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Geografia do Brasil -

Amazônia
Cármen Cássia Velloso e Silva
Romana de Fátima Cordeiro Leite
Cármen Cássia Velloso e Silva
Romana de Fátima Cordeiro Leite

Geografia do Brasil -
Amazônia

Montes Claros/MG - 2012


© - EDITORA UNIMONTES - 2012
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S586g Silva, Carmen Cássia Velloso e.


Geografia do Brasil-Amazônia / Carmen Cássia Velloso e Silva,
Romana de Fátima Cordeiro Leite. – Montes Claros : Unimontes, 2012.
87 p. : il. color. ; 21 x 30 cm.

Caderno didático do Curso de Geografia da Universidade Aberta do


Brasil - UAB/Unimontes.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7739-246-9

1. Ensino superior. 2. Geografia - Amazônia. I. Leite, Romana de Fátima


Cordeiro. II. Universidade Aberta do Brasil - UAB. III. Universidade Estadual
de Montes Claros - Unimontes. IV. Título.

CDD 378.007

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Maristela Cardoso Freitas
Autoras
Cármen Cássia Velloso e Silva
Graduada em Geografia pela Unimontes. Especialista em Geografia Regional do Brasil e de
Minas Gerais pela Unimontes e mestre em Educação pela Universidade do Vale do Rio Verde.
Professora do departamento de Geociências – Unimontes.

Romana de Fátima Cordeiro Leite


Graduada em Geografia pela Unimontes. Especialista em Geografia Regional do Brasil
e de Minas Gerais pela Unimontes e mestre em Geografia pela Universidade Federal de
Uberlândia. Professora do departamento de Geociências – Unimontes.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Amazônia: organização espacial e ambiente físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Intrudução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Organização regional e espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.3 Estrutura geológica e relevo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.4 Hidrografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.5 Conversando sobre o clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

1.6 Conhecendo a vegetação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Questões amazônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.2 Produção do território . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.3 Apresentando projetos e impactos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

2.4 Movimentos populacionais na amazônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

2.5 Espaço urbano industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

2.6 Internacionalização da Amazônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

Atividades de Aprendizagem (AA-1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85


Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Apresentação
Caro (a) acadêmico (a):

Nosso objetivo, ao elaborarmos este caderno didático da disciplina Geografia do Brasil


– Amazônia foi o de fornecer as informações básicas para que você tivesse conhecimento das
diversas paisagens e questões geográficas que compõem este complexo regional brasileiro. É
importante destacar que, com este conteúdo, estamos concluindo o estudo das Regiões Geoe-
conômicas do Brasil e que no contexto de América do Sul, a Amazônia Brasileira ou Amazônia
Legal faz parte da Amazônia Internacional, pois este recorte regional além de abranger o Brasil,
compreende terras dos seguintes países sul-americanos: Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Su-
riname, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia.
Considerada ainda como uma região pouco ocupada, porém como um grande potencial a
ser explorado, a Amazônia é vista como um espaço estratégico frente aos desafios do mundo
globalizado. Na organização espacial teve o Estado como o principal gestor, sem esquecer ações
de outros atores como empresários, fazendeiros, grileiros, povos da floresta, investidores estran-
geiros, dentre outros.
Acreditamos que nosso texto, como todos os recursos que foram usados, como glossários,
mapas, dicas de estudos, atividades, textos em Box, resumos, figuras diversas etc., permitirão a
você interpretar, a realidade da Amazônia, considerando as transformações que estão ocorrendo
nas relações sociedade/natureza neste espaço regional.
A ementa da disciplina prevê estudar: a Amazônia no contexto regional brasileiro, o meio
físico, sociedade, apropriação e integração. O Estado e as políticas para a Amazônia. Perspectivas
para a Amazônia.
Para contemplar a ementa, foram traçados objetivos, sendo o objetivo geral:
Conhecer o espaço da região amazônica na sua caracterização física, humana, econômica,
social e ambiental evidenciando a sua importância no contexto geográfico brasileiro e mundial.

Os objetivos específicos compreendem:


• Identificar as unidades políticas do Complexo Regional da Amazônia e da Amazônia Interna-
cional;
• Caracterizar a Amazônia do ponto de vista físico, humano, econômico, social e ambiental;
• Identificar o Estado como principal gestor da organização do espaço amazônico, bem como
ações de outros atores;
• Discutir questões ambientais e estratégicas na Amazônia.

Use a sua imaginação, faça leituras, aguce a curiosidade, participe com interesse das ativida-
des on line. Você será desafiado (a) a associar fatos teóricos aprendidos com realidades expressas
em filmes e documentários, e expressá-los em atividades diversas.

Vamos em frente, a Amazônia nos espera!

Com uma carga horária de 105 h/a, o conteúdo foi organizado em duas unidades, a saber:
Unidade 1: Amazônia: organização espacial e ambiente físico
Unidade 2: Questões amazônicas
Convidamos você a refletir um pouco sobre a complexidade da Amazônia:

A Amazônia além de ser única por suas proporções é também única por suas
qualidades e peculiaridades. Esse enorme gigante, na verdade é frágil e pode
ser destruído por qualquer ação que não leve em conta a sua conformação
particular e a sua “índole” eminentemente tropical. (BRANCO, 1991, p. 16).

As autoras.

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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

UNIDADE 1
Amazônia: organização espacial e
ambiente físico

1.1 Intrudução
A região geoeconômica da Amazônia que abordamos nesta disciplina corresponde a
uma macrorregião, também conhecida por Complexo Regional Amazônico. Como você já
estudou em outros períodos, deve lembrar que neste recorte existe também a região geo-
econômica do Nordeste e do Centro-Sul. Porém precisamos lembrar que existe também o
critério que busca estudar parte desta região como a Região Norte do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística-IBGE.
Existem ainda outras formas de pensar a Amazônia do ponto de vista regional onde po-
demos citar: a Amazônia Legal e a Amazônia Internacional. Independente do critério que se
buscou identificar o espaço amazônico regional todos os estudos levam ao um ponto essen-
cial que é atribuído à importância dessa região do ponto de vista das potencialidades oriun-
das do ambiente físico.
Sendo assim, buscamos organizar nesta unidade que recebeu o nome de Amazônia:
organização espacial e ambiente físico, conteúdo que priorize a Amazônia no contexto re-
gional brasileiro e os estudos ligados aos elementos do quadro natural (estrutura geológica,
relevo, hidrografia, clima, e vegetação).
Os objetivos propostos para essa unidade são:

• Identificar em mapa as unidades políticas e capitais correspondentes da Amazônia.


• Caracterizar a Amazônia do ponto de vista físico (estrutura geológica, relevo, clima, ve-
getação e hidrografia) buscando associar potencialidades, economia e ação antrópica.
• Perceber a importância do rio Amazonas no contexto regional, nacional e internacional.
• Fazer leitura de mapas, perfis topográficos, quadro, tabelas, climogramas, ilustrações
e outros recursos de apoio para melhor compreensão do conteúdo apresentado bem
como dominar conceitos trabalhados nos glossários.

Veja como está organizado o conteúdo da Unidade 1.

UNIDADE 1 : ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E AMBIENTE FÍSICO


• Organização regional e espacial
• Estrutura geológica e relevo
• Hidrografia
• Conversando sobre o clima
• Conhecendo a vegetação

Convidamos você a fazer uma fantástica viagem de estudos neste espaço regional con-
siderado um dos últimos refúgios da natureza onde ainda existem espaços poucos modifica-
dos de extrema beleza e de grande importância econômica/estratégica. Ferreira, citado por
Miranda(2005), expressa que: "A Amazônia não é pior nem melhor que as outras regiões do
País; é realmente um mundo diferente no contexto brasileiro".

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UAB/Unimontes - 7º Período

1.2 Organização regional e


espacial
A Amazônia, complexo regional brasileiro, compreende a porção norte do Brasil nos esta-
dos do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá e parte dos estados do Mato Grosso,
Tocantins e Maranhão.
A região possui características próprias nos aspectos natural e socioeconômico. A Amazônia
hoje pode ser compreendida em duas imagens que coexistem e representam a realidade da re-
gião:
• A Amazônia natureza representada pela imensa floresta equatorial e vasta rede hidrográfi-
ca, cuja caraterística marcante é o equilíbrio dinâmico entre a floresta, com sua mata hetero-
gênea e fechada, rica rede fluvial, a mais densa bacia do planeta, com clima quente e úmido
e os solos, em geral, pobres.
• A Amazônia como recurso econômico, uma área envolvida em projetos agropecuários, flo-
restais, de colonização e de mineração que visam o aproveitamento do seu potencial eco-
nômico através da intensificação do povoamento, surgimento de vilas e cidades fomentan-
do conflitos e violência.
Observe as figuras 1 e 2, representadas pelos mapas: Brasil Regiões Geoeconômicas e Ama-
zônia – Divisão Política.

Figura 1: Brasil regiões ►


Geoeconômicas
com destaque para
Amazônia.
Fonte: ADAS, 1995, p. 149.

Figura 2: Amazônia: ►
Divisão Política.
Fonte: MAGNOLI, 1998,
p. 139.

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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

PARA SABER MAIS


Atividade
Amazônia Clássica: é uma região política e geográfica que ocupa os seis estados num con- Identifique no mapa os
junto também conhecido como Região Norte: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre e Ama- estados que compõem
pá. São aquelas unidades com predominância da floresta tipo hileia. integralmente a Ama-
Amazônia Legal: é uma criação administrativa do governo federal, de 1996, que juntou os zônia. Você percebeu
que existe, neste
estados da Amazônia Clássica aos que situavam em suas bordas (Maranhão, Tocantins e Mato complexo, três estados
Grosso), tendo com ela certa identidade física, humana e histórica, seja no Meio Norte (pelo lado que pertencem a duas
do Nordeste), como no Planalto Central (pelo Centro Oeste). Essa região poderia receber recur- regiões.
sos dos incentivos fiscais, um fundo formado pela renúncia da União à cobrança de impostos Quais são estes esta-
de empreendedores dispostos a investir nessa fronteira ainda pouco conhecida e ocupada. Ao dos? E a quais regiões
eles pertencem?
invés de nela aplicarem capitais próprios novos, esses investidores podiam se habilitar a receber
dinheiro que, sem incentivo, teria que ser recolhido ao tesouro nacional na forma de imposto de
renda. Esse fundo foi administrado por duas agências federais: primeiro, pela Superintendência
de Valorização Econômica da Amazônia (SPVA), entre 1953 e 1966, e, em seguida, pela Superin-
tendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que foi extinta em 2000 sob acusações
de corrupção [...].

Fonte: INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Almanaque Brasil Socioambiental, 2008. São Paulo: ISA, 2007, p. 100. Adaptação.

1.3 Estrutura geológica e relevo Atividade


Apresente as diferenças
entre Região Geoeco-
nômica da Amazônia,
O entendimento do ambiente físico da Amazônia corresponde aos estudos relacionados Região Norte, Amazô-
com a estrutura geológica, relevo, clima, vegetação, hidrografia e solos. Certamente, quando nia Legal e Amazônia
mencionamos a estrutura geológica buscamos focar nosso estudo nas questões da dinâmica da Internacional.
litosfera e da tectônica.
Você já teve contato com esses termos na disciplina de Geologia e, se tiver dúvidas, poderá
retornar a eles no caderno didático de Geologia I e II.
Ao estudar as regiões Centro-Sul e Nordeste ficou evidente que a estrutura geológica do
Brasil é uma das mais antigas. Na Amazônia, porém, uma grande porção representada pela ba-
cia amazônica é resultante de sedimentação recente que ocorreu na Era Cenozoica, constituindo
desta forma os terrenos dos Períodos Terciário e Quaternário.
Glossário
Você poderá observar na figura 3 como se deu a formação da bacia amazônica.
Bacia: depressão de
forma variada ou con-
junto de terras pouco
inclinadas, podendo
ser ocupada ou não por
rios, lagos etc. (GUER-
RA, 1980, p. 47).

◄ Figura 3: Formação
da bacia e planície
amazônica.
Fonte: GUERRA, 1980,
p.337

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UAB/Unimontes - 7º Período

Examinando a figura 3, que trata da formação da bacia e planície amazônica, observa-se que:
• Na Era Primária existiam duas porções emersas, isto é, fora d’agua, representadas pela ilha
Arqueana do Norte e a ilha Arqueana do Sul e também golfos a leste e a oeste. Percebe-se
também que a América do Sul ainda não estava formada. As águas do golfo leste e do golfo
oeste são representações das águas do oceano Atlântico (leste) e do oceano Pacifico (oeste),
que mais tarde vão se separar;
• Na Era Terciária anterior, com o soerguimento do Dobramento Andino Terciário a oeste, o
golfo oeste desaparece, forma-se um mar interior com água circulando para o norte, sul e
leste, mantendo separadas as ilhas Arqueana do Norte e Arqueana do Sul;
• Já na Era Terciária propriamente dita, a cordilheira dos Andes já está mais bem estruturada
e as ilhas Arqueana do Norte e Arqueana do Sul passam a ser identificadas como Planalto
das Guianas e Planalto Brasileiro, respectivamente. Observa-se também que o mar interior
começa a ser preenchido por sedimentos oriundos da Cordilheira dos Andes, do Planalto
das Guianas e do Planalto Brasileiro. Estreitam-se os canais de circulação de água no sentido
norte-sul, mantendo uma abertura maior em direção a leste;
• No mapa do Quaternário, nota-se com nitidez a definição geográfica da porção norte da
América do Sul, área que abrange a Amazônia internacional. Veja a identificação dos ocea-
nos Atlântico e Pacífico, a Cordilheira dos Andes a oeste, o Planalto das Guianas ao norte, o
Planalto Brasileiro ao sul e a Planície Amazônica. Veja também que a drenagem do rio Ama-
zonas foi encaixada, tendo a sua nascente na Cordilheira dos Andes e a sua foz voltada para
o oceano Atlântico com a formação da ilha de Marajó.

Sendo assim, é possível perceber que o levantamento da Cordilheira dos Andes teve um
papel importante e definitivo para a formação da América do Sul e da Amazônia, consideran-
do que permitiu a formação de um mar interior que voltado para o oceano Atlântico foi pre-
enchido com sedimentos das áreas mais elevadas, ou seja, dos Andes e dos velhos maciços
desgastados.
Os estudos de Ross (200) sustentam a existência no relevo brasileiro de formas que ante-
cedem a atual configuração da América do Sul, a qual passou a ser assim após o soerguimento
dos Andes e da abertura para o Atlântico através da foz do rio Amazonas. Para esse autor, a
formação dos Andes teve início na Era Mesozoica e se definiu na Era Cenozoica no Terciário.
Já as estruturas do Planalto das Guianas e do Planalto brasileiro são antigas e datadas do Pré-
-Cambriano.
Todas as modificações que aconteceram até a definição da configuração geográfica do
espaço amazônico ocorreram de forma lenta e ao longo de milhões de anos. Para Branco
(1997), antes da formação da drenagem do rio Amazonas no mar interior formado na bacia,
vários lagos foram formados por material sólido, dando origem a terrenos sedimentares. Esse
autor ainda esclarece:

Durante estes longos períodos de águas paradas, imensas quantidades de ma-


terial em suspensão, ou transportadas pelas chuvas sobre a superfície do solo,
foram precipitadas, acumulando-se no fundo dos lagos, vindo a formar os ter-
renos sedimentares com centenas de metros de espessura em alguns pontos
(os de água doce chegam a medir 300 metros de espessura e os de origem ma-
rinha, mais abaixo, até 3000 metros). (BRANCO, 1997, p. 13).

Entendemos que a formação dos terrenos amazônicos se deu de maneira bem complexa e
que embora tenha ocorrido grande influência da Cordilheira dos Andes, esta unidade geotectô-
nica não se faz presente na Amazônia brasileira, nosso objeto de estudo nessa disciplina. Sendo
assim, podemos identificar duas estruturas geológicas na Amazônia: os Escudos Cristalinos e as
Bacias Sedimentares.
Os Escudos Cristalinos, também conhecidos por maciços antigos, na Amazônia são repre-
sentados pelo Escudo Guiano e núcleos do Escudo Brasileiro e são constituídos de rochas mag-
máticas e metamórficas com ocorrências importantes de minerais metálicos como ferro, man-
ganês, ouro, cobre, alumínio (bauxita), entre outros. As bacias sedimentares são importantes
economicamente pela ocorrência das rochas sedimentares e dos combustíveis fosseis. Esse fato
pode ser observado na Amazônia pela exploração de petróleo no Projeto Urucu.
O mapa da figura 4, estrutura geológica do Brasil, conforme Ab’Saber e fonte de Coelho
(1995, p.31), nos ajuda a identificar a estrutura geológica da Amazônia.

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Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

◄ Figura 4: BRASIL:
Estrutura Geológica
(segundo Ab’Saber).
Fonte: COELHO,1995, p. 31.

Com a leitura da figura 4 podemos identificar no espaço amazônico:


• Escudo Guiano;
• Escudo Brasileiro: SA: Núcleo Sul-amazônico;
BM: Núcleo Bolívio-mato- grossense;
AR: Núcleo Araguaio-Tocantins;
GU: Núcleo Gurupi.
• Bacia amazônica;
• Parte da bacia do meio norte;
Parte da bacia central.

Veja na figura 5 da Amazônia com a localização dos projetos agropecuários e industriais, das
estradas e das queimadas que o número 15 corresponde ao Projeto Urucu, já mencionado ante-
riormente por ser um projeto de extração de petróleo. Voltando ao mapa de Estrutura Geológi-
ca, este projeto encontra-se na Bacia amazônica.

◄ Figura 5: Localização
dos projetos
agropecuários e
industriais, das estradas
e das queimadas.
Fonte: LESSA, 1991, p. 50.

15
UAB/Unimontes - 7º Período

Nota-se também no mapa da figura 5 a ocorrência do projeto Grande Carajás identificado pelo
número 10 e o nº11 trata-se do projeto de Serra Pelada, ambos com extração de minerais metálicos.
Através da análise da figura 6 do perfil topográfico da região amazônica, elaborado por Ross
(2000), é possível verificar a ocorrência dos terrenos sedimentares e cristalinos e associá-los com
algumas unidades do relevo da Amazônia.

O perfil foi traçado no sentido norte-sul da região amazônica abrangendo os terrenos cristali-

nos e sedimentares onde evidenciaram as seguintes unidades de relevo:
Figura 6: Perfil do • Planaltos residuais norte-amazônicos;
relevo da região
amazônica. • Depressão marginal norte-amazônica;
Fonte: MOREIRA, 1998,
• Planalto da Amazônia oriental;
p.245. • Depressão marginal sul-amazônica;
• Planaltos residuais sul-amazônicos.
Essas unidades de relevo da Amazônia podem ser localizadas na figura 7, mapa das unidades
do relevo brasileiro.

Figura 7: Unidades ►
do relevo brasileiro
(conforme Ross).
Fonte: ROSS, 2000,
p. 53.

16
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Ainda conforme o mapa você deve ter observado outras formas de relevo da Amazônia que
não apareceram no perfil, são elas:

• Planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba;


• Planaltos e chapadas dos Parecis;
• Planaltos e serras de Goiás Minas;
• Serras residuais do Alto Paraguai;
• Depressão da Amazônia ocidental;
• Depressão do Araguaia;
• Depressão Cuiabana;
• Depressão do Alto Paraguai-Guaporé;
• Depressão do Tocantins;
• Planície do rio Amazonas;
• Planície do rio Araguaia;
• Planície e pantanal do rio Guaporé;
• Planície e tabuleiros litorâneos.

O estudo do relevo da Amazônia de maneira tão compartimentada foi possível através


de uma proposta feita por Jurandyr Ross na década de 1980, cujos estudos foram funda- Atividade
mentados nas bases teóricas de Ab’Saber e em pesquisas realizadas pelo projeto Radam- Faça um traço sobre o
brasil. Neste projeto, com o uso de radares na década de 1970 foi feito um levantamento da mapa da figura 7 bus-
cando ligar as unidades
Amazônia quanto aos aspectos geológicos, geomorfológicos, hidrográficos, botânicos etc.
do relevo que o perfil
Os estudos foram estendidos às outras regiões do Brasil, (COELHO, 1992). mostrou. Volte ao perfil
Com a análise do perfil Formação de Bacias Sedimentares, na figura 8, fica evidenciado e coloque o número
que essas bacias se formam por dois processos combinados: erosão e sedimentação. Os es- correspondente da
cudos cristalinos quando erodidos fornecem materiais que são acumulados e sedimentados legenda no mapa.
nelas.

◄ Figura 8: Formação de
Bacias Sedimentares.
Fonte: MAGNOLI, 2001,
p. 15.

Com a leitura da figura 8, é possível perceber a localização da referida bacia e identificar


como a geologia desta área é um verdadeiro mosaico de sedimentos de várias eras geológicas.
Os mais antigos datam da Era Paleozoica nos limites com os escudos. E os mais recentes datados
do Holoceno ao longo do rio Amazonas e afluentes. Você deve ter notado que entre essas forma-
ções aparecem os sedimentos do Mesozoico e os Terciários.

17
UAB/Unimontes - 7º Período

Figura 9: Sedimentação ►
da bacia amazônica.
Fonte: MAGNOLI, 2001,
p. 31.

O conhecimento da estrutura geológica é importante considerando que esta constitui o ar-


cabouço natural que forma a crosta terrestre e o relevo e são as formas criadas sobre esta base.
Ross (2009, p. 62- 63) assevera que:

As formas do relevo, em primeiro nível, podem ser facilitadoras ou dificultado-


ras dos processos de ocupação das terras, de arranjo dos espaços territoriais e
da produção. Suas características são importantes para a definição dos traça-
dos das rodovias, ferrovias, implantação de cidades, construção de aeroportos,
de barragens para usinas hidrelétricas, distritos industriais, bem como definir
os tipos de atividades agropecuárias mais adequadas [...].

Nesta perspectiva, estaremos estudando as unidades do relevo da Amazônia já citadas an-


teriormente. O relevo da Amazônia conforme a classificação de Jurandyr Ross apresenta:

QUADRO 1
Planaltos em Bacias Sedimentares na Amazônia

Unidade Características

Com altitudes variando de 20 até 400m de altitude, sendo as menores


Planalto da Amazônia Oriental altitudes aquelas referentes às colinas de predominância de arenitos
e as maiores altitudes as que se referem às escarpas das bordas. Pre-
sença de morros residuais e pequenas chapadas. Os solos variam de
latossolos arenosos; latossolos vermelho-amarelos e neossolos.

Planalto e chapadas da bacia do Altitudes de 50 a 600m nas colinas com topos convexos e de 700 a
Parnaíba 800 m nas chapadas. Nota-se a presença de chapadões com super-
fícies planas, escarpas e mworros na bordas. Ocorrências de arenitos
calcários e largas coberturas detríticas argilosas nas chapadas. Solos
latossolos vermelho-amarelos arenosos e vermelhos argilosos; neos-
solos litólicos e câmbricos.
Planalto e chapadas da bacia do
Parnaíba Altitudes variando de 400 a 700 m nas colinas de topo convexo e até
800 m nas escarpas nas bordas das chapadas. Ocorrência de areni-
tos e coberturas detríticas argilosas. Presença de solos latossolos
vermelho-amarelos arenosos, latossolos argilosos e litólicos com
afloramentos rochosos.

Fonte: Elaborado a partir de ROSS, 2009, p. 66.

18
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

QUADRO 2
Planaltos de Intrusões ou com coberturas residuais de plataforma na Amazônia

Unidade Características

Planaltos residuais norte- Morros e serras com altitudes variando de 600 a 900 m podendo
-amazônicos chegar até a 2000 m em morros isolados. Nesta unidade, localiza-se na
serra do Imeri o pico mais alto do Brasil, o pico da Neblina com 3.014 m.
Outras serras se destacam: serras Parima, Pacaraíma, Acaraí, Tumu-
cumaque etc. Ocorrência de gnaisses, granitos, arenitos, migmatitos,
rochas vulcânicas ácidas etc. Presença de solos argilosos vermelhos,
neossolos litólicos e câmbicos e afloramentos rochosos.

Planaltos residuais sul- As altitudes variando de 400 a 800 m, em morros e serras. Na litologia,
Amazônicos presença de gnaisses, anfibólicos, migmatitos, arenitos. Os solos são
argilosos vermelhos, neossolos litólicos e câmbicos apresentam tam-
bém afloramentos rochosos. Dentre as serras, destacam-se: serras do
Cachimbo, do Roncador, de Carajás etc.

Fonte: Elaborado a partir de ROSS, 2009, p. 67.

QUADRO 3
Planaltos de cinturões orogenéticos na Amazônia

Unidade Características

Planaltos e serras de Goiás- Serras e morros alongados, altitudes variando de 300 a 1500 m. Presença
-Minas de quartzitos, micaxistos, filitos, granitos, gnaisses e migmatitos. Neos-
solos titólicos e câmbios, argilosos vermelhos e afloramentos rochosos.
Presença de chapadas.

Planaltos residuais sul- ama- Serras alongadas, vales e depressões. Altitudes variando de 200 até 800
zônicos m. Ocorrência de arenitos, calcários, folhelhos, argilitos etc. Os solos
estão representados pelos neossolos litólicos, câmbicos, argissolos
vermelhos e afloramentos rochosos.

Fonte: Elaborado a partir de ROSS, 2009, p. 67.

Veja no corte latitudinal do relevo da Amazônia na figura 10 a disposição dos planaltos, pla-
nícies e depressões. Você pode perceber que dentro de uma depressão pode ocorrer planalto
residual com presença de serras.

◄ Figura 10: Corte


latitudinal do relevo da
Amazônia.
Fonte: MAGNOLI, 2001,
p. 37.

19
UAB/Unimontes - 7º Período

Dentro da depressão marginal sul-amazônica estão os planaltos residuais sul-amazônicos


onde se localizam a serra do Cachimbo, a serra de Carajás, entre outras.

QUADRO 4
Depressões periféricas e marginais na Amazônia

Unidade Características
Depressão Com altitudes variando de 100 a 400 m compreendem colinas médias e pequenas
marginal norte- com topos e vertentes convexos e alta densidade de canais de drenagem. Ocor-
-amazônica rência de gnaisses, migmatitos, granitos etc. Solos argilosos vermelhos, latossolos
vermelho-amarelos e neossolos.

Depressão margi- Colinas médias e amplas, médias densidades de canais de drenagem e morros
nal sul-amazônica residuais isolados. Altitudes variando de 100 a 600 m. ocorrência de gnaisses,
migmatitos, granitos etc. Presença de solos argissolos vermelhos e neossolos,
latossolos, vermelhos e neossolos litólicos.

Depressão do Colinas amplas com vales pouco entalhados, planícies fluviais, altitudes variando
Araguaia de 20 a 300 m. Ocorrência de quartzito, filito, calcário, mármore etc. Latossolos
amarelos e argilossolos vermelhos.

Depressão Cuia- Altitudes de 150 a 400m. Colinas amplas com pequenas cristas assimétricas. Ocor-
bana rência de filitos, quartzitos etc. Argilossolos vermelho-amarelos.

Depressão do Colinas amplas com topos planos, vales pouco entalhados e planícies fluviais. Al-
alto Paraguai- titudes de 150 a 250 m. Ocorrência de folhelhos, argilitos, arcóseos etc. Latossolos
Guaporé amarelos e neossolos areias quartzênios.

Depressão da Com altitudes de 180 a 200 m. Nota-se a presença de colinas amplas de topos pla-
Amazônia oci- nos e planícies fluviais. Ocorrência de arenitos frios e solos argissolos e vermelho-
dental -amarelos.

Depressão do As altitudes variam de 300 a 400 m em colina de topos planos, vales pouco
Tocantins entalhados, superfícies aplanadas e terraços fluviais. Na litologia ocorrência de
arenitos, siltitos, folhelhos e calcários. Ocorrência de latossolos vermelho-amare-
lo-arenosos e neossolos quartzônicos.

Fonte: Elaborado a partir de ROSS, 2009, p. 68- 69.

QUADRO 5
Planícies na Amazônia

Unidade Características

Planície do rio Amazonas Relevo plano com altitude de 0 a 100 m. A litogia constituída de aluvi-
ões (areia/argila). Presença de gleissolos, neossolos fluvios. Destaca a
ilha de Marajó.

Planície do rio Araguaia Relevo plano com altitudes de 200 a 220 m. Ocorrência de aluviões,
areias e argilas. Gleissolos, neossolos flúvicos e planossolos háplicos.
Destaca-se a ilha do Bananal.

Planície e pantanal do rio Altitudes de 200 a 220 m. Relevo plano, presença de aluviões, areias e
Guaporé argilas. Os solos são gleissolos háplicos, neossolos flúvicos e planosso-
los háplicos.

Planície e tabuleiros costeiros Altitudes variando de 0 a 10 m nas áreas de relevo plano e de 20 a 50


m nos tabuleiros com formas de colinas amplas, vales entalhados e
vertentes escarpadas. Ocorrência de areias, arenitos e argilitos. Neos-
solos variados e latossolos vermelho-amarelos.

Fonte: Elaborado a partir de ROSS, 2009, p. 69-70.

As condições naturais do relevo na Amazônia favoreceram o desenvolvimento regional con-


siderando a introdução da produção de algodão, milho, soja ou cana de açúcar e pastagens para

20
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

a criação de gado. Juntamente com as condições favoráveis do relevo deve-se mencionar a mo-
dernização das atividades associadas à agropecuária. Para saber mais
A classe montanha
Verifique, na figura 11, as formas de relevo das quais estamos tratando. refere-se a planaltos
com domínio de relevo
montanhoso e de ser-
ras (ROSS, 2009).

◄ Figura 11: As grandes


unidades de relevo.
Fonte: FLORENZANO,
2008, p. 14.

1.4 Hidrografia
A organização da rede hidrográfica amazônica está associada, segundo o IBGE (1997), Glossário
pela tectônica do dobramento andino, fratura do escudo cristalino e a própria disposição do Rede hidrográfica:
rio Amazonas ao longo do eixo de um geossiclinal muito fraturado, constituindo um extenso maneira como se dis-
e complexo graben. põe o traçado dos rios
A importância da bacia amazônica pode ser avaliada, entre outros aspectos, à sua di- e dos vales, [...]. (GUER-
mensão que, conforme Branco (1997), abrange quatro milhões de km² que a identificou, na RA, 1980, p. 355).
Geossiclinal: depres-
visão de um hidrólogo, como o maior complexo fluvial do mundo. O referido autor ainda são alongada onde os
acrescenta: sedimentos, por efeito
da subsistência, acar-
Quando se observa o mapa da região, montado a partir de imagens de sa- retaram um afunda-
télite ou obtidas por radar, tem-se a impressão de que uma grande racha- mento progressivo no
dura, com inúmeras trincas menores e convergentes, teria ocorrido, em vir- decorrer dos tempos
tude de qualquer acidente, ao longo da linha do equador estendendo-se geológicos, permitindo
desde os paredões abruptos da Cordilheira dos Andes até o oceano Atlântico. assim a acumulação
(BRANCO, 1997, p. 10). de grandes espessuras
de materiais. (GUERRA,
Vimos, anteriormente, que a origem do rio Amazonas está associada com o restante 1980, p. 218).
Graben: o mesmo que
de um mar interior. Esta teoria nos leva a perceber, conforme a figura 3, que no passado o fossa tectônica. (GUER-
rio Amazonas corria em sentido contrário. Volte ao texto da geologia e relembre como isso RA, 1980, p. 221).
aconteceu.
Ao se referir ao volume de águas que passam pelo sistema amazônico, Branco (1997, p.
11) destaca: “Vinte por cento das águas fluviais de todo o planeta correm pelo leito do rio
Amazonas”.
Na hidrografia da Amazônia os rios podem ser agrupados nas seguintes bacias hidro-
gráficas: Amazônica, Tocantins, parte da bacia do Paraguai e Norte-Nordeste, conforme o
mapa representado pela figura 12.

21
UAB/Unimontes - 7º Período

A bacia de maior importância quanto ao potencial e área de abran-


gência é a Bacia Amazônica. A Bacia do Tocantins, segundo alguns au-
tores, é identificada pelo nome de Tocantins/Araguaia, pois o rio Ara-
guaia é o principal afluente do Tocantins. A Bacia do Norte é formada
pelos rios do estado do Amapá e que desaguam no oceano Atlântico e
a Bacia do Nordeste compreende os rios da porção oeste do Maranhão
e do nordeste do Pará que desaguam no oceano Atlântico. A bacia do
Paraguai está representada pelo alto curso do rio Paraguai e Cuiabá
que seguem em direção ao Centro Sul.

1.4.1 A Bacia Amazônica

Considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, limita-se em


▲ território brasileiro com a Bacia do Paraguai, Bacia do Tocantins/Araguaia e com a Bacia do Norte.
Figura 12: Bacias Toda a drenagem da bacia é coletada pela calha do rio Amazonas. Para Coelho (1995), a bacia
hidrográficas da Amazônica drena cerca de 47% do território brasileiro compreendendo uma área aproximada de
Amazônia. quatro milhões de km². A navegação é facilitada considerando o relevo predominantemente fa-
Fonte: MAGNOLI, 1998, vorável, daí sua importância como via de circulação e organização do espaço amazônico.
p. 143.
Os rios que formam a bacia Amazônica possuem nascentes no hemisfério norte, hemisfé-
rio sul e na Cordilheira dos Andes. Este fato resulta no condicionamento das cheias dos rios que
dependerão do degelo dos Andes, isto é, um regime nival e das chuvas que caem nos diferentes
hemisférios. O IBGE (1977, p. 109), explica que:
Glossário
Furo: canais que esta- Cortada pelo círculo do equador em sua porção extremo-norte, a Bacia
belecem a ligação en- Amazônica sofre, portanto, a influência do regime pluvial dos dois hemis-
tre o rio principal e seu férios: no verão austral a vasta porção meridional da bacia, cerca de seis ve-
afluente mais próximo zes maior que a setentrional, recebe maior quantidade de chuva que esta
ou a um lago. última, ocorrendo o inverso no verão boreal, quando as precipitações são
Igarapé: cursos d’água mais abundantes na porção setentrional.
estreitos e de pequena
extensão.
Percebe-se assim que a existência da alternância da alimentação do volume das águas pe-
Paraná-mirim: braços
de um grande rio que las cheias garante um volume de água constante nos rios amazônicos. A complexidade da Ba-
forma ou contorna uma cia amazônica pode ser também avaliada considerando alguns elementos da drenagem, como
ilha. pode ser visto na figura 13.
Lagoa de várzea:
lagoa alimentada por
ocasião das cheias.
Ilha fluvial: ilha forma-
da pela deposição de
sedimentos fluviais, ou
seja, do rio.
Fonte: COELHO, Marcos
de Amorim. Geografia
do Brasil. São Paulo:
Moderna. 1993, p. 94.

Figura 13: Riqueza ►


hidrográfica da
Amazônia.
Fonte: MOREIRA, 2002,
p. 249.
Ao considerar os sedimentos transportados pelos rios da Bacia Amazônica, podemos iden-
tificar segundo o IBGE (1977) os rios de águas brancas, águas claras ou de águas limpas e os rios
de águas pretas. Esta classificação foi feita considerando a quantidade de matéria em suspensão
juntamente com a quantidade de húmus dando coloração escura. Comprove o fenômeno atra-
vés da figura 14.
Veja, no quadro 6, como podemos classificar e identificar os rios amazônicos conforme o
aspecto de suas águas:

22
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

QUADRO 6
Rios da Amazônia segundo coloração das águas

Exemplos Características

Rios de águas Rio Negro e rio Coloração variando entre marrom oliváceo ao marrom café.
pretas Urubu Permite enxergar 2 a 3 m de profundidade.
Nascem no Escudo das Guianas e no Escudo Brasileiro.
Águas com pouca matéria em suspensão, não possuem turbi-
dez, transparência e grande quantidade de matéria orgânica.

Rios de águas Rio Amazonas, rio Nascem na Cordilheira dos Andes, as águas são turvas amarela-
brancas Purus, rio Madeira das ou leitosas devido à ação erosiva na cordilheira.
e rio Juruá Grande quantidade de material em suspensão (argila) e presen-
ça de sais minerais.
A transparência não permite enxergar além de 50 cm de profun-
didade ou até menos.
Figura 14: Encontro das
águas do rio Solimões
Rios de águas Rio Tapajós e rio Não possuem pigmentação marrom; cor verde-olivácea e a com o rio Negro.
claras ou águas Xingu transparência pode atingir 4,5 m de profundidade. Fonte: Disponível em
limpas Elevada concentração de cálcio e magnésio. <http://descobrindooama-
zonas.webs.com/encon-
trodasguas.htm> acesso
Fonte: Adaptado a partir de BRANCO, 1997. em 16 ago. 2011

23
UAB/Unimontes - 7º Período

Para saber mais Com a intenção de facilitar a sua compreensão veja o que significa foz mista, pororoca, regi-
me nival e ilha fluviomarinha.
Por muitos quilômetros,
após se encontrarem, Estudos recentes levaram os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE a
as águas escuras do rio conferir ao rio Amazonas o título de maior rio do mundo ao descobrirem uma nova nascente que
Negro e as águas leitosas fica no Peru.
do rio Solimões percor-
rem um trecho como se BOX 1
fossem dois rios separa- O Maior Rio do Mundo
dos, paralelos e sem se
misturar. Esta situação é
definida como “Encontro Pesquisadores brasileiros determinaram a região onde fica a nascente do Amazonas; o rio
das Águas”. passa a ter cerca de 7 100 km de extensão e fica mais longo que o Mississipi-Missouri (EUA) e
Desde a nascente até a Nilo (África).
foz, as águas do rio Ama-
zonas sofrem alterações Quando se pensava que a era das grandes descobertas e conquistas do planeta estava en-
quanto à composição, cerrada, cientistas brasileiros anunciaram a localização do que seria a verdadeira nascente do rio
sendo mais rica em Amazonas – a 400 km de distância da registrada pelos livros de geografia das escolas brasileiras.
minerais próximo à O rio, que já era o maior do mundo em volume de agua, passa a ter cerca de 7 100 km de
nascente, diminuindo extensão, a maior do mundo.
em direção à foz.
Rio Solimões é o nome De acordo com os livros, a nascente do Amazonas fica na cabeceira do rio Marañon.
do rio Amazonas desde A NOVA NASCENTE
que penetra em territó- Mas para os cientistas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de São José dos
rio brasileiro até receber Campos (São Paulo), a nascente do Amazonas fica no Peru, entre os montes Mismi (5 669 m) e
as águas do rio Negro na Kcahuich (5 577 m), ao sul da cidade de Cuzco e próximo ao lago andino Titicaca.
cidade de Manaus.
A foz do rio Amazonas é O projeto Amazing Amazon (Fabuloso Amazonas), como é chamado, está sendo coorde-
do tipo mista. nado pelos pesquisadores Paulo Roberto Martini e José Wagner Garcia. Os dois pesquisam os
Na foz do rio Amazonas aspectos geológicos da Amazônia há mais de vinte anos.
ocorre o fenômeno da
Pororoca. Fonte: Adaptado a partir de MEIRELES, 1995.
A ilha de Marajó, na
foz do rio Amazonas, é
a maior ilha fluvial do
mundo. Os estudos do INPE ainda revelaram que o rio Amazonas possui um número aproximado de
7 000 afluentes. Observe no quadro a disposição de alguns afluentes em território brasileiro.
Glossário
QUADRO 7
Ilha fluviomarinha: de Alguns afluentes do rio Amazonas no Brasil
origem fluvial. Além da
ilha de Marajó na foz do
Amazonas, existem as Margem Afluentes
ilhas: Gurupá, Mexiana,
Caviana etc. (COELHO, Direita Rio Juruá, rio Purus, rio Madeira, rio Tapajós, rio Xingu etc.
1995).
Foz mista: apresenta Esquerda Rio Japurá, rio Negro, rio Trombetas, rio Jari etc.
delta e estuário. (COE-
LHO, 1995). Fonte: Adaptado a partir de COELHO, 1995.
Pororoca: fenômeno
que consiste no encon- Para uma convivência mais coerente com o movimento das águas dos rios amazônicos, os
tro das águas do rio ribeirinhos vivem em casas denominadas palafitas, como pode ser observada na figura 15.
por ocasião das cheias,
com as águas do mar
durante as marés altas.
Ocorrem estrondos e
ruídos que podem ser
ouvidos a quilômetros
de distância.
Regime nival: é quan-
do o rio é alimentado
pelas águas resultantes
do derretimento das
geleiras, no caso do rio
Amazonas e da Cordi-
lheira dos Andes. (IBGE
1977)

Figura 15: Palafitas. ►


Fonte: RAMOS, 2004, p. 61.

24
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Observe que as casas são suspensas em estacas e quando o nível das águas sobe fica junto
aos pisos das casas. Observe a escada para vencer o desnível nos períodos em que água está bai-
xa como na foto. É possível perceber que em muitos lugares da Amazônia o rio é a rua. A figura Figura 16: O rio é a rua.
Fonte: RAMOS, 2004, p. 80.
16 ilustra com clareza essa situação.

Na bacia amazônica a navegação fluvial é o principal meio de transporte, onde diversos ti-
pos de embarcações são usados. Como pode ser visto na figura 16 e o que leva alguns autores a
afirmarem que na Amazônia os rios são estradas. Atividade
Consulte um Atlas no
mapa físico da América
1.4.2 A Bacia do Tocantins/Araguaia do Sul e busque localizar
o maior rio do mundo;
a nascente atual; o lago
Titicaca; faça um percurso
Formada pelos rios Tocantins e seu principal afluente, o Araguaia, esta bacia tem no po- mental e chegue até o
oceano Atlântico na ilha
tencial energético, na navegação e no turismo, destaques em importância. É considerada, de Marajó.
segundo Coelho (1997), a maior bacia tipicamente brasileira, pelo fato de seus formadores
nascerem e morrerem em território brasileiro. A importância na geração de energia vem da
usina hidrelétrica de Tucuruí, que fornece energia para grandes projetos minerais da Amazô-
nia Ocidental, principalmente para Carajás e a Albrás. No turismo, o destaque é feito à maior
ilha fluvial do Brasil, a ilha do Bananal, localizada no rio Araguaia. Veja a localização da ilha do
Bananal, na figura 17, mapa da hidrovia Araguaia-Tocantins. Observe também a localização da
usina hidrelétrica de Tucuruí e trechos navegáveis da bacia. Porém, o projeto para a organiza-
ção desta hidrovia está paralisado, pois a sua concretização trará muitos prejuízos à fauna, à
flora, às comunidades ribeirinhas e aos grupos indígenas.

25
UAB/Unimontes - 7º Período

Figura 17: Hidrovia ►


Araguaia-Tocantins.
Fonte: SILVEIRA, 2003, p. 75.

PARA SABER MAIS


Bacia Amazônica: desde
a sua nascente, na Cordi-
lheira dos Andes, no Peru,
até a sua foz, o Amazonas
tem uma extensão de 6
992 quilômetros, supe-
rando o Nilo, segundo
as últimas pesquisas. É
também o maior rio do
planeta em vazão, com
volume variando de 120
milhões a 200 milhões de
litros de água por segun-
do e também em termos
de drenagem, com cerca
de 7 milhões de km², ou
seja, 40% do continente
sul-americano. Essa vazão
de água doce correspon-
de a 20% de todos os
rios do planeta somados.
Estima-se que por dia ele
lance no oceano Atlântico
1,3 milhões de toneladas
de sedimentos.
Fonte: INSTITUTO SOCIO-
AMBIENTAL. Almanaque
Brasil socioambiental,
2008. São Paulo: ISA, 2007,
p. 100. Adaptação.

1.4.3 Bacias do Norte e Nordeste


Glossário
Alto curso: trecho
correspondente à nas- Essas bacias na Amazônia compreendem aos rios Amapá, Oiapoque e Araguari que for-
cente de um rio. mam a Bacia do Amapá ou Bacia do Norte.
Águas emendadas: Quanto à Bacia do Nordeste, ela corresponde principalmente os rios Pindaré, Grajaú e Ca-
trata-se de águas que pim etc., localizados na porção oeste do Maranhão.
drenam áreas brejosas
das cabeceiras de rios
sobre os chapadões
campestres do Brasil 1.4.4 Bacia do Paraguai
central que estabe-
lecem ligações entre
águas de diferentes Corresponde ao alto curso dos rios formadores do rio Paraguai e do rio Cuiabá. Esta por-
bacias fluviais. (IBGE, ção limita-se com a bacia Amazônica onde se nota o fenômeno de águas emendadas.
1977, p. 108). O fenômeno de águas emendadas favorece a intercomunicação entre as bacias Amazôni-
cas e Tocantins-Araguaia com as bacias do Paraguai e Paraná.

1.5 Conversando sobre o clima


Para termos ideia do clima na Amazônia, vamos analisar a figura 18:

26
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

◄ Figura 18: Amazônia:


clima.
Fonte: ADAS, 1995, p. 176.

Identifique os tipos de climas presentes na região.


• Qual deles predomina?
• Indique o paralelo que corta a região.
• Reflita se esse paralelo interfere no clima.
Após a análise do mapa da figura 18 e das reflexões sugeridas vamos ao texto.
A Amazônia apresenta certa homogeneidade em termos climáticos, temperatura e dis-
tribuição de chuvas.
Como vocês viram na figura 18, a região apresenta uma vasta área de clima equatorial,
compreendendo a mais ou menos 90% do total da região, local onde incide a floresta equa-
torial amazônica. E nas porções sul, sudeste e leste encontramos o clima tropical.
Os fatores naturais como a topografia, a vasta rede hidrográfica, a presença da floresta
e a incidência exercida pela linha do equador dão à região um clima com características atí-
picas, considerando os demais climas presentes no Brasil.
É importante salientar que caracterizar o clima da Amazônia não é tarefa fácil, pois a nature-
za da região dificulta a instalação e a distribuição de estações meteorológicas, conforme relata o
IBGE (1977). A floresta densa aliada à vasta rede hidrográfica faz da região um lugar de distribui-
ção populacional bastante deficiente. Esse fato determina a distribuição das estações meteoroló-
gicas, o que resulta no acúmulo dessas estações ao longo do rio Amazonas e em seus principais
afluentes e na escassez ou até mesmo na total ausência em outras áreas.
Contudo por se tratar de uma região cujas características topográficas são modestas,
isto é, bastante planas, com altitudes próximas às do nível do mar, torna-se mais fácil traçar
um perfil da climatologia regional apesar da carência de informações oficiais, isto é, dados
coletados pelas estações meteorológicas.

1.5.1 Clima Equatorial


Agora vamos conhecer as características do clima equatorial.
A partir da análise da figura 18, concluímos que esse tipo climático incide na porção cen-
tro-norte da região em estudo. Ele se caracteriza por temperaturas altas, em torno de 25° a 27°
C, índices de pluviosidade que registram médias anuais as quais variam de 2 000 a 3 000 mm,
com umidade relativa do ar em 80% durante todo o ano e, ainda, pela intensa nebulosidade
que cobre o céu em torno de 5/8.

27
UAB/Unimontes - 7º Período

Vamos retornar à disciplina Climatologia que você estudou no 2º período.


Lembre-se, conforme Santos, Castro e Mota (2009): esse tipo climático sofre influência da
ação das massas de ar equatorial continental e equatorial atlântica, de ar quente e geralmente
úmido.
Na área de abrangência do clima equatorial as chuvas são abundantes, conforme já foi
dito anteriormente, de precipitações de 2000 a 3000 mm anuais. Porém, como se trata de uma
região cortada pelo equador, as chuvas são distribuídas de forma irregular, conforme pode-
mos ver nos climogramas apresentados a seguir:

Figura 19: Climograma ►


da cidade de Manaus
(AM).
Fonte: MAGNOLI, 2001,
p. 74.

Figura 20: Climograma ►


da cidade de Belém.
Fonte: MOREIRA, 2002,
p. 251.

Figura 21: Climograma


da cidade de Porto
Velho.
Fonte: MOREIRA, 2002,
p. 251

Atividade
Faça uma análise
cuidadosa do climogra-
ma representado pela
figura 21, da variação
da temperatura e da Em Manaus, no estado do Amazonas, é possível perceber que os meses de fevereiro, março
pluviosidade em Porto e abril são os mais chuvosos do ano, enquanto os meses de maio a setembro são os mais secos.
Velho, no estado de Já em Belém do Pará notamos que as chuvas são distribuídas de forma uniforme. Volte à figura
Rondônia, registre os
meses mais chuvosos
19 e verifique que em Belém os meses de janeiro a abril continuam sendo os mais chuvosos, po-
e os menos chuvosos e rém, de maio a setembro, a pluviosidade registrou aumento.
compare também a va- Para melhor entender o clima da Amazônia, analise as figuras 19 e 20.
riação da temperatura. Observe a figura 22 e imagine uma Rosa dos Ventos na porção central e registre a distribui-
ção das chuvas na Amazônia brasileira conforme os pontos cardeais e colaterais.

28
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia


A porção meridional da Amazônia, área que compreende do estado do Acre ao sul do esta- Figura 22: Regimes de
do do Pará, é invadida por anticiclones de origem polar que provocam na região quedas bruscas chuvas na Amazônia
de temperatura denominadas de friagem, (verifique a figura 23). O IBGE (1977) assim as caracte- internacional.
riza: as friagens se caracterizam por umidade especifica e relativa, com chuvas frontais intercala- Fonte: MAGNOLI, 2001,
das por tempo estável e sucedidas por expressiva queda de temperatura. p. 75.

1.5.1.1 Entendendo a friagem... Atividade


Agora voltemos às
O anticiclone que produz a friagem se caracteriza por movimentos lentos, pois as regiões de figuras 19, 20 e 21. O
baixas latitudes produzem pouca energia e isto interfere nas movimentações das massas de ar. que você observou em
Ainda devemos acrescentar que tal fato provoca a elevação da pressão atmosférica, no caso da relação à temperatura?
Elas são superiores a
Amazônia e ela chega a níveis bem elevados, considerando as médias da região. Deste conjunto
25° C. Significa que
de fenômenos, surgem as chuvas frontais, seguidas de chuviscos e nevoeiros. O céu permane- na região não existem
ce encoberto por causa da frente fria, o que favorece a permanência da umidade relativa do ar baixas temperaturas?
em taxas bastante elevadas, na região em questão, em torno de 97%. Posteriormente, quando a
frente fria avança em direção ao norte ou nordeste, é que ocorre a friagem.
A figura 23 mostra o deslocamento da Massa Polar até a Amazônia.

29
UAB/Unimontes - 7º Período

Figura 23: Trajetórias ►


das massas de ar polar
no Brasil.
Fonte: MOREIRA, 2002,
p. 250.

A friagem é um fenômeno de curta duração, ela dura em torno de quatro dias, pois a destrui-
ção do anticiclone e o enfraquecimento da nebulosidade favorecem o aquecimento do sol e a fria-
gem se dissipa.
Lembrem-se de que as frentes frias são comuns no inverno, mas a friagem não ocorre com a
mesma frequência. Nimer (1989) relata que o estado do Acre, 9° de latitude sul, está mais sujeito à
ação das friagens, em especial nos meses de maio, junho e julho, época que coincide com o outono
e o inverno no hemisfério sul.
Verifique a figura 24.

Figura 24: Temperatura ►


máxima absoluta do
ano.
Fonte: NIMER. IBGE, 1989,
p. 371.

30
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

1.5.2 Clima tropical

Agora vamos recordar alguns dados sobre o clima tropical. Para isso, volte à figura 18 do
mapa do clima da Amazônia e verifique qual é área de incidência do clima tropical. Por quais
estados ele passa?
Após a análise do mapa, você concluiu que o clima tropical na Amazônia incide na porção
centro-oeste do Mato Grosso, na pequena porção a sudeste do Pará, em todo o estado de To-
cantins e ainda na parte do Maranhão que compõe a Amazônia. Atividade
Daí poder-se afirmar que a área de domínio tropical amazônica é uma estreita faixa ao sul Como são distribuídas
e a leste da região. as chuvas na região?
Recordando a disciplina Climatologia estudada no 2º período, a área de domínio tropical e Para saber, volte aos
predominante no Brasil se caracteriza por altas temperaturas e duas estações bem marcadas: um climogramas represen-
tados pelas figuras 19,
inverno seco e um verão chuvoso. Sobre o assunto Santos, Castro e Mota (2009, p. 246) dizem:
20 e 21. Observe-as de-
talhadamente e reflita
Caracteriza por temperatura elevada (de 18° a 28° C), com amplitude térmica sobre o assunto.
(de 5° a 7° C) e estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca. A estação de Compare a temperatu-
chuva é o verão, quando a massa continental está sobre a região. No inverno, ra e a distribuição das
com o deslocamento dessa massa e a ação da massa tropical continental, dimi- chuvas.
nui a umidade e, então, ocorre a estação seca. Anote as suas conclu-
sões.
Trata-se de uma região onde o índice de pluviosidade gira em torno de 1500 mm anuais. A
pluviosidade é determinada pela localização da zona intertropical, que está próxima à Linha do
Equador, garantindo à região o predomínio dos climas quentes e úmidos.

1.5.3 As chuvas e sua distribuição

Os dados apontam para certa homogeneidade em relação às temperaturas, mas, tratando-


-se da distribuição das chuvas, o fato não se repete.
Agora, vamos analisar a figura 25 que mostra a distribuição de chuvas na região.

◄ Figura 25: Distribuição


anual de chuvas.
Fonte: NIMER; IBGE, 1989,
p. 381.

Na porção norte de Roraima, observamos que ocorre uma concentração de chuvas em maio,
junho e julho. Já um pouco mais abaixo, no noroeste do Amazonas e do Pará e sul de Roraima, os
meses chuvosos são abril, maio e junho. Mais ao centro e no noroeste do Amazonas em todo o es-
tado do Amapá, atingindo inclusive parte da ilha de Marajó, as pluviosidades ocorrem em fevereiro,

31
UAB/Unimontes - 7º Período

março e abril. Em direção ao sul, atingindo a porção meridional dos estados do Amazonas e do Pará,
centro leste de Rondônia e norte de Mato Grosso e Tocantins, os meses mais chuvosos são janeiro,
fevereiro e março e, por fim, compreendendo uma pequena porção a sudoeste do Amazonas, cen-
tro oeste de Rondônia e todo o estado do Acre, as chuvas ocorrem em dezembro, janeiro e fevereiro.
A figura 25 nos mostra que as chuvas ocorrem de dezembro a julho, ou seja, durante o verão,
outono e inverno, sendo então, parte do inverno e primavera reservada às secas.
Lembre-se de que as chuvas são distribuídas em períodos diferentes.
Outro ponto a ser considerado é o fato da região ser cortada pela linha do equador, ficando su-
jeita às diferenciações entre o inverno e verão nos hemisférios norte ou sul.

BOX 2
INFERNO NA SELVA
Está faltando água no Acre, em pleno coração da maior bacia hidrográfica do mundo.
Na região que guarda 20% de toda a água doce do planeta está ocorrendo um dos fenôme-
nos climáticos mais severos já registrados desde quando se iniciou o monitoramento meteoroló-
gico no Acre. Nas últimas quatro décadas, os acreanos jamais enfrentaram seca tão intensa. Antes
disso, havia pouca gente para testemunhar, sentir ou ajudar a piorar os efeitos de uma estiagem
tão grave. A população da capital multiplicou-se por cinco nesse período. Já são quatro meses pra-
ticamente sem chuva. Em agosto, o índice pluviométrico ficou próximo de zero. Em anos de cli-
ma normal, a média é de 40 litros por metro quadrado. No mês passado também choveu muito
menos que o esperado. O rio Acre, o principal curso de água e fonte de abastecimento para os
255.000 habitantes de Rio Branco, está mais de 12 metros abaixo de seu nível regular. Com 1,6 me-
tros de profundidade, praticamente desapareceu. A navegação parou. O racionamento de água já
dura três meses. Poços artesianos também estão secando. Os mais pobres, moradores da periferia,
estão cavando cacimbas na floresta e caminhando até trinta minutos com baldes de água barren-
ta nas mãos.
Ao drama da falta de água se sobrepõe a fumaça. As florestas, esturricadas pelo sol, têm in-
cêndios diários, que levaram o estado a apresentar níveis de poluição três vezes maiores do que
o tolerado pelas organizações internacionais. Nos últimos quatro meses registraram-se mais quei-
madas do que durante todo o ano passado. Estudantes vão à escola usando máscara para não res-
pirar fuligem. O ar seco e a água contaminada favorecem a disseminação de vírus. Onze crianças
com menos de cinco anos morreram. A visibilidade chega a ser inferior a 300 metros, o aeroporto
fecha com frequência e o sol pode ser olhado de frente, obstruído por uma cortina cinzenta.
Fora das cidades, sofrem os fazendeiros e os seringueiros. Em Xapuri, o fogo torrou um terço
da Reserva Extrativista Chico Mendes. Centenas de seringueiras morreram ou deixarão de produ-
zir látex, enfraquecidas pelas chamas. Perto da capital, o pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle
lutou por dez dias contra o fogo de uma queimada originada por um caboclo que preparava car-
vão a quilômetros de sua propriedade. “Foi um pesadelo”, lembra Valle, que perdeu 4000 metros
de cerca, madeira de lei de sua propriedade privada e mais de 500 hectares de pasto. “Muitos te-
rão prejuízos”, afirma o presidente da Federação da Agricultura do Estado, Assuero Veronez. Plan-
tações inteiras de pupunha, café e banana foram arrasadas. Veronez prevê uma queda na produ-
ção estadual de carne de até 10% e aumento na inadimplência dos agricultores nos bancos.
Análises de um grupo de cientistas coordenados pelo cubano Alejandro Fonseca Duarte, pro-
fessor do departamento de ciências da natureza da Universidade Federal do Acre, mostram que as
secas e as queimadas formam um ciclo vicioso. Folhas secas e baixa umidade aumentam a infla-
mabilidade das florestas. Quando elas queimam, as micropartículas de fuligem emitidas no incên-
dio interferem na composição das nuvens e pioram as condições para a formação de chuvas. Esse
processo impede as gotas de alcançar o peso necessário para cair. A umidade acaba transporta-
da pelo vento para outros lugares. Em resumo, quanto mais fumaça, menos chuva, quanto menos
chuva, mais fumaça. “Se esse ciclo não fosse interrompido pelas frentes frias que vêm do país, o
Acre se transformaria em um deserto”, diz Fonseca Duarte.
As chuvas devem reaparecer neste mês, mas podem atrasar, na avaliação do climatologista
José Antônio Marengo, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacio-
nal de Pesquisas Espaciais. Marengo não vê relação entre o fenômeno acreano e as mudanças cli-
máticas globais. Por enquanto. “A seca é um evento natural cíclico, que pode ser ampliado pela
presença do homem na região”, explica. “Não é provável que se torne uma situação regular. ” Na
segunda-feira passada, uma massa de ar frio originada da Argentina chegou ao Acre. A friagem,
como são chamadas as frentes, provocou chuva por algumas horas. A precipitação serviu para au-
mentar a umidade, apagar muitas queimadas, mas não melhorou a falta de água. A chuva só au-
mentou em 2 centímetros o nível do rio.
32 Fonte: COUTINHO, Leonardo. Revista Veja, São Paulo: Editora Abril. Edição 1925. p. 96-97, 05 out. 2005.
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

1.5.4 Mitos sobre o clima da Amazônia

• Semelhança entre o clima da Amazônia e o da Guiné, na bacia de Congo. Tal semelhança não
procede, porque na Amazônia somente nas proximidades do Equador é que as precipitações
ocorrem em dois máximos equinociais; isto significa que na Guiné, não há uma estação seca, en-
quanto na Amazônia há em média três meses secos;
• Outro ponto controverso em relação ao clima da Amazônia é que em sua área de incidência as
temperaturas são constantemente altas, sem variações, o que não é verdade, pois a região é fre-
quentemente atingida pelas frentes frias de origem polar causadoras das friagens que ocorrem
na porção sul da Amazônia;
• Alguns consideram o clima da Amazônia impróprio para instalação de uma civilização progres-
sista pelo fato de ele ser quente e úmido, o que o torna insalubre. Mas ao comparar climas de
outras regiões como da Ásia, Oceania e América do Norte, igualmente quentes e úmidas, com
suas civilizações altamente prósperas, tal afirmativa cai por terra.

A Amazônia pode ser considerada como uma área de maior unidade climática; tal fato se justi-
fica na regularidade da temperatura. Já quando se trata da distribuição das chuvas, observamos cer-
ta irregularidade. Porém o clima continua sendo pouco conhecido, mas é, sem sombra de dúvida, a
maior extensão de clima quente e úmido do Brasil e ainda possui alguns pontos polêmicos que mere-
cem ser estudados com cuidado.

BOX 3
AMAZÔNIA – CONSEQUÊNCIAS DO DESMATAMENTO SOBRE O CLIMA

De maneira geral, o desmatamento modificará o tempo de permanência da agua na ba-


cia, por diminuir a permeabilidade do solo e, consequentemente, o seu armazenamento em re-
servatórios subterrâneos. A redução do período de trânsito das aguas determinará inundações
mais intensas durante os períodos chuvosos, enquanto a diminuição dos reservatórios subterrâ-
neos reduzirá a vazão dos rios nos períodos secos...
Como foi evidenciado anteriormente, 50% da precipitação da região amazônica é prove-
niente da evapotranspiração da floresta. Através deste processo, a floresta aumenta o tempo
de permanência da água no sistema, devolvendo para a atmosfera na forma de vapor parte da
água presente no solo. Uma outra cobertura, cuja evapotranspiração não substitua a inicial da
região, determinará uma menor disponibilidade de vapor na atmosfera e em consequência uma
redução na precipitação, especialmente nos períodos mais secos. Deve-se esperar, pois, que no
caso de substituição de florestas por pastagens, ou culturas anuais em grande extensão na ba-
cia amazônica, o clima sofra uma modificação no sentido de ter um período seco prolongado...
É importante salientar-se que uma redução da precipitação de 10 a 20% já será suficiente
para induzir profundas modificações no atual ecossistema. Haverá modificações sucessivas na
flora e na fauna até ser atingido um novo equilíbrio ecológico...
A região amazônica é também uma fonte de vapor de água para as regiões circunvizinhas.
Existem evidências de que há um fluxo de vapor do norte para o sul durante o ano todo, e é
provável que uma parte do vapor de água que origina as chuvas da região central da América
do Sul seja proveniente da bacia amazônica. Espera-se, pois, que haja modificações no ciclo da
água ou no total da água disponível na bacia Platina e mesmo no Planalto Central brasileiro. Por
essa razão é necessário salientar-se que o potencial hidrelétrico estimado para o Brasil poderá
ficar alterado...
É conveniente lembrar que o desmatamento não virá sozinho. Como complementos, ter-
-se-á a poluição do solo, das águas e do ar, como a História já comprovou em outras regiões do
mundo e de maneira particular nos estados de São Paulo e Paraná. Na bacia do rio Paraná, es-
pecialmente num dos principais afluentes, o Piracicaba, vários peixes existiam em abundância...
Hoje, apenas 20 anos depois, esse rio não passa de um esgoto a céu aberto... Não se quer ser
pessimista. No entanto, vale lembrar que as florestas do estado do Paraná, incluindo a de arau-
cária, foram eliminadas em apenas 30 anos. As técnicas de desmatamento foram aperfeiçoadas
(tratores maiores, motosserras etc.), enquanto as técnicas de reflorestamento e as leis pertinen-
tes continuam as mesmas.

Fonte: SALATI, Eneas. O clima atual depende da floresta: excertos. In: SALATI, Enéas. et al. Amazônia: desenvolvimento,
integração, ecologia. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 31-33.

33
UAB/Unimontes - 7º Período

1.6 Conhecendo a vegetação


A vegetação do complexo amazônico apresenta-se bastante variada. Dentre as formações
vegetais, encontramos:
• florestas;
• campestres;
• complexos.
As florestas são representadas pela Floresta Equatorial Amazônica que cobre a maior parte
do território e nela encontramos a mata de terra firme que se localiza nas porções mais altas do
terreno. Ela é densa e possui várias espécies. Nos terraços, que são as partes onde o relevo é mais
modesto, ficam as Matas de Várzea – é importante lembrar que nesta parte a floresta fica par-
cialmente inundada no período das cheias – enquanto nos locais mais baixos ficam as Matas de
Igapó, que são plantas adaptadas à intensa umidade.
Identifique as características das formações vegetais apresentadas nas figuras 26, 27 e 28
mostradas a seguir:

▲ ▲ ▲
Figura 26: Mata de Terra Firme. Figura 27: Mata de Várzea. Figura 28: Mata de Igapó.
Fonte: MAGNOLI; SCALZARETTO, 1998, p. 142. Fonte: MAGNOLI; SCALZARETTO, 1998, p. 142. Fonte: MAGNOLI; SCALZARETTO; 1998, p. 142.

A vegetação campestre são os campos e o cerrado, sendo os campos encontrados nas áre-
as mais elevadas e compostos de gramíneas, capins e campos alagados. O cerrado está presente
em forma de manchas esparsas predominantemente no sul, sudeste e leste da região.
Os complexos nesta região são as formações litorâneas, que apesar da pequena área de in-
cidência, são importantes na região.
Agora que você já foi apresentado ao quadro vegetal da Amazônia, analise cuidadosamente
Atividade a figura 29 com o mapa da vegetação da Amazônia e faça a atividade proposta.
Quais são as formações
vegetais apresentadas
no mapa?
Qual é a predominan-
te?
Identifique o tipo de
vegetação presente
em cada estado da
Amazônia.
◄ Figura 29: Paisagens
vegetais.
Fonte: MAGNOLI; SCALZA-
RETTO, 1998, p. 141.

34
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

1.6.1 Detalhando a vegetação

Como você já sabe, na Amazônia é predominante a floresta latifoliada perene, também


conhecida como hileia amazônica. Esta imensa área florestal transpõe os limites brasileiros.
Você sabia que, além do Brasil, a Floresta Amazônica avança para oito países da Amé-
rica do Sul? São eles a Guiana Francesa, o Suriname, a Guiana, a Venezuela, a Colômbia, o
Peru, o Equador e a Bolívia. É por este motivo que existe a Amazônia brasileira e a Amazônia
internacional.
Veja o mapa da figura 30.

◄ Figura 30: Distribuição


da floresta amazônica
na América do Sul.
Fonte: ADAS, 1995, p. 177.

Ao ser vista por cima, a floresta dá ideia de imenso tapete verde, isto porque as condições
naturais da região e o clima quente e úmido favorecem esta aparência.
Na região, que é aparentemente homogênea, iremos encontrar características diferenciadas
no clima e no relevo que vai resultar em tipos vegetais diversificados. É o que veremos a seguir.

1.6.2 Floresta perenifólia higrofila hileiana amazônica – Mata de Terra


Firme Glossário
Lianas: são plantas
trepadeiras.
Está presente nas áreas constituídas por rochas do complexo cristalino amazônico. Este con-
junto rochoso é encontrado ao sul, no planalto brasileiro e ao norte, no planalto das Guianas, nas
partes mais altas.
Na Mata de Terra Firme encontramos grande diversidade de espécies com a madeira dura,
ou seja, mais resistente. As árvores são altas, as de grande porte podem chegar a 80 metros de
altura e as copas atingem de 15 a 20 metros de diâmetro. Elas são tão compactas que as copas se
entrelaçam e isso não permite a entrada da luz e do calor do sol, fazendo com que no local onde
ela existe as plantas rasteiras sejam ausentes. A falta de luz solar também favorece o surgimento
dos cipós e das lianas.

35
UAB/Unimontes - 7º Período

Para saber mais Na verdade, as lianas e os cipós encontrados na Mata de Terra Firme adotaram este hábito
como estratégia de sobrevivência por causa da falta de luz e calor do sol.
É de domínio público
que essa peculiaridade
Outra particularidade desta mata é que as raízes das árvores são curtas.
já causou e ainda causa Curtas? Como isso é possível?
acidentes, pois algu- A função das raízes, além de sustentar a planta é também de buscar no solo a água e os sais
mas árvores chegam a minerais necessários à sua sobrevivência. Como na Amazônia estes nutrientes são encontrados
ficar totalmente des- numa camada fina e superficial do solo, de 20 a 30 cm, as raízes não precisam aprofundar no solo
prendidas do solo e são
sustentadas por outras
para procurá-los.
que estão à sua volta São espécies típicas da Mata de Terra Firme as castanheiras, as cerejeiras, o cedro, o mogno ,
e se, de alguma forma, a sumaúma, o caucho, a quina, o guaraná, a salsa parrilha, o pau rosa, o jacarandá branco, o tam-
perderem este apoio, boril, a palmeira trepadeira, o cipó de japenga e muitas outras espécies, dentre elas merecem
caem, ferindo e até ma- destaque: a castanheira do Pará, Bertholletia excelsa, que produz uma amêndoa de grande valor
tando quem está por
perto. Isso aconteceu
comercial; o cupuaçu, Theobroma grandiflorum, seus frutos são comestíveis e usados tradicional-
diversas vezes durante mente para sucos, sorvetes, geleias e outras iguarias muito apreciadas no lugar; o guaraná, Paulli-
a construção da rodo- nia cupana, que possui propriedades estimulantes, e é usada para aumentar a resistência nos es-
via Transamazônica. forços mentais e musculares e também na fabricação de barras, pós e refrigerantes; o cacaueiro,
Theobroma cacao, fruto apreciado in natura na fabricação de chocolates sucos, sorvetes e outras
iguarias, madeira sem valor comercial utilizada como lenha pelos moradores locais; o mogno,
Swietenia macrophylla, usada na confecção de móveis de luxo; a maçaranduba, Manilkara huberi,
que possui madeira de valor comercial e seus frutos são muito apreciados, inclusive pelos pássa-
ros. É uma espécie das áreas com até 700 metros de altitude.
A distribuição das chuvas na região é que regula o período de floração e frutificação das ar-
vores, mas em toda a área recoberta pela floresta no período chuvoso, os frutos são abundantes.
A Hileiana amazônica contorna o território formando um semicírculo nas porções meridionais.
Dica
Entenda melhor a Mata
de Várzea com o docu- 1.6.2.1 Floresta perenifólia paludosa ribeirinha periodicamente
mentário “A Floresta
Amazônica”, que estará inundada – Mata de Várzea
disponível no Polo.

A Mata de Várzea estende-se ao longo dos grandes rios, o que lhe dá uma característica
diferenciada. Ela é inundada no período das cheias na região e apresenta menor variedade de
espécies do que a Mata de Terra Firme. Por causa da abundante oferta de água suas folhas são
Para saber mais perenes e verdes, as árvores possuem um porte menor, não ultrapassando os 25 metros de altu-
Bioma Amazônia: cor- ra, seus troncos são retos e esgalhados apenas no estrato superior e as copas atingem em torno
responde ao conjunto de 60 centímetros de diâmetro. Na Mata de Várzea encontramos a seringueira, Hevea brasiliensis,
de ecossistemas que
forma a bacia ama-
sua maior utilidade é para produção látex, sua madeira é macia, portanto útil na confecção de
zônica. Está presente taboas para caixas e caixotes, o açaizeiro, Euterpe oleracea, dele é utilizada a fruta para produção
em nove países da de sucos, geleias e sorvetes e do caule extrai-se o palmito.
América do Sul. Além Por causa deste processo de inundação periódica seus solos são mais ricos em sedimentos
das florestas tropicais, do que os solos da Mata de Terra Firme, porém essa frequente inundação também é prejudicial à
sua paisagem tam-
bém é composta por
vida dos ribeirinhos.
mangues, cerrados,
várzeas, entre outros.
No Brasil, o núcleo cen-
tral dessa paisagem, a
1.6.2.2 Floresta perenifólia ribeirinha permanentemente inundada –
hileia amazônica, com Mata de Igapó
grande concentração
de árvores de grande
porte, com até 50 Esse tipo de mata constitui a vegetação típica da região, é representada pelas espécies
metros de altura, tendo
aquáticas, seus solos são pobres e constantemente atingidos pela erosão e nela encontramos,
o rio Amazonas como
eixo que domina 300 junto ao solo, uma cobertura herbácea.
quilômetros para cada Ela está presente na porção noroeste do território, no baixo médio rio Negro e alguns de
lado do seu curso, ocu- seus afluentes. Rios de águas pretas, como você já sabe, apresentam escassez de sedimentos.
pa 3,5 milhões de km². De suas espécies, a mais conhecida é a Vitória Régia, seguida da sucupira preta, sucupira de
Fonte: INSTITUTO
igapó, cipó de tucunaré, cedro rana de igapó e várias outras.
SOCIOAMBIENTAL.
Almanaque Brasil
socioambiental, 2008.
São Paulo: ISA, 2007, p.
100. Adaptação.

36
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

1.6.3 Cerrado

O Cerrado aparece na Amazônia em forma de manchas nos estados de Mato Grosso e To-
cantins na porção sul e em menor incidência em Roraima, Amapá e Pará. Sua presença na região
pode ser associada às condições climáticas e topográficas.
Observe na figura 29 do mapa e compare-o com a figura 18, do clima.
O que você descobriu?
Ah! Que a área de maior incidência do Cerrado é a de domínio do clima tropical. O que con-
firma as características do Cerrado como vegetação típica das áreas tropicais.
Tente lembrar-se do conteúdo estudado na Geografia do Nordeste e Centro Sul.
O Cerrado é o 2º maior bioma do Brasil e cobre em torno de 24% do território nacional. Dono
de uma expressiva variedade de espécies vegetais e animais, caracteriza-se por árvores e arbus-
tos esparsos entremeado por gramíneas e capins. Nele encontramos espécies frutíferas, merecen-
do destaque o pequi, Caryocar brasilienses, a mangabeira, trancornia speciosa, o jatobá, Hymena-
ea coriácea, a gagaita, Eugenia dysenterica, o baru, Dipteryx alata, o araticum, Annona crassiflora,
o buriti, Mauritia flexuosa, a guariroba, Syagrus oleracea, o araçá, Psidium cattleianum, o jenipapo,
Genipa americana, o bacupari, Rheedia gardneriana; medicinais: copaíba, Copaifera Officinalis Lineu
, barbatimão, Stryphnodendro Barbatimão, Martius, pé de perdiz, Croton Perdicipes, Saint-Hilaire,
sucupira preta, Bowdichia virgilioides, Umbauba, Cecropia Peltata, Vellozo, sucupira branca, ... e ain-
da de valor econômico como a aroeira, a gameleira, Ficus insipida, o angico branco, Albizia polyce-
phala, a andiroba, Caraba guianensis Aubl e muitas outras que poderiam ser aqui citadas, mas por
não serem de vegetação predominante, nos preocupamos em citar apenas as mais conhecidas.

1.6.4 Campos

A sua área de ocorrência é a porção nordeste do estado de Roraima. A vegetação cam-


pestre se caracteriza por formações herbáceas compostas de gramíneas e capins, com árvo-
res e arbustos esparsados. É comum na região a vegetação aberta receber nome regional, no
caso dos Campos, são conhecidos também como Campos Firmes, isto porque eles ocupam
áreas de altitudes altas como o Monte Roraima, não sendo sujeitos a inundações.

1.6.5 Vegetação litorânea


Glossário
Este tipo de vegetação cobre o pequeno litoral da região, especificamente nos estados do Ofídios: os ofídios,
Maranhão, do Pará e do Amapá. conhecidos também
É constituída, conforme o IBGE (1997), de plantas que sofrem a ação direta das marés. São as como cobras ou
serpentes, são animais
herbáceas e arbustivas, pois as condições naturais do lugar, água salgada e areia, aliadas à ação vertebrados e ao lado
das ondas, dificultam a propagação das espécies. dos lagartos, jacarés e
São comuns no litoral o capim de areia, o capim da praia ou paraturá, a campainha branca, tartarugas compõem o
a salsa da praia, entre outras. grupo dos répteis.
A Amazônia apresenta um quadro vegetal ao lado de certa homogeneidade que se justifica Felídeos: os felídeos
ou felinos constituem
com a presença da grande floresta equatorial amazônica com seus três estratos, que dominam a uma família de animais
maior porcentagem do território, tendo como complemento, não menos importante, o cerrado, mamíferos carnívoros
os campos e a vegetação litorânea. como a onça, a puma, a
pantera, o gato domés-
tico e outros.
Cetáceos: referem-se
1.6.6 A Fauna ao reino dos mamíferos
aquáticos; na Amazônia
trata-se dos botos.
A presença de vários reinos animais na Amazônia sempre foi muito divulgada, mas pela na-
tureza da floresta, conforme Branco (1997), é preciso muita capacidade de observação, paciência
e até certa prática para avistá-los entre os galhos das árvores. A lenda dos pássaros fantasmas
tem sua origem neste fato.
Compõe a fauna amazônica uma grande variedade de aves, pássaros, insetos, anfíbios, ofí-
dios, felídeos, répteis, cetáceos, primatas e grande variedade de peixes.

37
UAB/Unimontes - 7º Período

Para saber mais BOX 4


EXTRATIVISMOS VEGETAL E ANIMAL
Acredita-se que a
bacia amazônica possui
maior variedade de O extrativismo vegetal foi a atividade responsável pelo povoamento da Amazônia orien-
peixes que todos os tal, durante o ciclo da borracha. Atualmente, ele continua a existir, através da extração do lá-
rios da Europa juntos.
A fauna da Amazônia
tex, da castanha do Pará e também do guaraná.
é frequentemente O guaraná, planta amazônica rica em cafeína, é explorado no Acre e no Amazonas. Em-
agredida por caçadores bora seu uso seja muito antigo, ele só passou a ter valor comercial após 1960. O fruto, de cor
inconsequentes. avermelhada, contém uma ou duas sementes, que são torradas e moídas, formando uma pas-
As onças, os jacarés, as ta cinza, que é moldada em bastões, defumada e seca, tornando-se duríssima. Assim é trans-
lontras e as ariranhas
são muito perseguidos
portada até as indústrias, onde é transformada em pó, usado na fabricação de remédios e re-
por causa do alto valor frigerantes.
de suas peles. Uma das mais antigas atividades da Amazônia é o extrativismo animal. Ele continua mui-
to comum na região, embora venha sendo combatido e controlado pelo governo, na tentati-
va de preservar diversas espécies regionais ameaçadas de extinção.
A pesca nas cidades da Amazônia é importante fonte de renda e também um meio de
subsistência da população pobre. Um dos peixes mais procurados é o pirarucu, que chega a
ter quase dois metros de comprimento e pode pesar até 100 quilos. Já o peixe-boi, apesar do
nome, é um mamífero. Ele pode alcançar quatro metros de comprimento e pesar mais de 600
quilos. Esse animal, que quase foi extinto, tem sido criado em lagos de hidroelétricas, onde se
alimenta da vegetação aquática flutuante, prejudicial às turbinas das usinas. Os ovos e a carne
do tracajá, ou tartarugas da amazônia, são muito apreciados na Amazônia. Trata-se de outra
espécie ameaçada de extinção.

Fonte: MAGNOLI, Demétrio; SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia: espaço, cultura e cidadania: ensino fundamental. 1. ed.
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39
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

UNIDADE 2
Questões amazônicas

2.1 Introdução
Diante da complexidade e da abrangência da ementa, resolvemos colocar como título na
Unidade 2 “Questões Amazônicas” mesmo sabendo que não era nossa pretensão tratar de todas
as questões que envolvem esta região tão especial para o Brasil e para o mundo. Na Unidade
1, buscamos evidenciar o ambiente físico, porém sabemos que o homem modifica o ambiente
físico pelas atividades desenvolvidas tornando-o o mais produtivo mesmo sabendo que ao fazer
isso com maior ou menor intensidade deixa marcas muitas vezes catastróficas no ambiente.
Não estamos falando de qualquer ambiente físico, mas da Amazônia e buscamos em Becker
(1995, p.57) uma forma de caracterizar essa região:

Um dos últimos grandes e ricos espaços pouco povoados do planeta, a Ama-


zônia representa imensa disponibilidade de recursos que se tornam escassos:
terras, águas, minérios e florestas. Essa imensa e conflitiva região revela a es-
trutura transicional do Estado brasileiro e da ordem mundial.

O conteúdo desta unidade está organizado em cinco tópicos, a saber:

UNIDADE 2- QUESTÕES AMAZÔNICAS


2.1 PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO
2.2 APRESENTANDO PROJETOS E IMPACTOS AMBIENTAIS
2.3 MOVIMENTOS POPULACIONAIS NA AMAZÔNIA
2.4 ESPAÇO URBANO INDUSTRIAL
2.5 INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

Como objetivos específicos, propomos:


• Identificar o Estado como principal gestor da organização do espaço amazônico, bem como
ações de outros atores.
• Discutir questões ambientais e estratégicas na Amazônia.
• Caracterizar o espaço urbano industrial da Amazônia e implicações deste processo.
• Debater sobre a situação dos povos das florestas desde as questões ligadas à manutenção
de costumes, problemas de demarcação de terras e doenças específicas com destaque para
a malária.
• Perceber o olhar de outros países sobre a Amazônia.
• Fazer leitura de mapas, quadro, tabelas, ilustrações e outros recursos de apoio para me-
lhor compreensão do conteúdo apresentado bem como dominar conceitos trabalhados nos
glossários.
Concluindo, esperamos que você se esforce o máximo para aproveitar todos os recursos
que usamos para compor este caderno didático e assim obter uma aprendizagem eficaz sobre
a Amazônia dentro dos aspectos que priorizamos nesta disciplina.Vale ressaltar que conforme
Becker(1995,p.58),

Vista a partir do cosmos, a Amazônia sul-americana corresponde a 1/20 da su-


perfície terrestre, 2/5 da América do Sul e 3/5 do Brasil; contém 1/5 da disponi-
bilidade mundial de água doce e 1/3 das florestas latifoliadas, mas somente 3,5
milésimo da população mundial. E 63,4%da Amazônia sul-americana estão sob
a soberania do Brasil.

41
UAB/Unimontes - 7º Período

2.2 Produção do território


A paisagem singular representada pela união entre a floresta e a bacia hidrográfica desper-
tou a cobiça dos colonizadores portugueses e espanhóis no primeiro momento. Mais tarde tam-
bém entraram na disputa pela soberania no lugar: franceses, ingleses e holandeses conforme
pode ser comprovado com a leitura do mapa representado pela figura 31.
No período que compreende esta disputa, os colonizadores em questão percorreram o ter-
ritório fundando feitorias, capturando índios para trabalho escravo e ainda procurando produtos
exóticos como: madeira, aves, plumas, cascos de tartaruga, canela, cravo, salsa parrilha, cacau e
baunilha. Nesta disputa, os portugueses foram beneficiados, isto porque dinamizaram o comér-
cio ao longo do rio Amazonas. Assim lhes foi garantida a soberania na região por meio do Trata-
do de Madri.
Compreenda melhor o Tratado de Madri com a leitura do box 5, apresentado a seguir.

BOX 5
TRATADO DE MADRI
Glossário
Légua: medida de Pelo Tratado de Madri, em 1750, a Amazônia passa a ser de Portugal.
distância utilizada na Você já deve saber que, em 1494, Portugal e Espanha fizeram entre si um acordo ou trata-
época; no Brasil vale, do, conhecido pelo nome de Tratado de Tordesilhas. Por esse tratado foi fixado um meridiano
aproximadamente, imaginário, distante 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde (ilhas próximas à África, situ-
6600m, ou seja, um
pouco mais de 6 km. adas no oceano Atlântico – localize-as no mapa múndi). Esse meridiano, chamado de Meri-
diano de Tordesilhas, estendia-se do lugar que é hoje a cidade de Belém, capital do Pará, ao
norte, até o lugar onde é hoje ocupado pela cidade de Laguna, em Santa Catarina, ao sul. Pelo
Tratado de Tordesilhas, todas as terras situadas a leste desse meridiano pertenceriam a Portu-
gal; as situadas a oeste seriam da Espanha. O Meridiano de Tordesilhas nunca foi demarcado,
ou seja, nunca foram colocados ou fincados no solo da América ou do Brasil marcos para mos-
trar onde esse meridiano passava.
Apesar de o Tratado de Tordesilhas separar as terras pertencentes à Espanha e a Portugal,
os portugueses nunca o respeitaram. Ultrapassaram a linha de Tordesilhas e ocuparam as ter-
ras que hoje formam Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e a Amazônia. Aí fundaram vilas,
fortes e começaram a explorar os recursos naturais. Somente em 1750 a questão foi resolvida,
com o Tratado de Madri. O negociador português de nome Alexandre de Gusmão, nascido no
Brasil, utilizou o direito do “uti possidetis”, ou seja, é dono da terra aquele que a ocupa. Com
isso, a Amazônia, Goiás e Mato Grosso passaram a fazer parte das terras portuguesas.

Fonte: Adaptado a partir de ADAS, 1995.

Figura 31: Ocupação do ►


norte pelos ingleses,
franceses e holandeses.
Fonte: ADAS, 1995, p. 152.

42
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

2.2.1 As expedições

A natureza física da região tornava difícil a sua conquista. As distâncias eram grandes, o cli- Glossário
ma inóspito, os índios eram ariscos e ainda existiam inúmeras doenças tropicais desconhecidas Inóspito: clima inade-
que acometiam os viajantes. Assim, a conquista da Amazônia foi lenta e difícil. quado para se viver.
Como vencer as dificuldades? Pela união, é claro. Arisco: desconfiado,
Diante das dificuldades encontradas pelas primeiras expedições, os portugueses e os es- esquivo.
panhóis se associaram com o objetivo de colonizar os rios formadores do rio Amazonas. Branco
(1997) relata que Pizarro e Orellana, dois expedicionários, percorreram o trecho partindo de Qui-
to, no Equador, com destino à foz do rio Amazonas no oceano Atlântico. As dificuldades foram
tantas que o grupo se desfez.
Pizarro desistiu da aventura e voltou a Quito. Orellana seguiu viagem com um grupo com-
posto por soldados exploradores e frades. Ao final de oito meses, a expedição alcança seu ob- Para saber mais
jetivo e chega à foz do rio Amazonas, dando ao grupo o mérito de ser o pioneiro no trajeto, ou
seja, a primeira expedição a percorrer o leito do grande rio de oeste a leste. Também fazia parte
destes grupos dese-
Nesta viagem, era esta a função do frei Carjaval, porém seus desenhos foram tão pobres em nhistas que tinham
relação aos detalhes da região que contribuíram muito pouco para o conhecimento regional na a função de registrar
época, mas já era um começo. através de desenhos e
Outros grupos tentaram colonizar a região no período que compreende os séculos XV e XVI. croquis as caracterís-
Dentre estes grupos mereceu destaque, de acordo com Branco (1997), a expedição organizada ticas da paisagem do
lugar.
por Pedro Teixeira – um general português – que em 1637 subiu o rio de Belém, no estado do
Pará, a Quito, no Equador. Esta expedição teve o privilégio de percorrer uma região já dotada
de alguma organização comercial e militar, pois consta na literatura que já existia no lugar for-
talezas, missões e feitorias, inclusive o próprio Pedro Teixeira já conhecia o lugar. Ele, em tempos
anteriores, atuou ali capturando índios para escravizá-los, o que fazia dele conhecedor das parti-
cularidades daquele local. Assim, esta expedição apresentou um saldo positivo. Por quê?
Observe o mapa representado pela figura 32 e identifique a organização urbana que já ha-
via no espaço amazônico entre os séculos XVII e XVIII.
Procure analisar cuidadosamente a legenda do mapa da Amazônia identificando:
• o trajeto percorrido pela expedição;
• as vilas e os povoados existentes na região;
• os fortes portugueses alocados na região.

◄ Figura 32: Ocupação


da Amazônia.
Fonte: MAGNOLI, 1998,
p. 148.

Muito simples. Foi através dela que foi possível traçar os primeiros estudos científicos do
quadro natural da Amazônia. As descrições do padre Cristóbal de Acunã, integrante do grupo,
eram tão ricas em detalhes – ao contrário das anteriores – que possibilitaram a elaboração do

43
UAB/Unimontes - 7º Período

primeiro mapa da região compreendendo hoje o grande complexo amazônico e é importante


salientar que as descrições de Cristóbal não se limitaram ao rio principal, descrevia também ca-
racterísticas de alguns de seus afluentes. Branco (1997) ressalta que nas suas descrições o padre
Cristóbal conta com detalhes importantes, aspectos da ecologia amazônica, como a fertilização
dos terrenos baixos da várzea pela inundação periódica.
No século XVIII, com o objetivo de compreender melhor as características da Amazônia, um
grupo de cientistas europeus organizou uma expedição que em maio de 1735 partiu de Quito,
no Equador e só após dez anos chegou a Belém do Pará, no Brasil. Esta viagem gerou frutos po-
sitivos como: medições dotadas de maior precisão, maiores informações sobre o traçado do rio,
acidentes geográficos existentes na região foram identificados e houve acesso a grande varieda-
de de espécies da flora e da fauna local. A expedição ainda estudou e esclareceu o fenômeno da
pororoca, fato ilustrado pela figura 33, a seguir:

Figura 33: A pororoca. ►


Fonte: BRANCO, 1997,
p. 60.

Muitas outras expedições percorreram o trecho coletando dados e fornecendo informações


que ajudaram a compreender este ecossistema tão importante para o equilíbrio da Terra.

2.2.2 As missões

Os missionários eram padres jesuítas, carmelitas ou franciscanos que tinham a função de


converter os índios ao cristianismo. Desempenharam um importante papel na produção do es-
paço amazônico, pois graças a eles foram fundadas vilas e aldeias que, com o apoio do governo,
induziram os indígenas a desenvolver pequenas atividades extrativistas como: curtir couro e pe-
les, salgar peixes e produzir essências com as plantas encontradas na floresta, dando início à pe-
quena produção destinada ao mercado externo, atendendo assim os interesses do colonizador,
neste caso, o português.
Ao longo do século XVIII, o número de aldeias administradas pelos missionários era maior
do que as administradas pelo governo. Este dado deixa clara a intensidade da ação das missões
religiosas na Amazônia.
De acordo com Azevedo (s.d. citado por Lessa, 1991), os missionários que atuaram na Ama-
zônia não foram menos tiranos do que os fazendeiros, considerando que eles ampliaram em nú-
mero e valor suas propriedades. Eles possuíam fazendas de gado nas terras a leste, comandavam
uma considerável manufatura a partir da escravização do povo indígena e ainda mantinham as
roças que produziam gêneros destinados à alimentação. Desta forma, os religiosos que atuaram
na Amazônia não só ampliaram suas propriedades, como também enriqueceram, aumentando
seu capital.
Acreditamos que as expedições pioneiras da Amazônia contribuíram em muito para que se
catalogasse grande número de informações sobre a região.
É importante salientar que as primeiras expedições que percorreram a Amazônia não consi-
deraram as condições naturais e culturais do lugar, que embora não pareça, é dotado de grande
fragilidade.

44
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

2.2.3 A colonização na contemporaneidade

A Amazônia teve seu território organizado a partir da escravização da população indígena


e da busca das drogas do sertão, e passou por grandes transformações no final do século XIX.
Como mostra a figura 34, foi uma atividade que se desenvolveu acompanhando todo o curso do
rio Amazonas desde o momento em que ele entra nas terras brasileiras até a sua foz. Identifique,
na figura 34, a área, cidades e estados que já existiam na época e que a atividade abrangeu com
a exploração das drogas do sertão.

◄ Figura 34: Área de


extração das drogas do
sertão – séculos XVII e
XVIII.
Fonte: CASTELAR; MAES-
TRO, 2009, p. 147.

Diante das modificações ocorridas, o governo português, preocupado em garantir


a soberania do território que compreende a Amazônia brasileira, não poupou esforços para man-
ter no local as atividades econômicas que garantissem a autossuficiência do lugar. Dentre essas
atividades mereceu destaque as atividades extrativistas e o plantio de roças de subsistência.
Assim, a economia da região se manteve inalterada até meados do século XIX. Mais tarde,
surgem novas opções econômicas para a Amazônia cujas atividades se baseavam na exploração
do látex da seringueira e na coleta de castanhas e foram responsáveis pela introdução da região
no cenário econômico mundial.
Diante da magnitude da atividade com a borracha, houve profundas transformações no es-
paço regional, conforme pode ser verificado com a análise da figura 35, o que levou a uma de-
sorganização das relações socioeconômicas locais.
Devido à importância da borracha na produção do espaço amazônico, faremos agora um
estudo mais detalhado sobre o assunto.
Como se deu a sua descoberta?
Ela ocorreu quase por acaso. Quando os primeiros espanhóis chegaram ao continente sul ameri-
cano, perceberam que os índios brincavam com bolas que saltavam ao serem jogadas ao chão. Porém,
o fato não despertou a curiosidade deles em princípio, pois eles estavam em busca de metais e pedras
preciosas. Dois séculos mais tarde, alguns sábios franceses estavam na região e perceberam que aque-
45
UAB/Unimontes - 7º Período

le material emborrachado também era usado na fabricação de utensílios domésticos. Descobriram


também que ele era obtido de uma árvore, a hevea brasilienses, a seringueira.

Figura 35: Área de ►


extração do látex –
século XIX.
Fonte: CASTELAR; MAES-
TRO, 2009, p. 147.

Este material viscoso, denominado pelos índios de caucho, despertou a atenção do francês
Condamine que levou uma amostra do material para a França. Porém, a Academia de Ciências de
Para saber mais Paris não deu a devida importância ao material, isso porque ele se esfarelava em baixa temperatura
A seringueira, hevea e quando submetido ao calor tornava-se pegajoso, o que o tornava inviável como matéria prima.
brasilienses, é nativa da Na tentativa de vencer essas dificuldades, muitas experiências foram feitas, mas todas sem
porção norte do terri-
resultado. Tudo o que era fabricado com o látex quebrava no frio e ficava pegajoso com a ação
tório brasileiro. Suas
propriedades foram do calor, isso gerava prejuízos e aborrecimentos aos fabricantes e aos consumidores do produto.
descobertas em torno Os produtos eram devolvidos, os fabricantes processados e foi instaurado o caos...
de 1850 e até os dias Como o problema foi solucionado? Em uma noite, um objeto fabricado com o látex caiu aci-
atuais é a principal fon- dentalmente em um forno e o engenheiro Charles Goodyear observou que ao adicionar enxofre
te de borracha natural
à mistura e aquecê-la, obtinha-se uma goma elástica que não se esfarelava com o frio e não gru-
do mundo.
dava com o calor. Foi então descoberto, a partir daí, o processo de vulcanização da borracha. O
processo foi denominado vulcanização em homenagem a Vulcano, o deus do fogo.
Com a vulcanização, a borracha tornou-se importante matéria prima que impulsionou ra-
pidamente a indústria mundial e como a Amazônia é o habitat natural da seringueira, foi ampla-
mente beneficiada com o crescimento da indústria e necessidade da borracha.
Para saber mais Disto então resultou uma grande revolução no espaço regional no final do século XIX. Nesta
ocasião, a indústria que estava em franca expansão no mundo, ampliou a demanda por borracha
O Nordeste, nessa épo- e com a divulgação da diversidade de seu uso pela indústria moderna, a Amazônia tornou-se o
ca, foi acometido por
uma grave crise gerada novo ponto de atração no território brasileiro.
pelo fim da Guerra da De acordo com Lessa, (1991) para abastecer este mercado era necessário suprir a demanda
Secessão, onde os Es- por mão de obra, o que foi resolvido com o deslocamento de nordestinos, flagelados da seca,
tados Unidos voltaram para a Amazônia.
a produzir o algodão, Foi o período da borracha, entretanto, de 1870 a 1910, que houve a grande migração nor-
tornando-se autossufi-
cientes. destina para a Amazônia. Neste período, a população da Amazônia passou de 323 mil para 1.217
mil habitantes.
Como você pode ver, o contingente populacional da região quadruplicou em um período
de 40 anos, o que elevou de 3,3 para 5,1% a participação da Amazônia no total da população bra-
sileira no período.
Com os Estados Unidos tornando-se autossuficientes, foram liberados grande parte do con-
tingente de trabalhadores rurais que se dedicavam a cotonicultura. Desempregados, viram nos
seringais uma boa opção de trabalho.

46
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Daí então os nordestinos ocuparam os espaços vazios da Amazônia.


Para saber mais
Diante do dinamismo gerado pela economia da borracha, a Amazônia, em especial as cida-
des de Manaus e Belém do Pará, experimentou um grande desenvolvimento no período do auge O teatro Amazonas,
do ciclo da borracha. Essas cidades eram o centro das negociações do látex no Brasil e América inaugurado em 1896,
recebia artistas famo-
Latina com o resto do mundo. sos da Europa, fato que
A prosperidade das cidades era tal que entre o final do século XVIII e princípio do século comprova a grandeza
XIX, as referidas cidades já ostentavam teatros, cafés, palacetes, lojas, bondes, telefones, luz elé- e ostentação da cidade
trica, água encanada, bancos e empresas estrangeiras. Observe a foto do Teatro Amazonas, mar- de Manaus durante o
co deste período de prosperidade. A diversidade destas atividades incrementou a indústria, o co- ciclo da borracha.
mércio e o setor de transportes, com destaque para as companhias de navegação inglesas.
­­

◄ Figura 36: Teatro


Amazonas.
Fonte: CASTELAR; MAES-
TRO, 2009, p. 148.

O prestígio da região era tamanho que os proprietários dos seringais negociavam direta-
mente com os compradores europeus, em detrimento da sede do império no Rio de Janeiro,
confirmando assim a posição de destaque da região produtora de borracha.
Entre os anos de 1850 a 1920, a extração do látex deu suporte a um dos mais importantes
ciclos econômicos do Brasil. No período em que a revolução industrial estava em plena expan-
são, a produção regional de borracha atinge 42 mil toneladas, o que dá ao Brasil o domínio no
mercado mundial. Em 1910, a borracha se aproxima, em valor de exportação, ao café, perfazen-
do um percentual de 40%. De 1898 a 1912 chegou a 20% das exportações brasileiras, ajudando
inclusive a financiar o início da implantação da república no Brasil, conforme Lessa (1991).

2.2.4 Da ascensão à queda...

O período de efervescência da borracha dura até a primeira metade do século XX, quando a
borracha produzida nas colônias inglesas entra em cena para concorrer com a borracha brasileira.
Como isso aconteceu?
Os ingleses contrabandearam sementes de seringueira do Brasil e a cultivaram em suas co-
lônias asiáticas, Malásia, Ceilão, Singapura, Java e Sumatra com sucesso absoluto.
Qual foi a diferença entre elas?
As técnicas de cultivo facilitaram a produção e a extração reduzindo os custos.
E o resultado?
Com a produção mais barata, é claro, a borracha asiática passa a dominar o mercado e a bra-
sileira entra em declínio pondo fim a um breve período de luxo e opulência na porção norte do
Brasil.

47
UAB/Unimontes - 7º Período

Principal fator que contribui para o declínio da borracha brasileira:


• A seringueira brasileira é nativa de uma floresta homogênea, assim ela se encontra dispersa
entre milhares de espécies, o que fazia da coleta do látex um trabalho difícil e complicado,
pois o seringueiro tinha que se deslocar em torno de 30 km por dia em trilhas de difícil aces-
so. Em certos momentos, era necessário subir no tronco para atingir as partes mais altas da
árvore. Isso ele o fazia na parte da manhã; na parte da tarde, ele retornava para recolher as
latas com o látex. E, ao final da tarde, termina o serviço passando para a próxima etapa que
é a defumação, que consistia em aquecer o látex para formar as bolas para então serem le-
vadas para a sede do seringal e, posteriormente, para as usinas de beneficiamento.
A figura 37 ilustra a defumação do látex, que até a atualidade é exercida de forma primitiva
como no século da descoberta.

Figura 37: Processo ►


de defumação da
borracha
Fonte: MAGNOLI; SCAL-
ZARETTO, 1998, p. 149.

Desta forma, com todos esses entraves para dificultar a coleta do látex pela sua natureza, os
seringais da Ásia superaram os do Brasil.
Para saber mais O pico da crise ocorreu em 1913, quando a produção asiática superou a do Brasil, fazendo
O trabalho na coleta do então o preço despencar, sucumbindo um sistema que perdurou por 50 anos.
látex só pode ser feito Para minimizar os efeitos da grave crise, um grupo formado por seringalistas e governantes
no período da estia-
tentou cultivar de forma homogênea as seringueiras, mas a tentativa fracassou por várias razões,
gem.
No período das chuvas, em especial um fungo que ataca as folhas com uma espécie de ferrugem. Dentre elas, Lessa
as barcas podem (1991, p. 34), aponta:
circular na região com
maior facilidade. É Na floresta fechada, onde a seringueira é um entre tantos milhares de espéci-
quando ocorre a coleta mes, o fungo se dispersa e encontra inimigos naturais. Mas com a plantação
do látex e reposição de homogênea de seringueiras o fungo se espalha rapidamente de folha em fo-
mantimentos. lha, formando manchas cor de ferrugem e acabando por destruir toda a folha-
Fonte: Lessa, 1991. gem e a própria árvore.

A este caso podemos aliar a falta de técnica e as características naturais do lugar, como cli-
ma, regime das chuvas e a densa rede hidrográfica.
Assim, a decadência da Amazônia causada pelo estancamento da produção de borracha
leva a região, outrora tão rica e poderosa, à obscuridade e estagnação.

2.2.5 De volta ao ápice...

O quadro só foi revertido quando, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, as rotas de
abastecimento da borracha foram obstruídas, surgindo então a oportunidade da volta da Ama-
zônia ao cenário da borracha.
Para dinamizar o processo de produção, Lessa (1991) relata que os Estados Unidos investi-
ram na Amazônia 15 milhões de dólares e que este dinheiro era destinado a treinamento, trans-

48
porte e assistência aos trabalhadores.
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

A meta era atingir um total de 100 mil toneladas anuais. Para alcançar este objetivo tão ou- Glossário
sado, mais uma vez o nordestino teve um importante papel; ainda segundo Lessa (1991), entre Seringueira: árvore da
os anos de 1943 a 1945 – auge da Segunda Guerra Mundial – a região abrigou cerca de trinta mil família das Euphorbia-
nordestinos, apelidados de arigós. As condições do ambiente como o calor, a umidade, o alto ín- ceae (hevea brasi-
dice pluviométrico e insetos endêmicos (como o transmissor da malária), levaram muitos deles à liensis), cuja madeira
morte e os que resistiram às hostis condições do lugar, desertaram. é branca e leve, e de
cujo látex se fabrica a
A atividade de extração do látex não mudou e os seringalistas não conseguiram contornar borracha.
as dificuldades causadas pela natureza do lugar. Também não conseguiram melhorar as relações Seringalistas: era o
de trabalho que continuava baseado no sistema de barracão e nem os métodos de extração e “patrão”, o dono dos
corte das seringueiras. meios de produção e
Desta forma, é claro que a meta de extrair cem mil toneladas de látex não foi atingida, resu- das seringueiras.
Seringueiros: serin-
mindo a dez mil toneladas por ano, oscilando entre 35 a 18 mil na primeira metade do século XX, gueiro é o profissional
de acordo com relatos de Lessa(1991). que trabalha com a
Com a queda na produção dos seringais, a região se tornou sem expressão em termos eco- extração do látex nos
nômicos, mas é importante lembrar que a atividade nos seringais propiciou o surgimento de ou- seringais.
tras atividades extrativas que tinham valor econômico. Dentre elas, merece destaque a extração Sistema Barracão:
forma de pagamento
do pau rosa para fabricação de perfumes, a do mogno e o cedro para a indústria moveleira; o impopular e explora-
que levou várias espécies à quase extinção. dora onde os empre-
Assim, a atividade de extração do látex da seringueira também pode ser responsabilizada gados recebiam em
pela degradação do meio ambiente na Amazônia. Ela favoreceu o aparecimento de outras ativi- mercadorias ou bens
dades extrativas vegetais e animais, pois os seringueiros precisavam se alimentar e esse alimento e que anotados em
cadernetas e ou/vales
era retirado da própria floresta por meio da caça e da pesca ou ainda pela prática agrícola que mantinha-os sempre
gerava desmatamento. endividados. Foi muito
usada durante o ciclo
da borracha.
2.2.6 A colonização protagonizada pelo estado
Dica
Você sabia?
As ações governamentais tinham como objetivo desenvolver grandes projetos rodoviários, • Com o intuito de
minerais ou pecuários que resultassem na lucratividade da região, o que nem sempre foi alcan- tornar o velocípede de
çado conforme comprovam os textos que se seguem. seu filho mais veloz,
Nos anos de 1930, foi criada a Fundação Brasil Central, aliada ao sonho de transferir a capital um irlandês colou a tira
de uma borracha em
federal para o planalto central para que, pela sua localização, fosse mais fácil integrá-la a todo o torno da roda, daí o uso
país. do pneu se expandiu
A figura 38 nos ajuda a entender melhor a grandeza dos projetos de colonização criados pelo mundo.
pelo governo no período em questão. Faça uma leitura cuidadosa do mapa e identifique a natu- • Em 1894, existiam em
reza dos projetos existentes na região. torno de mil bicicletas
já usando o novo aces-
sório na França.
• Em 1770 o cientis-
ta britânico Joseph
Priestley produziu um
cubo de borracha que
até hoje é usado para
apagar escritos a lápis.
• A partir de 1823,
foi disponibilizado o
primeiro tecido imper-
meável.
• Outro invento revo-
lucionário foi o uso da
borracha como isolante
de eletricidade, assim
foi descoberto o fio
elétrico.
Fonte: http://www.por-
talsaofrancisco.com.br/
alfa/historia-da-borracha/
historia-da-borracha.php.
Acesso em 10 set. 2011.

◄ Figura 38: Projetos de


colonização oficiais.
Fonte: ADAS, 1995, p. 167.

49
UAB/Unimontes - 7º Período

Assim, a colonização protagonizada pelo governo na Amazônia pode ser dividida em


quatro fases distintas, que serão detalhadas a seguir, conforme descreve Andrade (1995). Du-
rante o Estado Novo, o país sob o comando de Getúlio Vargas foi palco de projetos de coloni-
zação agrícola nos atuais estados de Mato Grosso e Tocantins. Foram criados territórios fede-
Glossário rais que funcionavam como uma espécie de posto policial para garantir a soberania brasileira.
Terras devolutas: De acordo com Andrade (1995, p. 25): “Destes territórios, três se transformaram em estados
são terrenos públicos, – Amapá, Roraima e Rondônia – e dois foram extintos pela constituição de 1947 – Ponta Porã
ou seja, propriedades e Iguaçu. Ponta Porã está hoje integrado ao estado de Mato Grosso do Sul, criado em 1975”.
públicas que nunca
pertenceram a um par- Como vocês já estudaram na disciplina Geografia da Energia e da Indústria, na era JK o
ticular mesmo estando Brasil entra em uma fase de modernização e dinamismo cujo objetivo principal era progredir
ocupadas. cinquenta anos em cinco. E é claro, para cumprir este propósito ele transformou a área cen-
Candangos: trabalha- tral do país – que outrora era composto por inúmeras fazendas que se dedicavam à pecuária
dor da construção de e eram terras devolutas quase inabitadas – em um efervescente núcleo urbano que crescia e
Brasília ou pode ser
chamado também de dinamizava para dar suporte à nova capital federal.
brasiliense – natural de Tal desenvolvimento econômico mais uma vez motivou a migração de trabalhadores
Brasília (DF). desocupados das mais diversas partes do país. Estes trabalhadores foram denominados can-
dangos. Diante do desenvolvimento viário, em especial a Belém-Brasília, a população de Goi-
ás, Maranhão e Pará registrou um aumento considerável, o que mais tarde possibilitou o des-
membramento de Goiás e a criação do estado de Tocantins.
Entre os anos de 1964 a 1985, os militares assumem o poder com o objetivo de transfor-
mar o Brasil em uma potência. Assim, intensificaram as políticas de expansão em direção ao
Para saber mais complexo amazônico por meio de conclusão das estradas já iniciadas e idealização de outras.
O governo de Jusce-
O resultado foi a ocupação da região, mas no sentido inverso do que já havia sido fei-
lino Kubistchek teve to até então. Para tal, foram utilizadas as vias de navegação que, a propósito, eram fartas na
como marco principal a região.
construção de Brasília Diante da integração regional causada pela ação do poder público, houve uma imensa
- a capital federal -, a corrida de grupos nacionais e internacionais na busca pela exploração mineral na região.
implantação da indús-
tria automobilística e
Nesse período, foram projetadas várias estradas, a maioria sem justificativa economica-
a abertura de estradas mente viável. Dentre elas, iremos tecer alguns comentários sobre a:
que tinham como meta • Transamazônica;
ligar os pontos mais • Perimetral Norte;
distantes do país. • Cuiabá-Santarém;
Dentre os projetos cria-
• Porto Velho-Manaus-Boa Vista.
dos para ocupar e de-
senvolver a Amazônia, A Transamazônica tinha por objetivo promover a ligação entre o nordeste e o norte do
merecem destaque: Brasil num percurso de 5.619 km. A maior parte foi concluída e ao longo do seu curso foram
a construção de repre- implantadas agrovilas com toda a infraestrutura composta de hospedarias, restaurantes, pos-
sas no rio Amazonas;
o Projeto Jari;
tos de gasolina etc., que se transformaram em um verdadeiro escoadouro do dinheiro públi-
o Projeto Carajás. co. Toda essa infraestrutura foi abandonada em pouco tempo por falta de viabilidade eco-
nômica. A Transamazônica atualmente possui trechos totalmente intransitáveis, com pontes
quebradas, oferecendo inúmeros riscos à população que nela transita. Para se ter ideia, em
alguns pontos o abandono é tão grande que a floresta se recompôs.
A Perimetral Norte, que em seu traçado contornava a Amazônia pelo norte do Amapá até
o leito do rio Solimões, não teve suas obras concluídas. Sua construção se restringiu a alguns
trechos que, por falta de obras de manutenção, foram reocupados pela floresta.
As rodovias que ligam Cuiabá a Santarém e Porto Velho-Manaus-Boa Vista por serem es-
tradas de trânsito inexpressivo, difícil conservação e acesso, constituem vias de pouca repre-
sentatividade.
As políticas expansionistas implantadas na Amazônia pelos militares também financia-
ram grandes projetos pecuários que tinham o objetivo de tornar a região grande produtora
de gado de corte. Para este feito grandes áreas de mata foram substituídas por pastagens. O
solo da região, pobre e bastante lixiviado pela ação das chuvas abundantes que ali ocorrem,
não suportaram o pisoteio do gado. Os pecuaristas foram empurrados então, para o oeste,
causando grandes prejuízos à floresta e a população nativa.

50
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

◄ Figura 39: Avanço da


pecuária nos moldes
tradicionais na região.
Fonte: BRANCO, 1997, p. 37.

Os militares também foram protagonistas de inúmeros projetos de exploração mineral que


foram executados sem o menor critério e respeito às características da região. Dentre eles, des-
tacamos o projeto Carajás e a exploração do manganês na serra do Navio no Amapá e ainda a
exploração do ouro no vale do rio Trombetas e em Serra Pelada no Pará.
A figura 40 ilustra as condições de trabalho no garimpo de Serra Pelada.

◄ Figura 40: Garimpo de


Serra Pelada.
Fonte: CASTELAR; MAES-
TRO, 2009, p. 157.

E por fim, a colonização caracterizada pela recuperação dos prejuízos causados pela
década de 1980, que foi denominada pelos economistas como a década perdida. Nesta eta-
pa, a preocupação central era manter a região povoada como forma de garantir a posse do
território. Os militares, que ainda estavam no poder até 1985, tentaram a duras penas fazer

51
UAB/Unimontes - 7º Período

Para saber mais vingar os projetos ali implantados e neste período se sobressaíram os de extração mineral,
pela quantidade e variedade de minerais ali encontrados e os de extração de madeira.
A década de 1980 foi
classificada como per- Dentre os projetos implantados pelos militares merece destaque o projeto Radam que
dida pela sua inexpres- tinha como intuito localizar e mapear o potencial mineral da região. Este projeto possibili-
sividade em termos tou a dinamização da atividade mineradora na Amazônia.
econômicos. Outro importante projeto foi o Calha Norte que foi instalado em 1985 nos vales dos
rios Negro e Solimões, numa área de 6.500 km de extensão e 160 km de largura nos limites
O Projeto Calha Norte
recebeu este nome do Brasil com a Guina Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia. Tinha como meta
por estar localizado munir a região de bases militares para coibir o contrabando e minimizar os atritos entre ga-
na calha ou vale dos rimpeiros, indígenas, empresários e fazendeiros.
rios Negro e Solimões, A atuação militar na região se justifica na riqueza mineral lá encontrada. Outro ponto
na porção norte do a ser considerado é que se trata de um espaço de propriedades indígenas, onde eles são
complexo amazônico,
área também conhe- majoritários.
cida como a Cabeça Esse projeto despertou muita polêmica: de um lado, o poder público que tem como
do Cachorro. Veja a se- prioridade manter a ordem no lugar, do outro, os grupos e organizações protetoras das po-
melhança no mapa do pulações tradicionais da Amazônia que não veem com bons olhos a interferência do gover-
complexo amazônico. no neste tipo de conflito que para eles deve ser resolvido pela sociedade civil.
Entenda melhor a área de abrangência do projeto Calha Norte por meio da figura 41.

Figura 41: Área de ►


abrangência do projeto
Calha Norte.
Fonte: ADAS, 1995, p. 159.

Atualmente, esforços não são poupados no sentido de implantar na Amazônia o desenvol-


vimento sustentável onde o respeito às peculiaridades do lugar, bem como da população, seja o
Atividade fiel da balança.
Quais os estados con- No firme propósito de promover o desenvolvimento na região, foram implementados pro-
templados pelo projeto jetos e planos especiais, dentre eles mereceu destaque de acordo com Arbex Junior (1996), o Po-
Calha Norte?
Identifique os minerais
loamazonas (Polos agropecuários e agrominerais da Amazônia). Este projeto tinha o objetivo de
lá existentes. atuar no norte de Mato Grosso e em Tocantins, na construção de estradas e implantação de pro-
Quantas bases militares jetos de colonização. No período, também contribuiu para a ocupação da região, o Polonoroeste
existem no local? (Programa de desenvolvimento integrado do noroeste do Brasil) que atuou na porção oeste do
Quais estados pos- Mato Grosso até o estado de Rondônia cujo objetivo era promover o desenvolvimento no per-
suem maior número de
reservas indígenas no
curso da rodovia BR 364.
projeto? A implantação desses programas na porção sudoeste da Amazônia contribuiu para a dina-
mização na produção de produtos primários como arroz, soja e também a pecuária de corte. Po-
rém acirrou os conflitos entre proprietários de terras, grileiros e posseiros; a isto se deve acres-
centar o desmatamento e a invasão de terras indígenas.
• O povoamento promovido pelos projetos ocorreu nas proximidades das rodovias BR 163 e
BR 364 que, posteriormente, se tornaram importantes núcleos prestadores de serviços e de
atividades produtivas destinadas à população do entorno.
Para Arbex Júnior (1996), a porção sudoeste da Amazônia pode ser definida como uma
área de cultivo de lavouras permanentes e temporárias, extrativismo vegetal e mineral.

52
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Nos anos de 1970, o continente africano era palco de graves crises internas. Isto, é claro, Para saber mais
comprometeu o fornecimento de matéria prima a importantes indústrias nos Estados Unidos, As lavouras perma-
Canadá e ainda alguns países europeus. nentes do sudoeste da
Amazônia se dedicam
Como suprir a demanda por matéria prima? ao cultivo do café e do
Buscando novos fornecedores. guaraná, enquanto as
lavouras temporárias
Assim, numa sábia estratégia econômica, o governo brasileiro firmou vários convênios cultivam o arroz.
com empresas nacionais e estrangeiras cujo objetivo era intensificar as pesquisas minerais na No extrativismo
Amazônia. vegetal destacam-se
a castanha do Pará e a
Qual foi o resultado? extração de madeira.
E, no extrativismo
A descoberta da maior reserva de minério de ferro do mundo. mineral, evidenciam o
Nesse período foi descoberta a mina na serra de Carajás no estado do Pará onde foram ouro, o diamante e a
encontrados vários minerais de importância estratégica para a indústria mundial. cassiterita .
Analise as figuras 42 e 43 e verifique a área de abrangência do Carajás. Fonte: JUNIOR; OLIC.
1996.

Na serra de Carajás
foram encontrados:
minério de ferro,
manganês, níquel,
cobre – associado ao
molibdênio, zinco, ouro
e bauxita.

◄ Figura 42: Projeto


Grande Carajás.
Fonte: MAGNOLI; SCALZA-
RETTO, 1998.p. 157

A grandiosidade de Carajás atraiu para o local um grande contingente populacional, e para


atender suas necessidades foram criadas verdadeiras cidades com escolas, serviços de saúde, co-
mércio e lazer. Veja na figura 42 a localização da área do projeto.
Posteriormente, por meio de pesquisas, uma empresa denominada ALCAN (Alumínio Cana-
dense) descobriu uma enorme jazida de bauxita que lhe rendeu cerca de 1,7 bilhão de toneladas.
Essa jazida gerou uma demanda por infraestrutura e para atendê-la foram criadas redes de trans-
porte, usinas hidrelétricas e projetos de agropecuária.

53
UAB/Unimontes - 7º Período


Figura 43: Exploração Para aproveitar o potencial hidráulico da região, foi projetada uma hidrovia entre os rios To-
de minério de ferro na cantins e Araguaia. Também foi construída a estrada de ferro Carajás para ligar a área produto-
Serra de Carajás. ra de minério à área exportadora, o porto de Itaqui, no estado do Maranhão e para solucionar
Fonte: CASTELAR; MAES- o problema de energia foi criada a Eletronorte, uma concessionária que atuaria na porção que
TRO, 2009, p. 153.
compreende o norte do país.
Veja, na figura 44, o transporte de minério de ferro pela estrada de ferro.

Figura 44: Transporte ►


de minério na estrada
de ferro Carajás.
Fonte: MAGNOLI; ARAUJO,
2001, p. 185.

Assim, foi possível observar que o processo de colonização, que foi formalizado pelo governo
militar nas décadas de 1960 e 1970 com o slogan “Integrar para não entregar”, fomentou a entrada
de capitais estrangeiros para fazer o progresso da região com obras faraônicas que proporciona-
ram a espoliação dos recursos naturais humanos e econômicos da Amazônia.
Numa visão mais futurista, buscando atender aos interesses do mundo atual nos anos de 1980
e 1990, surge a chance de se criar um padrão de desenvolvimento baseado no respeito à biodiver-
sidade regional: o turismo ecológico. Com esse empreendimento, é possível aproveitar a riqueza
da Amazônia sem deixar rastro de devastação, conforme publicação da revista Veja – Especial da
Amazônia de 24 de dezembro de 1997: [...] o turismo ecológico rende 260 bilhões de dólares por
ano para os países que o exploram [...]. Diante de tal constatação, a forma mais viável de tornar a
Amazônia economicamente desenvolvida é o aproveitamento de seu potencial natural conside-
rando a sua fragilidade e biodiversidade.

54
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

2.3 Apresentando projetos e


impactos ambientais
Quando tratamos da Amazônia não podemos desvincular os aspectos econômicos da de-
gradação ambiental que esta atividade provoca.
A ocupação de um espaço se faz através de atividades econômicas, e na Amazônia não foi
diferente. O objetivo era produzir um espaço economicamente viável e garantir a soberania por-
tuguesa na região. As estratégias de ocupação no local sempre estiveram acompanhadas de
uma atividade econômica para atender as necessidades do capital sem se preocupar com os im-
pactos ambientais que poderiam causar.
Volte ao texto da colonização.
Vamos recordar:
• A fase de ocupação pioneira se ocupou da exploração da seringueira e das drogas do
sertão;
• A fase moderna priorizou a abertura de estradas, a construção de hidrelétricas, exploração
mineral e vegetal e, por fim, projetos agropecuários.
Todas essas atividades foram muito prejudiciais à região e muitas não deram o retorno eco-
nômico esperado. É claro que não estaremos esgotando todas as possibilidades de reflexão so-
bre as questões econômicas e ambientais na Amazônia diante da complexidade e da dimensão
de abrangência dos impactos, considerando que são grandes os desafios para a comunidade
cientifica, política, sociedade moderna e nós brasileiros e a exploração dos recursos da Amazônia
frente à sua extrema fragilidade.

2.3.1 Construção de estradas e hidrelétricas


É prática comum do poder público munir os espaços de transporte e energia, por considerá-
-los uma estratégia de fundamental importância para integrar uma área periférica, como era o
caso da Amazônia, a uma área central, o centro sul do pai. Para tanto foram implantadas políticas
públicas específicas.
Assim, o território que compreende a Amazônia foi recortado de norte a sul e de leste a oes- Para saber mais
te por estradas, algumas de trânsito insignificante. As atividades econômi-
Para ter ideia da quantidade de estradas, analise a figura 45 do mapa das rodovias. cas desenvolvidas na
Amazônia na segunda
metade do século XX
foram fruto de polí-
ticas públicas, sendo
então o poder público
responsável em parte
pela degradação dos
recursos naturais da
região.

◄ Figura 45: Brasil:


rodovias.
Fonte: ADAS, 1995, p. 159.

55
UAB/Unimontes - 7º Período

Nos décadas de 1960 e 1970 foram abertas estradas que puseram abaixo muitos hectares
de mata. Para se ter uma ideia, somente para abrir a rodovia Transamazônica foram derrubadas
mais de 2 000 km de mata na direção leste oeste. Para Ross (2000), a ousadia do projeto não foi
suficiente para solucionar o problema do isolamento da região por causa das características do
Atividade lugar e ainda causaram grandes prejuízos ao meio ambiente com o desmatamento, o extermínio
Cite as hidrelétricas da da fauna, o aumento da erosão e contaminação das águas fluviais.
região agrupando-as Para atrair investimentos era necessário ter energia elétrica e na tentativa de sanar essa ca-
por estado. rência foi criada a Eletronorte, uma concessionária para administrar a geração e distribuição da
Identifique os rios em
que elas foram cons-
energia na porção norte do país.
truídas. Vamos observar a figura 46, mapa das hidrelétricas na Amazônia para compreender sua dis-
tribuição e localização.

Figura 46: ►
Hidrelétricas na
Amazônia.
Fonte: ADAS, 1995, p. 165.

BOX 6
AS USINAS HIDRELÉTRICAS E O MEIO AMBIENTE

As usinas hidrelétricas utilizam quedas naturais ou, mais frequentemente, rios represados, por
intermédio de barragem, de modo a obter o desnível e a vazão constantes de água necessários à
rotação das turbinas que acionam os geradores de corrente elétrica. Utilizando apenas a força física
da água sob o efeito da gravitação, as usinas hidrelétricas não produzem resíduos como fumaças,
gases ou cinzas, contaminadores do meio ambiente. Assim mesmo, podem causar grandes impac-
tos ambientais, dependendo do local em que se situam a barragem e a represa por ela formadas.
É necessário considerar, em primeiro lugar, que uma barragem deforma o rio e a paisagem.
Dessa deformação geográfica podem resultar benefícios ou prejuízos. A confrontação de todos os
benefícios e prejuízos possíveis deve ser feita previamente, em cada caso, a fim de se verificar se
soma dos benefícios obtidos compensa largamente a soma dos prejuízos resultantes.
Mais importante do que isso ainda é verificar se não há algum prejuízo tão grande ou qualita-
tivamente tão significativo que, por si só, anule todos os prejuízos obtidos. Essa análise nos leva ao
conceito do planejamento de usos múltiplos de um rio ou região geográfica. Nesses termos, dificil-
mente será compensadora uma barragem construída com a finalidade única de gerar energia; mas
ela pode tornar-se mais importante para uma região se, além de gerar energia, criar possibilidades
de navegação, permitir a irrigação de áreas desérticas ou estéreis, facilitar o abastecimento de água
potável e o desenvolvimento da piscicultura.
A represa Nasser, construída em Assuã, no Egito, parecia trazer uma serie de benefícios para a
região, além da produção de um grande potencial energético. Inundando uma considerável área
de deserto, certamente contribuiu para reduzir a aridez da região. Ela causou, no entanto, sérios
transtornos à agricultura do rio Nilo, a jusante da barragem: os sais minerais que o rio trazia das re-
giões montanhosas do centro da África e depositava anualmente durante os períodos de enchente,
fertilizando todo o vale até o seu delta, passaram a ficar retidos no leito da represa, o que tem obri-
gado os egípcios a usarem fertilizantes químicos em larga escala para sua lavoura de subsistência.

56
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Além disso, a pesca no Mediterrâneo, na região de desembocadura do Nilo, praticamente desapa-


receu, pois a falta de nutrientes eliminou a fonte de alimentação dos peixes. Resta saber até que
ponto esses inconvenientes – além de outros, como a disseminação da esquistossomose em áreas
onde antes ela não existia – teriam compensado os benefícios trazidos pela energia elétrica.

Os problemas das grandes represas da Amazônia

Os problemas das grandes represas que atualmente estão sendo construídas na região ama-
zônica provavelmente não causarão os mesmos problemas da represa Nasser, assim como não pro-
porcionarão os mesmos benefícios, a não ser, evidentemente, os da energia elétrica.
Não se tratando de terras áridas, essas represas não terão utilidade para a irrigação. Na maioria
dos casos, não facilitarão a navegação ou ela não será necessária, o mesmo acontecendo com res-
peito ao abastecimento de água potável. Quanto à pesca, esta certamente será prejudicada, pois
os rios envolvidos são muito ricos em excelentes espécies de peixes de água corrente, as quais em
geral não se adaptam às condições de represa.
Outros tipos de impactos ambientais que não ocorreram no deserto africano poderão surgir
na Amazônia. Já vimos que o desmatamento em larga escala – mesmo quando substituído por
áreas líquidas – reduz a evapotranspiração, alterando o ciclo das águas na região. Assim sendo, são
condenáveis as represas que ocupem grandes áreas e, em geral, as represas amazônicas, com pou-
cas exceções, englobarão áreas grandes em relação ao volume de água represado, uma vez que os
declives são muito pequenos naquela imensa planície.
Por outro lado, o afogamento de enormes massas de matéria orgânica, representada
pelas florestas inundadas, leva à sua putrefação, acompanhada do consumo do oxigênio da
água, e à geração de gás sulfídrico e outros produtos tóxicos à população de peixes e de mais
organismos aquáticos. O gás sulfídrico, além de muito tóxico, é altamente corrosivo, tendo já
causado a perda de grandes turbinas na região amazônica.
Fonte: BRANCO, Samuel M. O meio ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1988, p. 49-51.

As hidrelétricas são fundamentais na promoção do desenvolvimento de um lugar; não se con-


cebe a vida, na atualidade, sem energia elétrica e no Brasil a matriz energética mais utilizada é a hi-
drelétrica. Procure recordar o que você já estudou na disciplina Geografia da Energia e da Indústria.
Por isso, o governo brasileiro aplicou grandes volumes de investimentos para a geração de energia.
Não podemos deixar de observar que embora seja considerada uma energia limpa, a ener-
gia gerada pelas hidrelétricas causa muitos impactos ambientais como: a inundação de terras
agricultáveis, expulsão dos nativos, causando a desterritorialização dos mesmos, extinção da
fauna (na área inundada) e ainda afogamento de espécies vegetais.

QUADRO 8
Usinas hidrelétricas na Amazônia

Usina Rio Bacia hidrográfica Estado

Balbina Uatumã Amazônica Amazonas


Curuá-Una Curuá-Una Amazônica Pará
Samuel Juari Amazônica Rondônia
Tucuruí Tocantins Tocantins-Araguaia Pará
Coaracy Nunes Araguari Norte Amapá
Manso Cuiabá Paraguai Mato Grosso
São Félix Araguaia Tocantins-Araguaia Mato Grosso
Fontes: Elaborado a partir de ARBEX JR, 2000; FERREIRA, 1998.

A produção de energia na Amazônia ainda é muito limitada diante da capacidade de po-


tencial disponível. Encontra-se em construção no rio Xingu, na bacia amazônica, a usina de Belo
Monte. Informe-se mais sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte no site:
http://www.socioambiental.org/esp/bm/index.asp.

57
UAB/Unimontes - 7º Período

Compreenda melhor os impactos causados pela construção de uma hidrelétrica com o tex-
to do Box 7:

BOX 7
BALBINA, DESASTRE HIDROECOLÓGICO

Há poucos anos, Manaus era abastecida de energia produzida por termelétricas que
queimavam petróleo. O aumento dos preços do petróleo, a partir de 1973, levou o gover-
no a optar pela construção de uma usina hidroelétrica capaz de suprir Manaus e substituir
as termoelétricas. O local escolhido para a nova usina, chamada Balbina, foi o rio Uatumã,
no meio da floresta amazônica. Desde o início desse projeto, muitos cientistas reclama-
ram, mostrando os seus graves erros, mas foram ignorados pelo governo. Quando a usi-
na entrou em funcionamento parcial em 1988, o próprio governo reconheceu que ela era
uma verdadeira tragédia.
Balbina é uma tragédia econômica, pois o custo da energia que ela produz é altíssi-
mo. O rio Uatumã é pequeno, tem pouca água e, por isso, a quantidade de energia gerada
também é pequena. Como os custos de construção da obra foram elevados, pouca ener-
gia consumiu muito dinheiro. Muito mais que continuar a usar as termoelétricas!
Balbina também é uma tragédia ecológica, pois destruiu uma área enorme de flo-
resta. O rio Uatumã está localizado em uma região de relevo quase plano e, por isso, a
represa criada pela barragem inundou um espaço exagerado. Não foi só a floresta que se
perdeu, mas também muitas espécies animais que habitavam aquele meio ecológico.
Finalmente, Balbina é uma tragédia social, já que prejudicou os habitantes da região.
Uma parte da sua enorme represa inundou terras dos índios. Além disso, os peixes desa-
pareceram do rio, no trecho abaixo da barragem, pois a decomposição dos vegetais afo-
gados pela represa tornou a água ácida e poluída. Os habitantes das margens do rio, que
usavam os peixes como principal fonte de alimentação, estão se mudando para outros
lugares.
O exemplo de Balbina mostra que nem sempre uma usina hidroelétrica é uma boa
opção. Talvez esse exemplo sirva, pelo menos, para convencer o governo a estudar com
mais cuidado as consequências da construção de usinas nos rios da Amazônia.

Fonte: MAGNOLI, Demétrio; SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia: espaço, cultura e cidadania: Ensino fundamental. 1. ed.
São Paulo: Moderna, 1998, p. 145.

2.3.2 Desmatamentos

Embora já existam resultados técnicos confiáveis principalmente quando considerarmos os


cálculos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, a área de vegetação nativa extinta
na Amazônia ainda pode ser superior aos dados. Embora desde a década de 1970 imensas áreas
da Amazônia já se encontravam desmatadas e segundo Arbex Jr. e Olic (2000), num total de 4%,
foi a partir de 1990 que este processo se acelerou, chegando mesmo a triplicar, com oscilação de
índices.

Você saberia dizer por que isso aconteceu?


Vários fatores resultantes da ocupação humana na Amazônia no final do século XX contri-
buíram para que a vegetação nativa, seja na área de floresta ou outro tipo de vegetação, fosse
destruída. Onde podemos mencionar:

• construção de estradas;
• queimadas;
• extração de madeira;
• extração mineral;
• agricultura;
• pecuária.

Veja, na figura 47, a abrangência da devastação, pela ação humana, na Amazônia.

58
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

◄ Figura 47: Áreas


devastadas pela ação
humana na Amazônia.
Fonte: ARBEX JR; OLIC,
2000, p. 15.

Você pode perceber que ocorre uma concentração de área devastada que compreende os
estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Esta área ficou conhecida como
o “Arco do Desflorestamento”. Para Silveira (2003), o Acre e o sul do Amazonas também estão in-
cluídos no arco. Veja, na tabela 1, os estados que são líderes no desmatamento.

TABELA 1
Estados líderes em desmatamento na Amazônia

Estado Área de desmatamento (%)


Maranhão 51
Tocantins 45
Rondônia 29
Mato Grosso 26
Fonte: Elaborado a partir de SILVEIRA, 2000. Para saber mais
Acesse o site http://
A dimensão do desmatamento nas florestas amazônicas foi destacada por Furlan e Nuc- www.inpe.br/ e veja
ci (1999) ao associar a área desmatada a uma área maior que a da França, isto ainda na déca- dados mais recentes
da de 1990. referentes ao desflores-
Sabemos que este processo não parou. A análise de imagens de satélites do ano de 1990 e tamento da Amazônia.
comparadas com as do ano de 1999 na Amazônia levaram Silveira (2003, p. 262) a evidenciar:

Cerca de 14% da vegetação original foi desmatada até o começo do ano 2000,
quinhentos anos após o inicio da construção do território brasileiro. Somen- Glossário
te nos últimos quatro anos desse período, foram desmatados mais de 77 mil
Desflorestamento:
quilômetros quadrados – uma área um pouco maior do que os estados do Rio
a utilização de áreas
Grande do Norte e de Sergipe juntos!
de formação vegetal
original como espaços
Você já deve ter percebido que é possível identificar alguns agentes responsáveis pelo agrossilvopastoris.
desmatamento na Amazônia. Porém, no entender de Furlan e Nucci (1999), as queimadas A definição exclui,
para a implantação de fazendas de gado têm um papel decisivo devido à grande área que portanto, as áreas de
cobertura florestal
esta atividade exige. A baixa produtividade das áreas de pastagens que em média perma-
afetadas por atividades
necem produtivas num período que varia de quatro a oito anos são, depois deste período, de exploração madei-
abandonadas, deixando um legado de perdas através de milhões de hectares. reira ou por incêndios
Desta forma, o uso indiscriminado do fogo, seja na preparação das terras, no manejo das naturais (SILVEIRA,
pastagens ou mesmo através de incêndios naturais, constitui um fator determinante para a de- 2003, p. 262).
vastação da vegetação nativa na Amazônia.

59
UAB/Unimontes - 7º Período

Para saber mais Pois bem, os problemas não ficam apenas ao que terminamos de expor. Um fator que tam-
bém não podemos esquecer é a extração de madeira.
Em 1991, foram de-
Convido você a interpretar a letra da música Saga da Amazônia de Vital Farias:
tectados por satélites
cerca de 75 600 focos Saga da Amazônia
de incêndio no período
da seca.
As queimadas foram Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta.
feitas para a formação Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta.
de pastos e lavouras. No fundo d’água as Iaras, caboclo, lendas e mágoas
As áreas desmatadas e os rios puxando as águas.
podem recuperar a
condição florestal na
forma de florestas Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores;
secundárias, por meio os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores.
de processo natural. Sorria o jurupari, uirapuru,
Nos casos de uso pro- seu porvir era fauna, flora, frutos e flores.
longado e abusivo com
queimadas frequentes,
forma-se um novo tipo Toda mata tem caipora para a mata vigiar,
de vegetação: uma veio caipora de fora para a mata definhar
espécie de campo e trouxe dragão-de-ferro prá comer muita madeira
aberto, de pouco valor e trouxe em estilo gigante prá acabar com a capoeira.
econômico.
Fonte: FURLAN; NUCCI,
1999, p. 50-51. Fizeram logo um projeto sem ninguém testemunhar,
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar.
Se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar,
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá.
Atividade
Agora que você já leu a O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
letra e ouviu a música, e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar.
vamos refletir: Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar.
Quais estrofes mostram Igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar.
a harmonia na floresta?
Quem você identifica
na 3ª estrofe com o Mas o dragão continua na floresta devorar ---
caipora de fora? e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar?
Na 6ª estrofe, o que é o Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá, tartaruga, - BIS
dragão que continua a pé ligeiro, corre, corre tribo dos Kamaiurá. ---
devorar a floresta?
Busque em glossários
dicas ou em outras No lugar que havia mata, hoje há perseguição,
informações nesta grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão,
mesma unidade, o sig- castanheiro, seringueiro, já viraram até peão,
nificado das palavras: afora os que já morreram como ave-de-arribação.
seringueiro, grileiro,
castanheiro e igarapé. Zé de Nata tá de prova, naquele lugar tem cova,
Explique: Zé de Nata tá gente enterrada no chão.
de prova.
Pois mataram índio, que matou grileiro, que matou posseiro, ---
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro - BIS
roubou seu lugar. ---

Glossário Foi então que um violeiro chegando na região, ---


ficou tão penalizado que escreveu essa canção.
Grileiro: refere-se a E talvez, desesperado com tanta devastação, pegou a primeira estrada, - BIS
pessoas que falsificam
documentos de terras sem rumo, sem direção, com os olhos cheios de água,
devolutas para ter a sumiu levando essa mágoa dentro do seu coração. ---
posse das terras.
Castanheiro: extrati- Aqui termina essa história para gente de valor,
vista que se dedica à prá gente que tem memória, muita crença, muito amor,
coleta da castanha do
Pará. prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na linha do equador...
Fonte: www.letras.com.br. Letra e música: Vital Farias.
A letra da música permite entender diversas perdas resultantes da extração de madeira, po-
dendo perceber as perdas ambientais e as perdas sociais resultantes dos conflitos gerados entre

60
as pessoas envolvidas.
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Veja na figura 48, representada pelo gráfico, a evolução do desmatamento na bacia amazônica. DICA
Para ouvir a música
acesse o link:
http://www.radio.uol.
com.br/letras-e-
musicas/vital-
-farias/saga-da-
-amazonia/981366?c
mpid=clink-rad-al

Fonte: <www.letras.
com.br> Acesso em 27
de ago. de 2011.

◄ Figura 48: O
desmatamento na
bacia amazônica.
Fonte: ARBEX JR; OLIC,
2000, p. 16.

Observamos no gráfico que ocorreu um aumento no desmatamento, porém com oscila-


ções. Nos anos de 1990 – 1991 ocorreu o menor índice de desmatamento, já em 1994-1995 foi
o maior.

2.3.3 Exploração mineral


Atividade
A riqueza mineral regional é atestada pela figura 49. Para conhecê-la faça uma leitura do
mapa dos recursos minerais da Amazônia. Quais são os recursos
minerais da Amazônia?
Onde estão as maiores
reservas?
Localize as províncias
mineralógicas locais.
Por meio da leitura
do mapa o que você
concluiu?

◄ Figura 49: Recursos


minerais da Amazônia.
Fonte: ADAS, 1995, p. 164.

Que a Amazônia abriga minerais estratégicos para a indústria de base isto é uma verdade,
como também que a riqueza mineral regional é além de diversificada, também abundante. A fi-
gura 49 mostra muito bem essa realidade.
Explorar os minérios da Amazônia também foi uma política adotada pelo governo brasileiro
com o intuito de tornar o lugar economicamente viável e para isso ele permitiu a entrada de ca-
pital estrangeiro.

61
UAB/Unimontes - 7º Período

Branco (1995) relata que o garimpo foi introduzido no Pará em 1958 na região do Tapajós,
mas a exploração era feita por métodos tradicionais e pouco lucrativos. Na década seguinte, a
Companhia Meridional de Mineração, por acaso, descobre uma verdadeira montanha de ferro
em Marabá, também no estado do Pará e mais tarde descobrem lá a presença de outros metais.
A bauxita (usada na produção de alumínio) foi encontrada em alguns trechos, merecendo desta-
que a jazida do vale do rio Trombetas, no Pará.
Na década de 1970, por meio do Projeto Radam Brasil, foram identificadas outras áreas de-
tentoras de grandes jazidas minerais na Amazônia. As áreas compreendem as serras localizadas
Para saber mais na porção setentrional da região, mais especificamente nos estados do Amapá e Roraima e ainda
no oeste do estado do Amazonas, conforme Lessa (1991).
Até a década de 1970, a
exploração do manga- A atividade mineradora é extremamente danosa ao meio ambiente, pois ela provoca:
nês na Serra do Navio • desmatamento;
era a maior atividade • envenenamento dos rios por mercúrio;
econômica do Amapá. • erosão.
As descobertas de
Veja na figura 50 como ocorre a contaminação por mercúrio.
Carajás e Trombetas
revolucionaram o perfil
de Marabá a Belém e
de Marabá a São Luiz.

Figura 50: Mercúrio, do ►


garimpo ao peixe.
Fonte: LESSA, 1991, p. 88.

A figura 50 mostra o ciclo de contaminação pelo mercúrio usado no garimpo e o Box 8 traz
importantes considerações sobre este processo.
A atividade mineradora produz um forte impacto na paisagem natural, pois desmontam
serras para retirar as coberturas dos solos e que por sua vez se transformam em rejeitos que vão
parar no curso dos rios, causando o assoreamento.

BOX 8
GARIMPAGEM, MERCÚRIO E ENVENENAMENTO

O envenenamento por mercúrio usado nos garimpos pode ocorrer de duas formas: a pri-
meira, pelo vapor desprendido quando o garimpeiro queima com o fogo do maçarico o mer-
cúrio misturado ao cascalho para separar o ouro; a segunda, mais grave, é o envenenamento
provocado pelo consumo de peixes contaminados pelo mercúrio.
A forma mais comum de envenenamento é pela aspiração dos gases do mercúrio, duran-
te a queima. Os sintomas são dor de cabeça, tontura, tremores, dormência nas mãos, insônia,
palpitação do coração e outros, variáveis de acordo com a pessoa. Já os habitantes das áreas ba-
nhadas pelos rios contaminados apresentam o segundo tipo de envenenamento, pois o peixe é
alimento básico para muitos deles. Veja, portanto, que a situação é grave.
Calcula-se que, desde 1958, a garimpagem no vale do rio Tapajós despejou nas águas desse
rio e de seus afluentes centenas de toneladas de mercúrio. A quantidade é maior que a lançada
na baía de Minamata, entre 1938 e 1968, pelas indústrias japonesas da região. Milhares de japo-
neses morreram ou tiveram doenças terríveis. A própria medicina não sabia diagnosticar a do-
ença. Somente bem mais tarde é que se descobriu que o mercúrio era o causador da tragédia.

Fonte: ADAS, Melhem. Geografia: o Brasil e suas regiões geoeconômicas. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1995, p. 161.

62
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

2.3.4 Os projetos agropecuários

Movidos pelo ideal de integração da região ao centro econômico do país, o governo brasileiro
criou um programa de financiamento a juros baixos para quem se interessasse em investir em pro-
jetos agropecuários na Amazônia.
Disto surgiu grande corrida de grupos nacionais e estrangeiros dispostos a implantar na por-
ção norte do país cultivos industriais voltados à exportação. Grupos como a Volkswagen, o Brades-
co, o Bamerindus, a Tamakavy, a Sadia e o Zillo, conforme Lessa (1991), instalaram-se na região. Es-
sas empresas tinham o objetivo de transformar os estados do Maranhão, na porção pertencente à
região, do Pará, do Mato Grosso e de Rondônia em grandes produtores de carne. Para cumpri-lo,
movidos pelas vantagens do crédito barato e fácil e apoiados pelo governo, iniciaram um intenso
processo de destruição da floresta. Lessa (1991) relata que árvores centenárias eram arrastadas por
correntes puxadas por duplas de tratores, folhagens eram queimadas ou destruídas por desfolhan-
tes químicos para depois sementes de capim serem lançadas por avião.
Naquela época (década de 1970), as características do bioma amazônico não eram conhe-
cidas e, pela pujança da floresta, acreditava-se que o solo era propício ao cultivo. Isso levou o
projeto ao fracasso.
O fracasso ocorreu por causa da característica peculiar da Amazônia que Silveira (2003) assim
esclarece: o regime de chuvas intensas na região provoca a lixiviação do solo transformando-o em
um solo pobre, sem nutrientes e esgotado. Para as pastagens o processo é suportado por aproxi-
madamente cinco anos, depois se torna degenerado, necessitando de complementos, o que não
acontece. O fazendeiro prefere abandonar o local por classificar a atividade inviável economica-
mente. E o prejuízo ambiental permanece na região...
Entenda melhor o processo assistindo ao documentário “Segredos da Amazônia”.
Para Silveira (2003), tornar as terras da Amazônia produtivas implica em investir em técnicas
que aumentem a produtividade do solo sem agredir a natureza. É grande a quantidade de terras
alteradas e abandonadas e se essas terras fossem incorporadas de forma sustentável, haveria cres-
cimento, tanto nas áreas de pastagens como nas de produção agrícola e isto sem derrubar árvores.

2.4 Movimentos populacionais na


amazônia
Como você viu na unidade que versa sobre a colonização, a mobilidade populacional sem- Glossário
pre fez parte da história da produção do espaço amazônico.
Então, nesta unidade iremos priorizar a movimentação populacional ocorrida nas últimas Lixiviação: Lavagem,
desgaste do solo pela
décadas do século XX, em especial nos anos 1970 e 1980, onde o poder público, por meio da ação das águas fluviais
implantação de uma colossal infraestrutura, criou verdadeiros surtos migratórios na Amazônia. ou pluviais.

◄ Figura 51: Migrações


para a Amazônia nas
décadas de 1970 e 1980.
Fonte: ALMEIDA, 2008,
p. 291.

63
UAB/Unimontes - 7º Período

A região era caracterizada por vazios demográficos. O grande desafio em relação às ques-
tões populacionais gira em torno da ocupação da região. Pesquisas apontam que ocorreu um
intenso fluxo migratório de caráter interno também, acompanhando os projetos de colonização
e urbanização ocorridas nas principais capitais da região.
Compreenda melhor os fluxos de migração direcionada com a leitura do Box 9, sobre as mi-
Para saber mais grações no Amapá.
A implantação desses BOX 9
projetos na Amazônia AMAPÁ: O PRINCIPAL POLO DA IMIGRAÇAO INTERNA
gerou conflitos rurais.
A região denomina-
da como o Bico do Pouca gente poderia imaginar que o estado do Amapá se transformaria em um impor-
Papagaio é identifica- tante polo de atração populacional, principalmente porque, entre outras razões, não há pos-
da como um foco de
intensos conflitos agrá-
sibilidade de ligação por terra entre esse estado e o restante do país, já que ao Amapá só se
rios ainda sem solução. consegue chegar de barco ou avião.
O Bico do Papagaio Se a escolha for navegação fluvial, será preciso gastar 23 horas dentro de uma embarca-
é a junção entre os ção para ir de Belém, no Pará, até a cidade de Santana, porto amapaense na foz do rio Amazo-
estados do Tocantins, nas. Por avião, é bem mais rápido, porém muito mais caro, o que inviabiliza tal opção para a
do Maranhão e do Pará.
Veja no mapa político
maioria dos que migram para esse estado brasileiro, geralmente pessoas com sérias dificulda-
da região. des econômicas como origem, sobretudo, nos estados do Pará, do Maranhão e do Piauí.
O Amapá, estado brasileiro que mais cresce demograficamente, apresenta uma taxa de
crescimento populacional da ordem de 5,3% ao ano, e isso se deve, em grande parte, ao fato
Os óleos vegetais de de receber, em média, cerca de 25 mil migrantes por ano. Essa capacidade de atração de mi-
espécies da Amazônia
são muito procurados
grantes está fortemente relacionada com determinadas condições econômicas que o novo es-
pelas indústrias cosmé- tado apresenta. Ao mudar sua condição político-administrativa com a Constituição de 1988,
ticas e farmacêuticas. transformando-se de território federal em estado da Federação, o Amapá passou a apresentar
Fonte: ARAÚJO, Tiago. uma sensível melhoria em seus indicadores sociais e econômicos.
Disponível em <http:// Outro aspecto que tem ajudado o Amapá a se desenvolver rapidamente é a sua posição
brasilien.ded.de/
pt/noticias/ultimas/
geográfica. Localizado na extremidade norte do litoral brasileiro, faz fronteira, por meio das
produtos-das-mulhe- águas do rio Oiapoque, com a Guiana Francesa, domínio da França no território sul-americano.
res-extrativistas-da- A proximidade geográfica com a Guiana Francesa facilitou a aproximação econômica e
-amazonia-vao-ganhar- cultural, com a instalação de um centro de cultura francesa em Macapá e a expansão de cursos
-mercado.html> acesso de língua francesa em quase todo o estado, sendo obrigatório o ensino desse idioma nas esco-
em 21 set. 2011
las da rede oficial do estado.
Para diminuir a emigração de brasileiros para a Guiana Francesa, o que ocorre principal-
As mulheres extrati- mente por causa da facilidade de locomoção entre os dois países por via rodoviária, o governo
vistas da Amazônia francês tem ajudado no desenvolvimento do Amapá, sobretudo com empréstimos financeiros,
se organizam em em condições privilegiadas e fornecimento de material hospitalar e educacional.
cooperativas ou grupos
produtivos. Fonte: ALMEIDA, Maurício de. Geografia Global: geral e do Brasil. São Paulo: Escala Educacional, 2008, p. 292.
O mercado reduzido
não valoriza a produ-
ção das artesãs e a ren- Essa estratégia de ocupação dos espaços vazios da região foi muito prejudicial às popula-
da obtida com a venda ções tradicionais da Amazônia, pois com o intuito de desenvolver a região, essa colonização não
da produção é baixa. respeitou as características da população local e nem a fragilidade do ecossistema, gerando uma
Fonte: ARAÚJO, Tiago. degradação ambiental sem precedentes e também conflitos com os povos da floresta.
Disponível em <http://
brasilien.ded.de/
O próximo item dessa unidade irá tecer alguns comentários sobre os povos tradicionais da
pt/noticias/ultimas/ Amazônia.
produtos-das-mulhe-
res-extrativistas-da-
-amazonia-vao-ganhar-
-mercado.html>
2.4.1 Populações tradicionais da Amazônia
acesso em 21 set. 2011
O ambiente físico da Amazônia, coberto pela maior floresta equatorial do mundo aliada a
uma grande área de clima equatorial e ainda a mais densa rede hidrográfica mundial contribuem
para o crescimento da atividade extrativa.
São classificados como populações tradicionais os índios, os seringueiros, os castanheiros,
os ribeirinhos, os pescadores artesanais, os babaçueiros, os pequenos agricultores etc. Estima-se
que mais da metade das populações tradicionais do Brasil encontram-se na Amazônia.
Eles se caracterizam por sua maneira peculiar de tratar a natureza, por isso são conhecidos
como grupos culturalmente diferenciados, buscando o seu sustento nas espécies da floresta,
usando-a de maneira sustentável, ou seja, sem comprometer o abastecimento futuro. Os povos
da floresta enxergam nela uma condição para perpetuar seus valores culturais, sociais e religiosos.

64
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Esses povos estão suscetíveis aos efeitos negativos causados pelo processo de produção do es-
paço da Amazônia. Efeitos estes que geraram devastação da floresta, assoreamento e poluição dos
rios, redução da biodiversidade e ainda comprometimento dos saberes e da cultura desses povos.
Como reduzir os impactos na vida desses povos?
Aproveitando o conhecimento que eles detêm sobre a floresta e, assim, promover o desen-
volvimento sustentável.
Uma maneira eficiente e sustentável de preservar a cultura, os costumes e ainda garantir a
renda desse grupo populacional é a implantação de projetos apoiados pelo governo, pelas insti-
tuições da sociedade civil e ainda pelas organizações não governamentais que visem dinamizar
e tornar lucrativas as atividades artesanais, extrativistas, de pesca artesanal e de ecoturismo.
Os extrativistas se dedicam à fabricação de artefatos domésticos como cestos, peneiras, es-
teiras, chapéus etc., em palhas retiradas das palmeiras e coleta de frutos nativos como a castanha
do Pará, coco de babaçu e açaí (fruto e palmito), extração do látex da seringueira e por fim a pes-
ca artesanal para o autoabastecimento.
Valorizar os povos da floresta é garantir a sobrevivência das espécies nativas e em especial
da Amazônia, pois lá encontramos a maior biodiversidade do planeta e também o maior número
de grupos de população tradicional. Esses povos são conhecedores das potencialidades, fragili-
dades e problemas do lugar, por isso são os guardiões da natureza local, são conscientes de que
esta é a forma de garantir a cidadania dos povos da floresta. É sabido que a presença deles ali
garante a sobrevivência de muitas espécies.
Entre eles a relação é colaborativa, próxima do parentesco, o que fortalece a unidade fami-
liar criando vínculos que pode ser a garantia do repasse dessas informações. É importante lem-
brar que eles guardam a floresta como se fosse um tesouro, o que de certa forma é verdade, e
não cobram salário para isso, ou seja, fazem isso numa ação desprendida, voluntária.
De acordo com Scannavino (s.d. citado por CRUZ, 2009), apesar do grande número de infor-
mações que são veiculadas na mídia sobre a Amazônia, ela ainda é desconhecida. A sociedade
tem conhecimento sobre a fauna e a flora, mas do povo que a habita conhece-se muito pouco e
isso é grave, pois eles conhecem a região, sabem o que é melhor para o ecossistema, se eles fos-
sem ouvidos talvez a situação ambiental da Amazônia fosse diferente.

2.4.1.1 Os índios na Amazônia


Como em todo o continente americano, a Amazônia também era habitada por diversos gru-
pos indígenas. Estima-se que na época da colonização a população indígena na região era em
torno de 6,8 milhões (LESSA, 1991 ); ainda de acordo com Lessa ( 1991 p. 17) o padre João Daniel
relata que em 1741 e 1757 [...] “os índios eram tantos que podiam ser comparados a enxames de
mosquitos, as povoações eram sem número, as linguagens eram sem conto”.

◄ Figura 52: Reservas


indígenas na Amazônia.
Fonte: ALMEIDA, 2008,
p. 285.

65
UAB/Unimontes - 7º Período

2.4.1.2 População indígena hoje

Para saber mais A região na atualidade abriga em torno de 200 mil índios, que ao longo da colonização fo-
ram vítimas de todos os tipos de atrocidades, desde escravidão e aculturação até a matança in-
Atualmente são reco- discriminada.
nhecidos os indígenas
de todas as unidades No período em que foram desenvolvidas as políticas de integração na Amazônia, houve in-
da federação. tensificação de massacres contra os índios. Por ocasião da construção das rodovias Transamazô-
Em torno de 180 povos nica, Belém Brasília e a Perimetral Norte, os Uaimiris-atroaris, os Ianomâmis, os Araras, os Paraka-
indígenas vivem na nãs, os Anta Largas, os Nambikwaras e muitos outros tiveram suas vidas invadidas num processo
Amazônia. de expropriação cultural sem precedentes.
Na Amazônia encontra-
mos 59,43% dos índios Em meio a todo esse turbilhão de violência na década de 1970, e apoiado pela Igreja Católi-
brasileiros. ca, foi formado o Conselho Indigenista Missionário, o CIMI, que tornou público através dos meios
16,09% dos índios da de comunicação, a real situação dos índios e garantiu na Constituição Federal o seu direito à ter-
Amazônia vivem no ra e o reconhecimento de suas organizações sociais.
meio urbano. No cenário atual as expectativas são positivas, a população indígena vem registrando cresci-
Fonte: Amazônia indí-
gena: conquistas e de- mento. Isto se deve à atuação do CIMI que lhes garantiu melhoria da qualidade de vida através de
safios. Disponível em: medidas sanitárias e lhes deu acesso à imunização por meio de vacinas. É importante salientar tam-
<http://www.scielo.br/ bém que os índios adquiriram anticorpos a partir do primeiro contato com o homem branco.
scielo.php?pid> acesso Dados oficiais, citados pela revista Veja (Editora Abril), edição especial da Amazônia, 24-12-1997,
em 18 set. 2011. ano 30 nº 51, indicam que em 1950, no Brasil, a população indígena era de 68 000 a 100 000 habitan-
tes, na década de 1990, eles já eram 280 000.
Aprofunde seus conhecimentos sobre o aumento da população indígena com a leitura do Box 10.

BOX 10
ELES RESISTEM

Depois de séculos de extermínio, a população indígena volta a crescer


Sim, o que durante muito tempo parecia impossível está acontecendo: o número de índios
no Brasil e na Amazônia esta aumentando cada vez mais. A taxa de crescimento da população in-
dígena é de 3,5% ao ano, superando a média nacional, que é de 1,3%. “O fenômeno é importante
ao baby boom do pós-guerra, em que as populações depois da matança geral, tendem a recupe-
rar as perdas reproduzindo-se mais rapidamente”, diz a antropóloga Marta Azeredo, responsável
por uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos em População da Universidade de Campinas.
Outro motivo seria a imunização dos índios por meio de vacinas e anticorpos adquiridos
após o primeiro contato. O momento é de otimismo, passados os tempos de matança, escravi-
dão, catequização forçada ou da mera indiferença das autoridades. Em 1500, quando os portu-
gueses chegaram ao Brasil, estima-se que havia por aqui 6 milhões de índios. Nos anos 1950, se-
gundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena brasileira estava entre 68 000 e 100
000 habitantes. Atualmente há cerca de 280 000 índios no Brasil. Contando os que vivem em cen-
tros urbanos, ultrapassam os 300 000.
O extermínio é um risco do passado, e os direitos sobre as terras, assegurados na Constitui-
ção de 1988, estão em fase de consolidação, com a ajuda de 100 associações indígenas legaliza-
das. A maior parte das terras indígenas (98%) está na Amazônia Legal, onde moram 170 000 ín-
dios. São 990 000 quilômetros quadrados – 20% das terras amazônicas. Nos estados do Nordeste,
Sul e Sudeste, onde há menos terra para mais gente, os 110 000 índios restantes acomodam-se
em 12 400 quilômetros quadrados. Cada índio tem em média 3,6 quilômetros quadrados para
viver, ou uma área equivalente a 436 campos de futebol. No total, é dos índios 12% do território
nacional.
Com terras garantidas e população crescente, pode parecer que a situação dos índios se en-
contra agora sob controle. Não é bem assim. O maior desafio da atualidade é manter viva a sua ri-
queza cultural. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1 300 línguas indí-
genas. Atualmente existem 170. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes
têm menos de 200 pessoas. Os jumas, por exemplo, viviam no século XVIII perto do rio Purus, na
divisa do Acre com o Amazonas, e eram 15 000 pessoas. Tidos como cordiais e amigáveis muitos
viraram escravos na época da colonização e parte da tribo foi dizimada. Na década de 90, resta-
vam apenas três representantes da etnia: duas velhas índias, Baru e Inté, e o jovem guerreiro Karé,
morto por uma onça há quatro anos. Foi o fim de mais um povo indígena e sua cultura. “Cada vez
que isso acontece, o prejuízo é terrível, incalculável”, diz Carlos Alberto Ricardo, coordenador do
Programa Rio Negro, do Instituto Socioambiental.

66
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Entre os povos ameaçados estão os Ianomâmis, que foram os últimos a ter contato com a
civilização. Vivendo nas cabeceiras dos rios Negro e Branco, sua população atual chega a pouco
mais de 8 000 pessoas. O encontro com garimpeiros, que invadem suas terras, trazendo doenças,
violência e alcoolismo, abala a estabilidade do povo. No final da década de 80 e no início da de
90, 2 200 ianomâmis morreram em virtude da malária, em primeiro lugar, e da violência. Entre os
índios, os garimpeiros são conhecidos por outro nome: os “comedores de terras”. Calcula-se que
300 000 garimpeiros entraram ilegalmente em terras indígenas na Amazônia. Mas o problema
não é insolúvel. Na aldeia Nazaré, onde moram 78 ianomâmis, foram expulsos pela Polícia Fede-
ral. E, sobretudo, já existem lugares onde a cultura indígena convive bem com a chegada da civili-
zação, como no município de São Gabriel da Cachoeira.
A aldeia Nazaré, na área rural de São Gabriel, é um bom exemplo de como os índios da Ama-
zônia ainda conseguem viver como seus antepassados. O tuxaua Mateus Cós Santos, de 49 anos,
chefe da tribo, sabe da riqueza da região, que segundo os geólogos, é farta em jazidas de ouro.
Admite que “ganhar dinheiro é importante”, mas depois de algumas prioridades. Na realidade, os
índios ainda vivem como antigamente, em comunidade. Partilham o que ganham e produzem
coletivamente, ajudando tribos vizinhas na caça e na pesca. Entre eles não existe propriedade pri-
vada. Ainda têm outras coisas com o que se preocupar. Evitar que o céu caia sobre suas cabeças,
por exemplo. Cabe aos pajés Nelson, Renato e Manuel, através de suas rezas – durante as quais
cheiram um pó chamado pariká, feito com ervas que lhes permitem conversar com os espíritos –
evitar a tragédia, mantendo equilibradas as colunas que sustentam o mundo de cima.
O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o de-
saparecimento de muita coisa interessante. Um quarto de todas as drogas prescritas pela medici-
na ocidental vem das plantas das florestas e três quartos foram colhidos a partir de informações de
povos indígenas. Na área de educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras,
é comparada por linguistas com a língua grega por sua riqueza estrutural – possui, por exemplo,
doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado. Permanece a questão de como ficará o
índio num mundo globalizado, mas pelo menos já se sabe o que é preciso preservar.

Fonte: MANSO. Bruno Paes. Eles resistem. Revista Veja. Edição Especial da Amazônia. São Paulo, a. 30, n. 51, p. 52-56, 24
dez. 1997.

◄ Figura 53: Índio.


Fonte: VESENTINI; VLACH,
2008, p. 228.

67
UAB/Unimontes - 7º Período

Dica
Assista ao documen- A constatação da urbanização dos indígenas aponta para a necessidade da ampliação
tário “Ianomâmis” que dos serviços públicos de educação, saúde e assistência social específica para essa parcela da
estará disponível no população.
Polo. Na Amazônia existem várias tribos indígenas, todas elas tiveram suas terras invadidas pelo
garimpo, pela abertura de estradas, pelo desmatamento, pelos projetos agropastoris. Mas,
dentre os mais ameaçados, estão os Ianomâmis, povo que vive nas cabeceiras dos rios Negro e
Branco, mais precisamente a noroeste da região. Com uma população de mais ou menos 8 000
Para saber mais
pessoas no Brasil, vivem como a maioria dos indígenas, da pesca, da prática da agricultura de
A nação Ianomâmi está subsistência, da coleta e da caça.
dividida em quatro O grande desafio dos Ianomâmis é a criação do parque dos Ianomâmis, que é uma área de
grandes grupos: Sanu-
má, Ianomam, Ianoma- mais de nove milhões de hectares de terra contínua. A ameaça aos Ianomâmis se justifica por
mo e Yanam e falam causa da imensa reserva de ouro existente em suas terras.
línguas diferentes. Muitos índios na Amazônia ainda preservam seus costumes, partilham a caça e a pesca, pra-
Fonte: MARMORI, ticam a agricultura itinerante mantêm seus rituais de curandeirismo e de valorização da hierar-
Margareth. O modo de quia; assim, evita-se o desaparecimento de sua cultura.
vida Ianomâmi. Revista
Ciência Hoje, Rio de Apesar dos dados entusiastas apontando para o crescimento da população indígena, é im-
Janeiro, p. 47, junho/ portante avaliar as consequências socioambientais das ações a aculturação a que essa popula-
julho de 1990. ção foi submetida nesses três séculos de ocupação predatória da Amazônia.

2.4.2 A incidência da malária na Amazônia

As áreas cobertas por densas florestas estão sujeitas às doenças tropicais, dentre elas a que
apresenta maior incidência na Amazônia é a malária. É uma doença infecciosa transmitida pela
fêmea do mosquito do gênero plasmódio. Trata-se de uma doença grave, se não for tratada
pode levar o paciente à morte.
Estudos comprovam que 99% dos casos de malária ocorrem na Amazônia Legal, conforme a
figura 54, mapa da incidência da malária.

Figura 54: Incidência da ►


malária no Brasil.
Fonte: CARVALHO, 2009,
p. 173.

Ao fazer a leitura do mapa você pode observar que os maiores números de casos estão
registrados nos estados da Amazônia. Os estados do Amazonas e do Pará são os campeões em
número de casos.
A incidência da malária na Amazônia passa por períodos de crescimento em número de ca-
sos nos últimos 30 anos. Isto se deve ao surto de migração registrado na região por ocasião da
implantação dos planos de integração por meio de abertura de estradas, projetos agropastoris e
de expansão dos garimpos.

68
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Em virtude das medidas de controle do vetor e redução nos deslocamentos da população a


partir de 1996, ocorreu uma queda acentuada no número de casos.
Dados do Ministério da Saúde apontam que no primeiro semestre de 2011 foram registra-
dos 115.708 casos, contra 168.397 no mesmo período de 2010, isto na Amazônia Legal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que os casos de malária no mundo podem
chegar a 243 milhões e que as áreas mais afetadas são a África, a América do Sul e a Ásia, que por
sua vez possuem território nas regiões tropicais.

2.5 Espaço urbano industrial


Até a década de 1970 o crescimento populacional da Amazônia era muito pequeno. Fatores
associados à grande dimensão, à dificuldade de comunicação com outras regiões, em especial
com o Centro Sul, bem como um desenvolvimento econômico incipiente, tornavam este espaço
pouco atrativo do ponto de vista populacional e para investimentos industriais.
Como já foi mencionado anteriormente neste caderno, a ocupação e povoamento da Ama-
zônia tiveram nas missões religiosas e nas expedições militares, ações povoadoras que priori-
zavam as áreas próximas dos rios e que favoreciam estes movimentos de penetração e povoa-
mento. Sendo assim, os núcleos urbanos se estabeleceram ao longo dos rios. Vimos também que
a exploração da borracha teve papel significativo no fortalecimento do povoamento, porém a
maior parte da população era rural e dedicada às atividades especificas deste espaço, com desta-
que para o extrativismo e a agricultura de subsistencia.
O apogeu da borracha confere a Belém e Manaus ares de metrópoles. Porém, o marco inicial
da urbanização da Amazônia está associado à criação da cidade de Belém (1616), originada de
um forte. Um pouco mais tarde foi fundado um núcleo que deu origem à cidade de Bragança.
Veja na tabela 2, que no período correspondente, a cidade de Belém figurava entre as mais
populosas.

TABELA 2
Cidades mais populosas do Brasil em 1872 e 1900

População
Cidade
1872 1900
Rio de Janeiro 274.972 811.443
Salvador 129.109 205.813
Recife 116.671 113.106
Belém 61.997 96.560
Niterói 47.548 53.433
Porto Alegre 43.998 73.647
Fortaleza 42.458 48.369
Cuiabá 35.987 34.393
São Luis 31.664 36.798
São Paulo 31.385 239.820
Fonte: COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1997, p. 325.

Estabelecendo um paralelo entre a tabela 2 e a tabela 3 percebe-se que a cidade de Belém,


embora estivesse entre as dez cidades mais populosas do Brasil, foi ultrapassada por outras.

TABELA 3
Cidades mais populosas do Brasil em 1950 e 1960

População
Cidade
1950 1960
Rio de Janeiro 2.377.451 3.281.908
São Paulo 2.198.096 3.781.446

69
UAB/Unimontes - 7º Período

População
Cidade
1950 1960
Recife 524.682 788.336
Salvador 417.235 649.453
Porto Alegre 394.151 635.125
Belo Horizonte 352.724 683.908
Fortaleza 270.169 507.108
Belém 254.949 399.222
Niterói 186.309 243.188
Curitiba 180.575 356.830
Fonte: COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1997, p. 325.
Atividade
Relacione causas que O que se percebe ao estudar o processo de urbanização da Amazônia é que ele é bastante
podem explicar a
recente e a rede urbana é fraca e desarticulada, sendo comandada por duas metrópoles, Belém e
diferença de posição
da cidade de Belém Manaus. Veja na figura 55, a área de influência das cidades de Belém e Manaus.
no período de 1950 e
1960.

Para saber mais


No século XX, centenas
de imigrantes japo-
neses instalaram-se
em núcleos coloniais,
principalmente no
Pará, na região chama-
da de Bragantina, entre
as cidades de Belém e
Bragança. (MOREIRA,
2002, p. 256).

Figura 55: Área de ►


abrangência das cidades
de Manaus e Belém.
Fonte: MAGNOLI, 2001, p.
244.

É possível perceber que a área polarizada por Manaus é superior à de Belém e que existe
área antes polarizada por Belém e que é disputada por Manaus.
A ampliação da influência de Manaus, que extrapola os limites da Amazônia, se deu a partir
da industrialização que ocorreu em Manaus com a criação da zona franca.
Amplie seus conhecimentos com a leitura do Box 11.

70
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

BOX 11
ZONA FRANCA DE MANAUS

A zona franca de Manaus, criada pela Sudam entre 1967 e 1972, teve como objetivo insta-
lar um polo industrial em Manaus, com facilidades e incentivos fiscais nas taxações de impos-
tos, com o objetivo de desenvolver o Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima que estavam com
a economia estagnada desde a decadência do ciclo da borracha.
Devido às isenções fiscais, os produtos importados eram mais baratos e várias indústrias
instalaram-se em Manaus, contribuindo para o crescimento econômico e populacional da ci-
dade e da região. A zona franca de Manaus tinha também projetos comerciais e voltados para
a agropecuária com o apoio das indústrias. As primeiras fábricas se instalaram em 1972, e o
crescimento se deu mais intensamente até 1982. Porém, muitas pessoas, atraídas pela possibi-
lidade de emprego, partiram do interior dos estados e não encontraram trabalho, promoven-
do a pobreza e a formação de favelas, além de inúmeros problemas urbanos.
Em 1988 a nova Constituição brasileira manteve a zona franca de Manaus com a manu-
tenção dos incentivos fiscais até 2013 para que estimulasse a economia local. A política im-
plantada pelo governo federal em reduzir os impostos dos produtos importados e a descen-
tralização com a criação de áreas de livre-comércio desenhado em 1990 acabou criando uma
emenda constitucional em 2003, prorrogando o estímulo ate 2023.

Fonte: CASTELAR, Sonia; MAESTRO, Valter.Geografia: Uma leitura do mundo. 1. ed. São Paulo: Quinteto Editorial, 2009, p. 151.

As políticas públicas dirigidas à Amazônia, no período de 1960 a 1970, com destaque à aber-
tura de estradas, favoreceram o processo migratório contribuindo para elevar as taxas de urbani-
zação. Santos e Silveira (2001, p. 274) asseveram:

Na Amazônia Legal, o índice de urbanização passa de 28,3% em 1950 para


52,4% em 1980 (L. O. Machado, 1983), e o número de núcleos urbanos duplica
nesse mesmo período, subindo de 169 para 340. Em 1996, sua taxa de urbani-
zação era de 62,3%.

Dessa forma, o que se percebe é que a Amazônia absorveu bem o processo de urbanização
em um curto período de tempo.
É importante destacar que no período de 1980 a 1991, muitas capitais tiveram crescimento
populacional reduzido, porém algumas capitais da Amazônia apresentaram altos índices de cres-
cimento populacional. Foram elas: Palmas, Boa Vista, Porto Velho e Rio Branco (COELHO, 1997).
Muitas vezes, embora as pesquisas sejam confiáveis, os dados divulgados nem sempre mos-
tram a realidade como verdadeiramente é.
Leia o Box 12 e perceba a complexidade de entender o espaço urbano na Amazônia.

BOX 12
LUZES NA AMAZÔNIA

Fotos noturnas feitas por satélite revelam uma surpreendente urbanização da floresta

Enfiados no meio da mata fechada, pelo menos 500 vilarejos da Amazônia sempre foram
um mistério para as estatísticas oficiais do país. Ninguém sabia com precisão onde estavam
esses povoados, e tentar localizá-los num mapa era perda de tempo. Um grupo de pesquisa-
dores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, interessado em desvendar
os segredos do desmatamento da floresta, encontrou uma maneira engenhosa de desvendar
o mistério. Algo tão simples que admira nunca ter sido feito antes. Examinando fotografias
da Amazônia feitas durante a noite, a partir de satélites em órbita, puderam ver claramente
a constelação de lâmpadas elétricas indicando onde está cada uma dessas povoações. São
cidades nanicas que raramente ultrapassam os 5 000 habitantes, mas apresentam estrutura
urbana surpreendente na selva. “Não se sabia direito onde estavam 40% das mais de 1 300 vi-
las e cidades da Amazônia”, diz Evaristo Eduardo de Miranda, gerente da divisão de monitora-
mento por satélites da Embrapa. “As luzes mostraram o caminho para chegar até elas, mesmo
as que nunca apareceram nos mapas”, afirma.

71
UAB/Unimontes - 7º Período

A localização exata das cidades era crucial para que os pesquisadores pudessem dimen-
sionar a dinâmica do desmatamento. Em vez de procurar as tradicionais manchas carecas no
meio do verde, eles nunca foram esmiuçar as imagens feitas por um satélite especial da Força
Aérea dos Estados Unidos. Selecionaram criteriosamente os focos de luz colhidos e identifica-
ram as fontes de emissões elétricas fixas, como lâmpadas que iluminam as ruas, e a claridade
que escapa pelas janelas e portas das casas. Ao todo os especialistas em imagens da Embrapa
cruzaram dados de uma centena de fotografias tiradas a 835 quilômetros de altitude. O satéli-
te de uma categoria especial chamada Defense Meteorological Satellite Program - DMSP, é ca-
paz de realizar uma varredura de 3 000 quilômetros e tem uma sensibilidade tal que permite
aos pesquisadores identificar até mesmo o reflexo da luz da Lua sobre superfícies como rios e
lagos. Os registros foram colhidos a partir de passagens do satélite a cada dois dias sobre a re-
gião amazônica, sempre às 10 da noite. Depois de identificar as luzes da mata, eles cruzaram o
novo mapa com o de desmatamentos feito pelos satélites convencionais. “O resultado é qua-
se uma revolução no que se pensava sobre a devastação”, diz Miranda.
A equipe da Embrapa percebeu que, num raio de 25 quilômetros ao redor dos vilarejos
e municípios mapeados, se concentram cerca de 95% dos pontos de extração de madeira e
de queimadas. Um resultado que, acreditam, pode subverter o conceito de que a exploração
predatória e clandestina da floresta se localiza em regiões de fazendas e em pontos isolados
e inacessíveis da selva. Pelo novo levantamento, a destruição está diretamente ligada aos nú-
cleos de civilização. Esses povoados, longe de ser aglomerados de barracos e casas de ma-
deira perdidos na mata, acabam se tornando bases avançadas para a exploração da região e
a alavanca de um processo irreversível de urbanização. “É lá que se compram combustível e
víveres, onde estão os aparelhos de comunicação por rádio e onde se fixa a mão de obra dis-
ponível para qualquer investida exploratória”, avalia Sandra Mello, da Secretaria de Qualidade
Ambiental nos Assentamentos Humanos, do Ministério do Meio Ambiente. Um sinal claro de
que esses pequenos focos de luz precisam ser enxergados com especial atenção.

Fonte: GUSMÃO, Marcos. Luzes na Amazônia. Revista Veja, São Paulo, ed. 1625, p. 82-83, novembro de 1999.

No mapa que acompanhou a reportagem da Revista Veja apareceram as luzes de Cuiabá


e de São Luís, porém consta na literatura regional mapas que não consideram essas cidades no
contexto de Região Geoeconômica da Amazônia.

TABELA 4
Amazônia - Cidades

Estado Capital Principais cidades IDH


Pará Belém Santarém; Altamira; Óbidos 0,755
São Felix do Xingu; Conceição
do Araguaia, Marabá e Alenquer
Rondônia Porto Velho Ariquemes, Cacoal, Vilhena, Guajará-Mirim, 0,776
Ji-Paraná e Espigão do Oeste
Tocantins Palmas Araguaína, Gurupí, Porto Nacional e Paraiso do 0,756
Tocantins
Amapá Macapá Santana, Oiapoque e Laranjal do Jari 0,780
Acre Rio Branco Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira e Senador 0,751
Guiomard
Roraima Boa Vista Rorainópolis, Alto Alegre, Caracaraí e Bonfim 0,750
Amazonas Manaus Parintins, São Gabriel da Cachoeira, Itacoatiara, 0,780
Lábrea, Manacapuru, Borba, Coari e Benjamin
Constant
Porção do Maranhão São Luiz Imperatriz, Viana, Itaqui, Pinheiro, Santa Inês e 0,341*
Cândido Mendes
Porção do Mato Cuiabá Alta Floresta, São Félix do Araguaia, Sorriso, 0,398*
Grosso Terra Nova
Fontes: CASTELLAR, Sônia; MAESTRO, Walter. Geografia: uma leitura do Mundo. São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. p.
164
FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas Geográfico: Espaço Mundial. São Paulo: Moderna, 1998. p.31 e 37. Adaptação de
Leite e Silva, 2011.
* Trata-se de uma porção do estado, por isso apresenta-se mais baixo que os outros.

72
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Com a leitura da figura 56 do mapa a seguir, você poderá localizar algumas das cidades que
foram apresentadas na tabela 4 bem como identificar pela legenda o número de habitantes por
núcleos urbanos. O mapa permite também a você localizar as principais rodovias que cortam o
espaço amazônico.

◄ Figura 56: Política de


ocupação da Amazônia
Legal (1984).
Fonte: MOREIRA, 2002,
p. 65.

Você deve ter percebido que não mencionamos os problemas ambientais, sociais e econômi-
cos das cidades da Amazônia. Não serão muito diferentes do que acontece em outras cidades bra-
sileiras, tais como: falta de moradia, desemprego, falta de infraestrutura, poluição, saúde precária
etc. Volte ao texto do Box 11 e veja que a equipe da Embrapa identificou que cerca de 95% dos
pontos de extração de madeira e de queimadas estão nas proximidades dos municípios mapeados.
Quando se refere à falta de infraestrutura, convêm lembrar que muitas cidades estão às
margens de rios e que foram resultado de políticas desenvolvimentistas. Algumas priorizaram as
Figura 57: Favela em
rodovias e nem sempre o acesso foi melhorado devido à ineficiência do governo em concluí-las forma de palafitas na
ou mesmo fazer a manutenção. Deve-se destacar que a maioria da população que vive nas cida- cidade de Manaus.
des da Amazônia é constituída principalmente de migrantes de outras regiões do país. Fonte: MAGNOLI, 1998,
Neste caderno você estudou sobre as palafitas e viu também uma figura ilustrando este p. 151.
tipo de moradia que aparece no espaço rural e também no urbano. ▼

73
UAB/Unimontes - 7º Período

Parcela da população de Manaus e de Belém vive neste tipo de moradia, bem como em ci-
Atividade dades menores e corresponde à parcela pobre nestas cidades.
Conforme Ferreira (1998, p. 18), nos estados do Pará e do Amazonas cerca de 500.000 pesso-
Relacione alguns
problemas que, em sua as vivem em favelas e no Amapá, aproximadamente, 50.000 pessoas estão nesta situação.
opinião, a população A interação entre urbanização e industrialização nos leva a identificar que o espaço indus-
que mora em palafitas trial e que a maior concentração de indústrias se situam em Manaus e Belém. A diversificação
convive. dos ramos industriais pode ser observada no quadro 9, a seguir.

QUADRO 9
Amazônia - Ramos industriais

Áreas industriais Ramos


Manaus Alimentícia, fiação e tecelagem, siderurgia e elaboração de produtos
siderúrgicos, mecânica e material eletrônico.
Belém Alimentícia, fiação e tecelagem, transformação de produtos minerais e
não metálicos, siderurgia e elaboração de produtos siderúrgicos.
Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. São Paulo: Moderna, 1998, p. 19.

Você já leu no Box 11, que fala da criação e da importância da Zona Franca de Manaus e viu
que a criação desta zona industrial de livre comércio contribuiu significativamente para conso-
lidar o estado do Amazonas como o único estado da Amazônia que tem na indústria a sua prin-
cipal atividade econômica. Veja na tabela 5 a seguir, a participação dos estados da Amazônia na
produção industrial.

TABELA 5
Amazônia – Participação dos estados na produção industrial

Estado Participação (%)


Amazonas 62,0
Pará 26,6
Rondônia 7,3
Restante 4,1
Fonte: COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 1997, p.181. Organização: Leite e Silva,
2011.

Você leu no Box 11 que a Zona Franca de Manaus teve também como objetivo estender os
benefícios a outros estados da Amazônia, certo? Quais foram estes estados? Caso não esteja lem-
brando, volte ao texto.
Pois bem, apesar do grande crescimento que a zona franca proporcionou à cidade de Ma-
naus, este não foi contínuo e permanente, mas foi suficiente para colocar essa cidade à frente de
qualquer outra da Amazônia.
Veja como Santos e Silveira (2001, p. 117) destacam a Zona Franca de Manaus, através da lei-
tura do Box 13.

BOX 13
ZONA FRANCA DE MANAUS

Em 1957 foi estabelecido em Manaus um porto livre, e dez anos depois criou-se a Zona
Franca, com centro nessa cidade e uma área de 10 mil quilômetros quadrados. Mas em 1968
ampliava-se o território regulado por essas condições a todo o estado do Amazonas, Acre,
Rondônia e Roraima. Com 2.191.522 quilômetros quadrados, a Zona Franca de Manaus aca-
ba por incluir 25% do território nacional. O comércio de mercadorias importadas foi a fun-
ção central até os anos 80, momento em que se induziu o crescimento de quatro polos pro-
dutivos: eletroeletrônico, relojoeiro, óptico e veículos de duas rodas.

74
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Para gerar essa densidade normativa na região convergiram ações federais, estaduais e
municipais. Dentre as primeiras, mencionamos a isenção de impostos incidentes sobre impor-
tação, exportação e produtos industrializados, e nos dois outros níveis salientam-se a redução
da base de cálculo do ICMS, o crédito fiscal para mercadorias de origem nacional, a restituição
integral no caso das empresas que produzem bens de interesse do Estado, incentivos para a
aquisição de grandes áreas de terras no Distrito Industrial e isenção ou dedução do imposto
de renda por dez anos. Nessa mancha no norte do país articulam-se dois suportes conflitan-
tes da globalização da economia e do território: a abertura comercial e os protecionismos de
diversas espécies.
Criou-se assim uma especialização territorial, surgida de um processo de descontração
industrial sob o amparo de normas. Trata-se, sobretudo, da fixação de indústrias eletroeletrô-
nicas, que representam cerca de 64% do faturamento total da Zona Franca, onde, em 1974
nenhuma empresa se achava no conjunto das cinquenta maiores do país. Já a partir de 1995, a
quinquagésima firma do grupo das maiores em vendas é a CCE da Amazônia. Das vinte maio-
res empresas do setor eletroeletrônico, seis encontram-se no Estado do Amazonas. Em cer-
tos casos, como a Philips da Amazônia, firmas com sede em São Paulo criaram outra empre-
sa na região Norte. Além destas, destacam-se: Itautec Philco, Semp Toshiba Amazonas, Sharp
do Brasil, Gradiente Eletrônica, entre outras. Estas e outras menores, implantadas na região, já
certificaram as normas ISO 9000.
O nível de emprego industrial na Zona Franca conheceu uma evolução negativa, pois de
60.669 pessoas ocupadas, em 1988, passou a 48.090, em 1996. Quase todos os ramos partici-
param dessa queda, mas especialmente o metalúrgico, madeireiro, têxtil e óptico. Em 1990
eram 76.798 empregos industriais, que representavam cerca da metade do total da região
Norte (49,33%), embora fossem apenas 1,11% do total do Brasil.
Mas, diante da concorrência externa dos produtos industrializados, foram instituídas áre-
as de livre comércio nas diversas fronteiras e incentivos ao turismo como um modo de im-
pedir a desvalorização do lugar. Jadson Porto e Manoel Costa (1999) mostram as atividades
permitidas (comercialização e indústrias beneficiadoras de matérias-primas regionais) na Área
de Livre Comércio de Macapá e Santana.

Fonte: SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record,
2001, p. 116 e 117.

2.6 Internacionalização da
Amazônia
Vista como uma das últimas fronteiras naturais do planeta Terra, a Amazônia é alvo de
cobiça e de interesses internacionais tanto do ponto de vista dos recursos e potencialidades
apresentadas bem como das questões relacionadas com o narcotráfico. Para Arbex Junior
e Olic ( 2000 p. 65) “[...]o narcotráfico é em termos exclusivamente econômicos, a principal
atividade comercial da Amazônia Internacional”. Estes aspectos são usados como pretexto
através de pressões pela internacionalização da Amazônia, principalmente pelos Estados
Unidos.
O Brasil por possuir a maior extensão da Amazônia internacional acaba sendo o princi-
pal atingido por essas ações. Volte à figura 30, e perceba a abrangência da Amazônia brasi-
leira em relação aos outros países. Leia o texto Box 14 e reflita sobre o posicionamento do
professor Cristovam Buarque, hoje senador da república, ao responder ao questionamento
de um estudante estadunidense.

75
UAB/Unimontes - 7º Período

BOX 14
RESPOSTA DO PROFESSOR CRISTOVAM BUARQUE A UM JOVEM AMERICANO

Durante debate em uma universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Fede-
ral, Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um huma-
nista e não de um brasileiro. Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:
“De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazô-
nia. Por mais que os nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele
é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia,
posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância
para a humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos
também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar
da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sen-
tem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a
Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade
de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado
pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volú-
pia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos
os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais
belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural,
como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietá-
rio ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande
mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ser internacionalizado. Durante este encontro, as Na-
ções Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram difi-
culdades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionaliza-
da. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza,
Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade com sua beleza especifica, sua história
do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia,
pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também os arsenais nucleares
dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma
destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacio-
nalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para
garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nas-
ceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Antes mais do que merece
a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da
humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem, quando deveriam estudar, que morram,
quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa, só
nossa!”
Esta matéria foi publicada no New York Times/Washington Post/Today e nos maiores jor-
nais da Europa e Japão no mês de agosto de 2001.

Fonte: MIRANDA, Jorge Babot. Amazônia: área cobiçada. Porto Alegre: AGE, 2005.

76
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78
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Resumo
Com o estudo da disciplina aprendemos que a Amazônia brasileira é formada pelos esta-
dos do Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará, Amapá e parte dos estados do Mato Grosso,
Tocantins e Maranhão.
Trata-se de um complexo regional com características diferenciadas das demais regiões
do Brasil. Podemos classificá-la como uma região natural por causa do seu ecossistema e tam-
bém uma importante área econômica por causa de sua riqueza e, por isso, palco de grandes
conflitos.
Em relação ao quadro natural, vimos que o relevo da região é resultante da sedimenta-
ção ocorrida na Era Cenozoica, sendo então área de terrenos do período Terciário e Quater-
nário, portanto de formação recente. Identificamos também na região uma vasta planície no
entorno do rio Amazonas, a depressão marginal norte e sul amazônica, ao norte o planalto
das Guianas e ao sul, o planalto brasileiro.
A rede hidrográfica está vinculada ao soerguimento da Cordilheira dos Andes. Trata-se
da maior bacia hidrográfica do mundo, sua importância advém da sua extensão, que é de cer-
ca de quatro milhões de km² e estima-se que 20% do volume de água do planeta correm pelo
rio Amazonas. A hidrografia local é composta pelas bacias Amazônica, Tocantins-Araguaia, do
Norte e Nordeste e a do Paraguai.
O clima e a pluviosidade são dotados de certa homogeneidade. A vasta região é diferen-
te dos outros complexos regionais do país, sendo o equatorial o que predomina no território
e o tropical ocorre em menor incidência. Quanto às chuvas, elas são abundantes em toda a
região, mas ocorrem em períodos diferentes. Outra questão abordada é o fenômeno da fria-
gem, que faz com que a temperatura caia bruscamente na porção sul do complexo por causa
da umidade gerada pelos movimentos das massas de ar de origem polar. É importante salien-
tar que é um clima pouco conhecido por causa das dificuldades de instalação das estações
meteorológicas na região.
Já sobre a vegetação, vimos que ela é composta de florestas, campos e complexos, sen-
do as formações florestais as predominantes. E que as florestas são divididas em mata de ter-
ra firme que está nas partes mais altas do terreno e que está constituída de vegetação densa
e rica em espécies. Nos terraços, área de relevo modesto, encontra-se a mata de várzea que é
também conhecida como floresta periodicamente inundada, isto porque ela inunda no perío-
do das cheias. A mata de igapó, que é adaptada aos lugares mais úmidos e alagados, comple-
ta as formações florestais. A vegetação campestre é representada pelo cerrado e os comple-
xos pela vegetação litorânea.
A segunda unidade trata do processo de produção do espaço amazônico. Vimos que o
mesmo foi produzido a partir de muitas lutas e disputas pelo território.
Para este feito, os colonizadores organizaram expedições que, desde o século XV, se em-
brenhavam pela mata para conhecer os seus mistérios e potencialidades. Eles fundaram vilas
e aldeias que mais tarde garantiram a Portugal a soberania do lugar e a extensão que o Brasil
possui hoje.
Também é tratado nesta unidade que a colonização, sob a justificativa de catequizar os
índios, os escravizou, explorando seu trabalho e desvalorizando a sua cultura.
Tratamos também na unidade da extração do látex da seringueira que foi a mais importante
atividade extrativa da Amazônia nos séculos XVIII e XIX. Essa atividade foi responsável pelo de-
senvolvimento, riqueza e prestígio da região até as duas primeiras décadas do século XX.
Após esse período, a borracha brasileira entra em decadência por causa da borracha pro-
duzida na Ásia, com sementes contrabandeadas do Brasil. E o Brasil só foi recuperar o merca-
do no período de 1943 a 1945, no auge da Segunda Guerra Mundial.
No espaço amazônico, houve forte intervenção do Estado nos anos de 1930. Na tentativa
de tornar a região viável economicamente foram implantados na região inúmeros projetos de
colonização. Porém, estes projetos não consideraram a fragilidade do ecossistema e a maioria
deles fracassou, deixando na região um rastro de destruição, como foi o caso da rodovia Tran-
samazônica.
Ainda identificamos na região vários projetos de exploração de recursos naturais. Mere-
cem destaque os de mineração, que por sua vez, acarretaram uma série de prejuízos ao meio

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UAB/Unimontes - 7º Período

ambiente da região afetando o meio físico e principalmente as populações tradicionais que


ali residiam.
Sobre a exploração do minério, era necessário desmatar, construir estradas, poluir e conta-
minar os rios, construir usinas hidrelétricas e ainda produzir alimentos para suprir a demanda da
população. Essas atividades desequilibraram o ambiente da floresta.
A região, ao longo da produção do seu espaço, passou por períodos de dinamismo e estag-
nação e isso ocasionou movimentos populacionais de várias naturezas. Porém, as características
do ecossistema amazônico e as crises econômicas ocasionadas pelo desconhecimento da voca-
ção econômica local, não foram capazes de manter a população na Amazônia, fazendo dela até
os dias atuais uma área de vazios demográficos.
Também vimos que mais da metade das populações tradicionais do Brasil estão na Amazônia.
São elas: os índios, os seringueiros, os castanheiros, os ribeirinhos, os pescadores artesanais, os pe-
quenos agricultores e os babaçueiros, e que estes povos são fundamentais para a preservação das
espécies da floresta. Conforme foi demonstrado no capítulo que fala da colonização, a população
indígena foi a que mais sofreu com o processo de ocupação implantado na Amazônia.
Quanto à urbanização, é um processo ainda em consolidação, por isso, podemos classificá-
-lo com recente. Das estratégias usadas pelo poder público para urbanizar a região, o que mais
contribuiu positivamente foi a criação da Zona Franca de Manaus. Mas apresentou saldo negati-
vo a favelização de cidade como Belém e Manaus. A industrialização é concentrada nos estados
do Amazonas e Pará.
Por todas essas características a Amazônia é objeto de cobiça, cabendo assim ao Brasil a com-
petência e responsabilidade de gerir seus recursos de forma proveitosa e ecologicamente viável.

80
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Referências
Básicas

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83
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

Atividades de
Aprendizagem (AA-1)
Esta AA-1 está organizada em duas partes:
Na primeira parte, você deverá com a ajuda de um Atlas completar a legenda do mapa con-
forme as orientações dadas.
Na segunda parte, consultando o mapa e a legenda feita por você, responda às questões
propostas.

Instruções:
Com a ajuda de um Atlas para consultar mapas físicos da Região Norte, da América do Sul,
ou do Brasil e ainda mapa de Hidrografia do Brasil e mapa de Transporte no Brasil com destaque
para os portos você deverá preencher com os nomes os itens da legenda que estão em aberto.

O mapa com o título Amazônia- Aspectos Gerais apresenta características da Amazônia do


ponto de vista do relevo (serras e picos), da hidrografia (limites de bacias hidrográficas, rios, usi-
nas hidrelétricas, represas, e ilhas) e portos.

Amazônia - Aspectos Gerais

Fonte: FERREIRA. 1998.


Adaptação: Leite e Silva,
2011.

Veja que os números de 1 a 32 correspondem aos rios.


As letras de A a M são serras e P1 e P2 são picos.
As letras de a a f são usinas hidrelétricas.
Os algarismos romanos I, II e III são represas.
Os números de 1* até 8* são nomes de portos.
As letras A1, A2, A3, A4, A5 são ilhas.
Importante lembrar que, embora não esteja para fazer legenda entre os rios Araguaia e Tocan-
tins, existe a ilha do Bananal destacada com legenda diferente.

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UAB/Unimontes - 7º Período

Primeira parte

1) Completando a legenda para os rios:


A) Rios da Bacia Amazônica (do número 1 ao 21):
1 Rio Apurimac
2_______________ 3_______________
4_______________ 5-Rio Japurá
6_______________ 7_______________
8_______________ 9_______________
10______________ 11_______________
12______________ 13-Rio Juruá
14-Rio Purus 15______________
16______________ 17______________
18______________ 19______________
20______________ 21-Rio Jari

B) Rios da Bacia do Tocantins/Araguaia


22____________________23_________________24-Rio Tocantins

C) Rios da Bacia do Nordeste


25 - Rio Pindaré 26_____________27_______________28____________

D) Rios da Bacia do Paraguai


29_______________________30___________________

E) Rios da Bacia do Norte


31_____________________e 32____________________

2) Completando a legenda para serras e picos:


A___________________B_____________________C__________________
D___________________E_____________________F__________________
G___________________H- Serra do Roncador I___________________
J____________________L_____________________M- Serra dos Gradaus
P1___________________P2___________________

3) Completando a legenda para as Hidrelétricas e Represas:


a___________________b___________________c_____________________
d___________________e___________________f Coaracy Nunes
I_Tucuruí II____________________III_____________________

4) Completando a legenda para os portos:


1*___________________2*__________________3* Santana
4*___________________5*__________________6*___________________
7*___________________8* Porto Velho

5) Completando a legenda para as ilhas:


A1________________________A2________________A3- Ilha Caviana
A4________________________A5________________

Segunda parte

Agora consultando a legenda que você preencheu para o mapa responda às questões propostas:

6) São denominações dadas ao rio Amazonas antes de entrar no território brasileiro, EXCETO:
a) Rio Maranõn.
b) Rio Uatumã.
c) Rio Apurimac.
d) Rio Uicali.

86
Geografia - Geografia do Brasil - Amazônia

7) Importante serra do estado do Pará, rica em minério de ferro que é escoado através de ferro-
via e exportado pelo porto de Itaqui:
a) Serra do Imeri.
b) Serra da Contamana.
c) Serra do Cachimbo.
d) Serra dos Carajás.

8) Usina hidrelétrica localizada em rio da margem esquerda do rio Amazonas que causou grande
desastre ecológico.
a) Hidrelétrica de Balbina.
b) Hidrelétrica de Tucuruí.
c) Hidrelétrica de Samuel.
d) Hidrelétrica Coaracy Nunes.

9) Ilha localizada no rio Amazonas perto da confluência com o rio Negro.


a) Ilha do Marajó.
b) Ilha Mexiana.
c) Ilha do Careiro.
d) Ilha Maracá.

10) Compreendem rios da Bacia do Nordeste na Amazônia:


a) Rio Pindaré e Gurupi.
b) Rio Araguari e Oiapoque.
c) Rio das Mortes e Javari.
d) Rio Cuiabá e Teles Pires.

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