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A Fórmula de Lasswell

Outro modelo teórico de interface potencial vem de Harold D. Lasswell (1948), um cientista
político americano que se dedicou ao estudo da propaganda política após a segunda grande guerra.
Lasswell (1971, p. 105) definiu ‘comunicação’ em uma pergunta:

“Quem - Diz o quê - Em que canal - Para quem - Com que efeito?”.

Para Lasswell, a comunicação é uma especialização orgânica da sociedade, portanto funcional.


Cabe a ela então cumprir seu papel vigiando, organizando a maneira pela qual o sistema vigente possa
responder ao que o desestabiliza e transmitindo a herança cultural de modo que a sociedade garanta
sua positividade.

Estas são as três funções sociais da comunicação segundo Lasswell.

Se aplicarmos a fórmula de Lasswell, (quem – o quê – que canal – a quem – com que efeito) à
comunicação social, então temos um emissor identificado e um receptor anônimo. Temos aqui um
modelo de difusão em que um centro, bem determinado, emite à sua volta em que não se sabe quem
recebe individualmente.

Neste modelo é perfeitamente possível delimitar o âmbito ou alcance da emissão, isto é, é


possível traçar o círculo fora do qual não há recepção possível, mas, e é isso que importa aqui realçar,
dentro do círculo não se podem identificar os receptores. Uma rádio informativa, um jornal, mesmo
uma televisão, têm o seu círculo de recepção delimitado pelo universo daqueles que falam a língua em
que são difundidos, e além disso, é mesmo possível delimitar bem o seu espaço geográfico de difusão.
Exemplos:

a) Uma rádio tem um raio de emissão, fora do qual é impossível captá-la. Mas dentro do
círculo em que se pode captar, não sabemos quem a está a captar.
b)Um jornal é enviado para as bancas de venda, mas se ignora quais os indivíduos que o
compram e o lêem.

Através dos exemplos se percebe que uma das características da comunicação social
relativamente à comunicação pessoal é justamente a multiplicidade e correspondente anonimato dos
receptores. Na comunicação pessoal há uma relação mútua entre emissor e receptor. Ambos estão
identificados, sendo a identificação do receptor tão importante quanto a do emissor. A mútua
identificação dos intervenientes do processo comunicativo pessoal aplica-se não só à comunicação
presencial, mas também à comunicação postal e telefônica. A comunicação social, ao invés, não se
preocupa, nem se pode preocupar, com a identidade dos seus receptores. Propriamente os seus
destinatários não são indivíduos, mas sim um público, certamente constituído por indivíduos, mas cuja
individualidade não é importante ou significativa nesse processo.

Nesse sentido, essa proposta entende que a mensagem criada e emitida causará um
determinado efeito planejado. Sendo assim, os resultados da interação podem ser previstos e a
mensagem recebida é compreendida da forma exata como foi pretendida pelo emissor. Tal pressuposto
negligencia a existência de qualquer filtro, interpretação, influência do contexto, etc. Além disso,
supõe que um pólo do processo é ativo (o emissor) enquanto o outro (o receptor) é passivo. Por isso,
diz-se que a fórmula de Lasswell reflete a maneira na qual a comunicação era estudada naquela
época. Naquele tempo, entendia-se que a mensagem era sempre efetiva e que o emissor (quem fala)
sempre tinha a intenção de influenciar o receptor passivo.

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