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História econômica
2ª EDIÇÃO
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da educação diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Cid Gomes Unimontes
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Presidente Geral da CAPeS
Jorge Almeida Guimarães diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
diretor de educação a distância da CAPeS
Jean Marc Georges Mutzig diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
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Fernando Damata Pimentel Chefe do departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Secretário de estado de Ciência, Tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano Chefe do departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do departamento de Filosofia/Unimontes
Antônio Alvimar Souza Alex Fabiano Correia Jardim
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Conceitos Básicos da História Econômica e transição Feudalismo-Capitalismo . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7 Mercantilismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Consolidação e crises do capitalismo, socialismo e tendências do desenvolvimento
capitalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.5 Socialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.6 Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Colonialismo e economia brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Atividades de Aprendizagem- AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Geografia - História Econômica
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a): O Caderno Didático de História Econômica visa propiciar a com-
preensão acerca dos processos, das evoluções e das transformações econômicas ocorridas a par-
tir do século XII até o século XX.
Assim sendo, a disciplina História Econômica tem como objetivos:
• Propiciar a compreensão dos conceitos básicos de História Econômica;
• Analisar a íntima relação da trajetória da economia mundial com a evolução das relações
sociais de cada período supramencionado;
• Compreender a História Econômica como a história do domínio do homem sobre a natu-
reza e de sua capacidade de utilizá-la em proveito próprio, pois, após milhares de anos, ele
aprendeu a lidar com o mundo que o rodeia, visando obter da natureza um pouco mais do
que necessitava para viver;
• Refletir acerca dos conceitos: Feudalismo, Mercantilismo, Capitalismo, Colonialismo, Impe-
rialismo e Globalização;
• Discutir acerca do processo de colonização do Brasil pelos portugueses e as repercussões,
sobretudo no âmbito econômico;
• Analisar a economia brasileira na República;
• Compreender o processo de industrialização do Brasil após1930;
• Entender as crises vivenciadas pelas grandes potências e o Imperialismo;
• Identificar os mecanismos que favoreceram o início da economia globalizada.
Para tanto, organizamos os conteúdos em três unidades. Na Unidade I, discutiremos sobre
os conceitos básicos da história econômica, a transição feudalismo/capitalismo e a consolidação
do capitalismo. Já na Unidade II, estudaremos o Colonialismo e a economia brasileira. Por último,
na Unidade III, trabalharemos com o Socialismo, o Capitalismo e as tendências do desenvolvi-
mento capitalista.
Assim, acreditamos que este Caderno será útil para acompanhar a disciplina de História Eco-
nômica, possibilitando conhecer e compreender não só conceitos básicos de História Econômica,
como a crise da sociedade feudal e origens do Capitalismo, o Mercantilismo e o Colonialismo, a
colonização portuguesa no Brasil, a Revolução Industrial, a análise econômica do Brasil Colônia, a
crise nas grandes potências e o Imperialismo, a economia brasileira na República, a Crise de 1929
e os modelos de recuperação e a industrialização do Brasil após 1930.
Bom trabalho!
A autora.
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Geografia - História Econômica
Unidade 1
Conceitos Básicos da História
Econômica e Transição
Feudalismo-Capitalismo
1.1 Introdução
Nesta Unidade, o tema abordado constituirá itens significativos para a História Econômica.
Num primeiro momento, trataremos sobre os conceitos básicos da História Econômica e, na se-
quência, sobre a transição do Feudalismo para o Capitalismo, enfocando, também, o Mercantilismo.
Ao discutir os conceitos básicos, a abordagem percorrerá não só a definição de história e de
economia, fazendo a correlação entre elas, mas também a trajetória nacional e internacional da
História Econômica.
A transição do Feudalismo para o Capitalismo tentará mostrar, sobretudo, os fatores que le-
varam a esse momento histórico de passagem. Os elementos de superação da crise do século
XIV, como o Mercantilismo, a expansão ultramarina e os sistemas coloniais, serão estudados nes-
sa perspectiva. Ressaltamos que o Mercantilismo terá um enfoque especial com a abordagem
historiográfica de Francisco Calazans Falcon.
Nessa perspectiva, a proposta dessa unidade objetiva compreender não só o que é/do que
trata a História Econômica, mas também o período de passagem da sociedade feudal para a so-
ciedade capitalista.
11
UAB/Unimontes - 4º Período
A Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e ser-
viços. O termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou, também, gerir,
administrar. Daí, regras da casa (lar) e administração da casa (BARROS, 2002).
Figura 1: Consumo de
bens
Fonte: Disponível em
<http://images.meez.com/
user11/04/04_1001575917
3.gif>. Acesso em 24 dez.
2009.
De acordo com Barros (2002), a História Econômica é uma corrente historiográfica recente,
pois nasce no século XIX e ganha prestígio acadêmico no século XX. Ela acompanhou a evolu-
ção do seu objeto, ou seja, as economias de sociedades de épocas passadas, objetivando mostrar
como o homem domina a natureza e o meio em que vive para seu proveito.
Ainda conforme Barros, os interesses e objetos da História Econômica constituem:
Produção de bens
• Sistemas e modos de produção escravista, feudal, capitalista, socialista e comunista;
• Técnicas de produção;
• Meios de produção e suas relações, como:
• Capitalista versus operário;
• Servo versus senhor feudal;
• Escravo versus senhor.
• Regimes de trabalho:
• Trabalho escravo;
• Trabalho remunerado: estatutário ou CLT;
• Sistemas de propriedade.
Consumo de bens
• Hábitos de consumo;
• Salários;
• Sistemas de propriedade;
• Moedas.
12
Geografia - História Econômica
Entre os autores que fazem História Econômica podemos citar: Mikhail Bakhtin, Perry Ander-
son, Eric Hobsbawm (marxistas), George Duby, Emanuel Le Roy, Ladurie, Ernest Labrousse, Pierre
Vilar, Jean Meuvret e Claude Imbert (Escola Histórica Francesa), Simons. Kuznets (Nova História
Econômica) e Ciro Flamarion Cardoso como referência brasileira.
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UAB/Unimontes - 4º Período
Porém, na contramão da história, surgem elementos exteriores com outras propostas, como
Carlos Ginzburg, que, diante do macro estuda o micro, ou seja, temas como privado, pessoal e o
vivido; François Dosse dizendo que a história conquista a mídia e, assim, o papel do historiador
se modifica, ou seja, em vez de revolucionar, conservar. Ciro Flamarion aborda a falência dos sis-
temas éticos tradicionais que norteavam as relações dos indivíduos consigo e com os outros tra-
balhando, produzindo, consumindo e expressando-se no aspecto cultural de formas diferente. A
História Econômica diante da sua trajetória é legítima como campo do saber; e o saber histórico
é a grande questão nesse contexto que, de acordo com Florentino e Fragoso (1997), é: como fica
a História Econômica? Constata-se que o homem continua construindo a partir da interdiscipli-
naridade, ou seja, as outras áreas do conhecimento contribuem para a historiografia.
Nesse sentido, Fragoso e Florentino (1997) apontam perspectivas futuras da História Econô-
mica no Brasil:
• Pensar a historiografia nacional desde 1930 a 1970 que contava com Caio Pardo Júnior, Cel-
so Furtado, Fernando Antônio Novais, Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Gorender, os quais
montaram quadros explicativos, dando conta da sociedade e de economias coloniais na
Figura 3: Ciro Flamarion perspectiva da totalidade;
Cardoso, Historiador
• Publicação de trabalhos, inclusive de economistas, dialogando com a Sociologia e a Econo-
brasileiro
mia, desferindo golpes no factualismo;
Fonte: Disponível em
<http://images.google. • A História Econômica, sobretudo, de Londres e Chicago, de modo diferente, não se separou
com.br/imgres?imgurl=ht- formando institutos e departamentos, ou seja, não conheceu a Nova História Econômica;
tp://www.livrariaresposta. • O apogeu da História Econômica se deu por causa das pós-graduações.
com.br/fotos/edusc_histo-
riador_fala>. Acesso em 24
dez. 2009.
Figura 4: Homens da
pré-história
Fonte: Disponível em
<http://images.google.
com.br/imgres?imgurl=ht-
tp://sepiensa.org.mx/con-
tenidos/historia; http://
images.google.com.br/
GLOSSÁRIO imgres?imgurl=http://
www.negociosgraficos.
Factualismo: factual; com.br/>. Acesso em 13
referente a fatos; que se jan. 2010.
baseia em fatos.
14
Geografia - História Econômica
DICA
A Revolução Neolítica
é também conhecida
como Revolução Agríco-
la. Foi o arqueólogo
australiano Gordon
1.4.2 Mesolítico Childe quem criou essa
expressão com o obje-
tivo de designar esse
movimento ocorrido na
Compreende o período entre 10.000 a.C a 7.000 a.C. O homem, nessa época, é pastor e agri- “Pré-História”, ou seja,
cultor, e a atividade fundamental ainda é a caça. entre 10.000 a.C. a 7.000
Conforme Franco Júnior e Chacon (1987), o homem domestica os animais. Ele, como pas- a. C. O homem nesse
tor, captura o animal vivo, pequeno ou doente, e cuida dele. O animal não se afasta porque tem período deixa de ser
nômade e fixa na terra,
alimento. Para o homem, há as vantagens de ter carne ao alcance; usar o leite como alimentação cultivando-a e crian-
complementar diminuindo a mortalidade infantil e possibilitando, posteriormente, o surgimento do animais para sua
do queijo, da manteiga e de outros alimentos. As mulheres coletam mel, frutas e raízes, observam subsistência. Veja o blog
no seu cotidiano as sementes germinando e descobrem que é possível cultivar a terra. Essa nova “Mestres da História”,
realidade muda a mentalidade do homem dessa época. O amanhã não é mais incerto. que apontam questões
e vídeo sobre o tema no
site <http://mestresdah-
istoria.blogspot.com.
br/2014/02/roteiro-de
-estudos-pre-historia.
html>.
◄ Figura 6: Viver no
Neolítico.
Fonte: Disponível em
<http://images.google.
com.br/imgres?imgur-
l=http://4.bp.blogspot.
com/>. Acesso em 31 dez.
2009.
15
UAB/Unimontes - 4º Período
Como pastor e agricultor, conforme Hilário Franco Júnior e Paulo Pan Chacon (1987), o ho-
mem percebe que pode acumular, pois existe agora o excedente que, por sua vez, vai gerar a
Revolução Neolítica.
São características da Revolução Neolítica:
• O homem produz seu alimento e não depende do acaso para sobreviver;
• A agricultura é a base de todas as economias;
• A vida agrícola sedentariza o homem, que cria vínculo emocional com a terra;
• A vida comunitária torna-se mais intensa. Precisa-se de mais pessoas para lidar com a terra.
A partir daí, surge o estado;
• Com o excedente, surgimento da propriedade privada que possibilita a substituição do co-
munismo primitivo, assim como a separação entre donos de terra e rebanhos versus aqueles
que trabalham, surgindo a escravidão;
• A necessidade de terras e braços para trabalhá-la gera as guerras;
• Novas técnicas, como a cerâmica e instrumentos de pedra trabalhada, possibilitam a seden-
tarização do homem;
• Surgimento das primeiras trocas;
• Os mistérios, como o fenômeno da semente brotar, a importância das chuvas, do sol e da
temperatura, preparam o espírito humano para as religiões;
Figura 7: Egito às
margens do rio Nilo
• A necessidade de registrar a extensão de terras, a produção de vegetais, o número de gados
Fonte: Disponível em
e as palavras aos deuses proporcionam a criação da escrita, ou seja, a passagem para a His-
<http://images.google. tória.
com.br/imgres?imgurl=ht- A partir de então, ocorre uma nova configuração surgindo as civilizações de regadio ou hi-
tp://4.bp.blogspot.com/>.
Acesso em 31 dez. 2009.
dráulicas.
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Geografia - História Econômica
• Fenícia, atual Líbano, que se dedicou à pesca, a tratar do cedro e da madeira para a fabrica-
ção de barcos e a cultivar a vinha e a oliveira típicas do local;
• A Grécia tinha pouca área fértil, um relevo acidentado, era profundamente penetrada pelo
mar, e a existência de portos naturais leva-a para a navegação. A Grécia, como vocês estuda-
ram anteriormente em História Antiga, torna-se uma grande potência até surgir Roma que
domina praticamente o mundo conhecido daquela época. Tanto a Grécia quanto o Império
Romano desenvolverão no decorrer da sua trajetória histórica o modo ou sistema de produ-
ção escravista.
De acordo com Franco Júnior (1987), o homem quando não precisa mais viver do acaso e
tornar-se agricultor e pastor demandará terras para cultivar e criar animais. Nesse sentido, as
guerras proporcionarão alcançar esse objetivo. Com as guerras, haverá os povos vencidos, que
perderão as terras e se tornarão escravos dos vencedores. Os derrotados constituirão mão de
obra para o cultivo da terra, e os territórios desses vencidos mais propriedades para a planta-
ção. Haverá uma necessidade de escravizar e dominar o homem. Em Atenas, por exemplo, boa
parte dos escravos era proveniente de regiões da Ásia menor e da Trácia. O escravo ocupava po-
sição social desprivilegiada. Alguns escravos eram utilizados para formar as forças policiais da ci-
dade de Atenas. Outros eram usualmente
empregados em atividades artesanais e, ◄ Figura 8: Fenícia, com
por conta de suas habilidades técnicas, ti- o cedro e a madeira,
nham uma posição social de destaque. Em fabrica barcos e torna-
certos casos, um escravo poderia ter uma se uma civilização
fonte de renda própria e um dia poderia marítimo-mercantil.
Fonte: Disponível em
comprar a sua própria liberdade. Em geral, <http://images.google.
os escravos que trabalhavam nos campos com.br/imgres?imgur-
e minas tinham condições de vida piores l=http://www.artimanha.
com.br/Navio>. Acesso
se comparadas às dos escravos (urbano e em 26 dez. 2009.
doméstico).
Com a queda do Império Romano,
gradativamente, veremos o Feudalismo
ser implantado e ganhar a sua configura-
ção. É diante desse contexto que iremos
tratar sobre a transição do Feudalismo
para o Capitalismo, ou seja, a partir do que
foi apreendido nas disciplinas anteriores
que embasam essa discussão.
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UAB/Unimontes - 4º Período
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Geografia - História Econômica
GLOSSÁRIO
Comunas: Cidades com
governo próprio, livres.
Guildas: Corporação
artesanal ou corpora-
ções de ofício. Eram
associações de artesãos
de um mesmo ramo,
1.5.1 O Papel da Burguesia isto é, pessoas que
desenvolviam a mesma
atividade profissio-
nal que procuravam
Vilar (1971) orienta usar com precaução a palavra burguesia, assim como Capitalismo. Justi- garantir os interesses de
fica dizendo que essas palavras fazem parte da sociedade moderna, em que há produção maciça classe e regulamentar a
de mercadorias e exploração de trabalho assalariado, ou seja, o antagonismo entre quem nada profissão. Ocorreram na
possui e quem possui os meios de produção. Europa, durante a Idade
Porém, de acordo com Pierre Vilar (1971), Média e mesmo após.
ocorre um abuso de linguagem por meio da
afirmação das palavras Capitalismo antigo e ◄ Figura 11: Escravos
Capitalismo medieval, sendo, no momento, in- servindo em um
teressante retificar. banquete romano.
Mosaico proveniente
de Cartago. Século III
a. Capitalismo antigo d.C.
De fato, existiam financistas em Roma e Fonte: Disponível em
mercadores em Veneza na Idade Antiga, mas <http://images.google.
eles não dominavam a produção social de sua com.br/imgres?imgur-
l=http://3.bp.blogspot.
época. Quem fazia isso eram os escravos. En- com/>. Acesso em 28
tão, não se pode comparar essa realidade com dez. 2009.
a configuração do Capitalismo.
b. Capitalismo medieval
Verifica-se que na Idade Média havia uma
produção industrial, porém obtida de forma
artesanal e corporativa. O mestre de arte-
são compromete seu capital e trabalho, bem
◄ Figura 12: Gravura
como alimenta em sua casa os companheiros francesa do século
e aprendizes, não reduzindo as relações sociais XIII, que mostra
aos laços apenas de dinheiro. Nesse formato, servos trabalhando no
não ocorre a separação entre os meios de pro- campo. Ao fundo, o
dução e produtor típicos do Capitalismo. castelo senhorial
Fonte: Disponível em
As comunas também são extremamente <http://images.google.
importantes dentro desse contexto, pois é o lo- com.br/imgres?imgur-
cal em que se vê um caráter coletivo do modo l=http://soniamartins.
com.br/img/artigos/>.
de viver urbano, assim como as guildas, que Acesso em 28 dez. 2009.
tinham o modo de vida dos mercadores com
uma estrutura burguesa da Idade Média. Tanto
as comunas como as guildas apresentam estru-
turas diferentes das estruturas burguesas capi-
talistas do século XIX.
19
UAB/Unimontes - 4º Período
20
Geografia - História Econômica
Enfim, essa realidade não se apresenta de forma tranquila e serena, mas conflituosa e tensa.
Desse modo, as cidades do Mediterrâneo que eram mercantis entram em decadência, pois os
turcos conquistam parte do Oriente, Constantinopla, em 1453. A Inglaterra, Portugal e Espanha
agora se tornam as novidades para a Europa Ocidental.
◄ Figura 14 : Cidade
da Idade Média e a
cidade de São Paulo
nos dias atuais.
Fonte: Disponível em
<http://cafehistoria.ning.
com/>. Acesso 28 dez.
2009.
DICA
Amplie os conhecimen-
tos sobre a transição da
Idade Antiga para Idade
Média com a leitura
dos livros: “Guerras”
de Maria Sonsoles, “Os
povos bárbaros” (São
Paulo: Ática, 1987), além
de “Passagens da anti-
guidade ao feudalismo”
de Anderson Perry (São
Paulo: Brasiliense, 1989).
a. Invenções
No século XV, o número de invenções é muito maior que no século XVII, conforme afirma
Vilar (1971). Isso se justifica por que:
• O uso da artilharia impulsiona a produção de metal;
• Surge o primeiro alto forno;
• A imprensa também é criada e difunde o pensamento humano;
• Ocorre o progresso da ciência da navegação.
21
UAB/Unimontes - 4º Período
22
Geografia - História Econômica
De acordo com Vilar (1971), há duas versões para explicação da acumulação primitiva de
capital. Uma versão é a de Max Weber que diz que ela ocorre por meio do espírito de poupança.
Essa explicação ganha respaldo nas teorias protestantes. A outra versão, de Karl Marx, explica
que a acumulação primitiva de capital só pode acontecer por causa das crises, das violências,
dos desequilíbrios, dos açambarcamentos e das usuras do fim do regime feudal e expansão dos
europeus.
É na perspectiva marxista que Pierre Vilar (1971) aborda essa questão. Nesse sentido, a acu-
mulação primitiva de capital se deu da seguinte forma:
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UAB/Unimontes - 4º Período
• Especulação comercial
Ocorria a acumulação primitiva de capital, por meio da especulação comercial a partir de
produtos valiosos, que alimenta o capital mercantil. Os europeus que tinham muito ouro por
causa da exploração colonial banalizam-no e compram produtos caríssimos como azeite, vinho
e panos. Nesse mercado de produtos de luxo, há a concorrência que faz a circulação do capital.
Caso isso não ocorresse, a economia viria a pique. Há muita pobreza e alta dos preços, e os ho-
mens com dinheiro tomam o controle da produção.
De acordo com Pierre Vilar (1971), a passagem da sociedade feudal para sociedade capita-
lista se deu de forma lenta e gradativa, ou seja, processual. Na sequência, apresentamos alguns
fatos que concorreram como etapas finais desse processo de transformação.
24
Geografia - História Econômica
• Organização do crédito, por meio da criação dos bancos, tentando eliminar os agiotas, mas GLOSSÁRIO
acabou criando grupos restritos e poderosos; Fisiocratas: Considera-
• Proteção da produção nacional, por meio das alfândegas, com a finalidade de fazer dinheiro da a primeira escola da
e lucro. Um exemplo é a Inglaterra no final do século XVII que podia verificar: concentração economia científica, an-
de propriedade agrária; proletarização de mão de obra; atividade marítima e colonial inten- tes até mesmo da teoria
sa. clássica de Adam Smith,
é uma teoria econômica
Portugal e Espanha, que tinham um afluxo de dinheiro, eram diferentes da Inglaterra, mas que surgiu para se opor
viviam do parasitismo das rendas. A Holanda não tinha recursos industriais na época, assim ao mercantilismo, se
como a França, que resistia aos cercamentos, por isso o atraso em relação à Inglaterra. apresentando como
fruto de uma reação
c. No século XVIII há o novo avanço das forças de produção: produção industrial em mas- iluminista. Em síntese, a
fisiocracia se baseia na
sa e “a nova agricultura” afirmação de que toda a
A Inglaterra do século XVIII apresenta uma nova configuração com o aparecimento do ma- riqueza era proveniente
quinismo. As invenções de 1730 a 1760 substituem a manufatura pela maquinofatura, multi- da terra, da agricultura.
plicando a produtividade, tornando o trabalho mais barato e a mão de obra de força reduzida, Escola Clássica de
como a da criança e da mulher, sendo utilizada. Pode-se citar, como exemplo, a metalurgia com a Economia: A economia
clássica foi elaborada
fundição de carvão por meio da máquina a vapor, cujas consequências foram a produção indus- e sistematizada nas
trial em massa, contando com a fonte do capital através da mais-valia. A partir daí, acaba a era da obras dos economistas
acumulação primitiva. Tudo é mercadoria, e as relações sociais são vinculadas ao dinheiro e ao políticos Adam Smith e
lucro. Configura-se, então, o fim do Feudalismo. J.S. Mill. Além de Smith
Verifica-se, também, a exploração cada vez mais acentuada do trabalho humano. No século e Mill, os principais
responsáveis pela
XVIII, ocorre a alta de preços, sobretudo dos alimentos. A fonte de renda e riqueza é constituída formação da economia
por meio da exploração das colônias. Grandes fortunas são edificadas com o colonialismo. Da clássica foram o francês
América, vem o algodão; especificamente do Brasil, o ouro; do México, a prata. A Índia também Jean-Baptiste Say (1767-
é fonte de exploração, sobretudo das especiarias. O salário é diminuído, porém há um contraste: 1832), David Ricardo e
todos, mulheres e crianças, podem trabalhar aumentando a renda familiar, favorecendo na épo- Robert Malthus (1766-
1834). A ideia central da
ca o desaparecimento da carestia e da falta de pão. economia clássica é a de
Nesse contexto, ocorre, no século XIX, a revolução agrícola e a liberdade do comércio de concorrência. Embora
grão por meio da produção agrícola em massa para a venda. os indivíduos ajam ape-
nas em proveito pró-
prio, os mercados em
◄ Figura 20: Agricultura que vigora a concorrên-
industrializada nos cia funcionam esponta-
nossos dias. neamente, de modo a
garantir a alocação mais
Fonte: Disponível em
<http://images.google. eficiente dos recursos e
com.br/imgres?imgur- da produção, sem que
l=http://www.rodalpr. haja excesso de lucros.
com.br/imagens/colhei- Por essa razão, o único
tadeiras>. Acesso em 30 papel econômico do
dez. 2009. governo é a intervenção
na economia quando
o mercado não existe
ou quando deixa de
funcionar em condições
satisfatórias, ou seja,
quando não há livre
Enfim, nem todos os países entram no século XVIII no Capitalismo. Na Inglaterra, ocorre em concorrência.
1760. Mas verifica-se ainda hoje que há aqueles países, como, por exemplo, na África que não
chegaram a esse ponto. Outra questão importante é em relação ao regime social que não esta-
va constituído exclusivamente pela economia, pois cada modo de produção correspondia a um
sistema direto de instituições e de formas de pensamento, como, por exemplo, lutas de classes,
resistências do regime anterior, revoluções e conflitos.
1.7 Mercantilismo
De acordo com Falcon (1986), autor selecionado para discutirmos sobre Mercantilismo, nes-
te Caderno Didático. Pierre Deyon afirma que o Mercantilismo nunca existiu e é um mito, pois
esse termo foi criado no século XIX pelos positivistas. São os admiradores da Escola Histórica Ale-
mã no século XIX que denominam pela primeira vez esse fato de Merkantilismus.
25
UAB/Unimontes - 4º Período
26
Geografia - História Econômica
Adam Smith, através do livro Riqueza das nações, em 1776, define Mercantilismo como um DICA
sistema do comércio que se apresenta pronto e acabado, porém com princípios e objetivos equi-
vocados por causa da questão da balança comercial favorável. Enfim, o Mercantilismo é sinôni- Para compreender
melhor os conceitos de
mo de estatismo, monopolismo, privilégios abusivos e maquinações diabólicas, conforme abor- materialista, idealista e
da Falcon (1986). História nova, sugeri-
Na Alemanha, ainda conforme Falcon (1986), Fichte e F. List, integrantes da Escola Histórica, mos a leitura dos livros;
estuda-se o fato na perspectiva de que o Mercantilismo privilegia a economia nacional, ou seja, o “Os domínios da his-
protecionismo estatal. Define-se Mercantilismo como política econômica racional para constru- tória” – Cardoso – Ciro
Flamarion. (Org.). Rio de
ção e fortalecimento do Estado Moderno. Janeiro: Campos, 1997.
Em 1930, o sueco Eli Heckscher publica um trabalho discutindo Mercantilismo como um sis- “O campo Histórico: as
tema de política econômica em que os meios econômicos (política protecionista e monetária) especialidades e abor-
conduzem os fins (política de unificação e polí- dagens da História”, de
tica de poder) de natureza política. A pesquisa José Barros D’Assunção,
e. "As escolas histó-
de Eli Heckscher foi elogiada e criticada, assim ricas” Bourdê, Guy e
como considerada historicamente incompleta Martin, Hervê. Portugal:
e sendo pessimista ao seu objeto de estudo. Publicações Europa –
Para ele, o Mercantilismo era um sistema ima- América, 1983.
ginário, cuja noção é inútil e perigosa. Porém,
o trabalho de Eli Heckscher foi um marco histo-
riográfico.
Durante a grande depressão de 1930, a ◄ Figura 24: Multidão
ordem do dia era o intervencionismo, protecio- lota a Bolsa de Valores
nismo e autarquia. Esse fato possibilitará com- de New York logo após
quedas acentuadas de
preender a lógica interna do Mercantilismo e 1929.
reconhecer a cientificidade e racionalidade na Fonte: Disponível em
época em que existiu. <http://images.google.
Atualmente, há muitos trabalhos sobre com.br/imgres?imgur-
l=http://g1.globo.com/
esse assunto que constatam a sua riqueza, di- Noticias/Mundo>. Acesso
versidade e peculiaridades. em 31 dez. 2009.
Enfim, a construção do conceito ou da
ideia de Mercantilismo se deu de forma pro-
cessual. Mercantilismo é mais que uma pala-
vra, um sistema ou uma doutrina, constituindo
ideias e práticas econômicas ligadas ao processo que durou mais de três séculos, envolvendo a
transição feudalismo/capitalismo; problemas do estado moderno; absolutismo e expansão políti-
co-econômica, fazendo a conexão política e econômica entre o final da Idade Média e o início da
Revolução Industrial.
Conforme abordagem anterior e de acordo com Falcon (1986), o Mercantilismo está inserido
no período de transição feudalismo/capitalismo. Verificam-se divergências com o termo transi-
ção, pois essa palavra é algo sem sentido para a História, que vive uma eterna transição porque
trabalha com a perspectiva de processo; esse termo também é incompatível com tempo longo.
O contexto do Mercantilismo constitui a passagem da sociedade feudal para a sociedade
capitalista, que está inserida nos séculos XV, XVI, XVIII e XIX.
Pensando a época mercantilista, há visões e ponto de vistas diferentes que apresentam as
suas características, tais como:
a. Ideia de ruptura da Idade Moderna
A ideia de ruptura da Idade Moderna apresenta-se a partir dos seguintes aspectos:
• Econômico: Na Idade Média, há uma economia quase fechada e de subsistência. Na Idade
Moderna, verifica-se a expansão marítima, comercial e colonial com seus efeitos, ou seja,
preços, moeda, exploração ultramar;
• Político: Na Idade Média, o poder é descentralizado e calcado nas mãos dos senhores feu-
dal. Na Idade Moderna, surgem os estados nacionais, centralizado, propício a guerras e à di-
plomacia, estabelecendo relações políticas e econômicas;
• Social: Na Idade Média, a sociedade era estamental, sem mobilidade social. Na Idade Mo-
derna, surge a burguesia e, assim, a mobilidade social;
27
UAB/Unimontes - 4º Período
b. Ideia de continuidade
Os mesmos aspectos apresentados acima, ou seja, economia, política, espiritualidade, etc.,
nessa perspectiva de continuidade, permanecem. É a ideia de permanência das relações feudais
até o século XVII, na Inglaterra, e 1789, na França. Essa ideia em parte é válida, porém devem-se
ter argumentos para respaldá-la.
c. Ideia do novo
Considera-se o Mercantilismo como a época pré-capitalista quando forma e germina ele-
mentos do sistema capitalista. Essa ideia envereda pelo caminho da teleologia, que tenta expli-
car a época não pelo que ela é, mas pelo que virá a ser.
28
Geografia - História Econômica
b. Sociais
O aspecto social é tratado por Falcon (1986) a partir da discussão de classe social.
A sociedade do Antigo Regime é caracterizada como uma sociedade de ordens. O termo so- DICA
ciedade de ordens ou estamental constitui a negação de classe social. Para os marxistas Engels e
Procure no dicionário,
Lukacs, há uma impossibilidade do uso do termo classe social no Antigo Regime, pois esse termo visando ampliar seu
é próprio da sociedade capitalista. É necessário ter consciência de classe para que esse termo conhecimento, o signi-
possa ser utilizado. Para os positivistas que trabalham com critérios de evidência, esse termo não ficado de aforamento,
é utilizado no Antigo Regime, logo, não existe classe social nesse período. arrendamento, parceria
Nessa perspectiva, Falcon (1986) apresenta duas análises para essa questão. Verifica-se que, e cercamento.
Procure no dicionário
trabalhando textos da época, ou seja, do Antigo Regime, a sociedade se autodefine como socieda- de história ou política e
de de ordens ou de estados. Então, a ideologia e a mentalidade da época tinham essa concepção. na internet o significado
Em relação a essa questão, na perspectiva marxista, tendo como foco o materialismo histó- de Antigo Regime.
rico, a estrutura socioeconômica e as relações de produção, no Antigo Regime existe classe social
e ocorre a luta de classes, apesar de as estruturas religiosas, sociais, políticas e econômicas da
época na sua aparência não deixarem transparecer.
Enfim, constata-se que a sociedade de ordens do Antigo Regime escamoteia por meio de
práticas político-jurídicas e ideológicas, a existência da classe de proprietários de terra (nobreza e
clero), classe de camponeses e burguesia mercantil e industrial.
◄ Figura 26:
Camponeses da Idade
Média trabalhando no
campo
Fonte: Disponível em
<http://images.google.
com.br/imgres?im-
gurl=http://raulmari-
nhog.files.wordpress.
com/2008/12/idade-me-
dia>. Acesso em 31 dez.
2009.
29
UAB/Unimontes - 4º Período
c. Políticas
DICA A expressão máxima nesse período de transição da sociedade feudal para a sociedade ca-
pitalista é o ESTADO ABSOLUTISTA. Esse Estado Moderno é completamente diferente da propos-
Entenda mais sobre o ta da Idade Média. Ele constitui um estado territorial, sendo governado por um príncipe, com a
Iluminismo, sobretu-
do para a História. A concentração do poder e a centralização administrativa caracterizando um Estado Monárquico
sugestão é a leitura do Absolutista, consistindo em um aparelho burocrático e militar.
livro de Josep Fontana Falcon (1986) aborda a natureza social e política do Estado com os seguintes argumentos:
“História: análise do • A burguesia auxilia no fortalecimento do Estado por meio do poder econômico que detém.
passado e projeto Os burgueses, em troca, ganham e conquistam cargos importantes. Essa é a justificativa
social”. (Bauru/SP:
EDUSC,1998). para a origem social do Estado;
• Verifica-se a existência de ministros burgueses influentes. Os burgueses compram títulos de
nobres e tornam-se um deles, assim como seus descendentes. Essa é a justificativa para a
origem social das elites na época;
• O Estado tem de ser neutro, contando com o equilíbrio de classes, ou seja, um príncipe livre
para governar e uma burocracia do Estado autônoma às classes. Esses argumentos disso-
ciam o príncipe de sua própria classe - a nobreza -, bem como não se lembra de que a aristo-
cracia é a classe dominante.
30
Geografia - História Econômica
d. Ideológicas DICA
Os elementos gerais, de acordo com Fal-
Compreenda o
con (1986), que constituíam a ideologia da liberalismo econômico
época, eram os conceitos de modernidade e acessando o site abaixo.
progresso, assim como a passagem da trans- Confira e amplie os
cendência à imanência. conhecimentos: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/
O século XVIII é o século do Iluminismo
Liberalismo_econ%-
e da Ilustração, por isso conta com os pensa- C3%B3mico>.
dores Hume, Montesquieu, Rousseau, Dide-
rot,D’Lambert e outros, que trazem à tona a
discussão do político como campo diferente e
próprio.
◄ Figura 30: Livro “O
Constrói-se também o discurso econômi-
Príncipe”.
co com um foco diferente do político. O dis-
Fonte: Disponível em
curso econômico não existia como campo do <http://images.google.
saber, pois só existiam ideias. A economia era com.br/imgres?im-
pensada na perspectiva da administração do- gurl=http://teatro-
silva.files.wordpress.
méstica e controle dos negócios privados. A com/2009/03/maquiavel.
ideia de secularização é voltada para o indivi- jpg&imgrefurl=http://
dualismo burguês. O universo ideológico é se- teatrosilva.wordpress.
com/2009/03/&usg>.
cular, imanentista, racionalista e individualista, Acesso em 2 jan. 2010.
ou seja, burguês.
Ocorre a autonomia discursiva do político
e do econômico como campos definidos de
saberes nos séculos XVIII e XIX. O discurso po-
lítico é construído por Maquiavel no século XVI
pensando a secularização do Estado. No século ATIVIDADE
XVII, Thomas Hobbes e Hugo Grotius vêm afir- Faça uma revisão geral
mar o seu caráter convencional. A economia do conteúdo estudado
estava subordinada ao Estado. Era a política nesta unidade e partilhe
econômica, ou seja, ideias econômica e mer- com o seu tutor e
colegas para assimila-
cantilista. ção e concretização do
Assim sendo, o Mercantilismo era o discur- processo ensino-apren-
so político-econômico que vem sendo criticado e contestado, possibilitando a afirmação do Li- dizagem.
beralismo Econômico e a Revolução Industrial.
Referências
BARROS, José D’Assunção. O campo histórico: as especialidades e as abordagens da história. Rio
de Janeiro: CELA, 2002.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2. ed. São Paulo: Brasiliense,1993. 84 p. (Coleção pri-
meiros passos, 17).
31
UAB/Unimontes - 4º Período
FRANCO JÚNIOR, Hilário; CHACON, Paulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1987.
LE GOFF, Jacques. História e memória. 4. ed. Campinas-SP: Unicamp, 1996. 523 p. (Coleção re-
pertórios).
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação Econômica do Brasil. São
Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
VAINFAS, Ronaldo; CARDOSO, Ciro Flamarion. Domínios da história: ensaios de teoria e meto-
dologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
VILAR, Pierre. La transition du féodalisme au capitalisme. In: ____. Sur leféodalisme. Paris: CERM/
Éditions Sociales, 1971.
32
Geografia - História Econômica
Unidade 2
Consolidação e Crises do
Capitalismo, Socialismo e
Tendências do Desenvolvimento
Capitalista
2.1 Introdução
Nesta Unidade, discutiremos a consolidação e as crises do Capitalismo, Socialismo e tendên-
cias do desenvolvimento capitalista. De acordo com a proposta, os temas abordados consistem
na discussão acerca da Revolução Industrial e da ascensão do Capitalismo, do Liberalismo, Neo-
colonialismo e Imperialismo, da primeira Guerra Mundial, da Crise de 1929 e modelos de recupe-
ração da Crise de 1930, do Socialismo, da Globalização, do Neoliberalismo e Regionalização.
Ressaltamos que, ao discutir a Revolução Industrial, o nosso objetivo é constatar como ocor-
re a consolidação do Capitalismo, que traz consigo novos integrantes como o Liberalismo, Neo-
colonialismo e Imperialismo.
Após a apresentação da consolidação do capitalismo, serão focadas algumas de suas crises,
como a primeira grande depressão de 1873 a 1896, a primeira Guerra Mundial, a crise de 1929,
bem como modelos de recuperação da crise de 1930.
Na sequência, apresentaremos uma alternativa de sistema ou modo de produção diferente
do Capitalismo, ou seja, o Socialismo. Por fim, a Globalização, o Neoliberalismo e a Regionaliza-
ção possibilitarão revelar as alternativas viáveis do Capitalismo.
Desse modo, a proposta desta unidade objetiva compreender a consolidação, as crises e a
recuperação do Capitalismo por meio do Socialismo. Também pretende que se entenda que é
possível propostas de modelos diferentes de sociedade e é importante não se esquecer de que,
nesse contexto, as relações que se configuram são de tensões e conflitos o tempo todo.
33
UAB/Unimontes - 4º Período
DICA Em relação ao período em que ocorreu a Revolução Industrial, pode-se afirmar que foi em
Verifique no mapa meados do século XVIII, na Inglaterra e parte da Europa Ocidental; meados do século XIX, nos Es-
mundial a localização tados Unidos da América; na última década do século XIX, na Europa Oriental; e nos Bálcãs, após
da Inglaterra, da Europa a segunda guerra mundial. Assim, a Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Inglaterra,
Ocidental, dos Estados depois Na Bélgica e nos Estados Unidos e, por fim, no resto do mundo.
Unidos da América, A grande questão colocada por Hobsbawn (1994) está centrada no início da era industrial
da Europa Oriental e
dos Bálcãs. Confira no com a pergunta: Por que ocorreu na Europa Ocidental e na Inglaterra em primeiro lugar? Para res-
endereço eletrônico ponder à questão, Hobsbawn (1994) aborda os motivos pelos quais esse movimento aconteceu.
<http://www.guia-
geo-mapas.com/mapa
-mundi.htM>. Localizar
essas regiões no mapa
2.2.1 O Início da Era Industrial
possibilitará com que
você apreenda a noção
de espaço geográfico Por que o início da industrialização se deu na Europa Ocidental? Vejamos os motivos:
e histórico ao mesmo • Região próspera;
tempo. • Expansão rápida do comércio;
• Acúmulo de riquezas;
• Agricultura ocidental diferente da oriental: o ocidente era farto em terras para serem culti-
vadas, bem como de capital e trabalho humano; o ocidente cultivava cereais diversos e di-
ferentes dos orientais que estavam presos no cultivo do arroz; os mediterrâneos orientais
cultivavam trigo; europeus aceitam outros alimentos; e o declínio da servidão libera pessoas
para novos trabalhos;
• Centralização do poder;
• Rivalidades entre estados, que acabam fabricando armamentos e incentivando o comércio.
34
Geografia - História Econômica
Outro debate provocado por Hobsbawn (1994) é sobre os motivos pelos quais a Inglaterra
deu os primeiros passos para a industrialização e quais os pré-requisitos que outros países pos-
suíam.
a. França
• Inglaterra e França sempre mantiveram uma competição econômica acirrada ao longo da
história, mas no século XVIII é mais acentuada;
• Era mais próspera, populosa e tinha um império comercial importante;
• Possuía meios de transportes e comunicações;
• Tinha escolas técnicas, porém menos dispostas a mudanças;
• Era tradicional nos métodos de trabalhar na agricultura como, por exemplo, ainda cultivan-
do a terra no sistema de três campos. Cultivava duas faixas de terras com produtos diferen-
tes e deixava uma em descanso;
• Produzia artigos de luxo que eram caros e feitos manualmente, além de adquiridos por pou-
cas pessoas;
• Possuía tarifas internas pesadas.
b. Holanda
• Carecia de recursos naturais;
• Investia nas finanças;
• Não aplicava na expansão da manufatura e do comércio.
c. Inglaterra
A Inglaterra apresentava as seguintes vantagens:
• Possuía suprimentos de carvão e ferro, com tradição na metalurgia e na mineração;
• Possuía um sistema de transporte natural por meio dos rios, canais e estradas;
• Havia um grande número de trabalhadores disponíveis para a indústria vindos do campo
por causa dos cercamentos;
• Havia a elaboração pelo Estado de leis que ordenavam e protegiam a propriedade privada;
• Havia o investimento na atividade econômica; e
• O comércio colonial tinha uma posição significativa para o desenvolvimento industrial da
Inglaterra.
35
UAB/Unimontes - 4º Período
36
Geografia - História Econômica
De acordo com Arruda (1984), antes a sociedade europeia era baseada nos laços de paren-
tesco. A posse da terra constituía a base de poder social.
Com a industrialização, surgiram muitas formas de propriedade, assim como vários tipos de
poder. A nação tornou-se mais importante que o local, antes representado pelo feudo. O indiví-
duo também ganha um papel de destaque, propiciando a elaboração de leis que o proteja, assim
como o comércio. Teorias políticas são construídas, também, visando ao individualismo.
Historiadores contemporâneos buscam respostas para tantas mudanças. Tudo isso constitui
o rompimento com o passado? É a destruição da moral tradicional e do padrão social existente?
Surge um novo mundo com novas perspectivas, assim como novos padrões socioeconômicos,
porém persistem ainda costumes e práticas da vida antiga. Há no século XIX monarcas governan-
do; a terra ainda como principal fonte de riqueza; os senhores de terra com o poder político nas
mãos; e a sociedade europeia com aspecto rural, destacando a Inglaterra, que é semirural.
De acordo com Perry (1985), um grave problema apresentado foi a pobreza que veio com
a industrialização, o que constitui uma contradição, pois a máquina serve para produzir riqueza.
Então, por que existe tanto pobre? Esses são os efeitos da industrialização, que se configurou de
forma diferente em cada país e em cada época.Perry (1985) diz que, no geral, com a industrializa-
ção, as condições de vida se tornaram melhores para parte da população, pois a quantidade de
bens era maior; porém, a qualidade de vida era menor. Os camponeses saíam da zona rural para
morar nas cidades e trabalhar nas fábricas. A alternativa que encontravam nas cidades era morar
nas periferias e, consequentemente, tinham insegurança diária.
A Revolução Industrial do século XVIII permitiu um grande crescimento econômico das so-
ciedades, desenvolvendo em massa o Capitalismo. No entanto, as condições humanas nesse sé-
culo foram completamente esquecidas. Centenas de milhares de pessoas foram dizimadas pela
exploração no trabalho, por doenças como a tuberculose, por acidentes na produção, por doen-
ças infecciosas, por má nutrição, entre muitas outras coisas.
37
UAB/Unimontes - 4º Período
2.2.8 Urbanização
De acordo com Arruda (1984), com a indústria, as cidades crescem em número, tamanho
e população. No século XX, ocorre um enorme deslocamento da zona rural para a zona urbana
com moradia tanto na Europa como nos Estados Unidos.
As cidades cresceram rapidamente, porém sem planejamento e regulamentação. Os servi-
ços sanitários eram precários, não havia nenhuma iluminação, as moradias eram ruins, o trans-
porte deficiente e havia pouca segurança. Com essas condições, sofrem ricos e pobres, mas os
pobres, com certeza, sofrem mais. O governo e as firmas relutam em remediar a situação com
seu dinheiro.
Os intelectuais da época tinham pareceres diferentes em relação a possibilidades de mu-
danças. Alguns não vislumbravam melhorias, e outros acreditavam ser uma situação passageira.
38
Geografia - História Econômica
Enfim, diante dessas questões, medidas deveriam ser tomadas, e o Estado decide intervir,
por meio da fiscalização das indústrias, com o objetivo de proteger os desamparados, sobretudo
as crianças e as mulheres.
b. Thomas Malthus
Thomas Malthus duvida que o crescimento econômico
seja benéfico, acreditando que o crescimento populacional
sempre supera a produção de bens, assim, como quanto
maior for o salário, maior será a família.
c. David Ricardo
De acordo com David Ricardo, a pobreza é inevitável, e ◄ Figura 38: Friederich
o salário não poderia aumentar, mas apenas ser suficiente Engels
para as necessidades mínimas. Caso contrário, a população Fonte: Disponível em
aumentaria; consequentemente, as famílias seriam maiores. <http://images.google.
Para ele, pobre será sempre pobre. com.br/imgres?imgur-
l=http://www.galizacig.
com; http://images.goo-
gle.com.br/imgres?im-
2.3.2 Os Primórdios do Socialismo gurl=http://upload.
wikimedia>.Acesso 4 jan.
2010.
39
UAB/Unimontes - 4º Período
2.3.3 Marxismo
O marxismo tem como fonte inspiradora Karl Marx e Friederich Engels, que propõem trans-
formar o mundo por meio da racionalidade.
2.3.4 Anarquismo
40
Geografia - História Econômica
2.4.1 Liberalismo
2.4.2 Neocolonialismo
41
UAB/Unimontes - 4º Período
a partilha da África e da Ásia (colonização da África e da Ásia). A disputa por novos mercados
envolve Reino Unido, França e Bélgica, primeiras potências industrializadas; Alemanha e Estados
Unidos, que conhecem o apogeu industrial e econômico a partir de 1870; Itália, Rússia e Japão,
que ingressavam na via da industrialização.
O Neocolonialismo é o mesmo que Imperialismo.
2.4.3 Imperialismo
Vladimir Ilitch Lenine: Considera o imperialismo uma fase superior do capitalismo. É o ápice
do capitalismo.
O Imperialismo pode ainda ser definido, de acordo com Huberman (1993), como:
• Alternativa para continuidade e expansão do sistema capitalista. Nesse ponto, ressaltamos
que houve a Revolução Industrial em 1750, a II Revolução Industrial em 1850 e a Revolução
Industrial e Tecnológica no século XX que propiciaram esse fenômeno;
• Uma forma que permite o processo de acumulação;
42
Geografia - História Econômica
43
UAB/Unimontes - 4º Período
Figura 43:
Representação do
Capitalismo
Fonte: Disponível em
<http://images.google.
com.br/imgres?imgurl=ht-
tp://parroquiaicm.files.
wordpress.com>. Acesso
em 5 jan. 2010.
A primeira grande depressão, de acordo com Oliveira e Rodrigues (2000), começou entre
1873 a 1875, continuando até 1896. Ela constituiu um conjunto de crises sucessivas de ordem
bolsística e bancária, cujos resultados foram:
• elevação dos custos, como o aumento de salários e de preços dos bens;
• redução dos mercados de venda e diminuição do poder de compra;
• baixa dos preços de venda;
• concorrência acirrada, entre outros.
GLOSSÁRIO Enfim, essa crise se encontrava no próprio sistema de produção. De acordo com Oliveira e
Rodrigues (2000), a crise se deve à insuficiência de mercados e à falta de oportunidades onde co-
Ordem Bolsística: De- locar novos investimentos, cujos resultados consistem no acirramento da competição, gerando
sabamento dos preços
e pânico. fusões e incorporações de empresas por meio da centralização do capital, constituindo o que se
Ordem bancária: denomina de Capitalismo Monopolista. O imperialismo, conforme abordagem anterior, vem ape-
Falência de um grande nas para consolidar essa nova realidade, assim como a II Revolução Industrial e Tecnológica, que
estabelecimento ou investe em novos setores como elétrico, químico, motor à explosão e aço, surgindo uma nova
falências em cadeia. forma de acumulação e crescimento.
44
Geografia - História Econômica
A primeira grande guerra é outro momento difícil para a Europa Ocidental. A tecnologia mo- GLOSSÁRIO
derna capacitou o homem para a guerra, assim como o nacionalismo exarcebado incentivou o Fordismo: É o nome
desejo de lutar pela nação até a morte. Essa guerra alterou profundamente o rumo da civilização dado ao modelo de
ocidental. Devastada e destruída, era hora da reconstrução. Surgem novas lideranças, como os produção automobilísti-
Estados Unidos e a Alemanha, que havia sido derrotada na Primeira Guerra Mundial. ca em massa, instituído
Verifica-se, após a Primeira Guerra Mundial, uma nova onda de prosperidade com a criação pelo norte-america-
no Henry Ford. Esse
de novas tecnologias, mas o movimento operário enfraquece. Ocorre uma superprodução, propi- método consistia em
ciando acumulação, pois, de acordo com Oliveira e Rodrigues (2000), o sistema produz para gerar aumentar a produção
lucros e não para atender às necessidades de uso. Então, surge uma nova crise em 1929. Essa cri- através do aumento
se acontece pelos seguintes motivos: de eficiência e baixar
• Excesso de acumulação; o preço do produto,
resultando no aumento
• Falta de oportunidade de investimentos lucrativos no mundo da produção. das vendas que, por sua
A saída da crise, conforme Oliveira e Rodrigues (2000), foi a transformação do Capitalismo vez, iria permitir manter
com a intervenção do Estado. O presidente Roosevelt dos Estados Unidos com o New Deal, que baixo o preço do
constituiu num Programa de Auxílio, Recuperação e Reforma, contribuiu com: produto. Os primeiros
• Ajuda a setores econômicos, como bancos, agricultura e indústrias; automóveis surgiram
na segunda metade do
• Programas de auxílio a carentes; século XIX. No entan-
• Programa de seguro-desemprego e previdência; to, eram tão lentos na
• Estímulo à economia através da realização de obras públicas; locomoção que se igua-
• Reconhecimento e estímulo à organização operária. lavam às carruagens.
O New Deal lança bases para o Welfare State (Estado de bem-estar social) quando traba- Foram os motores a
combustão desenvolvi-
lhadores são incorporados ao mundo capitalista como consumidores. O fordismo, em 1945 a dos pelos alemães Benz
1979/80, será um novo modo de o Capitalismo encarar a produção e o salário dos trabalhadores. e Daimler, na última dé-
Com a segunda guerra mundial, a economia será impulsionada por meio dos Estados Uni- cada do século XIX, que
dos. O período do pós-segunda guerra, ou seja, de 1945 a 1970/80, constituiu-se, conforme Oli- incentivaram o rápido
veira e Rodrigues (2000), como uma fase de prosperidade do sistema capitalista. Constata-se a aperfeiçoamento dos
automóveis. Nesse con-
existência e predominância do fordismo, Welfare State e do Keynesianismo, que consistia no Esta- texto, destacam-se dois
do Interventor por meio de uma crescente produtividade e a inclusão social de países centrais. modelos de fabricação:
Dessa forma, o Capitalismo sai da fase selvagem. O trabalhador é mão de obra, mas também é o artesanal, de Rolls
consumidor. É uma época de prosperidade e também da reconstrução da Europa. Royce, e o de construção
De acordo com Oliveira e Rodrigues (2000), de 1970 a 1980, há novamente sinais de crise: de grandes séries, de
Henry Ford; no modo
• Luta dos trabalhadores por aumento de salário, redução da jornada de trabalho, recusa de artesanal, construíam-
certo tipo de trabalho; se e ajustavam-se as
• Aumento dos custos para diminuir a poluição e outros problemas da industrialização e ur- peças em cada carro,
banização; que compreendia num
• Redução do mercado, pois a reconstrução da Europa termina; trabalho mais lento,
portanto de maior
• Diminuição do mercado e aumento da capacidade produtiva, gerando intensificação da qualidade, mas de alto
competição. preço. Já no Fordismo,
As soluções para essas questões são as multinacionais; novas formas de fusões e incorpo- a fabricação em série
rações, empresas investindo em marketing e implicou na queda da
o governo armamentista. Essa é a idade de qualidade dos veículos.
Em contrapartida, o
ouro do Capitalismo, conforme os econo- carro ficou mais barato,
mistas Oliveira e Rodrigues (2000), porém tornando-o um meio de
ele precisa de inovações. Ressaltamos que transporte acessível às
Eric Hobsbawm, historiador, aborda a “Era de pessoas. Essa cadeia de
Ouro” entre os anos de 1950 e 1973. montagem em massa se
intensificou na segunda
Além dessas crises citadas, conforme década do século XX.
Oliveira e Rodrigues (2000), o Capitalismo
enfrentou também:
• Crise do dólar em 1971;
◄ Figura 45: Imagem
• Os choques do petróleo de 1973 a alusiva ao New Deal
1979; com enfoque a
• Crises das dívidas externas do terceiro Roosevelt
mundo; Fonte: Disponível em
• Várias crises financeiras e das bolsas. <http://images.google.
com.br/imgres?imgur-
A resposta do Capitalismo para sanar l=http://www.hermes>.
essas crises foi a III Revolução Industrial e Acesso 5 jan. 2010.
Tecnológica, a Globalização e o Neolibera-
lismo.
45
UAB/Unimontes - 4º Período
De acordo com Pina (2009), em 2008-2009, o Capitalismo enfrenta outra crise econômica
que consistiu na crise imobiliária dos Estados Unidos. Essa crise teve início porque os bancos
estavam oferecendo uma quantidade muito grande de crédito imobiliário, o que acabou incen-
tivando o setor. O problema é que os bancos não faziam um estudo sobre as possibilidades fi-
nanceiras dos clientes, achando que bastaria cobrar juros mais altos para se protegerem da ina-
dimplência e aumentar os lucros. Como existia muito crédito, os americanos adquiriram a sua
casa própria. Só que, com isso, o preço dos imóveis subiu muito. Desgostosos por pagar preços
exorbitantes nos imóveis e nos juros da sua hipoteca, os americanos começaram a deixar de pa-
gar os bancos. Mas isso ainda não é o maior problema: o problema é que essa situação não acon-
teceu apenas em alguns casos isolados, aconteceu em massa. Os bancos não ofereciam crédito
apenas para compra de imóveis. O crédito era oferecido para tudo, incentivando o consumo em
diversas áreas. Consequentemente, isso aumenta muito o endividamento, e as pessoas acabam
por, muitas vezes, não conseguir pagar suas dívidas. Com a crise já instaurada, mas sendo ne-
gada por todos, começou a existir menos cré-
dito na praça e o preço dos imóveis diminuiu
por haver menos procura por eles. Nesse mo-
mento, muitos americanos viram seus imóveis
desvalorizarem muito, chegando ao cúmu-
lo de eles deverem um valor absurdamente
maior do que o valor que o imóvel realmente
valia naquele momento. Assim, muitas pessoas
acharam que não valia a pena continuarem pa-
gando a hipoteca, mesmo que tivessem seus
imóveis executados, ou seja, retomados pelos
credores – os bancos – , judicialmente. Como
a inadimplência estava crescendo assustadora-
mente, os bancos começaram a sentir falta de
dinheiro novo para várias outras operações fi-
nanceiras. Tudo isso desencadeou a crise.
Enfim, o Capitalismo, durante sua traje-
tória, vem enfrentando crises e superando-as,
fortalecendo cada vez mais o sistema.
Figura 47: Filme:
Tempos Modernos
Fonte: Disponível em
<http://images.google.
2.5 Socialismo
com.br/imgres?imgurl=ht-
tp://viagemaleatoria.files.
wordpress.com/2009/10/ Abordar o Socialismo é mostrar uma proposta antagônica do Capitalismo, significando reve-
tempos-modernos>. lar outras possibilidades para uma sociedade melhor.
Acesso em 5 jan. 2010. De acordo com Souza (1989), o homem não é uma ilha, mas um ser social que vive em so-
ciedade. Aristóteles, com A Política, e Platão, com A República, idealizaram uma sociedade socia-
lista, apesar de contraditória, pois os gregos praticavam a escravatura.
46
Geografia - História Econômica
47
UAB/Unimontes - 4º Período
O Socialismo científico marxista foi desenvolvido no século XIX, por Karl Marx e Friederich
Engels. Recebe também a denominação de Socialismo marxista. Ele rompe com o Socialismo
utópico ao apresentar uma análise crítica da realidade política e econômica, da evolução históri-
ca das sociedades e do Capitalismo.
A filosofia de Marx constitui-se por:
• Materialismo dialético: é a posição filosófica que considera a matéria como a única realidade
e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus;
• Materialismo histórico: pretende a explicação das sociedades humanas em todas as épocas,
através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. O materialismo é enfati-
zado em A Ideologia Alemã, intenso estudo em história de Marx e Engels em 1845. Ressalta
48
Geografia - História Econômica
também a questão da natureza dos indivíduos que depende do papel deles na produção de
materiais, pois o pensamento humano é determinado pelas forças socioeconômicas.
O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a ne-
cessidade humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de ne-
cessidades, luta contra a natureza. À medida que luta, o homem descobre como ser produtivo e
passa a ter consciência de si e do mundo. Percebe, então, que a história é o processo de criação
do homem pelo trabalho humano. As duas vertentes do marxismo são o materialismo dialético,
para o qual a natureza, a vida e a consciência se constituem de matéria em movimento e evolu-
ção permanente; e o materialismo histórico, para o qual o fato econômico é a base e causa deter-
minante dos fenômenos históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e políticas, a mora-
lidade, a religião e as artes.
Para Marx, de acordo com Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), a raiz de uma sociedade
é a forma como a produção social de bens está organizada. Nesse sentido, ela engloba:
• A superestrutura: ideias, costumes e instituições;
• A infraestrutura: as forças econômicas por meio das relações de produção e das forças pro-
dutivas.
Outro conceito importante para Marx são os modos de produção da história, que constitui a
maneira como as forças produtivas se organizam e desenvolvem-se dentro das relações de traba-
lho. Os modos de produção são:
• Modo de produção escravista: Ocidente antigo;
• Modo de produção feudal: Europa e Japão Medieval;
• Modo de produção capitalista: mundialização da economia;
• Modo de produção socialista: Ex-URSS e China, por exemplo.
De acordo com Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), a evolução das relações econômi-
cas nas sociedades humanas, ao longo do processo histórico, conforme a teoria marxista, cons-
titui-se na luta de classes, ou seja, a história do homem é a luta de classes. No escravismo, era a
luta entre senhores de escravos versus escravos; no feudalismo, entre os senhores feudais versus
os servos; e, no Capitalismo, a burguesia versus o proletariado. Na sociedade capitalista, a divisão
social decorreu da apropriação dos meios de produção pela burguesia, enquanto o grupo expro-
priado – o proletariado – possuía apenas seu corpo e capacidade de trabalho. Assim, é estabele-
cida uma relação antagônica e conflituosa: capitalistas versus proletário.
Nessa veia, ocorre a alienação, ou seja, o trabalhador aluga sua força de trabalho à classe
burguesa, recebendo um salário por esse aluguel, o qual é determinado pelo patrão. Isso ocorre
dentro de um contexto em que há a acumulação de bens por causa do excesso de trabalhadores
que gera a reserva de operários. Por sua vez, o operário aceita um salário de subsistência, provo-
cando a concorrência entre o proletariado justamente por que há uma reserva.
Conforme Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), também ocorre o grau de exploração da
força de trabalho que constitui:
• Mais valia absoluta: os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força
de trabalho, podem lançar mão de três estratégias para ampliar sua taxa de lucro: primeira,
49
UAB/Unimontes - 4º Período
De acordo com Souza (1989), a Igreja Católica, diante das questões socioeconô-
micas, levantou a voz, ora para apoiar, ora para incentivar os movimentos e as ideias
socialistas, ora para condenar e discordar.
Com o processo da industrialização, a Igreja Católica se manifestou, em 1891,
por meio do documento chamado Encíclica Rerun Novarum
(Sobre as coisas novas). Esse documento, provocado pelo
Papa Leão XIII, trata as seguintes questões:
Figura 54: Papa João • Chama a atenção dos governos e patrões para as in-
XXIII justiças sociais;
Fonte: Disponível em • Condena a exploração capitalista;
<http://images.google. • Critica ideias socialistas;
com.br/imgres?imgurl=ht-
tp://www.franciscanosma- • Discute acerca da liberdade de associações de traba-
pi.org .br/; http://images. lhadores;
google.com.br/imgres?im- • Considera o trabalho como não mercadoria.
gurl=http://veja.abril.com.
br/historia/republica/>. Na Encíclica Quadragésimo Anno, em 1931, com o
Acesso em 6 jan. 2010. Papa Pio XI, novamente essas discussões vêm à tona, e a
Igreja Católica, diante das crises mundiais, fica à margem
dos problemas sociais e políticos.
Em 1960, com o Concílio do Vaticano II, o Papa João
XXIII declara a opção preferencial pelos pobres.
DICA
2.5.3 Geoges Sorel
Procure na internet
mais informações sobre
leninismo, trotskismo De acordo com Souza (1989), Sorel é um pensador e político francês que nasceu em 1847 e
e maoísmo. Veja o site morreu em 1922. Adere, no início, ao Socialismo marxista, depois ao anarco-sindicalismo.
http://pt.euronews.com
que explora o significa- Ele acreditava que o sindicato era capaz de organizar os trabalhadores, tinha poder e do-
do da palavra “labirinto”: mínio da produção, podendo recorrer à sabotagem, greve e violência terrorista, que influenciou
“Chakravyuh”, apresen- posteriormente o fascismo de Mussolini, assim como grupos revolucionários e movimentos estu-
tado como um thriller dantis.
político vindo da Índia, Enfim, conforme Souza (1989), o Socialismo tem vários movimentos dentro de si, mesmo
que estreou no Festival
de Cinema de Londres. apresentando diferenças entre as suas principais correntes, como:
• Marxista: dividiu-se depois com as interpretações feitas por Lênin, o leninismo; por Trotsky, o
trotskismo; por Mao Tse-Tung, o maoísmo;
50
Geografia - História Econômica
51
UAB/Unimontes - 4º Período
DICA • Pela primeira vez, as nove formas de globalização descritas anteriormente estão presentes;
• Pela primeira vez, um país poderoso, nesse caso os Estados Unidos, governa o planeta e pre-
Leia os livros sugeri- para-se para colonizar outros;
dos que vão auxiliar
no entendimento dos • Pela primeira vez, o caminho da unificação política e material foi aplainado por duas guerras
estudos: mundiais e uma guerra fria;
“O que é globalização. • Pela primeira vez, a transferência de mercadorias e pessoas se faz de forma extremamente
In: Mundo globalizado: veloz através de modernos meios de transporte, assim como a transferência de dados que,
economia, sociedade e por causa das redes de telecomunicações, se tornou mais veloz;
política” de Alexandre
Barbosa (São Paulo: • Pela primeira vez, os processos de unificação social e cultural são lubrificados pelos mass
contexto, 2009) e media e pela informática;
“Tempo e classe. In: Glo- • Pela primeira vez, a humanidade inteira demonstra ao mesmo tempo os mesmos medos, ou
balização: as conse- seja, a guerra nuclear, a poluição atmosférica, as crises financeiras, etc.
quências humanas” de Enfim, a globalização constitui uma questão atual e passível de debates e discussões como
Zygmunt Bauman (Rio
de Janeiro: Zahar, 1999). o movimento antiglobalização.
(...) nega a forma como a ordem capitalista instituída vigente se reproduz e não a
ATIVIDADE ordem em si. Ele é movido para a busca de soluções alternativas aos problemas
sociais e a própria preservação da vida no planeta e, não para a sua destruição.
Escolha um dos temas (GOHN, 2003, p. 33)
que mais despertou
a sua atenção nessa
unidade e explore, ob-
O movimento antiglobalização objetiva, conforme Gohn (2003):
tendo maiores detalhes • Designar aqueles que se opõem aos aspectos capitalistas-liberais;
e/ou curiosidades e • Reivindicar o fim de acordos comerciais e do livre trânsito de capital;
partilhe com seu tutor e • Opor-se à formação de blocos comerciais, como o Tratado Norte-Americano de Livre Comér-
colegas. cio – NAFTA – e a Área Livre de Comércio das Américas – ALCA;
• Propor alternativas ao regime econômico capitalista, como o Socialismo, o Comunismo e a
Anarquismo;
• Manifestar preocupação com danos ao meio ambiente e aos direitos humanos.
Os significados do movimento antiglobalização são:
• Ações que impulsionam mudanças sociais diversas;
• Crítica à cultura do lucro, que deve ser substituída pela cultura do ser humano pleno, com
direito à vida;
52
Geografia - História Econômica
• Demonstração de que as lutas sociais voltaram à cena internacional como fonte de pressão
por mudanças que levem às transformações do modelo civilizatório em curso;
• União, sem apagar as diferenças, num campo comum, de grupos políticos e outros grupos
sociais e culturais que antes não conversavam.
Referências
ARRUDA, José Jobson. Revolução industrial e capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: FTD; LISA, 1996.
CATANI, Afrânio Mendes; SANT’ANNA, Vanya. O que é capitalismo. 22.ed. São Paulo: Brasiliense,
1986. (Coleção primeiros passos; v. 4).
DOBB, Maurice Herbert. A evolução do capitalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
FRANCO JÚNIOR, Hilário, CHACON, Paulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1987.
HOBSBAWN, H. A era das revoluções: 1789-1848. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 19. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
MASI, Domenico de. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. 5. ed. Rio
de Janeiro: José Olympio. Brasília-DF, 2000.
OLIVEIRA, Marcos Fábio Martins; RODRIGUES, Luciene (Orgs.). Capitalismo: da Gênese à crise
atual. 2. ed. Montes Claros: Unimontes, 2000.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
53
UAB/Unimontes - 4º Período
PINA, Bernardo. Entenda a crise econômica que estamos vivendo. Disponível em <http://
www.produzindo.net/entenda-a-crise-economicaque-estamos-vivendo/> Acesso em 21 mai.
2010.
54
Geografia - História Econômica
Unidade 3
Colonialismo e Economia
Brasileira
3.1 Introdução
Nesta Unidade III, o tema abordado cons-
tituirá na discussão acerca do colonialismo e
da economia brasileira. É importante ressaltar
que nenhum dos temas propostos nesse Ca-
derno Didático é figurado como um item isola-
do. Pelo contrário, a história é trabalhada como
processo. Por isso, todos esses movimentos
estudados têm um vínculo entre eles, estando
relacionados e correlacionados. Não são temas
prontos e acabados, mas pensados como traje-
tória da humanidade e didaticamente dispos-
tos para facilitar o seu entendimento do aluno.
Nessa medida, ao discutirmos os nossos
conteúdos, especificamente nesta III Unida-
de, quando tratarmos sobre o colonialismo e
a economia brasileira, procure não pensá-los
de forma isolada, mas inseridos no contexto
próprio de sua época e elaborados dentro do
processo político, econômico, social, cultural,
artístico, religioso. Enfim, procure pensar todas
as dimensões possíveis de o homem viver.
A partir, sobretudo, de Caio Prado Júnior e de Celso Furtado, nesta unidade, será apresenta- Figura 59: Ilustrações
da a colonização portuguesa no Brasil, fazendo uma análise econômica do Brasil Colônia, mos- acerca do processo de
colonização
trando a economia brasileira na República, assim como a industrialização do Brasil após 1930.
Fonte: Disponível em
Dessa forma, nesta unidade, objetivamos compreender a história econômica brasileira. <http://images.google.
com.br/imgres?imgurl=ht-
tp://historianomessiasan-
tonio.files> Acesso em 8
Portuguesa no Brasil
A colonização europeia na América, de acordo com Caio Pardo Júnior (1989), constituía-se
no sonho das descobertas de metais preciosos e na extração de produtos como a madeira, pele
e pesca. A ocupação do território dependeu dessas atividades. A agricultura consistiu em uma
atividade posterior.
Na América, havia duas áreas distintas, conforme Caio Prado Júnior (1989):
a. Zona Temperada
Constitui o norte da América e o Chile. Até o século XVIII era praticada a pesca e a extra-
ção de peles. No século XVIII, ocorrem as lutas políticas e religiosas na Europa. Então, saem, da
Inglaterra, puritanos e quackers; da França, huguenotes; da Alemanha, os morávios; da Suíça,
55
UAB/Unimontes - 4º Período
56
Geografia - História Econômica
Caio Prado Júnior faz um balanço até esse período da obra colonizadora no Brasil apresen-
tando os seguintes aspectos:
a. Distribuição do povoamento
• Litoral
A ocupação se faz em pequena parte do território. Há uma maior concentração do povoamen-
to na faixa costeira com uma população dispersa. Os núcleos importantes são Pernambuco, Bahia
e Rio de janeiro; Pará e Maranhão; e núcleos dispersos.
• Interior
A irregularidade do povoamento é maior.
• No norte (Amazônia): o povoamento é realizado ao longo dos cursos d’água, sendo linear e
ralo;
• No sertão nordestino: o povoamento se concentra em regiões que têm recursos naturais,
como a água por causa das fazendas;
• Na região central: o povoamento ocorre em torno das explorações auríferas, como Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso;
• No sudeste: a região em destaque constitui onde atualmente é São Paulo com a produção
agrícola e como centro de comunicações. A região sudeste, conforme Caio Pardo Júnior,
constituía a zona mais próspera e rica;
• No sul: o povoamento se faz nas estâncias de gado, como no Rio Grande do Sul.
57
UAB/Unimontes - 4º Período
• Artes e manufaturas
• Artes mecânicas e manufaturas: a maioria era importada, e a produção local era insignifican-
te e tinha características próprias;
• Na zona rural constituíam-se na indústria doméstica por meio dos acessórios dos estabeleci-
mentos agrícolas ou de mineração, assim como para atender às necessidades dos morado-
res, por estar distantes dos centros urbanos a carpintaria, ferreiros, manufaturas de panos e
vestuário e pequena metalurgia;
• Indústria doméstica: foi entregue a escravos que eram mais hábeis ou a mulheres de casa,
como, por exemplo, a fiação, tecelagem e costura;
• Atividades autônomas: apresentam ofícios diversos como de ambulantes e ferreiros;
• Indústrias: Olaria, com a fabricação de telhas; caieiras, com a preparação da cal; cerâmica
que consistia no conhecimento dos índios, os quais perdem a habilidade por causa do con-
tato com os brancos; curtumes que se concentravam nas regiões ou centros de grande co-
mércio de gado, como Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro; cordoaria,
no Amazonas, com a fabricação de fibra da piaçabeira; setor têxtil em Minas Gerais, Rio de
Janeiro no século XVIII, extinto em 1785 por Portugal com receio da expansão; setor do ferro
que era perseguido pela administração colonial porque fazia concorrência com o Reino re-
tirando seus lucros; ourives que era perseguido porque facilitava o descaminho do ouro, foi
proibido em Minas Gerais em 1751 e 1766, na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
• Transportes e comunicações
De acordo com Caio Pardo Júnior (1989), o caminho cria o tipo social. As distâncias são enor-
mes, o relevo acidentado e as coberturas das florestas dificultam a comunicação, tornando-a mo-
58
Geografia - História Econômica
rosa. As relações da colônia tinham um ritmo lento e retardado, dando características de uma
vida frouxa por causa da deficiência dos meios de transportes. Há dois tipos de via: a fluvial e a
terrestre. A fluvial consistia em rios impróprios à navegação e com impossibilidade de embarca-
ções maiores, assim como as cheias provocadas pela chuva e a seca dificultavam ainda mais o
transporte. A terrestre não era cômoda, pois não contava com pontes e estrada.
As vias de comunicação são realizadas por meio dos rios, ou seja, fluvial, e, em sua maioria,
por terra. Elas servem para ligar o litoral ao interior, o sul ao norte.
• Comércio
A produção de gêneros tropicais e metais preciosos são realizados para o mercado interna-
cional. Há dois setores:
• Comércio Externo: por via marítima, a colonização portuguesa utiliza o oceano Atlântico; a
espanhola, o Pacífico. As colônias vizinhas apresentam as mesmas condições do Brasil. Ain-
da há as rivalidades com a metrópole, assim como as restrições. Por via terrestre, é insignifi-
cante. Ocorre o contrabando, principalmente dos ingleses. O monopólio legal é dos portu-
gueses, mas há o contrabando, sobretudo nas cidades maiores como Rio de Janeiro, Bahia,
Recife, São Luís e Belém. A importação procura os mesmos portos com um nível econômico
mais elevado, assim como os gêneros alimentícios de luxo, como o vinho, azeite de oliva, sal,
metais, ferro e manufaturas. O comércio exterior mais importante é o tráfico de escravos.
• Comércio Interno: constituído de mercadorias para exportação ou que provêm da importa-
ção. É o comércio para o abastecimento dos grandes centros urbanos. Não produz ferro, sal
e manufaturas, mas sim gêneros para subsistência. Há a insuficiência do abastecimento e ca-
restia nas cidades. Destaque para o comércio de gado que não só liga o território do Brasil,
assim como provoca o povoamento e a produção de carne seca, o famoso charque do Rio
Grande do Sul.
Enfim, Prado Júnior (1989) conclui a economia do Brasil no período colonial abordando:
• O comércio colonial que existia nos setores:
• Marinha: áreas de povoamento com as atividades no litoral, sobretudo de gêneros agrícolas
para exportação localizados nos centros e portos do comércio exterior;
• Sertão: áreas interiores de criação, sobretudo de gado;
• Minas: exploração de ouro.
• O povoamento: era constituído na maioria de negros e índios, escravizados e dominados. A
população branca era minoria, sendo os dirigentes.
• A exportação de produtos tropicais, ouro e diamante para a metrópole e comércio exterior.
59
UAB/Unimontes - 4º Período
De acordo com Furtado (1982) e Prado Júnior (1989), a vinda da coroa real para o Brasil trou-
xe não só a liberdade comercial, mas também o estímulo econômico.
60
Geografia - História Econômica
• O grande comércio está nas mãos dos ingleses com as transações financeiras; os franceses DICA
com o negócio de luxo e moda; os nativos não sofrem tanto com a concorrência, ao con- Assista ao filme “Carlota
trário dos portugueses que se dedicavam ao comércio, mesmo após 1822. A concorrência Joaquina - A princesa
reflete na vida e na população nacional por meio das animosidades contra o estrangeiro, so- do Brasil” que apresenta
bretudo os ingleses que são donos das primeiras grandes empresas e têm posição de relevo um painel da vida da
na sociedade e na economia; infanta espanhola que
conheceu o príncipe de
• No setor privado há um desequilíbrio financeiro. Com a vinda da coroa real para o Brasil, Portugal com apenas
ocorre a transformação dos hábitos, a introdução do conforto e do luxo, que antes eram dez anos e se decepcio-
desconhecidos na colônia, além dos costumes da corte imitados pela população. Certas nou com o futuro ma-
classes brasileiras movidas pela vaidade vivem da compra de títulos, condecorações e hon- rido. Sempre mostrou
rarias. disposição para seus
amantes e pelo poder e
Enfim, de acordo com Prado Júnior (1989) e Furtado (1982), a transferência da corte consti- se sentiu tremendamen-
tuiu um processo contraditório, pois houve um: te contrariada quando
a corte portuguesa veio
(...) desacordo entre o sistema econômico legado pela colônia e as novas necessi- para o Brasil, tendo uma
dades da nação. Isso gerou um surto econômico do país que não se adequou ao grande sensação de alí-
quadro político e administrativo legado pela metrópole. (PRADO JÚNIOR, 1989, vio quando foi embora.
p. 34) O filme é de 1995.
Prado Júnior (1989) diz que a primeira metade do século XIX constituiu um período de tran-
sição, pois é uma fase de ajustamento a nova situação, ou seja, a independência. É um período
de transformação econômica, política, social e cultural.
Em 1822, ocorre a independência do Brasil. Esse acontecimento político é significativo, ape-
sar das dependências que ainda persistem em relação ao Brasil com outros países, sobretudo
Portugal e Inglaterra.
◄ Figura 67:
Independência
do Brasil, a mais
conservadora da
América
Fonte: Disponível em
<http://images.google.
com.br/imgres?imgur-
l=http://maniadehistoria.
files.wordpress>. Acesso
em 9 jan. 2010.
Conforme Mendonça e Pires (2002), em 1826, por ocasião de renovação dos tratados comer-
ciais assinados, logo após a fuga da coroa portuguesa para o Brasil, a Inglaterra conseguiu impor
ao governo brasileiro uma cláusula pela qual este se comprometia a decretar a abolição do trá-
fico dentro de três anos a partir da ratificação do tratado. Pela lei de 7 de novembro de 1831, o
governo brasileiro cumpriu a promessa, considerando livres todos os africanos introduzidos no
Brasil a partir daquela data.
A lei de 1831, no entanto, foi simplesmente ignorada. Entre 1831 e 1850, mais de meio mi-
lhão de escravos foram introduzidos no país. Porém, as tensões se agravaram quando chegou,
novamente, a ocasião de rediscutir os termos do tratado comercial com a Inglaterra. Uma das
principais fontes de recurso do governo brasileiro eram as tarifas sobre importação e o governo
via-se, agora, forçado a rever algumas dessas tarifas, aumentando o seu valor, o que desagradava
os ingleses que, em represália, reabriram a questão do tráfico de escravos.
O parlamento inglês em 1845 declarou lícito o apresamento de qualquer embarcação em-
pregada no tráfico de escravos. A lei Eusébio de Queiróz foi aprovada em 1850. Segundo essa
nova lei, a importação de escravos foi considerada ato de pirataria e, como tal, deveria ser pu-
nida. Com isso, o contrabando diminuiu, porém não cessou completamente. Enfim, esse foi um
embate até 1888 quando, definitivamente, aboliu-se a escravidão no país, por meio de muitas
lutas, resistências, tensões e conflitos.
61
UAB/Unimontes - 4º Período
Um fato importante durante esse período, abordado também por Mendonça e Pires (2002)
DICA
que merece ser relatado, ocorreu em 12 de agosto de 1844 quando se implantou a política ta-
Tarifa Silva Ferraz -
rifária, conhecida pelo nome de Tarifa Alves Branco, aumentando as taxas aduaneiras para 30%
Reduziu as taxas de
sobre produtos importados sem similar nacional, e 60% sobre produtos com similar nacional. Tal
importação sobre má-
quinas, ferramentas e medida abrangeu cerca de três mil itens importados, despertando vivos protestos não apenas
ferragens. Na década de dos empresários britânicos, afeta- dos com essa medida, mas também dos importadores no Bra-
1860, as empresas Mauá sil e das classes mais abastadas, que passaram a pagar mais caro pelos itens importados de que
(Barão de Mauá) maior dependiam. Esse aumento perdurou até meados da década de 1860 quando o governo imperial,
investidor da época,pressionado pelos grupos exportadores, promoveu uma redução das tarifas. Embora o seu obje-
tinha bancos pelo Brasil,
Paraguai, Argentina e tivo tenha sido o de melhorar a balança comercial brasileira, acabou por impulsionar a substitui-
Uruguai. Essas empresas ção de importações e a instalação de inúmeras fábricas no país, permitindo a chamada Era Mauá.
começaram a viver uma A Era Mauá consistiu no período de surto industrial que viveu o Brasil durante o Segundo
fase crítica, acrescida
Império. Esse período recebe esse nome por causa de seu mentor Barão e Visconde de Mauá, ou
da pressão estrangeira seja, Irineu Evangelista de Souza. Os Investimentos de Mauá constituíram nos seguintes itens:
que nem sempre via
com simpatia a atuação • Fundição de ferro e bronze;
do Barão. O Governo • Construção de bondes e ferrovias;
imperial, por outro lado, • Iluminação a gás;
coagido pelos inúmeros • Implantação de estaleiros;
empréstimos contraí- • Telégrafo submarino;
dos junto ao Governo
inglês, aprovou a Tarifa • Navegação a vapor;
Silva Ferraz que reduziu • Banco Mauá & Cia, com filiais na Inglaterra, na Argentina, no Uruguai, em Paris e em Nova
as taxas de importação Iorque.Com a falência de Mauá, ocorre a edição de uma nova tarifa alfandegária que reduzia
sobre máquinas, ferra- as taxas sobre importação. Foi a chamada Tarifa Silva Ferraz (1865).
mentas e ferragens. Isto, Dessa forma, conforme abordagem anterior, verifica-se que, depois de 1850, quando ocor-
é claro, foi um golpe
para a Fundição Mauá. rerá a abolição do tráfico africano, a abolição do tráfico africano consistirá em forças inovadoras
Muitos comentavam para o país. Ocorrerá, então, um período de prosperidade e ativa vida econômica com a funda-
que a aliança com os ção de empresas, bancos, companhias de navegação a vapor e estradas de ferro. O Brasil viverá
ingleses sobreviverauma nova fase.
enquanto os empreen-
dimentos de Mauá se
limitaram a serviços Figura 68: O Mercado
urbanos, transportes Municipal de
e comunicações. Com Diamantina
o choque de interes- Fonte: Disponível em
ses, dizia-se, surgiram <http://images.google.
atos de sabotagem com.br/imgres?imgurl=ht-
às empresas Mauá. tp://www.desvendar.com/
Incêndios nos estaleiros imagens/cidades/Diaman-
localizados na região da tina/mercado>. Acesso em
Ponta da Areia, na Baía 8 jan. 2010.
de Guanabara. Naquele
momento de crise, o
Barão de Mauá - em
cujo brasão figurava
uma locomotiva e um
navio a vapor além de
quatro lampiões - não
contou com o auxílio do
Governo imperial. Não
resistindo à força do
capital estrangeiro, atin-
gido pelas crises finan-
ceiras das décadas de De 1865 a 1870 ocorrerá a Guerra do Paraguai, que provocará crises de crescimento. O Brasil
60 e 70, Mauá acabou
falindo em 1875. Muitos vence a guerra, mas os resultados são nulos, pois compromete as finanças do país.
dos seus empreendi- De 1870 a 1880, será um período de maior prosperidade nacional com empreendimentos
mentos passaram para industriais, comerciais e agrícolas. O Brasil se moderniza e se esforça para entrar no ritmo das ati-
o controle dos ingleses vidades do mundo capitalista.
e dos norte-americanos, Durante o período do Império, ocorrerá:
vendidos por preços
mínimos. • O crescimento populacional;
• Os ricos têm riqueza e bem-estar;
• O aparelhamento técnico com a construção de estradas de ferro; implementação da nave-
gação a vapor nacional e internacional e da rede ferroviária;
• A rede telegráfica é aprimorada;
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Geografia - História Econômica
República
O Brasil, de acordo com Prado Júnior (1989), mesmo após
a independência política, possuía suas raízes na dependência ◄ Figura 69: Capital
e subordinação na forma orgânica e funcional. Sua economia estrangeiro
era de exportação, sobretudo de gêneros alimentícios e ma- Fonte: Disponível em
<http://images.google.
térias-primas para a Europa e depois para a América para as com.br/imgres?imgur-
zonas temperadas, entre elas, países como Estados Unidos, l=http://www.paulohen-
Uruguai, Argentina e Chile. A economia colonial era diferente riqueamorim.com>.
Acesso em 9 jan. 2010.
da economia mundial, pois a organização da produção deve-
ria ser em função das necessidades de sua população; porém,
isso não ocorria, pois era sempre pensada para exportação.
A penetração do capital estrangeiro financeiro no Brasil
constituía uma função política e comercial com o aparente
objetivo de consolidar a autonomia do país e sua liberdade
comercial. Nesse sentido, o capital estrangeiro objetivava o
lucro, a dominação, contribuindo para a subordinação do país aos países hegemônicos, impedin-
do, dessa forma, uma verdadeira autonomia, ou seja, independência econômica além da política.
Assim, a Inglaterra e outros países europeus tornaram o Brasil o mercado para suas indústrias na
fase primária.
Posteriormente, ocorre a substituição do objetivo de vender produtos industriais para ex-
pansão do capital financeiro e disputa dos grupos que o detém. É a evolução do capitalismo fi-
nanceiro que consistia no momento na economia mundial.
Os empréstimos públicos feitos pelo Brasil serviam como arma de penetração e conquista
de posições, como, por exemplo, a valorização do café. O café representava a grande riqueza do
país, porém a economia cafeeira, desde a produção até o consumo, era explorada pelo capitalis-
mo internacional. O financiamento da produção, comércio e exportação gera lucros nacionais,
mas com a exportação exige-se aparelhamento comercial e industrial que seria por meio do ca-
pital internacional.
O Brasil tem fortes oscilações cambiais da moeda; instabilidade das finanças; carência de ca-
pital para o giro comercial; e sucessivas e bruscas contrações do mercado financeiro. Logo, torna-
se presa fácil para a especulação do capital estrangeiro, disponível, farto e controlador.
Os empreendimentos industriais no Brasil consistiam e/ou são realizados:
• Nos serviços públicos, na construção de estradas de ferro, serviços e melhoramentos urba-
nos, instalações portuárias e fornecimento de energia elétrica, cuja iniciativa era do capital
estrangeiro;
• Na indústria manufatureira, nas grandes indústrias, na luta pela conquista de mercados. Por
isso, grandes indústrias se transferem para o Brasil instalando agências comerciais de pe-
queno porte e livrando-se, por exemplo, das tarifas alfandegárias, obtendo mão-de-obra ba-
rata e adaptando-se às peculiaridades do mercado brasileiro;
• Com a penetração do imperialismo no Brasil e de suas operações na economia brasileira,
são realizados, continuadamente, por meio das matérias-primas que o Brasil fornece, como
a borracha, manganês, minério de ferro e algodão.
O Brasil será foco do Imperialismo, cuja vida econômica não é em função de interesses inter-
nos, mas da luta de monopólios e grupos financeiros internacionais concorrentes, sobrando-lhe
apenas atividades marginais, como, por exemplo, oficinas de artesanato.
Os efeitos do Imperialismo no Brasil, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), constituíram:
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Geografia - História Econômica
O tenentismo foi organizado por jovens oficiais do exército e representavam o anseio das ca-
madas médias da população em busca da ampliação no direito de participação política. Reivindi-
cavam reformas políticas e eleitorais. A classe média cresceu bastante por causa da urbanização,
assim como o setor industrial que exigia também maior participação nas decisões políticas.
Em 1929, a crise brasileira se agrava por causa da quebra da Bolsa de Valores de New York,
nos Estados Unidos, que vai gerar a grande depressão, assunto do qual já falamos anteriormente.
Houve, em 1929, eleição no Brasil, tendo, de um lado, Getúlio Vargas, com aliança entre a
oligarquia mineira e a do Rio Grande do Sul, e, de um outro, Júlio Prestes, nome ratificado pelos
paulistas. Júlio Prestes ganhou a eleição na Aliança Liberal, partido político em que se encontra-
va. Getúlio Vargas com os tenentes organizaram a luta armada para impedir a posse do presiden-
te eleito, Júlio Prestes. Esse movimento foi denominado Revolução de 1930.
A Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, operou uma mudança decisiva no plano da po-
lítica interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os inte-
resses agrários e comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política de industrialização, adotando
também a substituição de mão de obra imigrante pela nacional. Essa mão de obra era formada
no Rio de Janeiro e São Paulo em função do êxodo rural causada pela decadência cafeeira e mo-
vimentos migratórios de nordestinos. Vargas investiu forte na criação da infraestrutura industrial:
indústria de base e energia. Durante esse processo foi criado (a):
• Conselho Nacional do Petróleo (1938);
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
• Companhia Vale do Rio Doce (1943);
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).
Foram fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930:
• o grande êxodo rural, devido à crise do café, com o aumento da população urbana que foi
constituir um mercado consumidor;
• a redução das importações devido à crise mundial e segunda Guerra Mundial, que favore-
ceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.
Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
e Rio Grande do Sul, definindo a grande concentração espacial da indústria, que permanece até
nossos dias.
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ATIVIDADE Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas
Veja o site <https:// delas fazem apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias
www.youtube.com/ das matrizes estrangeiras. Isso ocorreu no Brasil também. No início da segunda Guerra Mundial,
watch?v=rl4o5ohDyLc> o crescimento diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os equipamentos e máquinas
que contém o vídeo “O de que precisava. Isso ressalta a importância de possuir uma indústria de bens de capital. Apesar
Brasil colonial (História disso, as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A ma-
do Brasil por Bóris Faus-
to). Bóris Fausto “conta” téria-prima nacional substituiu a importada.
a História do Brasil de Ao final da guerra, já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como a indús-
forma acessível e fácil tria de autopeças. No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento, ba-
compreensão. Partilhe seados no capitalismo de Estado, através de investimentos públicos no extinto Instituto Brasileiro
com o tutor e colegas do Café (IBC, em 1951), BNDES, entre outros, forneceram importantes subsídios para Juscelino
o que aprendeu com o
vídeo. Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um elevado custo de internacionalização da
economia brasileira.
Enfim, pensar a trajetória do colonialismo e economia brasileira a partir de Caio Pardo Júnior
possibilita fazer um balanço historiográfico acerca do tema. Nesse sentido, a proposta desse es-
tudo é suscitar e despertar o interesse sobre o assunto e proporcionar a apreensão e assimilação
acerca da questão. Continue a reflexão com os colegas, professores e amigos que se interessam
em refletir essa matéria.
Referências
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Brasil, 1982.
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Pecado capital do socialismo foi a falta de liberdade. Mas ainda há “um vasto espaço para o so-
nho”. s.l., 1 out. 2012. Disponível em <http://g1.globo.com/platb/geneton/2012/10/01/>. Acesso
em 3 jan. 2015.
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Geografia - História Econômica
Resumo
UNIDADE I: Nesta unidade, você aprendeu que:
• A História Econômica trabalha com conceitos próprios da sua área, assim como a sua traje-
tória nacional e internacional.
• As sociedades pré-históricas, desde o paleolítico até mesolítico, assim como as civilizações
de regadio ou hidráulicas e comerciais, fazem parte de um processo no qual o homem cons-
trói a sua história econômica.
• Na transição da sociedade feudal para a sociedade capitalista, verifica-se o papel da burgue-
sia e do renascimento das cidades, assim como das forças produtivas dos séculos XV e XVI,
ou seja, das invenções e dos descobrimentos e acumulação primitiva de capital.
• O Mercantilismo é trabalhado a partir das correntes historiográficas, bem como das estrutu-
ras típicas do período de transição, no qual está inserido esse movimento.
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Geografia - História Econômica
Referências
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Geografia - História Econômica
Atividades de
Aprendizagem- AA
1) A partir do debate construído acerca de alguns conceitos, defina História, Economia e História
Econômica.
2) De acordo com a abordagem do homem da pré-história, disserte sobre esse assunto, analisan-
do o processo de transformação na perspectiva econômica.
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