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Caso Prático - Conflitos Constitucionais

Aluno: Darlan Ramos de Oliveira

1- A Constituição de El Salvador prevê, em seu artigo 172:


“Os Magistrados e Juízes, nas matérias referentes ao exercício das funções
jurisdicionais, são independentes e estão sujeitos exclusivamente à Constituição e
à lei.”.

Reza o artigo 186:


“Podem ser destituídos pela Assembleia Legislativa por causas específicas
previamente estabelecidas em lei. É necessário o voto favorável de pelo menos
dois terços dos Deputados eleitos para elegê-los, bem como para destituí-los do
cargo.”.

Logo, se ao menos 2/3 dos Deputados da Assembleia Legislativa votaram


favoravelmente pela destituição a resposta é sim, o procedimento é previsto na
Constituição, portanto, legal.

Em relação à destituição da Procuradora-Geral da República, diz o artigo 236:

O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Deputados, os Nomeados para a Presidência,


os Ministros e Vice-Ministros do Estado, o Presidente e Magistrados do Supremo Tribunal de
Justiça e das Câmaras de Segunda Instância, o Presidente e os Magistrados do Tribunal de
Contas da República, o Procurador-Geral da República, o Procurador-Geral da República, o
Procurador para a Defesa dos Direitos do Homem, o Presidente e Magistrados do Tribunal
Supremo Eleitoral, e os representantes diplomáticos respondem perante os Assembleia
Legislativa pelos crimes oficiais e comuns que cometem.

A Assembleia, ouvido o deputado acusador e o acusado ou defensor especial, conforme o caso,


declarará se há ou não fundamento para o julgamento. Na primeira hipótese, o processo será
remetido à Câmara de Segunda Instância prevista em lei, para julgamento em primeira instância;
e neste último caso, o caso será arquivado. As decisões proferidas pela referida Câmara serão
proferidas em segunda instância por uma das Seções do Supremo Tribunal de Justiça, e em
cassação pelo tribunal pleno.

Por conseguinte, se a destituição atendeu ao critério estabelecido pelo artigo 236


da Constituição de El Salvador, o procedimento é legal.

Apesar de os Poderes serem tripartidos, para que haja violação aos direitos
humanos é preciso declarar tais artigos inconstitucionais.

A Declaração dos Direitos Humanos não prevê manutenção de quaisquer cargos


de forma peremptória, especialmente, por cometimentos de ilícitos julgados por
representantes legítimos do povo soberano.

2- Diz o artigo 146:

Não podem ser formalizados nem ratificados tratados nem concedidas concessões
que, de qualquer forma, alterem a forma de governo ou prejudiquem ou prejudiquem
a integridade do território, a soberania e independência da República ou os direitos e
garantias fundamentais da pessoa humana.

O decretado no parágrafo anterior aplica-se aos tratados ou contratos internacionais


com governos ou empresas nacionais ou internacionais em que o Estado
salvadorenho se submeta à jurisdição de um tribunal de um Estado estrangeiro.

O precedente não impede que, tanto nos tratados como nos contratos, o Estado
salvadorenho submeta a decisão, em caso de controvérsia, a uma arbitragem ou a um
tribunal internacional.

O representante autorizado a firmar tratados internacionais é o presidente da


república, conforme artigo 168, 4, da Constituição de El Savador.

3- O controle constitucional de El Savador é realizado pelo Supremo Tribunal


Federal, nos exatos termos dos artigos 182 e 183:
Artigo 182
As competências do Supremo Tribunal de Justiça são:

1. Ouvir casos em amparo;

2. Resolver disputas que surjam entre os tribunais de qualquer jurisdição


(fuero) ou natureza;

3. Tomar conhecimento dos casos de prêmios (causas de presa) e daqueles não


reservados a outra autoridade; ordenar a expedição de cartas ou comissões rogatórias
criadas para realizar procedimentos fora da República e exigir o cumprimento dos
procedentes de outros países, sem prejuízo do disposto nos tratados existentes; e
conceder a extradição;

4. Conceder, nos termos da lei e quando necessário, autorização para a execução


de sentenças proferidas por tribunais estrangeiros;

5. Cuidar para que a justiça seja administrada pronta e fielmente, para o que
adotará as medidas que julgar necessárias;

6. Conhecer a responsabilidade dos funcionários públicos nos casos previstos na


lei;

7. Julgar os casos de suspensão ou perda dos direitos de cidadania nos casos


previstos nos números 2 e 4 do artigo 74.º e nos números 1, 3, 4 e 5 do artigo 75.º
desta Constituição, bem como da correspondente reabilitação;

8. Emitir pareceres e pareceres sobre pedidos de indulto e alteração de pena;

9. Nomear Magistrados das Câmaras de Segunda Instância, Juízes de Primeira


Instância e Juízes de Paz a partir das listas de três candidatos (ternas) propostas pelo
Conselho Nacional da Magistratura; assim como os Médicos Forenses e os
funcionários de seus escritórios dependentes; destituí-los, reconhecer suas renúncias
e conceder-lhes licença;

10. Nomear juízes associados nos casos previstos em lei;

11. Receber, pessoalmente ou por meio de funcionários por ela designados, o


juramento constitucional de posse dos funcionários por ela designados;

12. Admitir advogados e autorizá-los a exercer a sua profissão; suspendê-los por


incumprimento de obrigações profissionais, por negligência ou ignorância grave,
conduta profissional antiética ou conduta privada notoriamente imoral; desqualificá-
los por venalidade, suborno, fraude, engano e outros, e restabelecê-los por motivos
legais. Nos casos de suspensão e inabilitação, procederá na forma prevista em lei e
decidirá apenas sobre a força moral da prova. Os mesmos poderes serão exercidos
em relação aos notários;

13. Elaborar a proposta orçamentária dos salários e despesas na administração da


justiça e enviá-la ao Órgão Executivo para inclusão, sem modificações, na proposta
do Orçamento Geral do Estado. A Assembleia Legislativa consultará o Supremo
Tribunal de Justiça para os ajustes orçamentários que julgar necessários a esta
proposta de orçamento;

14. Os demais determinados por esta Constituição e pela lei.

Artigo 183
O Supremo Tribunal de Justiça, através da Divisão Constitucional, é o único
tribunal competente para declarar a inconstitucionalidade de leis, decretos e
regulamentos, pela sua forma ou conteúdo, de forma geral e obrigatória,
podendo fazê-lo a pedido de qualquer cidadão.

4- A constituição espanhola, em minha opinião, é mais frágil do que a de El


Salvador e do Brasil, pois o Rei nomeia os cargos mais importantes: presidente
do Supremo Tribunal (art. 123, 2); procurador-geral (art. 124, 4); os 20 (vinte)
membros do Conselho Geral do Poder Judiciário (art. 122, 3); o próprio
presidente que é eleito pela Assembleia, é nomeada, ao final, pelo rei (art. 152).
Pedro Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol é o atual Presidente de
Governo da Espanha desde 02 de junho de 2018, quando foi designado para tal
cargo pelo rei Felipe VI. (Wikipedia). Os 12 (doze) membros do Tribunal
Constitucional (art. 159) assim como seu presidente (art. 160).

Ou seja, a divisão dos Poderes na Espanha não ocorre, pois o poder fica
concentrado nas mãos de um monarca. A diferença é que, a partir de então, o Rei
governa mediante a máscara da tripartição dos poderes.

Não estamos mais na idade média para acreditar que o rei é o próprio Deus,
logo, tanto poder concentrado é perigoso à nação.

Tamanho o absurdo faz com que o rei espanhol resida em outra nação, os
Emirados Árabes Unidos.

“O rei espanhol, Juan Carlos, vive em Abu Dhabi desde agosto de 2020, após um
escândalo financeiro relacionado com o suposto recebimento de alegadas comissões
milionárias para as obras do comboio de alta velocidade para Meca (Arábia Saudita),
entre outros casos, que já foram arquivados pela Justiça espanhola.”. (ÉPOCA,
2022).
Difícil imaginar que em uma Monarquia, ainda que parlamentarista, o Ministério
Público oferecesse denúncia ou, algum magistrado, condenasse o REI, especialmente,
os nomeados por ele próprio, pois se tratam de todos.

Paralelamente a tantos escândalos em um país europeu, a preocupação mesmo


da ONU é com a separação dos poderes em países como a Venezuela ou El Salvador.

“Zeid pediu aos juízes que reconsiderem a decisão porque “a separação de


poderes é essencial para o funcionamento da democracia”. Ele disse ainda
que “para manter os espaços democráticos abertos é essencial garantir a
proteção dos direitos humanos”. (ONU News, 2017).

Não se pode afirmar, todavia, que a Espanha carece de democracia. O povo é


soberano até para decidir que o Rei é o legítimo soberano.

Se o anseio do povo espanhol é manter a tradição da idade média, e, se casos


de corrupção não são suficientes para alterar o regime daquele país, não pode haver
direito internacional que obrigue tal povo a eleger representantes que atuem em
sentido contrário.

As aspirações traduzidas em normas são válidas (e cognitivamente legítimas)


para serem tratadas como aspirações de verdade (HABERMAS, 1991), citado por
Spector, citado por Material Funiber (2022). Eis o modelo de legitimação democrática.

5-

O Tribunal Constitucional, nos termos do artigo 161 da Constituição Espanhola,


possui jurisdição em todo território espanhol. Além de ser competente para recursos de
inconstitucionalidade; recursos de amparo por violação dos direitos e liberades;
conflitos de competência entre o Estado e Comunidades Autonomas e demais matérias
atribuídas pela Constituição ou leis orgânicas?

“O Tribunal Constitucional tem jurisdição em todo o território espanhol e é


competente para conhecer:
a) Do recurso de inconstitucionalidade contra leis e disposições normativas com
força de lei. A declaração de inconstitucionalidade de uma norma jurídica com força
de lei, interpretada pela jurisprudência, afetará esta, se bem que a sentença ou
sentenças em causa não perderão valor de caso julgado.
b) Do recurso de amparo por violação dos direitos e liberdades referidos no artigo
53, número 2, desta Constituição, nos casos e formas que a lei estabeleça.
c) Dos conflitos de competência entre o Estado e as Comunidades Autónomas ou
dos conflitos destas entre si.
d) Das demais matérias que lhe sejam atribuídas pela Constituição ou pelas leis
orgânicas.

Referências:
 Constituição de El Salvador. Disponível em Constituição de El Salvador de 1983
(revisada em 2014) - Jus.com.br | Jus Navigandi;
 Constituição da Espanha. Disponível em Constituição da Espanha de 1978
(revisada em 2011) - Jus.com.br | Jus Navigandi;
 ONU News. 2017. Disponível em ONU diz que é preciso preservar separação de
poderes na Venezuela | ONU News;
 Wikiepedia. Política da Espanha – Wikipédia, a enciclopédia livre
(wikipedia.org);
 Época Negócios. 2022. Rei emérito Juan Carlos visita Espanha após dois anos de
exílio - Época Negócios | Mundo (globo.com);
 Material Funiber. 2022.

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