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(*)

FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE -


UFPE

— Revisão
Teoria Política
e do Estado
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7

®
— Origem (03)
do Estado
Teorias sobre o surgimento do

índice
Estado
CORRENTES QUANTO À ORIGEM DO
ESTADO:
Surgimento do Estado Moderno
Surgimento do homem
Estado enquanto fenômeno natural, anterior ao
homem
Nicolau
Maquiavel
Florença, Itália

*
O Príncipe (1513)
Unidade de Poder não religiosa. O Estado e a Ordem
Análise realista e concreta do Estado, como
A natureza humana causa
alcançar e manter o poder.
desordem na sociedade, daí a
necessidade da ordem
estabelecida pelo governo "AN
O Soberano e a virtù forte do Estado. ÁL
ISE
O príncipe salva o Estado através de uma força "
virtuosa que domina a fortuna e o favorece.
(!)— Jusnaturalistas
"Sistema de normas de conduta intersubjetiva
diverso do sistema constituído pelas normas fixadas
pelo Estado (direito positivo)", Fassó
1- Direito natural estabelecido pela vontade de uma entidade divina; 2 - Direito natural
enquanto um elemento "natural", "fisicamente conatural a todos os seres animados a guisa de
instinto" (Fassó); 3 - Direito natural enquanto direito ditado pela razão do ser humano.
— Contratualistas (...)
Corrente jusnaturalista racional moderna
Estado de Pacto ou Estado ou
Natureza Contrato Social Sociedade Civil

Crítica de David Hume THOMAS HOBBES JOHN LOCKE MONTESQUIEU

“Quase todos os Estados que existem atualmente, ou


aos quais temos acesso por meio de arquivos
históricos, foram criados, originariamente, quer por
meio da usurpação, quer por meio da conquista, ou
por ambos, sem que houvesse qualquer
consentimento ou sujeição voluntária pelo povo”
(!) Estado de Natureza
A igualdade natural e o estado de guerra.
Assimetria de informação e antecipação de
ataque.

Contrato Social
Objetivo: paz e proteção pelo Soberano. Todos
representados em um homem. Contrato de
associação e submissão.

Thomas Estado Leviatã

Hobbes Ausência de limite de poder e o temor como


instrumento de governança. Igualdade =
Guerra; Liberdade = ausência de oposição.

"O homem é o lobo do homem".


(!)
*TÁBULA RASA = EMPIRISMO

[ Estado de Natureza
Indivíduos em perfeita liberdade e igualdade.
Direitos naturais - vida, liberdade e os bens
(propriedade privada).
John Locke
Pai liberal
[ Violação à propriedade privada
Nascimento dos conflitos pela concentração desigual
de riqueza. Explicação histórica do valor do trabalho
e o capital.

[ Estado Civil
Contrato social pelo consentimento expresso pelos
governados (poder político legítimo). Proteção da
propriedade privada e da sociedade de conflitos.
Rousseau —

Estado de Natureza e a Necessidade do


Pacto Social
Homens livres e felizes, sem conflito ou orgulho, até o
surgimento da propriedade privada. No contrato social, abrem
mão de sua liberdade natural para uma liberdade civil.

Vontade Geral
Pacto Social com corpo moral e coletivo, unidade indivisível e
alienável de todas vontades comuns - A Vontade Geral. O
povo elabora suas leis e as obedece, conjugação perfeita de
liberdade e obediência civil.
Montesquieu
Espírito das Leis (1748)
Preocupação com questões práticas da atividade política. As
leis existem objetivamente e por necessidades, não cabe à razão
humana um protagonismo na elaboração das leis e na formação
do Estado. Leis como relações necessárias que derivam da
natureza das coisas.

Regimes de Governo e a Moderação


República, Monarquia e Despotismo. A moderação traz a
estabilidade republicana - Separação dos Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário).
Immanuel
Imperativos categóricos
Homens como seres morais, que se organizam segundo o
direito. Norma moral e o imperativo categórico. A liberdade

Kant — como autonomia, os seres racionais legislam a si próprios.

Estado Ideal
Se interessa por questões mais conceituais do Estado e contesta
a existência social, enquanto feito histórico e social. O Estados
nascem de condições históricas. E o contrato voluntário busca
um Estado ideal

O Estado é um meio para o indivíduo


O homem existe como fim em si mesmo
— Hegel
(...)
“Somente no Estado e por meio do Estado é que o
indivíduo alcança a sua autêntica realidade, pois
somente nele e por ele é que se chega à
universalidade”, Hassner
Estado Nacional Polo oposto do Teoria Orgânica do
Defensor do Poder Estatal
contratualismo Estado
místico, ente superior. Os "Não é o homem que cria o Estado como organismo
indivíduos somente têm Estado, mas o Estado que natural, fase de um processo
significado enquanto forma o cidadão", Miguel histórico. "Último fim do
membros do Estado. Reale indivíduo"
— Estado e (05)
Instituições
objetivos do estudo das
instituições
Enxergar o funcionamento do Estado fora do formalismo,
considerando a realidade concreta;
Mudar a visão preocupada no surgimento do Estado e

(!)
focar na manutenção desse Estado;
Ser capaz de observar e identificar um Estado ineficiente
e aperfeiçoar suas funções (projeções sobre o futuro);
neoinstitucionalismo
É o paradigma teórico utilizado na unidade
Surge a partir dos anos 80, mas se aprofunda a partir dos
anos 90;
Tem caráter interdisciplinar: utiliza sociologia, ciência
política, economia, administração e história;
Trata-se de uma mesoanálise: trata-se de como a
estrutura social é capaz de transformar o indivíduo
(estruturalismo - macroanálise), mas também de como
o indivíduo é capaz de transformar seu meio
Ronald Coase e Douglass North (behaviorismo - microanálise);
anos 90: prêmio Nobel A força de uma instituição tem relação com sua
capacidade de alcançar sua finalidade;
O que é instituição?
instituições fora do
neoinstitucionalismo
≠ instituições no
neoinstitucionalismo
Visão convencional (weber) São as regras do jogo que
de instituição: família, escola, quando interagem são
Igreja. Corresponde ao que é
chamado de organizações no
capazes de operar na
neoinstitucionalismo, por prática e modificar a
exemplo: OEA, ONU... realidade concreta

ex: jogo de xadrez, existem as regra do jogo (instituições), mas também


existem as peças (organizações).
instituições formais e informais
[ Desenho institucional estatal = instituição formal (regras legitimadas pelo
Estado) + instituições informais (elementos culturais)

No que tange às regras informais, a cultura influencia no


comportamento humano, de modo que é passado de gração em geração
pela educação e experiência;

quanto maior o fortalecimento da herança cultural maior a redução da


incerteza;

O capital social (Fukuyama) é o conjunto de valores ou normas informais

(!)
partilhados por membros de um grupo pautados em relações de
confiaça; cooperação!
instituições formais e informais
[ Desenho institucional estatal = instituição formal (regras legitimadas pelo
Estado) + instituições informais (elementos culturais)
Já a social trap ou armadilha social revela uma ausência de confiança
entre os indivíduos, dessa maneira, a cooperação torna-se difícil;

Um exemplo é a questão dos taxistas que não confiavam uns nos outros
e sempre afirmavam que estavam próximos dos passageiros quando na
verdade não estavam, contando que os outros taxistas também o
fariam... Porém, esse cenário ocasiona uma situação de perde-perde,
pois, o trajeto que os taxistas tinham que percorrer para chegar ao

(!)
passageiro tornava-se muito maior.
— real desenho institucional

—————————

—————————
instituições formais instituições formais
fortes fracas
—————————————————
complementação
substituição
convergência ex: vacina no BR
ex: solidariedade nas

periferias

—————————————————

divergência acomodação competição


ex: nepotismo ex: organizações criminosas
cruzado impunidade institucionalizada
instituições complementares
[ instituições informais e instituições informais fortes (convergente)

cooperação entre os indivíduos


e o Estado
Um exemplo é a vacinação da
COVID-19 durante a pandemia
Houve adesão por grande parte
da população à vacina durante
a pandemia

*dados coletados em 21/09/2022


https://especiais.g1.globo.com/bemestar/vacina/2021/mapa-brasil-vacina-covid/ (!)
instituições por substituição
[ Instituições formais fracas (ineficazes) são substituídas por regras informais,
agindo de forma convergente.

ex: bairro do Ceará que criou sua própria


moeda e seu banco por razão do Banco do
Brasil não alcançar sua finalidade.

ex2: solidariedade nas periferias, sabendo


que as instituições não são capazes de se
efetivar, a própria população coopera entre
si convergente às regras formais.
Arrecadação de mantimentos, cooperação
nas enchentes…
instituições por acomodação
[ instituições informais fortes contrariam a finalidade de instituições formais
fortes, porém a letra da lei não é violada (divergentes) (*)
Ex: Nepostismo cruzado: Troca de favores entre
seivodores públicos, pois há regra formal que
impede que o servidor indique a um cargo o seu
parente, portanto é necessário que outro servidor
o indique, por isso não há a quebra de regra
formal, mas vai contra os escopos do Estado.

rule by law
instituições por competição
[ instituições formais fracas competem com instituições
informais fortes de forma divergente, porém a letra da lei é
violada.
ex: clientelismo onde a letra da lei é clara
proibindo compra de votos, troca de favores,
porém o que ocorre é o contrário (regra
informal forte diverge da regra formal fraca)

ex 2: crime organizado que detém a


impunidade institucionalizada. Regra formal
impede o crime organizado, porém o que
ocorre é a impunidade (regra informal).
escopo das atividades estatais
Fukuyama divide as finalidades do Estado em 3:

Escopo Mínimo: Prover bens públicos puros, saúde pública,


melhorar a equidade programas contra a pobreza...

Escopo Intermediário: Educação, proteção do meio ambiente,


regulamentação financeira... (!)
Escopo Ativista: Coordenar atividades privadas, promover
política industrial, promover mercados...

Fukuyama
escopo das atividades estatais
^ EUA

(...)
———————

———————
URSS
Entregou sem prometer

força das QUADRANTE I QUADRANTE II


instituições
———————————
QUADRANTE III QUADRANTE IV
(eixo y)

BR
SERRA LEOA

———————————
Promete sem entregar

^
escopo das funções do Estado (eixo x)
essa relação aponta a efetividade do Estado!
— o Brasil tem diversos
escopos mas é fraco, pois na
maioria das vezes não
consegue alcançá-los.
— Estado e
Democracia
(07)
Democracia na concepção minimalista:

Rule of law Rule by Majority Rule by law


Há aparente cumprimento da lei, das regras
Reproduz a relação entre duas instituições formais do jogo, enquanto que na realidade a
respectivamente: os Tribunais e o Parlamento. lei é descumprida em sua finalidade (telos) e

essência.
"Casca de direito"
Nessa abordagem, o Estado de Direito é situado
como instituição que impõe limites às decisões
majoritárias, ou melhor, à tirania da maioria. O
Estado de Direito representaria, assim, um
controle normativo sobre a democracia política –
regra da maioria.
— Vertente teórica que supera a tensão entre
Rule of law e Rule of majority:

O Estado de Direito é uma das dimensões da Democracia e com ela


não conflita.

O Estado de Direito é concebido como um mecanismo de


aperfeiçoamento e garantidor da Democracia.

O Estado de Direito propriamente efetivo representaria, assim, uma


dimensão dessa Democracia, com o papel relevante de assegurar os
direitos políticos, liberdades civis, mecanismos de acountabilidade,
controle e monitoramento a fim de tornar efetiva a igualdade desses
direitos (cidadãos), além do constrangimento coercitivo a potenciais
abusos do poder estatal.
— Estudo de caso
Brasil é signatário do Acordo de Paris desde 2015.

Principais pontos do acordo de Paris: redução do desmatamento, redução da emissão


de gases do efeito estufa e diz que os países não podem retroceder nas metas de
redução de emissão dos gases.

Art. 5º, item 2 do Acordo de Paris:


As Partes são encorajadas a adotar medidas para implementar e apoiar, inclusive por
meio de pagamentos por resultados, o marco existente conforme estipulado em
orientações e decisões afins já acordadas sob a Convenção para: abordagens de
políticas e incentivos positivos para atividades relacionadas a redução de emissões
por desmatamento e degradação florestal, e o papel da conservação, do manejo
sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono florestal nos países em
desenvolvimento.
— Estudo de caso
— Estudo de caso
O caso anteriormente abordado tem os aspectos de Rule by Law, pelos seguintes
pontos:

Tem-se apenas comprometimento formal do Estado com as políticas de Meio


Ambiente;

A lei (no caso, o Acordo de Paris) está sendo usada de modo oportunístico;

Há aparente cumprimento da lei, das regras formais do jogo, mas descumprimento


da lei em sua finalidade;
— Estudo de caso
Conforme estabelece o artigo 53, § 2º, da Constituição Federal, "desde a expedição do diploma, os
membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável''. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
— Estudo de caso

O caso anteriormente abordado trata-se de Rule of Law, pelos seguintes pontos:

Há realização material daquilo que está previsto na lei;

Mecanismos de controle do Estado são eficientes (Supremacia da


Constituição e Separação dos Poderes);

— Estudo de caso
Art. 1º São inelegíveis:
[...]
e) os que forem condenados, em
decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até
o transcurso do prazo de 8 (oito)
anos após o cumprimento da pena,
pelos crimes:
[...]
2. contra o patrimônio privado, o
sistema financeiro, o mercado de
capitais e os previstos na lei que
regula a falência;
— Estudo de caso
O caso anteriormente abordado trata-se das dimensões de Rule of Law e
Rule of Majority, pelos seguintes pontos:

Há realização material daquilo que está previsto na lei (Ficha Limpa),


portanto há um reforço do Estado de Direito;

O mecanismo de Rule of Majority (vencer nas eleições) não sobrepõe as


previsões legais;
— Acountabilidade intra-estatal
e acountabilidade eleitoral
Acountablidade Horizontal/ Acountabilidade
Acontabilidade infra-estatal Vertical/Acoutabilidade eleitoral

Agências estatais legalmente Dimensão eleitoral


incumbidas de supervisionar,
controlar e sancionar entes
No Brasil, o poder Legislativo e
Executivo sofrem a
Tais agências também devem acountabilidade eleitoral
estar submetidas a controle
externo Sistema de punição e
recompensa
Poder de veto
— Ponto de veto

Ponto de veto: pode ser tanto agentes individuais quanto instituições, seu
papel é de obstruir, dificultar, fiscalizar a mudança pretendida pelo outro
agente de poder.

Separação de poderes (formal) x Separação de Propósitos (informal).

Desafio: encontrar o ponto de equilíbrio, já que um número excessivo de


pontos de veto tende a engessar o Estado, bem com um número reduzido
de pontos de veto torna o Estado volátil, sem controle e fiscalização.
(trade off)

Desafio: questão das políticas públicas e sua referência a interferência


particulares ou coletivas (trade off)
— Estudo de caso
O caso do Senado Americano

Proposta original do órgão: proteger as minorias do poder da maioria (que estaria representada já pela
Câmara dos Deputados). Para isso, foram criados mecanismos - alguns não escritos - que facultavam às
minorias legislativas e aos senadores individualmente tornar mais lento o processo ou obstruir projetos
apresentados pela maioria.

Essas prerrogativas informais são freios e contrapesos essenciais, servindo tanto como proteção para
partidos minoritários quanto como restrição para presidentes potencialmente abusivos.

[Cada senador] tem vasto poder sobre as regras do plenário. Um único senador, por exemplo, pode
desacelerar o Senado até quase parar, objetando sistematicamente toda solicitação de consenso
unânime. Um pequeno número deles, exercendo o direito de obstrução, pode bloquear a aprovação de
todo projeto de lei.

Costumes do povo eram responsáveis por fazer tal regra funcionar bem, somente incidindo em casos
extremamente necessários. Cortesia e Reciprocidade. Capital social.

Segundo um relato, somente 23 obstruções manifestas ocorreram durante todo o século XIX. Um
modesto aumento no uso de expedientes de obstrução no começo do século XX deu origem à regra de
conclusão de 1917, 78 segundo a qual dois terços (agora três quintos) do Senado podiam, depois de
transcorridos dois dias de obstrucionismo, votar e concluir o debate
— Estudo de caso
O caso do Senado Americano

Governo Clinton
Obstrução da iniciativa de 16 bilhões de dólares do presidente para geração de
empregos: Antes dos anos 1970, o número anual de moções de conclusão apresentadas
para interromper debates no Senado – um bom indicador de tentativas de obstrução –
nunca foi superior a sete; em 1993-94, tinha chegado a oitenta.

Governo Bush
Durante a 110a Sessão do Congresso, a última do governo de Bush, o número de
obstruções chegou a 139, o mais alto de todos os tempos – quase o dobro do ocorrido
mesmo nos anos Clinton.

Jogo duro constitucional e excesso nos pontos de veto.


— Diferenciação dos Regimes
políticos
Democracia = nenhuma violação;

Semidemocracia = uma ou mais violação parcial;

Autoritarismo = uma ou mais violação grave.

Grau de violação;

A democracia representativa tem quatro propriedades definidoras:

Eleições livres e limpas para o Executivo e o Legislativo;


Direito de voto extensivo à grande parte da população adulta;
Proteção aos direitos políticos e às liberdades civis;
As autoridades eleitas são as que de fato governam e os militares sob controle dos
civis.

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