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CURSO DE DIREITO

Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado


Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Fim/objetivo do Estado
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado

Leitura:

AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. – 15 ed. – São Paulo: Globo, 2003.
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O ESTADO É UM FIM OU UM MEIO?

•Quais são os objetivos e finalidades próprios do Estado? Para que existe o Estado?

• Os que consideram o Estado como um fim em si mesmo:


• O Estado é o ideal e a síntese de todas as aspirações do homem e de todas as
forças sociais
• O Estado é o fim do homem, o homem é um meio de que serve o Estado para
realizar a sua grandeza.

• Os que pensam que o Estado é um meio


• O Estado é que é o meio para o homem realizar a sua felicidade social
• É um sistema para conseguir a paz e a prosperidade
• O Estado tens fins, não é um fim.
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Azambuja (2003, p.114): “Este último, é o nosso ponto de vista. O


Estado é um dos meios pelos quais o homem realiza o seu
aperfeiçoamento físico, moral e intelectual, e isso é que justifica a
existência do Estado”.
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A DISTINÇÃO ENTRE FINS DO ESTADO E COMPETÊNCIA DO ESTADO

•Uso indevido dos termos fins e competência


• Fins:
• É o objetivo que ele visa atingir quando exerce o poder
• Esse objetivo é invariável: é o bem público

• Competência:
• É a atividade do Estado no que diz respeito aos negócios e as pessoas
sobre os quais ele exerce o poder
• Varia sem cessar - Varia a espécie de atividade, os meios empregados
para atingir os seus fins
• Varia conforme a época e o lugar.
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Azambuja (2003, p. 115). “A competência do Estado é variável, conforme a


época e o lugar. Assim, o Estado pode chamar a si certos serviços ou permitir
que os particulares os executem; mas tanto quando amplia como quando
restringe a própria competência, o Estado visa realizar o bem público. [...]

“O Estado pode atribuir-se o direito exclusivo, o monopólio, no fornecimento


de certos bens ao povo, como por exemplo água, luz, transportes ferroviários,
ou pode deixar a cargo dos particulares a exploração desses serviços. Em
todos esses casos a competência do Estado varia, aumenta ou diminui o
âmbito de sua atividade, de acordo com as condições peculiares a cada época
e a cada sociedade. Mas, o seu fim é sempre o mesmo: o bem público”
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CONCEITO DE BEM PÚBLICO

•Difícil encontrar uma definição perfeita


•O que não é bem público?
• Não é o bem individual ou o bem de cada um: impossível de realizar
• Não é a simples soma do bem de todos os que formam a sociedade
estatal
• Não entram interesses ilegítimos, p.e.
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Tentativas de conceição do BEM COMUM

“Conjunto dos meios de aperfeiçoamento que a sociedade politicamente organizada


tem por fim oferecer aos homens e que constituem patrimônio comum e
‘reservatório’ da comunidade: atmosfera de paz, de moralidade e de segurança,
indispensável ao surto das atividades particulares e públicas; consolidação e proteção
dos quadros naturais que mantêm e disciplinam o esforço do indivíduo, como a
família, a cooperação profissional; elaboração, em proveito de todos e de cada um, de
certos instrumentos de progresso, que só a força coletiva é capaz de criar (vias de
comunicação, estabelecimentos de ensino e de previdência); enfim, coordenação das
atividades particulares e públicas tendo em vista a satisfação harmoniosa de todas as
necessidades legítimas dos membros da comunidade” (DADIN –Philosophie de l’order
juridique, p. 160, apud. AZAMBUJA, 2003, p. 116).
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Tentativas de conceição do BEM COMUM

•O bem público é relativo para cada sociedade quanto as meios de atingi-lo e quanto
ao seu próprio conteúdo.

•Não depende exclusivamente dos governantes, senão também dos governados


• Todo o indivíduo tem o dever de cooperar para a sua realização,
cumprindo obrigações e deveres para com o Estado e a pátria.
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Há no conceito de bem público elementos materiais e elementos morais

•Exemplos:
• Materiais:
• Assegurar a ordem
• Promover a prosperidade econômica de um Estado
• Morais:
• A civilização
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O bem público pode ser resumido em dois bens sociais fundamentais:

•Sobre isso:

“O Estado terá portanto como objetivo satisfazer a necessidade de segurança


protegendo os direitos dos associados; satisfazer a necessidade de progresso
auxiliando os cidadãos a se aperfeiçoarem. Tal é sua dupla função: 1°. Proteção: é a
função de justiça de que é o guardião: Custos justi; é missão tutelar. 2.° Assistência: é
a função de utilidade pública, sua missão civilizadora” (Sortais – Traité de Philosophie,
vol. II, p. 248 apud. Azambuja, 2003, p. 119).
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Nesta perspectiva, o que o Estado deve fazer para a realização do bem público é o
que se denomina de COMPETÊNCIA:

•O que o Estado deve fazer para cumprir a sua finalidade?

• Há certo acordo no que diz respeito aos meios para realizar/alcançar a


segurança (ordem, paz):
• Âmbito Externo:
• Para defender o Estado de agressões exteriores
• Manter serviços públicos especiais: Exército, Marinha,
Aviação/Aeronáutica, diplomacia, etc.
• Âmbito Interno:
• Para manter a ordem interna
• Serviços de justiça, política, etc.
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• O que o Estado deve fazer para cumprir a sua finalidade?

• Mas, o que o Estado deve fazer para alcançar o progresso (Prosperidade,


civilização, aperfeiçoamento)?

• O pensamento político moderno é dividido


• No mínimo em 3 correntes:
• Corrente abstencionista
• Corrente socialista
• Corrente eclética
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CORRENTE ABSTENCIONISTA

•O Estado deve restringir-se à função de manter a ordem externa e interna, e deixar tudo
mais à iniciativa individual.
• Franceses: Doutrina do Estado gendarme (Guarda-Noturno), do laisser faire
(deixar ser).
• Toda a intervenção do Estado é nociva ao bem comum; ele apenas deve dar
segurança aos indivíduos e não intervir na vida social senão para manter a
ordem.
• Liberdade de profissão, liberdade de trabalho, liberdade de comércio, toda a
atividade livre;
• Poucas leis, o menor número possível de regulamentos, nenhuma restrição
do Direito de propriedade.
•Ideias que floresceram na Europa do século XVIII até fins do século XIX.
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CORRENTE ABSTENCIONISTA

•A realidade demonstrou a sem-razão desta teoria radical.


• Ex:
• Liberdade de trabalho
• Inúmeras atividades, ou produção de bens necessários à sociedade,
que os indivíduos não podem executar:
• Grande quantia de capitais
• Lucro mínimo ou nulo
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CORRENTE SOCIALISTA

•Intervenção do Estado em todas as matérias.


• O indivíduo não pode e não deve encarregar-se de atividades que interessem a
toda a sociedade.
• Esta, por meio do Estado, é que deve fornecer tudo de que o indivíduo precisa;
• Tudo, pois, dever ser socializado, pertencer ao Estado, que em troca dará aos
indivíduos os bens materiais e morais necessários.
• O Estado deve incumbir-se da produção e da circulação dos bens; os indivíduos,
do seu consumo.
• Propriedade, comércio, indústria, todos os serviços de utilidade geral, ficam
sobre a competência do Estado.
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CORRENTE SOCIALISTA

•Nos seus aspectos extremos, esta corrente preconiza a abolição da propriedade


privada e submete o homem, física e moralmente, ao domínio do Estado, que lhe
fornece não só os bens materiais, mas também a Moral, a Arte, a Ciência, e Religião,
tudo estandardizado.

•Compreendem as doutrinas: comunistas e as doutrinas totalitárias (como o fascismo


e o nacional-socialismo).
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CORRENTE SOCIALISTA

•Esta corrente é viável? Azambuja (2003, p. 122) responde:

“No seu aspecto extremo, elas não são aceitáveis, pois além de inexequíveis,
esmagariam toda a iniciativa e toda a liberdade do homem, e terminariam por tornar
a civilização impossível. Depois de ter imposto uma uniformidade completa e
asfixiante na maneira de viver e de pensar dos indivíduos, o Estado acabaria
enlanguescendo e morrendo, pois não sairiam mais, da massa amorfa e embrutecida,
homens capazes de dirigir a sociedade”.
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CORRENTE ECLÉTICA E REALISTA

•Procura realizar o bem público utilizando o que há de verdadeiro nas correntes


extremas, e rejeitando as utopias e preconceitos doutrinários que as viciam.

• Nem deixar fazer, como queriam as teorias abstencionistas


• Nem fazer, como querem as outras
• Mas sim ajudar a fazer, eis o modo do Estado atingir os seus fins.
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CORRENTE ECLÉTICA E REALISTA

•Como funciona?
• Segurança interna e externa:
• Não poderá nunca ser deixada aos particulares

• Outras atividades:
• Competência do Estado é supletiva, isto é, ele só faz quando os
particulares não podem fazer.
• Em algumas atividades podem coexistir a competência do Estado e a
dos particulares (assistência social, p.e.).
• Em outras, fiscalização e supervisão (leis, regulamentos e inspeção
direta): evitar exploração ou opressão dos mais fracos pelos mais
fortes, para proteger a sociedade contra o egoísmo, a ignorância e a
maldade de certos indivíduos.
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CONCLUSÃO SOBRE OS FINS DO ESTADO

•Não é possível fixar a priori a competência do Estado senão em matérias


que devem ser de sua exclusiva atribuição.

•Os demais casos, ela varia de acordo com as condições peculiares a cada
sociedade política em determinados momentos históricos.
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

•Alargamento cada vez mais dos limites de suas atribuições:


• Extensão exagerada da competência
• Multiplicação excessiva de atribuições novas e de novos encargos para a
máquina governamental.
•Uma tendência dos Estados modernos
• Resultados de:
• Teorias socialistas
• Formidáveis problemas que a civilização contemporânea tem criado e
impossibilidade ou inconveniência de deixá-los à iniciativa particular
• Exigência dos governados (inépcia ou preguiça?).
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

Azambuja (2003, p. 125)

“Embalde o Estado se hipertrofiou e os seus órgãos se esfalfaram funcionando. A


organização política, que devera ser um aparelho regulado, seguro e rápido para
cumprir com eficiência um objetivo certo e limitado, transformou-se numa
engrenagem monstruosa e desconjuntada. Nas mãos de bons governantes, quase
inútil; na dos maus, um engenho infernal, que em vez de ordem e justiça produzia ao
funcionar a intranquilidade e a ruína”.
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

•Hipertrofia por um lado, baixa capacidade de entrega, por outro.


• Exige-se dele muito mais do que ele pode dar.
• Criação de uma estrutura monstruosa e desconjuntada
• Passa por um momento de crise
• O Estado dispõe de um poder muito exíguo (insuficiente): a capacidade dos
homens
• Paradoxo:
• Homens capazes
• Homens com poucas virtudes, inúmeros vícios, irremediáveis limitações da
criatura humana.
• Erram no cuidar de seus mínimos e simples interesses particulares.
• Consideram governantes/políticos indivíduos de pouco caráter.
• Manter a ordem e justiça já é muita coisa.
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Azambuja (2003, p. 128)

“Concluir-se-á, então, que o Estado, o poder, deve ter o objetivo limitado


ao mínimo? Por certo é esse um ideal que a civilização, daqui a alguns
séculos, realizará, incumbindo o Estado exclusivamente de manter a ordem,
distribuir justiça e organizar alguns serviços públicos essenciais.
Na atual fase histórica, porém, sua esfera de ação tem de ser mais ampla,
porque não obstante deficiências e erros, só ele poderá, não vencer, mas
ajudar a humanidade a vencer a crise em que se debate”.
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

•Solução para a hipertrofia:

• Reformar o Estado – aliviá-lo de parte dos encargos.


• Reformar a sociedade, material e moralmente, criando educação física,
moral e intelectual.
• É necessário que uma divisão mais equitativa e racional do trabalho entre
indivíduos e o poder político.
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Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Formas de Estado
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Leitura:

LIMA, Marcelo Machado; GÓES, Guilherme Sandoval. Ciência Política. Rio de Janeiro :
SESES, 2015. Ler capítulo: 8

AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. – 15 ed. – São Paulo: Globo, 2003.
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FORMA DE ESTADO:

•Conceito – Por forma de Estado, entendemos a maneira pela qual o Estado organiza
o povo e o território e estrutura o seu poder relativamente a outros poderes de igual
natureza (Poder Político: soberania e autonomia), que a ele ficarão coordenados ou
subordinados.
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ESTADOS SIMPLES E ESTADOS COMPOSTOS

•A classificação considera o modo de exercício do poder no território do Estado.

• Existem ou não poderes regionais com capacidade de auto-organização


política, administrativa e financeira (Estados autônomos).
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ESTADO SIMPLES OU UNITÁRIO:

•O tipo puro de Estado simples é aquele em que somente existe um Poder Legislativo, um Poder
Executivo e um Poder Judiciário, todos centrais, com sede na capital.

• O poder é central: em todo território só há um governo estatal, que dirige toda a


vida política e administrativa. Há apenas uma ordem jurídica central.
• Obs:
• Os Estados simples podem divididos em partes: municípios, comunas,
departamentos, províncias, etc.
• Geralmente há uma autoridade executiva eleita pelos habitantes, bem como
conselhos, câmaras, etc.
• Mas são delegações dos órgãos centrais, que controlam e fiscalizam o poder.
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ESTADO SIMPLES PODEM SER CENTRALIZADOS OU DESCENTRALIZADOS:

•Estado Centralizado

• O governo nacional assume exclusivamente a direção de todos serviços públicos.


• Só é possível em países pequenos, com população reduzida.

•Estado Descentralizado
• Razões: grande extensão territorial, população numerosa  diversidade do clima,
da produção, do comércio, da indústria  Complexidade da administração 
descentralização  diversos graus de descentralização.
• O governo nacional, limita-se a dirigir os serviços gerais.
• Deixa a direção dos serviços locais, regionais ou especiais, a autoridades sobre as
quais reserva um poder de fiscalização.
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GRAUS DE DESCENTRALIZAÇÃO DO ESTADO DESCENTRALIZADO

•Descentralização administrativa:

• Reparte entre diversos órgãos administrativos secundários os poderes de


decisão
• Confia a escolha desses órgãos aos corpos eleitorais locais.

• Descentralização regional ou geográfica:


• As circunscrições (municípios, departamentos, províncias) têm
autonomia para eleger seus administradores e gerir os serviços que
lhes são peculiares.

• Descentralização por serviços: Os serviços públicos são dotados de certa


autonomia e apenas fiscalizados pelo Poder central.
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GRAUS DE DESCENTRALIZAÇÃO DO ESTADO DESCENTRALIZADO

•Descentralização administrativa x descentralização política

• A descentralização administrativa é aquela vista no slide anterior.


• A descentralização política consiste na atribuição de funções políticas
aos órgãos regionais ou locais, com o intuito de dar maior participação
aos cidadãos nos poderes estatais.
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SÍNTESE DO ESTADO UNITÁRIO OU SIMPLES

•É politicamente centralizado – não admite a coexistência de ordens jurídicas (central,


regional e local)
•Há apenas uma Constituição e uma única ordem jurídica
•Apenas o poder central é expresso: participa da elaboração da vontade nacional.
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EXEMPLOS DE ESTADOS UNITÁRIOS OU SIMPLES

•Todos os países latino-americanos, exceto Brasil, Argentina, México e Venezuela.


•Na Europa:

• França
• Espanha
• Itália
• Portugal
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ESTADOS COMPOSTOS

Definição – Na forma composta, o Estado é sempre um, ou pelo


menos, assim se apresenta na vida internacional, admitindo, porém,
que mais de um poder atue, de maneira harmoniosa, sobre o seu
território.

São consideradas formas compostas de Estado:

a) as Uniões (pessoal, real e incorporada);


b) as Confederações;
c) as Federações.
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UNIÃO PESSOAL:

•Possível apenas em monarquias


•Um único monarca passa a ocupar dois ou mais tronos: resultado de sucessão
hereditária, casamentos entre membros de dinastias, violência.
•Ex: Inglaterra e Hanovre (1714-1839) – Jorge Luís, soberano do ducado de Hanovre
ocupou o trono inglês.
•É temporária
•Respeita a independência de cada Estado (mantém-se com sua própria organização
política e jurídica, com individualidade própria na vida internacional).
•Único traço comum: soberano, o qual reina de acordo com a organização de cada
Estado.
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UNIÃO REAL:

•Só possível em Estados monárquicos


•União de dois ou mais Estados sob um mesmo soberano
•Cada Estado permanece com sua organização interna
•Aparece como um só na vida internacional
•As leis sucessórias unificam-se: uma só dinastia reina  duração permanente,
perpétua
•Apenas possível entre Estados de força igual
• Tendem-se a se separar  União é perpétua somente de jure (pela lei).
•Ex.:
• Noruega e Suécia: 1815 a 1905
• Áustria e a Hungria: 1915-1918.
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UNIÃO INCORPORADA

•Fusão de dois ou mais Estados independentes forma um novo Estado


•Os Estados antigos conservam apenas virtualmente a designação de Estados ou
reinos.
•De fato e de direito os Estados incorporados desaparecem na constituição da nova
entidade.

• Ex: Reino Unido.


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CONFEDERAÇÃO DE ESTADOS

•É a união permanente e contratual de Estados independentes


•Unem-se com o objetivo de:
• Defender o território da Confederação
• Assegurar a paz interior
•Estabelece-se um organização permanente
•Não fere a soberania dos Estados confederados: eles apenas são obrigados a exercer
em comum certas funções ou a exercê-las em casos determinados.
•Funções se referem ao Direito Internacional:
• Direito de paz e de guerra, celebrar tratados, p.e.
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CONFEDERAÇÃO DE ESTADOS

•Confederação e o caso das 13 ex-colônias britânicas

• Declaração de independência da Virginia – 1776 – comandada por


Thomas Jefferson
• Transforma as 13 colônias em Estados livres do jugo britânico
• Assume caráter jurídico de Estados soberanos com capacidade de
formular sua própria legislação e organização político-administrativa.
• As 13 colônias formaram uma Confederação, mas que apresentava
problemas:
• União instável e precária
• Legislações conflitantes
• Desconfianças mútuas
• Rivalidades regionais.
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FEDERAÇÃO OU ESTADO FEDERAL

• Estado formado pela união de vários Estados


• Perdem a soberania em favor da União Federal
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Estado Federal e o caso da transformação da Confederação das 13 ex-colônias britânicas em


Estado Federal

•Convenção de Filadélfia - 1787


• Presidida por George Washington
• Transformou a confederação em federação.
• O conceito de federalismo nasce a partir dessa convenção/nasce com a formação
dos EUA:
• Efetivamente se criou uma nova forma de organização do poder político no
espaço.
• Os Estados membros não são mais soberanos, mas apenas autônomos com
plena capacidade de auto-organização político-administrativa, porém sem o
direito de secessão – sem direito de separar-se da União.
• Nesse momento também nasce um novo sistema de governo: o presidencialismo.
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DISTINÇÃO ENTRE AS VERSÕES BRASILEIRA E AMERICANA DO FEDERALISMO

•A origem do federalismo norte-americano: Centrípeta

• Passagem dos Estados confederados para um Estado Federal


(federalismo por agregação)
• Explica o alto grau de autonomia financeira, legislativa e fiscal dos EUA
• A força vem de fora para o centro
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DISTINÇÃO ENTRE AS VERSÕES BRASILEIRA E AMERICANA DO


FEDERALISMO

•Origem do federalismo brasileiro: Centrífuga

• Ocorreu a partir da passagem de um Estado unitário


(Império) para um Estado Federal (federalismo por
segregação).
• Brasil império (07/09/1822 [Independência] a
15/11/1889 [Proclamação da República])
• A força veio do centro para fora – do centro para a
periferia
• Idealizado por Rui Barbosa
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FEDERALISMO BRASILEIRO E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

•A CF de 1988 aumentou a descentralização do poder político e financeiro para as


esferas subnacionais

•Transformou a forma federativa em cláusula pétrea – cláusulas de eternidade:


• O princípio federativo é indissolúvel e não poder ser retirado do corpo
Constitucional de 1988 nem mesmo por Emenda.
• O Estado Brasileiro jamais deixará de ser uma federação, a não ser que
surja uma nova Constituição e, portanto, um novo Estado, obra de um
novo poder constituinte originário.
Confederação Federação
É uma simples pessoa do Direito Público É mais do que uma pessoa do Direito Público: é
um Estado soberano
Os membros são Estados Os membros não são Estados
As suas atividades se limitam aos negócios A autoridade abrange negócios externos e
externos internos
Guarda-se a nacionalidade dos respectivos Todos tem nacionalidade única: aquela que
Estados decorre do Estado Federal
Os Estados ligam-se por um tratado do domínio Os Estados estão unidos por uma Constituição: o
do Direito Internacional Estado Federal é regulado pelo Direito
Constitucional
Órgão confederal é uma dieta: verdadeiro O órgão central é um parlamento: as decisões
Congresso onde as decisões são tomadas por são tomadas pela lei parlamentar da maioria
unanimidade
Cada Estado guarda o direito de secessão: pode Não há direito de secessão.
romper o pacto e retirar-se A união é perpétua
O Estado que quiser se separar poderá ser
legitimamente coagido pela força da União a
permanecer
Cada Estado tem direito de nulificação, de opor- As decisões centrais são obrigatórias para todos
se às decisões do órgão central os Estados-membros.
A Confederação tende a Federação O Estado Federal tende para o Estado Unitário.
Fonte: Elaborada pelo autor a partir de AZAMBUJA (2003, p. 136-137).
Confederação Federação
1. O vínculo jurídico que une seus membros 1. O vínculo jurídico que une seus membros
é um tratado internacional. é a Constituição.
2. Os Estados são soberanos. 2. Os Estados são autônomos.
3. O pacto confederal é dissolúvel. 3. O pacto federativo é indissolúvel.

4. Há direito de secessão. 4. Não há direito de secessão.

Fonte: Adaptação de LIMA, Marcelo Machado; GÓES, Guilherme Sandoval. Rio de


Janeiro : SESES, 2015, p. 107
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HIERARQUIA DE ESTADOS – Relação de dependência

•União hierárquica que gera relações de subordinação de um para o outro.


•Consequência: Estados não-soberanos ou semi-soberanos.
•Principais formas:
• Vassalagem
• Comum durante a Idade Média
• Tem território próprio
• Constituição independente
• É obrigado a pagar tributos pecuniário e prestar serviço militar ao Estado
soberano
• Compensado com: auxílio e proteção
• Etapa no caminho para independência: transição entre a condição inferior de
província e a condição superior de Estado.
• Ex:
• Sérvia e Rumânia (1856-1878)
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HIERARQUIA DE ESTADOS – relação de dependência

•Principais formas:

• Protetorado

• Associação hierárquica entre dois Estados: um superior em civilização


e força
• Enquanto o Estado vassalo tenta emancipar-se, o protegido tende a
uma sujeição total.
• Tunísia e Marrocos eram Estados protegidos da França.

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