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CURITIBA
2020
DAYANE DE BORBA LUCOLLI
CURITIBA
2020
Reitor
Pró-Reitora Administrativa
Pró-Reitor Acadêmico
Secretário Geral
Campus Barigui
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Presidente
__________________________________________
__________________________________________
Walt Disney
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ......................................................... 16
2.1 FUNCIONAMENTO E INSTALAÇÕES.............................................. 16
2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS...................................................... 16
2.2.1 Clínica Médica de Pequenos e Grandes Animais............................... 17
2.2.2 Inspeção de Alimentos de Origem Animal......................................... 18
2.2.2.1 Produção de Ovos de Codorna em Conserva................................... 19
2.2.2.2 Entreposto de Carnes........................................................................ 20
2.2.2.3 Frigorífico de Ovinos.......................................................................... 22
2.2.2.4 Frigorífico de Bovinos........................................................................ 23
2.2.3 Controle de Qualidade...................................................................... 25
3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 27
3.1 BOVINOCULTURA DE CORTE EM SANTA CATARINA................... 27
3.2 IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO EM FRIGORÍFICOS....................... 28
3.3 INSPEÇÃO POST MORTEM EM BOVINOS..................................... 28
3.3.1 Inspeção de Vísceras........................................................................ 29
3.3.2 Fígado................................................................................................ 31
3.4 PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO DE FÍGADOS............... 32
3.4.1 Teleangiectasia.................................................................................. 32
3.4.2 Abscesso........................................................................................... 33
3.4.3 Cirrose............................................................................................... 34
3.4.4 Fascíola Hepática ............................................................................. 35
3.4.5 Congestão......................................................................................... 36
3.4.6 Perihepatite........................................................................................ 37
3.5 PERDAS ECONÔMICAS POR CONDENAÇÃO............................... 37
4. OBJETIVO ....................................................................................................... 39
5. MATERIAL EM MÉTODOS ............................................................................ 40
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 41
7. CONCLUSÃO.................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 47
1 – INTRODUÇÃO
14
Em 2019 o PIB do Brasil foi de R$ 7,3 trilhões, um crescimento nominal
de 6,8% em relação ao no anterior. Parte desse crescimento se deveu ao PIB da
Pecuária, evidenciando a força do setor na economia brasileira. O PIB da
Pecuária de Corte cresceu 3,5% em 2019, somando R$ 618,50 bilhões. Com um
rebanho de 213,68 milhões de cabeças, a pecuária brasileira registrou em 2019
um abate de 43,3 milhões de cabeças, queda de 2,1% ante as 44,23 milhões de
cabeças abatidas em 2018 (ABIEC, 2020).
15
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO
16
Durante este período, houve atuação em três áreas da Medicina
Veterinária: clínica médica de grandes animais, clínica médica de pequenos
animais e inspeção de alimentos de origem animal.
Insuficiência 2
Nutricional
Insuficiência 1
respiratória
Identificação para 2
GTA
Orquite 2
Tétano 1
Dermatite 1
Babesiose 7
TOTAL 4 1 1 10 2
17
carrapatos. Seis delas estavam prenhes, mas com períodos diferentes de
gestação. Inicialmente foi realizado exame retal com a finalidade de se verificar
possibilidade de predisposição ao aborto. O tratamento foi feito durante 3 dias
com a administração de um composto terapêutico energético e eletrolítico
(Polijet® HD), com adição de vitamina B12 (Monovin B 12®) e antitóxico
(Mercepton®), por via endovenosa e oxitetraciclina de longa ação (Terramicina
LA®) por via intramuscular. Uma das vacas apresentou abortamento dois dias
após a consulta, e após exame clínico, foi administrado cloprostenol sódico
(Ciosin®) e oxitetraciclina. Houve óbito de uma vaca dois dias após o término do
tratamento realizado.
Outro caso que chamou muito à atenção foi o de uma bezerra com rigidez
muscular. Quando a equipe veterinária foi acionada, a enfermidade já se
encontrava em estado adiantado. A bezerra se apresentava em decúbito lateral,
com toda a musculatura rígida e movimentos respiratórios fracos, apresentando
movimentos circulares de pedalagem (Figura 1). Antes de qualquer possibilidade
de intervenção, a bezerra entrou em óbito. Tendo em vista os sinais clínicos, o
diagnóstico presumido foi tétano.
18
A inspeção foi realizada em dois frigoríficos sendo um de bovinos e outro
de ovinos, um entreposto de carnes e um estabelecimento de produção de ovos
de codorna em conserva.
19
Para o envase, os ovos eram colocados manualmente em vidros de
primeiro uso ou reuso, onde eram pesados para conferência do peso drenado
esperado. No processo final os vidros eram preenchidos com solução de
salmoura, preparada com água, sal e vinagre, com finalidade de conservante.
Os vidros eram tapados manualmente, colocados em cestos de aço inox
e levados ao cozimento por 5 minutos em temperatura acima de 95°C para
posteriormente serem mergulhados em água morna onde aguardavam até o
resfriamento final. Essa etapa trazia o benefício da produção de vácuo.
Para finalizar os vidros saíam em óculo para a sala de rotulagem, onde
eram secos e identificados com rótulo ou placas contendo lote e a validade do
produto. Posteriormente eram encaixotados e levados para local arejado e seco
para serem armazenados e aguardarem a sua expedição.
Na área limpa havia também a sala de condimentos e sanitização, onde
permaneciam armazenadas algumas das matérias primas usadas para o
preparo da salmoura. A higienização dos vidros de conserva de primeiro uso
e/ou reuso era realizada por meio de imersão em solução de água hiperclorada
e em seguida, lavados em água corrente.
Eram fabricados três tipos de conserva, sendo elas, ovos de codorna em
conserva, ovos de codorna em conserva defumados e ovos de codorna em
conserva com azeitona. A comercialização era extensiva ao território nacional.
21
vácuo. Depois eram encaminhados também para a câmara fria de estocagem de
produtos embalados resfriados para o aguardo da expedição.
Em todos os processos a temperatura das carnes não ultrapassava a 7°C.
Para a manipulação das carnes, eram utilizadas gancheiras, ganchos, mesas,
facas, tabua de polietileno e luvas de malha de aço de uso exclusivos para cada
setor. Esses utensílios eram lavados e sanitizados com desinfetantes com
ozônio e ou quaternário de amônia. Em todas as áreas onde ocorria
manipulação, a temperatura ambiente era de no máximo 16ºC.
22
Seus produtos eram vendidos congelados, sendo: cortes fatiados,
linguicinha, almondega, hambúrgueres, costela recheada e cortes sem osso e
cortes inteiros (meia carcaça). Todos os produtos eram de origem ovina. Todas
as embalagens eram a vácuo, com peso entre 500 g a 1,6 kg.
23
Instrução Normativa n° 3/2000 (BRASIL, 2000), para encaminhar os animais até o
corredor do banho de aspersão que tinha o objetivo de retirar as sujidades do couro. Em
seguida os animais eram encaminhados individualmente para o box de insensibilização,
realizada por intermédio de pistola pneumática de dardo cativo penetrativo.
Após a insensibilização e em menos de um minuto o animal era sangrado e
mantido na canaleta por no mínimo 3 minutos, até escoar o sangue da carcaça. A esfola
era iniciada pela cabeça, com desarticulação, e depois os membros pélvicos e torácicos,
para retirada das patas. Em seguida era realizada a esfola do couro, feita manualmente
com auxílio de facas específicas, e após era serrado o peito e feita a oclusão do reto para
que não houvesse nenhum tipo de contaminação na carcaça. Posteriormente era feita a
esfola total do couro e retirada da cauda.
Dando início à evisceração, inicialmente era retirada a linha D, composta pelo
trato gastrointestinal, baço, pâncreas, bexiga e útero, que caia pela canaleta da sala da
bucharia e triparia e em seguida a retirada da linha E, F e G, composta por fígado,
pulmões, coração e rins que eram direcionados à sala de inspeção de vísceras.
Nesse local era realizado o exame post mortem dos órgãos pela médica
veterinária que avaliava se estavam aptos para o consumo, de acordo com
RIISPOA (BRASIL, 2017).
Após a evisceração era realizada a divisão longitudinal da carcaça e a
toalete das meias carcaças para poder ser feita a lavagem final, seguindo para
a inspeção da carcaça e a carimbagem da peça.
Depois do abate, as meias carcaças eram pesadas, identificadas com
data de abate, lote e validade para serem encaminhadas para a câmara de
resfriamento, onde permaneciam por 24 horas antes de serem encaminhadas
para a sala de desossa.
O estabelecimento contava com três câmaras frias destinadas ao
resfriamento, sendo elas uma para carcaças (2ºC a 5ºC) e duas para carnes já
embaladas (0ºC a 2ºC). Havia também dois containers de congelamento, a
temperaturas de -13ºC a -15ºC e outro utilizado como túnel de congelamento
que ficava entre -22ºC a -24ºC. Havia também duas salas de desossa e uma
sala de produção onde eram embalados e separados os produtos nas câmaras
frias, onde o produto ficava até sua expedição e venda.
A inspeção também era feita com a vistoria interna de todo o
estabelecimento e análises de programas de autocontrole.
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Durante o estágio, foi acompanhado 59 abates e foram abatidos 778
animais, entre eles bovinos e bubalinos sendo inspecionado para consumo 3.112
órgãos, sendo eles rins, coração e fígado. Nas inspeções foram condenados 671
órgãos, sendo 387 fígados, 274 rins, 10 corações (Tabela 2). Foi observado que
o fígado era o órgão com maior número de condenações, seguido pelos rins.
Entre as causas de condenação, a de maior ocorrência foi a presença de
fascíola hepática, seguida por cistos renais, infarto renal, perihepatite,
teleangiectasia e nefrite.
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Segundo a ADAPAR (2015) a Implantação e Manutenção dos Programas
de Autocontrole (PAC), fundamenta-se na inspeção do processo e na revisão
dos registros de monitoramento dos programas de autocontrole da indústria.
Sendo assim era fundamental que os Fiscais de Defesa Agropecuária (FDA),
Médicos Veterinários Inspetores e Responsáveis Técnicos envolvidos nas
atividades conheciam os programas escritos pelas empresas.
Esse monitoramento consiste em avaliar os programas de autocontrole
que consistiam em Procedimentos Sanitários das Operações (PSO),
Procedimento Operacional Padrão (POP), bem-estar animal, Procedimento
Padrão de Higiene Operacional (PPHO), Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC), Controle Integrado de Pragas (CIP), Planejamento de
Controle e Produção (PCP), identificação, remoção, segregação e destinação do
Material Especificado de Risco (MER) e entre outros.
Em todos os estabelecimentos onde eram feitas a inspeções semanais,
além das visitas internas, era realizada a conferência de todos os programas de
autocontrole, que eram realizados diariamente com preenchimento de planilhas
que indicavam ou não algum tipo de conformidades nas operações, e se
houvesse, imediatamente eram adotadas medidas corretivas.
As planilhas de autocontrole eram preenchidas por um encarregado
treinado pelo responsável técnico (RT) da indústria, avaliando todos os setores
e no final do dia eram assinadas e então arquivadas em pastas para a verificação
do Médico Veterinário do Serviço de Inspeção. Essas planilhas deveriam
permanecer arquivadas na indústria por um período mínimo de cinco anos.
Observando-se que o consumidor está cada vez mais exigente, a
promoção da segurança alimentar, programas de qualidade e minimização dos
riscos de contaminação biológica, física e química, realizava os requisitos
higiênico-sanitários e a qualidade em todas as etapas do processo produtivo nas
indústrias fazendo com que se conseguisse obter mais lucros e credibilidade
junto aos mercados e consumidores.
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3. REVISÃO
27
no ranking nacional, tendo exportado 3,80 mil toneladas. O principal destino da
carne bovina catarinense é Hong Kong, que em 2019 respondeu por 55,86% das
receitas com esse produto (EPAGRI/CEPA, 2020).
28
Apesar dos cortes cárneos serem as frações mais valorizadas, aceitas e
consumidas pela população, vísceras (miúdos) também são destinadas ao
consumo humano, sendo fontes proteicas alternativas para a população mundial
em expansão. Outro benefício é que, de forma geral, seu valor de
comercialização é inferior aos cortes cárneos, possibilitando o maior acesso pela
população de menor poder aquisitivo. Além disso, esses subprodutos também
podem ser utilizados para fabricação de alimentos processados (ALMEIDA et al.
2017).
Para que o consumo seja feito de forma segura quanto a sua qualidade
higiênico-sanitária, torna-se necessário que os produtos alimentícios derivados
do abate tenham origem em indústrias inspecionadas, onde os animais são
submetidos a minuciosos exames ante mortem e post mortem, realizados por
inspetores médicos veterinários (ISRAEL et al., 2014).
Segundo o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos
de Origem Animal a inspeção “post-mortem” consiste no exame de todos os
órgãos e tecidos, abrangendo a observação e apreciação de seus caracteres
externos, sua palpação e abertura dos gânglios linfáticos correspondentes, além
de cortes sobre o parênquima dos órgãos, quando necessário (BRASIL, 2017).
O principal objetivo de qualquer sistema de inspeção é assegurar ao consumidor,
a qualidade higiênico-sanitário e tecnológico dos alimentos. Além disso, esse
serviço é fundamental em um estabelecimento de abate, visto que algumas
enfermidades têm sintomatologia clara nos animais vivos, enquanto que na
inspeção “post mortem”, pouca ou nenhuma alteração é detectada (GURGEL et
al., 2017).
29
De acordo com o Sistema de Inspeção Federal a linha de inspeção do
abate de bovinos segue a seguinte cronologia: linha A- pés; linha B- conjunto
cabeça-língua trato; linha C- cronologia dentária; linha D- trato gastrointestinal,
baço, pâncreas, bexiga e útero; linha E- fígado; linha F- pulmões e coração; linha
G- rins; linha H- parte caudal da carcaça; linha I- parte cranial da carcaça
(SOUZA, 2018).
Na linha E onde é inspeciona a víscera fígado, deve-se retirar linfonodos,
e o órgão é lavado com água morna, é realizado o exame visual e palpação,
exame visual da bile (não pode estar rompida) se for necessário a incisá-la,
realizar cortes no parênquima hepático, marcar as lesões de acordo com sua
carcaça comunicando as outras linhas se for necessária a passagem pelo DIF
(Departamento de Inspeção Federal). Na linha F examina pulmão e coração,
visualmente e palpação, separar coração de pulmão, incisar linfonodos e a base
dos brônquios, avaliar pericárdio, epicárdio e endocárdio e suas válvulas, em
caso de condenações marca a vísceras e proceder da mesma forma que as
linhas anteriores. Na linha G inspeciona o rim, retira-se a gordura perirrenal,
realizar corte do parênquima e examinar supra-renais (SOUZA, 2018).
Os rins bovinos são subprodutos do abate bovino utilizado tanto
diretamente na alimentação humana quanto animal na forma de rações, sendo
que na inspeção de bovinos em matadouros frigoríficos os rins são
obrigatoriamente inspecionados na linha G de abate. A inspeção post-mortem
do fígado é realizada na linha E de abate, onde é feito o exame visual das faces
da peça, palpação e cortes transversais com compressão dos ductos bilíferos,
além de cortes nos nodos-linfáticos da víscera e incisão da vesícula biliar. Pode
ocorrer condenação total ou aproveitamento condicional em caso de lesões
discretas retirando apenas as partes atingidas (MARCHESINI, 2013).
A realização do exame macroscópico durante a inspeção post mortem de
bovinos destinados ao consumo favorece o diagnóstico de patologias que podem
surgir em decorrência do manejo adotado na propriedade, seja no transporte ou
momento do atordoamento. Por isso a importância da avaliação do médico
veterinário, já que o diagnóstico prévio das patologias permite o direcionamento
da carcaça, impedindo o seu consumo. Sendo o diagnóstico importante não
apenas para o consumista, mais também para o produtor que passa a conhecer
doença que acomete o rebanho evitando perdas futuras (SANTOS, 2017).
30
Este tem como objetivo retirar do mercado produtos com alterações
patológicas devido a zoonoses e também aqueles com aspecto repugnante tal
prática tem o objetivo de tornar seguro o consumo humano dos alimentos
inspecionados (SOUZA et al., 2017).
3.3.2 Fígado
31
células exterminadoras naturais (Natural Killer). As células de Kupffer fornecem
a primeira linha de defesa contra agentes infecciosos, endotoxinas e material
estranho absorvido no intestino, antes que eles tenham acesso à circulação
sistêmica (ALMEIDA, 2016).
O fígado que apresentar afecções, que não possuam implicações com a
carcaça ou os demais órgãos, deve ser condenado totalmente ou parcialmente
(SILVA, 2018).
Acredita-se que muitos fígados liberados para consumo contenham
lesões microscópicas que não são visualizadas pelos inspetores na rotina de
inspeção. Dentre estas lesões microscópicas podemos citar: tumefação
hepatocelular, necrose, infiltrado inflamatório, macrófagos espumosos e
hiperplasia ductal (ALMEIDA, 2016).
O fígado é um órgão vital devido às suas funções desintoxicantes e
hemostáticas; porém, em virtude disso, torna-se suscetível às lesões causadas
por afecções sistêmicas, parasitárias e infecciosas. Ainda, por ser considerado
um miúdo comestível e de valor comercial, a sua condenação durante as linhas
de inspeção acarreta grande perda econômica, além de indicar alto grau de
patologias nos animais abatidos (SOUZA et al., 2017).
3.4.1 Teleangiectasia
32
A telangiectasia consiste em uma dilatação dos capilares sinusóides
principalmente em bovinos com idade avançada com posterior desaparecimento
dos hepatócitos, sendo sua etiologia desconhecida, caracterizando-se com
pontos vermelho-escuros ou negro-azulados, com bordos regulares e depressão
em sua superfície (TIRADENTES et al., 2017).
Há presença de inúmeras áreas preto-azuladas, irregulares, de aparência
esponjosa, difusas ou circunscritas na superfície e/ou interior do parênquima
hepático. Nas lesões discretas, remove-se as partes atingidas; nas lesões
maiores, condena-se o órgão na linha (CASTRO, 2010).
Segundo Marchesini (2013), a maioria dos fígados condenados por
teleangiectasia não apresenta células inflamatórias nem algum outro processo
patológico, por esse motivo pode ser destinado ao consumo humano, assim
sugerindo que somente os órgãos com grau acentuado de teleangiectasia sejam
condenados.
Apesar de ser uma lesão comum em bovinos e aparentemente sem
significado clínico, é causa frequente de condenação de fígados bovinos em
abatedouros, devido a fatores estéticos. Nos Estados Unidos (EUA), estima-se
que mais de 10% das condenações em abatedouros sejam por esta lesão
(ALMEIDA, 2016).
3.4.2 Abscesso
3.4.3 Cirrose
35
A migração dos trematódeos imaturos pelo fígado gera trajetos
hemorrágicos com necrose. Esses trajetos são visíveis macroscopicamente
como áreas vermelho-escuras que com o tempo tornam-se mais pálidas que o
parênquima circundante. Na microscopia observa-se os parasitas maduros ficam
enclausurados por tecido conjuntivo fibroso em cistos repletos por fluido. No
Brasil, a fasciolose é distribuída por várias regiões, sendo que os estados com
maiores frequências são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás (ALMEIDA, 2016). O parasita apresenta-
se como uma folha seca, medindo de 2 a 3 cm de comprimento por 1 cm de
largura. Condena-se o órgão na linha imediatamente (CASTRO, 2010).
3.4.5 Congestão
36
acentuação do padrão lobular na macroscopia, resultando no aspecto de “noz-
moscada” (ALMEIDA, 2016).
3.4.6 Perihepatite
37
Estabelecendo que matadouros-frigoríficos são empresas capitalistas que
visam lucro é de interesse dos empresários do ramo aproveitar melhor os
subprodutos de origem animal e inovar na indústria de embutidos. À importância
econômica vêm vinculados os direitos dos consumidores a uma oferta de
alimento seguro. No cerne dos problemas sanitários encontrados na inspeção
de miúdos estão os produtores pecuaristas e a falta de uma real implementação
das Boas Práticas Agropecuárias no campo (BPA) e Boas Práticas de
Fabricação (BPF) na indústria frigorífica (CASTRO, 2010).
Os prejuízos associados às condenações de carcaças, quartos de
carcaças e órgãos existem, contudo, a magnitude das perdas aos frigoríficos e
produtores depende entre outros fatores do valor de mercado e do peso da peça
condenada pela Inspeção. O peso de órgãos como rins, coração, pulmão, fígado
e língua, de bovinos mestiços leiteiros são mais pesados do que os da raça zebu,
embora não haja interferência no rendimento de carcaça entre as duas raças.
Considerando as diferenças de peso entre as raças, os autores revelam ser o
fígado o órgão mais pesado, enquanto o rim o mais leve (PEREIRA, 2011).
38
4. OBJETIVO
39
5. MATERIAL E MÉTODOS
40
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
INSPEÇÃO DE FIGADOS
41
Nos relatos de Borges (2016) em Minas Gerais observa-se 75,33% de
condenações de fígados bovinos, e Oliveira et al. (2017) no estado do Paraná
com 64,56%. Valores altos, mas abaixo de 50% também foram obtidos Vieira et
al. (2011) com uma média de 43,50% e Tiradentes et al. (2017) 38,72%, ambos
no estado do Espírito Santo. E em Tocantins, Melo Junior (2012) relatou 45,90%
dos fígados condenados.
Durante esse estudo essas condenações representaram perdas
econômicas consideráveis, tendo em vista o valor pelo qual o referido
estabelecimento repassa nesse miúdo ao comércio (R$ 8,00 kg), e o peso médio
de 5 kg por fígado, houve perda de receita de R$ 15.480,00, o que daria, em
média, R$ 46.440,00 por ano. Souza et al. (2017) realizaram estudo semelhante
em Minas Gerais entre os anos de 2007 a 2013 com o valor de venda a R$ 6,50
e condenações de 11,17% dos fígados, o prejuízo calculado foi R$ 15.629,71
por ano.
Entre as principais causas de condenação de fígados bovinos, nesse
estudo, observamos que a principal foi fasciolose hepática, seguida de
perihepatite, teleangiectasia e abcesso como pode-se observar na Tabela 3.
42
Dos fígados condenados pelo SIM, a maior causa encontrada foi a
presença de fascíola hepática com 66,66%. Resultados muito semelhantes
foram relatados por Vieira et. al. (2011), em que também a principal causa de
condenação do fígado foi devido à fasciolose hepática com 62,15% no Espírito
Santo, mesmo estado em que Tiradentes et al. (2017) relataram 57,6% das
condenações causadas pela infecção por Fasciola hepática, sendo a principal
causa de condenação no período avaliado.
Geralmente a fasciolose não é letal aos bovinos, induzindo os pecuaristas
a não considerá-la um problema. Porém, a doença ocasiona lesões no fígado e
interfere no metabolismo, comprometendo o desempenho produtivo e
reprodutivo do rebanho. Estas lesões hepáticas também servem como porta de
entrada para infecções por Clostridium haemolyticum, causando a
hemoglobinúria baciliar (HB), doença considerada letal para o rebanho. A alta
incidência de HB em regiões baixas e alagadiças pode ser relacionada à
ocorrência de fasciolose (ALMEIDA et al., 2012).
Há estudos que demonstraram baixas prevalências de fasciolose, como
Rodrigues e Souza (2019) que durante seu estudo no Rio de Janeiro no período
de 2017 e 2018 verificaram entre 16,4 e 10%. Em Minas Gerais, Borges (2016)
relata 5,15% e Souza et al. (2017) 2,44%. Em Pernambuco, Almeida et al. (2017)
não observaram a presença desse parasita em nenhum dos fígados condenados
durante seu estudo.
Segundo Ortunho et al. (2018) a distribuição da fasciolose está ligada a
fatores climáticos, manejo dos animais reservatórios, fatores topográficos e
presença no ambiente de moluscos do gênero Lymnaea, necessários para que
o ciclo de vida do parasita seja completo, por isso a prevalência da fasciolose
pode ser alterada entre regiões e países. No Brasil, sua maior ocorrência é
relatada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo (ALMEIDA et al., 2017).
A segunda maior causa de condenação na linha “E” de inspeção foi
perihepatite com 10,85% dos fígados condenados. Castro (2010) cita que
perihepatite é uma inflamação da cápsula periférica do fígado, que se apresenta
áspera e aderente ao tecido hepático. Souza et al. (2017) descreveram 0,23%
de condenações por perihepatite, e Marchesini (2013) 0,64%, muito inferiores
aos descritos por Israel et al. (2014), com 7,11% e Gurgel et al (2017) com
43
18,41%. Nascimento et al (2015) com 10,50% e Almeida et al. (2017) com 10,0%
se assemelham com o presente estudo.
44
Em relação às demais causas de condenação durante o serviço de
inspeção, como cirrose (0,51%), cisticerco calcificado (3,10%), congestão
(1,29%), fibrose (2,58%), hepatite (1,55%) e lipidose (1,03%), não foram
contabilizadas individualmente, mas também se mostraram relevantes nos
prejuízos por condenação, somando juntas 10,06%.
Para alguns autores que obtiveram outras causas de condenações
semelhantes ao presente estudo, Israel et al. (2013) encontraram 21,74% de
cirrose e 2,15% de congestão.
Esses números demonstraram, de forma evidente, a presença de
enfermidades ou falhas de manejo nas propriedades de onde os bovinos são
adquiridos. Pode-se ressaltar também a importância e atenção especial durante
a inspeção, visando diminuir as causas de condenações e, consequentemente,
os prejuízos econômicos.
45
7. CONCLUSÃO
46
REFERÊNCIAS
47
EPAGRI/CEPA., 2020 Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina - 2018-2019.
http://docweb.epagri.sc.gov.br/website_cepa/publicacoes/Sintese_2018_19.pdf.
Acesso em julho 2020.
PAULA JÚNIOR, R. G.; TSUNEDA, P. P.; SILVA, L. E. S.; et al. Abscesso hepático
em bovinos: Revisão. PUBVET v.12, n.4, a77, p.1-11, abr., 2018
48
SANTOS, P. G. Principais causas de condenação de carcaças e órgãos que
acometem bovinos no estado da Bahia: revisão de literatura. Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, 2017. Orientadora: Tatiana Pacheco
Rodrigues.
SOUZA, S. P.; KLEM, M. C. A.; COSTA, K. P.; et al. Principais causas de condenação
de fígado bovino em estabelecimento sob Serviço de Inspeção Federal na Zona
da Mata mineira Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v. 69, n. 4, p.1054-1061, 2017
VIEIRA, N.P.; FARIA, P.B.; MATTOS, M.R. et al. Condenação de fígados bovinos na
região sul do estado do Espírito Santo. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.63, n.6,
p.1605-1608, 2011.
49