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PROCESSO
ADMINISTRATIVO E
CONSTITUCIONAL
Milena Barbosa
de Melo
Habeas data
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Entre os elementos fundamentais à condição humana numa sociedade
democrática de direito, a liberdade de informação é de extrema impor-
tância. Afinal, é um elemento essencial para sedimentar a democracia
dos atos praticados pelo Estado.
Nesse sentido, na Constituição Federal (CF), encontra-se disposto no
art. 5º, LXXII (BRASIL, 1988), o remédio constitucional do habeas data. Ele
é uma maneira de o indivíduo acessar as informações pessoais contidas
em registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público. Há, ainda, a possibilidade de se retificarem dados inexatos
que se encontram registrados em órgãos ou entidades governamentais.
Neste capítulo, você vai estudar as questões gerais e específicas que
estão relacionadas com o funcionamento do habeas data. Além disso, vai
analisar as hipóteses de cabimento e a legitimidade para impetrar esse
remédio constitucional. Por fim, você vai estudar o procedimento de
criação do habeas data e ainda analisar a jurisprudência acerca do referido
remédio constitucional nos organismos judiciários superiores no Brasil.
Dessa maneira, você pode notar que esse remédio constitucional tem viés
garantista e não declaratório.
Segundo Mello (BRASIL, 2006b), o habeas data configura remédio jurídico processual,
de natureza constitucional, que se destina a garantir em favor da pessoa interessada
o exercício da pretensão jurídica discernível.
Acesse o link a seguir para ler sobre o habeas data como instrumento garantidor dos
direitos fundamentais.
https://goo.gl/nXQNXR
O habeas data não pode ser confundido com o direito à obtenção de certidões em
repartições públicas. Ao pleitear certidão, o solicitante deve demonstrar que o faz para
defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (BRASIL, 1988,
art. 5º, XXXIV, b). No habeas data, basta o simples desejo de conhecer as informações
relativas à sua pessoa, independentemente da demonstração de que elas se prestarão
à defesa de direitos (DECOMAIN, 2010).
Leia a Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009 (BRASIL, 2009), essa lei estabelece, em
seu art. 1º, que será concedido mandado de segurança para proteger direito líquido
e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.
Acesse o link a seguir para conferir o relato do ministro do STF Luiz Fux a respeito do
uso de habeas data para acesso a informações tributárias:
https://goo.gl/k2qhus
O art. 216 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (BRASIL, 2017) esta-
belece que no habeas data serão observadas as normas da legislação de regência.
Enquanto estas não forem promulgadas, será observado o Código de Processo Civil.
Igualmente, a Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990, art. 24, parágrafo único, estabelece
que no habeas data serão observadas, no que couberem, as normas do mandado de
segurança, enquanto não editada legislação específica (BRASIL, 1990). Sucede que
a Lei nº 9.507/1997 trata apenas da competência de juízo, mas nada dispõe sobre a
competência do foro, nem dispõe sobre essa competência o mandado de segurança
(ALVIM, 2013).
Leituras recomendadas
ÂMBITO JURÍDICO. Habeas corpus: remédio constitucional ou panaceia univer-
sal? Jusbrasil, 2013. Disponível em: <https://ambito-juridico.jusbrasil.com.br/noti-
cias/100137248/habeas-corpus-remedio-constitucional-ou-panaceia-universal>.
Acesso em: 29 mar. 2018.
DIREITO INTEGRAL. Mandado de segurança, habeas data e direito à informação: comen-
tários à lei 12016/2009 – parte I. c2013. Disponível em: <http://www.direitointegral.
com/2009/10/mandado-seguranca-habeas-data.html>. Acesso em: 09 abr. 2018.
IPEA. Panaceia universal ou remédio constitucional?: habeas corpus nos tribunais supe-
riores. Brasília, DF: Ipea, 2015.