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Antropologia

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Juridica
Professora Mariana Lopez
Monitora Larissa Silveira
Direcionamentos AV1

A B
Data da prova de primeira Professora ficará disponível
chamada para turma da nos primeiros 30 minutos do
terça 22/09 e quinta 24/09 horário de cada turma

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Prova disponível de Prova será aplicada no Unifor
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O que vai
cair?
Textos 1, 2, 3, 4, 5, 6

Teaser do documentário
“Eu, um outro”
Texto 04
Apontamentos sobre a relação
entre a antropologia e o direito
Estado: Universalidade e particularidade
ESTADO= organização da vida social dos indivíduos, corresponde ao fato dele
ser uma espécie de “protetor” da específica sociedade a qual representa.

DIREITO= instrumento pelo qual essa referida instituição ganha legalidade em


suas ações perante os indivíduos ou cidadãos, serão as normas jurídicas as
responsáveis pelo direcionamento das condutas individuais ou coletivas, no
sentido de garantir a vida em sociedade – seguindo, certamente, os
ordenamentos político-ideológicos do referido Estado.
• O Estado é uma instituição representante de determinados interesses
encontrados nas relações sociais.
• Universalidade e particularidade = Contradição potencializada pelo Estado-
Liberal Burguês
Efetivar os interesses dos
setores dominantes política e
economicamente

Garantir a sobrevivência de
todos
Essa contradição vai ser perceptível também no DIREITO, mesmo com a
instituição da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

• “o Direito existente principalmente nos Estados que adotaram as


Declarações dos Direitos Humanos, pós 2ª Guerra Mundial, está repleto de
contradições fundamentais, isto é, coloca-se ora como representante dos
interesses coletivos, ora guardião da propriedade privada.”

“Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família,
saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em
circunstâncias fora de seu controle” DUDH - Art.XXV

O Brasil como signatário da DUDH de fato cumpre os preceitos estabelecidos na


declaração? Existem interesses de certos grupos que sobressaem?
• Interesses das classes dominantes - DIREITO X JUSTIÇA

“Se Direito e justiça são identificados, se apenas uma ordem justa é chamada de Direito, uma
ordem social que é apresentada como Direito é – ao mesmo tempo – apresentada como justa,
e isso significa justificá-la moralmente. A tendência de identificar Direito e justiça é a
tendência de justificar uma dada ordem social. É uma tendência política, não
científica.”(KELSEN)

A associação dos dois seria uma forma da apresentação da dominação de um


pensamento de um determinado grupo. O que eu é ser justo? O conceito de
justiça é o mesmo para todos?

Para Kelsen o Direito deve ter um caráter técnico de organização da sociedade


por intermédio da coerção para poder atingir a universalidade.
Isso porque a palavra se refere à técnica social específica de
uma ordem coercitiva, a qual, apesar das enormes diferenças
entre o Direito da antiga Babilônia e o dos Estados Unidos de
hoje, entre o Direito dos ashanti na África Ocidental e o dos
suíços na Europa, é, contudo, essencialmente a mesma para
todos esses povos que tanto diferem em tempo, lugar e
cultura: a técnica social que consiste em obter a conduta
social desejada dos homens através da ameaça de uma
medida de coerção a ser aplicada em caso de conduta
contrária.
—HANS KELSEN
• Apesar da existência das contradições, a instituição da Declaração Universal
dos Direitos Humanos mudou a perspectiva do olhar o outro.
• Agora grupos historicamente desprestigiados passaram a serem vistos de
maneira diferenciada pelo Estado e pelo Direito.

• PAPEL DA ANTROPOLOGIA NO DIREITO

“será a partir dela que a questão da multiplicidade de particularidades existentes na vida social
passará a ser melhor compreendida. Tendo como um dos objetivos centrais entender
“cientificamente” a questão do “outro”, isto é, o “diferente”, a Antropologia passa a exigir dos
operadores do Direito uma postura fundada num certo princípio antropológico. Em outras
palavras, será por meio da compreensão do problema da alteridade que tais profissionais
conseguiram se distanciar de uma visão etnocêntrica – predominante nas configurações
estatais anteriores ao pós 2ª Guerra, mesmo em seus aspectos pretensamente universais –
para se aproximarem de um ponto de vista multicultural.”
~
Antropologia e a compreensao do
homem: a cultura vista de “cima”
• O que seria olhar a cultura de cima? Olhar com a lente do etnocentrismo,
colocando sua própria cultura como superior a outra.
• O papel da antropologia ao longo do tempo: deixa a ideia de estudar e
entender as civilizações consideradas primitivas e passa a entender a
multiplicidade de culturas de uma maneira comparativa.
• A problematização do conceito de cultura pelo antropólogos. Cultura como
sinônimo de ser culto ou erudito seria uma forma de tentar hierarquizar
sociedades.
• A cultura não é exclusiva de um determinado grupo, não pode ser
quantificada. Cultura é um aspecto ontológico da vida dos indivíduos.
• É importante não olhar as diferentes sociedades com uma lente
uniformizadora, para que crimes contra a humanidade não sejam justificados.
Antropologia e ideologia: a cultura
vista de “baixo”
• O que seria olhar a cultura de baixo? Olhar com a lente do diferente,
entendendo a diversidade.
• Por que existem culturas marginalizadas em suas manifestações culturais?
• Relação Política-Cultura. Ideologia como instrumento cultural de dominação.

“Em outras palavras, a ideologia é o processo pelo qual as ideias das classes e dos grupos
dominantes se tornam ideias de todas as classes e grupos sociais, isto é, tornam-se ideias
dominantes.”
• Como podemos ver essa relação no Brasil?

“No Brasil, por exemplo, a ideologia da superioridade racial do branco sobre o negro é uma das
principais marcas das preocupações iniciais das elites acerca da formação nacional deste país.”

• A superioridade do branco sobre o negro no brasil.


• O branqueamento como alternativa para o desenvolvimento nacional.-
presença da herança africana e indígena como empecílio.
• “Democracia racial”- superação da diferenças e igualdade entre as etnias.
Direito e seus aspectos de ideologia
• Criminalização da pobreza?

“igualdade da aplicação das leis” representa um aspecto da dominação ideológica e de classe


justamente por não se fazer concreto no cotidiano. Portanto, todo aquele subalterno que visa
seguir tal princípio de igualdade, certamente estará sujeito a se inserir na dimensão da “falsa
consciência” – difundida pelos setores dominantes política e economicamente do país.”

“a formulação das leis no Estado Democrático de Direitos obedecem a determinadas


correlações de forças políticas e culturais existentes na sociedade. Assim, as leis, de certo
modo, expressam os valores político-culturais predominantes socialmente.”

A Constituição Federal de 1988 foi desenvolvida com base na Declaração


Universal dos Direitos Humanos e teve participação direta de grupos
progressistas, mas apesar do grande avanço da legislação do país em garantir
tais preceitos é perceptível que no plano da realidade é constante violação de
direitos principalmente da parcela da população que não tem influência política
e econômica.
• Por que o ordenamento jurídico não atinge todos de maneira igualitária?

“os operadores do Direito brasileiro não apresentam uma compreensão adequada sobre os
sentidos da Constituição Federal principalmente no âmbito do Direito Criminal... Assim, uma
“baixa compreensão” acerca do sentido da Constituição – naquilo que ela significa no âmbito
do Estado Democrático de Direito – inexoravelmente acarretará a uma “baixa aplicação” da
mesma”

“a sensibilidade para o mundo da política, da sociologia, da antropologia e para


a vida social é o que mais o jurista brasileiro precisa ter claro em sua mente e em
suas ações. Ele deve buscar a consciência da injustiça sistêmica e sistemática que
sempre recobriu as instituições políticas, sociais e jurídicas brasileiras.”

“o papel da Antropologia, em todo esse processo, apresenta-se como


indispensável para que os operadores do direito consigam estabelecer as
devidas ligações entre universalidade das leis e particularidades sócio-culturais.”
Texto 05
Direito e Antropologia: por uma
Aproximação Necessária
O direito como ciencia?
^
• O direito é ciência ou não é?

“É por isso que as ciências físicas detêm elevado grau de previsibilidade: encontrada esta
ordem natural torna-se simples prever o que acontecerá sob tais e tais condições, dada a
imutabilidade das leis que regem a natureza. Desta forma, essas ciências são exatas e
permitem a previsão não devido ao método que empregam (baseado na quantificação), mas
porque seu objeto de estudos é regular e repetitivo.”

“quando se passa a analisar o Direito, enquanto caracterizado como ciência (humana ou


social), porque no Direito uma simples mudança pode ser (e geralmente é) fator
preponderante para alterar os resultados em determinado ‘experimento’ (que se dá
usualmente nas relações interpessoais).’

- Fatores externos, como a cultura, são capazes de mudar os resultados das


pesquisas realizadas pelos cientistas sociais.

- Qual a sua opinião ?


A antropologia e o conhecimento
´
antropologico
“A antropologia foi apresentada como uma forma de estudo do homem
enquanto participante ativo do cenário natural, sujeito que direciona mudanças
e transformações na sociedade e que é o objeto de estudo de um dos campos
da antropologia, a antropologia social (ou cultural ou etnóloga – que pode ser
entendida como a forma de estudo dos fatos levantados pela etnografia).”

• Etnografia: Método pelo qual o antropólogo analisa uma sociedade por


intermédio da pesquisa em campo e da participação efetiva. Comparação
de dados.

“a etnografia como forma de coleta de dados utilizada pela antropologia, essa pode ser
entendida como o instrumento através do qual o antropólogo analisará a sociedade, os
costumes, hábitos e tudo mais que diga respeito a um determinado grupo para que,
posteriormente, possa confrontar tais dados com a sua realidade, ou seja, o antropólogo
através da etnografia estuda uma determinada cultura, levanta informações referentes ao seu
objeto de estudo e mais adiante as confronta com as suas próprias informações”
“objeto das etnografias não é exclusivamente a comparação por contraste. O objeto da
etnografia é o estudo de um povo, de uma sociedade, de uma cultura, conforme mencionado
acima, o que se pretende demonstrar é que através dessa etnografia o ‘caminho’ para realizar
uma comparação por contraste pode ser facilitado, justamente pelo fato do pesquisador já
conhecer a forma de comportamento da sociedade estudada.”

• O ensino direcionado aos futuros operadores de direito é basicamente


expositivo e tradicionalista, faltando uma experiência empírica durante a
formação.

“O que se verifica no Direito é justamente a repetição de conceitos e verdades em ambientes


quase sempre idênticos, sem que haja qualquer inovação no processo de ensino
aprendizagem do aluno, processo esse bem diferente daquele utilizado nas ciências sociais”
~
Relacao entre o direito e antropologia
“Enquanto a antropologia, através da etnografia busca estudar determinados institutos,
buscar conhecer sua origem, suas formas de aplicação, suas variações, e após, contrasta esse
instituto com sua realidade nacional, o Direito apenas repete as informações já constantes em
determinado livro, doutrina, ou material parecido, que muitas das vezes sequer se debruça
sobre a efetiva origem daquele instituto.”

“e, justamente, devido à carência de pesquisas de caráter empírico na área do Direito é que
entendemos que a contribuição da antropologia deve-se dar pela via metodológica da
empiria e da comparação, e não de outro modo”, já que, “(...) ler livros e manuais de
Direito não é o suficiente para construir uma percepção adequada do campo jurídico e
tampouco permite entender a lógica do nosso sistema judiciário.”

• A antropologia ajuda os operadores de direito a sair da sua “caixa” e


relativizar as verdades passadas a eles.
• Pesquisas empíricas em direito com base no saber antropológico
Confluencia
^ entre o direito e a
antropologia
- Nívio Caixeta do Nascimento – Entre as leis e o mundo: polícia e
administração de conflitos numa perspectiva comparada
➢ Comparação entre as instituições policiais.
- Luís Roberto Cardoso de Oliveira - Direito legal e insulto moral, dilemas da
cidadania no Brasil, Quebec e EUA
➢ Comparação entre os países do conceito de igualdade material.
- Bárbara Lupetti - Os rituais judiciários e o princípio da oralidade
➢ Pesquisa empírica realizada constatando se o princípio é de fato
aplicado.

O que eles têm em comum? Estudos que utilizaram-se se técnicas


antropológicas.
Devido processo legal X Due process
of law
• Marcos Aurélio Ferreira Gonçalves
• Os dois institutos são iguais? Não! Cada país tem a sua particularidade em
seu ordenamento jurídico.

“Embora a maioria da literatura especializada procure estabelecer equivalências entre este


nosso procedimento judicial e aquele da tradição angloamericana (FRANCO, 1956;
MARGARINOS TORRES, 1939), tais semelhanças são extremamente superficiais. Para
começar, o nosso julgamento não é uma opção do acusado, como o do trial by jury,
que é aplicado apenas aos que se declararem inocentes. A seguir, porque aqui ele é a
culminância de vários procedimentos em que o acusado foi progressiva e sistematicamente
indiciado na polícia e sucessivamente denunciado e indiciado no processo judicial, decidindo
se, finalmente, “pronunciá-lo” e inscrever seu nome no “rol dos culpados”.”

• Common Law (baseado na jurisprudência)X Civil Law (baseado em normas)


• É por meio das diferenças que o estudo comparativo é deveria ser realizado.
Texto 06
O Outro em questão: Etnocentrismo e
alteridade como desafios à
democracia e aos direitos humanos
A antropologia
• Etnocentrismo

“O etnocentrismo norteia a visão imaginária que fazemos do outro e a sua representação, a


partir dos nossos conceitos e tipo ideal de vida, cultura, religião e tantas outras questões que
determinam a vida humana[...] a diferença é ameaçadora porque fere a “nossa” identidade
cultural, o grupo do outro é visto como absurdo e inteligível [...]O etnocentrismo dentro da
construção da identidade pode gerar preconceitos, que é o ato de negar o outro sem
conhecê-lo e criar um espaço favorável para a dominação cultural. Diante”

• Alteridade

“Olhar para a diferença, sem homogeneizar, como se vivêssemos uma coisa só, total.”
Antropologia ao longo do tempo
• Séc. XVI e XVII – coleta de “curiosidades” pelos viajantes
• Séc XVIII- elaboração de como deve acontecer a coleta de dados.

ETNOLOGIA- organização e sistematização de dados etnográficos.

- “Nesse tempo a diferença (o outro) não é aceita. O outro nunca é visto por si.
Ou é inferior ou é igual (assimilacionismo).”

Dois motivos pelos quais não se pode dizer que existe uma ciência no Séc. XVIII
- Não existe diferenciação entre o saber científico e o saber filosófico: os
Estados encomendavam pesquisas que deveriam ser esclarecidas pelos
filósofos.
- O discurso antropológico se liga ao discurso histórico do período: ideia de
progresso social, justificativa para o sistema capitalista( sistema que vai
permitir a liberdade, igualdade , proteção a vida...)

Antropologia científica ainda era um esboço.


É importante destacar que no Séc. XVIII, apesar da existência de uma
antropologia guiada pelo etnocentrismo foi nesse período que foi desenvolvida
a ideia da universalidade humana, universalidade de direitos, da igualdade e
liberdade.

• Consolidação do saber científico

“As ciências sociais nascem moralizantes. A sociedade moderna é moralizante. O individuo


que não se integra é inoportuno, é julgado errado, desviante”

“No século XIX, quando a antropologia científica nasce (primeiros teóricos são Durkheim e o
sobrinho Marcel Mauss), vem à ideia de que o objeto da observação não é o Homem, mas os
indivíduos que pertencem a uma época e cultura. Quem observa também não deve ser o
filósofo esclarecido e sim o cientista, ele próprio um indivíduo pertencente a uma época e
cultura.”
Direito a ter direitos
“Laplantine diz que centrados em nós mesmos, somos cegos com relação aos
outros e míopes com relação a nos mesmos”

• Desafio do “Direito a ter direitos” – A luta pelo direito : Rudolf Von Ihering

“O Brasil não é um país pobre, mas um país injusto e desigual, com muitos pobres”

• O papel das políticas públicas em prol da garantia de direito aos cidadãos.


• Luta pelo reconhecimento por Axel Honneth- três negações do
reconhecimento

“Negação por meio das humilhações físicas; negação dos direitos e exclusão social; negação
da depreciação do estilo de vida dos indivíduos, impedindo assim que sujeitos obtenham a
estima social.”
Documentario “Eu, um outro”
Documentário apresenta Juízes, Promotores, Desembargadores realizando trabalhos
considerados como subalternos. Realizando o exercício da alteridade.

1. “inicia-se um processo de não mais refletir sobre o homem mas de observar o homem, o
outro, na sua existência concreta, no seu meio, suas relações de produção, suas
instituições, seus pensamentos, sua linguagem.” – Como relacionar esse pensamento ao
documentário?

2. Relacionar o documentário a questão do etnocentrismo e da alteridade como desafios a


democratização de direitos no Brasil.

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