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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO - ILC


COMUNICAÇÃO SOCIAL - PUBLICIDADE E PROPAGANDA
COMUNICAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE
DOCENTE: JÚSSIA CARVALHO DA SILVA VENTURA
DISCENTE: DANIEL SOUZA AMADOR SAMPAIO, FERNANDA MARTINS GOMES,
INGRIDE LOPES ANTÔNIO JOSÉ, JEOVANA GALVAO DA SILVA, MATHEUS FELIPE
GURGEL LIMA, SIDNEY PERY DA SILVA COSTA FILHO

1. Disserte sobre a importância da comunicação, como ciência, para a sociedade.

A comunicação é capaz de definir a forma como nos relacionamos em sociedade,


além de proporcionar aos indivíduos a construção de uma visão de mundo. Desde a mais
tenra idade somos seres comunicantes: o choro de um bebê, por exemplo, pode ter inúmeros
significados: fome, sono, dor, etc. Ao longo da vida não paramos de nos comunicar. Assim,
tal ato pode estar presente de diferentes formas em nosso cotidiano: um gesto, a forma de se
vestir, um diálogo, uma dança. Todas essas são formas de transmitir uma mensagem, de
comunicar algo e, para vivermos em sociedade, é necessário que nos comuniquemos uns com
os outros.
Como ciência, a comunicação possui importância fundamental para a sociedade, pois
estuda os processos que ocorrem entre os indivíduos e grupos sociais por meio de diferentes
paradigmas que tangem tanto os níveis mais íntimos quanto os mais massificados na relação
do compartilhamento de mensagens e informações. Por ser uma ciência interdisciplinar
fundada no cruzamento das mais variadas contribuições, se relaciona com diversas áreas do
conhecimento, como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Linguística, a Filosofia,
entre outras, o que significa que a comunicação é capaz de integrar diferentes perspectivas e
abordagens teóricas, o que a torna uma ciência rica e complexa, como destaca França (2001).
No entanto, é importante destacar que a interdisciplinaridade não é um estado
permanente, mas transitório. A autora afirma que "se o intercâmbio das tendências começa a
criar frutos, se a troca começa a deitar raízes e criar tradições, ela deixa seu estado
interdisciplinar e dá origem a uma nova disciplina" (França, 2001, p. 8). Isso ressalta que,
apesar de sua interdisciplinaridade, a comunicação não consolidou uma tradição própria,
permanecendo em constante evolução. Entretanto, compreender a importância dessa ciência
requer explorar o objeto de estudo que França destaca.
Para compreendermos a importância dessa ciência, é essencial também
desenvolvermos a curiosidade de visualizar o objeto de estudo em nossas mentes. Não há
como se importar com as flores sem cuidar das raízes, mas afinal qual seria o objeto de
estudo da comunicação? Essa é uma questão capaz de provocar um grande debate, ainda
longe de ser esgotado. Todavia, para França, o objeto de estudo pode ser identificado em dois
aspectos: os meios e o processo comunicativo.
A autora destaca que "de um lado, e de forma mais evidente, o objeto recortado são os
meios de comunicação de massa (formulação mais antiga) ou a mídia – designação
contemporânea, mais ampla, e que retira a ambiguidade do qualificativo 'massa' (ênfase na
amplitude do público atingido), referindo-se à comunicação realizada ou mediada pelas novas
tecnologias" (França, 2001, p. 4). Por outro lado, o objeto de estudo também pode ser o
processo comunicativo em si, ou seja, como as pessoas se comunicam, relacionam e se
influenciam mutuamente.
Através disso, se torna possível transmitir informações, ideias, valores, crenças e
sentimentos, podendo influenciar a opinião pública, a cultura e a política, mas a estes também
não se mitigando, assim moldando, reformulando e também sendo reconstruída pelo “espírito
do tempo” de sua era histórico-comunicacional. Construindo e derrubando democracias,
adiando o pelejando a crise climática, discriminando ou acolhendo grupos minoritários,
mantendo ou propagando a possibilidade de novas formas de se viver, a dialética
comunicacional permite a construção de culturas mais críticas, reflexivas, mas também
compreensivas com os processos de mudanças sociais que ocorrem.
A reflexão sobre a natureza transitória da interdisciplinaridade, conforme destacado
por França, ressalta a dinâmica intrínseca da comunicação, que permanece em constante
transformação (e evolução). Dessa forma, a disciplina não apenas contribui para o
desenvolvimento da sociedade, mas também oferece perspectivas para a construção de uma
cultura mais crítica, reflexiva e participativa, reforçando a importância de seu estudo e
compreensão da comunicação como expressão de vida. Tal natureza interdisciplinar não
acontece somente em benefício da comunicação, importante salientar, mas também pode
afetar outras áreas de forma que é afetada por elas.
Em síntese, a comunicação se destaca como uma ciência essencial para a
compreensão dos processos comunicativos que permeiam a sociedade. Ademais, é necessário
lembrar que essa ciência também pode estar relacionada ao poder detido por um indivíduo,
um grupo ou uma organização em determinado contexto. Ao estudar a comunicação em suas
diversas formas, desde a interpessoal até a de massa e seus diferentes meios de realização, a
disciplina revela-se como um campo interdisciplinar em constante evolução, capaz de
integrar contribuições de áreas distintas.

2. Quais os principais tipos de paradigmas segundo Wolf?

Mauro Wolf (1995 apud França, 2001) identifica três tipos principais de paradigmas.
O primeiro deles é um modelo simplista e simplificador: o paradigma informacional, que
compreende a comunicação como um processo de transmissão de mensagens de um emissor
para um receptor, provocando determinados efeitos. Esse modelo, no entanto, é passível de
críticas devido à sua unilateralidade e mecanicismo. É necessário, no entanto, chamar atenção
para um aspecto: o movimento provocado por ele segue duas direções básicas.
Primeiramente, pautado na naturalidade, é possível analisar se uma mensagem foi ou
não bem transmitida e que tipo de efeitos provocou. Um segundo caminho possível, levando
em conta a mecanicidade do processo, é considerar que cada um de seus elementos possui um
papel fixo, definido previamente, e que é possível editá-los separadamente, estudando-se a
lógica da produção; dos emissores; a característica dos meios (natureza técnica, modos
operatórios); as mensagens (conteúdos) e a posição e atitude dos receptores. Nesse caso, a
interdisciplinaridade é possível de ser utilizada para falar de cada um.
O modelo semiótico-informacional acrescenta ao primeiro a compreensão da natureza
semiótica das mensagens: mais do que um material inerte transportado, as mensagens são
unidades de sentido. Essa compreensão provoca um movimento analítico centrado nas
estruturas de significação das mensagens. Este tipo de estudo evoca particularmente a
contribuição das ciências da linguagem. “O entendimento central dos códigos com a
multiplicidade de componentes que se relacionam com a comunicação, estava focado na
emissão da mensagem difundida para a massa. E os efeitos surgiram a partir do momento em
que se tornaram problemas, sendo compreendidos com decodificações e acepção das
mensagens, fora da normalidade contínua da mídia” (Chaves, 2015, p.4). E segundo Wolf "A
valência transmissiva, própria da teoria da informação, concentra sua atenção mais na
eficiência do processo de comunicação do que na sua dinâmica" (WOLF, 2005, p.119). o que
resultou então no esquema do modelo semiótico-informativo, apresentando linearidade
quanto ao seu funcionamento.

Fonte: WOLF, Mauro, 2005, p. 121

Por conseguinte, segundo Wolf, o modelo semiótico-textual quebra o caráter unitário


das mensagens, e procura lê-las na sua intertextualidade – desenvolvendo uma semiótica da
cultura. Aqui, a presença e o papel dos sujeitos sociais, mesmo o trabalho de produção e
recepção, são negligenciados em função da ênfase na dimensão simbólica e sentidos
produzidos. (WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação 4, edição Lisboa: Presença. 1995.)
Neste modelo rompem com a noção da cadeia linear de transmissão e acrescenta a análise do
discurso e da análise semiótica da cultura. As intertextualidades são acionadas para entender
as dinâmicas da produção e recepção das mensagens. Identificação dos discursos, formas
simbólicas que trazem as marcas de sua produção, dos sujeitos envolvidos, de seu contexto –
e não exatamente mensagens. Neste sentido, o modelo semiótico-textual contempla uma
noção geral de cultura, entendida enquanto mecanismo gerador de um conjunto de textos que,
por sua vez, representam a expressão dessa cultura. entre uma cultura erudita assim
convencionada como gramaticalizada, uma vez que define os próprios sistemas de regras que
são aceitas e reconhecidas por toda uma comunidade discursiva, atuando como fator
determinante na criação de textos; de uma cultura considerada textualizada, representada pela
cultura das comunicações de massa, “na qual são as práticas textuais que se impõem, se
difundem e se constituem como modelos, correntes, gêneros” (FABBRI, 1973: 65, apud
WOLF, 1995: 114).
Deste modo, através das mediações culturais, ocorre a circulação das práticas textuais,
que são fatores decisivos para a compreensão do processo comunicativo, uma vez que a
ênfase deixa de estar colocada unicamente no pólo emissor, passando a adquirir relevância
justamente a dinâmica existente entre destinador e destinatário, com o devido reconhecimento
de suas diferenças e, principalmente, do papel desenvolvido por ambos os pólos na atividade
de construção e funcionamento da significação textual. Esta transformação no recebimento de
conjuntos textuais por parte dos destinatários, ao invés de mensagens, e a necessidade de uma
competência textual sustentada e enriquecida por um contexto cultural, representam um
grande avanço em relação ao modelo semiótico informativo.
Por fim, pode-se acrescentar também o modelo dialógico, que distingue a comunicação (em
contraposição à relação informativa) a partir da bilateralidade do processo, da igualdade de
condições e funções estabelecidas entre os interlocutores. Nesse modelo a ênfase é toda
centrada na natureza da relação entre os dois pólos, apagando ou desconhecendo os demais
aspectos do processo (inclusive a natureza das mensagens e os sentidos produzidos).

REFERÊNCIA

FRANÇA, Vera Veiga. Paradigmas da comunicação: conhecer o que? Ciberlegenda, Rio de


Janeiro, n. 5, 2001. Disponível em: https://periodicos.uff.br/ciberlegenda/article/view/36784.
Acesso em: 22 nov. 2023.
CHAVES, Jonatas da Silva. As teorias de comunicação semiótico-informativo,
semiótico-textual e conclusões. Porto Velho – RO 2015. Disponível em:
https://pt.slideshare.net/JonatasChaves/as-teorias-de-comunicao-semitico-informativo-semitic
otextual-e-concluse.
(FABBRI, 1973: 65, apud WOLF, 1995: 114). Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2003/www/pdf/2003_NP01_keske.pdf

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