construção de moradias populares.
e) as políticas públicas de desestímulo ao jogo de azar, à prostituição e ao consumo de dro-
gas ilícitas

044. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Compreende-se


por “prevenção delitiva” o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. Assim
sendo, a prevenção terciária está focada.
a) na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada
região, favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico.
b) no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a rein-
cidência, é realizada por meio de medidas socioeducativas e ressocializadoras.
c) na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste, como edu-
cação, emprego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz.
d) nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear problemas cri-
minais; apresenta-se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação.
e) no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e controle familiar,
estruturado nos programas sociais do governo com apoio financeiro.

045. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A prevenção criminal secundária


é aquela que atua
a) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evi-
tando sua reincidência.
b) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial,
programas de apoio e controle das comunicações.

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c) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individu-
ais e sociais.
d) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança.
e) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com progra-
mas psicológicos e de assistência social.

046. (IADES/2017/PMDF/POLICIAL MILITAR) A prevenção que tem por destinatário o reclu-


so (ou seja, a população presa) e por objetivo evitar a reincidência denomina-se prevenção
a) primária.
b) secundária.
c) terciária.
d) quaternária.
e) quinaria.

047. (FCC/2013/TRT 15ª REGIÃO SEGURANÇA) Na moderna concepção de prevenção das


infrações penais e o Estado Democrático de Direito,
a) as atuações do Poder Judiciário e do Ministério Público enquadram-se na prevenção terciária.
b) a efetiva materialização de políticas públicas faz parte da prevenção primária do crime.
c) o trabalho desenvolvido pelas instituições públicas ou privadas na área social, qual seja, a
responsabilidade social, faz parte da prevenção secundária.
d) a construção de presídios e a atuação dos policiais são analisadas de forma apartada na
questão das prevenções primária, secundária e terciária.
e) a atuação das Organizações Não Governamentais, ONG, tem hoje enquadramento na pre-
venção secundária e, às vezes, na terciária.

048. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O legislador brasileiro, ao dispor


sobre as funções da reprimenda pela prática de infração penal no artigo 59 do Código Penal –
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabe-
lecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime..., adotou
a teoria da
a) função reeducativa da pena.
b) função de prevenção especial da pena.
c) função de prevenção geral da pena.
d) função retributiva da pena.
e) função mista ou unificadora da pena.

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049. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A prevenção terciária


consiste em
a) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à
violência doméstica.
b) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer
ou de praticar delitos.
c) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimida-
ção aos demais criminosos.
d) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso
do sistema prisional.
e) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da cri-
minalidade.

050. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A modalidade preventiva


que cuida da diminuição das oportunidades que influenciam na vontade delitiva, dificultando a
prática do crime, é chamada de prevenção
a) geral.
b) qualitativa.
c) especial.
d) quantitativa.
e) situacional.

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GABARITO
1. a 26. E
2. a 27. c
3. d 28. d
4. a 29. e
5. a 30. e
6. c 31. C
7. c 32. c
8. b 33. E
9. a 34. E
10. c 35. E
11. b 36. E
12. d 37. C
13. d 38. C
14. c 39. e
15. b 40. c
16. E 41. e
17. E 42. b
18. C 43. e
19. C 44. b
20. b 45. b
21. e 46. c
22. d 47. b
23. C 48. e
24. a 49. d
25. E 50. e

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Uma das formas que o Estado Brasi-
leiro adota como controle e inibição criminal é a pena prevista para cada crime, cuja teoria
adotada pelo Código Penal Brasileiro é a mista, de acordo com o artigo 59 do Código Penal,
que tem como finalidade a:
a) prevenção e a retribuição
b) indenização e a repreensão.
c) punição e a reparação.
d) inibição e a reeducação.
e) conciliação e o exemplo.

O art. 59 do Código Penal diz que, ao estabelecer a pena em um caso concreto, deverá ser
observado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se
de uma postura de teoria mista, de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas. As
teorias mistas, também chamadas de ecléticas ou unificadoras, realizam a combinação de
finalidades retributivas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes.
Letra a.

002. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) O conceito de prevenção delitiva, no Es-


tado Democrático de Direito, e as medidas adotadas para alcançá-la são.
a) o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito, atingindo direta e indiretamen-
te o delito.
b) o conjunto de ações que visam estudar o delito, atingindo direta e indiretamente o criminoso
c) o conjunto de ações adotadas pela vítima que visam evitar o delito, atingindo o delinquente
direta e indiretamente.
d) o conjunto de ações que visam estudar o criminoso, atingindo o ato delitivo direta e in-
diretamente.
e) o conjunto de ações que visam estudar o crime, atingindo o criminoso direta e indiretamente.

Prevenção criminal é o conjunto de medidas, públicas ou privadas, adotadas com o objetivo de


impedir a prática de delitos, abarcando tanto as políticas sociais para redução da delinquência,
como as políticas criminais para o fornecimento de respostas penais adequadas. Em resumo,
podemos dizer que prevenção é o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito,
atingindo-o direta ou indiretamente. A prevenção direta atua no crime que está prestes a ocor-
rer, enquanto a indireta atua nas causas que levam à delinquência.
Letra a.

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003. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Umas das formas que o Estado


Democrático de Direito possui para prevenir o crime é a pena. De acordo com a teoria mista
que estuda as penas, estas têm a finalidade de
a) punir o delinquente de forma proporcional ao mal praticado.
b) trazer mais tranquilidade para a sociedade, uma vez que o criminoso não estará mais nas ruas.
c) retomar a tranquilidade e a paz pública.
d) prevenção geral e prevenção especial.
e) afastar o delinquente da sociedade, para evitar novos crimes.

Tecnicamente, a alternativa D é apenas a melhor resposta. Afinal, em realidade, as teorias mis-


tas, também chamadas de ecléticas ou unificadoras, realizam a combinação de finalidades
retributivas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes. Dentro das finalidades
preventivas, pode haver tanto a prevenção geral, destinada à coletividade, como a prevenção
especial, destinada ao criminoso. Na letra A, a mera punição que olha para o passado relacio-
na-se com a teoria absoluta, retributiva. Nas letras B e E, temos exemplo de pensamento da
teoria de prevenção especial negativa, de neutralização, inocuização do delinquente. Na letra
C, partindo do pressuposto de que a paz pública decorre da integração social, da consciência
coletiva de que a norma segue vigente, temos emprego da prevenção geral positiva.
Letra d.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) A instalação, na cidade de São Paulo, de câ-


meras de videomonitoramento que possuem a funcionalidade de leitura de placas de veículos
e cruzamento com banco de dados criminais, com o objetivo de identificar veículos utilizados
ou que foram objeto da prática de crimes pode ser definida, no âmbito do conceito de Estado
Democrático de Direito e dos modernos conceitos de prevenção criminal do crime, como uma
medida prioritariamente de prevenção
a) secundária.
b) básica.
c) quaternária.
d) terciária.
e) primária.

A prevenção secundária também pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se
a neutralizar situações de risco. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos po-
tenciais delinquentes e pelo modus operandi – local, horário, vítima, objetos empregados, etc.
Assim, o emprego de técnicas de vigilância de ambientes (câmeras, vigilância pessoal, ronda
de veículos de segurança) combinadas com o cruzamento com bancos de dados criminais

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é medida de prevenção secundária. Nas letras B e C não constam termos empregados nas
classificações sobre prevenção. Na letra D, a prevenção terciária é voltada para o preso e o
egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Na letra E, a prevenção primária age nas
causas do delito.
Letra a.

005. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna-


tiva que apresenta um exemplo de política de prevenção criminal prioritariamente terciária.
a) Previsão do direito do condenado de abreviar o tempo imposto em sua sentença penal, me-
diante trabalho, estudo ou leitura.
b) Instalação de câmeras de videomonitoramento em um estabelecimento que foi alvo de di-
versos roubos.
c) Melhoria na regulação do sistema financeiro para prevenção às práticas de lavagem
de dinheiro.
d) Programas de educação aos jovens para prevenção ao uso de drogas.
e) Instalação de iluminação pública em locais com alto índice de criminalidade.

A remição da pena, seja por estudo, trabalho ou leitura, está relacionada com a necessidade
de ressocialização do apenado. Logo, é política de prevenção criminal terciária, como todas as
demais voltadas ao preso e ao egresso que tenham o fim de evitar que voltem a delinquir. As
letras B, C, D e E trazem exemplos de medidas de prevenção secundária.
Letra a.

006. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O saber criminológico, no Estado


Democrático de Direito, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; portanto, são aspectos
importantes de prevenção terciária
a) o policiamento, a assistência social e o conselho tutelar.
b) a educação, a religião e o lazer.
c) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários.
d) as posturas municipais, a classificação etária dos programas televisivos e o civismo.
e) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho.

A prevenção terciária é aquela voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem
a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização. São programas que pretendem a
não consolidação do status de desviado, como os descritos na alternativa C. A laborterapia é o
emprego do trabalho ou o ensino de um ofício com funções terapêuticas. A liberdade assistida
é uma medida socioeducativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, em que se

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determina acompanhamento sistemático do infrator, sem o afastamento do convívio familiar e


comunitário. A prestação de serviços comunitários é uma alternativa ao ambiente degradante
e estigmatizante do cárcere.
Letra c.

007. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) É correto afir-


mar que as medidas voltadas à população carcerária, com caráter punitivo e com desiderato
na recuperação do recluso para evitar, por meio da ressocialização, sua reincidência:
a) integram a prevenção primária, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do crimi-
noso, diminuindo-se os indicadores criminais.
b) são relevantes para a criminologia, impactando na diminuição dos indicadores criminais,
entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
c) são relevantes para a criminologia e integram a prevenção terciária, visando à recuperação
do criminoso.
d) são relevantes para a criminologia, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do
criminoso, entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
e) são relevantes para a vitimologia, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do
criminoso, entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.

As medidas voltadas à população carcerária que buscam afastar a reincidência são relevantes
para a criminologia e classificadas como medidas de prevenção terciária. Trata-se da preven-
ção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Busca afastar
a reincidência e a estigmatização. São programas que pretendem a não consolidação do sta-
tus de desviado. Na letra A, a prevenção primária é direcionada para as causas do delito, mas
não para a recuperação dos criminosos. Na letra B, são medidas que impactam a diminuição
dos indicadores criminais, sendo consideradas medidas de prevenção terciária. Nas letras D e
E, a prevenção que ataca a raiz do conflito é a prevenção primária, orientada profilaticamente
para as causas do crime.
Letra c.

008. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Com relação à criminologia no


Estado Democrático de Direito, é correto afirmar que as políticas públicas de Segurança Pú-
blica devem:
a) primar pela repressão ao crime e pelo combate à corrupção.
b) priorizar a prevenção criminal integralizada com todos os entes federativos.
c) priorizar a prevenção criminal terciária e a repressão ao crime organizado.
d) primar pela repressão criminal integralizada com todos os entes federativos.
e) primar pela repressão ao crime e pelo controle social.

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Um Estado Democrático de Direito deve preferir medidas de prevenção, dos mais variados ti-
pos – primária, secundária e terciária – isto é, integralizada, em lugar de priorizar intervenções
meramente repressivas, típicas de um Estado autoritário.
Letra b.

009. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que os progra-


mas de apoio, de controle de meios de comunicação, de ordenação urbana estão inseridos
como medidas de prevenção.
a) secundária.
b) primária.
c) imediata.
d) terciária.
e) controlada.

Os programas de apoio direcionados a parcelas da população, os programas de controle de


meios de comunicação e os projetos de ordenação urbana são espécies de prevenção secun-
dária, pois atuam considerando os locais, os momentos, os grupos em que determinados cri-
mes ocorrem. A prevenção secundária também pode ser chamada de prevenção situacional,
pois destina-se a neutralizar situações de risco, oportunidades para o crime.
Letra a.

010. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A prevenção crimi-


nal_______________ destina-se a atuar na educação, emprego, moradia e segurança, onde o Es-
tado deve garantir o exercício dos direitos sociais a todos.
Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) secundária
b) terciária
c) primária
d) quaternária
e) especial

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade.
Letra c.

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011. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) As finalidades da pena são


“retribuição e prevenção”, sendo assim, o objetivo da prevenção é o de
a) retribuir ao infrator da lei o malefício causado à sociedade na medida proporcional do crime
cometido (devolutiva).
b) evitar que o infrator da lei volte a delinquir (especial) e que a punição sirva de exemplo para
que outros não pratiquem o mesmo ato (geral).
c) evitar que o cidadão se torne uma vítima, instruindo-o em relação aos perigos sociais (explicativa).
d) inibir que o infrator da lei cometa o crime somente por meio de exemplos preventivos (inibi-
tória), sem que haja necessidade da aplicação efetiva da pena.
e) substituir a pena privativa de liberdade pelas penas restritivas de direitos, evitando que o
infrator da lei seja levado ao cárcere (substitutiva).

A prevenção pode ser geral ou especial, positiva ou negativa. A alternativa b traz dois exem-
plos corretos de prevenção. A prevenção geral é aquela dirigida a toda a população: a punição
é um exemplo para que as demais pessoas não decidam cometer aquele crime e é, logo, um
reforço da validade das normas. A prevenção especial é dirigida ao próprio delinquente, para
que deixe de delinquir, seja em função da sua segregação (inocuização), seja em função de
sua ressocialização.
Letra b.

012. (VUNESP/2013/PC-SP/PERITO CRIMINAL) As melhoras da educação, do processo de


socialização, da habitação, do trabalho, do bem-estar social e da qualidade de vida das pessoas
de uma determinada comunidade são os elementos essenciais de um programa de prevenção
a) terciária.
b) quinária.
c) secundária.
d) primária.
e) quaternária.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. Na letra A, a prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim
de que não voltem a delinquir. Na letra B, quinária não é uma categoria presente nas classifica-
ções de prevenção. Na letra C, a prevenção secundária é situacional, atua considerando os po-
tenciais e eventuais criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os crimes ocor-
rem. Na letra E, quaternária não é uma categoria presente nas classificações de prevenção.
Letra d.
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013. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE POLICIAL) Entende(m)-se por prevenção primária


a) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis.
b) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco.
c) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ou social.
d) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia.
e) aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acontecimento.

A prevenção primária busca diminuir os conflitos sociais que estão na base da razão para o
cometimento do crime. Ela se preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste.
É necessário, por exemplo, que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia,
salários justos, saneamento básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a mé-
dio e longo prazo e se destina à coletividade. O fortalecimento de vínculos sociais, de valores
cívicos e da consciência sobre o cumprimento das normas são, igualmente, medidas de pre-
venção primária quando destinadas à coletividade como um todo (quando endereçadas a um
grupo específico, são medidas de prevenção secundária). Nas letras A e B, temos exemplos de
medidas de prevenção secundária, que é aquela que atua considerando os potenciais e even-
tuais criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também
pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco.
Na letra C, trata-se de prevenção terciária. Na letra E, a prevenção típica não atua em momento
posterior ao crime, mas sim antes do seu acontecimento. A prevenção terciária atua sobre o
preso e o egresso, com o fim de evitar o cometimento de um novo delito. E a prevenção que
atua na iminência do acontecimento delitivo é a prevenção secundária.
Letra d.

014. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) As políticas públicas de prevenção cri-


minal terciária têm por público-alvo
a) a vítima de violência doméstica.
b) o adolescente.
c) o preso.
d) o idoso.
e) o usuário de drogas ilícitas.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso e tem por objetivo evitar que voltem
a delinquir.
Letra c.

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015. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) Para a Criminologia, a preven-


ção geral positiva, como uma finalidade da pena, é
a) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
b) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
c) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem
a novas práticas delitivas.
d) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o cida-
dão da prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
e) uma espécie de consequência jurídica pelo comportamento inclinado às infrações penais.

A prevenção geral se destina à comunidade. Na prevenção geral positiva, a pena reforça (cará-
ter positivo) a confiança da população no sistema jurídico como um todo, promovendo integra-
ção social (caráter geral). A prevenção geral positiva também é chamada de integradora, pois
tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência social, mediante o estímulo ao
culto dos valores mais caros à comunidade. A letra A trata de prevenção especial negativa. A
letra C apresenta uma mistura de prevenção especial negativa (neutralização) com prevenção
geral negativa (contramotivação, intimidação). Na letra D, há uma mistura de prevenção geral
negativa (intimidação) com prevenção especial negativa (pena). Na letra E, a prevenção geral
positiva não é uma teoria dirigida ao potencial delinquente, mas sim ao cidadão fiel ao direito,
já que a pena é reforço à fidelidade dos indivíduos às normas.
Letra b.

016. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue


o próximo item.
As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à
solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária.

Os programas mencionados se inserem na categoria de prevenção secundária, que é aquela


que atua considerando os locais, os momentos, os grupos em que os crimes ocorrem. Tam-
bém pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de
risco, oportunidades para o crime.
Errado.

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017. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia
de educação, a redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de
vida, enquanto a prevenção primária é voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e
reintegração social.

É exatamente o oposto. A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento


do crime. Ela se preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário,
por exemplo, que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde,
emprego. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina à coletividade. Já a
prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delin-
quir. Busca afastar a reincidência.
Errado.

018. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A alteração dos espaços físicos e urbanos, como, por exemplo, a elaboração de novos dese-
nhos arquitetônicos e o aumento da iluminação pública, pode ser considerada uma forma de
prevenção delituosa.

A alteração dos espaços físicos e urbanos pode configurar medida de prevenção, mais especi-
ficamente prevenção secundária. Essa prevenção atua considerando os potenciais e eventuais
criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode
ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela
é voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se
interessa pelas causas do delito, mas sim pelas formas – local, horário, vítima – de seu come-
timento. Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões temporais (quando acon-
tecem os crimes?) e espaciais (onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham
importância, pois é nessas variáveis que se busca intervir. Assim, ideias de alteração do am-
biente físico, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação, embelezamento
de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados) são mecanismos típi-
cos de prevenção secundárias, pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
Certo.

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019. (CESPE/2018/PC-SE/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal no


Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
Medidas indiretas de prevenção delitiva visam atacar as causas do crime: cessada a causa,
cessam seus efeitos.

As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito especifi-
camente. Realizam atuação profilática, com campo de atuação extenso, que busca todas as
causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas. A ideia é
que cessada a causa, cessam os efeitos. Diferem das medidas diretas que se relacionam com
a infração criminal que está prestes a ocorrer ou em formação. As medidas diretas interferem,
portanto, no iter criminis.
Certo.

020. (CESPE/2018/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Dados publicados em dezembro


de 2017 pelo Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de superlotação nos
estabelecimentos prisionais na ordem de 197,4%.
(Agência de Notícias, Empresa Brasil de Comunicação)
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlota-
ção carcerária aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a
I – prevenção primária.
II – prevenção secundária.
III – prevenção terciária.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

A superlotação carcerária afeta a prevenção terciária, que é aquela voltada para o preso e o
egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Essa prevenção busca afastar a reincidên-
cia. Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é
estigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso,
para que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da
pena. A prevenção primária – voltada para as causas do cometimento do crime – e a preven-
ção secundária – que atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem – não são diretamente afetadas pela super-
lotação carcerária.
Letra b.

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021. (CESPE/2017/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Considerando que, para a


Criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de medidas
preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto criminológico.
a) A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins
lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de pre-
venção terciária do delito.
b) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez
que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no
processo motivacional do infrator.
c) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que
opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a
curto prazo, dispensando prestações sociais.
d) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades
policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não
solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção
terciária do delito.
e) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias
atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a de-
linquir. Busca afastar a reincidência. Nas letras A e B, temos medidas de prevenção primária,
que é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. A prevenção primária se preo-
cupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o
Estado forneça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde, emprego. Na letra
C, a prevenção primária é muito eficaz, por atua nas mais variadas causas da criminalidade;
opera a médio e longo prazo; envolve múltiplas prestações sociais; e se destina à coletividade.
Na letra D, a investigação não é exatamente uma medida de prevenção, mas sim de reação ao
delito. Mas caso se entenda que o apoio policial serve também para evitar o cometimento de
novos crimes, deve-se compreender que se trata de medida de prevenção secundária. Essa
prevenção atua considerando os locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Também
pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco.
Letra e.

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022. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) A Criminologia reconhece que não basta


reprimir o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Con-
siderando essa informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
a) Para a moderna Criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta
das estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
b) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o
delito, com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de
maior concentração de criminalidade.
c) No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na
sociedade, de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são
considerados pela Criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a
criminalidade.
d) Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando ofere-
cidos à sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do
delito, capaz de abrandar os fenômenos criminais.
e) A doutrina da Criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito,
uma vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal
e promover meios de ressocialização do apenado.

A alternativa D traz exemplos de medidas de prevenção primária, que é o tipo de prevenção


voltada para as causas do cometimento do crime. A prevenção primária se preocupa em neu-
tralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o Estado for-
neça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde, emprego. Alguém pode ter
considerado a alternativa D errada por julgar que iluminação pública é medida de prevenção
secundária. Mas depende: a iluminação pública é uma medida de prevenção primária quando
é dirigida à coletividade de maneira geral, ou seja, quando se insere no panorama de melhoria
das condições de moradia e vida das pessoas. A melhoria da iluminação pública pode ser
considerada uma medida de prevenção secundária quando se destina a equacionar os pro-
blemas concretos de uma localidade específica. Quando, por exemplo, as estatísticas revelam
que em determinada praça muitos crimes estão ocorrendo à noite, e decide-se iluminá-la mais
adequadamente porque ali já se verifica um “hot spot”, (ou seja, quando se decide iluminar
porque é necessário minimizar as oportunidades delitivas que ali se instalaram), nesse caso
a iluminação é medida de prevenção secundária. Na letra A, a moderna Criminologia entende
que medidas de prevenção secundária, que alteram o cenário onde os crimes têm ocorrido,
podem levar à obstaculização de novas condutas ilícitas. Na letra B estão descritas medidas
de prevenção secundária. Na letra C estão descritas medidas de prevenção primária. A letra E
descreve a prevenção terciária.
Letra d.

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023. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue


o próximo item.
Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determi-
nados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secun-
dária do delito.

A prevenção secundária se preocupa com a desconstrução de oportunidades para o crime,


considerando os grupos mais vulneráveis à delinquência e à vitimização e os locais e momen-
tos em que os delitos são cometidos. Controle dos meios de comunicação e ordenação urba-
na, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, são típicos exemplos de medidas
de prevenção secundária.
Certo.

024. (CESPE/2018/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO) A respeito da política criminal, da Criminolo-


gia, da aplicação da lei penal e das funções da pena, julgue os itens subsequentes.
I – Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o criminoso como
agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da norma penal e seus efeitos, mas obser-
vando principalmente as causas que levam à delinquência, com o fim de possibilitar o aperfei-
çoamento dogmático do sistema penal.
II – A política criminal constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios de controle so-
cial da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar reformas na legislação positivada.
III – O Direito Penal positivado no ordenamento penal brasileiro corrobora a teoria absoluta,
porquanto consagra a ideia do caráter retributivo da sanção penal.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I,II e III.
c) II e III.
d) I e III.
e) I.

No enunciado I, a Criminologia estuda o crime considerando-o um fenômeno social e conferin-


do extremo peso à Sociologia Criminal. Também estuda o criminoso. Não se restringe à análise
da norma penal e pode até mesmo prescindir delas. Debruça-se – com intensidade variada, a
depender da escola criminológica – sobre a etiologia criminal, isto é, sobre as causas do crime.
Uma de suas finalidades é realizar um diálogo e até mesmo uma crítica do Direito Penal, para
aperfeiçoá-lo (via política criminal). No enunciado II, a política criminal serve de ponte entre a
Criminologia e o Direito Penal, sistematizando as estratégias de controle social da criminalida-

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de, orientando mudanças na legislação positivada. No enunciado III, o Direito Penal, no tocante
às funções da pena, abarca a teoria mista, já que consagra, em seu art. 59, a ideia de conjugar a
reprovação e a prevenção do crime. Para a teoria absoluta, o fim da pena é a imposição de um
castigo. São as chamadas teorias retributivas, para as quais a pena é uma forma de retribuição
do mal causado. Elas são chamadas de absolutas porque, para elas, a pena não necessita de
outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mesmo. Para as teorias relativas (ou
utilitárias), por sua vez, a pena deve ter um fim socialmente útil, de prevenção.
Letra a.

025. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) A prevenção primária do delito ocor-


re por meio de implementação de medidas efetivas voltadas à ressocialização do apenado.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se preo-
cupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que o
Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento bá-
sico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina à
coletividade. A prevenção orientada para a ressocialização do preso é denominada prevenção
terciária.
Errado.

026. (CEBRASPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Como ações profiláticas contra o cri-


me, a doutrina apresenta uma série analítica de prevenções, incidente no estado democrático
de direito. A respeito de prevenção, julgue o item seguinte.
A prevenção terciária do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas so-
ciais pelo estado social de direito, que consiste na adoção de medidas mais eficazes de pre-
venção ao delito.

A prevenção terciária do delito é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que
voltem a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização. São programas que pre-
tendem a não consolidação do status de desviado. A prevenção que se preocupa com a imple-
mentação de políticas sociais é a prevenção primária.
Errado.

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027. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Tendo o Direito Penal a missão subsi-


diária de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre desenvolvimento do indivíduo, e, ainda,
sendo a pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal, após a reforma do Código Penal
Brasileiro, em 1984, é correto afirmar que a finalidade da pena é
a) repreensiva e abusiva.
b) punitiva e reparativa.
c) retributiva e preventiva (geral e especial).
d) ressocializadora e reparativa.
e) punitiva e distributiva.

O art. 59 do Código Penal dispõe que, ao estabelecer a pena em um caso concreto, será obser-
vado se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de uma
postura de tentar conciliar as teorias absolutas com as relativas. E por prevenção, entende-se
que o Código Penal abarca tanto a prevenção geral como a especial. Na prevenção geral, acre-
dita-se que as penas do Código Penal têm impacto na generalidade de pessoas. A pena se
dirige à sociedade como um todo – é genérica, geral –, seja como ameaça (prevenção geral
negativa), seja como reforço da consciência coletiva de respeito ao ordenamento jurídico (pre-
venção geral positiva). Na prevenção especial, a pena se preocupa tanto com o isolamento, a
neutralização do delinquente por um tempo (prevenção especial negativa) – com a pena priva-
tiva de liberdade, por exemplo –, como com sua ressocialização (prevenção especial positiva).
Letra c.

028. (PC-SP/2012/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) A prevenção terciária da infração penal,


no Estado Democrático de Direito, está relacionada
a) ao controle dos meios de comunicação.
b) aos programas policiais de prevenção.
c) à ordenação urbana.
d) à população carcerária.
e) ao surgimento de conflito.

A prevenção terciária é voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a delinquir. Almeja
afastar a reincidência. São programas que pretendem a não consolidação do status de desvia-
do. Buscam-se, por exemplo, alternativas à pena privativa de liberdade, que é estigmatizante.
Procura-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para que ele se
sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena.
Letra d.

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029. (VUNESP/2018/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa que contém um


exemplo de prevenção de infrações penais preponderantemente primária.
a) Construção de uma praça com equipamentos de lazer em uma comunidade com altos índi-
ces de criminalidade e de vulnerabilidade social com o fim de evitar que jovens daquele local,
em especial em situação de risco, envolvam-se com a criminalidade.
b) Projeto Começar de Novo, que visa devolver aos cumpridores de pena e egressos a autoes-
tima e a cidadania suprimidas com a privação de sua liberdade, por meio de ações de caráter
preventivo, educativo e ressocializador, atuando, assim, na humanização, a fim de que referido
público valorize a liberdade e passe a fazer escolhas melhores em sua vida, evitando o retorno
ao cárcere.
c) Implementação de sistemas de leitores óticos de placas de veículos nas ruas e avenidas da
cidade de Salvador para identificação de veículos relacionados a algum tipo de crime.
d) Bloqueio que impeça a ativação e utilização de aparelhos de telefonia celular subtraídos do
legítimo proprietário por meio de uma conduta criminosa.
e) Melhoria de atendimento pré e pós-natal a todas as gestantes de uma determinada cidade
com a finalidade de reduzir os índices criminais no município.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. A melhoria de atendimento às gestantes é uma medida de saúde que beneficia
a população como um todo e que opera a longo prazo, pois contribui para o nascimento e cres-
cimento de indivíduos saudáveis, para a saúde das mulheres. A longo prazo, essa medida pode
favorecer, por exemplo, a existência de lares estruturados e de pessoas plenamente aptas ao
estudo e trabalho. Na letra A, C e D temos exemplos de medidas de prevenção secundária. Na
letra B, exemplo de medida de prevenção terciária.
Letra e.

030. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) No Estado Democrático


de Direito a prevenção criminal é integrante da agenda federativa passando por vários setores
do Poder Público, não se restringindo à Segurança Pública e ao Judiciário. Com relação à pre-
venção criminal, assinale a afirmativa correta:
a) A prevenção primária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o
problema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
b) A prevenção secundária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social,
atuando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.

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c) A prevenção terciária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o pro-
blema criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
d) A prevenção secundária tem como destinatário o condenado, se orientando a evitar a reinci-
dência da população presa por meio de programas reabilitadores e ressocializadores.
e) A prevenção primária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social, atu-
ando, por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina
à coletividade. Nas letras A e C temos exemplo de prevenção secundária, que atua conside-
rando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além dos locais e momentos em que os
crimes ocorrem. Na letra B, a prevenção descrita é primária. Na letra D, a prevenção descrita é
terciária: atua sobre o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir.
Letra e.

031. (MP-GO/2005/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Entre as principais teorias relativas ou preven-


tivas ou utilitárias sobre a pena, a teoria da prevenção especial positiva sustenta que a pena
tem por finalidade reintegrar o condenado no meio social.

As teorias relativas são as que atribuem peso à prevenção. A prevenção especial é dirigida ao
condenado. A prevenção especial positiva busca a reinserção do apenado.
Certo.

032. (NC-UFPR/2014/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Na Criminologia, é frequente o debate


a respeito das funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria
a função de:
a) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
b) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
c) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infra-
ções penais.
d) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
e) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infra-
ções penais.

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A prevenção especial dirige-se ao criminoso em particular. Mais especificamente, a prevenção


especial negativa entende que a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (caráter es-
pecial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Segrega-se, inocuiza-se, para que o
cidadão não volte a delinquir.
Letra c.

033. (MPE-SC/2014/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Conforme a teoria da prevenção ge-


ral negativa, a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor desista de cometer novas
infrações, assumindo assim caráter ressocializador e pedagógico.

Para a prevenção geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os
cidadãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se na intimidação,
na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racionalidade humana. A prevenção que
possui caráter ressocializador e pedagógico é a prevenção especial positiva. Ela é especial
porque dirigida ao delinquente, e é positiva porque busca sua ressocialização.
Errado.

034. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção geral negativa age para garantir a segurança social, com a
concepção de que a reintegração social é medida necessária para impedir ou, ao menos, dimi-
nuir a reincidência criminosa dos condenados à pena privativa de liberdade.

A prevenção geral negativa não se ocupa da diminuição da reincidência. Para a prevenção


geral negativa, a pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter
geral) para que se abstenham de cometer crimes. Já para a prevenção especial positiva a pena
deve objetivar a ressocialização (caráter positivo) do condenado (caráter especial).
Errado.

035. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria utilitarista da prevenção especial positiva da pena está direcionada para a coletivi-
dade, no sentido de que a imposição e a execução da pena são úteis, respectivamente, para
intimidar e neutralizar os criminosos.

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A prevenção especial, seja positiva ou negativa, nunca é direcionada para a coletividade. A pre-
venção especial dirige-se, sempre, ao criminoso em particular, enquanto a prevenção geral se
dirige à coletividade. Para a prevenção especial positiva, a pena deve objetivar a ressocializa-
ção do condenado. Intimidação está relacionada com a prevenção geral negativa, para a qual
a pena é uma ameaça dirigida a todos os cidadãos para que se abstenham, pelo medo, de co-
meter crimes. Neutralização está relacionada com a prevenção especial negativa, para a qual
a pena deve segregar, neutralizar a pessoa que cometeu um delito para defender a sociedade.
Errado.

036. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A função preventiva especial, em razão do caráter abstrato da previsão legal dos delitos e das
penas, enfoca o delito e não o infrator individualmente.

A prevenção especial, seja positiva ou negativa, dirige-se ao criminoso em particular, ao in-


frator individualmente, seja na forma de neutralização (prevenção especial negativa), seja na
forma de ressocialização (prevenção especial positiva).
Errado.

037. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista relativa pode ser de caráter geral ou especial e considera a pena como
meio para a realização do fim utilitário da prevenção de futuros delitos.

As teorias justificacionistas reconhecem a legitimidade do sistema penal. Elas se dividem em


dois grandes ramos: teorias absolutas e teoria relativas da pena. Para as teorias relativas (ou
utilitárias) a pena deve ter um fim socialmente útil, de prevenção. Dentro das teorias relativas,
a prevenção pode ser geral e especial. A prevenção geral é destinada à comunidade como um
todo. A prevenção especial, ao próprio delinquente.
Certo.

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038. (CESPE/2015/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL ÁREA 3) Julgue o item a


seguir, referentes às teorias da finalidade da pena.
A teoria justificacionista absoluta concebe a pena como uma finalidade em si mesma, por ca-
racterizar a pena pelo seu intrínseco valor axiológico.

As teorias justificacionistas reconhecem a legitimidade do sistema penal. Elas se dividem em


dois grandes ramos: teorias absolutas e teoria relativas da pena. Para as teorias absolutas, o
fim da pena é a imposição de um castigo. São as chamadas teorias retributivas, para as quais
a pena é uma forma de retribuição do mal causado. Elas são chamadas de absolutas porque,
para elas, a pena não necessita de outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mes-
mo, sendo possuidora de um valor intrínseco.
Certo.

039. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a liberdade


assistida e a prestação de serviços comunitários pelos criminosos estão inseridas como me-
didas de prevenção
a) primária.
b) imediata.
c) controlada.
d) secundária.
e) terciária.

A liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários pelos criminosos são medidas


que auxiliam na reinserção do condenado no meio social. São programas que pretendem a não
consolidação do status de desviado, que buscam afastar a reincidência. Cuida-se de preven-
ção terciária, voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a delinquir. Na letra A, a pre-
venção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se preocupa
em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. Nas letras B e C, prevenção imediata e
controlada não são termos consagrados na Criminologia. Na letra D, a prevenção secundária
atua considerando os potenciais e eventuais criminosos, além dos locais e momentos em que
os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a
neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de curto a médio prazo, voltada para atacar
as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Ela não é destinada aos crimino-
sos que já estão cumprindo suas penas, mas sim aos criminosos em potencial.
Letra e.

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040. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) No tocante à temática da prevenção da in-


fração à lei penal, é correto afirmar que a prevenção
a) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reinte-
gração do preso na sociedade.
b) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de quali-
dade, tais como saúde, educação e segurança.
c) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
d) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
e) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

A prevenção geral é aquela dirigida à coletividade. Em seu aspecto negativo, a pena é uma
ameaça (caráter negativo) dirigida a todos os cidadãos (caráter geral) para que se abstenham
de cometer crimes. Baseia-se na utilização do medo, que seria a mola propulsora da racio-
nalidade humana. A pena é contramotivação, intimidação dirigida a toda a coletividade, mas
que produz efeitos nos potenciais infratores. Na letra A, a prevenção dirigida à reintegração é
a prevenção terciária. Na letra B, a conscientização de todos os cidadãos sobre a importância
de obedecer as leis e o fornecimento de serviços públicos de qualidade são típicas medidas
de prevenção primária. Na letra D, a prevenção que busca a reeducação e ressocialização é a
prevenção especial positiva. Na letra E, as ações policiais de repressão ao delito são medidas
de prevenção secundária.
Letra c.

041. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Aqueles que atribuem à pena privativa de li-


berdade função de prevenir a infração penal unicamente através da segregação do delinquente
são adeptos da teoria que defende a função ________ da pena.
Completa corretamente a lacuna:
a) retributiva
b) preventiva especial positiva
c) preventiva geral negativa
d) preventiva geral positiva
e) preventiva especial negativa

A prevenção especial dirige-se ao criminoso em particular. Mais especificamente, a prevenção


especial negativa entende que a pena deve segregar, isolar (caráter negativo) a pessoa (caráter
especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Na letra A, a função retributiva

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insere-se nas teorias absolutas, para as quais o fim da pena é a imposição de um castigo, uma
forma de retribuição do mal causado. Na letra B, na prevenção especial positiva a preocupação
é a ressocialização. Na letra C, a prevenção geral negativa está relacionada com a intimidação
de um potencial delinquente. Na letra D, a prevenção geral positiva relaciona-se com o reforço
da consciência coletiva sobre a validade das normas e a necessidade de sua obediência.
Letra e.

042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se que a


prevenção criminal terciária:
a) é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em
sua origem.
b) é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração
familiar e social.
c) constitui uma das formas de participação popular na gestão pública.
d) representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da criminalidade.
e) é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas delitivas.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delin-
quir. Busca afastar a reincidência. Na letra A, o trabalho de conscientização social, se dirigido à
toda a coletividade, é medida de prevenção primária; se dirigido a grupos específicos, é medida
de prevenção secundária. Na letra C, a prevenção criminal terciária cuida da ressocialização do
preso, e não é uma das formas de participação popular na gestão pública. Na letra D, a preven-
ção criminal terciária atua tardiamente (quando o delito já ocorreu e o delinquente está preso
ou já cumpriu sua pena) e não profilaticamente (antes da prática delitiva). Na letra E, o aparato
de repressão criminal se insere na prevenção secundária do delito.
Letra b.

043. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Constituem medidas


diretas de prevenção do delito, dentre outras:
a) o planejamento familiar e a alfabetização de adultos.
b) os programas de incentivo à qualificação profissional.
c) a campanha de prevenção de doenças e o incentivo à frequência a cultos religiosos
d) os programas de construção de moradias populares.
e) as políticas públicas de desestímulo ao jogo de azar, à prostituição e ao consumo de dro-
gas ilícitas

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Políticas públicas que desestimulem a prática de uma conduta desviante são exemplos de medi-
da de prevenção direta do delito. As medidas de prevenção direta relacionam-se com a infração
criminal que está prestes a ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter criminis. É o
caso da intervenção policial, das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídico-processual
de delitos e até mesmo das políticas públicas de desestímulo a alguma prática delitiva concreta.
Nas letras A, B, C e D constam medidas de prevenção indireta, que atuam nas causas do crime,
sem atingir o delito especificamente. É uma atuação profilática, com campo de atuação extenso
e intenso, que busca todas as causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéri-
cas ou específicas. Análise de personalidade, caráter e temperamento, para tentar moldar a con-
duta das pessoas; cura de doenças; orientação sobre boa alimentação e qualidade de vida; cons-
trução de moradias dignas; melhoramento das condições dos bairros mais carentes; aumento da
rede de esgoto; universalização do ensino público; oferta de cursos profissionalizantes; medidas
de planejamento familiar são exemplos comumente citados de prevenção indireta.
Letra e.

044. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Compreende-se


por “prevenção delitiva” o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. Assim
sendo, a prevenção terciária está focada.
a) na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada
região, favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico.
b) no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a rein-
cidência, é realizada por meio de medidas socioeducativas e ressocializadoras.
c) na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste, como edu-
cação, emprego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz.
d) nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear problemas cri-
minais; apresenta-se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação.
e) no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e controle familiar,
estruturado nos programas sociais do governo com apoio financeiro.

A prevenção terciária tem um destinatário específico: é voltada para o preso ou recluso, e tem
o fim de evitar que volte a delinquir. Busca afastar a reincidência. Engloba programas que pre-
tendem a não consolidação do status de desviado, com medidas socioeducativas e ressociali-
zadoras. Na letra A, a prevenção relacionada com os problemas eventualmente decorrentes da
migração não recebe uma denominação específica. Na letra C, a prevenção que age na raiz ou
nas causas do conflito criminal é a prevenção primária. Na letra D temos exemplos de preven-
ção secundária. Na letra E temos exemplos de prevenção primária.
Letra b.
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045. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A prevenção criminal secundária


é aquela que atua
a) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evi-
tando sua reincidência.
b) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial,
programas de apoio e controle das comunicações.
c) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individu-
ais e sociais.
d) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança.
e) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com progra-
mas psicológicos e de assistência social.

A prevenção secundária atua considerando os potenciais e eventuais criminosos, além dos


locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Ela é voltada para atacar as oportunidades
que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim
pelos potenciais delinquentes e pelo modus operandi – local, horário, vítima. Impõe ideias de
atuação em setores de maior vulnerabilidade da sociedade, como, por exemplo, emprego de
técnicas de vigilância de ambientes (policiamento de determinadas áreas problemáticas, em-
prego de câmeras, vigilância pessoal, ronda de veículos de segurança), programas de apoio a
determinados grupos sociais (como os programas de redução de danos destinados aos usuá-
rios de drogas) e controle dos meios de comunicação (determinação de que certos assuntos
não sejam noticiados, tais como suicídios, cenas de crimes violentos). A letra A trata de pre-
venção terciária. A letra C mescla medidas de prevenção primária (qualidade de vida, proteção
de direitos individuais e sociais) com medidas de prevenção secundária (proteção dos bens
patrimoniais, como colocação de alarmes, grades, cadeados etc.). A letra D traz medidas de
prevenção primária. A letra E mescla medidas de prevenção terciária (assistência ao recluso)
com a reparação do dano causado, que não integra essa classificação de medidas preventivas.
Letra b.

046. (IADES/2017/PMDF/POLICIAL MILITAR) A prevenção que tem por destinatário o reclu-


so (ou seja, a população presa) e por objetivo evitar a reincidência denomina-se prevenção
a) primária.
b) secundária.
c) terciária.
d) quaternária.
e) quinaria.

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A prevenção terciária é voltada para os presos e egressos e tem por objetivo evitar a reincidência.
Letra c.

047. (FCC/2013/TRT 15ª REGIÃO SEGURANÇA) Na moderna concepção de prevenção das


infrações penais e o Estado Democrático de Direito,
a) as atuações do Poder Judiciário e do Ministério Público enquadram-se na prevenção terciária.
b) a efetiva materialização de políticas públicas faz parte da prevenção primária do crime.
c) o trabalho desenvolvido pelas instituições públicas ou privadas na área social, qual seja, a
responsabilidade social, faz parte da prevenção secundária.
d) a construção de presídios e a atuação dos policiais são analisadas de forma apartada na
questão das prevenções primária, secundária e terciária.
e) a atuação das Organizações Não Governamentais, ONG, tem hoje enquadramento na pre-
venção secundária e, às vezes, na terciária.

A prevenção primária busca diminuir os conflitos sociais que estão na base da razão para o co-
metimento do crime. A implementação de políticas públicas se insere nesse tipo de prevenção:
devem ser resolvidas as situações de carência, as desigualdades, os conflitos da sociedade,
para que desapareçam as causas que levam à criminalidade. Na letra A, a prevenção terciária
é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a delinquir. Não decorre, em
geral, da atuação direta do Ministério Público e do Poder Judiciário, cujos afazeres, aliás, di-
zem mais respeito à repressão do que à prevenção delitiva. Na letra C, trabalhos na área social
contribuem para a diminuição de conflitos que está na base da razão para o cometimento do
crime. Logo, são medidas de prevenção primária. Na letra D, a construção de presídios não tem
se mostrado efetiva como medida de prevenção ao crime, pois o aumento do encarceramento
não leva à diminuição das taxas criminais. Na letra E, a atuação de ONG pode se enquadrar
como prevenção primária, secundária ou terciária. Caso se trate de ONG voltada a causas so-
ciais, será prevenção primária. Caso se trate de ONG que busca diminuir as oportunidades e
situações delitivas, será prevenção secundária. E caso se trate de ONG voltada para a reinser-
ção de presos e egressos, prevenção terciária.
Letra b.

048. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O legislador brasileiro, ao dispor so-


bre as funções da reprimenda pela prática de infração penal no artigo 59 do Código Penal – O
juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime..., adotou a teoria da

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a) função reeducativa da pena.


b) função de prevenção especial da pena.
c) função de prevenção geral da pena.
d) função retributiva da pena.
e) função mista ou unificadora da pena.

De acordo com o art. 59 do Código Penal, o juiz, ao estabelecer a pena em um caso concreto,
observará se ela é necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de
uma postura de tentar conciliar as teorias absolutas (retributivas) com as relativas (preventi-
vas). A isso se dá o nome de teoria unificadora, unitária, eclética ou mista.
Letra e.

049. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A prevenção terciária


consiste em
a) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à
violência doméstica.
b) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer
ou de praticar delitos.
c) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimida-
ção aos demais criminosos.
d) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso
do sistema prisional.
e) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da cri-
minalidade.

A prevenção terciária é voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que volte a delin-
quir. Busca afastar a reincidência. Nas letras A e B, constam programas de prevenção secun-
dária, que são aqueles que consideram os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção
situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Na letra C, a punição em público
não é permitida pelo ordenamento jurídico brasileiro. A letra E traz exemplo de medida de pre-
venção primária, que se caracteriza por ser voltada para as causas do cometimento do crime,
orientando-se pela neutralização do problema antes que ele se manifeste.
Letra d.

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050. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A modalidade preventiva


que cuida da diminuição das oportunidades que influenciam na vontade delitiva, dificultando a
prática do crime, é chamada de prevenção
a) geral.
b) qualitativa.
c) especial.
d) quantitativa.
e) situacional.

A prevenção situacional ou secundária coloca as oportunidades para o cometimento do crime


em primeiro plano. Atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além
dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Destina-se a neutralizar situações de risco.
Ela é uma prevenção de curto a médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que ofe-
recem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos
potenciais delinquentes e pelo modus operandi – local, horário, vítima.
Letra e.

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CRIMINOLOGIA
Prevenção Criminal
Mariana Barreiras

REFERÊNCIAS
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Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito
Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de
Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da
Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do
Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia
na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino. Foi membro de diversas
coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de
Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos
temas de Direito Penal e Criminologia.

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