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CURITIBA
2021
VERÔNIKA MARIANNA MATUCHESKI SLOTA
CURITIBA
2021
Reitor
Pró-Reitora Administrativa
Pró-Reitor Acadêmico
Secretário Geral
Campus Barigui
BANCA EXAMINADORA
A pecuária leiteira, de forma geral, obteve grande evolução nos últimos anos, e a raça
Jersey contribuiu significativamente. Esse trabalho foi realizado com o objetivo de
estudar a evolução da raça nos últimos dez anos em relação ao uso de diversas
ferramentas de seleção e melhoramento genético. Em especial, a Classificação Linear
para Tipo, que foi analisada mais a fundo nesse estudo, relacionando-a a índices de
produção. Essa pesquisa é relevante para a Medicina Veterinária, pois todas as
ferramentas aplicáveis ao melhoramento genético estão relacionadas à atividade;
para os produtores, pelo interesse econômico na evolução de seu rebanho; e para os
animais, tendo em vista que o uso dessas ferramentas promovem bem-estar, saúde
e longevidade.
- Desvio Padrão
ACGJB – Associação Paranaense de Criadores de Gado Jersey do Brasil
AG – Ângulo de Garupa
AN – Angulosidade
APCBRH – Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa
CCS – Contagem de Células Somáticas
ECC – Escore de Condição Corporal
FIV – Fertilização in vitro
FL – Força Leiteira
JCS UK – Jersey Cattle Society of the United Kingdom
LA – Largura de Garupa
LP - Largura de Peito
MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
NLS – Nivelamento de Linha Superior
PF - Profundidade Corporal
RBQL – Rede Brasileira de Qualidade de Leite
SCS – Escore de Células Somáticas
SRG – Serviço de Registro de Genealógico
TE – Tranferência de Embriões
VL – Vista Lateral
VP – Vista Posterior
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO ............................................................... 16
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 17
3.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................ 17
3.1.2 Escrituração Zootécnica de rebanho ................................................................ 17
3.1.3 Coleta de Dados ............................................................................................... 18
3.1.4 Acompanhamento de Rotina de Classificação Linear ...................................... 18
3.1.5 Acompanhamento de Rotina de Inspeção Zootécnica ..................................... 18
3.1.6 Suporte Técnico aos Criadores ........................................................................ 18
3.1.7 Auditoria Interna ............................................................................................... 19
3.1.8 Acompanhamento da Rotina Laboratorial de Controle Leiteiro ........................ 19
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 21
4.1 A RAÇA JERSEY ................................................................................................ 21
4.2 CLASSIFICAÇÃO LINEAR PARA TIPO .............................................................. 21
4.2.1 Tipo Ideal.......................................................................................................... 24
4.2.2 Força Leiteira (FL) ............................................................................................ 24
4.2.2.2 Nivelamento de Linha Superior (NLS) ........................................................... 25
4.2.2.3 Largura de Peito (LP) .................................................................................... 25
4.2.2.4 Profundidade Corporal (PF) .......................................................................... 25
4.2.2.5 Angulosidade (AN) ........................................................................................ 25
4.2.2.6 Forma Leiteira ............................................................................................... 26
4.2.2.7 Escore Corporal (ECC).................................................................................. 26
4.2.3 Garupa ............................................................................................................. 27
4.2.3.1 Ângulo de Garupa (AG) ................................................................................. 28
4.2.3.2 Largura da Garupa (LG) ................................................................................ 28
4.2.3.3 Força de Lombo ............................................................................................ 28
4.2.4 Pernas e Pés .................................................................................................... 28
4.2.4.1 Ângulo de Casco (AC) ................................................................................... 29
4.2.4.2 Profundidade do Talão (PT) .......................................................................... 29
4.2.4.3 Qualidade Óssea (QO) .................................................................................. 29
4.2.4.4 Pernas Posteriores – Vista Lateral (PVL) ...................................................... 30
4.2.4.5 Pernas Posteriores – Vista Posterior (PVP) .................................................. 30
4.2.4.6 Locomoção .................................................................................................... 30
4.2.5 Sistema Mamário ............................................................................................. 31
4.2.5.1 Inserção de Úbere Anterior ........................................................................... 31
4.2.5.2 Colocação de Tetos Anteriores ..................................................................... 32
4.2.5.3 Comprimento dos Tetos (CT) ........................................................................ 32
4.2.5.4 Altura de Úbere Posterior (AUP) ................................................................... 32
4.2.5.5 Largura de Úbere Posterior (LUP) ................................................................. 33
4.2.5.6 Colocação de Tetos Posteriores ................................................................... 33
4.2.5.7 Profundidade do Úbere ................................................................................. 33
4.2.5.8 Textura do Úbere .......................................................................................... 34
4.2.5.9 Ligamento Mediano (LM)............................................................................... 34
4.2.6 Defeitos ............................................................................................................ 34
4.2.7 Avaliação Final e Classes ................................................................................ 35
4.3 CONTROLE LEITEIRO ....................................................................................... 36
4.4 HERDABILIDADE (h2) ......................................................................................... 37
4.4.1 Herdabilidade das Características Lineares ..................................................... 38
4.4.1.1 Herdabilidade da Pontuação / Classe Final ................................................... 38
4.4.1.2 Herdabilidade das Características Individuais ............................................... 38
4.4.2 Herdabilidade das Características de Produção .............................................. 40
4.5 RELAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS LINEARES E DESCARTE ............... 40
5 PESQUISA APLICADA ......................................................................................... 42
5.1 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 42
5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 43
5.2.1 Classe em Relação a Produção ....................................................................... 43
5.2.2 Evolução da Produção do Rebanho Jersey Nacional nos Últimos 10 anos ..... 45
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 49
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 50
14
1 INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira é uma atividade que se estende por todo o Brasil, tornando-
o o 3º maior produtor de leite do mundo. Com forte influência na geração de renda, o
setor é responsável por milhões de empregos, direta ou indiretamente.
Acompanhando esses índices, o país é detentor do segundo maior rebanho
ordenhado a nível mundial.
Em contrapartida, quanto à produtividade animal, os números não são
satisfatórios, tendo em vista que o Brasil ocupa a 84ª posição no quesito indicando
produtividade 5 vezes menor em relação a Israel e Estados Unidos, primeiros
colocados (FAO e USDA, 2019). Isso se deve às grandes diferenças regionais de
clima, manejo, grau de tecnificação e raças exploradas.
A raça Jersey, originária da Ilha de Jersey – Grã-Bretanha, foi desenvolvida por
fazendeiros que valorizavam suas qualidades para produzir manteiga e queijo. A fim
de preservar a pureza racial, em 1763 foram decretadas leis que proibiam a entrada
na Ilha de Jersey de qualquer animal vivo que pudesse transmitir doenças aos
bovinos. A excelência do gado Jersey já era reconhecida no Século XVIII, com intensa
exportação para a Inglaterra e os Estados Unidos. Em 1834 aconteceu a primeira
exposição da raça, em Cattle Market. Quatro anos depois foi criado um sistema de
pontuação baseado nas classificações obtidas nos julgamentos e exposições. Esse
sistema e as anotações desses eventos deram origem ao Jersey Herd Book, no ano
de 1866, no qual foram inscritos inicialmente 42 touros e 182 vacas. Em 1896 houve
a introdução do gado Jersey no Brasil por Joaquim Francisco Assis Brasil, que adquiriu
animais oriundos do rebanho Windsor, da Rainha Vitória, da Inglaterra. No Brasil, o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) oficializou a raça em
1930, e oito anos mais tarde, em 1938, foi criada a Associação de Criadores de Gado
Jersey do Brasil, no Rio de Janeiro (The Dairy Queen, 2002; ACGJB, 2021).
O registro genealógico tem a função de dar suporte às demais ferramentas e
ações de melhoramento e seleção. Através dele conseguimos obter uma base de
dados confiáveis para estabelecer uma população e a partir dela calcular a habilidade
prevista de transmissão (PTA) e dentre outros fatores, fazer seleção com base na
genealogia evitando, por exemplo, consaguinidade e comorbidades advindas dela
(APCBRH, 2020).
Uma das funções mais importantes das Associações, além do registro, é
15
Acompanha
Auditoria mento da
Interna Rotina
19% Laboratorial Abastecimen
de Controle to de Dados
Leiteiro no SRG
1% 20%
Suporte
Técnico ao Escrituração
Criador Zootécnica
16% de Rebanho
19%
Acompanhame
nto de Rotina
de Inspeção…
Coleta de
Acompanhamento de Dados
Rotina de Classificação … 19%
17
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 1 - Descrição das características lineares de tipo, compostos, pesos e escores desejáveis
ESCORE
CARACTERÍSTICAS
LACTAÇÃO MENSURÁVEIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Âng. Garupa 2,27 0,48 -1,47 -3,02 -4,08 -5,63 -6,93 -8,49 <
Larg. Garupa 19,05 20,7 22,11 23,55 24,81 26,11 27,48 28,73 <
Prof. Úbere 0,38 4,31 3,79 8,83 10,4 11,64 13,76 15,52 <
1 Comp. Tetos Ant. 1,53 2,29 2,8 3,56 4,32 5,06 6,22 7,87 <
Alt. Úbere Post. 28,9 25,94 24,19 22,68 21,58 19,7 18,44 16,18 >
Larg. Úbere Post. 6,73 8,68 10,03 11,3 12,97 14,25 15,81 17,57 <
Estatura 117,82 119,87 121,83 123,67 125,51 127,26 129,02 130,97 <
Âng. Garupa 2,54 0,91 -0,89 -2,31 -3,28 -4,71 -5,9 -7,32 <
Larg. Garupa 21,2 22,94 24,42 25,94 27,26 28,63 30,07 31,44 <
Prof. Úbere -2,51 1,54 4,1 6,19 7,81 9,09 11,26 13,08 <
2 Comp. Tetos Ant. 1,53 2,29 2,8 3,56 4,32 5,03 6,22 7,87 <
Alt. Úbere Post. 28,54 25,13 24,34 22,79 21,66 19,74 18,45 16,14 >
Larg. Úbere Post. 8,85 10,77 12,11 13,37 15,02 16,29 17,83 19,57 <
Estatura 120,66 122,59 124,45 126,2 127,93 129,59 131,26 133,11 <
Âng. Garupa 4,64 2,63 0,41 -1,34 -2,53 -4,29 -5,76 -7,51 <
Larg. Garupa 22,35 24,22 25,81 27,44 28,86 30,33 31,88 33,35 <
Prof. Úbere -6,47 -1,93 0,93 3,28 5,09 6,52 6,95 10,99 <
3 Comp. Tetos Ant. 2,3 3,06 3,44 3,69 4,96 5,84 7,49 8,75 <
Alt. Úbere Post. 29,88 27,27 25,33 26,55 22,43 20,34 18,95 16,44 >
Larg. Úbere Post. 9,29 11,18 12,49 13,72 15,35 16,58 18,1 19,8 <
Estatura 120,78 122,6 124,46 126,58 128,66 129,91 131,08 133,29 <
4.2.2.1 Estatura
nove (VALLOTO, 2016), o que caracteriza uma vaca extremamente angulosa, com
costelas fluindo em direção ao úbere e bem espaçadas entre si.
4.2.3 Garupa
4.2.4.6 Locomoção
4.2.6 Defeitos
receber pontuação.
HERDABILIDADE CARÁTER
0 - 0,20 Baixa
0,20 - 0,40 Moderada
0,40 - 1,00 Alta
Fonte: BOURDON, 1997.
5 PESQUISA APLICADA
Animais classificados como MB (muito bom) produzem 21,4 litros a mais que B
(bom) por lactação. Animais EX (excelentes) produzem 91,5 litros a mais que a MB
por lactação. Animais EX produzem 112,9 litros a mais que a B por lactação.
Segundo o Boletim Leite da Esalq/USP em abril de 2021, o valor pago para o
produtor por litro de leite varia em torno dos R$ 2,00/ litro. Lembrando que rebanhos
da raça Jersey muitas vezes tem valor agregado devido a bonificação por teor de
sólidos. Diante disso, como o elucidado na tabela abaixo, podemos ver o aumento nos
índices de remuneração relacionados a conformação linear do animal. Esse cálculo
foi baseado apenas nas diferenças entre produções das classes, considerando
valores individuais e também uma propriedade de médio porte com um total de 50
vacas em lactação.
44
categoria Adulta Sênior, indicando que essas vacas em 2020 produziram 47,9% mais
leite do que as vacas mais longevas em 2010, comprovando que a permanência de
animais longevos deve ser um objetivo do produtor, e esse só pode ser alcançado
quando há seleção para características de tipo no programa de melhoramento
genético da propriedade.
Biondo (2017) relatou que o descarte involuntário representa 91,6%, dos quais
58,3% foram relacionados a problemas da glândula mamária, sendo a mastite a
comorbidade mais relatada nas propriedades analisadas. Para Silva e colaboradores
(2004) o principal motivo também está relacionado a afecções da glândula mamaria,
seguido por problemas reprodutivos e em terceiro os males do aparelho locomotor.
Sendo assim, características de pernas e pés, e sistema mamário são importantes
fatores na prevenção ao descarte involuntário, pois um animal bem conformado tem
capacidade de suportar as altas produções e os sistemas de manejo modernos.
Problemas reprodutivos possuem relação com características de ângulo de garupa,
por exemplo, já que quando “invertida” predispõe problemas no pós-parto pela
dificuldade no escoamento dos anexos embrionários, e quando na angulação
desejável leva maior facilidade reprodutiva no geral, desde a reprodução até o pós-
parto.
A adesão ao serviço de Classificação Linear para Tipo, oferecido pela Jersey
Brasil, está em aumento constante, só no primeiro semestre de 2021 foram
classificadas mais vacas do que em todo o ano de 2020. Comparando com o primeiro
semestre de 2019, encontramos um aumento de 79% para a mesma época em 2021.
No ano de 2020 a ACGJB bateu recordes em número de registros, com um
aumento de 80% em relação a 2019 apenas em registros definitivos. Demonstrando
que, em 2020, obtivemos 80% a mais de rebanho Jersey controlado, ou seja, apto a
controle de dados e geração de índices zootécnicos. Para a raça esse é um marco
importante no avanço da afirmação dos padrões da raça no Brasil, até então não era
possível delimitar o padrão do rebanho nacional, criado, adaptado, selecionado e
manejado aqui, em sistemas de produção que muitas vezes não são vistos nos demais
países onde a raça está estabelecida. No total, entre registros definitivos e provisórios,
o aumento foi de cerca de 60% em relação ao ano anterior (ACGJB, 2020), os
resultados em número de registros provisórios emitidos vão ser vistos a partir de 2021,
quando os animais recém controlados, 2020, passarem a ter vida produtiva, gerando
produtos aptos a registro provisório.
49
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ACGJB. A Raça Jersey. Gado Jersey Brasil, 2021 Disponível em: <https://www.gadoj
erseybr.com.br/paginas/a-raca-jersey/>. Acesso em: 1 jun. 2021.
DOMECQ, J.J., SKIDMORE, A.L., LOID, J.W. et al. 1997. Validation of body condition
scores with ultrasound measurements of subcutaneous fat of dairy cows. Journal Dairy
Science, v. 78, n. 10, p. 2308-2313, out./1995.
JERSEY Type Classification. Jersey Cattle Society of The United Kingdom. Disponível
em: <https://jerseycattlesociety.uk/classification-introduction/>. Acesso em: 10 mai.
2021.
JERSEY Type Classification Guide. Jersey Cattle Society Uk. Disponível em:
<https://jerseycattlesociety.uk/wp-content/uploads/2020/04/Jersey-Type-Classificatio
n-Guide.pdf>. Acesso em: 22 mai. 2021.
KONIG, H. E.; LIEBICH, H.G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas
Colorido. 6. ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2016.
52
O que é Classificação? Jersey Cattle Society of The United Kingdom. Disponível em:
<https://jerseycattlesociety.uk/classification-introduction/>. Acesso em: 15 mai. 2021.
VALLOTO, A.; RIBAS NETO, P.G. Raça holandesa moderniza e atualiza sistema de
avaliação da conformação das vacas. Doc Player, 2010. Disponível em:
<https://docplayer.com.br/11475967-Raca-holandesa-moderniza-e-atualiza-sistema-
de-avaliacao-da-conformacao-das-vacas-classificacao-para-tipo.html>. Acesso em: 7
abr. 2021.