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DE APLICAÇÃO
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Resultados de aprendizagem
1.2 Revisão das decisões dos institutos de propriedade industrial por tribunais
As funções dos institutos de patentes na maior parte dos países são mais administrativas do
que judiciais. Porém, como os Comissários e Registradores são obrigados a interpretar a lei
a fim de efetuar apropriadamente o seu trabalho, e como os direitos das terceiras pessoas e
o interesse público devem ser levados em conta, as decisões dos institutos são geralmente
altamente respeitadas. Em vários países, o Comissário ou Registrador pode convocar
testemunhas, fazer prestar juramento, solicitar a apresentação de documentos ou artigos, e
adjudicar custos. As suas funções são, portanto, muitas vezes consideradas "quase
judiciais". Convém não esquecer, porém, que uma decisão do instituto de patentes é de
caráter administrativo, embora certas funções do Comissário ou Registrador tenham
aspectos quase judiciais.
Em termos gerais, podem ser interpostos recursos contra decisões tomadas durante ou no
fim do processo relativo a um pedido de patente de invenção. No primeiro caso, trata-se de
"recursos anteriores à concessão" e no caso de decisões tomadas depois da concessão de
uma patente de invenção, trata-se de "recursos posteriores à concessão".
Outra decisão contra a qual o requerente pode recorrer no tribunal é a decisão tomada
durante o exame preliminar (ou formal), pela qual o instituto de patentes declara que o
pedido é considerado como tendo sido retirado. Uma tal decisão pode ser tomada, por
exemplo, devido ao fato de uma irregularidade formal no pedido não ter sido eliminada a
A decisão mais frequente contra a qual o requerente pode recorrer no tribunal é a decisão
tomada como resultado do exame substantivo do pedido, pela qual o instituto de patentes
rejeita o pedido. Uma tal decisão pode ser tomada, por exemplo, devido ao fato de a
invenção reivindicada no pedido não ser nova, não envolver uma atividade inventiva ou não
ser aplicável industrialmente. Outra razão possível de rejeição do pedido é o fato de as
reivindicações conterem irregularidades fundamentais que não foram eliminadas pelo
requerente ou a não conformidade com a matéria estatutária.
Depois que é concedida uma patente de invenção, pode também haver casos em que um
recurso pode ser interposto contra uma decisão do instituto de patentes. Por exemplo, o
instituto de patentes pode ter declarado que uma patente caducou porque uma taxa anual
não foi paga a tempo. Por outro lado, o titular da patente de invenção pode alegar que a
taxa anual foi paga a tempo e, por consequência, pode desejar recorrer no tribunal contra a
declaração de caducidade. Em tal caso, o recurso envolve apenas o titular da patente de
invenção e o instituto de patentes.
Questão de autoavaliação
QAA: Dê exemplos de recursos anteriores à concessão e posteriores à concessão
contra decisões do instituto de patentes.
1. Quando, após ser concedida uma patente, uma parte apresenta oposição alegando
que tem prioridade sobre a patente (no caso de pedidos internacionais, quando um pedido
de patente foi depositado e ainda está dentro do prazo de 12 meses para o registro
internacional).
2. Quando uma patente é considerada não válida devido à falta de pagamento de uma
taxa de registro, enquanto na realidade o requerente pagou a taxa e pode provar.
3. Recorrer de uma decisão nacional de conceder uma licença compulsória sobre uma
patente.
Geralmente, a proteção legal contra qualquer violação da propriedade privada não é dada
automaticamente, mas apenas quando o titular do direito ou o seu representante a procura.
Semelhantemente, os titulares de direitos de patente precisam observar regularmente os
diários oficiais de patentes e as atividades comerciais relativas ao objeto das suas patentes
se quiserem impor os seus direitos de propriedade intelectual (de patente).
Embora haja diferenças na maneira como os tribunais nacionais e regionais (tal como o
Tribunal Europeu de Justiça) aplicam os direitos dos titulares de patente, há bastante
terreno e princípios comuns na aplicação da propriedade intelectual. Existe um
reconhecimento comum das vantagens para os Estados em estabelecer mecanismos
acessíveis, suficientes e adequadamente financiados, para a proteção de direitos. É inútil
estabelecer um sistema detalhado e completo para proteger direitos de propriedade
intelectual, que aumentam o desenvolvimento nacional e a produção de riqueza, e difundir
informações a respeito desses direitos, se não for possível para os titulares de direitos impor
efetivamente os seus direitos em um mundo onde a expansão das tecnologias facilitaram a
violação de direitos protegidos numa medida nunca antes atingida. No interesse da proteção
de direitos e do estabelecimento de concorrência leal entre as empresas, os titulares de
direitos devem poder agir contra os infratores a fim de impedir mais violações e recuperar as
perdas incorridas devido a qualquer violação. Os titulares de direitos devem também poder
contar com as autoridades do Estado para tratarem de violações que resultam em produtos
de consumo defeituosos, em produtos com risco para a saúde e na privação dos criadores
do fruto das suas criações, entre outras coisas.
Todos os sistemas de propriedade intelectual precisam ser apoiados por um sistema judicial
forte para tratar dos delitos tanto civis como penais, com um número suficiente de juízes
com a formação e a experiência apropriadas. As disputas de propriedade intelectual fazem
parte das principais questões a resolver no âmbito do direito civil e o sistema judicial deve
fazer tudo o que é possível para tratar destas questões não só equitativamente, mas
também com celeridade. Muitas vezes, administrações governamentais, tais como os
institutos de PI ou as autoridades alfandegárias, são as instituições que têm uma função
predominante em casos de violação, pirataria ou contrafação. Alguns Estados adotaram
programas importantes de educação e formação para aumentar a consciência do público e a
informação dos cidadãos com inclusão de cursos de propriedade intelectual nas suas
universidades. Sem um sistema adequado tanto para aplicar os direitos como para permitir
que a concessão de direitos a outras pessoas seja contestada, o sistema de propriedade
intelectual não tem qualquer valor.
Uma empresa afetada pelo direito de outra empresa determinará cuidadosamente o alcance
desse direito e verificará se o mesmo é ou não válido. Isto mais uma vez salienta um ponto
da maior importância para os titulares de patentes: as reivindicações devem ser bem
redigidas e apropriadamente apoiadas pela divulgação da invenção. As reivindicações
devem distinguir claramente a matéria protegida em relação à técnica anterior e não devem
ser nem demasiado ambiciosas, nem demasiado modestas. Uma patente bem redigida será
frequentemente suficiente, por si só, para dissuadir infratores potenciais. Argumentos
semelhantes podem aplicar-se a outros direitos tais como marcas e desenhos industriais.
Cabe ao titular do direito agir como seu próprio policial. Ele deve prestar atenção aos
mercados industriais e comerciais nos quais vende os seus produtos, ou presta os seus
serviços, ou nos quais os seus processos podem ser utilizados. Deve manter-se a par das
atividades dos seus concorrentes. Se tiver conhecimento de uma violação aparente, o titular
do direito não deve deduzir imediatamente que a violação é deliberada (embora, quando o
objeto da violação é uma cópia exata ou uma contrafação, seja quase certo que a violação
terá sido deliberada). O titular do direito pode primeiro contatar o concorrente para informá-
lo da existência do seu direito.
Num certo número de países, as leis relativas às patentes, aos desenhos industriais e às
marcas, dispõem que o titular do direito não deve proferir ameaças não justificadas contra
os concorrentes ou os seus distribuidores. Por exemplo, não é permitido ameaçar instaurar
uma ação judicial se não houver razão para alegar que há violação ou quando o direito em
questão tiver expirado. O titular do direito pode enviar uma simples carta chamando atenção
para o direito, de modo que o infrator não possa mais tarde afirmar que não sabia.
QUESTÃO DE AUTOAVALIAÇÃO
QAA 2: Indique pelo menos três razões pelas quais a aplicação dos direitos de
propriedade intelectual é importante.
QUESTÃO DE AUTOAVALIAÇÃO
QAA 3: Quem é responsável pela aplicação dos direitos do titular de patente?
Numa ação por violação de patente em países de direito consuetudinário (common law), o
titular de patente, agindo por intermédio dos seus advogados, toma as disposições
Vale a pena notar que só uma pequena minoria das causas chega realmente à fase do
julgamento; as outras são resolvidas antes de outra maneira, por questão de tempo,
esforços e despesas.
As causas que envolvem uma tecnologia complexa podem demorar muito tempo no tribunal
com depoimentos de peritos submetidos a exame e a interrogatórios cruzados por ambas as
partes. O juiz pode tomar várias decisões. Além de mandados judiciais, o tribunal pode
também conferir indenizações por perdas e danos resultantes da violação, ou seja
compensação por vendas e mercados perdidos devido à atividade transgressora. Uma
alternativa à indenização por perdas e danos pode ser a atribuição de uma conta de lucros
ao titular da patente. Todos os lucros do demandado provenientes da violação são
entregues ao titular da patente. O demandado pode também receber a ordem do tribunal de
entregar ao titular da patente, ou de destruir quaisquer produtos ou artigos incorporando a
invenção patenteada. Enfim, o titular da patente pode obter uma declaração de que a
patente é válida e foi violada.
Um titular de patente deve, em primeiro lugar, definir o objeto da sua patente. É agora uma
característica de praticamente todos os sistemas de patente a exigência de que uma patente
inclua uma especificação que contenha reivindicações ou uma descrição, reivindicações ou
quaisquer desenhos necessários (conforme a terminologia da lei em questão). Na maior
parte dos sistemas, as reivindicações são decisivas, pois definem o âmbito da proteção
procurada e depois concedida através de uma patente. A especificação ou a descrição e os
desenhos podem ser utilizados para interpretar as reivindicações, que devem ser
inteiramente apoiadas por eles.
Depois de ter avaliado o alcance do seu direito de patente, o titular de patente deve decidir
se há violação. Antes de assumir o risco financeiro de uma ação judicial sobre a patente –
que pode ser uma das formas de contestação judicial mais demoradas e onerosas – um
titular de patente, a não ser que seja muito rico e indiferente à despesa, deve tentar avaliar
sua probabilidade de sucesso.
Devido ao princípio segundo o qual nenhuma patente inválida deve ser aplicável, o
demandado em uma ação sobre patentes é geralmente autorizado a submeter provas da
invalidade em qualquer fase do processo e, em algumas jurisdições, até durante o próprio
julgamento. Disto resulta que a posição do detentor da patente durante a ação de aplicação
tem tendência a se deteriorar, pois o demandado faz pesquisas e muitas vezes encontra
provas que afetam a validade. Contudo, muito mais importante é o fato de que a defesa
muitas vezes apresenta uma contra-alegação pela revogação da patente.
Como no caso de violações de marcas, há uma série de motivos que o demandado pode
alegar para tentar impugnar a validade da patente. Para mencionar alguns, ele pode basear-
se na falta de novidade, argumentar que a invenção é evidente, que o titular da patente não
descreveu suficiente ou honestamente a maneira como a invenção funciona, que a invenção
não é útil, que a patente foi obtida na base de informações falsas, ou que foi obtida
ilicitamente de outra pessoa. Alguns desses argumentos ou todos eles estão previstos nas
leis aplicáveis. Trata-se de uma área em que podem ser importantes conhecimentos
especializados, e não é raro a reconvenção em uma ação por violação de patente demorar
Como já dissemos, a primeira tarefa do tribunal em qualquer ação por violação de patente é
determinar com precisão o limite dos direitos concedidos. Para isto, será necessário que o
tribunal defina o alcance especialmente por meio da interpretação dos termos das
reivindicações fundamentais e determine se a alegada violação é abrangida pelo âmbito da
patente assim determinado. Em geral, não é permitido citar depoimentos de peritos para
interpretar palavras capazes de significado comum. A única exceção é quando são
utilizadas palavras técnicas para as quais o tribunal pode precisar de uma explicação
técnica. Na determinação de validade, o tribunal (ou qualquer autoridade que examine a
questão da validade) deve levar em conta o mesmo âmbito de proteção que foi definido para
os fins da determinação da violação, e considerar se as provas produzidas pelo demandado
tornam a patente inválida em relação a, e na medida do âmbito de proteção reivindicado
pelo titular da patente. Quase sempre surgem diferentes questões em torno dessas duas
avaliações. O ponto de partida para ambas, porém, é geralmente sempre o texto das
reivindicações.
Exemplo
A próxima tarefa para o tribunal é decidir se a suposta violação é abrangida pelo âmbito das
reivindicações tal como interpretadas pelo tribunal. Isto geralmente não é fácil,
especialmente se o demandado tiver sido bem aconselhado. É nesta área que são muitas
vezes requeridas depoimentos de especialistas. Além disso, em ações por violação de
patente, muitas vezes se recorre a experiências para provar a violação; estas experiências
incumbem sempre ao demandante. Nos EUA por exemplo, a primeira coisa que a maioria
dos tribunais examina encontra-se dentro do documento de patente, isto é, as
reivindicações, a especificação, os desenhos, qualquer histórico de exame entre o titular da
patente e o instituto de patentes, antes de utilizar recursos externos tais como um dicionário.
Ao mesmo tempo, considerando-se as reivindicações, não é permitido examinar o texto da
especificação de maneira a tentar torcer ou estender o significado de palavras comuns para
"apanhar" a violação. Na realidade, a primeira coisa que o tribunal deve fazer quando
interpreta a especificação é não considerar nem a alegada violação nem o que se chama
"técnica anterior".
O conteúdo técnico em muitas causas sobre patentes pode ser realmente muito complexo, e
a resolução dos pontos técnicos do conflito pode não só envolver uma ou mais testemunhas
especializadas, mas também requerer provas experimentais.
Por exemplo, em uma causa a respeito de uma suposta violação de uma patente concedida
para a invenção de um maçarico para corte por plasma, a reivindicação incluía uma
definição do que se passava dentro do maçarico durante a utilização. Para provar a
violação, foi necessária uma experiência para definir o gradiente de temperatura do gás
plasma gênico dentro do próprio maçarico. Uma sonda inserida no maçarico tem o efeito de
Em vista dos argumentos, que por sua vez são apoiados por depoimentos de peritos e
provas experimentais, o tribunal concluirá se houve ou não violação. Contudo, a maior parte
das patentes contém mais de uma reivindicação. A inclusão de várias reivindicações
destina-se a aumentar a possibilidade para o titular da patente de impedir uma violação. Se
uma reivindicação for considerada inválida, o titular da patente pode mesmo assim
conseguir interromper a violação se outra reivindicação for considerada válida e a violação
tiver ocorrido a esse respeito. No caso de uma patente ter diversas reivindicações a respeito
das quais o titular da patente alega uma violação, o tribunal terá de considerar cada
reivindicação separadamente para ver se houve violação.
Nem todas as jurisdições permitem a aplicação dessa doutrina. Visto que é controverso abrir
portas para uma interpretação extensiva da interpretação de reivindicações, a aplicação da
doutrina tem sido limitada e há muitas práticas diferentes entre os Estados. A tensão entre
oferecer uma proteção eficaz aos titulares de direitos e oferecer certeza jurídica aos
concorrentes levou os tribunais a acrescentar restrições a essa doutrina, com a introdução
de condições a sua aplicação; por exemplo, quando é razoável que o requerente pudesse
ter previsto e evitado o problema por meio de uma melhor redação das reivindicações 2. Esta
doutrina destaca a importância da redação das reivindicações e de se alcançar um equilíbrio
1 http://apps.who.int/medicinedocs/documents/s21421en/s21421en.pdf
2 https://www.wipo.int/wipo_magazine/en/2006/01/article_0007.html
3. Medidas legais
O meio legal preliminar mais útil e mais utilizado é o mandado judicial intermediário ou
provisório, cujo principal objetivo é geralmente descrito como sendo preservar o status quo
até a audiência da ação principal. Embora preservar o status quo existente no momento do
pedido seja a ordem mais apropriada, esta não é a principal preocupação do mandado
judicial intermediário. A questão principal que interessa o tribunal quando este concede um
mandado judicial intermediário é manter a posição que mais facilmente permita que se faça
justiça quando a decisão final for tomada. Portanto, o tribunal ordenará, às vezes, que uma
posição anterior seja restaurada, ou que as partes resolvam os seus problemas de outra
maneira mais de acordo com as exigências da justiça.
Num número crescente de causas, mandados judiciais intermediários não são suficientes
para proteger direitos de propriedade intelectual contra a ameaça de continuação da
violação. Isto deve-se muitas vezes ao fato de as provas necessárias para apoiar um pedido
de reparação provisória ou final não estarem imediatamente disponíveis e não poderem ser
encontradas pelos processos normais de investigação. Em tal caso, é pouco provável que o
demandante obtenha um mandado judicial intermediário, pois não terá as provas
necessárias. Às vezes, o demandado retira ou destrói o material contrafeito. Um meio rápido
e eficaz de obter e preservar tais provas foi criado pelos tribunais no Reino Unido. A medida
concedida é uma ordem ex parte para entrar nos locais, revistá-los e recolher provas. Estas
ordens são conhecidas como ordens Anton Piller ou mandados civis de busca e podem ser
uma etapa necessária antes de se poder obter um mandado judicial intermediário
Uma maneira comum de abordar a questão é calcular as perdas e danos com base em uma
licença imaginária normalmente negociada entre partes independentes: este método pode
ser utilizado, por exemplo, quando as partes são concorrentes, e é geralmente apropriado
em causas relativas a patentes e a desenhos industriais registrados. A indenização por
violação passada é então baseada no pagamento de um royalty relativo a, por exemplo,
cada artigo em violação. No entanto, surgem problemas a este respeito – especialmente nos
casos em que o demandante nunca teria concedido uma licença. Este método também tem
Um dos aspectos básicos das atividades da OMPI, mas não o menos importante, é a
transferência de know-how necessário para administrar as convenções de propriedade
intelectual que os Estados membros aceitaram. Realmente, é da maior importância que as
disposições formuladas em nível internacional sejam aplicadas em nível nacional. A
promoção da criatividade exige primeiro a gestão apropriada e a implementação das
disposições adotadas em favor dos criadores. As atividades da OMPI de cooperação para o
desenvolvimento são especialmente importantes a este respeito.
Dos últimos anos da década de 1990 até 2001, houve duas comissões da OMPI sobre a
aplicação de direitos – a Comissão Consultiva sobre a Aplicação de Direitos de Propriedade
Industrial e a Comissão Consultiva sobre a Gestão e a Aplicação do Direito de Autor e dos
Direitos Conexos nas Redes Globais de Informação. A Comissão Consultiva sobre a
Aplicação de Direitos de Propriedade Industrial realizou uma reunião em outubro de 2001,
na qual os Estados membros pediram que a Secretaria da OMPI iniciasse estudos e
atividades para promover mais eficazmente a aplicação de direitos de propriedade industrial
em todo o mundo e a identificação das boas práticas e dos processos para consegui-lo,
limitando tanto quanto possível a carga sobre as infraestruturas administrativas em termos
de tempo e custos. Em Setembro de 2002 foi decidido que estas duas comissões seriam
fundidas em uma única Comissão Consultiva de Aplicação dos Direitos (Advisory Committee
on Enforcement – ACE), responsável por todas as questões de aplicação de direitos de
propriedade intelectual. A plena adesão está aberta aos Estados membros da OMPI e/ou
das Uniões de Paris e de Berna. A sua primeira sessão foi realizada em junho de 2003, a
segunda em junho de 2004.
4.1.1 Arbitragem
A arbitragem é um processo menos formal do que uma ação judicial, mas contém mesmo
assim alguns dos elementos de um processo judicial. Uma arbitragem contém normalmente
uma troca de argumentos escritos, inclusive declarações de testemunhas e possivelmente
de peritos, e uma audiência permitindo um debate oral, depoimentos das testemunhas e dos
peritos, e perguntas dos árbitros e das partes.
4.1.2 Mediação
O Centro foi criado para ligar duas áreas que recentemente têm conhecido mudanças
consideráveis em paralelo, em vez de em combinação uma com a outra. Estas áreas são a
arbitragem ou, mais geralmente, a ADR (Alternative Dispute Resolution – resolução
alternativa de conflitos) por um lado, e a propriedade intelectual por outro lado.
Os serviços que o Centro da OMPI fornece em relação aos quatro processos são
essencialmente de dois tipos. O primeiro consiste em pôr à disposição das partes os
instrumentos para a resolução de um conflito conforme um dos processos administrados
pelo Centro da OMPI. Cláusulas contratuais padrão podem ser incluídas em acordos para
submeter conflitos futuros a tais processos. Alternativamente, acordos de submissão podem
ser utilizados para submeter conflitos existentes a um dos processos, o Regulamento de
Arbitragem da OMPI, o Regulamento de Arbitragem Acelerada da OMPI, e/ou o
Regulamento de Mediação da OMPI.
• ajudar as partes a organizar quaisquer outros serviços de apoio que possam ser
necessários, tais como serviços de tradução, de interpretação ou de secretariado;
• fixar os honorários dos árbitros e dos mediadores, em consulta com eles e com as
partes;
• prestar outros serviços ou exercer outras funções que possam ser necessárias para
assegurar que os processos de arbitragem ou de mediação decorram com eficácia e
rapidez.
Os serviços descritos acima podem ser utilizados em qualquer parte do mundo. Embora os
Regulamentos da OMPI sejam especialmente apropriadas num contexto de propriedade
intelectual, tal como no caso de um conflito sobre licenças, estes regulamentos podem servir
A mediação, por outro lado, é mais informal, e o âmbito da discussão pode variar conforme
o interesse das partes em alcançar uma situação satisfatória para todas as partes (uma
situação "win-win").
Em termos gerais, podem ser interpostos recursos contra decisões tomadas durante ou no
fim do processo relativo a um pedido de patente de invenção. No primeiro caso, trata-se de
"recursos anteriores à concessão". Já no caso de decisões tomadas depois da concessão
de uma patente de invenção, trata-se de "recursos posteriores à concessão".
Os titulares de direitos de patente devem então poder contar com Estados para
estabelecerem mecanismos acessíveis, suficientes e adequadamente financiados, para a
proteção dos direitos. Os titulares de direitos devem ser capazes de agir contra os infratores
a fim de impedir mais violações e recuperar as perdas incorridas devido a qualquer violação.
Muitas vezes, administrações governamentais, tais como os institutos de PI ou as
autoridades alfandegárias, são as instituições que têm uma função predominante em casos
de violação, pirataria ou contrafação.
Medidas legais
Reparação preliminar: mandado judicial intermediário ou provisório
É o meio legal preliminar mais útil e mais utilizado, pois geralmente consiste em preservar o
status quo até a audiência da ação principal. A questão principal que interessa o tribunal
quando este concede um mandado judicial intermediário é manter a posição que mais
facilmente permita que se faça justiça quando a decisão final for tomada. Portanto, o tribunal
ordenará às vezes que uma posição anterior seja restaurada, ou que as partes resolvam os
seus problemas de uma outra maneira mais de acordo com as exigências da justiça.
Mediação: um mediador é uma pessoa neutra que ajuda as partes a resolver o seu conflito.
Também neste caso é necessário o acordo das partes para submeter o seu conflito à
mediação. Este caráter voluntário permite que cada parte termine a sua participação em
qualquer altura. Se a mediação for bem-sucedida, a resolução terá o efeito de um contrato
entre as partes.