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ARISTÓTELES
HUGO GROTIUS
Holandês (1583 -1647), foi precursos da doutrina do direito natural e, de certo modo, do
racionalismo na ciência do Estado. Em sua famosa obra De jure Belli et Pacis, esboçou a divisão
dicotômica do Direito em positivo e natural: acima do direito positivo, contingente, variável,
estabelecido pela vontade, dos homens existe um direito natural, imutável, absoluto, independente
do tempo e do espaço decorrente da própria natureza humana, alheio e superior à vontade do
soberano.
Hugo Grotius conceituou o Estado como “uma sociedade perfeita de homens livres que tem por
finalidade a regulamentação do direito e a consecução do bem-estar coletivo”.
KANT, HOBBES, PUFFENDORF, THOMAZIUS, LEIBNITZ, WOLF, ROUSSEAU,
BLACKSTONE e outros gênios luminosos do séc. XVII, desenvolveram essa doutrina dando-lhe
magno esplendor.
Immanuel Kant, o grande filósofo de Koenigsberg, doutrinou o seguinte: O homem reconhece que é
a causa necessária e livre das suas ações (razão pura) e que deve obedecer a uma regra de
comportamento preexistente, ditada pela razão prática (imperativo categórico). O direito tem por
fim garantir a liberdade, e por fundamento, um conceito geral, inato, inseparável do homem,
fornecido a priori pela razão prática, sob a forma de um preceito absoluto: “conduze-te de modo tal
que a tua liberdade possa coexistir com a liberdade de todos e de cada um”.
Conclui Kant que ao saírem do estado de natureza para o de associação, submeteram-se os homens
a uma limitação externa, livre e publicamente acordada, surgindo, assim, a autoridade civil, o
Estado.
TOMAZ HOBBES
O mais reputado dentre os escritores do séc. XVIII, foi o primeiro sistematizador do contratualismo
como teoria justificativa do Estado. É havido também como teórico do absolutismo, embora não o
tenha pregado à maneira de Filmer e Bossuet, com fundamento no direito divino. Seu absolutismo é
racional e sua concepção do Estado tende a conformar-se com a natureza humana.
Para justificar o poder absoluto, Hobbes parte da descrição do estado de natureza: o homem não é
naturalmente sociável como pretende a doutrina aristotélica. No estado de natureza o homem era
inimigo feroz dos seus semelhantes. Cada um devia se defender contra a violência dos outros. Cada
homem era um lobo para os outros homens. Por todos os lados havia a guerra mútua, a luta de cada
um contra todos.
Cada homem alimenta em si a ambição do poder, a tendência para o domínio sobre os outros
homem, que só cessa com a morte. Só triunfam a força e a astúcia. E para saírem desse estado
caótico, todos indivíduos teriam cedido os seus direitos a um homem ou a uma assembleia de
homens, que personifica a coletividade e que assume o encargo de conter o estado de guerra mútua.
A fórmula se resumiria no seguinte: – Autorizo e transfiro a este homem ou assembleia de homens o
meu direito de governar-me a mim mesmo, com a condição de que vós outros transfirais também a
ele o vosso direito, e autorizeis todos os seus atos nas mesmas condições como o faço.
Embora teórico do absolutismo e partidário do regime monárquico, Hobbes, admitindo a alienação
dos direitos individuais em favor de uma assembleia de homens, não afastou das suas cogitações a
forma republicana.
Hobbes distinguiu, em O Leviatã, duas categorias de Estado: o Estado real, formado historicamente
e baseado sobre as relações da força, e o Estado racional deduzido da razão. Esse título foi
escolhido para mostrar a onipotência que o governo devia possuir. O Leviatã é aquele peixe
monstruoso de que fala a Bíblia, o qual, sendo o maior de todos os peixes, impedia os mais fortes de
engolirem os menores. O Estado (Leviatã) é o deus onipotente e mortal.
BENEDITO SPINOZA
Em sua obra principal – Tractatus Thologicus Politicus defendeu as mesmas ideias de Hobbes,
embora com conclusões diferentes: a razão ensina ao homem que a sociedade é útil, que a paz é
preferível à guerra e que o amor deve prevalecer o ódio. Os indivíduos cedem os seus direitos ao
Estado para que este lhes assegure a paz e a justiça. Falhando nestes objetivos, o Estado deve ser
dissolvido, formando-se outro. O indivíduo não transfere ao Estado a sua liberdade de pensar, por
isso que, o governo há de harmonizar-se com os ideais que ditaram a sua formação.
JOHN LOCKE
Foi a figura mais proeminente a corrente contratualista. Dentre todos os teóricos do voluntarismo,
destacou-se pela amplitude da formação dos Estados – Discurso sobre as causas da desigualdade
entre os homens e contrato social – tiveram a mais ampla divulgação em todos os tempos, sendo
recebidos como evangelhos revolucionários da Europa e da América, no séc. XVIII.
No seu Discurso desenvolve Rousseau a parte crítica, e no Contrato social a parte dogmática. Este
último, que representa, na expressão de bergson, “a mais poderosa influência que jamais se exercem
sobre o espírito humano”, continua sendo objeto de discussões entre os mais altos representantes do
pensamento político universal, quer pelos seus erros que a evolução do mundo trouxe à tona, quer
pelo seu conteúdo respeitável de verdades imperecíveis.
Rousseau afirmou que o Estado é convencional. Resulta da vontade geral que é uma soma da
vontade manifestada pela maioria dos indivíduos. A nação (povo organizado) é superior ao rei. Não
há direito divino da coroa, mas sim, direito legal docorrente da soberania nacional. O governo é
instituído para promover o bem comum, e só é suportável enquanto justo. Não correspondendo ele
com os anseios populares que determinam a sua organização, o povo tem direito de substituí-lo,
refazendo o contrato…
No seu ponto de partida, a filosofia de Rousseau é diametralmente oposta à de Hobbes e Spinoza.
Segundo a concepção destes, o estado natural primitivo era de guerra mútua. Para Rousseau o
estado de natureza era de felicidade perfeita: o homem, em estado de natureza, é sadio, ágil e
robusto, encontra facilmente o pouco que precisa. Os únicos bens que conhece são alimentos, a
mulher e o repouso, e os males que teme são a dor e a fome (Discours sur I’origine de l’inefalité
parmi les hommes).
Entretanto, para sua felicidade, a princípio, e para a sua desgraça, mas tarde, o homem adquiriu
duas virtudes que o extremam dos outros animais: a faculdade de aquiescer ou resistir e a faculdade
de aperfeiçoar-se. Sem essas capacidades a humanidade teria ficado eternamente em sua condição
primitiva, e assim, desenvolveram a inteligência, a linguagem e todas as outras faculdades em
potencial.
Os que acumulavam maiores posses passaram a dominar e submeter os mais pobres. A prosperidade
individual tornou os homens avaros, licenciosos e perversos. Nesse período, que foi de transição do
estado de natureza para a sociedade civil, os homens trataram de reunir suas forças, armando um
poder supremo que a todos defenderia, mantendo o estado de coisas existente. Ao se associarem,
tinham a necessidade de salvaguardar a liberdade, que é própria do homem, e que, segundo o direito
natural, é inalienável. O problema social consistia, assim em encontrar uma forma de associação
capaz de proporcionar os meios de defesa e proteção, com toda a força comum, às pessoas e aos
seus bens, formando assim, o contrato social.
O contrato social de Rousseau, embora inspirado em ideias democráticas, tem muito do absolutismo
de Hobbes, pois infundiu nas novas democracias uma noção antitética de soberania que veio abrir
caminho para o Estado totalitário.
O prof. Ataliba Nogueira entendeu que a teoria de Rousseau reduziu o homem à condição de
escravo da coletividade, justificando toda espécie de opressão. A maior vulnerabilidade do
contratualismo está no seu profundo conteúdo metafísico e deontológico. Sem dúvida, a falência do
Estado liberal e individualista, que não pôde dar solução aos problema desconcertantes
manifestados pela evolução social a partir da segunda metade do séc. XIX, trouxe à tona muito
erros dessa teoria.
EDMUNDO BURKE