Você está na página 1de 27

ORIGENS DO ESTADO (TEORIAS)

1a) TEORIA DA ORIGEM FAMILIAR DO ESTADO(MATRIARCAL OU


PATRIARCAL-PATRICIAL)
2a) TEORIA DA ORIGEM CONTRATUAL/CONVENCIONAL/PACTUAL
DO ESTADO – VÁRIOS SÃO OS MOTIVOS: CONTRATO SOCIAL
3a) TEORIA DA ORIGEM VIOLENTA DO ESTADO
4.ª) TEORIA DE ORIGEM DIVINO-TEOCRÁTICA
5.ª) TEORIA DA FORÇA/ABSOLUTISTA
6a) TEORIA PATRIMONIAL
7ª) TEORIA DA ORIGEM VIOLENTA

JUSTIFICATIVA

São teorias que não são estanques, ou seja, os argumentos


são repetidos e encontrados em duas teorias ou usadas por
dois ou mais doutrinadores. Os argumentos são utilizados em
duas explicações, ou seja, existem contratos. Como exemplo,
tomemos o comunismo pregado por Karl Marx e Frédéric
Engels, que teorizam sobre o aspecto econômico, mas
pregam a tomada do poder por meio violento. A obra “O
Capital” fala, portanto, não apenas da motivação econômica,
mas também da tomada do poder por meio de Revolução, ou
seja, da violência presente no nascimento do Estado.

Sahid Maluf, por exemplo, diz que no tocante à origem dos


Estados, há cinco teorias pelo menos: origem familiar,
patriarcal, matriarcal, origem patrimonial e da força.
Na verdade, podem ser agrupadas: origem familiar,
patrimonial e força1.

Nestas teorias, a problemática da origem do Estado é


formalizado sob o ponto de vista histórico-sociológico.
Todavia, há necessidade do problema ser examinado sob o
ponto de vista racional.

1
Maluf, Sahid. Teoria geral do Estado, p.53.

1
Para Pedro Calmon, as teorias que procuram justificar o
Estado têm o mesmo valor especulativo daqueles que
explicam o direito na sua gênese. Refletem o pensamento
político dominante nas diversas fases da evolução da
humanidade e procuram explicar a derivação do Estado: a) do
sobrenatural (Estado divino); b) da lei ou da razão (Estado
humano) e c) da história ou da evolução (Estado social).

TEORIA TEOCRÁTICA

Era totalmente baseada na Bíblia e tinha fundamento


fisiológico. A diferença dos poderes absolutos – Leviatã é um
tipo de contrato, aqui é Deus. Abordamos abaixo a questão da
abordagem de Thomas Hobbes.

Na teoria teocrática, Deus escolhe o rei. Nessa, Davi não é


sucessor – foi escolhido por Deus. Hoje, temos Estado
teocráticos como o Irã e outros islâmicos.

Teoria da Origem Familiar (fundamento bíblico: “apoia-se na


derivação da humanidade de um casal originário” – Sahid
Maluf), mas vamos aos relacionamentos dos argumentos de
justificação do aparecimento do Estado.

Que na sociedade em geral, o gênero humano deriva


necessariamente da família, é fora de toda dúvida e por isso
se diz com razão que a família é a célula da sociedade. Não se
pode, porém, aplicar o mesmo raciocínio ao Estado. Não é de
todo improvável que em alguma região da Terra o
desenvolvimento de uma família tenha dado origem a um
Estado determinado. Esse processo, no entanto, não foi geral.

Sociedade humana e sociedade política não são termos


sinônimos. Exatamente quando o homem, pela maioridade, se
emancipa da família, é que de modo consciente e efetivo

2
passa a intervir na sociedade política. Esta tem fins mais
amplos do que a família e nos Estados modernos a autoridade
política não tem sequer analogia com a autoridade do chefe
de família. O Estado, além disso, é sempre a reunião de
inúmeras famílias. Os novos Estados que se têm constituído
em períodos recentes, como os Estados americanos, não são
fruto do desenvolvimento de uma só família, mas de muitas.

TEORIA PATRICIAL OU PATRIARCAL

Afirma que a primeira organização social humana é, com


efeito, a família, aparentados pelo sangue – chefe varão. O
Estado tem origem na família que desenvolve e amplia a
sociedade política, com base na união de famílias
diferentes, em fases sucessivas de transformação.

Gens(Abraão, Isaac, Jacó) – tribo(Judá, Dan,


Benjamin) – nação(Reino Davi, Salomão) – Estado
(1948 – criação pela ONU – Osvaldo Aranha Bandeira
de Mello).
 Jamais deixou de persistir como núcleo interno e básico,
a família patricial.

Robert Filmer, Sunmer Maine, Nieblish e Mommsen


são defensores dessa teoria – experiências reais – vida na
“polis” - baseadas nas cidades e famílias.
A teoria patricial. – desenvolvida por Robert Filmer
dizia que em todas as famílias existia um patriarca
escolhido por Deus. O Estado é construído através de
grupos familiares.
Deus escolheu MOISÉS – REI (o rei tem poder que vem
de Deus que é o pai de todos nós). Deus escolheu esse
líder familiar para ser o detentor do Poder. Escolheu ainda
Davi, que era o filho mais jovem. O ensinamento desta
teoria, segundo a qual o Estado tem sua origem na família,
que se desenvolve e amplia para possibilitar o

3
aparecimento da sociedade política, é muito antigo,
remontando mesmo, sem qualquer exagero, as tradições
místicas e religiosas da humanidade, em suas mais
distantes civilizações2. De acordo com essa doutrina,
chamada por alguns de familiar ou patriarcal, o Estado se
origina da família e, por isso mesmo, é na autoridade social
do chefe familiar que encontra a justificação e o poder
público da entidade estatal, por via naturalmente daquele
desenvolvimento e daquela amplitude já referidos. Grécia e
Roma tiveram essa origem, segundo a tradição 3. Como se
sabe, a família grega era o fundamento da fatria, ao passo
que esta constituía a base da tribo. A cidade grega ou
Estado-cidade, chamado de polis, era justamente um
aglomerado de tribos. Todos os que possuíam o sangue de
Atenas ou de Esparta eram reputados como atenienses ou
espartanos. Embora seja comum a referência ao Estado
Grego, na verdade, não se tem notícia da existência de um
Estado único, englobando toda a civilização helênica.

Como ressalva Dallari4, pode-se fala genericamente do


Estado Grego pela verificação de certas características
fundamentais, comuns a todos os Estados que floresceram
entre os povos helênicos. Já o “status familiae” era usado
duplamente, nos dois sentidos empregados para o termo
pelos juristas romanos. Em sentido amplo, abrangia o
conjunto de pessoas que descendiam de um parente
comum e sob cujo poder estavam caso ele estivesse vivo.
Em sentido restrito, pra caracterizar o próprio “status
familiae”: de um lado, existe o “pater famílias”, que não
está subordinado a nenhum ascendente vivo masculino e,
de outro, as “filii famílias”, que abrangem todas as demais
pessoas que estavam sob a “potestas” do poder” 5. Vê-se
então a importância do estado familiar da pessoa para
determinar sua capacidade jurídica, uma vez que a pessoa
livre do pátrio poder, que não possuía nenhum ascendente
2
Menezes, Aderson de. Teoria Geral do Estado, p. 93.
3
Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 54.
4
Dallari, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado, p. 63
5
Venosa, Silvio De Salvo Ob. cit. .p.136.

4
masculino era o pater famílias, e sob seu poder de pater
estavam todas as demais pessoas da família; estas não
tinham diretos nem podiam adquiri-los para si. No “status
familiae”, portanto, as pessoas se dividiam em
independentes (“sui júris”, o “pater” famílias) e
dependentes (“alieni júris”, as demais pessoas). Com
relação ao parentesco havia duas formas: a “agnatio”
(agnação), parentesco que se transmite apenas pelos
homens, e a “cognatio” (cognação), parentesco transmitido
pelo sangue, não levando em conta as linhas maternas ou
paternas. Dentre dessa teoria, alguns autores ressaltam
sua origem matriarcal, entre os quais Durkheim, Morgan e
Bachofen. Para eles, a primeira organização familiar teria
sido baseada na autoridade da mãe 6. O Estado de Israel,
segundo a Bíblia, originou-se na família de Jacó. Seus
principais divulgadores foram Summer Maine, Westermark
e Starke, mas o principal nome foi Robert Filmer, que
defendeu o absolutismo de Carlos I diante do Parlamento.
Os defensores da teoria patriarcal encontram na
organização do Estado elementos básicos da família antiga,
como o “pater família” romano.

TEORIA MATRICIAL
Por essa teoria, a família era organizada pela horda –
comunidade rude e nômade (que vivia mudando), sem
comando imposto (sem chefe) e que era promíscua
sexualmente (todo mundo se relacionava entre si) e a
única certeza: a mãe era conhecida, a paternidade era
presumida.
Essa teoria diz que a vida coletiva surgiu de horda, onde
não existiam famílias ou grupos divididos que se
respeitavam. Os vínculos estavam nas mães. A mãe
sempre é certa (mater semper certa est).

6
Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 55. “De uma primitiva convivência em estado de completa
promiscuidade, teria surgido a família matrilinea, naturalmente, por razões de natureza fisiológica – mater
semper certa”. Obs. AO menos até o Exame de DNA, a paternidade era presumida.

5
TEORIAS CONTRATUALISTAS E ABSOLUTISTAS

Origem do Estado e teorias justificadoras do


Estado (do Poder)

Poder Absoluto - depois do Império Romano, Estado


Absoluto. O rei era absolvido – só ele prestava contas a
Deus. Contratos entre o rei e o servo.
Thomas Hobbes (1588-1679) – defensor da Teoria do
Absolutismo. Escreveu a obra “Leviatã”, onde descreve
um peixe bíblico figurado num mostro e na qual a teoria
fundamental exige uma renúncia de todos os direitos em
favor do rei.
Apesar de ser defensor do Absolutismo, defendeu a tese
de que o Estado racional pressupunha aos cidadãos, a
propriedade das coisas que estão em suas posses.

Contratos e os seus tipos

Leviatã – “O Homem é o lobo do próprio homem”.


Hobbes dizia que o homem na Natureza vive, briga, luta,
contenta e quer sempre mais e deve fazer um contrato
delegando todo o poder ao rei.
Neste contrato, o Estado absoluto determina o que deve ser
feito, dada a necessidade de controle (contra a beligerância).
O Leviatã é simbolizado por um peixe bíblico – sob a forma
de monstro – O Estado são as armas, o manto real são as
pessoas. O soberano só presta contas a Deus, Com medo da
beligerância (bagunça, discórdia), o povo outorga (concessão)
o poder ao rei.

Thomas Hobbes - Geração do Estado


“Ante a tremenda e sangrenta anarquia do estado de
natureza, os homens abdicaram em proveito de um homem
ou de uma assembleia os seus direitos ilimitados,
submetendo-se à onipotência da tirania que eles próprios

6
criaram.” Para Hobbes, “o homem é mau...” e o poder
absoluto é de origem divina.
Quando Jean-Jacques Rousseau desenvolveu a teoria do
contrato social em obra clássica, não estava sendo o primeiro
a afirmar que o Estado surge de um acordo de vontades.
Antes dele, Thomas Hobbes já desenvolvera teoria
semelhante. Existe, porém, um foco e divergência entre estes
autores: se ambos consideram o homem primitivo vivendo
num estado selvagem, passando à vida em sociedade
mediante um pacto comum a todos, exatamente como se cria
uma sociedade civil ou comercial, vale frisar que Rousseau
imaginava uma convivência individualista, mas cordial,
vivendo os homens pacificamente, sem atrito com seus
semelhantes, ao contrário de Hobbes, para quem, em célebre
tirada, "o homem é lobo do próprio homem" (homo homini
lupus). Considerava Hobbes que o homem era um ser
antissocial por natureza, e seu "apetite social" seria o fruto da
necessidade da vida comunitária, fiscalizada por um aparato
social gigantesco destinado a impor a ordem, o Estado, enfim.
A este aparato Hobbes denominava "Leviatã", o monstro
bíblico do livro de Jó. Esta palavra, de origem bíblica,
designava um monstro mitológico que habitava o rio Nilo e
que devorava as populações ribeirinhas, tal como, segundo
Hobbes, o Estado faz com seus súditos. Na primeira edição há
uma ilustração de um homem artificial dotado de uma
armadura composta de escamas, as quais são seus próprios
súditos. Está intimamente ligada à imagem de alienação dos
direitos e da própria vontade dos súditos (outorga de poder,
através de contrato social) em favor do soberano.
Embora de ideias de governo forte absolutista, Hobbes
renuncia, decididamente, à tese de que o poder soberano seja
uma instituição divina ou legado cristão. Constrói o
fundamento de sua concepção autocrática de poder, em
perspectiva laica, estabelecendo como paradigma para o
Estado soberano a lei suprema do seu ser e o dever ser, em
busca do poder comum.
O autor desenvolveu sua obra no século XVII, período

7
caracterizado pelo antagonismo entre a Coroa (casa da
dinastia Stuart) e o Parlamento inglês, controlados,
respectivamente, pelo absolutismo e pelos liberais.

Filosofo político e articulista obcecado pela ideias de


dissolução da autoridade, preconiza a unidade de poder
contra a anarquia em sua teoria, estruturada, sob o contexto
humanista, sucessivamente, em “Elementos da lei natural e
política” (1640), em “De Cive” (1642) e no “Leviatã “(1651).
Depois da morte de Carlos I e da instauração da república, ele
foge para França.
Os homens vivem inicialmente em estado de natureza, na
qual existe competição, o que leva os homens a atacar uns
aos outros, em busca de um benefício ou ganho. Assim, os
homens recorreram à violência para se tornarem senhores
das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos de outros homens.
A desconfiança que os faz lutar pelos mecanismos de
segurança para defendê-los.

Os homens, no estado de natureza, eram inimigos uns dos


outros e viviam em guerra permanente – bellum ominium
contra onmnes. E como toda guerra termina com a vitória dos
mais fortes, o Estado surgiu como resultado dessa vitória,
sendo uma organização do grupo dominante para manter o
poder de domínio sobre os vencidos7.
Note-se que Hobbes distinguiu duas categorias de Estados:
real e racional. O Estado que se forma por imposição da força
é o Estado real, enquanto o Estado racional provém da razão,
segundo uma fórmula de pacto ou teoria contratualista.

Espírito das leis – Charles-Louis Montesquieu prega o


Estado e a lei como garantia dos cidadãos8.

7
Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 56.
8
Para Carlos Maximiliano, “é nisto, sobretudo, que consiste o grande valor da doutrina de Montesquieu, fora
da qual só existe arbítrio, ditadura, absolutismo” (Hermenêutica e aplicação do direito, 5.ª ed. Rio: Freitas
Bastos, 1951, n.º 80, p.105).

8
Política - Em De l'esprit des lois (1748; O espírito das leis),
Montesquieu elabora conceitos sobre formas de governo e
exercício da autoridade política que se tornaram pontos
doutrinários básicos da ciência política. Considera que cada
uma das três formas possíveis de governo é animada por um
princípio: a democracia baseia-se na virtude, a monarquia na
honra e o despotismo no medo.

Elabora a teoria da separação dos poderes, em que a


autoridade política é exercida pelos poderes executivo,
legislativo e judiciário, cada um independente e fiscal dos
outros dois. Seria essa a melhor garantia da liberdade dos
cidadãos e, ao mesmo tempo, da eficiência das instituições
políticas. Seu modelo é a monarquia constitucional britânica.

Outro doutrinador absolutista foi Jean Bodin, que escreveu


uma obra seis livros intitulada “De la République” ou “Os Seis
Livros da República”.

Ainda surge Giovanni Botero (várias obras – Raison d'État,


Relations universallês e Des causes de la grandeur et de la
magnificence des cités), membro da ordem dos jesuítas,
Arcebispo de Milão: “O Príncipe deve conduzi-los à
verdadeira religião, seduzindo-os com favores, e deverá
empregar meios violentos quando o favor não der resultados 9.
Luiz XIV, cognominado Rei Sol, que foi o paradigma dos
monarcas absolutos, dizia-se a personificação do Estado:
“Leta c'est moi”, que não se tem confirmação que ele teria
dito mesmo essa frase.

Montesquieu, cujo nome era Charles-Louis de Secondat,


barão de La Brède et de Secondat. Nascido próximo a
Bordeaux, na França, em 1689 e falecido em Paris em 1755,
foi um filósofo político, que era magistrado e tinha dois títulos
de barão. Foi o autor de "O Espírito das Leis". Formado em
Direito, iniciou sua carreira na sua cidade natal. Mudou-se
para Paris, onde levou uma vida de nobre frequentando as
9
Maluf, Said. Teoria Geral do Estado.p. 102.O autor diz que tais escritores, partidários do poder absoluto dos
reis, são chamados “monarcolatros”.

9
festas dos salões da aristocracia e nobreza parisienses. Em
1721 escreveu "Cartas Persas", no qual satiriza a vida
mundana da sociedade parisiense. Em pouco tempo, (1728)
seus escritos e a influência social levaram-no à Academia
Francesa. Viajou para a Inglaterra onde permaneceu de 1729
a 1731, uma viagem que reputou muito instrutiva, e após a
qual, retornando à França, dedicou-se seriamente ao estudo
das ciências políticas. Em 1734 publicou Considérations sur
les causes de la grandeus des Romains e de leur décadence
("Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e
de sua decadência"), um trabalho considerado uma mostra de
inteligência, mas também de certa falta de conhecimentos.
Após 14 anos de trabalho, no período de 1734 até 1748,
publicou L'Esprit des lois, ou seja, “O Espírito das Leis”. O
livro é um clássico da filosofia política, analisando as inter-
relações entre as estruturas sociais e políticas, a religião, a
economia e outros elementos da vida social. É considerado
um dos precursores da análise sociológica. No entanto, há
críticas contra seu trabalho, o que o levou a escrever dois
anos depois o Defense de l'Esprit des lois(A Defesa do Espírito
das Leis), considerado sua obra prima.

Tanto Hobbes quanto Montesquieu fizeram a apologia da lei 10


por ser ela (ao ver de ambos) garantia dos cidadãos.
Preconizar o respeito ao primado da lei, emanada de órgão
regularmente incumbido de editá-la é princípio da
Constituição Federal de 1988 (art. 5.º II), no que mantém a
orientação constitucionalismo brasileiro.
O Estado surge de um acordo de vontades, segundo
Jean-Jacques Rousseau. Antes dele, Thomas Hobbes, já
dissera algo parecido, o homem primitivo vivendo num estado
selvagem, passavam à vida em sociedade mediante
pacto comum.

10
Na lição do Mestre Arduino Agnelli, Hobbes considera a lei (statue law) superior às normas
consuetudinárias (como law) acolhidas pelos tribunais (Novíssimo Digesto Italiano, verbete Hobbes, Thomas,
vol. VIII, p.102)

10
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)
 o homem é bom – influenciado pelas descobertas da
América e os relatos do bom selvagem, que vivia na
natureza
 O Contrato Social – sua obra inspira ideias na Revolução
Francesa
 o homem tem direito à vida, à liberdade e prosperidade
 na obra O Contrato Social, o homem dá sua liberdade
natural e recebe a liberdade civil
 Rousseau acreditava que o homem é bom – índios
americanos agem de acordo com consenso – vontade
geral. Como o homem quer viver em paz, faz um pacto
baseado na vontade geral. O grupo resolve fazer um
contrato social com o Estado.
 na impossibilidade de resolver todos os problemas, vai
entregar a liberdade social que ele tem para receber lá na
frente, a liberdade civil (igualdade entre os contratantes –
eu e o Estado).Na verdade, ele abre mão de parte dessa
liberdade natural – vida, liberdade e propriedade.
 têm fundamento religioso: a vida – nós não entregamos
ao Estado, a liberdade – de expressão, de pensamento,
também não e a propriedade, precisamos de um mínimo
para subsistência, é o lugar onde a pessoa vive.
 A origem contratual do Estado tem ainda menos
consistência que as anteriores. É uma pura fantasia, não
constitui sequer uma lenda ou mito das sociedades
antigas. O próprio Rousseau, “louco muito inteligente”,
confessa que o Estado de natureza, condição necessária
do contrato, é uma simples conjetura. A ciência
demonstra que é uma conjetura falsa, e tanto mais
perigosa quanto é certo que leva ao despotismo ou à
anarquia. Se o Estado fosse uma associação voluntária
dos homens, cada um teria sempre o direito de sair dela,
e isso seria a porta aberta à dissolução social e à
anarquia. Se a vontade geral, criada pelo contrato, fosse
ilimitada, seria criar o despotismo do Estado, ou melhor,
das maiorias, cuja opinião e decisão poderia
arbitrariamente violentar os indivíduos, mesmo aqueles

11
direitos que Rousseau considera invioláveis, pois,
segundo o seu pitoresco raciocínio, o que discorda da
maioria se engana e ilude, e só é livre quando obedece à
vontade geral.

JOHN LOCKE (1632 – 1704) – Pai do Liberalismo e do


empirismo, além de ser o responsável pelo “Bill of
Rigths”, que mudou a história do constitucionalismo
britânico.

Escreveu sobre a Sociedade Política que inspirou a


Revolução Gloriosa – Depois de banido, retornou à
Londres junto com William de Orange and Mary Stuart,
depois do afastamento de Jaime II, em 1688, sendo um
dos responsáveis pelo Bill of Rigths. “Baseado no
consentimento de todos a aceitar o principio
majoritário, dando nascimento à Sociedade Política.”

Tornou-se marco do modelo liberal ao preconizar o


poder civil repouso no consentimento popular. A
liberdade só pode existir graças à limitação do poder
estatal, pela concordância do povo que fazem parte
comunidade, quando os direitos naturais individuais
pertinentes à vida e a propriedade forem, legalmente,
salvaguardados e protegidos. Pactum societatis.

12
Fala em direito de revolução e torna o dispositivo uma
quase constituição: deve governar mediante leis
estabelecidas e promulgadas. As leis devem ter como
finalidade o bem comum: não se deve instituir impostos
sobre as propriedades do povo em que este expresse
seu consentimento, individualmente ou através de seus
representantes; não deve e nem pode transferir para
outros o poder de legislar, muito menos depositá-los
em outras mãos que não aquelas nas quais o povo o
confiou.

O homem não delegou ao Estado senão os poderes de


regulamentação das relações externas na vida social,
pois reservou para si uma parte de direitos que são
indelegáveis. As liberdades fundamentais, o direito à
vida, como todos os direitos inerentes à personalidade
humana, são anteriores e superiores ao Estado.

Locke encara o governo como troca de serviços: os


súditos obedecem e são protegidos. A autoridade dirige
e promove justiça; o contrato é utilitário e sua moral é
o bem comum. No tocante à propriedade privada,
afirma Locke que ela tem sua base no direito natural: o
Estado não cria a propriedade, mas a reconhece e
protege.
Pregou a liberdade religiosa, sem dependência do
Estado, embora tivesse recusado tolerância para com
os ateus e combatido os católicos porque estes não
toleravam as outras religiões. Abordou ainda a
separação dos poderes em três funções11.

 afirmava que os homens formam sociedades para


assegurarem a propriedade e as liberdades civis. Defendia
o direito à resistência à opressão quando os direitos
naturais fossem violados. Acreditava que o poder precisa
ter aceitação, as pessoas precisam gostar (muito de
11
Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 69.

13
vanguarda liberal), porque se não gostarem, devem resistir
à opressão através da revolução. Insurreição dos súditos.

 Os homens abdicam de sua liberdade natural


estabelecendo uma sociedade civil entre si, para viverem
com mais segurança e paz, uns com os outros, evitando a
insegurança do estado natural. Para Locke, a tranquilidade
social estava assentada em um individualismo liberal com
um Estado organizado de uma forma que os direitos pré-
sociais dos individuais limitassem e dirigissem a ação
estatal.

LOCKE - Sociedade Política – se você não estiver contente


poder revolucionar – sentimentos naturais. Havia também
uma igualdade entre todos, sem subordinação ou sujeição.

A obra de Locke é a justificação doutrinária da


chamada Revolução Gloriosa de 1688, ao mesmo
tempo, alicerce do sistema parlamentarista na
Inglaterra12. Foi publicada dois anos depois, embora
tenha sido escrita antes. Aliás, os escritos do autor o
levaram a um exílio na Holanda, tendo retornado ao
solo britânico junto com a duarquia de William and
Mary, para quem trabalhou.

Os partidos “whigs” e os “tories”, com o firme


propósito de dar um basta à monarquia católica, já
que os protestantes e anglicanos eram maioria e
dessa forma teriam maior liberdade para as práticas
comerciais, sem a condenação da “usura”, resolveram
convidar Guilherme III de Orange a assumir o trono,
junto com sua esposa protestante Mary Stuart
(duarquia). Os dois assumiram com a condição de que
aceitassem e assinassem o Bill of Rigths, documento

12
Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 120.

14
que é praticamente uma constituição e dava
supremacia do Parlamento em relação ao poder real.

– Estado Mínimo – Estado Liberal que não intervém. O


modelo liberal que surge com as ideias de Locke é um
estado mínimo, pouco influencia ou intervenção em setores
considerados particulares (telefonia, estradas, saúde,),
Estado não intervencionista. A bandeira do liberalismo
empunhada pela burguesia com dinheiro se harmonizava
com as ideias de direitos individuais e divisão de poderes
associadas a uma economia de mercado livre, que
pretendia afastar o Estado da economia, como deixa
patente a expressão francesa “laissez-faire, laissez-passer,
lê monde va de lui-mêmme” (deixa fazer, deixar passar,
que o mundo anda por si mesmo).

O Estado, segundo Locke, resultado de um contrato entre o


Rei e o Povo, contrato esse que rompe quando uma das
partes lhe viola as cláusulas. Os direitos naturais do homem
são anteriores e superiores ao Estado, por isso que o
respeito a esses direitos é uma das cláusulas principais do
contrato social. A monarquia absoluta, como forma de
governo, desconhecendo limitações de qualquer natureza, é
incompatível com os justos fundamentos da sociedade civil.
Se os homens adotaram a forma de vida em sociedade e
organizaram o Estado, fizeram-no em seu próprio benefício,
e não é possível, dentro dessa ordem, que o poder ser
afirme com mais intensidade do que o bem público exige.

O próprio termo liberalismo tem a seguinte origem: o


segundo Bill of Rigths que o Parlamento impôs à Coroa em
1689, em um dos seus treze artigos que estabeleciam os
princípios de liberdade individual, especialmente de ordem
religiosa, autorizava o porte de armar pelos cidadãos
ingleses que professavam a religião protestante, para que
pudessem defender as suas franquias constitucionais. Foi

15
precisamente esse sistema de liberdade defendida pelas
armas que recebeu, na época, a denominação de
liberalismo.

As teorias contratualistas, como formas de legitimação


do poder ou origem dele, contribuíram para estabelecer
limite ao poder central, desenvolvendo os princípios da
soberania popular da superioridade da lei em relação aos
demais atos praticados pelas instituições públicas.

TEORIA DE ORIGEM DIVINA OU DIREITO DIVINO


SOBRENATURAL

Bossuet, Jacques Benigne13. Um dos principais teóricos do


absolutismo por direito divino, Jacques-Benigne Bossuet
nasceu em uma família de magistrados em 1627, em Dijon,
onde recebeu educação no colégio jesuíta. Por estar destinado
à vida religiosa, recebeu tonsura (um corte especial de cabelo
com um círculo raspado no alto posterior do crânio) aos 10
anos. Aos 15 foi para Paris onde estudou teologia no College
de Navarre e presenciou os motins da Fronde, um levante de
amotinados contra o absolutismo real.

O Estado foi fundado por Deus por meio de um ato concreto


de manifestação da sua vontade. O Rei é ao mesmo tempo
sumo-sacerdote, representante de Deus na ordem temporal e

13
Essa teoria sobre o direito divino sobrenatural tem no autor (1627-1704), clérigo e prelado francês, que durante nove anos foi
preceptor do Delfim(herdeiro do trono) e para ele escreveu; “Traité de la conbaussabce de Dieu et de soi-mêne, Politique tirée de
l”escriture sainte e Discour’s sur l’Histoeire universelle”. Nessas duas obras, principalmente na segunda, Boussuet mostra que Deus
delega aos reis a sua autoridade e poder, razão por que “o rei da França é verdadeiramente o representante de Deus sobre a terra”; sua
autoridade é pois absoluta; e ele não presta senão a Deus, que lhe ordena então governar para o bem de seus povos e não para seu
orgulho”.
A doutrina foi importante na França mesmo entre expoentes da Igreja, sendo que os reis, ao serem investidos em cerimônia religiosa,
recebiam uma sagração, à guisa de mais um sacramento, o oitavo, conforme consideravam certos teólogos, que tinham o soberano como
ungido do Senhor. Bossuet personificou essa doutrina que visava manter a dinastia Capet, que teve seu auge no rei Luís (XIV) Em suas
memórias, escreveu: “Está em Deus, e não no povo, a fonte de todo o poder, e somente a Deus é que os reis têm de dar contas do poder
que lhes foi confiado”. Os ensaístas tomavam como exemplo a casa de Davi, que foi ungido e eleito pelo Senhor (O Profeta foi procurá-
lo) , pois era um homem segundo o coração de Deus..

16
governador civil14. São exemplos o mandarim chinês e as
remotas civilizações do Egito e Pérsia.

Foi ordenado padre e recebeu doutorado em teologia em


1652. Se pai obteve-lhe a indicação para cônego na Mogúncia
(Metz) onde ficou popular ao combater a Reforma de Lutero,
sendo um importante orador nas controvérsias com os
protestantes. Dividiu o tempo entre Metz e Paris até 1659 e a
partir de 1660 raramente saiu do Palácio Real na capital.
Pregou os sermões da quaresma em dois famosos conventos,
o dos franciscanos mínimos e o dos carmelitas, e em 1662 foi
chamado a pregar para Luís XIV. Ficaram famosas suas
orações fúnebres, principalmente nos funerais Henrietta Maria
of France, rainha da Inglaterra (1669) e de sua filha Henrietta
Anne da Inglaterra, cunhada de Luis XIV (1670), da princesa
Anne de Gonzague (1685), do chanceler Michel Le Tellier
(1686), e o do Grande Condé (1687).

Foi designado bispo de Condom (1669), no sudoeste da


França, mas, escolhido para tutor do herdeiro do trono, o
pequeno Delfim, no ano de 1670, renunciou ao bispado e
ingressou na corte para serviços especiais, onde teve a
oportunidade de estudar e fazer política Fez parte da
Academia Francesa e foi também nomeado conselheiro do rei.

Em 1681 foi designado bispo de Meaux, e deixou a corte;


embora mantivesse amizade com o delfim e o rei. A Política,
obra em dez volumes, dos quais os seis primeiros, inspirados
em Aristóteles e Hobbes, são dedicados à instrução do
herdeiro real, e, os demais, ao estudo da origem e do
fundamento divino do poder. O rei tem uma autoridade que é
invencível e só apresenta como contrapeso, o temor de Deus.

A doutrina do poder divino dos reis, - defendida por


Bossuet e muitos outros - não destaca certamente o caráter
natural da sociedade política. Ela admite variantes diversas,
desde uma conceituação de todo sobre naturalista. Davi era

14
Maluf, Sahid. Teoria Geral do Estado, p. 60.

17
um pastor de ovelhas e não tinha cara de rei. Não nasceu rei,
mas o profeta Samuel foi até a casa do pai dele, obedecendo
às ordens de Deus. Encontrou um menino, jovem, fraco, ruivo
e sem experiência, mas que mesmo assim foi eleito e ungido
rei. Foi o maior Rei de Israel. O pior desta doutrina está em
que não leva conta às bases efetivas da sociedade política,
decorrente dos fins naturais da pessoa humana. A partir dali a
sociedade naturalmente se estabelece. Dispensa-se, por
conseguinte, a hipótese de um poder político diretamente,
qualquer seja o modo de concedê-lo. Outro defeito da
doutrina do poder divino concedido aos reis está no
argumento em que supõe apoiar-se. Alega-se que o
governante dispõe de poderes, - entre eles o poder de matar,
- que o contrato social não pode conceder, porque os
indivíduos contratantes não o têm para delegá-lo.

Efetivamente, os cidadãos, através do contrato social


somente podem delegar o que eles individualmente podem
praticar. Ora, eles podem matar apenas como efeito de uma
ação de defesa. Portanto, só isto eles poderiam delegar neste
particular. Se os defensores do direito divino dos reis
acreditam que os reis podem matar, segue, - se for válido o
que afirmam, - os reis deverão ter recebido este poder por
outra via, que não o do contrato social. Onde a prova de que
tenham recebido tal delegação diretamente de Deus? Ela não
existe. Portanto, os reis e quaisquer governantes, apenas
podem matar como resultado indireto do ato de defesa.

Bossuet estava tão integrado ao absolutismo do reinado de


Luís XIV que chegou ao extremo de definir como herético
qualquer um que tivesse opinião própria. Foi o formulador da
ideologia gaulesa ou galicana, que estabelecia certos direitos
do rei contra o papa, uma questão que sempre fora polêmica.
Temendo uma cisão dentro da igreja, entre os partidários do
rei e os ultramontanistas (alusão a estar à sede da Igreja
além dos Alpes), que consideravam os poderes do papa
supremos e inatacáveis mesmo em solo francês. Promoveu
uma assembleia geral do clero francês em 1681-1682 cujo

18
documento final redigiu e na qual ficou definido que o papa
era autoridade somente em matéria religiosa.

Envolveu-se também em outras questões religiosas


igualmente contemporâneas como o jansenismo, a doutrina
de que a salvação é uma graça concedida apenas a alguns, e
o quietismo, uma forma de misticismo de contemplação
passiva e abandono à presença divina, pregada pelo arcebispo
de Cambrai, Francois Fenelon, condenado em Roma em 1699

Seu livro Politique tirée des propres paroles de


l'Écriture sainte ("Política tirada das Santas Escrituras"
- 1708). Valeu-lhe a reputação de teórico do
absolutismo, pois defendia as ideias de poder ao
monarca. Nessa obra ele desenvolve a doutrina do
direito divino segundo a qual, qualquer governo
formado legalmente expressa à vontade de Deus e é
sagrado e qualquer rebelião contra ele é criminosa. Em
contra partida, o soberano deve governar seus súditos
como um pai, à imagem de Deus, sem se deixar afetar
pelo poder. Escreveu também "Exposição da Fé Católica"
(1671), "História das Variações das Igrejas Protestantes"
(1688) e "Discurso sobre a História universal" (1681).
Bossuet faleceu em Paris em 12 de abril de 1704.

Teoria de Origem Patrimonial


 Platão – no livro “A República” (res=coisa) falava em
união das profissões. O Estado precisava então, dividir as
profissões: escravos, trabalhadores e artesãos.
 O Estado funcionava com dois grupos na Grécia – exército
e filósofos. O povo não contava, não podia votar, tampouco
as mulheres, eram coisas.
 O filósofo grego vivia no ócio, só estudava e não precisa
trabalhar, morava em casas comunitárias, geralmente tinha
várias mulheres para servi-lo, assim, como aos outros
filósofos da casa.

19
Os filhos eram considerados de todos... filhos das mulheres
de Atenas... Também, era comum, o relacionamento com
outros homens.
 relação de ordem patrimonial – relação feudal da Idade
Média – pessoas produziam alguma coisa para o senhor
feudal. O estado é formado pelas relações patrimoniais – as
profissões / pactos que vão fazer parte do estado.
 a teoria em prática – Feudalismo – também foi defendida
por Cícero (romano). No sistema feudal havia a delimitação
das funções.
 as outorgas – que determinam o feudo (concessão do
senhor feudal) – direitos escritos e deveres dos
trabalhadores. Todos produzem para o senhor feudal
através de pactos de vassalagem, forais e cartas de
franquias.

Força – Jean Bodin – Soberania/Patrimonial/Estado


origem pela força

Teoria da Força (origem violenta do Estado – Gumplowicz): a


organização política resulta do poder de dominação dos mais
fortes sobre os mais fracos.

O Estado surge das relações violentas entre os homens


(Guerra); os homens, em estado de natureza, vivem em
inimizade.

A Divisão do Estado (T. Hobbes): Real (por imposição da


força); Racional (provém da razão).

Na verdade, afirmar que o Estado se origina necessariamente


– por exemplo – da violência imposta por um grupo humano
sobre outro é um erro; seria tomar a parte pelo todo.
Inegável que o Estado pode, muitas vezes, nascer da
dominação imposta pela força, mas isto será sempre
contingente, poderá ou não ocorrer. O que o cientista poderia
afirmar com justeza, sem laborar em erro, seria que um dos
modos de formação do Estado é a violência, a guerra.

20
Kelsen se refere simplesmente à figura do Estado como
dominação. Para este autor.

Considera-se a dominação legítima apenas se ocorrer em


concordância com uma ordem jurídica cuja validade é
pressuposta pelos indivíduos atuantes; e essa ordem é a
ordem jurídica da comunidade cujo órgão é o “governante do
Estado”. A dominação que tem, sociologicamente, o caráter
de “Estado” apresenta-se como criação e execução de uma
ordem jurídica, ou seja, uma dominação interpretada como
tal pelos governantes e governados.

Marx e Engels – Estado é criação burguesa para explorar o


proletariado. Pregavam a revolução – Ditadura do
Proletariado.

Marx – prega a força com arma, ou seja, a derrubada do


modelo liberal por um movimento dos proletariados. Prega a
Revolução - modelo comunista – e prega o surgimento de
um Estado pela violência, pela ditadura do proletariado.
Depois que todos se tornarem comunistas, acabará o modelo
de Estado – essa era a intenção. Para Karl Marx e seu
parceiro Friedrich Engels, o surgimento do poder político e do
Estado nada mais é que o fruto da dominação econômica do
homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa,
instrumento de dominação de uma classe sobre outra (...).
Marx afirma que todos os fenômenos históricos são um
produto das relações econômicas entre os homens, e que o
marxismo foi à primeira ideologia a afirmar o estudo das leis
objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade, em
oposição aos ideais metafísicos. Segundo Engels, o Estado
vem a ser a terrível máquina de coerção destinada à
exploração econômica e, conseqüentemente, política de uma
classe sobre outra.

TEORIA DA ORIGEM VIOLENTA

21
O primeiro a falar sobre o assunto foi Jean Bodin, que
afirmava a origem do Estado é a violência dos mais fortes. O
relato que se segue é feito com base na obra de Marcus
Cláudio Acquaviva, com algumas considerações pessoais,
todavia, a doutrina socialista prega a derrubada do poder
burguês por meio de uma revolução.
Para Karl Marx e seu parceiro Friedrich Engels(autores de “O
Capital” e “Manifesto Comunista”), o surgimento do poder
político e do Estado nada mais é que o fruto da dominação
econômica do homem pelo homem. A eterna exploração de
classes, desde os escravos, passando por plebeus e chegando
às corporações de ofício.
O Estado vem a ser uma ordem coativa, instrumento de
dominação de uma classe sobre outra, sendo que no caso do
Estado-liberal, uma forma da burguesia manter o poder. Em
seu célebre Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels
afirmam que a História da Humanidade sempre foi a história
da luta de classes: homens livres e escravos, patrícios e
plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos, numa palavra,
exploradores e explorados, sempre mantiveram uma luta, às
vezes oculta, às vezes patente. Marx afirma que todos os
fenômenos históricos são produto das relações econômicas
entre os homens, e que o marxismo foi a primeira ideologia a
afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimento
econômico da sociedade, em oposição aos ideais metafísicos.
Segundo Engels, o Estado vem a ser terrível máquina de
coerção destinada à exploração econômica e,
conseqüentemente, política de uma classe sobre outra.
Importante ressaltar que Engels era adepto da teoria
matriarcal, mas junto pregam uma origem violenta com a
“Revolução” feita pela Ditadura do Proletariado.

Para alguns pensadores a origem do poder político e do


Estado reside nas qualidades militares superiores à média nos
grupamentos primitivos. Para enfrentar os perigos da guerra
seria indispensável reunir o grupamento sob o comando de

22
alguém realmente virtuoso e qualificado para o comando das
operações. A necessidade de defender as mulheres e o gado
tomava os postos militares de importância máxima. O
princípio de autoridade militar de base religiosa consolidar-se-
ia como princípio de autoridade civil de caráter permanente.
O chefe da guerra converte-se em chefe político, autoridade
administrativa, juiz e legislador. Afirmava o célebre Voltaire
que "le premier qui fut roy fut un soldat heureux!

A denominada teoria da força ou da violência na gênese do


poder político é desenvolvida por Gumplowicz. Diz ele que o
poder político vem a ser, pura e simplesmente, o resultado da
força bruta, da violência imposta por alguns à maioria débil
da sociedade.

O poder político jamais foi nem será uma entidade de direito,


e sim de fato. Os seguidores de Gumplowicz lançam mão de
inúmeros exemplos históricos para a comprovação de suas
ideias: os nativos da Tasmânia são sempre comandados pelos
elementos mais fortes e aguerridos, que impõem o
assentimento de todos, ocorrendo o mesmo com os
australianos. Curioso constatar que as ideias se assemelham
quanto aos processos que predicam e divergem quanto à
finalidade. Georges Sorel, por exemplo, grande ideólogo
francês cujo pensamento influenciou decisivamente Lênin e
Mussolini, pregava a violência como forma de extinção do
Estado e predomínio do proletariado, violência esta que
revestiria a forma de uma greve geral. A força, dizia ele, seria
a violência legalizada, seria a reação efetiva do
Estado contra a violência operária. Pois bem, Gumplowicz
coloca a violência na origem do Estado; Sorel coloca a
violência como único meio de extinguir o Estado, sendo sua
violência a denominada greve geral proletária.
O pensamento de Miguel Elias Reclus não discrepa de
Gumplowicz e de Marx e Engels, pois ele vê na imposição
violenta e espoliativa de impostos a verdadeira origem do
Estado:
"Um atrevido homem de ideias e de punhos descobre um

23
rochedo que domina um desfiladeiro entre dois vales férteis;
aí se instala e se fortifica. Assalta os transeuntes,
assassinando alguns e roubando o maior número. Possui a
força, tem, portanto, o Direito. Os viajantes, temendo a
rapinagem, ficam em casa ou fazem uma volta. O bandido
então reflete que morrerá de fome se não fizer um pacto.
Proclama que os viandantes lhe reconheçam o direito sobre a
estrada pública e lhe paguem pedágio, podendo, depois,
passar em paz.
O pacto é concluído, e o astuto enriquece. Eis que um
segundo herói, achando bom o negócio, esgarrancha-se no
rochedo fronteiriço. Ele também mata e saqueia, estabelece
seus direitos. Diminui, assim, as rendas do colega, que franze
o cenho e resmunga na sua fuma, mas considera que o
recém-vindo tem fortes punhos. Resigna-se ao que não
poderia impedir; entra em combinação. Os viageiros pagavam
um, terão agora de pagar dois: todos precisam viver! Aparece
um terceiro salteador, que se instala numa curva da estrada.
Os dois veteranos compreendem que abrirão falência se
forem pedir três soldos aos passantes que, só tendo dois para
dar, ficarão em casa, em vez de arriscar suas pessoas e bens.

Arremessam-se sobre o intruso, que, desancado e


machucado, foge campo afora. Depois, reclamam dos viajores
dois vinténs suplementares, em remuneração pelo trabalho de
expulsar o espoliador e pelo cuidado em não deixar que ele
volte. Os dois peraltas, mais ricos e poderosos que antes,
intitulam-se agora 'Senhores dos Desfiladeiros', 'Protetores
das Estradas Nacionais', " 'Defensores da Indústria' , 'Pai da
Agricultura' , títulos que o povo ingênuo repete com prazer,
pois lhe agrada ser onerado sob o pretexto de ser protegido.
Assim -admirai o engenho humano! –o banditismo se
regulariza, se desenvolve e se transforma em ordem pública.
A instituição do roubo, que não é o que o vulgo pensa, fez
nascer a polícia. A autoridade política, que ainda nos diziam
ser emanação do Direito divino e benefício da Providência,
constituiu-se a pouco e pouco pelos cuidados de salteadores
patenteados, pelos esforços sistemáticos de malandrins,

24
homens de experiência...".

Não há dúvida de que o aproveitamento econômico das


conquistas militares por intermédio de impostos é fenômeno
dos mais antigos. Se, como pretende Émile Durkheim, o
processo de centralização do poder político se desenvolve
paralelamente ao processo de concentração do poder religioso
até então difuso no grupamento, a imposição de tributos
surge, neste estágio, como uma instituição de caráter mágico,
religioso. Ao clero são feitos donativos in natura, o qual, em
contrapartida, deve proteger a comunidade contra os vizinhos
inimigos e os maus espíritos. Inicialmente voluntária, a
contribuição vai-se tomando, por força do costume,
obrigatória, bem como a estipulação de seu montante. Por
outro lado, as desavenças surgidas com grupamentos
adversários, mais a cobiça por novos territórios, trazem
consigo a guerra, mas a matança pura e simples dos vencidos
vai-se mostrando antieconômica, sem efeito prático algum.
Surge a escravidão e a obrigação do pagamento de um
tributo para que os vencidos mereçam continuar vivendo.
Temos, no caso, aquilo que, atualmente, seriam as
reparações de guerra...
Ora, tais medidas pragmáticas podem ser observadas em
vários exemplos históricos: uma cerimônia ritual dos antigos
citas impunha, para cada cem prisioneiros de guerra, o
sacrifício de um apenas; os demais permaneciam escravos.
Entre os incas, ao contrário de outros povos, os vencidos na
guerra eram tomados escravos, com satisfatório
aproveitamento econômico para o império. Assim, os astecas,
que ao partirem para a chamada "guerra florida", à cata de
vítimas propiciatórias ao deus Huitzilopochtli, não deixavam
de exigir do inimigo escravos, frutos da terra e animais úteis.
Na maioria dos Estados antigos da Ásia Menor e do
Mediterrâneo o tributo logo tomaria um caráter utilitário, com
o arrebatamento de metais preciosos e de homens destinados
à incorporação nos exércitos do vencedor.
Assim fizeram egípcios, assírios, gregos e romanos. A vitória,
seguida da anexação dos territórios dos povos vencidos, era

25
acompanhada da imposição de tributos, mas estes, com o
passar do tempo, perderiam o seu odioso caráter original, tão
logo os vencidos se integrassem aos vencedores. Exemplo
característico disto é o de um edito do imperador Bassiano
(chamado Caracala por trazer uma clâmide ao ombro com tal
denominação), que estendeu a cidadania romana a todos os
habitantes do império, com intenção velada de aumentar a
receita do Estado, já que o direito de cidadania implicava o
dever do pagamento de tributos peculiares ao cidadão
romano.

Segundo Durkheim e seus seguidores, a organização dos


homens primitivos em clãs é a primeira organização social
conhecida.
Mais que a família ou a consanguinidade, o que une os seres
humanos é a sua natureza mística, religiosa. Todos os
membros de um clã se consideram descendentes de um
mesmo totem, isto é, um ser identificado a um animal ou
planta, que, além de ancestral comum do clã, atua como
símbolo deste. Assim, os integrantes do clã consideram-se
aparentados menos pelo sangue que pela solidariedade de
uma origem religiosa comum. É de se ressaltar a índole
comunitária do clã, tanto no setor político como no
econômico. Toda individualidade se acha absorvida pelo
interesse social e, embora não haja poder individualizado, os
ritos, direitos, deveres e regulamentos, mesmo anônimos,
devem ser e são respeitados. Em obra célebre, de grande
significado para a Antropologia e para o deslinde dos obscuros
tempos da proto-história, A. Moret e G. Davy assim se
expressam: "...tais normas de conduta eram impostas menos
por um chefe individualizado que... pela força impessoal e
difusa do mana, princípio de coesão do clã imanente a todos
os seus membros e objeto de temor religioso. Ao tratarmos
de delinear a gênese do poder político nas sociedades
primitivas, falamos de soberania antes de falarmos de chefes
propriamente ditos. A soberania de que falamos é tão
nacional ou democrática como é possível no sentido do difuso
que se acha no grupamento, sem estar, verdadeiramente,

26
concentrada em ponto algum".
Com o passar do tempo começam a se destacar alguns chefes
religiosos que, em virtude de seu cargo, já estavam a exercer
considerável influência sobre a sociedade, partilhada com
uma assembleia de anciões ou varões.

O processo de descentralização do poder político desenvolver-


se-á paralelamente ao processo de concentração do poder
religioso, até então difuso no grupamento. O totemismo passa
a não ter mais por base forças indefinidas, impessoais, e sim
espíritos, demônios, gênios e deuses. O totem, que se achava
dividido entre todos, converte-se em monopólio de alguns, e
estes reivindicam, para si, o caráter de proprietários
hereditários do totem tutelar.

Com a individualização e a institucionalização do poder


político, a Humanidade dá mais um largo passo rumo ao
surgimento do Estado, mesmo porque o poder soberano já se
faz presente; e, havendo poder de decisão em última
instância, haverá soberania, ainda que estejamos nos
referindo as comunidades primitivas.

27

Você também pode gostar