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Criminologia e Justiça

Restaurativa

Aula 5 - Prevenção ao Delito

INTRODUÇÃO

Nesta aula, finalizando o estudo da Criminologia, faremos uma breve análise sobre a prevenção ao delito, verificando a
aplicação da pena como fonte geradora de correção do infrator.
Abordaremos, ainda, breve aspecto sobre a política pública de segurança que pode contribuir para a diminuição da
criminalidade. Por oportuno, serão destacados alguns conceitos sobre a classificação dos crimes.

OBJETIVOS

Analisar as medidas de prevenção ao delito, fazendo uma breve abordagem sobre a eficácia da aplicação da pena.

Compreender o conceito de política pública de segurança, e a classificação dos crimes.


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INTRODUÇÃO
A sociedade vive sob regras (legislação em geral) e para que elas sejam obedecidas é indispensável que venham com
previsão de dispositivo que obrigue o cidadão a cumpri-las, ou seja, uma pena com caráter intimidativo para que se
garanta a paz social.

A pena, no decorrer da história, sofreu inúmeras modificações tendo funções distintas em cada momento e
influenciado diretamente a sociedade.

Era Medieval
Inicialmente, a pena tinha o objetivo de punir o infrator por meio do sofrimento de seu corpo, pois quanto mais a punição se fazia
presente no físico, melhor seria a reação deste punido para não ter mais uma conduta criminosa.

As penas eram cruéis e o encarceramento servia apenas como um meio e não o fim da punição, servindo como custódia do réu
que esperava o momento da sua punição corporal ou sua execução. Nesta época, surge o castigo em que se adequava a
represália ao mal recebido, tendo como punição a vingança privada.

Como exemplo, temos a Lei de Talião que era a base do Código de Hamurabi. Essa lei consistia na justa reciprocidade do crime e
da pena, sendo frequentemente simbolizada pela expressão “Olho por olho, dente por dente”. Fazer justiça com as próprias mãos
(autotutela).

No período da Idade Média, a Igreja foi a grande responsável pelas inovações aos castigos dado infratores. A pena servia de
penitência.

Fim do séc. XVIII


Inicia-se o denominado Período Humanitário do Direito Penal, cujo objetivo era a reforma do sistema punitivo, afastando os
suplícios de sangue. Nesta época, como solução para resolver os problemas do controle da criminalidade e das condutas
desviantes, surge a pena de prisão.
A prisão passa a substituir as penas horrendas e cruéis, legitimando-se, em um primeiro momento, por estar protegendo a
dignidade da pessoa humana.

1988
No Brasil, com a promulgação da Constituição da República, as penas corporais dos tempos de outrora foram extintas, ou seja,
ficaram proibidos os castigos cruéis e a pena de morte, com uma única e rara exceção: a pena de morte em caso de guerra
declarada.

Conclusão
A pena, como meio repressivo do Estado, seja mediante a retirada da convivência social do delinquente, seja por meio da coação
para o não cometimento de novos delitos, deve ser aplicada de forma eficaz, buscando o verdadeiro sentido ressocializador.

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A PREVENÇÃO DO DELITO
Consiste no conjunto de ações destinadas a evitar sua prática. Qualquer estratégia de prevenção da criminalidade deve
considerar a existência de uma série de fatores que predispõem a ocorrência das ações delituosas.

A prevenção do delito pode ser realizada por distribuição de ações em algumas áreas específicas como família, escola,
trabalho, polícia, sistema prisional e saúde.

Mas, antes de tratarmos da prevenção ao delito, faz-se necessário que abordemos de forma sucinta dois modelos de
criminologia:

A Criminologia Clássica

Vigorou até o século XIX. Ela defendia a teoria de que o infrator era de responsabilidade
única e exclusiva do Estado. Nesta época, não se falava em política de prevenção do delito.
Quanto à eficácia da prevenção da pena, a prevenção está mais associada ao risco ou
probabilidade que o infrator corre de se descobrirem o delito do que do rigor e da severidade
do castigo. O infrator sofreria a punição imposta pelo o Estado.

Não há, nesse modelo, preocupação por parte do Estado nem da sociedade com a vítima ou
com os motivos que levaram o criminoso a cometer o delito.

Depois de cumprida a pena o indivíduo era liberado novamente na sociedade sem que
houvesse medidas que efetivamente recuperassem o infrator e que o impedissem de voltar
a cometer delitos após a sua libertação.

A Moderna Criminologia

Após a Segunda Guerra Mundial, surge a moderna criminologia que é inversamente à


clássica, estando intimamente ligada aos direitos humanos, passando a observar aspectos
não só referentes ao delinquente, mas também à vítima e ao meio social.

Esse modelo analisa o ato delitivo não apenas como um problema entre o criminoso e o
Estado, mas considera os mais variados fatores que convergiram e se interagiram no
cenário onde ocorreu o crime.

O crime passou a ser encarado como um problema interpessoal e comunitário em que


passou o Estado a se preocupar quanto ao dano causado à vítima, bem como quanto à
efetiva ressocialização do infrator e, consequentemente, surgindo a necessidade de prevenir
novos delitos.

Há três tipos de prevenção que podem produzir bons resultados em relação ao delito. Os
tipos podem ser utilizados conjunta ou isoladamente, dependendo do problema com o qual
se vai lidar, pois têm um objetivo em comum: evitar a reincidência. Vejamos:

Prevenção Primária

• Procura agir na raiz do conflito criminal para neutralizá-lo antes que o problema se
manifeste;
• Está voltada para a educação, a habitação, o trabalho, a inserção do homem no meio
social, a qualidade de vida (elemento essencial para a prevenção do crime);
• Esta fase é de total responsabilidade dos Governos e suas políticas de gestão.

São estratégias de políticas públicas, econômica, social e cultural, com objetivo primário de
oferecer qualidade de vida ao cidadão, e último seria dotar o cidadão de capacidade social
para superar eventuais conflitos de forma produtiva e positiva.

Prevenção Secundária

• Está voltada para as áreas onde o conflito criminal ocorre ou é gerado;


• Opera a curto e médio prazo e se orienta seletivamente a grupos concretos, ou seja, grupos
ou subgrupos que ostentam mais riscos de padecer ou protagonizar o problema criminal;
• Atua onde e quando o conflito acontece, nem antes nem depois.

Caracteriza-se pelas ações policiais, pelo controle dos meios de comunicação, da


implantação da ordem social e se destina a atuar sobre os grupos e subgrupos que
apresentam mais risco de protagonizarem algum problema criminal.
Prevenção Terciária

• Destina-se única e exclusivamente ao recluso, (população), o condenado;


• É a aplicação de reclusão sobre o indivíduo criminoso. Nesse caso, a ressocialização é
voltada apenas para o infrator, no ambiente prisional;
• Trabalha diretamente com o recluso, o condenado, e tem objetivo certo, o de evitar a
reincidência através de sua ressocialização e da reeducação.

Como a prevenção terciária só se dá depois do cometimento do crime, agindo só no


condenado, é insuficiente e parcial, pois não neutraliza as causas do problema criminal.

A plena determinação da população carcerária, assim como os altos índices de reincidência,


não compensam o déficit da prevenção terciária e suas carências.

A prevenção pode ser vista como a melhor estratégia no combate à criminalidade. É por
intermédio dela que se consegue, em princípio, distanciar e salvaguardar o indivíduo, não só
da autoria, mas também da vitimização advinda de práticas criminosas.

As práticas preventivas devem ser implementadas, prioritariamente, pelo poder público que,
como sujeito jurídico, é o principal responsável pela garantia do bem-estar do cidadão. Cabe-
lhe proporcionar aos cidadãos condições para uma vida digna e a fim de minimizar o medo
e a sensação de insegurança causados pelo aumento da violência e da criminalidade,
desenvolvendo políticas públicas imprescindíveis para o alcance de níveis satisfatórios de
segurança pública.

O poder público, no Brasil, já desenvolve diversas práticas preventivas que devem ser
ampliadas para garantir melhor proteção aos jovens, pois é nessa faixa etária que há
participação maior nos registros da violência.

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A POLÍTICA PÚBLICA DE SEGURANÇA

Tem o papel de solucionar determinados tipos de problemas enfrentados pela população e, por isso, cabe ao setor
público elaborar, planejar e executar ações necessárias ao enfrentamento à criminalidade.

Ressalta-se que a Polícia, o Ministério Público e o Judiciário devem agir de forma interativa, em prol da segurança
pública, prestando serviços de:

Atividade de segurança pública é uma visão sistêmica, focada na interação permanente entre os diversos órgãos
públicos.

A sociedade civil organizada, também, muitas vezes, é parceira do governo na busca de soluções dos fatores que
influenciam no aumento da violência, procurando amenizar os problemas sociais por meio de atividades de assistência
social junto às comunidades carentes.

Estimulam a criminalidade:
Fonte da Imagem:

o desemprego;

a miséria;

a falta de assistência social;

a desigualdade;

a corrupção política, entre outros.

Diminuem a criminalidade:

Fonte da Imagem:

a justiça social;

a garantia de trabalho, educação, saúde, democracia;

a igualdade de oportunidades;

e outros direitos sociais.


Para reduzir a violência e a criminalidade, não bastam as ações de endurecimento do controle do crime e da violência,
mas é preciso pôr ênfase nas ações preventivas, concebendo esse tipo de ação para além da esfera do Direito Penal.

No Brasil, sobretudo no final dos anos 1980, o problema da violência e criminalidade se agravou em razão do
surgimento de organizações criminosas, principalmente, o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro e o PCC em São
Paulo, elevando de forma bem acentuada os índices das taxas homicídio e roubo.

A explosão da violência, nas grandes metrópoles, fez com que a segurança pública passasse a ocupar
significativamente os debates públicos a respeito das medidas a serem tomadas ao combate da criminalidade.

As políticas de segurança pública devem considerar duas formas de lidar com o problema da violência e da
criminalidade:

Fonte da Imagem:

uma que passa pela aplicação da lei penal e que envolve as agências de controle: polícia, justiça criminal e
administração penitenciária;

e outra que não abrange a aplicação da lei penal.

Além do crescimento da criminalidade, verificou-se o aumento da sensação de insegurança. Diante desse quadro
começaram a surgir demandas por mais segurança e por mais repressão aos crimes.

Passaram a compor significativamente o discurso público sobre o tema:

aumento de penas;

redução da maioridade penal;


criminalização de um maior número de conduta;

uma polícia mais dura;

prisão sem direitos.

No entanto, ao mesmo tempo em que essas demandas foram surgindo, foi ficando claro que a simples repressão à
criminalidade e violência não era suficiente para lidar com a complexidade do problema.

Não foram suficientes para conter a criminalidade:

Fonte da Imagem:

o aumento de penas;

a restrição de benefícios para tipos específicos de crime;

o aumento do efetivo policial;

a construção de mais presídios.

Ao analisar o fenômeno da violência e da criminalidade, não basta o levantamento sobre as violações à lei, mas é
necessária uma análise de fatores culturais, sociais e políticos.
Aspectos que distinguem algumas perspectivas de políticas de segurança pública.

Pressuposto da ação social

Política repressiva: O criminoso é um ator racional, devendo assumir plena responsabilidade


por seus atos e responder perante o sistema de justiça criminal.

Política preventiva: O criminoso é vítima de condições sociais marcadas pela desigualdade,


injustiça e discriminação.

Hipótese criminológica

Política repressiva: Os níveis de criminalidade estão associados ao grau de eficiência do


sistema de justiça criminal.

Política preventiva: Os níveis de criminalidade estão associados aos níveis de desemprego,


à pobreza às crises econômicas.

Diretriz de política pública preponderante

Política repressiva: As medidas dissuasórias — aparelhamento da polícia, aperfeiçoamento


da máquina judicial, maior rigor na aplicação da pena, incremento do encarceramento —
devem ser o cerne da ação governamental.

Política preventiva: As medidas de inclusão social e humanitária — diminuição da


desigualdade social e do desemprego, incremento da participação comunitária, valorização
da educação, ênfase na ressocialização do criminoso — devem ser o cerne da ação
governamental.

A CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES


Pode ser:
Saiba Mais
, Exemplificaremos (galeria/aula5/docs/a05_09_01.pdf) com alguns crimes previstos no Código Penal.

ATIVIDADE
O que foi a época da Política Criminal?

Resposta Correta

EXERCÍCIOS
Questão 1: No que concerne à prevenção do delito, de acordo com o Código Penal Brasileiro, assinale a alternativa
correta.

A função da pena é unicamente repressiva, sendo irrelevante sua adequação em face do delinquente individualmente
considerado.

A função da prevenção especial da pena consiste, principalmente, na intimidação dos propensos a delinquir.
O legislador penal brasileiro adotou a teoria mista, também denominada eclética ou unitária da pena.

A função da prevenção geral da pena consiste, principalmente, em reeducação do condenado bem como em sua
ressocialização.
A função da pena é unicamente preventiva, sendo irrelevante sua adequação em face do delinquente individualmente
considerado.

Justificativa

Questão 2: Assinale a alternativa correta:

São considerados crimes próprios os delitos que podem ser realizados por qualquer pessoa, enquanto os crimes comuns
exige-se sujeito ativo especial ou qualificado.

São considerados crimes comuns os delitos que podem ser realizados por qualquer pessoa, enquanto os crimes próprios
exige-se sujeito ativo especial ou qualificado.

São considerados crimes comuns aqueles habitualmente realizados, enquanto os crimes próprios são os realizados com
menor frequência.
São considerados crimes próprios aqueles habitualmente realizados, enquanto os crimes comuns são os realizados com
menor frequência.

Nenhumas das alternativas acima.

Justificativa
Questão 3: Assinale a alternativa correta:

Crimes comissivos são os cometidos por intermédio de uma comissão.

Crimes comissivos são os cometidos por intermédio de uma omissão.

Crimes comissivos são os cometidos por intermédio de uma ação.


Nenhuma está correta.

Todas alternativas estão erradas.

Justificativa

Glossário

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