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Curso de Busca de Informações de Patentes - DL 318 P BR

Observação de ensino: Este módulo requer cerca de 25 horas de estudo. A


intenção não é que você estude o módulo de uma vez só, mas por vários períodos
de 2 a 3 horas, de modo a ter tempo para assimilar as informações fornecidas.
Queira levar em conta o fato que você DEVE ter um acesso à Internet para realizar
as buscas indicadas. Sempre que forem sugeridos links da internet, favor visitá-los.

Observação importante:
Nos exercícios e atividades a seguir, o número de ocorrências (ou seja, o número
de resultados ou de documentos encontrados) poderá ser fornecido. No entanto,
esses números são meramente indicativos, já que as bases de dados online são
atualizadas com frequência e o número de ocorrências muda permanentemente.
Além disso, considerando que a funcionalidade e a configuração da tela também
mudam com regularidade, o que você vê em sua tela pode diferir daquilo que é
mostrado no Módulo. A Academia não se responsabiliza pelas modificações
visuais realizadas pelas bases de dados de patentes. Agradecemos se você puder
alertar o seu tutor ou a administração do curso sempre que encontrar
modificações funcionais em uma base de dados de patentes durante a realização
do curso, para que possamos adaptar as imagens no conteúdo do curso

MÓDULO 2: DIFERENTES TIPOS DE BUSCA


DE PATENTES; UTILIZAÇÃO ESTRATÉGICA
DAS INFORMAÇÕES DAS PATENTES
Resultados de aprendizado

Depois de concluir este módulo com sucesso, os estudantes poderão:


 Identificar as razões pelas quais são efetuados os seguintes tipos de busca de
informações sobre patentes, e realizar na prática cada uma dessas buscas:
o buscas por estado da técnica
o buscas de anterioridade/patenteabilidade
o buscas de validade
o buscas por nome
o buscas por atividade tecnológica
o buscas por liberdade de operação e por situação jurídica
 descrever a forma como são estruturados os documentos de patente e o tipo de
informação que pode ser achado nas seguintes partes de um documento de patente:
o resumo
o reivindicações
o classificação
o descrição
o datas
o nomes
 discutir a maneira de analisar informações sobre patentes para sua utilização
estratégica na concessão de licenças, em fusões e aquisições, na pesquisa e no
desenvolvimento, bem como na gestão de recursos humanos.
DL 318P BR - Módulo 2 (V7)
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Conteúdo do Módulo
2.1 Que informações estão incluídas em um documento de patente?
a) Título;
b) Resumo;
c) Descrição, Desenhos, Reivindicações;
d) Número(s) da Patente/Publicação/Pedido/Prioridade;
e) Datas;
f) Classificações;
g) Inventor, depositante, titular;
h) Citações;
i) Escritório de Examinadores/de Advocacia
j) Informações sobre o país
k) Famílias de Patente
2.2. Diferentes tipos de buscas de patentes
Introdução
2.3 Buscas do estado da técnica
Atividade de busca 1: Geração de eletricidade
2.4 Buscas de anterioridade/patenteabilidade
Atividade de busca 2: Sulcador
Atividade extra
Atividade de busca 3: Ferramentas elétricas
2.5 Buscas da validade: É válida esta patente? Ela poderia ser contestada juridicamente?
Atividade de busca 4: Bicicleta
2.6 Buscas pelo nome: Quais as invenções de certa pessoa ou empresa?
Atividade de busca 5: Rádio e Telefone sem fio
Atividade de busca 6: Rádio de manivela
Atividade de busca 7: Fones
Atividade de busca 8: Adoçante
2.7 Buscas da atividade tecnológica (evolução tecnológica): Como a tecnologia evoluiu
no tempo e quem participou do seu desenvolvimento?
Atividade de busca 9: Medicamento à base de mel
2.8 Buscas da liberdade de operação ou da situação jurídica: Será que posso produzir
e/ou comercializar tal produto em tal país? Será que a patente foi concedida? Será que ela está
em vigor?
Atividade de busca 10: Alojamento de emergência
Atividade de Busca 11: Sensor para oleodutos
2.9 Análise das informações das patentes para sua utilização estratégica
2.9.1 Introdução
2.9.2 Estratégia de concessão de licenças
2.9.3 Apoio a fusões e aquisições (F&A)
2.9.4 Orientação da gestão de pesquisa e desenvolvimento (P&D)
2.9.5 Gestão de recursos humanos
2.9.6 Utilização do Pensamento Criativo - análise qualitativa das patentes
2.10 Sugestões de leitura
2.11 Perguntas para autoavaliação

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2.1 Que informação está incluída em um documento de patente?

No Módulo 1, discutimos brevemente as várias funções de um “documento de


patente”. Na presente seção do Módulo 2, vamos examinar rapidamente, mas de mais
perto, a organização de um documento de patente, e dar curtas descrições das
características específicas de um documento de patente que fazem desses documentos
fontes extremamente úteis de informações tecnológicas. A “Atividade de Busca” proposta na
Parte 1 deste módulo deverá fornecer ferramentas para apreciar as informações contidas no
documento de patente.
Importante destacar que, muitas vezes para que um documento de patente alcance
seu objetivo final de se transformar em patente concedida, ele passa primeiro por um
exame pormenorizado do inventor e depois, pelo examinador competente na matéria do
tema da invenção reivindicada. E, muitas vezes, ele passará por agentes de propriedade
industrial ou por consultores jurídicos ligados à patente, que foram contratados pelo
requerente. Em função desses diversos exames, o documento de patente oferece
vantagens claras, em termos de viabilidade, se comparado a outras fontes de informações
tecnológicas. Tal viabilidade se deve ao fato que um documento de patente é aperfeiçoado
e otimizado com vista a atender aos critérios estritos impostos pelo sistema das patentes.

Quais são, portanto, as várias partes de um documento de patente?

As partes de um documento de patente foram estabelecidas, no âmbito dos tratados


internacionais relacionados à PI administrados pela OMPI, dos quais os países membros
são signatários. Assim, a OMPI fornece diversos padrões, disponíveis em:
http://www.wipo.int/standards/es/part_03_standards.html
No caso do Brasil, a lei 9279 de 14/05/1996 (Lei da Propriedade Industrial - LPI), no
art. 19, estabelece que, além do requerimento e do comprovante de pagamento, o pedido
de patente deverá conter as seguintes partes:
• Informações bibliográficas - folha de rosto;
• Relatório descritivo;
• Reivindicações;
• Desenhos (se for o caso);
• Resumo;
• Listagem de sequência (se for o caso).

Folha de Rosto - Dados Bibliográficos

Para a folha de rosto do documento de patente, a OMPI estabelece padrões para os


dados bibliográficos. O Brasil, por meio do INPI, segue os padrões estabelecidos pela WIPO
para disponibilizar sua documentação na base. Assim, as folhas de rosto do documento de
patente devem apresentar, em geral: título; resumo; classificação internacional de patente
(IPC e agora a CPC); data de depósito do pedido; data de publicação; nome do depositante
do pedido / detentor da patente; nome do inventor (se ele não se manifestar contrário);
nome do procurador; data da prioridade unionista (se foi solicitada a prioridade); figura
principal (se houver).
Para facilitar a identificação das informações chave em documentos de patente
escritos em idiomas estrangeiros, praticamente todos os dados da folha de rosto destes
documentos são codificados com números, chamados Códigos INID (Internationally Agreed
Numbers for the Identification of Data).

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Exemplos de alguns códigos:

(11) Número da patente ou do documento de patente;


(21) Número designado ao documento quando de seu depósito;
(30) Dados sobre o primeiro depósito (prioridade do documento);
(22) Data de depósito do pedido;
(71) Nome do depositante;
(72) Nome do inventor, se conhecido;
(73) Nome de quem detém os direitos sobre a patente;
(74) Nome do procurador ou agente;
(51) Classificação Internacional de Patente (IPC);
(54) Título da Invenção;
(57) Resumo do conteúdo do documento; etc.

Se desejar conhecer a lista com todos os códigos INID, é necessário consultar o


Padrão ST.9 estabelecido pela OMPI, que está disponível no seguinte link:
http://www.wipo.int/standards/en/pdf/03-09-01.pdf. Nas Figuras 25 e 26, é possível
visualizar os códigos INID em documentos estrangeiros em chinês e em alemão:

Figura 25: Documento de patente chinês com os Códigos INID

Fonte: Portal da OMPI (ou WIPO).

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Figura 26: Documento de patente alemão com os Códigos INID

Fonte: Portal da OMPI (ou WIPO).

A seguir, cada parte do documento de patente é explicada separadamente.

a. Título
O documento de patente tem um título que indica a essência da invenção, para a qual
é redigido o documento de patente. Cada documento terá necessariamente um título, que
indique em poucas palavras qual é a invenção. Isto é particularmente útil ao pesquisador de
patentes já que possibilita a ordenação da multiplicidade de documentos de patente
relacionados à tecnologia que é buscada. Desta forma, o título também poderá auxiliar na
busca do documento de patente pelos interessados.

b. Resumo
Um documento de patente contém geralmente um resumo (Figura 27), que apresenta
uma breve resenha da invenção. Os resumos permitem que o leitor possa ter uma ideia
geral do conteúdo do documento em poucos minutos, ou seja, num tempo muito inferior ao
que seria necessário para ler o texto completo do documento de patente. O resumo
geralmente é muito útil na busca dos documentos de patente nas bases.

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Figura 27: Resumo em documento de patente italiano (IFPI)

Fonte: Base Espacenet (EPO).

c. Descrição, Desenhos, Reivindicações


Os documentos de patente apresentam geralmente uma estrutura bastante uniforme
que facilita a extração de informações: as reivindicações definem o campo daquilo que é
inventado pela primeira vez e protegido por uma patente; a descrição apresenta o histórico
da invenção (o que se conhecia antes da invenção, isto é, o “estado da técnica”), e define a
diferença entre a tecnologia pré-existente e a contribuição da invenção, enquanto nova
adição às invenções anteriores, progresso na tecnologia ou descoberta de novas maneiras
de solucionar em pormenor um problema existente. Além disso, muitos documentos de
patente contêm desenhos que ilustram a invenção e as várias concretizações geralmente
reivindicadas.
As informações tecnológicas são divulgadas com a descrição das invenções, em
conformidade com os requisitos da legislação aplicável às patentes, e com a indicação da
novidade e inventividade reivindicadas em comparação às técnicas existentes no
“estado da técnica”.

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d. Número(s) da Patente/Publicação/Pedido/Prioridade
Em todos os institutos de patentes, prevalece a prática de se dar um número de
identificação aos pedidos depositados, que é colocado na folha de rosto dos documentos de
patente. Em geral, é dado um número de identificação a cada depósito do pedido de
patente. Mas os documentos de patente podem ter diversos números de identificação: o nº
do pedido de patente, o nº da prioridade, o nº da patente concedida.
Este nº de identificação deverá iniciar por 2 letras que designam o país (ou entidade)
do depósito do pedido de patente. Para melhor identificação da origem do documento a
OMPI criou o Padrão ST.3, que estabelece o Código de 2 letras para os países, entidades e
organizações intergovernamentais. Assim, o Brasil possui o código “BR” e a OMPI, como
escritório receptor dos pedidos de patente depositados via Tratado de Cooperação em
Matéria de Patentes (PCT), tem o código “IB”. Os pedidos de patente depositados por meio
do PCT são publicados internacionalmente com o código “WO”. Para visualizar a lista
completa destes códigos dos países acesse: http://www.wipo.int/standards/en/pdf/03-03-
01.pdf
Alguns países adotam uma numeração distinta, quando o pedido de patente é
publicado ou concedido. Este é o caso do Escritório Americano de Marcas e Patentes
(USPTO), como pode ser visto na Figura 28, a seguir:

Figura 28: Documentos americanos com numerações distintas na época do depósito do pedido e da
concessão da patente

Fonte: Portal da OMPI (ou WIPO).

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Geralmente, para o número da publicação do pedido, um novo número é atribuído ou


o código é modificado, segundo práticas que diferem em função dos países, O primeiro
depósito na família ou o depósito parente de um pedido de patente será também utilizado
como número prioritário nos depósitos ulteriores.
Portanto, os números de identificação são a melhor e mais rápida forma de identificar
um documento de patente. Isto faz com que os pesquisadores se esforcem por manter
atualizada a lista correta de cada um desses números. A busca pelo número do pedido (ou
da própria patente) poderá fornecer rapidamente todos os demais detalhes do documento
dentro de um prazo curto.
No caso do Brasil, vale salientar que o INPI alterou ao longo do tempo, na sua base
de dados, o sistema de numeração dos documentos de patente brasileiros. Assim,
informações cronológicas de cada tipo de numeração adotada pelo INPI ao longo do tempo,
podem ser vistos na Tabela 1 a seguir:

Tabela 1: Sistema de Numeração da Documentação de Patentes Brasileira

Pedidos de patente Pedidos de patente Pedidos de patente Pedidos de patente


BR depositados BR depositados de BR depositados de BR depositados
até 2003 2004 a 2008 2008 a 2011 desde 2012

BRXXXXXXX BRPIXXXXXXX BRPIXXXXXXX (or BRZZXXXXYYYYYY +


(or BRMU...) BRMU...) kind code
+ kind code

OBS: PI é a abreviação de “patente de invenção”.


MU é a abreviação de “modelo de utilidade”.

A partir de 2012 o INPI passou a adotar um novo formato de numeração (Tabela 1)


para os pedidos de patentes (INPI, 2015), que ficou com o seguinte formato:
BR ZZ XXXX YYYYYY K, onde:

 BR = Brasil (código do país);


 ZZ = natureza da proteção (por exemplo: 10 para patente de invenção e 20 para MU);
 XXXX = ano da entrada do pedido de patente no INPI (por exemplo: 2012);
 YYYYYY = numeração correspondente à ordem de entrada do pedido de patente no
INPI (6 dígitos);
 K = código verificador, que corresponde à grande área da CIP da tecnologia protegida.

Especialmente para o termo “ZZ” (natureza da proteção) da numeração, deve-se


observar a adoção dos códigos para PI e MU a seguir:

No caso da Patente de Invenção (PI), são adotados os códigos:


10 - Pedido de patente de invenção depositado por nacional e via CUP
11 - Pedido de patente de invenção depositado via PCT
12 - Pedido de patente de invenção dividido
13 - Certificado de adição

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No caso da patente de Modelo de Utilidade (MU), são usados os códigos:


20 - Pedido de patente de modelo de utilidade depositado por nacional e via CUP.
21 - Pedido de patente de modelo de utilidade via PCT.
22 - Pedido de patente de modelo de utilidade dividido.

A Figura 29 abaixo mostra dois documentos de patente depositados no INPI (Brasil)


com tipos de numeração distintos, dependendo da data de depósito: um deles (PI 0902499-
9 A2) foi depositado em 30/07/2009 e o segundo (BR 10 2012 019553-4 A2) foi depositado
em 03/08/2012. Nestes exemplos, também é possível observar que após o número do
documento aparece uma letra, que distingue o tipo de documento publicado, de acordo
com o tipo e o status legal do pedido (para estes exemplos, A2). Estes códigos têm como
objetivo adicionar valor informativo ao documento de patente. No caso do Brasil, um pedido
publicado recebe o código “A”, enquanto uma patente concedida recebe o código “B”.
Estes códigos são estabelecidos pela “Organização Mundial da Propriedade Intelectual”
(OMPI), especificamente no Padrão ST.16. A lista completa destes códigos pode ser
encontrada em: http://www.wipo.int/standards/en/pdf/03-16-01.pdf. A OMPI recomenda que
os países adotem estes códigos na sua documentação de patentes.

Figura 29: Documentos de patente do INPI com tipos distintos de numeração

Fonte: Base de patentes do INPI (Brasil).

e. Datas
Os documentos de patente apresentam várias datas (data do pedido, data de
prioridade, data de concessão) a partir das quais podem ser tiradas conclusões quanto à
idade de uma invenção e à questão de saber se as invenções nelas descritas gozam ainda
de proteção legal. (exemplos nas Figuras 30, 31 e 32) Caso não estejam mais legalmente
protegidas, elas podem ser usadas sem o consentimento do titular da patente. Dependendo
do objetivo da busca, as datas poderão servir para: verificar se a patente está válida ou não;

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descartar um determinado documento em algumas buscas; utilizar uma das datas múltiplas
com maior prioridade.

Figura 30: Datas mostradas em documento de patente BR depositado no INPI em 2019

Fonte: Base de patentes do INPI (Brasil).

Figura 31: Datas mostradas em documento de patente canadense depositado em 2018

Data de
publicação

Data de depósito PCT Data de publicação PCT

Data da prioridade

Data de entrada
na fase nacional

Fonte: Base de patentes do CIPO (Escritório Canadense de PI).

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Figura 32: Datas mostradas em documento de patente japonês (JPO) depositado em 1990

Data de concessão

Data de depósito

Data de publicação

Fonte: Base Espacenet (EPO).

f. Classificações
Os documentos de patente levam “símbolos de classificação” que facilitam a
identificação e a extração de informações pertinentes a partir deles. Com vista a manter
atualizados os arquivos de busca e facilitar as buscas de determinada tecnologia no estado
da técnica (atual), os institutos de patentes classificam os documentos de patente em
função do campo ou dos campos tecnológicos.
Apesar de existirem diversos sistemas de classificação, hoje em dia a Classificação
Internacional de Patentes (International Patent Classification - IPC) é o sistema mais
amplamente utilizado por todos os grandes institutos de propriedade industrial do mundo.
Administrada pela OMPI, a IPC surgiu no âmbito do Acordo de Estrasburgo de 1971, mas
entrou em vigor somente em 1975. A revisão da IPC ocorre a cada 1° de janeiro. Mais
informações sobre este sistema de classificação podem ser encontradas em:
https://www.wipo.int/classifications/ipc/en/.
O sistema de Classificação Cooperativa de Patente (CPC), em vigor desde 1° de
janeiro de 2013, é um sistema bilateral que foi elaborado conjuntamente pelo Instituto
Europeu de Patentes (IEP) e o Instituto Americano de Patentes (USPTO). Associa as
melhores práticas de classificação dos dois institutos. Ver
https://worldwide.espacenet.com/classification?locale=en_EP

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A partir do seu lançamento, a CPC vem sendo adotada gradualmente por diversos
países, tais como EUA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Holanda, Bélgica, Canadá e
Austrália. (exemplos de documentos com a CPC nas Figuras 33 e 34) Estima-se que cerca
de 40 milhões de documentos de patente no mundo já possuem classificação CPC.
Atualmente, os depósitos feitos via Tratado de Cooperação de Patentes (PCT), publicados
pela OMPI como documentos WO, também estão classificados pela CPC.

Figura 33: CPCs indicadas em pedido de patente americano (USPTO)

Fonte: Base USPTO.

Figura 34: CPCs indicadas em pedido de patente europeu (EPO)

Fonte: Base Espacenet (EPO).

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O Brasil começou a classificar os documentos de patente da sua base na CPC a partir


de dezembro de 2014. Na Figura 35, é possível observar que tanto a CPC, como a IPC,
consta da folha de rosto do pedido de patente brasileiro mostrado no exemplo.

Figura 35: Documento de patente brasileiro classificado pela CPC

Fonte: Base de patentes do INPI (Brasil).

Contudo, apesar do maior detalhamento da CPC, a IPC ainda é a classificação de


patente mais amplamente adotada no mundo por ser mais antiga e porque muitos países
ainda não começaram a adotar esta nova classificação de patentes. Além disso, por ser
recente este novo sistema de classificação (2013), mesmo no caso dos países que já
adotam a CPC (ex: o Brasil), verifica-se que os documentos mais antigos da base de
patentes destes países não foram ainda reclassificados na CPC, ou seja, eles continuam
apenas com a IPC. Isso ocorre muitas vezes por falta de infraestrutura de alguns escritórios
de PI para fazê-lo (ex: falta de pessoal). Logo, a IPC não deve ser ignorada por aqueles que
desejam recuperar documentos de patente nas bases.
O custo do processamento e da classificação dos documentos de patente para
elaborar arquivos de busca e manter o sistema de classificação atualizado, conforme o IPC/
CPC é quase integralmente assumido diretamente pelos institutos de patentes que publicam
grandes números de documentos de patente. Daí resulta que os utilizadores que não sejam
institutos de patentes gozam de acesso à concessão de documentos de patente sem ter de
arcar com os gastos de atualização, elaboração e classificação de suas próprias coleções
de concessão de documentos de patente. Documentos de patente pertencentes a uma
subdivisão específica da classificação oferecem habitualmente uma alta concentração de
informações tecnologicamente avançadas num dado campo tecnológico.

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Um pesquisador de patentes pode achar depósitos de patentes de tecnologia


semelhantes aos de uma categoria / classificação de interesse ou aos de documentos de
patente já conhecidos. Isto irá impulsionar a utilização dos conhecimentos do examinador
de patente e da classificação dos documentos de patente por um pesquisador de patentes.
A busca por categorias irá ajudar o pesquisador a localizar documentos de patente que, se
não fosse esta possibilidade, não apareceriam relacionados ou não seriam encontrados
com outras estratégias de busca.

g. Inventor, Depositante, Titular


A maior parte dos documentos de patente indica o nome do inventor e do depositante
e / ou titular da patente (proprietário). Às vezes, o inventor é o depositante. Muitas vezes o
depositante designa um agente (procurador) para depositar o pedido de patente no
escritório governamental de PI e acompanhar o processo, sendo que o dito agente
geralmente também aparecerá na documentação. Em algumas bases, o endereço legal do
titular (e/ou depositante) também é fornecido no documento de patente (exemplos: Figuras
36, 37 e 38). Estas indicações permitem que qualquer pessoa interessada no licenciamento,
por exemplo, possa entrar em contato com a(s) pessoa(s) envolvida(s) para saber em que
condições a tecnologia pode ser transferida. Em determinados casos, pode ser útil buscar
os documentos de patente, utilizando os nomes das partes envolvidas na concessão das
patentes.

Figura 36: Inventores e depositante / titular em documento de patente alemão (DPMA)

Depositante

Inventores

Fonte: Base Espacenet (EPO).

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Figura 37: Inventor e depositante / titular em documento de patente chinês (CNIPA)

Depositante

Inventor

Fonte: Base Espacenet (EPO).

Figura 38: Inventores, depositante e titular em documento de patente americano (USPTO)

Depositante

Inventores

Titular

Fonte: Base Espacenet (EPO).


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h. Citações
A maior parte dos documentos de patente são publicados conjuntamente com um
relatório de busca, que apresenta uma série de referências de citações encontradas durante
uma busca documental, pelo examinador, de modo a estabelecer, numa primeira etapa, o
nível de anterioridade da invenção reivindicada. As citações podem ou não ser documentos
da literatura relativa a patentes, originários do mundo todo. O USPTO inclui estes
documentos na folha de rosto dos pedidos de patente, chamando-os de “referências
citadas” (Figura 39). Estes documentos são úteis para entender os conhecimentos do
estado da técnica e os problemas que existiam antes de uma invenção determinada.

Figura 39: Documentos citados em patente americana (USPTO)

Fonte: Base Espacenet (EPO).

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i. Empresa Examinadora/de Advocacia


O(s) nome(s) do(s) procurador(es) (do escritório de advocacia), que representa(m) o
inventor/depositante junto aos escritórios governamentais de PI, é(são) também
mencionado(s) em alguns documentos de patente.

j. Informações sobre o País


Os números de patente/publicação/pedido contêm referências ao país de depósito e
são úteis para identificar a jurisdição do documento de patente.

k. Famílias de Patente
Muitos documentos de patente são em geral depositados em mais de um país para
aumentar o alcance da cobertura de proteção. Isso dependerá da estratégia mercadológica
do detentor da patente. A base INPADOC do EPO (https://www.epo.org/searching-for-
patents/data/bulk-data-sets/inpadoc.html ) fornece e atualiza as informações relativas às
famílias de patentes (Figuras 40 e 41).

Figura 40: Página inicial da base Espacenet (EPO)

Fonte: Portal da base Espacenet (EPO).

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Figura 41: Informações mundiais de eventos legais de pedidos de patente (INPADOC - EPO)

Fonte: Portal da base Espacenet (EPO).

Além disso, desde 2020, informações da família PCT estão disponíveis na base
Patentscope da OMPI (Figuras 42 e 43) para famílias de patente que contém no mínimo um
membro PCT (Informações estendidas da família de patentes agora disponíveis no
PATENTSCOPE (wipo.int)). Isto é muito útil nas buscas que visam localizar documentos com
prioridade unionista, identificar técnicas anteriores e muito mais. O tópico família de
patentes será aprofundado no Módulo 3 com exemplos de busca de família.

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Figura 42: Página inicial da base Patentscope (OMPI)

Fonte: Portal da OMPI.

Figura 43: Informações estendidas da família de patentes disponíveis no Patentscope

Fonte: Portal da OMPI.

Por fim, os elementos acima são apenas alguns exemplos das várias partes e da
utilização dessas partes de um documento de patente, particularmente para um
pesquisador de patentes. As partes do documento têm muitas outras utilizações para os
pesquisadores de patentes, bem como os inventores, a indústria, os meios acadêmicos e os
institutos de patentes.
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2.2 Diferentes tipos de buscas de patente

Introdução

No início, uma invenção começa com uma ideia. Seus detalhes ou suas implicações
legais ainda devem ser elaboradas. É possível que outros inventores tenham tido ideias
semelhantes, até mesmo, a mesma ideia. Antes de investir muito tempo e muito dinheiro na
sua ideia, é mais do que razoável ver o que outros inventores fizeram nessa área. Talvez
você trabalhe numa empresa de P&D que queira aprimorar uma invenção ou adaptá-la, ou
seu empregador peça que você faça uma busca dos produtos que resolvam tecnicamente
um determinado problema. Em quase todos os casos, você tirará vantagem de saber o que
outros fizeram na área específica na qual você está trabalhando, antes de investir seus
recursos e seu tempo.
Talvez ainda, sua empresa esteja precisando obter uma licença na tecnologia exigida
para os seus produtos. Aqui também, você vai ter que fazer uma busca de patente para
saber se existem patentes para essa tecnologia e quem são os titulares legais dessas
patentes.
Ou talvez você seja um examinador de patente num Instituto de Patentes que deva
por lei realizar uma busca para avaliar se uma invenção é nova e inventiva (requisitos esses
necessários para que uma patente seja concedida).
Os exemplos acima indicam as diferentes razões de se realizar uma busca de
patente. Na prática, cada tipo diferente de busca exige uma abordagem ligeiramente
diferente. Em geral, é bastante improvável que as buscas realizadas por pessoas não
familiarizadas com o sistema de patentes sejam tão exaustivas quanto as buscas feitas por
profissionais da busca de patentes ou examinadores de patentes, que vão ter uma
especialização de peritos, bem como acesso a serviços mediante pagamento. Dito isto,
vários aspectos das informações sobre patentes podem ser muito úteis a vários utilizadores
e setores, incluindo inventores, pesquisadores, cientistas, engenheiros, advogados,
universidades, indústrias, empresas e governo. Os tipos de busca seguintes são descritos
abaixo:
2.3 Buscas do estado da técnica: que soluções existem para o meu problema técnico?
2.4 Buscas de anterioridade/patenteabilidade: posso obter uma patente para a minha
invenção?
2.5 Buscas da validade: é válida esta patente? ela poderia ser contestada juridicamente?
2.6 Buscas pelo nome: quais as invenções de certa pessoa ou empresa?
2.7 Buscas da atividade tecnológica (evolução tecnológica): como a tecnologia evoluiu
no tempo e quem participou do seu desenvolvimento?
2.8 Buscas da liberdade de operação ou da situação jurídica: será que posso produzir
e/ou comercializar tal produto em tal país? será que a patente foi concedida? será
que ela está em vigor?

Cada tipo de busca vem acompanhado de uma (ou mais) atividade(s) de busca para
ajudar você a se familiarizar com as técnicas envolvidas.
Nota: Alguns desses tipos de buscas são discutidos de forma mais aprofundada no Módulo 6.

DL 318P BR - Módulo 2 (V7)


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Atenção, alunos pesquisadores!

Nada pode substituir a prática pessoal!

Para ajudá-lo a realizar as atividades de busca nos parágrafos seguintes. Sugerimos que você
imprima o módulo para poder acompanhar as atividades, ao mesmo tempo que você estiver usando
a internet. E para os alunos que nunca fizeram buscas de patentes, recomendamos fazer cada
atividade de busca pelo menos três vezes, de modo a se familiarizar com as características da base
de dados pesquisada.

Por favor, fique atento para as dicas dadas pelas próprias bases de dados.

2.3 Buscas do estado da técnica

Faz-se uma busca do estado da técnica quando se quer avaliar o nível de


desenvolvimento numa área técnica específica. O objetivo é estabelecer que soluções para
um problema técnico dado possam ser encontradas nos documentos de patente.

Pesquisa e desenvolvimento
Faz sentido realizar ou mandar realizar uma busca do estado da técnica antes de se
lançar num programa de pesquisa e desenvolvimento qualquer, ou a um momento oportuno
durante o programa. O objetivo é evitar gastar tempo, esforços e dinheiro lidando com
problemas que já foram solucionados. Milhões de dólares são desperdiçados todo ano
com pesquisas de matérias já publicadas na literatura relativa a patentes.

Concessão de licenças e aquisição


É também aconselhado realizar uma busca do estado da técnica quando se
contempla conceder ou adquirir uma licença numa tecnologia específica. Uma busca para
ver quais as outras soluções existentes nessa área técnica – como evoluíram com o passar
do tempo e se ainda estão protegidas por uma patente ou não – pode proporcionar
informações úteis e munições na hora de discutir condições e de acertar contratos.

Atividade de busca 1: Geração de Eletricidade

O objetivo da presente atividade é aprender como encontrar uma invenção e


invenções semelhantes que possam solucionar algum problema técnico, utilizando a base
Espacenet, uma das principais bases de patentes com acesso gratuito. A base Espacenet é
hospedada e gerenciada pelo Escritório Europeu de Patentes (EPO) e contém mais de 130
milhões de documentos de patente.
Vamos imaginar que você seja administrador da sucursal de uma empresa cuja
atividade envolva geradores solares e eólicos. Neste caso, você poderia desejar realizar
uma busca de patente do estado da técnica, usando as palavras solar, energia, elétrico e
geradores, e depois, outra busca substituindo a palavra ‘solar’ por ‘eólico’. Se você quiser
localizar a tecnologia mais apropriada, bem como sua disponibilidade por meio de um
licenciamento ou de uma transferência de tecnologia, pode ser vantajoso fazer esse tipo de
busca para encontrar documentos de patente relevantes, e verificar depois se existem ou
não patentes vigentes no território onde sua empresa deseja operar.

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Na base Espacenet (https://worldwide.espacenet.com/patent/ ), selecionar a busca


avançada (“Advanced Search”), localizada no alto da página inicial, e inserir, nos campos à
esquerda, a estratégia de busca:
solar AND power AND electric AND generators.

OBS: Se o aluno não conhecer a base Espacenet e não souber como efetuar uma busca de
patentes nesta base, sugere-se consultar o tutorial de busca elaborado por pesquisadores do
INPI, que está disponível no portal do instituto, na área de “Estudos e informação tecnológica”.
Há um tutorial específico que mostra como fazer a busca na base Espacenet.

Observe que, ao escrever as palavras-chave sugeridas nos campos à esquerda,


automaticamente, a estratégia de busca, com estas mesmas palavras, aparecerá no campo
central no alto da página.

A estratégia de busca que surge é:


ta all "solar" AND ta all "power" AND ta all "electric" AND ta all "generators"

OBS: Na estratégia acima, “ta” indica que você fez a busca nos campos “Title” e “Abstract”.

Assim, quantos documentos de patentes foram encontrados?

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Nesta base, foram encontrados 465 documentos (que se referem ao nº de famílias de


patente simples) sobre esta tecnologia (ou 556 publicações de patente). Pode-se clicar em
qualquer um dos documentos de patente para obter mais informações. Ao clicar no título do
documento, é possível ver os dados bibliográficos, que incluem um resumo da invenção e
detalhes sobre o(s) inventor(es), as classificações de patentes, a data de prioridade etc.

Resumo da Atividade de busca 1

Uma vez identificados estes documentos a partir de uma busca restritiva por palavras,
você pode agora começar a procurar o histórico das invenções na área da energia solar. O
seu resumo sobre o histórico desse projeto impressionará seu responsável, mas sobretudo,
orientará você na direção certa para encontrar a tecnologia do estado da técnica. As
invenções estão ainda protegidas por uma patente? Se não for o caso, você pode utilizar a
ideia sem violar a patente. Se o que você procura está protegido por uma patente, você
pode encontrar o nome da empresa para verificar se é possível obter o licenciamento do
produto. Durante as suas negociações para um licenciamento, existem informações que lhe
dariam alguma sustentação?
As buscas do estado da técnica, seguidas de análises, podem proporcionar uma visão
global do estado da técnica. A OMPI (ou WIPO), por exemplo, prepara alguns relatórios que
mostram um panorama (cenário) de patentes em determinada área tecnológica (Patent
Landscape Reports). Estes relatórios podem ser encontrados no portal da OMPI em
Relatórios de Paisagem de Patentes (wipo.int) (Figura 44) Se tiver interesse, por exemplo, no
assunto “recursos de genética marinha no sudeste da Ásia”, você poderá consultar o
relatório pelo link Relatório paisagístico de patentes: Recursos Genéticos Marinhos (wipo.int).

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Figura 44: Relatórios de cenários dos pedidos de patente existentes na OMPI

Fonte: Portal da OMPI.

Cada relatório demora muitos meses para ser elaborado. Contudo, estes relatórios não são
o foco deste curso. Você poderá consultar a lista de relatórios e estudos publicados pela
OMPI, se tiver interesse no portal da OMPI.

2.4 Buscas de anterioridade / patenteabilidade

Quando um inventor que desenvolveu uma invenção está pensando em pedir uma
patente, é aconselhado realizar primeiro uma busca da patenteabilidade. Se a busca revelar
documentos que mostram que a invenção não é nova ou se aproxima tanto do que já é
conhecido que pode ser evidente (isto é, falta uma etapa inventiva), então, será
provavelmente uma perda de tempo e de dinheiro seguir diligenciando um pedido de
patente.

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É essencial preparar-se cuidadosamente para a busca, de maneira a decidir


exatamente o que buscar. Você vai ter que determinar se existem novidade e inventividade
na sua invenção. A ideia pode ser direta, fazendo com que seja imediatamente claro para
onde orientar a busca.
No entanto, você pode, num contexto diferente, ter desenvolvido uma máquina
completa – por exemplo, uma impressora, área na qual as invenções podem ter que ver
com o mecanismo de alimentação do papel, o cartucho de tinta, a maneira de inserir o
cartucho de tinta na impressora, o scanner etc. Ou a invenção pode envolver combinações
de alguns desses equipamentos. Ou ainda, a invenção pode ter a ver com a maneira de
obter da impressora outras funções, como fotocópias ou fax, ou de comunicar com o
computador.
É bem possível que, com uma máquina complexa como essa, haja mais de uma
invenção, de modo que você tenha que levar em consideração a necessidade de realizar
mais do que uma busca. Por outro lado, se o único aprimoramento trazido disser respeito ao
mecanismo de alimentação do papel, por exemplo, o que procurar vai ficar claro.
Você vai ter que pensar sobre quais são as características essenciais da invenção e
as que são opcionais, e se você está realizando a busca para uma outra pessoa, deverá
discutir sobre essas questões com ela. É também necessário ver se a invenção se limita de
fato à área das impressoras, ou se poderia ser utilizada em outras áreas. O mecanismo de
alimentação do papel, por exemplo, talvez seja utilizado em outros pedidos de patente.
Todos esses elementos vão afetar a busca a realizar.

Atividade de Busca 2: Sulcador

Vamos imaginar que você criou um implemento agrícola que ajude a arar tanto solos
duros como moles. Você elaborou esse implemento graças aos muitos anos de
conhecimentos que lhe foram transmitidos por seus antepassados. Baseando-se no seu
histórico de desenvolvimento, você gostaria de produzir o implemento de maneira mais
uniforme e, talvez até, em escala comercial, porque você sabe que existe uma demanda por
métodos aprimorados de lavra no seu país. Você pode, nessa etapa, visitar uma base de
dados de patentes e inserir as palavras ‘implemento agrícola’. Contudo, é possível que você
se dê conta que ‘implemento agrícola’ se aplica a tudo aquilo que é usado durante os
trabalhos agrícolas e não apenas aos arados. A palavra agricultura talvez seja demasiado
geral. Mas, visto que essa é a primeira vez que você está buscando informações sobre
patentes, vamos continuar nossa busca com as palavras ‘implementos agrícolas’.
Faça uma busca desses termos em inglês, farming tool (implemento agrícola) na base
da OMPI, Patentscope®, em: OMPI - Pesquisar Coleções Internacionais e Nacionais de Patentes
(wipo.int)

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Nota: A expressão farming tool poderia ser interpretada pelo motor de busca como farming OR
tool ou como farming AND tool. A base Patentscope interpreta a expressão como sendo
farming AND tool e resulta em 469 resultados1. É um número de documentos pouco extenso a
examinar na hora de tentar saber se sua invenção é nova.

Clique no símbolo do “Analysis” (Análise), localizado no alto à esquerda. Desta forma,


aparecerá uma tabela dos principais dados dos documentos que você encontrou.

1
Busca feita em 17 de setembro de 2022.
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Agora tente buscando farming OR tool. Quantas respostas você obteve dessa vez?

Uma vez que você está com os resultados, pode clicar no número de qualquer um dos
documentos de patente achados e selecionar em seguida ‘Bibliographic data, “description”
(relatório descritivo), reivindicações, drawings (figuras), etc.’ (dados bibliográficos,
descrição, reivindicações, desenhos etc.) para examinar mais detalhadamente os
documentos.
Ao examinar esses documentos, você verá que muitos deles não apresentam
relevância para aquilo que você está buscando. A palavra farming é demasiado geral. Que
outro termo poderia descrever melhor a sua invenção? Será que é melhor usar a palavra
plough (sulcador) como tal?
Bem, isso vai dar mais de 19.375 resultados. Uma vez que a palavra plough abarca
snow ploughs (limpa-neves) e outras charruas, que não são utilizadas para os solos, vamos
tentar soil plough (arado de solo).
Temos agora um número mais fácil de tratar: 3796 resultados2.

2
Busca efetuada em 17 de setembro de 2022.
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Precisamos, contudo, considerar se não haverá alguma outra ortografia de plough que
não tenhamos buscado, por exemplo, plow. Tente fazer uma busca com soil plow e veja
quantos resultados você obtém.3
O que temos que fazer a partir de agora é restringir a busca, inserindo palavras
(técnicas) que descrevam o sulcador específico, que você desenvolveu.

Resumo da Atividade de Busca 2


A maior parte dos documentos inclui desenhos da invenção. O fato de examinar esses
desenhos é uma boa maneira de você ver se um documento tem relevância para a sua
invenção. As informações bibliográficas resumem muitos dados sobre o pedido de patente.
As buscas por palavras são, por definição, extensas, na medida em que existem
palavras (termos) semelhantes para identificar diferentes tipos de objetos na vida cotidiana.
Conforme você for se familiarizando com as bases de dados de patentes, irá constatar que
o sistema de patentes utiliza a “Classificação Internacional de Patente” (CIP ou IPC, em
inglês), que é usada no mundo inteiro e é um recurso da busca muito eficiente (como
estudaremos no Módulo 3). A busca da Atividade 2.4.1 é um bom começo para “sulcadores
de solo”. Deu a você uma seleção de números de patentes e, o que é mais importante, uma
ideia dos outros tipos de buscas que você precisa fazer. Permite também que você compare
a sua invenção com os sulcadores de solo apresentados nos documentos que você
encontrou.

3
A busca efetuada em 17 de setembro de 2022 encontrou 2077 resultados.
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Todavia, essa não é uma busca de patente exaustiva. Visa orientar você sobre a
maneira de começar a pensar, quando você for tentar saber se sua invenção é nova. Vale
notar que a base de dados Patentscope, que examinamos, não é a única base disponível.
Na realidade, os pesquisadores de patentes são incentivados a utilizar várias bases de
dados durante toda busca de patente. Vale a pena testar o comportamento do sistema com
buscas de palavras simples antes de prosseguir com a busca adequada. Isto ajudará a se
ter uma ideia daquilo que vai provavelmente ser encontrado, e permitirá uma melhor
compreensão de como preparar uma estratégia de busca de patentes.

Atividade extra
Os pesquisadores do INPI (CEPIT / DIRPA) elaboraram estudos (radares
tecnológicos) baseados em documentos de patente, focados em algumas tecnologias.
Estes radares estão disponíveis na página de “informação tecnológica” do portal do INPI
(https://www.gov.br/inpi/pt-br/assuntos/informacao/radares-tecnologicos). Um destes
radares é focado em máquinas agrícolas (Figura 45), cujo tema foi dividido em três
subgrupos: Trabalho do solo, Semeadura e Colheita.
Figura 45: Radares Tecnológicos de Máquinas Agrícolas

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Fonte: Portal do INPI (Brasil).

Há também radares tecnológicos elaborados para outras tecnologias. Assim, nesta


atividade, os alunos do DL-318 PBR deverão escolher um dos seguintes radares para
analisar: máquinas agrícolas (nºs 5, 6 e 7) ou terras raras (nº 12) ou nanofármacos (nº 15)
ou embalagens (nº 16) ou controle de tráfego em cidades inteligentes (nº 17) ou veículos
elétricos e híbridos (nº 18). Após analisar o radar escolhido, cada aluno deverá explicar o
que encontrou no radar, postando seus comentários no Fórum do Módulo 2 do curso.
OBS: Não é necessário enviar as análises para o(a) tutor(a). O objetivo é compartilhar suas
análises no Fórum. A análise do radar selecionado não precisa ser extensa (no máximo 3
parágrafos por aluno).

Diferentes bases de dados são utilizadas nas atividades de busca a seguir.

Atividade de Busca 3: Ferramentas elétricas

Sua empresa opera no setor da fabricação de ferramentas elétricas, como por


exemplo, brocas. Uma engenheira teve a ideia de integrar um “nível” à ferramenta (às vezes
chamado de “nível de bolha”) para facilitar um alinhamento preciso da ferramenta pelo
utilizador. Ela deseja saber se sua ideia é patenteável.
Se estivéssemos aqui numa busca do estado da técnica, realizaríamos uma busca
muito abrangente de todo tipo de ferramenta elétrica integrando níveis, e usaríamos todos
os diferentes termos para “níveis”. Mas, numa busca da anterioridade/patenteabilidade,
podemos começar com uma busca restritiva do produto específico. Se o encontrarmos,
então teremos feito o suficiente para mostrar que a ideia não é patenteável.
Busque, na base Patentscope, drill spirit level (nível de bolha da broca). A ferramenta
de busca da base procura essas palavras combinadas e dá alguns resultados bons, como
um documento alemão DE202004012187, com o seguinte resumo:

‘Uma broca portátil tem um compartimento externo dentro do qual está integrado um
nível de bolha. O nível de bolha está integrado numa posição em T do lado externo e
dentro do invólucro.’

Mostramos que esta ideia não é nova, de modo que não temos que tentar saber se
ela é inventiva ou não. No entanto, a engenheira pode ter desenvolvido uma maneira
específica de integrar o nível dentro da broca. Já que é possível que a ideia seja nova e
patenteável, temos que prosseguir e pesquisar esse detalhe técnico.

Como poderia surgir a questão da obviedade?

Bem, digamos que sua busca não revelou nenhum documento de patente que
descrevesse uma broca elétrica integrando um “nível”, mas que tenhamos achado um
documento que descreve uma broca manual integrando um “nível”. A invenção seria
considerada nova, mas o Instituto de Patentes irá provavelmente argumentar que a ideia
não é inventiva - uma vez que, com uma broca manual integrando um nível, não se
necessitaria muita inventividade para aplicar a mesma ideia a uma broca elétrica.
Talvez fosse bom você realizar essa busca na base Espacenet e ver quais os
resultados obtidos para comparar e treinar. Mas não continuaremos este exercício.

2.5 Buscas da validade: É válida esta patente? Ela poderia ser contestada
juridicamente?

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Proprietários de patente têm o direito de impedir toda fabricação, utilização, oferta de


venda, venda ou importação de suas invenções sem o seu consentimento, processando –
ou ameaçando processar – na justiça por violação. Em resposta, pode-se desistir e parar de
realizar o ato ilícito, ou tentar negociar um contrato de licença com o proprietário da patente,
ou ainda - e é este ponto que nos interessa aqui - contestar a validade da patente.
A primeira etapa desse processo consiste em verificar a situação jurídica da patente.
Por exemplo, será que a patente está em vigor no país em questão, ou com prazo vencido,
ou foi revogada? Caso não haja nenhuma patente pertinente vigente, então não precisamos
seguir mais além. Esta abordagem é tratada no ponto 2.8 abaixo.
Caso haja uma patente pertinente vigente, então precisamos verificar se a invenção é
nova e inventiva. Numa busca da validade, não se trata de uma invenção proposta, mas de
uma patente real que queremos demonstrar não ser válida. Uma busca da validade é
semelhante a uma busca da anterioridade/patenteabilidade, mas, em vez de ter que pensar
sobre o que se vai buscar, podemos saber exatamente o que buscar referindo-se às
reivindicações da patente que estamos confrontando. Se for possível encontrar documentos
mostrando que a invenção reivindicada não parece ser nova ou, pelo menos, que não
parece ser inventiva, pode-se obter uma suspensão da ação confrontada na justiça ou
condições muito melhores para uma licença.
Há mais outras razões para testar a validade de uma patente: Por exemplo, quando
se negocia um contrato de licença ou quando se retoma uma empresa que detém patentes
na sua base de ativos. Em ambos os casos, podem ser avaliadas a validade ou a
aplicabilidade das patentes e, portanto, sua força e seu valor.

Atividade de Busca 4: Bicicleta

Vamos imaginar que você esteja trabalhando para um fabricante de bicicletas e


querendo exportar bicicletas para um país específico pela primeira vez. Você realizou uma
busca da liberdade para operar (ver 2.8 abaixo) e encontrou uma patente vigente no dito
país que você supõe que corre o risco de violar.
A reivindicação 1 da patente indica: Quadro de bicicleta feito com uma liga de
magnésio.
Os detalhes da composição de várias ligas de magnésio que poderiam ser usadas
aparecem na descrição da patente.
A primeira etapa consiste em realizar uma busca para ver se a invenção descrita na
reivindicação 1 é nova e inventiva. Servirá qualquer documento publicado,
independentemente de onde tenha sido publicado, na medida em que, mesmo se a patente
só é efetiva em um país, tem que ser nova e inventiva em relação a qualquer outra
publicada em qualquer lugar do mundo.
A busca por ‘magnesium bicycle frame’ (quadro de bicicleta em magnésio) na base
Patentscope gera vários resultados bons, como, por exemplo, um documento chinês
CN103643095, que indica em seu resumo (em inglês no site):

The invention relates to magnesium alloy for a bicycle frame and a preparation method thereof.
The magnesium alloy comprises the following elements in percentage by weight: 3 to 4 percent of
Cu, 0.3 to 0.8 percent of Mn, 0.3 to 0.7 percent of Nd, less than 0.01 percent of Si, less than 0.01
percent of Fe, less than 0.001 percent of Ni, and the balance of Mg. The preparation method
comprises the following steps of heating raw materials to 730 to 750 DEG C till the raw materials
are molten, stirring by utilizing a stirrer, sampling and analyzing the samples; standing after the
samples are qualified; casting; extruding; and thermally treating. The magnesium alloy maintains a
majority of advantages of Mg-Mn alloy, the tensile strength and the yield strength are improved,
the tensile strength is at least increased by one third compared with the tensile strength of the
ordinary magnesium alloy, and the yield strength is at least increased by 50 percent; the fatigue
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resisting strength exceeds 150Mpa, the creep resistance is obviously enhanced;


the magnesium alloy provided by the invention is easy to weld and is free of the weld seam crack
tendency, has a compact metallic organization structure and is free from the segregation caused
by the gathering of the manganese ions.

Mostramos assim que a invenção explicitada na reivindicação 1 não é nova, e que


não precisamos ver se é, ou não, inventiva. No entanto, o proprietário da patente poderia
modificar a reivindicação 1, explicitando a liga específica usada. Isso faria com que
prosseguíssemos nossa investigação para buscar a liga descrita na patente.
Você poderá prosseguir a busca acima na base Espacenet para descobrir os
resultados obtidos. Tente também usar o símbolo ‘Mg’ em vez de apenas ‘Magnesium’
Dica:
Você pode usar a seguinte estratégia de busca: (magnesium OR Mg) AND bicycle AND frame
Assegure-se de incluir os parênteses antes e depois de magnesium OR Mg.

2.6 Buscas pelo nome: Quais as invenções de certa pessoa ou empresa?

As buscas pelo nome são utilizadas para obter informações sobre documentos de
patente que envolvem empresas ou pessoas específicas, depositantes, concessionários,
titulares de patente ou inventores.
Pode ser o caso para descobrir como funciona uma invenção específica, quando o
único elemento que você conhece é o nome do inventor. Há, contudo, outras razões para
que sejam realizadas buscas do nome: para descobrir, por exemplo, a área da tecnologia
na qual trabalham os seus concorrentes. Você pode também descobrir em que países estão
depositando pedidos de patentes e, provavelmente, comercializando seus novos produtos.
Da mesma forma, você pode descobrir em que países eles não estão depositando pedidos
de patentes e onde a utilização da invenção é livre.

Atividade de Busca 5: Rádio e Telefone sem fio

O Rádio foi inventado pelo padre brasileiro Roberto Landell de Moura, já que, em
1884, ele já havia conseguido realizar uma experiência pioneira de radiodifusão, ao
transmitir a voz humana por oito quilômetros, via ondas de rádio, entre a Avenida Paulista e
o Alto de Santana, em São Paulo. Isso ocorreu 2 anos antes do italiano Guglielmo Marconi,
considerado o inventor, mas, cuja invenção só transmitia sinais telegráficos.
Em 1900, o gaúcho Landell de Moura repetiu o experimento na presença de
jornalistas e de um representante do governo britânico. Mas a notícia gerou polêmica com a
igreja católica na época, pois muitas pessoas o consideraram um bruxo. No ano seguinte, o
padre foi tentar a sorte nos EUA, onde impressionou a comunidade científica. Em outubro
de 1902 o jornal norte-americano “The New York Herald” noticiou seus inventos e realizou
uma entrevista com o clérigo brasileiro. Ressaltava o jornal:
“Por entre os cientistas, o brasileiro Padre Landell de Moura é muito pouco conhecido. Poucos
deles têm dado atenção aos seus títulos para ser o pioneiro nesse ramo de investigações
elétricas. Mas antes de Brigton e Ruhmer, o Padre Landell, após anos de experimentação,
conseguiu obter uma patente brasileira para sua invenção, que ele chamou de Gouradphone“.

De fato, além da patente brasileira de seu invento (1901), em 1904 o Padre Landell de
Moura chegou a ser reconhecido pelo Escritório de Patentes dos EUA por três inventos
diferentes: um transmissor de ondas (US771917 A publicado em 11/10/1904); um telefone
sem fio (US775337 A) e um telégrafo sem fio (US775846 A), ambos publicados em
22/11/1904.Logo, o inventor brasileiro foi um dos pioneiros do rádio e do telefone sem fio.
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Infelizmente, por falta de investimento do governo brasileiro e desiludido, o padre


Landell de Moura abandonou seus experimentos, passando a se dedicar inteiramente à vida
religiosa. Com isso, o seu relevante papel na história das telecomunicações acabou sendo
menosprezado pelos registros históricos.4
Portanto, encontre as patentes americanas do padre Roberto Landell de Moura,
usando a base Espacenet e inserindo seu nome no campo “inventor”.

Resposta da Atividade de busca 5

Assim, foram encontrados os 3 pedidos de patente depositados pelo padre brasileiro


Landell de Moura no USPTO, no início do século XX. Selecione as patentes do telefone
sem fio e do transmissor de ondas (rádio) de 1904.

4
Fonte: https://tecnologia.uol.com.br/listas/made-in-brazil-conheca-7-grandes-invencoes-criadas-por-brasileiros.htm e
https://super.abril.com.br/historia/o-outro-inventor-do-radio/ , 2017. https://jornalggn.com.br/noticia/o-padre-landell-de-moura-e-
a-invencao-do-radiolandell
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Pedido de patente US771917 A para um Pedido de patente US775337 A para um


“Transmissor de ondas”, publicado nos EUA “Telefone sem fio”, publicado nos EUA em
em 11/10/1904 (data de prioridade 22/11/1904 (data de prioridade 04/10/1901).
09/02/1903). Inventor e Depositante: Roberto Landell de
Inventor e Depositante: Roberto Landell de Moura
Moura

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Apesar dos documentos no USPTO e das notícias nos jornais da época, até o hoje o
pioneirismo do padre brasileiro Roberto Landell de Moura é pouco conhecido dos brasileiros e do
mundo em geral.

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Atividade de Busca 6: Radio de manivela

Em 1991, o inventor inglês Trevor Baylis entendeu os benefícios de se desenvolver


um rádio de manivela para países do terceiro mundo. Sua finalidade principal era ajudar a
lutar contra a propagação da AIDS, fornecendo informações por meio de um rádio de
manivela nas áreas onde não havia eletricidade. A ideia de um instrumento elétrico de corda
foi primeiro comercializada em 1996, quando Freeplay lançou seu rádio de manivela.
Baylis criou um protótipo de sua invenção. Seu rádio de manivela funcionava com
uma mola espiral que, por sua vez, alimentava um gerador por um mecanismo de
engrenagens que forneciam energia durante 14 minutos depois de dar corda por 30
segundos. Essa tecnologia foi adaptada por outros e os modelos mais recentes integram
pilhas recarregáveis que permitem recarregar o rádio de manivela a qualquer momento – e
não apenas quando está sendo utilizado. A gama de produtos Freeplay Energy inclui ainda
uma combinação lanterna/rádio, uma versão ondas curtas do rádio de corda e sistemas que
integram energia solar, baterias, ou adaptadores AC/DC, bem como energia movida a
corda. Os rádios mais recentes oferecem cerca de 50 minutos de duração de
funcionamento com corda completa, isto é, após 60 giros.
A Freeplay Energy vendeu mais de três milhões de unidades desde que se lançou
nesta atividade, sendo que mais de 150.000 dessas unidades foram para países em
desenvolvimento – a maior parte, com o apoio dos governos e agências de assistência
financeira – e embora as unidades ainda sejam relativamente caras, existe um incentivo
permanente a essa tecnologia nas regiões onde é mais necessitada.
A Sony e a Philips entraram no mercado do rádio de corda e a Motorola fechou uma
parceria com a Freeplay para desenvolver um carregador de celular movido à corda que
oferece 5 minutos de tempo de conversa para 45 segundos de corda. O produto é
concebido para funcionar com todos os telefones Motorola.
Esses exemplos são apenas a ponta do iceberg em matéria de energia movida a
corda: Os celulares, os laptops e uma multiplicidade de outros aparelhos estão se tornando
muito mais eficientes em termos de energia e fundamentais no nosso dia a dia. Já estão
começando a aparecer em outros mercados produtos baseados no conceito do Motorola
Freecharge, e a empresa inglesa Atkin Design and Development produziu a próxima
geração de ‘pilha movida a corda’, que funciona com um super capacitador no lugar de
pilhas de lítio recarregáveis. Quando essa inovação foi adaptada ao rádio de corda, a Atkin
Design produziu, conjuntamente com a Sony, uma unidade que toca por 90 minutos depois
de dar corda durante um minuto.5
Você leu o artigo acima sobre tecnologia movida a corda, de que você já tinha ouvido
falar vagamente. Você andou procurando uma tecnologia conveniente no seu país, que não
dispõe da infraestrutura adequada para disponibilizar eletricidade à maior parte da sua
população. Você quer saber mais a respeito dessa tecnologia, para que seja utilizada no
seu país com a finalidade de difundir por rádio de corda informações no campo da saúde e
da educação. Você sabe que um inventor nesta área é Trevor Baylis. Como conseguir
maiores informações a partir desses elementos?
Usando a base Espacenet, localize as invenções de Trevor Baylis. Em função do
artigo que você ler, será bom também localizar as patentes da Freeplay Energy, na medida

5
Fonte: Notícias extraídas de http://www.gizmag.co.uk/go/1263/

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em que essa empresa foi a primeira a comercializar o produto, com relógios ou rádios e
lanternas de corda.
Em primeiro lugar, digite TREVOR BAYLIS (você pode digitar Trevor BAYLIS ou
Trevor baylis ou trevor baylis, porque a ferramenta de busca da base não exige precisão
com as maiúsculas ou as minúsculas).

Seis documentos de patente foram encontrados (que se referem ao nº de famílias de


patente simples sobre esta tecnologia ou 17 publicações de patente) e o documento que
aparece em ‘Electrical Generators’ (Geradores Elétricos) se aproxima do produto buscado.
Para descobrir mais a respeito da invenção, por exemplo, saber como ela funciona,
que problemas ela resolve (etc.), clique no título ‘ELECTRICAL GENERATORS’.

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Vamos agora localizar os pedidos de patentes depositados por Freeplay Energy,


inserindo este nome no campo Applicant (Depositante) do ‘Advanced Search’. É o nome da
empresa que foi a primeira a adaptar a tecnologia de corda com pilhas recarregáveis
integradas, segundo o artigo lido.

Na lista de resultados, aparecem 4 documentos de patente. Ao ler os resumos, verá


que o documento CA2265149 diz respeito a um rádio de corda. Assim, você encontrou a
invenção mencionada no artigo. Por ora, você alcançou o objetivo da “Atividade de Busca”.
No entanto, se seu apetite por maiores informações sobre “tecnologia de corda” foi
estimulado, realize uma nova busca, usando qualquer um dos símbolos mostrados, na CIP
(Classificação International de Patentes, ou IPC em inglês) ou CPC (Classificação
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Cooperativa de Patentes). Para quem estiver interessado em ver como são usados os
símbolos CIP ou CPC, siga o resto do exercício. Você pode copiar e colar esses símbolos
no campo próprio da ‘Advanced Search’, usando, por exemplo, o símbolo F21L13/06 da
CPC, como se mostra abaixo:

Esta busca pela CPC gerou 286 resultados (que se referem ao nº de famílias de
patente simples sobre esta tecnologia ou 487 publicações de patente).6
A seguir, clique em “Classification search”, na barra no alto, para ver as CPCs na
base Espacenet:

6
Busca efetuada em 23/09/2022.
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Resumo da Atividade de Busca 6

As buscas que usam o nome nos campos relativos ao depositante e ao inventor na


base Espacenet são bastante diretas. Ajudam você a achar as invenções, em todas as
áreas técnicas, de uma pessoa cujo nome você digitou, e dão a você a possibilidade de
ampliar a busca, usando símbolos de classificação. Todavia, devido a variações de nomes,
a erros de digitação (etc.), é possível que alguns documentos pertinentes lhe escapem. O
Módulo 3 indica as técnicas que ajudarão você a superar esses problemas.

Atividade de Busca 7: Fones

Alguém que utiliza fones para ouvir música em streaming, proporcionada por um
serviço online, pode às vezes precisar tirá-los. A não ser que essa pessoa pare
manualmente de tocar a música, ela vai perder uma parte da música. Além disso, a duração
de vida da bateria do aparelho eletrônico será desperdiçada, bem como o uso dos dados do
celular, considerando que a pessoa talvez tenha direito a apenas um determinado volume
de dados por mês no seu contrato.
Para solucionar este problema, um inventor chamado Alessandro produziu um par de
fones com detectores da presença do ouvido. Em reação à indicação de que os fones foram
tirados dos ouvidos, um circuito de controle interrompe a música.
O inventor depositou um pedido de patente para essa ideia:
a) Você consegue achar o pedido de patente que ele depositou? Qual é o nome
completo do inventor?
b) Qual é o proprietário do pedido de patente? Como os direitos foram transferidos ao
proprietário? Consiga detalhes sobre o contrato de transferência, acessando o site
de cessões do USPTO em Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos
(uspto.gov)
c) Faça a lista dos documentos citados na parte relativa aos pedidos de patente no
relatório de buscas do Instituto de Patente
d) Você consegue achar algum(ns) outro(s) pedido(s) de patente depositado(s) por
Alessandro?
e) Encontre o(s) resumo(s) desse(s) pedido(s), se for o caso?

Etapa Descrição da etapa Modelo de resposta

1 Escolher a base de dados de busca Página da “pesquisa avançada” da base “Espacenet”.

2 Selecionar palavras-chave

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3 Examinar os resultados Foi encontrado 1 resultado para a busca por “Earphone”, no


“Título ou resumo”, e Alessandro como “inventor”. Note que
este documento não está relacionado ao dispositivo que você
busca (sensor que detecta a presença do ouvido).

4 Modificar as palavras-chave Buscar ‘ear and sensor’ (“ouvido” e “sensor”), bem como
‘Alessandro’.

5 Examinar os resultados

Foi encontrado 1 resultado:

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Publicado como US2017026765 e US2014146982 e US9838811 B2.

6 Encontre o nome completo do inventor e Conforme a imagem acima, o nome completo do inventor é
do proprietário da patente Alessandro Pelosi. O detentor desta patente é a empresa
americana Apple.

7 Encontre o contrato de transferência no site do USPTO: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados
Unidos (uspto.gov)

Digite o nº da publicação na página de busca de cessão da patente do USPTO e encontre um contrato de cessão de
direitos de Alessandro a Apple Inc. O resultado para 20140146982 é:

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8 Fazer a lista dos documentos citados pelo pedido de Alessandro

Procure US2014146982 na base Espacenet e clique na aba “Citations” no alto. Em seguida, clique na aba “Cited
documents” (Documentos citados).
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Observe que 8 documentos constam da lista.

9 Realizar uma busca do nome do inventor, digitando Pelosi Alessandro, na página ‘Advanced Search’ da
base Espacenet

Aparecem 11 resultados (nº de famílias de patente simples), que correspondem a 25 publicações.

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Contudo, quando se clica nos títulos, observa-se que somente 7 documentos se referem a “Pelosi, Alessandro”.

Os outros 4 documentos de patente da lista mostram os nomes Pelosi e Alessandro separados, compondo os nomes
de outros inventores (exemplos: Gerardo
Pelosi ou Alessandro Barenghi do documento de patente ITTO20111229).

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10 Procurar o “resumo” do 1º documento


No resumo:
“A mudança automática para outro idioma pode usar informações obtidas de uma mensagem recebida, convidando a selecionar o
idioma correto para criar automaticamente uma mensagem eletrônica, em função de no mínimo uma das informações linguísticas
associadas ao usuário, informações linguísticas associadas aos destinatários, e informações linguísticas extraídas de uma
mensagem recebida anteriormente. Um usuário pode anular o idioma selecionado automaticamente, se quiser. É possível deduzir
informações sobre os idiomas que o usuário conhece a partir das informações linguísticas extraídas de uma mensagem recebida.
Podem ser utilizadas técnicas de adaptação para limitar ou controlar quais idiomas podem ser selecionados ou propostos para u ma
seleção, em função das interações prévias do usuário.”

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Atividade de Busca 8: Adoçante

“LONDRES (AFX) – Com a repetição das preocupações acerca da segurança das patentes
que protegem o lucrativo adoçante artificial Sucralose da Tate & Lyle PLC, as ações do
produtor de alimentos inglês perderam hoje os dividendos obtidos anteriormente.
A queda ocorreu depois de o site FoodNavigator ter informado que a Pharmed Medicare, um
fabricante indiano de medicamentos baseado em Bangalore, tinha se manifestado confiante de
que havia desenvolvido um método alternativo para produzir o adoçante utilizando um
processo que não iria violar as patentes da Tate. ‘Esta é a ameaça mais grave que o Sucralose
teve de enfrentar até hoje. Não penso que seja um golpe mortal, mas não cabe dúvida de que
é uma ameaça grave,’ declarou David Laing, analista na Investec.
Uma porta-voz da empresa inglesa insistiu no fato de que as 32 patentes que protegem o
produto ofereciam uma proteção adequada.
O presidente da Pharmed Medicare, Sundeep Aurora, que indicou que sua empresa tinha
recorrido a consultores jurídicos nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa, pareceu reconhecer
essa proteção. Segundo o que foi noticiado, ele declarou que sua empresa ainda precisava
desenvolver um método de produção do adoçante numa escala economicamente viável.”

Pesquise para ver se a Pharmed Medicare depositou um pedido de patente para o


seu novo processo, realizando uma busca do nome da empresa na base Patentscope, na
busca simples.

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Essa busca resulta em 159 resultados. Podemos aprimorá-la ainda mais, incluindo a
palavra sucrose (sacarose).

O número baixou agora para 108 documentos. Além disso, um químico da Tate & Lyle
identifica o documento de patente, que estamos procurando. O nº de publicação é
WO2007023505.
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Procure as patentes da Tate & Lyle, usando a mesma base de patentes. Se você fizer
sua busca a partir de sucralose AND ‘Tate & Lyle’ na busca por “combinação de campos”
(com sucralose no campo “english abstract”) da base Patentscope, como mostramos
abaixo, verá que as duas empresas estão envolvidas numa pesquisa similar. Foram
encontrados 230 documentos de patente em nome da empresa inglesa Tate & Lyle.

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2.7 Buscas da atividade tecnológica (evolução tecnológica): como a tecnologia


evoluiu no tempo e quem participou do seu desenvolvimento?

As buscas da atividade tecnológica são empregadas para examinar em detalhe uma


tecnologia específica para, por exemplo, ver se há uma empresa, um inventor ou um país
dominante nesse campo, ou para estudar de que maneira a tecnologia evoluiu no tempo.

Atividade de Busca 9: Medicamento à base de mel

Você atua na área da apicultura. Talvez seus antepassados lhe tenham ensinado que
o mel pode ser útil, aplicado na pele, para cicatrizar ferimentos. Você decide fazer uma
pesquisa, imaginando, no entanto, que haja muitas atividades nessa área. Em vez de
passar muito tempo lendo toda a literatura farmacêutica neste campo, você resolve realizar
uma busca desta tecnologia, de modo a poder descobrir, usando a base Patentscope, se
existe alguma empresa, algum inventor, ou talvez, um país, atuando especificamente no
campo dos medicamentos com mel.
Você vai primeiro ter que buscar a partir de medic* AND honey. Você deve agora
saber que medic* representa todas as palavras que começam por medic (existe uma
técnica de busca chamada truncamento que será explicada mais a fundo no Módulo 3).
Buscando a combinação medic* AND honey, na “Pesquisa Simples” (ou “Simple search”),
você pode encontrar documentos que utilizam qualquer uma das palavras medicine,
medicinal, or medical e a palavra honey (mel).

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Você vai obter mais de 13.870 resultados.

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Assim, você pode examinar os resumos e títulos dos documentos para ter uma visão
geral do que foi feito nesse campo. Contudo, para analisar os resultados e descobrir, por
exemplo, quais são os países e inventores mais ativos nesta tecnologia, clique no símbolo
do “Analysis” (“Análise”) localizado no alto à esquerda da página, ao lado da quantidade de
resultados. A tabela gerada mostra que a China é o país mais ativo nesta área tecnológica
com mais de 12.668 pedidos de patente depositados.

Outra característica útil da base Patentscope é que ela permite visualizar os


resultados graficamente. Para isto, clique em “Charts” e em seguida, na figura que
representa o gráfico desejado. Se clicar na figura do “gráfico circular” (também chamado
gráfico “torta” ou gráfico “pizza”), surgirá este tipo de gráfico gerado com os dados da busca
de acordo com a opção assinalada.
Há algumas opções disponíveis na base Patentscope: “Countries” (países),
“Applicants” (depositantes), “Inventors”, “IPC code” (códigos CIP) e “Publication dates”
(datas de publicação). Assim, a predominância da China nesta tecnologia pode ser
confirmada pelo gráfico “pizza” a seguir, ao assinalar a opção “Países” (ou “Countries”).

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A imagem a seguir mostra um gráfico “pizza” dos “Inventores”, que constam nos
pedidos de patente desta tecnologia:

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O aluno pode clicar nas outras opções de gráficos para testar. Em seguida, clicando
na figura desta página, que representa o “Gráfico de barras”, e selecionando a opção
“Applicants” (depositantes / requerentes), teremos a seguinte imagem:

Além disso, pode-se escolher a opção “Publication dates” (datas de publicação), por
exemplo, para ver a distribuição dos pedidos desta tecnologia ao longo dos anos.

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Também é possível selecionar a opção “IPC code” (código CIP) para as


classificações.

Assim, este gráfico mostra que muitos pedidos foram classificados na subclasse A61K
da CIP, seguido da A61P e depois da A23L. No Módulo 3, será mostrado em detalhes os
tipos de classificações de patentes e como usá-las na busca dos documentos.

Resumo da Atividade de Busca 9

Conforme você for se familiarizando com a busca de patentes, e quando tiver coberto
os Módulos 3 e 4, verá que os símbolos de classificação da CIP (ou IPC, em inglês) e da
CPC são extremamente úteis para suas buscas, na medida em que representam campos
da tecnologia predefinidos. Você poderá aprofundar suas buscas, se quiser, pesquisando,
por exemplo, as subdivisões da subclasse A61K da CIP, no portal da OMPI: Classificação
Internacional de Patentes (IPC) (wipo.int), para ver se uma delas corresponde ao que você está
pesquisando.

2.8 Buscas da liberdade de operação ou da situação jurídica: Será que posso


produzir e/ou comercializar tal produto em tal país? Será que a patente foi
concedida? Será que ela está em vigor?

As buscas da liberdade para operar, ou das infrações, visam identificar uma patente
que possa ser violada com a introdução de uma invenção no mercado de um país
específico. Os pesquisadores também identificam e registram frequentemente a progressão
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dos pedidos de patentes pendentes, que poderiam ser concedidos. Nesse tipo de busca, o
objetivo é descobrir se existem - ou poderiam existir - quaisquer patentes que cubram essa
invenção ou alguma parte dela, no país ou na região específicos, onde a invenção será
utilizada ou comercializada.
Uma parte essencial de uma busca da liberdade para operar consiste em descobrir a
situação jurídica das eventuais patentes relevantes, isto é, informações sobre o status legal
de uma patente ou de um pedido de patente, em países ou regiões específicos.
A situação jurídica de um pedido de patente ou de uma patente concedida pode
mudar a qualquer etapa de sua vida. Alguns países e autoridades regionais exigem o
pagamento de taxas anuais de renovação na etapa do pedido, de modo que a ausência de
pagamento acarretará a extinção do pedido. Tanto no nível internacional como no regional,
os depositantes devem escolher quais os países desejam designar. Por conseguinte, alguns
podem desaparecer do cenário logo nesta etapa. A circunstância mais importante é
determinar quando e se uma patente foi concedida. A partir daí, a situação jurídica da
patente deverá vigorar nos anos seguintes, até um máximo de 20 anos*, se a anuidade
(taxa de renovação) correspondente a cada ano for paga, ou então, a patente será extinta,
caso contrário.
Alguns países (como os Estados Unidos) podem conceder um período adicional. Veja
o conceito de ‘Patent Term Adjustment’ [Ajuste do Período de Vigência da Patente], que
visa levar em consideração eventuais atrasos causados pelo próprio instituto de patentes
dos Estados Unidos durante o processamento de um pedido de patente americano. Este
prazo é acrescentado ao período de 20 anos da patente americana. Se concedido, este
ajuste do período de vigência é visível na primeira página dos dados bibliográficos de uma
patente americana concedida.
Quanto aos institutos regionais que concedem um grupo de patentes nacionais em
vez de uma patente única, abrangendo todos os estados membros, o proprietário da
patente pode optar por pagar a taxa de renovação relativa a um país, mas não a um outro -
em função de sua estratégia comercial.
Finalmente, uma patente pode ser modificada pelo proprietário após ter sido
concedida (as reivindicações podem ser restringidas, se não aparecer nenhum estado da
técnica anterior, por exemplo), ou a patente pode ser revogada pela justiça, isto é, anulada -
se for provado que não tem validade.
Todas essas circunstâncias - inclusive a venda e o licenciamento - fazem parte da
situação jurídica. Em alguns países, é possível verificar a situação jurídica online, junto às
autoridades relevantes. No entanto, as informações online podem não ser necessariamente
completas ou atualizadas. Em caso de dúvida, as informações sobre a situação jurídica
deveriam ser confirmadas diretamente junto às autoridades relevantes no país em questão.
Além de ajudar a tomar a decisão de entrar ou não no mercado de um país específico,
as informações sobre a situação jurídica podem ajudar a avaliar a validade de uma patente
(ver 2.5 acima), ou, ainda, ajudar na negociação de contratos de licença, bem como na
avaliação do valor atribuído a uma patente pelo seu proprietário.

Atividade de Busca 10: Alojamento de Emergência

Esta atividade demonstra como uma simples busca com o suporte do Google e da
base Espacenet pode determinar a situação jurídica de uma patente.

A Reconstrução pós-Tsunami

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A Pod Housing desenvolveu, aprimorou, testou e instalou mais de 100 vezes, em


quatro anos, módulos chamados ‘Icosa Village Pods’, que oferecem alojamento acessível e
decente, durante as 4 estações, com alta durabilidade e em regime semipermanente.

Para apoiar os esforços da reconstrução pós-Tsunami, o volume da procura reduziu


os preços para até 1.175 dólares para um IcoPod de uma superfície padrão de 33 m²
(apropriada para 2 adultos e 1-2 filhos), e para até 2.698 dólares para DecaPods de 144 m²
(suficientemente grande para abrigar confortavelmente 12 pessoas).
Etapa (1): Uma vez que se trata aqui de um produto que deve ter sido noticiado durante
o Tsunami, pesquise ICOPOD no Google para descobrir o nome do inventor.

Etapa (2): Utilize agora a base Espacenet para descobrir o número da patente
correspondente e verificar a sua situação jurídica em seu país.

Etapa (3): Decida se você teria direito de reproduzir este produto. Você poderia exportá-
lo para a França?

Resposta da Atividade de Busca 10

Etapa (1): Ao fazer uma busca no Google, descobre-se que o nome do inventor deste módulo de
alojamento é Ponder Sanford.

Etapa (2): Digite este nome encontrado no campo ‘Inventor’ da base Espacenet.

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Há apenas 1 documento encontrado (US6895722 B1). Clique no título do documento “Folding


structural panel unit” (unidade dobrável com estrutura de painéis) para ter mais detalhes sobre a
patente americana (ver os dados bibliográficos deste documento).

OBS: Note que o título é descritivo; não inclui a palavra ICOPOD. Os títulos da maior parte dos
documentos de patente são, na realidade, descritivos, o que facilita sua classificação e, por outro lado,
ajuda os inventores, examinadores e profissionais de patentes nas suas pesquisas.

No menu, clique na aba “Legal events” (eventos legais, que mostra a situação jurídica do
documento). Então, você sabe que uma patente americana que foi concedida (US6895722 B1), mas
que, no momento, não está válida.

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Nesta página, consta que a patente expirou em 24 de maio de 2013 (data em que o evento
entrou em vigor) devido à falta de pagamento da taxa de manutenção (anuidade). Mas este evento
legal tornou-se público oficialmente em 16/07/2013.

Etapa (3): O produto não goza mais da proteção de uma patente nos EUA. Desta forma, você teria
o direito de reproduzi-lo. Mas, quando a patente foi inicialmente concedida, você não tinha o
direito de fabricá-lo, vendê-lo nos EUA ou importá-lo. Mas, você poderia exportá-lo para a
França?
Para descobrir se você pode exportar o produto (módulo de alojamento) para a França, é
importante descobrir a família de patentes do documento. Quando clicamos em ‘Patent family’
(família de patentes) e em seguida, na aba “INPADOC family” (família INPADOC), nota-se que não
existem equivalentes estrangeiros. Assim, nunca existiu nenhuma proteção na França. Então, você
poderia exportar este produto para esse país.

OBS: A base Espacenet fornece explicações sobre o que é a família INPADOC, ao clicar no símbolo “?”
do lado direito da aba “INPADOC family”. Selecionando a opção “Popup tips”, no alto, surgirão os
símbolos “?” ao lado de cada aba.

Resumo da Atividade de Busca 10

A busca da situação jurídica de uma patente ou de um pedido de patente, bem como


de quaisquer documentos equivalentes (chamados Patent Family Equivalents), pode ajudar
a determinar qual a situação legal de um pedido num país ou numa região específicos, em
determinada data. Por exemplo, pode acontecer que uma invenção com patente concedida
e vigente nos Estados Unidos possa ser utilizada em outras regiões, se não houver
nenhuma concessão de patente equivalente localmente, ou nenhum pedido de patente
pendente de exame nessas regiões. Nesse caso, é fundamental contatar o inventor para
saber como o produto poderia ser comercializado num país que precisasse do referido
produto.
Conforme indicado na aba relativa à situação jurídica (para isenção de
responsabilidade), é importante ir até a fonte original para descobrir informações mais
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atualizadas sobre o status legal do pedido. Embora na realidade, os examinadores e


profissionais de patentes possam pesquisar no portal do USPTO para fazer uma busca
aprofundada e obter as informações mais atualizadas sobre a situação jurídica do pedido,
isto não será feito neste exercício.

Atividade de Busca 11: Sensor para oleodutos


Uma empresa canadense desenvolveu um sensor para inspecionar oleodutos e
detectar possíveis vazamentos, além de monitorar a temperatura. Este sensor tem formato
de bola. Caso uma empresa brasileira esteja interessada em produzir este dispositivo no
Brasil, o que ela deverá fazer, a fim de evitar litígios? Verifique se há liberdade de operação
desta tecnologia no Brasil.

2.9 Análise das informações das patentes para uma utilização estratégica

2.9.1 Introdução
A busca das informações sobre patentes pode ser extremamente útil em vários
momentos oportunos do ciclo de vida de uma invenção: por exemplo, antes mesmo de
começar um projeto de pesquisa, e depois, durante o processo de redação da patente antes
do seu depósito, ou durante a planificação e a preparação de um processo na justiça
relativo a uma patente. No entanto, esta utilização tradicional em micro nível das
informações sobre patentes evoluiu para se tornar uma utilização muito mais estratégica
das informações sobre patentes, graças ao desenvolvimento de bases de dados
informatizadas dedicadas, que contêm informações sobre patentes.
A valorização da Propriedade Intelectual (PI) é uma área que está recebendo cada
vez mais atenção, dado que estamos passando pela era de informações, em que a
concorrência no mercado é muito rápida e estreitamente alinhada aos ativos da propriedade
intelectual. Os bancos que emprestam dinheiro a grandes empresas, os administradores
que contemplam fusões e aquisições (F&A), os responsáveis pelas políticas públicas que
verificam se as regras financeiras são devidamente cumpridas, e os contadores que, muitas
vezes, estão na linha de frente das práticas de valorização, todos estão utilizando cada vez
mais as informações sobre patentes no seu trabalho quotidiano.
Leia a citação abaixo de um artigo publicado há alguns anos, que discute sobre uma
oferta de compra da Yahoo! feita há alguns anos pela Microsoft, sendo ambas as empresas
utilizadoras prolíficas do sistema de patentes para os seus negócios.

“Fora os benefícios comerciais, a Microsoft tem muito a ganhar com os ativos de propriedade
intelectual (PI) da Yahoo!. A sinergia que poderá ser obtida entre os portfólios de patentes
dessas empresas é bastante alta. A Microsoft e a Yahoo! registraram ano após ano gastos
reconhecidos e coerentes em termos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), área-chave que a
entidade combinada vai querer e esperar assegurar e otimizar. Enquanto a Microsoft é
indubitavelmente líder a nível do simples número de patentes / pedidos distribuídos por mais de
100 CIPs (classificações internacionais de patentes), ficou atrás da Yahoo! e do Google a nível
da inovação (como vemos ao analisar as citações). A Yahoo surge como ator inovador
significativo nesse contexto, talvez até mais que o Google. Visto este cenário, a aquisição da
Yahoo! irá sem a menor dúvida estimular o arsenal de PI da Microsoft na sua batalha contra
Google pela supremacia tecnológica.”

O resultado foi que economistas, pesquisadores em ciências sociais, responsáveis


governamentais, empresários e profissionais começaram a utilizar cada vez mais as
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informações sobre patentes. Como você pode ver na Busca da Atividade 2.7.1, isso é feito
para analisar o que está acontecendo a nível internacional num dado setor, em que países
uma tecnologia específica está sendo mais ativamente patenteada, ou onde uma empresa
específica é a mais ativa etc.
Existem duas maneiras essenciais de analisar as informações sobre patentes:
qualitativa e quantitativa. Nas análises qualitativas, o conteúdo dos documentos de patente
individuais é examinado. Por outro lado, o método quantitativo envolve uma análise
estatística do número de patentes num dado campo da tecnologia em escala maior. Estes
dois métodos têm objetivos diferentes e usos diferentes para um pesquisador de patentes.
Os resultados das análises de patentes podem ser visualizados, usando-se gráficos de
barras, linhas poligonais, gráficos circulares, imagens de barras, imagens radar e outros
gráficos/mapas, chamados ‘Patent Charts / Graphs / Maps’. É uma maneira eficiente de
representar os resultados de uma análise das informações sobre patentes. Vimos um tipo
de visualização na Busca da Atividade Tecnológica acima.
Hoje em dia, as bases de dados eletrônicas, os produtos de software analítico e os
fornecedores de serviços privados acrescentam valor às bases de dados sobre patentes e
tecnologia, e ajudam na análise das informações sobre patentes, ao torná-las mais
confiáveis, coerentes e rápidas.
Existem múltiplos usos da análise das informações sobre patentes, tais como: definir
a estratégia de licenciamento; apoio às fusões e aquisições de empresas; orientar a gestão
da pesquisa e desenvolvimento de uma empresa; orientar a gestão dos recursos humanos,
incluindo o monitoramento e a atração de talentos; estimular o pensamento criativo.

2.9.2 Estratégia de Licenciamento


Na hora de pensar em “importar a licença” de uma tecnologia detida por outros, ou de
“exportar a licença” de sua tecnologia, ou ainda, de obter uma “licença cruzada” entre dois
proprietários de um portfólio de patentes, você deve coletar informações confiáveis sobre o
alvo ou a tecnologia-chave para poder tomar a decisão certa. Se a tecnologia em questão
tem um valor suficiente, ela provavelmente será protegida por uma patente, devido à
insegurança intrínseca e à dificuldade de preservar seu sigilo. Por conseguinte, a análise
das informações sobre patentes pode lhe dar informações técnicas e comerciais valiosas
quanto ao alvo ou à tecnologia-chave. Antes de entrar em negociações de licenciamento, é
da máxima importância que você tenha uma compreensão muito boa da própria tecnologia-
alvo e de seu valor em termos das “forças” e “fraquezas”, que possa apresentar.
Na hora de se preparar para ‘importar uma licença’ de tecnologia, analise as
informações dos documentos de patentes e examine:
 se a tecnologia em questão não é protegida por uma patente e, por conseguinte, de
domínio público. Pode ser o caso quando uma patente não foi pedida; ou foi pedida, mas
não foi concedida; ou foi concedida, mas já venceu, por uma razão qualquer; ou ainda,
quando foi invalidada após tramitação na justiça;
 se existe a possibilidade de uma outra pessoa impetrar uma ação de violação contra você
para condená-lo a pagar por um prejuízo qualquer; e
 se a tecnologia é sobreavaliada ou subestimada em comparação com outras tecnologias
relacionadas ou alternativas etc.

Da mesma maneira, na hora de você se preparar para ‘exportar a licença’ de sua


tecnologia, analise as informações das patentes, levando em conta:
 quais seriam os licenciados prospectivos no mercado;
 quanto vale a sua tecnologia; e

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 se a tecnologia é central nas suas atividades, ao decidir pelo licenciamento, o que poderia
se tornar um obstáculo para a sua própria empresa.

Uma ‘licença cruzada’ é um intercâmbio entre duas empresas para poderem se


licenciar uma ou mais patentes entre si, o que dá às empresas a liberdade para operar; em
outras palavras, sem nenhum receio de serem acusadas de violar os direitos de patente da
outra parte. Se houver pagamento(s) num contrato de licença cruzada, ele(s) é(são) feito(s)
pela parte que tem o portfólio de patentes de menor valor.

Exemplo 1
A empresa X está negociando com a empresa Y. Se a empresa X argumentar que o
seu portfólio de patentes tem mais valor que o da empresa Y, pode exigir que a empresa Y
assuma a diferença fazendo o pagamento de uma vez, ou em várias prestações. A análise
de patente pode aqui ter seu papel, para comparar o portfólio de patentes das duas
empresas e identificar as patentes fundamentais, para ajudar a decidir quem deverá pagar a
quem e quanto. Lemos frequentemente na mídia que tal empresa famosa pagou muito
dinheiro para adquirir outra empresa, que está surgindo no mercado. É bem possível que
uma decisão dessas tenha sido tomada após uma análise tanto qualitativa, do valor do
portfólio de patentes, quanto quantitativa, do potencial da tecnologia de empresas menores.

2.9.3 Apoio às fusões e aquisições (F&A)


Se uma empresa deseja adquirir uma tecnologia específica, ao mesmo tempo em que
outras informações técnicas complementares, mas não tem nenhuma ideia de onde obtê-
las, vai precisar primeiro identificar todas as outras empresas com patentes associadas e
ativos relacionados. Como vimos antes, um bom ponto de partida seria uma busca do
estado da técnica para uma tecnologia específica e atual. Poderíamos obter uma maior
identificação fazendo uma busca da atividade técnica. Isto deveria ajudar a identificar todas
as patentes relacionadas com o campo de interesse buscado. Uma vez identificadas uma
ou mais tecnologias/empresas-alvo potenciais pelas buscas por nome e por patente legal,
as empresas podem então realizar uma análise de patente adicional para restringir suas
opções e decidir qual entre as empresas é o melhor alvo para uma fusão ou uma aquisição.
Uma vez que uma empresa identifica uma empresa alvo, uma análise de patente
pode também tratar de questões adicionais com as quais é preciso lidar, como: A tecnologia
do alvo é tão boa como se reivindica? A empresa está com o preço justo? Quem são os
inventores principais e será que vão permanecer nas empresas fusionadas ou adquiridas?

Exemplo 2
Um dos aspectos de seu plano estratégico global para complementar as lacunas de
sua base técnica levou a empresa X, uma empresa de alta tecnologia importante, a adquirir
a empresa Y, uma firma especializada de pequeno porte. Pouco depois de ter completado a
aquisição, a empresa adquirente descobriu que as capacidades em P&D da empresa
adquirida eram bastante limitadas. Elas claramente não tinham muito a ver com sua
percepção da empresa Y na época da aquisição. A empresa X descobriu mais tarde que a
perícia técnica da empresa Y dependia de um pesquisador fundamental, que não foi
incluído na aquisição, mas transferido para a sede antes da conclusão da venda. Se uma
análise de patente tivesse sido feita antes de fechar a aquisição, a empresa X teria podido

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descobrir mais cedo quem era o pesquisador fundamental, e tomar as medidas apropriadas
para que ele permanecesse dentro do pacote da aquisição.7

2.9.4 Orientar a gestão da pesquisa e do desenvolvimento (P&D)


Para entrar numa nova atividade ou desenvolver um produto novo, uma empresa
deveria poder ter uma visão geral do relevante campo de tecnologia, e prever com precisão
as necessidades do mercado. A análise de patente permite identificar os fluxos da
tecnologia (da mais elementar até a mais abrangente), as tendências das mudanças
tecnológicas, o ciclo de vida da tecnologia (que consiste em crescimento, desenvolvimento,
maturidade e declínio), os problemas e as soluções no desenvolvimento dessa tecnologia
específica, as tecnologias dos concorrentes e as soluções para lidar com possíveis
problemas. Conhecer o ciclo de vida de uma tecnologia permite avaliar o momento certo
para fazer uma pesquisa. E uma política de desenvolvimento ajuda a determinar a direção
que a empresa vai querer seguir. Poderá também prevenir violações da patente, que podem
ser extremamente onerosas em termos de prejuízos e gastos processuais.
As patentes são frequentemente ligadas à pesquisa e ao desenvolvimento, podendo
ser consideradas como indicadores de uma forte produtividade em P&D. Se uma empresa
tem mais patentes do que outra, isto poderia sugerir que as empresas com mais patentes
estão fortemente comprometidas com P&D. Nem todas as patentes, contudo, têm um valor
equivalente. Algumas poucas patentes mudaram radicalmente a nossa maneira de utilizar a
tecnologia. A maior parte das patentes é concedida a invenções incrementais e não óbvias,
que melhoram lentamente o estado da técnica. Quando se analisam patentes, uma patente
citada mais frequentemente do que outras, na mesma época, é considerada como uma
patente de maior impacto ou de valor / qualidade mais alto. Dos vínculos entre patentes
revelados pela análise de patente por citações, podemos visar aquisições de patentes
fortes, que indicam uma forte produtividade em P&D e, por conseguinte, novos produtos
muito aprimorados.

2.9.5 Gestão dos Recursos Humanos


Mostramos repetidas vezes que um pequeno número de inventores altamente
prolíficos impulsiona o desenvolvimento tecnológico, comparativamente ao número muito
maior de pesquisadores que produz apenas uma ou duas patentes em algum laboratório ou
alguma empresa. A análise de patentes, como se fosse o ‘mapa coinventor de cérebros’ de
uma empresa, pode mostrar os inventores que têm uma importância vital para o futuro das
empresas. Esse tipo de mapa cerebral pode identificar não só inventores astros dentro de
uma empresa, mas também inventores importantes em outras empresas concorrentes. É
uma análise útil para caçar talentos e desenvolver uma estratégia efetiva de F&A (Fusão &
Aquisição) na hora de pensar em recursos humanos. Muitas empresas oferecem
ferramentas e serviços de análise / mapeamento de patentes.

Exemplo 3
Vamos imaginar que você esteja interessado na aquisição ou parceria com uma
empresa ou um inventor cheio de ideias. Quais os principais aspectos devem ser levados
em conta na hora de achar novas ideias para a sua empresa? E que ações podem ser
tomadas (etapas) para sustentar esses aspectos?

7
Para maiores informações, leia o artigo “Prolific inventors and their mobility: scale, impact and significance” de Christian Le
Bas, que discute a “prolificidade” dos inventores e seu valor, enquanto “goleiros tecnológicos” (Prolific inventors and their
mobility: scale, impact and significance. What the literature tells us and some hypotheses - HAL-SHS - Sciences de l'Homme et
de la Société (archives-ouvertes.fr)).
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Hipótese 1: Considere que alguns inventores são mais prolíficos


do que outros.
Ação A: Você poderá buscar no Google “prolific inventors” e achar
dicas que possam interessá-lo no site: Lista de inventor prolífico -
Wikipedia.
Por exemplo, você sabia que Dean Kamen (inventor de mais de 226
invenções com 1.183 patentes) também inventou o transportador de
pessoas Segway, que você vê na foto à esquerda?
Hipótese 2: Você talvez pense em “importar uma licença” de
empresas com perfil semelhante ao seu.
Hipótese 3: Você talvez queira contratar uma empresa para
realizar uma análise de patente sobre o desempenho de empresas
no seu campo de tecnologia.
Ação B: Você viu uma análise muito básica, utilizando a base
Patentscope. Muitas empresas oferecem um mapeamento
profissionalmente detalhado e específico em vários campos
Fonte: Internet.
tecnológicos. Tente no Google Patent mapping services.

2.9.6 A utilização do Pensamento Criativo - análise qualitativa das patentes

As informações sobre patentes oferecem fontes de informações tecnológicas que


podem ser usadas por pesquisadores e inventores para encontrar novas soluções para
problemas técnicos. Uma metodologia específica desenvolvida a partir das informações
contidas em documentos de patente é TRIZ (uma sigla russa que significa “Teoria da
Solução dos Problemas Inventivos”). Genrich Altshuller e seus colegas elaboraram a
metodologia TRIZ a partir de 1946, baseando-se no estudo e na análise de uma série de
documentos de patente pelo mundo. TRIZ partiu da hipótese de que existem princípios
universais de invenção que estão na base das inovações criativas que fazem progredir a
tecnologia, e que se esses princípios pudessem ser identificados e codificados, poderiam
ser ensinados para criar ou aprimorar as capacidades inventivas das pessoas. Esta
hipótese examina qualitativamente os problemas solucionados por patentes, e analisa os
métodos utilizados pelo inventor.
A pesquisa TRIZ procedeu por etapas, e mais de dois milhões de documentos de
patente foram examinados, classificados por nível de inventividade, e analisados para
procurar os princípios da inovação.
TRIZ está atualmente sendo implementado internacionalmente para criar e aprimorar
produtos, serviços e sistemas. Grandes e pequenas empresas, inclusive muitas das 500
empresas de Fortune, usam TRIZ em muitos níveis de suas empresas para resolver
problemas reais e práticos, bem como elaborar estratégias para o futuro de sua tecnologia.
A partir de uma das conclusões dessa teoria, de que a inventividade e a criatividade podem
ser aprendidas, universidades no mundo inteiro introduziram cursos de graduação ligados à
metodologia TRIZ, para aprimorar as capacidades inventivas de seus estudantes. As
informações sobre patentes proporcionam, assim, uma fonte de informações extremamente
útil para aprender e elaborar uma metodologia para todo tipo de resolução de problemas.
(Figura 46)
Então, TRIZ é uma teoria que examina os problemas de engenharia e as soluções
sugeridas em função de sua estrutura. Um dos 40 princípios é a Segmentação. Um exemplo
para solucionar problemas usando o princípio da segmentação consiste em dividir um

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objeto em partes independentes, como quando se substitui um caminhão grande por um


caminhão e um reboque.
O sétimo princípio é a aplicação do princípio inventivo ‘Bonecas encaixáveis’, pelo
qual podemos colocar um objeto dentro de um outro e colocar cada objeto, por sua vez,
dentro do outro como no exemplo de xícaras ou colheres de medição. Outro princípio é a
mesma coisa ao invés, quando transformamos partes móveis (ou o meio ambiente externo)
em partes fixas, e partes fixas em partes móveis, como girar a parte e não a ferramenta. 8
Examinando o pensamento criativo sob um ângulo mais prosaico, as patentes
poderiam dar lugar a debates interessantes sobre como aplicar da melhor maneira uma
tecnologia específica a um problema específico. No entanto, as empresas estão utilizando o
pensamento criativo fundamentalmente para o lucro. Onde está o lucro? Com o produto, ou
na maneira através da qual os componentes são juntados, ou talvez na maneira como o
produto é fabricado? Para essas empresas, as patentes não são um mero exercício
acadêmico, mas servem como fonte pioneira de métodos relativos a como abordar um
concorrente ou como gerir uma empresa. Quando você tiver completado o estudo deste
curso, terá visto vários documentos de patente que resolveram problemas com sucesso e
que introduziram aprimoramentos ano após ano. Você começará a responder a essas
perguntas para você próprio.

Figura 46: 40 Princípios TRIZ

8
Para maiores informações, ver TRIZ Matrix / 40 principles / TRIZ contradictions table (triz40.com)
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Fonte: https://triz.org/principles/.

2.10 Sugestões de leitura

Ferramentas de criatividade para o desenvolvimento de soluções criativas a partir de


MindTools.com
https://lemelson.mit.edu/
Planos de aula de pensamento criativo para professores (thoughtco.com)
Como procurar patentes pelo nome do inventor (thoughtco.com)
Invenções (thoughtco.com)

OBS: O conteúdo dos sites acima não será analisado no curso DL-318 PBR e nem avaliado no Exame Final.

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2.11 Perguntas para autoavaliação (PAV)

PAV 2.1: Que tipo de busca visa encontrar soluções para um problema técnico?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
6. Busca da validade

PAV 2.2: Que tipo de busca visa pesquisar se há possibilidade de obter uma patente para a
minha invenção?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
6. Busca da validade

PAV 2.3: Que tipo de busca visa pesquisar se uma patente pode ser contestada?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
6. Busca da validade

PAV 2.4: Que tipo de busca visa descobrir as invenções de uma empresa específica?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
6. Busca da validade

PAV 2.5: Que tipo de busca visa descobrir como uma tecnologia evoluiu no tempo?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
6. Busca da validade

PAV 2.6: Que tipo de busca visa verificar se um produto pode ser comercializado em
determinado país?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
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6. Busca da validade

PAV 2.7: Quais das buscas abaixo poderiam ser restritas a um país ou a uma região?
1. Busca do estado da técnica
2. Busca da liberdade para operar
3. Busca do nome
4. Busca da atividade tecnológica
5. Busca da anterioridade/patenteabilidade
6. Busca da validade

PAV 2.8: Que informações um documento de patente pode conter? (pode marcar mais de uma
opção)
1. Nomes
2. Datas
3. Avaliação do valor comercial da invenção
4. Descrição da invenção
5. Reivindicações

PAV 2.9: Qual é a finalidade das reivindicações?


1. Categorizar a invenção
2. Explicar o foco da tecnologia em poucas palavras
3. Definir o que será protegido pela patente
4. Descrever a diferença entre a invenção e a tecnologia existente

PAV 2.10: Quais das buscas podem ser consideradas buscas de patente estratégicas?
1. Uma busca para descobrir se uma patente pode ser contestada
2. Uma busca para descobrir quais invenções de determinada empresa estão protegidas
3. Uma busca para descobrir titulares de licença prospectivos para uma invenção
4. Uma busca para descobrir quais são os principais inventores das empresas
5. Uma busca para encontrar soluções para um problema técnico
6. Uma busca para descobrir se o valor de uma tecnologia é supervalorizado ou subestimado
7. Uma busca para descobrir se é provável que uma patente seja concedida a uma invenção
8. Uma busca para descobrir empresas potenciais para uma fusão ou uma aquisição
9. Uma busca para descobrir se um produto pode ser comercializado em determinado país
10. Uma busca para descobrir como certa tecnologia evoluiu no tempo
11. Uma busca para orientar a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos de uma empresa

[Fim do Módulo II]

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