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WBA0553_V1.

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Aspectos em Patentes e Segredo Industrial
Aspectos em Patentes e Segredo Industrial
Autoria: Lady Tatiana Bermúdez Rodríguez
Como citar este documento: BERMÚDEZ, Lady Tatiana. Aspectos em Patentes e Segredo Industrial.
Valinhos: 2017.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Aspectos em Propriedade Intelectual 06
Assista a suas aulas 32
Unidade 2: Aspectos em Propriedade Industrial 39
Assista a suas aulas 59
Unidade 3: Patentes 67
Assista a suas aulas 89
Unidade 4: Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Pa-
96
tentes PCT
Assista a suas aulas 117

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Aspectos em Patentes e Segredo Industrial
Autoria: Lady Tatiana Bermúdez Rodríguez
Como citar este documento: BERMÚDEZ, Lady Tatiana. Aspectos em Patentes e Segredo Industrial.
Valinhos: 2017.

Sumário
Unidade 5: As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica 124
Assista a suas aulas 144
Unidade 6: Pesquisa em Bases de Dados de Patentes 151
Assista a suas aulas 175
Unidade 7: Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil 182
Assista a suas aulas 211
Unidade 8: Segredos Industriais 218
Assista a suas aulas 239

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Apresentação da Disciplina

Muitas vezes, pensamos que os temas rela- A disciplina “Aspectos em Patentes e Segre-
cionados com a propriedade intelectual e as do Industrial” apresenta um panorama geral
patentes são muito complexos e estão lon- da Propriedade Intelectual e da Propriedade
ge de nossa cotidianidade. Mas as patentes Industrial. Além das definições e conceitos-
e outros tipos de proteção à propriedade -chave dos principais elementos relaciona-
intelectual estão presentes em nossas vi- dos à Propriedade Industrial, apresentam-
das mais do que imaginamos. Por exemplo, -se exemplos interessantes que permitem
quando escutamos uma música, ou quando identificar sua importância e esclarecer os
usamos um programa de computador, seus conceitos explicados.
autores protegeram suas criações com di- O objetivo geral desta disciplina é entender
reitos de autor; quando comemos um quei- os principais conceitos associados à pro-
jo canastra, este foi protegido com uma in- priedade intelectual, com foco nas patentes
dicação geográfica; quando bebemos um e nos segredos industriais.
refrigerante, sua fórmula original está pro-
tegida como um segredo industrial; ou sim- Os objetivos específicos são: entender os
plesmente quando usamos nosso telefone diferentes tipos de patentes; como são clas-
inteligente, que pode ter mais de 1.000 pa- sificados; a importância das patentes como
tentes envolvidas para sua criação. fonte de informação tecnológica; as bases
de dados de patentes; a dinâmica de paten-
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teamento no mundo e no Brasil; e finalmen-
te as características do segredo industrial.
Ao finalizar o curso, se espera que o estu-
dante compreenda todos os conceitos, a
utilidade das patentes e que as considere
como uma valiosa fonte de informação tec-
nológica e de mercado.

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Unidade 1
Aspectos em Propriedade Intelectual

Objetivos

1. Entender o conceito de Propriedade


Intelectual e a sua classificação;
2. Identificar os textos legislativos que
normalizam a proteção dos direitos de
Propriedade Intelectual no Brasil;
3. Identificar os principais elementos
protegidos pelo Direito Autoral;
4. Analisar os principais elementos rela-
cionados à Proteção sui generis.

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Introdução

Atualmente, a maioria dos objetos de nos- legislação brasileira que define claramente
sa vida cotidiana, as expressões culturais e suas características e o escopo de proteção.
manifestações artísticas têm algum grau de Na quarta parte do módulo, se realiza uma
proteção à propriedade intelectual. O pre- breve descrição dos principais componen-
sente módulo tem como objetivo apresen- tes do direito autoral: direitos de autor, di-
tar os principais aspectos relacionados à reitos conexos e programas de computador.
propriedade intelectual, a qual está relacio- Finalmente, são explicadas as criações que
nada com as criações do espírito humano e são objeto de proteção sui generis: topo-
os direitos de proteção dos interesses dos grafia de circuito integrado, cultivares, co-
criadores sobre suas criações. nhecimentos tradicionais e manifestações
Na primeira parte do módulo, se explica o folclóricas. Os aspectos relacionados à pro-
conceito de propriedade intelectual e suas priedade industrial vão ser definidos cla-
principais dimensões. Posteriormente, se ramente no Tema 2. Espera-se que o estu-
apresenta a classificação da proprieda- dante consiga diferenciar esses conceitos e
de intelectual, a qual está dividida em três logre determinar a importância dos direitos
principais componentes: direito autoral, de proteção à propriedade intelectual.
propriedade industrial e proteção sui gene-
ris. Cada um desses componentes tem uma
7/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
1. O Que é Propriedade Intelec- dinheiro é revertido para o criador como re-
tual? compensa pelo esforço realizado e o tempo
investido na sua criação.
A Propriedade Intelectual refere-se às cria- A convenção que institui a Organização
ções do espírito humano e aos direitos de Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI,
proteção dos interesses dos criadores sobre em 14 de julho de 1967, define a Proprieda-
suas criações. Contempla o respeito à auto- de Intelectual como:
ria e à difusão de ideias de empreendedores,
inventores, cientistas e artistas como meios
para ofertar suas criações e inovações e re-
ceberem por isso.
Dentre essas criações estão todos aqueles
objetos da nossa vida cotidiana: móveis,
eletrodomésticos, telefones, músicas, li-
vros, fotografias etc. Cada vez que adquiri-
mos alguns desses produtos, parte de nosso

8/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


Os direitos relativos: às obras literárias, artísticas e científicas; às interpre-
tações dos artistas, interpretes e às execuções dos artistas executantes, aos
fonogramas e às emissões de radiodifusão; às invenções em todos os domí-
nios da atividade humana; às descobertas científicas; aos desenhos e mo-
delos industriais; às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como
às firmas comerciais e denominações comerciais; à proteção contra a con-
corrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual
nos domínios industrial, científico, literário e artístico. (OMPI, 1967 [s.p]).
A Propriedade Intelectual tem quatro principais dimensões, as quais são comuns para todos seus
componentes (OMPI-INPI, 2016):
• Dimensão temporal: os direitos de propriedade intelectual são concedidos por prazos esti-
pulados legalmente, de modo que o titular possa explorar economicamente com exclusivi-
dade os bens e os processos produtivos decorrentes deste direito.
• Escopo de direito: cada objeto protegido pela propriedade intelectual apresenta uma deli-
mitação de proteção definida por lei.

9/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


• Segurança jurídica: o direito de pro-
priedade intelectual evita que tercei- Para saber mais
ros possam explorar indevidamente, Um dos primeiros exemplos de proteção à pro-
sem a prévia autorização do titular do priedade intelectual foi na Grécia, no ano 330 a.C.,
direito. quando uma lei de Atenas ordenou que fossem
• Territorialidade do direito: Os objetos depositados nos arquivos da cidade cópias exatas
protegidos pela Propriedade Indus- das obras dos grandes clássicos. Nessa época, os
trial somente têm validade no país de livros eram copiados a mão, de modo que o cus-
depósito. Só os Direitos de Autor têm to era alto e o número limitado. Isso determinou
validade internacional. o nascimento de um interesse jurídico específico
A propriedade intelectual não se traduz só para proteção.
nos objetos e em suas cópias, mas sim na
informação ou no conhecimento refletido 2. Classificação dos Tipos de
nesses objetos e cópias, sendo, portanto, um Propriedade Intelectual
“ativo intangível”. Assim, a Propriedade In-
No Brasil, a Propriedade Intelectual está di-
telectual torna-se um ativo importante para
vidida em três grandes áreas, cada uma das
que as empresas melhorem sua competitivi-
quais tem características particulares. Es-
dade e produzam bens e serviços inovadores.
10/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
sas áreas são: Direito Autoral, Propriedade Industrial e Proteção sui generis. Na seguinte Figura 1,
é apresentada essa classificação e, em seguida, será descrita cada uma delas.
Figura 1 - Classificação dos tipos de Propriedade Intelectual

Fonte: elaborada pela autora (2017).

O Direito Autoral compreende: i) Direitos de autor, que por sua vez abrange: obras literárias, ar-
tísticas e científicas, descobertas científicas; ii) Direitos conexos, que estão relacionados com as
interpretações dos artistas intérpretes e as execuções dos artistas executantes, os fonogramas e

11/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


as emissões de radiodifusão; iii) os progra- 3. Legislação Brasileira Relacio-
mas de computador. nada aos Direitos de Proprieda-
A propriedade industrial abrange: i) Marcas, de Intelectual
nomes e designações empresariais; ii) Pa-
No Brasil o Instituto Nacional da Proprieda-
tentes de modelo de utilidade e Patentes de
de Industrial - INPI, é a instituição encarre-
Invenção; iii) Desenhos industriais; iv) Indi-
gada da proteção à propriedade industrial.
cações geográficas; v) Segredos Industriais
Criado em 1970, o INPI é uma autarquia fe-
e repressão à concorrência desleal. Esses
deral vinculada ao Ministério da Indústria,
elementos vão ser explicados em detalhe no Comércio Exterior e Serviços, responsável
Tema 2. pelo aperfeiçoamento, disseminação e ges-
Finalmente, a proteção sui generis abran- tão do sistema brasileiro de concessão e
ge: i) Topografias de circuitos integrados; ii) garantia de direitos de propriedade intelec-
Cultivares; iii) Conhecimentos Tradicionais; tual para a indústria (INPI, 2017).
iv) Manifestações folclóricas. Os principais serviços que presta o INPI são:
registros de marcas, desenhos industriais,
indicações geográficas, programas de com-
putador e topografias de circuitos e as con-
cessões de patentes.
12/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
Modelos de Utilidade; ii) Desenho In-
Link dustrial; iii) Registro de Marca; iv) Re-
pressão às falsas indicações geográfi-
O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual, cas; v) Repressão à concorrência des-
INPI, permite o acesso a informações institucio- leal.
nais, legislações relacionadas à Propriedade Inte-
lectual (PI), procedimentos para solicitar proteção • Lei de Direitos Autorais n° 9.610, de
à PI e também permite fazer buscas de patentes e 19 de fevereiro de 1998. Contempla a
desenhos industrias. Disponível em: <www.inpi. proteção de: i) Direitos autorais; ii) Di-
gov.br>. Acesso em: 18 set. 2017. reitos conexos.
• Lei de Proteção de Cultivares n° 9.459,
No Brasil há um amplo arcabouço legislati- de 25 de Abril de 1997. Contempla a
vo relacionado aos principais instrumentos proteção de Cultivares mediante a
de proteção à Propriedade Intelectual. As concessão de Certificado de Proteção
principais leis são: de Cultivar.
• Lei da Propriedade Industrial n° 9.279, • Lei de Programa de Computador (sof-
de 14 de maio de 1996. Contempla a tware) n° 9.609 de, 19 de fevereiro de
proteção de: i) Patentes de invenção e 1998. Contempla a proteção da pro-

13/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


priedade intelectual de programa de circuitos integrados; ii) Institui o Pro-
computador, sua comercialização no grama de apoio ao desenvolvimento
país, e dá outras providências. tecnológico da indústria de Semicon-
• Lei de Organismos Geneticamente dutores PADIS e o Programa de apoio
Modificados (OGM) n° 11.105, de 25 ao desenvolvimento tecnológico da
de março de 2005. Contempla: i) as indústria de equipamentos para a TV
normas de segurança e mecanismos digital PADTVD.
de fiscalização de atividades que en- • Lei de Patrimônio genético n° 13.123,
volvam OGM e seus derivados; ii) Cria de 20 de maio de 2015. Contempla:
o Conselho Nacional de Biosseguran- i) acesso ao patrimônio genético; ii)
ça CNBS; iii) Dispõe sobre a Política proteção e o acesso ao conhecimen-
Nacional de Biossegurança PNB. to tradicional associado; iii) repartição
• Lei de Topografia de Circuitos Integra- de benefícios para conservação e uso
dos n° 11.484, de 31 de Maio de 2007. sustentável da biodiversidade.
Contempla: i) Incentivos às indústrias Essas leis evidenciam que o Brasil tem se
de equipamentos para TV digital e de adaptado às leis internacionais de proprie-
componentes eletrônicos semicondu- dade intelectual, devido ao fato de ser sig-
tores; ii) Proteção das topografias de natário da Convenção de Paris, dos tratados
14/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
sobre patentes estabelecidos pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual e dos acor-
dos sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio (TRIPS).

Para saber mais


O acordo sobre os aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio (ADPIC), em
inglês Trade-related aspects to intellectual Property Rights (TRIPS), entrou em vigor em 1995, a partir da
Rodada de Uruguai, no âmbito da Organização Internacional do Comércio (OMC). Esse acordo introduziu,
pela primeira vez, regras de propriedade intelectual no sistema multilateral de comércio. Os objetivos
desse acordo são: i) reforçar a necessidade da harmonização entre as legislações nacionais de Proprie-
dade Intelectual de acordo com os interesses dos países mais desenvolvidos; ii) estabelecer parâmetros
mínimos de proteção. Esse acordo também obriga a reconhecer as patentes para fármacos e alimentos.

4. Direito Autoral

Como já foi dito, o direito autoral faz parte das áreas de proteção à propriedade intelectual e está
divido em três componentes: direitos de autor, direitos conexos e programas de computador.

15/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


Os direitos de autor outorgam um direito • As obras coreográficas e pantomími-
temporário para evitar que outros comer- cas, cuja execução cênica se fixe por
cializem cópias de sua obra, resultante da escrito ou por outra qualquer forma;
expressão criativa. Por não apresentarem • As composições musicais, tenham ou
caráter técnico, essas obras não são consi- não letra;
deradas invenções.
• As obras audiovisuais, sonorizadas ou
De acordo com a Lei nº 9.610, de 18 de fe- não, inclusive as cinematográficas;
vereiro de 1998, as obras intelectuais pro-
tegidas pelos direitos de autor abrangem os • As obras fotográficas e as produzidas
seguintes elementos: por qualquer processo análogo ao da
fotografia;
• Os textos de obras literárias, artísticas
• As obras de desenho, pintura, gravu-
ou científicas;
ra, escultura, litografia e arte cinética;
• As conferências, alocuções, sermões e
• As ilustrações, cartas geográficas e
outras obras da mesma natureza;
outras obras da mesma natureza;
• As obras dramáticas e dramático-mu-
• Os projetos, esboços e obras plásticas
sicais;
concernentes à geografia, engenha-

16/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


ria, topografia, arquitetura, paisagis- e intransferíveis, isso significa que um
mo, cenografia e ciência; autor sempre tem o direito de que seu
• As adaptações, traduções e outras nome seja reconhecido e citado, em-
transformações de obras originais, bora ele tenha cedido os direitos pa-
apresentadas como criação intelectu- trimoniais de sua obra. Por exemplo,
al nova; as obras do Nobel Colombiano Gabriel
García Márquez, embora sejam repro-
• Os programas de computador;
duzidas em outros idiomas e comer-
• As coletâneas ou compilações, anto- cializadas por editoras, sempre devem
logias, enciclopédias, dicionários, ba- reconhecer os direitos morais de sua
ses de dados e outras obras, que, por autoria.
sua seleção, organização ou disposi-
ção de seu conteúdo, constituam uma • Direitos patrimoniais: permitem que
criação intelectual. os autores tenham o direito exclusivo
de utilizar, fruir e dispor da obra lite-
Por sua vez, o direito autoral tem dois tipos
rária, artística ou científica. O autor
de direitos associados:
deve dar uma autorização prévia para
• Direitos morais: são considerados que sua obra seja reproduzida parcial
pessoais, inalienáveis, irrenunciáveis ou integralmente, traduzida, adapta-
17/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
da ou distribuída. Os autores também esse prazo, a obra entra em domínio públi-
podem licenciar sua obra e receber co, isso é, qualquer indivíduo fica livre para
uma compensação econômica por usá-la, sem necessitar de autorização espe-
isso. Por exemplo, a música “Garota cífica do titular dos direitos de autor. Após a
de Ipanema” uma das músicas brasi- morte do autor, os direitos são transmitidos
leiras mais conhecidas mundialmen- a seus sucessores (INPI-SENAI, 2010).
te, foi composta por Tom Jobim e Vi- Em relação aos Programas de Computador,
nícius de Morais em 1962. Essa músi- eles têm uma lei específica: Lei n° 9.609, de
ca tem sido interpretada por artistas 19 de fevereiro de 1998, que também é co-
reconhecidos de todo o mundo, como nhecida como Lei do software. Essa lei foi
Frank Sinatra, Cher, Sammy David Jr. e elaborada para regulamentar e normatizar,
até Amy Winehouse, os quais têm pa- inteiramente, todas as operações realiza-
gado seus direitos patrimoniais, mas das com programas de computador, tanto
os direitos morais dos autores sempre os de origem nacional como os de origem
têm sido reconhecidos. estrangeira. O software pode ser registrado
No Brasil, o direito autoral protege a obra no INPI, que serve como meio de prova de
desde sua criação até 70 anos após o ano autoria da obra e datação de algo original
subsequente ao falecimento do autor. Após e industrializável, ou pode ser registrado no
18/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
EDA (Escritório de Direitos Autorais) da Biblioteca Nacional como expressão de instruções de
software (ORTIZ, 2012).
O prazo de vigência do direito de proteção de software é de 50 anos, e sua validade é internacio-
nal, o que significa que não há necessidade de registrar o software nos demais países, uma vez
que eles estão registrados no Brasil, e vice-versa.

Para saber mais


Nos Estados Unidos, algumas inovações associadas a programas computacionais podem ser patentea-
das. As patentes de software não protegem o código do programa computacional, mas sim a sua funcio-
nalidade. As patentes de software são defendidas pelas grandes multinacionais, como Apple e Microsoft,
como um elemento-chave para proteger seus investimentos, mas são atacadas pelos desenvolvedores
de software livre, como Linux e PHP, porque consideram que frenam a inovação e o desenvolvimento.
Além dos Estados Unidos, países como Canadá, Coreia do Sul e Japão também facilitam a proteção do
software por meio de patentes (ONTAÑÓN, 2004).

19/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


Link
No Quadro 1 se apresentam as instituições responsáveis pelo registro de criações protegidas pelo direito
autoral e seu respectivo link.
Quadro 1 - Instituições responsáveis pelo registro de criações protegidas pelo Direito Autoral

Criações Instituições responsáveis pelo registro e link de acesso


Livros e textos Fundação Biblioteca Nacional
Disponível em: <www.bn.br>.
Filmes Agência Nacional do Cinema
Disponível em: <www.ancine.gov.br>.
Obras artísticas Escola de Belas Artes
Disponível em: <www.eba.ufrj.br>.
Partituras de músicas Escola de música
Disponível em: <www.musica.ufrj.br>.
Fundação Biblioteca Nacional
Disponível em: <www.bn.br>.

Fonte: INPI-SENAI (2010, p. 26).

20/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


Link
Quadro 1 - Instituições responsáveis pelo registro de criações protegidas pelo Direito Autoral

Criações Instituições responsáveis pelo registro e link de acesso


Plantas arquitetônicas/projetos Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura -Universidade
da Federação
Disponível em: <www.confea.org.br>.
Programas de computador Instituto Nacional de Propriedade Industrial
Disponível em: <www.inpi.gov.br>.

Fonte: INPI-SENAI (2010, p. 26).

Em relação aos direitos conexos, as normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que
couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das
empresas de radiodifusão (BRASIL, 1998).
Os direitos de autor e os direitos conexos protegem diferentes pessoas. Por exemplo, no caso
de uma canção, os direitos de autor protegem o compositor da música e o criador da letra; já os
direitos conexos se aplicam aos músicos e ao cantor que interpretam a canção, ao produtor da
21/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
gravação sonora (também chamada de fonograma), na qual a música é incluída, e às empresas
de radiodifusão que transmitem a música (INPI-SENAI, 2010).

5. Proteção Sui Generis

Os Direitos sui generis são escopo de propriedade intelectual, mas não são considerados como
Direito de Autor ou Propriedade Industrial. As criações que têm proteção sui generis são:
• Topografia de Circuito Integrado: são protegidos pela Lei n° 11.484, de 31 de maio de 2007,
a qual define a Topografia de Circuito Integrado como

uma série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas sob qual-


quer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das
camadas que compõem um circuito integrado, e na qual cada imagem
represente, no todo ou em parte, a disposição geométrica ou arranjos da
superfície do circuito integrado em qualquer estágio de sua concepção ou
manufatura. (BRASIL, 2007, [s.p.])
O registro de topografia de circuitos é válido por 10 anos após o depósito.
22/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
• Cultivares: são protegidos pela Lei n° tíferas, florestais e ornamentais, e de
9.456, de 25 de abril de 1997, a qual 15 anos para as demais.
define o cultivar como: “a variedade • Conhecimentos tradicionais: são pro-
de qualquer gênero ou espécie vege- tegidos pela Lei n° 13.123, de 20 de
tal superior que seja claramente dis- maio de 2015. Essa lei reconhece os
tinguível de outras cultivares conhe- conhecimentos tradicionais associa-
cidas” (BRASIL, 1997, [s.p.]). Esta lei dos ao patrimônio genético de popu-
protege o aperfeiçoamento de varie- lações indígenas, de comunidade tra-
dades de plantas a fim de incentivar dicional ou de agricultor tradicional
as atividades dos criadores e desen- contra a utilização e exploração ilícita.
volvedores de novas variedades de A OMPI tem um Comitê Intergoverna-
plantas. Essa proteção se efetua me- mental sobre propriedade intelectual
diante a concessão de Certificado de e recursos genéticos, conhecimentos
Proteção Cultivar, que é responsabili- tradicionais e folclore composto por
dade do Serviço Nacional de Proteção 250 representantes de estados, co-
de Cultivares (SNPC), do Ministério da munidades indígenas e locais, orga-
Agricultura. O prazo de validade é de nizações não governamentais e inter-
18 anos para as videiras e árvores fru- governamentais, como a UNESCO.
23/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
• Manifestações folclóricas: referem-se
às produções de elementos carac-
terísticos do patrimônio artístico
tradicional criado e mantido por uma
comunidade ou por indivíduos, re-
fletindo as tradicionais expectativas
artísticas de uma comunidade ou in-
divíduo (OMPI-INPI, 2016).

24/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


Glossário
Ativos intangíveis: São os bens que tem uma empresa, mas que não são percebidos fisicamente.
São considerados ativos porque geram rendimento econômico e valor para as empresas. Alguns
ativos intangíveis são: conhecimento técnico, ideias, marcas, desenhos, modelos e outros frutos
intangíveis da capacidade criadora e inovadora da empresa (OMPI, 2017).
Conhecimentos tradicionais: A OMPI define os Conhecimentos Tradicionais como um corpo vivo
de conhecimentos que se transmite de uma geração a outra na mesma comunidade e que forma
parte da identidade cultural e espiritual da comunidade.
Rodada de Uruguai: É a mais importante negociação comercial multilateral que deu origem à
maior reforma do sistema mundial do comércio. Teve uma duração de mais de 7 anos (1986-1993)
e contemplou as regras sobre o comércio de mercadorias, produtos agrícolas, propriedade intelec-
tual e investimento.
UNESCO: Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura. Em inglês: United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. A missão da UNESCO é contribuir para a
consolidação da paz, erradicação da pobreza, desenvolvimento sustentável, diálogo intercultural
mediante a educação, as ciências, a cultura, a comunicação e a informação (UNESCO, 2009).

25/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


?
Questão
para
reflexão

No Brasil, os programas de computador são protegidos


pelos direitos de autor. Em outros países do mundo, como
Estados Unidos e Canadá, é possível fazer a proteção do
software por meio de patentes. Pesquise: quais são as van-
tagens e desvantagens de fazer a proteção do software
pelos direitos de autor e não pelas patentes? Há alguma
possibilidade de proteger o software com patentes no Bra-
sil? Quais são as implicações de não ter a mesma regula-
mentação mundial sobre a proteção do software?
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Considerações Finais
• Exploramos o conceito de Propriedade Intelectual e a sua importância para
estimular as criações intelectuais, artísticas e culturais. Atualmente, a maio-
ria das atividades econômicas são objeto de direitos exclusivos de proprie-
dade intelectual.
• Explicamos os diferentes componentes da Propriedade Intelectual, com maior
ênfase no direito autoral e a proteção sui generis. Os componentes do direito
autoral são: direitos de autor, direitos conexos e programas de computador.
Por sua vez, a proteção sui generis se aplica a: cultivares, topografias de cir-
cuitos integrados, conhecimentos tradicionais e manifestações folclóricas.
• Identificamos os dois tipos de direito autoral: i) os direitos morais, os quais
são considerados pessoais, inalienáveis, irrenunciáveis e intransferíveis; ii) os
direitos patrimoniais, os quais podem licenciar ou ceder a terceiros.
• Apresentamos o arcabouço legislativo brasileiro relacionado aos direitos de
propriedade intelectual, os quais estão em concordância com as leis interna-
cionais de propriedade intelectual.
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Referências

BRASIL. Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e


obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

______. Lei de Proteção de Cultivares nº 9.456, de 25 de abril de 1997. Institui a Lei de Proteção
de Cultivares e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L9456.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

______. Lei de Programa de Computador (software) nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998.


Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercial-
ização no País, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L9609.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

______. Lei de Direitos Autorais nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consol-
ida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

______. Lei de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) nº 11.105, de 25 de março de


2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece
normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos ge-
neticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança
28/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
– CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a
Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Me-
dida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei
no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

______. Lei de Topografia de Circuitos Integrados nº 11.484, de 31 de maio de 2007. Dispõe


sobre os incentivos às indústrias de equipamentos para TV Digital e de componentes eletrôni-
cos semicondutores e sobre a proteção à propriedade intelectual das topografias de circuitos
integrados, instituindo o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de
Semicondutores – PADIS e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de
Equipamentos para a TV Digital – PATVD; altera a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993; e revoga
o art. 26 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11484.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

______. Lei de Patrimônio genético nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso


II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea
c do Artigo 10, o Artigo 15 e os §§ 3o e 4o do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Bi-
ológica, promulgada pelo Decreto no 2.519, de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao
patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e so-
29/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual
bre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade; revoga a
Medida Provisória no 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm>. Acesso em:
15 jun. 2017.
INPI. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/so-
bre/estrutura>. Acesso em: 30 maio 2017.

INPI-SENAI. Inovação e Propriedade Intelectual: Guia para o docente. Brasília: SENAI, 2010.
INSTITUTO DE DERECHOS DE AUTOR. Antecedentes históricos de la propiedad intelectual.
Disponível em: <http://hemeroteca.institutoautor.org/story/.php?id=3156>. Acesso em: 18 jun.
2017.
OMPI-INPI. Curso de Propriedade Intelectual à distancia OMPI-INPI. Módulo 2: Introdução à
Propriedade Intelectual, 2016.
OMPI. Convenio que estabelece a Organização Mundial da Propriedade Intelectual. Estocolmo,
14 de Julho de 1967. Disponível em: <http://www.wipo.int/treaties/es/text.jsp?file_id=283997>.
Acesso em: 18 jun. 2017.

30/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


OMPI. Los derechos de propiedad intelectual: activos valiosos. Disponível em: <http://www.
wipo.int/sme/es/ip_business/ip_asset/business_assets.htm>. Acesso em: 18 jun. 2017.

ONTAÑÓN, R. Patentes de software: EE.UU vs. Europa. Clarke, Modet & ºC, 7 jul. 2014. Disponível
em: <http://www.clarkemodet.com/es/actualidad/blog/2014/07/patentes-de-software-eeuu-
vs-europa#.WXGOvmU191A>. Acesso em: 15 jun. 2017.

ORTIZ, L. A propriedade intelectual na Lei do Software. Revista eletrônica da Faculdade de Di-


reito de Franca, Franca, v. 6, n. 1, dez. 2012.
UNESCO. ¿Que es la UNESCO? Unesco: 2009. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/imag-
es/0014/001473/147330s.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017.

31/247 Unidade 1 • Aspectos em Propriedade Intelectual


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32/247
Questão 1
1. Quais são as principais áreas em que se classifica a propriedade intelectual:

a) Territorialidade do direito e segurança jurídica.


b) Ideias e ativos intangíveis.
c) Direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis.
d) Dimensão temporal e escopo de direito.
e) Direitos morais e direitos patrimoniais.

33/247
Questão 2
2. Qual dos seguintes componentes não se pode proteger por direitos de
autor:

a) Programas de computador.
b) Patentes.
c) Obras literárias.
d) Interpretações musicais.
e) Obras audiovisuais.

34/247
Questão 3
3. Qual é o prazo de proteção para os direitos de autor:

a) Desde sua criação até 20 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor.
b) Desde sua criação até 100 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor.
c) Desde sua criação até 50 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor.
d) Vitalícios.
e) Desde sua criação até 70 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor.

35/247
Questão 4
4. Em qual destes países é possível proteger os programas de computador
por meio de patentes?

a) Canadá.
b) Brasil.
c) França.
d) Alemanha.
e) Argentina.

36/247
Questão 5
5. Qual dos seguintes componentes não são objeto de proteção sui gene-
ris:

a) Novas variedades de plantas.


b) Conhecimentos tradicionais.
c) Obras fotográficas.
d) Manifestações folclóricas.
e) Topografias de circuitos integrados.

37/247
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: A.
Segundo a Legislação Brasileira, a proprie- A legislação de Propriedade Intelectual do
dade industrial se classifica em três princi- Canadá permite proteger o software por
pais áreas: direito autoral, propriedade in- meio de patentes e não necessariamente
dustrial e proteção sui generis. como direito autoral.

2. Resposta: B. 5. Resposta: C.
As patentes são protegidas por meio de As obras fotográficas são protegidas por di-
propriedade industrial e não por direitos de reitos de autor.
autor.

3. Resposta: E.
De acordo com a Lei nº 9.610, de 18 de feve-
reiro de 1998, os direitos de autor são pro-
tegidos desde sua criação até 70 anos após
o ano subsequente ao falecimento do autor.

38/247
Unidade 2
Aspectos em Propriedade Industrial

Objetivos

1. Entender o conceito de Propriedade


Industrial e a sua classificação;
2. Identificar as principais característi-
cas do Desenho Industrial;
3. Analisar as principais características
das marcas;
4. Descrever o significado de Indicações
Geográficas, Indicações de Procedên-
cia e Denominações de origem.

39/247
Introdução

Esta seção apresenta os principais aspectos de certificação e marca coletiva. Além disso,
relacionados com a Propriedade Industrial, as marcas também se classificam de acordo
entendida como o componente da Proprie- com a sua forma de apresentação: marcas
dade Intelectual que protege as patentes nominativas, marcas figurativas e marcas
de invenção, as patentes de modelo de uti- mistas. Finalmente, se definem as Indica-
lidade, o registro de desenho industrial, re- ções Geográficas e a sua classificação em:
gistro de marcas, indicações geográficas e Indicações de Procedência e Denominações
repressão à concorrência desleal. No Brasil, de Origem. Para obter todos esses registros,
as características desses componentes são se deve fazer o tramite correspondente no
estabelecidas pela Lei de Propriedade In- Instituto Nacional de Propriedade Industrial
dustrial n° 9.279, de 14 de maio de 1996. (INPI). Por considerar que a análise de pa-
Na segunda parte, se apresentam as prin- tentes é o objetivo principal desta discipli-
cipais características do desenho industrial, na, suas principais características se apre-
que se define como a proteção da parte vi- sentam no seguinte tema.
sual e estética dos objetos, mas não de sua
funcionalidade. Posteriormente, se descre-
vem os registros de marcas e a sua classifi-
cação: marca de produto ou serviço; marca

40/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


1. O Que é Propriedade Industrial?

Como foi analisado no Tema 1, a Propriedade Industrial é uma das categorias associadas à Pro-
priedade Intelectual. O artigo 1.3 da Convenção de Paris de 1883 define a propriedade industrial
como:

A propriedade industrial se entende em seu sentido mais amplo e se aplica


não só à indústria e ao comércio propriamente ditos, mas também ao domí-
nio das indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos fabricados ou
naturais, por exemplo: vinhos, grãos, tabaco, frutos, animais, minerais, águas
minerais, cervejas, flores e farinhas. (CONVENÇÃO DE PARIS, 1883, p. 5)
Essa definição abrange um amplo escopo de bens e serviços que podem ser protegidos por meio
de mecanismos de propriedade industrial.

41/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


• Concessão de patentes de invenção e
Para saber mais de modelo de utilidade;
A Convenção de Paris foi adotada em 1883 e se • Concessão de registro de desenho in-
aplica a todos os componentes da Propriedade dustrial;
Industrial. Esse acordo internacional foi o primei- • Concessão de registro de marca;
ro passo importante para ajudar os criadores a
proteger suas obras intelectuais em outros países. • Repressão às falsas indicações geo-
Foi assinado originalmente por 11 países: Brasil, gráficas;
Bélgica, Espanha, El Salvador, França, Guatemala, • Repressão à concorrência desleal.
Itália, Holanda, Portugal, Sérvia e Suíça. A Propriedade Industrial é uma importante
ferramenta para a promoção do desenvol-
No Brasil, a Lei n° 9.279, de 14 de maio de vimento de um país, pois ela decorre direta-
1996, estabelece a proteção dos direitos mente da capacidade inventiva ou criado-
relativos à propriedade industrial, conside- ra de tecnologia de seus habitantes (INPI-
rando o seu interesse social e o desenvol- -SENAI, 2010). Assim, muitos países fazem
vimento tecnológico e econômico do país, grandes investimentos em Pesquisa & De-
efetua-se mediante: senvolvimento para promover o desenvol-

42/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


vimento de patentes, desenhos industriais e sua funcionalidade ou aos aspectos técni-
marcas para potenciar seu desenvolvimen- cos (INPI, 2013).
to econômico. Um desenho industrial consiste em (INPI,
No texto a continuação se realiza a caracte- 2013):
rização dos registros de desenho industrial,
• Elementos (objetos ou produtos in-
marcas e indicações geográficas. O tema
dustriais) em três dimensões, que re-
das patentes de invenção e modelo de uti-
presentem forma de um produto in-
lidade serão apresentados em detalhe no
dustrial;
Tema 3.
• Elementos em duas dimensões, apli-
2. Registro de Desenho Indus- cados sobre a superfície de objetos ou
trial produtos industriais que sirvam para
adorná-los, tal como um conjunto de
O Desenho Industrial se refere apenas aos linhas aplicado ao produto;
aspectos ornamentais ou estéticos que • A combinação de um ou mais destes
possam ser aplicados a um produto na in- elementos.
dústria, ou seja, refere-se apenas à forma
exterior do objeto, à sua aparência e não à
43/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial
No Brasil, a Lei n° 9.279, de 14 de maio de No Brasil, o período de duração do registro
1996, considera o desenho industrial como: é de 10 anos contados desde a data de de-
“a forma plástica ornamental de um obje- pósito, prorrogável por três (3) períodos su-
to ou um conjunto ornamental de linhas e cessivos de cinco (5) anos cada, isso é, até
cores que possa ser aplicado a um produ- completar o prazo máximo de 25 anos. A
to, proporcionando resultado visual novo e proteção do desenho industrial é territorial,
original na sua configuração externa e que ou seja, só se aplica no país onde foi realiza-
possa servir de fabricação industrial” (BRA- da a solicitude.
SIL, 1996, [s.p.]). Alguns objetos que se consideram objeto
Essa lei também estabelece que, para que de proteção por desenho industrial são: re-
um objeto seja protegido como desenho lógios de pulsos, joias, modas, implemen-
industrial, deve ser novo, ou seja, não estar tos industriais e medicinais, objetos de uso
compreendido no estado da técnica. Além doméstico, mobiliário, aparelhos elétricos,
disso, os desenhos industriais devem ser veículos, estruturas arquitetônicas, artigos
originais, ou seja, que sejam resultado de práticos, equipamentos esportivos, emba-
uma configuração visual distintiva em rela- lagens, brinquedos e acessórios para ani-
ção a outros objetos anteriores. mais de estimação, entre outros.

44/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


Os desenhos industriais podem contribuir
para o aumento do valor comercial de uma Link
empresa devido ao seus produtos serem No Brasil se utiliza a classificação internacional
originais e mais atrativos esteticamente. de Locarno para os pedidos de Desenho Indus-
Também servem como estratégia de merca- trial. Para conhecer essa classificação, veja o site
do para chegar a um maior número de con- indicado. Disponível em: <http://www.inpi.gov.
sumidores ou a nichos de mercado específi- br/menu-servicos/desenho/classificacao>.
cos, por exemplo, fones de ouvido especial- Acesso em: 18 set. 2017.
mente desenhados para adolescentes.
Os desenhos industriais se classificam ou Um exemplo representativo no âmbito in-
se agrupam em classes que servem para ternacional de Desenho Industrial são os
identificar e registrar o tipo de produto que saltos do desenhador francês Christian Lou-
é objeto de proteção. Essa classificação in- boutin. Este desenhador tem uma proteção
ternacional para os desenhos e modelos in- de desenho industrial pelos saltos com sola
dustriais foi estabelecida no Acordo de Lo- vermelha que identifica seus calçados em
carno, em 1968. todo o mundo. Louboutin começou a vender
esses saltos desde 1992, mas só foi no ano
de 2008 que o desenho foi reconhecido pela
45/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial
USPTO (Oficina de Patentes e Marcas dos Estados Unidos). O desenhador francês já tem afron-
tado vários pleitos na justiça para defender sua criação e receber o reconhecimento monetário
pela exclusividade de seus calçados.
Figura 1 - Desenho Industrial para os Saltos de Christian Louboutin

Fonte: <www.christianlouboutin.com>. Acesso em: 18 set. 2017.

46/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


A Figura 1 apresenta o salto de sola verme- No Brasil, a Lei n° 9.279, de 14 de maio de
lha representativo de Christian Louboutin 1996, estabelece três tipos de marcas:
e a primeira página do registro de desenho
• Marca de produto ou serviço: aquela
industrial outorgada no ano 2008 pela Ofi-
usada para distinguir produto ou ser-
cina de Patentes e Marcas dos Estados Uni-
viço de outro idêntico, semelhante ou
dos, USPTO.
afim, de origem diversa. Por exemplo:
o refrigerante Guaraná Antártica ou a
3. Registro de Marca marca registrada de Google.
Uma marca é um sinal visualmente per- • Marca de certificação: aquela usada
ceptível capaz de distinguir os produtos ou para atestar a conformidade de um
serviços de uma empresa, principalmente, produto ou serviço com determinadas
em relação a outros concorrentes. A marca normas ou especificações técnicas, no-
também simboliza para o consumidor al- tadamente quanto à qualidade, natu-
gumas características relacionadas com a reza, material utilizado e metodologia
qualidade, reputação e investimentos em empregada. Por exemplo: as etiquetas
P&D que fazem uma diferenciação impor- que têm os eletrodomésticos e que in-
tante de outros produtos ou serviços (INPI- dicam a sua eficiência energética.
-SENAI, 2010).
47/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial
• Marca coletiva: aquela usada para formas geométricas. Por exemplo: O
identificar produtos ou serviços pro- desenho da Volkswagen ou da Shell.
vindos de membros e uma determina- • Marca mista: combina elementos no-
da entidade como cooperativas, asso- minativos e figurativos. Exemplo: Co-
ciações ou sindicatos. Por exemplo: a ca-Cola, McDonald´s, Red Bull, Vivo
Associação Comercial de São Paulo. (Telefônica Brasil S.A).
As marcas também podem ser classificadas
• Marcas tridimensionais: podem ser
de acordo com a sua forma de apresentação
a própria forma do produto ou sua
(INPI-SENAI, 2010):
embalagem (desde que sejam dis-
• Marca nominativa: composta apenas tintivas), que também podem conter
por palavras e combinações de letras elementos nominativos e figurativos.
e algarismos, compondo inclusive si- Exemplo: O famoso chocolate suíço
glas e neologismos. Por exemplo: PE- Toblerone é amplamente reconhecido
TROBRÁS, O Boticário, Sonho de valsa. a nível mundial por sua forma de pirâ-
• Marca figurativa: composta por dese- mide. Esta é uma marca tridimensio-
nhos, símbolos, imagens, grafismos e nal registrada por Kraft Food Group.

48/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


4. Indicações Geográficas
Link As Indicações Geográficas (IG) identificam
No site do INPI se encontram todos os procedi- produtos ou serviços em razão de sua ori-
mentos necessários para registrar uma marca. gem geográfica e que incorporam atributos
No seguinte link se encontram as marcas de alto como reputação e fatores naturais e huma-
renome em vigência no Brasil. Disponível em: nos, proporcionando produtos ou serviços
<http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/ com características próprias, que traduzem
marcas/arquivos/inpi-marcas_-marcas-de- a identidade e a cultura de um espaço geo-
-alto-renome-em-vigencia_-20-06-2017_ gráfico.
padrao.pdf>. Acesso em: 18 set. 2017.
O artigo 22.1 do Acordo ADPIC (1994, [s.p.])
O registro de uma marca é válido por 10 anos define as indicações geográficas como:
contados a partir da data de concessão do
registro, prorrogável por períodos iguais ou
sucessivos. A solicitude de registro de mar-
ca deve tramitar-se no INPI.

49/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


são as que identificam um produto como originário do território de um
membro da Organização Mundial do Comércio, ou de uma região ou lo-
calidade desse território, quando determinada qualidade, reputação, ou
outra característica do produto está relacionada à sua origem geográfica.
As IG podem ser utilizadas para fomentar a comercialização de bens ou serviços quando deter-
minada característica ou reputação puder ser atribuída à sua origem geográfica. Algumas das
vantagens e benefícios das Indicações Geográficas são (OMPI-INPI, 2016):
• Aumento do valor agregado dos produtos ou serviços, porque constituem um elemento
diferenciador;
• Preservação das particularidades dos produtos ou serviços, patrimônio das regiões espe-
cíficas;
• Criação de um vínculo de confiança com o consumidor, que, sob o sinal distintivo da indi-
cação geográfica, sabe que vai encontrar um produto ou serviço de qualidade e com carac-
terísticas regionais;

50/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


• Melhora na comercialização dos pro-
dutos ou serviços, facilitando o acesso Para saber mais
aos mercados através da propriedade Uma das Indicações Geográficas mais reconhe-
coletiva; cidas no mundo é o queijo Roquefort, elabora-
• Servem como meio de preservar os do numa região do sudeste da França, perto do
conhecimentos tradicionais e as ex- município de Roquefort. O queijo tem cor, cheiro
pressões culturais. e sabor característico e é feito com leite cru de
Geralmente, uma IG consiste no nome do ovelha da raça lacaune. Além disso, tem um pro-
lugar de origem do produto e gera um re- cesso especial de maturação em cavernas natu-
conhecimento internacional pela sua qua- rais da região. Assim, as características do leite,
lidade. Os casos mais reconhecidos são: das ovelhas, das cavernas e do método de fabri-
Champagne, que é um vinho espumante ca- cação do queijo fazem dele algo único, que deve
racterístico de uma região na França; quei- ser reconhecido.
jo Roquefort da França, presunto de Parma,
No Brasil, a Lei de Propriedade Industrial n°
conhecido como prosciuto; café da Colôm-
9.279, de 1996, divide as IG em duas moda-
bia; charutos de Cuba; vinho do Porto, de
lidades:
Portugal; tequila mexicana; cachaça brasi-
leira, entre outros.
51/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial
• Indicação de Procedência (IP): Consis- ritório, que designe produto ou servi-
te no nome geográfico que se tenha ço, cujas qualidades ou característi-
tornado conhecido como centro de cas se devam exclusiva ou essencial-
extração, produção ou fabricação de mente ao meio geográfico, incluídos
determinado produto ou prestação de fatores naturais e humanos. No Brasil
determinado serviço. No Brasil há 39 há 8 Denominações de Origem reco-
Indicações de Procedência reconhe- nhecidas pelo INPI. Os Exemplos mais
cidas pelo INPI. Os exemplos mais re- representativos são: Costa Negra: ca-
presentativos são: Paraty: aguarden- marões marinhos cultivados (Ceará);
te de cana; Salinas: cachaça; Pampa Vale dos Vinhedos: vinhos brancos;
Gaúcho: carne bovina; Alta Mogiana: Região do Cerrado Mineiro: café.
café; Divina Pastora: renda de agulha;
Vale do São Francisco: uvas de mesa e
manga; Maracaju: linguiça; Goiabe-
ras: panelas de barro, entre outras.
• Denominação de Origem (DO): Con-
siste no nome geográfico de país, ci-
dade, região ou localidade de seu ter-
52/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial
Para saber mais
O caso do Vale dos Vinhedos é representativo por-
que foi a primeira Indicação de Procedência outor-
gada no Brasil. Essa IP é outorgada para os produ-
tores de vinhos brancos, tintos e espumantes que
fazem parte da associação APROVALE, localizada
Link
Para conhecer em detalhe todas as Indicações
no Rio Grande do Sul. Essa região foi colonizada
Geográficas reconhecidas no Brasil, veja o catá-
em meados de 1875 por imigrantes italianos que
logo de Indicações Geográficas do 2016. Dispo-
tinham tradição na fabricação de vinhos. Atual-
nível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-ser-
mente, as vinícolas dessa região empregam dire-
vicos/indicacao-geografica/publicacoes>.
tamente mais de duas mil pessoas. O Vale dos Vi-
Acesso em: 18 set. 2017.
nhedos também foi reconhecido como Denomina-
ção de Origem no ano 2012, porque demonstrou
as características do solo, clima e processo de fa-
bricação que incorporavam características únicas
para esses vinhos (INPI-SEBRAE, 2016).

53/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


Glossário
Aspectos ornamentais: Este termo faz referência aos aspectos que servem para adornar um ob-
jeto e fazê-lo mais atrativo ou chamativo.
Concorrência desleal: É qualquer ato contrário às práticas honestas, que afete o livre funcio-
namento do sistema de propriedade intelectual e a compensação que a propriedade intelectual
oferece. Alguns atos de concorrência desleal podem causar confusão, induzir ao erro, provocar o
descrédito do concorrente (INPI-SENAI, 2010).
Eficiência energética: Está relacionada com o melhor desempenho na produção de um serviço
com menor gasto de energia, ou seja, à utilização racional de energia gerada.

54/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


?
Questão
para
reflexão

As Indicações Geográficas são mecanismos importantes


para aumentar o valor agregado e o reconhecimento de
produtos e serviços. No Brasil há 39 Indicações de Proce-
dência e 8 Denominações de Origem. Pesquise no Catálo-
go de Indicações Geográficas do INPI uma (1) Indicação de
Procedência e uma (1) Denominação de Origem. Faça uma
breve descrição de cada uma delas, e indique os fatores
que determinaram seu registro, os benefícios obtidos por
ter essa proteção e por que são importantes para o Brasil.
55/247
Considerações Finais

• Analisamos o conceito de Propriedade Industrial e os mecanismos de proteção de-


finidos pela Lei n° 9.279 de 1996: patentes de invenção e modelos de utilidade; re-
gistro de desenho industrial; registro de marca; repressão às falsas indicações geo-
gráficas; e repressão à concorrência desleal.
• Explicamos o conceito do Desenho Industrial, o qual protege só a parte ornamental
e estética de um objeto, mas não se preocupa com a sua funcionalidade. Os dese-
nhos industriais têm uma proteção de 10 anos que podem ser prorrogáveis até no
máximo 25 anos.
• Apresentamos as principais características das marcas que são as que distinguem
visualmente um produto ou um serviço da concorrência. No Brasil, o registro de mar-
ca é válido por 10 anos, podendo ser prorrogável por períodos iguais ou sucessivos.
• Finalmente explicamos as Indicações Geográficas (IG) e sua classificação em Indica-
ções de Procedência e Denominações de Origem. As IG são muito importantes para
dar valor agregado aos produtos e serviços de determinada região ou localidade.

56/247
Referências

ADPIC. Acordo sobre os aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao


comércio. Firmado em Marrocos, em 15 de abril de 1994. Disponível em: <http://www.wipo.int/
treaties/es/text.jsp?file_id=305906#part2.3>. Acesso em: 22 jul. 2017.

BRASIL. Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e


obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

CONVENÇÃO DE PARIS. Convenção de Paris para a proteção da Propriedade Industrial, de 20


de março de 1883. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/
anexo/and1263-94.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2017.

INPI. A beleza exterior: Uma introdução aos Desenhos Industriais para as pequenas e médias
empresas. Rio de Janeiro: INPI, 2013a.
INPI-SEBRAE. Catálogo de Indicações Geográficas Brasileiras. INPI/Sebrae (2016). Disponível
em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao-geografica/publicacoes>. Acesso em: 19
jul. 2017.
INPI-SENAI. Inovação e Propriedade Intelectual: Guia para o docente. Brasília: SENAI, 2010.

57/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


OMPI. Las indicaciones geográficas: Introducción. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/
pubdocs/es/geographical/952/wipo_pub_952.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2017.

OMPI-INPI. Curso de Propriedade Intelectual à distância. Módulo 5: Indicações Geográficas IG,


2016.

58/247 Unidade 2 • Aspectos em Propriedade Industrial


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Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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d6bf6291ef3a4acfc0da92dd9cb2a50d>. 9d8556d10befd2c8cdedd0f4734c2fb6>.

59/247
Questão 1
1. Em qual destas indústrias não se aplica a proteção por meio de Propriedade
Industrial?

a) Indústrias extrativas.
b) Comércio.
c) Indústria cinematográfica.
d) Indústrias agrícolas.
e) Indústria automobilística.

60/247
Questão 2
2. No Brasil, qual destas características devem ser levadas em consideração
para outorgar um registro de Desenho Industrial?

a) Novidade e originalidade.
b) Melhora funcional.
c) Solução técnica.
d) Nível inventivo.
e) Certificação de origem.

61/247
Questão 3
3. O conceito: “marca usada para atestar a conformidade de um produto
ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas” corres-
ponde a:

a) Marca nominativa.
b) Marca coletiva.
c) Marca figurativa.
d) Marca mista.
e) Marca de certificação.

62/247
Questão 4
4. Qual(is) das seguintes características se aplica(m) exclusivamente nas Deno-
minações de Origem?

a) As características do produto ou serviço se devem fundamentalmente ao meio geográfico


onde foi produzido, incluindo fatores humanos e naturais.
b) Especificação da região ou território de origem do bem ou serviço.
c) Certificação da qualidade do produto ou serviço.
d) Reconhecimento das tradições e cultura da região onde foi produzido o bem ou serviço.
e) Criação de um vínculo de confiança com o consumidor.

63/247
Questão 5
5. Qual das seguintes indicações geográficas é considerada como Denomi-
nação de Origem?

a) Pampa Gaúcho: carne bovina e seus derivados.


b) Divina Pastora: renda de agulha em lace.
c) Maracaju: linguiça.
d) Costa Negra: camarões.
e) Goiabeiras: panelas de barro.

64/247
Gabarito
1. Resposta: C. logia empregada na fabricação de um pro-
duto.
A indústria cinematográfica é protegida pe-
los Direitos de Autor, não pela Propriedade 4. Resposta: A.
Industrial.
Para outorgar uma Denominação de Ori-
2. Resposta: A. gem é necessário que as características do
produto ou serviço estejam exclusivamente
Para outorgar um registro de desenho in- relacionadas ao meio geográfico onde foi
dustrial é necessário que o objeto seja novo produzido, incluindo fatores humanos e na-
e criativo, não precisa ser uma solução téc- turais. As outras opções de resposta se apli-
nica a um problema, só deve se preocupar cam tanto para Indicações de Procedência
com os aspectos estéticos. quanto para Denominações de Origem.

3. Resposta: E. 5. Resposta: D.
A definição corresponde à Marca de Certi- Para outorgar uma Denominação de Ori-
ficação, a qual é utilizada para determinar gem é necessário que as características do
a qualidade, material utilizado ou metodo- produto ou serviço estejam exclusivamente
65/247
Gabarito
relacionadas ao meio geográfico onde foi
produzido, incluindo fatores humanos e na-
turais. As outras opções de resposta se apli-
cam tanto para Indicações de Procedência
quanto para Denominações de Origem.

66/247
Unidade 3
Patentes

Objetivos

1. Entender o conceito de patente e os


requisitos para obter uma patente;
2. Diferenciar os dois tipos de patentes:
Patente de invenção e Modelo de Uti-
lidade;
3. Definir os principais elementos de um
documento de patente.

67/247
Introdução

As patentes que fazem parte da proprieda- 14 de maio de 1996, que regula direitos e
de industrial constituem uma das princi- obrigações relativos à propriedade indus-
pais formas de proteger as invenções que trial no Brasil. Na terceira parte da seção, se
desenvolvem as pessoas, empresas ou ins- apresentam as principais componentes de
tituições. Representam um insumo-chave um documento de patente, no qual se des-
para a inovação porque são invenções que tacam as reinvindicações, que são o que de-
podem ter sucesso no mercado. Na primei- fine o escopo de proteção. Finalmente, para
ra parte desta seção, se explica o que é uma compreender claramente as partes de um
patente e o que não é patenteável, para isso, documento de patente, se apresenta o caso
foi diferenciado o conceito de invenção e de da patente “Meios e método para a cria-
descoberta. Além disso, se apresentam os ção de uma ilusão anti-gravidade” outor-
principais requisitos para obter uma paten- gada ao cantor Michael Jackson, em 1993.
te: novidade, atividade inventiva, aplicação Esse exemplo indica que as solicitudes de
industrial e suficiência descritiva. Posterior- patentes não só são feitas por empresas de
mente, se apresentam as principais diferen- grande porte ou por universidades, mas que
ças entre uma patente de invenção e uma qualquer pessoa com uma boa invenção
patente de modelo de utilidade. Essa carac- pode apresentar uma patente.
terização está baseada na Lei n° 9.279, de

68/247 Unidade 3 • Patentes


1. O Que é uma Patente? na natureza, o qual é determinado através
da capacidade de observação. Por exem-
A patente é um título legal, outorgado pelo plo: formulação da Lei de gravidade. Por sua
Estado, que documenta e legitima tempo- vez, uma invenção é uma solução material
rariamente o direito exclusivo de explorar para um problema específico e é resultado
uma invenção. Esse título de propriedade de um esforço intelectual e da capacidade
impede a fabricação, venda ou utilização de criação dos seres humanos. Por exemplo,
comercial por terceiros, tornando a pro- o ácido acetilsalicílico, criado em 1867, e
priedade em questão protegida num pe- conhecido comercialmente como aspirina.
ríodo de tempo. O inventor deve revelar Assim, as invenções são patenteáveis, as
detalhadamente a maneira de produzir e descobertas não!
utilizar uma invenção para favorecer o pro-
Neste sentido, é importante entender o que
gresso tecnológico.
não é uma invenção, ou seja o que não é pa-
Para entender melhor o que é uma paten- tenteável:
te, é importante diferenciar os conceitos
• As descobertas, as teorias científicas
de invenção e descoberta. Uma descober-
e os métodos matemáticos;
ta consiste na revelação de algo (ou fenô-
meno) até então ignorado, mas já existente • Concepções puramente abstratas;
69/247 Unidade 3 • Patentes
• Esquemas, planos, princípios ou mé- • O todo ou parte de seres vivos naturais
todos comerciais, contábeis, financei- e materiais biológicos encontrados na
ros, educativos, publicitários, de sor- natureza, ou ainda que dela isolados,
teio e de fiscalização; inclusive o genoma ou germoplasma
• As obras literárias, arquitetônicas e de qualquer ser vivo natural e os pro-
científicas ou qualquer criação esté- cessos biológicos naturais.
tica; Além disso, não pode ser patenteado o que
for contrário à moral, aos bons costumes,
• Os programas de computador em si;
à segurança, à ordem e à saúde pública. As
• As formas de apresentação da infor- ideias também não podem ser patenteadas!
mação;
Assim, uma patente é um título associado a
• Regras de jogo; um documento e a um direito. Se reconhece
• Técnicas e métodos operatórios ou o direito de exercer ações legais para impe-
cirúrgicos, bem como métodos tera- dir a exploração de uma invenção a um ter-
pêuticos ou de diagnóstico para apli- ceiro, com o requisito de que a patente seja
cação no corpo humano ou animal; pública.

70/247 Unidade 3 • Patentes


A exploração pode ser a comercialização ex- seja por via oral, escrita ou pelo seu
clusiva e direta do produto patenteado, ou uso; logo, não pode pertencer ao es-
por meio de terceiros outorgando licenças, tado da técnica.
ou transferindo os direitos obtidos através • Atividade inventiva: os resultados da
da venda para que um terceiro explore a in- pesquisa não podem ser óbvios para
venção. um técnico especializado no assun-
to, ou seja, não podem ser resultantes
1.1. Requisitos para obter uma de uma mera combinação de fatores
patente já pertencentes ao estado da técnica
sem que haja um efeito técnico novo
Segundo a Lei de Propriedade Industrial nº
e inesperado, nem uma simples subs-
9.279/1996, há quatro (4) requisitos bási-
tituição de meios ou materiais conhe-
cos para outorgar uma patente: novidade;
cidos por outros que tenham a mesma
atividade inventiva, aplicação industrial e
função conhecida.
suficiência descritiva, a saber:
• Aplicação Industrial: a invenção deve
• Novidade: a matéria objeto da pes- ter aplicação seriada e industrial e
quisa precisa ser nova, ou melhor, não pode ser utilizada ou produzida em
pode ter sido revelada previamente, qualquer tipo de indústria.
71/247 Unidade 3 • Patentes
• Suficiência descritiva: o relatório do pedido de patente deverá descrever clara e suficien-
temente o objeto, de modo a possibilitar sua realização por técnico no assunto e indicar,
quando for o caso, a melhor forma de execução.
Assim, antes de fazer o pedido de patente, deve-se verificar que se cumprem com todos esses requi-
sitos, que são os que certificam que uma invenção é objeto de proteção por meio de uma patente.

Para saber mais


O Estado da técnica é definido no Artigo 11, parágrafo 1 da Lei de Propriedade Industrial n° 9.279, 1996
([s.p.]):

estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao pú-


blico antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita
ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil e no exterior.
Nesse sentido, se uma pessoa quer proteger sua invenção por meio de uma patente, não pode publicar
nenhuma informação sobre ela, ou seja, deve evitar publicar informações em artigos científicos, eventos
acadêmicos ou feiras comerciais.

72/247 Unidade 3 • Patentes


2. Tipos de Patentes

Há dois tipos de patentes, as quais se dife-


Link
Para o conhecer em detalhe a Lei n° 9.279, de 14
renciam segundo seu grau de inventividade:
de maio de 1996, que regula direitos e obrigações
patente de invenção e patente de modelo
relativos à propriedade industrial, veja o seguinte
de utilidade.
link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L9279.htm>. Acesso em: 18 set. 2017.
2.1. Patente de Invenção
2.2. Patente de Modelo de Utili-
Protege todo novo procedimento, método
dade
de fabricação, máquina, aparato ou nova
solução técnica a um problema. Deve aten-
Segundo o Artigo 9 da Lei n° 9.279/1996,
der aos requisitos de patenteabilidade: no-
uma patente de modelo de utilidade é uma
vidade, atividade inventiva, aplicação in-
proteção de um objeto de uso prático, ou
dustrial e suficiência descritiva. Segundo o
parte deste, suscetível de aplicação indus-
Artigo 40 da Lei n° 9.279/1996 a patente de
trial, que apresente nova forma ou disposi-
invenção tem uma proteção de 20 anos a
ção, envolvendo ato inventivo que resulte
partir da data de depósito.
em melhoria funcional no seu uso ou em sua

73/247 Unidade 3 • Patentes


fabricação. Se entende por melhoria fun- rosas; ii) o processo de concessão pode ser
cional uma nova forma, disposição ou efei- mais rápido e mais simples; iii) as taxas de
to técnico que propiciem mais comodidade aquisição e de manutenção são geralmente
ao usuário. Assim, a patente de modelo de mais baixas (INPI, 2013).
utilidade sempre está vinculada a um objeto Um exemplo que permite identificar as di-
de uso prático (ou parte dele), mas que me- ferenças entre uma patente de invenção,
lhore seu uso ou produção. modelo de utilidade e desenho industrial é a
As características de novidade absoluta, evolução tecnológica do telefone, apresen-
aplicação industrial e suficiência descriti- tada na Figura 1.
va são também requeridas, porém, com um
menor grau de inventividade (INPI-SENAI,
2010). Sua validade é de 15 anos a partir da
data de depósito.
No nível internacional, as patentes de mode-
lo de utilidade podem representar algumas
vantagens frente às patentes de invenção: i)
as condições da concessão são menos rigo-

74/247 Unidade 3 • Patentes


Figura 1 | Avanço tecnológico do telefone

Fonte: Branco (2011, p. 49).

75/247 Unidade 3 • Patentes


A Figura 1 representa a evolução tecnoló- 3. Estrutura dos Documentos de
gica do telefone. A primeira coluna de cima Patentes
para baixo representa diferentes patentes
de invenção do telefone que evidenciam o Todos os documentos de patentes têm a
avanço tecnológico dessa invenção. A pri- mesma estrutura, o que permite fazer aná-
meira delas foi outorgada ao Alexander lises de patentes ou patentometria para
Graham Bell em 1876, posteriormente foi identificar as diferentes tendências e evo-
outorgada uma patente à Western Electric lução de determinada tecnologia. Os docu-
pelo sistema de disco, em 1921. Finalmen- mentos de patentes descrevem a natureza
te, em 1941 foi outorgada outra patente de da invenção, incluindo instruções sobre a
invenção à Western Electric pela discagem maneira de realizar a invenção. Além disso,
por tom. Da esquerda para a direita se re- fornecem pormenores sobre o inventor, o
presentam as melhorias funcionais por pa- titular da patente e outras informações le-
tentes de modelo de utilidade e finalmente gais (INPI, 2013).
as alterações no desenho, identificadas por
diferentes desenhos industriais.

76/247 Unidade 3 • Patentes


• Data de prioridade: Essa data é de
Para saber mais grande importância jurídica, já que
com ela se outorga o direito de prio-
A análise de patentes ou patentometria é a aplica-
ridade e se delimita o estado da téc-
ção de métodos estatísticos e matemáticos para
nica. Essa data define o ano em que se
medir informação de patentes com o objetivo de
registrou a patente, ou seja, ou ano de
identificar e analisar suas características, incluin-
origem da invenção;
do tendências, impacto, agrupações temáticas
e desenvolvimentos crescentes ou decrescentes • Data de publicação da patente: Essa
(CASTELLANOS; FÚQUENE; RÁMIREZ, 2011). é a data que representa quando a
patente teve acesso ao público. As-
Em continuidade, se apresentam as princi- sim, se evita a concessão de direitos
pais partes de um documento de patente. a invenções similares. Com essa data
Primeira página: Na primeira página da pa- se determina quantos anos tem a in-
tente, se encontram os aspectos gerais que venção e a sua vigência. Se a proteção
identificam a patente: tem caducado, essa invenção pode ser
utilizada sem permissão do titular;
• Classificação Internacional de Paten-
• Número da patente: É o número que o
tes: Identifica o campo técnico;
respectivo escritório de patentes ou-
77/247 Unidade 3 • Patentes
torga ao pedido de patente para sua • Patentes citadas: São as patentes que
identificação durante o processo de o inventor consultou para escrever a
solicitude; sua patente. Essa informação é im-
• Identificação do solicitante e do in- portante porque identifica os antece-
ventor: Esses são dados muito impor- dentes da invenção.
tantes do ponto de vista comercial. • Desenho característico: Muitas soli-
A partir dessa informação é possível citudes de patentes têm uma repre-
localizar as fontes da tecnologia, as sentação gráfica do objeto da inven-
condições de uma possível licença, as ção para uma maior compreensão do
atividades de invenção de uma em- objeto da patente. Os desenhos mos-
presa, entre outros; tram os pormenores técnicos da in-
venção de um modo abstrato e visual
• Título da invenção: Resume o objeto (INPI, 2013).
da invenção, deve ter uma extensão li-
Nas páginas seguintes todas as patentes
mitada e ser preciso;
devem ter a seguinte informação:
• Resumo: Deve descrever a solução do
• Antecedentes da invenção: Deve des-
problema técnico com o objeto da in-
crever o objetivo da invenção e a des-
venção;
crição do estado da arte;
78/247 Unidade 3 • Patentes
• Resumo da invenção;
• Breve descrição dos desenhos; Para saber mais
As reinvindicações determinam o escopo da in-
• Descrição da forma de realização pre-
venção. São muito importantes, porque se forem
ferida;
mal redigidas, embora a patente seja valiosa, po-
• Reinvindicações: São as característi- de-se tornar inútil. Quando há litígios sobre pa-
cas técnicas e de novidade da inven- tentes, o primeiro passo que é feito é analisar as
ção, para as quais se reclama a pro- reinvindicações para determinar se a patente é
teção legal da patente. Essa é a parte válida ou teve alguma transgressão.
mais importante das patentes. Devem
estar bem definidas e basear-se na 4. Caso de Estudo: Patente de
descrição. As reinvindicações são o
Michael Jackson
que foi efetivamente protegido.
Todos conhecemos Michael Jackson como
um excelente cantor e artista. Além de suas
virtudes artísticas, também tinha habilida-
des como inventor. Depois de seu sucesso
com o vídeo da música “Smooth Criminal”,
79/247 Unidade 3 • Patentes
ele queria fazer nos shows ao vivo aquele Para compreender melhor as partes de um
passo de dança onde simulava estar caindo. documento de patente, a seguinte figura
Assim, chamou os inventores Michael L. Bush apresenta a primeira página do documento
e Dennis Tompkins para que lhe ajudassem a da patente de Michael Jackson, onde se si-
desenhar um dispositivo que permitiria criar nalizam as principais partes: número e data
uma ilusão antigravidade daquele passo de de publicação da patente; título; inventor e
dança. O título da patente é “Meios e método solicitante; data de prioridade; classificação
para a criação de uma ilusão antigravidade” internacional de patentes; resumo; patentes
em inglês: “Method and means for creating citadas; desenho representativo. A primeira
anti-gravity illusion” e foi concedida pelo
página de um documento de patente é pra-
Escritório de Patentes e Marcas dos Estados
ticamente a mesma para todas as patentes
Unidos USPTO, no ano 1993.
de invenção e de modelo de utilidade.

Link
Para entender melhor em que consiste a patente
de Michael Jackson, veja o seguinte vídeo: Dispo-
nível em: <https://www.youtube.com/wat-
ch?v=pch3hoUtfJ0>. Acesso em: 18 set. 2017.

80/247 Unidade 3 • Patentes


Figura 2 | Primeira página do documento de patente “Method and means for creating anti-gravity illusion”

Fonte: Jackson et al (1993, [p.1.]).

81/247 Unidade 3 • Patentes


Outros desenhos que se encontram dentro do documento da patente e que permitem identificar
o funcionamento do dispositivo se apresentam na continuação.
Figura 3 | Imagens do documento de patente de Jackson

Fonte: Jackon et al (1993, [p.2,3.]).

82/247 Unidade 3 • Patentes


Link
Para conhecer o documento completo da
patente de Michael Jackson que está depositado
na Oficina de Patentes dos Estados Unidos
(USPTO), consulte o link a seguir. Disponível em:
<http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Par
ser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PAL
L&p=1&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsrch
num.htm&r=1&f=G&l=50&s1=5255452.
PN.&OS=PN/5255452&RS=PN/525545z>.
Acesso em: 18 set. 2017.

83/247 Unidade 3 • Patentes


Glossário
Escritório de patentes: São os organismos oficiais onde se realiza a solicitude de patente. Cada
país tem seu próprio escritório de patentes, no caso do Brasil é o INPI. Também há escritórios de
patentes internacionais ou regionais, como a Oficina Europeia de Patentes.
Genoma: É o conjunto de genes contidos nos cromossomas, ou seja, a totalidade do material
genético que tem um organismo ou espécie em particular. Em biotecnologia, o genoma é toda a
informação hereditária de um organismo que está codificada em seu DNA.
Germoplasma: É o conjunto de genes que se transmite pela reprodução à descendência por meio
de gametas ou células reprodutoras. O conceito de germoplasma se utiliza para designar a di-
versidade genética das espécies vegetais silvestres e cultivadas de interesse para a agricultura.

84/247 Unidade 3 • Patentes


?
Questão
para
reflexão

Neste tema foram apresentadas as principais diferen-


ças entre uma patente de invenção e uma patente de
modelo de utilidade. Pesquise sobre a patente de inven-
ção da escova de dentes e sobre patentes de modelo de
utilidade que apresentam melhorias funcionais dessa
invenção. Explique suas principais diferenças e a utili-
dade de cada uma delas.

85/247
Considerações Finais (1/2)

• Explicamos os conceitos de patente, descoberta e invenção, e o que não é


considerado objeto de proteção por meio de patentes. Além disso, detalha-
mos os requisitos que deve ter uma patente para ser concedida: novidade,
atividade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva.
• Identificamos as principais características de uma patente de invenção e de
uma patente de modelo de utilidade. A patente de modelo de utilidade deve
cumprir com todos os requisitos de patenteabilidade, mas com uma melho-
ria funcional e com menor grau de invenção.
• Analisamos as principais partes de um documento de patente, as quais são
as mesmas em âmbito internacional e permitem fazer análise de patentes
ou patentometria. Foi ressaltada a importância das reinvindicações como
um elemento chave para definir o que realmente está sendo protegido pela
patente.

86/247
Considerações Finais (2/2)

• Apresentamos o caso de estudo da patente de Michael Jackson, onde se


identificaram os elementos que deve ter a primeira página de uma patente:
número e data de publicação da patente; título; inventor e solicitante; data
de prioridade; classificação internacional de patentes; resumo; patentes ci-
tadas; desenho representativo.

87/247
Referências

BRANCO, G. et al. Propriedade Intelectual. Curitiba: UTFPR, 2011. p. 11-64.


BRASIL. Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e
obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

CASTELLANOS, O.; FÚQUENE, A.; RÁMIREZ, D. Análisis de tendencias: da la información hacia la


innovación. Bogotá: Editorial Universidad Nacional de Colombia, 2011.
INPI. Curso intermediário de capacitação para gestores de propriedade industrial. Arara-
quara-SP, 17 e 18 de agosto de 2009. Disponível em: <http://unesp.br/nit/mostra_arq_multi.
php?arquivo=5497>. Acesso em: 19 jul. 2017.

INPI. Inventando o futuro: Uma introdução às patentes para as pequenas e médias empresas.
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Rio de Janeiro: INPI, 2013.
INPI-SENAI. Inovação e Propriedade Intelectual: Guia para o docente. Brasília: SENAI, 2010.
JACKSON et al. Method and means for creating anti-gravity illusion. US Pat. 5.255.452, 26 out,
1993. 8p.

88/247 Unidade 3 • Patentes


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Patentes. Bloco I Aula 3 - Tema: Patentes. Bloco II


Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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d303739f0166de0826bac4650e3ed5e7>. 8f39b1c192e08b3f30a0b6421026eb9d>.

89/247
Questão 1
1. Qual dos seguintes elementos pode-se proteger por meio de patentes?

a) Ideias.
b) Programas de computador.
c) Regras de jogo.
d) Invenções que apresentem uma solução técnica.
e) As teorias científicas.

90/247
Questão 2
2. Qual dos seguintes requisitos não são necessários para outorgar uma pa-
tente?

a) Ter um mercado potencial.


b) Suficiência descritiva.
c) Aplicação industrial.
d) Atividade inventiva.
e) Novidade.

91/247
Questão 3
3. Qual dos seguintes elementos deve ter uma patente de modelo de utilidade
para ser outorgada?

a) Inovação.
b) Melhoria funcional.
c) Novidade absoluta.
d) Sucesso no mercado.
e) Descoberta científica.

92/247
Questão 4
4. Qual dos seguintes elementos não se encontram na primeira página de
um documento de patente?

a) Descrição da forma de realização preferida.


b) Data de prioridade.
c) Patentes citadas.
d) Classificação Internacional de Patentes.
e) Desenho característico.

93/247
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. A definição: “Características técnicas e de
novidade da invenção para as quais se reclama a proteção legal da patente”
corresponde a:

a) Estado da técnica.
b) Suficiência descritiva.
c) Melhoria funcional.
d) Desenho característico.
e) Reinvindicações.

94/247
Gabarito
1. Resposta: D. nal, ou seja, una nova forma, disposição ou
efeito técnico que propiciem mais comodi-
As invenções são patenteáveis se estas dade para o usuário.
cumprem com o requisito de ser uma solu-
ção técnica a um problema. As outras op- 4. Resposta: A.
ções podem ser protegidas por mecanismos
de propriedade intelectual. A descrição da forma de realização preferi-
da se encontra no corpo da patente mas não
2. Resposta: A. na primeira página.

Para outorgar uma patente não é necessário 5. Resposta: E.


que a invenção tenha um mercado poten-
cial, mas sim devem-se cumprir os requisi- As reinvindicações são o elemento mais im-
tos de novidade, atividade inventiva, aplica- portante da patente porque são as que de-
ção industrial e suficiência descritiva. terminam o escopo da invenção e o que re-
almente está sendo protegido.
3. Resposta: B.
Uma patente de modelo de utilidade deve
cumprir com o requisito de melhoria funcio-
95/247
Unidade 4
Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT

Objetivos

1. Entender o Sistema de Classificação


Internacional de Patentes (CIP);
2. Analisar a Classificação Cooperativa
de Patentes (CPC);
3. Analisar o Tratado de Cooperação em
Matéria de Patentes (PCT).

96/247
Introdução

Apresentaremos as características dos dois dois tipos de informações que tem uma pa-
principais sistemas de classificação interna- tente: informação da invenção e informa-
cional de patentes: Sistema de Classificação ção adicional. Finalmente, se apresentam
Internacional de Patentes (CIP) e a Classifi- as principais características do Tratado de
cação Cooperativa de Patentes (CPC). Esses Cooperação em Matéria de Patentes PCT. O
dois sistemas classificam todas as patentes PCT é um tratado internacional administra-
de acordo com seu setor tecnológico e são do pela Organização Mundial da Proprieda-
muito importantes para fazer pesquisas de de Intelectual OMPI, e assinado pelos países
patentes em um tema específico. que fazem parte da Convenção de Paris, que
Todas as patentes devem ter alguma dessas permite fazer uma única solicitude de pa-
classificações, as quais são outorgadas pe- tente de forma simultânea em vários países.
los Escritórios de Patentes onde são deposi- As principais vantagens de fazer uma solici-
tadas. Os dois sistemas têm uma classifica- tude via PCT é reduzir custos e simplificar o
ção similar, que vai de um campo tecnológi- processo de apresentação da solicitude.
co mais geral, que se denomina “seção” até
o campo mais específico e detalhado, que
se denomina “sub-grupo”. Esses sistemas
de classificação permitem identificar os
97/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
1. Sistema de Classificação In- de Patentes de Invenção, no ano 1954. Pos-
ternacional de Patentes (CIP) teriormente, no acordo de Estrasburgo de
1971, se estabeleceu que esse sistema se-
A Classificação internacional de patentes ria utilizado internacionalmente. A primei-
(CIP), em inglês International Patent Clas- ra edição da CIP teve vigência de 1968 até
sification, é um sistema internacional de 1971. Posteriormente, o sistema tem sido
símbolos e números que permite classificar revisado periodicamente por especialis-
as patentes em diferentes setores tecnoló- tas para melhorar o sistema e incluir novos
gicos. Todas as patentes devem ter o códi- campos tecnológicos. A próxima versão da
go da classificação CIP para identificar com CIP entra em vigor em 1 de janeiro de 2018,
facilidade a informação tecnológica que mas a publicação antecipada já se encon-
contém cada documento de patente. Esses trava disponível para revisão (OMPI, 2017).
símbolos são assinados pelo respectivo Es- O objetivo geral da CIP é:
critório de Patentes, nacional ou regional,
em que é depositada a patente.
O primeiro sistema de classificação inter-
nacional se estabeleceu no primeiro convê-
nio Europeu de Classificação Internacional
98/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Para saber mais
A OMPI tem um grupo de trabalho sobre a revisão da Classificação Internacional de patentes, que reúne
cada ano um grupo de especialistas para revisar e atualizar a classificação, de acordo com o avanço das
tecnologias. A primeira reunião do comitê foi em 1968, quando entrou em vigência o CIP. Algumas das
temáticas que se revisam anualmente são: mudanças globais, tecnologias da informação e comunicação,
biotecnologia e ciências da vida, conhecimentos tradicionais e recursos genéticos, entre outros.

Constituir um instrumento eficaz de busca para a recuperação de documen-


tos de patentes, que possa ser utilizado pelos escritórios de patentes e outros
usuários que desejem determinar a novidade e conhecer a atividade inventi-
va das divulgações técnicas de uma solicitude de patente. (OMPI, 2017, [s.p.]
Outras características do Sistema de Classificação Internacional de Patentes são (OMPI, 2017):
• O CIP é um instrumento que permite organizar os documentos de patentes com o alvo de

99/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
facilitar o acesso à informação tecno- tras. O nível mais alto da CIP são as seções
lógica e jurídica contida neles; que estão classificadas com as letras A até
• É um meio de difusão seletiva de in- H. As 8 seções são:
formação relacionada com as paten- • Seção A: Necessidades Humanas.
tes para os usuários de informação
• Seção B: Operações de processamen-
tecnológica;
to; Transporte.
• É um meio de busca do estado da téc-
• Seção C: Química; Metalurgia.
nica em setores tecnológicos deter-
minados; • Seção D: Têxteis; Papel.
• É um meio para a preparação de esta- • Seção E: Construções fixas.
tísticas de propriedade industrial que • Seção F: Engenharia Mecânica; Ilumi-
também permite analisar a evolução nação; Aquecimento; Armas; Explo-
do desenvolvimento tecnológico em são.
diferentes setores.
A CIP divide a tecnologia em 8 seções, com
cerca de 70.000 subdivisões, cada uma das
quais tem um símbolo com números e le-
100/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
• Seção G: Física.
• Seção H: Eletricidade.
Como cada seção abrange muitos campos tecnológicos, estas por sua vez se dividem em subse-
ções, que não têm um símbolo determinado, mas também ajudam a estabelecer uma subclassifi-
cação mais geral. Por exemplo, a Seção B - Operações de processamento; transporte está dividi-
da nas seguintes subseções: i) Separação, mistura; ii) Conformação; iii) Impressão; iv) Transporte;
v) Tecnologias das microestruturas; nanotecnologia.
No seguinte quadro se apresenta a estrutura hierárquica das patentes segundo a CIP e um exem-
plo da classificação utilizada para os calçados para corridas que usamos cotidianamente para
fazer esporte.
Quadro 1 | Nível Hierárquico da Classificação Internacional de Patentes CIP

Nível Hierárquico Símbolo Nome


Seção: É o nível mais alto da classificação. Está dividido em A Necessidades Humanas.
8 seções, da A até H.
Subseção: Não tem símbolo determinado. Artigos pessoais ou domésticos.
Classe: Segundo nível hierárquico. Está composto pelo A43 Calçados.
símbolo da seção seguido de um número de dois dígitos.

101/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Nível Hierárquico Símbolo Nome
Subclasse: Terceiro nível hierárquico. Está composto pelo A43B Características de calçados; pe-
símbolo da classe seguido de uma letra maiúscula. ças de calçados.
Grupo: Quarto nível hierárquico. Está composto pelo sím- A43B 5/00 Calçados para esporte.
bolo da subclasse seguido de dois números separados por
uma barra.
Subgrupo: São subdivisões dos grupos principais. Está A43B 5/06 Calçados para corridas.
composto pelo símbolo da subclasse seguido do número
(de 1 a 3 dígitos) do grupo principal, da barra e de um nú-
mero de ao menos dois dígitos distintos de 00.
Fonte: adaptado de OMPI (2017, [s.p.])

Como fica evidente no exemplo, o título da Seção, Subseção e Classe são muito gerais e não per-
mitem identificar o âmbito da invenção. Em contraste, os títulos das subclasses, grupos e sub-
grupos definem detalhadamente os campos tecnológicos cobertos na classificação da invenção,
nesse caso, calçados para corridas.
Além disso, a CIP também contém notas explicativas depois do título dos diferentes níveis hie-
rárquicos, que podem definir melhor as expressões utilizadas no título ou em outra parte da clas-
sificação. O sistema de classificação CIP está disponível em internet no site da OMPI e no site
102/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
dos Escritórios Nacionais ou Regionais de Assim, a CIP permite facilitar a busca de
Patentes. patentes de tal modo que um único e mes-
mo objeto técnico se possa localizar com o
mesmo código da classificação. É impor-
Link tante levar em conta que uma patente pode
O Sistema CIP foi feito originalmente em in- ter vários códigos de classificação. Isso se
glês e francês, mas este também tem sido tra- explica porque os documentos de patentes
duzido para o português. Para olhar a versão têm dois tipos de informação: informação
em português, veja o link do INPI. Disponível da invenção e informação adicional.
em: <http://ipc.inpi.gov.br/ipcpub/?no- A informação da invenção corresponde à
tion=scheme&version=20170101&sym- informação técnica que representa o apor-
bol=A43B0005060000&menulang=pt&lan- te ao estado da técnica e está baseada nas
g=pt&viewmode=f&fipcpc=no&showdele- reinvindicações. Por sua vez, a informação
ted=yes&indexes=no&headings=yes&not- adicional corresponde à informação técnica
es=yes&direction=o2n&initial=A&cwid=no- não trivial, que não representa em si mes-
ne&tree=no&searchmode=smart>. Acesso ma um aporte ao estado da técnica, mas
em: 20 jul. 2017. que pode ser útil para a busca de patentes
(OMPI, 2017).
103/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Finalmente, a CIP também tem um Índice Europeu (em inglês, European Classification
de palavras-chave que podem ser consulta- System - ECLA).
das para identificar o Grupo ou a Subclasse No ano 2010, o diretor do Escritório de Pa-
à que pertence determinada invenção. Esse tentes dos Estados Unidos (USPTO) e o Dire-
índice é muito útil quando não conhecemos tor do Escritório de Patentes Europeia (EPO)
a classificação do objeto que estamos pes- acordaram elaborar um sistema conjunto
quisando. de classificação internacional de patentes,
com o alvo de melhorar o sistema de busca.
2. Classificação Cooperativa de Esse sistema se denominou Classificação
Patentes CPC Cooperativa de Patentes (em inglês, Coo-
perative Patent Classification - CPC), que
Até há pouco tempo, além da classificação
incorporou as melhores práticas de classi-
Internacional de Patentes, outros países
ficação de cada Escritório e começou a fun-
tinham seu próprio sistema de classifica-
cionar em 1° de janeiro de 2013.
ção. Os mais importantes eram o Sistema
de Classificação de Patentes dos Estados O CPC permite harmonizar os sistemas de
Unidos (em inglês, U.S Patent Classification classificação anteriores e ter um padrão in-
System - USPC) e o Sistema de Classificação ternacional comum. Seguindo a mesma li-
nha do CIP, também é um sistema flexível e
104/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
vai se atualizando de acordo com a evolu- símbolo do grupo do CPC, seguido de uma
ção da tecnologia por especialistas da USP- combinação de números.
TO e da EPO. O CPC está dividido em 9 seções. As 8 pri-
meiras são as mesmas que as da classifica-
Link ção CIP. A nona seção está denotada com a
letra Y e corresponde a: tecnologias trans-
Para conhecer mais sobre a classificação Coope- versais emergentes.
rativa de Patentes, veja o site do CPC no seguinte
link: <http://www.cooperativepatentclassifi-
A seção Y inclui invenções com novos de-
senvolvimentos tecnológicos; execução
cation.org>. Acesso em: 20 jul. 2017.
geral das tecnologias transversais que es-
O CPC tem a mesma estrutura hierárqui- tão em outras seções da classificação IPC;
ca do CIP, que vai desde seções até grupos. e assuntos técnicos cobertos pelas antigas
Toda a informação disponível na classifica- classificações dos Estados Unidos e da Eu-
ção CIP está também no CPC. A principal di- ropa. A seção Y está subdivida em três clas-
ferença entre os dois sistemas é que o CPC ses (CPC, 2017):
tem mais subgrupos, o que gera um maior • Y02: Tecnologias ou aplicações para a
detalhe na classificação das invenções. Es- mitigação ou adaptação contra a mu-
tes subgrupos começam com o mesmo dança climática.
105/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
• Y04: Tecnologias da informação e co-
municação com impacto em outras Para saber mais
áreas de tecnologia. Outros países que tinham seu próprio sistema de
• Y10: Assuntos técnicos cobertos pela classificação atualmente utilizam o sistema CPC.
antiga classificação dos Estados Uni- Esses países são: China, Coreia do Sul, Rússia e
dos. México. A adesão de um grande número de pa-
A inclusão dessa nova seção tem sido mui- íses para o sistema CPC indica a importância de
to importante para classificar tecnologias harmonizar todos os sistemas de classificação de
transversais e que levam em conta os rá- patentes para facilitar os processos de busca e de
pidos avanços da tecnologia e a preocupa- análise de patentes.
ção pela mitigação às mudanças climáticas.
Esse sistema de classificação também tem
3. Tratado de Cooperação em
sido adotado por outros países. Matéria de Patentes (PCT)

O Tratado de Cooperação em Matéria de


Patentes PCT, é um tratado internacional
administrado pela Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI) e assinado

106/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
pelos países que fazem parte da Convenção te de um Estado membro do tratado (INPI,
de Paris. 2017). No caso do Brasil, essa solicitude
Mediante a apresentação de um pedido pode ser feita ante o INPI.
único de “patente internacional” sob o PCT,
os candidatos podem procurar simultane-
amente a proteção de uma invenção em
Link
O INPI disponibilizou em seu portal 29 vídeos mul-
mais de 145 Estados contratantes, em vez
timídias sobre os principais aspectos do Tratado
de depositar vários pedidos separados de
patentes nacionais ou regionais. A data de em Matéria de Patentes PCT. Esses vídeos foram
prioridade é a mesma para todos os países produzidos pela OMPI e traduzidos em português
do PCT. pelo INPI. Veja:

O principal objetivo é simplificar e tornar INPI. Tratado de cooperação em matéria de paten-


mais econômica a proteção das invenções tes (29 vídeos) som, cor. Disponível em: <http://
quando esta for solicitada em vários países. www.inpi.gov.br/arquivos-videos/tratado-
Esse pedido precisa de um único conjun- -de-cooperacao-em-materia-de-patentes>.
to de formalidades legais. Um pedido PCT Acesso em: 25 jul. 2017.
pode ser apresentado por qualquer pessoa
que tenha nacionalidade ou seja residen-
107/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Esse sistema de proteção é ideal para as A concessão de patentes via PCT tem duas
pessoas que desejam proteger suas inven- fases: Fase Internacional e Fase Nacional.
ções em mais de um país ao mesmo tem- Na Figura 1 se detalha o processo de soli-
po, especialmente se estão interessadas em citude via PCT e, posteriormente, se explica
mercados internacionais. Por exemplo, um cada passo da solicitude.
brasileiro que fez sua solicitude de patente
no INPI tem um escopo de proteção territo-
rial, ou seja, sua patente só está protegida
no Brasil. Se essa invenção começa a ter su-
cesso em mercados internacionais e não ti-
ver patente depositada em outros países, a
invenção fica sem proteção jurídica e qual-
quer pessoa fora do Brasil pode usar a in-
venção sem nenhuma restrição.

108/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Figura 5 | Resumo do sistema PCT

Fonte: OMPI (2015, [s.p.]).

109/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
O processo de solicitude de patente via PCT transferem os relatórios à Secretaria
pode ser resumido da seguinte maneira Geral da OMPI.
(OMPI, 2015): 3. Até o mês 18 depois da data de prio-
1. Se realiza um pedido de depósito no ridade, o conteúdo do pedido inter-
Organismo Nacional ou Regional de nacional é publicado para o público
Patentes ou junto à OMPI. Esse pedi- mundial. A OMPI publica seu pedi-
do é realizado em uma só língua e se do no Patenscope e qualquer pessoa
paga uma única taxa. Essa data de so- pode ter acesso a essa informação.
licitude fica como a data de priorida- 4. O requerente pode solicitar uma pes-
de. Esse processo pode durar até 12 quisa internacional suplementar a ou-
meses depois da data de prioridade. tra autoridade internacional de pes-
2. A partir do mês 12, começa a fase in- quisa, para que encontre outros pedi-
ternacional. Nessa fase, uma autori- dos de patentes que não fossem con-
dade internacional de pesquisa (ISA, templados na pesquisa inicial. Essa
IPEA, SISA) identifica os documentos solicitude é facultativa.
de patentes que podem ter influên- 5. O requerente pode solicitar uma aná-
cia sobre patenteabilidade da inven- lise adicional de patenteabilidade,
ção, preparam uma opinião escrita e que está baseada numa nova versão
110/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
de sua solicitude original. Essa soli- Embora esse processo possa parecer um
citude também é facultativa. Essa é pouco complexo, tem grandes vantagens,
uma das principais vantagens do PCT, especialmente se o objetivo é proteger sua
porque o solicitante tem a oportuni- invenção em vários países, levando em con-
dade de modificar seu pedido original ta seus possíveis mercados potenciais. A
e de dialogar com o examinador a fim solicitude via PCT é utilizada geralmente
de defender plenamente seu caso. por empresas multinacionais, empresas de
6. Uma vez terminado o processo de so- grande porte e por universidades.
licitude facultativa (se for o caso), e
geralmente 30 meses depois da data
de prioridade inicial, os pedidos de
patentes são enviados às oficinas na-
cionais ou regionais, dos países onde
se quer fazer a proteção. Aqui começa
a fase nacional, considerando que a
concessão de patentes continua sen-
do competência dos escritórios na-
cionais ou regionais de patentes.
111/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Para saber mais
O número de pedidos de patentes internacionais
via PCT cresceu 7,3% em 2016, o crescimen-
to mais rápido desde 2011, com um número de
233.000 pedidos via PCT. Mais de 3,23 milhões de
pedidos internacionais têm sido depositados via
PCT desde o ano 1978, quando começou o tra-
tado. Só no ano 2009 não houve crescimento no
número de depósitos, como consequência da cri-
se econômica global (WIPO, 2017).

112/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Glossário
Autoridade internacional de pesquisa (ISA): São as autoridades encarregadas da busca inter-
nacional e emitem a opinião escrita se a invenção cumpre com os requisitos de patenteabilidade
(novidade, atividade inventiva, aplicação industrial e suficiência descritiva). No mundo, há 22
autoridades internacionais de pesquisa em países como Estados Unidos, China, Japão, Índia, en-
tre outros. A opinião escrita se envia ao solicitante e ao Escritório de patentes correspondente
(OMPI, 2015).
IPEA: Administração encarregada do exame preliminar internacional.
Patenscope: É o sistema de busca oficial da OMPI. Permite pesquisar em 65 milhões de docu-
mentos de patentes, incluindo as solicitudes via tratado PCT.
SISA: Administração encarregada da busca internacional suplementar.
Solicitude facultativa: É uma solicitação optativa, ou seja, que pode ser feita ou não, não é obri-
gatória.

113/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
?
Questão
para
reflexão

Levando em conta o Sistema de Classificação Internacional de


Patentes CIP, acesse o site do INPI e identifique todos os níveis
hierárquicos de classificação para as “máquinas e aparelhos para
fazer café”. A partir dessa busca: i) elabore um quadro seguin-
do o exemplo do Quadro 1; ii) identifique todos os subgrupos
associados a essa invenção; iii) pontue quais são as principais
vantagens dessa classificação; iv) comente sobre as principais
dificuldades que você encontrou no processo de pesquisa. Lem-
bre-se de que também pode usar o índice de palavras-chave.

114/247
Considerações Finais
• Analisamos o Sistema de Classificação Internacional de Patentes CIP que, como
seu nome indica, classifica todas as patentes de acordo com o seu campo tec-
nológico. Todas as patentes devem ter essa classificação, o que permite identi-
ficar as invenções e facilitar as buscas das mesmas.
• Analisamos a Classificação Cooperativa de Patentes (CPC), que nasce como
uma fusão do sistema de classificação de patentes dos Estados Unidos (USPC)
e do Sistema e Classificação Europeu (ECLA). A principal diferença com a CIP é
que a CPC tem mais subgrupos e inclui a seção “Y”, que está associada às tec-
nologias transversais emergentes.
• Identificamos todos os níveis hierárquicos associados às classificações inter-
nacionais de patentes, que vão de um nível mais geral até um mais detalhado.
Os níveis são: Seção, Subseção, Classe, Subclasse, Grupo, Subgrupo.
• Entendemos o Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT e seu pro-
cesso de solicitude. Algumas das vantagens desse tratado é a redução de custos
e a simplificação do processo de solicitude de patentes no nível internacional.
115/247
Referências
CPC. Cooperative Patent Classification. Section Y. Disponível em: <http://www.cooperativepat-
entclassification.org/cpc/scheme/Y/scheme-Y.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017.
INPI. Como proteger patente no exterior. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/
patente/pct>. Acesso em: 20 jul. 2017.
OMPI. Perguntas e respostas sobre o Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT.
Proteger suas invenções no estrangeiro, abr. 2015. Disponível em: <http://www.wipo.int/export/
sites/www/pct/pt/basic_facts/faqs_about_the_pct.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2017.
________. Guia de Classificação Internacional de Patentes (IPC). Versão 2017. Dis-
ponível em: <http://ipc.inpi.gov.br/ipcpub/?notion=catchword&version=20170101&symbol-
=A43B0005060000&menulang=pt&lang=pt&viewmode=f&fipcpc=no&showdeleted=yes&in-
dexes=no&headings=yes&notes=yes&direction=o2n&initial=B&cwid=CW259854552&tree=no&-
searchmode=smart>. Acesso em: 20 jul. 2017.
________. El sistema PCT para la presentación mundial de patentes. Presentación del seminar-
io sobre el Tratado de Cooperación en Materia de Patentes, 2017. Disponível em: <http://www.
wipo.int/export/sites/www/pct/es/seminar/basic_1/document.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017.
WIPO. Patent Cooperation Treaty Yearly Review 2017. The International Patent system. Dis-
ponível em: <http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/wipo_pub_901_2017.pdf>. Acesso em: 19
jul. 2017.
116/247 Unidade 4 • Sistemas de Classificação de Patentes e Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT
Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Sistemas de Classificação de Pa- Aula 4 - Tema: Sistemas de Classificação de Pa-
tentes e Tratado de Cooperação em Matéria de tentes e Tratado de Cooperação em Matéria de
Patentes PCT. Bloco I Patentes PCT. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/93a1be4cc4d073258b006919e9d5b721>. 087cfe13b798a035b41231ef50d41208>.

117/247
Questão 1
1. Assinale a alternativa que indica qual dos seguintes tratados deu origem
ao sistema de Classificação Internacional de Patentes (CIP).

a) Convenção de Paris.
b) Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes.
c) Acordo de Estrasburgo.
d) Acordo de Locarno.
e) USPTO.

118/247
Questão 2
2. Qual das seguintes categorias não corresponde a uma seção do sistema
de Classificação Internacional de Patentes?

a) Agricultura.
b) Física.
c) Eletricidade.
d) Metalurgia.
e) Transporte.

119/247
Questão 3
3. Qual dos seguintes aspectos caracteriza a Classificação Cooperativa de
Patentes?

a) Letras e números do Sistema de Classificação de Patentes dos Estados Unidos (USPC).


b) Oito seções.
c) Não é acessível ao público.
d) Sistema fechado que não permite atualização.
e) Maior número de subgrupos.

120/247
Questão 4
4. Assinale a alternativa que indica em que casos é recomendável deposi-
tar uma patente via PCT.

a) Quando se deseja proteger a invenção no país de origem.


b) Quando se quer apresentar uma ação jurídica a um concorrente.
c) Quando se deseja proteger a invenção em mais de um país ao mesmo tempo.
d) Quando se quer começar a fabricação de um invento.
e) Quando se quer publicar um artigo científico sobre a invenção.

121/247
Questão 5
5. Em que mês, depois de depositar uma patente, esta se torna pública?
Assinale a alternativa correta.

a) Mês 12.
b) Mês 18.
c) Mês 30.
d) Imediatamente.
e) Mês 22.

122/247
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: C.

O Acordo de Estrasburgo, do ano 1971, deu A apresentação de um pedido de patente


origem ao atual Sistema de Classificação In- via PCT é recomendável quando a invenção
ternacional de Patentes CIP. quer ter uma proteção em vários países ao
mesmo tempo, levando em conta a primeira
2. Resposta: A. data de prioridade da invenção. Geralmente,
esse tipo de proteção é usado por empresas
A categoria Agricultura é uma subseção da multinacionais e de grande porte com mer-
Seção A: Necessidades Humanas. cados potenciais.

3. Resposta: E. 5. Resposta: B.
Uma das principais características da CPC é Geralmente, 18 meses depois de depositar
que tem maior número de subseções, o que uma patente, esta é publicada nos respec-
gera maior detalhe na classificação das in- tivos escritórios nacionais ou regionais de
venções. patentes.

123/247
Unidade 5
As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica

Objetivos

1. Entender a importância das patentes


como fonte de informação tecnológi-
ca;
2. Analisar as finalidades legais e comer-
ciais das patentes;
3. Analisar o estudo de caso das paten-
tes abertas da Tesla.

124/247
Introdução

Neste tema, intitulado “As patentes como tra em patentes e não é publicada em outro
fonte de informação tecnológica”, traze- tipo de documentos, como artigos, livros
mos um panorama geral sobre o uso das ou manuais técnicos. Também se analisa
patentes como indicadores de inovação e a importância das citações das patentes,
a importância da informação tecnológica, entendidas como as referências anteriores
jurídica e de mercado contida nos docu- ou posteriores que permitem definir o Es-
mentos de patentes. Na primeira parte, se tado da Técnica de uma invenção. Se con-
explicam as características únicas que têm sidera que uma patente muito citada tem
os documentos de patentes, como: estrutu- maior impacto e pode indicar processos de
ra padronizada, classificação internacional transferência tecnológica. Posteriormente,
de todos os campos tecnológicos, acesso se analisa a importância jurídica e comer-
livre e on-line e apresentação das utilida- cial das patentes, principalmente em rela-
des técnicas das invenções. Essas carac- ção às vantagens competitivas que têm os
terísticas permitem analisar a dinâmica de titulares das patentes para comercializar
patenteamento de setores, países ou regi- sua invenção, a qual também pode ser ce-
ões e identificar seu potencial para o de- dida ou licenciada. Finalmente, se analisa o
senvolvimento econômico. Além disso, há caso das patentes de Tesla Motors, empresa
informação tecnológica que só se encon- de veículos elétricos, que desde o ano 2014

125/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


permitiu que todas suas patentes fossem pesquisa, desenvolver uma tecnologia, evi-
utilizadas de forma livre pelas pessoas que tando fazer investimentos em inovações já
quisessem desenvolver tecnologias asso- feitas e analisar a dinâmica das tecnologias
ciadas à mobilidade elétrica. emergentes.
A análise de patentes tem sido utilizada des-
1. Importância das Patentes de muito tempo como um indicador da ati-
como Fonte de Informação Tec- vidade inventiva. Nos anos 1950, o trabalho
nológica de Jacob Schmookler “Invention and Econo-
mic Development” teve grande importância
As patentes representam um dos princi- ao utilizar o cômputo de patentes como in-
pais insumos de informação da inovação, dicador da mudança tecnológica em várias
porque são invenções que têm certa pro- indústrias de bens de capital, como indús-
babilidade de ter sucesso no mercado. As tria ferroviária, papel, refinaria de petróleo
patentes contêm informações importantes e construção (SCHMOOKLER, 1966).
sobre as novas tecnologias e são o resulta-
do de grandes investimentos em P&D pe- Posteriormente, Griliches (1990) publicou o
las empresas e pelos governos. A análise de trabalho “Patents statistics as economic indi-
patentes é importante para começar uma cator: a survey” onde se valoraram as dife-
rentes maneiras de avaliar os dados de pa-
126/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
tentes, concluindo que há uma forte relação
entre o número de patentes e as despensas Para saber mais
e gastos em P&D, o que indica que as pa- O INPI publica permanentemente estatísticas so-
tentes são um bom indicador das atividades bre propriedade intelectual, as quais são elabo-
inventivas das firmas. A Organização para a radas pela Assessoria de Assuntos Econômicos
Cooperação e o Desenvolvimento Econô- (AECON) em cooperação com as diretorias. Es-
mico também publica no ano de 1994 um sas estatísticas estão relacionadas com patentes,
Manual de patentes para analisar a impor- marcas, desenhos industriais, contratos de tec-
tância desses dados. Além disso, os escritó- nologia, indicações geográficas e programas de
rios de patentes nacionais também fazem computador.
relatórios para analisar a dinâmica da ati-
vidade de patenteamento do seu país ou
território. Link
Para conhecer mais sobre as estatísticas de pro-
priedade intelectual do Brasil, veja o seguinte link:
<http://www.inpi.gov.br/sobre/estatisticas>.
Acesso em: 20 set. 2017.

127/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


Os documentos de patentes, independen- • A informação contida nas patentes
temente de serem concedidos ou não, con- não se divulga em outro tipo de do-
têm informação tecnológica chave em di- cumento. Segundo a OMPI, entre 90-
ferentes campos do conhecimento. Além 95% das invenções mundiais se en-
disso, têm características especiais que fa- contram nas patentes, e 80% dessas
cilitam a sua análise: técnicas não se encontram em artigos
científicos nem livros.
• Todos os documentos de patentes
têm estrutura padronizada, como foi • São de fácil acesso on-line através
explicado no Tema 2; dos diferentes escritórios nacionais
ou regionais de patentes. Geralmente,
• Têm Códigos Internacionais de Paten-
o acesso à informação é gratuito, mas
tes (CIP, CPC) que facilitam sua classi-
também há sites pagos que contam
ficação nos diferentes campos tecno-
com ferramentas de análise de paten-
lógicos;
tes.
• Divulgam a utilidade prática da inven- Alguns dos resultados que podem ser obti-
ção, que é detalhada na descrição e dos na análise de patentes são apresenta-
nos desenhos; dos no Quadro 1.
• Inclui todos os setores da tecnologia;
128/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
Quadro 1 | Principais resultados dos documentos de patentes

O que buscar O que se obter da busca


Atividade inovadora em escala internacional, nacio-
Análise estatística do número de patentes.
nal ou setorial em uma temática determinada.
Patentes de uma empresa em uma temática deter-
Liderança industrial nessa temática.
minada.
Patentes da empresa “X”. Atividade inovadora e perfil técnico da empresa “X”.
Países nos quais patenteia a empresa “X”. Mercados estratégicos para a empresa “X”.
A empresa “X” possui tecnologia líder em uma temá-
Patentes da empresa “X” citadas por outras patentes.
tica.
Empresas que citam as patentes da empresa “X”. Quem são os concorrentes da empresa “X”.
Ciclo de vida de uma tecnologia: emergente, em
Evolução do número de patentes e sua concentração.
crescimento, maturidade, obsolescência.
Autores que patenteiam. Identificar os inventores chave em tecnologias líderes.
Fonte: adaptado de Palop e Vicente (1999, p. 80).

Assim, o uso da informação contida em documentos de patentes, as quais são públicas e de fácil
acesso, é muito útil nos seguintes aspectos (INPI, 2015; OMPI, 2013):
• Evitam a duplicação de esforços em P&D, tempo e dinheiro em algo que já está feito.
129/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
• Ajudam a encontrar soluções alter- • Permitem levantar o estado da técnica
nativas a problemas técnicos, desen- para apoio à P&D.
volver novos produtos (patentes de • Permitem identificar redes de colabo-
invenção) ou fazer melhorias tecnoló- ração entre empresas, instituições ou
gicas (modelos de utilidade). países.
• Permitem monitorar a concorrência e Assim, as patentes oferecem uma visão das
aprender sobre as suas futuras orien- atividades inventivas, por exemplo, onde es-
tações. tão localizadas as atividades inventivas, re-
• Identificam tecnologias em domínio des de colaboração, tecnologias emergen-
público, aquelas que têm perdido vi- tes, entre outras. Também são importantes
gência ou aquelas que não estão pro- para a elaboração de políticas científicas e
tegidas no próprio território. Isso per- tecnológicas e para analisar o papel da pro-
mite evitar possíveis litígios. priedade intelectual no crescimento econô-
mico e na capacidade empresarial dos paí-
• Fundamentam decisões de investi-
ses (OCDE, 2009).
mento, como compra ou licenciamen-
to de determinadas tecnologias. Além disso, muitas agências de fomento ou
alguns Ministérios, como Ciência, Tecnolo-

130/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


gia e Inovação, Educação ou Indústria, se car processos de transferência tecnológica
baseiam no número de patentes das univer- entre setores, empresas ou países. Os im-
sidades ou centros de pesquisa para avaliar pactos são maiores se uma patente deter-
sua qualidade e/ou outorgar mais recursos minada é citada com muita frequência, re-
(OCDE, 2009). centemente, e de maneira intensiva num
Outro aspecto muito importante das pa- período de tempo determinado (LEE et al.,
tentes são suas citações. As citações são 2012). Assim, as citações dão a possibili-
as referências ao estado anterior à técni- dade de rastrear as trajetórias tecnológicas
ca contidas nos documentos de patentes. das empresas, avaliando os spillovers entre
Compreendem uma lista de referências que elas e permitindo avaliar sua importância
se consideram relevantes para o estado da tecnológica e comercial.
técnica e que podem ter contribuído para As citações podem avaliar em duas vias:
definir o alcance das reinvindicações da so- as citações anteriores e as citações pos-
licitude. As referências podem ser a outras teriores. As citações anteriores (backward
patentes, publicações técnicas, livros, ma- citations), ou citações de documentos de
nuais, artigos científicos etc. (OCDE, 2009). patente anteriores, podem servir para ras-
As citações ajudam a avaliar impactos tec- trear o efeito de propagação do conhe-
nológicos futuros e são úteis para identifi- cimento de uma tecnologia. As citações
131/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
posteriores (forward citations), ou citações Contudo, deve-se ter cuidado com as infor-
que recebem uma patente, podem usar-se mações contidas nos documentos de pa-
para avaliar o impacto tecnológico das in- tentes. Por exemplo, nem todas as invenções
venções, o que pode indicar a importância se protegem por meio de patentes, algumas
econômica das patentes. Também indicam companhias preferem o segredo industrial.
os padrões de transmissão do conhecimen- Além disso, muitas patentes não têm valor
to (OCDE, 2009). econômico e só são feitas para enganar aos
Também deve-se levar em conta que o nú- concorrentes sobre o que verdadeiramente
mero de citações que faz e que recebe uma estão trabalhando.
patente varia muito segundo o campo tec- Em muitos casos, as patentes não se apli-
nológico ou a maturidade de uma tecnolo- cam verdadeiramente na indústria porque é
gia. De modo geral, os campos tecnológicos possível que o inventor ou a empresa iden-
tradicionais fazem mais citações, mas são tifique que sua invenção não tem suficiente
menos citados. Os campos tecnológicos valor econômico ou que há outro produto
emergentes, como as TICs e biotecnologia, que se pode comercializar mais facilmen-
fazem menos citações, mas são muito cita- te ou porque não tem o dinheiro suficien-
dos (OCDE, 2009). te para pagar seus custos de manutenção.
Também há patentes que se consideram de
132/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
“baixa qualidade” e que têm poucas proba- duzir gradualmente a duração das patentes.
bilidades de converterem-se em inovações. Assim, um sistema de patentes mais simples
Por isso, quando se realizam estatísticas so- e claro é melhor que um sistema muito ele-
bre patentes, é muito importante avaliar a gante e complexo. É tempo de melhorar as
verdadeira qualidade e pertinência da in- patentes.
formação contida nelas.
Um artigo da revista The Economist, intitula- Link
do “Time to fix patents”, menciona que em- Para conhecer o artigo completo de The Econo-
bora em teoria as patentes sirvam para di- mist, veja o seguinte link:
fundir o conhecimento, ao obrigar seus de-
THE ECONOMIST. Time to fix patents. 8 ago. 2015.
tentores a tornar públicas suas invenções,
Disponível em: <https://www.economist.com/
muitas vezes esse propósito não se cumpre,
news/leaders/21660522-ideas-fuel-eco-
porque o sistema de patentes é complexo e
nomy-todays-patent-systems-are-rotten-
custoso. Isso gera fortes barreiras que blo-
-way-rewarding-them-time-fix>. Acesso em:
queiam a inovação. Muitas patentes nunca
20 set. 2017.
são exploradas ou licenciadas por seus pro-
prietários. Além disso, em indústrias de rá-
pido movimento, os governos deveriam re-
133/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
2. Finalidades Legais e Comer- patentes são as empresas farmacêuticas,
ciais das Patentes que investem grandes quantidade de di-
nheiro para desenvolver novos medicamen-
As patentes também têm finalidades legais tos, e uma vez que ganham a concessão das
e comerciais, já que a sua utilização e licen- patentes, podem recuperar seus investi-
ciamento podem gerar ganhos de mercado mentos através da comercialização de seus
importantes para as empresas que investem medicamentos.
grandes quantidades de tempo e recursos As patentes também permitem identificar
em pesquisa e desenvolvimento de novas possíveis parceiros comerciais com interes-
invenções. se em comercializar a invenção, novos for-
Em relação às finalidades comerciais, as pa- necedores, nichos ou segmentos do merca-
tentes outorgam uma vantagem competiti- do. Obter uma patente também é uma de-
va no mercado, já que o titular da patente monstração do alto nível de conhecimentos
tem o direito exclusivo de explorar sua in- técnicos, da especialização e da capacidade
venção por um período importante de tem- tecnológica da empresa, o que pode ser útil
po (15-20 anos). Isso permite recuperar os para atrair novos fundos de financiamento
investimentos em tempo e P&D. Um exem- (INPI, 2013).
plo claro do aproveitamento comercial das
134/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
Em relação às finalidades legais, ter uma
patente, impede que outras pessoas façam Para saber mais
uso de nossa invenção sem permissão. O A venda (ou cessão) de uma patente implica a
fato de possuir uma patente aumenta a ca- transferência da propriedade para um terceiro,
pacidade de promover ações legais contra enquanto uma licença implica a autorização tem-
os infratores da patente. Para evitar possí- porária para o uso de uma invenção, seguindo os
veis infrações, uma patente se pode ceder termos e condições estipulados em um contrato
ou licenciar a terceiros e receber royalties de licenciamento de direitos (INPI, 2013).
por isso. Essas licenças funcionam também
para a compra ou aquisição de uma tec- 3. Caso de Estudo: Patentes Aber-
nologia. É importante que antes de tentar
tas da Tesla
comprar ou licenciar uma tecnologia, cor-
roboremos se está protegida no país onde Outra das vantagens dos documentos de
queremos utilizá-la. patentes como fonte de informação tecno-
lógica, é que há um acervo de conhecimen-
to importante nas tecnologias descritas em
patentes expiradas ou de domínio público.

135/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


Além disso, muitas empresas inovadoras têm tomado a decisão de deixar suas patentes com
acesso aberto para que possam ser aproveitadas a fim de estimular o desenvolvimento de deter-
minadas tecnologias.
Esse é o caso da empresa norte-americana Tesla Motors Inc., fundada em 2003. Essa empresa
desenha, fabrica e vende veículos elétricos, componentes para propulsão de veículos elétricos e
sistemas de armazenamento de energia a baterias. Seu objetivo é ser uma empresa automobilís-
tica focada no transporte sustentável.
Em junho de 2014, Tesla abriu todas suas patentes para o domínio público com o objetivo de ala-
vancar o desenvolvimento dos veículos elétricos. Nesse momento, o CEO da empresa, Elon Musk,
afirmou:

Tesla Motors foi criada para acelerar o advento do transporte sustentável.


Se nós limpamos o caminho para a criação de veículos elétricos atraentes,
mas, em seguida, colocamos obstáculos à propriedade intelectual para ini-
bir outros, estamos agindo de forma contrária a esse objetivo. Tesla não
iniciará processos de patentes contra qualquer pessoa que, de boa-fé, quer
usar a nossa tecnologia. (MUSK, 2014, [s.p.])
136/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica
ra de promover o desenvolvimento de veí-
Link culos elétricos é, precisamente, permitindo
que outras empresas inovadoras usem suas
Para conhecer o documento “All our patent are patentes para fazer melhorias nas tecnolo-
belong to you”, onde a Tesla comunica que suas gias-chave.
patentes ficam abertas, veja o seguinte link:

MUSK, E. All our patent are belong to you. Tesla


Motors, 12 jun. 2014. Disponível em: <https:// Para saber mais
www.tesla.com/blog/all-our-patent-are- Uma pesquisa feita em Patenscope permitiu iden-
-belong-you>. Acesso em: 20 set. 2017. tificar que a empresa Tesla Motors tem 565 pa-
tentes no período 2007-2017. A maioria dessas
Assim, empresas inovadoras como Tesla patentes têm sido depositadas nos Estados Uni-
são conscientes de que seu ativo mais im- dos, mas também há depósitos no Escritório Eu-
portante é o conhecimento envolvido nos ropeu de Patentes, via tratado PCT, Japão e China.
produtos que desenvolvem. Embora eles As principais áreas tecnológicas dessas patentes
saibam da importância de proteger sua pro- estão relacionadas com sistemas de armazena-
priedade industrial por meio de patentes, mento de energia (pacotes e células de baterias)
também identificaram que a melhor manei- e veículos elétricos.

137/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


Glossário
OCDE: A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos é um foro que agru-
pa 35 países, que tem como objetivo promover políticas que melhorem o bem-estar econômico e
social e permitam solucionar problemas comuns associados à produtividade, comércio, empre-
go, investimentos internacionais, meio ambiente, ciência e tecnologia, entre outros.
Royalties: É uma palavra em inglês que significa regalia ou privilégio. É utilizada no caso das
patentes para identificar os pagamentos feitos aos titulares das patentes por usar, explorar ou
comercializar as invenções.
Spillover: É uma palavra em inglês que significa literalmente transbordamento ou desbordamen-
tos. Os denominados “spillovers tecnológicos” são externalidades positivas geradas pelas em-
presas e instituições que fazem investimentos em atividades de P&D. Assim, os spillovers são um
processo em que a P&D se desborda ao interior do setor, ou até outros setores, o que se reflete
em melhoras da produtividade e ganhos econômicos.

138/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


?
Questão
para
reflexão

Pesquise na internet sobre o caso das patentes da Tesla


Motors e responda às seguintes questões: i) como o sis-
tema de patentes abertas da Tesla pode influir na indús-
tria automobilística, especialmente para a promoção de
veículos elétricos?; ii) você acha que outras empresas
deveriam abrir suas patentes para o domínio público?;
iii) quais seriam as principais vantagens e desvantagens
desta decisão?

139/247
Considerações Finais (1/2)

• Analisamos a importância das patentes como uma fonte de informação tec-


nológica, porque contêm informações sobre invenções e desenvolvimentos
tecnológicos que não se encontram em outros tipos de documentos.
• Identificamos as principais características das patentes: informação pública
e padronizada, classificação internacional de todos os campos tecnológi-
cos, fácil acesso e informação on-line que pode ser utilizada por qualquer
pessoa ou empresa.
• Compreendemos que as estatísticas de patentes podem ajudar a entender o
processo de inovação, as redes de colaboração, a difusão de uma tecnologia
entre setores ou países e a estratégia de mercado das empresas.
• Analisamos a importância das citações para validar os requisitos de paten-
teabilidade das invenções. Uma patente com muitas citações pode indicar
que seu impacto nas tecnologias futuras e no mercado pode ser maior.

140/247
Considerações Finais (2/2)

• Identificamos a importância jurídica e comercial da patente, devido ao fato


de permitirem proteger as invenções de usos indevidos por parte de tercei-
ros. As patentes também podem ceder ou licenciar o seu uso, obtendo ga-
nhos econômicos por isso.
• Finalmente, analisamos o caso das patentes da empresa Tesla Motors, as
quais ficaram abertas para que qualquer pessoa possa utilizá-las sem ne-
nhum tipo de restrição. Essa estratégia foi utilizada por essa empresa para
fomentar o desenvolvimento tecnológico da mobilidade elétrica.

141/247
Referências

GRILICHES, Z. Patents statistics as economic indicator: a survey. Journal of Economic Literature,


v. 29, 1990.
INPI. Inventando o futuro: Uma introdução às patentes para as pequenas e médias empresas.
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Rio de Janeiro: INPI, 2013.
______. Importância do uso estratégico da informação em bases de patentes. In: Minicurso do
VIII Enapid, 2015.
LEE, C. et al. A stochastic patent citation analysis approach to assessing future technological im-
pacts. Technological Forecasting & Social Change, v. 79, p. 16-29, 2012.
MUSK, E. All our patent are belong to you. Tesla Motors, 12 jun. 2014. Disponível em: <https://
www.tesla.com/blog/all-our-patent-are-belong-you>. Acesso em: 20 set. 2017.

OCDE. Organización para la Cooperación y el desarrollo económicos. Manual de estadísticas


de patentes de la OCDE. OCDE: 2009. Disponível em: <http://www.oepm.es/export/sites/oepm/
comun/documentos_relacionados/Publicaciones/monografias/manualEstadisticas.pdf>. Acesso
em: 26 jul. 2017.
OMPI. Las patentes: fuente de información tecnológica. OMPI: 2013. Disponível em: <http://
www.wipo.int/edocs/pubdocs/es/patents/434/wipo_pub_l434_02.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2017.

142/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


PALOP, F.; VICENTE, J. M. Vigilancia Tecnológica e Inteligencia Competitiva. Su potencial para
la empresa española. Serie Estudios COTEC, 15. Madrid: Fundación COTEC, 1999.
SCHMOOKLER, J. Invention and Economic Development. Harvard University Press, 1966.
THE ECONOMIST. Time to fix patents. 8 ago. 2015. Disponível em: <https://www.economist.com/
news/leaders/21660522-ideas-fuel-economy-todays-patent-systems-are-rotten-way-reward-
ing-them-time-fix>. Acesso em: 20 set. 2017.

143/247 Unidade 5 • As Patentes como Fonte de Informação Tecnológica


Assista a suas aulas

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formação Tecnológica. Bloco I formação Tecnológica. Bloco II
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144/247
Questão 1
1. Qual dos seguintes tópicos não é considerado como uma característica
dos documentos de patentes?

a) Classificação internacional de patentes.


b) Não inclui todos os setores da tecnologia.
c) Estrutura de documentos padronizada.
d) Divulgam a utilidade prática da invenção.
e) São de fácil acesso on-line.

145/247
Questão 2
2. Ao identificar os países onde uma empresa patenteia suas invenções,
estamos identificando:

a) Mercados estratégicos para a empresa.


b) Fornecedores.
c) Concorrentes.
d) Ciclo de vida da tecnologia.
e) Inventores-chave.

146/247
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. Quais são as citações que podem ser usa-
das para avaliar o impacto tecnológico das invenções?

a) Citações anteriores.
b) Backward citations.
c) Cocitações.
d) Citações posteriores.
e) Citações de impacto.

147/247
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Qual é a principal importância legal das
patentes?

a) As patentes têm acesso livre on-line.


b) Impede que outras pessoas façam uso das invenções protegidas sem permissão.
c) Identificam possíveis parceiros comerciais.
d) Avaliam o impacto tecnológico das invenções.
e) Permitem atrair novos fundos de financiamento.

148/247
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. Qual das seguintes estratégias de pro-
priedade intelectual é usada pela empresa Tesla Motors?

a) Proteger todas suas invenções com segredos industriais.


b) Abrir todas suas patentes para o uso livre e sem restrições.
c) Abrir litígios com seus concorrentes pelo uso de suas patentes.
d) Não patentear suas invenções.
e) Usar patentes expiradas.

149/247
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: B.

As patentes têm a vantagem de incluir to- A principal importância legal das patentes
dos os setores da tecnologia. é que são direitos que protegem os titulares
de que terceiros usem suas invenções sem
2. Resposta: A. permissão.

Quando uma empresa patenteia suas inven- 5. Resposta: B.


ções em outros países, é porque os conside-
ra como mercados estratégicos e potenciais A principal importância legal das patentes
para comercializar seus produtos. é que são direitos que protegem os titulares
de que terceiros usem suas invenções sem
3. Resposta: D. permissão.

As patentes posteriores podem ser usadas


para avaliar o impacto tecnológico das in-
venções, o que pode indicar a importância
econômica das patentes.

150/247
Unidade 6
Pesquisa em Bases de Dados de Patentes

Objetivos

1. Entender o que são as bases de dados


de patentes;
2. Analisar as diferentes estratégias de
busca de patentes;
3. Identificar as principais bases de da-
dos de patentes gratuitas e comer-
ciais;
4. Conhecer a base de dados de patentes
do INPI.

151/247
Introdução

Como foi analisado no tema anterior, as tentes mais importantes, as quais se podem
patentes são uma fonte importante de in- classificar em três categorias: bases de da-
formação tecnológica e, para ter acesso dos de escritórios nacionais ou regionais
a essa informação, devemos fazer uso das de patentes; bases de patentes gratuitas; e
bases de dados especializadas de paten- bases de dados comerciais. As bases de da-
tes. Assim, o presente tema pretende dar dos dos escritórios nacionais e as bases ad-
um panorama geral sobre as principais ca- ministradas pela OMPI (Patenscope) e pelo
racterísticas das bases de dados de paten- Escritório Europeu de Patentes (Espacenet)
tes, as quais têm se aprimorado devido aos são gratuitas, de fácil acesso e têm manuais
avanços nas tecnologias da informação e e tutoriais para aprender a usar suas prin-
da comunicação. Para usar essas bases, são cipais ferramentas. Por sua vez, as bases de
explicadas diferentes estratégias de bus- dados comerciais têm ferramentas de aná-
ca, como o uso de operadores booleanos lise sofisticadas, que facilitam a análise das
e a construção de equações de busca com patentes e permitem fazer cruzamentos de
palavras-chave e códigos internacionais de diferentes aspectos relacionados com as
patentes. Essas estratégias pretendem me- patentes. Finalmente, se apresenta a base
lhorar nossas buscas para obter resultados de dados de patentes do INPI, a qual contém
mais pertinentes. Além disso, apresenta- informações sobre as patentes depositadas
mos diferentes exemplos das bases de pa- no Brasil.
152/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes
1. O Que são as Bases de Dados • Os acervos de patentes dos principais
de Patentes? escritórios (Estados Unidos, Europa e
Japão) estão disponíveis de maneira
As bases de dados de patentes são serviços gratuita na internet;
de busca de informação cujo alvo é divulgar • Acesso aos documentos completos;
o conhecimento que se encontra nas paten-
tes. Essas bases de dados são importantes • Acesso a resumos em inglês no caso
porque segundo a OMPI, entre 90-95% das das patentes de países cujo idioma é
invenções em escala mundial encontram- pouco comum, por exemplo, Japão;
-se nas patentes e 80% dessas técnicas não • Treinamentos em busca de patentes
estão em artigos científicos. Essas bases de oferecidas pelos Escritórios Nacionais
dados permitem encontrar informação tec- de Propriedade Industrial.
nológica de fronteira e têm ampliado sua Devido ao fato de as patentes terem um ca-
abrangência devido às melhorias nas tec- ráter territorial, há duas tipologias de fontes
nologias da informação e comunicação. acessíveis através de internet:
Alguns dos principais avanços das bases
• Bases de dados de patentes para pa-
de dados de patentes são (SOLLEIRO; CAS-
íses específicos. Por exemplo, a base
TAÑÓN; CASTILLO, 2009):
153/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes
de dados do INPI no Brasil, USPTO dos • Siga as instruções da base de dados
Estados Unidos; de patentes. Muitas dessas bases têm
• Bases de dados que coletam a infor- tutoriais e ajudas;
mação de patentes para um conjun- • Identifique suas palavras-chave antes
to de países. Para fazer pesquisas no de começar a busca. Essas palavras-
âmbito internacional, é recomendá- -chave devem ser em inglês, porque
vel usar esse tipo de bases de dados. a maioria das patentes estão escritas
Exemplo: Espacenet. em inglês. As palavras-chave são bus-
cadas, geralmente, no título da paten-
2. Estratégias de Busca em Bases te, resumo e reinvindicações;
de Dados de Patentes • Se estamos identificando o perfil tec-
nológico de uma empresa, podemos
Antes de começar uma busca em bases de
buscar pelo nome da empresa e suas
dados de patentes, é necessário levar em
diferentes possibilidades de nomes.
consideração os seguintes aspectos:
Por exemplo, Petrobrás também pode
• Seja preciso acerca do tipo de infor- aparecer como Petróleo Brasileiro, Pe-
mação tecnológica que deseja identi- trobrás S.A, Petrobrás Oil, entre ou-
ficar nas patentes;
154/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes
tros, mas é a mesma empresa, por isso • Utilize a Data de prioridade da paten-
é necessário homologar esses nomes; te para identificar o ano de origem da
• Caso necessário, consulte um espe- invenção. Essa data é mais precisa que
cialista que lhe ajude a definir as pala- a data de publicação, porque esta só
vras-chave mais pertinentes para seu aparece 18 meses depois de deposita-
objeto de pesquisa; da a patente.

• Identifique o Código Internacional de • Elabore uma equação de busca que


Patente associado à tecnologia que possa combinar palavras-chave com
você está procurando. Para isso, use Códigos Internacionais de Patentes.
as duas classificações CIP e CPC para • Utilize os Operadores Booleanos para
incluir os principais escritórios de pa- criar as relações entre palavras-chave
tentes; e Códigos Internacionais de Patentes.
• Defina o período de tempo em que você Os operadores booleanos são palavras que
quer fazer sua pesquisa. Por exemplo, têm o objetivo de definir, para um sistema
você quer identificar as principais tec- de busca, como deve ser feita a combinação
nologias relacionadas à energia eólica entre termos ou expressões de uma pesqui-
de 2000 até 2016;

155/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


sa. Funcionam como operadores matemáticos. Os operadores booleanos mais utilizados apre-
sentam-se no seguinte Quadro 1.
Quadro 1 | Significado dos operadores booleanos

Operador Nome em
Significado
Booleano português
Restringe a pesquisa, equivalendo à expressão “com todas as palavras”. Os
AND (+) E
resultados esperados devem conter um termo e o outro.
Exclui um dos termos da pesquisa, equivalendo à expressão “sem a(s) pala-
NOT (-)
Não vra(s)”. Em alguns sistemas, poderá encontrar somente o NOT/NÃO ou AND
AND NOT
NOT/E NÃO.
Amplia a pesquisa, equivalendo à expressão “com qualquer uma das pala-
OR Ou
vras”. Os resultados recuperados devem conter um termo ou o outro.
( ) Parênteses Indica a combinação que deve ter prioridade dentro da expressão.
“ ” Aspas As palavras contidas entre aspas especificam uma frase exata.
* Asterisco O asterisco é utilizado para realizar buscas por famílias de palavras.
Busca documentos em que os termos de busca apareçam com proximidade
NEAR/N Próximo
de até N palavras.
Fonte: elaborado pela autora (2017).

156/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


Para saber mais Para saber mais
Uma equação de busca é a formulação estrutu- As famílias de patentes são o conjunto de paten-
rada das expressões de busca ou palavras-chave tes (ou de solicitudes) apresentadas em diferen-
com os operadores booleanos. Definir uma equa- tes países para proteger uma mesma invenção.
ção de busca pertinente com o objetivo da pes- Se relacionam entre elas mediante um ou vários
quisa não é um trabalho fácil. Isso requer um tra- números de prioridade comuns. Muitas bases
balho sistemático de fazer diferentes equações de de dados já trabalham com famílias de patentes
pesquisa e, muitas vezes, é necessário o apoio de para evitar a análise da mesma patente várias
um especialista da área na qual queremos identi- vezes e melhorar a comparabilidade estatística
ficar as patentes. (OCDE, 2009).

Finalmente, também é recomendável usar 3. Classificação das Bases de Da-


uma única base de dados, por exemplo a dos de Patentes
USPTO, ou trabalhar com famílias de pa-
tentes para evitar a duplicidade dos resul- Existem três tipos de bases de dados de pa-
tados. tentes (INPI, 2015):

157/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


• Bases de dados de escritórios nacio- • Bases de patentes comerciais: são ba-
nais de patentes: são as bases que têm ses desenvolvidas por empresas inte-
a informação mais completa sobre as ressadas em Propriedade Intelectual.
patentes depositadas em determina- Têm ferramentas sofisticadas para a
do país. De modo geral, têm os arqui- análise de dados, buscam em docu-
vos digitalizados das patentes e seu mentos completos e têm mecanis-
acesso livre e on-line. Exemplo: Base mos de busca mais flexíveis. Exemplo:
de dados do Escritório de Patentes da Questel-Orbit.
China: SIPO. A disponibilidade atual é crescente nas ba-
• Bases de dados de patentes gratuitas: ses de dados livres que permitem fazer aná-
são bases de dados que recuperam in- lises de patentes. No seguinte quadro, são
formação de vários escritórios nacio- apresentadas as principais características
nais de patentes. São de fácil acesso das bases de dados de acesso livre, as quais
e têm vários mecanismos para a recu- estão classificadas em bases de patentes de
peração de documentos de patentes. escritórios regionais ou nacionais de paten-
Exemplo: Patenscope, Google Patents. tes e bases de dados que abrangem vários
escritórios de patentes.

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Quadro 2 | Bases de dados de patentes de acesso livre

Ano de disponibili- Informação disponí- Informação adicio-


Bases de dados de patentes/site
dade vel em documentos nal
Bases de dados de patentes regionais ou nacionais
Patentes; Legislação vigente;
United States Patent and Trade-
mark Office USPTO Solicitudes de paten- Estatísticas;
Desde 1790.
tes;
<www.uspto.gov> Publicações gratui-
Marcas comerciais. tas.
Legislação vigente;
Desde 1979.
Escritório Europeu de Patentes Publicações periódi-
(EPO) Acesso a mais de 80 Patentes e solicitudes cas;
milhões de documen- de patentes de 38 pa-
<www.european-patent-office. íses membros. Estatísticas;
tos de patentes de
org>
todo o mundo. Programas de treina-
mento.

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Ano de disponibili- Informação disponí- Informação adicio-
Bases de dados de patentes/site
dade vel em documentos nal
Patentes;
Desde 1885.
Escritório de Patentes do Japão Modelos de utilidade; Legislação vigente;
65 milhões de paten-
<www.jpo.go.jp> Desenhos; Estatísticas.
tes disponíveis.
Marcas comerciais.
Patentes e modelos
Legislação vigente;
de utilidade;
Estatísticas;
Escritório Espanhol de Patentes e Desenhos industriais;
marcas Desde 1878. Programas de treina-
Marcas e nomes co-
mento;
<www.oepm.es> merciais;
Relatórios tecnológi-
Topografia de circuito
cos de patentes.
integrado.

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Ano de disponibili- Informação disponí- Informação adicio-
Bases de dados de patentes/site
dade vel em documentos nal
Bases de dados internacionais de patentes
Legislações de países;

Publicações interna-
Desde 1978. Patentes PCT;
OMPI/WIPO cionais;
Acesso a mais de um Marcas comerciais;
<https://patentscope.wipo.int/ Publicações periódi-
milhão de documen-
search/es/search.jsf> Desenhos industriais. cas;
tos via PCT.
Programas de treina-
mento.

161/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


Ano de disponibili- Informação disponí- Informação adicio-
Bases de dados de patentes/site
dade vel em documentos nal
Legislação vigente;

Publicações periódi-
cas;
Desde 1979. Estatísticas;
Espacenet/Latipat Acesso a mais de 80 Patentes e solicitudes Programas de treina-
milhões de documen- de patentes de 38 pa- mento;
<www.espacenet.com> íses membros.
tos de patentes de
Latipat tem acesso
todo o mundo.
a patentes em espa-
nhol e português dos
principais países da
Ibero-américa.

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Ano de disponibili- Informação disponí- Informação adicio-
Bases de dados de patentes/site
dade vel em documentos nal
Acesso aos docu-
mentos completos;

Free Patents On Line É um sistema aberto Patentes dos Estados Mineração de dados
de pesquisa que fun- Unidos, Europa e Ja- de patentes;
<www.freepatentsonline.com> ciona desde 2005. pão. Serviços de gestão de
resultados;

Alertas.
Desde 1790, docu-
mentos da USPTO. Permite pesquisas
Documentos com-
Google Patents avançadas a partir do
Desde 1978, docu- pletos dos principais
número da patente,
<www.google.com/patents> mentos da WIPO e da escritórios interna-
inventor e classifica-
Oficina Europeia de cionais.
ção internacional.
Patentes.
Fonte: elaborado pela autora e adaptado de Solleiro, Castañón e Castillo (2009, [s.p.]).

163/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


Além das bases de dados gratuitas, muitas
empresas têm desenvolvido sistemas de
buscas de patentes mais sofisticados, que
contam com várias ferramentas de análise
de patentes. O problema é que, geralmen-
te, o acesso a essas bases de dados é muito
custoso e requer um treinamento especial.
Muitas empresas, universidades e centros
de pesquisa investem nessas bases de pa-
tentes comerciais para melhorar seus pro-
cessos de pesquisa antes de empreender o
desenvolvimento de uma invenção. No se-
guinte quadro se apresentam as principais
bases de dados comerciais.

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Quadro 3 | Bases de dados de patentes comerciais

Bases de dados de pa-


Cobertura Funcionalidades
tentes
É um sistema de busca e análise de
informações de patentes e desenhos
Questel Orbit Cobertura de 93 escritórios de paten- industriais. Esse sistema tem ferra-
tes, muitos dos quais contêm os textos mentas de análise estatística e cor-
<www.orbit.com> integrais das patentes. relacional, que permite a geração e
visualização de gráficos sobre grandes
conjuntos de patentes.
Busca de conhecimento em patentes
Goldfire Innovator Acesso a bases de dados internacio- para o desenvolvimento de projetos de
<www.ihs.com/pro- nais de patentes e a mais de 200 servi- pesquisa ou problemas de produção.
ducts/goldfire-tech- dores web (chamados web invisível) de Análise semântica para extrair conteú-
nology.html> conteúdos técnicos e científicos. do e significado de textos científicos e
técnicos de forma exata e rápida.

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Bases de dados de pa-
Cobertura Funcionalidades
tentes
Descarga informação de patentes;
Matheo Software oferece ferramentas de análise. Tem
Descarga direta de patentes de Espa-
<www.matheo-sof- representações gráficas, podendo ser
cenet e USPTO.
tware.com> visualizadas redes de patentes e ma-
trizes.
Derwent Patent Index

<http://ip.thomson- Base de dados com informação de pa- Facilita a busca rápida e precisa de pa-
reuters.com/product/ tentes de mais de 40 países. Faz parte tentes. Tem ênfase em engenharia quí-
thomson-data-analy- do Grupo Thomson. mica, eletrônica, elétrica e mecânica.
zer>
Fonte: elaborado pela autora (2017).

4. Bases de Dados de Patentes do INPI

Finalmente, para o caso do Brasil, o INPI tem uma base de dados de todas as patentes deposi-
tadas no Brasil. Todos os documentos estão digitalizados em formato PDF e maioria deles está
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completa. Fornece todas as informações bi- A base do INPI tem dois sistemas de bus-
bliográficas das patentes, como: Número do ca de patentes: pesquisa básica e pesquisa
pedido; data de depósito; data de publica- avançada. Tanto na pesquisa básica como
ção; data da concessão; Classificação Inter- na avançada se devem usar palavras-cha-
nacional de Patentes; título; resumo; nome ve em português, o que facilita muito mais
do depositante; nome do inventor e nome nossa pesquisa. Além disso, o INPI disponi-
do procurador. Além disso, apresenta um biliza tutoriais de pesquisa para diferentes
relatório de andamento dos processos, com bases de dados de patentes.
os despachos já publicados. Na pesquisa básica, é possível procurar pelo
número do pedido e também pelas pala-
Link vras-chave em: Título, Resumo, Nome do
Depositante, Nome do Inventor ou CPF/CNPJ
Para ter acesso à base de dados de patentes do do depositante. As palavras-chave podem
INPI, veja o seguinte link: <https://gru.inpi.gov. conter: todas as palavras (o que equivale ao
br/pePI/jsp/patentes/PatenteSearchBasico. operador booleano AND), a expressão exata
jsp>. Acesso em: 20 set. 2017. (o que equivale ao uso das aspas), qualquer
uma das palavras (o que equivale ao opera-
dor booleano OR) e a palavra aproximada.
167/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes
A pesquisa avançada permite procurar em mais campos: número do pedido; país de prioridade;
número do depósito via PCT; data de depósito; data de prioridade; classificação CIP (código e pa-
lavras-chave); palavras-chave no título e no resumo; e nome do depositante, titular ou inventor.
Na pesquisa avançada, é possível usar os operadores booleanos e o asterisco (*) para buscar em
famílias de palavras.

Para saber mais


O INPI elabora permanentemente tutorias de busca de patentes para facilitar o acesso à informação tecnoló-
gica das invenções, tanto do Brasil como de outros países. Esses tutoriais estão divididos no nível básico, em
que temos uma explicação sobre a base do INPI, Latipat e Espacenet, além de uma introdução à Classificação
Internacional de Patentes. Há também os tutoriais avançados, que permitem fazer busca por depositante
(pessoa física ou jurídica), por nome do inventor no Brasil, por combinação de palavras-chave e códigos CIP.

Link
Aqui será inserido as referências complementares. Para conhecer mais sobre esses tutorias, veja o seguin-
te link: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/informacao/guia-pratico-para-buscas-de-pa-
tentes>. Acesso em: 20 set. 2017.

168/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


Assim, a base de dados de patentes do INPI
permite fazer pesquisas básicas e avança-
das sobre as invenções depositadas no Bra-
sil. Embora essa base não tenha ferramen-
tas de análise especializadas, é possível cri-
ar nossa própria base de dados para iden-
tificar diferentes tendências tecnológicas
associadas a um tema de nosso interesse.

169/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


Glossário
Data de prioridade: É a data de depósito de uma solicitude de patente em qualquer lugar do
mundo para proteger a invenção. É a data mais relacionada à data da invenção (OCDE, 2009).
Espacenet: É a base de dados de patentes do Escritório Europeu de Patentes (EPO), disponibiliza
de maneira gratuita informações de patentes de mais de 90 países. Tem um sistema de busca
que permite identificar a informação tecnológica sobre famílias de patentes, status legal, cita-
ções e referências a outro tipo de literatura técnica. Também tem tutorias de pesquisa e guias
especializados que permitem aprimorar nossas pesquisas.
Procurador: Também são conhecidos como agentes da Propriedade Industrial, são empresas ou
pessoas que se encarregam de fazer todo o processo burocrático e legal do registro de patentes
e marcas ante o INPI. Esses procuradores acompanham o pedido e publicação das patentes e
verificam se há alguma oposição para que sua patente seja concedida.

170/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


?
Questão
para
reflexão
Levando em conta as informações apresentadas neste tema e os
tutoriais do INPI sobre estratégias de busca em bases de dados de
patentes, realize uma busca na base de dados do INPI sobre um
tema de seu interesse. Para isso siga os seguintes passos: i) Identi-
fique as palavras-chave de seu tema em português; ii) faça diferen-
tes combinações entre palavras-chave no título ou no resumo; iii)
identifique o Código Internacional de Patentes (CIP) associado ao
seu tema de interesse; iv) faça combinações entre palavras-chave e
os CIP; v) identifique quantas patentes tem-se depositado no Brasil
sobre sua temática nos últimos 20 anos; vi) identifique as empresas
e/ou inventores que têm mais patentes na sua temática; vii) faça
uma conclusão sobre os principais achados de sua busca.
171/247
Considerações Finais

• Analisamos a importância das bases de dados de patentes como fonte de informação


tecnológica, as quais permitem ter acesso a documentos completos de patentes on-line.
• Identificamos diferentes estratégias de busca de patentes, onde se salienta a importân-
cia das palavras-chave e da utilização de operadores booleanos para a construção de
equações de pesquisa associadas ao nosso objeto de pesquisa. Nesse processo de busca
também é importante a identificação dos Códigos Internacionais de Patentes, os países,
a data de prioridade da invenção e as empresas e/ou inventores associados ao nosso
alvo.
• Conhecemos os diferentes tipos de bases de dados de patentes que se podem classificar
em: bases de dados de Escritórios Nacionais ou regionais de patentes; bases de dados
internacionais gratuitas; e bases de dados comerciais.
• Exploramos a base de dados de patentes do INPI, suas principais ferramentas e as téc-
nicas de pesquisa básica e avançada. Essa base é muito importante para identificar a
dinâmica de patenteamento do Brasil.

172/247
Referências

DERWENT PATENT INDEX. Clarivate Analytics. Disponível em: <http://ip.thomsonreuters.com/


product/thomson-data-analyzer>. Acesso em: 28 jul. 2017.

EPO. Escritório Europeu de Patentes. Disponível em: <www.european-patent-office.org>. Aces-


so em: 30 jul. 2017.
ESPACENET/LATIPAT. Espacenet patent search. Disponível em: <www.espacenet.com>. Acesso
em: 30 jul. 2017.
FREE PATENTS ON LINE. FPO – Driving in Forward. Disponível em: <www.freepatentsonline.com>.
Acesso em: 30 jul. 2017.
GOLDFIRE INNOVATOR. IHS Goldfire: Technology Disponível em: <www.ihs.com/products/gold-
fire-technology.html>. Acesso em: 29 jul. 2017.

GOOGLE PATENTS. Disponível em: <www.google.com/patents>. Acesso em: 29 jul. 2017.


INPI. Base Patentes. Disponível em: <https://gru.inpi.gov.br/pePI/jsp/patentes/PatenteSearchBa-
sico.jsp>. Acesso em: 30 jul. 2017.

INPI. Tipos de bases de patentes. Estratégia de busca. In: Minicurso do VIII Enapid, 2015.
JPO. Japan Patent Office. Disponível em: <www.jpo.go.jp>. Acesso em: 30 jul. 2017.

173/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


MATHEO SOFTWARE. Disponível em: <www.matheo-software.com>. Acesso em: 31 jul. 2017.
OCDE. Organización para la Cooperación y el desarrollo económicos. Manual de estadísticas
de patentes de la OCDE. OCDE: 2009. Disponível em: <http://www.oepm.es/export/sites/oepm/
comun/documentos_relacionados/Publicaciones/monografias/manualEstadisticas.pdf>. Acesso
em: 26 jul. 2017.
OEPM. Oficina Española de Patentes y Marcas. Disponível em: <www.oepm.es>. Acesso em: 28
de jul. 2017.
PATENSCOPE. Disponível em: <https://patentscope.wipo.int/search/es/search.jsf> . Acesso em:
28 jul. 2017.
QUESTEL ORBIT. Orbit Intelligence. Disponível em: <www.orbit.com>. Acesso em: 29 jul. 2017.
SOLLEIRO, J. L.; CASTAÑÓN, R.; CASTILLO, J. El estado del arte de la inteligencia tecnológi-
ca competitiva: tendencias y perspectivas. Universidad Nacional Autónoma de México: Siinco,
2009.
USPTO. United States Patent and Trademark Office. Disponível em: <www.uspto.gov>. Acesso
em: 28 jul. 2017.

174/247 Unidade 6 • Pesquisa em Bases de Dados de Patentes


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: Pesquisa em Bases de Dados de Aula 6 - Tema: Pesquisa em Bases de Dados de
Patentes. Bloco I Patentes. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
2cfbf205098c127fe7bc56c6c82a518a>. 5f4af44b27f3bb9a81fc46b2dcd35e95>.

175/247
Questão 1
1. Qual dos seguintes tópicos não correspondem a uma característica das
bases de dados de patentes?

a) Acesso on-line.
b) Não permitem o acesso aos documentos completos.
c) Acesso a resumos em inglês.
d) Têm treinamentos e tutorias.
e) Acesso gratuito as bases dos escritórios regionais e nacionais de patentes.

176/247
Questão 2
2. Assinale a alternativa que indica a data mais recomendada para identi-
ficar a origem da invenção.

a) Data de publicação.
b) Data de concessão.
c) Data de renovação.
d) Data de prioridade.
e) Data de início da fase nacional.

177/247
Questão 3
3. Assinale a alternativa que indica o operador booleano que amplia a pes-
quisa, equivalendo à expressão “com qualquer uma das palavras”.

a) NEAR.
b) OR.
c) AND.
d) Aspas.
e) NOT.

178/247
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Qual das seguintes base de dados é admi-
nistrada pela Organização Mundial da Propriedade Industrial OMPI?

a) Patenscope.
b) Espacenet.
c) Latipat.
d) USPTO.
e) INPI.

179/247
Questão 5
5. Assinale a alternativa que indica a principal vantagem das bases comer-
ciais de patentes em relação às bases gratuitas.

a) Acesso a documentos completos de patentes.


b) Acesso aos principais códigos internacionais de patentes.
c) Têm ferramentas sofisticadas de análise de patentes.
d) Têm tutoriais de busca.
e) Seu manejo é simples.

180/247
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: A.
A maioria de bases de dados de patentes Patenscope é uma ferramenta de pesquisa
disponibiliza o acesso completo aos docu- de patentes administrada pela OMPI, a qual
mentos de patentes. permite o acesso a patentes de muitos paí-
ses via PCT.
2. Resposta: D.
5. Resposta: C.
A data de prioridade é a data de depósito de
uma solicitude de patente em qualquer lu- Uma das principais vantagens das bases de
gar do mundo e se considera como a data de dados comerciais é que contam com dife-
origem da invenção. rentes ferramentas de análise, que permi-
tem identificar facilmente a dinâmica de pa-
3. Resposta: B. tenteamento de determinadas invenções.

O operador booleano OR ou em português


OU, permite ampliar os resultados da pes-
quisa, porque devem conter um termo ou o
outro.
181/247
Unidade 7
Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil

Objetivos

1. Identificar a dinâmica do depósito de


patentes no mundo;
2. Identificar os países líderes, empresas
e universidades com maior número de
depósitos de patentes no mundo;
3. Analisar a atividade de patenteamen-
to no Brasil em relação à origem dos
depositantes, aos países líderes, às
principais regiões, empresas e univer-
sidades depositantes.

182/247
Introdução
Para finalizar os aspectos relacionados às versidades também têm uma participação
patentes, este tema tem como objetivo importante, especialmente as chinesas. Em
analisar a dinâmica de patenteamento no relação ao Brasil, se analisaram os mesmos
mundo e no Brasil. Na primeira parte, va- indicadores de patenteamento, mas basea-
mos apresentar os principais indicadores dos nas estatísticas elaboradas pelo INPI. Se
de patenteamento no mundo, baseados salienta que o Brasil ocupa o primeiro lugar
nas estatísticas da Organização Mundial da no depósito de patentes na América Latina e
Propriedade Intelectual OMPI. As principais a dinâmica de publicação também tem sido
estatísticas que se vão analisar são: dinâmi- crescente no período de 2006-2015. Con-
ca do depósito de patentes, países e regiões tudo, a maioria dos depósitos são de não
líderes, empresas e universidades com mais residentes, especialmente por empresas do
depósitos e principais campos tecnológicos setor eletroeletrônico, e da indústria do pe-
de patenteamento. Essas estatísticas indi- tróleo, química e automobilística. O depósi-
cam que a dinâmica de patenteamento tem to de patentes de residentes é liderado por
sido crescente no período de 2001-2015. três universidades: Universidade Federal
Os países que lideram o depósito de paten- de Minas Gerais, Universidade Estadual de
tes são: China, Estados Unidos e Japão. As Campinas e Universidade de São Paulo.
empresas líderes são, principalmente, asi-
áticas e do setor eletroeletrônico. As uni-
183/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
1. Indicadores de Patenteamen- tes, marcas, desenhos industriais e varieda-
to no Mundo des de plantas.

Uma vez analisada a importância das paten-


tes como fonte de informação tecnológica e
Link
Para conhecer o documento completo “World
das diferentes bases de dados de patentes,
Intellectual Property Indicators 2016”, acesse:
esta seção tem como objetivo apresentar
<http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/
um panorama geral sobre os principais in-
wipo_pub_941_2016.pdf>. Acesso em: 20 set.
dicadores de patenteamento no mundo.
2017.
Como já foi analisado em temas anterio-
res, a OMPI é o organismo encarregado de Nesta seção vamos focar apenas nas esta-
administrar as temáticas sobre proprieda- tísticas relacionadas com as patentes de
de intelectual no mundo. Esse organismo invenção e as patentes de modelo de utili-
elabora a cada ano um relatório sobre os dade. Segundo os dados da OMPI (2017), no
indicadores mundiais de propriedade inte- ano de 2015 foram depositadas 2.888.800
lectual “World Intellectual Property Indi- patentes, que tiveram um crescimento de
cators”. A versão correspondente ao ano 7,8% em comparação com as patentes de-
2017 apresenta indicadores sobre paten- positadas no ano de 2014. No Gráfico 1 se
184/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
apresenta a taxa de crescimento do depósito de patentes no período entre 2001-2015 a qual
tem sido crescente, com exceção do ano 2009, ano em que uma crise econômica mundial afetou
o depósito de patentes.
Gráfico 1 | Dinâmica de depósito de patentes no mundo 2001-2015

Fonte: OMPI (2017, [s.p.]).

185/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


O depósito destas patentes no ano 2015 No Gráfico 2, apresentamos um mapa que
foi liderado pela China, com 1.101.864 pa- identifica os países classificados pelo nú-
tentes; seguido pelos Estados Unidos, com mero de depósitos de patentes (residentes e
589.410 patentes; e no terceiro lugar está não residentes) e, posteriormente, uma ta-
o Japão, com 318.721. Pela primeira vez no bela que indica o ranking dos 20 países com
mundo, o Escritório de Patentes da China maior número de depósitos de patentes.
(State Intellectual Property Office of the
People´s Republic of China - SIPO) rece-
beu no mesmo ano mais de um milhão de
solicitudes de patentes.

Link
Para conhecer um pouco mais sobre o site do Es-
critório de Patentes da China (SIPO) veja o seguin-
te link: <http://english.sipo.gov.cn>. Acesso
em: 20 set. 2017.

186/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Gráfico 2 | Depósito de patentes por países, 2015

Fonte: OMPI (2017, [s.p.]).


Tabela 1 | Ranking dos países com maior número de depósitos de patentes (residentes e não residentes), ano 2015

Ranking País e nº de patentes Ranking País e nº de patentes


1 China: 1.101.864 11 Austrália: 28.605
2 Estados Unidos: 589.410 12 Reino Unido: 22.801
3 Japão: 318.721 13 México: 18.071
187/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
Ranking País e nº de patentes Ranking País e nº de patentes
4 Coreia do Sul: 213. 694 14 França: 16.300
Escritório Europeu de Pa- 15 Irã (2014): 14.279
5
tentes (EPO): 160.028
6 Alemanha: 66.893 16 Hong-Kong: 12.212
7 Índia: 45.658 17 Singapura: 10.814
8 Rússia: 45.517 18 Itália (2014): 9.687
9 Canadá: 36.964 19 Indonésia: 9.153
10 Brasil: 30.219 20 Tailândia: 7.930
Fonte: elaborada pela autora com base em OMPI (2017).

De acordo com esse ranking, os países asiáticos lideram a atividade de patenteamento no mun-
do, especialmente a China, cuja liderança é expressiva. Também têm destaque países da Europa,
especialmente aqueles que depositam suas patentes no Escritório Europeu de Patentes (EPO). O
Brasil é o país melhor posicionado da América Latina, com 30.219 depósitos de patentes, depois
se encontra o México, com 18.071.
No Gráfico 3, é apresentada a porcentagem de depósitos de patentes por região. A região com
mais depósitos de patentes é Ásia, com o 61,9%, especialmente pelas patentes da China, Japão,
Coreia do Sul e Rússia. América do Norte, ou seja, Estados Unidos e Canadá, representam 21,7%
188/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
do total. A Europa está na terceira posição, com 12,5%. Finalmente, a participação da América
Latina e Caribe (2,3%), Oceania (1,2%) e África (0,5%). Isso demonstra uma possível concentra-
ção de atividades de patenteamento em países de alta renda.
Gráfico 3 | Número de depósitos de patentes por região, 2015

Fonte: elaborado pela autora com base em OMPI (2017).

Em relação às empresas líderes, a seguinte tabela apresenta o Top 10 das empresas com maior
número de famílias de patentes no período que vai de 2010 a 2013 e seu país de origem. Têm
189/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
destaque empresas do Japão e de países asiáticos, como Coreia do Sul, Taiwan e China, do setor
eletroeletrônico, e uma empresa da indústria automobilística, Toyota. Dentro desse ranking a
única empresa não asiática que aparece é a empresa de informática estadunidense, IBM.
Tabela 2 | Top 10 das empresas com maior número de depósitos de famílias de patentes 2010-2013

Nome da empresa País de Origem Número de família de


patentes 2010-2013
Panasonic Corporation Japão 34.352
Canon Inc. Japão 29.352
Toyota Jidosha Japão 26.884
Samsung Electronics Co. Ltd. Coreia do Sul 26.647
Toshiba Japão 23.594
Mitsubishi Electric Corporation Japão 22.132
Honghai Precision Industry Co. Ltd. Taiwan 20.418
IBM Estados Unidos 19.288
Ocean´s King Lighting Science & China 19.007
Technology Co. Ltd.
Sharp Corporation Japão 18.780
Fonte: elaborada pela autora com base em OMPI (2017).

190/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


patentes. De fato, no ano 2013, essas insti-
Para saber mais tuições cresceram 13,4% no número de fa-
mílias de patentes depositadas. Na seguinte
A empresa japonesa Panasonic Corporation é uma
tabela se apresenta o Top 10 das Universi-
empresa do setor eletroeletrônico que tem diferen-
dades e Organizações Públicas de Pesquisa
tes áreas de negócio: eletrodomésticos, autopeças
com maior número de famílias de patentes
para o setor automotivo, principalmente baterias e
depositadas no período 2010-2013.
dispositivos eletrônicos, equipamentos para as ca-
sas e soluções logísticas. Essa empresa fez grandes
investimentos em atividades de P&D, que incluem Para saber mais
o desenvolvimento de patentes, o treinamento As Organizações Públicas de Pesquisa (PROs) são
permanente de seu pessoal, e a realização de par- organizações que realizam atividades de pes-
cerias estratégicas com universidades, laborató- quisa como parte de sua missão e recebem pelo
rios e centros de pesquisa no mundo todo. menos algum financiamento público para apoiar
essas atividades. As instituições que se conside-
As universidades e as Organizações Públi- ram PROs são: Universidades, Instituições de En-
cas de Pesquisa (Public Research Organi- sino Superior, Organizações sem fins lucrativos de
zations - PROs) também têm uma participa- pesquisa, hospitais que fazem atividade de pes-
ção importante no número de depósitos de quisa (KOVACS, 2013).
191/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
Tabela 3 | Top 10 das Universidades e Organizações Públicas de Pesquisa com maior número de depósitos de famílias de patentes 2010-2013

Nome da Universidade ou Organi- Número de família de


País de Origem
zação Pública de Pesquisa patentes 2010-2013
Zhejiang University China 9.488
Korea Electronic Telecomm Coreia do Sul 9.000
Tsinghua University China 7.607
Harbin Institute of Technology China 5.953
Shanghai Jiao Tong University China 5.809
Southeast University China 5.637
Korea Advanced Inst. Sci. & Tech. Coreia do Sul 3.978
Nat Inst. of advanced Ind. & Tech. Japão 2.770
Commisariat Energie Atomique França 2.615
SNU R&DF Foundation Coreia do Sul 2.379
Fonte: elaborada pela autora com base em OMPI (2017).

As universidades com maior destaque no nível de patenteamento são chinesas, sul-coreanas e


japonesas, o que pode indicar grandes investimentos dos governos desses países no fomento
de atividades científicas e tecnológicas. Só aparece uma instituição europeia nesse ranking, a
Comissão Francesa de Energia Atômica e Energias Renováveis (Commisariat Energie Atomique), a
qual desenvolve atividades de P&D em defesa e segurança, energia nuclear e renovável, pesquisa
192/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
técnica para a indústria, física e ciências de Gráfico 4 | Depósitos de patentes por campo tecnológico, 2014

vida (CEA, 2017).


Finalmente, para fechar a análise dos indi-
cadores de patenteamento no mundo, o se-
guinte gráfico apresenta os dez principais
campos tecnológicos das patentes deposi-
tadas no ano 2014 e sua porcentagem de
participação no total de campos tecnológi-
cos. Os campos tecnológicos são definidos
de acordo com os Códigos CIP que deve ter
cada Patente.

Fonte: elaborada pela autora com base em OMPI (2017).

193/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


2. Indicadores de Patenteamen- Ranking País Nº de depósitos de
to no Brasil patentes
1 Brasil 30.219
Uma vez analisadas as estatísticas mundiais 2 México 18.071
do depósito de patente, nesta seção vamos 3 Argentina 4.125
apresentar os indicadores de patenteamen- 4 Chile 3.274
to no Brasil. É importante salientar que o 5 Colômbia 2.242
Brasil ocupa a posição número 10 de depó- 6 Peru 1.249
sitos de patentes no mundo e é o primeiro 7 Costa Rica 601
país de América Latina e Caribe. Na seguin- 8 Uruguai 558
9 Panamá 403
te tabela se apresenta o Top 10 dos países
10 Guatemala 348
da América Latina e Caribe com maior
Fonte: elaborada pela autora com base em OMPI (2017).
número de depósitos de patentes no ano
2015.
Tabela 4 | Top 10 dos países de América La-
tina com maior número de depósitos de pa-
tentes, ano 2015

194/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Para saber mais
Na América Latina, a Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia Ibero-americana e Interamericana (RI-
CYT) promove o desenvolvimento e uso de instrumentos para a medição e a análise da ciência e tecnologia
na Ibero-América, que inclui todos os países da América Latina, Espanha e Portugal. No seu site, se podem
encontrar indicadores de patentes, indicadores bibliométricos, graduados em educação superior, indicado-
res de gasto em ciência e tecnologia e em P&D, e pessoal dedicado a atividades científicas e tecnológicas.

Link
Para conhecer mais sobre os indicadores da Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia Ibero-america-
na e Interamericana (RICYT), acesse: <http://www.ricyt.org/indicadores>. Acesso em: 20 set. 2017.

No Brasil, o INPI elabora diferentes estatísticas e relatórios de Propriedade Industrial, tais como:
boletins mensais, estatísticas preliminares, anuários estatísticos, estudos setoriais, radares tec-
nológicos e alertas tecnológicos. Esses relatórios abordam temas específicos de interesse nacio-
nal, como: nanomateriais, tecnologias relativas a células de combustível, energia solar, energia
eólica, entre outros.
195/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
No ano 2016, a Academia de Propriedade no número de depósitos. A maioria destes
Intelectual, Inovação e Desenvolvimento depósitos são feitos por empresas não resi-
(ACAD/INPI) e a Assessoria de Assuntos dentes no Brasil, que têm interesse comer-
Econômicos AECON/INPI elaboraram um cial em proteger suas invenções em nosso
Anuário Estatístico de Indicadores de Pro- país. De fato, a porcentagem de depósitos
priedade Industrial, que compila as princi- de patentes por não residentes aumentou
pais estatísticas relacionadas com Patentes, de 69% no 2006 para 78% no 2015. Isto
Marcas, Desenhos Industriais e Programas evidencia um baixo nível inventivo dos re-
de Computador, para o período 2006-2015. sidentes brasileiros passando de 31% de
Nesta seção, vamos apresentar os indica- patentes depositadas por residentes no ano
dores mais representativos das patentes 2006 para 22% no 2015.
de invenção, dos modelos de utilidade e de
Certificados de Adição.
O gráfico 5 representa o crescimento dos
depósitos de patentes de invenção, mode-
los de utilidade e certificados de adição no
Brasil, para o período 2006-2015. Durante
este período teve um crescimento do 43%
196/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
Gráfico 5 | Depósitos de Patentes de Invenção, Modelos de Utilidade e Certificados de Adição, 2006-2015

Fonte: AECON-INPI (2016, p. 4).

Em relação ao país de origem dos depósitos no período 2006-2015, tem destaque os Estados
Unidos, com 27% dos pedidos; depois se encontra o Brasil, com o 26% e, em terceiro lugar, a
Alemanha com 9%. No Gráfico 6, se apresentam todos os países com depósitos de patentes no
Brasil.

197/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Gráfico 6 | Depósitos de patentes por país de origem do depositante (2006-2015)

Fonte: AECON-INPI (2016, p. 6).

Os depósitos de patentes de invenção dos residentes e dos não residentes se classificam nos
seguintes campos tecnológicos: Química; Engenharia Elétrica e Eletrônica; Instrumentos; Enge-
nharia Mecânica; e outros setores, como: móveis, jogos, engenharia civil e outros bens de consu-
198/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
mo. No seguinte gráfico, se apresentam as porcentagens de participação dos diferentes campos
tecnológicos.
Gráfico 7 | Depósitos de patentes de invenção (PI) por origem do depositante e por campo tecnológico, 2006-2015

Fonte: AECON-INPI (2016, p. 15).

As empresas não residentes que depositaram maior número de patentes de invenção (PI) no país
no ano 2015 se apresentam na seguinte tabela. Têm destaque empresas: do setor eletroeletrô-
nico, como Philips, General Electric, Xiaomi Inc. (telefones celulares); da indústria do petróleo,
199/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
como Halliburton; da indústria química, como BASF, Dow Global Technologies, Bayer (farmacêu-
tica); e da indústria automobilística, como Toyota e Ford. Essas empresas depositam suas paten-
tes no Brasil porque o consideram um mercado estratégico para comercializar suas invenções.
Tabela 5 | Maiores depositantes de patentes de invenção no Brasil, ano 2015

Ranking Nome da empresa Número de Participação no total Participação no


PI 2015 de não residentes (%) total de PI (%)
1 Philips 521 2% 1,7%
2 Halliburton 475 1,9% 1,6%
3 General Electric Company 425 1,7% 1,4%
4 BASF 355 1,4% 1,2%
5 Dow Global Technologies 347 1,4% 1,1%
6 Toyota 260 1% 0,9%
7 Xiaomi Inc. 248 1% 0,8%
8 3M 236 0,9% 0,8%
9 Bayer 229 0,9% 0,8%
10 Ford 204 0,8% 0,7%
Total Top 10 3.300 12,9% 10,9%
Fonte: AECON-INPI (2016, p. 16).

200/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Em relação à Unidade da Federação de origem dos depósitos de patentes dos residentes, tem
grande destaque o Estado de São Paulo, com 41,7% de participação. Isso pode estar relacio-
nado ao fato de que no estado de São Paulo se localizam as principais Universidades Estaduais
e Federais, Centros de Pesquisa, além da existência da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP). Também é considerado o estado mais rico do país e que con-
centra o maior parque industrial. Na Tabela 6 se apresenta a participação de cada estado no
depósito de patentes.
Tabela 6 | Depósito de patentes por Unidade da Federação do depositante (2006-2015)

Unidade da Total de depósitos de


Participação (%)
Federação patentes 2006-2015
São Paulo 31.459 41,7
Rio Grande do Sul 7.432 9,8
Minas Gerais 7.059 9,3
Paraná 6.860 9,1
Rio de Janeiro 5.881 7,8
Santa Catarina 5.709 7,6
Bahia 1.598 2,1
Goiás 1.347 1,8

201/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Unidade da Total de depósitos de
Participação (%)
Federação patentes 2006-2015
Distrito Federal 1.271 1,7
Espírito Santo 1.268 1,7
Pernambuco 976 1,3
Ceará 940 1,2
Outros 3.698 4,9
Total 75.498 100,0
Fonte: AECON-INPI (2016, p. 7).

Os principais depositantes de patentes de invenção residentes no Brasil são Universidades e


Centros de Pesquisa, no ano 2016, 17 dos principais 20 depositantes corresponderam a essa ca-
tegoria. As três primeiras posições estão ocupadas por Universidades do sudeste: Universidade
Federal de Minas Gerais, Universidade Estadual de Campinas e Universidade de São Paulo. A par-
ticipação das empresas nesse ranking é baixa, têm destaque: a empresa Whirlpool S.A., que tinha
ocupado a primeira posição nos últimos três rankings; Natura Cosméticos, que se caracteriza por
utilizar produtos da biodiversidade brasileira para a elaboração de seus produtos; e a Empresa
Brasileira de Petróleo - Petrobras.

202/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Tabela 7 | Ranking dos depositantes residentes de patentes de invenção no ano 2016

Participação no
Número de
Ranking Nome do depositante total de resi-
patentes
dentes (%)
1 Universidade Federal de Minas Gerais 70 1,3%
2 Universidade Estadual de Campinas 62 1,2%
3 Universidade de São Paulo 60 1,2%
4 Universidade Federal do Ceará 58 1,1%
5 Universidade Federal do Paraná 53 1%
6 Universidade Federal de Pelotas 45 0,9%
7 Universidade Federal da Paraíba 32 0,6%
8 Universidade Federal de Pernambuco 32 0,6%
9 Universidade Federal da Bahia 31 0,6%
10 Whirlpool S.A 31 0,6%
11 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 30 0,6%
12 Universidade Federal do Rio Grande do Sul 26 0,5%
13 Natura Cosméticos S.A. 24 0,5%
14 Associação Paranaense de Cultura (APC) 23 0,4%
15 Petróleo Brasileiro Petrobrás 23 0,4%

203/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Participação no
Número de
Ranking Nome do depositante total de resi-
patentes
dentes (%)
16 Universidade Tecnológica Federal do Paraná 23 0,4%
17 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 22 0,4%
18 Fundação CPqD 19 0,4%
19 Universidade Federal de Uberlândia 19 0,4%
20 Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) 18 0,3%
Fonte: INPI (2017 [s.p.]).

Os dados apresentados sobre os depositantes de patentes no Brasil indicam que as maiores ca-
pacidades de invenção estão concentradas nas Universidades e Centros de Pesquisa, que são
financiados pelo governo. Também se evidencia a pouca participação das grandes empresas em
atividades científicas e tecnológicas, o que pode indicar baixos investimentos em P&D.
Uma questão que fica em aberto é analisar quantas dessas patentes se convertem em verda-
deiras inovações e não ficam como documentos sem nenhuma utilidade prática. Nesse sentido,
seria importante fomentar as parcerias estratégicas entre universidades e empresas para fazer
processos de transferência tecnológica dessas invenções, para tornar útil o conhecimento gera-
do nas universidades e centros de pesquisa.
204/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil
Glossário
Assessoria de Assuntos Econômicos (AECON): A Assessoria de Assuntos Econômicos surgiu em
2013 para levantar dados estatísticos de patentes, marcas, desenhos industriais, programas de
computador, Indicação Geográfica e Contratos de Tecnologia. Seus produtos principais são: o
Anuário Estatístico de Propriedade Industrial (2000-2012) e as Estatísticas Preliminares.
Certificados de Adição: Aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da inven-
ção, mesmo que destituído de atividade inventiva, porém ainda dentro do mesmo conceito in-
ventivo. O certificado será acessório à patente e com mesma data final de vigência desta (INPI,
2017).
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): É uma agência de fomento
que apoia a pesquisa e financia a investigação, o intercâmbio e a divulgação da ciência e tecno-
logia produzidas no Estado de São Paulo. Está ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômi-
co, Ciência, Tecnologia e Inovação (FAPESP, 2017).

205/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


?
Questão
para
reflexão

Com base nos dados apresentados sobre a dinâmica de patentea-


mento no Brasil e no artigo “Protagonismo incomum” (MARQUES,
2016) (Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/11/18/
protagonismo-incomum/>), responda às seguintes questões: i) qual
é o papel das universidades brasileiras na dinâmica de patentea-
mento do Brasil? ii) quais são os principais benefícios associados à
publicação de patentes pelas universidades brasileiras? iii) quais as
principais desvantagens? iv) quais os principais desafios para que
as patentes depositadas por universidades brasileiras, se conver-
tam em inovações?
206/247
Considerações Finais (1/2)

• Analisamos as principais estatísticas de patenteamento no mundo, as quais


indicam que a dinâmica de patenteamento tem sido crescente no período
de 2001-2015. Os países que lideram o depósito de patentes são: China,
Estados Unidos e Japão. A China recebeu pela primeira vez no mundo mais
de um milhão de solicitudes de patentes no mesmo ano. A região com mais
depósitos de patentes é a Ásia, com o 61,9%, depois a Europa, com 12,5%,
a América Latina e Caribe ficam com 2,3%, a Oceania com 1,2% e a África
com 0,5%.
• Identificamos que as empresas são as que lideram o depósito de patentes
no mundo, principalmente empresas asiáticas e do setor eletroeletrônico.
Embora com uma menor proporção, as universidades e organizações públi-
cas de pesquisa também têm uma dinâmica de patenteamento crescente,
especialmente as chinesas.

207/247
Considerações Finais (2/2)

• Em relação ao Brasil, embora ocupe o posto 10 no mundo e o primeiro na


América Latina do depósito de patentes, a maioria é depositada por não re-
sidentes, o que indica um baixo nível inventivo por parte das empresas, uni-
versidades e pessoas físicas do Brasil.
• A atividade de patenteamento no Brasil de residentes é liderada por univer-
sidades e centros de pesquisa, em contraposição aos depósitos de paten-
tes no mundo, que são liderados por empresas. O depósito de patentes por
residentes se concentra no Estado de São Paulo, que se considera o estado
mais rico do país, conta com o maior parque industrial e alberga um número
importante de universidades e centros de pesquisa.

208/247
Referências

AECON-INPI. Indicadores de Propriedade Industrial. Lançamento do Anuário Estatístico de


Patentes, Marcas e Desenhos Industriais, Florianópolis, 24 nov. 2016. Disponível em: <http://
www.inpi.gov.br/sobre/estrutura/enapid2016/noticias/inpi-apresenta-novo-anuario-estatisti-
co-na-semana-da-inovacao/AnuarioEstatisticodePI_SergioPaulino.pdf>. Acesso em: 2 de ago.
2017.
CEA. Commisariat Energie Atomique. Disponível em: <http://www.cea.fr/english>. Acesso em:
2 ago. 2017.
FAPESP. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.
fapesp.br/sobre/>. Acesso em: 2 ago. 2017.

INPI. Boletim Mensal de Propriedade Industrial: Ranking dos Depositantes Residentes 2016.
Estatísticas Preliminares, v. 1, n.1 (2016). Rio de
Janeiro: INPI, 2017 Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/sobre/estatisticas/arquivos/publi-
cacoes/boletim-ranking-2016.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2017.

INPI. Perguntas frequentes - Patente. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/servicos/pergun-


tas-frequentes-paginas-internas/perguntas-frequentes-patente>. Acesso em: 1 ago. 2017.

209/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


KOVACS, A. The Role of Public Research Organizations within open innovation. A review of the state
of the art from an Economic Perspective. Workshop on Open Innovation, Bucharest, 2013. Dis-
ponível em: <https://indico.cern.ch/event/239014/sessions/42250/attachments/402577/559673/
Presentation_AK_-_Workshop_on_OI_Bucharest_07-10-2013.pdf>. Acesso em: 1 de Agosto de
2017.
MARQUES, F. Protagonismo incomum. Revista Pesquisa Fapesp, ed. 249. nov. 2016. Disponível
em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/11/18/protagonismo-incomum/->. Acesso em: 1 ago.
2017.
OMPI. World Intellectual Property Indicators. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/pub-
docs/en/wipo_pub_941_2016.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2017.

210/247 Unidade 7 • Indicadores de Patenteamento no Mundo e no Brasil


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: Indicadores de Patenteamento Aula 7 - Tema: Indicadores de Patenteamento no


no Mundo e no Brasil. Bloco I Mundo e no Brasil. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d7fa-
1d/7ac1761d7e5279bbeb6c1b2bbac76a64>. 6a4145a1171e18becef11814e761>.

211/247
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta. Qual dos seguintes países liderou o depósi-
to de patentes no mundo no ano 2015?

a) China.
b) Japão.
c) Estados Unidos.
d) Escritório de Patentes da Europa.
e) Alemanha.

212/247
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. Qual posição o Brasil ocupou no ranking
de depósitos de patentes na América Latina e Caribe no ano 2015?

a) 20.
b) 15.
c) 1.
d) 10.
e) 5.

213/247
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. Qual é o principal campo tecnológico das
patentes depositadas por residentes no Brasil no período 2006-2015?

a) Química.
b) Engenharia mecânica.
c) Instrumentos.
d) Engenharia Elétrica e Eletrônica.
e) Outros setores.

214/247
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Qual é o Estado do Brasil com maior nú-
mero de depósitos de patentes no período 2006-2015?

a) Rio de Janeiro.
b) São Paulo.
c) Minas Gerais.
d) Rio Grande do Sul.
e) Santa Catarina.

215/247
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. Qual é a empresa residente com maior
número de patentes depositadas no Brasil no ano 2016?

a) Whirlpool S.A.
b) Natura Cosméticos S.A.
c) Philips.
d) General Electric Company.
e) Petrobrás.

216/247
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: B.
Segundo as estatísticas da OMPI (2017), a Segundo as estatísticas do INPI, o estado de
China é o país com maior número de depó- São Paulo depositou um maior número de
sitos no ano 2015. patentes no período 2006-2015, com uma
participação de 41,7%.
2. Resposta: C.
5. Resposta: A.
Segundo as estatísticas da OMPI (2017), o
Brasil ocupa o primeiro lugar do depósito Segundo as estatísticas do INPI, em 2016 a
de patentes na América Latina e Caribe e o empresa Whirlpool S.A. ocupou o primeiro
posto 10 no mundo. lugar no depósito de patentes por residen-
tes no Brasil.
3. Resposta: B.

Segundo as estatísticas do INPI, em 2016 o


campo tecnológico com maior depósito de
patentes por residentes no Brasil é a engen-
haria mecânica, com 32% aproximadamente.
217/247
Unidade 8
Segredos Industriais

Objetivos

1. Identificar as principais característi-


cas do Segredo Industrial;
2. Conhecer os diferentes mecanismos
de proteção aos Segredos Industriais;
3. Analisar alguns exemplos de segredo
industrial.

218/247
Introdução

Para finalizar a disciplina de Aspectos em ver com os meios e formas de distribuição


Patentes e Segredo Industrial, neste tema e comercialização de produtos e serviços. A
vamos analisar os diferentes aspectos rela- principal vantagem dos segredos é que sua
cionados ao Segredo Industrial. Na primeira duração é indefinida, sempre e quando per-
parte, se explicam as principais caracterís- maneça em segredo. Além disso, pode ser
ticas do Segredo Industrial como uma das menos custoso e mais simples que o proces-
categorias da Propriedade Industrial. O Se- so de depósito de uma patente. Na segunda
gredo Industrial é um mecanismo de prote- parte, se explicam os mecanismos de prote-
ção muito utilizado por todo tipo de empre- ção aos Segredos Industriais. Em âmbito in-
sas, desde as grandes corporações até pe- ternacional, o Acordo ADPIC estabelece as
quenas e médias empresas. Essas empresas características que deve ter uma informa-
mantêm em segredo a informação e os pro- ção para que seja objeto de proteção: que
cessos que consideram estratégicos para seja secreta, que tenha valor comercial por
seu funcionamento. Assim, há dois tipos ser secreta e que tenha sido objeto de me-
de segredos industriais: os segredos indus- canismos de proteção para mantê-la secre-
triais propriamente ditos, ou seja, aqueles ta. Assim, as empresas devem estabelecer
relacionados com o setor técnico da em- mecanismos de proteção de seus segredos
presa, e os segredos comerciais, que têm a por meio de acordos de confidencialidade

219/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


e sistemas de segurança física e digital. Fi- bens ou prestação de serviços, por exemplo:
nalmente, se apresentam alguns exemplos métodos específicos de fabricação, lista de
representativos de segredos industriais. ingredientes, dispositivos modificados in-
ternamente, entre outros (RODRÍGUEZ,
1. O Que é um Segredo Industrial 2012).
Por sua vez, os segredos comerciais estão
O Segredo Industrial, é uma das categorias
relacionados com os meios e formas de dis-
da Propriedade Industrial que permite a pre-
tribuição e comercialização de produtos e
servação da natureza confidencial da infor-
serviços. Por exemplo, uma base de dados
mação contra a revelação indevida e contra
de clientes com correios eletrônicos, telefo-
o uso por pessoas não autorizadas ou pela
nes e endereços, estudos de marketing, lista
concorrência (INPI-SENAI, 2010).
de preços, informação sobre o lançamento
Muitos ativos intangíveis de uma empresa de um novo produto, entre outros (RODRÍ-
que se consideram estratégicos podem ser GUEZ, 2012).
susceptíveis de proteção por segredo indus-
No seguinte quadro se apresentam alguns
trial, especificamente aquela informação
exemplos que podem ser considerados
confidencial relacionada com o setor técni-
como segredo industrial, os quais se clas-
co da empresa, ou seja, com a produção de
sificam em: Informação administrativa e fi-
220/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
nanceira; Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); Informação Operativa; Informação Comercial; e
Informação Negativa.
Quadro 1 | Alguns exemplos de segredo industrial de acordo o tipo de informação

Tipo de Informação Exemplos de Segredo Industrial


Informação administrati- Lista de preços; orçamentos; lista de clientes, fornecedores ou possíveis par-
va e financeira ceiros comerciais; propostas ou estratégias de negócios; estrutura organi-
zacional; relatórios e projeções de mercado; estratégias comerciais; planos de
comercialização.
Pesquisa e Desenvolvi- Fórmulas, protótipos; métodos; marcas não registradas; métodos didáticos;
mento (P&D) processos, técnicas e métodos de pesquisa de documentos; recopilação de
dados; manuais; informação sobre atividades de P&D.
Informação Operativa Fórmulas; desenhos; software; informação técnica; modelos; planos ar-
quitetônicos; mapas; algoritmos e processos que se aplicam em programas
informáticos; conhecimentos especializados de fabricação; ingredientes.
Informação Comercial Lista de clientes; perfil dos consumidores; preferências de compra; estratégias
comerciais; planos de comercialização, novos nomes de produtos; oportuni-
dades comerciais.

221/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


Tipo de Informação Exemplos de Segredo Industrial
Informação Negativa Detalhes de esforços fracassados para solucionar problemas na fabricação de
certos produtos, ou tentativas de P&D sem bons resultados.
Fonte: Rodriguez (2014, p. 49).

Também é importante esclarecer o que não corresponde a um segredo industrial: não se consi-
dera como segredo industrial aquela informação que seja de domínio público, a que resulte evi-
dente para um técnico na matéria, com base em informação previamente disponível ou aquela
que deva ser divulgada por disposição legal ou por ordem judicial. Não se considera que entra no
domínio público, ou que é divulgada por disposição legal, aquela informação que seja propor-
cionada a qualquer autoridade por uma pessoa que a tenha como Segredo Industrial, quando a
proporcione para obter licenças, permissão, autorizações ou registros (RODRIGUEZ, 2014).
O mecanismo de proteção por segredo industrial e segredo comercial é muito usado por empre-
sas para proteger seu “know-how” e seus ativos intangíveis.

222/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


Para saber mais
Na literatura sobre Propriedade Intelectual, muitas vezes são usados como sinônimos os termos Segre-
do Industrial e know-how, mas eles apresentam algumas diferenças. A expressão “know-how” é uma
abreviatura da expressão inglesa “to know how to do it” que significa “saber-fazer” ou conhecimento
especializado. Esse conhecimento está composto por um conjunto de ideias, métodos, procedimentos
e experiências, razão pela qual abrange conhecimentos técnicos, industriais, comerciais ou científicos,
que têm um caráter prático e geram valor para a empresa. Por sua vez, o segredo industrial abrange tanto
conhecimentos quanto informação, mas não tem de ser prático. Os segredos geram vantagens competi-
tivas para a empresa, portanto, devem manter-se em sigilo. O know-how não necessariamente deve ser
segredo, este pode ser divulgado e, ainda assim, não deixa de ser considerado como know-how, ou co-
nhecimento especializado. Assim, o know-how é mais abrangente que o Segredo Industrial porque pode
incluir ou não conhecimentos secretos (DIAZ, 2015).

O mecanismo de proteção por Segredo Industrial se considera muito mais barato e simples que
a proteção por meio de patente. Friedman et al. (1991) identificaram três cenários em que a
proteção por segredo industrial pode ser melhor que a proteção por meio de patentes: i) quando
a invenção é incremental e não se justificam os custos do depósito de uma patente e os litígios
223/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
por uma possível infração; ii) quando a du- invenção) ou 15 anos (patente de mo-
ração esperada da invenção pode ser maior delo de utilidade). Um exemplo clássi-
que o tempo de duração de uma patente; co é o segredo da fórmula do xarope
iii) quando as empresas consideram que as da Coca-Cola, que tem permanecido
invenções não cumprem com todos os cri- em sigilo por mais de cem anos.
térios de patenteabilidade: novidade, ativi- • Não há custos de registro dos segre-
dade inventiva, aplicação industrial e sufici- dos industriais. Contudo, as empresas
ência descritiva. As empresas devem avaliar devem desenvolver mecanismos de
qual é a melhor forma de proteger seus ati- proteção de seus segredos, por exem-
vos intangíveis e suas invenções, se por pa- plo, mediante acordos de confiden-
tentes ou por Segredos Industriais. cialidade com seus empregados.
Algumas das vantagens dos Segredos In- • A proteção dos segredos industriais e
dustriais e comerciais são (OMPI, 2017a): comerciais não obriga as empresas a
• A duração do segredo é indefinida, divulgar a informação ante uma auto-
sempre que o segredo não seja reve- ridade do governo ou ante o Escritório
lado ao público. A duração de uma pa- de Propriedade Industrial.
tente pode ser de 20 anos (patente de

224/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


A dificuldade desse tipo de “proteção” é que
um produto colocado no mercado pode ser Link
desmontado e os segredos podem ser des- Para conhecer mais sobre a importância dos se-
vendados por uma simples observação do gredos industriais na indústria de biotecnologia,
produto e está sujeito à “engenharia rever- veja o seguinte artigo:
sa” (INPI-SENAI, 2010). Se o segredo é des-
coberto, pessoas terceiras podem utilizá-lo SANDERSON, A.; ZHUANG, L. The value of secrecy
sem nenhum tipo de represália. for Big Pharma. Life Sciences Intellectual Proper-
ty Review, 2016. Disponível em: <http://www.
A proteção dos segredos industriais é uti- lifesciencesipreview.com/contributed-arti-
lizada em setores onde a P&D é intensiva cle/the-value-of-secrecy-for-big-pharma>.
e por empresas altamente competitivas, Acesso em: 20 set. 2017.
como: indústria de biotecnologia, farma-
cêutica, petroquímica, alimentos, bebidas,
2. Mecanismos de Proteção aos
cosmética, automobilística e setor de ele-
Segredos Industriais
trônica e TICs (INPI-SENAI, 2010).
Antes da Era Industrial, muitos artesãos
guardavam cuidadosamente os “Segredos”
de geração em geração. Mas, com a transi-
225/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
ção das pequenas oficinas de artesanato para as fábricas, surgiu a necessidade de estabelecer
um sistema jurídico que obrigasse os empregados a guardar a confidencialidade sobre determi-
nada maquinaria ou sistemas de produção (POOLEY, 2013).
Internacionalmente, a proteção dos segredos industriais está regulamentada pelo Acordo sobre
Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (ADPIC). O Artigo 39
do ADPIC estabelece que, para que uma informação seja objeto de proteção, esta deve cumprir
as seguintes características (ADPIC, 1994, [s.p.]):

Seja secreta, no sentido que não seja conhecida em geral nem facilmente
acessível a pessoas de círculos nos que normalmente lidam com o tipo de
informação em questão, seja como um todo, seja na configuração e mon-
tagem específicas de seus componentes.

Tenha valor comercial por ser secreta.

Tenha sido objeto de precauções razoáveis, nas circunstâncias, pela pes-


soa legalmente em controle da informação, para mantê-la secreta.

226/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


No Brasil, embora não haja uma Lei específica para a proteção de segredos industriais, sua pro-
teção está contemplada na Lei de Propriedade Industrial nº 9.276 de 1996, especificamente no
que se relaciona aos crimes de concorrência desleal. O Artigo 195 da Lei de Propriedade Indus-
trial estabelece:

Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:

XI. Divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, in-


formações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou
prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento pú-
blico ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve aces-
so mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término
do contrato;

XII. Divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou


informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou
a que teve acesso mediante fraude. (BRASIL, 1996, [s.p.])
Assim, a regulamentação do segredo industrial está atrelada à proteção ante a concorrência
desleal. Contudo, o objetivo da regulamentação segue sendo proteger atividades associadas a
227/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
investimentos em P&D e a desenvolvimen- sua divulgação. Além disso, devem ser
tos intelectuais, comerciais e industriais, no treinados para adotar práticas segu-
interior de uma empresa ou organização. ras de proteção aos segredos indus-
Essas atividades outorgam vantagens com- triais.
petitivas frente a seus concorrentes. • Implementar mecanismos de controle
Para proteger os segredos industriais, as em- ao acesso físico e eletrônico dos se-
presas têm de desenvolver mecanismos de gredos industriais, por exemplo, aces-
proteção, os principais são (HEMPHILL, 2004): so restrito aos computadores em que
se encontra a informação, uso de se-
• Fazer Acordos de confidencialidade
nhas, sistemas de segurança, monito-
ou acordos de não divulgação com os
ramento e criptografia da informação,
empregados, colaboradores, fornece-
proibição de uso de dispositivos de ar-
dores ou empresas associadas que te-
mazenamento da informação, como
nham acesso ao segredo industrial.
pen drives, entre outros.
• Todos os empregados devem estar in-
• Monitoramento dos concorrentes
formados sobre as políticas da empre-
para identificar se um segredo indus-
sa em relação aos documentos confi-
trial tem sido revelado e apropriado
denciais e às consequências legais de
por alguma empresa concorrente.
228/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
filtrar informação estratégica para a em-
Para saber mais presa.
Os acordos de confidencialidade devem mencio-
nar o titular e o receptor da informação e o propó-
3. Exemplos de Segredos Indus-
sito específico de transmissão da informação. Se triais
deve definir em que consiste a informação e que
No mundo há muitos exemplos represen-
tipos de documentos deverão ser assinalados com
tativos de proteção por meio de segredo
a palavra “confidencial”. Também se deve deta-
industrial, os mais reconhecidos são: fór-
lhar como o receptor deve proteger a informação
mula do xarope da Coca-Cola; o algoritmo
e o que pode ou não fazer com ela. Finalmente,
de busca de Google; os novos produtos da
se deve determinar o tempo em que a informação
Apple; a receita original do frango do KFC do
deverá permanecer em sigilo, que geralmente é
General Sanders (Kentuky Fried Chicken); o
por períodos de 2 a 5 anos (IRISH, 2013).
molho especial do McDonald’s; entre outros.
Assim, cabe à empresa encontrar todos os No caso do Brasil, um exemplo representa-
mecanismos disponíveis para proteger sua tivo de proteção por segredo industrial é o
informação, inclusive dos vírus e da cibe- refrigerante Guaraná Antártica. No geral,
respionagem, através dos quais é possível esses casos representativos correspondem

229/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


mais a estratégias de marketing para gerar mais interesse e expectativa nos consumidores e
concorrentes, do que a verdadeiros segredos industriais.

Link
Para conhecer uma breve história sobre estes segredos industriais, veja o seguinte link:

HAMANN, R. 5 Segredos Industriais guardados a sete chaves. Tecmundo, 2012. Disponível em: <https://
www.tecmundo.com.br/curiosidade/18707-5-segredos-industriais-guardados-a-sete-cha-
ves.htm>. Acesso em: 20 set. 2017.

Para conhecer mais sobre o segredo industrial do refrigerante Guaraná Antártica, veja a seguinte matéria:

HACKRADT, L. Os guardiões das fórmulas secretas. Revista Época - Negócios & Carreira, ago. 2011. <http://
revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI259565-15259,00.html>. Acesso em: 20 set. 2017.

Nesta seção, analisaremos outros exemplos de segredos industriais, os quais mostram a impor-
tância desse tipo de proteção de ativos intangíveis para empresas de diferentes setores econô-
micos.
230/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
No seguinte quadro, se apresenta uma seleção de segredos industriais elaborada por Crittenden
et al. (2015), que classificaram os segredos industriais em formulação do produto e processos
operacionais. A maioria desses segredos está associada a receitas, fórmulas, sabores, ingredien-
tes e algoritmos.
Quadro 2 | Exemplos de empresas com segredo industrial

Empresa Segredo Industrial


Formulação de produto
Perfume Chanel Nº 5 Fórmula
Dr. Pepper Snaple Group (Refrigerantes) 23 diferentes sabores
Heinz (Molhos) Receita
Hershey (Chocolates) Receita
Listerine (Antisséptico bucal) Ingredientes
Microsoft Xbox (Videogame) Algoritmo
Processo operacional
Amazon.com (Site de compras on-line) Algoritmo
Cummins (Empresa de motores e autopeças) Tecnologia
Netflix (Plataforma de televisão) Algoritmo
New York Times (Jornal) Lista de Best-Sellers
Taco Bell (Comida mexicana) Preparação de produto
Fonte: Crittenden et al. (2015, p. 4).

231/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


do mercado; reputação; fomentar a com-
Para saber mais pra sistemática de determinado produto
ou serviço; manter preços mais elevados, e
A lista de Best-Sellers é uma lista dos livros mais
principalmente distinguir-se da concorrên-
vendidos nos Estados Unidos, a qual é publicada
cia (CRITTENDEN et al., 2015).
semanalmente pelo Jornal New York Times. O mé-
todo utilizado para a recopilação dos livros mais Os segredos industriais, como ativos de pro-
vendidos está protegido como um segredo indus- priedade industrial podem se considerar
trial, para evitar que pessoas terceiras possam como armas estratégicas das empresas. Por
manipular o sistema de classificação. São utili- exemplo, o uso e consolidação de uma marca
zados dados das vendas no varejo e no atacado, reconhecida serve de vantagem competitiva
também para evitar que o autor de um livro com- para as empresas e cria barreiras de entrada
pre muitos exemplares de sua própria obra e gere para a concorrência (REITZIG, 2004).
uma distorção na classificação. Assim, cabe às empresas e organizações
avaliar seus ativos intangíveis e suas
As principais implicações estratégicas des-
próprias invenções para identificar qual será
ses segredos são: Imagem de marca; fide-
o mecanismo apropriado de proteção à sua
lidade à marca, fidelização de clientes; di-
propriedade intelectual.
ferenciação de produto; manter a quota
232/247 Unidade 8 • Segredos Industriais
Glossário
Ciberespionagem: São atividades de espionagem em que se utilizam redes informáticas e ferra-
mentas das tecnologias da informação e da comunicação para obter informação estratégica dos
concorrentes e ganhar, assim, uma vantagem competitiva.
Engenharia reversa: atividades que buscam analisar e copiar os produtos dos concorrentes.
Consiste em descobrir os princípios tecnológicos e o funcionamento de um dispositivo, objeto
ou sistema, através da análise de sua estrutura, função e operação, por exemplo, desmontar um
brinquedo para saber como funciona.
Know-how: todas as informações industriais e técnicas que subsidiam a manufatura ou pro-
cessamento de produtos ou materiais. O termo pode ser usado para se referir ao conhecimento
tácito, que é difícil de transferir por meios escritos ou verbais.

233/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


?
Questão
para
reflexão

Pesquise na internet sobre o caso do Segredo Industrial


do xarope da Coca-Cola e responda às seguintes ques-
tões: i) qual é a história por trás do segredo industrial da
Coca-Cola? ii) por que se usou a estratégia de segredo
industrial e não a de patente? iii) ainda se segue consi-
derando que a Coca-Cola tem um segredo Industrial? iv)
se o segredo da Coca-Cola fosse descoberto, você acha
que isso afetaria a empresa?

234/247
Considerações Finais
• Conhecemos as principais características dos segredos industrias e segre-
dos comerciais, cujo principal objetivo é a proteção de informação e proces-
sos estratégicos para as empresas, frente à concorrência.
• Identificamos os diferentes tipos de informação que podem ser objeto de
proteção: Informação administrativa e financeira; Pesquisa e Desenvolvi-
mento (P&D); Informação Operativa; Informação Comercial; e Informação
Negativa. Além disso, estabelecemos alguns exemplos.
• Analisamos as principais vantagens e desvantagens dos segredos indus-
triais. As principais vantagens do segredo industrial é que sua duração é in-
definida e que seu processo de proteção é menos custoso e mais simples em
comparação com a proteção por meio de patentes.
• Identificamos os principais mecanismos de proteção dos segredos indus-
triais. No âmbito internacional, o Acordo ADPIC estabelece quando uma in-
formação pode ser objeto de proteção. No caso do Brasil, embora não haja

235/247
Considerações Finais (2/2)
• uma legislação específica sobre segredo industrial, a Lei de Propriedade In-
dustrial nº 9.276 de 1996, especificamente no que se relaciona aos crimes
de concorrência desleal, estabelece mecanismos de proteção à informação
confidencial.
• Conhecemos alguns mecanismos de proteção aos segredos industriais no
interior das empresas, como: acordos de confidencialidade, sistemas de se-
gurança física e digital, treinamento de funcionários e fornecedores sobre a
política de proteção da informação confidencial.
• Identificamos alguns exemplos representativos de Segredo Industrial, que
protegem a formulação do produto e o processo operacional, como ingre-
dientes, receitas, fórmulas e algoritmos. Os mais representativos são: Co-
ca-Cola, McDonald’s, KFC (Kentuky Fried Chicken), perfume Chanel Nº 5, o
algoritmo da Google, Amazon e Netflix, entre outros

236/247
Referências

ADPIC. Acordo sobre aspectos dos direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao


comércio (Acordo TRIPS ou Acordo ADPIC), 1994. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/legis-
lacao-1/27-trips-portugues1.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2017.

BRASIL. Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e


obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017.

CRITTENDEN, W. et al. Trade Secrets: Managerial guidance for competitive advantage. Business
Horizonts, v. 58, p. 607-613, 2015.
DIAZ, G. La protección jurídica del Know-How y el secreto industrial en el Derecho Español.
2015. 101 f. Dissertação (Mestrado em Propriedade Intelectual e direito de novas tecnologias) -
Universidad Internacional de La Rioja, La Rioja, 2015.
FRIEDMAN, D. D. et al. Some economics of trade secret law. Journal of Economic Perspective, v.
5, p. 61-72, 1991.
HEMPHILL, T.A. The strategic management of trade secrets in Technology-bases firms. Technol-
ogy Analysis & Strategic Management, v. 16, n. 4, p. 479-494, 2004.
INPI-SENAI. Inovação e Propriedade Intelectual: Guia para o docente. Brasília: SENAI, 2010.

237/247 Unidade 8 • Segredos Industriais


IRISHI, V. Divulgación de la información comercial. OMPI: 2013. Disponível em: <http://www.
wipo.int/sme/es/documents/disclosing_inf.htm>. Acesso em: 29 jul. 2017.

OMPI. Patentes o secretos comerciales? 2017a. Disponível em: <http://www.wipo.int/sme/es/


ip_business/trade_secrets/patent_trade.htm>. Acesso em: 29 jul. 2017.

POOLEY, J. El Secreto Comercial: el otro derecho de propiedad intelectual. OMPI REVISTA, jun.
2013. Disponível em: <http://www.wipo.int/wipo_magazine/es/2013/03/article_0001.html>.
Acesso em: 29 jul. 2017.
REITZIG, M. Strategic Management of intelectual property. MIT Sloan Mangement Review, v. 45,
p. 35-40, 2004.
RODRIGUEZ CORTES, A. D. Secreto Industrial y Confidencialidad. La licencia hecha producto.
México: Editorial Lawdig, 2014.
RODRÍGUEZ, D. Información confidencial y secreto empresarial. Clarke, Modet & ºC, 29 out. 2012.
Disponível em: <http://www.clarkemodet.com/es/actualidad/blog/2012/10/Informacion-confi-
dencial-y-secreto-empresarial#.WYIKu2U191A>. Acesso em: 22 jul. 2017.

WIKIPEDIA. The New York Times Best Seller List. Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/
The_New_York_Times_Best_Seller_list>. Acesso em: 29 jul. 2017.

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Assista a suas aulas

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239/247
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta. Os segredos comerciais estão com relacio-
nados com:

a) Informação técnica.
b) Meios e formas de distribuição e comercialização de produtos e serviços.
c) Produção de bens.
d) Processos industriais.
e) Protótipos.

240/247
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. Qual é a duração da proteção do segredo
industrial?

a) 20 anos.
b) 15 anos.
c) Indefinida, sem restrições.
d) Indefinida, sempre que o segredo não seja revelado ao público.
e) 100 anos.

241/247
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. Qual das seguintes características não
corresponde ao know-how?

a) Deve permanecer em segredo.


b) Deve ter valor comercial para a empresa.
c) Sua proteção é indefinida.
d) Tem caráter prático.
e) Abrange conhecimentos técnicos, industriais, comerciais ou científicos.

242/247
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. No Brasil, a legislação relacionada com a
proteção do segredo industrial está atrelada à:

a) Proteção sui generis.


b) Proteção de direitos de autor.
c) Proteção de desenhos industriais.
d) Proteção ante a concorrência desleal.
e) Proteção de cultivares.

243/247
Questão 5
5. Qual dos seguintes segredos industriais corresponde à proteção de for-
mulação de produto?

a) Perfume Chanel Nº 5.
b) Netflix.
c) Amazon.
d) Cummins.
e) Lista de best-sellers do New York Times.

244/247
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: A.
Os segredos comerciais estão relacionados O know-how pode ser público ou não, este
com os meios e formas de distribuição e pode ser divulgado e, ainda assim, não deixa
comercialização de produtos e serviços, as de ser considerado como know-how, ou co-
outras opções correspondem a segredos in- nhecimento especializado.
dustriais.
4. Resposta: D.
2. Resposta: D.
No Brasil, não há uma legislação específica
A duração da proteção mediante segredo para o segredo industrial, mas sua proteção
industrial é indefinida, sempre que o segre- está atrelada à proteção ante a concorrên-
do não seja revelado ao público. Por isso, as cia desleal, que está definida na Lei de Pro-
empresas devem estabelecer mecanismos priedade Industrial.
apropriados para que a informação estraté-
gica não seja divulgada.

245/247
Gabarito
5. Resposta: A.

A proteção da fórmula do Perfume Chanel


Nº 5 corresponde à proteção de formulação
de produto. As outras opções correspon-
dem à proteção de processo operacional.

246/247

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