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Profa. Adelaide M.

Lucatelli
Pires Iyusuka
Por que estudar a relação
estado – sociedade?
É o resultado dos conflitos, dos interesses, das interações e dos sonhos.

Tratar dessa relação é falar sobre o poder e a vida, como se organizar e como
assegurar a sobrevivência da espécie humana.

A relação dialética Estado e Sociedade moldou a história da humanidade:

Mas de que forma?


 Explodimos bombas atômicas,
 Produzimos guerras mundiais,
 Declaramos que todos os humanos nascem livres e iguais em dignidade
e direitos,
 Criamos doenças e inventamos vacinas,
 Comprometemos a biosfera e lutamos contra as mudanças do clima,
 Concentramos renda,
 Lutamos contra as injustiças sociais.
 Somos indiferentes ou omissos
 Naturalizamos desigualdades
Conflitos de interesses X Convivência
1. Conceituando ESTADO E SOCIEDADE
2. Como surgiram os ESTADOS: teorias
3. Elementos do ESTADO
4. Constituição: uma conquista para a
cidadania?
5. Brasil e sua formação enquanto Estado
6. Como pensar em cidadania diante dessa
história?
7. Filme e debate
8. Sociedade e família
9. Estudos de caso
Conceituando...

 SOCIEDADE É na SOCIEDADE que o ESTADO vai


existir.
Sociedade

 Sociedade é um conjunto de pessoas que vive em certa faixa de


tempo e de espaço, segundo normas comuns e que são unidas
pelas necessidades de grupo.
 Uma entidade autônoma que emerge da experiência da vida coletiva
e possui características próprias que transcendem aos indivíduos que
a ela pertençam.
 Grupamento humano devidamente organizado que coopera entre si
com um objetivo fim (melhoria da vida dos indivíduos garantindo a
continuidade desta).
Estado

 O Estado teria surgido da necessidade de se estabelecer um acordo/


regras/normas entre os indivíduos que viviam em comunidade, com
o objetivo de dirimir os conflitos que porventura se apresentavam.
CONCEPÇÕES DA ORIGEM DO
ESTADO
• Existem cinco principais correntes que teorizam a este
respeito:
– A corrente teológica;
– A corrente familiar ou patriarcal;
– A corrente da força ou violência;
– A corrente contratualista;
– Por fim, a corrente econômica.
Teoria da origem natural
O Estado se forma naturalmente – concepção de que o
homem é naturalmente um ser social.
Conjunção de vários fatores como a origem do Estado.
“O homem é um ser político”
Aristóteles
Evidencia a natureza social do homem

O homem precisa viver em sociedade

O homem que vive fora da sociedade ou é uma divindade (porque não


precisa) ou se tornará um doente mental, não estará completo
CORRENTE
TEOLÓGICA
• Uma divindade criou o Estado
• O Estado deve seguir os ensinamentos desta divindade
– Estados do Oriente
• Toda a sociedade segue aos preceitos religiosos vigentes
• A soberania é legitimada pela religião – O Antigo Egito;
– A babilônia.
• O corpo político é visto de duas maneiras:
– O governante é a encarnação desta divindade na Terra;
– Ou o governante é um representante desta divindade na
Terra.

• Teocracia
Tomás de Aquino
– A religião eleva ao governo o chefe do poder espiritual
 Principal expoente desta
teoria
 Utiliza o espaço religioso para
ocupar o espaço político
CORRENTE FAMILIAR OU
PATRIARCAL
• O Estado surge da evolução do sistema familiar
– As famílias primitivas se ampliaram e criaram grandes
comunidades
– A família mais representativa (mais forte ou mais
numerosa, etc.) passava a dominar a comunidade
– Iniciando uma dominação no âmbito público

• O governante era o pai da família mais representativa


• A soberania era a ampliação do poder patriarcal (via sucessão
hereditária)
• O poder permanecia nas mãos da mesma família
CORRENTE FAMILIAR OU
PATRIARCAL
TEORIA MATRIARCAL - Dentre as diversas correntes teóricas da
origem familiar do estado e em oposição formal ao patriarcalismo, destaca-
se a teoria matriarcal.

A primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe.


De uma primitiva convivência em estado de completa promiscuidade, teria
surgida a família matrilínea, naturalmente, por razões de natureza
filosófica. Assim, como era geralmente incerta a paternidade, teria sido a
mãe a dirigente e autoridade suprema das primitivas famílias, de maneira
que, o clan matronímico, sendo que a mais antiga forma de organização
familiar, seria o “fundamento” da sociedade civil.

O matriarcado precedeu realmente o patriarcado, na evolução social.


Entretanto, é a família patriarcal a que exerceu crescente influência, em
todas as fases da evolução histórica dos povos.
CORRENTE FAMILIAR OU
PATRIARCAL
• Esta corrente procurou justificar:
– O absolutismo monárquico;
– O poder da família real.
• Decadência com o avanço da democracia

Como na
Inglaterra por
exemplo
CORRENTE DA FORÇA OU
VIOLÊNCIA
• O Estado surge em decorrência das lutas e guerras; a
organização política resultou do poder de dominação dos
mais fortes sobre os mais fracos
– A força superior de um grupo provocou a submissão
dos demais grupos mais fracos;
– O Estado nasce então para regular as relações criadas
entre vencedores e vencidos;
– Os governantes são os mesmos que dominavam antes
da formação do Estado;
CORRENTE DA FORÇA OU
VIOLÊNCIA
• Esta teoria teve duas influências marcantes:
– O organicismo
Pois o Estado é considerado uma criação e extensão
da organização social. “A República” de Platão.
– O darwinismo
Pois há dominação dos mais fortes sobre os mais
fracos
Além de os mais fortes se perpetuarem no poder
Esta corrente procurou justificar
o colonialismo territorial,
econômico e social (durante a
grande expansão comercial)
CORRENTE DA FORÇA OU
VIOLÊNCIA
Thomas Hobbes discípulo de Bacon, foi o principal sistematizador
desta doutrina, no começo dos tempos modernos.

Afirma este autor que os homens, no estado de natureza, eram


inimigos uns dos outros e viviam em guerra permanente. E como toda
guerra termina com a vitória dos mais fortes, o Estado surgiu como
resultado dessa vitória, sendo uma organização do grupo
dominante para manter o domínio sobre os vencidos.

Assim, através de um
contrato, surge o
ESTADO
CORRENTE
CONTRATUALISTA
• O Estado é fruto de um Contrato Social.
• O Contrato Social só é firmado com os seguintes
requisitos:
– Todos devem ter a livre intenção de firmar o
contrato;
– Todos devem concordar com as condições e
obrigações estabelecidas pelo contrato.
• O indivíduo existe antes da Sociedade e do Estado
• Corrente que defendia os ideais burgueses
• Abro mão do meu direito para evitar o caos
CORRENTE
CONTRATUALISTA
• O Estado surge a partir de um processo que envolve
três fases:
1) O Estado de Natureza;
Momento de total insegurança e medo
Guerra de todos contra todos
2) O Contrato Social;
Pacto que forma o Estado e a Sociedade Civil
3) O Estado e a Sociedade Civil.
Absolutism
Entes que compõe a sociedade o Racional
CORRENTE
CONTRATUALISTA
 Thomas Hobbes na Inglaterra:

Justifica o poder absoluto  O homem não é naturalmente sociável como


pretende a doutrina aristotélica. No estado de natureza o homem era
inimigo feroz dos seus semelhantes. Cada um devia se defender contra a
violência dos outros. Cada homem era um lobo para os outros homens.

Para saírem desse estado caótico, todos indivíduos teriam cedido os seus
direitos.

“Autorizo e transfiro a este homem ou assembléia de homens o meu direito de governar-me a


mim mesmo, com a condição de que vós outros transfirais também a ele o vosso direito, e
autorizeis todos os seus atos nas mesmas condições como o faço.”
CORRENTE
CONTRATUALISTA
 Benedito Spinoza na Holanda

A razão ensina ao homem que a sociedade é útil, que a paz é


preferível à guerra e que o amor deve prevalecer o ódio. Os
indivíduos cedem os seus direitos ao Estado para que este lhes
assegure a paz e a justiça.

“O indivíduo não transfere ao Estado a sua liberdade de pensar, por


isso que, o governo há de harmonizar-se com os ideais que ditaram
a sua formação.”
CORRENTE
CONTRATUALISTA
 John Locke na Inglaterra

Desenvolveu o contratualismo em bases liberais, opondo-se ao absolutismo de


Hobbes.
- O homem não delegou ao Estado senão poderes de regulamentação das
relações externas na vida social, pois reservou para si uma parte de direitos que são
indelegáveis.
- As liberdades fundamentais, o direito à vida, como todos os direito
inerentes à personalidade humana, são anteriores e superiores ao Estado.

Locke encara o governo como troca de serviços: os súditos obedecem e são


protegidos; a autoridade dirige e promove justiça; o contrato é utilitário e sua moral
é o bem comum.

Liberdade religiosa, sem dependência do Estado.


CORRENTE
CONTRATUALISTA
 Rousseau na França

Estado é convencional: Resulta da vontade geral (soma da


vontade manifestada pela maioria dos indivíduos).
A nação (povo organizado) é superior ao rei, portanto não há
direito divino da coroa, mas sim, direito legal decorrente da
soberania nacional.
O governo é instituído para promover o bem comum, e só é
suportável enquanto justo. (Caso não corresponda às
expectativas, o povo tem direito de substituí-lo, refazendo o
contrato)
CORRENTE ECONÔMICA
• O Estado é produto do desenvolvimento econômico
• Surge com a propriedade privada dos meios de produção
• A economia criou a divisão de classes (pois antes as regras
eram gerais, por interesse de todos):
– Exploradores ou dominantes (proprietários);
Detentores dos meios de produção
Donos da mais valia
Participação na riqueza
– Explorados ou dominados (trabalhadores)
Fornecem a mão-de-obra
CORRENTE ECONÔMICA
• As classes economicamente mais abastadas mantinham
um domínio sobre as demais
• O Estado é criado para legitimar este domínio
– Assim, as classes economicamente dominante passaram a ser as classes
politicamente dominante
– Subjugando cada vez mais as demais classes

• O Estado (entidade soberana que rege a todos,


imparcial,) e o Direito surgem para defenderem a
propriedade privada
– Interesse puramente econômico Karl Marx
das classes dominantes Prega a revolução do
proletariado como forma
da sociedade ascender à
igualdade real

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