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e Sucesso Académico
dos Estudantes do Ensino Superior:
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
TÍTULO
Adaptação, Desenvolvimento e
Sucesso Académico dos Estudantes
do Ensino Superior: Instrumentos
de avaliação
COORDENADORES
Leandro S. Almeida
Mário R. Simões
Miguel M. Gonçalves
COMPOSIÇÃO
Joana R. Casanova
COLEÇÃO
Psicologia & Educação, nº4
EDIÇÃO
Associação para o Desenvolvimento a
Investigação em Psicologia da Educação
© ADIPSIEDUC, 2017
Apartado 1023
4710-299 Braga
www.adipsieduc.pt
ISBN
978-989-99517-1-6
DATA DE EDIÇÃO
maio de 2017
6
Luísa Faria & Nelson Lima Santos | QCE
Indicações
O Questionário de Competência Emocional (QCE), tradução do Emotional Skills and
Competence Questionnaire (ESCQ), versão original croata de Takšić (2000), avalia três
dimensões da competência emocional – Perceção Emocional (15 itens), Expressão
Emocional (14 itens) e Capacidade para Lidar com a Emoção (16 itens). O QCE destina-se a
adolescentes (a partir dos 15 anos), a jovens adultos e a adultos, podendo ser utilizado em
vários contextos (e.g., académico – escolar ou universitário – e laboral).
História
Originalmente desenvolvido na Croácia por Vladimir Takšić (2000) e utilizado nos
contextos académico e laboral, o QCE é uma medida de autorrelato, que foi apresentada
publicamente à comunidade científica internacional, em 2001, no 7th European Congress
of Psychology, em Londres, e que inclui um total de 45 itens, respondidos numa escala de
Likert de 6 pontos, variando entre “Nunca” e “Sempre”, e apresenta três dimensões ou
subescalas – Perceção Emocional, com 15 itens, Expressão Emocional, com 14 itens, e
Capacidade para Lidar com a Emoção, com 16 itens.
Fundado no modelo teórico de Mayer e Salovey (1997), os respetivos itens foram
construídos através de um processo com várias etapas, a saber:
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Fundamentação teórica
A importância da inteligência emocional reside no seu carácter inovador no domínio
da psicologia, pela sua influência nos vários contextos de vida e em todas as fases do ciclo
de vida, em que “a emoção pode tornar o pensamento mais inteligente e qualquer um
pode pensar inteligentemente acerca das emoções” (Mayer & Salovey, 1997, p. 5).
Ora, a inteligência emocional, enquanto conjunto de competências que permitem a
compreensão de padrões emocionais e a resolução de problemas em contextos que
envolvem emoções, é também designada como competência emocional, tendo sido alvo
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de inúmeras definições, das quais destacamos uma das mais abrangentes, pois
compreende quatro níveis: “capacidade para perceber emoções, para reconhecer e gerar
emoções de modo a apoiar o pensamento, para compreender emoções e o pensamento
baseado nelas, e para regular as emoções de modo reflexivo para promover o
desenvolvimento emocional e intelectual” (Mayer & Salovey, 1997, p. 5, destaques
nossos).
Os investigadores no domínio pretendem desenvolver instrumentos capazes de
avaliar o constructo numa perspetiva multidimensional, procurando reunir as dimensões
de perceção e reconhecimento de emoções, compreensão, análise e expressão de
emoções. Contudo, permanecem sérias preocupações acerca de todas as medidas de
inteligência emocional, quer no que se refere à cotação das medidas de capacidade,
construídas na tradição dos testes de inteligência, quer no que se refere à validade
discriminante das medidas de autorrelato (Conte, 2005).
Assim, a adaptação de uma nova medida de autorrelato ao contexto português,
representou uma importante etapa neste processo, tendo demonstrado validade facial,
comprovada nas várias etapas do seu processo de construção, cujos itens se basearam na
opinião de estudantes e especialistas e em escalas já existentes no domínio.
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Luísa Faria & Nelson Lima Santos | QCE
Tabela 2 | Valores de Alfa nas Amostras de Universitários Croatas e Portugueses e no Estudo Atual
Subescalas e Escala Universitário Croata* Universitário Português Estudo Atual
Total (N = 834) (N = 349) (N = 227)
Capacid. Lidar Emoção 0.74 0.64 0.65
Expressão Emocional 0.79 0.83 0.80
Perceção Emocional 0.87 0.84 0.84
Escala Total 0.89 0.88 0.88
Nota. * Amostra representativa.
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nossos dados empíricos (Figura 1). Os resultados revelaram que o modelo com melhor
ajustamento global possui três fatores correlacionados (r ≥ .50) e contém apenas 18 dos
itens originais (itens cujas equações estruturais apresentaram R2 > .30; Figura 1).
Item 34
Capacidade
510, 2k Lidar Emoção Item 43
Item 45
0.51
Item 2
Item 11
Item 14
Express
Expressão Item 17
0.60 Emocional
and Label Item 20
Item 38
0.52
Item 12
Item 18
Item 21
Item 24
Perceção
Item 30
Emocional
Item 36
Item 39
Item 42
Item 44
O fator original de Capacidade para Lidar com a Emoção apresentou itens com baixas
saturações (< .30) e elevadas variâncias-erro, confirmando os resultados anteriores e
demonstrando a dificuldade em representar e avaliar esta dimensão com itens de
autorrelato.
Relativamente à validade convergente e divergente, as três dimensões do QCE
encontram-se positiva e moderadamente correlacionadas entre si, apresentando valores
entre .50 e .60, logo, é possível utilizar o valor total da escala para avaliar a competência
emocional total. Como forma de avaliar a validade divergente do QCE, os resultados das
respetivas subescalas foram comparados com um conjunto de constructos, tais como
satisfação e a autoeficácia como voluntário, que se revelaram significativas, com valores
baixos a moderados. Assim, a escala de Capacidade para Lidar com a Emoção foi a que
apresentou valores de correlação mais elevados, quer com a satisfação quer com a
autoeficácia, seguindo-se a subescala de Perceção Emocional e, por fim, a de Expressão
Emocional que apresentou ausência de correlação com a satisfação e correlação baixa com
a autoeficácia (Tabela 3).
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Competência Emocional
Expressão Perceção Capacidade Lidar
Satisfação e Autoeficácia
Emocional Emocional Emoção
Satisfação como voluntário 0.11 0.20** 0.38**
Avaliação crítica
O QCE pode ser usado para facilitar a compreensão e o desenvolvimento de
competências emocionais (nomeadamente para o estabelecimento de metas e objetivos
pessoais, académicos e profissionais), para avaliar os que se encontram a viver problemas
e desajustamentos (e.g., dificuldades em controlar e gerir emoções), ou para avaliar os que
ambicionam promover as suas competências emocionais, pois pretendem enveredar por
carreiras ou atuar em meios em que a inteligência emocional é mais importante. O
instrumento revela ter boa consistência interna e boa estabilidade temporal e resultados
aceitáveis de validade de constructo, convergente e divergente, permitindo prosseguir a
sua utilização em pesquisas em vários contextos em que a competência emocional é
relevante.
O QCE, tal como muitas outras medidas de autorrelato, é suscetível de ser afetado
por viés como o da desejabilidade social, exigindo, assim, maiores cuidados na sua
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utilização. A subescala de Capacidade para Lidar com a Emoção apresentou valores mais
baixos de consistência interna quando comparada com as outras duas.
Será importante prosseguir estudos de validade de constructo, testando o modelo
reconfigurado resultante da análise fatorial confirmatória (com 18 itens) com novas
amostras. Será, ainda, relevante melhorar a consistência interna da escala de Capacidade
para Lidar com a Emoção, com a reformulação, melhoria e homogeneização da formulação
de alguns dos respetivos itens e, por fim, equacionar o eventual uso de outras técnicas, a
par do questionário de autorrelato, para avaliar esta dimensão da competência emocional.
Estudos de validação convergente com dimensões psicológicas com relevo na clínica,
como, por exemplo, a regulação emocional, poderão trazer contributos adicionais.
Finalmente, será importante testar o instrumento no contexto laboral português.
Bibliografia
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Material
Folha com itens (as instruções estão incluídas na própria folha da escala) e respetiva
forma de cotação.
Edição e distribuição
O QCE pode ser utilizado para fins de investigação e intervenção, após pedido formal
aos autores.
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ANEXO
Nas páginas seguintes vai encontrar um conjunto de afirmações, às quais pedimos que
responda espontaneamente, sem pensar muito em cada uma delas, pois o que nos
interessa é o que habitualmente sente e pensa acerca das mesmas.
Isto não é um teste, logo, não há boas nem más respostas. O que conta é a sua opinião sincera!
MUITO OBRIGADO por nos ter disponibilizado o seu tempo para responder a este Questionário.
Por favor, leia cada uma das afirmações que a seguir se apresentam e responda pondo um círculo ou uma
cruz na letra que corresponde à sua opinião, usando a escala que se segue:
A B C D E F
NUNCA RARAMENTE POUCAS VEZES ALGUMAS VEZES FREQUENTEMENTE SEMPRE
6 Quando vejo como alguém se sente, geralmente sei o que lhe aconteceu. A B C D E F
Ao observar uma pessoa junto de outras, sou capaz de descrever bem as suas
18 A B C D E F
emoções.
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