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DIREITO

AUTORAL

Cinthia Lousada
Busca de patentes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer o que é a busca de patentes.


 Aplicar a busca de patentes na base de dados do Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI).
 Identificar ferramentas internacionais de pesquisa de patentes.

Introdução
Para subsidiar o pedido de patente, é essencial analisarmos os pedidos
de patentes já depositados e relacionados ao invento que pretendemos
registrar. A busca de patentes auxilia a redação do novo pedido e indica o
respectivo estado da técnica. É por meio dos bancos de dados de patentes
que se viabilizam as buscas, uma vez que a busca em um banco de dados
é um importante mecanismo de apoio à pesquisa e pode contribuir com
prospecção tecnológica, identificação de nichos de mercado por meio
de empresas com interesse na tecnologia desenvolvida e elaboração de
alternativas técnicas para a solução de problemas.
Neste capítulo, você vai ler a respeito do que são as buscas de pa-
tentes, para que servem e como operam nos mecanismos de busca do
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), bem como de outras
bases internacionais.

O que é a busca de patentes?


Com a finalidade de subsidiar o pedido de patente, é fundamental analisarmos
os pedidos de patentes relacionados ao invento que se pretende registrar, pois,
além de auxiliar na redação do novo pedido, a busca pode indicar o estado da
técnica. Podemos destacar que o estado da técnica se forma por tudo o que
é disponibilizado ao público, antes da data de depósito do pedido de patente.
2 Busca de patentes

A busca de patentes também pode ser utilizada para referenciar a tecno-


logia do invento, e existem documentos que devem ser citados no pedido de
patente, tendo em vista que ajudam a comprovar as suas vantagens e os seus
benefícios, de maneira que um especialista no assunto possa compreendê-la,
comprovando as melhorias apresentadas pela invenção.
Por meio de uma busca no INPI, percebemos que grande parte dos pedidos
de patente é indeferida basicamente por falta de novidade, falta de ato inventivo
ou falta de aplicação industrial. Além de apoiar a elaboração de um documento
de patente, a busca em um banco de dados é um importante mecanismo de
apoio à pesquisa e pode ser utilizada com diversas finalidades como:

 prospecção tecnológica;
 percepção de tendências, por meio do estado da técnica e do histórico
do invento;
 identificação de nichos de mercado por meio de empresas com interesse
na tecnologia desenvolvida;
 desenvolvimento de alternativas técnicas para a solução de problemas.

As bases de dados da busca de patentes são constituídas por documentos completos


com acesso por meio eletrônico, o que facilita a pesquisa. O hábito de pesquisar
patentes deve ser cada vez mais incentivado entre os inventores, considerando que a
maior parte da informação tecnológica está em patente, e a falta de pesquisa resulta
em projetos redundantes e gastos desnecessários.

Os documentos de patentes ainda possuem uma peculiaridade especial em


relação aos outros documentos — são muito mais completos e detalhados.
Sobre esse aspecto, destacam-se as seguintes características:

 suficiência descritiva;
 dados bibliográficos com campos específicos;
 informações atualizadas sobre o estado da técnica.
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Nesse sentido, o próprio site do INPI, ao apresentar a busca de patentes,


informa que:

[...] a documentação de patentes é a mais completa entre as fontes de pesquisa.


Estudos revelam que 70% das informações tecnológicas contidas nestes docu-
mentos não estão disponíveis em qualquer outro tipo de fonte de informação.
De acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI),
o número de pedidos de patente é da ordem de 2,5 milhões a cada ano, que
resultam em cerca de 1,2 milhões de patentes concedidas por ano. Empre-
sas nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa utilizam, cada vez mais, este
instrumento como insumo estratégico de importância fundamental em suas
atividades competitivas, tais como: desenvolvimento de novas tecnologias,
monitoramento de concorrentes, identificação de tendências tecnológicas,
investimentos. Cabe ressaltar que entende-se por documento de patente,
as patentes já concedidas, como também os pedidos de patente ainda não
examinados (BRASIL, 2016).

Existem várias bases de pesquisa de patentes, sendo que há opção de


busca rápida ou avançada. A busca avançada, no entanto, possibilita pesquisar
especificamente o que instrui o sistema de busca, permitindo resultados mais
precisos. Em geral, as buscas seguem as seguintes etapas:

 definição da matéria a ser pesquisada;


 delimitação do campo de busca;
 elaboração da estratégia de busca: escolha da base de dados, palavras-
-chave, datas-limite, campo de busca, entre outras permitidas;
 levantamento dos documentos;
 análise dos documentos.

Ainda, cabe mencionarmos que muitas bases de pesquisa são gratuitas,


com acesso a milhões de referências sobre patentes em todo o mundo, o que
facilita o acesso à informação tecnológica e permite melhor fundamentação
e desenvolvimento das invenções.

Busca de patentes no INPI


O INPI permite que qualquer interessado pesquise sobre patentes na sua base
de dados, disponibilizando, inclusive, um tutorial para a sua realização. A
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busca básica inclui quatro bases, abordadas na próxima seção deste capítulo;
já a busca avançada abrange a busca por:

 depositante;
 inventor;
 palavras-chave;
 classificações internacionais de patentes.

A ferramenta apresenta, ainda, a possibilidade de busca por compostos


químicos, em bases gratuitas.

Busca por depositante


A busca por depositante requer que, no campo nome do depositante, seja
informado o nome a ser pesquisado, entre aspas, ou combinando as palavras
com o operador lógico “and”. A Figura 1 apresenta um exemplo de pesquisa
por nome do depositante.

Figura 1. Exemplo de pesquisa por nome do depositante.


Fonte: Brasil (2017).

Da mesma forma, na busca por Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica


(CNPJ), devemos considerar o cadastro de matriz e de filiais:

Busca por inventor — a melhor forma de realizar uma busca pelo nome do
inventor é por meio do seu nome completo. Se não houver certeza quanto ao
nome, devemos considerar todas as alternativas no que se refere à grafia e à
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fonética, tendo em vista que o nome inserido é pesquisado em qualquer posição,


podendo render resultados tanto no nome quanto no sobrenome.

Busca por palavra-chave — na busca por palavras-chave, devemos considerar


sempre o nome técnico. Por exemplo, para a busca de cotonetes, podemos
pensar que haste flexível com ponta de algodão é o nome adequado; contudo,
ao nos engajarmos em pesquisas sobre o termo, perceberemos que as expres-
sões suabe e zaragatoa são os termos que melhor apresentam resultados para
essa pesquisa.

Zaragatoa é sinônimo de suabe, que, por sua vez, significa “material absorvente, preso
a uma haste, que serve para coletar materiais para exame (por meio de absorção e
atrito), aplicar medicamentos ou limpar cavidades e ferimentos”.

Busca por compostos químicos — a busca por compostos químicos pode


envolver diversas estratégias e bases de dados, considerando também que po-
dem ser necessárias diversas tentativas para alcançarmos o resultado esperado,
fazendo uso de nomes químicos, variações e classificações.

Outras bases de pesquisa


Além da base de pesquisa disponibilizada pelo INPI, outras fontes podem ser
consultadas sobre patentes, que podem ser públicas ou privadas. Como fontes
públicas, destacamos:

Espacenet — é organizada e gerenciada pelo Escritório Europeu de Patentes


(EPO) e conta com mais de 80 milhões de documentos de patente de cerca
de 80 países, inclusive do Brasil. Permite a pesquisa nos dados bibliográficos
dos documentos de patentes, bem como o acesso ao texto completo de grande
parte desses documentos. Essa ferramenta permite também a busca pela
Classificação Internacional de Patentes (IPC) ou pela Classificação de Patentes
Europeia (ECLA), usando as palavras-chave em inglês.
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Base de Patentes do Escritório Americano de Patentes e Marcas (USPTO) —


o USPTO oferece acesso a duas bases de dados de patentes, uma de pedidos
de patente e outra de patentes concedidas nos Estados Unidos. É possível
realizar buscas no texto completo das patentes concedidas a partir de 1976 e
também acessar as imagens dos documentos a partir de 1790, com a ressalva
de que somente pedidos depositados e publicados nos Estados Unidos poderão
compor as duas bases.

Base de patentes do LATIPAT — organizada e gerenciada pelo EPO, dispo-


nibiliza o acesso a uma base de dados com mais de 1,5 milhão de informações
bibliográficas e imagens de documentos de patentes de 18 países da América
Latina: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador,
El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru,
República Dominicana, Uruguai, além da Espanha. A base teve origem por meio
de uma parceria entre a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI),
EPO, Oficina Espanhola de Patentes e Marcas (OEPM) e de mais de 19 escritórios
de patentes da América Latina. As buscas possíveis são rápida, avançada, numé-
rica e pela classificação, sendo que existem duas bases de pesquisa disponíveis:
a Worldwide (contendo informação de mais de 80 países) e a LP — Espacenet,
com informação de 19 países latino-americanos e a Espanha. Ressaltamos que
o mecanismo de busca dessa ferramenta é semelhante ao do Espacenet, uma vez
que o EPO é responsável pelo gerenciamento de ambas as bases.

Patentscope — é um portal que possibilita o acesso a atividades e serviços


relacionados ao Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT), orga-
nizado e gerenciado pela OMPI, que disponibiliza o acesso a uma base que
contém mais de 1,5 milhão de pedidos de patente depositados via PCT, per-
mitindo a busca em texto completo, além das coleções de pedidos depositados
em alguns países, como México, Peru e Brasil. A busca pode ser realizada em
vários idiomas, por meio de vários operadores e campos de busca, permitindo
encontrar dados da entrada na fase nacional do pedido no PCT e, ainda, acesso
a outras informações relacionadas a patentes, como proteção ao conhecimento
tradicional. Outra informação oferecida pelo Patentscope é a possibilidade
de inserir os resultados de uma busca na forma de tabelas e gráficos, o que
facilita a visualização dos resultados da pesquisa efetuada.
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Google Patents — desde 2006, o Google também disponibiliza uma base


de patentes e pedidos de patentes com texto completo de 17 escritórios de
patentes do mundo, incluindo China, Japão, Coreia do Sul, Rússia, Dinamarca,
Finlândia, entre outros.

Para consultar essas bases, acesse os respectivos sites:


 USPTO — https://goo.gl/ejn6lD
 Espacenet — https://goo.gl/5GJ8F
 Latipat — https://goo.gl/aTnC8h
 Patentscope — https://goo.gl/PNi6x5
 Google Patents — https://goo.gl/eWrRs

BRASIL. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Busca de patentes. 2016. Dispo-


nível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/informacao/busca-de-patentes>.
Acesso em: 8 jan. 2018.
BRASIL. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Guia prático para buscas de
patentes. 2017. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/informacao/
guia-pratico-para-buscas-de-patentes>. Acesso em: 8 jan. 2018.

Leituras recomendadas
BUSCA de patentes. [200-?]. Disponível em: <http://www.cct.udesc.br/arquivos/
id_submenu/1311/busca_de_patentes.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2018.
SUABE. In: Dicionário net. 2017. Disponível em: <http://dicionarionet.com/palavra/
suabe>. Acesso em: 8 jan. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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