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TRATADO SOBRE OS PRINCÍPIOS QUE REGEM AS ATIVIDADES DOS

ESTADOS NA EXPLORAÇÃO E USO DO ESPAÇO EXTERIOR, INCLUINDO A


LUA E OUTROS CORPOS CELESTIAIS (TRATADO DO ESPAÇO SIDERAL)

Introdução

O Tratado do Espaço Sideral, também conhecido como Tratado do Espaço Exterior,


formalmente intitulado o Tratado sobre os Princípios que Regem as Atividades dos Estados
na Exploração e Uso do Espaço Exterior, incluindo a Lua e Outros Corpos Celestiais, é um
tratado multilateral que estabelece a base da lei espacial internacional.

O tratado foi negociado e redigido nas assembleias das Nações Unidas. Aberto para
assinatura nos Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética em 27 de janeiro de 1967.
Entrou em vigor em 10 de outubro de 1967. Atualmente, 111 países são partes do tratado,
incluindo todas as principais nações com viagens espaciais, enquanto outros 23 são
signatários.

O tratado foi acordado no ápice da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a antiga
União Soviética. Ambas as nações previram a expansão do homem à Lua e além, e queriam
prevenir uma competição míope de âmbito militar ou nacional. O tratado definia o espaço
como uma fronteira humana cuja exploração deveria ser uma avenida para a cooperação
internacional

Com o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais em crescimento na


década de 1950, nações do mundo inteiro demonstraram sua preocupação com os objetos que
poderiam atingir seus alvos através do espaço sideral. Assim, decidiu-se pelo Acordo do
Espaço Sideral.

Relação de informações correspondentes ao processo de vinculação do Brasil ao tratado


e à vigência do diploma.

O Brasil é um dos países que participa ativamente do Tratado do Espaço Sideral. O


país assinou o tratado em 1967 e o ratificou através do Decreto nº 64.362, de 17 de abril de
1969, concordando com os princípios e diretrizes nele estabelecidos. Como signatário, está
comprometido com a exploração pacífica do espaço e a cooperação internacional nesse
campo. Assim, concorda com a limitação do uso da Lua e outros corpos celestiais apenas para
fins pacíficos. A participação do Brasil no tratado contribui para o desenvolvimento de uma
ampla cooperação internacional no campo da exploração espacial.

Principais Disposições do Tratado:

• Proibição de armas nucleares no espaço: O tratado proíbe explicitamente o uso de


armas nucleares no espaço.
• Uso pacífico da Lua e outros corpos celestiais: Limita o uso da Lua e de todos os
outros corpos celestiais apenas para fins pacíficos.
• Exploração livre do espaço: Estabelece que o espaço deve ser explorado e usado
livremente por todas as nações.
• Soberania espacial: Impede qualquer país de reivindicar soberania sobre o espaço
sideral ou qualquer corpo celeste.
• Regulamentação e prevenção de conflitos: Baseando-se no Tratado da Antártica de
1961, o tratado também visa a regular certas atividades e prevenir a exploração
irrestrita que poderia levar a conflitos.
Algumas especificidades do Tratado:
• As nações não podem fazer reivindicações territoriais sobre o espaço sideral.
• A Lua e outros corpos celestes serão usados exclusivamente para fins pacíficos.
• Os astronautas são os enviados de toda a humanidade.
• Os países são responsáveis por suas atividades espaciais nacionais, quer sejam
realizadas por entidades governamentais ou não governamentais.
• Os países são responsáveis pelos danos causados por seus objetos espaciais.
• Os países devem evitar a contaminação nociva do espaço e dos corpos celestes.
• Embora proíba o estabelecimento de bases militares, o teste de armas e a realização
de manobras militares em corpos celestes, o tratado não proíbe expressamente todas
as atividades militares no espaço.
• Não aborda especificamente atividades recentemente desenvolvidas, como
mineração lunar e de asteroides.

Justificativa para celebração do tratado

O tratado foi acordado no ápice da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a antiga
União Soviética. Ambas as nações previram a expansão do homem à Lua e além, e queriam
prevenir uma competição míope de âmbito militar ou nacional. O tratado define o espaço
como uma fronteira humana cuja exploração deve ser uma avenida para a cooperação
internacional.
Na época da Guerra Fria, havia uma corrida armamentista e uma corrida espacial
entre os dois países. Ambas as nações buscavam provar sua superioridade bélica e
tecnológica, incluindo a exploração do espaço.

Surgiram temores de que tecnologias militares espaciais, como satélites equipados


com lasers de destruição em massa, pudessem ser desenvolvidas. O Tratado foi elaborado e
assinado por todos os países signatários para evitar essa possibilidade.

O Brasil propôs a assinatura do referido Tratado pois este foi considerado,


unanimemente, pela ONU pela maioria dos membros da ONU, o ato político-diplomático
mais significativo para o reforço da paz e segurança internacionais desde a assinatura, em
1963, do Tratado de Moscou sobre a suspensão dos testes nucleares na atmosfera, no espaço
cósmico e sob a água.

Efeitos do tratado para a sociedade mundial e brasileira

O Tratado sobre os Princípios que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e


Uso do Espaço Exterior, incluindo a Lua e Outros Corpos Celestiais, desempenhou e
desempenha um papel significativo no âmbito da sociedade mundial e brasileira. Vejamos:

• Base Legal e Fundamentos:


✔ O Tratado do Espaço Sideral forma a base legal para a exploração e uso do
espaço cósmico.
✔ Ele estabelece princípios que regem as atividades espaciais, promovendo a
paz, a cooperação e o uso responsável do espaço.

• Exploração Pacífica:
✔ O tratado enfatiza a exploração pacífica do espaço sideral.
✔ Isso contribui para a segurança internacional, evitando a militarização do
espaço.
• Benefício Global:
✔ O espaço deve ser usado em benefício de todos os povos,
independentemente do estágio de desenvolvimento de cada nação.
✔ Essa abordagem promove a equidade e a cooperação internacional.
• Proibição de Armas Nucleares:
✔ O tratado proíbe a colocação de armas nucleares ou de destruição em massa
no espaço.
✔ Isso contribui para a estabilidade e a prevenção de conflitos.
• Responsabilidade Internacional:
✔ Os Estados são responsáveis internacionalmente por suas atividades espaciais.
✔ Isso fortalece a prestação de contas e a confiança entre as nações.
• Regulação e Prevenção de Conflitos:
✔ Assim como o Tratado da Antártica, o Tratado do Espaço Sideral foca na
regulação de atividades e na prevenção de competição desenfreada.
✔ Ele busca evitar conflitos e promover o uso civil e pacífico do espaço.
Um bom exemplo do que o Tratado do Espaço Sideral passou a significar é a
Estação Espacial Internacional, que tem tido uma presença humana contínua por quase 14
anos e já foi visitada por astronautas e cosmonautas de 15 países diferentes. Outro exemplo é
o esforço internacional para explorar o planeta Marte.
Para a sociedade brasileira, a assinatura do tratado significa a sua participação na
exploração espacial sem a preocupação de conflitos bélicos no espaço. Também pode
colaborar com outras nações em projetos espaciais conjuntos, compartilhando recursos e
conhecimentos. Com isso, vimos muitos benefícios à sociedade brasileira, pois a exploração
espacial é compartilhada por todos, sem exclusividade.

Conclusão

O Tratado do Espaço Sideral promove a paz, a cooperação e a exploração científica,


beneficiando não apenas o Brasil, mas toda a humanidade. Possibilitou a paz mundial num
momento em que o mundo vivia uma crise diplomática sem precedentes e na iminência de
mais uma guerra mundial.
O Brasil se beneficiou consideravelmente do tratado uma vez que pode participar de
estudos, pesquisas e missões relacionadas ao tema. Um bom exemplo disso foi a Missão
Centenário que, em 29 de março de 2006, levou ao espaço, à Estação Espacial Internacional,
o primeiro astronauta brasileiro, o paulista Marcos Pontes, um piloto da Força Aérea
Brasileira e engenheiro aeroespacial. Foi o primeiro sul-americano a ir ao espaço. Hoje é
senador da República. Ele fez parte da tripulação da nave russa Soyuz TMA-8, que contou
com tripulantes de outras duas nacionalidades.
A viagem de Marcos Pontes à ISS representa um marco importante na história da
exploração espacial brasileira e inspira futuras gerações de cientistas e astronautas.
Referências Bibliográficas

SILVA. Alexandre Pereira da. A política externa brasileira para os grandes espaços: o
espaço cósmico, a antártida e a expansão da plataforma continental. Revista SÉCULO
XXI, Porto Alegre, V. 2, Nº2, Jul-Dez 2011. Disponível em:
https://seculoxxi.espm.br/xxi/issue/view/14. Acesso em: 14 abril de 2024.

BRASIL. Decreto nº 64.362, de 17 de abril de 1969. Promulga o Tratado sobre Exploração


e Uso do Espaço Cósmico. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1969.

BRASIL. Decreto Legislativo nº 41, de 2 de outubro de 1968. Aprova o Tratado sobre


Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico,
inclusive a Lua e demais Corpos Celestes, adotado pela Assembléia-Geral das Nações
Unidas, em 19 de dezembro de 1966. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1968.

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