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CURSO DE DIREITO

Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado


Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Modernização social e as origens do Estado
Moderno
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Modernização social e as origens do Estado

1. INTRODUÇÃO

Objetivos

• Estudar as principais linhas teóricas sobre a origem do Estado


• As teorias naturalistas
• As teorias contratualistas
• Hobbes e a fundamentação do Estado absolutista
• Locke e a fundamentação do Estado liberal
• Rousseau e a fundamentação do Estado democrático-plebiscitário
• Outras teorias sobre o surgimento do Estado
• Teorias Coletivistas
• Teoria do Estado de Direito: a concepção jurídica do Estado
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2 O ESTADO: A BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO

•A definição depende do telos (finalidade) que a ele se objetiva dar.


• Identificação da razão de sua existência

•Maquiavel foi o primeiro a fazer uso da palavra a partir do exercício do poder:

• "Todos os Estados, todos os domínios que têm tido ou têm império


sobre os homens são Estados, e são repúblicas ou principados".
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2. O ESTADO: A BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO

•O Estado é um ente que se define no tempo histórico – não se configurando,


portanto, a partir de um modelo universalizável.

•O Estado indica uma forma de organização do poder político que vai se construindo
na Europa, aproximadamente, a partir do século XIII.
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2. O ESTADO: A BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO

•Estado:
• Derivada do latim status
• Condição ou o específico modo de ser de alguma coisa
• Como coisa se situa ou qual é a sua situação.

•“[...] um determinado território próprio e independente onde habita um


determinado povo, governado por representantes políticos sob a égide de um sistema
de instituições políticas, jurídicas, administrativas, econômicas, policiais etc”.

•Clássica e bem aceita definição de Georg Jellinek: O Estado é "a corporação de um


povo assentada num determinado território e dotada de um poder originário de
mando".
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2. O ESTADO: A BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO


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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

•Numerosas teorias tentam explicar a origem do Estado


• Contradizem-se em suas premissas e em suas conclusões

•Apresentação das principais linhas teóricas sobre a gênese do Estado:

• As teorias naturalistas
• As teorias contratualistas
• As teorias do Estado de Direito
• As teorias coletivistas.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

•A origem do Estado estaria

• No fato do ser humano ter instinto gregário, ou seja, naturalmente ele


busca viver em grupo.

• Ele busca se associar com outros seres humanos.

• Isso é mais conhecido como a ideia clássica de que o homem é um ser


social e um animal político por natureza.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

• O ser humano é um animal político (zoon politikon) inclinado a fazer


parte de uma polis, a cidade, entendida esta como sociedade política.

• A cidade precede a família e até mesmo o indivíduo, tendo em vista que


responde a um impulso social natural do ser humano.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

• Aristóteles:

• Precursor e, certamente, o mais importante nome dentre os que defendem a


teoria naturalista.

• É ele quem afirma: “o homem é por natureza um animal social”, ou seja, é a


sua natureza que o leva à política.

• Assim, em Aristótoles, o que nós estamos denominando por Estado é uma


instituição NATURAL, necessária e que decorre da natureza humana.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

• Aristóteles:

• A ideia de sociabilidade natural é muito forte no pensamento de Aristóteles:

• A escolha pessoal pela vida reclusa e sem contato com outros homens
seria somente possível para dois tipos extremos de ser humano:

1. Ou aquele caracterizado pela vileza, pela barbárie e ignorância total


diante dos fatos da vida

2. Ou – no outro extremo – por aquele caracterizado pela pureza do


ser, pelo desapego incondicional, em um estado de quase santidade
ou divindade.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

• Aristóteles:

• As finalidades do Estado seriam:

• Segurança da vida social


• Regulamentação da convivência entre os homens
• Promoção do bem-estar coletivo
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

• Essa percepção de que o homem é um ser social e um animal político por


natureza não arrefeceu com o tempo.
• Uma percepção intuitiva
• Dalmo Dallari:
• A teoria naturalista seria aquela que não somente possui, na
atualidade, o maior número de adeptos
• Exerce maior influência na vida concreta do Estado.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As teorias naturalistas

• Jurista italiano Oreste Ranelletti: o homem de qualquer período histórico


estará sempre buscando a convivência em grupos

• Consenso entre os adeptos das teorias naturalistas da contemporaneidade:

• “[...] viver em sociedade é algo natural e inerente ao ser humano. Por


que fazem isso: sobrevivência, o bem-estar e as facilidades da vida em
grupo.

• Conclusão: “a sociedade é um fato natural”.


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PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As linhas contratualistas

•Requer maior atenção: há muitos aspectos teóricos fundamentais


• Tenta formular explicações acerca dos motivos que levam pessoas a formarem
governos e manter a ordem social.

•Reúne teorias de exercício de poder entre as mais influentes dos últimos séculos.
• Trouxe à tona conceitos jurídico-políticos fundamentais.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As linhas contratualistas

•Teorias heterogêneas: uma classe abrangente de teorias com características diversas, embora
unidas todas elas pela ideia central de que o Estado é fruto de um contrato (ou pacto) entre
humanos.

•O Contratualismo – um tipo de teorização importante para diversas áreas – Ciência Política,


Filosofia, Direito, etc.
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3. PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As linhas contratualistas

•Qual é a pretensão do contratualismo? analisar os fundamentos que explicam o surgimento da


sociedade, do Estado, bem como aqueles que justificam a autoridade política.

•Quais são as origens da teoria do contrato social? Não há consenso:


• Grécia antiga (J. W. Gough)
• Entre antigos autores medievais (Michael Lessnoff)
• O que é mais importante saber? O contratualismo em sua forma mais conhecida e
estudada é aquele produzido na Modernidade, entre os séculos XVII e XVIII,
principalmente a partir das teorizações elaboradas por Thomas Hobbes, John
Locke e Jean-Jacques Rousseau.
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

•Quem foi Hobbes?


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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

A visão antropológica hobbesiana

•O homem é assediado de forma igualmente apaixonada pelo desejo de se conservar vivo, o que
o leva a temer de forma profunda a morte.

•São duas paixões que convivem simultaneamente

•Mas, o desejo de conversar a vida atenua o apetite pela paixão e glória.


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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O estado de natureza em Hobbes

•O que é o estado de natureza de forma genérica?

• Situação hipotética, na qual se encontrariam os homens antes de se organizarem


em sociedade.
• O homem estaria fora de qualquer organização política
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O estado de natureza em Hobbes

• Não há normas e leis


• O homem como lobo do homem:
• Inexistência de um poder superior que limitasse o poder de cada um
• É aquele orgulho e aspiração de glória
• Não há no estado de natureza organização social
• O homem hobbesiano é “associal”.
• Isso acarreta um estado de guerra perpétuo:
• A “guerra de todos contra todos”,
• Onde a violência parece ser incontornável.
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Há solução para isso?


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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O Contrato hobbesiano

• A paixão pela glória e a vaidade levam à guerra


• A paixão pela conservação da vida faz com que o homem procure a paz com seus
semelhantes.
• Embora naturalmente egoísta e mau, o homem é também racional.

• Racionalidade calculadora, consequencialista:


• Mede-se a relação custo/benefício para se atingir um determinado fim.
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O Contrato hobbesiano

• Há a substituição do “direito de natureza” (direito do mais forte), pelo “direito natural ou lei
natural”.
• Isso romper com o estado de natureza

• A lei natural
• Objetivo: procurar e manter a paz.
• Ela inspira os homens a buscarem um contrato fundador não apenas da sociedade
civil, mas também do Estado.

• Homens acordam renunciar reciprocamente aos seus direitos naturais sobre todas as coisas,
entregando seu poder a um soberano (monarca/soberano).
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O Contrato hobbesiano

• O Estado: a encarnação de um indivíduo (ou assembleia) que exerceria o


poder político.

• O poder político é criação humana, constituindo uma pessoa artificial (o


Leviatã).

• Não há sociabilidade instintiva


• Há sociabilidade é artificialmente criada para tornar possível a
manutenção da vida.
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O Contrato hobbesiano

• Uma das características mais importantes do contrato hobbesiano:

• Redigido e assinado por todos em proveito de um terceiro

• Se trata de uma delegação de poder expressa por cada um daqueles que


formarão o corpo social, a fim de que, cada um, abdicando de seu direito de se
autogovernar, autorize o soberano a governá-lo, sempre na condição de que os
demais contratantes façam o mesmo

• O governante escolhido não é signatário do acordo, mas a pessoa que receberá


a delegação para o exercício do poder delegado.
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O Contrato hobbesiano

•O Estado, em Hobbes, tem tripla finalidade:

• Representar os cidadãos, pois, personificando aqueles que a ele (Estado)


livremente delegaram todos os seus direitos e poderes, encontra legitimada a
submissão de todos à sua autoridade soberana;

• Assegurar a ordem, ou seja, garantir a segurança de todos, monopolizando o


uso da força estatal

• Ser a única fonte da lei, porque a soberania, sendo absoluta, dita o que é justo
e o que é injusto.
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

O Contrato hobbesiano

•A validade de uma lei:

•Ela não se definiria em sua justeza (conforme a justiça)


•Mas, pela legitimidade de quem a emanou (o poder soberano).
•A concepção de Estado de Hobbes fundamentou o chamado Estado Absolutista.
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HOBBES E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA

A possibilidade de queda do soberano e o surgimento de um novo Contrato

•O dever de obediência não é eterno ou insuperável.

• Ele termina quando uma ameaça pesa sobre a vida ou sobre a liberdade.

• A incapacidade do soberano de manter a ordem, a segurança e,


consequentemente a vida,

• Geraria o direito de cada um (individualmente) utilizar-se de seus meios


privados de defesa aos seus direitos naturais, o que transportaria o
indivíduo de volta ao estado de natureza.
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL


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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O Estado de natureza em Locke

• Pressupõe a existência de um estado natural


• Existência parece ser uma realidade e não uma ficção.

• O estado de natureza:
• Embora seja um momento anterior ao estado civil ele não é pré-social
• A família e a propriedade caracterizam a existência efetiva do estado natural
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O Estado de natureza em Locke

• Em um estado de natureza os homens possuem direitos inatos à vida, à


propriedade e à liberdade, bem como a faculdade de castigar qualquer ofensa.

• Ele não é um estado de violência:


• A própria sociedade possuiria o direito de, com suas próprias mãos,
defender a vida, a liberdade e os bens daqueles que vivem de acordo com
essas leis (naturais).
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O Estado de natureza em Locke

Então, por que seria necessário passar do estado de natureza para um estado civil, se
o primeiro (diferentemente da construção pensada em Hobbes) já teria por
pressuposto os direitos à liberdade, à vida e à propriedade?
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O contrato, a origem do poder político: realização do direito natural

•Resposta:

• A fraqueza humana levaria a comportamentos contra natura (que se opõe ou


contraria as leis naturais) e a lei não-escrita (lei natural) está sujeita a
contestação.

• O objetivo é salvaguardar os seus direitos naturais (à felicidade, à liberdade, à


igualdade, à propriedade).
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O contrato, a origem do poder político: realização do direito natural

•Resposta:

• Importante: O que realmente se almeja com a criação do estado civil (político) por
meio de um contrato social: maior garantia e respeito aos direitos naturais,
aperfeiçoando o sistema de sanção aos que os violassem.

• Abri-se mão do seu direito natural de fazer justiça pelas próprias mãos, para
confiar tal direito a uma organização estatal (estado civil).
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Observe: “[...], um dado de suma importância no contrato imaginado por Locke é


que, contrariamente ao indicado em Hobbes, ao entrar na sociedade civil, o indivíduo
não aliena todos os seus direitos, pois, ao confiar o cuidado da sua salvaguarda às
leis, cede tão somente o seu direito de punir”.
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O contrato, a origem do poder político: realização do direito natural

• A criação do Estado civil por intermédio do contrato social concomitantemente


cria o direito positivo

• As condições da coexistência harmoniosa dos indivíduos iguais e livres são:


• a) uma lei positiva, clara para todos;
• b) um juiz reconhecido como tal por todos, imparcial e competente;
• c) um poder para fazer respeitar a lei.
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O contrato, a origem do poder político: realização do direito natural

•A importância da lei:

• A lei não tem como objetivo


abolir a liberdade
• Mas de gerir a coexistência
das liberdades dos membros
da comunidade política.
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O direito de resistência

•Se o governo não for capaz, através das leis, de garantir os direitos à vida, à liberdade e à
propriedade?

• A hipótese de transgressão dos direitos naturais (direitos à vida, à liberdade e à


propriedade) acaba por justificar o direito de insurreição por parte do corpo social.

• O povo tem discernimento para:


• Julgar se os magistrados são dignos da confiança atribuída

• O povo possui o direito de exonerar um príncipe se ele não cumprir sua função de
magistrado civil.
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O direito de resistência

• A tirania no pensamento de Locke:

• Situação na qual o soberano, contrariando o poder supremo por ele representado,


desrespeita a lei.
• Não garantia da vida, liberdade e propriedade  governo ilegítimo  legitimidade
de rebelião/resistência.
• Consequência:
• Direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade.
• Direto de resistir à tirania.
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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O Estado é uma instituição que deve servir ao indivíduo

•Defende o Estado liberal e não a monarquia absoluta

• A sociedade civil conserva certa autonomia em relação ao governo civil

• A tarefa do governo civil, com o objetivo de atingir o bem público é:


• Produzir leis, executá-las, bem como de utilizar-se da força e das
sanções penais, caso sejam descumpridas.

• Estado deve servir ao indivíduo.


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LOCKE – A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO LIBERAL

O primado da lei no Estado. Organização e limites do poder político

• Locke (síntese):

• Teórico no qual o individualismo moderno e a monarquia


constitucional encontram suas bases teóricas.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO


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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

É em “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”:

•Bases de uma das mais famosas teorias contratualistas


•Busca explicar os fundamentos sobre os quais se firma o processo gerador das
desigualdades sociais e morais entre os seres humanos.
•É nesta obra que temos a conformação do que o contratualista suíço entende por
estado de natureza.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

•Estabelecimento de 4 premissas ao iniciar o tema:

• Primeira: No estado de natureza, não existiriam agregações sociais, nem


mesmo família.

• Segunda: O estado de natureza parece ser somente uma hipótese.


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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

•Terceira: remete a antropologia rousseanuniana – a visão que Rousseau tem do


homem em seu estado essencial.

• Mito da famosa “bondade natural do homem” no estado de natureza.


• “O homem é naturalmente bom”: não existi perversidade original no
coração humano
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

• Trata-se de uma bondade natural, uma inocência original, que levou a


que o homem no estado de natureza conhecesse um estado de felicidade
do qual poderia nunca ter saído.

• O estado de natureza é o reino da liberdade, da espontaneidade, da


moralidade (natural) e também da felicidade do homem.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O estado de natureza em Rousseau

•Quarta: A ideia de perfectibilidade:

• Ao homem natural é atribuída a perfectibilidade, ou seja, a


faculdade de se aperfeiçoar
• Faculdade de se aperfeiçoar  potencial humano de mudar – o que não
garante que isto o leve para um estágio necessariamente melhor.
• Buscar o melhor de si.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Impossibilidade de manter-se neste estado de felicidade e a formação


de grupos sociais acaba por corromper o homem.

• Como teria se desencadeado o processo histórico de degenerescência?

• Como puderam homens bons dar origem a uma sociedade má?


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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• A vida em grupo: ao iniciar a vida em grupo, os homens começam a comparar-se


entre si, e estas comparações desenvolvem a sua faculdade de raciocínio (lembra-
se da perfectibilidade?). Com isso, descobrem que vivem sob o olhar do outro.

• Como a desigualdade se originou?


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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Como a desigualdade se originou?

• 2 tipos de desigualdades:

• a natural ou física, que resulta da diferença de idade, saúde, vigor,


habilidades físicas, aptidões intelectuais etc.,
• Inevitável

• a desigualdade moral ou política, que é de instituição humana.


• Um problema: é geradora da exploração do homem pelo homem.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Como a desigualdade se originou?

• A desigualdade moral ou política vincula-se à divisão do trabalho favorecendo


reagrupamentos sociais, cuja organização propiciaria um distanciamento cada vez
maior da simplicidade originária.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Como a desigualdade se originou?

• O papel dos ricos:

• Sem interesse pela desordem


• Eles tinham o que perder
• Proposição: instituir ordenamentos de justiça e de paz, nascendo, assim, a
sociedade e as leis.
• Novos grilhões aos mais pobres
• Mais forças aos mais ricos, DESTRUINDO IRREVOGAVELMENTE A
LIBERDADE NATURAL.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O contrato social e o governo do povo soberano pelas leis

•O homem foi afastado de seu estado de natureza

• Problema: dar à sociedade uma forma tal que este homem recupere sua
liberdade, mesmo vivendo em sociedade.

• Propõe conciliar a liberdade natural do homem e a necessidade de uma ordem


política, definindo as condições de uma ordem social justa, nas quais a liberdade e
a igualdade sejam salvaguardadas de qualquer forma de opressão, guiando-se por
regras comuns imprescindíveis.

• Isto deverá se dar por intermédio de um pacto ou “contrato social”.

• Estabelece uma comunidade política fundamentada na soberania do povo,


única fonte legítima do poder.
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ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O contrato social e o governo do povo soberano pelas leis

•Contrato social permite passar da dependência dos homens para a dependência das leis.

•Em Rousseau:

• O Estado regido por leis é uma república, por oposição ao despotismo.


• O pensador rejeita a ideia de democracia representativa de Locke;
• A vontade não se representa.
• A democracia de Rousseau é a democracia direta ou plebiscitária.
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Aula: Principais linhas teóricas sobre a origem do Estado

Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)

-Estado de natureza:
- O homem é bom em sua essência
- O homem no seu estado de natureza é bom e não é um ser sociável, pois
viveria em tese isoladamente.
- Ele é corrompido: Entretanto, na medida em que houve um crescimento
populacional e uma consequente inserção do homem na sociedade,
havendo o acréscimo em suas relações sociais, a sociedade o corrompe e
este passa a vislumbrar necessidades maiores (ambição).
- Surgimento das necessidades artificiais: Na medida em que essas
necessidades artificiais surgem advém dela a ideia de propriedade privada,
o que considera ser o cerne da desigualdade, pois a partir desse momento
o indivíduo passaria a olhar para o caso concreto e deixar seus princípios
de lado, cobiçando o alheio.
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Aula: Principais linhas teóricas sobre a origem do Estado

Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)

-Estado de natureza:
- Soberania popular.
- Baseado nesses conceitos Rousseau cria o conceito de soberania
popular de forma o povo não mais irá transmitir ou ceder seus direito à
alguém que os represente, mas irá exercer seus direitos naturais de
forma direita e participar sem que haja terceiros que os represente,
desconstruindo também a ideia de Locke de separação dos poderes.

- Já para Rousseau jamais haveria uma transmissão ou cessão de direitos


naturais do povo para o Estado, pois a democracia iria se dar de forma
direta, buscando uma vontade geral, que por sempre buscar o certo seria
sempre justa. A soberania no caso de Rousseau seria por esse motivo
inalienável, pois seria exercida de forma direta, assim como indivisível,
pois não haveria separação de poderes, pois isso fragmentaria a vontade
geral, guiada por esta como a expressão do “certo” seria ela também
infalível e absoluta (sem meio termo)
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Principais linhas teóricas sobre a origem do Estado

Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)

-Rousseau e a desigualdade entre os homens


-Obra “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”:
- Análise hipotética sobre o desenvolvimento da humanidade.
- Busca mostrar as desigualdades que a sociedade produziu, distanciando-se
do estado de natureza inicial.

- A sociedade perverteu o homem: A sociedade teria pervertido o homem


que nascera no estado de natureza. O homem em seu estado de natureza
era compreendido por Rousseau como um ser bom e amável, desprovido
de ciúmes, egoísmos, possessividade e cobiça.
- O homem natural também é provido de livre-arbítrio e da noção de
perfeição.
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Aula: Principais linhas teóricas sobre a origem do Estado

Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)

-Os Homens e os Animais

- Estado de natureza: o homem possui consciência e inteligência,


diferenciando-se dos animais.
-Rousseau e o Desenvolvimento Humano
- No estado de natureza, na perfectibilidade, por exemplo, há igualdade. Os
homens não se diferenciam entre si. Não há um melhor do que o outro,
todos vivem em conjunto para a melhoria coletiva. Neste ponto, o homem
não é malicioso, não tem orgulho.
- Este filósofo, portanto, não é contra a evolução da humanidade e dos
valores naturais aos seres humanos, mas é sim contra a degeneração
provocada pelos abusos da propriedade que o homem egoisticamente
confere a si mesmo sobre os produtos criados pela sociedade, como a
mentira e a ostentação, que visam uma única coisa: a satisfação das
consciências e dos egos detentores da propriedade e do poder social.
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Aula: Principais linhas teóricas sobre a origem do Estado

Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)

-Do contrato social

- A importância da liberdade – liberdade inata: É na sua obra “Do contrato


social” que esta perspectiva da liberdade se aflora. Para Rousseau, todos
os homens nasceriam livres. A liberdade pressupõe direitos e deveres ao
mesmo tempo. A liberdade é, portanto, inata ao homem, não devendo este
abrir mão dela, pois, se assim o fizer, o mesmo perderá a sua qualidade de
ser humano.

- Devemos prestar muito atenção quanto à questão da liberdade, pois ela


está intimamente ligada à moral humana e principalmente justifica para
Rousseau a criação do contrato social.

- Surge assim o contrato social, fruto de uma associação livre, que nasce da
vontade racional dos seres humanos que desejam viver sob a tutela de um
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Explicações para o surgimento do Estado:


• Teorias naturalistas e contratualistas dominam
• Existem outras linhas teóricas – novo olhar

•Destaques para alguns pontos dos “outros olhares”


• Ampliar nosso instrumental crítico
• Sínteses:
• Teoria do Estado de Direito
• As teorias coletivistas
• Concepção moral do Estado
• Concepção sociológica do Estado.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Pressuposto:
• Poder totalizante do Estado diante do indivíduo.
• O indivíduo está em posição fragilizada perante a força estatal, não
estando apto a fazer valer supostos direitos fundamentais.
• O Estado que tem direitos perante o indivíduo/cidadão, pois a identidade
real do ser humano inibe-se diante do caráter universal do Estado.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Friedrich Hegel:
• O Estado é um todo ético organizado
• Tanto a família, como a sociedade civil são abstrações que praticamente
inexistem em face da única realidade materializada: o Estado.
• O Estado se traduz em entidade que ultrapassa a realidade social
concreta e passa a ser concebido como uma ideia ética fundamental.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Quem foi Friedrich Hegel (1770-1831)?


• Importante filósofo do início do séc. XIX
• Professor em várias universidades alemãs (Universidade de Heidelberg).
• Várias áreas do conhecimento no campo da política
• Viveu em uma Alemanha dividida em territórios independentes
• Cada qual com sua organização jurídica e militar própria.
• Motivo para considerar o Estado “a mais alta realização do espírito
absoluto”.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção moral do Estado:

• Quem foi Friedrich Hegel (1770-1831)?

•Obras:
• Fenomenologia do espírito (1807)
• Ciência e Lógica (1812-1816)
• Enciclopédia das ciências filosóficas (1817-1830)
• Elementos da Filosofia do Direito (1817-1830).
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Aula: Modernização social e as origens do Estado
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OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção sociológica do Estado:


• Tenta explicar o aparecimento do Estado em razão de determinadas
circunstâncias históricas.

• Marx:
• O Estado não seria o reino da razão e/ou do bem-comum
• E sim da força e do interesse de uma parte específica da sociedade.
• O surgimento do Estado é uma forma de garantir que os interesses de
uma dada classe se façam valer no mundo dos fatos.
• A finalidade do Estado não seria a de proporcionar o bem-viver de todos
os membros do grupo
• Mas somente para uma minoria que detém o poder.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

OUTRAS TEORIAS SOBRE O SURGIMENTO DO ESTADO

•Teorias Coletivistas

• A concepção sociológica do Estado:

•Marx:

• O discurso de realização do bem-comum:


• Mecanismo ideológico que busca esconder os verdadeiros interesses
da classe dominante

• Conceder a aparência de legitimidade ao poder por ela exercido.


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Aula: Modernização social e as origens do Estado

TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO (A ORIGEM) JURÍDICA DO ESTADO

•Teorias dualistas: o Direito e o Estado constituem realidades plenamente distintas.


•Correntes monistas (unidade):
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO (A ORIGEM) JURÍDICA DO ESTADO

•Correntes monistas (unidade):

• Buscam eliminar o dualismo jurídico estatal.


• O Estado se revelaria com o próprio ordenamento jurídico
• Há uma implicação mútua em suas existências.
• O Direito somente pode ser reconhecido a partir do momento em que o
Estado se desenvolve como Estado
• E o Estado somente tem por reconhecidos seus atos quando emanados
por meio da forma jurídica/por intermédio do Direito.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO JURÍDICA DO ESTADO

• O Estado se configura como um organismo de caráter político


• Mas, que depende do Direito para regular:
• As relações sociais
• A correta aplicação da força.

• Observe: “Se o Direito é natural decorrência do fenômeno estatal, no chamado


Estado de Direito é também, e de forma concomitante, o instrumento pelo qual
o Estado atua de forma legítima e não arbitrária”.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Thomas Hobbes e justificativa para as monarquias absolutistas

• O soberano é o rei absolutista


• Os poderes do soberano eram ilimitados.
• O soberano concentrava em suas mãos o poder absoluto do Estado, não
havendo separação entre os poderes estatais.
• Representação do poder ilimitado: Rei absolutista Luís XIV – “O Estado sou
eu!”
• O rei criava todas as leis, as executava e julgava àqueles que a
desrespeitassem. Ele estava acima da própria lei.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Questionamentos ao Estado Absolutista e nascimento do “Estado de direito”:

• Nasceu depois da Revolução Francesa: marco do fim do absolutismo e a


instauração do governo parlamentarista
• Passa a vigorar o Estado de Direito:
• Forma de Estado justificada pelo John Locke – Segundo Tratado sobre o
Governo.
• No Estado de Direito, o governante não detém poder absoluto.
• A lei está acima de todos, estando acima até mesmo dos
governantes.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•A lei é soberana e está acima de todos, mas quem cria essa lei? E ela atende aos
interesses de quem? 

• A grande questão do Estado de Direito está no fato de que não há


necessidade de contemplar o que chamamos de “vontade geral”.

• O poder não emana necessariamente do povo e não há responsabilidade


com a soberania popular.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•O Estado Democrático de Direito:

• Soberania da vontade geral – Conceito debatido por Rousseau no livro “O


contrato social”. É o atendimento do interesse comum da sociedade.

• No Estado Democrático de Direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo,
respeitando-se a dignidade da pessoa humana.

• Democracia representativa:
• Leis confeccionadas pelos representantes do povo ou por iniciativa popular.
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (1) Um Estado Democrático de Direito tem o seu fundamento na soberania


popular;

• (2) A necessidade de providenciar mecanismos de apuração e de efetivação da


vontade do povo nas decisões políticas fundamentais do Estado, conciliando uma
democracia representativa, pluralista e livre, com uma democracia participativa
efetiva;
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (3) É também um Estado Constitucional, ou seja, dotado de uma constituição


material legítima, rígida, emanada da vontade do povo, dotada de supremacia e
que vincule todos os poderes e os atos dela provenientes;

• (4) A existência de um órgão guardião da Constituição e dos valores


fundamentais da sociedade, que tenha atuação livre e desimpedida,
constitucionalmente garantida;
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ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (5) A existência de um sistema de garantia dos direitos humanos, em todas as


suas expressões;

• (6) Realização da democracia – além da política – social, econômica e cultural,


com a conseqüente promoção da justiça social;

• (7) Observância do princípio da igualdade;

• (8) A existência de órgãos judiciais, livres e independentes, para a solução dos


conflitos entre a sociedade, entre os indivíduos e destes com o Estado;
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

ESTADO DE DIREITO X ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

•Valores e princípios do Estado Democrático de Direito:

• (9) A observância do princípio da legalidade, sendo a lei formada pela legítima


vontade popular e informada pelos princípios da justiça;

• (10) A observância do princípio da segurança jurídica, controlando-se os excessos


de produção normativa, propiciando, assim, a previsibilidade jurídica.

• (11) Separação dos poderes.


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Aula: Modernização social e as origens do Estado

TEORIA DO ESTADO DE DIREITO: A CONCEPÇÃO JURÍDICA DO ESTADO

•O Estado de Direito é um “gênero”:

• Comporta espécies:
• Estado liberal
• Estado social
• Estado socialista.
• Tais espécies compartilham entre si a vinculação à lei para atuar e atingir
seus fins específicos.
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Aula: Modernização social e as origens do Estado

ROUSSEAU E A FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO-PLEBISCITÁRIO

O homem em sociedade: a corrupção do estado natural

• Resposta: foram os obstáculos exteriores (como, as alterações climáticas, etc.)


que arrancaram o homem primitivo de sua independência e ociosidade felizes.

• Em um contexto de dificuldades, o homem confronta-se com a necessidade do


trabalho, condição para sua sobrevivência.
• Usar a força
• Produzir armas
• Conservar a memória das suas descobertas.
• Passa o tomar consciência da sua dimensão temporal e entra na história.
• Momento de formação das sociedades.
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Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado


Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Estado moderno e os seus elementos
essenciais
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

INTRODUÇÃO/OBJETIVOS

•Retrospectiva:
• Estudo sobre a origem do Estado
•O que vamos estudar a partir de agora?
• Conhecer quais são os elementos essenciais do Estado na
contemporaneidade.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

RAZÃO PELA QUAL POVO, TERRITÓRIO E SOBERANIA TEREM SE TORNADO ELEMENTOS


ESSENCIAIS DO ESTADO:

•Mas o que é “essencial” em alguma “coisa”?

• Essencial é tudo aquilo que faz a coisa ser o que é.


• Ou seja, retirando-se qualquer um dos elementos essenciais da “coisa”, ela deixa
de ser “a coisa”.
• Exemplo do automóvel
• Sem rodas – essencial – não é um automóvel
• Sem rádio – acessório – É um automóvel
• Fica a dica: faltando qualquer um dos elementos considerados essenciais do
Estado, este não poderá mais ser assim considerado.
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

RAZÃO PELA QUAL POVO, TERRITÓRIO E SOBERANIA TEREM SE TORNADO ELEMENTOS


ESSENCIAIS DO ESTADO:

Estado Moderno

• Estado Nacional propriamente dito


• Surgiu nos momentos derradeiros das guerras religiosas, com o colapso do que
costuma se chamar de Estado Medieval.
• Os três elementos essenciais só irão coexistir após a superação da concepção dual
de poder do Estado Feudal, cuja linha dominante era predominância das guerras
religiosas.
• Disputa mais aguda pela supremacia política
•Poder eclesiástico/espiritual (do Papa) x O poder temporal (do Imperador)
• As deficiências da sociedade política medieval: determinantes para estabelecer as
características fundamentais do Estado Moderno.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

RAZÃO PELA QUAL POVO, TERRITÓRIO E SOBERANIA TEREM SE TORNADO ELEMENTOS ESSENCIAIS DO
ESTADO:

Síntese em relação ao modelo westphaliano de Estado

• Ele simboliza, a um só tempo:

a) a passagem do Estado Medieval para o Estado Absoluto;


b) a criação do Direito Internacional Público, tal qual é concebido nos dias
atuais;
c) o nascimento do Estado Nacional propriamente dito, formado a partir da
coexistência dos seus três grandes elementos essenciais (povo, território e
soberania una e indivisível).
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•Elemento material
•Indispensável a existência do Estado
•O território fixa a jurisdição do Estado: os limites dentro dos quais se exerce a soberania do
Estado.
•Conceitos:
• A base geográfica do poder estatal, a base física sobre a qual o Estado irá exercer
sua jurisdição soberana.
• Ferrucio Pergolesi: território é “a parte do globo terrestre na qual se acha
efetivamente fixado o elemento populacional, com exclusão da soberania de
qualquer outro Estado”.
• É a delimitação espacial do poder.
• Zona de impenetrabilidade da ordem jurídica de qualquer outra entidade
política (área interditada para qualquer ação soberana de outro Estado).
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e seu caráter multidimensional


• A soberania se estende sobre: a superfície terrestre, o espaço aéreo, as águas
territoriais, o subsolo terrestre e marinho, os rios, lagos, baías, bacias, golfos,
enclaves e qualquer outro espaço destacável do núcleo central do Estado.

•Território descontínuo? A base física dentro da qual se exerce a soberania estatal pode ou não
ser contínua, englobando os espaços geográficos destacáveis da superfície terrestre principal do
Estado.
• Jurisdição territorial do Estado
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

GUERRAS DAS MALDIVAS

•Ilhas Maldivas, Atlântico Sul


•Reservas de petróleo
•Argentinos x Ingleses
•Ingleses: ocupam as Ilhas
Falklands desde 1883.
•1982: Tentativa argentina de
retomada = Guerra das Malvinas.
•Grã-Bretanha (Apoiada pelos
EUA)
•Geopolítica sul-americana:
integração entre Brasil e
Argentina  MERCOSUL
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Síntese – Leitura dirigida: “O conceito de território, na condição de base


físico-geográfica delimitadora da ação soberana do próprio Estado, admite a
descontinuidade geográfica, como é o caso das Ilhas Malvinas. Porém, o que
se deve deixar claro é que o que não se mostra de forma alguma possível é a
existência de um mesmo território sob a convivência de duas soberanias
distintas”. Com efeito, [...], é inadmissível a divisão do exercício da soberania
diante dos princípios da unidade e da indivisibilidade do poder de império do
Estado.
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e o poder de império do Estado


• Somente com o Estado Moderno é que o território passou a ser considerado
como elemento essencial do Estado.
• Com o “Estado westfaliano”: o conceito de território passou a ser associado
diretamente a um poder de império, dotado de latitude jurídico-política
capaz de impor coercitivamente a vontade do Estado.
• Existe Estado sem território ou não?
• Não de acordo com a doutrina majoritária.
• A perda temporária do território:
• Estado continuará a existir enquanto não se caracterizar que esta perda foi
definitiva, sem possibilidade de reintegração do território perdido.
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e o poder de império do Estado


• O território é patrimônio do povo ou é propriedade do Estado?
• O território é patrimônio do povo e não propriedade do Estado.
• Atenção:
• Havendo interesse do Estado: o território pode até ser alienado
parcialmente, ou mesmo, em circunstâncias excepcionais de crise
(Estado de Defesa ou de Sítio).
• Existiria um limite mínimo de extensão para que o Estado seja
reconhecido como tal? Não.
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•O território e o poder de império do Estado


• Qual seriam as principais teorias acerca da natureza jurídica do
território?
• Construção doutrinária desenvolvida por Paulo Bonavides
• 4 teorias para explicar a natureza jurídica do território:
• Teoria do território-patrimônio
• Teoria do território-objeto
• Teoria do território-espaço
• Teoria do território-competência.
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•Teoria do território-patrimônio
• O território é considerado propriedade do Estado.
• Concepção medieval: senhores feudais e os reis eram considerados
proprietários de seus respectivos domínios, assim como dos servos
hereditários da gleba.
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•Teoria do território-objeto
• Estado exerce um direito real de caráter público, chamado domínio
eminente sobre o território.
• O é poder exercido sobre coisas (dominium)
• Esse direito estatal (dimensão positiva) coexistiria com o chamado
domínio útil, exercido pelo cidadão (dimensão negativa).
• Incongruência: não se admitem dois direitos de propriedade sobre a
mesma coisa.
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•Teoria do território-espaço

• O poder que o Estado exerce sobre o território é um poder exercido


sobre pessoas, ou seja, um poder de imperium, de comandar pessoas.

• Tem dificuldade para explicar o direito do Estado de praticar certos atos


fora do seu território, como por exemplo, no alto mar em navios sob sua
bandeira, ou, então, dificuldade para explicar o exercício do poder em
áreas anecumênicas (áreas inabitadas pelo homem).
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

TERRITÓRIO: A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO PODER

•Teoria do território-competência

• Concebida pela Escola de Viena


• Ver o território como elemento determinante da validez da norma
jurídica, isto é, o território é o âmbito espacial de validade da ordem
jurídica estatal, com exclusão dos outros.
• É no território do Estado que se podem aplicar as leis por ele
produzidas.
• Faz a associação direta entre o princípio da impenetrabilidade da ordem
jurídica e a visão do território como base geográfica do poder do Estado.
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

O CONCEITO ATUAL DO ELEMENTO “TERRITÓRIO”

•O território possui como característica a multidimensionalidade, ou seja, seus


limites jurisdicionais podem ser terrestre, marítimo e aéreo.

•A partir de agora, nosso objetivo será o de examinar os limites da jurisdição nacional


sobre o território marítimo estatal.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

O CONCEITO ATUAL DO ELEMENTO “TERRITÓRIO”

•São as seguintes as áreas do território marítimo estatal:

• Mar Territorial (MT);


• Zona Contígua (ZC);
• Zona Econômica Exclusiva (ZEE);
• Plataforma Continental (PC).

• Elas estão submetidas a diferentes regimes jurídicos.


• Somente o Mar Territorial pode ser considerado parte do território: somente
nele o Estado Costeiro tem soberania plena.
• Demais áreas: o Estado tem direitos específicos = o Estado não tem soberania
plena nessas áreas do território marítimo.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Mar Territorial – “Uma zona de mar adjacente”

•Ideia antiga
•Defesa do Estado: a fixação do seu limite segundo a potência dos canhões dos navios da época.
•Direito Internacional: 3 (três) milhas
•Razões para a expansão para 12:
• Crescentes possibilidades de exploração das riquezas advindas do solo e do
subsolo marítimo
• Pleito de 12 a 200 milhas.
•Brasil e a defesa das 200 milhas.
• Contestado: ferir o princípio da liberdade dos mares.
• 1970 (Decreto-lei nº 1.098, de 25 de março de 1970) – 1993 (Lei nº 8.617/93):
Brasil e as 200 milhas unilateralmente
• Pressão internacional
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Mar Territorial – “Uma zona de mar adjacente”

•Estende-se até 12 milhas náuticas (uma milha marítima tem 1.852 metros) da linhas
de base: 22,2 km de território marítimo.
•Uma zona de mar subjacente em que a soberania do Estado costeiro estende-se além
de seu território e das suas águas interiores (situadas no interior da linha de base do
mar territorial), englobando o espaço aéreo sobrejacente, bem como o leito e o
subsolo do mar.
•Estado exerce soberania plena sobre a massa líquida, sobre o espaço aéreo
sobrejacente, bem como também sobre o leito e o subsolo deste mar.

•Os navios estrangeiros no Mar Territorial brasileiro estarão sujeitos aos


regulamentos estabelecidos pela lei brasileira.
Lei n. 7565/86. art. 11: O Brasil exerce completa e
exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu
território e mar territorial.
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Zona Contígua (ZC)

•Estende-se de 12 (logo após o MT) a 24 milhas marítimas


•Estado costeiro não tem soberania plena – capacidade de controle relativo
• Estado poderá adotar as medidas de fiscalização necessárias para:
• a) Evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de
imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial; e
• b) Reprimir as infrações às leis e aos regulamentos no seu território ou no
seu mar territorial.
• Ex:
• Inspeções sanitárias em navios (a fim de impedir alguma epidemia no
território)
• Inibir a entrada de imigrantes ilegais
• Evitar que seres humanos sejam transportados de forma degradante
• Adotar medidas aduaneiras e fiscais, etc.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Zona Econômica Exclusiva (ZEE)

•Estende-se das 12 às 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem
para medir a largura do mar territorial
•Estado costeiro exerce direitos específicos para fins econômicos:

• Exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos


ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu
subsolo, e a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da
zona para fins econômicos.

•Direitos especiais para a investigação científica marinha e para a produção de energia (água,
correntes e ventos).
• Um Estado pode permitir que outro faça investigação científica marinha em sua
ZEE
• O Estado costeiro tem o dever de proteger e preservar o meio marinho desta área.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Plataforma Continental (PC) – Continental Shelf

•Soberania é limitada ao exercício de direitos para efeitos de exploração dos recursos


naturais.
•Mas quais são os seus limites?

• O leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu


mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu
território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até
uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir
das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo
exterior da margem continental não atinja essa distância.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Plataforma Continental (PC) – Continental Shelf

•Convenção de Montego Bay (1982):


• O limite exterior da PC coincidirá com o limite da ZEE (200 milhas
náuticas).
• Então, é: para que demarcar uma região específica que cumpriria os
mesmos objetivos da ZEE?
• É que os limites entre a ZEE e a PC coincidirão somente se as
inclinações abruptas ocorrerem nos limites das 200 milhas.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

Plataforma Continental Estendida

•A faixa de mar que se encontra entre 200 e 350 milhas do litoral.


•A dimensão exata da PC estendida:
• Levantamento físico feito pelo Estado costeiro.
• Brasil fez o levantamento completo de sua PC
• Acabou por ganhar uma área chamada de “Amazônia Azul”
• Pré-sal: exploração das reservas de hidrocarbonetos
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

O POVO: TRAÇOS CARACTERÍSTICOS E DISTINTIVOS

•Uso amplo e indiscriminado: confusão com população e nação


•O conceito de povo em seu sentido jurídico-político:
• Conceito relacionado ao vínculo da nacionalidade entre a pessoa e o Estado.
• Povo: “o conjunto de indivíduos que em um dado momento se unem para
constituir o Estado, estabelecendo, assim, um vínculo jurídico de caráter
permanente”.
• Do vínculo citado surge a NACIONALIDADE:
• Ela é um atributo que capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos
• Como cidadão participam da formação da vontade do Estado e do
exercício do poder soberano.
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

A diferenciação entre os conceitos de povo e população

•Povo é o elemento humano do Estado. É um conceito mais restrito que o de população.


•Para ser povo precisa do vínculo jurídico-político direto com o Estado: a nacionalidade.
•População:
• Expressão numérica, demográfica ou econômica, que abrange o conjunto de
pessoas que vive no território de um Estado ou mesmo que se encontre nele
temporariamente.
• Ex:
• Brasileiro estudando nos EUA:
• Não faz parte da população brasileira, mas faz do povo
brasileiro. Ele é cidadão brasileiro.
• Faz parte da população dos EUA, mas não é cidadão americano
(não faz parte do povo dos EUA).
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O conceito de “nação” a partir da análise de “povo”

•Conceito inventado nos séculos XIV e XV. Exportado para o mundo no séc. XX.
•Nação:
• Refere-se a uma coletividade real que se sente unida pela origem comum,
pelos laços linguísticos, culturais ou espirituais, por interesses, ideias e
aspirações comuns.
• Grupo constituído por pessoas que, não necessitando ocupar um mesmo
espaço físico, compartilham dos mesmos valores axiológicos (padrão
dominante de valores) e são movidos pela vontade de comungar um mesmo
destino.
• Elementos importantes que são importantes para configurar uma nação:
• Religião, língua, cultura.
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O conceito de “nação” a partir da análise de “povo”

•Não precisam reunir todos os elementos acima


•O conceito de nação não tem no território um elemento essencial.
•Povos que se reconhecem como parte de uma nação, mas não possuem um território
próprio
• Os Curdos (espalhados em partes do Irã, do Iraque, da Síria e da Turquia)
• Os Bascos (norte da Espanha e sul da França)
• Os caxemires (entre Índia, Paquistão e China).
• Elementos de uma mesma nação podem estar vivendo em Estados
diferentes.
• Embora entendam fazer parte da mesma nação, fazem parte, sob a
perspectiva aqui analisada, de diferentes povos.
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SOBERANIA: O IMPÉRIO ESTATAL E SUA BASE DE SUSTENTAÇÃO

•Uma das bases de sustentação do Estado Moderno


•Uma construção intelectual do Estado Moderno em oposição ao fragmentado poder da
era medieval.
•Perspectiva interna:
• O conceito de soberania expressa uma específica situação de quem
comanda, ou seja, a plenitude da capacidade de direito em relação aos
demais poderes dentro do Estado.

• O poder do Estado é o mais alto existente dentro do Estado.


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SOBERANIA: O IMPÉRIO ESTATAL E SUA BASE DE SUSTENTAÇÃO

•Perspectiva externa:

• Atributo que possui o Estado Nacional de não ser submetido às vontades


estatais estrangeiras, já que situado em posição de igualdade para com elas
(princípio da horizontalidade).
• Capacidade de subsistência por si da ordem jurídica estadual
• As regras jurídicas estabelecidas no âmbito estatal são derivadas da
emanação do poder soberano do Estado.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A soberania é um fenômeno histórico: o conceito é reflexo da realidade


experimentada em uma determinada era política.
•A ideia de soberania nem sempre existiu.
• Ela é entendida como uma construção intelectual do Estado Moderno em
oposição ao fragmentado poder da era medieval.
• Precisava de um alicerce teórico para reafirmar a autonomia do
monarca absoluto.
• O termo soberano existia na Idade Média, mas não se conhecia o termo
“soberania”.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A construção do conceito inicia-se por meio de Jean Bodin.


• 1º grande teórico da soberania.
• Com sua obra Les six livres de République (Os seis livros da República)
• Buscava legitimar o poder do Rei de França no contexto de disputa entre
o poder temporal e o poder espiritual, entre os seus principais rivais.
• Reafirmar independência política em relação ao Império e ao
Sacerdócio.
• Para tanto defendeu a tese da soberania absoluta do Estado.
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Leitura dirigida:

Em Bodin, a soberania é una, indivisível, irrevogável, perpétua, indelegável,


ou seja, é um poder supremo que não pode ser desafiado por qualquer tipo
de oposição. Com esta construção teórica, embora seja um homem de forte
religiosidade, ele coloca em xeque o paradigma do sistema medieval, cuja
concepção de mundo buscava demonstrar a prioridade do poder espiritual
sobre o poder temporal (ou, no limite, concordar sobre a necessidade de
conciliação entre eles). A Idade Moderna aos poucos inverterá esta lógica.
Para consolidar o poder do monarca absoluto, foi necessária a construção de
uma doutrina capaz de fortalecer a posição do monarca absolutista perante
seus principais rivais.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•A contribuição contratualista:
• Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau reavaliarão e
desenvolverão a ideia de soberania.
• Hobbes:
• Objetivo de legitimar a supremacia do monarca perante seus súditos
• Apoio aos reis temporais com os objetivos de emancipar-se da
autoridade papal e negociar com liberdade
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Aula: Estado moderno e os seus elementos essenciais

A evolução histórica do conceito de soberania

•A contribuição contratualista:

• Locke:
• A soberania não residia nem no monarca, nem no Estado, mas na
população.
• O Estado somente é merecedor de respeito se ele próprio respeita as
leis civis e as leis naturais.
• Jean-Jacques Rousseau:
• A soberania do povo é inalienável e indivisível
• Faz o deslocamento da soberania em direção ao povo, recusando-se
qualquer limite a esta.
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A evolução histórica do conceito de soberania

•Um período de mudanças e reflexões:


• A perda de autonomia dos Estados nacionais diante do sistema
internacional pós-social (pós-moderno).
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Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado


Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Fim/objetivo do Estado
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Aula: Fim/objetivo do Estado

O ESTADO É UM FIM OU UM MEIO?

•Quais são os objetivos e finalidades próprios do Estado? Para que existe o Estado?

• Os que consideram o Estado como um fim em si mesmo:


• O Estado é o ideal e a síntese de todas as aspirações do homem e de todas as
forças sociais
• O Estado é o fim do homem, o homem é um meio de que serve o Estado para
realizar a sua grandeza.

• Os que pensam que o Estado é um meio


• O Estado é que é o meio para o homem realizar a sua felicidade social
• É um sistema para conseguir a paz e a prosperidade
• O Estado tens fins, não é um fim.
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Aula: Fim/objetivo do Estado

Azambuja (2003, p.114): “Este último, é o nosso ponto de vista. O


Estado é um dos meios pelos quais o homem realiza o seu
aperfeiçoamento físico, moral e intelectual, e isso é que justifica a
existência do Estado”.
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A DISTINÇÃO ENTRE FINS DO ESTADO E COMPETÊNCIA DO ESTADO

•Uso indevido dos termos fins e competência


• Fins:
• É o objetivo que ele visa atingir quando exerce o poder
• Esse objetivo é invariável: é o bem público

• Competência:
• É a atividade do Estado no que diz respeito aos negócios e as pessoas
sobre os quais ele exerce o poder
• Varia sem cessar - Varia a espécie de atividade, os meios empregados
para atingir os seus fins
• Varia conforme a época e o lugar.
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Azambuja (2003, p. 115). “A competência do Estado é variável, conforme a


época e o lugar. Assim, o Estado pode chamar a si certos serviços ou permitir
que os particulares os executem; mas tanto quando amplia como quando
restringe a própria competência, o Estado visa realizar o bem público. Para
realizar o bem público, certos Estados deixam à competência dos particulares
organizar e ministrar o ensino, e evocam a si, por outro lado, a competência
exclusiva para vender sal, fósforos, tabaco, etc. Outros Estados entendem que
melhor realizam o bem público organizando e ministrando o ensino, e deixam
aos particulares o direito de comerciar com aquelas mercadorias”.
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CONCEITO DE BEM PÚBLICO

•Difícil encontrar uma definição perfeita


•O que não é bem público?
• Não é o bem individual ou o bem de cada um.
• Não é a simples soma do bem de todos os que formam a sociedade
estatal
• Não entram interesses ilegítimos, p.e.
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Tentativas de conceição do BEM COMUM

“Conjunto dos meios de aperfeiçoamento que a sociedade politicamente organizada


tem por fim oferecer aos homens e que constituem patrimônio comum e
‘reservatório’ da comunidade: atmosfera de paz, de moralidade e de segurança,
indispensável ao surto das atividades particulares e públicas; consolidação e proteção
dos quadros naturais que mantêm e disciplinam o esforço do indivíduo, como a
família, a cooperação profissional; elaboração, em proveito de todos e de cada um, de
certos instrumentos de progresso, que só a força coletiva é capaz de criar (vias de
comunicação, estabelecimentos de ensino e de previdência); enfim, coordenação das
atividades particulares e públicas tendo em vista a satisfação harmoniosa de todas as
necessidades legítimas dos membros da comunidade” (DADIN –Philosophie de l’order
juridique, p. 160, apud. AZAMBUJA, 2003, p. 116).
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Tentativas de conceição do BEM COMUM

“Complexo de condições indispensáveis para que todos os membros do Estado – nos


limites do possível – atinjam livremente e espontaneamente sua felicidade na terra”
(Cathrein – Filosofia moral, vol. II, p. 563 apud. Azambuja 117).

•O bem público é relativo para cada sociedade quanto as meios de atingi-lo e quanto
ao seu próprio conteúdo.

•Não depende exclusivamente dos governantes, senão também dos governados


• Todo o indivíduo tem o dever de cooperar para a sua realização,
cumprindo obrigações e deveres para com o Estado e a pátria.
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Há no conceito de bem público elementos materiais e elementos morais

•Exemplos:
• Materiais:
• Assegurar a ordem
• Promover a prosperidade econômica de um Estado
• Morais:
• A civilização
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Aula: Fim/objetivo do Estado
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O bem público pode ser resumido em dois bens sociais fundamentais:

•Sobre isso:

“O Estado terá portanto como objetivo satisfazer a necessidade de segurança


protegendo os direitos dos associados; satisfazer a necessidade de progresso
auxiliando os cidadãos a se aperfeiçoarem. Tal é sua dupla função: 1°. Proteção: é a
função de justiça de que é o guardião: Custos justi; é missão tutelar. 2.° Assistência: é
a função de utilidade pública, sua missão civilizadora” (Sortais – Traité de Philosophie,
vol. II, p. 248 apud. Azambuja, 2003, p. 119).
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Nesta perspectiva, o que o Estado deve fazer para a realização do bem público é o
que se denomina de COMPETÊNCIA:

•O que o Estado deve fazer para cumprir a sua competência?

• Há certo acordo no que diz respeito aos meios para realizar/alcançar a


segurança (ordem, paz):
• Âmbito Externo:
• Para defender o Estado de agressões exteriores
• Manter serviços públicos especiais: Exército, Marinha,
Aviação, diplomacia, etc.
• Âmbito Interno:
• Para manter a ordem interna
• Serviços de justiça, política, etc.
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• O que o Estado deve fazer para cumprir a sua competência?

• Mas, o que o Estado deve fazer para alcançar o progresso (Prosperidade,


civilização, aperfeiçoamento)?

• O pensamento político moderno é dividido


• No mínimo em 3 correntes:
• Corrente abstencionista
• Corrente socialista
• Corrente eclética
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CORRENTE ABSTENCIONISTA

•O Estado deve restringir-se à função de manter a ordem externa e interna, e deixar tudo
mais à iniciativa individual.
• Franceses: Doutrina do Estado gendarme (Guarda-Noturmo), do laisser faire
(deixar ser).
• Toda a intervenção do Estado é nociva ao bem comum; ele apenas deve dar
segurança aos indivíduos e não intervir na vida social senão para manter a
ordem.
• Liberdade de profissão, liberdade de trabalho, liberdade de comércio, toda a
atividade livre;
• Poucas leis, o menor número possível de regulamentos, nenhuma restrição
do Direito de propriedade.
•Ideias que floresceram na Europa do século XVIII até fins do século XIX.
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CORRENTE ABSTENCIONISTA

•A realidade demonstrou a sem-razão desta teoria radical.


• Ex:
• Liberdade de trabalho
• Inúmeras atividades, ou produção de bens necessários à sociedade,
que os indivíduos não podem executar:
• Grande quantia de capitais
• Lucro mínimo ou nulo
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CORRENTE SOCIALISTA

•Intervenção do Estado em todas as matérias.


• O indivíduo não pode e não deve encarregar-se de atividades que interessem a
toda a sociedade.
• Esta, por meio do Estado, é que deve fornecer tudo de que o indivíduo precisa;
• Tudo, pois, dever ser socializado, pertencer ao Estado, que em troca dará aos
indivíduos os bens materiais e morais necessários.
• O Estado deve incumbir-se da produção e da circulação dos bens; os indivíduos,
do seu consumo.
• Propriedade, comércio, indústria, todos os serviços de utilidade geral, ficam
sobre a competência do Estado.
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CORRENTE SOCIALISTA

•Nos seus aspectos extremos, esta corrente preconiza a abolição da propriedade


privada e submete o homem, física e moralmente, ao domínio do Estado, que lhe
fornece não só os bens materiais, mas também a Moral, a Arte, A Ciência, e Religião,
tudo estandardizado.

•Compreendem as doutrinas: comunistas e as doutrinas totalitárias (como o fascismo


e o nacional-socialismo).
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Aula: Fim/objetivo do Estado

CORRENTE SOCIALISTA

•Esta corrente é viável? Azambuja (2003, p. 122) responde:

“No seu aspecto extremo, elas não são aceitáveis, pois além de inexequíveis,
esmagariam toda a iniciativa e toda a liberdade do homem, e terminariam por tornar
a civilização impossível. Depois de ter imposto um uniformidade completa e asfixiante
na maneira de viver e de pensar dos indivíduos, o Estado acabaria enlanguescendo e
morrendo, pois não sairiam mais, da massa amorfa e embrutecida, homens capazes
de dirigir a sociedade”.
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CORRENTE ECLÉTICA E REALISTA

•Procura realizar o bem público utilizando o que há de verdadeiro nas correntes


extremas, e rejeitando as utopias e preconceitos doutrinários que as viciam.

• Nem deixar fazer, como queriam as teorias abstencionistas


• Nem fazer, como querem as outras
• Mas sim ajudar a fazer, eis o modo do Estado atingir os seus fins.
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CORRENTE ECLÉTICA E REALISTA

•Como funciona?
• Segurança interna e externa:
• Não poderá nunca ser deixada aos particulares

• Outras atividades:
• Competência do Estado é supletiva, isto é, ele só faz quando os
particulares não podem fazer.
• Em algumas atividades podem coexistir a competência do Estado e a
dos particulares (assistência social, p.e.).
• Em outras, fiscalização e supervisão (leis, regulamentos e inspeção
direta): evitar exploração ou opressão dos mais fracos pelos mais
fortes, para proteger a sociedade contra o egoísmo, a ignorância e a
maldade de certos indivíduos.
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CONCLUSÃO SOBRE OS FINS DO ESTADO

•Não é possível fixar a priori a competência do Estado senão em matérias


que devem ser de sua exclusiva atribuição.

•Os demais casos, ela varia de acordo com as condições peculiares a cada
sociedade política em determinados momentos históricos.
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

•Alargamento cada vez mais dos limites de suas atribuições:


• Extensão exagerada da competência
• Multiplicação excessiva de atribuições novas e de novos encargos para a
máquina governamental.
•Uma tendência dos Estados modernos
• Resultados de:
• Teorias socialistas
• Formidáveis problemas que a civilização contemporânea tem criado e
impossibilidade ou inconveniência de deixá-los à iniciativa particular
• Exigência dos governados (inépcia ou preguiça?).
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

•Hipertrofia por um lado, baixa capacidade de entrega, por outro.


• Exige-se dele muito mais do que ele pode dar.
• Criação de uma estrutura monstruosa e desconjuntada
• Passa por um momento de crise
• O Estado dispõe de um poder muito exíguo: a capacidade dos homens
• Paradoxo:
• Homens capazes
• Homens com poucas virtudes, inúmeros vícios, irremediáveis limitações da
criatura humana.
• Erram no cuidar de seus mínimos e simples interesses particulares.
• Consideram governantes/políticos indivíduos de pouco caráter.
• Manter a ordem e justiça já é muito coisa.
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Azambuja (2003, p. 128)

“Concluir-se-á, então, que o Estado, o poder, deve ter o objetivo limitado


ao mínimo? Por certo é esse um ideal que a civilização, daqui a alguns
séculos, realizará, incumbindo o Estado exclusivamente de manter a ordem,
distribuir justiça e organizar alguns serviços públicos essenciais.
Na atual fase histórica, porém, sua esfera de ação tem de ser mais ampla,
porque não obstante deficiências e erros, só ele poderá, não vencer, mas
ajudar a humanidade a vencer a crise em que debate”.
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A HIPERTROFIA DO ESTADO

•Solução para a hipertrofia:

• Reformar o Estado – aliviá-lo de parte dos encargos.


• Reformar a sociedade, material e moralmente, criando educação física,
moral e intelectual.
• É necessário que uma divisão mais equitativa e racional do trabalho entre
indivíduos e o poder político.
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Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado


Professor: Dr. Leandro Teixeira dos Santos
Aula: Formas de Estado
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Aula: Formas de Estado

FORMA DE ESTADO:

•Conceito – Por forma de Estado, entendemos a maneira pela qual o Estado organiza o
povo e o território e estrutura o seu poder relativamente a outros poderes de igual
natureza (Poder Político: soberania e autonomia), que a ele ficarão coordenados ou
subordinados.
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ESTADOS SIMPLES E ESTADOS COMPOSTOS

•A classificação considera o modo de exercício do poder no território do Estado.

• Existe ou não poderes regionais com capacidade de auto-organização


política, administrativa e financeira (Estados autônomos).
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ESTADO SIMPLES OU UNITÁRIO:

•O tipo puro de Estado simples é aquele em que somente existe um Poder Legislativo, um Poder
Executivo e um Poder Judiciário, todos centrais, com sede na capital.

• O poder é central: em todo território só há um governo estatal, que dirigi toda a


vida política e administrativa. Há apenas um ordem jurídica central.
• Obs:
• Os Estados simples podem divididos em partes: municípios, comunas,
departamentos, províncias, etc.
• Geralmente há uma autoridade executiva eleita pelos habitantes, bem como
conselhos, câmaras, etc.
• Mas são delegações dos órgãos centrais, que controlam e fiscalizam o poder.
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ESTADO SIMPLES PODEM SER CENTRALIZADOS OU DESCENTRALIZADOS:

•Estado Centralizado

• O governo nacional assume exclusivamente a direção de todos serviços públicos.


• Só é possível em países pequenos, com população reduzida.

•Estado Descentralizado
• Razões: grande extensão territorial, população numerosa  diversidade do clima,
da produção, do comércio, da indústria  Complexidade da administração 
descentralização  diversos graus de descentralização.
• O governo nacional, limita-se a dirigir os serviços gerais.
• Deixa a direção dos serviços locais, regionais ou especiais, a autoridades sobre as
quais reserva um poder de fiscalização.
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GRAUS DE DESCENTRALIZAÇÃO DO ESTADO DESCENTRALIZADO

•Descentralização administrativa:

• Reparte entre diversos órgãos administrativos secundários os poderes de


decisão
• Confia a escolha desses órgãos aos corpos eleitorais locais.

• Descentralização regional ou geográfica:


• As circunscrições (municípios, departamentos, províncias) têm
autonomia para eleger seus administradores e gerir os serviços que
lhes são peculiares.

• Descentralização por serviços: Os serviços públicos são dotados de certa


autonomia e apenas fiscalizados pelo Poder central.
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SÍNTESE DO ESTADO UNITÁRIO OU SIMPLES

•É politicamente centralizado – não admite a coexistência de ordens jurídicas (central,


regional e local)
•Há apenas uma Constituição e uma única ordem jurídica
•Apenas o poder central é expresso: participa da elaboração da vontade nacional.
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EXEMPLOS DE ESTADOS UNITÁRIOS OU SIMPLES

•Todos os países latino-americanos, exceto Brasil, Argentina, México e Venezuela.


•Na Europa:

• França
• Espanha
• Itália
• Portugal
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ESTADOS COMPOSTOS

Definição – Na forma composta, o Estado é sempre um, ou pelo


menos, assim se apresenta na vida internacional, admitindo, porém,
que mais de um poder atue, de maneira harmoniosa, sobre o seu
território.

Espécies – São consideradas formas compostas de Estado:

a) as Uniões (pessoal, real e incorporada);


b) as Confederações;
c) as Federações.
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UNIÃO DE ESTADOS:

•Manifestações dos Estados Compostos


•A Teoria do Estado se ocupa das uniões de caráter jurídico-político.
• Elas são de duas espécies:
• De Direito Internacional:
• Podem ser transitórias e superficiais, simples alianças ou relações de
dependência e proteção, que não atingem a estrutura interna do
Estado, sua fisionomia jurídica.
• Motivação: interesse de defesa ou de agressão.
• A Constituição não sofre a influência da união.
• De Direito Interno, Constitucional:
• Caráter mais jurídico
• Influenciam diretamente na estrutura do Estado (graus variados)
• Pode assumir forma definitiva, indissolúvel.
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UNIÃO PESSOAL:

•Possível apenas em monarquias


•Um único monarca passa a ocupar dois ou mais tronos: resultado de sucessão
hereditária, casamentos entre membros de dinastias, violência.
•Ex: Inglaterra e Hanovre (1714-1839) – Jorge Luís, soberano do ducado de Hanovre
ocupou o trono inglês.
•É temporária
•Respeita a independência de cada Estado (mantém-se com sua própria organização
política e jurídica, com individualidade própria na vida internacional).
•Único traço comum: soberano, o qual reina de acordo com a organização de cada
Estado.
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UNIÃO REAL:

•Só possível em Estados monárquicos


•União de dois ou mais Estados sob um mesmo soberano
•Cada Estado permanece com sua organização interna
•Aparece como um só na vida internacional
•As leis sucessórias unificam-se: uma só dinastia reina  duração permanente,
perpétua
•Apenas possível entre Estados de força igual
• Tendem-se a se separar  União é perpétua somente de jure (pela lei).
•Ex.:
• Noruega e Suécia: 1815 a 1905
• Áustria e a Hungria: 1915-1918.
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UNIÃO INCORPORADA

•Fusão de dois ou mais Estados independentes forma um novo Estado


•Os Estados antigos conservam apenas virtualmente a designação de Estados ou
reinos.
•De fato e de direito os Estados incorporados desaparecem na constituição da nova
entidade.
•Ex: Grã-Bretanha
• Monarquia formada pela incorporação dos antigos reino da Inglaterra,
Escócia e Irlanda.
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CONFEDERAÇÃO DE ESTADOS

•É a união permanente e contratual de Estados independentes


•Unem-se com o objetivo de:
• Defender o território da Confederação
• Assegurar a paz interior
•Estabelece-se um organização permanente
•Não fere a soberania dos Estados confederados: eles apenas são obrigados a exercer
em comum certas funções ou a exercê-las em casos determinados.
•Funções se referem ao Direito Internacional:
• Direito de paz e de guerra, celebrar tratados, p.e.
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CONFEDERAÇÃO DE ESTADOS

•Confederação e o caso das 13 ex-colônias britânicas

• Declaração de independência da Virginia – 1776 – comandada por


Thomas Jefferson
• Transforma as 13 colônias em Estados livres do jugo britânico
• Assume caráter jurídico de Estados soberanos com capacidade de
formular sua própria legislação e organização político-administrativa.
• As 13 colônias formaram uma Confederação, mas que apresentava
problemas:
• União instável e precária
• Legislações conflitantes
• Desconfianças mútuas
• Rivalidades regionais.
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FEDERAÇÃO OU ESTADO FEDERAL

• Estado formado pela união de vários Estados


• Perdem a soberania em favor da União Federal
• A federação aparece como um Estado simples para o Direito
Internacional.
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DISCIPLINA: Ciência Política e Teoria do Estado
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Estado Federal e o caso da transformação da Confederação das 13 ex-colônias britânicas em


Estado Federal

•Convenção de Filadélfia - 1787


• Presidida por George Washington
• Transformou a confederação em federação.
• O conceito de federalismo nasce a partir dessa convenção/nasce com a formação
dos EUA:
• Efetivamente se criou uma nova forma de organização do poder político no
espaço.
• Os Estados membros não são mais soberanos, mas apenas autônomos com
plena capacidade de auto-organização político-administrativa, porém sem o
direito de secessão – sem direito de separar-se da União.
• Nesse momento também nasce um novo sistema de governo: o presidencialismo.
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DISTINÇÃO ENTRE AS VERSÕES BRASILEIRA E AMERICANA DO FEDERALISMO

•A origem do federalismo norte-americano: Centrípeta

• Passagem dos Estados confederados para um Estado Federal


(federalismo por agregação)
• Explica o alto grau de autonomia financeira, legislativa e fiscal dos EUA
• A força vem de fora para o centro
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DISTINÇÃO ENTRE AS VERSÕES BRASILEIRA E AMERICANA DO


FEDERALISMO

•Origem do federalismo brasileiro: Centrífuga

• Ocorreu a partir da passagem de um Estado unitário


(Império) para um Estado Federal (federalismo por
segregação).
• Brasil império (07/09/1822 [Independência] a
15/11/1889 [Proclamação da República])
• A força veio do centro para fora – do centro para a
periferia
• Idealizado por Rui Barbosa
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FEDERALISMO BRASILEIRO E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

•A CF de 1988 aumentou a descentralização do poder político e financeiro para as


esferas subnacionais

•Transformou a forma federativa em cláusula pétrea – cláusulas de eternidade:


• O princípio federativo é indissolúvel e não poder ser retirado do corpo
Constitucional de 1988 nem mesmo por Emenda.
• O Estado Brasileiro jamais deixará de ser uma federação, a não ser que
surja uma nova Constituição e, portanto, um novo Estado, obra de um
novo poder constituinte originário.
Confederação Federação
É uma simples pessoa do Direito Público É mais do que uma pessoa do Direito Público: é
uma Estado soberano
Os membros são Estados Os membros não são Estados
As suas atividades se limitam aos negócios A autoridade abrange negócios externos e
externos internos
Guarda-se a nacionalidade dos respectivos Todos tem nacionalidade única: aquela que
Estados decorre do Estado Federal
Os Estados ligam-se por um tratado do domínio Os Estados estão unidos por uma Constituição: o
do Direito Internacional Estado Federal é regulado pelo Direito
Constitucional
Órgão confederal é uma dieta: verdadeiro O órgão central é um parlamento: as decisões
Congresso onde as decisões são tomadas por são tomadas pela lei parlamentar da maioria
unanimidade
Cada Estado guarda o direito de secessão: pode Não há direito de secessão.
romper o pacto e retirar-se A união é perpétua
O Estado que quiser se separar poderá ser
legitimamente coagido pela força da União a
permanecer
Cada Estado tem direito de nulificação, de opor- As decisões centrais são obrigatórias para todos
se às decisões do órgão central os Estados-membros.
A Confederação tende a Federação O Estado Federal tende para o Estado Unitário.
Fonte: Elaborada pelo autor a partir de AZAMBUJA (2003, p. 136-137).
Confederação Federação
1. O vínculo jurídico que une seus membros 1. O vínculo jurídico que une seus membros
é um tratado internacional. é a Constituição.
2. Os Estados são soberanos. 2. Os Estados são autônomos.
3. O pacto confederal é dissolúvel. 3. O pacto federativo é indissolúvel.

4. Há direito de secessão. 4. Não há direito de secessão.

Fonte: Adaptação de LIMA, Marcelo Machado; GÓES, Guilherme Sandoval. Rio de


Janeiro : SESES, 2015, p. 107
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HIERARQUIA DE ESTADOS – Relação de dependência

•União hierárquica que gera relações de subordinação de um para o outro.


•Consequência: Estados não-soberanos ou semi-soberanos.
•Principais formas:
• Vassalagem
• Comum durante a Idade Média
• Tem território próprio
• Constituição independente
• É obrigado a pagar tributos pecuniário e prestar serviço militar ao Estado
soberano
• Compensado com: auxílio e proteção
• Etapa no caminho para independência: transição entre a condição inferior de
província e a condição superior de Estado.
• Ex:
• Sérvia e Rumânia (1856-1878)
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HIERARQUIA DE ESTADOS – relação de dependência

•Principais formas:

• Protetorado

• Associação hierárquica entre dois Estados: um superior em civilização


e força
• Enquanto o Estado vassalo tenta emancipar-se, o protegido tende a
uma sujeição total.
• Tunísia e Marrocos eram Estados protegidos da França.

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