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Introdução à Engenharia Capitulo 14 2023

Introdução à Engenharia - 2ª Parte

4. PROPRIEDADE INTELECTUAL E SIGILO PROFISSIONAL

4.1. Propriedade Intelectual

4.1.1. Natureza da Propriedade Intelectual


Segundo Baille (1987), a propriedade intelectual é um ramo de Direito que, tradicionalmente,
se insere entre os direitos reais, dos quais o mais abrangente é o direito de propriedade que,
neste caso, se exerce sobre bens não materiais.

Para Baille, a colocação acima apresentada não é pacífica, pois muitos especialistas do
Direito do Autor o incluem entre os Direitos Pessoais ou de Personalidade, como direito a
imagem e à privacidade, e não entre os direitos reais. Porém, mesmo que se considere que,
pelo aspecto patrimonial, os Direitos do Autor também sejam uma forma de propriedade
sobre o resultado da criação intelectual, subsiste outra vertente dos Direitos do Autor, os
denominados direitos morais de autor que se classificam como direitos de personalidade,
direitos esses que competem ao autor como pessoa e que são de carácter inalienável,
imprescritível e irrenunciável.

Deste modo, mesmo as marcas e o nome comercial ou da empresa, que o Direito trata como
uma forma de propriedade, adentram os direitos pessoais quando formados por nome ou
imagem de pessoas, por suas obras artísticas ou seus títulos. Assim, não se pode encarar a
propriedade intelectual exclusivamente sob o ângulo dos direitos reais sobre bens não
materiais.

Cornish (1981), considera que a abordagem detalhada da propriedade intelectual é


provavelmente a maneira mais útil de especificação da sua natureza. Pois, as definições mais
amplas são de algum modo confusas. Por isso, segundo Cornish, a definição dada na
convenção internacional é mais útil. Esta diz que ″a Propriedade Intelectual é o resultado
do esforço intelectual em que o dono pode reivindicar direitos exclusivos ″.

Deste modo, Propriedade Intelectual significa ″ criação da mente humana (intelecto) ″ e, na


prática, é considerada em duas áreas, a saber:

a) A Propriedade Industrial, que tem por objectivos a protecção das invenções, das
patentes, dos projectos registados, das marcas registadas, dos desenhos e modelos
industriais, dos logotipos, dos nomes, das insígnias de estabelecimentos, sob a forma
de direito exclusivo de exploração.

b) Os Direitos do Autor, que incidem essencialmente sobre as obras literárias, musicais,


artísticas, fotográficas e audiovisuais.

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4.1.2. Tipos de Propriedade Intelectual


Segundo, Baille (1987), existem duas principais categorias de propriedade intelectual, a
saber:

i. A informação – É também tratada como tecnologia e contempla:

a) Patentes

b) Projectos Registados

c) Direitos do Autor; e

d) Informação Confidencial

ii. Reputação – É também tratada como imagem e contempla:

a) Marcas, nomes e identificadores comerciais; e

b) Reputação

4.1.2.1. Patentes
Segundo Cornish (1981), as patentes constituem o tipo mais conhecido de protecção da
tecnologia e, por isso, este termo é por vezes aplicado para outros tipos como, por exemplo,
para marcas comerciais ou direitos de autor onde é totalmente inaplicável.

O termo ″Patente″ , tem origem na língua inglesa, especificamente do ″Letters Patent″, de


um documento do Estado Britânico que define e estabelece protecção para ideias técnicas.
Por isso, uma Patente é sempre um determinado direito sobre um conceito técnico, obtido
nos termos da lei, para um número limitado de anos. E geralmente deve ser seguido um
determinado procedimento legal, para se segurar os direitos sobre as patentes num
determinado país e usualmente é necessário pagar regularmente as taxas correspondentes para
a sua manutenção.

Em termos de conceito, Patente é um direito exclusivo concedido à uma invenção, que pode
ser um produto ou um processo que proporciona uma nova maneira de fazer uma determinada
coisa, ou permite uma nova solução técnica, inventiva e útil, para a resolução de um
determinado problema na indústria.

Para Cornish (1981), apesar dos requisitos legais para registo de patentes diferirem de um
país para outro, eles podem ser generalizados em três títulos:

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 Assuntos Patenteáveis;

 Novidade; e

 Invenção.

i. Assuntos Patenteáveis – Existem determinadas ideias que, apesar de serem sem


dúvidas novas e originais, não podem ser consideradas apropriadas para uma
Patente. Isto porque, segundo as regras de patenteação, um assunto só é
patenteável apenas se for industrialmente aplicável. Apesar de cada país possuir a
sua lista de assuntos patenteáveis, a Convenção Europeia de Patentes é
internacionalmente seguida como guia. E apartir da definição dos assuntos
patenteáveis são consideradas excluídas as seguintes situações:

a) Descobertas Simples – é aplicável em situações em que é descoberto o


fundamento de um certo método. Se o resultado da sua aplicação do tal
método nada muda, então não é invenção, é uma simples descoberta.

b) Programas Computacionais – geralmente os programas computacionais não


são patenteáveis, por isso a sua protecção é assegurada através de sistemas de
operação que podem incluír programas ou outros sistemas.

c) Produtos Químicos – com excepção das áreas que tendem a ser reconhecidas
por muitos países, existem regras especiais que dependem de cada país. Por
exemplo, existem muitos países que não permitem a patenteação de produtos
químicos. Em geral, isto é mais baseado na legislação de cada país, que
princípio geral de patenteação. Contudo, modernamente, muitos países estão a
alterar a sua legislação com vista a conceder protecção essencialmente aos
produtos farmacêuticos.

ii. Novidade – O principal requisito para a aplicação da Patente é que, antes de uma
candidatura dar entrada, o assunto não deve ser conhecido no mundo, isto é, deve
ser uma novidade. Entretanto, apesar de variar de país para país, o principal
requisito para a Patente é que antes da primeira candidatura dar entrada não deve
existir nenhuma revelação do assunto. Por isso, segundo este requisito, qualquer
revelação em qualquer que seja a parte do mundo impede a patenteação quase em
todo mundo, excepto nos Estados Unidos da América onde a revelação deve ser
duma forma editada. Isto é, deve ter se registado algum uso público de tal
invenção.

iii. Invenção – Para se assegurar a patente, não basta que o conceito seja novo. Pois,
apesar de ser definido de maneiras diferentes, em muitos países a patenteação
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requer que o conceito seje inerente a uma invenção óbvia, em termos industriais.
Em outras palavras, deve existir uma revelação completa da invenção. Isto
envolve revelar a maneira de realização industrial da invenção.

4.1.2.2. Projectos Registados


Segundo Mehitan e Griffiths (1986), usualmente a Patente cobre o conceito detrás do seu
artigo e pode cobrir aspectos tecnológicos tais como as operações e os processos de
fabricação. Enquanto que a protecção proporcionada pelos projectos registados é aplicável
particularmente a aparência externa do artigo.

Entretanto, Mehitan e Griffiths consideram que, sob o ponto de vista de propriedade


intelectual, o termo ″Projecto″ é confuso para a Engenharia, dado que se pode estender desde
o significado legal do ″Projecto″, que é aparência, até as áreas como a escolha de material,
especificações técnicas ou cálculos de dimensionamento, em que um jurista não pode
reconhecer como ″Projecto″, no sentido técnico da palavra. Por isso, usualmente o ″Projecto″
abrange o conceito de estética.

Na prática, a protecção dos projectos registados é similar àquela proporcionada pela Patente e
é baseada na legislação aplicável em cada país. O processo de registo de projectos, é também
similar ao registo de Patente e envolve o pagamento de taxas estatutárias, a investigação do
projecto, por entidades competentes, com vista a determinação de diferenças em relação aos
projectos já existentes e tomada de decisão para o registo para um determinado período de
vida, durante o qual podem ser pagas as taxas de renovação, caso seja necessário. O período
de protecção para os projectos é usualmente mais curto que a Patente, sendo geralmente de 15
anos.

Além disso, para o registo de um determinado projecto deve-se preparar as diferentes vistas
do artigo projectado, podendo ser apresentada em forma de desenhos ou fotografias.
Geralmente a apresentação de desenhos é legalmente obrigatório. E importa referir que, o
registo do projecto protege apenas as partes do artigo indicadas como sendo novas. Isto deve
ser considerado, desde que significa que é necessário se caracterizar detalhadamente as
feições que proporcionam a nova aparência do artigo assegurando a sua diferenciação dos
outros do mesmo género.

O aspecto mais importante na protecção de projectos é a funcionalidade. Uma nova feição


de um artigo não pode ser protegida separadamente da sua função. Isto implica que a
aparência de um artigo não é dissociável da sua funcionalidade, ou das partes
complementares, desse mesmo artigo. Este é o chamado ″o Problema da chave e da
Fechadura″ na Propriedade Intelectual.

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4.1.2.3. Direitos do Autor


Segundo Mehitan e Griffiths (1986), durante muitos anos os Direitos do Autor foram
considerados como sendo um tipo de protecção mais apropriados para artistas e escritores e
de ter muito pouco a ver com o comércio e com indústrias, exceptuando-se aqueles ramos
directamente dedicadas a exploração de arte, como as indústrias editorial, musical e
cinematográfica. Contudo, os direitos do autor constituem a única forma de protecção para
muitos aspectos do comércio e da indústria, principalmente no campo publicitário.

Na prática, os Direitos do Autor protegem a expressão usada em um determinado trabalho,


que é distinta da teoria ou do conceito detrás dela. Sendo assim, os Direito do Autor protegem
basicamente os trabalhos de qualquer tipo de cópia, quer seja de um trabalho artístico,
literário ou técnico. Isto implica que os Direitos do Autor devem proteger qualquer tipo de
trabalho que contém informação e que se encontra numa forma definitiva e permanente.

Para a Engenheira, os Direitos do Autor protegem especialmente projectos técnicos, no que


diz respeito a estética, conteúdo e a organização da informação, tais como manuais, tabelas
técnicas, artigos técnico-científico e qualquer outra forma de apresentação de informação em
que existe um distinto esforço para a sua compilação.

Além disso, um documento, ou qualquer outro material protegido por Direitos de Autor
necessita de ser publicado ou, de outra maneira, posto ao domínio público. Pois, se um dado
trabalho nunca foi publicado, torna-se difícil de ser protegido contra as alegadas cópias
fraudulentas. Deste modo, para evidenciar os Direitos do Autor é necessário demonstrar o
seguinte:

 A posse

 A existência de cópia, isto implica a existência da original; e

 A alegada violação.

Por isso, é sempre útil identificar os trabalhos que não podem ser postos livremente à
disposição do público com um sinal de protecção dos direitos do autor. O sinal
internacionalmente mais aplicado para trabalhos publicados é apresentado na figura abaixo.

© Nome do proprirtário dos direitos, Ano


Figura 4.1. – Sinal de protecção dos direitos do autor

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Por exemplo, para um trabalho cujos direitos do autor pertencem `a empresa Moçambique
Editora, o sinal da sua protecção seria o seguinte:

©Moçambique editora, 2012


As outras formas de trabalhos, tais como projectos, em que é necessário que sejam mantidos
confidenciais são geralmente usadas a seguinte composição de palavras:

″ Direitos reservados ″.

Os Direitos do Autor protegem os trabalhos contra a reprodução de trabalhos cujos direitos


subsistem. Geralmente, uma vez o produto se encontre no mercado, não existem nenhuma
infracção de direitos meramente por vendê-los. Assim, os actos restritos pelos Direitos do
Autor de um trabalho técnico ou artístico são.

 A simples cópia;

 A emissão de cópias para o público;

 A transmissão;

 A exibição pública; ou

 A adaptação (tradução, resumo).

4.1.2.4. Informação Confidencial


Cornish (1981) considera que o conceito de Informação Confidencial consiste num método,
numa prática, num processo, num projecto ou noutro tipo de informação confidenciais,
usados por uma empresa para competir com as outras. E, para o Cornish, a Informação
Confidencial é também tratada como ″secretos comerciais″.

Em adição, Cornish afirma que, a definição precisa da Informação Confidencial varia com a
jurisdição, tal como varia o tipo de informação que está sujeita à protecção. Contudo, existem
três factores que são comuns para todas as definições.

A Informação Confidencial é um certo tipo de informação que:

 Não é geralmente conhecida por maior parte das pessoas da companhia e pelo público
em geral;

 Confere um certo benefício económico ao detentor; e

 é objecto de um certo esforço para manter a sua confidencialidade.

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A Informação Confidencial não é protegida pela lei da mesma maneira que são protegidos os
projectos, as patentes e as marcas. Por isso, a mais significante distinção da Informação
Confidencial é que a ela é protegida sem a sua revelação, enquanto que os projectos, as
patentes e as marcas necessitam de serem revelados.

Importa referir que, para o sucesso comercial de qualquer empresa, a protecção da sua
Informação Confidencial, tal como: os secretos comerciais, a informação promocional e o
″know-how″, é muito importante. Curiosamente, apesar da enorme importância deste aspecto
da Propriedade Intelectual, ele é o menos abrangido pela legislação. Isto porque,
genericamente, a ″informação″ não pode ser considerada uma propriedade.

Deste modo, é considerada confidencial todo material que inclui os secretos comerciais de
uma empresa e que não pode ser protegida por lei em forma de Projecto ou Patente, tal como:

 as especificações de materiais;

 as fórmulas secretas;

 as listas de clientes;

 as listas de fornecedores; e

 o ″Know-how″.

Entretanto, de todos os tipos de informação confidencial, o ″Know-how″ é o mais difícil de


proteger, dado que ele é particularmente o mais inerente às habilidades operacionais das
pessoas que à informação que pode ser apresentada de uma forma fixa. De facto, o ″Know-
how″ aludi-se à habilidades técnicas humanas derivadas da experiência acumulada do
trabalho numa determinada tecnologia. Por isso, ele pode fazer, ou não, parte da informação
confidencial.

4.1.2.5. Marcas, Nomes e Identificadores Comerciais


Segundo Michaels (1982), a Marca, o Nome ou Identificador Comercial é todo o sinal
distintivo, visivelmente perceptível que identifica e distingue produtos e serviços de outros
análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com
determinadas normas ou especificações técnicas.

Geralmente, uma marca registada num determinado território garante ao seu titular a
propriedade e o uso exclusivo nesse território, durante um determinado período de tempo
prorrogável, nos termos da lei.

Na prática, os engenheiros estão mais ligados à protecção da tecnologia ou da Informação


Confidencial. Entretanto, a reputação da companhia pode ser tão significante quanto o seu
desenvolvimento técnico. Por exemplo, uma companhia que, para um produto particular,
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depende mais da sua alta qualidade que de um específico desenvolvimento técnico assegura o
seu sucesso por causa da sua reputação que por causa dos aspectos de inovação do negócio.

Além disso, na vida real as marcas comerciais protegem a identificação a reputação e a


imagem comercial das firmas. Por isso, uma marca deve ser realmente distintiva. E isto
significa que uma marca não deve ser:

 carecida de distinção;

 enganosa; ou

 propriedade de terceiros

4.1.2.6. Reputação
Adams (1987), considera que a reputação é, geralmente, um determinado aspecto da firma
que atrai os clientes. Ela pode ser representada pelo Nome ou por outras características que
criam uma entidade reconhecível na mente do cliente. Por exemplo, a reputação duma firma
pode ser representada por um particular estilo dos seus estabelecimentos ou por aparência dos
seus produtos.

A reputação comercial das firmas é protegida, por lei, em matérias relativas a competição
desleal. E muitos aspectos das firmas podem ser protegidos através dos direitos comuns da
reputação ou por um registo específico.

Para Adams (1987), a significante diferença entre o registo da marca comercial e a protecção
da reputação comercial das firmas é que o registo da marca comercial protege-a contra a sua
utilização por terceiros.

4.1.3. Protecção à Propriedade Intelectual


Segundo Morris (1987), a Protecção à Propriedade Intelectual visa estimular a criação,
garantindo ao criador o direito de explorar comercialmente o resultado da sua obra. Ela
manifesta-se em formas de tutela, de acordo com a natureza da criação a merecer a protecção.
Estas formas são:

 a protecção à Propriedade Industrial; e

 a protecção ao Direito do Autor.

A protecção à Propriedade Industrial, de acordo com a lei, engloba a defesa:

a) à Invenção – É uma concepção resultante do exercício da capacidade de criação do


homem, que proporciona uma solução para um problema técnico específico, dentro de um
determinado campo tecnológico pode ser fabricado ou utilizado industrialmente.

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b) Ao Modelo de Utilidade – É decorrente de um acto inventivo que resulte em melhoria


funcional, ou processo de fabricação, de um determinado produto. Isto é, um
aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzidos numa invenção.

c) Ao Projecto Industrial – É a especificação detalhada do conteúdo técnico da matéria


protegida pela patente.

d) Ao Desenho Industrial – É o aspecto estético ou a forma plástica ornamental de um


artigo que proporciona um resultado visual original na sua parte externa, que torna um
determinado artigo mais atractivo, acrescentando o seu valor comercial e facilitando a sua
vida no mercado.

e) À Marca – que é um sinal distintivo que identifica certos bens ou serviços produzidos ou
fornecidos por uma específica pessoa ou empresa.

Relativamente aos profissionais da Engenharia Informática, segundo Morris, o aspecto mais


importante a considerar é a protecção jurídica do ″software″, que se encontra protegido,
conforme a legislação, do Direito do Autor.

Adams, J. (1987), considerando específicamente a protecção jurídica do ″software″, afirma


que há que distinguir os seus três principais componentes, a saber:

i. O programa (código fonte) – o conjunto de instruções que faz com que o


″hardware″ execute determinadas funções.

ii. A documentação – o conjunto de informação, expresso por textos, gráficos,


esquemas, diagramas e algoritmos, que permite especificar e compreender o
conjunto de instruções do qual o programa é constituído.

iii. O material de apoio – a documentação complementar do programa que permite e


facilita o seu uso. Este é constituído por material de demonstração, manuais
técnicos e de uso, tutoriais e de treinamento.

Importa referir que ao tutelar o ″software″ a lei não o protege na sua totalidade,
diferentemente de outra natureza de engenhos.

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4.2. O Sigilo Profissional


4.2.1. Natureza do Sigilo Profissional

Segundo Mehitan e Griffiths (1986), a Informação Confidencial duma empresa é, pela


definição, aquela que não pode ser revelada para a maioria parte dos trabalhadores dessa
empresa e para a sociedade em geral. Pelo contrário, os detentores da Informação
Confidencial procuram manter os seus conhecimentos especiais fora das mãos dos seus
competidores, através de meios civis e/ou comerciais, que incluem o uso de acordos de
confidencialidade ou de não revelação.

Mehitan e Griffiths (1986), afirmam que geralmente, em troca da oportunidade de promoção,


ou de manutenção do seu emprego, o trabalhador é forçado a assinar um acordo para não
revelar toda informação classificada como confidencial pelo empregador. Por vezes, o
empregado pode ser também forçado a assinar um acordo que confere a posse ao seu
empregador, de toda a sua produção intelectual ao longo do seu emprego. Assim, a violação
de acordo implica a aplicação de penalização financeira ou outra natureza de sanções,
concebidas para desencorajar ao empregado a abandonar o emprego, previamente
acordadas.

Deste modo, a protecção da Informação Confidencial pode, em princípio, se estender


indefinidamente e, neste respeito, oferece uma larga vantagem em comparação com a
protecção de Patente que tem uma vida especialmente definida. Contudo, a grande
desvantagem daquela protecção é que é relativamente fácil de se perder. Por exemplo,
Informação Confidencial não pode proteger a firma contra a Engenharia Reversa, enquanto a
patente pode.

Além disso, a protecção efectiva da Informação Confidencial possibilita um monopólio


perpétuo da secreto comercial, pois o seu prazo não expira como o da Patente ou da marca
registada. Entretanto, a inexistência de uma protecção legalmente formal, significa que uma
terceira parte não é impedida de obter toda informação secreta, independentemente do
método usado. Por isso, uma das maneiras consideradas eficazes na preservação da
Informação Confidencial é o Sigilo Profissional por parte dos profissionais.

Deste modo, todo o profissional, especialmente o Engenheiro, deve guardar sigilo sobre o que
saiba em razão das suas funções, cabendo-lhe a responsabilidade de não revelar a informação
ou os conhecimentos partilhados entre ele e o seu empregador que, pela sua natureza, não
podem ser revelados a terceiros.

Neste contexto, o Sigilo Profissional é, pela natureza, inerente a profissão. Por isso, impõe-se
o seu respeito mesmo após a rescisão do mandato, salvo graves ameaças ao direito à vida e à
honra, porém sempre restrito ao interesse da causa.

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4.2.2. Controle da Informação Confidencial


O Controle da Informação Confidencial, segundo Mehitan e Griffiths (1986), é um aspecto
extremamente importante, pois este envolve muitos outros aspectos incluindo os inerentes à
integridade geral da empresa ou, dependendo dos casos, à Segurança Nacional. Deste modo,
em termos gerais é sempre recomendável que todos trabalhadores sejam especificamente
consciencializados sobre as suas responsabilidades de manter confidencial a Informação
Confidencial da empresa.

Mehitan e Griffiths (1986) consideram que, na prática, o problema de controle da Informação


Confidencial de uma empresa deve ser considerado em quatro áreas:

i. Acesso – Para assegurar o controle de Informação Confidencial deve-se fazer a


diferenciação, por classe de trabalhadores, em termos de acesso à certos tipos de
informação da companhia. No caso do material distribuído para diferentes classes de
empregados, as distribuições devem ser feitas cuidadosamente e os receptores devem
ser seleccionados com base no princípio do ″need-to-know″. E, caso seja apropriado,
os sectores devem ser divididos em secções com acesso controlado e, no que diz
respeito à liberdade de movimentação na empresa, o pessoal deve ser classificado em
diferentes níveis.

ii. Cópia ou multiplicação – Os empregados devem ser desencorajados a fazerem


cópias ou multiplicação de documentos confidenciais. Por isso, a criação de
facilidades de cópias ou multiplicação de documentos numa empresa deve ser
cuidadosamente analisada, tanto sob o ponto de vista da sua necessidade, como, e
sobretudo, sob o ponto de vista dos possíveis problemas a ela associada. Sendo assim,
deve-se fazer um controle rigoroso dos documentos confidenciais em circulação, pois
nunca se deve crer que todo o documento depois de ser usado será destruído, a não ser
que existam mecanismos estabelecidos de recolha e destruição. E o uso do correio
electrónico (e-mail) deve ser desencorajado para a circulação de todo tipo de
informação confidencial.

iii. Relação entre o Empregador e o Empregado

A relação existente entre o empregado e o empregador, em matérias de Sigilo


Profissional, geralmente é de acordo com os preceitos de um eventual acordo que
obriga ao empregado a manter confidencial certa informação sobre o negócio do seu
empregador. Durante o emprego, a manutenção da confidencialidade de certa
informação, por parte do empregado, geralmente não constitui nenhum problema. Os
problemas geralmente surgem quando um empregado deixa a empresa. Pois, neste

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caso, geralmente não existem obrigações que podem ser impostas a um ex-
trabalhador.

iv. Impedimento da utilização da informação fora da empresa – A manutenção da


confidencialidade de informação, por parte do empregado, é geralmente garantida de
acordo com preceitos de um acordo que obriga ao empregado a não revelar a
Informação Confidencial da sua empresa. Entretanto, enquanto se considere
relativamente fácil fazer cumprir esse tipo de acordo enquanto o empregado continuar
na empresa, o mesmo não pode ser considerado quando ele parte para outros
empregos. Isto porque, nestas condições, torna-se extremamente difícil impedir a
utilização, por terceiros, das habilidades, dos conhecimentos e da informação que ele
detém. Refira-se que nestas circunstâncias quase nada pode ser feito, pois não se deve
impedir a ninguém o direito ao emprego e à liberdade de escolha de emprego.

4.3. Propriedade Industrial em Moçambique

4.3.1. Considerações Gerais


Em Moçambique, a complexidade do conteúdo da Propriedade Industrial não permitiu que
no período anterior à independência nacional fossem criadas pela administração colonial
instituições de registo da Propriedade Industrial. Assim, os direitos dos registos da
Propriedade Industrial no território moçambicano eram depositados na Repartição de
Propriedade Industrial em Lisboa, capital da República Portuguesa.

Com a independência do país, em Junho de 1975, Moçambique deixou de ser espaço


territorial português e, consequentemente, os direitos de Propriedade Industrial em
Moçambique não podiam continuar a ser depositados em Portugal, em obediência do
princípio de territoriedade em que se assentam aqueles direitos. Deste modo, em
Moçambique registava-se um vazio institucional relativamente a Propriedade Industrial.

A necessidade de institucionalização e administração da Propriedade Industrial em


Moçambique tornou-se crescente com o sistema de abertura económica que o país abraçou
nos meados da década 80. Pois, por um lado, era inevitável que no quadro do desejado
desenvolvimento económico fossem adoptadas medidas no domínio da ciência e da
tecnologia, incluindo um programa tecnológico que compreendesse a investigação e
desenvolvimento, a adaptação de tecnologias, assim como o reforço do poder de negociação
para aquisição de tecnologias modernas. Por outro lado, era imperioso que fossem criados
mecanismos jurídicos que permitissem ordenar e disciplinar a concorrência comercial, quer a
nível interno, quer externo, por via de reconhecimento e da defesa das marcas registadas.

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Além disso, para o seu desenvolvimento económico, Moçambique começou a privilegiar


duas vias fundamentais:

 Estímulo do investimento estrangeiro, através da criação de condições estruturais,


administrativas, financeiras e fiscais, favoráveis e atraentes para os investidores; e

 A promoção das tranferências de tecnologia, pelo estabelecimento de um quadro


jurídico favorável à essas tranferências, em benefício mútuo do importador e do
exportador.

 Na sequência do acima exposto, o Governo da República de Moçambique promulgou o


Decreto nº 18/99, de 4 de Maio, que aprova o Código da Propriedade Industrial em
Moçambique, o qual entrou em vigor a 5 de Junho de 1999.

4.3.2. Código da Propriedade Industrial de Moçambique

O Código da Propriedade Industrial de Moçambique integra as seguintes


modalidades, passíveis de protecção:
 Marcas;
 Logotipos;
 Nomes comerciais;
 Insígnias de estabelecimentos;
 Patentes;
 Recompensas;
 Denominações de origens;
 Indicações geográficas;
 Modelos de utilidade; e
 Desenhos Industriais.

Estas modalidades, segundo a lei moçambicana, constituem um conjunto de Direitos de


Propriedade Industrial.

4.3.3. A Propriedade Industrial e o desenvolvimento de Moçambique

Modernamente, universalmente reconhecido que a Propriedade Industrial desempenha um


papel determinante no desenvolvimento das economias nacionais e regionais. Esse
reconhecimento, é mais notório nos países desenvolvidos, principais geradores de novas
tecnologias, promotores das mais importantes trocas comerciais e destacados concorrentes
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nos mercados mundiais.


Com efeito, os industriais dos países desenvolvidos utilizam o sistema de patentes para
Estudar e analisar a informação técnica nelas contida, para conhecer as tendências do
desenvolvimento tecnológico dos seus concorrentes e, eventualmente, utilizar essa
informação tecnológica nas empresas e nas instituições de investigação para a definição das
suas estratégias de modernização adquirindo, deste modo, vantagens competitivas.

Além disso, os países industrializados conhecem profundamente as vantagens competitivas


Resultantes da utilização de sistemas de patentes para a protecção dos novos processos
Tecnológicos e dos novos produtos contra a sua utilização pelos concorrentes. E, por esta
razão, as empresas e as instituições governamentais dos países industrializados atribuem a
primeira prioridade à protecção das patentes e da informação técnica e tecnológica.

Entretanto, a conquista e manutenção dos mercados não se faz apenas pelo fabrico dos
novos produtos ou pela utilização de novas tecnologias, beneficiando de direitos exclusivos
de produção e comercialização. É também necessário dispor de um veículo apropriado que
permita ao consumidor identificar, a empresa produtora e, por vezes, a origem da
produção, garantindo-lhe uma certa qualidade e a certeza que o produto proporciona uma
satisfação às exigências que determinam a sua aquisição. Esse veículo é marca registada que
o consumidor memoriza e a relaciona com a qualidade dos produtos identificados por ela.

Deste modo, similarmente às patentes, os países industrializados também não descuram


das vantagens competitivas resultantes da Marca Registada e por isso, as respectivas
empresas ocupam os primeiros lugares, no que diz respeito ao número de marcas registadas
em diferentes regiões do mundo.

Após esta consideração em relação aos países economicamente mais desenvolvidos, urge
questionar a importância da Propriedade Industrial em Moçambique, como membro dos
países menos desenvolvido. E, para responder a esta questão, recorre-se, em termos gerais,
as características fundamentais de Moçambique nas áreas em que a Propriedade Industrial
tem incidência designadamente:

i. Área tecnológica – O país caracteriza-se por dispor de tecnologias


próprias incipientes e ultrapassadas. Este factor não permite a valorização
dos factores de produção nas indústrias transformadoras locais de
maneira a dar origem a produtos finais competitivos e de elevado valor
acrescentado.

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ii. Área de investigação e desenvolvimento - O país caracteriza-se por um


fraco investimento em investigação e desenvolvimento como resultado
das insuficiências nas estruturas materiais, mecanismos institucionais e
recursos financeiros. Deste facto resulta a quase nula concepção de
processos tecnológicos ou produtos industrializados novos, isto é, no país
regista-se quase nula actividade inventiva e, como consequência, uma
ausência de invenções de origem nacional.
iii. Área comercial - O país caracteriza-se por exportação de matérias-primas
ou produtos naturais semi-transformados que, posteriormente, noutros
países são objectos de adequado investimento em valor acrescentado
antes de serem finalmente comercializados.
Em suma, pode-se inferir que Propriedade Industrial tem uma contribuição indispensável
para o desenvolvimento de Moçambique, pois estimula o progresso tecnológico e a
conquista sustentada de mercados na concorrência global em que ele se insere.

4.4. Importância da Propriedade Industrial

Genéricamente, a intervenção da Propriedade Industrial manifesta-se nas seguintes áreas:


- patentes e tranferência de tecnologia;
- patentes, investigação e desenvolvimento;
- Propriedade Industrial como elemento disciplinador do comércio; e
- Propriedade Industrial e a integração internacional de estados.

4.4.1. Patentes e a tranferência da tecnologia


As patentes, para além de serem títulos jurídicos para a protecção de invenções, constituem
um auxílio privilegiado para a tranferência de tecnologia de ponta, isto é, para as
tecnologias que incluem as técnicas mais modernas no domínio tecnológico a que se
referem.
Deste modo, todos os países que não dispõem de tecnologias próprias ou que utilizam
tecnologias ultrapassadas, sujeitam-se à situação de importadores de tecnologias mais
avançadas, como meio de modernização dos meios de produção. Pois, só deste modo é que
podem competir nos mercados internos e externos.

No entanto, os detentores das tecnologias modernas formulam reservas à suas


tranferências para os países que não possuam um quadro legal de protecção contra a sua
utilização abusiva. Isto significa que a transferência da tecnologia é facilitada se o país que
se encontre na situação de importador dispor de um adequado sistema de Propriedade
Industrial apoiado num quadro jurídico que permita a concessão de patentes e a sua defesa
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pelas vias judiciais e administrativas.

Importa salientar que não é fácil se obter informações tecnológica à revelia do seu
respectivo titular, dado que a eficáz tranferência da tecnologia não se limita ao
conhecimento da informação, ela deve ser acompanhado pelo ″Know-how″ que, na
maioria parte dos casos, não consta na documentação disponível e pela formação adequada
do pessoal necessário para a aplicação da tecnologia transferida. E, para tal, ao pessoal a
formar geralmente exige-se uma qualificação técnica em área de Engenharia.

Neste contexto, a Propriedade Industrial confere aos engenheiros a oportunidades de


especialização, quer no exame de patentes, quer na promoção da actividade inventiva ou na
consultoria e na aplicação das tecnologias importadas.

4.4.2. Patentes, Investigação e Desenvolvimento

Hoje em dia, embora se reconheça que os países em desenvolvimento, por motivos de


exiguidade de recursos e da necessidade de dar satisfação a outras prioridades, pouco
investem na área de Investigação e Desenvolvimento (R&D), existem algumas medidas
que estão sendo tomadas no domínio da ciência e tecnologia e no reforço da capacidade de
negociação para aquisição de tecnologias estrangeiras.

Deste modo, a informação técnica contida na documentação de patentes desempenha um


papel preponderante para investigação e desenvolvimento, pois a consulta e o estudo
permitem a economia de esforço. Isto porque, desta forma, pode-se adoptar soluções
técnicas já pesquisadas e que se encontram descritas na documentação de patentes.

Importa salientar que, enquanto a Patente estiver em vigor, a informação patenteada não se
encontrar disponível, para ser livremente utilizada na indústria sem o consentimento do
respectivo titular, mesmo assim, ela constitui, sem dúvidas, um bom elemento de estudo e
pode, eventualmente, ser um bom ponto de partida para a investigação e desenvolvimento de
novos produtos ou para a negociação com vista a aquisição de tecnologias.

Deste modo, para os engenheiros, a informação técnica e científica contida nas patentes
constitui um fundo documental muito importante no âmbito de qualquer programa de
investigação e desenvolvimento.

4.4.3. Propriedade Industrial como elemento disciplinador do comércio

As patentes de invenções contribuem significativamente para modernização e o


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desenvolvimento tecnológico e científico das sociedades. As marcas de produtos ou de


serviços servem para a ordenação e disciplina do comércio e para a conquista de serviços
nacionais e estrangeiros, através da fixação de clientes. Com efeito, quase todo produto
industrializado é comercializado nos mercados mundiais não só, pelo seu nome técnico
ou científico, mas sobretudo, pela sua marca que, geralmente, o consumidor a relaciona com
determinadas características e qualidades do produto por ela assinalado. Sendo assim, seria
difícil ordenar e disciplinar a concorrência comercial, quer à nível interno, quer externo, sem
o devido reconhecimento e a protecção das marcas registadas.

Em adição, sem reconhecimento e a protecção das marcas registadas, os fabricantes teriam


mais apreensão quanto a hipótese de verem as suas marcas contrafeitas sem possibilidades de
defesa e os consumidores teriam alguma incerteza quanto a genuinidade dos produtos
vendidos. Esta situação, tornaria muito difícil a comercialização de produtos vendidos e
tornaria muito difícil a comercialização de produtos sem marcas registadas no
mercado internacional. Por tudo isso, a Marca Registada é um elemento indispensável na
organização do comércio e contribui para o desenvolvimento dos países.

Além disso, a Marca Registada é também um factor estratégico das empresas, pois a escolha
do país onde se depositam os registos de marcas, corresponde a selecção de mercados onde se
pretende lançar os respectivos produtos.
Neste contexto, a Marca Registada não é apenas um elemento decorativo dos produtos ou
serviços, ela desempenha um papel económico muito importante para a disciplina e
ordenamento do comércio mundial.

4.4.4. Propriedade Industrial e a Integração Internacional de Estados

Uma das principais características dos direitos da Propriedade Industrial é a da sua eficácia
ser apenas circunscrita ao território de um determinado país ou de uma determinada
organização regional de países, que os concede por aplicação das respectivas legislações
nacionais e regionais.

No entanto, a circulação de produtos e serviços que hoje em dia tende para a liberalização,
exige que os titulares dos direitos da Propriedade Industrial procurem proteger as suas
actividades comerciais e produtivas além fronteiras. Em muitos países, essa protecção é feita
pelo recurso à Propriedade Industrial. E este facto, determinou a adopção de normas
internacionais que estabelecem os princípios fundamentais das relações entre estados em
matéria de Propriedade Industrial.

Neste contexto, a Convenção da União de París de 1883, para a protecção da Propriedade

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Industrial, administrada pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) é o


instrumento jurídico que, para além de caracterizar os direitos da Propriedade Industrial,
estabelece os princípios fundamentais entre estados.

Referências
- Adams, J. ( 1987), ‘Merchandising Intellectual Property’. Butterworth, Oxford.
- Baille, I. C. (1987), ‘Practical Business Management of Intellectual Property’ Longman,
London.
- Cornish, W. (1981), ‘Intellectual Property, Patents, Copyright and Allied Rights’, Sweet &
Maxweel, Oxford.
- Mehitan, S. And Griffiths, D. (1986), ’Restraint of Trade and Business Secrets – Law and
Pratice’, Longman, London.

Docente Regente: Mestre Paulo J. Conselho, Eng°.

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