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CODIFICAÇÃO/DECODIFICAÇÃO
Marcella Rego Lins Barbosa
Maria Carolina Macari
vez em 1980, ele busca construir um modelo do processo comunicativo que deixe de tratar
Hall inicia o texto traçando um retrospecto histórico dos Estudos de Mídia, com o
intuito de levantar os pontos falhos nas abordagens conduzidas até então. Para ele, as
apenas como um circuito linear que perpassa pelas seguintes etapas: emissão, mensagem
e recepção.
massa, isto é, como uma estrutura de relações complexas. Dessa forma, o circuito é
tradicionais.
Esse novo modelo toma alguns pontos da teoria desenvolvida por Karl Marx em
Hall enfatiza que a troca discursiva da mensagem tem uma posição privilegiada
dentro do circuito comunicativo. Os discursos não existem sem que a audiência realize
decodificações, ou nas palavras do autor: “Se nenhum sentido é apresentado, não pode
sob a forma de discursos e eles, por sua vez, devem ser decodificados, traduzidos pela
audiência. Assim, os discursos devem ser transformados em práticas sociais para que o
Para explicar e ilustrar essa nova abordagem proposta para estudar o processo
difundidas em uma sociedade ou cultura por meio da formação de códigos. Não existem
discursos televisivos que não são atrelados a uma realidade específica ou destinados a um
público específico que se identifica com essas mensagens. Os códigos são construídos de
A audiência ao mesmo tempo em que fornece assuntos, agendas, temas etc. para
espectadores já não são mais encarados como os sujeitos passivos do modelo básico de
comunicação.
“Antes que essa mensagem possa ter um efeito de satisfação, uma necessidade
ou tenha um uso, deve primeiro, ser apropriada como um discurso significativo
e ser significativamente decodificada. É esse conjunto de significados que tem
um efeito, influencia, entretém, instrui ou persuade, com consequências
perceptivas, cognitivas, emocionais, ideológicas ou comportamentais muito
complexas” (HALL, 2003, p.390).
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Desse modo, a produção e recepção da mensagem televisiva são fases que se inter-
Distanciando-se, por assim dizer, da teoria linguística, Hall expressa que a leitura
que “Nós não utilizamos a distinção entre denotação e conotação dessa forma. No nosso
presentes em cada nível. Enquanto o nível denotativo exibe elementos que sofreram a
atuação de uma ideologia dominante para a normalização do signo - i.e., certos aspectos
dos signos.
dimensões ideológicas adicionais. Por conceder aos signos elementos que permitem a sua
da conotação, mas “a percepção seletiva nunca é tão seletiva e tão aleatória quanto o
conceito sugere” (HALL, 2003, p.398). Esse caráter polissêmico não significa que a
produz a formação de limites e parâmetros dentro dos quais a decodificação irá operar.
transmitidos, mas produzidos. Seguindo esse raciocínio, o autor argumenta que já não
não pode garantir ou prescrever a forma como a audiência irá decodificar a mensagem
produzida por ele. Sem embargo, é desempenhada uma tentativa de prever as leituras mais
são construídas com base nas classificações do mundo social, cultural e político da
dominante.
ilustrar as várias articulações que podem ser construídas entre o emissor e o receptor, Hall
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inconsciente.
momento chave em que o modelo de Hall expressa seu caráter inovador. A operação do
que, de certa forma, desafiam a ideologia dominante, criando potencial para uma “política
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