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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINARIA E ZOOTECNIA


CAMPUS DE BOTUCATU

RELAÇÃO LISINA DIGESTÍVEL: ENERGIA METABOLIZÁVEL EM


DIETAS PARA SUÍNOS DOS 50 AOS 100 KG DE PESO
CORPORAL

ÉRIKA ROSENDO DE SENA GANDRA

Tese apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Zootecnia como
parte das exigências para obtenção do
titulo de Doutor.

BOTUCATU - SP
Junho – 2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINARIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU

RELAÇÃO LISINA DIGESTÍVEL: ENERGIA METABOLIZÁVEL EM


DIETAS PARA SUÍNOS DOS 50 AOS 100 KG DE PESO
CORPORAL

ÉRIKA ROSENDO DE SENA GANDRA


Médica Veterinária

Orientador: Dirlei Antônio Berto


Co-Orientador: Messias Alves da
Trindade Neto

Tese apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Zootecnia como
parte das exigências para obtenção do
titulo de Doutor.

BOTUCATU - SP
Junho – 2012
iv

A DEUS, por tudo e sempre.

Ao meu querido avô Antônio que, apenas no fim de sua vida pude,
realmente, conhecer.

DEDICO.
v

À FMVZ / UNESP – Botucatu pela oportunidade dispensada;

Aos Professores Dirlei e Messias pela paciência, oportunidade e amizade;

À CAPES pela bolsa de estudos;

À FAPESP pelo financiamento do projeto;

À PEN AR LAN pelo auxílio à realização dos experimentos;

À AJINOMOTO pelas análises dos aminoácidos;

Ao meu querido e amado esposo Jefferson pela companhia e auxílio;

À minha pequena Julia, que ensolarou meus dias cinzentos;

Aos meus preciosos pais Rosmary e Luiz Carlos por serem meu porto
seguro;

À minha querida irmã Carla e meu cunhado João pela amizade e força;

Aos meus queridos sobrinhos Leleco e Guto pela alegria;

Aos meus queridos avós Elizabete, Pedro, Ana e Antônio (in memorian)
pela sabedoria;

AGRADEÇO.
vi

SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO I ............................................................................................................. 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................... 2
Lisina na nutrição de suínos ............................................................................... 2
Relação entre lisina e energia na nutrição de suínos .......................................... 5
Relação entre a nutrição e o potencial genético .................................................. 5
Efeito de sexo na nutrição de suínos ................................................................... 7
Efeito de estresse imunológico na nutrição de suínos ........................................ 8
Qualidade de carcaça e de carne de suínos ......................................................... 12
Referências .............................................................................................................. 14
CAPÍTULO II ............................................................................................................ 21
Relação entre lisina digestível e energia metabolizável em dietas de suínos dos
50 aos 70 kg ............................................................................................................. 22
Resumo ............................................................................................................... 22
Introdução ........................................................................................................... 23
Material e Métodos ............................................................................................. 23
Resultados ........................................................................................................... 28
Discussão ............................................................................................................ 36
Conclusão ........................................................................................................... 39
Referências ......................................................................................................... 39
CAPÍTULO III ........................................................................................................... 42
Relação entre lisina digestível e energia metabolizável em dietas de suínos dos
70 aos 100 kg ........................................................................................................... 43
Resumo ............................................................................................................... 43
Introdução ........................................................................................................... 44
Material e Métodos ............................................................................................. 45
Resultados ........................................................................................................... 49
Discussão ............................................................................................................ 58
Conclusão ........................................................................................................... 62
Referências ......................................................................................................... 62
CAPÍTULO IV .......................................................................................................... 66
IMPLICAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 67
vii

LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO II Página
Tabela 1. Composição calculada das dietas experimentais para suínos dos 50
aos 70 kg de peso corporal .................................................................................... 25
Tabela 2. Desempenho de fêmeas suínas segundo os níveis nutricionais de
lisina digestível (g/kg) ........................................................................................... 29
Tabela 3. Espessura de toucinho e área de olho de lombo colhidas por meio de
ultrasson em fêmeas com peso médio de 72,82 kg ............................................... 30
Tabela 4. Leucograma de fêmeas suínas (em valores absolutos por microlitros
±desvio padrão) ao final do experimento (123 dias de idade) segundo os níveis
nutricionais de lisina digestível (g/kg) .................................................................. 31
Tabela 5. Desempenho de suínos machos castrados segundo os níveis
nutricionais de lisina digestível (g/kg) .................................................................. 32
Tabela 6. Espessura de toucinho e área de olho de lombo colhidas por meio de
ultrasson em machos castrados com peso médio de 75,16 kg .............................. 33
Tabela 7. Leucograma de suínos machos castrados (em valores absolutos por
microlitros±desvio padrão) ao final do experimento (123 dias de idade)
segundo os níveis nutricionais de lisina digestível (g/kg) ..................................... 34
Tabela 8. Digestibilidade aparente, nitrogênio absorvido, nitrogênio retido,
energia digestível e energia metabolizável determinados em suínos machos
castrados e fêmeas, com peso médio de 53,50 kg, segundo os níveis
nutricionais de lisina digestível (g/kg) .................................................................. 35
CAPÍTULO III
Tabela 1. Composição calculada das dietas experimentais para suínos dos 70
aos 100 kg de peso corporal .................................................................................. 46
Tabela 2. Desempenho de fêmeas suínas segundo os níveis nutricionais de
lisina digestível (g/kg) ........................................................................................... 50
Tabela 3. Ultrassonografia e características de carcaça de fêmeas suínas,
abatidas com peso médio de 103 kg, segundo os níveis nutricionais de lisina
digestível (g/kg) .................................................................................................... 51
Tabela 4. Leucograma de fêmeas suínas (em valores absolutos por microlitros
±desvio padrão) ao final do experimento (148 dias de idade) segundo os níveis
nutricionais de lisina digestível (g/kg) .................................................................. 53
Tabela 5. Desempenho de suínos machos castrados segundo os níveis
nutricionais de lisina digestível (g/kg) .................................................................. 54
Tabela 6. Ultrassonografia e características de carcaça de machos castrados,
abatidos com peso médio de 107 kg, segundo os níveis nutricionais de lisina
digestível (g/kg) .................................................................................................... 55
Tabela 7. Leucograma de suínos machos castrados (em valores absolutos por
microlitros±desvio padrão) ao final do experimento (148 dias de idade)
segundo os níveis nutricionais de lisina digestível (g/kg) ..................................... 57
Tabela 8. Digestibilidade aparente, nitrogênio absorvido, nitrogênio retido,
energia digestível e energia metabolizável determinados em suínos machos
castrados e fêmeas, com peso médio de 83,16 kg, segundo os níveis
nutricionais de lisina digestível (g/kg) .................................................................. 58
1

CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na tentativa de satisfazer a crescente demanda do consumidor por produtos


mais saudáveis, atualmente é grande a preocupação com a qualidade de carcaça dos
suínos. Além disso, os abatedouros tendem a remunerar melhor carcaças com boa
avaliação, com maior proporção de carne (AMARAL et al., 2009). A qualidade das
carcaças dos suínos abatidos tem melhorado muito nas últimas décadas e pesquisa de
Fávero e Bellaver (2000) confirma isso. Segundo estes autores o percentual médio de
carne magra em carcaças de suínos com peso médio de 75,0 kg, abatidos em frigoríficos
de Santa Catarina tem aumentado, de forma que na década de 80, essa porcentagem era
de aproximadamente 47%; em 1999 a proporção estava entre 52,5 e 56,6%. Atualmente,
de acordo com dados demonstrados por Silva et al. (2011), este valor está em torno de
62%.
Diversos autores têm sugerido que as demandas nutricionais e/ou as
formulações de dietas devem ser revistas periodicamente para evitar níveis acima ou
abaixo dos exigidos, já que os déficits ou excessos produzem respostas econômicas e
ambientais negativas, refletindo em altos custos de produção.

Lisina na nutrição de suínos


Desde a década de 50 reconhece-se que a necessidade nutricional de proteína é
a combinação de demandas dos diferentes aminoácidos. Como os animais não podem
sintetizar todos os aminoácidos, ou pelo menos não na velocidade necessária para cobrir
suas necessidades fisiológicas, foram propostos os conceitos de aminoácidos essenciais,
aminoácidos limitantes e desequilíbrio de aminoácidos. Quando as proporções são
respeitadas e não há excessos, os aminoácidos podem ser depositados como proteína,
representada pela síntese e acúmulo de carne magra, desenvolvimento fetal e presença
de aminoácidos no leite (FULLER; WANG, 1990; WHITTEMORE, 1993).
Durante o período pós-natal do animal, o crescimento muscular esquelético
ocorre somente por hipertrofia, principalmente por meio da fusão das células satélites à
célula muscular (SAMUELSON, 2007; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008). O aumento
no tamanho da fibra muscular está limitado por fatores genéticos, ambientais e
nutricionais (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008), determinando a capacidade do suíno
3

sintetizar proteínas para este fim e a taxa de crescimento muscular depende da relação
entre o anabolismo e o catabolismo proteico (GONZALEZ; SILVA, 2006).
O NRC (1998) propôs o nível de 0,89%, para suínos na fase de crescimento,
enquanto Rostagno et al. (2005) propuseram para machos castrados e fêmeas dos 50 aos
70 kg de peso, 0,95% e 1,04% de lisina digestível, respectivamente; para machos
castrados e fêmeas dos 70 aos 100 kg de peso, 0,81% e 0,86% de lisina digestível,
respectivamente. Já a tabela mais atual de exigências nutricionais para suínos, Rostagno
et al. (2011), recomendaram 0,88% e 0,94% de lisina digestível para machos castrados e
fêmeas dos 50 aos 70 kg de peso, respectivamente; para machos castrados e fêmeas dos
70 aos 100 kg de peso as recomendações foram de 0,83% e 0,82% de lisina digestível,
respectivamente.
Nas atuais revisões de exigências nutricionais dos suínos, devem ser
consideradas todas as condições impostas pelo melhoramento genético e pelo ambiente.
Na contínua revisão nutricional, estudos apontam para alguns níveis de nutrientes
superiores aos propostos nas principais tabelas, com pequenas diferenças nas relações
de alguns aminoácidos com a lisina. Pode-se citar como exemplo os trabalhos de
Oliveira et al. (2006) e Zangeronimo et al. (2009) que encontraram os níveis de 1,02% e
1,10% de lisina digestível, respectivamente, como recomendação para melhor
desempenho de machos castrados na fase de crescimento; bem como os de Fontes et al.
(2000 e 2005), que recomendaram os níveis de 1,00% e 0,93% de lisina digestível para
melhor desempenho de fêmeas suínas na fase de crescimento.
A capacidade de deposição proteica ou acúmulo de tecido magro dos suínos em
crescimento depende do atendimento das exigências de aminoácidos, especialmente de
lisina. Outra imprescindível consideração quanto à deposição de massa muscular é o
correspondente aporte da energia dietética (URYNEK; BURACZEWSKA, 2003).
Mudanças na concentração dietética de lisina devem ser acompanhadas por
alterações nas proporções dos demais aminoácidos essenciais, pois o balanço ideal com
a lisina evita possíveis variações nas respostas dos animais. Fontes et al. (2000, 2005),
em dois ensaios em que avaliaram as exigências nutricionais de lisina de leitoas dos 30
aos 60 kg, demonstraram a importância do ajuste dos demais aminoácidos essenciais,
conforme a concentração de lisina da dieta. Segundo Firman e Boling (1998), se a
exigência de lisina variar em função do genótipo ou peso vivo, o padrão dos demais
4

aminoácidos altera-se proporcionalmente, mantendo-se a relação constante com esse


aminoácido referência.
O desequilíbrio de aminoácidos pode reduzir o desempenho dos animais e a
ingestão desproporcional dos aminoácidos aumenta a excreção de nitrogênio. Pode
ainda, desencadear antagonismos como: arginina e lisina; leucina, isoleucina e valina,
conforme revisão de Lewis (2001). No entanto, os suínos são relativamente tolerantes às
pequenas variações no balanço de aminoácidos e, deficiências ou excessos marginais de
lisina durante a fase de crescimento, não afetam o desempenho ou as características de
carcaça (CHIBA, 1994).
O uso dos aminoácidos nos sítios celulares de síntese proteica é o que
determina a exigência desses nutrientes e, em cada fase da vida produtiva do animal, o
uso de aminoácidos está relacionado à velocidade com que são absorvidos durante o
processo de digestão dos alimentos.
Webb (1990) informou, em revisão, que aminoácidos na forma de di e tri-
peptídeo apresentam maiores taxas de absorção, pois seus sítios absortivos se diferem
em característica e número dos que transportam os aminoácidos livres, podendo
prejudicar a absorção intestinal caso os aminoácidos livres sejam adicionados em
grandes quantidades. A competição pelos sítios de absorção promovida pelos
aminoácidos na forma livre pode fazer com que outros aminoácidos essenciais se
tornem limitantes, mesmo presentes em quantidades adequadas na dieta (DE LA
LLATA et al., 2002). Existe, portanto, relação ideal entre a proteína bruta e níveis de
inclusão de aminoácidos na dieta. Oliveira et al. (2006) e Zangeronimo (2006) ao
avaliarem rações formuladas com base na proteína ideal observaram proporção fixa
entre os aminoácidos essenciais e totais. Segundo os autores, quanto mais se respeitar
essa relação, maior será o aproveitamento dos aminoácidos e menor será o desperdício
nutricional na síntese proteica.
Outro ponto importante é que o perfil de aminoácidos pode ser alterado em
função da fase de desenvolvimento dos animais. Essa alteração se deve especialmente à
diferença existente entre as necessidades dos aminoácidos para mantença e biossíntese
de tecido magro. Metionina + cistina e treonina, por exemplo, são exigidos em maior
quantidade na mantença em relação à síntese de proteína, sendo o inverso com a leucina
e valina (NRC, 1998). Assim, com o crescimento, os animais vão aumentando as
5

necessidades de mantença, refletindo em aumento das exigências de metionina e


treonina, em relação à lisina (BETERCHINI, 2006).

Relação entre lisina e energia na nutrição de suínos


O progresso no melhoramento genético do suíno tem resultado no aumento da
taxa de deposição proteica exigindo modificações dietéticas na relação proteína e
energia. Como os monogástricos consomem ração para satisfazer primariamente as
necessidades energéticas (BIKKER et al., 1994) é desejável, portanto, que na
formulação de rações as exigências nutricionais, especialmente a proteica, sejam
expressas em relação ao conteúdo energético das dietas (RESENDE et al., 2006).
Além disso, os estudos devem focar o nível energético das dietas nas mesmas
especificidades necessárias às exigências dos aminoácidos, nos diferentes estágios de
desenvolvimento do suíno, já que na fase de crescimento o ganho de peso corporal pode
variar com a deposição de gordura e de proteína. Para depositar um grama de tecido
proteico seria necessário 1,12 kcal, enquanto para a mesma quantidade de tecido
adiposo, seriam 7,83 kcal (EWAN, 2001).
Para que ocorra deposição de tecido adiposo, portanto, há maior exigência de
energia que para a deposição de igual quantidade de tecido magro. Com isso, faz-se
necessário o conhecimento da interação de aminoácido e energia, bem como a melhor
relação entre ambos, sobretudo quando se adota o conceito de relação ideal entre os
aminoácidos, considerados essenciais e limitantes no desenvolvimento dos suínos
criados sob altas tecnologias e diferentes graus de desafio sanitário.
Segundo Le Bellego e Noblet (2002), é de se esperar que exista relação ideal
entre energia e lisina na dieta, para que haja adequado aproveitamento energético e
máxima absorção de aminoácidos pelo trato gastrintestinal. Por isso, vários estudos têm
enfatizado a relação entre níveis de lisina e energia (NAM; AHERNE, 1994; VAN
LUNEN; COLE, 1998; SMITH et al., 1999; ROTH et al., 2000), além de que a
exigência de lisina tem sido estabelecida em função da concentração de energia
(MARTINEZ; KNABE, 1990).

Relação entre a nutrição e o potencial genético


Suínos com alta taxa de ganho proteico exigem maior aporte de aminoácidos
na dieta, principalmente lisina, para que possam manifestar seu potencial genético.
6

Levando-se em consideração a variedade de linhagens de suínos, espera-se que a


exigência de lisina varie. Contudo, as tabelas de exigências nutricionais disponíveis não
fazem distinção entre as genéticas e apresentam valores médios de exigências
nutricionais. Segundo Pupa et al. (2001), linhagens com alta capacidade para síntese de
tecido magro demandam mais lisina disponível por kcal de energia digestível que
linhagens de menor capacidade de deposição de tecido magro. O genótipo não afeta
apenas a capacidade de deposição de tecido magro, mas também a eficiência com que
ocorre a deposição proteica (NOGUEIRA et al., 2001).
Suínos de diferentes genótipos, segundo Lange e Coudenys (1996), podem
responder diferentemente à ingestão de energia e à deposição de proteína. Considerável
variação na partição dos nutrientes entre os diferentes genótipos pode estabelecer
diferentes exigências para deposição lipídica e deposição proteica (URYNEK;
BURACZEWSKA, 2003).
Mudanças nas exigências de mantença e no consumo de alimento têm sido
observadas em diferentes genótipos suínos (LAWRENCE; FOWLER, 1997). Segundo
os autores, animais geneticamente melhorados para produção de carne magra são menos
eficientes na utilização de nutrientes para mantença. Lange e Coudenys (1996)
destacaram que os cinco principais determinantes do processo de partição de nutrientes
são: a relação entre ingestão de energia e deposição de proteína corporal; as exigências
de mantença; a maior exigência nutricional para deposição de proteína corporal; a
capacidade de ingestão de alimento, e a relação entre composição química corporal e
características físicas corporais. Ressaltaram que a interação entre genótipo e o processo
de partição de nutrientes deve ser considerada, visando o desenvolvimento de
programas alimentares para populações específicas de suínos.
A introdução de diferentes linhagens genéticas no mercado gera preocupação
quanto à formulação de rações (STAHLEY, 1993; AROUCA et al., 2007), já que dados
da literatura indicam que as exigências nutricionais não são as mesmas para suínos de
diferentes genótipos, mesmo sendo selecionados para deposição de carne magra na
carcaça.
Gasparotto et al. (2001) trabalharam com dois grupos genéticos de machos
castrados e observaram que a exigência de lisina total para o grupo genético melhorado
(24 a 45 kg de peso vivo) foi 1,00%, enquanto para o grupo genético comum (20 a 50
7

kg de peso vivo) foi 0,75%; ou seja, 25% maior para o grupo melhorado, comparado ao
grupo genético considerado comum. Moreira et al. (2004) em estudo semelhante,
também estudaram dois grupos genéticos e sugeriram 0,75% de lisina total para ambos
os grupos, durante a fase de crescimento.
De acordo com Susenbeth (1995), há necessidade de novas pesquisas que
considerem o material genético nos estudos de exigências nutricionais, devido ao
contínuo progresso da seleção genética. No mesmo sentido, Van Lunen e Cole (1998)
indicaram a necessidade periódica da revisão dos níveis de exigências, com ênfase na
curva de crescimento e na interdependência das curvas de deposição de proteína e de
gordura corporal para suínos a partir da fase inicial até os 150 kg de peso vivo.

Efeito de sexo na nutrição de suínos


Na suinocultura devem ser considerados três grupos: machos inteiros, fêmeas e
machos castrados. Os efeitos de sexo, porém, não são evidenciados nas primeiras fases
de desenvolvimento, mas sim a partir de aproximadamente 30 kg de peso vivo,
perdurando durante as fases de crescimento e de terminação. Machos inteiros
apresentam maior taxa de deposição de proteína que as fêmeas, as quais, por sua vez,
são superiores aos machos castrados. Logo, os machos inteiros e as fêmeas,
normalmente, são mais exigentes nutricionalmente que os machos castrados, devido a
este último grupo de animais possuírem menor capacidade de incorporar aminoácidos
aos tecidos musculares, em virtude da ausência de hormônios sexuais (EKSTROM,
1991; NOGUEIRA et al., 2001). Bellaver e Viola (1997) afirmaram que apesar dos
machos castrados ganharem peso mais rápido e apresentarem maior consumo que as
fêmeas, estas apresentaram melhor conversão alimentar, menor deposição de gordura e
maior porcentagem de músculo na carcaça, o que refletiu na exigência de maior
concentração de aminoácidos na ração.
A sequência da taxa de deposição proteica, em relação ao sexo, é um fator
bastante considerado em outros países quando da elaboração de dietas e otimização da
nutrição de suínos em crescimento e terminação (CROMWELL et al., 1993;
BATTERHAM, 1994; QUINIOU et al., 1996; WEBB, 2003; ABREU et al., 2004).
Trindade Neto et al. (2005), ao avaliarem níveis de energia metabolizável e de
lisina digestível para suínos de linhagem específica, na fase de crescimento criados em
8

condições de isolamento sanitário verificaram, pelos resultados de desempenho, que as


marrãs apresentaram maior eficiência no uso dos nutrientes em comparação aos machos
castrados. Williams et al. (1994) concluíram que machos inteiros exigiram 0,15 a 0,25%
mais lisina dietética que suínos machos castrados de peso semelhante, quando
consideraram a eficiência alimentar e retenção de nitrogênio.
Moretto et al. (2000) em estudo com animais da raça Landrace não verificaram
diferenças no consumo de ração médio diário das fêmeas, em relação aos machos
inteiros. Porém, observaram aumento linear ganho de peso médio diário, consumo de
lisina médio diário e taxa de deposição de proteína na carcaça em machos inteiros,
conforme aumento dos níveis de lisina dietética. O melhor valor de conversão alimentar
foi obtido com 1,08% de lisina para fêmeas e machos inteiros.
Fontes et al. (2000), em experimento com leitoas mestiças de 30 a 60 kg
selecionadas para deposição de carne magra na carcaça, concluíram que o máximo
ganho de peso foi obtido com o nível de 1,10% de lisina digestível.
As divergências entre as exigências nutricionais, apresentadas pelos animais de
diferentes sexos, existem e ocorrem devido à disparidade entre as taxas de crescimento e
eficiência alimentar (HILL et al., 2007).

Efeito de estresse imunológico na nutrição de suínos


Outro complexo fator a se considerar no que se refere às exigências
nutricionais são os componentes do ambiente de criação e a resposta do sistema imune,
mais especificamente, as fontes de estresse, a variação dos leucócitos e dos
sinalizadores de processo inflamatório. Segundo Salak-Johnson e McGlone (2007), o
estresse pode ser entendido como reação do animal a estímulos de origem física (frio ou
calor), social (alteração da hierarquia social dentro do grupo de animais) e/ou
microbiológica (bactérias, vírus e parasitas) e pode estimular maior síntese e secreção
de esteroides e corticosteroides, deprimindo o sistema imune, o que torna o animal mais
susceptível a doenças. De acordo com Williams et al. (1997a,b,c), há indicações de que
alterações ambientais, como alto ou baixo desafio sanitário, alteram respostas imunes e
as exigências nutricionais do suíno.
Em condições de desafio sanitário, as mudanças metabólicas envolvem
alterações no metabolismo basal com aumento do uso de energia e consequente
9

diminuição da taxa de crescimento de tecidos e de síntese de proteína corporal. Em caso


extremo, o animal reduz a ingestão de alimento e, num mecanismo emergencial para
manutenção da homeostase, ocorrerá degradação de proteína corporal. Portanto, o
aumento na necessidade proteica se deve às altas taxas metabólicas, produção de
proteínas de fase aguda e síntese de anticorpos, aumento de glicocorticoides e linfócitos,
com diminuição das taxas de retenção proteica pelos músculos (KLASING et al., 1987;
NOGUEIRA et al., 2001).
Sob alto desafio sanitário, suínos expostos a antígenos causadores de doença,
clínica ou não, podem demandar produção de anticorpos e liberação de substâncias
ativadoras do sistema imunológico. A citocina, uma das substâncias liberadas nessas
condições, causa alterações no metabolismo da proteína muscular e tem ação inibitória
de hormônios anabólicos, com efeitos negativos no processo de síntese proteica e
acúmulo de massa muscular esquelética do suíno durante o crescimento (WILLIAMS et
al., 1997a,b).
Williams et al. (1997a) observaram que leitões entre 6 e 27 kg de peso vivo
apresentaram maiores teores de proteína e água, e menor teor de gordura corporal,
comparados àqueles com maior titulação para anticorpos de quatro dos principais
agentes infecciosos encontrados em criações confinadas. Ainda, o suíno livre dos
principais patógenos pode apresentar maior eficiência na taxa diária de deposição
proteica (WILLIAMS et al., 1997a,b), porém, em condições adversas, pode perder até
40% em eficiência de ganho muscular, com redução de até 20% no rendimento de
carcaça (TRINDADE NETO et al., 2008).
Ainda não está bem estabelecido que inflamação e ativação do sistema imune
são associados a mudanças metabólicas e alterações na utilização de nutrientes. Sabe-se
que nem sempre há sinais clínicos de doenças, quando os animais estão expostos aos
antígenos presentes no ambiente. Pode haver, entretanto, indícios de redução do apetite
e do crescimento, quando esses animais são comparados a animais livres de agentes
patogênicos. Essa observação sugere modificação no metabolismo de nitrogênio e
aminoácidos em mamíferos, quando estes são redistribuídos nos processos de
crescimento, de produção de leite, produção de tecidos e de células envolvidas nas
respostas inflamatórias e imunes (LE FLOC´H et al., 2004).
10

Os aminoácidos provenientes da dieta ou do catabolismo da proteína muscular


são usados pelo fígado para gliconeogênese e síntese de proteína de fase aguda. As
células imunológicas utilizam esse produto metabólico para síntese de imunoglobulinas,
para sustentar a produção de novas células e, finalmente, para síntese de outros
componentes utilizados pelo organismo para sua defesa. Portanto, as mudanças no
metabolismo aminoacídico, induzidas pelas respostas imunológica e inflamatória podem
gerar exigências específicas (LE FLOC´H et al., 2004).
O estudo da fração branca do sangue (leucócitos) indica a exposição dos
animais a patógenos, sendo que maiores proporções de leucócitos circulantes sugerem
maior ativação do sistema imune.
Os leucócitos (as unidades móveis do sistema de proteção do organismo) são
transportados pelo sangue após sua formação, chegando a diferentes partes do corpo,
onde serão utilizados para fins de defesa rápida e potente nas áreas de inflamação e
infecção grave (TIZARD, 2002; GUYTON; HALL, 2006).
No sangue encontram-se seis tipos de glóbulos brancos: os neutrófilos, os
eosinófilos, os basófilos, os monócitos, os linfócitos e, ocasionalmente, os plasmócitos.
Os neutrófilos, células maduras, são capazes de combater agentes infecciosos presentes
no sangue. Os monócitos, quando ativados, transformam-se nos macrófagos que, junto
aos neutrófilos desempenham, sobretudo, a fagocitose (TIZARD, 2002; GUYTON;
HALL, 2006).
Os eosinófilos são fagócitos fracos, mas possuem importante papel na detecção
e no combate de parasitas, além de se acumularem nos tecidos onde ocorreram reações
alérgicas. Os linfócitos tipos T e B fazem parte da imunidade adquirida e promovem a
imunidade celular e humoral. Por último os plasmócitos, originados da diferenciação
dos linfócitos B, são específicos para um dado antígeno e, quando maduros, produzem
gamaglobulina em alta velocidade.
Por conseguinte, nos mecanismos de defesa do organismo animal, a relação
entre neutrófilos e linfócitos indica a ocorrência de ativação do sistema imune inato
(maior proporção de neutrófilos) ou adquirido (maior proporção de linfócitos).
Segundo Carroll e Forsberg (2007), todos os processos fisiológicos no
organismo, incluindo o sistema imune e produção das células que o compõem (dentre
elas os leucócitos), são influenciados pela disponibilidade de nutrientes, ou falta deles.
11

Ainda segundo estes autores, por mais de três décadas cientistas têm investigado o uso
de várias estratégias nutricionais, nas mais diversas formas de criação dos animais de
produção. Em adição, a forma e a concentração de vitaminas, minerais, lipídeos,
proteínas e aminoácidos suplementados nas dietas destes animais tem sido
extensivamente avaliadas como potenciais impactantes no sistema imune.
Jianwen et al. (2007) em revisão, concluíram que os suínos criados em
condições comerciais são capazes de atingir 70% ou menos do seu potencial genético
para eficiência e crescimento, o que se deve, principalmente, à constante estimulação
imunológica que estes animais sofrem devido o desafio sanitário e estresse. Ainda, estes
pesquisadores ao compararem o padrão da relação de aminoácido ideal entre um grupo
controle (suínos criados separadamente do sistema de produção) e outro que sofreu
estresse imunológico, concluíram que havia diferença na relação dos demais
aminoácidos com a lisina. Neste caso, para os aminoácidos lisina, metionina, treonina e
triptofano digestíveis, a relação foi 100:27:29:59 nos animais estressados
imunologicamente e 100:30:21:61 no grupo controle. Wu (2009) afirmou que a treonina
está envolvida na síntese de mucina, necessária para manutenção da função e
integridade intestinal; função imune; fosforilação e glicosilação proteica; síntese de
glicina. Portanto, isso explica porque os animais submetidos a estresse imunológico
necessitam de maior proporção de treonina.
Pesquisas recentes têm demonstrado que adipócitos e fibras musculares
também participam da imunidade inata. Tal evidência foi observada inicialmente em
drosófilas, nas quais a gordura presente no corpo protege contra a invasão de bactérias e
fungos (LECLERC; REICHHART, 2004). Nestas células, os receptores Toll são
responsáveis pelo reconhecimento dos patógenos e pela iniciação da resposta secretora.
Homólogos mamíferos dos receptores Toll, conhecidos como “Toll like receptors”,
também são fundamentais para o reconhecimento de patógenos e início da resposta
imune inata (ROCK et al., 1998). O papel de tais células não é apenas moduladora, mas
também reguladora do sistema imune. Por isso, a caracterização das proteínas de dupla
aptidão presentes nestas células deve ser feita para melhorar a capacidade de apoiar o
crescimento e a eficiência da produção de carne pelo animal (GABLER; SPURLOCK,
2008).
Com base nos fundamentos apresentados quanto à ativação do sistema imune e
12

nos estudos de vários autores citados (KLASING et al., 1987; WILLIAMS et al.,
1997a,b,c; NOGUEIRA et al., 2001; LE FLOC´H et al., 2004; CARROLL;
FORSBERG, 2007; JIANWEN et al. 2007; SALAK-JOHNSON; MCGLONE, 2007;
GABLER; SPURLOCK, 2008; TRINDADE NETO et al., 2008), as condições
higiênicas do ambiente de criação podem influenciar o estado imunológico do suíno,
interferindo na deposição proteica durante o crescimento.

Qualidade de carcaça e de carne de suínos


As principais características de interesse na qualidade de carne são as variáveis
sensoriais (aparência, cor, sabor, textura e suculência), a capacidade de retenção de
água, o conteúdo e a composição de gordura, a estabilidade oxidativa e a uniformidade
(ROSENVOLD; ANDERSEN, 2003). A qualidade tecnológica consiste em propriedade
complexa e multivariável da carne, influenciada por diversos fatores, que incluem raça,
genótipo, alimentação, manejo pré-abate, insensibilização, método de abate,
resfriamento e condições de estocagem (ROSENVOLD; ANDERSEN, 2003;
BONNEAU; LEBRET, 2010). A composição e o conteúdo de gordura da carcaça,
uniformidade e estabilidade oxidativa são atributos de qualidade afetados,
principalmente, pelo genótipo e pelo programa alimentar a que os animais são
submetidos, enquanto que a capacidade de retenção de água e a cor são afetados por
quase todos os fatores mencionados (ROSENVOLD; ANDERSEN, 2003).
Anomalias que podem ser observadas na carne suína, PSE (pálida, flácida e
exsudativa) e DFD (escura, firme e ressecada na superfície) são sempre causadas pelo
estresse que, em geral, estão associadas a uma condição genética que determina o PSS
(síndrome da sensibilidade ao estresse) (SILVEIRA, 1997). Entretanto, além dos fatores
genéticos, as condições ambientais ante e post mortem podem influenciar a qualidade da
carne.
A quantidade proporcional de carne ou músculo presente na carcaça é o que
ditará sua composição. Diferentes graus de musculatura e de gordura (refletindo as
variações na proporção osso/músculo) são os fatores primários associados à composição
da carcaça. O ideal é que esta composição contemple maior proporção de músculo, com
menores proporções de gordura, ossos e pele, sem prejudicar a qualidade da carne e os
fatores de produção animal (ANGERAMI, 2004).
13

O suíno possui uma propriedade bastante peculiar de depositar cerca de 70% da


gordura corporal no tecido subcutâneo, chamado de toucinho. Apenas 20 a 22% da
gordura encontram-se no meio intermuscular e intramuscular, o que contribui com o
sabor e a maciez da carne. A quantidade de gordura, portanto, dependerá do corte
cárneo ou da forma pela qual a carne é processada, no caso de embutidos. Em relação a
gordura intramuscular, especificamente, com boa manipulação da carne e retirada de
todas as aparas que envolvem o músculo, o teor de gordura assemelha-se ao da carne de
frango, que é de 1,1 a 2,4% (ROPPA, 1999). Em compensação, deve-se tomar cuidado
para que a gordura intramuscular não seja reduzida a níveis inferiores a 2%, pois ocorre
comprometimento do sabor, do aroma e da suculência, que são características
favoráveis do ponto de vista sensorial (CAMERON et al., 2000) e esta redução pode ser
obtida, dependendo dos níveis de lisina fornecidos na dieta (BIDNER et al., 2004).
Segundo Bidner et al. (2004), a redução dos níveis de lisina na dieta podem
reduzir o peso ao abate, o rendimento de carcaça, a área de olho de lombo e aumentar a
espessura de toucinho e o pH da carcaça. Esta última característica também foi
observada por Goodband et al. (1993). Bidner et al. (2004) também observaram
diferenças visuais de cor, firmeza, marmoreio e perda por gotejamento, de acordo com o
tratamento dietético de lisina, sendo encontrado maior onda L* em animais que
ingeriram dieta com baixo teor de lisina.
Marinho et al. (2007) estudaram dois níveis de ractopamina e dois de lisina
(0,67 e 0.87%) e concluíram que os níveis de lisina não influenciaram o desempenho
dos animais, mas reduziram a espessura de toucinho nos pontos P1 e P2 e aumentaram a
taxa de deposição de carne magra diária na carcaça dos suínos alimentados com dietas
contendo 0,87% de lisina digestível quando avaliadas in vivo. Em experimento
semelhante, Pereira et al. (2008) concluíram que, com o aumento do nível de lisina, o
ganho de peso e o peso corporal aumentaram. Porém, não foram observados efeitos na
espessura de toucinho, profundidade de lombo e rendimento de carne magra da carcaça,
avaliados in vivo.
Assim, as características de carcaça e de carne podem ser alteradas pelo nível
de lisina na dieta e, geralmente, o nível ideal para melhor desempenho dos animais é
diferente do nível indicado para melhor qualidade de carcaça e de carne.
14

Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a melhor relação entre


níveis de lisina digestível e energia metabolizável para suínos machos castrados e
fêmeas, dos 50 aos 100 kg de peso vivo, considerando os parâmetros de desempenho,
digestibilidade, número de leucócitos e características de carcaça.
Esta tese foi redigida seguindo-se as normas para elaboração de teses da
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, editada em capítulos e com
os capítulos 2 e 3 formatados como artigos científicos adaptandos às normas do
periódico “Animal Feed Science and Technology”.

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21

CAPÍTULO II

RELAÇÃO ENTRE LISINA DIGESTÍVEL E ENERGIA METABOLIZÁVEL


EM DIETAS DE SUÍNOS DOS 50 AOS 70 KG
22

Relação entre lisina digestível e energia metabolizável em dietas de suínos dos 50


aos 70 kg

Resumo: Objetivou-se estimar o melhor nível de lisina digestível e sua relação com a
energia metabolizável em dietas de suínos dos 50 aos 70 kg de peso vivo. Para tanto,
foram realizados dois ensaios de desempenho, um com 72 machos castrados e outro
com 72 fêmeas, com pesos médios iniciais de 49,75±0,41 kg e de 46,05±0,38 kg,
respectivamente. O delineamento experimental usado nestes experimentos foi em
blocos ao acaso com seis tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade
experimental (baia). No final dos experimentos mediu-se área de olho de lombo e
espessura de toucinho na 10ª costela, por meio de ultrassonografia, em todos os animais.
Também colheu-se sangue para leucograma de quatro animais dentro de cada
tratamento, de forma aleatória, totalizando 24 machos castrados e 24 fêmeas,
considerando delineamento inteiramente ao acaso, com quatro repetições por sexo e o
animal era a unidade experimental. Os tratamentos foram 7,00; 8,00; 9,00; 10,00; 11,00
e 12,00 g de lisina digestível/kg de ração que continham 14,25 MJ de energia
metabolizável/kg de ração e, em média, 160,92 g de proteína bruta/kg de ração.
Realizou-se também um ensaio de digestibilidade e metabolismo, com 12 machos
castrados e 12 fêmeas, em que foram avaliadas quatro dietas (7,00; 9,00; 10,00 e 12,00
g de lisina digestível/kg de ração), com três repetições e um animal por unidade
experimental (gaiola). No ensaio de desempenho das fêmeas observou-se aumento
linear na conversão alimentar, no consumo de proteína bruta (g/dia) e na eficiência de
proteína bruta no período experimental de 0 a 16 dias. No período experimental de 0 a
32 dias observou-se aumento linear no consumo de proteína bruta (g/dia) e na eficiência
de proteína bruta, bem como efeito quadrático no ganho de peso relativo (%) e na
conversão alimentar. O ultrasson das fêmeas revelou aumento linear na espessura de
toucinho e resposta quadrática na área de olho de lombo. O leucograma das fêmeas não
demonstrou qualquer efeito dos níveis de lisina digestível. Apesar de haver aumento
linear na eficiência bruta nos machos castrados no período experimental de 0 a 16 dias e
efeito quadrático no consumo de proteína bruta no período experimental de 0 a 32 dias,
o menor nível estudado (7,00 g de lisina digestível/kg de ração) foi o indicado para estes
animais. Assim como nas fêmeas, não houve efeito dos níveis de lisina digestível nos
dados de ultrassonografia para os machos castrados e o leucograma apresentou efeito
quadrático dos níveis de lisina digestível no número de monócitos, com menor número
dessas células no nível de 9,83 g de lisina digestível/kg de ração. No ensaio de
digestibilidade e metabolismo não foi observada interação entre sexo e níveis de lisina
digestível, mas houve efeito de sexo para nitrogênio retido (g), sendo que as fêmeas
retiveram mais nitrogênio que os machos castrados. Neste ensaio também observou-se
efeito linear no nitrogênio absorvido (g), no nitrogênio retido (g) e efeito quadrático
sobre as energias digestível e metabolizável, com melhor nível médio em 10,17 g de
lisina digestível/kg de ração. Portanto, conclui-se que para suínos fêmeas e machos
castrados, dos 50 aos 70 kg de peso recomenda-se 10,14 e 7,00 g de lisina digestível/kg
de ração ou 0,71 e 0,49 g de lisina digestível/MJ de energia metabolizável,
respectivamente, segundo variáveis de desempenho.
Palavras-chave: fêmea suína, genótipo específico, lisina, macho castrado,
ultrassonografia
23

Introdução
Nos últimos anos houveram melhora significativa na qualidade de carcaça dos
suínos, em função da necessidade de satisfazer as exigências do mercado consumidor,
que busca carne com menor teor de gordura. Desse modo, devem-se considerar as
condições que impõem variações nas exigências nutricionais de suínos, tais como o
potencial genético para produção de carne, a idade e o sexo.
Os níveis de aminoácidos presentes na maioria das dietas seguem as
recomendações de tabelas de exigências, cujos experimentos foram baseados em dietas
com elevados níveis de proteína bruta (National Research Council, 1998; Rostagno et
al., 2011), de forma que a exigência de lisina pode estar superestimada. Além disso, a
lisina é um aminoácido limitante em dietas a base de milho e farelo de soja para suínos
e, na determinação de sua exigência para o máximo crescimento deste animal, deve-se
considerar todas as condições que influenciam o potencial genético para produção de
carne (Zangeronimo et al., 2009; Fix et al., 2010).
Outra importante consideração acerca da deposição proteica, determinante da
eficiência de utilização dos nutrientes dietéticos no processo de anabolismo proteico e
crescimento do suíno, é o correspondente aporte da energia dietética. A energia ingerida
deve suprir as verdadeiras demandas de manutenção e acúmulo de massa corpórea,
portanto, a exigência energética varia em função do nível proteico (aminoácidos) da
dieta (Urynek & Buraczewska, 2003; Trindade Neto et al., 2008).
Os adipócitos e as células musculares esqueléticas participam do sistema imune
como sinalizadores de antígenos, por meio dos receptores “Toll-like” e, de forma
integrada, regulam o crescimento dos mamíferos (Gabler & Spurlock, 2008). Em meio a
este complexo sistema de crescimento e integridade imune, o desafio sanitário e o
estresse podem alterar a resposta imune e as exigências nutricionais dos suínos
(Williams et al., 1997 a,b,c; Salak-Johnson & McGlone, 2007).
O objetivo foi estimar o melhor nível de lisina digestível e sua relação com a
energia metabolizável para suínos dos 50 aos 70 kg, baseando-se nas variáveis de
desempenho, carcaça, digestibilidade aparente de proteína e leucograma.

Material e Métodos
Foram realizados dois ensaios de desempenho ocorridos simultaneamente, um
com machos castrados e outro com fêmeas, no Laboratório de Avaliação de Suínos da
APTA-SAA-SP, Piracicaba/SP. Para tanto, em um experimento usou-se 72 fêmeas com
24

peso inicial de 46,05±0,38 kg e, no outro, 72 machos castrados com peso inicial de


49,75±0,41 kg, produtos do cruzamento comercial de macho P76 e de fêmea Näima
(Pen Ar Lan), e com idade média de 91 dias. Os animais foram alojados em baias de 2
m2, separadas por divisórias metálicas, contendo comedouros com abastecimento
manual e bebedouros do tipo chupeta. O galpão experimental de alvenaria, com pé
direito de 3,40 metros, dispunha de janelas tipo basculante nas laterais para auxiliar no
controle da ventilação. Ao longo do estudo foram tomadas temperaturas diárias do
ambiente (máxima e mínima) no início da manhã, às 8h, e no meio da tarde, às 15h,
usando termômetros instalados na altura dos animais.
O delineamento experimental de blocos ao acaso com base no peso, com seis
tratamentos (7,0; 8,0; 9,0; 10,0; 11,0 e 12,0 g de lisina digestível por kg de ração), seis
repetições e dois animais por unidade experimental (baia) foi adotado para os
experimentos de desempenho e dados de ultrassonografia.
As dietas experimentais foram à base de milho moído, farelo de soja, óleo de
soja, minerais, vitaminas e aminoácidos (tabela 1). Na formulação das dietas, os níveis
de lisina digestível foram estimados considerando os valores de aminoácidos totais
analisados no milho e no farelo de soja e um índice médio de digestibilidade
padronizada de 88%. Esse índice baseou-se na média ponderal dos coeficientes de
digestibilidade da lisina propostos por Rostagno et al. (2005), considerando-se os níveis
de inclusão do milho e do farelo de soja nas dietas experimentais.
Na composição das dietas, foram estabelecidas relações mínimas entre os
aminoácidos, conforme Rostagno et al. (2005), de modo que os aminoácidos metionina,
treonina e triptofano foram adicionados às dietas para suprir tais relações.
Nos dez primeiros dias do período experimental, os animais receberam ração
medicada com antibiótico à base de Tiamulina e com anti-helmíntico à base de
Mebendazole e os produtos foram adicionados à ração nas proporções de 225 e 450
g/tonelada de ração, respectivamente.
25

Tabela 1. Composição calculada das dietas experimentais para suínos dos 50 aos 70 kg
de peso corporal
Lisina digestível (g/kg)
Ingredientes (g/kg)
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00
Milho moído 765,00 759,90 747,70 748,30 746,00 747,20
Farelo de soja 200,10 204,20 215,00 212,50 213,00 209,90
Sal comum 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00
Calcário 6,40 6,40 6,40 6,40 6,40 6,40
Fosfato bicálcico 10,65 10,62 10,51 10,54 10,54 10,58
Óleo de soja 9,43 9,15 8,72 7,75 6,88 5,92
Premix vitamínico e mineral1 4,50 4,50 4,50 4,50 4,50 4,50
L-Lisina HCl (99% de pureza) - 1,13 2,04 3,38 4,61 5,91
L-Treonina (98,5% de pureza) - 0,12 0,64 1,33 1,98 2,66
DL-Metionina (99% de pureza) - - 0,52 1,16 1,78 2,39
L-Triptofano (98% de pureza) - - - 0,19 0,37 0,56
Total (g) 1000 1000 1000 1000 1000 1000
Valores nutricionais
Energia metabolizável (MJ/kg) 14,25 14,25 14,25 14,25 14,25 14,25
Relação lisina digestível (g/kg) :
0,49 0,56 0,63 0,70 0,77 0,84
energia metabolizável (MJ/kg)
Proteína bruta (g/kg) 153,00 155,60 161,30 163,00 165,60 167,00
Cálcio (g/kg) 5,70 5,70 5,70 5,70 5,70 5,70
Fósforo disponível (g/kg) 2,90 2,90 2,90 2,90 2,90 2,90
Sódio (g/kg) 1,83 1,83 1,83 1,83 1,83 1,83
Metionina+Cistina digestível (g/kg) 4,77 4,80 5,40 6,00 6,60 7,17
Treonina digestível (g/kg) 5,03 5,20 5,85 6,50 7,15 7,70
Triptofano digestível (g/kg) 1,54 1,56 1,65 1,80 1,98 2,15
Valina digestível (g/kg) 6,47 6,54 6,70 6,66 6,66 6,60
Leucina digestível (g/kg) 14,86 14,96 15,23 15,15 15,14 15,04
Isoleucina digestível (g/kg) 6,41 6,49 6,68 6,63 6,64 6,57
Histidina digestível (g/kg) 4,28 4,32 4,43 4,44 4,40 4,36
Fenilalanina digestível (g/kg) 7,69 7,76 7,97 7,91 7,92 7,85
1
Composição por kg de ração: 11,250 mg Fe; 22,500 mg Cu; 5,400 mg Mn; 0,530 mg Zn; 0,030 mg Co;
0,180 mg I; 0,027 mg Se; 2700000 UI Vit. A; 840000 UI Vit. D3; 4200 mg Vit. E; 960 mg Vit. K; 480 mg
Tiamina B1; 2160 mg Riboflavina B2; 900 mg Piridoxina B6; 14400 µg Vit. B12; 9600 mg Niacina B3; 4800
mg Ac. Pantotênico; 420 mg de Ac. Fólico; 45 mg Biotina.

O período experimental foi de 32 dias, com um controle intermediário aos 16


dias de experimento para coleta de dados de desempenho (peso e consumo de ração),
com estudo das variáveis peso (kg), ganho de peso (g/dia), ganho de peso relativo (%),
26

consumo de ração (g/dia), conversão alimentar, consumo de proteína bruta (g/dia) e


eficiência de proteína bruta. O consumo de proteína bruta (g/dia) e eficiência de
proteína bruta foram adaptados de Gandra et al. (2012), calculados da seguinte forma:
- Consumo de Proteína Bruta (g/dia) = Proteína Bruta (g/kg) na ração x
Consumo de Ração (g/dia) / 1000
- Eficiência de Proteína Bruta = Ganho de Peso (g/dia) / Consumo de Proteína
Bruta (g/dia)
No final dos ensaios de desempenho os animais estavam com,
aproximadamente, 70 kg de peso corporal e 123 dias de idade, momento em que foram
tomadas medidas da espessura de toucinho e da área de olho de lombo na 10ª costela,
por meio de ultrassonografia em todos os animais, com auxílio do ultrasson da marca
Vetko Plus; e que foram colhidas amostras de sangue de oito animais (quatro machos e
quatro fêmeas), de forma aleatória dentro de cada dieta experimental, totalizando 24
machos castrados e 24 fêmeas, para avaliação dos números de leucócitos, neutrófilos,
eosinófilos, monócitos e da relação entre neutrófilos e linfócitos (número de neutrófilos
dividido pelo número de linfócitos).
O ensaio de digestibilidade e metabolismo foi realizado na unidade de suínos
do Instituto de Zootecnia em Nova Odessa, pertencente à APTA-SAA-SP, utilizando-se
24 animais de mesma linhagem e lote usados no ensaio de desempenho, sendo 12
fêmeas e 12 machos castrados, com peso de 49,075 ± 4,34 kg, num arranjo fatorial 2x4
(dois sexos e quatro níveis de lisina digestível: 7,00; 9,00; 10,00 e 12,00 g de lisina
digestível por kg de ração). Os níveis de lisina utilizados foram definidos tomando-se o
cuidado de serem os dois extremos de níveis de lisina digestível e dois intermediários
avaliados nos ensaios de desempenho.
Os animais foram instalados na unidade de estudos de digestibilidade e
metabolismo, em gaiolas metabólicas de estrutura metálica, em galpão de alvenaria,
com dimensões de 20 x 6 metros, pé direito de 3 metros, janelas tipo “vitraux” nas
laterais, teto forrado com placas de isopor e equipado com três unidades
condicionadoras de ar, do tipo “Split System”, com monitoramento da temperatura e
umidade no ambiente.
A duração do período experimental foi de dez dias, sendo cinco para adaptação
dos animais às dietas e às gaiolas, quando foram medicados com antibiótico e anti-
helmíntico de mesmo princípio ativo e mesma concentração que os fornecidos nos
ensaios de desempenho, e cinco para coleta de fezes e urina. Na fase de coleta, cada
27

animal recebeu a mesma quantidade diária de dieta, na base da matéria seca, por
unidade de peso metabólico (peso vivo kg0,75) e as demais medidas de manejo, coleta de
fezes e urina ocorreram segundo metodologia descrita por Barbosa et al. (1999). No
caso das fêmeas, foi utilizada peneira para que as fezes ficassem retidas e a urina foi
coletada em recipiente apropriado, sem utilização de sonda. Neste ensaio foram medidas
as seguintes variáveis: matéria seca digestível (g/kg), proteína digestível (g/kg),
nitrogênio absorvido (g/kg) (nitrogênio ingerido, descontado do nitrogênio excretado
nas fezes), nitrogênio retido (g/kg) (proteína bruta ingerida, descontada de proteína
bruta excretada nas fezes e na urina), energia digestível (MJ/kg) e energia metabolizável
(MJ/kg).
Os experimentos estão de acordo com os Princípios Éticos na Experimentação
Animal, aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, sob o protocolo nº 144/2009 de 29/07/2009.
As variáveis de desempenho, carcaça (ultrasson) e leucograma foram
submetidas à análise de regressão por polinômios ortogonais considerando os níveis de
lisina digestível, por meio do PROC MIXED do SAS (Version 9.1.3, SAS Institute,
Cary, NC 2004), conforme modelo: Yij= µ + Ai + Bj + eij, sendo:
Yij : constante associada a todas observações;
µ : média geral da variável;

Ai : efeito do nível de lisina i, sendo i = 1, 2, ... e 6;


Bj : efeito do bloco j, sendo j = 1, 2, ... e 6;
eij : erro aleatório associado a cada observação.
As variáveis de metabolismo foram submetidas à análise de regressão por
polinômios ortogonais considerando os níveis de lisina digestível, por intermédio do
PROC MIXED do SAS (Version 9.1.3, SAS Institute, Cary, NC 2004), conforme
modelo: Yij = µ + Ai +Sj+ Ai(Sj)+ eij, sendo:
Yij: constante associada a todas observações;
µ: média geral da variável;
Ai: efeito do nível de lisina i, sendo i = 1, 2, 3 e 4;
Sj: efeito do sexo j, sendo j = 1 e 2;
Ai(Sj): efeito de interação
eij: erro aleatório associado a cada observação.
28

Foi considerado efeito dos tratamentos quando P<0,05 e o cálculo do melhor


nível recomendado de lisina digestível foi calculado levando-se em conta as médias dos
valores obtidos a partir da derivada das equações quadráticas.

Resultados
Durante a realização dos ensaios de desempenho foram verificados valores
médios de temperatura máxima e mínima de 25,17±2.08ºC e 20,08±2,97ºC de manhã e
de 25,58±1,93ºC e 21,42±1,62ºC à tarde.
Os resultados de desempenho das fêmeas estão apresentados na tabela 2. Não
se observou efeito dos níveis de lisina digestível no peso (kg), no ganho de peso (g/dia),
no consumo de ração (g/dia) para nenhum dos períodos estudados e no ganho de peso
relativo (%) no período de 0 a 16 dias de experimento. Observou-se melhora linear
(P<0,05) na conversão alimentar (Y=3,495–0,098X, R2=0,70 para 0 a 16 dias), redução
linear (P<0,05) no consumo de proteína bruta (g/dia) (Y=417,590–9,561X, R2=0,68
para 0 a 16 dias e Y=414,820–8,332X, R2=0,67 para 0 a 32 dias) e aumento linear na
eficiência de proteína bruta (Y=1,350+0,135X, R2=0,57 para 0 a 16 dias e
Y=1,784+0,088X, R2=0,70 para 0 a 32 dias).
Verificou-se efeito quadrático (P<0,05) do nível dietético de lisina no ganho de
peso relativo (%) (Y=-1,980+12,056X–0,601X2, R2=0,56 para 0 a 32 dias) e na
conversão alimentar (Y=6,200–0,738X+0,036X2, R2=0,60 para 0 a 32 dias). Ao
considerar as respostas quadráticas dos tratamentos no ganho de peso relativo e na
conversão alimentar, a concentração de 10,14 g de lisina digestível por kg de ração foi
obtida como ótima para o crescimento das marrãs, dos 46 aos 73 kg.
Na tabela 3 estão apresentadas as medidas de espessura de toucinho e área de
olho de lombo, feitas por meio de ultrasson em fêmeas suínas aos 72 kg. Os resultados
demonstraram aumento linear (P<0,05) dos níveis de lisina digestível na espessura de
toucinho (mm) (Y=8,741+0,296X, R2=0,50) e efeito quadrático (P<0,05) na área de
olho de lombo (cm2) (Y=8,881+9,208X-0,467X2, R2=0,42), o que sugeriu 9,86 g de
lisina digestível por kg de ração, para máxima área de olho de lombo.
A análise de regressão do leucograma, apresentada na tabela 4, não demonstrou
efeito (P>0,05) dos níveis de lisina nos números de leucócitos, neutrófilos, linfócitos,
eosinófilos, monócitos e relação entre neutrófilos e linfócitos; com pequenas variações
em relação aos valores de referência de Jain & Schalm´s (1986).
29

Tabela 2. Desempenho de fêmeas suínas segundo os níveis nutricionais de lisina


digestível (g/kg)
Variável Lisina Digestível (g/kg) EPM Valor de P
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 L Q
Peso Inicial (kg) 46,07 46,16 46,37 45,36 45,93 46,39 0,45 - -
Peso (kg)
Aos 16 dias 57,62 59,32 59,50 57,50 58,67 60,34 0,67 0,236 0,665
Aos 32 dias 70,95 73,53 74,02 71,59 73,26 73,55 0,48 0,320 0,525
Ganho de Peso (g/dia)
0 a 16 dias 770 878 875 809 849 930 20,89 0,078 0,930
0 a 32 dias 810 887 895 875 879 874 12,95 0,233 0,102
Ganho de Peso Relativo (%)
0 a 16 dias 24,97 28,44 28,25 26,88 27,72 30,02 0,58 0,073 0,893
0 a 32 dias 52,25 57,39 57,51 58,15 57,52 56,52 0,71 0,168 0,049
Consumo de Ração (g/dia)
0 a 16 dias 2243 2197 2215 2042 1994 2202 35,94 0,150 0,180
0 a 32 dias 2259 2227 2311 2126 2071 2255 34,66 0,345 0,499
Conversão Alimentar
0 a 16 dias 2,97 2,54 2,55 2,52 2,36 2,39 0,06 0,003 0,170
0 a 32 dias 2,82 2,52 2,58 2,43 2,36 2,57 0,04 0,073 0,043
Consumo de Proteína Bruta (g/dia)
0 a 16 dias 355 342 350 320 325 300 7,39 0,002 0,327
0 a 32 dias 338 370 376 340 316 331 7,33 0,019 0,747
Eficiência de Proteína Bruta
0 a 16 dias 2,28 2,41 2,41 2,70 2,80 2,87 0,06 0,002 0,322
0 a 32 dias 2,39 2,41 2,38 2,66 2,78 2,84 0,06 0,008 0,062
30

Tabela 3. Espessura de toucinho e área de olho de lombo colhidas por meio de ultrasson
em fêmeas com peso médio de 72,82 kg.
Variável Lisina Digestível (g/kg) EPM Valor de P
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 Linear Quadrático
Espessura de
10,90 10,93 10,98 13,11 10,73 12,66 0,27 0,020 0,386
toucinho (mm)
Área de olho de
50,32 52,87 53,53 55,99 51,61 52,97 0,60 0,593 0,030
lombo (cm2)

Os resultados de desempenho dos machos castrados estão apresentados na


tabela 5. Observou-se aumento linear (P<0,05) na eficiência de proteína bruta
(Y=1,830+0,079X, R2=0,46 para 0 a 16 dias) e efeito quadrático (P<0,05) do nível de
lisina digestível no consumo de proteína bruta (g/dia) (Y=97,730+63,327X–3,472X2,
R2=0,67 para 0 a 32 dias). De acordo com os resultados de maior importância na
avaliação de desempenho, como conversão alimentar e ganho de peso, o menor nível
estudado foi suficiente, ou seja, 7,00 g de lisina digestível por kg de ração.
Na tabela 6 estão apresentadas as medidas de espessura de toucinho e área de
olho de lombo feitas por meio de ultrasson em machos castrados no final do
experimento, quando os animais contavam com 75 kg de peso corporal. Não houve
efeito dos níveis de lisina digestível nessas variáveis nos machos castrados.
31

Tabela 4. Leucograma de fêmeas suínas (em valores absolutos por microlitros±desvio padrão) ao final do experimento (123 dias de
idade) segundo os níveis nutricionais de lisina digestível (g/kg).
Variáveis
Lisina Digestível (g/kg) Leucócitos Neutrófilos Linfócitos Eosinófilos Monócitos Neutrófilos/Linfócitos
7,00 14975±3791 2185±1384 11862±3457 509±262 381±303 0,19± 0,11
8,00 24000±8044 4483±1839 17526±6133 1020±907 819±545 0,27±0,24
9,00 18450±1461 3713±668 12893±1553 1184±1103 658±286 0,29±0,07
10,00 17475±2905 3929±724 12191±2361 521±421 695±572 0,33±0,07
11,00 23575±9123 5770±2523 15756±7078 909±417 1001±302 0,38± 0,14
12,00 19625±4697 4161±1595 14434±4388 364±224 540±191 0,30± 0,15
Valores de referência* 11000 - 22000 3080 - 10340 4300 - 13640 0 – 2400 200 - 2200 -
Linear 0,390 0,088 0,726 0,532 0,414 0,145
Valor de P Lisina
Quadrático 0,493 0,299 0,920 0,156 0,162 0,317
*
Jain & Schalm´s (1986)
32

Tabela 5. Desempenho de suínos machos castrados segundo os níveis nutricionais de


lisina digestível (g/kg).
Variável Lisina Digestível (g/kg) EPM Valor de P
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 L Q
Peso Inicial (kg) 50,25 49,65 49,60 49,10 50,12 49,80 0,52 - -
Peso (kg)
Aos 16 dias 63,00 63,83 63,97 63,27 64,52 64,35 0,52 0,347 0,948
Aos 32 dias 73,97 75,25 75,27 74,90 75,91 75,65 0,47 0,315 0,728
Ganho de Peso (g/dia)
0 a 16 dias 850 945 958 945 960 969 15,64 0,091 0,281
0 a 32 dias 931 997 999 1009 1005 1005 12,02 0,148 0,231
Ganho de Peso Relativo (%)
0 a 16 dias 25,31 28,52 29,13 28,86 28,80 29,39 0,49 0,068 0,191
0 a 32 dias 56,68 60,80 61,41 62,73 60,79 61,33 0,84 0,133 0,117
Consumo de Ração (g/dia)
0 a 16 dias 2411 2268 2500 2474 2307 2469 34,04 0,625 0,930
0 a 32 dias 2366 2403 2589 2546 2461 2497 29,10 0,219 0,132
Conversão Alimentar
0 a 16 dias 2,85 2,41 2,61 2,64 2,41 2,57 0,05 0,287 0,371
0 a 32 dias 2,54 2,42 2,59 2,52 2,45 2,50 0,03 0,839 0,921
Consumo de Proteína Bruta (g/dia)
0 a 16 dias 361 377 407 326 352 363 6,36 0,257 0,765
0 a 32 dias 354 399 421 335 376 367 6,20 0,352 0,043
Eficiência de Proteína Bruta
0 a 16 dias 2,34 2,54 2,35 2,89 2,73 2,68 0,05 0,046 0,410
0 a 32 dias 2,63 2,51 2,37 3,01 2,67 2,74 0,04 0,139 0,902

Os resultados de leucograma mostrados na tabela 7 não foram afetados


(P>0,05) pelos níveis de lisina, com exceção do número de monócitos, em que
observou-se efeito quadrático (P<0,05) (Y=6942,780-1309,630X+66,620X2, R2=0,26)
com o menor número destas células se os animais ingerissem 9,83 g de lisina digestível
por kg de ração.
33

Tabela 6. Espessura de toucinho e área de olho de lombo colhidas por meio de ultrasson
em machos castrados com peso médio de 75,16 kg.
Variável Lisina Digestível (g/kg) EPM Valor de P
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 Linear Quadrático
Espessura de
12,81 12,28 14,16 13,96 12,80 13,35 0,34 0,465 0,263
toucinho (mm)
Área de olho de
53,53 52,01 56,20 54,30 54,06 55,91 0,60 0,313 0,961
lombo (cm2)

Na tabela 8 estão apresentados os resultados de digestibilidade e metabolismo


para suínos machos castrados e fêmeas com peso médio de 49,07 kg de peso vivo. Os
valores de energia bruta das dietas que continham 7,00; 9,00; 10,00 e 12,00 g de lisina
digestível por kg de ração foram, respectivamente, 18,39; 18,49; 18,41 e 18,38 MJ por
kg de ração.
34

Tabela 7. Leucograma de suínos machos castrados (em valores absolutos por microlitros±desvio padrão) ao final do experimento (123
dias de idade) segundo os níveis nutricionais de lisina digestível (g/kg).
Variáveis
Lisina Digestível (g/kg) Leucócitos Neutrófilos Linfócitos Eosinófilos Monócitos Neutrófilos/Linfócitos
7,00 19875±3320 4474±1207 13947±2602 279±232 1031±331 0,32± 0,03
8,00 198250±5375 4546±1839 13896±3624 632±461 689±657 0,34±0,15
9,00 18225±3899 4219±2799 12849±1530 342±181 674±349 0,31±0,21
10,00 15875±2625 3092±1533 11950±1906 365±251 467±116 0,26±0,13
11,00 18475±1951 5198±1164 11995±1411 613±283 516±290 0,44±0,13
12,00 18550±2257 5560±2038 11619±2141 321±090 869±265 0,50±0,26
Valores de referência* 11000 - 22000 3080 - 10340 4300 - 13640 0 – 2400 200 - 2200 -
Linear 0,377 0,429 0,077 0,882 0,338 0,118
Valor de P Lisina
Quadrático 0,283 0,203 0,799 0,404 0,042 0,215
*
Jain & Schalm´s (1986)
35

Tabela 8. Digestibilidade aparente, nitrogênio retido, nitrogênio absorvido, energia


digestível e energia metabolizável determinados em suínos machos castrados e
fêmeas, com peso médio de 53,5 kg, segundo os níveis nutricionais de lisina
digestível (g/kg).
Variáveis1
Lisina Matéria Seca Proteína Nitrogênio Nitrogênio Energia Energia
Sexo digestível Digestível Digestível Absorvido Retido Digestível Metabolizável
(g/kg) (g/kg) (g/kg) (g) (g) (MJ/kg) (MJ/kg)
Médias dos Fatores
Sexo
Macho 822,00 779,00 17,24 7,12a 15,59 14,98
Fêmea 814,56 754,92 17,03 8,64b 15,45 14,91
Lisina digestível (g/kg)
7,00 812,50 759,33 16,36 5,67 14,96 14,36
9,00 806,17 752,83 16,81 7,09 15,32 14,73
10,00 818,33 773,83 18,41 10,06 16,37 15,80
12,00 836,33 782,33 16,96 8,70 15,43 14,90
Sexo 0,457 0,104 0,617 0,030 0,485 0,746
Valor L 0,075 0,172 0,020 0,002 0,012 0,005
Lisina
de P Q 0,234 0,587 0,752 0,857 0,004 0,003
Interação 0,650 0,767 0,275 0,174 0,699 0,584

EPM 4,57 6,97 0,24 0,48 0,13 0,14


1
Resultados expressos na base da matéria seca, obtidos conforme análises realizadas no Laboratório de Bromatologia do
Departamento de Nutrição e Produção Animal/FMVZ/USP.

Não houve interação (P>0,05) entre sexo e níveis de lisina para nenhuma das
variáveis estudadas. Houve efeito de sexo (P<0,05) para nitrogênio retido, sendo que as
fêmeas retiveram mais nitrogênio (g) que os machos castrados. Observou-se aumento
linear (P<0,05) no nitrogênio absorvido (g) (Y=13,781+0,445X, R2=0,18) e no
nitrogênio retido (g) (Y=-1,956+1,300X, R2= 0,45) e efeito quadrático (P<0,05) sobre a
energia digestível (MJ/kg) (Y=4,872+2,186X–0,108X2, R2=0,61) e sobre a energia
metabolizável (MJ/kg) (Y=4,396+2,149X–0,105X2, R2=0,63), conforme aumentou-se o
nível de lisina digestível.
36

O nível médio do aminoácido sugerido para melhor metabolismo energético foi


de 10,17 g de lisina digestível por kg de ração.

Discussão
A melhora linear (P<0,05) na conversão alimentar e na eficiência de proteína
bruta observados no período de 0 a 16 dias de experimento das fêmeas, e a redução no
consumo de proteína bruta (g/dia) tanto para o período de 0 a 16 dias quanto para o de 0
a 32 dias, concordaram com os resultados obtidos por Main et al. (2008) e Fix et al.
(2010).
Main et al. (2008) aumentaram os níveis de lisina, em relação a um nível de
energia metabolizável, adicionando apenas o aminoácido sintético DL-metionina e
mantendo as proporções dos demais aminoácidos em relação à lisina. Estes
pesquisadores indicaram 10,10 g de lisina total por kg de ração ou 0,67 g de lisina/MJ
de energia metabolizável para o máximo crescimento e eficiência alimentar. Este nível
está bem próximo do encontrado no presente estudo, que foi de 10,14 g de lisina
digestível por kg de ração e 0,71 g de lisina digestível por MJ de energia metabolizável.
Porém, estes níveis estão acima dos indicados por Rostagno et al. (2011), que é de 9,45
g de lisina digestível por kg de ração e, em termos de relação com a energia
metabolizável, está abaixo - 0,77 g de lisina digestível por MJ de energia metabolizável,
o que prova que o melhor nível de lisina digestível varia de acordo com o nível
energético da dieta. Além disso, Fix et al. (2010) demonstraram que um moderno
programa de alimentação para suínos usando-se, entre outros artifícios, a suplementação
com aminoácidos sintéticos, resulta em animal com melhor desempenho e melhor
carcaça e que isto independe da linhagem utilizada.
A espessura de toucinho (mm) das fêmeas suínas aumentou linearmente,
conforme se aumentou a concentração de lisina digestível (g/kg) nas dietas, e houve
efeito quadrático na área de olho de lombo (cm2), com máxima área nas marrãs que
consumiram 9,86 g de lisina digestível por kg de ração. A proporção entre a espessura
de toucinho (mm) e a área de olho de lombo (cm2) permaneceu constante, em torno de
0,21 até o nível de 9,86 g de lisina digestível por kg de ração, oscilando a proporção a
partir deste ponto. De la Lata et al. (2002) também observaram aumento linear na
espessura de toucinho com o aumento dos níveis de lisina digestível, mas não
37

observaram efeito na área de olho de lombo. Main et al. (2008) observaram redução
linear da área de olho de lombo ao aumentar os níveis dietéticos de lisina total de 7,1 g
para 12,2 g por kg de ração. Schinckel et al. (2002) afirmaram que a avaliação de
espessura de toucinho e área de olho de lombo, colhidos por meio de ultrasson, em
termos de comparação média, é um método que pode ser utilizado, apesar de não
apresentar mesmos valores aos colhidos pós abate, diretamente na carcaça. Como a
proporção de carne magra e de gordura na carcaça varia, principalmente, conforme o
ajuste nutricional das dietas e genética, possivelmente as alterações observadas tenham
variado devido diferenças entre o material genético estudado (Rosenvold & Andersen,
2003).
A imunidade inata, sempre presente em algum grau, pode ser reforçada ou
enfraquecida por diversos fatores tais como: ferimentos, desidratação, estado
nutricional, genética e estresse (Carroll & Forsberg, 2007). Os mesmos autores
afirmaram que quando o sistema imune inato está em bom funcionamento, a maioria
dos organismos patogênicos encontrados no animal não causam doenças, já que estes
encontram barreiras físicas, tais como pele, mucosa do trato digestório, ácido estomacal
e células não específicas, como os leucócitos, que detectam imediatamente estes agentes
e os eliminam.
Sabe-se também, que a lisina está diretamente envolvida em algumas funções
de defesa da integridade física do animal, como na regulação da síntese do óxido nítrico,
na atividade antiviral (no tratamento da Herpes simples), na metilação de proteína
(como por exemplo trimetil-lisina em calmodulina), entre outros e, de forma indireta, na
estrutura da molécula hidroxi-lisina e na função do colágeno (Wu, 2009).
Portanto, como não houve manifestação de qualquer doença ou, ainda,
diferença estatística no leucograma das fêmeas suínas em função dos tratamentos,
possivelmente os animais puderam manifestar seu potencial genético para o
crescimento, mesmo com algumas variáveis do leucograma apresentando valores acima
ou abaixo dos de referência, postulados por Jain & Schalm´s (1986).
Os únicos efeitos significativos dos níveis nutricionais de lisina digestível
estudados em machos castrados foram quanto à eficiência de proteína bruta, que
aumentou linearmente e quanto ao consumo diário de proteína bruta, que apresentou
efeito quadrático, tendo o ponto de máximo no nível 9,10 g de lisina digestível por kg
38

de ração. Entretanto, como o comportamento das demais variáveis de interesse


zootécnico foram semelhantes entre animais que consumiram todos os tratamentos,
recomendou-se o nível de 7,00 g de lisina digestível/kg para suínos machos castrados
dos 46 aos 72 kg de peso corporal. Ao contrário do que ocorreu com as fêmeas, o
melhor nível encontrado para os machos castrados está abaixo do indicado por
Rostagno et al. (2011) para mesmo intervalo de peso corporal (50-70 kg), que é de 8,83
g de lisina digestível por kg de ração ou 0,65 g de lisina digestível por MJ de energia
metabolizável.
Não houve efeito dos níveis de lisina digestível na espessura de toucinho e na
área de olho de lombo dos machos castrados, colhidos por meio de ultrasson. Fix et al.
(2010), ao compararem duas categorias de genética suína e dois programas alimentares
(da década de 80 e atual) também não observaram diferença na espessura de toucinho ao
utilizarem formulação de ração atual em ambos os tipos de animais. Porém, houve
aumento da área de olho de lombo, independentemente do animal usado. Em
compensação, Main et al. (2008) observaram redução linear da espessura de toucinho e
efeito quadrático na área de olho de lombo ao aumentarem de 7,9 g para 14,0 g de lisina
total por kg de ração, na dieta de machos castrados de mesma categoria de peso,
obtendo como melhor nível 7,95 g de lisina total por kg de ração ou 0,53 g de lisina
total por MJ de energia metabolizável.
Os monócitos são macrófagos imaturos e, portanto, participam da fagocitose
(Guyton & Hall, 2006), fazem parte da imunidade inata, com mecanismos de defesa
inespecíficos que servem como uma primeira linha de defesa contra microrganismos
infecciosos e ocorrem de forma rápida, precedendo o aparecimento dos antígenos no
corpo (Salak-Johnson & McGlone, 2007). Os monócitos dos machos castrados
apresentaram-se em menor número no nível de 9,83 g de lisina digestível por kg de
ração, demonstrando que estes animais comportaram-se melhor à exposição de um
agente agressor qualquer, que poderia estar presente nas instalações experimentais.
Apesar dos valores de algumas variáveis do leucograma apresentarem-se acima ou
abaixo dos valores de referência postulados por Jain & Schalm´s (1986), os animais não
demonstraram doença clínica durante o período experimental.
A observação de que as fêmeas comportam-se de forma diferente dos machos
castrados, em relação ao metabolismo proteico, foi confirmada pelo ensaio de
39

digestibilidade e metabolismo, em que as fêmeas retiveram mais nitrogênio que os


machos castrados (P<0,05). Trindade Neto et al. (2005) ao avaliarem níveis de energia
metabolizável e de lisina digestível para suínos de linhagem específica, em condições
semelhantes ao do presente estudo, também verificaram que as marrãs apresentaram
maior eficiência no uso dos nutrientes para as necessidades de desempenho, em
comparação aos machos castrados. Isso porque a partir de, aproximadamente, 30 kg de
peso vivo, pode-se observar o efeito de sexo no desenvolvimento dos suínos, que pode
perdurar durante as fases de crescimento e terminação. Assim, as fêmeas normalmente
são mais exigentes nutricionalmente que os machos castrados (Ekstrom, 1991).
As máximas energia digestível (MJ/kg) e energia metabolizável (MJ/kg) foram
obtidas nos níveis de 10,12 e 10,23 g de lisina digestível/kg de ração, respectivamente,
com valor médio de 10,17 g de lisina digestível por kg de ração. O nitrogênio absorvido
(g) e o retido (g) aumentaram linearmente com o aumento do nível de lisina digestível e,
portanto, confirmou-se que a deposição proteica pelo suíno em crescimento é limitada
pela ingestão de energia (Bikker et al. 1994) e existe tendência de equilíbrio entre o que
é consumido, absorvido e retido (Resende et al., 2006).

Conclusão
Para suínos fêmeas e machos castrados dos 50 aos 70 kg de peso vivo,
recomenda-se 10,14 e 7,00 g de lisina digestível por kg de ração ou 0,71 e 0,49 g de
lisina digestível por MJ de energia metabolizável, respectivamente, segundo variáveis
de desempenho.

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42

CAPÍTULO III

RELAÇÃO ENTRE LISINA DIGESTÍVEL E ENERGIA METABOLIZÁVEL


EM DIETAS DE SUÍNOS DOS 70 AOS 100 KG
43

Relação entre lisina digestível e energia metabolizável em dietas de suínos dos 70


aos 100 kg

Resumo: Objetivou-se estimar o melhor nível de lisina digestível e sua relação com a
energia metabolizável em dietas de suínos dos 70 aos 100 kg de peso vivo. Para tanto,
foram realizados dois ensaios de desempenho, um com 72 machos castrados e outro
com 72 fêmeas, com pesos médios iniciais de 76,86±0,90 kg e de 76,92±0,96 kg,
respectivamente; o delineamento experimental usado foi em blocos ao acaso com seis
tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade experimental (baia). No final
dos experimentos mediu-se área de olho de lombo e espessura de toucinho na 10ª
costela, por meio de ultrassonografia, em todos os animais. Também colheu-se sangue
para leucograma de quatro animais dentro de cada tratamento, totalizando 24 machos
castrados e 24 fêmas, sendo considerado o delineamento inteiramente ao acaso, com
quatro repetições por sexo e o animal era a unidade experimental. Após jejum de 12
horas, foram escolhidos, de forma aleatória, 24 machos castrados e 24 fêmeas (quatro
por tratamento), que foram enviados para abate em matadouro comercial para as
avaliações de carcaça e desossa. Os tratamentos foram 7,00; 8,00; 9,00; 10,00; 11,00 e
12,00 g de lisina digestível por kg de ração que continham 14,25 MJ de EM por kg de
ração e, em média, 155,20 g de proteína bruta por kg de ração. No ensaio de
digestibilidade e metabolismo foram usados 12 machos castrados e 12 fêmeas, com
avaliação de quatro dietas (7,00; 8,00; 11,00 e 12,00 g de lisina digestível/kg), com três
repetições e um animal por unidade experimental (gaiola). No ensaio de desempenho
das fêmeas foi observado aumento linear no consumo de proteína bruta (g/dia) e
redução na eficiência de proteína bruta no período de 0 a 32 dias de experimento,
conforme se aumentou o nível de lisina digestível na dieta. Também se verificou efeito
quadrático no peso (kg), ganho de peso (g/dia) e conversão alimentar no período
experimental de 0 a 16 dias. Nos resultados de características de carcaça das fêmeas
suínas não se verificou efeito dos níveis de lisina digestível na área de olho de lombo
(cm2) e na espessura de toucinho na 10ª costela, bem como nas variáveis de peso e
rendimento de carcaça quente. Porém observou-se resposta quadrática nos pesos do
pernil e do lombo. O leucograma das fêmeas não apresentou diferença entre os
tratamentos. Nos resultados de desempenho dos machos castrados observou-se aumento
linear no consumo de proteína bruta (g/dia) e na eficiência de proteína bruta. Houve
efeito quadrático no ganho de peso (g/dia), no ganho de peso relativo (%) e na
conversão alimentar. Não houve efeito dos níveis de lisina digestível na área de olho de
lombo e na espessura de toucinho destes animais, porém houve efeito quadrático no
peso e no rendimento do lombo. O leucograma dos machos castrados apresentou efeito
quadrático no número de eosinófilos. Os resultados de digestibilidade e metabolismo
apresentaram efeito de sexo, sendo que as fêmeas absorveram mais nitrogênio que os
machos castrados. Também houve diminuição linear na matéria seca digestível (g/kg),
na proteína digestível (g/kg), no nitrogênio absorvido (g), no nitrogênio retido (g), na
energia digestível (MJ/kg) e na energia metabolizável (MJ/kg), com o melhor nível
sugerido de 7,00 g de lisina digestível por kg de ração. Para melhor desempenho de
suínos fêmeas e machos castrados dos 70 aos 100 kg recomenda-se, respectivamente,
7,00 e 9,82 g de lisina digestível por kg de ração ou 0,49 e 0,69 g de lisina digestível por
MJ de energia metabolizável e, para melhor qualidade de carcaça, 9,67 e 8,96 g de lisina
digestível/kg, ou 0,68 e 0,63 g de lisina digestível por MJ de energia metabolizável, em
média.
Palavras-chave: carcaça, energia metabolizável, fêmea suína, lisina digestível, macho
castrado
44

Introdução
A constante evolução no melhoramento genético dos suínos tem como
consequência diferenças nas exigências nutricionais, principalmente quanto aos níveis
proteicos (em especial aminoácidos) e energéticos das rações. Portanto, melhores
ajustes na composição das dietas são constantemente pesquisados com a meta de
melhores índices produtivos.
Nos suínos, por serem animais monogástricos, muitos componentes da dieta,
tais como ácidos graxos da dieta (Wood & Enser, 1997), sais minerais e vitaminas,
sobretudo a vitamina E (Buckley et al., 1995) são prontamente transferidos dos
alimentos para os tecidos muscular e adiposo, que refletirá no desempenho e na
qualidade de carne, melhorando ou piorando estas características produtivas. Dessa
forma, fornecer menor concentração de lisina que a recomendada, diminui o peso ao
abate, o rendimento de carcaça e a área de olho de lombo (Goodband et al., 1993;
Bidner et al., 2004).
De acordo com Le Bellego & Noblet (2002), espera-se que exista uma relação
ideal entre a energia e lisina digestível na dieta para proporcionar adequado
aproveitamento energético e máxima absorção de aminoácidos pelo trato gastrintestinal.
Por isso, diversos pesquisadores têm focado a relação entre níveis de lisina e energia
(Smith et al., 1999; Roth et al., 2000).
Outros fatores, como peso ao abate e sexo, podem influenciar no desempenho e
na composição de carcaça (Nold et al., 1999; Latorre et al., 2004), sendo que a
composição e o conteúdo de gordura da carcaça, uniformidade e estabilidade oxidativa
são atributos de qualidade afetados, sobretudo, pelo genótipo e pela nutrição (Rosenvold
& Andersen, 2003). Integrado aos fatores mencionados, o nível imunológico dos
animais deve ser considerado, uma vez que podem alterar a resposta imune e as
exigências nutricionais dos suínos (Williams et al., 1997 a,b,c; Salak-Johnson &
Mcglone, 2007).
O objetivo deste trabalho foi estimar o melhor nível de lisina digestível e sua
relação com a energia metabolizável para suínos dos 70 aos 100 kg, baseando-se nas
variáveis de desempenho, carcaça, leucograma e digestibilidade fecal aparente de
proteína.
45

Material e Métodos
Foram realizados dois ensaios experimentais de desempenho, ocorridos
simultaneamente, um com 72 fêmeas com peso inicial de 76,86±0,90 kg e outro com 72
machos castrados com peso inicial de 76,92±0,96 kg, produto do cruzamento comercial
de macho P76 e de fêmea Näima (Pen Ar Lan), com idade média de 117 dias,
conduzidos no Laboratório de Avaliação de Suínos da APTA-SAA-SP, Piracicaba/SP.
Os animais foram alojados em baias de 2 m2, separados por divisórias metálicas,
contendo comedouros com abastecimento manual e bebedouros do tipo chupeta. O
galpão experimental de alvenaria, com pé direito de 3,40 metros, dispunha de janelas
tipo basculante nas laterais para auxiliar no controle da ventilação. Ao longo do estudo
foram tomadas temperaturas diárias (máxima e mínima) no início da manhã, às 8h, e no
meio da tarde, às 15h, usando termômetros instalados na altura dos animais.
O delineamento experimental de blocos ao acaso com base no peso, com seis
tratamentos (7,0; 8,0; 9,0; 10,0; 11,0 e 12,0 g de lisina digestível por kg de ração), seis
repetições e dois animais por unidade experimental (baia) foi adotado para os
experimentos de desempenho e dados de ultrassonografia.
As dietas experimentais foram à base de milho moído, farelo de soja, óleo de
soja, minerais, vitaminas e aminoácidos (tabela 1). Na formulação das dietas, os níveis
de lisina digestível foram estimados considerando os valores de aminoácidos totais
analisados no milho e no farelo de soja e um índice médio de digestibilidade
padronizada de 88%. Esse índice baseou-se na média ponderal dos coeficientes de
digestibilidade da Lisina propostos por Rostagno et al. (2005), considerando-se os
níveis de inclusão do milho e do farelo de soja nas dietas experimentais.
Na composição das dietas, foram estabelecidas relações mínimas entre os
aminoácidos, conforme Rostagno et al. (2005), de modo que os aminoácidos metionina,
treonina e triptofano foram adicionados às dietas para suprir tais relações.
Nos dez primeiros dias do período experimental, os animais receberam ração
medicada com antibiótico à base de Tiamulina e com anti-helmíntico à base de
Mebendazole e estes produtos foram adicionados à ração nas proporções de 225 e 450
g/tonelada de ração, respectivamente.
46

Tabela 1. Composição calculada das dietas experimentais para suínos dos 70 aos 100 kg
Lisina digestível (g/kg)
Ingredientes (g/kg)
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00
Milho moído 821,09 815,02 789,91 764,81 739,71 730,05
Farelo de soja 148,53 152,94 176,96 200,98 225,00 233,06
Sal comum 3,39 3,39 3,39 3,39 3,39 3,40
Calcário 5,81 5,81 5,84 5,87 5,90 5,91
Fosfato bicálcico 9,06 9,02 8,79 8,56 8,33 8,25
Óleo de soja 5,73 5,02 5,00 4,98 4,96 4,36
Premix vitamínico e mineral1 4,50 4,50 4,50 4,50 4,50 4,50
L-Lisina HCl (99% de pureza) 1,62 2,73 3,23 3,73 4,22 5,22
L-Treonina (98,5% de pureza) 0,27 0,89 1,23 1,58 1,92 2,48
DL-Metionina (99% de pureza) - 0,52 0,93 1,35 1,76 2,32
L-Triptofano (98% de pureza) - 0,16 0,21 0,26 0,30 0,44
Total (g) 1000 1000 1000 1000 1000 1000
Valores nutricionais
Energia metabolizável (MJ/kg) 14,25 14,25 14,25 14,25 14,25 14,25
Relação lisina digestível (g/kg) :
0,49 0,56 0,63 0,70 0,77 0,84
energia metabolizável (MJ/kg)
Proteína bruta (g/kg) 136,20 140,00 150,00 160,00 170,00 175,00
Cálcio (g/kg) 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00
Fósforo disponível (g/kg) 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50
Sódio (g/kg) 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60
Metionina+Cistina digestível (g/kg) 4,34 4,88 5,49 6,10 6,71 7,32
Treonina digestível (g/kg) 4,62 5,28 5,94 6,60 7,26 7,92
Triptofano digestível (g/kg) 1,26 1,44 1,62 1,80 1,98 2,16
Valina digestível (g/kg) 5,66 5,73 6,11 6,49 6,87 6,99
Leucina digestível (g/kg) 13,54 13,64 14,27 14,89 15,52 15,72
Isoleucina digestível (g/kg) 5,47 5,55 5,99 6,43 6,87 7,02
Histidina digestível (g/kg) 3,76 3,80 4,05 4,29 4,54 4,62
Fenilalanina digestível (g/kg) 6,69 6,77 7,24 7,71 8,17 8,33
1
Composição por kg de ração: 11,250 mg Fe; 22,500 mg Cu; 5,400 mg Mn; 0,530 mg Zn; 0,030 mg Co;
0,180 mg I; 0,027 mg Se; 2700000 UI Vit. A; 840000 UI Vit. D3; 4200 mg Vit. E; 960 mg Vit. K; 480 mg
Tiamina B1; 2160 mg Riboflavina B2; 900 mg Piridoxina B6; 14400 µg Vit. B12; 9600 mg Niacina B3; 4800
mg Ac. Pantotênico; 420 mg de Ac. Fólico; 45 mg Biotina.

O período experimental foi de 32 dias, com um controle intermediário aos 16


dias de experimento para coleta de dados de desempenho (peso e consumo de ração),
com estudo das variáveis peso (kg), ganho de peso (g/dia), ganho de peso relativo (%),
consumo de ração (g/dia), conversão alimentar, consumo de proteína bruta (g/dia) e
47

eficiência de proteína bruta. O consumo de proteína bruta (g/dia) e eficiência de


proteína bruta foram adaptados de Gandra et al. (2012), calculados da seguinte forma:
- Consumo de Proteína Bruta (g/dia) = Proteína Bruta (g/kg) na ração x
Consumo de Ração (g/dia) / 1000
- Eficiência de Proteína Bruta = Ganho de Peso (g/dia) / Consumo de Proteína
Bruta (g/dia)
No final dos ensaios de desempenho os animais estavam com,
aproximadamente, 100 kg de peso corporal e 148 dias de idade, momento em que foram
medidas espessura de toucinho e área de olho de lombo na 10ª costela, por meio de
ultrassonografia em todos os animais, ainda vivos, com auxílio do ultrasson da marca
Vetko Plus; e que colheu-se sangue de quatro animais de cada tratamento, de forma
aleatória, sendo 24 fêmeas e 24 machos castrados, totalizando 48 suínos e avaliou-se
números de leucócitos, neutrófilos, eosinófilos, monócitos e da relação entre neutrófilos
e linfócitos (número absoluto de neutrófilos dividido pelo número absoluto de
linfócitos).
Após jejum de 12 horas, foram escolhidos, de forma aleatória, 24 machos
castrados e 24 fêmeas, que foram enviados para abate em matadouro comercial para as
avaliações de carcaça e desossa, com insensibilização e sangria de acordo com a
legislação brasileira e inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). As
medidas de área de olho de lombo e de espessura de toucinho foram avaliadas 24 horas
pós-abate, de acordo com ABCS (1973).
O ensaio de digestibilidade e metabolismo foi realizado na unidade de suínos
do Instituto de Zootecnia em Nova Odessa, pertencente à APTA-SAA-SP, utilizando-se
24 animais, sendo 12 fêmeas e 12 machos castrados de mesma linhagem e lote usados
no ensaio de desempenho, com peso de 83,16±7,22 kg, num arranjo fatorial 2x4 (dois
sexos e quatro níveis de lisina digestível: 7,00; 8,00; 11,00 e 12,00 g de lisina digestível
por kg de ração). Os níveis de lisina utilizados foram definidos tomando-se o cuidado de
serem os dois extremos de níveis de lisina digestível e dois intermediários avaliados nos
ensaios de desempenho.
Os animais foram instalados na unidade de estudos de digestibilidade e
metabolismo, constituído de galpão em alvenaria, com dimensões de 20 x 6 metros, pé
direito de 3 metros, janelas tipo “vitraux” nas laterais, teto forrado com placas de isopor,
equipado com três unidades condicionadoras de ar, do tipo “Split System” e a
temperatura ambiente era controlada.
48

A duração do período experimental foi de dez dias, sendo cinco para adaptação
dos animais às dietas e às gaiolas, quando foram medicados com antibiótico e anti-
helmíntico de mesmo princípio ativo e mesma concentração que os fornecidos nos
ensaios de desempenho, e cinco para coleta de fezes e urina. Na fase de coleta, cada
animal recebeu a mesma quantidade diária de dieta, na base da matéria seca, por
unidade de peso metabólico (peso vivo kg0,75) e as demais medidas de manejo, coleta de
fezes e urina ocorreram segundo metodologia descrita por Barbosa et al. (1999). No
caso das fêmeas, foi utilizada peneira para que as fezes ficassem retidas e a urina foi
coletada em recipiente apropriado, sem utilização de sonda. Neste ensaio foram medidas
as seguintes variáveis: matéria seca digestível (g/kg), proteína digestível (g/kg),
nitrogênio absorvido (g) (nitrogênio ingerido, descontado do nitrogênio excretado
através das fezes), nitrogênio retido (g) (proteína bruta ingerida, descontada de proteína
bruta excretada nas fezes e na urina), energia digestível (MJ/kg) e energia metabolizável
(MJ/kg).
Os experimentos estão de acordo com os Princípios Éticos na Experimentação
Animal, aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, sob o protocolo nº 144/2009 de 29/07/2009.
As variáveis de desempenho, carcaça e leucograma foram submetidas à análise
de regressão por polinômios ortogonais considerando os níveis de lisina digestível, por
intermédio do PROC MIXED do SAS (Version 9.1.3, SAS Institute, Cary, NC 2004),
conforme modelo: Yij= µ + Ai + Bj + eij, sendo:
Yij: constante associada a todas observações;
µ: média geral da variável;
Ai: efeito do nível de lisina i, sendo i = 1, 2, ... e 6;
Bj: efeito do bloco j, sendo j = 1, 2, ... e 6;
eij: erro aleatório associado a cada observação.
As variáveis de metabolismo foram submetidas à análise de regressão por
polinômios ortogonais considerando os níveis de lisina digestível, por intermédio do
PROC MIXED do SAS (Version 9.1.3, SAS Institute, Cary, NC 2004), conforme
modelo: Yij = µ + Ai +Sj+ Ai(Sj)+ eij, sendo:
Yij: constante associada a todas observações;
µ: média geral da variável;
49

Ai: efeito do nível de lisina, sendo i = 1, 2, 3 e 4;


Sj: efeito do sexo, sendo j = 1 e 2;
Ai(Sj): efeito de interação
eij: erro aleatório associado a cada observação.
Foi considerado efeito dos tratamentos quando P<0,05 e o cálculo do melhor
nível de lisina digestível recomendado foi calculado levando-se em conta as médias dos
valores obtidos a partir da derivada das equações quadráticas.

Resultados
Durante a realização dos ensaios de desempenho, os valores médios de
temperatura máxima e mínima foram de 26,32±2,11ºC e 21,40±1,65ºC no início da
manhã e de 25,90±2,42ºC e 21,76±1,57ºC no meio da tarde.
Os resultados de desempenho das fêmeas estão apresentados na tabela 2. Não
houve efeito dos tratamentos no consumo de ração (g/dia) e no ganho de peso relativo
(%) (P>0,05). Foi observado aumento linear (P<0,05) no consumo de proteína bruta
(g/dia) (Y=164,576+33,509X, R2=0,76) e redução linear (P<0,05) na eficiência de
proteína bruta (Y=2,219–0,132X, R2=0,73), conforme aumentou-se os níveis de lisina
digestível, nos 32 dias de experimento.
Verificou-se efeito quadrático (P<0,05) do nível dietético de lisina digestível
nas variáveis peso aos 16 dias (kg) (Y = 65,385 +5,526X -0,291X2, R2=0,54), ganho de
peso (g/dia) (Y=-223,261+244,582X-12,560X2, R2=0,49) e conversão alimentar
(Y=5,954-0,697X+0,036X2, R2=0,32) no período de 0 a 16 dias de experimento.
Apesar dos melhores resultados para avaliação de desempenho para o período de 16
dias sugerirem 9,69 g de lisina digestível por kg de ração, as respostas dos tratamentos
indicaram a concentração de 7,00 g de lisina digestível por kg de ração ao se considerar
o período total do estudo para marrãs dos 77 aos 103 kg.
Os resultados de características de carcaça das fêmeas suínas, abatidas, em
média, com 103 kg de peso corporal, estão demonstrados na tabela 3.
Não se verificou efeito dos níveis de lisina digestível (P>0,05) nos resultados de
área de olho de lombo (cm2) e nem na espessura de toucinho na 10ª costela, obtidos por
meio de ultrassonografia e diretamente na carcaça, após o abate; bem como nas
variáveis de peso e rendimento de carcaça quente.
50

Tabela 2. Desempenho de fêmeas suínas segundo os níveis nutricionais de lisina


digestível (g/kg)
Variável Lisina Digestível (g/kg) EPM Valor de P
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 L Q
Peso Inicial (kg) 77,05 76,50 78,12 75,88 77,63 76,01 0,55 - -
Peso (kg)
Aos 16 dias 89,50 91,23 92,51 90,33 91,15 89,99 0,47 0,786 0,031
Aos 32 dias 103,19 102,28 102,53 101,45 104,53 102,14 0,56 0,964 0,704
Ganho de Peso (g/dia)
0 a 16 dias 842 982 959 963 902 932 18,65 0,434 0,031
0 a 32 dias 908 965 917 931 940 935 16,12 0,432 0,234
Ganho de Peso Relativo (%)
0 a 16 dias 16,41 19,31 18,53 19,09 17,48 18,47 0,58 0,231 0,053
0 a 32 dias 35,42 38,00 35,41 36,82 36,68 37,36 0,50 0,167 0,657
Consumo de Ração (g/dia)
0 a 16 dias 2455 2585 2391 2476 2614 2543 15,34 0,764 0,651
0 a 32 dias 2544 2778 2650 2678 2688 2762 18,50 0,840 0,821
Conversão Alimentar
0 a 16 dias 2,92 2,65 2,51 2,58 2,93 2,68 0,03 0,123 0,006
0 a 32 dias 2,86 2,88 2,90 2,88 2,86 2,97 0,04 0,328 0,436
Consumo de Proteína Bruta (g/dia)
0 a 16 dias 375 407 404 453 521 516 0,67 0,776 0,134
0 a 32 dias 405 438 447 490 557 560 0,56 <0,001 0,129
Eficiência de Proteína Bruta
0 a 16 dias 2,29 2,33 2,26 2,12 1,74 1,80 0,02 0,129 0,342
0 a 32 dias 2,33 2,12 2,06 1,87 1,74 1,66 0,05 <0,001 0,739
51

Tabela 3. Ultrassonografia e características de carcaça de fêmeas suínas, abatidas com


peso médio de 103 kg, segundo os níveis nutricionais de lisina digestível
(g/kg).
Lisina digestível (g/kg) EPM Valor de P
Variáveis 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 L Q
Ultrassonografia (in vivo)
Área de Olho de Lombo 60,79 61,61 60,64 59,88 59,63 61,50 0,43 0,230 0,432
(cm2)
Espessura de Toucinho 1,40 1,33 1,46 1,40 1,42 1,44 0,35 0,438 0,534
(cm)
Abate
Peso Vivo (kg) 103,70 101,30 105,60 99,60 100,90 103,00 0,47 0,897 0,654
Peso de Carcaça Quente 83,80 82,00 86,20 81,10 82,60 82,20 0,40 0,198 0,652
(kg)
Rendimento de Carcaça 80,82 80,94 81,61 81,40 81,87 79,83 0,29 0,797 0,458
Quente (%)
Peso de Carcaça Fria (kg) 82,40 81,00 85,00 80,00 81,60 81,20 0,28 0,769 0,875
Rendimento de Carcaça 79,47 79,96 82,15 80,27 80,81 78,74 0,02 0,127 0,013
Fria (%)
Área de Olho de Lombo 44,37 43,00 47,43 44,94 46,26 46,25 0,18 0,186 0,130
2
(cm )
Espessura de Toucinho 1,03 0,97 1,35 1,03 0,95 1,08 0,11 0,234 0,986
P2 (cm)
Paleta (kg) 6,84 6,87 7,55 7,03 7,28 7,42 0,10 0,114 0,235
Rendimento de Paleta 16,61 16,95 17,75 17,60 18,20 18,28 0,39 0,002 0,245
(%)1
Paleta sem osso (kg) 6,07 6,06 6,76 6,25 6,49 6,63 0,01 0,105 0,356
Rendimento de Paleta 14,74 14,94 15,91 15,65 16,23 16,33 0,46 0,003 0,765
sem osso (%)1
Pernil com pé (kg) 12,80 11,81 12,07 11,60 11,57 11,47 0,46 0,007 0,345
Rendimento de Pernil 30,84 29,22 28,41 29,02 28,93 28,28 0,07 0,001 0,045
1
com pé (%)
Pernil sem pé (kg) 12,41 11,48 11,71 11,24 11,22 11,10 0,09 0,007 0,213
Rendimento de Pernil 29,91 28,39 27,54 28,12 28,06 27,36 0,06 0,001 0,061
sem pé (%)1
Costela sem osso (kg) 6,65 6,49 6,72 6,37 6,20 6,79 0,18 0,422 0,543
Rendimento de Costela 16,14 15,98 15,82 15,95 15,51 16,72 0,39 0,432 0,756
sem osso (%)1
Lombo (kg) 2,78 2,90 3,16 3,00 2,83 2,68 0,16 0,943 0,050
Rendimento de Lombo 6,74 7,15 7,45 7,51 7,11 6,60 0,33 0,179 0,036
1
(%)
Copa (kg) 1,40 1,33 2,01 1,83 1,53 1,36 0,01 0,432 0,001
Rendimento de Copa 3,49 3,28 4,94 4,51 3,75 3,40 0,01 0,190 0,001
(%)1
Filé (kg) 0,43 0,42 0,48 0,45 0,45 0,48 0,08 0,367 0,320
Rendimento de Filé (%)1 1,04 1,04 1,13 1,13 1,12 1,18 0,05 0,124 0,324
1
Rendimento calculado com base no peso da carcaça fria
52

Na avaliação da carcaça após o abate, observou-se aumento linear (P<0,05) nas


variáveis rendimento de paleta (%) (Y=14,333+0,340X, R2= 0,91), rendimento de
paleta sem osso (%) (Y=12,497+0,330X, R2= 0,87) e redução linear no pernil com pé
(kg) (Y=14,013-0,223X, R2=0,71), no pernil sem pé (kg) (Y=13,640-0,222X, R2=0,74)
e no rendimento de pernil sem pé (kg) (Y=31,807-0,376X, R2=0,60). Houve resposta
quadrática (P<0,05) do nível de lisina digestível (g/kg) no rendimento de carcaça fria
(%) (Y=50,734+6,508X-0,347X2, R2=0,67), rendimento de pernil com pé (%)
(Y=44,670-2,986X+0,137X2, R2=0,74), lombo (kg) (Y=-1,730+1,032X-
0,056X2, R2=0,86), rendimento de lombo (%) (Y=-4,216+2,485X -0,132X2,
R2=0,98), copa (kg) (Y=-5,383+1,509X-0,079X2, R2=0,59) e rendimento de copa (%)
(Y=-12,426+3,534X-0,185X2, R2=0,56). Com base no comportamento das equações
referentes a estes resultados, sugere-se 9,43 g de lisina digestível por kg de para melhor
rendimento de carcaça e dos principais cortes cárneos de fêmeas suínas abatidas aos 103
kg.
Na tabela 4 estão apresentados os resultados do leucograma de fêmeas suínas
ao final do experimento (aos 148 dias de idade), segundo os níveis nutricionais de lisina
digestível, demonstrando que não houve efeito dos tratamentos nessas variáveis.
Nos resultados de desempenho dos machos castrados, apresentados na tabela 5,
observou-se aumento linear (P<0,05) no consumo de proteína bruta (g/dia)
(Y=128,384+3,789X, R2=0,70 no período de 0 a 16 dias; Y=156,907+4,209X, R2=0,83
para 0 a 32 dias) e redução na eficiência de proteína bruta (Y=3,486–0,015X, R2=056
para 0 a 16 dias; Y=2,998–0,012X, R2=0,70 para 0 a 32 dias). Houve efeito
quadrático (P<0,05) do nível de lisina digestível no ganho de peso (g/dia)
(Y=-262,620+273,269X-13,922X2, R2=0,72 para 0 a 16 dias; Y=-211,361+267,500X-
13,623X2, R2=0,86 para 0 a 32 dias), no ganho de peso relativo (%) (Y=-5,708+5,420X-
0,274X2, R2=0,55 para 0 a 16 dias; Y = -43,395 +17,453X -0,881X2, R2=0,86 para 0 a
32 dias) e na conversão alimentar (Y=0,030-1,084X+0,056X2, R2=0,71 para 0 a 32
dias). De acordo com os resultados, a concentração de 9,82 g de lisina digestível por kg
de ração é sugerida para o crescimento de machos castrados dos 77 aos 107 kg.
53

Tabela 4. Leucograma de fêmeas suínas (em valores absolutos por microlitros±desvio padrão) ao final do experimento (148 dias de idade)
segundo os níveis nutricionais de lisina digestível (g/kg).
Variáveis
Lisina Digestível (g/kg) Leucócitos Neutrófilos Linfócitos Eosinófilos Monócitos Neutrófilos/Linfócitos
7,00 19550± 5129 4714± 1548 12704± 3212 1135± 832 995± 503 0,36 ± 0,06
8,00 20650± 5482 3111± 852 15503± 5817 1015± 774 1019± 492 0,23 ±0,12
9,00 18550± 3258 4381± 1937 11866± 888 781± 439 1521 ± 496 0,36 ±0,14
10,00 15775± 3581 1956± 1202 12321± 3605 828± 729 668± 352 0,19 ±0,16
11,00 19000± 2080 3298± 994 13665± 1665 694± 378 1201 ± 298 0,24 ± 0,07
12,00 21525± 857 3482± 746 15329± 948 1423± 1002 1289 ± 732 0,25 ± 0,05
Valores de referência* 11000 - 22000 3080 - 10340 4300 - 13640 0 – 2400 200 - 2200 -
Linear 0,892 0,151 0,554 0,864 0,584 0,093
Valor de P Lisina
Quadrático 0,116 0,134 0,344 0,180 0,847 0,566
*
Jain & Schalm´s (1986)
54

Tabela 5. Desempenho de suínos machos castrados segundo os níveis nutricionais de


lisina digestível (g/kg)
Variável Lisina Digestível (g/kg) EPM Valor de P
7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 L Q
Peso Inicial (kg) 77,06 77,06 78,00 76,85 75,14 77,44 0,54 - -
Peso (kg)
Aos 16 dias 91,60 92,72 93,66 92,80 91,70 92,31 0,43 0,243 0,678
Aos 32 dias 106,50 109,20 102,00 106,70 111,20 108,20 0,53 0,871 0,976
Ganho de Peso (g/dia)
0 a 16 dias 969 1044 1045 1063 1104 991 18,00 0,123 0,013
0 a 32 dias 998 1040 1100 1080 1101 1019 17,45 0,132 0,001
Ganho de Peso Relativo (%)
0 a 16 dias 18,90 20,37 20,11 20,77 22,07 19,23 0,67 0,543 0,011
0 a 32 dias 36,14 39,11 42,25 42,26 43,97 38,22 0,67 0,045 0,010
Consumo de Ração (g/dia)
0 a 16 dias 2731 2544 2785 2964 2785 2784 16,89 0,127 0,345
0 a 32 dias 3166 2994 3082 3128 2959 3177 17,56 0,897 0,112
Conversão Alimentar
0 a 16 dias 2,82 2,43 2,68 2,81 2,53 2,83 0,06 0,533 0,987
0 a 32 dias 3,18 2,88 2,81 2,89 2,68 3,12 0,07 0,650 0,013
Consumo de Proteína Bruta (g/dia)
0 a 16 dias 417 382 470 542 555 564 0,78 <0,001 0,876
0 a 32 dias 462 472 539 594 612 661 0,74 <0,001 0,154
Eficiência de Proteína Bruta
0 a 16 dias 2,33 2,56 2,07 1,96 1,92 1,72 0,04 <0,001 0,435
0 a 32 dias 2,16 2,15 1,84 1,75 1,78 1,58 0,04 <0,001 0,651

Os resultados de ultrassonografia (in vivo) e características de carcaça dos


suínos machos castrados abatidos com peso corporal médio de 107 kg estão
apresentados na tabela 6. Os resultados demonstram não haver efeito dos níveis de
lisina digestível nos resultados de área de olho de lombo (cm2) e espessura de toucinho
(cm), tanto nos dados de ultrassonografia quanto nos observados diretamente na
carcaça, após o abate.
55

Tabela 6. Ultrassonografia e características de carcaça de suínos machos castrados,


abatidos com peso médio de 107 kg, segundo os níveis nutricionais de lisina
digestível (g/kg).

Lisina digestível (g/kg) EPM Valor de P


Variáveis 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 L Q
Ultrassonografia (in vivo)
Área de Olho de Lombo 60,97 61,47 63,60 60,42 58,78 61,50 0,45 0,132 0,456
(cm2)
Espessura de Toucinho 1,61 1,76 1,91 1,82 1,85 1,80 0,32 0,172 0,100
(cm)
Abate
Peso Vivo (kg) 106,5 109,2 102,0 106,7 111,2 108,2 0,53 0,234 0,765
Peso de Carcaça Quente 88,2 88,7 86,1 86,8 91,1 88,3 0,43 0,435 0,423
(kg)
Rendimento de Carcaça 82,8 81,2 84,4 81,4 81,9 81,6 0,23 0,562 0,524
Quente (%)
Peso de Carcaça Fria 86,3 87,6 84,9 85,7 89,8 87,0 0,18 0,221 0,123
(kg)
Rendimento de Carcaça 81,0 80,2 83,2 80,3 80,7 80,4 0,11 0,134 0,132
Fria (%)
Área de Olho de Lombo 43,81 43,10 41,94 40,50 47,84 44,13 0,12 0,134 0,145
(cm2)
Espessura de Toucinho 1,40 1,62 1,82 1,52 1,57 1,60 0,03 0,143 0,123
P2 (cm)
Paleta (kg) 7,922 7,372 7,747 7,675 7,812 7,675 0,12 0,143 0,128
Rendimento de Paleta 18,38 16,85 18,30 17,89 17,39 17,65 0,34 0,566 0,654
(%)1
Paleta sem osso (kg) 7,095 6,567 7,060 6,845 7,007 6,885 0,03 0,983 0,652
Rendimento de Paleta 16,47 15,01 16,68 15,96 15,59 15,83 0,56 0,321 0,458
sem osso (%)1
Pernil com pé (kg) 12,542 12,107 11,655 12,097 12,367 12,145 0,32 0,327 0,875
Rendimento de Pernil 29,12 27,64 27,45 28,20 27,48 27,92 0,04 0,876 0,130
com pé (%)1
Pernil sem pé (kg) 12,162 11,747 11,302 11,717 11,970 11,767 0,06 0,543 0,219
Rendimento de Pernil 28,24 26,83 26,62 27,31 26,60 27,05 0,06 0,378 0,123
sem pé (%)1
Costela sem osso (kg) 6,665 7,282 6,642 6,977 7,107 6,942 0,23 0,432 0,543
Rendimento de Costela 15,43 16,63 15,65 16,29 15,85 15,97 0,32 0,123 0,439
sem osso (%)1
Lombo (kg) 2,880 2,870 2,885 3,270 2,672 2,575 0,12 0,140 0,030
Rendimento de Lombo 6,70 6,55 6,82 7,63 5,93 5,92 0,34 0,070 0,020
(%)1
Copa (kg) 1,492 1,540 1,707 1,477 1,640 1,505 0,01 0,321 0,765
Rendimento de Copa 3,58 3,80 4,04 3,64 4,00 3,69 0,01 0,432 0,987
(%)1
Filé (kg) 0,382 0,425 0,380 0,445 0,445 0,457 0,03 0,030 0,789
Rendimento de Filé (%)1 0,90 0,97 0,89 1,04 1,00 1,05 0,06 0,100 0,564
1
Rendimento calculado com base no peso da carcaça fria
56

Na avaliação das características de carcaça, por meio de dados colhidos após o


abate dos machos castrados, observou-se aumento linear (P<0,05) no filé (kg)
(Y=0,287+0,014X, R2=0,63), conforme se aumentou a concentração de lisina na dieta.
Houve resposta quadrática (P<0,05) do nível de lisina digestível (g/kg) no lombo
(kg) (Y=-1,174+0,930X–0,052X2, R2=0,50) e no rendimento de lombo
(%) (Y=-3,294+2,300–0,128X2, R2=0,47). De acordo com estes resultados, os animais
que ingeriram 8,96 g de lisina digestível por kg de ração apresentaram maior
desenvolvimento e maior rendimento de lombo.
Na tabela 7 estão apresentados os resultados do leucograma de suínos machos
castrados ao final do experimento (148 dias de idade), segundo os níveis nutricionais de
lisina digestível. Observou-se efeito quadrático (P<0,05) dos níveis de lisina digestível
(g/kg) no número de eosinófilos (Y=5160,29-1036,27X+56,78X2, R2 = 0,15), com
valores extrapolando o máximo valor de referência de Jain & Schalm´s (1986). A menor
proporção destas células foi obtida nos animais que ingeriram 9,12 g de lisina digestível
por kg de ração.
Na tabela 8 estão apresentados os resultados de digestibilidade e metabolismo
para suínos com peso médio de 83,16 kg de peso vivo. Os valores de energia bruta das
dietas que continham 7,00; 9,00; 10,00 e 12,00 g de lisina digestível por kg de ração
foram, respectivamente, 18,82; 18,56; 18,78 e 18,73 MJ por kg de ração. Não houve
interação (P>0,05) entre sexo e níveis de lisina digestível, porém houve efeito de sexo
(P<0,05) na variável de nitrogênio absorvido (g), sendo que as fêmeas absorveram mais
nitrogênio que os machos castrados. Observou-se redução linear (P<0,05) na matéria
seca digestível (g/kg) (Y=891,154-8,15X, R2=0,49), na proteína digestível (g/kg)
(Y=896,044–10,794X, R2=0,48), no nitrogênio absorvido (g) (Y=23,530–0,534X,
R2=0,67), no nitrogênio retido (g) (Y=18,230–1,488X, R2=0,68), na energia digestível
(MJ/kg) (Y=16,575–0,133X, R2= 0,43) e na energia metabolizável (MJ/kg) (Y=16,244–
0,232X, R2=0,63). Portanto, entre os níveis estudados sugere-se 7,00 g de lisina
digestível por kg de ração.
57

Tabela 7. Leucograma de suínos machos castrados (em valores absolutos por microlitros±desvio padrão) ao final do experimento (148
dias de idade) segundo os níveis nutricionais de lisina digestível (g/kg).
Variáveis
Lisina Digestível (g/kg) Leucócitos Neutrófilos Linfócitos Eosinófilos Monócitos Neutrófilos/Linfócitos

7,00 21175±2364 5063±1527 14059±2559 688±400 1184±612 0,37±0,16


8,00 14250±3217 2676±1208 10033±2544 518±273 954±368 0,28±0,17
9,00 21825±7055 3589±1580 17123±7052 350±150 761±537 0,23±0,12
10,00 18900±3552 5974±2970 11514±3048 643±112 713±529 0,54±0,30
11,00 21375±6157 3882±845 16048±4886 492±222 952±784 0,25±0,07
12,00 22250±3572 4591±1379 16276±2634 944±278 437±252 0,28±0,08

Valores de referência* 11000 - 22000 3080 - 10340 4300 – 13640 0 – 400 200 – 2200 -

Linear 0,235 0,618 0,191 0,182 0,111 0,758


Valor de P Lisina
Quadrático 0,392 0,665 0,567 0,014 0,903 0,651
*
Jain & Schalms (1986)
58

Tabela 8. Digestibilidade aparente, nitrogênio retido, nitrogênio absorvido, energia


digestível e energia metabolizável determinados em suínos machos castrados e
fêmeas, com peso médio de 83,16 kg, segundo os níveis nutricionais de lisina
digestível (g/kg).
Variáveis
Lisina Matéria Seca Proteína Nitrogênio Nitrogênio Energia Energia
Sexo digestível Digestível Digestível Absorvido Retido Digestível Metabolizável
(g/kg) (g/kg) (g/kg) (g) (g) (MJ/kg) (MJ/kg)
Médias dos Fatores
Sexo
Macho 815,63 804,25 16,95a 6,86 15,40 14,19
Fêmea 813,96 785,96 17,02b 5,62 15,26 13,94
Lisina digestível
(g/kg)
7,00 856,17 844,17 18,72 10,01 16,12 15,16
8,00 800,75 783,50 18,06 7,27 14,95 13,77
11,00 813,75 795,75 17,37 5,75 15,30 14,01
12,00 788,50 757,00 16,41 2,14 14,93 13,32
Sexo 0,897 0,288 0,010 0,130 0,608 0,299
Valor L 0,010 0,009 0,005 0,001 0,022 0,001
Lisina
de P Q 0,261 0,515 0,856 0,923 0,146 0,172
Interação 0,111 0,196 0,390 0,564 0,064 0,080

EPM 8,74 10,82 0,74 0,31 0,18 0,20


1
Resultados expressos na base da matéria seca, obtidos conforme análises realizadas no Laboratório de
Bromatologia do Departamento de Nutrição e Produção Animal/FMVZ/USP.

Discussão
A temperatura no início da manhã apresentou-se maior que a medida no meio
da tarde, pois o momento mais quente do dia dentro do galpão ocorria por volta das
16:00 hs, momento em que já havia ocorrido a mensuração da temperatura da tarde.
O aumento de forma linear no consumo de proteína bruta (g/dia) e a redução
linear na eficiência de proteína bruta observados nas fêmeas no período total do
experimento pode ser consequencia do aumento da concentração de lisina digestível nas
dietas, já que não houve efeito dos níveis deste aminoácido no consumo de ração
59

(g/dia). Estes resultados também foram observados por diversos autores (Arouca, 2003;
Marinho et al., 2007; Millet et al., 2011) que estudaram o efeito de níveis de lisina
digestível em dietas de suínos selecionados para deposição de carne magra na carcaça.
Porém Chiba et al. (2002), Fabian et al. (2002) e Fix et al. (2010) observaram redução
linear no consumo médio diário de ração, com o aumento dos níveis de lisina, mesmo
trabalhando com dietas com alto nível proteico.
O efeito quadrático (P<0,05) no peso (kg) aos 16 dias de experimento e no
ganho de peso (g/dia) das fêmeas no período de 0 a 16 dias, também resultou em efeito
quadrático no ganho de peso relativo (%) e na conversão alimentar, conforme se
aumentou o nível de lisina digestível na ração, no período de 0 a 16 dias de
experimento. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Millet et al.
(2011), que pesquisaram exigência nutricional em suínos em terminação. Por outro lado,
Moreira et al. (2004) obtiveram redução linear no ganho de peso (g/dia) e não
observaram efeito dos níveis de lisina na conversão alimentar, resultado que confirma
pesquisa anterior de Moreira et al. (2002). Conforme estudo de Friesen et al. (1994),
suínos com alto potencial para acúmulo de tecido magro tem melhor resposta quanto ao
desempenho, para aumentos na concentração de lisina nas dietas. Restrição neste
aminoácido reduz o ganho de peso diário e piora a conversão alimentar (Castell et al.,
1994; Witte et al., 2000; Jin et al., 2010).
Os animais com piores ganho de peso e conversão alimentar nos primeiros 16
dias de experimento conseguiram apresentar desempenho semelhante quando foi
considerado todo o período experimental. Portanto, 7,00 g de lisina digestível por kg de
ração demonstrou ser o nível adequado para o desempenho de fêmeas suínas. Este nível
é muito próximo do recomendado por Friesen et al. (1995) e Main et al. (2008), que
foram de 7,12 e 6,50 g de lisina digestível por kg de ração, respectivamente.
A falta de efeito dos níveis de lisina digestível na área de olho de lombo (cm2)
e na espessura de toucinho (cm) colhidos por meio de ultrassonografia e analisados
diretamente na carcaça após o abate as fêmeas, confirmam os achados de See et al.
(2004) e Pereira et al. (2008) que ao avaliarem níveis de lisina dietética também não
observaram este efeito na espessura de toucinho, e de Adeola et al. (1990) e Kill et al.
(2003a,b), que não observaram efeito na profundidade de lombo. Porém Apple et al.
(2004), ao estudarem três níveis de lisina digestível e dois de energia metabolizável para
suínos, observaram efeito linear decrescente na espessura de toucinho conforme se
elevou a concentração dietética de lisina digestível.
60

Apesar de não haver efeito dos níveis de lisina digestível na área de olho de
lombo e na espessura de toucinho, observou-se efeito quadrático dos níveis de lisina
digestível nos rendimentos de carcaça fria e nos rendimentos e cortes cárneos das
fêmeas suínas, principalmente do lombo, tido como corte nobre, o que pode ser
atribuído a maior desenvolvimento muscular. Estes resultados concordam com os
obtidos por Marinho et al. (2007) e por Pereira et al. (2008), que estudaram o efeito de
lisina digestível nos rendimentos de carcaça, pernil e carré, recomendando 8,70 g de
lisina digestível por kg de ração, sem ractopamina, para melhor resposta produtiva. Este
nível é 0,70 g a menos do recomendado pelo presente trabalho, com base nos dados de
carcaça.
O leucograma das fêmeas, no geral, apresentou-se dentro da faixa de
normalidade proposta por Jain & Schalm´s (1986), o que confirma que quando livre dos
principais patógenos, o suíno pode apresentar maior eficiência na taxa diária de
deposição proteica (Williams et al., 1997a,b).
Assim como nas fêmeas, não houve efeito dos níveis de lisina digestível no
consumo de ração (g/dia) dos suínos machos castrados, enquanto o consumo de proteína
bruta (g/dia) aumentou linearmente (P<0,05) e a eficiência de proteína bruta diminuiu
(P<0,05), com o aumento dos níveis de lisina digestível. Estas respostas também foram
obtidas por Gasparotto et al. (2001), Arouca (2003) e Marinho et al. (2007). Porém
Moreira et al. (2004) e Fix et al. (2010), ao estudarem níveis de lisina digestível,
verificaram redução linear no consumo de ração (g/dia). Possivelmente as diferenças
observadas por Moreira et al. (2004) e Fix et al. (2010) sejam devido ao nível energético
das dietas; já que, segundo Le Bellego & Noblet (2002), existe uma relação ideal entre
energia e lisina na dieta, para um adequado aproveitamento energético e absorção de
aminoácidos pelo trato gastrintestinal.
Não houve diferença no consumo de ração entre as dietas dos machos
castrados, mas houve efeito quadrático (P<0,05) no ganho de peso (g/dia) e no ganho de
peso relativo (%) no período de 0 a 16 dias e de 0 a 32 dias, o que refletiu em efeito
quadrático (P<0,05) na conversão alimentar em todo o período experimental (0 a 32
dias). Estes resultados confirmam os achados de Fix et al. (2010) e de Jin et al. (2010),
porém outros autores observaram redução linear do ganho de peso, com o aumento dos
níveis de lisina digestível (Moreira et al., 2002; Moreira et al., 2004).
Em termos de qualidade de carcaça, assim como nas fêmeas, os machos
castrados não sofreram efeito dos níveis de lisina digestível no rendimento de carcaça,
61

área de olho de lombo (cm2) e espessura de toucinho (cm), bem como na maioria dos
cortes cárneos e nos rendimentos dos cortes. Entretanto observou-se efeito linear
(P<0,05) no peso do filé e quadrático (P<0,05) no peso e rendimento do lombo.
O efeito quadrático (P<0,05) dos níveis de lisina digestível, observado no
número de eosinófilos dos machos castrados, mostrou que no nível de 9,12 g de lisina
digestível/kg houve menor proporção desta célula e, ainda assim, esse valor estava
acima da faixa de referência de Jain & Schalm´s (1986). Os eosinófilos, apesar de serem
fagócitos fracos, detectam e combatem parasitas, além de se acumularem nos tecidos em
que há reação alérgica (Tizard, 2002; Guyton & Hall, 2006). Os animais foram
vermifugados no início do experimento, contudo, no decorrer do período experimental
havia moscas nas instalações, que picavam constantemente os animais e alguns
chegaram a manifestar processo alérgico, com diversas manchas avermelhadas pelo
corpo. Como em condições adversas o suíno pode perder até 40% em eficiência de
ganho muscular (Trindade Neto et al., 2008) e os animais que ingeriram ração que
continha 9,00 g de lisina digestível/kg produziram menor quantidade de eosinófilos,
mesmo sob o mesmo desafio dos demais, possivelmente também estavam menos
susceptíveis a manifestar processos alérgicos e ter perdas em rendimento de carcaça.
No ensaio de digestibilidade e metabolismo não foi verificado efeito de sexo
(P>0,05) nas variáveis estudadas, com interação entre os sexos e os níveis de lisina
digestível (P>0,05). Este achado confirma a observação de que as fêmeas são mais
eficientes que os machos castrados, em termos de aproveitamento da proteína da dieta
(Trindade Neto et al., 2005).
O efeito linear decrescente (P<0,05) nas variáveis de digestibilidade e
metabolismo, a medida que se aumentou o nível de lisina digestível, pode ser por
excesso de ingestão de proteína, o que levou a eliminação de todo o aminoácido que
excedeu às necessidades de mantença e produção (Beterchini, 2006). De acordo com o
NRC (1998), em condições normais, apenas 35 a 45% do nitrogênio é retido pelos
suínos, sendo o restante excretado. Figueroa et al. (2002) observaram que 45 a 60% do
nitrogênio consumido pelos suínos, alimentados com rações convencionais, é retido e o
restante é eliminado nas fezes e urina. Entretanto, Jin et al. (2010) afirmaram que a
digestibilidade proteica aumenta com o aumento dos níveis de lisina na dieta.
O nível obtido como melhor pelo ensaio de digestibilidade e metabolismo foi
de 7,0 g de lisina digestível/kg. Este nível está bem abaixo do sugerido pelas variáveis
de desempenho, carcaça e leucograma para machos castrados. Porém é o mesmo nível
62

sugerido para melhor desempenho das fêmeas e está abaixo do obtido para
características de carcaça das fêmeas.
O nível de 9,82 g de lisina digestível/kg definido como ótimo para machos
castrados, de acordo com os parâmetros de desempenho estudados é bem acima do valor
recomendado para as fêmeas, que foi de 7,00. Porém as fêmeas necessitam de maior teor
de lisina digestível na ração para melhor qualidade de carcaça que os machos castrados
(9,67 e 8,96 g de lisina digestível/kg, respectivamente).

Conclusão
Para melhor desempenho de suínos fêmeas e machos castrados dos 70 aos 100
kg recomenda-se, respectivamente, 7,00 e 9,82 g de lisina digestível por kg de ração ou
0,49 e 0,69 g de lisina digestível por MJ de energia metabolizável e, para melhor
qualidade de carcaça, 9,67 e 8,96 g de lisina digestível/kg, ou 0,68 e 0,63 g de lisina
digestível por MJ de energia metabolizável, em média.

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CAPÍTULO IV

IMPLICAÇÕES FINAIS
67

IMPLICAÇÕES FINAIS

Estimar a melhor relação entre lisina digestível e energia metabolizável em


suínos selecionados para maior deposição de carne magra implica em maiores ganhos
de peso, melhor conversão alimentar, melhores características de carcaça e melhor
qualidade nos cortes cárneos, fatores importantes para a qualidade da produção
suinícola e do produto final, que visa atender ao mercado consumidor.
Contudo, resultados que esperávamos como menor espessura de toucinho e
maior área de olho de lombo não foram observados de forma marcante, porém
constatou-se maior peso e rendimento de lombo, corte bastante valorizado pelo
consumidor.

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