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Amazônia
Cármen Cássia Velloso e Silva
Romana de Fátima Cordeiro Leite
Cármen Cássia Velloso e Silva
Romana de Fátima Cordeiro Leite
Geografia do Brasil -
Amazônia
CDD 378.007
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Ministro da Educação Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Fernando Haddad Guilherme Victor Nippes Pereira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
João dos Reis Canela Maria Elvira Curty Romero Christoff
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Amazônia: organização espacial e ambiente físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Intrudução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.4 Hidrografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Questões amazônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a):
Use a sua imaginação, faça leituras, aguce a curiosidade, participe com interesse das ativida-
des on line. Você será desafiado (a) a associar fatos teóricos aprendidos com realidades expressas
em filmes e documentários, e expressá-los em atividades diversas.
Com uma carga horária de 105 h/a, o conteúdo foi organizado em duas unidades, a saber:
Unidade 1: Amazônia: organização espacial e ambiente físico
Unidade 2: Questões amazônicas
Convidamos você a refletir um pouco sobre a complexidade da Amazônia:
A Amazônia além de ser única por suas proporções é também única por suas
qualidades e peculiaridades. Esse enorme gigante, na verdade é frágil e pode
ser destruído por qualquer ação que não leve em conta a sua conformação
particular e a sua “índole” eminentemente tropical. (BRANCO, 1991, p. 16).
As autoras.
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
UNIDADE 1
Amazônia: organização espacial e
ambiente físico
1.1 Intrudução
A região geoeconômica da Amazônia que abordamos nesta disciplina corresponde a
uma macrorregião, também conhecida por Complexo Regional Amazônico. Como você já
estudou em outros períodos, deve lembrar que neste recorte existe também a região geo-
econômica do Nordeste e do Centro-Sul. Porém precisamos lembrar que existe também o
critério que busca estudar parte desta região como a Região Norte do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística-IBGE.
Existem ainda outras formas de pensar a Amazônia do ponto de vista regional onde po-
demos citar: a Amazônia Legal e a Amazônia Internacional. Independente do critério que se
buscou identificar o espaço amazônico regional todos os estudos levam ao um ponto essen-
cial que é atribuído à importância dessa região do ponto de vista das potencialidades oriun-
das do ambiente físico.
Sendo assim, buscamos organizar nesta unidade que recebeu o nome de Amazônia:
organização espacial e ambiente físico, conteúdo que priorize a Amazônia no contexto re-
gional brasileiro e os estudos ligados aos elementos do quadro natural (estrutura geológica,
relevo, hidrografia, clima, e vegetação).
Os objetivos propostos para essa unidade são:
Convidamos você a fazer uma fantástica viagem de estudos neste espaço regional con-
siderado um dos últimos refúgios da natureza onde ainda existem espaços poucos modifica-
dos de extrema beleza e de grande importância econômica/estratégica. Ferreira, citado por
Miranda(2005), expressa que: "A Amazônia não é pior nem melhor que as outras regiões do
País; é realmente um mundo diferente no contexto brasileiro".
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UAB/Unimontes - 7º Período
Figura 2: Amazônia: ►
Divisão Política.
Fonte: MAGNOLI, 1998,
p. 139.
12
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Fonte: INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Almanaque Brasil Socioambiental, 2008. São Paulo: ISA, 2007, p. 100. Adaptação.
◄ Figura 3: Formação
da bacia e planície
amazônica.
Fonte: GUERRA, 1980,
p.337
13
UAB/Unimontes - 7º Período
Examinando a figura 3, que trata da formação da bacia e planície amazônica, observa-se que:
• Na Era Primária existiam duas porções emersas, isto é, fora d’agua, representadas pela ilha
Arqueana do Norte e a ilha Arqueana do Sul e também golfos a leste e a oeste. Percebe-se
também que a América do Sul ainda não estava formada. As águas do golfo leste e do golfo
oeste são representações das águas do oceano Atlântico (leste) e do oceano Pacifico (oeste),
que mais tarde vão se separar;
• Na Era Terciária anterior, com o soerguimento do Dobramento Andino Terciário a oeste, o
golfo oeste desaparece, forma-se um mar interior com água circulando para o norte, sul e
leste, mantendo separadas as ilhas Arqueana do Norte e Arqueana do Sul;
• Já na Era Terciária propriamente dita, a cordilheira dos Andes já está mais bem estruturada
e as ilhas Arqueana do Norte e Arqueana do Sul passam a ser identificadas como Planalto
das Guianas e Planalto Brasileiro, respectivamente. Observa-se também que o mar interior
começa a ser preenchido por sedimentos oriundos da Cordilheira dos Andes, do Planalto
das Guianas e do Planalto Brasileiro. Estreitam-se os canais de circulação de água no sentido
norte-sul, mantendo uma abertura maior em direção a leste;
• No mapa do Quaternário, nota-se com nitidez a definição geográfica da porção norte da
América do Sul, área que abrange a Amazônia internacional. Veja a identificação dos ocea-
nos Atlântico e Pacífico, a Cordilheira dos Andes a oeste, o Planalto das Guianas ao norte, o
Planalto Brasileiro ao sul e a Planície Amazônica. Veja também que a drenagem do rio Ama-
zonas foi encaixada, tendo a sua nascente na Cordilheira dos Andes e a sua foz voltada para
o oceano Atlântico com a formação da ilha de Marajó.
Sendo assim, é possível perceber que o levantamento da Cordilheira dos Andes teve um
papel importante e definitivo para a formação da América do Sul e da Amazônia, consideran-
do que permitiu a formação de um mar interior que voltado para o oceano Atlântico foi pre-
enchido com sedimentos das áreas mais elevadas, ou seja, dos Andes e dos velhos maciços
desgastados.
Os estudos de Ross (200) sustentam a existência no relevo brasileiro de formas que ante-
cedem a atual configuração da América do Sul, a qual passou a ser assim após o soerguimento
dos Andes e da abertura para o Atlântico através da foz do rio Amazonas. Para esse autor, a
formação dos Andes teve início na Era Mesozoica e se definiu na Era Cenozoica no Terciário.
Já as estruturas do Planalto das Guianas e do Planalto brasileiro são antigas e datadas do Pré-
-Cambriano.
Todas as modificações que aconteceram até a definição da configuração geográfica do
espaço amazônico ocorreram de forma lenta e ao longo de milhões de anos. Para Branco
(1997), antes da formação da drenagem do rio Amazonas no mar interior formado na bacia,
vários lagos foram formados por material sólido, dando origem a terrenos sedimentares. Esse
autor ainda esclarece:
Entendemos que a formação dos terrenos amazônicos se deu de maneira bem complexa e
que embora tenha ocorrido grande influência da Cordilheira dos Andes, esta unidade geotectô-
nica não se faz presente na Amazônia brasileira, nosso objeto de estudo nessa disciplina. Sendo
assim, podemos identificar duas estruturas geológicas na Amazônia: os Escudos Cristalinos e as
Bacias Sedimentares.
Os Escudos Cristalinos, também conhecidos por maciços antigos, na Amazônia são repre-
sentados pelo Escudo Guiano e núcleos do Escudo Brasileiro e são constituídos de rochas mag-
máticas e metamórficas com ocorrências importantes de minerais metálicos como ferro, man-
ganês, ouro, cobre, alumínio (bauxita), entre outros. As bacias sedimentares são importantes
economicamente pela ocorrência das rochas sedimentares e dos combustíveis fosseis. Esse fato
pode ser observado na Amazônia pela exploração de petróleo no Projeto Urucu.
O mapa da figura 4, estrutura geológica do Brasil, conforme Ab’Saber e fonte de Coelho
(1995, p.31), nos ajuda a identificar a estrutura geológica da Amazônia.
14
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
◄ Figura 4: BRASIL:
Estrutura Geológica
(segundo Ab’Saber).
Fonte: COELHO,1995, p. 31.
Veja na figura 5 da Amazônia com a localização dos projetos agropecuários e industriais, das
estradas e das queimadas que o número 15 corresponde ao Projeto Urucu, já mencionado ante-
riormente por ser um projeto de extração de petróleo. Voltando ao mapa de Estrutura Geológi-
ca, este projeto encontra-se na Bacia amazônica.
◄ Figura 5: Localização
dos projetos
agropecuários e
industriais, das estradas
e das queimadas.
Fonte: LESSA, 1991, p. 50.
15
UAB/Unimontes - 7º Período
Nota-se também no mapa da figura 5 a ocorrência do projeto Grande Carajás identificado pelo
número 10 e o nº11 trata-se do projeto de Serra Pelada, ambos com extração de minerais metálicos.
Através da análise da figura 6 do perfil topográfico da região amazônica, elaborado por Ross
(2000), é possível verificar a ocorrência dos terrenos sedimentares e cristalinos e associá-los com
algumas unidades do relevo da Amazônia.
O perfil foi traçado no sentido norte-sul da região amazônica abrangendo os terrenos cristali-
▲
nos e sedimentares onde evidenciaram as seguintes unidades de relevo:
Figura 6: Perfil do • Planaltos residuais norte-amazônicos;
relevo da região
amazônica. • Depressão marginal norte-amazônica;
Fonte: MOREIRA, 1998,
• Planalto da Amazônia oriental;
p.245. • Depressão marginal sul-amazônica;
• Planaltos residuais sul-amazônicos.
Essas unidades de relevo da Amazônia podem ser localizadas na figura 7, mapa das unidades
do relevo brasileiro.
Figura 7: Unidades ►
do relevo brasileiro
(conforme Ross).
Fonte: ROSS, 2000,
p. 53.
16
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Ainda conforme o mapa você deve ter observado outras formas de relevo da Amazônia que
não apareceram no perfil, são elas:
◄ Figura 8: Formação de
Bacias Sedimentares.
Fonte: MAGNOLI, 2001,
p. 15.
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UAB/Unimontes - 7º Período
Figura 9: Sedimentação ►
da bacia amazônica.
Fonte: MAGNOLI, 2001,
p. 31.
QUADRO 1
Planaltos em Bacias Sedimentares na Amazônia
Unidade Características
Planalto e chapadas da bacia do Altitudes de 50 a 600m nas colinas com topos convexos e de 700 a
Parnaíba 800 m nas chapadas. Nota-se a presença de chapadões com super-
fícies planas, escarpas e mworros na bordas. Ocorrências de arenitos
calcários e largas coberturas detríticas argilosas nas chapadas. Solos
latossolos vermelho-amarelos arenosos e vermelhos argilosos; neos-
solos litólicos e câmbricos.
Planalto e chapadas da bacia do
Parnaíba Altitudes variando de 400 a 700 m nas colinas de topo convexo e até
800 m nas escarpas nas bordas das chapadas. Ocorrência de areni-
tos e coberturas detríticas argilosas. Presença de solos latossolos
vermelho-amarelos arenosos, latossolos argilosos e litólicos com
afloramentos rochosos.
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
QUADRO 2
Planaltos de Intrusões ou com coberturas residuais de plataforma na Amazônia
Unidade Características
Planaltos residuais norte- Morros e serras com altitudes variando de 600 a 900 m podendo
-amazônicos chegar até a 2000 m em morros isolados. Nesta unidade, localiza-se na
serra do Imeri o pico mais alto do Brasil, o pico da Neblina com 3.014 m.
Outras serras se destacam: serras Parima, Pacaraíma, Acaraí, Tumu-
cumaque etc. Ocorrência de gnaisses, granitos, arenitos, migmatitos,
rochas vulcânicas ácidas etc. Presença de solos argilosos vermelhos,
neossolos litólicos e câmbicos e afloramentos rochosos.
Planaltos residuais sul- As altitudes variando de 400 a 800 m, em morros e serras. Na litologia,
Amazônicos presença de gnaisses, anfibólicos, migmatitos, arenitos. Os solos são
argilosos vermelhos, neossolos litólicos e câmbicos apresentam tam-
bém afloramentos rochosos. Dentre as serras, destacam-se: serras do
Cachimbo, do Roncador, de Carajás etc.
QUADRO 3
Planaltos de cinturões orogenéticos na Amazônia
Unidade Características
Planaltos e serras de Goiás- Serras e morros alongados, altitudes variando de 300 a 1500 m. Presença
-Minas de quartzitos, micaxistos, filitos, granitos, gnaisses e migmatitos. Neos-
solos titólicos e câmbios, argilosos vermelhos e afloramentos rochosos.
Presença de chapadas.
Planaltos residuais sul- ama- Serras alongadas, vales e depressões. Altitudes variando de 200 até 800
zônicos m. Ocorrência de arenitos, calcários, folhelhos, argilitos etc. Os solos
estão representados pelos neossolos litólicos, câmbicos, argissolos
vermelhos e afloramentos rochosos.
Veja no corte latitudinal do relevo da Amazônia na figura 10 a disposição dos planaltos, pla-
nícies e depressões. Você pode perceber que dentro de uma depressão pode ocorrer planalto
residual com presença de serras.
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UAB/Unimontes - 7º Período
QUADRO 4
Depressões periféricas e marginais na Amazônia
Unidade Características
Depressão Com altitudes variando de 100 a 400 m compreendem colinas médias e pequenas
marginal norte- com topos e vertentes convexos e alta densidade de canais de drenagem. Ocor-
-amazônica rência de gnaisses, migmatitos, granitos etc. Solos argilosos vermelhos, latossolos
vermelho-amarelos e neossolos.
Depressão margi- Colinas médias e amplas, médias densidades de canais de drenagem e morros
nal sul-amazônica residuais isolados. Altitudes variando de 100 a 600 m. ocorrência de gnaisses,
migmatitos, granitos etc. Presença de solos argissolos vermelhos e neossolos,
latossolos, vermelhos e neossolos litólicos.
Depressão do Colinas amplas com vales pouco entalhados, planícies fluviais, altitudes variando
Araguaia de 20 a 300 m. Ocorrência de quartzito, filito, calcário, mármore etc. Latossolos
amarelos e argilossolos vermelhos.
Depressão Cuia- Altitudes de 150 a 400m. Colinas amplas com pequenas cristas assimétricas. Ocor-
bana rência de filitos, quartzitos etc. Argilossolos vermelho-amarelos.
Depressão do Colinas amplas com topos planos, vales pouco entalhados e planícies fluviais. Al-
alto Paraguai- titudes de 150 a 250 m. Ocorrência de folhelhos, argilitos, arcóseos etc. Latossolos
Guaporé amarelos e neossolos areias quartzênios.
Depressão da Com altitudes de 180 a 200 m. Nota-se a presença de colinas amplas de topos pla-
Amazônia oci- nos e planícies fluviais. Ocorrência de arenitos frios e solos argissolos e vermelho-
dental -amarelos.
Depressão do As altitudes variam de 300 a 400 m em colina de topos planos, vales pouco
Tocantins entalhados, superfícies aplanadas e terraços fluviais. Na litologia ocorrência de
arenitos, siltitos, folhelhos e calcários. Ocorrência de latossolos vermelho-amare-
lo-arenosos e neossolos quartzônicos.
QUADRO 5
Planícies na Amazônia
Unidade Características
Planície do rio Amazonas Relevo plano com altitude de 0 a 100 m. A litogia constituída de aluvi-
ões (areia/argila). Presença de gleissolos, neossolos fluvios. Destaca a
ilha de Marajó.
Planície do rio Araguaia Relevo plano com altitudes de 200 a 220 m. Ocorrência de aluviões,
areias e argilas. Gleissolos, neossolos flúvicos e planossolos háplicos.
Destaca-se a ilha do Bananal.
Planície e pantanal do rio Altitudes de 200 a 220 m. Relevo plano, presença de aluviões, areias e
Guaporé argilas. Os solos são gleissolos háplicos, neossolos flúvicos e planosso-
los háplicos.
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
a criação de gado. Juntamente com as condições favoráveis do relevo deve-se mencionar a mo-
dernização das atividades associadas à agropecuária. Para saber mais
A classe montanha
Verifique, na figura 11, as formas de relevo das quais estamos tratando. refere-se a planaltos
com domínio de relevo
montanhoso e de ser-
ras (ROSS, 2009).
1.4 Hidrografia
A organização da rede hidrográfica amazônica está associada, segundo o IBGE (1997), Glossário
pela tectônica do dobramento andino, fratura do escudo cristalino e a própria disposição do Rede hidrográfica:
rio Amazonas ao longo do eixo de um geossiclinal muito fraturado, constituindo um extenso maneira como se dis-
e complexo graben. põe o traçado dos rios
A importância da bacia amazônica pode ser avaliada, entre outros aspectos, à sua di- e dos vales, [...]. (GUER-
mensão que, conforme Branco (1997), abrange quatro milhões de km² que a identificou, na RA, 1980, p. 355).
Geossiclinal: depres-
visão de um hidrólogo, como o maior complexo fluvial do mundo. O referido autor ainda são alongada onde os
acrescenta: sedimentos, por efeito
da subsistência, acar-
Quando se observa o mapa da região, montado a partir de imagens de sa- retaram um afunda-
télite ou obtidas por radar, tem-se a impressão de que uma grande racha- mento progressivo no
dura, com inúmeras trincas menores e convergentes, teria ocorrido, em vir- decorrer dos tempos
tude de qualquer acidente, ao longo da linha do equador estendendo-se geológicos, permitindo
desde os paredões abruptos da Cordilheira dos Andes até o oceano Atlântico. assim a acumulação
(BRANCO, 1997, p. 10). de grandes espessuras
de materiais. (GUERRA,
Vimos, anteriormente, que a origem do rio Amazonas está associada com o restante 1980, p. 218).
Graben: o mesmo que
de um mar interior. Esta teoria nos leva a perceber, conforme a figura 3, que no passado o fossa tectônica. (GUER-
rio Amazonas corria em sentido contrário. Volte ao texto da geologia e relembre como isso RA, 1980, p. 221).
aconteceu.
Ao se referir ao volume de águas que passam pelo sistema amazônico, Branco (1997, p.
11) destaca: “Vinte por cento das águas fluviais de todo o planeta correm pelo leito do rio
Amazonas”.
Na hidrografia da Amazônia os rios podem ser agrupados nas seguintes bacias hidro-
gráficas: Amazônica, Tocantins, parte da bacia do Paraguai e Norte-Nordeste, conforme o
mapa representado pela figura 12.
21
UAB/Unimontes - 7º Período
22
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
QUADRO 6
Rios da Amazônia segundo coloração das águas
Exemplos Características
Rios de águas Rio Negro e rio Coloração variando entre marrom oliváceo ao marrom café.
pretas Urubu Permite enxergar 2 a 3 m de profundidade.
Nascem no Escudo das Guianas e no Escudo Brasileiro.
Águas com pouca matéria em suspensão, não possuem turbi-
dez, transparência e grande quantidade de matéria orgânica.
Rios de águas Rio Amazonas, rio Nascem na Cordilheira dos Andes, as águas são turvas amarela-
brancas Purus, rio Madeira das ou leitosas devido à ação erosiva na cordilheira.
e rio Juruá Grande quantidade de material em suspensão (argila) e presen-
ça de sais minerais.
A transparência não permite enxergar além de 50 cm de profun-
didade ou até menos.
Figura 14: Encontro das
águas do rio Solimões
Rios de águas Rio Tapajós e rio Não possuem pigmentação marrom; cor verde-olivácea e a com o rio Negro.
claras ou águas Xingu transparência pode atingir 4,5 m de profundidade. Fonte: Disponível em
limpas Elevada concentração de cálcio e magnésio. <http://descobrindooama-
zonas.webs.com/encon-
trodasguas.htm> acesso
Fonte: Adaptado a partir de BRANCO, 1997. em 16 ago. 2011
▼
23
UAB/Unimontes - 7º Período
Para saber mais Com a intenção de facilitar a sua compreensão veja o que significa foz mista, pororoca, regi-
me nival e ilha fluviomarinha.
Por muitos quilômetros,
após se encontrarem, Estudos recentes levaram os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE a
as águas escuras do rio conferir ao rio Amazonas o título de maior rio do mundo ao descobrirem uma nova nascente que
Negro e as águas leitosas fica no Peru.
do rio Solimões percor-
rem um trecho como se BOX 1
fossem dois rios separa- O Maior Rio do Mundo
dos, paralelos e sem se
misturar. Esta situação é
definida como “Encontro Pesquisadores brasileiros determinaram a região onde fica a nascente do Amazonas; o rio
das Águas”. passa a ter cerca de 7 100 km de extensão e fica mais longo que o Mississipi-Missouri (EUA) e
Desde a nascente até a Nilo (África).
foz, as águas do rio Ama-
zonas sofrem alterações Quando se pensava que a era das grandes descobertas e conquistas do planeta estava en-
quanto à composição, cerrada, cientistas brasileiros anunciaram a localização do que seria a verdadeira nascente do rio
sendo mais rica em Amazonas – a 400 km de distância da registrada pelos livros de geografia das escolas brasileiras.
minerais próximo à O rio, que já era o maior do mundo em volume de agua, passa a ter cerca de 7 100 km de
nascente, diminuindo extensão, a maior do mundo.
em direção à foz.
Rio Solimões é o nome De acordo com os livros, a nascente do Amazonas fica na cabeceira do rio Marañon.
do rio Amazonas desde A NOVA NASCENTE
que penetra em territó- Mas para os cientistas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de São José dos
rio brasileiro até receber Campos (São Paulo), a nascente do Amazonas fica no Peru, entre os montes Mismi (5 669 m) e
as águas do rio Negro na Kcahuich (5 577 m), ao sul da cidade de Cuzco e próximo ao lago andino Titicaca.
cidade de Manaus.
A foz do rio Amazonas é O projeto Amazing Amazon (Fabuloso Amazonas), como é chamado, está sendo coorde-
do tipo mista. nado pelos pesquisadores Paulo Roberto Martini e José Wagner Garcia. Os dois pesquisam os
Na foz do rio Amazonas aspectos geológicos da Amazônia há mais de vinte anos.
ocorre o fenômeno da
Pororoca. Fonte: Adaptado a partir de MEIRELES, 1995.
A ilha de Marajó, na
foz do rio Amazonas, é
a maior ilha fluvial do
mundo. Os estudos do INPE ainda revelaram que o rio Amazonas possui um número aproximado de
7 000 afluentes. Observe no quadro a disposição de alguns afluentes em território brasileiro.
Glossário
QUADRO 7
Ilha fluviomarinha: de Alguns afluentes do rio Amazonas no Brasil
origem fluvial. Além da
ilha de Marajó na foz do
Amazonas, existem as Margem Afluentes
ilhas: Gurupá, Mexiana,
Caviana etc. (COELHO, Direita Rio Juruá, rio Purus, rio Madeira, rio Tapajós, rio Xingu etc.
1995).
Foz mista: apresenta Esquerda Rio Japurá, rio Negro, rio Trombetas, rio Jari etc.
delta e estuário. (COE-
LHO, 1995). Fonte: Adaptado a partir de COELHO, 1995.
Pororoca: fenômeno
que consiste no encon- Para uma convivência mais coerente com o movimento das águas dos rios amazônicos, os
tro das águas do rio ribeirinhos vivem em casas denominadas palafitas, como pode ser observada na figura 15.
por ocasião das cheias,
com as águas do mar
durante as marés altas.
Ocorrem estrondos e
ruídos que podem ser
ouvidos a quilômetros
de distância.
Regime nival: é quan-
do o rio é alimentado
pelas águas resultantes
do derretimento das
geleiras, no caso do rio
Amazonas e da Cordi-
lheira dos Andes. (IBGE
1977)
24
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Observe que as casas são suspensas em estacas e quando o nível das águas sobe fica junto
aos pisos das casas. Observe a escada para vencer o desnível nos períodos em que água está bai-
xa como na foto. É possível perceber que em muitos lugares da Amazônia o rio é a rua. A figura Figura 16: O rio é a rua.
Fonte: RAMOS, 2004, p. 80.
16 ilustra com clareza essa situação.
▼
Na bacia amazônica a navegação fluvial é o principal meio de transporte, onde diversos ti-
pos de embarcações são usados. Como pode ser visto na figura 16 e o que leva alguns autores a
afirmarem que na Amazônia os rios são estradas. Atividade
Consulte um Atlas no
mapa físico da América
1.4.2 A Bacia do Tocantins/Araguaia do Sul e busque localizar
o maior rio do mundo;
a nascente atual; o lago
Titicaca; faça um percurso
Formada pelos rios Tocantins e seu principal afluente, o Araguaia, esta bacia tem no po- mental e chegue até o
oceano Atlântico na ilha
tencial energético, na navegação e no turismo, destaques em importância. É considerada, de Marajó.
segundo Coelho (1997), a maior bacia tipicamente brasileira, pelo fato de seus formadores
nascerem e morrerem em território brasileiro. A importância na geração de energia vem da
usina hidrelétrica de Tucuruí, que fornece energia para grandes projetos minerais da Amazô-
nia Ocidental, principalmente para Carajás e a Albrás. No turismo, o destaque é feito à maior
ilha fluvial do Brasil, a ilha do Bananal, localizada no rio Araguaia. Veja a localização da ilha do
Bananal, na figura 17, mapa da hidrovia Araguaia-Tocantins. Observe também a localização da
usina hidrelétrica de Tucuruí e trechos navegáveis da bacia. Porém, o projeto para a organiza-
ção desta hidrovia está paralisado, pois a sua concretização trará muitos prejuízos à fauna, à
flora, às comunidades ribeirinhas e aos grupos indígenas.
25
UAB/Unimontes - 7º Período
26
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
27
UAB/Unimontes - 7º Período
Atividade
Faça uma análise
cuidadosa do climogra-
ma representado pela
figura 21, da variação
da temperatura e da Em Manaus, no estado do Amazonas, é possível perceber que os meses de fevereiro, março
pluviosidade em Porto e abril são os mais chuvosos do ano, enquanto os meses de maio a setembro são os mais secos.
Velho, no estado de Já em Belém do Pará notamos que as chuvas são distribuídas de forma uniforme. Volte à figura
Rondônia, registre os
meses mais chuvosos
19 e verifique que em Belém os meses de janeiro a abril continuam sendo os mais chuvosos, po-
e os menos chuvosos e rém, de maio a setembro, a pluviosidade registrou aumento.
compare também a va- Para melhor entender o clima da Amazônia, analise as figuras 19 e 20.
riação da temperatura. Observe a figura 22 e imagine uma Rosa dos Ventos na porção central e registre a distribui-
ção das chuvas na Amazônia brasileira conforme os pontos cardeais e colaterais.
28
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
▲
A porção meridional da Amazônia, área que compreende do estado do Acre ao sul do esta- Figura 22: Regimes de
do do Pará, é invadida por anticiclones de origem polar que provocam na região quedas bruscas chuvas na Amazônia
de temperatura denominadas de friagem, (verifique a figura 23). O IBGE (1977) assim as caracte- internacional.
riza: as friagens se caracterizam por umidade especifica e relativa, com chuvas frontais intercala- Fonte: MAGNOLI, 2001,
das por tempo estável e sucedidas por expressiva queda de temperatura. p. 75.
29
UAB/Unimontes - 7º Período
A friagem é um fenômeno de curta duração, ela dura em torno de quatro dias, pois a destrui-
ção do anticiclone e o enfraquecimento da nebulosidade favorecem o aquecimento do sol e a fria-
gem se dissipa.
Lembrem-se de que as frentes frias são comuns no inverno, mas a friagem não ocorre com a
mesma frequência. Nimer (1989) relata que o estado do Acre, 9° de latitude sul, está mais sujeito à
ação das friagens, em especial nos meses de maio, junho e julho, época que coincide com o outono
e o inverno no hemisfério sul.
Verifique a figura 24.
30
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Agora vamos recordar alguns dados sobre o clima tropical. Para isso, volte à figura 18 do
mapa do clima da Amazônia e verifique qual é área de incidência do clima tropical. Por quais
estados ele passa?
Após a análise do mapa, você concluiu que o clima tropical na Amazônia incide na porção
centro-oeste do Mato Grosso, na pequena porção a sudeste do Pará, em todo o estado de To-
cantins e ainda na parte do Maranhão que compõe a Amazônia. Atividade
Daí poder-se afirmar que a área de domínio tropical amazônica é uma estreita faixa ao sul Como são distribuídas
e a leste da região. as chuvas na região?
Recordando a disciplina Climatologia estudada no 2º período, a área de domínio tropical e Para saber, volte aos
predominante no Brasil se caracteriza por altas temperaturas e duas estações bem marcadas: um climogramas represen-
tados pelas figuras 19,
inverno seco e um verão chuvoso. Sobre o assunto Santos, Castro e Mota (2009, p. 246) dizem:
20 e 21. Observe-as de-
talhadamente e reflita
Caracteriza por temperatura elevada (de 18° a 28° C), com amplitude térmica sobre o assunto.
(de 5° a 7° C) e estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca. A estação de Compare a temperatu-
chuva é o verão, quando a massa continental está sobre a região. No inverno, ra e a distribuição das
com o deslocamento dessa massa e a ação da massa tropical continental, dimi- chuvas.
nui a umidade e, então, ocorre a estação seca. Anote as suas conclu-
sões.
Trata-se de uma região onde o índice de pluviosidade gira em torno de 1500 mm anuais. A
pluviosidade é determinada pela localização da zona intertropical, que está próxima à Linha do
Equador, garantindo à região o predomínio dos climas quentes e úmidos.
Na porção norte de Roraima, observamos que ocorre uma concentração de chuvas em maio,
junho e julho. Já um pouco mais abaixo, no noroeste do Amazonas e do Pará e sul de Roraima, os
meses chuvosos são abril, maio e junho. Mais ao centro e no noroeste do Amazonas em todo o es-
tado do Amapá, atingindo inclusive parte da ilha de Marajó, as pluviosidades ocorrem em fevereiro,
31
UAB/Unimontes - 7º Período
março e abril. Em direção ao sul, atingindo a porção meridional dos estados do Amazonas e do Pará,
centro leste de Rondônia e norte de Mato Grosso e Tocantins, os meses mais chuvosos são janeiro,
fevereiro e março e, por fim, compreendendo uma pequena porção a sudoeste do Amazonas, cen-
tro oeste de Rondônia e todo o estado do Acre, as chuvas ocorrem em dezembro, janeiro e fevereiro.
A figura 25 nos mostra que as chuvas ocorrem de dezembro a julho, ou seja, durante o verão,
outono e inverno, sendo então, parte do inverno e primavera reservada às secas.
Lembre-se de que as chuvas são distribuídas em períodos diferentes.
Outro ponto a ser considerado é o fato da região ser cortada pela linha do equador, ficando su-
jeita às diferenciações entre o inverno e verão nos hemisférios norte ou sul.
BOX 2
INFERNO NA SELVA
Está faltando água no Acre, em pleno coração da maior bacia hidrográfica do mundo.
Na região que guarda 20% de toda a água doce do planeta está ocorrendo um dos fenôme-
nos climáticos mais severos já registrados desde quando se iniciou o monitoramento meteoroló-
gico no Acre. Nas últimas quatro décadas, os acreanos jamais enfrentaram seca tão intensa. Antes
disso, havia pouca gente para testemunhar, sentir ou ajudar a piorar os efeitos de uma estiagem
tão grave. A população da capital multiplicou-se por cinco nesse período. Já são quatro meses pra-
ticamente sem chuva. Em agosto, o índice pluviométrico ficou próximo de zero. Em anos de cli-
ma normal, a média é de 40 litros por metro quadrado. No mês passado também choveu muito
menos que o esperado. O rio Acre, o principal curso de água e fonte de abastecimento para os
255.000 habitantes de Rio Branco, está mais de 12 metros abaixo de seu nível regular. Com 1,6 me-
tros de profundidade, praticamente desapareceu. A navegação parou. O racionamento de água já
dura três meses. Poços artesianos também estão secando. Os mais pobres, moradores da periferia,
estão cavando cacimbas na floresta e caminhando até trinta minutos com baldes de água barren-
ta nas mãos.
Ao drama da falta de água se sobrepõe a fumaça. As florestas, esturricadas pelo sol, têm in-
cêndios diários, que levaram o estado a apresentar níveis de poluição três vezes maiores do que
o tolerado pelas organizações internacionais. Nos últimos quatro meses registraram-se mais quei-
madas do que durante todo o ano passado. Estudantes vão à escola usando máscara para não res-
pirar fuligem. O ar seco e a água contaminada favorecem a disseminação de vírus. Onze crianças
com menos de cinco anos morreram. A visibilidade chega a ser inferior a 300 metros, o aeroporto
fecha com frequência e o sol pode ser olhado de frente, obstruído por uma cortina cinzenta.
Fora das cidades, sofrem os fazendeiros e os seringueiros. Em Xapuri, o fogo torrou um terço
da Reserva Extrativista Chico Mendes. Centenas de seringueiras morreram ou deixarão de produ-
zir látex, enfraquecidas pelas chamas. Perto da capital, o pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle
lutou por dez dias contra o fogo de uma queimada originada por um caboclo que preparava car-
vão a quilômetros de sua propriedade. “Foi um pesadelo”, lembra Valle, que perdeu 4000 metros
de cerca, madeira de lei de sua propriedade privada e mais de 500 hectares de pasto. “Muitos te-
rão prejuízos”, afirma o presidente da Federação da Agricultura do Estado, Assuero Veronez. Plan-
tações inteiras de pupunha, café e banana foram arrasadas. Veronez prevê uma queda na produ-
ção estadual de carne de até 10% e aumento na inadimplência dos agricultores nos bancos.
Análises de um grupo de cientistas coordenados pelo cubano Alejandro Fonseca Duarte, pro-
fessor do departamento de ciências da natureza da Universidade Federal do Acre, mostram que as
secas e as queimadas formam um ciclo vicioso. Folhas secas e baixa umidade aumentam a infla-
mabilidade das florestas. Quando elas queimam, as micropartículas de fuligem emitidas no incên-
dio interferem na composição das nuvens e pioram as condições para a formação de chuvas. Esse
processo impede as gotas de alcançar o peso necessário para cair. A umidade acaba transporta-
da pelo vento para outros lugares. Em resumo, quanto mais fumaça, menos chuva, quanto menos
chuva, mais fumaça. “Se esse ciclo não fosse interrompido pelas frentes frias que vêm do país, o
Acre se transformaria em um deserto”, diz Fonseca Duarte.
As chuvas devem reaparecer neste mês, mas podem atrasar, na avaliação do climatologista
José Antônio Marengo, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacio-
nal de Pesquisas Espaciais. Marengo não vê relação entre o fenômeno acreano e as mudanças cli-
máticas globais. Por enquanto. “A seca é um evento natural cíclico, que pode ser ampliado pela
presença do homem na região”, explica. “Não é provável que se torne uma situação regular. ” Na
segunda-feira passada, uma massa de ar frio originada da Argentina chegou ao Acre. A friagem,
como são chamadas as frentes, provocou chuva por algumas horas. A precipitação serviu para au-
mentar a umidade, apagar muitas queimadas, mas não melhorou a falta de água. A chuva só au-
mentou em 2 centímetros o nível do rio.
32 Fonte: COUTINHO, Leonardo. Revista Veja, São Paulo: Editora Abril. Edição 1925. p. 96-97, 05 out. 2005.
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
• Semelhança entre o clima da Amazônia e o da Guiné, na bacia de Congo. Tal semelhança não
procede, porque na Amazônia somente nas proximidades do Equador é que as precipitações
ocorrem em dois máximos equinociais; isto significa que na Guiné, não há uma estação seca, en-
quanto na Amazônia há em média três meses secos;
• Outro ponto controverso em relação ao clima da Amazônia é que em sua área de incidência as
temperaturas são constantemente altas, sem variações, o que não é verdade, pois a região é fre-
quentemente atingida pelas frentes frias de origem polar causadoras das friagens que ocorrem
na porção sul da Amazônia;
• Alguns consideram o clima da Amazônia impróprio para instalação de uma civilização progres-
sista pelo fato de ele ser quente e úmido, o que o torna insalubre. Mas ao comparar climas de
outras regiões como da Ásia, Oceania e América do Norte, igualmente quentes e úmidas, com
suas civilizações altamente prósperas, tal afirmativa cai por terra.
A Amazônia pode ser considerada como uma área de maior unidade climática; tal fato se justi-
fica na regularidade da temperatura. Já quando se trata da distribuição das chuvas, observamos cer-
ta irregularidade. Porém o clima continua sendo pouco conhecido, mas é, sem sombra de dúvida, a
maior extensão de clima quente e úmido do Brasil e ainda possui alguns pontos polêmicos que mere-
cem ser estudados com cuidado.
BOX 3
AMAZÔNIA – CONSEQUÊNCIAS DO DESMATAMENTO SOBRE O CLIMA
Fonte: SALATI, Eneas. O clima atual depende da floresta: excertos. In: SALATI, Enéas. et al. Amazônia: desenvolvimento,
integração, ecologia. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 31-33.
33
UAB/Unimontes - 7º Período
▲ ▲ ▲
Figura 26: Mata de Terra Firme. Figura 27: Mata de Várzea. Figura 28: Mata de Igapó.
Fonte: MAGNOLI; SCALZARETTO, 1998, p. 142. Fonte: MAGNOLI; SCALZARETTO, 1998, p. 142. Fonte: MAGNOLI; SCALZARETTO; 1998, p. 142.
A vegetação campestre são os campos e o cerrado, sendo os campos encontrados nas áre-
as mais elevadas e compostos de gramíneas, capins e campos alagados. O cerrado está presente
em forma de manchas esparsas predominantemente no sul, sudeste e leste da região.
Os complexos nesta região são as formações litorâneas, que apesar da pequena área de in-
cidência, são importantes na região.
Agora que você já foi apresentado ao quadro vegetal da Amazônia, analise cuidadosamente
Atividade a figura 29 com o mapa da vegetação da Amazônia e faça a atividade proposta.
Quais são as formações
vegetais apresentadas
no mapa?
Qual é a predominan-
te?
Identifique o tipo de
vegetação presente
em cada estado da
Amazônia.
◄ Figura 29: Paisagens
vegetais.
Fonte: MAGNOLI; SCALZA-
RETTO, 1998, p. 141.
34
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Ao ser vista por cima, a floresta dá ideia de imenso tapete verde, isto porque as condições
naturais da região e o clima quente e úmido favorecem esta aparência.
Na região, que é aparentemente homogênea, iremos encontrar características diferenciadas
no clima e no relevo que vai resultar em tipos vegetais diversificados. É o que veremos a seguir.
35
UAB/Unimontes - 7º Período
Para saber mais Na verdade, as lianas e os cipós encontrados na Mata de Terra Firme adotaram este hábito
como estratégia de sobrevivência por causa da falta de luz e calor do sol.
É de domínio público
que essa peculiaridade
Outra particularidade desta mata é que as raízes das árvores são curtas.
já causou e ainda causa Curtas? Como isso é possível?
acidentes, pois algu- A função das raízes, além de sustentar a planta é também de buscar no solo a água e os sais
mas árvores chegam a minerais necessários à sua sobrevivência. Como na Amazônia estes nutrientes são encontrados
ficar totalmente des- numa camada fina e superficial do solo, de 20 a 30 cm, as raízes não precisam aprofundar no solo
prendidas do solo e são
sustentadas por outras
para procurá-los.
que estão à sua volta São espécies típicas da Mata de Terra Firme as castanheiras, as cerejeiras, o cedro, o mogno ,
e se, de alguma forma, a sumaúma, o caucho, a quina, o guaraná, a salsa parrilha, o pau rosa, o jacarandá branco, o tam-
perderem este apoio, boril, a palmeira trepadeira, o cipó de japenga e muitas outras espécies, dentre elas merecem
caem, ferindo e até ma- destaque: a castanheira do Pará, Bertholletia excelsa, que produz uma amêndoa de grande valor
tando quem está por
perto. Isso aconteceu
comercial; o cupuaçu, Theobroma grandiflorum, seus frutos são comestíveis e usados tradicional-
diversas vezes durante mente para sucos, sorvetes, geleias e outras iguarias muito apreciadas no lugar; o guaraná, Paulli-
a construção da rodo- nia cupana, que possui propriedades estimulantes, e é usada para aumentar a resistência nos es-
via Transamazônica. forços mentais e musculares e também na fabricação de barras, pós e refrigerantes; o cacaueiro,
Theobroma cacao, fruto apreciado in natura na fabricação de chocolates sucos, sorvetes e outras
iguarias, madeira sem valor comercial utilizada como lenha pelos moradores locais; o mogno,
Swietenia macrophylla, usada na confecção de móveis de luxo; a maçaranduba, Manilkara huberi,
que possui madeira de valor comercial e seus frutos são muito apreciados, inclusive pelos pássa-
ros. É uma espécie das áreas com até 700 metros de altitude.
A distribuição das chuvas na região é que regula o período de floração e frutificação das ar-
vores, mas em toda a área recoberta pela floresta no período chuvoso, os frutos são abundantes.
A Hileiana amazônica contorna o território formando um semicírculo nas porções meridionais.
Dica
Entenda melhor a Mata
de Várzea com o docu- 1.6.2.1 Floresta perenifólia paludosa ribeirinha periodicamente
mentário “A Floresta
Amazônica”, que estará inundada – Mata de Várzea
disponível no Polo.
A Mata de Várzea estende-se ao longo dos grandes rios, o que lhe dá uma característica
diferenciada. Ela é inundada no período das cheias na região e apresenta menor variedade de
espécies do que a Mata de Terra Firme. Por causa da abundante oferta de água suas folhas são
Para saber mais perenes e verdes, as árvores possuem um porte menor, não ultrapassando os 25 metros de altu-
Bioma Amazônia: cor- ra, seus troncos são retos e esgalhados apenas no estrato superior e as copas atingem em torno
responde ao conjunto de 60 centímetros de diâmetro. Na Mata de Várzea encontramos a seringueira, Hevea brasiliensis,
de ecossistemas que
forma a bacia ama-
sua maior utilidade é para produção látex, sua madeira é macia, portanto útil na confecção de
zônica. Está presente taboas para caixas e caixotes, o açaizeiro, Euterpe oleracea, dele é utilizada a fruta para produção
em nove países da de sucos, geleias e sorvetes e do caule extrai-se o palmito.
América do Sul. Além Por causa deste processo de inundação periódica seus solos são mais ricos em sedimentos
das florestas tropicais, do que os solos da Mata de Terra Firme, porém essa frequente inundação também é prejudicial à
sua paisagem tam-
bém é composta por
vida dos ribeirinhos.
mangues, cerrados,
várzeas, entre outros.
No Brasil, o núcleo cen-
tral dessa paisagem, a
1.6.2.2 Floresta perenifólia ribeirinha permanentemente inundada –
hileia amazônica, com Mata de Igapó
grande concentração
de árvores de grande
porte, com até 50 Esse tipo de mata constitui a vegetação típica da região, é representada pelas espécies
metros de altura, tendo
aquáticas, seus solos são pobres e constantemente atingidos pela erosão e nela encontramos,
o rio Amazonas como
eixo que domina 300 junto ao solo, uma cobertura herbácea.
quilômetros para cada Ela está presente na porção noroeste do território, no baixo médio rio Negro e alguns de
lado do seu curso, ocu- seus afluentes. Rios de águas pretas, como você já sabe, apresentam escassez de sedimentos.
pa 3,5 milhões de km². De suas espécies, a mais conhecida é a Vitória Régia, seguida da sucupira preta, sucupira de
Fonte: INSTITUTO
igapó, cipó de tucunaré, cedro rana de igapó e várias outras.
SOCIOAMBIENTAL.
Almanaque Brasil
socioambiental, 2008.
São Paulo: ISA, 2007, p.
100. Adaptação.
36
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
1.6.3 Cerrado
O Cerrado aparece na Amazônia em forma de manchas nos estados de Mato Grosso e To-
cantins na porção sul e em menor incidência em Roraima, Amapá e Pará. Sua presença na região
pode ser associada às condições climáticas e topográficas.
Observe na figura 29 do mapa e compare-o com a figura 18, do clima.
O que você descobriu?
Ah! Que a área de maior incidência do Cerrado é a de domínio do clima tropical. O que con-
firma as características do Cerrado como vegetação típica das áreas tropicais.
Tente lembrar-se do conteúdo estudado na Geografia do Nordeste e Centro Sul.
O Cerrado é o 2º maior bioma do Brasil e cobre em torno de 24% do território nacional. Dono
de uma expressiva variedade de espécies vegetais e animais, caracteriza-se por árvores e arbus-
tos esparsos entremeado por gramíneas e capins. Nele encontramos espécies frutíferas, merecen-
do destaque o pequi, Caryocar brasilienses, a mangabeira, trancornia speciosa, o jatobá, Hymena-
ea coriácea, a gagaita, Eugenia dysenterica, o baru, Dipteryx alata, o araticum, Annona crassiflora,
o buriti, Mauritia flexuosa, a guariroba, Syagrus oleracea, o araçá, Psidium cattleianum, o jenipapo,
Genipa americana, o bacupari, Rheedia gardneriana; medicinais: copaíba, Copaifera Officinalis Lineu
, barbatimão, Stryphnodendro Barbatimão, Martius, pé de perdiz, Croton Perdicipes, Saint-Hilaire,
sucupira preta, Bowdichia virgilioides, Umbauba, Cecropia Peltata, Vellozo, sucupira branca, ... e ain-
da de valor econômico como a aroeira, a gameleira, Ficus insipida, o angico branco, Albizia polyce-
phala, a andiroba, Caraba guianensis Aubl e muitas outras que poderiam ser aqui citadas, mas por
não serem de vegetação predominante, nos preocupamos em citar apenas as mais conhecidas.
1.6.4 Campos
37
UAB/Unimontes - 7º Período
Fonte: MAGNOLI, Demétrio; SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia: espaço, cultura e cidadania: ensino fundamental. 1. ed.
São Paulo: Moderna, 1998, p. 159.
Referências
BRANCO, S. M. O Desafio Amazônico. São Paulo: Moderna, 1995.
COUTINHO, Leonardo. Inferno na selva. Revista Veja. São Paulo. ed. 1925, p. 96-97, 05 out
2005
LESSA, Ricardo. Amazônia: as raízes da destruição. 2. ed. São Paulo: Atual, 1991.
MAGNOLI, Demétrio; ARAUJO, Regina. Geografia Paisagem e Território Geral e Brasil. 3 ed.
São Paulo: Moderna, 2001.
38
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
MEIRELES. Marcos. Folha de São Paulo. Caderno Folha São Paulo: São Paulo. 30 abril 1995, p. 15.
MIRANDA, Jorge Babot. Amazônia: área cobiçada. Porto Alegre: AGE, 2005.
RAMOS, Geraldo; CARDOSO, Octavio. Pará: cores e sentimentos. São Paulo: Escrituras Editora,
2004.
SANTOS, Dulce Pereira dos; CASTRO, Graziela Fernandes de; MOTA, Magda Fonseca Queiroz.
Climatologia: Caderno Didático II. Geografia 2º período. UAB/UNIMONTES,2009. p. 167-269.
SALATI, Eneas. O clima atual depende da floresta: excertos. In: SALATI, Enéas. et al. Amazônia:
desenvolvimento, integração, ecologia. São Paulo, Brasiliense, 1983.
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
UNIDADE 2
Questões amazônicas
2.1 Introdução
Diante da complexidade e da abrangência da ementa, resolvemos colocar como título na
Unidade 2 “Questões Amazônicas” mesmo sabendo que não era nossa pretensão tratar de todas
as questões que envolvem esta região tão especial para o Brasil e para o mundo. Na Unidade
1, buscamos evidenciar o ambiente físico, porém sabemos que o homem modifica o ambiente
físico pelas atividades desenvolvidas tornando-o o mais produtivo mesmo sabendo que ao fazer
isso com maior ou menor intensidade deixa marcas muitas vezes catastróficas no ambiente.
Não estamos falando de qualquer ambiente físico, mas da Amazônia e buscamos em Becker
(1995, p.57) uma forma de caracterizar essa região:
41
UAB/Unimontes - 7º Período
BOX 5
TRATADO DE MADRI
Glossário
Légua: medida de Pelo Tratado de Madri, em 1750, a Amazônia passa a ser de Portugal.
distância utilizada na Você já deve saber que, em 1494, Portugal e Espanha fizeram entre si um acordo ou trata-
época; no Brasil vale, do, conhecido pelo nome de Tratado de Tordesilhas. Por esse tratado foi fixado um meridiano
aproximadamente, imaginário, distante 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde (ilhas próximas à África, situ-
6600m, ou seja, um
pouco mais de 6 km. adas no oceano Atlântico – localize-as no mapa múndi). Esse meridiano, chamado de Meri-
diano de Tordesilhas, estendia-se do lugar que é hoje a cidade de Belém, capital do Pará, ao
norte, até o lugar onde é hoje ocupado pela cidade de Laguna, em Santa Catarina, ao sul. Pelo
Tratado de Tordesilhas, todas as terras situadas a leste desse meridiano pertenceriam a Portu-
gal; as situadas a oeste seriam da Espanha. O Meridiano de Tordesilhas nunca foi demarcado,
ou seja, nunca foram colocados ou fincados no solo da América ou do Brasil marcos para mos-
trar onde esse meridiano passava.
Apesar de o Tratado de Tordesilhas separar as terras pertencentes à Espanha e a Portugal,
os portugueses nunca o respeitaram. Ultrapassaram a linha de Tordesilhas e ocuparam as ter-
ras que hoje formam Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e a Amazônia. Aí fundaram vilas,
fortes e começaram a explorar os recursos naturais. Somente em 1750 a questão foi resolvida,
com o Tratado de Madri. O negociador português de nome Alexandre de Gusmão, nascido no
Brasil, utilizou o direito do “uti possidetis”, ou seja, é dono da terra aquele que a ocupa. Com
isso, a Amazônia, Goiás e Mato Grosso passaram a fazer parte das terras portuguesas.
42
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
2.2.1 As expedições
A natureza física da região tornava difícil a sua conquista. As distâncias eram grandes, o cli- Glossário
ma inóspito, os índios eram ariscos e ainda existiam inúmeras doenças tropicais desconhecidas Inóspito: clima inade-
que acometiam os viajantes. Assim, a conquista da Amazônia foi lenta e difícil. quado para se viver.
Como vencer as dificuldades? Pela união, é claro. Arisco: desconfiado,
Diante das dificuldades encontradas pelas primeiras expedições, os portugueses e os es- esquivo.
panhóis se associaram com o objetivo de colonizar os rios formadores do rio Amazonas. Branco
(1997) relata que Pizarro e Orellana, dois expedicionários, percorreram o trecho partindo de Qui-
to, no Equador, com destino à foz do rio Amazonas no oceano Atlântico. As dificuldades foram
tantas que o grupo se desfez.
Pizarro desistiu da aventura e voltou a Quito. Orellana seguiu viagem com um grupo com-
posto por soldados exploradores e frades. Ao final de oito meses, a expedição alcança seu ob- Para saber mais
jetivo e chega à foz do rio Amazonas, dando ao grupo o mérito de ser o pioneiro no trajeto, ou
seja, a primeira expedição a percorrer o leito do grande rio de oeste a leste. Também fazia parte
destes grupos dese-
Nesta viagem, era esta a função do frei Carjaval, porém seus desenhos foram tão pobres em nhistas que tinham
relação aos detalhes da região que contribuíram muito pouco para o conhecimento regional na a função de registrar
época, mas já era um começo. através de desenhos e
Outros grupos tentaram colonizar a região no período que compreende os séculos XV e XVI. croquis as caracterís-
Dentre estes grupos mereceu destaque, de acordo com Branco (1997), a expedição organizada ticas da paisagem do
lugar.
por Pedro Teixeira – um general português – que em 1637 subiu o rio de Belém, no estado do
Pará, a Quito, no Equador. Esta expedição teve o privilégio de percorrer uma região já dotada
de alguma organização comercial e militar, pois consta na literatura que já existia no lugar for-
talezas, missões e feitorias, inclusive o próprio Pedro Teixeira já conhecia o lugar. Ele, em tempos
anteriores, atuou ali capturando índios para escravizá-los, o que fazia dele conhecedor das parti-
cularidades daquele local. Assim, esta expedição apresentou um saldo positivo. Por quê?
Observe o mapa representado pela figura 32 e identifique a organização urbana que já ha-
via no espaço amazônico entre os séculos XVII e XVIII.
Procure analisar cuidadosamente a legenda do mapa da Amazônia identificando:
• o trajeto percorrido pela expedição;
• as vilas e os povoados existentes na região;
• os fortes portugueses alocados na região.
Muito simples. Foi através dela que foi possível traçar os primeiros estudos científicos do
quadro natural da Amazônia. As descrições do padre Cristóbal de Acunã, integrante do grupo,
eram tão ricas em detalhes – ao contrário das anteriores – que possibilitaram a elaboração do
43
UAB/Unimontes - 7º Período
2.2.2 As missões
44
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Este material viscoso, denominado pelos índios de caucho, despertou a atenção do francês
Condamine que levou uma amostra do material para a França. Porém, a Academia de Ciências de
Para saber mais Paris não deu a devida importância ao material, isso porque ele se esfarelava em baixa temperatura
A seringueira, hevea e quando submetido ao calor tornava-se pegajoso, o que o tornava inviável como matéria prima.
brasilienses, é nativa da Na tentativa de vencer essas dificuldades, muitas experiências foram feitas, mas todas sem
porção norte do terri-
resultado. Tudo o que era fabricado com o látex quebrava no frio e ficava pegajoso com a ação
tório brasileiro. Suas
propriedades foram do calor, isso gerava prejuízos e aborrecimentos aos fabricantes e aos consumidores do produto.
descobertas em torno Os produtos eram devolvidos, os fabricantes processados e foi instaurado o caos...
de 1850 e até os dias Como o problema foi solucionado? Em uma noite, um objeto fabricado com o látex caiu aci-
atuais é a principal fon- dentalmente em um forno e o engenheiro Charles Goodyear observou que ao adicionar enxofre
te de borracha natural
à mistura e aquecê-la, obtinha-se uma goma elástica que não se esfarelava com o frio e não gru-
do mundo.
dava com o calor. Foi então descoberto, a partir daí, o processo de vulcanização da borracha. O
processo foi denominado vulcanização em homenagem a Vulcano, o deus do fogo.
Com a vulcanização, a borracha tornou-se importante matéria prima que impulsionou ra-
pidamente a indústria mundial e como a Amazônia é o habitat natural da seringueira, foi ampla-
mente beneficiada com o crescimento da indústria e necessidade da borracha.
Para saber mais Disto então resultou uma grande revolução no espaço regional no final do século XIX. Nesta
ocasião, a indústria que estava em franca expansão no mundo, ampliou a demanda por borracha
O Nordeste, nessa épo- e com a divulgação da diversidade de seu uso pela indústria moderna, a Amazônia tornou-se o
ca, foi acometido por
uma grave crise gerada novo ponto de atração no território brasileiro.
pelo fim da Guerra da De acordo com Lessa, (1991) para abastecer este mercado era necessário suprir a demanda
Secessão, onde os Es- por mão de obra, o que foi resolvido com o deslocamento de nordestinos, flagelados da seca,
tados Unidos voltaram para a Amazônia.
a produzir o algodão, Foi o período da borracha, entretanto, de 1870 a 1910, que houve a grande migração nor-
tornando-se autossufi-
cientes. destina para a Amazônia. Neste período, a população da Amazônia passou de 323 mil para 1.217
mil habitantes.
Como você pode ver, o contingente populacional da região quadruplicou em um período
de 40 anos, o que elevou de 3,3 para 5,1% a participação da Amazônia no total da população bra-
sileira no período.
Com os Estados Unidos tornando-se autossuficientes, foram liberados grande parte do con-
tingente de trabalhadores rurais que se dedicavam a cotonicultura. Desempregados, viram nos
seringais uma boa opção de trabalho.
46
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
O prestígio da região era tamanho que os proprietários dos seringais negociavam direta-
mente com os compradores europeus, em detrimento da sede do império no Rio de Janeiro,
confirmando assim a posição de destaque da região produtora de borracha.
Entre os anos de 1850 a 1920, a extração do látex deu suporte a um dos mais importantes
ciclos econômicos do Brasil. No período em que a revolução industrial estava em plena expan-
são, a produção regional de borracha atinge 42 mil toneladas, o que dá ao Brasil o domínio no
mercado mundial. Em 1910, a borracha se aproxima, em valor de exportação, ao café, perfazen-
do um percentual de 40%. De 1898 a 1912 chegou a 20% das exportações brasileiras, ajudando
inclusive a financiar o início da implantação da república no Brasil, conforme Lessa (1991).
O período de efervescência da borracha dura até a primeira metade do século XX, quando a
borracha produzida nas colônias inglesas entra em cena para concorrer com a borracha brasileira.
Como isso aconteceu?
Os ingleses contrabandearam sementes de seringueira do Brasil e a cultivaram em suas co-
lônias asiáticas, Malásia, Ceilão, Singapura, Java e Sumatra com sucesso absoluto.
Qual foi a diferença entre elas?
As técnicas de cultivo facilitaram a produção e a extração reduzindo os custos.
E o resultado?
Com a produção mais barata, é claro, a borracha asiática passa a dominar o mercado e a bra-
sileira entra em declínio pondo fim a um breve período de luxo e opulência na porção norte do
Brasil.
47
UAB/Unimontes - 7º Período
Desta forma, com todos esses entraves para dificultar a coleta do látex pela sua natureza, os
seringais da Ásia superaram os do Brasil.
Para saber mais O pico da crise ocorreu em 1913, quando a produção asiática superou a do Brasil, fazendo
O trabalho na coleta do então o preço despencar, sucumbindo um sistema que perdurou por 50 anos.
látex só pode ser feito Para minimizar os efeitos da grave crise, um grupo formado por seringalistas e governantes
no período da estia-
tentou cultivar de forma homogênea as seringueiras, mas a tentativa fracassou por várias razões,
gem.
No período das chuvas, em especial um fungo que ataca as folhas com uma espécie de ferrugem. Dentre elas, Lessa
as barcas podem (1991, p. 34), aponta:
circular na região com
maior facilidade. É Na floresta fechada, onde a seringueira é um entre tantos milhares de espéci-
quando ocorre a coleta mes, o fungo se dispersa e encontra inimigos naturais. Mas com a plantação
do látex e reposição de homogênea de seringueiras o fungo se espalha rapidamente de folha em fo-
mantimentos. lha, formando manchas cor de ferrugem e acabando por destruir toda a folha-
Fonte: Lessa, 1991. gem e a própria árvore.
A este caso podemos aliar a falta de técnica e as características naturais do lugar, como cli-
ma, regime das chuvas e a densa rede hidrográfica.
Assim, a decadência da Amazônia causada pelo estancamento da produção de borracha
leva a região, outrora tão rica e poderosa, à obscuridade e estagnação.
O quadro só foi revertido quando, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, as rotas de
abastecimento da borracha foram obstruídas, surgindo então a oportunidade da volta da Ama-
zônia ao cenário da borracha.
Para dinamizar o processo de produção, Lessa (1991) relata que os Estados Unidos investi-
ram na Amazônia 15 milhões de dólares e que este dinheiro era destinado a treinamento, trans-
48
porte e assistência aos trabalhadores.
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
A meta era atingir um total de 100 mil toneladas anuais. Para alcançar este objetivo tão ou- Glossário
sado, mais uma vez o nordestino teve um importante papel; ainda segundo Lessa (1991), entre Seringueira: árvore da
os anos de 1943 a 1945 – auge da Segunda Guerra Mundial – a região abrigou cerca de trinta mil família das Euphorbia-
nordestinos, apelidados de arigós. As condições do ambiente como o calor, a umidade, o alto ín- ceae (hevea brasi-
dice pluviométrico e insetos endêmicos (como o transmissor da malária), levaram muitos deles à liensis), cuja madeira
morte e os que resistiram às hostis condições do lugar, desertaram. é branca e leve, e de
cujo látex se fabrica a
A atividade de extração do látex não mudou e os seringalistas não conseguiram contornar borracha.
as dificuldades causadas pela natureza do lugar. Também não conseguiram melhorar as relações Seringalistas: era o
de trabalho que continuava baseado no sistema de barracão e nem os métodos de extração e “patrão”, o dono dos
corte das seringueiras. meios de produção e
Desta forma, é claro que a meta de extrair cem mil toneladas de látex não foi atingida, resu- das seringueiras.
Seringueiros: serin-
mindo a dez mil toneladas por ano, oscilando entre 35 a 18 mil na primeira metade do século XX, gueiro é o profissional
de acordo com relatos de Lessa(1991). que trabalha com a
Com a queda na produção dos seringais, a região se tornou sem expressão em termos eco- extração do látex nos
nômicos, mas é importante lembrar que a atividade nos seringais propiciou o surgimento de ou- seringais.
tras atividades extrativas que tinham valor econômico. Dentre elas, merece destaque a extração Sistema Barracão:
forma de pagamento
do pau rosa para fabricação de perfumes, a do mogno e o cedro para a indústria moveleira; o impopular e explora-
que levou várias espécies à quase extinção. dora onde os empre-
Assim, a atividade de extração do látex da seringueira também pode ser responsabilizada gados recebiam em
pela degradação do meio ambiente na Amazônia. Ela favoreceu o aparecimento de outras ativi- mercadorias ou bens
dades extrativas vegetais e animais, pois os seringueiros precisavam se alimentar e esse alimento e que anotados em
cadernetas e ou/vales
era retirado da própria floresta por meio da caça e da pesca ou ainda pela prática agrícola que mantinha-os sempre
gerava desmatamento. endividados. Foi muito
usada durante o ciclo
da borracha.
2.2.6 A colonização protagonizada pelo estado
Dica
Você sabia?
As ações governamentais tinham como objetivo desenvolver grandes projetos rodoviários, • Com o intuito de
minerais ou pecuários que resultassem na lucratividade da região, o que nem sempre foi alcan- tornar o velocípede de
çado conforme comprovam os textos que se seguem. seu filho mais veloz,
Nos anos de 1930, foi criada a Fundação Brasil Central, aliada ao sonho de transferir a capital um irlandês colou a tira
de uma borracha em
federal para o planalto central para que, pela sua localização, fosse mais fácil integrá-la a todo o torno da roda, daí o uso
país. do pneu se expandiu
A figura 38 nos ajuda a entender melhor a grandeza dos projetos de colonização criados pelo mundo.
pelo governo no período em questão. Faça uma leitura cuidadosa do mapa e identifique a natu- • Em 1894, existiam em
reza dos projetos existentes na região. torno de mil bicicletas
já usando o novo aces-
sório na França.
• Em 1770 o cientis-
ta britânico Joseph
Priestley produziu um
cubo de borracha que
até hoje é usado para
apagar escritos a lápis.
• A partir de 1823,
foi disponibilizado o
primeiro tecido imper-
meável.
• Outro invento revo-
lucionário foi o uso da
borracha como isolante
de eletricidade, assim
foi descoberto o fio
elétrico.
Fonte: http://www.por-
talsaofrancisco.com.br/
alfa/historia-da-borracha/
historia-da-borracha.php.
Acesso em 10 set. 2011.
49
UAB/Unimontes - 7º Período
50
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
E por fim, a colonização caracterizada pela recuperação dos prejuízos causados pela
década de 1980, que foi denominada pelos economistas como a década perdida. Nesta eta-
pa, a preocupação central era manter a região povoada como forma de garantir a posse do
território. Os militares, que ainda estavam no poder até 1985, tentaram a duras penas fazer
51
UAB/Unimontes - 7º Período
Para saber mais vingar os projetos ali implantados e neste período se sobressaíram os de extração mineral,
pela quantidade e variedade de minerais ali encontrados e os de extração de madeira.
A década de 1980 foi
classificada como per- Dentre os projetos implantados pelos militares merece destaque o projeto Radam que
dida pela sua inexpres- tinha como intuito localizar e mapear o potencial mineral da região. Este projeto possibili-
sividade em termos tou a dinamização da atividade mineradora na Amazônia.
econômicos. Outro importante projeto foi o Calha Norte que foi instalado em 1985 nos vales dos
rios Negro e Solimões, numa área de 6.500 km de extensão e 160 km de largura nos limites
O Projeto Calha Norte
recebeu este nome do Brasil com a Guina Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia. Tinha como meta
por estar localizado munir a região de bases militares para coibir o contrabando e minimizar os atritos entre ga-
na calha ou vale dos rimpeiros, indígenas, empresários e fazendeiros.
rios Negro e Solimões, A atuação militar na região se justifica na riqueza mineral lá encontrada. Outro ponto
na porção norte do a ser considerado é que se trata de um espaço de propriedades indígenas, onde eles são
complexo amazônico,
área também conhe- majoritários.
cida como a Cabeça Esse projeto despertou muita polêmica: de um lado, o poder público que tem como
do Cachorro. Veja a se- prioridade manter a ordem no lugar, do outro, os grupos e organizações protetoras das po-
melhança no mapa do pulações tradicionais da Amazônia que não veem com bons olhos a interferência do gover-
complexo amazônico. no neste tipo de conflito que para eles deve ser resolvido pela sociedade civil.
Entenda melhor a área de abrangência do projeto Calha Norte por meio da figura 41.
52
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Nos anos de 1970, o continente africano era palco de graves crises internas. Isto, é claro, Para saber mais
comprometeu o fornecimento de matéria prima a importantes indústrias nos Estados Unidos, As lavouras perma-
Canadá e ainda alguns países europeus. nentes do sudoeste da
Amazônia se dedicam
Como suprir a demanda por matéria prima? ao cultivo do café e do
Buscando novos fornecedores. guaraná, enquanto as
lavouras temporárias
Assim, numa sábia estratégia econômica, o governo brasileiro firmou vários convênios cultivam o arroz.
com empresas nacionais e estrangeiras cujo objetivo era intensificar as pesquisas minerais na No extrativismo
Amazônia. vegetal destacam-se
a castanha do Pará e a
Qual foi o resultado? extração de madeira.
E, no extrativismo
A descoberta da maior reserva de minério de ferro do mundo. mineral, evidenciam o
Nesse período foi descoberta a mina na serra de Carajás no estado do Pará onde foram ouro, o diamante e a
encontrados vários minerais de importância estratégica para a indústria mundial. cassiterita .
Analise as figuras 42 e 43 e verifique a área de abrangência do Carajás. Fonte: JUNIOR; OLIC.
1996.
Na serra de Carajás
foram encontrados:
minério de ferro,
manganês, níquel,
cobre – associado ao
molibdênio, zinco, ouro
e bauxita.
53
UAB/Unimontes - 7º Período
▲
Figura 43: Exploração Para aproveitar o potencial hidráulico da região, foi projetada uma hidrovia entre os rios To-
de minério de ferro na cantins e Araguaia. Também foi construída a estrada de ferro Carajás para ligar a área produto-
Serra de Carajás. ra de minério à área exportadora, o porto de Itaqui, no estado do Maranhão e para solucionar
Fonte: CASTELAR; MAES- o problema de energia foi criada a Eletronorte, uma concessionária que atuaria na porção que
TRO, 2009, p. 153.
compreende o norte do país.
Veja, na figura 44, o transporte de minério de ferro pela estrada de ferro.
Assim, foi possível observar que o processo de colonização, que foi formalizado pelo governo
militar nas décadas de 1960 e 1970 com o slogan “Integrar para não entregar”, fomentou a entrada
de capitais estrangeiros para fazer o progresso da região com obras faraônicas que proporciona-
ram a espoliação dos recursos naturais humanos e econômicos da Amazônia.
Numa visão mais futurista, buscando atender aos interesses do mundo atual nos anos de 1980
e 1990, surge a chance de se criar um padrão de desenvolvimento baseado no respeito à biodiver-
sidade regional: o turismo ecológico. Com esse empreendimento, é possível aproveitar a riqueza
da Amazônia sem deixar rastro de devastação, conforme publicação da revista Veja – Especial da
Amazônia de 24 de dezembro de 1997: [...] o turismo ecológico rende 260 bilhões de dólares por
ano para os países que o exploram [...]. Diante de tal constatação, a forma mais viável de tornar a
Amazônia economicamente desenvolvida é o aproveitamento de seu potencial natural conside-
rando a sua fragilidade e biodiversidade.
54
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
55
UAB/Unimontes - 7º Período
Nos décadas de 1960 e 1970 foram abertas estradas que puseram abaixo muitos hectares
de mata. Para se ter uma ideia, somente para abrir a rodovia Transamazônica foram derrubadas
mais de 2 000 km de mata na direção leste oeste. Para Ross (2000), a ousadia do projeto não foi
suficiente para solucionar o problema do isolamento da região por causa das características do
Atividade lugar e ainda causaram grandes prejuízos ao meio ambiente com o desmatamento, o extermínio
Cite as hidrelétricas da da fauna, o aumento da erosão e contaminação das águas fluviais.
região agrupando-as Para atrair investimentos era necessário ter energia elétrica e na tentativa de sanar essa ca-
por estado. rência foi criada a Eletronorte, uma concessionária para administrar a geração e distribuição da
Identifique os rios em
que elas foram cons-
energia na porção norte do país.
truídas. Vamos observar a figura 46, mapa das hidrelétricas na Amazônia para compreender sua dis-
tribuição e localização.
Figura 46: ►
Hidrelétricas na
Amazônia.
Fonte: ADAS, 1995, p. 165.
BOX 6
AS USINAS HIDRELÉTRICAS E O MEIO AMBIENTE
As usinas hidrelétricas utilizam quedas naturais ou, mais frequentemente, rios represados, por
intermédio de barragem, de modo a obter o desnível e a vazão constantes de água necessários à
rotação das turbinas que acionam os geradores de corrente elétrica. Utilizando apenas a força física
da água sob o efeito da gravitação, as usinas hidrelétricas não produzem resíduos como fumaças,
gases ou cinzas, contaminadores do meio ambiente. Assim mesmo, podem causar grandes impac-
tos ambientais, dependendo do local em que se situam a barragem e a represa por ela formadas.
É necessário considerar, em primeiro lugar, que uma barragem deforma o rio e a paisagem.
Dessa deformação geográfica podem resultar benefícios ou prejuízos. A confrontação de todos os
benefícios e prejuízos possíveis deve ser feita previamente, em cada caso, a fim de se verificar se
soma dos benefícios obtidos compensa largamente a soma dos prejuízos resultantes.
Mais importante do que isso ainda é verificar se não há algum prejuízo tão grande ou qualita-
tivamente tão significativo que, por si só, anule todos os prejuízos obtidos. Essa análise nos leva ao
conceito do planejamento de usos múltiplos de um rio ou região geográfica. Nesses termos, dificil-
mente será compensadora uma barragem construída com a finalidade única de gerar energia; mas
ela pode tornar-se mais importante para uma região se, além de gerar energia, criar possibilidades
de navegação, permitir a irrigação de áreas desérticas ou estéreis, facilitar o abastecimento de água
potável e o desenvolvimento da piscicultura.
A represa Nasser, construída em Assuã, no Egito, parecia trazer uma serie de benefícios para a
região, além da produção de um grande potencial energético. Inundando uma considerável área
de deserto, certamente contribuiu para reduzir a aridez da região. Ela causou, no entanto, sérios
transtornos à agricultura do rio Nilo, a jusante da barragem: os sais minerais que o rio trazia das re-
giões montanhosas do centro da África e depositava anualmente durante os períodos de enchente,
fertilizando todo o vale até o seu delta, passaram a ficar retidos no leito da represa, o que tem obri-
gado os egípcios a usarem fertilizantes químicos em larga escala para sua lavoura de subsistência.
56
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Os problemas das grandes represas que atualmente estão sendo construídas na região ama-
zônica provavelmente não causarão os mesmos problemas da represa Nasser, assim como não pro-
porcionarão os mesmos benefícios, a não ser, evidentemente, os da energia elétrica.
Não se tratando de terras áridas, essas represas não terão utilidade para a irrigação. Na maioria
dos casos, não facilitarão a navegação ou ela não será necessária, o mesmo acontecendo com res-
peito ao abastecimento de água potável. Quanto à pesca, esta certamente será prejudicada, pois
os rios envolvidos são muito ricos em excelentes espécies de peixes de água corrente, as quais em
geral não se adaptam às condições de represa.
Outros tipos de impactos ambientais que não ocorreram no deserto africano poderão surgir
na Amazônia. Já vimos que o desmatamento em larga escala – mesmo quando substituído por
áreas líquidas – reduz a evapotranspiração, alterando o ciclo das águas na região. Assim sendo, são
condenáveis as represas que ocupem grandes áreas e, em geral, as represas amazônicas, com pou-
cas exceções, englobarão áreas grandes em relação ao volume de água represado, uma vez que os
declives são muito pequenos naquela imensa planície.
Por outro lado, o afogamento de enormes massas de matéria orgânica, representada
pelas florestas inundadas, leva à sua putrefação, acompanhada do consumo do oxigênio da
água, e à geração de gás sulfídrico e outros produtos tóxicos à população de peixes e de mais
organismos aquáticos. O gás sulfídrico, além de muito tóxico, é altamente corrosivo, tendo já
causado a perda de grandes turbinas na região amazônica.
Fonte: BRANCO, Samuel M. O meio ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1988, p. 49-51.
QUADRO 8
Usinas hidrelétricas na Amazônia
57
UAB/Unimontes - 7º Período
Compreenda melhor os impactos causados pela construção de uma hidrelétrica com o tex-
to do Box 7:
BOX 7
BALBINA, DESASTRE HIDROECOLÓGICO
Há poucos anos, Manaus era abastecida de energia produzida por termelétricas que
queimavam petróleo. O aumento dos preços do petróleo, a partir de 1973, levou o gover-
no a optar pela construção de uma usina hidroelétrica capaz de suprir Manaus e substituir
as termoelétricas. O local escolhido para a nova usina, chamada Balbina, foi o rio Uatumã,
no meio da floresta amazônica. Desde o início desse projeto, muitos cientistas reclama-
ram, mostrando os seus graves erros, mas foram ignorados pelo governo. Quando a usi-
na entrou em funcionamento parcial em 1988, o próprio governo reconheceu que ela era
uma verdadeira tragédia.
Balbina é uma tragédia econômica, pois o custo da energia que ela produz é altíssi-
mo. O rio Uatumã é pequeno, tem pouca água e, por isso, a quantidade de energia gerada
também é pequena. Como os custos de construção da obra foram elevados, pouca ener-
gia consumiu muito dinheiro. Muito mais que continuar a usar as termoelétricas!
Balbina também é uma tragédia ecológica, pois destruiu uma área enorme de flo-
resta. O rio Uatumã está localizado em uma região de relevo quase plano e, por isso, a
represa criada pela barragem inundou um espaço exagerado. Não foi só a floresta que se
perdeu, mas também muitas espécies animais que habitavam aquele meio ecológico.
Finalmente, Balbina é uma tragédia social, já que prejudicou os habitantes da região.
Uma parte da sua enorme represa inundou terras dos índios. Além disso, os peixes desa-
pareceram do rio, no trecho abaixo da barragem, pois a decomposição dos vegetais afo-
gados pela represa tornou a água ácida e poluída. Os habitantes das margens do rio, que
usavam os peixes como principal fonte de alimentação, estão se mudando para outros
lugares.
O exemplo de Balbina mostra que nem sempre uma usina hidroelétrica é uma boa
opção. Talvez esse exemplo sirva, pelo menos, para convencer o governo a estudar com
mais cuidado as consequências da construção de usinas nos rios da Amazônia.
Fonte: MAGNOLI, Demétrio; SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia: espaço, cultura e cidadania: Ensino fundamental. 1. ed.
São Paulo: Moderna, 1998, p. 145.
2.3.2 Desmatamentos
• construção de estradas;
• queimadas;
• extração de madeira;
• extração mineral;
• agricultura;
• pecuária.
58
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Você pode perceber que ocorre uma concentração de área devastada que compreende os
estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Esta área ficou conhecida como
o “Arco do Desflorestamento”. Para Silveira (2003), o Acre e o sul do Amazonas também estão in-
cluídos no arco. Veja, na tabela 1, os estados que são líderes no desmatamento.
TABELA 1
Estados líderes em desmatamento na Amazônia
Cerca de 14% da vegetação original foi desmatada até o começo do ano 2000,
quinhentos anos após o inicio da construção do território brasileiro. Somen- Glossário
te nos últimos quatro anos desse período, foram desmatados mais de 77 mil
Desflorestamento:
quilômetros quadrados – uma área um pouco maior do que os estados do Rio
a utilização de áreas
Grande do Norte e de Sergipe juntos!
de formação vegetal
original como espaços
Você já deve ter percebido que é possível identificar alguns agentes responsáveis pelo agrossilvopastoris.
desmatamento na Amazônia. Porém, no entender de Furlan e Nucci (1999), as queimadas A definição exclui,
para a implantação de fazendas de gado têm um papel decisivo devido à grande área que portanto, as áreas de
cobertura florestal
esta atividade exige. A baixa produtividade das áreas de pastagens que em média perma-
afetadas por atividades
necem produtivas num período que varia de quatro a oito anos são, depois deste período, de exploração madei-
abandonadas, deixando um legado de perdas através de milhões de hectares. reira ou por incêndios
Desta forma, o uso indiscriminado do fogo, seja na preparação das terras, no manejo das naturais (SILVEIRA,
pastagens ou mesmo através de incêndios naturais, constitui um fator determinante para a de- 2003, p. 262).
vastação da vegetação nativa na Amazônia.
59
UAB/Unimontes - 7º Período
Para saber mais Pois bem, os problemas não ficam apenas ao que terminamos de expor. Um fator que tam-
bém não podemos esquecer é a extração de madeira.
Em 1991, foram de-
Convido você a interpretar a letra da música Saga da Amazônia de Vital Farias:
tectados por satélites
cerca de 75 600 focos Saga da Amazônia
de incêndio no período
da seca.
As queimadas foram Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta.
feitas para a formação Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta.
de pastos e lavouras. No fundo d’água as Iaras, caboclo, lendas e mágoas
As áreas desmatadas e os rios puxando as águas.
podem recuperar a
condição florestal na
forma de florestas Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores;
secundárias, por meio os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores.
de processo natural. Sorria o jurupari, uirapuru,
Nos casos de uso pro- seu porvir era fauna, flora, frutos e flores.
longado e abusivo com
queimadas frequentes,
forma-se um novo tipo Toda mata tem caipora para a mata vigiar,
de vegetação: uma veio caipora de fora para a mata definhar
espécie de campo e trouxe dragão-de-ferro prá comer muita madeira
aberto, de pouco valor e trouxe em estilo gigante prá acabar com a capoeira.
econômico.
Fonte: FURLAN; NUCCI,
1999, p. 50-51. Fizeram logo um projeto sem ninguém testemunhar,
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar.
Se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar,
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá.
Atividade
Agora que você já leu a O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
letra e ouviu a música, e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar.
vamos refletir: Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar.
Quais estrofes mostram Igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar.
a harmonia na floresta?
Quem você identifica
na 3ª estrofe com o Mas o dragão continua na floresta devorar ---
caipora de fora? e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar?
Na 6ª estrofe, o que é o Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá, tartaruga, - BIS
dragão que continua a pé ligeiro, corre, corre tribo dos Kamaiurá. ---
devorar a floresta?
Busque em glossários
dicas ou em outras No lugar que havia mata, hoje há perseguição,
informações nesta grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão,
mesma unidade, o sig- castanheiro, seringueiro, já viraram até peão,
nificado das palavras: afora os que já morreram como ave-de-arribação.
seringueiro, grileiro,
castanheiro e igarapé. Zé de Nata tá de prova, naquele lugar tem cova,
Explique: Zé de Nata tá gente enterrada no chão.
de prova.
Pois mataram índio, que matou grileiro, que matou posseiro, ---
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro - BIS
roubou seu lugar. ---
60
as pessoas envolvidas.
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Veja na figura 48, representada pelo gráfico, a evolução do desmatamento na bacia amazônica. DICA
Para ouvir a música
acesse o link:
http://www.radio.uol.
com.br/letras-e-
musicas/vital-
-farias/saga-da-
-amazonia/981366?c
mpid=clink-rad-al
Fonte: <www.letras.
com.br> Acesso em 27
de ago. de 2011.
◄ Figura 48: O
desmatamento na
bacia amazônica.
Fonte: ARBEX JR; OLIC,
2000, p. 16.
Que a Amazônia abriga minerais estratégicos para a indústria de base isto é uma verdade,
como também que a riqueza mineral regional é além de diversificada, também abundante. A fi-
gura 49 mostra muito bem essa realidade.
Explorar os minérios da Amazônia também foi uma política adotada pelo governo brasileiro
com o intuito de tornar o lugar economicamente viável e para isso ele permitiu a entrada de ca-
pital estrangeiro.
61
UAB/Unimontes - 7º Período
Branco (1995) relata que o garimpo foi introduzido no Pará em 1958 na região do Tapajós,
mas a exploração era feita por métodos tradicionais e pouco lucrativos. Na década seguinte, a
Companhia Meridional de Mineração, por acaso, descobre uma verdadeira montanha de ferro
em Marabá, também no estado do Pará e mais tarde descobrem lá a presença de outros metais.
A bauxita (usada na produção de alumínio) foi encontrada em alguns trechos, merecendo desta-
que a jazida do vale do rio Trombetas, no Pará.
Na década de 1970, por meio do Projeto Radam Brasil, foram identificadas outras áreas de-
tentoras de grandes jazidas minerais na Amazônia. As áreas compreendem as serras localizadas
Para saber mais na porção setentrional da região, mais especificamente nos estados do Amapá e Roraima e ainda
no oeste do estado do Amazonas, conforme Lessa (1991).
Até a década de 1970, a
exploração do manga- A atividade mineradora é extremamente danosa ao meio ambiente, pois ela provoca:
nês na Serra do Navio • desmatamento;
era a maior atividade • envenenamento dos rios por mercúrio;
econômica do Amapá. • erosão.
As descobertas de
Veja na figura 50 como ocorre a contaminação por mercúrio.
Carajás e Trombetas
revolucionaram o perfil
de Marabá a Belém e
de Marabá a São Luiz.
A figura 50 mostra o ciclo de contaminação pelo mercúrio usado no garimpo e o Box 8 traz
importantes considerações sobre este processo.
A atividade mineradora produz um forte impacto na paisagem natural, pois desmontam
serras para retirar as coberturas dos solos e que por sua vez se transformam em rejeitos que vão
parar no curso dos rios, causando o assoreamento.
BOX 8
GARIMPAGEM, MERCÚRIO E ENVENENAMENTO
O envenenamento por mercúrio usado nos garimpos pode ocorrer de duas formas: a pri-
meira, pelo vapor desprendido quando o garimpeiro queima com o fogo do maçarico o mer-
cúrio misturado ao cascalho para separar o ouro; a segunda, mais grave, é o envenenamento
provocado pelo consumo de peixes contaminados pelo mercúrio.
A forma mais comum de envenenamento é pela aspiração dos gases do mercúrio, duran-
te a queima. Os sintomas são dor de cabeça, tontura, tremores, dormência nas mãos, insônia,
palpitação do coração e outros, variáveis de acordo com a pessoa. Já os habitantes das áreas ba-
nhadas pelos rios contaminados apresentam o segundo tipo de envenenamento, pois o peixe é
alimento básico para muitos deles. Veja, portanto, que a situação é grave.
Calcula-se que, desde 1958, a garimpagem no vale do rio Tapajós despejou nas águas desse
rio e de seus afluentes centenas de toneladas de mercúrio. A quantidade é maior que a lançada
na baía de Minamata, entre 1938 e 1968, pelas indústrias japonesas da região. Milhares de japo-
neses morreram ou tiveram doenças terríveis. A própria medicina não sabia diagnosticar a do-
ença. Somente bem mais tarde é que se descobriu que o mercúrio era o causador da tragédia.
Fonte: ADAS, Melhem. Geografia: o Brasil e suas regiões geoeconômicas. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1995, p. 161.
62
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Movidos pelo ideal de integração da região ao centro econômico do país, o governo brasileiro
criou um programa de financiamento a juros baixos para quem se interessasse em investir em pro-
jetos agropecuários na Amazônia.
Disto surgiu grande corrida de grupos nacionais e estrangeiros dispostos a implantar na por-
ção norte do país cultivos industriais voltados à exportação. Grupos como a Volkswagen, o Brades-
co, o Bamerindus, a Tamakavy, a Sadia e o Zillo, conforme Lessa (1991), instalaram-se na região. Es-
sas empresas tinham o objetivo de transformar os estados do Maranhão, na porção pertencente à
região, do Pará, do Mato Grosso e de Rondônia em grandes produtores de carne. Para cumpri-lo,
movidos pelas vantagens do crédito barato e fácil e apoiados pelo governo, iniciaram um intenso
processo de destruição da floresta. Lessa (1991) relata que árvores centenárias eram arrastadas por
correntes puxadas por duplas de tratores, folhagens eram queimadas ou destruídas por desfolhan-
tes químicos para depois sementes de capim serem lançadas por avião.
Naquela época (década de 1970), as características do bioma amazônico não eram conhe-
cidas e, pela pujança da floresta, acreditava-se que o solo era propício ao cultivo. Isso levou o
projeto ao fracasso.
O fracasso ocorreu por causa da característica peculiar da Amazônia que Silveira (2003) assim
esclarece: o regime de chuvas intensas na região provoca a lixiviação do solo transformando-o em
um solo pobre, sem nutrientes e esgotado. Para as pastagens o processo é suportado por aproxi-
madamente cinco anos, depois se torna degenerado, necessitando de complementos, o que não
acontece. O fazendeiro prefere abandonar o local por classificar a atividade inviável economica-
mente. E o prejuízo ambiental permanece na região...
Entenda melhor o processo assistindo ao documentário “Segredos da Amazônia”.
Para Silveira (2003), tornar as terras da Amazônia produtivas implica em investir em técnicas
que aumentem a produtividade do solo sem agredir a natureza. É grande a quantidade de terras
alteradas e abandonadas e se essas terras fossem incorporadas de forma sustentável, haveria cres-
cimento, tanto nas áreas de pastagens como nas de produção agrícola e isto sem derrubar árvores.
63
UAB/Unimontes - 7º Período
A região era caracterizada por vazios demográficos. O grande desafio em relação às ques-
tões populacionais gira em torno da ocupação da região. Pesquisas apontam que ocorreu um
intenso fluxo migratório de caráter interno também, acompanhando os projetos de colonização
e urbanização ocorridas nas principais capitais da região.
Compreenda melhor os fluxos de migração direcionada com a leitura do Box 9, sobre as mi-
Para saber mais grações no Amapá.
A implantação desses BOX 9
projetos na Amazônia AMAPÁ: O PRINCIPAL POLO DA IMIGRAÇAO INTERNA
gerou conflitos rurais.
A região denomina-
da como o Bico do Pouca gente poderia imaginar que o estado do Amapá se transformaria em um impor-
Papagaio é identifica- tante polo de atração populacional, principalmente porque, entre outras razões, não há pos-
da como um foco de
intensos conflitos agrá-
sibilidade de ligação por terra entre esse estado e o restante do país, já que ao Amapá só se
rios ainda sem solução. consegue chegar de barco ou avião.
O Bico do Papagaio Se a escolha for navegação fluvial, será preciso gastar 23 horas dentro de uma embarca-
é a junção entre os ção para ir de Belém, no Pará, até a cidade de Santana, porto amapaense na foz do rio Amazo-
estados do Tocantins, nas. Por avião, é bem mais rápido, porém muito mais caro, o que inviabiliza tal opção para a
do Maranhão e do Pará.
Veja no mapa político
maioria dos que migram para esse estado brasileiro, geralmente pessoas com sérias dificulda-
da região. des econômicas como origem, sobretudo, nos estados do Pará, do Maranhão e do Piauí.
O Amapá, estado brasileiro que mais cresce demograficamente, apresenta uma taxa de
crescimento populacional da ordem de 5,3% ao ano, e isso se deve, em grande parte, ao fato
Os óleos vegetais de de receber, em média, cerca de 25 mil migrantes por ano. Essa capacidade de atração de mi-
espécies da Amazônia
são muito procurados
grantes está fortemente relacionada com determinadas condições econômicas que o novo es-
pelas indústrias cosmé- tado apresenta. Ao mudar sua condição político-administrativa com a Constituição de 1988,
ticas e farmacêuticas. transformando-se de território federal em estado da Federação, o Amapá passou a apresentar
Fonte: ARAÚJO, Tiago. uma sensível melhoria em seus indicadores sociais e econômicos.
Disponível em <http:// Outro aspecto que tem ajudado o Amapá a se desenvolver rapidamente é a sua posição
brasilien.ded.de/
pt/noticias/ultimas/
geográfica. Localizado na extremidade norte do litoral brasileiro, faz fronteira, por meio das
produtos-das-mulhe- águas do rio Oiapoque, com a Guiana Francesa, domínio da França no território sul-americano.
res-extrativistas-da- A proximidade geográfica com a Guiana Francesa facilitou a aproximação econômica e
-amazonia-vao-ganhar- cultural, com a instalação de um centro de cultura francesa em Macapá e a expansão de cursos
-mercado.html> acesso de língua francesa em quase todo o estado, sendo obrigatório o ensino desse idioma nas esco-
em 21 set. 2011
las da rede oficial do estado.
Para diminuir a emigração de brasileiros para a Guiana Francesa, o que ocorre principal-
As mulheres extrati- mente por causa da facilidade de locomoção entre os dois países por via rodoviária, o governo
vistas da Amazônia francês tem ajudado no desenvolvimento do Amapá, sobretudo com empréstimos financeiros,
se organizam em em condições privilegiadas e fornecimento de material hospitalar e educacional.
cooperativas ou grupos
produtivos. Fonte: ALMEIDA, Maurício de. Geografia Global: geral e do Brasil. São Paulo: Escala Educacional, 2008, p. 292.
O mercado reduzido
não valoriza a produ-
ção das artesãs e a ren- Essa estratégia de ocupação dos espaços vazios da região foi muito prejudicial às popula-
da obtida com a venda ções tradicionais da Amazônia, pois com o intuito de desenvolver a região, essa colonização não
da produção é baixa. respeitou as características da população local e nem a fragilidade do ecossistema, gerando uma
Fonte: ARAÚJO, Tiago. degradação ambiental sem precedentes e também conflitos com os povos da floresta.
Disponível em <http://
brasilien.ded.de/
O próximo item dessa unidade irá tecer alguns comentários sobre os povos tradicionais da
pt/noticias/ultimas/ Amazônia.
produtos-das-mulhe-
res-extrativistas-da-
-amazonia-vao-ganhar-
-mercado.html>
2.4.1 Populações tradicionais da Amazônia
acesso em 21 set. 2011
O ambiente físico da Amazônia, coberto pela maior floresta equatorial do mundo aliada a
uma grande área de clima equatorial e ainda a mais densa rede hidrográfica mundial contribuem
para o crescimento da atividade extrativa.
São classificados como populações tradicionais os índios, os seringueiros, os castanheiros,
os ribeirinhos, os pescadores artesanais, os babaçueiros, os pequenos agricultores etc. Estima-se
que mais da metade das populações tradicionais do Brasil encontram-se na Amazônia.
Eles se caracterizam por sua maneira peculiar de tratar a natureza, por isso são conhecidos
como grupos culturalmente diferenciados, buscando o seu sustento nas espécies da floresta,
usando-a de maneira sustentável, ou seja, sem comprometer o abastecimento futuro. Os povos
da floresta enxergam nela uma condição para perpetuar seus valores culturais, sociais e religiosos.
64
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Esses povos estão suscetíveis aos efeitos negativos causados pelo processo de produção do es-
paço da Amazônia. Efeitos estes que geraram devastação da floresta, assoreamento e poluição dos
rios, redução da biodiversidade e ainda comprometimento dos saberes e da cultura desses povos.
Como reduzir os impactos na vida desses povos?
Aproveitando o conhecimento que eles detêm sobre a floresta e, assim, promover o desen-
volvimento sustentável.
Uma maneira eficiente e sustentável de preservar a cultura, os costumes e ainda garantir a
renda desse grupo populacional é a implantação de projetos apoiados pelo governo, pelas insti-
tuições da sociedade civil e ainda pelas organizações não governamentais que visem dinamizar
e tornar lucrativas as atividades artesanais, extrativistas, de pesca artesanal e de ecoturismo.
Os extrativistas se dedicam à fabricação de artefatos domésticos como cestos, peneiras, es-
teiras, chapéus etc., em palhas retiradas das palmeiras e coleta de frutos nativos como a castanha
do Pará, coco de babaçu e açaí (fruto e palmito), extração do látex da seringueira e por fim a pes-
ca artesanal para o autoabastecimento.
Valorizar os povos da floresta é garantir a sobrevivência das espécies nativas e em especial
da Amazônia, pois lá encontramos a maior biodiversidade do planeta e também o maior número
de grupos de população tradicional. Esses povos são conhecedores das potencialidades, fragili-
dades e problemas do lugar, por isso são os guardiões da natureza local, são conscientes de que
esta é a forma de garantir a cidadania dos povos da floresta. É sabido que a presença deles ali
garante a sobrevivência de muitas espécies.
Entre eles a relação é colaborativa, próxima do parentesco, o que fortalece a unidade fami-
liar criando vínculos que pode ser a garantia do repasse dessas informações. É importante lem-
brar que eles guardam a floresta como se fosse um tesouro, o que de certa forma é verdade, e
não cobram salário para isso, ou seja, fazem isso numa ação desprendida, voluntária.
De acordo com Scannavino (s.d. citado por CRUZ, 2009), apesar do grande número de infor-
mações que são veiculadas na mídia sobre a Amazônia, ela ainda é desconhecida. A sociedade
tem conhecimento sobre a fauna e a flora, mas do povo que a habita conhece-se muito pouco e
isso é grave, pois eles conhecem a região, sabem o que é melhor para o ecossistema, se eles fos-
sem ouvidos talvez a situação ambiental da Amazônia fosse diferente.
65
UAB/Unimontes - 7º Período
Para saber mais A região na atualidade abriga em torno de 200 mil índios, que ao longo da colonização fo-
ram vítimas de todos os tipos de atrocidades, desde escravidão e aculturação até a matança in-
Atualmente são reco- discriminada.
nhecidos os indígenas
de todas as unidades No período em que foram desenvolvidas as políticas de integração na Amazônia, houve in-
da federação. tensificação de massacres contra os índios. Por ocasião da construção das rodovias Transamazô-
Em torno de 180 povos nica, Belém Brasília e a Perimetral Norte, os Uaimiris-atroaris, os Ianomâmis, os Araras, os Paraka-
indígenas vivem na nãs, os Anta Largas, os Nambikwaras e muitos outros tiveram suas vidas invadidas num processo
Amazônia. de expropriação cultural sem precedentes.
Na Amazônia encontra-
mos 59,43% dos índios Em meio a todo esse turbilhão de violência na década de 1970, e apoiado pela Igreja Católi-
brasileiros. ca, foi formado o Conselho Indigenista Missionário, o CIMI, que tornou público através dos meios
16,09% dos índios da de comunicação, a real situação dos índios e garantiu na Constituição Federal o seu direito à ter-
Amazônia vivem no ra e o reconhecimento de suas organizações sociais.
meio urbano. No cenário atual as expectativas são positivas, a população indígena vem registrando cresci-
Fonte: Amazônia indí-
gena: conquistas e de- mento. Isto se deve à atuação do CIMI que lhes garantiu melhoria da qualidade de vida através de
safios. Disponível em: medidas sanitárias e lhes deu acesso à imunização por meio de vacinas. É importante salientar tam-
<http://www.scielo.br/ bém que os índios adquiriram anticorpos a partir do primeiro contato com o homem branco.
scielo.php?pid> acesso Dados oficiais, citados pela revista Veja (Editora Abril), edição especial da Amazônia, 24-12-1997,
em 18 set. 2011. ano 30 nº 51, indicam que em 1950, no Brasil, a população indígena era de 68 000 a 100 000 habitan-
tes, na década de 1990, eles já eram 280 000.
Aprofunde seus conhecimentos sobre o aumento da população indígena com a leitura do Box 10.
BOX 10
ELES RESISTEM
66
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Entre os povos ameaçados estão os Ianomâmis, que foram os últimos a ter contato com a
civilização. Vivendo nas cabeceiras dos rios Negro e Branco, sua população atual chega a pouco
mais de 8 000 pessoas. O encontro com garimpeiros, que invadem suas terras, trazendo doenças,
violência e alcoolismo, abala a estabilidade do povo. No final da década de 80 e no início da de
90, 2 200 ianomâmis morreram em virtude da malária, em primeiro lugar, e da violência. Entre os
índios, os garimpeiros são conhecidos por outro nome: os “comedores de terras”. Calcula-se que
300 000 garimpeiros entraram ilegalmente em terras indígenas na Amazônia. Mas o problema
não é insolúvel. Na aldeia Nazaré, onde moram 78 ianomâmis, foram expulsos pela Polícia Fede-
ral. E, sobretudo, já existem lugares onde a cultura indígena convive bem com a chegada da civili-
zação, como no município de São Gabriel da Cachoeira.
A aldeia Nazaré, na área rural de São Gabriel, é um bom exemplo de como os índios da Ama-
zônia ainda conseguem viver como seus antepassados. O tuxaua Mateus Cós Santos, de 49 anos,
chefe da tribo, sabe da riqueza da região, que segundo os geólogos, é farta em jazidas de ouro.
Admite que “ganhar dinheiro é importante”, mas depois de algumas prioridades. Na realidade, os
índios ainda vivem como antigamente, em comunidade. Partilham o que ganham e produzem
coletivamente, ajudando tribos vizinhas na caça e na pesca. Entre eles não existe propriedade pri-
vada. Ainda têm outras coisas com o que se preocupar. Evitar que o céu caia sobre suas cabeças,
por exemplo. Cabe aos pajés Nelson, Renato e Manuel, através de suas rezas – durante as quais
cheiram um pó chamado pariká, feito com ervas que lhes permitem conversar com os espíritos –
evitar a tragédia, mantendo equilibradas as colunas que sustentam o mundo de cima.
O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o de-
saparecimento de muita coisa interessante. Um quarto de todas as drogas prescritas pela medici-
na ocidental vem das plantas das florestas e três quartos foram colhidos a partir de informações de
povos indígenas. Na área de educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras,
é comparada por linguistas com a língua grega por sua riqueza estrutural – possui, por exemplo,
doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado. Permanece a questão de como ficará o
índio num mundo globalizado, mas pelo menos já se sabe o que é preciso preservar.
Fonte: MANSO. Bruno Paes. Eles resistem. Revista Veja. Edição Especial da Amazônia. São Paulo, a. 30, n. 51, p. 52-56, 24
dez. 1997.
67
UAB/Unimontes - 7º Período
Dica
Assista ao documen- A constatação da urbanização dos indígenas aponta para a necessidade da ampliação
tário “Ianomâmis” que dos serviços públicos de educação, saúde e assistência social específica para essa parcela da
estará disponível no população.
Polo. Na Amazônia existem várias tribos indígenas, todas elas tiveram suas terras invadidas pelo
garimpo, pela abertura de estradas, pelo desmatamento, pelos projetos agropastoris. Mas,
dentre os mais ameaçados, estão os Ianomâmis, povo que vive nas cabeceiras dos rios Negro e
Branco, mais precisamente a noroeste da região. Com uma população de mais ou menos 8 000
Para saber mais
pessoas no Brasil, vivem como a maioria dos indígenas, da pesca, da prática da agricultura de
A nação Ianomâmi está subsistência, da coleta e da caça.
dividida em quatro O grande desafio dos Ianomâmis é a criação do parque dos Ianomâmis, que é uma área de
grandes grupos: Sanu-
má, Ianomam, Ianoma- mais de nove milhões de hectares de terra contínua. A ameaça aos Ianomâmis se justifica por
mo e Yanam e falam causa da imensa reserva de ouro existente em suas terras.
línguas diferentes. Muitos índios na Amazônia ainda preservam seus costumes, partilham a caça e a pesca, pra-
Fonte: MARMORI, ticam a agricultura itinerante mantêm seus rituais de curandeirismo e de valorização da hierar-
Margareth. O modo de quia; assim, evita-se o desaparecimento de sua cultura.
vida Ianomâmi. Revista
Ciência Hoje, Rio de Apesar dos dados entusiastas apontando para o crescimento da população indígena, é im-
Janeiro, p. 47, junho/ portante avaliar as consequências socioambientais das ações a aculturação a que essa popula-
julho de 1990. ção foi submetida nesses três séculos de ocupação predatória da Amazônia.
As áreas cobertas por densas florestas estão sujeitas às doenças tropicais, dentre elas a que
apresenta maior incidência na Amazônia é a malária. É uma doença infecciosa transmitida pela
fêmea do mosquito do gênero plasmódio. Trata-se de uma doença grave, se não for tratada
pode levar o paciente à morte.
Estudos comprovam que 99% dos casos de malária ocorrem na Amazônia Legal, conforme a
figura 54, mapa da incidência da malária.
Ao fazer a leitura do mapa você pode observar que os maiores números de casos estão
registrados nos estados da Amazônia. Os estados do Amazonas e do Pará são os campeões em
número de casos.
A incidência da malária na Amazônia passa por períodos de crescimento em número de ca-
sos nos últimos 30 anos. Isto se deve ao surto de migração registrado na região por ocasião da
implantação dos planos de integração por meio de abertura de estradas, projetos agropastoris e
de expansão dos garimpos.
68
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
TABELA 2
Cidades mais populosas do Brasil em 1872 e 1900
População
Cidade
1872 1900
Rio de Janeiro 274.972 811.443
Salvador 129.109 205.813
Recife 116.671 113.106
Belém 61.997 96.560
Niterói 47.548 53.433
Porto Alegre 43.998 73.647
Fortaleza 42.458 48.369
Cuiabá 35.987 34.393
São Luis 31.664 36.798
São Paulo 31.385 239.820
Fonte: COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1997, p. 325.
TABELA 3
Cidades mais populosas do Brasil em 1950 e 1960
População
Cidade
1950 1960
Rio de Janeiro 2.377.451 3.281.908
São Paulo 2.198.096 3.781.446
69
UAB/Unimontes - 7º Período
População
Cidade
1950 1960
Recife 524.682 788.336
Salvador 417.235 649.453
Porto Alegre 394.151 635.125
Belo Horizonte 352.724 683.908
Fortaleza 270.169 507.108
Belém 254.949 399.222
Niterói 186.309 243.188
Curitiba 180.575 356.830
Fonte: COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1997, p. 325.
Atividade
Relacione causas que O que se percebe ao estudar o processo de urbanização da Amazônia é que ele é bastante
podem explicar a
recente e a rede urbana é fraca e desarticulada, sendo comandada por duas metrópoles, Belém e
diferença de posição
da cidade de Belém Manaus. Veja na figura 55, a área de influência das cidades de Belém e Manaus.
no período de 1950 e
1960.
É possível perceber que a área polarizada por Manaus é superior à de Belém e que existe
área antes polarizada por Belém e que é disputada por Manaus.
A ampliação da influência de Manaus, que extrapola os limites da Amazônia, se deu a partir
da industrialização que ocorreu em Manaus com a criação da zona franca.
Amplie seus conhecimentos com a leitura do Box 11.
70
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
BOX 11
ZONA FRANCA DE MANAUS
A zona franca de Manaus, criada pela Sudam entre 1967 e 1972, teve como objetivo insta-
lar um polo industrial em Manaus, com facilidades e incentivos fiscais nas taxações de impos-
tos, com o objetivo de desenvolver o Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima que estavam com
a economia estagnada desde a decadência do ciclo da borracha.
Devido às isenções fiscais, os produtos importados eram mais baratos e várias indústrias
instalaram-se em Manaus, contribuindo para o crescimento econômico e populacional da ci-
dade e da região. A zona franca de Manaus tinha também projetos comerciais e voltados para
a agropecuária com o apoio das indústrias. As primeiras fábricas se instalaram em 1972, e o
crescimento se deu mais intensamente até 1982. Porém, muitas pessoas, atraídas pela possibi-
lidade de emprego, partiram do interior dos estados e não encontraram trabalho, promoven-
do a pobreza e a formação de favelas, além de inúmeros problemas urbanos.
Em 1988 a nova Constituição brasileira manteve a zona franca de Manaus com a manu-
tenção dos incentivos fiscais até 2013 para que estimulasse a economia local. A política im-
plantada pelo governo federal em reduzir os impostos dos produtos importados e a descen-
tralização com a criação de áreas de livre-comércio desenhado em 1990 acabou criando uma
emenda constitucional em 2003, prorrogando o estímulo ate 2023.
Fonte: CASTELAR, Sonia; MAESTRO, Valter.Geografia: Uma leitura do mundo. 1. ed. São Paulo: Quinteto Editorial, 2009, p. 151.
As políticas públicas dirigidas à Amazônia, no período de 1960 a 1970, com destaque à aber-
tura de estradas, favoreceram o processo migratório contribuindo para elevar as taxas de urbani-
zação. Santos e Silveira (2001, p. 274) asseveram:
Dessa forma, o que se percebe é que a Amazônia absorveu bem o processo de urbanização
em um curto período de tempo.
É importante destacar que no período de 1980 a 1991, muitas capitais tiveram crescimento
populacional reduzido, porém algumas capitais da Amazônia apresentaram altos índices de cres-
cimento populacional. Foram elas: Palmas, Boa Vista, Porto Velho e Rio Branco (COELHO, 1997).
Muitas vezes, embora as pesquisas sejam confiáveis, os dados divulgados nem sempre mos-
tram a realidade como verdadeiramente é.
Leia o Box 12 e perceba a complexidade de entender o espaço urbano na Amazônia.
BOX 12
LUZES NA AMAZÔNIA
Fotos noturnas feitas por satélite revelam uma surpreendente urbanização da floresta
Enfiados no meio da mata fechada, pelo menos 500 vilarejos da Amazônia sempre foram
um mistério para as estatísticas oficiais do país. Ninguém sabia com precisão onde estavam
esses povoados, e tentar localizá-los num mapa era perda de tempo. Um grupo de pesquisa-
dores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, interessado em desvendar
os segredos do desmatamento da floresta, encontrou uma maneira engenhosa de desvendar
o mistério. Algo tão simples que admira nunca ter sido feito antes. Examinando fotografias
da Amazônia feitas durante a noite, a partir de satélites em órbita, puderam ver claramente
a constelação de lâmpadas elétricas indicando onde está cada uma dessas povoações. São
cidades nanicas que raramente ultrapassam os 5 000 habitantes, mas apresentam estrutura
urbana surpreendente na selva. “Não se sabia direito onde estavam 40% das mais de 1 300 vi-
las e cidades da Amazônia”, diz Evaristo Eduardo de Miranda, gerente da divisão de monitora-
mento por satélites da Embrapa. “As luzes mostraram o caminho para chegar até elas, mesmo
as que nunca apareceram nos mapas”, afirma.
71
UAB/Unimontes - 7º Período
A localização exata das cidades era crucial para que os pesquisadores pudessem dimen-
sionar a dinâmica do desmatamento. Em vez de procurar as tradicionais manchas carecas no
meio do verde, eles nunca foram esmiuçar as imagens feitas por um satélite especial da Força
Aérea dos Estados Unidos. Selecionaram criteriosamente os focos de luz colhidos e identifica-
ram as fontes de emissões elétricas fixas, como lâmpadas que iluminam as ruas, e a claridade
que escapa pelas janelas e portas das casas. Ao todo os especialistas em imagens da Embrapa
cruzaram dados de uma centena de fotografias tiradas a 835 quilômetros de altitude. O satéli-
te de uma categoria especial chamada Defense Meteorological Satellite Program - DMSP, é ca-
paz de realizar uma varredura de 3 000 quilômetros e tem uma sensibilidade tal que permite
aos pesquisadores identificar até mesmo o reflexo da luz da Lua sobre superfícies como rios e
lagos. Os registros foram colhidos a partir de passagens do satélite a cada dois dias sobre a re-
gião amazônica, sempre às 10 da noite. Depois de identificar as luzes da mata, eles cruzaram o
novo mapa com o de desmatamentos feito pelos satélites convencionais. “O resultado é qua-
se uma revolução no que se pensava sobre a devastação”, diz Miranda.
A equipe da Embrapa percebeu que, num raio de 25 quilômetros ao redor dos vilarejos
e municípios mapeados, se concentram cerca de 95% dos pontos de extração de madeira e
de queimadas. Um resultado que, acreditam, pode subverter o conceito de que a exploração
predatória e clandestina da floresta se localiza em regiões de fazendas e em pontos isolados
e inacessíveis da selva. Pelo novo levantamento, a destruição está diretamente ligada aos nú-
cleos de civilização. Esses povoados, longe de ser aglomerados de barracos e casas de ma-
deira perdidos na mata, acabam se tornando bases avançadas para a exploração da região e
a alavanca de um processo irreversível de urbanização. “É lá que se compram combustível e
víveres, onde estão os aparelhos de comunicação por rádio e onde se fixa a mão de obra dis-
ponível para qualquer investida exploratória”, avalia Sandra Mello, da Secretaria de Qualidade
Ambiental nos Assentamentos Humanos, do Ministério do Meio Ambiente. Um sinal claro de
que esses pequenos focos de luz precisam ser enxergados com especial atenção.
Fonte: GUSMÃO, Marcos. Luzes na Amazônia. Revista Veja, São Paulo, ed. 1625, p. 82-83, novembro de 1999.
TABELA 4
Amazônia - Cidades
72
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Com a leitura da figura 56 do mapa a seguir, você poderá localizar algumas das cidades que
foram apresentadas na tabela 4 bem como identificar pela legenda o número de habitantes por
núcleos urbanos. O mapa permite também a você localizar as principais rodovias que cortam o
espaço amazônico.
Você deve ter percebido que não mencionamos os problemas ambientais, sociais e econômi-
cos das cidades da Amazônia. Não serão muito diferentes do que acontece em outras cidades bra-
sileiras, tais como: falta de moradia, desemprego, falta de infraestrutura, poluição, saúde precária
etc. Volte ao texto do Box 11 e veja que a equipe da Embrapa identificou que cerca de 95% dos
pontos de extração de madeira e de queimadas estão nas proximidades dos municípios mapeados.
Quando se refere à falta de infraestrutura, convêm lembrar que muitas cidades estão às
margens de rios e que foram resultado de políticas desenvolvimentistas. Algumas priorizaram as
Figura 57: Favela em
rodovias e nem sempre o acesso foi melhorado devido à ineficiência do governo em concluí-las forma de palafitas na
ou mesmo fazer a manutenção. Deve-se destacar que a maioria da população que vive nas cida- cidade de Manaus.
des da Amazônia é constituída principalmente de migrantes de outras regiões do país. Fonte: MAGNOLI, 1998,
Neste caderno você estudou sobre as palafitas e viu também uma figura ilustrando este p. 151.
tipo de moradia que aparece no espaço rural e também no urbano. ▼
73
UAB/Unimontes - 7º Período
Parcela da população de Manaus e de Belém vive neste tipo de moradia, bem como em ci-
Atividade dades menores e corresponde à parcela pobre nestas cidades.
Conforme Ferreira (1998, p. 18), nos estados do Pará e do Amazonas cerca de 500.000 pesso-
Relacione alguns
problemas que, em sua as vivem em favelas e no Amapá, aproximadamente, 50.000 pessoas estão nesta situação.
opinião, a população A interação entre urbanização e industrialização nos leva a identificar que o espaço indus-
que mora em palafitas trial e que a maior concentração de indústrias se situam em Manaus e Belém. A diversificação
convive. dos ramos industriais pode ser observada no quadro 9, a seguir.
QUADRO 9
Amazônia - Ramos industriais
Você já leu no Box 11, que fala da criação e da importância da Zona Franca de Manaus e viu
que a criação desta zona industrial de livre comércio contribuiu significativamente para conso-
lidar o estado do Amazonas como o único estado da Amazônia que tem na indústria a sua prin-
cipal atividade econômica. Veja na tabela 5 a seguir, a participação dos estados da Amazônia na
produção industrial.
TABELA 5
Amazônia – Participação dos estados na produção industrial
Você leu no Box 11 que a Zona Franca de Manaus teve também como objetivo estender os
benefícios a outros estados da Amazônia, certo? Quais foram estes estados? Caso não esteja lem-
brando, volte ao texto.
Pois bem, apesar do grande crescimento que a zona franca proporcionou à cidade de Ma-
naus, este não foi contínuo e permanente, mas foi suficiente para colocar essa cidade à frente de
qualquer outra da Amazônia.
Veja como Santos e Silveira (2001, p. 117) destacam a Zona Franca de Manaus, através da lei-
tura do Box 13.
BOX 13
ZONA FRANCA DE MANAUS
Em 1957 foi estabelecido em Manaus um porto livre, e dez anos depois criou-se a Zona
Franca, com centro nessa cidade e uma área de 10 mil quilômetros quadrados. Mas em 1968
ampliava-se o território regulado por essas condições a todo o estado do Amazonas, Acre,
Rondônia e Roraima. Com 2.191.522 quilômetros quadrados, a Zona Franca de Manaus aca-
ba por incluir 25% do território nacional. O comércio de mercadorias importadas foi a fun-
ção central até os anos 80, momento em que se induziu o crescimento de quatro polos pro-
dutivos: eletroeletrônico, relojoeiro, óptico e veículos de duas rodas.
74
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Para gerar essa densidade normativa na região convergiram ações federais, estaduais e
municipais. Dentre as primeiras, mencionamos a isenção de impostos incidentes sobre impor-
tação, exportação e produtos industrializados, e nos dois outros níveis salientam-se a redução
da base de cálculo do ICMS, o crédito fiscal para mercadorias de origem nacional, a restituição
integral no caso das empresas que produzem bens de interesse do Estado, incentivos para a
aquisição de grandes áreas de terras no Distrito Industrial e isenção ou dedução do imposto
de renda por dez anos. Nessa mancha no norte do país articulam-se dois suportes conflitan-
tes da globalização da economia e do território: a abertura comercial e os protecionismos de
diversas espécies.
Criou-se assim uma especialização territorial, surgida de um processo de descontração
industrial sob o amparo de normas. Trata-se, sobretudo, da fixação de indústrias eletroeletrô-
nicas, que representam cerca de 64% do faturamento total da Zona Franca, onde, em 1974
nenhuma empresa se achava no conjunto das cinquenta maiores do país. Já a partir de 1995, a
quinquagésima firma do grupo das maiores em vendas é a CCE da Amazônia. Das vinte maio-
res empresas do setor eletroeletrônico, seis encontram-se no Estado do Amazonas. Em cer-
tos casos, como a Philips da Amazônia, firmas com sede em São Paulo criaram outra empre-
sa na região Norte. Além destas, destacam-se: Itautec Philco, Semp Toshiba Amazonas, Sharp
do Brasil, Gradiente Eletrônica, entre outras. Estas e outras menores, implantadas na região, já
certificaram as normas ISO 9000.
O nível de emprego industrial na Zona Franca conheceu uma evolução negativa, pois de
60.669 pessoas ocupadas, em 1988, passou a 48.090, em 1996. Quase todos os ramos partici-
param dessa queda, mas especialmente o metalúrgico, madeireiro, têxtil e óptico. Em 1990
eram 76.798 empregos industriais, que representavam cerca da metade do total da região
Norte (49,33%), embora fossem apenas 1,11% do total do Brasil.
Mas, diante da concorrência externa dos produtos industrializados, foram instituídas áre-
as de livre comércio nas diversas fronteiras e incentivos ao turismo como um modo de im-
pedir a desvalorização do lugar. Jadson Porto e Manoel Costa (1999) mostram as atividades
permitidas (comercialização e indústrias beneficiadoras de matérias-primas regionais) na Área
de Livre Comércio de Macapá e Santana.
Fonte: SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record,
2001, p. 116 e 117.
2.6 Internacionalização da
Amazônia
Vista como uma das últimas fronteiras naturais do planeta Terra, a Amazônia é alvo de
cobiça e de interesses internacionais tanto do ponto de vista dos recursos e potencialidades
apresentadas bem como das questões relacionadas com o narcotráfico. Para Arbex Junior
e Olic ( 2000 p. 65) “[...]o narcotráfico é em termos exclusivamente econômicos, a principal
atividade comercial da Amazônia Internacional”. Estes aspectos são usados como pretexto
através de pressões pela internacionalização da Amazônia, principalmente pelos Estados
Unidos.
O Brasil por possuir a maior extensão da Amazônia internacional acaba sendo o princi-
pal atingido por essas ações. Volte à figura 30, e perceba a abrangência da Amazônia brasi-
leira em relação aos outros países. Leia o texto Box 14 e reflita sobre o posicionamento do
professor Cristovam Buarque, hoje senador da república, ao responder ao questionamento
de um estudante estadunidense.
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UAB/Unimontes - 7º Período
BOX 14
RESPOSTA DO PROFESSOR CRISTOVAM BUARQUE A UM JOVEM AMERICANO
Durante debate em uma universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Fede-
ral, Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um huma-
nista e não de um brasileiro. Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:
“De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazô-
nia. Por mais que os nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele
é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia,
posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância
para a humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos
também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar
da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sen-
tem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a
Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade
de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado
pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volú-
pia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos
os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais
belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural,
como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietá-
rio ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande
mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ser internacionalizado. Durante este encontro, as Na-
ções Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram difi-
culdades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionaliza-
da. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza,
Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade com sua beleza especifica, sua história
do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia,
pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também os arsenais nucleares
dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma
destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacio-
nalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para
garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nas-
ceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Antes mais do que merece
a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da
humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem, quando deveriam estudar, que morram,
quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa, só
nossa!”
Esta matéria foi publicada no New York Times/Washington Post/Today e nos maiores jor-
nais da Europa e Japão no mês de agosto de 2001.
Fonte: MIRANDA, Jorge Babot. Amazônia: área cobiçada. Porto Alegre: AGE, 2005.
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
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77
UAB/Unimontes - 7º Período
Sites:
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Resumo
Com o estudo da disciplina aprendemos que a Amazônia brasileira é formada pelos esta-
dos do Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará, Amapá e parte dos estados do Mato Grosso,
Tocantins e Maranhão.
Trata-se de um complexo regional com características diferenciadas das demais regiões
do Brasil. Podemos classificá-la como uma região natural por causa do seu ecossistema e tam-
bém uma importante área econômica por causa de sua riqueza e, por isso, palco de grandes
conflitos.
Em relação ao quadro natural, vimos que o relevo da região é resultante da sedimenta-
ção ocorrida na Era Cenozoica, sendo então área de terrenos do período Terciário e Quater-
nário, portanto de formação recente. Identificamos também na região uma vasta planície no
entorno do rio Amazonas, a depressão marginal norte e sul amazônica, ao norte o planalto
das Guianas e ao sul, o planalto brasileiro.
A rede hidrográfica está vinculada ao soerguimento da Cordilheira dos Andes. Trata-se
da maior bacia hidrográfica do mundo, sua importância advém da sua extensão, que é de cer-
ca de quatro milhões de km² e estima-se que 20% do volume de água do planeta correm pelo
rio Amazonas. A hidrografia local é composta pelas bacias Amazônica, Tocantins-Araguaia, do
Norte e Nordeste e a do Paraguai.
O clima e a pluviosidade são dotados de certa homogeneidade. A vasta região é diferen-
te dos outros complexos regionais do país, sendo o equatorial o que predomina no território
e o tropical ocorre em menor incidência. Quanto às chuvas, elas são abundantes em toda a
região, mas ocorrem em períodos diferentes. Outra questão abordada é o fenômeno da fria-
gem, que faz com que a temperatura caia bruscamente na porção sul do complexo por causa
da umidade gerada pelos movimentos das massas de ar de origem polar. É importante salien-
tar que é um clima pouco conhecido por causa das dificuldades de instalação das estações
meteorológicas na região.
Já sobre a vegetação, vimos que ela é composta de florestas, campos e complexos, sen-
do as formações florestais as predominantes. E que as florestas são divididas em mata de ter-
ra firme que está nas partes mais altas do terreno e que está constituída de vegetação densa
e rica em espécies. Nos terraços, área de relevo modesto, encontra-se a mata de várzea que é
também conhecida como floresta periodicamente inundada, isto porque ela inunda no perío-
do das cheias. A mata de igapó, que é adaptada aos lugares mais úmidos e alagados, comple-
ta as formações florestais. A vegetação campestre é representada pelo cerrado e os comple-
xos pela vegetação litorânea.
A segunda unidade trata do processo de produção do espaço amazônico. Vimos que o
mesmo foi produzido a partir de muitas lutas e disputas pelo território.
Para este feito, os colonizadores organizaram expedições que, desde o século XV, se em-
brenhavam pela mata para conhecer os seus mistérios e potencialidades. Eles fundaram vilas
e aldeias que mais tarde garantiram a Portugal a soberania do lugar e a extensão que o Brasil
possui hoje.
Também é tratado nesta unidade que a colonização, sob a justificativa de catequizar os
índios, os escravizou, explorando seu trabalho e desvalorizando a sua cultura.
Tratamos também na unidade da extração do látex da seringueira que foi a mais importante
atividade extrativa da Amazônia nos séculos XVIII e XIX. Essa atividade foi responsável pelo de-
senvolvimento, riqueza e prestígio da região até as duas primeiras décadas do século XX.
Após esse período, a borracha brasileira entra em decadência por causa da borracha pro-
duzida na Ásia, com sementes contrabandeadas do Brasil. E o Brasil só foi recuperar o merca-
do no período de 1943 a 1945, no auge da Segunda Guerra Mundial.
No espaço amazônico, houve forte intervenção do Estado nos anos de 1930. Na tentativa
de tornar a região viável economicamente foram implantados na região inúmeros projetos de
colonização. Porém, estes projetos não consideraram a fragilidade do ecossistema e a maioria
deles fracassou, deixando na região um rastro de destruição, como foi o caso da rodovia Tran-
samazônica.
Ainda identificamos na região vários projetos de exploração de recursos naturais. Mere-
cem destaque os de mineração, que por sua vez, acarretaram uma série de prejuízos ao meio
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UAB/Unimontes - 7º Período
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
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82
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Sites
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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
Atividades de
Aprendizagem (AA-1)
Esta AA-1 está organizada em duas partes:
Na primeira parte, você deverá com a ajuda de um Atlas completar a legenda do mapa con-
forme as orientações dadas.
Na segunda parte, consultando o mapa e a legenda feita por você, responda às questões
propostas.
Instruções:
Com a ajuda de um Atlas para consultar mapas físicos da Região Norte, da América do Sul,
ou do Brasil e ainda mapa de Hidrografia do Brasil e mapa de Transporte no Brasil com destaque
para os portos você deverá preencher com os nomes os itens da legenda que estão em aberto.
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UAB/Unimontes - 7º Período
Primeira parte
Segunda parte
Agora consultando a legenda que você preencheu para o mapa responda às questões propostas:
6) São denominações dadas ao rio Amazonas antes de entrar no território brasileiro, EXCETO:
a) Rio Maranõn.
b) Rio Uatumã.
c) Rio Apurimac.
d) Rio Uicali.
86
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia
7) Importante serra do estado do Pará, rica em minério de ferro que é escoado através de ferro-
via e exportado pelo porto de Itaqui:
a) Serra do Imeri.
b) Serra da Contamana.
c) Serra do Cachimbo.
d) Serra dos Carajás.
8) Usina hidrelétrica localizada em rio da margem esquerda do rio Amazonas que causou grande
desastre ecológico.
a) Hidrelétrica de Balbina.
b) Hidrelétrica de Tucuruí.
c) Hidrelétrica de Samuel.
d) Hidrelétrica Coaracy Nunes.
87