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CP - David, de Miguel Ângelo

1. Contexto historico cultural

Conhecido como "o Gigante", Miguel Ângelo teve desde logo o seu
talento artístico reconhecido por Lourenço de Médicis, um dos
maiores mecenas de Itália, "o Magnífico". Porém, com a morte
deste, em 1492 verificou-se um período de grande instabilidade
política em Florença, fazendo com que Miguel Ângelo deixasse a
cidade-estado.
Em 1501, Miguel Ângelo regressa a Florença e neste período,
conhecido por "o Cinquecento" ou "Alto Renascimento" (séc. XVI),
realizou a escultura "David", uma das obras mais representativas do
Renascimento, caracterizado pelos ideais humanistas e pelo
renovado interesse na Antiguidade Clássica.
Além disso, a estátua foi destinada a ser instalada na Piazza della
Signoria, a sede do governo florentino, transformando-se num
símbolo cívico da República de Florença.

2. Análise técnico-formal

"David" trata-se de uma escultura do tipo vulto redondo, que partiu


de um grande bloco de mármore, e na sua realização foi utilizada a
técnica do talhe ou cinzelado (Técnica subtrativa).
O mestre florentino apresentou o herói com um corpo juvenil e
porte orgulhoso, impregnado de sensualidade. Além disso, na
escultura verifica-se a posição característica em contraposto, ou
seja, equilibrada a inclinação das ancas com a deslocação dos
ombros para o lado contrário, com o qual se evitava a frontalidade e
se garantiam o movimento e a harmonia da figura.
Na obra, destaca-se a perfeita definição de cada músculo, osso ou
tendão e a segurança na sua modelação, algo que documenta o
estudo anatómico rigoroso feito por Miguel Ângelo.

3. Análise temática/leitura de significados

O tema do trabalho reporta um episódio bíblico, o confronto entre


Golias e David.
A principal inovação da sua estátua reside, na conceção do tema, já
que Miguel Ângelo decidiu apresentar o momento anterior ao
combate, quando o jovem se prepara para o duelo desigual, em vez
da vitória final. Pela primeira vez, Golias desaparece da cena da sua
própria morte.
"David" aparenta possuir uma atitude serena e reflexiva, mas essa
calma contrapõe-se pela tensão dos músculos e pela inquietação do
olhar, que revelam que o herói está prestes a deslizar o braço
direito por detrás das costas para colocar a pedra na funda e assim
conseguir lançar a pedra que acertará no meio dos olhos de Golias,
derrotando-o.

Por outro lado, Miguel Ângelo concebeu desde o início a sua


estátua como uma alegoria política, simbolizando a vitória dos mais
fracos sobre os tiranos. Exprime o orgulho cívico de Florença, uma
república livre que se assumia herdeira da antiga Atenas.
O seu David, representado no momento prévio ao combate,
encarnava a coragem de um povo que iniciava um novo percurso,
aludindo à incerteza do que o futuro reservava a Florença.

Marta Cernich nº17 11ºA2

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