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FAMÍLIA E SUCESSÕES
Coordenadora:
SEJAM BEM-VINDOS(AS)!
Vamos juntos!
Bons estudos!
SUMÁRIO
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................. 25
LEITURA SUGERIDA .............................................................................................................. 29
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................... 30
CURATELA. REGIME DAS INCAPACIDADES. PROCEDIMENTO. TOMADA
DE DECISÃO APOIADA. .................................................................................. 32
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................. 53
LEITURA SUGERIDA .............................................................................................................. 61
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................. 93
Introdução
Anteriormente a legislação brasileira estabelecia a obrigatoriedade do
ajuizamento de ação de separação judicial ou da lavratura antecedente de uma
escritura de separação extrajudicial, como pressuposto necessário para a
posterior concessão da dissolução do vínculo conjugal pela conversão da
separação judicial em divórcio.
A Emenda Constitucional 66/2010 veio permitir o divórcio a qualquer tempo,
sem necessidade de prévia separação de fato ou de corpos e de um tempo
mínimo de casamento, com o provimento direto do divórcio e sem prévia
postulação de uma antecedente separação judicial ou extrajudicial.
Hoje, a ação de divórcio pode ser ajuizada diretamente, e engloba não apenas
a dissolução do matrimônio mas também a discussão de outros pontos
fundamentais que rodeiam o térmnio da relação conjugal, como a guarda dos
filhos, convivência e alimentos da prole e dos cônjuges.
Definição
Segundo Rolf Madaleno:
“O divórcio enseja o término da sociedade conjugal e dissolve o casamento
válido (CC, art. 1.571, IV e §1º) e não modifica os deveres dos pais com
relação aos filhos (CC, art. 1.579), e tampouco o novo casamento de qualquer
dos pais, ou de ambos poderá importar em restrições aos direitos e deveres
(CC, art. 1579 , parágrafo único) como no tocante aos alimentos devidos pelos
pais à sua prole, não sendo causa de redução da pensão alimentícia, salvo
Os aspectos pessoais
Mudança de nome
Após a sentença de divórcio caberá aos ex-cônjuges a escolha acerca da
retirada ou manutenção do sobrenome de casado.
De acordo com a doutrina:
“o acréscimo do sobrenome era tido como um ato simbólico da ‘fusão de almas’
decorrente do casamento. Contudo, o autor considera isso um equívoco, pois
“misturar os nomes pode significar mesclar e confundir as identidades. O nome
é um dos principais identificadores do sujeito e constitui, por isso mesmo, um
dos direitos essenciais da personalidade. Misturá-los significa não preservar a
singularidade” 4.
Para Rolf Madaleno:
1
MADALENO, Rolf. Direito de Família.11º ed.Forense, 2021.
2
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de Direito de Família e Sucessões. São Paulo,
Ed. Saraiva. 2018.
3
Ibidem.
4
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Divórcio. Teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
5
MADALENO, Rolf. Direito de Família.11ª ed.Forense, 2021.
6
DELGADO, Mário Luiz. É prerrogativa do cônjuge mudar ou manter o nome de casado após o
divórcio. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-fev-04/processo-familiar-prerrogativa-
conjuge-mudar-ou-manter-nome-casado Acesso em: 28 abr. 2023.
7
MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. Editora Forense. 5ª edição.
Os aspectos patrimoniais
Partilha de bens
Conforme ensina o Prof. Rodrigo da Cunha Pereira, a partilha de bens:
“É a divisão ou repartição de bens ou patrimônio segundo a relação jurídica
que se formou, em tantas porções quanto forem os beneficiários, Até que se
concretize a partilha, ou seja, até a individualização das quotas, aplica-se ao
todo as regras inerentes ao condomínio”9.
A partilha pode se dar em decorrência da dissolução do vínculo conjugal, da
liquidação de uma sociedade, em razão da morte em um processo de
inventário ou mesmo numa partilha em vida. A partilha pode ser feita de forma
judicial ou extrajudicial, realizada em Juízo ou por escritura pública em Cartório
de Notas, desde que se consensual10.
No mesmo sentido:
“Partilha é a divisão dos bens comuns ou conjugais, por força da dissolução do
casamento. A partilha pode ser amigável ou litigiosa.Partilha amigável ou
consensual é aquela fixada pelas partes, somente cabendo ao julgador a
8
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil, Família. São Paulo: Atlas, 2008, p.
299.
9
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. 7 coisas que você precisa saber sobre partilha de bens.
Disponível em: https://www.rodrigodacunha.adv.br/7-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-
partilha-de-bens/ Acesso em: 28 abr. 2023.
10
Idem.
11
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil - Vol.5.(livro eletrônico).
12
SARAIVA, Ana Beatriz. Partilha de bens na Ação de divórcio. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/partilha-de-bens-na-acao-de-divorcio/208352286 Acesso
em: 28/04/2023.
13
Idem.
Alimentos
Definição
Sobre os alimentos, o Prof. Rodrigo da Cunha Pereira ensina:
“É o pagamento periódico sem qualquer contraprestação de serviço ou trabalho
à pessoa para a sua mantença. É denominada também de alimentos e pode
ser transitória ou permanente. É uma contribuição de assistência que decorre
do vínculo de parentesco, da conjugalidade (casamento ou união estável) ou
deixada em cláusula testamentária, ato ilícito ou de uma relação contratual” 15.
Para Yussef Said Cahali:
“A pensão alimentícia compreende “as prestações devidas, feitas para que
aquele que as recebe possa subsistir, isto é, manter sua existência, realizar o
direito à vida, tanto física (sustento do corpo) como intelectual e moral (cultivo e
educação do espírito, do ser racional)” 16.
Decorre do vínculo de parentesco, da declaração de vontade ou da prática de
ato ilícito, que é devida por aquele denominado alimentante, que dispõe de
14
MADALENO, Rolf. Direito de Família.11ª Ed.Forense, 2021.
15
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de Direito de Família e Sucessões Ilustrado. São
Paulo. Ed. Saraiva. 2018.
16
CAHALI, Yussef Said Cahali – Dos Alimentos. 6ª edição – São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2009. p. 16
17
SANTIAGO DANTAS, Francisco Clementino de. Direito de Familia e das Sucessões, Rio de
Janeiro, Forense, 1991.
18
Página 1162 do Diário de Justiça do Distrito Federal (DJDF) de 11 de Janeiro de 2022.
Número do processo: 0707846-11.2021.8.07.0005 Classe judicial: ALIMENTOS - LEI
ESPECIAL Nº 5.478/68 (69)
19
MADALENO, Rolf. Direito de Família.11ª Ed.Forense, 2021.
20
COMEL, Denise Damo. Do poder familiar, RT: São Paulo, 2003, p.101.
21
Ibidem.
22
ZANIN, Izabelle Antunes. WATANABE, Ricardo Key. Lei assegura direitos ao cônjuge
hipossuficiente após o divórcio. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-ago-
18/opiniao-lei-assegura-direitos-parte-hipossuficiente-
divorcio#:~:text=Com%20a%20ruptura%20do%20matrim%C3%B4nio,sempre%20atuou%20co
mo%20seu%20provedor). Acesso em: 28 abr. 2023.
23
STJ. Exoneração de pensão alimentícia não depende só de prova sobre necessidade e
possibilidade. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Exoneracao-de-pensao-
alimenticia-nao-depende-so-de-prova-sobre-necessidade-e-possibilidade.aspx. Acesso em: 26
abr. 2023.
24
DELGADO, Mário Luiz. Pensão Alimentícia entre cônjuges é categoria em extinção.
Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2017-jul-26/mario-delgado-pensao-alimenticia-entre-conjuges-
extincao. Acesso em: 28 abr. 2023.
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele,
de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem prejuízo de seu sustento.
Conforme Carlos Alberto Dabus Maluf:
“Vê-se dessa forma que está presente o binômio necessidade de um versus
possibilidade do outro, reforçando o fato de que a ideia do instituto não é a
exploração do próximo, em decorrência da falta de trabalho volitivo ou esforço
pessoal de uma das partes, mas sim a proteção da vida daquele que se
encontra impossibilitado de prover o sustento pessoal por motivo de doença,
incapacidade para o trabalho ou idade avançada. Logo, é necessário que o
alimentante disponha de recursos econômicos para fazer jus à prestação
alimentar, sem que haja prejuízo ao seu próprio sustento” 25.
Assim, quando o alimentante possuir apenas os recursos indispensáveis à
própria subsistência não há falar em prestação alimentar.
Alimentos gravídicos
Em 2008 foi editada a Lei n. 11.804 para disciplinar o direito da gestante de
receber alimentos e a forma de seu exercício.
Antes do advento da lei, já se reconhecia a possibilidade de o nascituro atuar
em juízo em prol de seus interesses; a jurisprudência há tempos vinha
admitindo, em seu favor, formas de proteção não expressamente previstas na
lei.
Para Enio Zuliani, com a lei:
“[...] a família se fortalece contra o abandono precoce e, ainda que não seja
alentador, vale a pena apostar que o futuro cidadão protegido pela nova lei,
sentindo que o Direito, ao contrário do pai biológico que resistiu ao dever de
25
MALUF, Carlos Alberto Dabus. Curso de Direito de família. Ed. Saraiva. 2º ed.2018.
26
ZULIANI, Enio Santarelli. Alimentos. Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, n.
29, mar.-abr. 2009.
27
MALUF, Carlos Alberto Dabus. Curso de Direito de Família. 2º ed. Saraiva.2018.
Cabe aos pais o direito de estar com os seus filhos, para cuidá-los e vigiá-los,
e, em contrapartida, têm os filhos a obrigação de viver em casa com seus
progenitores, sendo dever dos pais dirigir a formação da sua prole,
encaminhando-a para a futura vida adulta e social28.
Durante o casamento , o poder familiar e a guarda são exercidos pelos pais,
mas com ruptura do convívio entre os genitores, ou a sua inexistência, é
necessário a definição da guarda legal da criança, respeitando o melhor
interesse do menor, podendo ser compartilhada (como regra) ou unilateral
(excepcionalmente).
Conforme Paulo Lobo:
“A separação dos cônjuges ou companheiros não deve significar
automaticamente a separação de pais e filhos. O princípio do melhor interesse
da criança trouxe-a ao centro da tutela jurídica, prevalecendo os seus
interesses sobre o dos pais em conflito” 29.
28
MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família, 5ª Edição, Editora Forense, 2013.
29
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11 º ed.São Paulo. Saraiva, 2021.
30
STJ, REsp 1.877.358-SP, TERCEIRA TURMA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgamento
4/5/2021, DJe 6/5/2021.
estados ou, até mesmo, países diferentes, máxime tendo em vista que, com o
avanço tecnológico, é plenamente possível que, a distância, os pais
compartilhem a responsabilidade sobre a prole, participando ativamente das
decisões acerca da vida dos filhos”.
Prevalece, nesse sentido, o princípio do melhor interesse da criança, que tem o
direito de ser cuidado tanto pelo pai quanto pela mãe, de receber influências
tanto maternas quanto paternas, para que se desenvolva, para que sua
personalidade se forme e para que se construa como sujeito de direitos.
A guarda deve ser estabelecida de acordo com o melhor interesse da criança,
garantindo-lhe o desenvolvimento pleno e saudável dentro da convivência
familiar com ambos os genitores.
Divórcio extrajudicial
A Lei nº 11.441, de 4.01.2007, incluiu no ordenamento jurídico o divórcio
indireto e o direto extrajudicial. Com efeito, dentre outras modificações,
acrescentou ao Código de Processo Civil de 1973 o art. 1.124-A, que tratava
desta modalidade de realização do divórcio.
O CPC/2015 contempla o divórcio consensual, juntamente com a separação
consensual e a extinção consensual da união estável em seu art. 733: “O
divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união
estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos
legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as
disposições de que trata o art. 731”.
Embora a lei diga que não pode ser efetuado o divórcio extrajudicial com filhos
menores há essa possibilidade, desde que as ações judiciais sejam
previamente realizadas, dirimindo as questões sobre a guarda, pensão,
alimentos e convivência. Nesse sentido, encontra-se o provimento 40/2012,
Capítulo XIV, item 86.1 da Corregedoria de São Paulo, que dispõe:
31
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11 º ed.São Paulo. Saraiva, 2021.
Divórcio unilateral
Podemos conceituar o divórcio unilateral ou impositivo como um ato de ruptura
conjugal efetuado por uma das partes sem o consentimento da outra, no qual
o solicitante pode efetuar o pedido a qualquer momento.
Dessa forma, é possível que seja realizado o divórcio unilateral com a
manifestação de vontade de apenas um dos cônjuges em se divorciar,
diretamente perante o Ofício de Registro Civil32.
Maria Berenice Dias, ao comentar sobre o assunto, esclarece que, por se tratar
de um direito potestativo, “não é necessária a concordância do par para a sua
decretação. Basta haver o desejo de somente um dos cônjuges, que não
precisa justificar o pedido, para buscar o divórcio via ação judicial”33.
Para Flávio Tartuce, reconhecido o divórcio como um direito potestativo, “não
há como haver resistência da outra parte, que se encontra em estado de
sujeição”. A única opção do outro cônjuge é aceitar e sujeitar-se ao direito
daquele que deseja o divórcio”.34
Conforme vêm reconhecendo doutrina e jurisprudência, desde a alteração
constitucional, o divórcio passou a consubstanciar verdadeiro direito potestativo
de quaisquer dos cônjuges, passível de exercício de maneira incondicionada,
dependente, tão só, do querer íntimo dos consortes, ou de atribuição do
culpado pelo fim do relacionamento”.35
Nesse sentido, está a jurisprudência:
DIVÓRCIO – Decretação antecipada por decisão parcial de mérito,
prosseguindo-se o feito em relação à controvertida partilha de bens –
Insurgência de um dos cônjuges, sob alegação de risco de prejuízo patrimonial
32
ROMERO, Leonardo Dalto. Divórcio unilateral extrajudicial. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/artigos/1759/Div%C3%B3rcio+unilateral+extrajudicial Acesso em: 28 abr.
2023
33
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 12. ed. Salvador: JusPodvim, 2021.
34
TARTUCE, Flávio. Direito civil. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. v. 5: Direito de
família.
35
REsp. 1.782.820-MG. Relatora Ministra Nancy Andrighi. DJ de 07.05.2019.
36
Agravo de Instrumento nº 2190994-53.2020.8.26.000. Relator: Álvaro Passos, 2ª Câmara de
Direito Privado. Data da publicação: 23.09.2020.
37
TJ-MG - AI: 10000205885007001 MG, Relator: Alexandre Victor de Carvalho, Data de
Julgamento: 07/12/2021, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
09/12/2021
38
TJ-DF 07204488320208070000 - Segredo de Justiça 0720448-83.2020.8.07.0000, Relator:
EUSTÁQUIO DE CASTRO, Data de Julgamento: 08/10/2020, 8ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 23/10/2020 . Pág.: Sem Página Cadastrada.
39
ROMERO, Leonardo Dalto. Divórcio unilateral extrajudicial. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/artigos/1759/Div%C3%B3rcio+unilateral+extrajudicial Acesso em: 28 abr.
2023
40
Ibidem.
41
Ibidem.
42
Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/137242.
Acesso em 28 abr. 2023.
002196-40.2022.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Dissolução
Relator(a): Clara Maria Araújo Xavier
43
DELGADO, Mário Luiz. SIMÃO, José Fernando. Impedir a declaração unilateral de
divórcio é negar a natureza das coisas. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mai-
19/processo-familiar-barrar-declaracao-unilateral-divorcio-negar-natureza-coisas Acesso em 28
abr. 2023.
1045296-11.2018.8.26.0224
Classe/Assunto: Apelação Cível / Dissolução
Relator(a): José Rubens Queiroz Gomes
Comarca: Guarulhos
Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 13/04/2022
Data de publicação: 13/04/2022
Ementa: APELAÇÃO. Ação de DIVÓRCIO c.c guarda e alimentos. Sentença
de parcial procedência. Inconformismo da parte autora. Pretensão de
majoração da obrigação ao filho menor. Obrigação alimentar para o caso de
emprego formal fixada com equilíbrio e em atenção ao binômio
1008639-71.2020.8.26.0007
Classe/Assunto: Embargos de Declaração Cível / Dissolução
Relator(a): Carlos Alberto de Salles
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 3ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 13/04/2022
Data de publicação: 13/04/2022
Ementa: Divórcio. ARBITRAMENTO DE ALUGUÉIS PELO USO EXCLUSIVO
DE BEM COMUM. Insurgência em face de acórdão em apelação. ERRO
MATERIAL. Não verificação. Pretensão manifestamente infringente.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1008272-78.2020.8.26.0223
Classe/Assunto: Apelação Cível / Partilha
Relator(a): Rui Cascaldi
Comarca: Guarujá
Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 11/04/2022
Data de publicação: 11/04/2022
Ementa: PARTILHA DE BENS – Ação julgada procedente pelo juízo originário
– Inconformismo manifestado pela autora – Juízo originário que entendeu por
bem determinar que o débito do financiamento do imóvel fica partilhado
igualmente, cabendo a cada parte o pagamento de metade das parcelas com
vencimento em data posterior ao divórcio – Alegação recursal no sentido de
que não se pode conceber uma dívida em comum por tantos anos em uma
sociedade conjugal desfeita - Cabimento – Partilha que deve abranger apenas
1041786-54.2017.8.26.0602
Classe/Assunto: Embargos de Declaração Cível / Dissolução
Relator(a): Edson Luiz de Queiróz
Comarca: Sorocaba
Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 08/04/2022
Data de publicação: 08/04/2022
Ementa: Embargos de declaração em apelação cível. Ação de divórcio c.c.
partilha de bens. Sentença de parcial procedência com decreto do divórcio
do casal, retorno da autora ao uso do nome de solteira e para determinar a
partilha de bens. Irresignação de ambas as partes. Recurso da autora não
provido, com determinação, e recurso do réu parcialmente provido. Oposição
de aclaratórios sob alegação de omissão, pois não enfrentados expressamente
os precedentes do STJ e do TJSP apontados. Não ocorrência de vícios.
Configuração de pretensão de reanálise do julgado. Ausentes as hipóteses
capituladas no artigo 1.022 do CPC/2015. Prequestionamento. Não há violação
direta e frontal a dispositivos legais e constitucionais. Matéria discutida
considerada prequestionada. Embargos rejeitados.
2198328-07.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Dissolução
Relator(a): José Aparício Coelho Prado Neto
Comarca: São José do Rio Preto
2293413-20.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Casamento
Relator(a): Alexandre Marcondes
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 22/02/2022
Data de publicação: 22/02/2022
Ementa: Agravo de instrumento. Ação de Divórcio c.c. partilha de bens,
regulamentação de guarda, alimentos e visitas. Decretação liminar do divórcio.
Possibilidade (E.C. nº 66/2010). Direito potestativo da parte. Agravada que
expressamente concordou com o pedido de divórcio. Decisão reformada.
Recurso provido.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 14ª ed. São Paulo:
Ed. Juspodivm, 2020.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume 5, 38º ed. São
Paulo, Saraiva, 2021.
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11º ed. São Paulo. Saraiva, 2021
MADALENO, ROLF. OBRIGAÇÃO, DEVER DE ASSISTÊNCIA E ALIMENTOS
TRANSITÓRIOS. Disponível em:
https://www.rolfmadaleno.com.br/web/artigo/obrigacao-dever-de-assistencia-e-
alimentos-transitorios. Acesso em 28 abr. 2023.
VILLAS BOAS, Renata Malta. O divórcio pode ser concedido sem que haja
prévia partilha de bens. http://estadodedireito.com.br/o-divorcio-pode-ser-
concedido-sem-que-haja-previa-partilha-de-bens/. Acesso em 28 abr. 2023.
44
NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Leis Civis e Processuais Civis
Comentadas. 4ª ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2015.
45
MIGALHAS. Análise objetiva das principais alterações advindas do Estatuto da Pessoa
com Deficiência (lei 13.146/15). Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/275942/analise-objetiva-das-principais-alteracoes-
advindas-do-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia--lei-13-146-15. Acesso em: 28 abr. 2023.
46
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto
da Pessoa com Deficiência: comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 25.
47
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias, 2ª ed. Forense, 2020.
48
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto
da Pessoa com Deficiência: comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2018.
49
VELOSO, Zeno. Estatuto da pessoa com deficiência: Uma nota crítica. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/estatuto-da-pessoa-com-deficiencia-uma-nota-
critica/338456458 . Acesso em: 28 abr. 2023.
50
Ibidem.
51
MIGALHAS. Análise objetiva das principais alterações advindas do Estatuto da Pessoa
com Deficiência (lei 13.146/15). Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/275942/analise-objetiva-das-principais-alteracoes-
advindas-do-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia--lei-13-146-15. Acesso em: 28 abr. 2023.
52
Idem.
53
LÔBO. Paulo. Direito Civil, Famílias. 7º ed, Saraiva, 2017.
54
GAGLIANO, Pablo Stolze. É o fim da interdição? Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/e-o-fim-da-interdicao-artigo-de-pablo-stolze-
gagliano/304255875 Acesso em: 28 abr. 2023.
55
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias, 2ª ed. Forense, 2020.
56
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto
da Pessoa com Deficiência: comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2018.
Capacidade civil
O art. 6o, caput, da Lei n. 13.146/2015 institui que “a deficiência não afeta a
plena capacidade civil da pessoa”, enquanto o art. 84, caput, da mesma lei,
57
Ibidem.
58
Ibidem.
59
LEITE, Flávia Piva de Almeida Coord. Comentários ao Estatuto da Pessoa com
Deficiência – Lei n. 13.146/2015 / 2. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
60
Cf. PALACIOS, Agustina; KRAUT, Alfredo Jorge. Artículos 31 a 50. In: LORENZO, Miguel
Federico de; LORENZETTI, Pablo (Coords.). Código Civil y Comercial de la Nación
comentado. Buenos Aires: Rubinzal – Culzoni Editores, 2014, p. 126-128
Da Curatela
De acordo com a doutrina, o instituto da curatela destina-se a suprir a
incapacidade das pessoas para a prática de atos da vida civil, protegendo os
incapazes maiores ou emancipados, que são representados por um curador.
Assim, a curatela é um encargo conferido a alguém, para ter sob a sua
responsabilidade uma pessoa maior de idade, que não pode reger sua vida
sozinha e, em especial, administrar os seus bens62.
Sendo assim, com o advento da Lei n. 13.146/2015 a curatela passou a ser
"medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às
circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível", restringindo-se
aos "atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial" (art. 84,
§ 3º e art. 85, caput).
61
LEITE, Flávia Piva de Almeida Coord. Comentários ao Estatuto da Pessoa com
Deficiência – Lei n. 13.146/2015 / 2. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
62
MADALENO, Rolf. Direito de família. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 1793.
Definição
Para Rodrigo da Cunha Pereira:
“ Do Direito Romano curare, cuidar, olhar, velar. É um dos institutos de
proteção aos incapazes , compondo uma trilogia assistencial, ao lado da tutela
e do poder familiar, guarda. É o encargo conferido judicialmente a alguém para
que zele pelos interesses de outrem, que não pode administrar seus bens e
direitos em razão de sua incapacidade ou uma insanidade permanente ou
temporária, que inviabiliza o discernimento, entendimento e compromete o
elemento volitivo do sujeito”63.
O sujeito passivo é indivíduo maior de 18 (dezoito) anos, incapaz para os atos
da vida civil, elencados no rol do art. 1.767, do CC, ou seja, aqueles que, por
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, os ébrios
habituais, os viciados em tóxicos e os pródigos.
Para Rolf Madaleno:
“São características da curatela: caráter publicista, ou seja, o Estado dever
zelar pelos interesses dos incapazes; é medida assistencial; objetiva suprir a
capacidade do curatelado, ou melhor, quando a incapacidade não pode ser
suprida pelos pais ou pela tutela; não é definitiva, mas sim temporária, uma vez
que só pode perdurar enquanto houver a necessidade; certeza da
incapacidade, quer dizer, somente pode ser decretada por meio de
procedimento judicial”64.
Podem ser curadores as pessoas que tenham relação direta com o curatelado,
tal como seus pais, irmãos, cônjuge e filhos. Na ausência deles, o Ministério
Público poderá suprir a ausência65.
63
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de Família e Sucessões Ilustrado.2º ed, Ed.
Saraiva 2017.
64
MADALENO, Rolf. Direito de família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
65
Diferença entre Curatela e Tutela. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/diferenca-entre-curatela-e-tutela/830113094 Acesso em:
28 abr. 2023.
66
MADALENO, Rolf. Manual de Direito de Família. Forense: 2017, p. 524.
67
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14ª ed. Juspodivum, 2020.
68
MADALENO, Rolf. Direito de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
69
OLIVEIRA, Rogerio Alvarez de. O exercício da curatela e os deveres e obrigações do
curador. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jan-07/mp-debate-exercicio-curatela-
deveres-obrigacoes-curador Acesso em: 28 abr. 2023.
Curatela Especial
O Código Civil de 2002, inovou ao trazer o que chamamos de curatela
especial, tendo como sujeito passivo: primeiramente, o nascituro até o
nascimento na hipótese do pai ser falecido e a mãe não deter o poder
familiar, se não houver poder familiar com o nascimento passará a ser
tutelado, pelo art. 1.779 do CC72.
Além da curatela do nascituro, prevê o CC (arts 22 à 25) nomeação de
curador ao ausente que desapareceu de seu domicílio sem deixar notícia ou
representante para administrar os seus bens, até o ausente retornar ou a
seus herdeiros. Esta curadoria objetiva a administração dos bens do ausente.
70
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14ª ed. Juspodivum, 2020.
71
OLIVEIRA, Rogerio Alvarez de. O exercício da curatela e os deveres e obrigações do
curador. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jan-07/mp-debate-exercicio-curatela-
deveres-obrigacoes-curador Acesso em: 28 abr. 2023.
72
BÔAS, Camila Nunes Villas. Tutela e Curatela. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/tutela-e-
curatela/535334021#:~:text=O%20C%C3%B3digo%20Civil%20de%202002,houver%20poder%
20familiar%20com%20o Acesso em: 28 abr. 2023.
escolher mais de uma pessoa como curador. Também o juiz pode nomear mais
de um curador. É uma forma de suavizar o árduo trabalho com o exercício da
curatela e dividir responsabilidades. A tomada de decisão apoiada pode ser
determinada judicialmente, para a prática de determinado negócio jurídico, o
que não se pode chamar de curatela” 73.
O mandato cessa com a curatela ou do mandante ou do mandatário (CC 682
II). No entanto, apesar do silêncio legal, vem sendo sustentada a possibilidade
da outorga de mandato permanente ou procuração preventiva, que recebe o
nome de autotutela: uma pessoa capaz firma uma declaração de vontade para
quem, diante de uma situação de incapacidade, previsível ou não, organize sua
futura curatela.
A autocuratela permite que a pessoa designe quem gostaria que a protegesse
e cuidasse.
Segundo Thaís Câmara Maia Fernandes Coelho:
“A autocuratela é o instrumento que possibilita uma pessoa capaz, mediante
um documento apropriado, deixar de forma preestabelecida questões
patrimoniais e existenciais de forma personalizada, para serem implementadas
em uma eventual incapacidade como, por exemplo, um coma. Segundo ela, a
autocuratela é uma forma de evitar conflitos, pois impediria as discussões
judiciais entre familiares sobre quem seria o melhor curador para aquele
incapaz” 74.
Já para Nelson Rosenvald:
“o raio da autocuratela como negócio jurídico atípico, amplia o seu perímetro
em dois pontos: primeiro, as diretivas antecipadas são apropriadas para a
manifestação de orientações futuras quanto aos cuidados quanto à saúde do
73
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14ª ed. Juspodivum, 2020.
74
COELHO, Thaís Câmara Maia Fernandes. Autocuratela evita discussões entre familiares.
Disponível em:
http://ibdfam.org.br/noticias/6078/Autocuratela+evita+discuss%C3%B5es+judiciais+entre+famili
ares. Acesso em 28 abr. 2023.
paciente, porém, pode não ser interpretado como o espaço adequado para que
alguém exteriorize as suas preocupações quanto a questões afetivas e
existenciais, que envolvam a sua intimidade ou o espaço familiar de
privacidade; segundo, a autocuratela na versão mais ampla da CDPD permite a
pessoa não apenas a programação futura de sua esfera existencial, como
também lhe faculta a organização e administração de sua dimensão
patrimonial, mesmo que esse enfoque econômico seja acessório, no sentido de
que a escolha de um curador que eficazmente zele pela manutenção de um
certo padrão de vida será a garantia de que o curatelado preservará o seu
padrão financeiro e, consequentemente, terá acesso a um tratamento
condigno. Evidentemente, ao tempo que as condições psíquicas da pessoa
demonstrem a necessidade da curatela, o projeto pessoal será submetido a um
controle de legitimidade em dois níveis: primeiro, abstratamente será aferido se
o conteúdo do ato de autodeterminação não ofende o ordenamento jurídico;
segundo, concretamente será avaliado se as condições de saúde da pessoa
demandam uma correção qualitativa ou quantitativa dos limites por ela
previamente apresentados à atuação do curador” 75.
Esta possibilidade pode beneficiar pessoas idosas, que não disponham de
condições físicas, senão com muito sacrifício, de se locomover, a fim de gerir
os seus bens. A vantagem em relação à procuração consiste no fato de esta
perder sua eficácia caso o outorgante incida em alguma das causas de
curatela.
75
ROSENVALD, Nelson. Os confins da autocuratela. Disponível em:
https://www.nelsonrosenvald.info/single-post/2017/05/16/Os-confins-da-autocuratela. Acesso
em 28 abr. 2023.
Curatela e Interdição
Estabelecendo relação com a curatela apontamos que esta ocorre após a
interdição, que é o processo judicial, onde se visa apurar a incapacidade de
uma pessoa.
Contudo, vale ressaltar que muitos advogados e operadores do Direito tem
substituído o termo “ação de interdição” por “ação de curatela”, o que melhor se
coaduna com a Lei 13.146/2015.
Assim, após a declaração de interdição/curatela, a pessoa será submetida à
curatela, lhe sendo nomeado um curador.
No documento de curatela está descrito o nome do curado e os atos que
poderá realizar pelo interditado.
O procedimento para se decretar ou declarar a interdição está disciplinado a
partir do art. 747 e vai até o art. 756 do Código de Processo Civil de 2015, com
a aplicação de vários dispositivos para a curatela, que se estendem do art. 759
ao art. 763, § 2º, do mesmo diploma.
Arnaldo Rizzardo nos ensina:
“Relativamente à petição inicial, encerra o art. 749: “Incumbe ao autor, na
petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do
interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar atos da
vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou.” Havendo
urgência, o parágrafo único aponta para a possibilidade da curatela provisória:
“Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando
para a prática de determinados atos”.76
Continua Arnaldo Rizzardo:
“É de capital importância instruir a inicial com alguma prova da incapacidade,
como atestado médico, ou laudo circunstanciado, com a descrição minuciosa
do estado clínico e a conclusão sobre o tipo de doença mental. Se induvidosa
76
RIZZARDO, Arnaldo. Direitos de Família , 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
77
Ibidem.
78
Ibidem.
com os parentes, sua afetividade, sobre seu patrimônio, para que se possa
aferir, efetivamente, se é capaz de se governar.
O juiz deve formar uma ideia da realidade do interditando, lançando-a a termo
nos autos. Cabe-lhe também examinar fisionomicamente a pessoa que está à
sua frente, descrevendo o aspecto externo, as reações, a postura e outras
circunstâncias dignas de nota.
79
ROSENVALD, Nelson. A tomada de decisão apoiada. Primeiras linhas sobre o novo
modelo jurídico promocional da pessoa com deficiência. Famílias nossas de cada dia.
Anais do Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM, 2016. p. 506.
80
MADALENO, Rolf. Direito de família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022
81
REQUIÃO, Maurício. Conheça a tomada de decisão apoiada,
novo regime alternativo à curatela. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2015-set-
14/direito-civil-atual-conheca-tomada-decisao-apoiada-regime-alternativo-curatela#_ftn1
Acesso em: 28 abr. 2023.
82
VÍTOR, Paula Távora. A administração do património das pessoas com capacidade
diminuída. Coimbra: Coimbra, 2008, p.175-176.
83
REQUIÃO, Maurício. Conheça a tomada de decisão apoiada,
novo regime alternativo à curatela. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2015-set-
14/direito-civil-atual-conheca-tomada-decisao-apoiada-regime-alternativo-curatela#_ftn1
Acesso em: 28 abr. 2023.
84
Direitos de Família / Arnaldo Rizzardo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
85
REQUIÃO, Maurício. Conheça a tomada de decisão apoiada,
novo regime alternativo à curatela. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2015-set-
14/direito-civil-atual-conheca-tomada-decisao-apoiada-regime-alternativo-curatela#_ftn1
Acesso em: 28 abr. 2023.
PROCESSO
AgInt no AREsp 1809508/GO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL 2020/0337075-0
RELATOR(A)
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI (1145)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
22/11/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 25/11/2021
EMENTA
AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
PRESTAÇÃO DE CONTAS. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 84, § 4°, DO ESTATUTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO DISSOCIADA DO
ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA N. 284 DO STF. ALEGAÇÃO DE COISA
JULGADA. REEXAME FÁTICO DOS AUTOS. SÚMULA N. 7 DO STJ.
CURADOR. DEVER DE PRESTAR CONTAS.
1. O acórdão recorrido analisou todas as questões necessárias ao deslinde da
PROCESSO
REsp 1795395/MT
RECURSO ESPECIAL 2019/0029747-0
RELATOR(A)
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
04/05/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 06/05/2021
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ESTATUTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 7/STJ. AÇÃO DE INTERDIÇÃO. AUDIÊNCIA DE
PROCESSO
REsp 1927423/SP
RECURSO ESPECIAL 2020/0232882-9
RELATOR(A)
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE (1150)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
27/04/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 04/05/2021
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. CURATELA. IDOSO. INCAPACIDADE
TOTAL E PERMANENTE PARA EXERCER PESSOALMENTE OS ATOS DA
VIDA CIVIL. PERÍCIA JUDICIAL CONCLUSIVA. DECRETADA A
INCAPACIDADE ABSOLUTA. IMPOSSIBILIDADE. REFORMA LEGISLATIVA.
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. INCAPACIDADE ABSOLUTA
RESTRITA AOS MENORES DE 16 (DEZESSEIS) ANOS, NOS TERMOS DOS
ARTS. 3° E 4° DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A questão discutida no presente feito consiste em definir se, à luz das
alterações promovidas pela Lei n. 13.146/2015, quanto ao regime das
incapacidades reguladas pelos arts. 3º e 4º do Código Civil, é possível declarar
como absolutamente incapaz adulto que, em razão de enfermidade
permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens
de modo voluntário e consciente.
2262757-80.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Curatela
Relator(a): Fernanda Gomes Camacho
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 25/03/2022
Data de publicação: 25/03/2022
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO.TOMADA DE DECISÃO APOIADA.
PRESTAÇÃO DE CONTAS. Pai idoso. Obrigação de prestação de contas
devida pelo administrador de seus bens. Art. 533, caput, do CPC.
Pedido de prestação de contas que não foi genérico, prestação restritiva ao
período de administração pelo réu dos bens do genitor das
partes. Decisão mantida. Recurso não provido.
2188040-97.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Curatela
Relator(a): Alexandre Coelho
Comarca: Limeira
Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 21/03/2022
Data de publicação: 21/03/2022
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – CURATELA – TOMADA DE
DECISÃO APOIADA – PRINCÍPIO DA ELASTICIDADE – Em pedido
de curatela, deparando-se o juiz com circunstâncias indicativas do cabimento
em tese da tomada de decisão apoiada e não sobrevindo risco à pessoa com
deficiência, mostra-se cabível primeiro cogitar em conversão do processo
antes de instituir a curatela provisória, mediante aplicação do princípio da
elasticidade, segundo o qual todo modelo legal de procedimento é
suscetível de alguma modificação se o caso concreto assim recomendar - Caso
em que a se trata de pessoa com retardo mental leve aos 33 anos de idade, a
qual trabalha sob vínculo de emprego e convive afetivamente com outra
pessoa, situação na qual sua genitora pediu para ser sua curadora –
Decisão recorrida que, diante de tais circunstâncias, determinou prévia
intimação da deficiente para se manifestar sobre eventual interesse em tomada
de decisão apoiada, hipótese na qual o processo precisaria de algumas
adaptações, se convergentes os interesses das partes – Inconformismo da
autora – Rejeição – Ausência dos requisitos legais para a instituição da
curatela provisória antes do contraditório – Artigo 300, do Código de Processo
Civil – Curatela que passou a ser medida extraordinária, limitada e temporária -
Elasticidade procedimental plenamente justificada na espécie, à luz dos
interesses tutelados na Lei Brasileira de Inclusão e na preferência legal de se
preservar ao máximo a autonomia da pessoa com deficiência -
Decisão mantida - Decisão mantida – NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO.
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11º ed. São Paulo. Saraiva, 2021
86
MADALENO, Rolf. Manual de direito de família – 4. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022.
87
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2013.
88
RIZZARDO, Arnaldo. Direitos de Família – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
89
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito de Família. São Paulo:
Max Limonad, 1947. t. 2.
90
MADALENO, Rolf. Manual de direito de família – 4. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022.
União estável
Na união estável os companheiros podem estabelecer, por meio de um
contrato escrito, qual será o regime de bens eleito para a união.
O contrato estabelecido pelos companheiros pode ser feito por instrumento
particular ou instrumento´público, sendo que nele os contratantes são livres
para estabelecer sobre os seus bens, desde que estas regras não contrariem
disposições absolutas da lei (art. 1.655, CC).
Na falta de um pacto aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o
regime da comunhão parcial de bens, consoante norma expressa do art. 1.725
do CC: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-
91
ARAÚJO JÚNIOR, Gediel Claudino. Prática no direito de família 13. ed. São Paulo: Atlas,
2021.
92
PEREIRA, Sérgio Gischkow. Direito de Família: aspectos do casamento, sua eficácia,
separação, divórcio, parentesco, filiação, regime de bens, alimentos, bem de família,
união estável, tutela e curatela. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
93
ARAÚJO JÚNIOR, Gediel Claudino. Prática no direito de família 13. ed. – São Paulo: Atlas,
2021.
94
STJ, AREsp 1.631.112.
Reza o art. 1.571 do Código Civil: “A sociedade conjugal termina:I – pela morte
de um dos cônjuges;II – pela nulidade ou anulação do casamento;III – pela
separação judicial;IV – pelo divórcio.”
95
IBDFAM. STJ: Definição de regime de bens em união estável por escritura pública não
retroage; especialistas comentam. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/noticias/9432/STJ%3A+Defini%C3%A7%C3%A3o+de+regime+de+bens+e
m+uni%C3%A3o+est%C3%A1vel+por+escritura+p%C3%BAblica+n%C3%A3o+retroage%3B+
especialistas+comentam Acesso em: 28 abr. 2023.
96
Idem.
97
RIZZARDO, Arnaldo. Direitos de Família – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
Pacto Antenupcial
Antes de celebrado o casamento, aqueles que pretendem casar podem
estipular por meio de um pacto antenupcial o regime que melhor atendem os
seus interesses, não podendo estipular cláusula que contravenha disposição
absoluta de lei (CC, art. 1.655)
Se não for estipulado o pacto antenupcial, vigorará entre os cônjuges o regime
da comunhão parcial (CC, art. 1.640).
98
Ibidem.
99
GOZZO, Débora. Pacto antenupcial. São Paulo: Saraiva, 1992.
100
BONILHA, Natalia. Os benefícios dos pactos pré e pós-nupcial. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2021-out-29/natalia-bonilha-beneficios-pactos-pre-pos-nupcial.
Acesso em: 29 abr. 2023.
Pacto pós-nupcial
O pacto pós nupcial é realizado posteriormente ao casamento como no caso
da mudança do regime de bens vigente, mediante autorização judicial.
Além da utilização nos casos de alteração no regime de bens, importante
ressaltar a possibilidade de utilização dos pactos pós-nupciais para casos de
retificação de registro civil, em que houve erro material no registro específico.
O nosso CC aponta o pacto pós-nupcial se encontra nso art. 1.639,§2º do
CC/02 e no art. 734 do CPC.
Considerando a falta de previsão legislativa, o pacto pós-nupcial poderá ser
lavrado após autorização judicial específica. É o que determinou o Superior
Tribunal de Justiça no julgamento do Recuso Especial – RESP101 1300205: “o
pacto pós-nupcial […] em nossa legislação, depende de aprovação do Poder
Judiciário para que seja válido.” 102
101
SUPERIOR Tribunal de Justiça. REsp 1300205. Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA. Data da Publicação20/04/2015. Disponível em: stj.jus.br. Acesso em: 01/05/2022.
102
Artigo – O pacto pós-nupcial: para, após autorização judicial, estabelecer o regime de
bens que constará na transcrição de casamento celebrado na Inglaterra. Disponível em:
https://recivil.com.br/artigo-o-pacto-pos-nupcial-para-apos-autorizacao-judicial-estabelecer-o-
regime-de-bens-que-constara-na-transcricao-de-casamento-celebrado-na-inglaterra/ Acesso
em: 29 abr. 2023.
103
MIGALHAS. STJ: Mudança no regime de bens do casamento tem efeito retroativo.
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/quentes/385402/stj-mudanca-no-regime-de-bens-
do-casamento-tem-efeito-retroativo Acesso em: 29 abr. 2023.
104
Ibidem.
PROCESSO
REsp 1922347/PR
RECURSO ESPECIAL 2021/0040322-7
RELATOR(A)
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
07/12/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 01/02/2022 REVJUR vol. 533 p. 143
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. UNIÃO ESTÁVEL SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO
OBRIGATÓRIA DE BENS. COMPANHEIRO MAIOR DE 70 ANOS NA
OCASIÃO EM QUE FIRMOU ESCRITURA PÚBLICA. PACTO
ANTENUPCIAL AFASTANDO A INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 377 DO STF,
IMPEDINDO A COMUNHÃO DOS AQUESTOS ADQUIRIDOS
ONEROSAMENTE NA CONSTÂNCIA DA CONVIVÊNCIA. POSSIBILIDADE.
MEAÇÃO DE BENS DA COMPANHEIRA. INOCORRÊNCIA. SUCESSÃO DE
BENS. COMPANHEIRA NA CONDIÇÃO DE HERDEIRA. IMPOSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE REMOÇÃO DELA DA INVENTARIANÇA.
1. O pacto antenupcial e o contrato de convivência definem as regras
econômicas que irão reger o patrimônio daquela unidade familiar, formando o
estatuto patrimonial - regime de bens - do casamento ou da união estável, cuja
regência se iniciará, sucessivamente, na data da celebração do matrimônio ou
no momento da demonstração empírica do preenchimento dos requisitos da
união estável (CC, art. 1.723).
2. O Código Civil, em exceção à autonomia privada, também restringe a
PROCESSO
REsp 1888242/PR
RECURSO ESPECIAL 2020/0197101-1
RELATOR(A)
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
29/03/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 31/03/2022
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
EMENTA. TRANSCRIÇÃO. COTEJO ANALÍTICO. FALTA. BEM IMÓVEL.
ACESSÃO. BENFEITORIA. PRESUNÇÃO LEGAL JURIS TANTUM.
CONJUGE VARÃO. CAUSA. PECULIARIDADE. COPROPRIETÁRIO.
TERCEIRO. UNIÃO CONJUGAL. COMUNHÃO PARCIAL DE
BENS. INTERRUPÇÃO. ÔNUS DA PROVA. DESLOCAMENTO. TEORIA DA
CARGA DINÂMICA. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. Cinge-se a controvérsia a definir se a atribuição dinâmica do ônus probatório
acerca da realização de acessões/benfeitorias em imóvel de propriedade do
cônjuge varão, objeto de eventual partilha em ação de divórcio, pode afastar a
presunção do art. 1.253 do Código Civil de 2002 ("Toda construção ou
plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua
custa, até que se prove o contrário.").
3. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem
motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a
aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido
pretendido pela parte.
4. A divergência jurisprudencial com fundamento na alínea "c" do permissivo
constitucional requisita comprovação e demonstração, esta, em qualquer caso,
com a transcrição dos trechos dos acórdãos que configurem o dissídio,
mencionando-se as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
PROCESSO
EDcl no AgInt no AREsp 640912 / DF
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL
2014/0345360-8
RELATOR(A)
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI (1145)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
22/11/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 25/11/2021
EMENTA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. SUCESSÃO. REGIME DE
BENS.
CÔNJUGE. CONDIÇÃO DE HERDEIRO. RECONHECIMENTO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, o cônjuge, qualquer que
seja o regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário.
2. A exceção prevista no artigo 1.641 do Código Civil refere-se ao regime de
separação legal de bens, nos casos em que há concorrência com
descendentes.
3. Embargos de declaração acolhidos.
PROCESSO
AgInt nos EDcl no AREsp 1875691 / PR
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL
2021/0110277-9
RELATOR(A)
Ministro RAUL ARAÚJO (1143)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
14/03/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 25/03/2022
EMENTA
DIREITO CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO
E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. REQUISITOS PARA
UNIÃO ESTÁVEL NÃO EVIDENCIADOS. MODIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 7/STJ. QUALIFICAÇÃO COMO UNIÃO ESTÁVEL/FAMÍLIA
PARALELA. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO DE ACORDO COM A
JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. "A jurisprudência do STJ e do STF é sólida em não reconhecer como união
estável a relação concubinária não eventual, simultânea ao casamento, quando
não estiver provada a separação de fato ou de direito do parceiro casado"
(AgRg no AREsp 748.452, Relator Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 23/2/2016, DJe de 7/3/2016).
2. Na hipótese, o Tribunal de origem concluiu que "não se pode afirmar que a
convivência entre o falecido e a demandante era socialmente reconhecida e
tinha o objetivo de constituição de uma família, quando a própria autora sabia
que ele possuía uma família constituída, embora aqui o negue, o que torna
ausente o requisito da fidelidade, igualmente importante para caracterizar a
união estável, ainda mais quando a infidelidade era de conhecimento da
apelante".
3. A pretensão de modificar o entendimento firmado, acerca da ausência dos
requisitos para a configuração da união estável, demandaria o
revolvimento do acervo fático-probatório, o que é inviável em sede de recurso
especial, nos termos da Súmula 7/STJ.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11º ed. São Paulo. Saraiva, 2021
Introdução
A união estável sempre foi reconhecida como um fato jurídico e no mundo
contemporâneo assume um papel relevante como entidade familiar na
sociedade brasileira.
A primeira norma a tratar do assunto foi o Decreto-lei 7.036/1944, que
reconheceu a companheira como beneficiária da indenização no caso de
acidente de trabalho de que foi vítima o companheiro.
A Constituição Federal de 1988 veio efetivamente reconhecer, no seu art. 226,
§ 3.º, a união estável, nos seguintes termos: “para efeito de proteção do
Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento”.
Definição
O Prof. Rodrigo da Cunha Pereira nos dá um conceito de união estável, como
sendo, “a relação afetivo-amorosa entre um homem e uma mulher, não
adulterina e não incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo sob o
mesmo teto ou não, constituindo família sem vínculo do casamento civil”105 .
Já para Álvaro Villaça de Azevedo, a união estável é: “A convivência não
adulterina nem incestuosa, duradoura, pública e contínua, de um homem e de
uma mulher, sem vínculo matrimonial, convivendo como se casados fossem,
sob o mesmo teto ou não, constituindo, assim, sua família de fato”106.
105
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias, 2ª ed. Ed. Forense, 2020.
106
Azevedo, Álvaro Villaça. União Estável, artigo publicado na revista advogado nº 58,
AASP, São Paulo, Março/2000.
107
Pizzolante, Francisco Eduardo Orciole Pires e Albuquerque. União Estável no sistema
jurídio brasileiro. São Paulo: Atlas, 1999.
108
MADALENO, Rolf. Manual de direito de família. 4. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022.
109
OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União estável: do concubinato ao casamento: antes
e depois do novo código civil. São Paulo: Método, 2003.
110
MADALENO, Rolf. Curso de Direito de família. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
111
Cahali, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. São Paulo: Saraiva,
2002.
112
FILHO, Washington Luiz Gaiotto. A União Estável no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-uniao-estavel-no-ordenamento-juridico-
brasileiro/111589809 Acesso em: 29 abr. 2023
113
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e União estável. 9º ed. Saraiva, 2016.
114
FILHO, Washington Luiz Gaiotto. A União Estável no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-uniao-estavel-no-ordenamento-juridico-
brasileiro/111589809 Acesso em: 29 abr. 2023
de tal sorte que, se nela inexistir, a convenção não produz os efeitos nela
projetados” 115.
A eleição de um regime patrimonial, através do contrato de convivência, define
as regras entre o casal, reduzindo as possibilidades de conflitos e aumentando
o seu nível de resolução.
É válido relatar que esta modalidade de contrato não exige muitas
formalidades quanto à sua celebração. A única exigência legal é de que o
contrato seja escrito.
No contrato de convivência os companheiros podem dispor de tudo, desde que
não contrariando as normas legais.
Sobretudo, em se tratando de um contrato, como tal deverá observar as regras
e princípios gerais dos contratos para que gere os seus legais e jurídicos
efeitos.
Para o prof. Francisco José Cahali,
"além das regras gerais de validade dos atos jurídicos, por ser uma contratação
específica com fim determinado (regulamentação contratual dos efeitos
decorrentes da união estável), o contrato de convivência submete-se a
elementos essenciais próprios, especialmente considerados que a
caracterização da relação representada requisito essencial de eficácia do
pacto" 116.
Já de acordo com a Profª. Maria Berenice Dias:
“O contrato obrigatoriamente terá efeito retroativo, em relação à existência da
união estável, o que não retroage é o regime de bens quando é eleito outro
regime que não seja o da comunhão parcial de bens. Não há possibilidade de
ser atribuído efeito retroativo a regime de bens mais restritivo, por afrontar
115
CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. São Paulo:
Saraiva, 2002.
116
Ibidem.
117
DIAS, Maria Berenice, Manual de Direito das Famílias. 2021
118
Famílias simultâneas e seus efeitos jurídicos. Disponível em:
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/55873/famlias-simultneas-e-seus-efeitos-
jurdicos Acesso em: 29 abr. 2023
119
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes; TARTUCE, Flávio. FAMÍLIAS PARALELAS.
VISÃO ATUALIZADA. Revista Pensamento Jurídico, São Paulo, vol. 13, n. 2, jul./dez. 2019.
120
TRF-3 – ApCiv: 00087679520114039999 SP, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL
INÊS VIRGÍNIA, Data de Julgamento: 24/06/2019, SÉTIMA TURMA, Data de Publicação: e-
DJF3 Judicial 1 DATA:04/07/2019
121
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo; RODRIGUES, Renata de Lima. O direito das famílias
entre a norma e a realidade. São Paulo: Atlas, 2010. p. 137.
PROCESSO
REsp 1916031/MG RECURSO ESPECIAL
2021/0009736-8
RELATOR(A)
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
03/05/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 05/05/2022
EMENTA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL CUMULADA
COM PARTILHA. OMISSÃO E ERRO DE FATO. INOCORRÊNCIA. ERRO DE
FATO QUE, AINDA QUE EXISTENTE, NÃO FOI DECISIVO AO RESULTADO
DO JULGAMENTO. ACÓRDÃO SUSTENTADO EM OUTROS FATOS E
PROVAS. ALEGADA UNIÃO ESTÁVEL PARALELA AO CASAMENTO.
PARTILHA NO FORMATO DE TRIAÇÃO. INADMISSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL QUE PRESSUPÕE AUSÊNCIA
DE IMPEDIMENTO AO CASAMENTO OU SEPARAÇÃO DE FATO.
PROCESSO
REsp 1963885/MG
RECURSO ESPECIAL 2021/0243045-2
RELATOR(A)
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
03/05/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 05/05/2022
EMENTA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO PRINCIPAL DE
ALIMENTOS, RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL E
PARTILHA DE BENS. AÇÃO DE OPOSIÇÃO. PRETENSÃO DE
RECONHECIMENTO DA PROPRIEDADE SOBRE IMÓVEL QUE SE
PRETENDE SEJA PARTILHADO ENTRE OS CONVIVENTES. PEDIDO DE
IMISSÃO NA POSSE. POSSIBILIDADE. DECORRÊNCIA LÓGICA DO
ACOLHIMENTO DO PEDIDO FORMULADO NA OPOSIÇÃO. INEXISTÊNCIA
DE DISCUSSÃO SOBRE DIREITO POSSESSÓRIO, A SER TRATADA EM
AÇÃO AUTÔNOMA. INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
INTERESSE DE INCAPAZ. INOCORRÊNCIA. MERO INTERESSE INDIRETO
OU MEDIATO DO INCAPAZ QUE NÃO É LEGITIMADO A FIGURAR COMO
PARTE OU INTERVENIENTE NO PROCESSO. DISCUSSÃO RESTRITA À
PARTILHA DE BENS ENTRE OS GENITORES. AUSÊNCIA DE DIREITO
PRÓPRIO DO INCAPAZ. SENTENCIAMENTO DA OPOSIÇÃO
PREVIAMENTE E EM SEPARADO DA AÇÃO PRINCIPAL. POSSIBILIDADE.
PROCESSO
EDcl no AgInt no REsp 1951698 / RS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL 2021/0238653-9
RELATOR(A)
Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116)
ÓRGÃO JULGADOR
T2 - SEGUNDA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
11/04/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 18/04/2022
EMENTA
PROCESSO CIVIL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA E
CONDENATÓRIA. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL E INCLUSÃO
DA AUTORA COMO BENEFICIÁRIA DE PENSÃO POR ÓBITO. RECURSO
ESPECIAL. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE
INDICAÇÃO PRECISA DO DISPOSITIVO DE LEI OBJETO DE
DIVERGÊNCIA. SÚMULA N. 284 DO STF. AGRAVO INTERNO. DECISÃO
MANTIDA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO.
I - Na origem, trata-se de ação declaratória e condenatória, ajuizada contra o
Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPERGS, objetivando
a declaração de existência de união estável e a inclusão da autora como
beneficiária de pensão por óbito do ex-companheiro. A sentença julgou o feito
extinto por ilegitimidade passiva em relação ao pedido declaratório e, por
prescrição, em relação à pretensão condenatória. No Tribunal a quo, foi
negado provimento ao recurso. O recurso especial foi inadmitido no STJ, e o
agravo interno interposto dessa decisão, improvido.
II - Segundo o art. 1.022 do Código de Processo Civil de 2015, os embargos de
declaração são cabíveis para esclarecer obscuridade;
7/11/2017.
VII - A pretensão de reformar o julgado não se coaduna com as hipóteses de
omissão, contradição, obscuridade ou erro material contidas no art. 1.022 do
CPC/2015, razão pela qual inviável o seu exame em embargos de declaração.
Nesse sentido: EDcl nos EAREsp n. 166.402/PE, relator Ministro Luis Felipe
Salomão, Corte Especial, julgado em 15/3/2017, DJe 29/3/2017; EDcl na Rcl n.
8.826/RJ, relator Ministro João Otávio De Noronha, Corte Especial, julgado em
15/2/2017, DJe 15/3/2017.
VIII - Cumpre ressaltar que os aclaratórios não se prestam ao reexame de
questões já analisadas com o nítido intuito de promover efeitos modificativos ao
recurso. No caso dos autos, não há omissão de ponto ou questão sobre as
quais o juiz, de ofício ou a requerimento, devia pronunciar-se, considerando
que a decisão apreciou as teses relevantes para o deslinde do caso e
fundamentou sua conclusão.
IX - Embargos de declaração rejeitados.
PROCESSO
AgInt no AREsp 1631112 / MT
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
2019/0359603-6
RELATOR(A)
Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA (1146)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
26/10/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 14/02/2022
EMENTA
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11ª ed. São Paulo. Saraiva, 2021
A guarda é um direito e um dever dos genitores de terem seus filhos sob seus
cuidados, zelando pela sua educação, alimentação e moradia.
Ainda, pode-se referir o que preceitua a ilustre Maria Berenice Dias:
“O critério norteador na definição da guarda é a vontade dos genitores. No
entanto, não fica exclusivamente na esfera familiar a definição ele quem
permanecerá com os filhos em sua companhia. Pode a guarda ser deferida a
outra pessoa, havendo preferência por membro da família extensa que revele
compatibilidade com a natureza da medida e com quem tenham afinidade e
afetividade (CC 1.584 § 5º). No que diz com a convivência dos filhos com o
genitor que não detém a guarda, prevalece o que for acordado entre os pais
(CC 1.589)” 122.
Tanto o Código Civil Brasileiro quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente
atendem ao princípio constitucional da proteção integral da criança e do
adolescente.
São duas as espécies de guarda previstas no ordenamento civil pátrio: a
guarda unilateral e a guarda compartilhada.
GUARDA UNILATERAL
Esta modalidade atribui a apenas um dos genitores a guarda do menor, com o
estabelecimento de regime de convivência com o genitor não guardião.
Para Carlos Alberto Dabus Maluf:
122
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 14ª ed. Ed. Juspodivm, 2020.
123
MALUF, Carlos Alberto Dabus. MALUF, Adriana do Rego Freitas Dabus Maluf. Curso de
direito de família.– 4. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2021.
124
Ibidem.
GUARDA COMPARTILHADA
Sobre a guarda Maria Berenice Dias nos ensina:
125
WALD, Arnold. O Novo Direito de Família. 14ª edição revista e atualizada. São Paulo:
Saraiva, 2002, pg. 173.
126
WELTER, Pedro Belmiro. Guarda Compartilhada: um jeito de conviver e ser-em-
família. Guarda Compartilhada. Coordenadores: COLTRO, Antônio Carlos Mathias e
DELGADO, Mário Luiz. São Paulo: Método; 2009; pg. 62.
127
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 14ª ed. Ed. Juspodivm, 2020.
128
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. Direito de Família. 38 ed. Ed.
Saraiva, 2021.
129
Waldyr Grisard Filho. Guarda compartilhada. 5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2010. p. 132.
GUARDA ALTERNADA
Tal modalidade de guarda não foi positivada em nossa legislação civil,
considerando-se a adoção do sistema dual pelo legislador, conforme possível
se extrair do artigo 1.583 do Código Civil de 2002.
Apesar de não encontrar respaldo na legislação brasileira, devemos citá-la
haja vista que é moderadamente adotada apenas em casos pontuais e, mais
importante, comumente confundida com a guarda compartilhada no Brasil.
Para entender a guarda alternada, podemos citar a definição trazida por
Waldyr Grisard Filho, que a entende da seguinte forma:
“A guarda alternada caracteriza-se pela possibilidade de cada um dos pais de
ter a guarda do filho alternadamente, segundo um ritmo de tempo que pode
ser um ano escolher, um mês, uma semana, uma parte da semana, ou uma
130
BAPTISTA, Silvio Neves. Guarda Compartilhada. Editora Edições Bagaço; 2011; pg. 35.
GUARDA NIDAL
Na guarda nidal, que também não foi prevista em nosso ordenamento jurídico
mas vale a pena ser citada, a criança permanece no mesmo local onde residia
antes do divórcio dos pais, devendo estes se alternarem para com o filho estar.
131
Waldyr Grisard Filho. Guarda compartilhada. 5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2010. p. 140.
132
Ibidem.
133
ALVARENGA, Altair Resende de; CLARISMAR, Juliano. Sistemas de Guarda no Direito
Brasileiro. Revista do Curso de Direito do UFMG.
134
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil, 2ª ed,
Saraiva, 2018.
A positivação desse princípio é importante para lhe dar destaque. À luz de uma
Constituição que traz a isonomia como garantia fundamental (art. 5º, caput) e a
dignidade da pessoa humana como fundamento (art. 1º, III).
O Código Civil também trata da questão do poder familiar nos arts. 1630 e
1631.
Para Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: “Do poder familiar
atribuído aos pais decorre deveres. Assim, na forma do disposto no art. 22 do
ECA, “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais”.135
Tendo vista que o poder familiar não deixa de existir com o divórcio ou a
dissolução da união estável (Código Civil, art. 1632), os pais continuam
responsáveis pelo sustento e educação mesmo após o desfazimento do laço
matrimonial. Isso vale para qualquer dos pais que contrair novas núpcias ou
união estável (Código Civil, art. 1636).136
135
Ibidem
136
Ibidem
dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou com auxílio de terceiros: I – realizar campanha de
desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou
maternidade; II – dificultar o exercício da autoridade parental; III – dificultar
contato de criança ou adolescente com genitor; IV – dificultar o exercício do
direito regulamentado de convivência familiar; V – omitir deliberadamente a
genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente,
inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI – apresentar falsa
denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou
dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII – mudar o
domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência
da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com
avós”
Segundo Andréia Calçada:
“o genitor alienador é tido como um produto do sistema ilusório, onde todo seu
ver se orienta para a destruição da relação dos filhos com o outro genitor. Em
sua deturpada visão, o controle total dos seus filhos é uma questão de vida ou
morte. O genitor alienador não é capaz de individualizar, de reconhecer em
seus filhos seres humanos separados de si. Muitas vezes, é um sociopata, sem
consciência moral. É incapaz de ver a situação de outro ângulo que não o seu,
especialmente sob o ângulo dos filhos. Não distingue a diferença entre dizer a
verdade e mentir”.137
Para Maria Berenice Dias, “a Síndrome de Alienação Parental pode ser
chamada de implantação de falsas memórias, pois o alienador passa a incutir
no filho falsas ideias sobre o outro genitor, implantando por definitivo as falsas
memórias”.138
137
CALÇADA, Andréia. Falsas acusações de abuso sexual e a implantação de falsas
memórias. São Paulo: Equilíbrio, 2008.
138
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007.
139
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação parental: comentários à Lei 12.318/2010 4ª ed.
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015.
140
DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. A angústia das crianças diante dos desenlaces
parentais. Edição especial. Rio de Janeiro: Ed Lumen Juris, 2013.
141
ROSA, Conrado Paulino da. As mudanças na Lei 14.340/2022 e a superação das
mentiras sobre a alienação parental. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/artigos/1815/As+mudan%C3%A7as+na+Lei+14.340+2022+e+a+supera%
C3%A7%C3%A3o+das+mentiras+sobre+a+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental Acesso em:
29 abr. 2023.
142
Idem.
143
Agência Câmara de Notícias. Projeto revoga a Lei de Alienação Parental. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/noticias/631131-projeto-revoga-a-lei-de-alienacao-parental/ Acesso
em: 29 abr. 2023.
144
Ibidem.
A CF, nos termos do artigo 225, § 1º, VII, dispõe sobre o direito animal ao tratar
do direito ao meio ambiente.
A Carta Magna dispõe que todos tem o direito de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, sendo este, um bem de uso comum do povo e
imprescindível à boa qualidade e saúde de vida.
São considerados seres sencientes os animais em geral, e em especial, os
animais de estimação.
O Tabelião Thomas Nosch Gonçalves destaca que
“o casamento tem deixado de ser apenas um instrumento de reprodução, a
família matrimonializada não existe mais. Então hoje existe toda uma situação
progressista no sentido de que a família feliz não é aquela que
necessariamente tem fins biológicos. A ideia é da felicidade como um todo, o
que inclui os animais de estimação”.145
Desta maneira, ele defende o estabelecimento de guarda de animais em
lavratura por escritura pública na dissolução da união estável ou do divórcio.
Segundo o Tabelião, “Existem dados afirmando que todos os anos crescem
esses arranjos de famílias multiespécie e das famílias substituindo eventuais
filhos biológicos ou adotivos.146
Em casos de divórcio o cônjuge estabelece vínculos com o animal e um
rompimento pode trazer um abalo tanto para a pessoa e para o pet.
Então, embora não tenhamos legislação específica sobre a guarda
compartilhada de animais de estimação, os nossos Tribunais caminham para
este entendimento, resguardando o direito dos animais e de seus donos.
145
Família multiespécie e a guarda de animais sencientes em divórcio extrajudicial é
tema de artigo do IBDFAM. Disponível em https://cnbmg.org.br/familia-multiespecie-e-a-
guarda-de-animais-sencientes-em-divorcio-extrajudicial-e-tema-de-artigo-do-ibdfam/ Acesso
em 29 abr. 2023.
146
Ibidem.
PROCESSO
AgInt no CC 175997/ES AGRAVO INTERNO NO
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2020/0299395-3
RELATOR(A)
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO (1144)
ÓRGÃO JULGADOR
S2 - SEGUNDA SEÇÃO
DATA DO JULGAMENTO
27/10/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 05/11/2021
EMENTA
AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DIREITO CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO
ESTÁVEL, GUARDA DOS FILHOS E DIREITO DE VISITA.
1. Agravo interno interposto no curso do conflito de competência suscitado pelo
convivente (ora agravado) para definição do juízo competente
(Comarca de Guarapari - ES - ou Manhuaçu - MG) para processar e julgar as
demandas envolvendo o casal (declaração de união estável, guarda das filhas
e direito de visita).
2. As duas filhas do casal, nascidas em 2013 e 2015, estão
PROCESSO
REsp 1931097/SP
RECURSO ESPECIAL 2021/0100550-2
RELATOR(A)
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
10/08/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 16/08/2021
EMENTA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE GUARDA.
PREVENÇÃO. HABEAS CORPUS RECEBIDO COMO TUTELA PROVISÓRIA
ANTECEDENTE. DECISÃO PRECLUSA. INCIDENTE APTO A GERAR A
PREVENÇÃO.INCIDENTE PREVISTO NO ART. 71 DO RISTJ.
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11ª ed. São Paulo. Saraiva, 2021
147
TEPEDINO, Gustavo. TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo . Fundamentos do direito civil:
direito de família. – 3. ed. – Rio de Janeiro : Forense, 2022.
Filiação Jurídica
A filiação jurídica pode ser natural ou por outra origem, como a adoção,
reprodução assistida heteróloga ou socioafetiva, conforme o nosso CC, no
art. 1.593, ao dispor que o parentesco civil ocorre por outra origem e não
apenas pela adoção.
A filiação natural ou biológica tem origem na consanguinidade,
estabelecendo-se a filiação pelos laços de sangue entre pais e filhos.
Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel:
“Em regra, portanto a mãe é aquela que gesta e dá a luz a criança, na medida
em que os fenômenos da fecundação, gestação e parto tendem a nadar juntos.
No entanto, o registrador não preside o parto, motivo pelo qual, a priori, não
sabe, de antemão, quem de fato deu a luz à criança. É justamente por isso que
a Declaração de Nascido Vivo adquire especial importância na determinação
da maternidade: sendo o documento lavrado na ocasião do nascimento, por
quem o presenciou, tem por efeito provar o fato do nascimento, mas também
atribuir determinado nascido vivo à respectiva parturiente, presumidamente
mãe da criança. Portanto é por meio da Declaração de Nascido Vivo que o
registrador civil qualifica a maternidade do registrando” 148.
O art. 1.597 estabelece os casos de presunção de paternidade dos filhos
concebidos na constância do casamento. Assim, o CC prevê dois critérios: um
temporal e o outro decorrente do biodireito.
O critério temporal estabeleceu o período mínimo de gravidez de 180 dias e o
período máximo de gestação de 300 dias.
148
KÜMPEL, Vitor Frederico et al. Tratado Notarial e Registral Vol. II, 1ª edição. São Paulo:
YK editora, 2017, p.584.
149
MALUF, Carlos Alberto Dabus et al. Curso de Direito de Família, 4ª edição, Ed. Saraiva,
São Paulo, 2021.
150
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Direito Civil: Famílias. 11ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2021.
151
MALUF, Carlos Alberto Dabus et al. Curso de Direito de Família, 3ª edição, Ed. Saraiva,
São Paulo, 2018.
152
MALUF, Carlos Alberto Dabus et al. Curso de Direito de Família, 4ª edição, Ed. Saraiva,
São Paulo, 2021.
153
Enunciado 106 do Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal.
154
CARVALHO, Dimas Messias de. Direito das Famílias. 8º ed.Saraiva, 2020.
155
LÔBO. Paulo Luiz Neto . Direito Civil: Famílias. 11ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2021.
156
Ibidem.
157
TEPEDINO, Gustavo. TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo . Fundamentos do direito civil:
direito de família. – 3. ed. – Rio de Janeiro : Forense, 2022.
158
Ibidem.
159
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Volume V: Forense, 2020.
160
TEPEDINO, Gustavo. TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo . Fundamentos do direito civil:
direito de família. – 3. ed. – Rio de Janeiro : Forense, 2022.
161
DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 15 ed. Ed. Juspodivm, 2021.
162
Idem.
163
Idem.
164
MADALENO, Rolf. Manual de direito de família – 4. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022.
induzido a erro, e, ademais, sempre teve escasso contato pessoal com o filho
meramente registral, como nesse sentido já vêm demonstrando os pretórios
brasileiros, ao negarem a desconstituição do registro civil apenas pela
inexistência de origem biológica na filiação quando presentes sólidos laços de
convivência e afetividade”.165
Quanto ao vínculo biológico, a evolução tecnológica da medicina, com o
aperfeiçoamento do exame de DNA, facilitou sobremaneira o exame do liame
genético entre as partes.
Como bem pondera Paulo Lôbo,
“o objeto da tutela do direito ao conhecimento da origem genética é assegurar
o direito da personalidade, na espécie direito à vida, pois os dados da ciência
atual apontam para a necessidade de cada indivíduo saber a história de saúde
de seus parentes biológicos próximos para prevenção da própria vida”.166
Nos termos do art. 1.597, I a V, do Código Civil, a paternidade jurídica é
imposta por presunção.
O Código Civil de 2002, dispõe nos arts. 231 e 232, que: “a) quem se nega a se
submeter a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa;
b) a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame”.
O STJ aprovou o Enunciado n. 301 de sua Súmula: “em ação investigatória, a
recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris
tantum de paternidade.
Assim, caso o réu se recuse a efetuar o exame , há de se aplicar o Enunciado
n. 301 da Súmula do STJ, de forma que recai para si o ônus da prova e a
presunção de veracidade dos fatos alegados na peça exordial; “uma vez não
165
Ibidem
166
LOBO, Paulo Luiz Netto. Saraiva, Direito Civil. Famílias. 2021.
PROCESSO
AgInt no AREsp 1908062 / MS
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
2021/0166517-3
RELATOR
Ministro MARCO BUZZI (1149)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
25/04/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 29/04/2022
167
Súmula n 302 do STJ. Disponível emm:
https://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-
2011_23_capSumula301.pdf Acesso em: 29 abr. 2023
EMENTA
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ? AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C FIXAÇÃO DE ALIMENTOS ?
DECISÃO DA PRESIDÊNCIA DESTA CORTE QUE NÃO CONHECEU DO
RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DO REQUERIDO.
1. A parte agravante refutou, nas razões do agravo em recurso especial, a
aplicação da Súmula 83/STJ, não incidindo, portanto, o óbice da Súmula
182/STJ. Provimento do agravo interno e análise, de plano, do agravo em
recurso especial.
2. As questões postas à discussão foram dirimidas pelo órgão
julgador de forma suficientemente ampla, fundamentada e sem omissões,
portanto, deve ser afastada a alegada violação aos artigos 489 e 1.022 do
CPC/15. Precedentes.
3. O acórdão recorrido está em harmonia com a orientação desta Corte no
sentido de que a recusa injustificada da parte de se submeter ao
exame de DNA induz presunção relativa de paternidade, nos termos da Súmula
301/STJ.
4. Restou assentado pela Corte local a premissa de que o ora recorrente
adotou comportamento desidioso, com reiteradas recusas em proceder à
realização do exame de DNA, o que gerou presunção de paternidade. Derruir
tal constatação demandaria reexame de matéria fático-probatória, providência
vedada na presente instância recursal, nos termos da Súmula 7/STJ.
5. Agravo interno provido para reconsiderar a decisão da Presidência de fls.
372-374, e-STJ. Agravo em recurso especial desprovido.
PROCESSO
AgInt no AREsp 1792208 / BA
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
2020/0306360-8
RELATOR
PROCESSO
REsp 1867308/MT RECURSO ESPECIAL
2020/0065503-9
RELATOR
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
03/05/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 11/05/2022
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. PROCESSUAL CIVIL.
AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. LEGITIMIDADE. GENITOR.
INTRANSMISSIBILIDADE. RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL.
IMPOSSIBILIDADE. VONTADE. AUSÊNCIA DE ERRO. SOCIOAFETIVIDADE.
ART. 1.593 DO CÓDIGO CIVIL. CONFIGURAÇÃO. EXAME DE DNA POST
MORTEM. FILIAÇÃO. INALTERABILIDADE. DIREITO INTRANSMISSÍVEL.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. A socioafetividade é contemplada pelo art. 1.593 do Código Civil, no
sentido de que "o parentesco é natural ou civil, conforme resulte da
PROCESSO
AgInt no AgInt no AREsp 1939961 / SC
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL
2021/0244236-7
RELATOR
Ministro MOURA RIBEIRO (1156)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
25/04/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 28/04/2022
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL.
RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO NEGATÓRIA DE
PATERNIDADE C/C ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. REVISÃO.
PRETENSÃO RECURSAL QUE ENVOLVE O REEXAME DE PROVAS.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DO STJ.
AUSÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. PRECEDENTES. SÚMULA Nº
83 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este julgamento ante os termos do Enunciado
Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos
recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões
publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os
requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.
2. A alteração das conclusões do acórdão recorrido exige reapreciação do
acervo fático-probatório da demanda, o que faz incidir o óbice da Súmula nº 7
do STJ.
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, não é possível a desconstituição
do registro civil de nascimento quando o reconhecimento da paternidade foi
efetuado sem nenhum tipo de vício que comprometesse a vontade do
declarante. Precedentes da Terceira Turma. Precedentes. Incidência da
Súmula nº 83 do STJ.
4. Agravo interno não provido.
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11ª ed. São Paulo. Saraiva, 2021
MADALENO, Rolf. Manual de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2022.
ITCD
Segundo o art. 155, I, da CF/88, compete aos Estados-membros e ao Distrito
Federal instituir imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de
quaisquer bens ou direitos.
Embora o imposto deva ser instituído pela lei ordinária de cada ente tributante,
a Constituição estabelece que a lei complementar trace normas gerais a serem
observadas por todos eles.
Para Hugo de Brito Machado Segundo:
“Realmente, após a CF/88, as transmissões onerosas e entre vivos de bens
imóveis passaram à competência dos Municípios, que as tributam com o ITBI.
Aos Estados foram reservadas apenas as transmissões decorrentes da morte
(p. ex., decorrentes de herança) e as doações. Os arts. 35 e seguintes do CTN,
portanto, devem ser vistos com esse cuidado, e aplicam-se, dentro do possível,
tanto ao ITBI como ao ITCD”.168
Os fatos que podem ser colhidos como “geradores” do dever de pagar o ITCD,
pelas leis estaduais,que são as transmissões de quaisquer bens e direitos
(móveis ou imóveis), desde que decorrentes de doação ou morte.
Assim, caso a transmissão decorra da morte (causa mortis), incidirá o ITCD,
independentemente de serem os bens móveis ou imóveis.
Hugo de Brito Machado Segundo explica:
“As transmissões inter vivos e onerosas de bens e direitos não estão
abrangidas no âmbito de incidência do ITCD. Submetem-se ao ITBI, caso
digam respeito a bens imóveis (CF/88, art. 156, II), ou ao ICMS, caso se trate
de coisa móvel destinada ao comércio (CF/88, art. 155, II). Na hipótese de
transmissão de coisa móvel não destinada ao comércio (p. ex., venda eventual
de um relógio entre dois “particulares” não comerciantes), não há incidência de
nenhum desses impostos”.169
O fato gerador do ITCD é a transmissão, vale dizer, a mudança na propriedade
do bem ou do direito.
Para Eduardo Sabbag:
“No caso da herança, ou do legado, essa transmissão ocorre no momento da
morte do de cujus. Não importa se o imposto só vem a ser formalizado e
exigido algum tempo depois. Isso é relevante para determinar a legislação
aplicável, pois pode ocorrer de o sujeito morrer e a alíquota do imposto ser
alterada posteriormente. Nesse caso, o imposto será devido pela alíquota
vigente na ocasião da morte, e não pela alíquota posteriormente alterada”.170
168
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Manual de direito tributário 12. ed. – Barueri [SP]:
Atlas, 2022.
169
Ibidem.
170
SABBAG, Eduardo. Direito Tributário Essencial. 8. ed. – Rio de Janeiro: Forense;
MÉTODO, 2021.
171
Ibidem.
172
SABBAG, Eduardo. Direito Tributário Essencial. 8. ed. – Rio de Janeiro: Forense;
MÉTODO, 2021.
173
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Manual de direito tributário 12. ed. – Barueri [SP]:
Atlas, 2022.
174
MADALENO, Rolf. Manual de direito de família / Rolf Madaleno. – 4. ed. – Rio de Janeiro:
Forense, 2022.
175
Ibidem.
176
MAMEDE, Gladston. Holding Familiar e suas vantagens. 14º ed, São Paulo: Atlas, 2021.
2281643-30.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / ITBI - Imposto de Transmissão
Intervivos de Bens Móveis e Imóveis
Relator(a): Silva Russo
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Público
Data do julgamento: 20/05/2022
Data de publicação: 20/05/2022
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO SE SEGURANÇA COM
PEDIDO LIMINAR - ITBI - Município de São Paulo - Pedido de isenção quanto
ao recolhimento de ITBI - Alegação de que houve partilha igualitária de bens e
177
Ibidem.
1061021-63.2021.8.26.0053
Classe/Assunto: Apelação / Remessa Necessária / ITBI - Imposto de
Transmissão Intervivos de Bens Móveis e Imóveis
Relator(a): Raul De Felice
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Público
Data do julgamento: 18/05/2022
Data de publicação: 18/05/2022
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL e REEXAME NECESSÁRIO - Mandado de
Segurança – ITBI – Município de São Paulo – Sentença que concedeu a
segurança para afastar a tributação do ITBI sobre a partilha do bem, transferido
em separação consensual – Inexistência de ato oneroso (venda ou
transmissão) – Não ocorrência da hipótese prevista no art. 156, II da
Constituição Federal - Divisão amigável do patrimônio do casal através de
consenso que não caracteriza onerosidade, tampouco, transmissão, mas mera
divisão patrimonial – Precedentes deste Tribunal de Justiça - Sentença mantida
– Recursos oficial e voluntário do município não providos.
PROCESSO
AgInt no AREsp 1676655 / RS
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
2020/0056270-6
RELATOR
Ministro OG FERNANDES (1139)
ÓRGÃO JULGADOR
T2 - SEGUNDA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
15/02/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 25/02/2022
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL.TRIBUTÁRIO. ITCMD. VGBL. NATUREZA DE SEGURO.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 794 DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO
DESPROVIDO.
1. O Tribunal de origem negou provimento ao recurso interposto pela parte ora
agravante por entender que as aplicações em VGBL se caracterizariam como
seguro de pessoas, segundo a Superintendência de Seguros Privados - Susep,
não se enquadrando nas hipóteses de incidência do tributo previstas no art. 2º
da Lei estadual n. 8.821/1989, que trata das hipóteses de incidência do imposto
- ITCD.
2. Há recentes decisões monocráticas, em ambas as Turmas da Primeira
Seção, que negaram provimento ao recurso especial do Estado do Rio Grande
do Sul, em casos análogos, reconhecendo que o "denominado plano VGBL,
nos termos do art. 794 do Código Civil, tem natureza de contrato de seguro de
vida, não integrando o acervo hereditário do de cujus, para todos os fins de
direito, o que afasta, por consequência, a incidência do ITCMD" (AREsp
756.611/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe 22/2/2021). A propósito: AREsp
PROCESSO
AgInt no REsp 1941030 / RS
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL
2021/0074351-6
RELATOR
Ministro BENEDITO GONÇALVES (1142)
ÓRGÃO JULGADOR
T1 - PRIMEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
14/03/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 18/03/2022
EMENTA
TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO
FISCAL. ITCD. DIFERENÇA DE ALÍQUOTA. LANÇAMENTO
COMPLEMENTAR. DISCUSSÃO JUDICIAL. DECADÊNCIA AFASTADA.
1. A Primeira Turma do STJ entende que a contagem do prazo decadencial
para o Fisco lançar o crédito tributário somente se inicia com a consolidação da
relação jurídica do ITCD, que, no caso, se dá com o trânsito em julgado da
LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11ª ed. São Paulo. Saraiva, 2021
MAMEDE, Gladston. Holding Familiar e suas vantagens. 14º ed, São Paulo:
Atlas, 2021.
BATISTA, Juliana Marchiote. Quais impostos devo pagar na partilha de
bens? https://jmarchiote.jusbrasil.com.br/artigos/840874370/quais-impostos-
tenho-que-pagar-na-partilha-de-bens. Acesso em 29 abr. 2023