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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO

2 – HISTÓRICO

2.1 – Surgimento do Direito Imaterial


2.2 – Direito Imaterial no Brasil

3 – DIREITO AUTORAL E CONEXOS

4 – DIREITO INDUSTRIAL

5 – CONTRAFAÇÃO

6 – LEGISLAÇÃO

6.1 – Constituição Federal


6.2 – Código Penal
6.3 – Código de Processo Penal
6.4 – Legislação Especial
6.4.1 – Lei 9609
6.4.2 – Lei 9610
6.4.3 – Lei 9279

7 – IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS CONTRAFEITOS

7.1 – Cd e Dvd
7.1.1 – Tecnologia
7.1.2 – Diferença entre discos óticos industriais e graváveis
7.1.3 – Características de contrafação
7.2 – Fitas VHS
7.3 – Cartuchos
7.4 – Roupas
7.5 – Acessórios de vestuário
7.5.1 – Bolsas
7.5.2 – Tênis
7.5.3 – Óculos
7.5.4 – Relógios
7.6 – Bebidas
7.6.1 – Selos do IPI
7.6.2 – Bebidas e embalagens
7.7 – Pilhas recarregáveis
7.8 – Outros produtos

8 – EXAMES EM LOCAIS

9 – LAUDO PERICIAL

BIBLIOGRAFIA

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

No ano de 2003 foi criada a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a


Propriedade Imaterial – DRCPIM e desde o início de suas operações ficou claro que haveria
necessidade desta unidade de Polícia Judiciária contar com um Setor de Perícias. Até sua
criação todas as apreensões de produtos contrafeitos eram encaminhadas ao ICCE – Sede,
sendo periciadas no Serviço de Perícias de Merceologia e Jogos. A enorme quantidade de
material apreendido, o trabalho gerado para separação e classificação, principalmente de
roupas e discos óticos (CD e DVD) impossibilitava, por problemas logísticos, o envio do
material apreendido pela DRCPIM para o ICCE.
Aos poucos o serviço foi sendo aprimorado e desenvolveu-se uma metodologia de
apreensões e exames que objetivavam a emissão dos laudos periciais em tempo hábil. As
associações que defendem os direitos autorais no Brasil, tais como a APDIF – Associação
Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos, ADEPI – Associação de Defesa da
Propriedade Intelectual, ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software e ABCF –
Associação Brasileira de Combate à Falsificação muito ajudaram na logística das
apreensões e em treinamento de pessoal e em alguns casos como fieis depositárias do
material apreendido. Atualmente a APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música)
engloba as atividades da ADEPI e da APDIF.
Alguns escritórios de advocacia que atuam na área de propriedade imaterial auxiliam
na logística das apreensões e no contato com os fabricantes dos produtos para informações
técnicas, o mesmo se dando em relação aos fabricantes. A atuação dos representantes dos
detentores dos direitos imateriais é prevista em lei e durante o curso será mais bem
explicada.
Até meados de 2009 já haviam sido emitidos cerca de 10.500 laudos referentes aos
mais variados tipos de produtos, desde os mais frequentes: CD e DVD; passando por
roupas, perfumes, relógios, cigarros, bebidas, software, até violação de direito autoral de
novelas (Alma Gêmea e Belíssima). Os seis anos de atuação na DRCPIM serviram de base
para desenvolvimento de uma metodologia para exame dos materiais contrafeitos e para
transmitir esta experiência ao longo do atual curso.
No curso pretendemos abordar as formas mais usuais de contrafação e proporcionar
aos futuros Peritos Criminais as condições de identificá-las, sem nos esquecermos dos
embasamentos teóricos e legais relativos à Propriedade Imaterial. Nossa atenção será
voltada para a parte criminal, deixando-se de lado a parte cível da questão.
A propriedade imaterial divide-se em propriedade intelectual e os direitos da
personalidade.
A propriedade intelectual, por sua vez, divide-se entre os direitos autorais e conexos,
e a propriedade industrial. A industrialização, com a disseminação da reprodução de
produtos, livros e obras artísticas e as lutas por direitos e liberdades individuais travadas na
Revolução Francesa, de 1789, forçaram o surgimento do direito imaterial. A Propriedade
Intelectual, a Propriedade Industrial e também os Direitos da Personalidade são institutos
que tiveram grandes avanços no ramo do Direito nos últimos 50 anos. Nossa atenção será
voltada para os Direitos Intelectuais, não sendo abordado o tema relativo aos Direitos da
Personalidade.

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No esquema a seguir podemos visualizar melhor as divisões da Propriedade


Imaterial:

Direitos da
Personalidade Direitos dos artistas,
intérpretes e
executantes

Direitos
Propriedade Autorais e Direitos dos produtores
Imaterial Conexos fonográficos

Direitos das empresas


de radiodifusão
Direitos
Intelectuais

Concessão de
Privilégios.
PATENTE

Direitos
Industriais

Concessão de
Registro.
MARCA

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CAPÍTULO 2

Define-se propriedade intelectual como sendo a soma dos direitos relativos às obras
literárias, artísticas e científicas, às interpretações, as execuções, aos fonogramas e às
emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às
descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais,
comerciais e de serviço, bem como as firmas e denominações comerciais, à proteção contra
a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos
domínios industrial, científico, literário e artístico.

Podemos identificar quatro princípios na propriedade intelectual:

Exclusividade – utilização pública da obra literária, artística ou científica (direito


autoral), na utilização de símbolos ou nomes comerciais (direito industrial) ou no uso da voz
e imagem (direitos da personalidade).

Transmissibilidade – podem ser objeto de cessão ou licença parcial ou integral.


Entretanto a tradição do objeto ao qual se integra o bem imaterial não induz cessão ou
transferência de direitos. Assim ao comprarmos um livro não adquirimos os direitos de
usufruí-lo publicamente. Estes direitos somente podem ser adquiridos através de
instrumento escrito de cessão firmado pelo titular. A compra de uma obra artística ou
industrial nos dá o direito de usá-la apenas para fins privados.

Temporariedade – No direito autoral, os prazos de proteção perduram por toda a vida


do autor, e, por 70 (setenta) anos após sua morte, obedecida a sucessão civil. Após este
prazo, a obra retorna à sociedade, da qual o autor extraiu sua composição, caindo em
domínio público. Cair em domínio público traduz-se pela prescrição do exercício exclusivo
da manifestação de vontade do titular de direitos. A partir daí permite-se o uso da obra por
qualquer pessoa, desde que não a deturpe ou atinja a moral do autor. Seu uso pode dar-se
através de elementos da obra, tais como: cenário ou enredo, não podendo ser utilizado o
conjunto o que caracteriza o plágio. Quanto à propriedade industrial (marcas, patentes e
desenhos industriais) temos um prazo menor – 20 (vinte) anos no máximo – em decorrência
do avanço tecnológico e do interesse social. Na proteção às marcas, o legislador adotou
prazo de 10 (dez) anos, entretanto, o titular poderá renovar este prazo quantas vezes quiser.

Interpretação Restritiva – nos negócios jurídicos relativos à propriedade intelectual o que


não se encontra expressamente declarado entende-se como não autorizado. Assim a lei
garante ao criador da obra, ou o titular do bem pessoal, o controle sobre a difusão dos
mesmos.
A propriedade industrial é atualmente regulada no Brasil pela lei 9279, de 1996,
protegendo precipuamente o aproveitamento industrial e comercial dos inventos, marcas e
desenhos industriais e a não indução do consumidor a confusão ou erro, através da
proibição de comercialização de produtos que imitem o original, gerando a concorrência
desleal.

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É titular de propriedade industrial a pessoa física ou jurídica que ostentar o título
aquisitivo do invento, da marca ou do desenho industrial e para tanto terá de exibir as
condições de capacidade previstas no Código Civil.
Uma característica importante da propriedade imaterial refere-se à temporariedade
para impedir entraves ao avanço tecnológico e ao interesse social.

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CAPÍTULO 3

DIREITO AUTORAL E CONEXOS

Direito autoral é um conjunto de prerrogativas jurídicas atribuídas, com exclusividade,


aos autores e titulares de direitos sobre obras intelectuais, seja literária, científica ou
artística, que só a ele permitem reproduzir ou autorizar a reprodução de seu trabalho, pela
publicação, tradução ou representação, ou execução de qualquer outro modo. Também
atinge os direitos conexos aos direitos do autor em relação aos intérpretes ou executantes,
produtores fonográficos e empresas de radiodifusão. Os direitos patrimoniais do autor
perduram por 70 (setenta) anos a partir do dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao seu
falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.
Direitos conexos ao do autor são os que se referem à interpretação e execução pelo
artista, tais como: gravação, reprodução, transmissão, retransmissão ou utilização de
qualquer forma de comunicação com o público e os direitos das empresas de radiodifusão,
tais como: retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões. O prazo de proteção aos
direitos conexos é de 70 (setenta) anos a partir do dia 1º de janeiro do ano subseqüente à
fixação (fonogramas), transmissão (emissões das empresas de radiodifusão) ou a execução
e representação pública (demais casos).
Após o prazo legal a obra cai em domínio público, que decorre da prescrição dos
direitos do autor sobre a obra. Qualquer um poderá usar a obra, desde que não a deturpe ou
viole os direitos morais do autor, que são eternos. Outros autores poderão se valer de
elementos da obra, só não podem utilizar o conjunto.
Ao produzir uma obra intelectual o autor passa a ser titular de direitos morais e de
direitos patrimoniais. Os direitos patrimoniais compreendem os poderes de usar, fruir e
dispor de sua obra, e também autorizar sua utilização ou fruição por terceiros no todo ou em
parte.
A proteção autoral no domínio da ciência incide sobre a forma literária ou artística,
não abrangendo seu conteúdo científico ou técnico, nem prejudica os direitos protegidos
pela propriedade industrial, inclusive pode a proteção, nos casos definidos na lei autoral, ser
aplicada às pessoas jurídicas.
O objeto da proteção no direito autoral são as obras intelectuais, ou seja, "as
criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível
ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:
I – os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
III - as obras dramáticas e dramático-musicais;
IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por
outra qualquer forma;
V - as composições musicais, tenham, ou não, letra;
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes a geografia, tipografia, engenharia,
topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originárias, apresentadas
como criação intelectual nova;
XII os programas de computador;

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XIII – as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados


e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo,
constituam uma criação intelectual."
Os direitos patrimoniais podem ser alienados pelo autor ou por seus sucessores. Os
direitos morais são inalienáveis e irrenunciáveis, porém são transmissíveis por herança, com
exceção daqueles de natureza personalíssima.
O direito autoral decorre, fundamentalmente, das obras intelectuais no campo
literário e artístico. Não se exige qualquer espécie de registro ou depósito para que o autor
tenha direitos autorais sobre sua, sendo facultado o registro nos órgãos públicos
mencionados no caput do artigo 17 da Lei nº 5.988/73, que disciplina o registro das obras
intelectuais, conforme sua natureza ou espécie (obras musicais - Escola de Música; obra
literária - Biblioteca Nacional, obra plástica - Escola de Belas Artes).
A Lei nº 9.610/98 no seu artigo 7º considera obras intelectuais protegidas as criações
do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou
intangível, conhecido ou que se invente no futuro.
Já o artigo 8º exclui de proteção como direitos autorais "as idéias... ou o
aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras" (incisos I e VI). Assim,
para que uma obra seja protegida é necessária que seja exteriorizada, pois a simples idéia,
conjectura ou pensamento que não foi exposto, não será protegido.
O direito patrimonial confere ao autor da obra intelectual a prerrogativa de auferir
vantagens pecuniárias com a sua utilização, sua remuneração com a exploração
econômica. A exploração pode ser realizada pelo próprio autor ou por uma pessoa
autorizada. O direito patrimonial de autor pode ser alienado, penhorado e é prescritível.
Entre as normas sobre os direitos patrimoniais do autor, instituídas na lei nº 9.610, de
1998, podemos citar os artigos 28 a 45 que tratam de normas gerais sobre direitos
patrimoniais de autor e sua duração; artigos 46 a 48 que tratam dos casos em que a
utilização de obra não constitui ofensa a direito autoral – limitação ao direito do autor;
artigos 49 a 52 que tratam da transferência dos direitos de autor e artigos 53 a 88 que
regulam a utilização das obras intelectuais e dos fonogramas.
Os artigos 101 a 110 da mesma lei tratam das sanções cíveis aplicáveis no caso de
violações de direitos autorais. Conforme o caso aplica-se a sanção penal, prevista nos
artigos 184 a 186 do Código Penal Brasileiro.
Especificamente em relação aos programas de computador, temos sua proteção
estabelecida pela Convenção de Berna, relativa aos direitos do autor, e pelas disposições
do Acordo sobre Aspectos da Propriedade Intelectual Relativos ao Comércio – TRIPS,
firmado no âmbito da Organização Mundial do Comércio.
A validade dos direitos para quem desenvolve um programa de computador,
e comprova a sua autoria, é de 50 (cinquenta) anos, contados a partir de 1 de janeiro do ano
subseqüente ao da data em que o programa torna-se capaz de executar a função para a
qual foi projetado.
A comprovação da autoria dos programas de computador é tarefa bastante difícil,
diferentemente das demais obras protegidas pelo direito autoral, necessitando de perícias
demoradas e complexas, implicando por este aspecto, que o registro se torne uma forma
efetiva para a proteção contra a utilização não autorizada dos mesmos.
Dois aspectos são peculiares à proteção dos programas de computador: a proteção
goza de abrangência internacional e o título do programa é protegido juntamente com o
programa.

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CAPÍTULO 4

DIREITO INDUSTRIAL

Em oposição à isenção de formalidade do direito autoral, o instituto da propriedade


industrial carece de um título aquisitivo emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade
Industrial – INPI, que tem como objetivo fundamental o aproveitamento dos inventos,
marcas e desenhos industriais e a proteção do consumidor em relação à concorrência
desleal.
Na propriedade industrial quem possui um certificado de registro de uma marca ou o
certificado de patente é titular exclusivo dos direitos relacionados ao objeto descrito. O titular
da propriedade industrial é a pessoa física ou jurídica que ostentar o título aquisitivo do
invento, da marca ou do desenho industrial.
A matéria é regulada Lei n. 9.279, de 1996 e pelo Decreto nº 635, de 1992 que
promulgou a Convenção de Paris para a Proteção de Propriedade Industrial.
Não se deve confundir invenção com descoberta. A descoberta existe previamente
na Natureza e consiste na revelação de algo por alguém, seu descobridor. A invenção
consiste na criação de algo tecnicamente novo, inexistente anteriormente e decorre do
trabalho e da capacidade inventiva do homem.
O invento tem que ser novo, visual ou funcionalmente, e fora do estado da técnica,
necessitando para sua proteção três requisitos: apresentar novidade, solucionar um
problema prático e ser útil.
Patente

As expressões: patente e privilégio de invenção são empregadas geralmente como


sinônimos, entretanto, possuem significados bem diversos. Privilégio de invenção é o direito
do inventor enquanto patente é o título legal que assegura legalmente o privilégio da
invenção em termos patrimoniais e de uso exclusivo por um prazo determinado.
A invenção, que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial, é patenteável; bem como os modelo de utilidade: objeto de uso prático, ou parte
dele, que apresente nova forma ou disposição resultante de ato inventivo e que apresente
como resultado melhora funcional. O inventor deverá revelar detalhadamente todo o
conteúdo técnico da matéria protegida pela patente. Durante o prazo de vigência da patente,
o titular tem o direito de excluir terceiros, sem sua prévia autorização, das atividades de
fabricação, comercialização, importação, guarda, uso e venda.
Novos produtos requerem na maioria das vezes grandes investimentos em pesquisa:
para evitar que os competidores copiem e vendam esses produtos com um preço menor
(não gastaram nada no seu desenvolvimento) deve-se recorrer ao instituto da patente,
permitindo que o mesmo se torne um investimento rentável. A patente é protegida por 20
(vinte) anos e o modelo de utilidade por 15 (quinze) anos, contados a partir da data de seus
respectivos depósitos.
Marca

Marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, suscetível de identificar


produtos, ou seja, mercadorias e serviços.
As marcas podem ser classificadas quanto à natureza em brasileiras e estrangeiras;
quanto à forma de utilização em coletivas, de certificação, de produtos e de serviços.
Quanto à forma de apresentação podem ser nominativas, mistas, figurativas e
tridimensionais.

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As marcas nominativas são as constituídas de uma ou mais palavras, como FREE,


KOLYNOS, MICROSOFT, utilizando-se de combinações de letras, algarismos (romanos e
arábicos).
As marcas mistas são constituídas de combinação de elementos nominativos e
figurativos ou até mesmo de elementos nominativos com grafia estilizada, como: ROYAL, e
Henkel.
As marcas figurativas são aquelas compostas de desenhos, imagem, figura, símbolo
ou qualquer forma fantasiosa de letra ou número isolado, bem como ideogramas, como:

ou 5 .

As marcas tridimensionais são aquelas constituídas pela forma plástica de um


produto ou embalagem.
Não podem ser registrados como marca, entre outras proibições: os brasões, as
armas, os emblemas oficiais; as letras, algarismos e datas isoladamente considerados;
siglas de órgãos públicos ou nomes comerciais, quando requeridos por terceiros; cores e
suas denominações, salvo se dispostas de modo peculiar e distintivo; indicações
geográficas, etc.. Outra série de proibições relaciona-se à imitação dos símbolos.
Diferentemente do direito autoral, a imitação não é permitida.
A categoria de marcas de fantasia é a mais numerosa entre a indústria, comércio e
serviços, já que pela sua originalidade chegam a substituir a identificação de determinado
produto.
A proteção da marca encontra-se delimitada na noção de risco de confusão. Para
que a reprodução ou imitação da marca alheia seja indevida é necessário comprovação do
risco de confusão. Não é necessário que a confusão efetivamente se dê, basta haver a
possibilidade de tal hipótese. Se os exames periciais verificarem a semelhança de marcas e
a possibilidade de um sinal ser confundido com o outro, levando o consumidor a pensar que
ambos os produtos têm a mesma origem, o risco de confusão está provado.
As marcas são protegidas por um prazo de 10 (dez) anos, mas na prática o titular
poderá prorrogá-lo indefinidamente, a cada dez anos.
Desenho Industrial

O desenho industrial pode ser apenas registrado, ou seja, não depende que se
demonstre sua funcionalidade, estando voltado essencialmente aos aspectos visuais do
objeto, sendo uma criação de caráter ornamental. O que se espera é a industrialização do
projeto e não a estética, sendo este traço que distingue o desenho autoral e o desenho
industrial. O prazo de proteção dos desenhos industriais é de 10 (dez) anos, prorrogáveis
por 3 (três) períodos de 5 (cinco) anos cada.

Sanções

A lei 9279 define as condutas lesivas à propriedade industrial no Título V, quais


sejam: as patentes (fabricar sem autorização, exportar, importar, vender, expor à venda
produto fabricado com violação de patente) crimes contra os desenhos industriais (as
proibições relativas às patentes e mais a punição contra a fabricação de "imitação
substancial") crimes contra as marcas (reproduzir ou alterar, no todo ou em parte, sem
autorização, e comercializar ou ter em estoque, produto com marca não autorizada) crimes
contra estabelecimentos de crédito e sinal de propaganda bem assim os crimes contra
indicações geográficas (falsa procedência) e os crimes de concorrência desleal: divulgação
de falsa informação em detrimento de concorrente, desvio de clientela, uso de símbolos
para gerar confusão, etc.

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CAPÍTULO 5

CONTRAFAÇÃO

A palavra contrafação é empregada de forma extensiva para designar qualquer ação


relativa à violação de direito imaterial. Normalmente utilizamos as palavras: pirataria,
contrafação ou falsificação para designar as mesmas ações contrárias à propriedade
intelectual ou industrial. Contrafação e falsificação são palavras sinônimas. O termo pirataria
atualmente está definido por decreto como violação dos direitos autorais, embora seja
utilizado livremente.
Um produto que escolhemos na prateleira de uma loja é uma reprodução de um
original que foi desenvolvido e projetado por alguém. Portanto não há proibição de
comercialização de reproduções, desde que as mesmas sejam autorizadas. As reproduções
podem ser fabricadas ou comercializadas por seus criadores, por quem ele determinar ou
por quem adquiriu seus direitos.

Violação de direitos industriais

Não importa se a reprodução é total ou parcial para configurar a violação da patente.


Mais raramente temos a fabricação de um produto com todas as características da patente,
ou seja, temos uma contrafação. Já, mais frequentemente, temos um produto dissimulado,
maquiado, com modificações que ao primeiro exame não o caracterizariam como protegido.
Entretanto, ao verificarmos tecnicamente o produto e nele encontrarmos elementos
essenciais da patente, estaremos diante de uma contrafação. Não é preciso que haja
reprodução fiel do produto para haver contrafação.

Violação de direitos autorais

O legislador não usou o termo plágio para identificar a reprodução não autorizada, o
termo usado é contrafação. Ocorre o plágio quando assumimos a autoria de obra de
terceiros. Já a contrafação é a reprodução da obra com a correta designação da autoria. No
plágio ofendem-se os direitos morais e na contrafação os direitos patrimoniais.

Aspectos econômicos

A pirataria é uma atividade ilícita que proporciona elevados lucros a uma pequena
parcela da sociedade e pode ser transformada em uma conta em que a maior parte dos
envolvidos sai perdendo, senão vejamos:

1. Produtos Autênticos

Matéria-Prima e Salários
Tributos e Direitos Trabalhistas +
Controle de Qualidade e Garantias
Direitos Autorais
____________Lucro____________
Preço de Mercado

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2. Produtos Contrafeitos (Piratas).

Matéria-Prima e Salários informais +


_______LUCRO______
Preços baixos

Assim, a primeira vista podemos identificar na pirataria um benefício imediato, que


seria o preço final mais baixo. Porém se olharmos mais de perto podemos identificar os
malefícios diretos: baixa qualidade, pouca durabilidade e falta de garantias e indiretos: perda
de arrecadação e empregos formais na economia.
Como exemplo, podemos usar um simples CD autêntico, que possui a seguinte
formação percentual de preço:

DIREITO AUTORAL – 8%
DIREITO ARTÍSTICO – 19%
IPI – 15%
ICMS – 12%.
PIS/COFINS – 3%
PRODUÇÃO – 28%
LUCRO – 15%

Pode-se constatar que o lucro do falsificador será muito alto, mesmo ao praticar
preço mais baixo que o setor formal da economia.
Entre as conseqüências da pirataria, podemos incluir, a sonegação fiscal, o
desemprego, desestímulo à qualificação da mão de obra e do investimento e incentivo da
corrupção e do crime organizado.
Com o desenvolvimento e a expansão da internet, também os piratas se voltaram para este
inesgotável mercado.
Não existem sites construídos por usuários, ou seja, que não pertençam a empresas,
com autorização para distribuição de arquivos digitais de música. Este é um direito exclusivo
dos autores. A partir da criação de diversas tecnologias digitais, tais como o Mp3,
possibilitou o acesso rápido a reproduções ilegais de músicas (fonogramas). Assim
surgiram: sites de download não autorizados, sites FTP (fast transfer protocol) para
transferência de arquivos, sites de venda ilegal de CD contrafeitos e software para
compartilhamento de arquivos.
Tanto a contrafação por meio da internet quanto a utilização de programas
contrafeitos nos computadores necessita de peritos treinados e, com apoio de programas
adequados, para execução dos exames necessários e comprovação do crime.

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CAPÍTULO 6

LEGISLAÇÃO

6.1 – Constituição Federal

Em harmonia com os princípios e diretrizes da Convenção de Paris – Direito


Industrial – e da Convenção de Berna – Direito Autoral – a Constituição de 1988 protege o
direito do autor e o consagra como um direito inerente ao próprio homem, situando-o entre
as liberdades públicas e revestindo-o dos aspectos morais e patrimoniais.

O texto constitucional de 1988 dedica os seguintes incisos do artigo 5º ao assunto:

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e


voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que


participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

A Constituição não protege somente o direito de propriedade intelectual relativa aos


autores, mas também aos inventores. A proteção constitucional abrange garantias morais e
patrimoniais: direitos morais - aqueles vinculados à criação do espírito (direito a identificação
nominal, paternidade da obra, direito de personalidade, direito à intangibilidade da obra (ao
autor e aos seus herdeiros pertence o direito de publicá-la ou não), e direito à imunidade da
obra (suas alterações somente serão permitidas pelo titular ou herdeiros), defesa contra
dano à obra, plágio ou contrafação) e direitos patrimoniais advindos da exploração comercial
das obras.

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6.2 – Código Penal

Originando-se em uma idéia do criador intelectual e materializada em um suporte


qualquer ou exposta a terceiros a obra intelectual original é protegida pelo direito intelectual.
O autor e os detentores dos direitos conexos possuem o direito exclusivo de gozar
total ou parcialmente da obra.
A violação dos direitos do autor e os que lhe são conexos tipifica o ilícito previsto nos
artigos e parágrafos seguintes:

TÍTULO III
Dos Crimes contra a Propriedade Imaterial
CAPÍTULO I
Dos Crimes contra a Propriedade Intelectual

Violação de Direito Autoral


Art. 184. Violar direitos do autor e os que lhe são conexos:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou


indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou
fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do
produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui,
vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou
cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do
direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda,
aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos
titulares dos direitos ou de quem os represente.

§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite,


ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula
a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o
caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem
os represente:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 4º O disposto nos §§ 1º, 2º e 3º não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao


direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610,
de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só
exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto."

Artigo 186. Procede-se mediante:


I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1º e 2º do art. 184;
III – ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação
instituída pelo Poder Público;
IV – ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3º do art.
184.

Cláudio Godinho Novaes – Curso de Propriedade Imaterial – 2014. 14


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6.3 – Código de Processo Penal

Capítulo IV
DO PROCESSO DE JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE
IMATERIAL

Art. 524. No processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial, observar-se-á
o disposto nos Capítulos I e III do título I deste livro, com as modificações constantes dos
artigos seguintes.
Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígios, a queixa ou a denúncia não será
recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de
delito.
Art. 527. A diligência de busca ou apreensão será realizada por dois peritos nomeados pelo
juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realizar,
quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 (três) dias após o encerramento da
diligência.
Parágrafo único. O requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão,
e o juiz ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas
pelos peritos.
Art.530-A. O disposto nos artigos 524 a 530 será aplicável aos crimes em que se proceda
mediante queixa.
Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do Código Penal,
a autoridade policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou
reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais
que possibilitaram a sua existência, desde que estes se destinem precipuamente à prática
do ilícito.
Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais
testemunhas, com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas
origens, o qual deverá integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 530-D. Subseqüente à apreensão, será realizada, por perito oficial, ou, na falta deste,
por pessoa tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o
laudo que deverá integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos serão os fiéis
depositários de todos os bens apreendidos, devendo colocá-los à disposição do juiz quando
do ajuizamento da ação.
Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de delito, o juiz poderá
determinar, a requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida
quando não houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não puder
ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do ilícito.
Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos
bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos
apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em
favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e
Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem
como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não
poderão retorná-los aos canais de comércio.
Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de autor e os que lhes são conexos
poderão, em seu próprio nome, funcionar como assistente da acusação nos crimes previstos
no art. 184 do Código Penal, quando praticado em detrimento de qualquer de seus
associados.
Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal pública incondicionada ou condicionada,
observar-se-ão as normas constantes dos artigos 530-B, 530-C, 530-D, 530-E, 530-F, 530-G
e 530-H.

Cláudio Godinho Novaes – Curso de Propriedade Imaterial – 2014. 15


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No que interessa ao nosso curso podemos afirmar que o Código de Processo Penal
é extremamente detalhista e burocrático no concernente à propriedade imaterial.
Impõe um ritual para a apreensão e os exames que não é factível para as
apreensões reais que ocorrem no dia a dia do combate à pirataria. À velocidade da ação
dos falsificadores se contrapõe a burocracia jurisdicional do estado.
Senão vejamos: o que significa “descrição de todos os bens apreendidos e
informações sobre suas origens”. Descrição no seu significado jurídico nos auxilia o
dicionário Houaiss da língua portuguesa, seria a enumeração circunstanciada, detalhada
dos caracteres de algo num processo. Como descrever o material em uma apreensão de
350.000 CD e DVD? Por exemplo, um determinado CD do compositor e intérprete Djavan,
deveria ser descrito assim: Coleção Preferência Nacional, artista Djavan, EMI Music Ltda.
Como atender esta exigência para o volume de apreensões que ocorrem na prática?
Outro ponto de atrito refere-se a quem se encarrega de descrever os bens
apreendidos. Muitos operadores do direito confundem o artigo 530-C com o 530-D e
geralmente solicitam que o perito apresente no laudo a descrição dos bens.
Também a determinação de realizar perícia sobre todos os bens apreendidos
provoca grandes transtornos na prática, lembrando-se que não há previsão legal para
realizar a perícia por amostragem.
Busca e Apreensão – procede-se nos moldes do artigo 240.

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.


............
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
............
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
contrafeitos.
Da Perícia – procede-se nos moldes dos artigos 6, 158, 159 e 160.

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
VII - determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo.
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta
decisão.
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos,
desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam
encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar;

Cláudio Godinho Novaes – Curso de Propriedade Imaterial – 2014. 16


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II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado
pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia
será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na
presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação.
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar
mais de um assistente técnico.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

A nova redação do artigo 169 determina que a perícia seja feita por um único perito,
salvo casos especiais, conforme § 7º. Outra modificação introduzida refere-se à participação
de assistentes técnicos no curso do processo judicial, podendo apresentar pareceres.

6.4 – Legislação Especial

6.4.1 – Lei 9609, de 18 de fevereiro de 1998 – Dispõe sobre a propriedade intelectual de


programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências.

Capítulo II – Da proteção aos direitos de autor e do registro

Art. 2. O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o


conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais
Art. 3. Os programas de computador poderão, a critério do titular dos respectivos direitos,
ser registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.

Capítulo V – Das infrações e das penalidades

Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:


Pena – Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos ou multa.
§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador,
no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem
o represente:
Pena – Reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no
País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de
programa de computador, produzido com violação de direito autoral.
§ 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante queixa, salvo:
I – quando praticado em prejuízo de entidade de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo poder público;
II – quando em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, perda de
arrecadação tributária ou prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra
as relações de consumo.
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, nos casos de
violação de direito de autor de programa de computador, serão precedidas de vistoria,
podendo o juiz ordenar a apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com
violação de direitos de autor, suas versões e derivações, em poder do infrator ou de quem
as esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou comercializando.

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O programa de computador é classificado como obra literária, e a critério de seu


criador poderá ser registrado ou não. O registro não é obrigatório, mas reveste de
segurança o autor.
A falsificação do programa de computador, tipificada no caso do caput do artigo 12
(verbo típico que instrui a conduta incriminada – violar), ocorre quando há reprodução de
características essenciais do programa original. A constatação dessa reprodução deverá ser
feita por exames periciais, onde o perito deverá distinguir o que é essencial e o que é
acessório nos programas examinados.

6.4.2 – Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 – Regula os direitos autorais e os que lhe são
conexos.

Art. 5. Para efeito desta lei, considera-se:


………………..
VI – reprodução – a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística,
científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer
armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de
fixação que venha a ser desenvolvido;
VII – Contrafação – a reprodução não autorizada;
IX – fonograma – toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros
sons, ou de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra
audiovisual;
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por
quaisquer modalidades, tais como:
I – a reprodução parcial ou integral;
II – a edição;
III – a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;
IV – a tradução para qualquer idioma;
V – a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;
VI – a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para
uso ou exploração da obra;
VIII – a utilização direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;
Art. 37. Aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao adquirente
qualquer dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário entre as partes e
os casos previstos em lei.
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
II – a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista,
desde que feita por este, sem intuito de lucro;
Art. 81. A autorização do autor e do interprete de obra literária, artística ou científica para
produção audiovisual implica, salvo disposição em contrário, consentimento para sua
utilização econômica.
§ 2 º Em cada cópia da obra audiovisual, mencionará o produtor:
I – o título da obra audiovisual;
II – os nomes ou pseudônimos do diretor e dos demais co-autores;
III – o título da obra adaptada, se for o caso;
IV – os artistas intérpretes;
V – o ano de publicação;
VI – o seu nome ou marca que o identifique.
Art. 97. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os autores e os titulares de
direitos conexos associarem-se sem intuito de lucro.

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Art. 98. Com o ato de filiação, as associações tornam-se mandatárias de seus associados
para a prática de todos os atos necessários à defesa judicial ou extrajudicial de seus direitos
autorais, bem como para sua cobrança.

A lei 9610 serve para preencher a lacuna jurídica do artigo 184 do Código Penal
(norma penal em branco), já que há necessidade de se definir quais são os direitos autorais
e os que lhe são conexos e também estabelece as sanções civis pertinentes.

6.4.3 – Lei n. 9279, de 14 de maio 1996 – Regula direitos e obrigações relativos à


propriedade industrial.

Título V - DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL


Capítulo I – Dos crimes contra as patentes

Art. 183. Comete crime contra a patente de invenção ou de modelo de utilidade quem:
……..
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Art. 184. Comete crime contra a patente de invenção ou de modelo de utilidade quem:
……..
Pena – detenção, de 1(um) a e (três) meses, ou multa.
Art. 185. Fornecer componente de um produto patenteado, ou material ou equipamento para
realizar um processo patenteado, desde que a aplicação final do componente, material ou
equipamento induza, necessariamente, à exploração do objeto da patente.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Art. 186. Os crimes deste Capítulo caracterizam-se ainda que a violação não atinja todas as
reivindicações da patente ou se restrinja à utilização de meios equivalentes ao objeto da
patente.

Capítulo II – Dos crimes contra os desenhos industriais

Art. 187. Fabricar, sem autorização do titular, produto que incorpore desenho industrial
registrado, ou imitação substancial que possa induzir em erro ou confusão.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Art. 188. Comete crime contra registro de desenho industrial quem:
...................
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

Capítulo III – Dos crimes contra as marcas


Art. 189. Comete crime contra registro de marca quem:
……..
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Art. 190. Comete crime contra registro de marca quem importa, exporta, vende, oferece, ou
expõe à venda, oculta ou tem em estoque:
……..
Pena – detenção, de 1(um) a e (três) meses, ou multa.

Capítulo IV – Dos crimes cometidos por meio de marca, título de estabelecimento e sinal de
propaganda.

Cláudio Godinho Novaes – Curso de Propriedade Imaterial – 2014. 19


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Art. 191. Reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão, armas,
brasões ou distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais, sem a necessária
autorização, no todo ou em parte, em marca, título de estabelecimento, nome comercial,
insígnia ou sinal de propaganda, ou usar essas reproduções ou imitações com fins
econômicos.
Pena – detenção, de 1(um) a e (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou expõe ou oferece à venda
produtos assinalados com essas marcas.

Capítulo V – Dos crimes contra as indicações geográficas e demais indicações

Art. 192. Fabricar, importar, exportar, vender, expor ou oferecer à venda ou ter em estoque
produto que apresente falsa indicação geográfica.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Art. 193. Usar, em produto, recipiente, invólucro, cinta, rótulo, fatura, circular, cartaz ou em
outro meio de divulgação ou propaganda, termos retificativos, tais como "tipo", "espécie",
"gênero", "sistema", "semelhante", "sucedâneo", "idêntico", ou equivalente, não ressalvando
a verdadeira procedência do produto.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Art. 194. Usar marca, nome comercial, título de estabelecimento, insígnia, expressão ou
sinal de propaganda ou qualquer outra forma que indique procedência que não a verdadeira,
ou vender ou expor à venda produto com esses sinais.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

Capítulo VI – Dos crimes de concorrência desleal

Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:


……..
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
……..
Capítulo VII – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 196. As penas de detenção previstas nos Capítulos I, II e III deste Título serão
aumentadas de um terço à metade se:
……..
Art. 199. Nos crimes previstos neste Título somente se procede mediante queixa, salvo
quanto ao crime do art. 191, em que a ação penal será pública.

Cláudio Godinho Novaes – Curso de Propriedade Imaterial – 2014. 20


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CAPÍTULO 7

IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS CONTRAFEITOS

Todo produto possui características próprias inerentes ao projeto desenvolvido pelo


fabricante. Tais características levam em conta aspectos técnicos vinculados ao
desempenho, durabilidade, preço, qualidade, dentre outros. Também são introduzidas
características no produto para identificá-lo e dificultar a cópia por fábricas ou pessoas não
autorizadas. Deve-se ressaltar a diferença entre cópia e contrafação, já que quase sempre
adquirimos cópias de produtos. Um DVD de um filme adquirido em uma loja é uma cópia do
filme original que está guardado no estúdio que o produziu e editou. Contrafação é toda
cópia não autorizada pelo detentor dos direitos autorais da obra.
Os falsificadores normalmente sabem quais são as características de autenticidade
do produto que vão falsificar, mas tais características são inviáveis de serem introduzidas no
produto falsificado por motivos econômicos ou técnicos. Quando um fabricante introduz uma
característica de autenticidade no produto somente para impedir ou identificar sua
falsificação, um custo adicional também é introduzido e todos os consumidores acabam
pagando por ele. De certo modo este custo extra transforma-se em um argumento financeiro
para justificar a utilização de produtos piratas.
Em um produto com muitas cópias, como um DVD de filme, o fabricante pode
introduzir uma característica de autenticidade e diluir seu custo pelo número de cópias. Já o
falsificador nem sempre trabalha com uma grande quantidade de cópias contrafeitas, o que
impossibilita utilizar a mesma característica e nesse caso ele procura apenas imita-la.
Para examinar um produto e concluir se é contrafeito ou não, temos que conhecer as
suas características de autenticidade. A partir das características de autenticidade
examinamos o produto suspeito e identificamos as divergências ou convergências,
concluindo pela falsificação ou não.
Identificar as características de autenticidade de um produto, desde um simples Cd
até um relógio ou até mesmo um rolamento de esfera automotivo, e daí concluir pela sua
autenticidade ou falsificação é o posicionamento técnico adequado na perícia de produtos
contrafeitos. Abandona-se deste modo o antigo posicionamento de se comparar os produtos
suspeitos com padrões previamente fornecidos pelos fabricantes ou detentores dos direitos
sobre os produtos.
A comparação entre o produto suspeito e um padrão limita-se a um exame visual, o
que considero pouco em relação à importância da função pericial. Qualquer camelô sabe
identificar um CD pirata. Examinar, analisar, concluir e emitir um laudo com fundamentos
técnicos é função privativa do Perito Criminal.
Em algumas situações, por exemplo: peças automotivas; deveríamos contar com
laboratórios adequados para podermos identificar as características de autenticidade, tais
como: identificar o tipo de aço que foi utilizado, medir a sua dureza, identificar o processo de
fabricação e acabamento superficial. Nem sempre isto será possível, pois a demanda não
justifica o grande investimento em um laboratório adequado. Neste caso teríamos que
contar com o apoio do fabricante para executar os exames.
A seguir serão apresentadas as características de autenticidade e de falsificação dos
produtos mais comumente produzidos pelos modernos PIRATAS.

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7.1 – Cd e Dvd

7.1.1 – Tecnologia

Os CD – Compact Disc – foram introduzidos no início da década de 1990 pela


Philips, sendo seguida rapidamente pela Sony e TDK. Um CD é um disco de acrílico sobre o
qual é impressa uma longa espiral com 22.188 voltas, totalizando quase 5,5 km de
extensão. As informações são gravadas em furos na espiral, na forma de pontos brilhantes e
pontos escuros. Chamamos os pontos de bits e neles estão inseridas as informações
gravadas no CD.
Os equipamentos de leitura utilizam um laser com comprimento de onda na faixa do
infravermelho, que após ser refletida pela superfície do disco é captada por um detector que
transforma os pontos brilhantes e escuros em zero ou um (dados binários).
Um CD contém quatro camadas: a primeira consiste no rótulo, conhecida como
camada adesiva; a segunda é uma camada de acrílico, que contém os dados; a terceira é
uma camada reflexiva composta de alumínio e, finalmente, a quarta camada, chamada de
camada plástica, feita de policarbonato.
A partir dos anos 1990, discos-óticos de grande capacidade de armazenamento de
dados eram desenvolvidos pela Philips e Sony (MultiMedia Compact Disc – MMND) e pela
Toshiba e outros fabricantes (Super Density Disc – SD). Para se evitar os problemas
ocorridos com as fitas VHS e Betamax na década de 1980, os fabricantes se uniram e a
partir de concessões de ambos os lados o resultado foi o DVD 1.5, anunciado ao público em
1995. O DVD só se popularizou no Brasil em 2003.
Os DVD padrão armazenam até 4,7 GB de dados, enquanto que um CD armazena
em média 700 MB (cerca de 14,6 % da capacidade de um DVD comum). Os chamados DVD
dual-layer (dupla camada) podem armazenar até 8,5 GB. Existem também os DVD com dois
lados, permitindo armazenar até 17 GB no modo dupla camada, conforme pode ser
visualizado na tabela a seguir:

TIPO LADOS CAMADAS CAPACIDADE (GB)


DVD 5 1 SL (1) 4,7
DVD 9 1 DL (2) 8,5
DVD 10 2 SL (1) 9,4
DVD 18 2 DL (2) 17

Atualmente já temos os formatos Blu-ray e HD DVD, duas novas tecnologias que


pretendem substituir os DVD. Estes formatos utilizam um disco diferente, que é gravado e
reproduzido com um laser azul-violeta ao invés do tradicional vermelho. O laser azul possui
um comprimento de onda menor, o que permite o traçado de uma espiral maior no disco,
podendo render até 50 GB e 30 GB de capacidade no caso do Blu-ray e HD DVD na
gravação dupla camada, respectivamente. Os dois formatos têm vantagens e desvantagens:
o Blu-ray tem maior capacidade de armazenamento, mas seus discos, assim como os
leitores, são mais caros. O HD DVD por sua vez, apesar da capacidade de armazenamento
menor, teria um custo menor de produção.
Por fim a diferença técnica entre CD e DVD: o DVD possui melhor qualidade de
leitura e assim as espirais podem ficar mais próximas, tornando a gravação de dados mais
densa o que se traduz em maior capacidade.

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7.1.2 – Diferença entre discos óticos industriais e graváveis

Tecnicamente denominam-se de disco ótico os CD e DVD. A gravação de qualquer


tipo de disco óptico (DVD, DVD-R, CD, CD-R e VCD) que contenha obras protegidas por
direitos autorais, sem autorização de seu titular, é caracterizada como pirataria.
Os CD e DVD industriais são assim denominados àqueles que são produzidos por
injeção de policarbonato em um molde contendo a informação digital (stamper). Em seguida
o disco é metalizado com uma camada de alumínio sobre os dados já gravados no
policarbonato e por fim é aplicada uma camada de verniz para proteção. A estampa com os
dados relativos à produção intelectual – filme, música ou jogos – são gravados por serigrafia
(silk screen).
Na produção dos CD ou DVD graváveis o policarbonato é injetado no molde
contendo apenas uma espiral que se inicia na borda e termina no centro do disco. Esta
espiral não contém qualquer informação digital. A seguir é aplicada uma camada de
composto foto sensível ao laser que será emitido pelo aparelho de gravação de CD ou DVD
(burner ou queimador). Sobre esta camada é aplicada uma camada de nitratos de ouro,
prata ou liga de prata. Finalmente também é aplicada uma camada de verniz. Os CD
graváveis ou CD-R são conhecidos como WORM (Write Once Read Many).

7.1.3 – Características de contrafação

A primeira característica que deverá ser observada é se o CD ou DVD foi produzido


industrialmente. Produção industrial é quase sempre característica de autenticidade. Não é
uma característica definitiva, porque existem fábricas que se dedicam à pirataria. O
equipamento industrial de fabricação de discos é caríssimo, mas isso não impede que
existam aqueles que se dispõem ao investimento.
A seguir devemos examinar a qualidade da impressão dos dados na face do disco,
ou seja a serigrafia (processo de impressão no qual a tinta é aplicada de forma manual ou
automática através de uma tela previamente preparada). Um disco original sempre é
impresso utilizando-se serigrafia (silk-screen) automática e de excelente qualidade,
normalmente com mais de uma cor, possuindo informações completas, tais como:
identificação dos detentores dos direitos autorais, identificação da edição, lista de créditos,
licenças, país de fabricação, códigos de barra, faixas etárias de utilização, linguagens e
duração. A impressão da capa, também de qualidade superior, utiliza papel especial e não
apresenta erros de ortografia. Os discos possuem estojos plásticos e são embalados em
caixas com impressão de qualidade, e sempre vêem acompanhados de manuais de
utilização, em vários idiomas.
A IFPI – International Federation of the Phonographic Industry (Federação
Internacional da Indústria Fonográfica) – localizada em Londres, representa cerca de 1.200
produtores de discos em mais de 70 países e está envolvida no desenvolvimento de
soluções técnicas para combate a pirataria, tais como os códigos SID – Source Identification
Code (Código de Identificação de Origem). Os códigos SID/IFPI são gravados no lado de
leitura dos CD e DVD, identificando o detentor dos direitos sobre a obra e que fabricou o
disco ótico. Assim a ausência dos códigos SID, no formato IFPI _ _ _ _, ou sua imitação é
uma característica de falsificação.
Do mesmo modo que a indústria, os piratas utilizam um determinado tipo de disco
para cada aplicação. Porém, no caso da indústria, a escolha do suporte da obra – disco
ótico – é determinada por rigorosos critérios técnicos, enquanto os falsificadores se valem
apenas de critérios econômicos e financeiros.
CD normalmente são utilizados para programas de computador, jogos de playstation
1, filmes ripados (tamanho do arquivo reduzido com utilização de software adequado) e
músicas. DVD são utilizados para jogos de playstation 2 e outros jogos de console (Nintendo
GAMECUBE, Microsoft XBOX), filmes e shows.

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Podemos identificar os discos falsificados quando acessamos seu conteúdo. Se


pudermos visualizar os arquivos gravados sempre identificaremos arquivos específicos para
crackear o programa, seja ele um jogo ou um software.
Devemos lembrar que não é obrigatória a utilização de disco industrial para suporte
de uma obra intelectual. Um cantor pode gravar suas músicas de forma artesanal,
utilizando-se de um computador caseiro, e vender os discos na rua, por exemplo. A conduta
criminosa refere-se à cópia não autorizada de uma obra. Também podemos fazer uma cópia
para uso pessoal.
A seguir serão apresentadas as características de autenticidade e falsificação de CD e DVD.

1 – Equipamento industrial para fabricação de Cd e DVD.

2 – Molde para injeção de policarbonato.

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Código
Máster
IFPI
L-362.
Origem da Fabricante.
música.

IFPI do
molde. Número
Baixo do
relevo. catálogo.
Origem da
fabricação.
Código de
barras.

3 – Disco Original.

Fabricante.

Dados de
fabricação.

Gravável com texto explicativo

4 – Disco gravável – CD.

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5 – Erros ortográficos, dados manuscritos. Poucos dados. Não se percebe a intenção de


enganar o comprador.

No caso de filmes e shows utiliza-se o termo VCD. Para o arquivo original caber no
VCD (aproximadamente 700 MB de dados) tem que ser comprimido (ripado) ou se elimina
várias características técnicas, tais como: legendas e som em vários idiomas e possibilidade
de avançar ou retroceder o filme.
Nem sempre o comprador é enganado pelo pirata. Nesse caso compra-se o CD ou
DVD levando-se em conta o preço. A qualidade e a garantia do produto ficam em segundo
plano.

6 – DVD original. 7 – DVD gravável.

Os produtos originais possuem sempre um padrão de cores no lado que recebe a


gravação. A cor é decorrente do produto (metal) utilizado na fabricação e obedece a critérios
de qualidade de gravação, reprodução e durabilidade.
Não podemos esquecer que os discos graváveis também são produzidos por
processo industrial e também obedecem uma padronização de cores decorrente dos
materiais utilizados na sua fabricação. Uma característica marcante dos discos graváveis é
a diferença de tonalidade no lado gravado. Devido ao processo de gravação sempre
podemos visualizar o setor que foi queimado (burn) pelo gravador.

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8 – O pirata se identifica, dá garantia e o número do telefone. Por R$ 10,00 comprava-se um


software que custa $3.495 (dólares).
Alguns falsificadores se utilizam dos mesmos princípios que norteiam os negócios
lícitos. A marca impressa – STAR SOFTWARE – identifica o produto, inclusive com o
símbolo de copyright ©, o que certamente não passa de deboche. A informação que o serial
está dentro do CD é uma característica de contrafação. Nos discos originais o serial sempre
é fornecido à parte.

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9 – Edição pirata do sistema operacional Microsoft Windows XP, com software KEY
FINDER, ou seja, um algoritmo criado pelo falsificador para gerar seriais válidos do windows
ou trocar um serial já reconhecidamente falsificado por seriais novos.

10 – Podemos notar como característica de contrafação a pobreza da embalagem, a


exibição do serial e identificação do crack. Erros ortográficos e garantia duvidosa também
estão presentes nesta falsificação.

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11 - DVD industrial de jogo de Play 2. Excelente serigrafia e utilização cor semelhante aos
originais. O código IFPI não é visualizado e normalmente são comercializados no Brasil sem
embalagens ou manuais. Faltam alguns dados encontrados nos DVD originais. A fabricação
é feita por indústrias chinesas. Em todos os DVD deste tipo os códigos IFPI foram
eliminados por ataque químico para esconder a origem do produto.

12 – Códigos IFPI raspados manualmente para esconder o fabricante (CD industrial).

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13 – DVD de GAMECUBE autêntico. São DVD com diâmetro reduzido. Os piratas também
utilizam DVD do mesmo tamanho.

14 – O falsificador se identifica – RD. Será que também se importa com direito autoral?

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15 – Á esquerda sessão pipoca – vários filmes em um único DVD é uma característica de


falsificação. Os DVD originais somente exibem um único filme. Á direita CD de músicas no
formato mp3. Este formato de gravação nunca é utilizado pelos fabricantes. Notar a
quantidade de músicas.

16 – Em alguns casos os falsificadores precisam ou querem enganar quem compra ou aluga


os filmes. Assim utilizam DVD-RW que possuem o lado de gravação com cor parecida com
os DVD autênticos e não possuem setor visível de gravação (burn). Notar que se trata de
um seriado de televisão com vários episódios gravados em um único DVD.

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17 – Página da internet com acesso a diversos cracks para liberar a utilização de


programas.
Crackers de software: Termo usado para designar programadores que fazem
engenharia reversa de um determinado programa, ou seja, alteram seu conteúdo para que
funcionem de forma correta, muitos crackers alteram datas de expiração de um determinado
programa e o transformam de versão por tempo limitado para versão ilimitada.
Em casos mais sofisticados pode ser usado um processo de engenharia
reversa para entender o sistema de registro e substituir o bloco inteiro do código por um
algoritmo modificado. Muito utilizado para quem gosta de jogos, usando o crack para gerar
os seriais que completam a instalação.

7.2 – Fitas VHS

Suporte em desuso atualmente, tendo sido substituído pelos DVD na gravação de


filmes e shows. A apresentação das características das fitas VHS tem importância para se
conhecer o desenvolvimento das técnicas utilizadas pelos fabricantes autorizados para
impedir a pirataria e o desenvolvimento paralelo de subterfúgios pelos piratas para imitar as
características de autenticidade. Normalmente no caso de fitas VHS havia intenção de iludir
o comprador ou usuário (no caso de locadoras de fitas).
As características evoluíram na seguinte seqüência:
• 1992-1993 – Selo UBV sem fluorescência.
• 1993 – Selo UBV com fluorescência.
• 1994 – Selo UBV identificando distribuidor.
• JANEIRO 1999 – JUNHO 2001 – Estojo cinza.
• JUNHO 2001 – JANEIRO 2004 – Estojo vinho.
• FEVEREIRO DE 2004 em diante – Estojo azul.

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18 – Fita autêntica – junho de 2001 a janeiro de 2004.

19 – Falsificação grosseira. Dados impressos em papel comum e colados na fita. Ausência


de dados obrigatórios e estojo preto.

20 – Utilização de estojo cinza original para iludir o usuário ou comprador. O ano de


lançamento do filme não condiz com a cor do estojo.

21 – Estojo na cor certa, porém pintado. O original apresenta plástico já na cor definitiva –
vinho. Ausência de dados obrigatórios e simulação do selo UBV são características de
falsificação. A pintura de estojos pretos (fitas virgens) na cor utilizada pelos fabricantes
foram as últimas ações dos falsificadores e visavam iludir os usuários de locadoras.

7.3 – Cartuchos

Os cartuchos para jogos de console também são suportes a caminho da extinção.


Tal quais as fitas VHS estão sendo substituídos pelos DVD. Do mesmo modo também foi
motivo de uma infindável batalha entre os fabricantes, que progressivamente introduziram
novas características de autenticidade, e os falsificadores, que logo as imitavam, buscando
neste caso, quase sempre iludir os compradores. Um cartucho original, raramente, contém
mais de um jogo.

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22 – Parafuso com fenda philips. Os autênticos possuem sempre fenda em Y. Os cartuchos


autênticos nunca são colados. Baixa qualidade da impressão do rótulo e do plástico do
estojo.

23 – À esquerda circuito impresso falsificado: Utilização de massa preta para colar


componentes e baixa qualidade de acabamento dos contatos, trilhas e do suporte. Á direita
circuito original: Somente componentes soldados, alta qualidade dos circuitos, acabamento
esmerado, contatos banhados a ouro, marca – NINTENDO – visível e alta qualidade do
suporte.
Os circuitos impressos falsos são desenvolvidos a partir dos circuitos autênticos
utilizando-se de técnica conhecida como engenharia reversa. Existem até programas para
ajudar nesta tarefa. Os falsificadores normalmente introduzem uma grande quantidade de
jogos em cada cartucho, visando maior atrativo de venda.

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7.4 – Roupas

Quando examinamos uma peça de roupa devemos verificar atentamente um


conjunto de características inerentes a um produto de marca de boa qualidade. Assim são
itens imprescindíveis de verificação: o acabamento, o corte das partes da peça, a qualidade
e simetria da costura entre as partes, a simetria geral da peça, detalhes de acabamento,
etiquetas, bordados e finalmente uma característica marcante nas falsificações,
normalmente os piratas inventam modelos ou misturam características de várias marcas em
um novo modelo. Os falsificadores dispõem de mão de obra qualificada e equipamentos
modernos no Brasil, porem não podem competir em termos de quantidade com os
fabricantes dos produtos originais. Por economia não adotam controle de qualidade e
utilizam materiais inferiores.

24 – A Nike não mistura marca nominativa (RUN) com marca figurativa ( ).

25 – Costura no lado errado da etiqueta

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26 – Costura fora do alinhamento.

27 – Assimetria na costura.

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28 – Etiqueta CK – Calvin Klein em blusa da marca Nike.

29 – Assimetria na costura e acabamento de baixa qualidade. Etiqueta sem dados


adequados do fabricante, tais como CNPJ.

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30 – Colagem manual das pedras que compõem a marca DIOR. Constata-se a origem
artesanal da peça. Inexistência do modelo na coleção oficial da marca.

31 – Erro de ortografia na etiqueta: CHRISTAN-DIOR.

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32 – Costura da marca figurativa LACOSTE de forma artesanal. Nas camisas originais é


bordado.

33 – Acabamento de baixa qualidade. Costura artesanal, com sobra de linhas.

34 – Bordados industriais de marcas famosas (falsos).

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7.5 – Acessórios de Vestuário

Nesse item serão apresentadas as principais características que permitem identificar


a falsificação de acessórios de vestuário: bolsas, sapatos, tênis, óculos e relógios. Tais
produtos são os mais comumente examinados nos serviços de perícia. As características
para identificar a falsificação desses produtos podem ser utilizadas para outros tipos de
acessórios como brincos, sapatos ou cintos.
A metodologia para identificação de acessórios falsificados deve se basear na
identificação de um conjunto de características de cada peça que permita concluir por sua
autenticidade ou falsificação. Somente a identificação de um número adequado de
características permite concluir pela falsificação do produto.
Para esses produtos são itens imprescindíveis de verificação: a qualidade e simetria
da costura entre as partes, o material utilizado, a simetria geral da peça, detalhes de
acabamento, etiquetas, bordados e também a ocorrência de modelos inventados ou
características de vários modelos e marcas misturados em um novo modelo.
Os falsificadores, principalmente de bolsas, assistem a desfiles de apresentação de
coleções e rapidamente fabricam as cópias, valendo-se apenas das fotos dos modelos. Nem
sempre os fabricantes lançam todos os itens apresentados, assim, teremos nos produtos
contrafeitos modelos não existentes nas coleções à venda, modelos misturados (prática
muito comum) e modelos com dimensões diferentes.
Uma dificuldade que se apresenta ao Perito Criminal quando vai examinar os
produtos apreendidos diz respeito à dificuldade de obter dos fabricantes uma relação
contendo todos os modelos de uma determinada coleção. Tênis, bolsas, óculos e relógios
pertencem normalmente a coleções com lançamentos mundiais e com uma infinidade de
modelos.
Uma característica de contrafação fácil de constatar – a inexistência daquele
determinado modelo na coleção do fabricante – desta forma não poderá ser utilizada. Nesse
caso o perito poderá recorrer á sítios na internet para suprir essa dificuldade e dirimir
alguma dúvida.

7.5.1 – Bolsas

35 – Qualidade do zíper (fecho éclair); sempre de material inferior, de fácil oxidação. Outras
partes metálicas com rebites e argolas apresentam a mesma característica.
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36 – Não se encontra na bolsa autêntica uma assimetria entre motivos na costura. Sempre
os motivos idênticos se combinam.

37 – A costura nunca se sobrepõe. Não pode haver pontas de linhas da costura sobrando.

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38 – Exemplo de modelo que não existe na coleção original da Louis Vuitton. Material
utilizado, além de deferente é de qualidade inferior.

39 – Bolsa Fendi. Notar a qualidade do acabamento do zíper, que avança por debaixo do
pano. Costura de baixa qualidade e assimétrica.

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40 – Bolsa Dior. Fivela de baixa qualidade, material que oxida rapidamente e costurada
invertida.

7.5.2 – Tênis

Rebarba

41 – Injeção da borracha da sola com defeitos. Nos tênis autênticos sempre observamos
uma separação nítida entre as cores da borracha. Não devem existir rebarbas ou mistura de
cores (entintamento).

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42 – O detalhe utilizado para ajudar na colocação do tênis foi costurado por fora, quando
deveria ter sido costurado por dentro. Inexistência de controle de qualidade.

43 – Modelos idênticos com marca diferentes, ADIDAS e NIKE. Péssima qualidade de


injeção de plástico do solado.

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44 – Tênis PUMA. Acabamento de baixa qualidade e inexistência do modelo na coleção


original.

7.5.3 – Óculos

45 – Óculos ARNETTE. Baixa qualidade da injeção do plástico. Marca impressa por


serigrafia – método não utilizado pelo fabricante.

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46 – Normalmente os óculos contrafeitos são fabricados na China e importados sem a


marca. Nesse modelo, temos apenas o rebaixo para colocação posterior marca figurativa
em metal (QUICK SILVER).

47 – Óculos HB. Mesmas características de contrafação dos anteriores. Baixa qualidade da


injeção do plástico, irregularidades do acabamento, marca colocada posteriormente e
parafuso de fixação da haste ao corpo maior que o necessário.

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48 – Divergências no acabamento. Marca nominativa colada posteriormente e assimetria na


junção da haste com o corpo.

49 – Marcas nominativas e figurativas fabricadas à parte para serem afixadas aos óculos
após o desembaraço aduaneiro.

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7.5.4 – Relógios

Os relógios podem ser mecânicos (mola) ou a quartzo (bateria). Os mecânicos


podem ser a corda ou automáticos (pêndulo).
Existem basicamente duas vertentes de falsificações de relógios: falsificações
comuns e réplicas. As falsificações comuns são normalmente em grande escala e bem mais
fáceis de identificar. Como características de falsificação podemos citar: Inexistência de
embalagens, manuais de utilização e termos de garantia. Baixa qualidade da caixa metálica
e da pulseira, com rebarbas, péssimo acabamento e utilização de materiais inferiores aos
utilizados nos relógios autênticos.
Uma característica bem marcante, principalmente das falsificações oriundas da
China, é a invenção de marcas, com nomes semelhantes às marcas originais. Podemos ter
ORINTO, QRIMET, QRIEMT, todas semelhantes à ORIENT e CAZZSIO semelhante à
CASIO.
Normalmente tais falsificações não possuem a borracha de vedação da caixa e
muitas vezes a aparência externa da tampa da caixa é de fechamento por rosca, mas na
realidade é de encaixe. A forma, a decoração e o material utilizado no mostrador são
divergentes em relação aos modelos originais e normalmente apresentam erros de forma ou
grafia. Nunca apresentam rubis, que são utilizados para redução de atrito na maioria dos
relógios mecânicos (obrigatoriamente nos mais precisos).
As réplicas são mais difíceis de identificar, pois são fabricadas com o objetivo de
enganar o comprador. Normalmente temos que abrir os relógios, examinar o mostrador e a
máquina com auxílio de lupa e finalmente após verificarmos um conjunto de características
concluirmos pela autenticidade ou não. Algumas réplicas não são tão bem feitas, somente
ao abrirmos a caixa já percebemos que o relógio que deveria ser mecânico e automático é
na realidade a quartzo. Outra característica pode ser constatada ao verificarmos os
ponteiros secundários, que normalmente nesses casos são apenas ilustrativos, sem
funcionamento real.

50 – Relógio Patek Philippe autêntico. Acabamento luxuoso e de excelente qualidade.

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51 – Á esquerda; Relógio Cartier autêntico – raridade tipo esqueleto, onde o mecanismo é


suportado por usinagem do corpo do relógio, ficando aparente. À direita; rubis utilizados
para redução do atrito, com aumento da vida útil do mecanismo e aumento da precisão.
Dificilmente encontrados nos produtos falsificados devido ao custo.

52 – Invenção de marcas: Além da existente BOSS, as inexistentes COSS e DOSS.

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53 – Mesmo modelo, duas marcas. Péssimo acabamento das caixas, mostrador e pulseiras.

54 – Colocação de adesivo para esconder a marca contrafeita e passar pelo controle


aduaneiro ou qualquer outra fiscalização.

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55 – Marcas semelhantes e utilização de adesivo para esconder a marca.

56 – Falsificação grosseira da marca BREITLING. Baixa qualidade da caixa e da tampa.

57 – Tampa com péssimo acabamento e maquinário a quartzo.


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58 – À esquerda: Bateria e máquina a quartzo. À direita: usinagem com rebarbas.

59 – Componentes do relógio: mecanismo, peças, caixa, tampa e mostrador incompatíveis


com a qualidade de um Breitling autêntico.

59 – Mostrador com ponteiros secundários falsos. Não são conectados ao maquinário.

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BREITLING BENTLEY MOTORS


Código: LP01
Categoria: Réplicas Italy
Modelo: BENTLEY MOTORS
Garantia : 1 ANO
Fabricante: Italian Watches CO.
Prazo de Entrega: 4 dias
Disponibilidade: Disponivel

REPLICA ITALIANA DA BREITLING, MAQUINA QUARTZ CITZEM (BATERIA), CAIXA EM AÇO INOX, VIDRO
CRISTAL MINERAL, PULSEIRA EM AÇO INOX, CRONOS FUNCIONAIS, CRONOMETER, DATADOR, TODAS AS
LOGOS E NUMERAÇÕES NOS LUGARES EXATOS.
Preço à vista:
De R$ 400,00
Por R$ 350,00
Desconto de R$ 50,00

60 – Anuncio de venda de relógio marca Breitling. Réplica fabricada na Itália, de boa


qualidade. Notar que a máquina anunciada é a quartzo enquanto a máquina do relógio
autêntico é mecânica e automática. Para identificar a falsificação neste caso, devemos
constatar após a abertura da caixa que o mecanismo é incompatível com o utilizado no
modelo autêntico. Outras características para identificação da falsificação: acabamento
interno da tampa, a rosca e a borracha de vedação, que não são adequados para um relógio
com vedação para 150 metros de profundidade.

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7.6 – Bebidas

Os piratas que atuam na falsificação de bebidas no Brasil se especializaram em


algumas práticas e marcas famosas:
Johnnie Walker Red Label e Black Label = uso de whisky de qualidade inferior e reutilização
de embalagens autênticas obtidas em boates e casas de shows. Uso de selo autênticos do
IPI dessas garrafas (aproveitamento do selo) ou uso de selos falsos.
Vodka Smirnoff = uso de vodka de qualidade inferior (adquirida de terceiros ou fabricação
própria), uso de embalagens adquiridas de terceiros ou reutilizadas e uso de selos falsos do
IPI.
Conhaque Dreher = fabricação própria de conhaque de péssima qualidade e uso de
embalagens adquiridas de terceiros.
Tequila Jose Cuervo = uso de aguardente nacional e reutilização de embalagens autênticas,
uso de selo falso do IPI.
Todas as marcas de bebidas famosas e muito consumidas introduzidas ilegalmente no país
(produto de descaminho) = uso de selos falsos do IPI.
A falsificação do selo do IPI permite comercializar bebidas estrangeiras que
ingressaram no país (descaminho) ou bebidas produzidas no país, ambas as modalidades
sem o devido pagamento dos impostos, o que por si só gera altos lucros ao pirata, pois os
impostos correspondem por uma elevada parcela do preço da bebida.

7.6.1 – Selos do IPI

61 – Selo autêntico do IPI. A receita federal possui uma série de selos com cores e
identificações diferentes para cada tipo de bebida: tipos BEBIDAS ALCOÓLICAS, BEBIDAS
ALCOÓLICAS MINIATURA, AGUARDENTE, UÍSQUE e UÍSQUE MINIATURA; cores
VERDE, VERMELHO, VERDE ESCURO, CINZA, LARANJA e MARROM. Para maiores
detalhes consultar a Instrução Normativa 29 da SRF, de março de 1999.

O selo do IPI também possui características de autenticidade criadas pela Casa da


Moeda do Brasil, que permitem distingui-los dos selos falsos. Neste caso os falsificadores
sempre tentam enganar o consumidor e principalmente a fiscalização.
As principais características de autenticidade são: utilização de papel especial, micro
letras e micro fibras luminescentes que podem ser detectados pelo uso de luz ultravioleta e
principalmente o processo de impressão pelo sistema ofsete que, ao contrário das duas
primeiras características, não consegue ser imitado.
No processo utilizado para impressão a imagem do selo a ser impressa é gravada
em uma chapa metálica (matriz). Para produção esta chapa é banhada com tinha e água em
condições especiais e, em seguida, impressas em um cilindro coberto de borracha
(blanqueta) e, daí, para o papel.
O entintamento da chapa com mais de uma cor – no caso dos selos do IPI – duas
cores, produz uma mudança de cor na imagem sem alteração no desenho. Os falsificadores
por não usarem este processo de impressão não conseguem este efeito de mudança
apenas na cor do selo. Os traços das letras, micro letras e desenhos são distintos nas duas
cores.

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62 – Nas duas imagens acima se pode notar que os traços e letras são únicos e somente
mudam de cor. Na imagem inferior percebe-se o entintamento preto nos traços laranjas.
Pode e deve haver mistura de cores, só pode haver dois traços distintos.

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63 – Selo falso do IPI. Em cores diferentes temos linhas e letras diferentes.

64 – Selo falso do IPI. Mudança nítida das linhas que não são as mesmas, quando as cores
mudam.

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65 – Motivo holográfico existente nos selos autênticos do IPI. São impressos à parte, antes
do processo ofsete.

66 – Tentativa de imitação do motivo holográfico. Usam tiras de papel alumínio e simulam


com pequenos pontos os desenhos da bandeira brasileira e os inscritos do holograma
autêntico.

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67 – Comparações entre selos do IPI. Somente o primeiro de cada cor é autêntico. Notar a
nítida diferença do motivo holográfico.

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68 – Folha contendo 50 selos do IPI falsos. Apreensão em uma gráfica. Falsificação de boa
qualidade com simulação do motivo holográfico.

7.6.2 – Bebidas e embalagens

A falsificação da bebida propriamente dita ocorre de duas maneiras. Pelo uso de


bebida mais barata e fabricação de bebida com uso de álcool e corantes. Em todos os casos
de falsificação da bebida a saúde do consumidor é o bem mais atingido pelos criminosos.
A fabricação não segue qualquer técnica, usa álcool inadequado ao consumo
humano e ocorre em locais sem qualquer higiene, muitas vezes utilizando garrafas sem
qualquer limpeza.
São características de falsificação: reutilização da tampa, que pode ser constatado
pelo rompimento dos lacres metálicos ou plásticos, baixa qualidade de impressão dos
rótulos, garrafas sujas ou produto com impurezas. Uma análise química do produto pode
constatar a falsificação. Nesses casos os fabricantes podem fornecer valiosa ajuda.

69 – Gravata de vodka Smirnoff. Papel e impressão de baixa qualidade. Apresenta erros de


ortografia (PRDUZIDA NO BRASIL)

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70 – À esquerda champanhe francês marca VEUVE CLICQUOT PONSARDIN falsa. Na


realidade trata-se de espumante brasileiro com rótulo e capa metálica imitando a
embalagem original do champanhe. À direita garrafa autêntica.

71 – Rótulos falsos de conhaque DREHER.

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7.7 – Pilhas recarregáveis

Produto que recentemente sofreu uma verdadeira avalanche de falsificações devido


a grande utilização por câmeras digitais. Normalmente as pilhas falsas apresentam como
características um sulco mais profundo no lado +, polo + mais baixo e com acabamento
inferior, impressão dos rótulos com qualidade inferior (percebe-se a diferença com o uso de
lupa) e capacidade alta, normalmente acima de 2000 mAh, que não são verdadeiras.

72 – Pilha central é falsa. Sem símbolo de reciclagem e com pólo positivo (+) menor e com
sulco mais profundo na parte superior.

73 – Pólo positivo (+) menor e corpo com sulco mais profundo na parte superior.

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7.8 – Outros produtos

Uma infinidade de produtos pode ser e é falsificada. Além dos acima citados, temos:
cigarros, autopeças, isqueiros, canetas, remédios, produtos eletrônicos, cartões de
memória, combustíveis, produtos de higiene e limpeza, mel, alimentos industrializados e
escovas de dente, entre outros.
No setor de autopeças a falsificação tem sido intensa, porém voltada para algumas
peças de grande consumo. Basta ser um item de reposição com grande venda e logo
teremos a oferta de cópias de baixa qualidade geralmente importadas ou até mesmo de
produtos descartados em oficinas e recondicionados, como no caso dos rolamentos de
esfera e componentes de suspensão, principalmente amortecedores.
O procedimento que devemos adotar para identificar um produto contrafeito, seja ele
qual for, deverá ser sempre o mesmo. Em primeiro lugar precisamos identificar as
características de autenticidade do produto original e em seguida comparar com as
características dos produtos que serão examinados e assim emitir um laudo contendo uma
conclusão tecnicamente embasada.
Para esta tarefa devemos nos valer das características físicas, químicas,
dimensionais, metalográficas ou outras que tenhamos condições técnicas para identificar
nos produtos.

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CAPÍTULO 8

EXAMES EM LOCAIS

Além dos exames em equipamentos e materiais, que depois de apreendidos são


encaminhados aos serviços de perícia, os Peritos Criminais também podem ser requisitados
pela autoridade policial ou judiciária a proceder a exames em locais onde se fabricam,
guardam ou comercializam produtos contrafeitos.
Esses exames podem ser realizados em lojas, feiras e mercados populares
(camelódromos) ou em residências e empresas (escritórios, fábricas, lan houses, cyber
cafés, armazéns e depósitos).
A primeira e primordial providência é verificar a preservação e o isolamento do local.
O estado em que se encontram os bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em
sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais utilizados na
sua fabricação deverá ser constatado e, caso alguma alteração do estado das coisas
influenciar na dinâmica dos fatos, o perito deverá registrar as conseqüências no laudo
(artigos 169 p.ú e 530-B, C.P.P). Não podemos nos esquecer que no local de crime somos
os olhos do Juiz.
Em seguida deve-se fazer uma análise preliminar do local, identificando o tipo de
ocorrência e definindo os exames que deverão ser realizados. Esta análise deve ser feita
sem modificar as condições originais do local.
A próxima fase comporta o registro fotográfico do local, fixando os equipamentos,
suportes (mídias, estojos, papéis, plásticos, entre outros) e materiais. A distribuição dos
equipamentos, sua interligação e forma como são fabricados os produtos contrafeitos
também deverá ser registrada. Inicia-se o trabalho com fotos panorâmicas e termina-se com
fotos dos detalhes. Caso necessário deverá ser feito um croqui para melhor visualização da
distribuição das evidências pelo local.
Após o registro fotográfico e confecção do croqui devemos realizar os exames
necessários, que podem variar desde a simples verificação visual (vista desarmada ou com
auxílio de lupa) dos produtos mais simples até verificações preliminares no sistema
operacional e nos software instalados nos computadores.
Caso existam computadores no local deve-se providenciar para que os mesmos
sejam desligados adequadamente depois de examinados. O procedimento correto para
desligar computadores com sistema operacional Windows da Microsoft é utilizar a opção
INICIAR > DESLIGAR ou a opção INICIAR > HIBERNAR. Nunca se deve simplesmente
interromper o fornecimento de energia para desligar os computadores, tal procedimento
pode acarretar danos ao sistema.
Passo seguinte será o registro de dados e informações de interesse criminalístico
relacionadas com o local.
Finalmente o perito deverá indicar e liberar os objetos relacionados com o fato para
serem apreendidos pela autoridade policial (artigo 6º, II, C.P.P). Se necessário deverá ser
solicitado interdição do local para exames complementares.
A partir da metodologia apresentada, podemos fazer um resumo prático das ações a
serem desempenhadas pelo Perito Criminal em cada local. Deve-se ressaltar que cada local
tem sua particularidade. Um local aparentemente simples pode esconder surpresas
desagradáveis para um perito desatento.

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Assim temos:

Lojas, boxes, quiosques, feiras e mercados populares – locais mais simples.


Normalmente o perito acompanha equipes da delegacia, agentes de associações de
titulares de direitos autorais ou representantes dos mesmos. Eventualmente poderá ser
solicitado a identificar previamente se algum produto é contrafeito. Deverá fazer registro
fotográfico dos equipamentos e materiais antes de serem recolhidos, anotar dados do local,
número do imóvel e tipo de produtos apreendido. É responsabilidade dos agentes policiais
ou de associações, recolherem o material, identifica-lo e em local adequado, separar e
contar, emitindo o auto de apreensão. Perito somente examina e emite laudo. Produto
exposto independe de mandado de busca para ser verificado.
Residências e fábricas – Fazer registro fotográfico dos equipamentos utilizados para
contrafação, tais como, computadores, impressoras, equipamentos de produção de roupas e
acessórios, não permitir que os equipamentos sejam desligados ou desconectados sem que
seja feita uma verificação prévia. Anotar dados do local e fazer croqui.
Depósitos e armazéns – Fazer registro fotográfico e anotar dados.
Lan houses, Cyber Cafés e escritórios – não permitir que os equipamentos sejam
desligados ou desconectados sem que seja feita uma verificação prévia, anotar dados,
verificar mídias removíveis. Para evitar trabalho futuro, se possível, obtenha as senhas.

74 – Imagens de fábrica clandestina de vodka, sem higiene, utilizando álcool impróprio para
consumo humano e reutilizando embalagens. A correta e minuciosa descrição dos produtos,
equipamentos, tubulações de interligação, filtros, recipientes, embalagens, condições de
limpeza e higiene permitirão a elaboração de um laudo constatando a existência de uma
fábrica clandestina de bebidas no local.

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CAPÍTULO 9

LAUDO PERICIAL

Ao concluirmos os exames periciais nos materiais ou em locais estaremos prontos


para emitirmos o Laudo Pericial, que apresentará o resultado dos trabalhos.
O laudo pericial deve se ater somente a constatações e afirmações técnicas, escritas
com clareza e exatidão, restringindo-se aos eventos de interesse criminalístico,
apresentando como resultado a convicção de natureza técnico-científica do Perito Criminal
sobre o fato examinado.
O material examinado deve ser descrito de forma que seja corretamente identificado,
qualitativa e quantitativamente. Lembrando-se da definição do termo descrição, apresenta-
se como solução para o problema, a necessidade de executarmos nosso trabalho levando
em conta a realidade. Em quantidade justificada, o Perito Criminal, deverá relacionar o
material por tipo e quantidade e, para cada item exemplificar apenas alguns títulos, modelos
ou marcas.
Não pode haver imposição de uma padronização dos laudos de materiais e locais de
crimes da propriedade imaterial, assim como, não se pode padronizar qualquer tipo de laudo
pericial.
O Perito Criminal é o autor intelectual de um importante trabalho técnico-científico, a
mais completa das peças técnicas de um inquérito ou processo, normalmente a única que
subsiste sem alteração até a sentença.
Se por um lado não se pode padronizar o laudo, por outro lado é necessário que
existam procedimentos para sua confecção. Assim, a critério do perito, cada caso deverá
ser abordado de modo a atender sua particularidade. Podemos citar alguns itens que
deverão constar do laudo e sua função:
Do local: Se houver exame de local, o mesmo deverá ser identificado
adequadamente, em seguida os cômodos e seu conteúdo devem ser descritos em
seqüência lógica, partindo-se do geral para o específico, atendo-se ao que for de interesse
criminalístico. Os equipamentos, instrumentos e materiais relacionados com o delito devem
ter sua localização espacial corretamente indicada.
Do material: Relacionar as marcas, modelos, tipos, cores e outros dados adequados
a cada caso. Listar o material resumidamente e a quantidade real, informada na apreensão.
Tal quantidade deverá ser conferida pelo Perito, se necessário.
Dos exames: Para identificarmos o produto contrafeito devemos nos valer de todas
as técnicas necessárias e possíveis, de tal maneira que cheguemos ao convencimento do
resultado. Porém não devemos colocar todas as características de autenticidade ou
falsificação no laudo, apenas algumas mais importantes.
Resposta aos quesitos: As respostas devem ser curtas, objetivas e técnicas, não
apresentando divergências com o que foi exposto no corpo do laudo.
Conclusão. Tem que estar vinculada aos exames e às constatações. A conclusão
expressa o convencimento do perito em relação ao caso concreto que examinou.
Em relação à perícia em computadores sempre deveremos ter muita cautela. Tanto
no que tange ao software e hardware quanto na parte legal. Se por um lado precisamos nos
importar com a parte lógica e física do equipamento a ser examinado, por outro lado
precisamos nos importar com a parte legal.

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A constituição federal no seu artigo 5º, inciso XII, estabelece que: é inviolável o sigilo
da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Assim a interceptação telemática e acesso a informações cadastrais só poderão ser
executados sob autorização judicial. A interceptação telemática possui legislação própria, lei
9296, de 1996, que regulamenta a parte final do inciso acima descrito.
No artigo 10, do referido diploma legal temos: Constitui crime realizar interceptação
de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo de Justiça,
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Pena: Reclusão de dois (2) a quatro (4) anos, e multa.
Devemos nos resguardar em relação aos exames que deverão ser realizados em
computadores, trabalhando sempre a partir de uma solicitação da autoridade policial ou
judiciária. A CI (comunicação interna) ou o ofício (autoridade judiciária) que solicita os
exames é o documento hábil que autoriza o início dos trabalhos.
Não podemos deixar de transcrever as certeiras palavras de Malatesta a respeito da
prova em matéria criminal:

Sendo a prova um meio objetivo pelo qual o espírito humano se apodera da verdade;
sua eficácia será tanto maior quanto mais clara, mais plena e mais seguramente ela
introduzir no espírito a crença de estarmos de posse da verdade.

Se por um lado sabemos que não existe uma hierarquia entre as provas, já que
nossa legislação adotou o princípio do livre convencimento, onde o juiz aprecia livremente
as provas e firma sua convicção; por outro lado sabemos que o juiz para julgar e sentenciar
adequadamente um crime deverá se valer das evidências deixadas pelo fato, e quem lhe
apresentará estas evidências é o Perito Criminal.

Cláudio Godinho Novaes – Curso de Propriedade Imaterial – 2014. 66


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BIBLIOGRAFIA

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