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Exame de Ordem

Direito Civil (Direito de Família e das Sucessões)


Prof. Ageu Cavalcante

SUMÁRIO

DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................ 3

I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .................................................................... 3

II - DO CASAMENTO............................................................................................. 4

III - CONCUBINATO E UNIÃO ESTÁVEL................................................................ 46

IV - DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO .................................................................. 54

V - DO PODER FAMILIAR .................................................................................... 58

VI - DOS ALIMENTOS ......................................................................................... 61

VII – BEM DE FAMÍLIA ....................................................................................... 65

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 69

DIREITO DAS SUCESSÕES ................................................................................... 70

I - DA SUCESSÃO EM GERAL ............................................................................... 70

II -DA SUCESSÃO LEGÍTIMA................................................................................ 93

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 139

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DIREITO DE FAMÍLIA

I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Antes de mais nada, é preciso consignar a existência dos seguintes princípios


constitucionais informadores do Direito de Família (Carlos Alberto Bittar):
- princípio da família como base da sociedade;
- princípio da igualdade entre homens e mulheres na
sociedade conjugal;
- princípio da dissolubilidade do vínculo matrimonial;
- princípio da igualdade de direitos entre filhos;
- princípio da identificação de direitos fundamentais da
criança, do adolescente e do idoso;
- princípio da proteção à entidade familiar
- princípio do casamento como formador da família.

A propósito, a Constituição Federal de 1988 reconhece a família como base


da sociedade e considera como entidade familiar não somente aquela formada
pelo casamento, como também a resultante de união estável entre o homem e a
mulher (art. 226, §3°) e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.

Diante disso, pode-se Classificar a família em:


I - legítima ou matrimonial- resultante do casamento;
II - natural ou não matrimonial - resultante da união estável;
III – monoparental - resultante da comunidade formada por qualquer dos pais e
seus filhos.

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IV - anaparental – Conceitua-se como sendo aquela família unida por algum


parentesco, mas sem a presença de pais. É constituída pela convivência entre
parentes dentro de um mesmo lar, com objetivos comuns, sejam eles de afinidade
ou até mesmo econômico. Podemos citar como exemplo: dois irmãos ou primos
que convivem juntos.
V – homoafetiva – Esta espécie de família é constituída por pessoas do mesmo
sexo, unidas por laços afetivos.
VI – Substituta – A família substituta é aquela oriunda da adoção, seja esta
temporária ou permanente. Nessa espécie de família, os membros não são aliados
por laços sanguíneos, mas sim por afinidade, carinho, compaixão e amor, ou seja,
os pais não são os pais biológicos dos filhos, mas agem como assim o fossem.

II - DO CASAMENTO
1 – CONCEITO: É o ato solene pelo qual um homem e uma mulher se unem, de
conformidade com a lei, a fim de legitimarem suas relações sexuais, prestarem
mútuo auxílio espiritual e material, procriarem e educarem a prole comum. Gera a
família legítima ou matrimonial. Segundo o Código Civil, "o casamento estabelece
comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges", sendo "defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado,
interferir na comunhão de vida instituída pela família".

2- NATUREZA JURÍDICA:
- Teoria contratualista ou individualista - originária do direito canônico, considera
o casamento como um contrato civil;
- Teoria institucionalista ou supra-individualista - adotada por Maria Helena Diniz
e por Amoldo Wald - considera o casamento como uma instituição social,
retratando uma situação jurídica que surge da vontade dos nubentes, sujeita,
entretanto, às normas, forma e efeitos preestabelecidos em lei;

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- Teoria eclética ou mista - adotada pela doutrina moderna considera o casamento


como um ato complexo, que se caracteriza como um contrato em sua formação e
como uma instituição no seu conteúdo.

3 - CARACTERES:
- liberdade de escolha do nubente;
- solenidade do ato nupcial;
- caráter público da legislação respectiva; exclusividade de união;
- permanência da união (diferente de indissolubilidade).

4 - ESPONSAIS, PROMESSA DE CASAMENTO OU NOIVADO.


É o "compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de sexo
diferente, com o escopo de possibilitar que se conheçam melhor, que aquilatem
suas afinidades e gostos" (Antônio Chaves, citado por MHD).
Anteriormente, nosso ordenamento jurídico atribuía natureza contratual
aos esponsais, cujo inadimplemento resolvia-se em perdas e danos. Entretanto, a
Lei de Casamento Civil de 1890, o Código Civil de 1916 e o novo Código Civil
deixaram de regulamentar expressamente o instituto.
Não obstante isso admite-se, excepcionalmente, a responsabilidade
extracontratual ou aquilina, no caso de rompimento dos esponsais e desde que
verificados os requisitos para tanto, dentre os quais pode-se citar os seguintes:
1 - livre formalização da promessa de casamento pelo noivo responsável pelo
rompimento;
2 – recusa deste em cumprir tal promessa;
3 - ausência de motivo justo;
4 - ocorrência de um dano.
Essa recusa culposa ou dolosa ao cumprimento da promessa de casamento,
embora não se caracterize como inadimplemento contratual, pode, em casos

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excepcionais, acarretar conseqüências como a devolução dos presentes trocados e


a indenização por danos morais e materiais ao não responsável pelo rompimento
dos esponsais.
Jurisprudência sobre o assunto:

TRIB UNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ


RESPONSAB ILIDADE CIVIL – INDEN IZA ÇÃO –
DANO MO RAL – R O MPIMENT O D E NO IV AD O –
1. FALT A D E MO TIV O PAR A A R UPT UR A D O
NO IV AD O – FAT O QUE GER A A
R ESPO NSABILID AD E – 2. AFIRM AÇ ÃO DA
AUTORA NA PETIÇÃO INIC IAL DO
ROMPIMENTO SE M MOTIVO PLAU SÍVEL –
FATO NÃO IMPU G NADO PELO RÉ U NA
CONTESTAÇÃO – PRESUME-SE VERDADEIR O
( CPC, ART. 302, CA PUT) – 3. RÉU QUE MUDA
A VERSÃO DA CAUSA DA RUPTURA –
CONDUTA DA S PARTES – EFICÁCI A
PROB ATÓRI A – 4. DANO MO RAL PELA DOR ,
SOFRIMENTO DA A UTORA PELO ROMPIMENTO
DO NOIV ADO N AS VÉSPERAS DO CAS A MENTO
– CONFIG URA ÇÃO – 5. FIXA ÇÃO D O VAL OR D O
DANO MORAL – OB SERVÂNCI A DA SI TUAÇÃO
SÓCIOEC ONÔMI CA DA VÍTIMA E DO O FENSOR
– REPERCUSSÃO DO FATO – VALOR QUE DEVE
SER FIXA DO COM B OM-SENSO – R ECURSO
PROVIDO.
O noi vado não tem senti do de

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obr i gatori edade. Pode ser r ompi do de m odo


uni l ater al até o mom ento da cel ebr ação do
casam ento, m as a r uptur a im oti vada ger a
r esponsabi l i dade ci vi l, i nclusi ve por dano
m or al .
O v alor d o da no m o ral tem efeito repa ratório
ou c ompe ns atório ( reparar ou co mpe ns ar a
dor sofrid a pela ví tima) e também o efeito
pu nitivo o u repres sivo ( p ara que o r éu n ã o
cometa outro s fa tos dest a n ature za) . A
fixaçã o do v alor n ão po de ser tam bé m fat or
de enriquecime nto fácil e indevid o da vítima.
A reparaç ão é u m suce dâ neo d a dor, do
sofrimento .
TJPR – AC 52.648-3 – 4ª C.Cív. – R el. Juiz
Con v. Laur o Laer tes de Oli veira – DJPR
11.05.199805.11.1998

Mais aind a:
TJMT - Tribun al de Justiç a do M ato G rosso .
QUARTA C ÂMA RA CÍVEL RECU RS O DE
APELAÇÃO C ÍVEL Nº 73459/2006 - CLASSE II -
20 - COMA RCA DE VÁRZ EA G R ANDE. Partes:
APELANTE: VIVIAN E DA CUNHA B A RB OSA.
APELADO: JÂNIO YAMAZAKI
Ementa:
DANO MORAL - R OMPIMENTO NOIV ADO -
AUSÊNCIA DE PR OVAS DA EXISTÊN CIA D O

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NOIVADO - RECUR S O IMPROVIDO.


Não ha ven do prov a se gura d a existê ncia d o
noiv ad o c om prome ss a de c a same nto e ntre a
autor a e o réu , inviá vel se to rna o
deferimento d a i nd enizaç ão p or d an o moral ,
emba sa do em rom p imento de noi va do .
- UNIÕES HOMOAFETIVAS
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao
julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a união
estável para casais do mesmo sexo. As ações foram ajuizadas na Corte,
respectivamente, pela Procuradoria-Geral da República e pelo governador do Rio
de Janeiro, Sérgio Cabral.
O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º,
inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que,
nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua
preferência sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta
para desigualação jurídica”, observou o ministro, para concluir que qualquer
depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do
artigo 3º da CF.
Os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim
Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso, bem como
as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, acompanharam o
entendimento do ministro Ayres Britto, pela procedência das ações e com efeito
vinculante, no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para
excluir qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impeça o
reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.

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OBS:
A IN 52/2012 do INSS permitiu o requerimento de pensão por morte nos
casos de uniões homoafetivas.
O CFM editou resolução permitindo a utilização de técnicas de reprodução
assistida entre casais homoafetivos.
Conforme o texto da resolução 175 do CNJ, caso algum cartório se recuse a
concretizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o cidadão deverá
informar o juiz corregedor do Tribunal de Justiça local e, “a recusa implicará
imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para providências
cabíveis."

5 - CASAMENTO CIVIL E RELIGIOSO


Atualmente, por força do disposto na Constituição e na legislação infra-
constitucional, "o casamento é civil" (art. 226, §1°) e "o casamento religioso tem
efeito civil, nos termos da lei" (art. 226, §2°), ou seja, desde que atenda às
exigências legais para a validade do casamento civil.
O casamento religioso, para que tenha tal efeito, deve se realizar por uma
das seguintes formas:
1 - mediante prévia habilitação, seguida da celebração pela autoridade eclesiástica
e de sua comunicação (pelo celebrante ou por qualquer interessado) ao ofício
competente, no prazo de 90 dias a contar da realização. Após esse prazo, o registro
dependerá de nova habilitação;
2 - sem habilitação anterior à celebração, devendo o casal requerer o registro do
casamento religioso no registro civil, a qualquer tempo, após a necessária
habilitação perante a autoridade competente. O requerimento de registro, neste
caso, deve ser feito no prazo de eficácia da habilitação.
Em qualquer caso, o registro produzirá efeitos jurídicos a contar da
celebração do casamento (art. 1.515, CC/2002).

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De acordo com o art. 1.516, §3°, do Código Civil, será nulo o registro civil do
casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído
com outrem casamento civil.

6 - DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO


O casamento, dada a importância social de que se reveste, encontra-se
sujeito a diversas formalidades prescritas em lei, razão pela qual é considerado por
muitos autores como um dos atos mais solenes que existem em nosso
ordenamento jurídico.
Dentre essas formalidades pode-se citar a prévia habilitação matrimonial,
que se destina a constatar a capacidade para o casamento e a inexistência de
impedimentos matrimoniais, bem como a dar publicidade à pretensão dos
nubentes. O requerimento respectivo deve ser assinado de próprio punho por
ambos os nubentes, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os
seguintes documentos:
1 - certidão de nascimento dos noivos ou documento equivalente;
2 - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou
ato judicial que a supra;
3 - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem
conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar;
4 - declaração do estado civil, do domicilio e da residência atual dos contraentes e
de seus pais, se forem conhecidos (memorial), sendo que o Ministério Público pode
exigir a apresentação de atestado de residência firmado pela autoridade policial ou
outro elemento de convicção admitido em direito;
5 - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou
de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de
divórcio;
6 - certificado de exame pré-nupcial, no caso de casamento entre colaterais do 3°

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grau (Decreto-lei nº 3.200/41).


Tal requerimento deve ser dirigido ao cartório do domicílio de ambos os
nubentes ou, se domiciliados em municípios ou distritos diversos, perante o
Cartório de Registro Civil de qualquer deles, publicando-se, entretanto, o edital em
ambos.
É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos
que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos
regimes de bens.
Apresentada tal documentação e estando ela em ordem, o oficial extrairá o
edital (proclamas), que se afixará, durante quinze dias, nas circunscrições do
Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa
local, se houver.
Após as demais formalidades necessárias, dentre as quais se incluem a oitiva
do MP, o decurso do prazo de 15 dias a contar da expedição dos editais, o
julgamento de eventuais impugnações e oposições de impedimentos.
Em seguida, verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro
extrairá o certificado de habilitação. A eficácia da habilitação será de 90 dias, a
contar da data em que for extraído o certificado (prazo de caducidade). A não
realização do casamento em tal prazo impõe a renovação do processo de
habilitação matrimonial, para que seja possível celebrá-lo posteriormente.
Nessa fase da habilitação, o Juiz só se pronunciará se houverem
impugnações. Caso contrário, após a oitiva do MP e demais formalidades acima, o
oficial já poderá emitir o certificado de habilitação.
Admite-se a justificação de fato necessário à habilitação para o casamento
(art. 68 da LRP), cujos autos devem ser anexados ao processo de habilitação
matrimonial. .
Havendo urgência, admite-se a dispensa de proclamas pela autoridade
judiciária competente.

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OBS: A V Jornada de Direito Civil realizada em 2011 estabeleceu o entendimento de


que o Juiz pode dispensara apenas o prazo das proclamas, mas não a publicação.
O Código Civil assegura a gratuidade da celebração do casamento e, para as
pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei, também da habilitação, do
registro e da primeira certidão.

7 - IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS E CAUSAS SUSPENSIVAS


- Conceito - "Impedimento matrimonial é a ausência de requisito ou a existência de
qualidade que a lei articulou entre as condições que invalidam ou apenas proíbem
a união civil" (Pontes de Miranda). Segundo Maria Helena Diniz, "a causa
suspensiva da celebração do matrimônio é denominada por alguns autores de
impedimento impediente ou meramente proibitivo ou, ainda, de impedimento
suspensivo. Mas, na verdade, não se trata de impedimento, visto ser fato
suspensivo do processo de celebração".
- Distinção entre incapacidade e impedimento/causa suspensiva Incapacidade é a
proibição de a pessoa casar-se com quem quer que seja, ao passo que o
impedimento e as causas suspensivas consistem na proibição de casar-se com
determinada ou determinadas pessoas. O impedimento e a causa suspensiva estão
ligados à idéia de falta de legitimação. O Código Civil faz tal diferenciação,
arrolando os impedimentos matrimoniais no art. 1.521, tratando das causas de
incapacidade no capítulo da "invalidação do casamento" e intitulando como
"causas suspensivas" os anteriormente chamados impedimentos impedientes ou
proibitivos (arts. 1.523 e s.).
- Incapacidade para o casamento - O homem e a mulher com 16 anos (idade núbil)
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes
legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Se houver divergência entre os
pais, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Até
a celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a

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autorização. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo


juiz. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a
idade núbil, para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal (admite-se a
interpretação extensiva, para aplicar a regra mesmo diante da possibilidade de
imposição ou cumprimento de medida sócio-educativa) ou em caso de gravidez.
Entretanto, em todos esses casos em que houver necessidade de suprimento
judicial, será obrigatório o regime da separação de bens.
- Impedimentos matrimoniais - Correspondem aos anteriormente denominados
impedimentos dirimentes públicos ou absolutos e têm por base razões éticas,
baseadas no interesse público. Sua inobservância acarreta a nulidade do
casamento.
• São os seguintes casos:
a) Resultantes do parentesco:
- Impedimento de consangüinidade: ascendentes com descendentes, no caso de
parentesco natural; os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais até o
terceiro grau inclusive. Neste último caso, admite-se o casamento entre colaterais
do terceiro grau, desde que dois médicos os examinem e lhes atestem a sanidade,
afirmando não ser inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles
e da prole, a realização do casamento. Sobre o assunto, leciona Maria Helena Diniz:
"o impedimento entre colaterais de 3° grau, isto é, entre tios e sobrinhas, não é
mais invencível ante os termos dos arts. 1° a 3° do Decreto-lei n.3.200, de 19 de
abril de 1941, norma especial, que dispõe sobre a organização e proteção da
família, e, por isso, recepcionada pelo novo Código Civil, apesar de anterior a ele.”
- Impedimento de afinidade: os afins em linha reta.
- Impedimento de adoção: ascendentes com descendentes, no caso de parentesco
civil; o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi
cônjuge do adotante; o adotado com o filho do adotante;
b) Resultantes de vínculo: as pessoas casadas;

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c) Resultantes de crime: o cônjuge sobrevivente com o


condenado por homicídio (doloso) ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Não mais estão impedidos de se casarem o
cônjuge adúltero com o seu co-réu, por tal condenado.

- Causas suspensivas do casamento. Correspondem aos anteriormente


denominados impedimentos impedientes ou proibitivos, sendo estabelecidas no
interesse da prole do leito anterior; ou no propósito de evitar a confusio sanguinis,
em caso de segundas núpcias; ou então, no interesse do nubente,
presumivelmente influenciado pelo outro cônjuge. Sua inobservância gera apenas
alguns efeitos (ex.: obrigatoriedade do regime de separação de bens e hipoteca
legal em conformidade com o art. 1489, II, CC/2002), mas não invalida o
casamento.
• Os casos são os seguintes:
- a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou por ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade
conjugal, salvo se provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na
fluência do prazo;

- o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
- o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal;
- o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados, ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas;
Nos três últimos casos, é permitido aos nubentes
solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas, provando-se a

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inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e


para a pessoa tutelada ou curatelada;
Não mais se veda o casamento do juiz, ou escrivão e
seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com órfão ou
viúva, da circunscrição territorial onde um ou outro tiver exercício.
As restrições que se caracterizavam como
impedimentos dirimentes relativos ou privados na vigência do CC/1916 agora são
apenas causas de anulabilidade do matrimônio, conforme se verá adiante.

8 - DA OPOSICÃO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS


É o ato praticado, antes da celebração do casamento,
pelo qual a pessoa a que a lei atribui legitimidade, noticia a existência de
impedimento matrimonial ou causa suspensiva do matrimônio ao oficial do
Registro Civil perante o qual se processa a habilitação ou à autoridade competente
para celebrar o casamento:
Os impedimentos podem ser opostos, até o momento
da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Se o juiz, ou o oficial de
registro tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a
declará-lo.
Por sua vez, as causas suspensivas da celebração do
casamento somente podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos
nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau,
sejam também consangüíneos ou afins, dentro do prazo de 15 dias dos editais de
proclamas. Carlos Roberto Gonçalves, contudo, esclarece: "Entende Pontes de
Miranda que se deve admitir, também, a oposição do que fora casado com a
mulher que quer novamente se casar antes dos trezentos dias, em caso de
nulidade ou anulação de casamento, porque tal causa suspensiva (art. 183, XIV, do
CC/1916, correspondente a art. 1.523, II, do atual) tem por fim evitar a turbatio

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sanguinis (Tratado de direito de família, 3. ed., 1947, v. /, § 25, n. 4)".


Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas
devem ser opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do
alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Havendo a oposição de impedimento ou de causa
suspensiva, a habilitação ou a celebração devem ser imediatamente suspensas, só
prosseguindo após decisão favorável aos nubentes.
O oficial do registro dará aos nubentes ou, a seus
representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome
de quem a ofereceu. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova
contrária aos fatos alegados.
Em seguida, o oficial remeterá os autos a juízo;
produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de 10 dias, e
ouvidos os interessados e o Órgão do MP em 05 dias, decidirá o juiz em igual prazo.
Conforme esclarece Maria Helena Diniz, "a decisão no
processo de habilitação não faz coisa julgada, logo, não obsta à propositura da
ação de nulidade baseada no mesmo impedimento argüido".
Podem os nubentes promover as ações civis e criminais
contra o oponente de má-fé.

9 – DA CELEBRACÃO DO CASAMENTO
- Formalidades essenciais:
a) petição dos nubentes dirigida à autoridade que
houver de presidir o ato, acompanhada da certidão de habilitação, a fim de que
designe data, hora e local para o ato; a solenidade realizar-se-á, em regra, na sede
do cartório, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro
edifício público ou particular;
b) publicidade do ato nupcial, que deve ser celebrado a

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portas abertas;
c) presença simultânea dos nubentes, em pessoa ou
por procurador especial, das testemunhas, do oficial do registro e do presidente do
ato;
d) afirmação dos nubentes de que pretendem casar por
livre e espontânea vontade;
e) declaração pelo presidente do ato de que se
encontra efetuado o casamento, nos seguintes termos: "De acordo com a vontade
que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e
mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados". Pelo art.1.514 do Código Civil, o
casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam,
perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara
casados;
f) lavratura do assento de matrimônio no livro de
registro, a ser assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, pelas testemunhas
e pelo oficial de registro - esta formalidade tem objetivo meramente probatório.
- Casos de suspensão:
a) se algum dos contraentes recusar a solene afirmação de sua vontade,
declarar que esta não é livre e espontânea ou manifestar-se arrependido.
OBS: O nubente que, por algum desses fatos, der causa à suspensão do ato, não
será admitido a retratar-se no mesmo dia;
b) oposição séria de impedimento;
c) retratação do consentimento dos pais, tutor ou curador, cuja autorização
for necessária;
d) revogação da procuração, no caso de o casamento ser realizado mediante a
apresentação da mesma.
- Número de testemunhas:
se o casamento for realizado na casa de audiências -

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duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes;


a) se o casamento for realizado em casa particular e se algum dos contraentes
não souber ou não puder escrever- quatro testemunhas;
b) se o casamento for realizado no local onde se encontrar um dos nubentes,
por estar acometido de moléstia grave - duas testemunhas que saibam ler e
escrever;
c) casamento nuncupativo - seis testemunhas que com os nubentes não
tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau;
• Outras formas de casamento:
Casamento por procuração - O casamento pode celebrar-se mediante
procuração, por instrumento público, que outorgue poderes especiais ao
mandatário para receber, em nome do outorgante, o outro contraente. A
eficácia do mandato não pode ultrapassar 90 dias. Pode o mandato ser
revogado apenas por instrumento público e, neste caso, não necessita
chegar ao conhecimento do mandatário. Entretanto, se houver revogação e
o casamento mesmo -assim for celebrado sem que o mandatário ou o outro
contraente dela tenham ciência, responde o mandante por perdas e danos,
além de se tornar anulável o matrimônio, salvo, quanto a este último efeito,
se tiver sobrevindo coabitação- entre os cônjuges.
OBS: Sendo o casamento realizado no Brasil, pode o estrangeiro casar mediante
procuração, ainda que a lei de seu país seja omissa ou contrária a esse
casamento (art. 7°, §1°, da LlNJB – antiga LICC).
Casamento no caso de moléstia grave de um dos contraentes - O presidente
do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, e, sendo urgente, ainda
à noite, perante duas testemunhas, que saibam ler e escrever.
A falta ou o impedimento da autoridade competente
para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer de seus substitutos legais, e a
do oficial do registro civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. O

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termo avulso que o oficial ad hoc lavrar será registrado no respectivo registro
dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Casamento nuncupativo ou in extremis vitae momentis ou in articulo mortis
- Quando um dos nubentes se encontrar em iminente risco de vida, não
obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de
seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis
testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta,
ou/na colateral, em segundo grau. O nubente que não estiver em iminente
risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
Realizado o casamento, devem as testemunhas
comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias,
pedindo que lhes tome por termo a declaração de que foram convocadas por parte
do enfermo, que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo, e que, em sua
presença, declararam os contraentes, livres e espontaneamente, receber-se por
marido e mulher.
Se as testemunhas não comparecerem
espontaneamente, poderá qualquer interessado requerer a sua notificação.
Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá as diligências para
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os
interessados que o requererem, dentro em quinze dias. Se o Juiz que colher as
declarações não for o competente, deve encaminhá-las, depois de autuadas, à
autoridade que o for, para a adoção das aludidas providências.
Verificada a idoneidade dos cônjuges para o
casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às
partes. Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos
recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro de Registro de Casamentos.
O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do
casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. Serão

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dispensadas as aludidas formalidades, se o enfermo convalescer e puder ratificar o


casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
Sobre o assunto, leciona Carlos Roberto Gonçalves:
"Não se trata de novo casamento, mas de confirmação do já realizado. Essa
ratificação faz-se por termo no livro de Registro de Casamentos, devendo vir
assinada também pelo outro cônjuge e por duas testemunhas. Antes da lavratura
do termo, exige-se os documentos do art. 1.525 e o certificado do art. 1.531,
comprobatório da inexistência de impedimentos. Se, porém, o restabelecimento -
ocorrer após já efetuado o registro, não se faz necessária a ratificação".
Casamento perante autoridade diplomática ou consular - "O casamento de
estrangeiros pode celebrar-se perante as autoridades diplomáticas ou
consulares do país de ambos os nubentes". Valerá no Brasil, como se tivesse
sido realizado no exterior. Sendo ambos os nubentes brasileiros, poderá o
casamento ser realizado perante nosso cônsul, desde que a legislação local
reconheça efeitos aos casamentos assim celebrados. Todavia, este
casamento deve ser registrado no Brasil.

10 - PROVAS DO CASAMENTO:
- Diretas:
a) Específicas:
1. casamento celebrado no Brasil- certidão do registro (sistema da prova pré-
constituída);
2. casamento celebrado fora do Brasil - de acordo com a lei do país onde se
celebrou (locus regit actum), devendo o documento estrangeiro ser
autenticado, segundo as leis consulares para produzir efeitos no Brasil;
3. casamento contraído perante agente consular brasileiro - certidão do
assento no registro do consulado. Entretanto, o casamento de brasileiro,
celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules

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brasileiros, deverá ser registrado em 180 (cento e oitenta) dias, a contar da


volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo
domicílio, ou, em sua falta, no 1° Ofício da Capital do Estado em que
passarem a residir.
b) Supletórias: qualquer outra espécie de prova, se restar justificada a falta ou a
perda do registro civil.
c) Indiretas: posse do estado de casado - "É a situação ostensiva de duas pessoas de
sexo diverso que vive como marido e mulher, no propósito de figurar como tal aos
olhos de todos".
c.1) Requisitos:
- nomen - uso pela mulher do nome do marido;
- tractatus - serem os cônjuges tratados como casados; e fama reconhecimento
pela sociedade de sua condição de cônjuges.
Em regra o matrimônio não se presume. Somente
excepcionalmente se admite a prova do casamento pela "posse do estado de
casado", desde que estejam satisfeitos os seguintes requisitos: impossibilidade de
os cônjuges manifestarem vontade, inclusive no caso de terem falecido;
comprovação exclusivamente em benefício da prole comum; ausência de prova
direta do casamento; e ausência de certidão do Registro Civil que prove que já era
casada alguma daquelas pessoas, quando contraiu o casamento impugnado.
A "posse do estado de casado" também se presta a
autorizar o julgamento em favor do casamento, quando os cônjuges viverem ou
tiverem vivido em tal situação e houver dúvida nas provas favoráveis e contrárias.
In dubio pro matrimonio.
Alguns autores vislumbram na "posse do estado de
casado" um elemento saneador de eventuais defeitos de formação do casamento.
Entretanto, Caio Mário da Silva Pereira leciona que a regra in dubio pro
matrimonio, sugerida pela posse de estado, é acolhida para dirimir a incerteza se

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ocorreu ou não o ato de sua celebração, mas é inidôneo para convalescer um vício
que o invalida.
- Prova da celebração de casamento resultante- de
processo judicial- o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá todos
os efeitos civis desde a data do casamento, tanto no que tange aos cônjuges como
no que diz respeito aos filhos.

11 - DEFEITOS DO CASAMENTO
- Casamento Inexistente - não previsto no
Código Civil e criticado por alguns autores. Pode-se citar, dentre outros, os
seguintes casos:
a) inexistência de celebração;
b) inexistência de manifestação de vontade dos
nubentes.
- Efeitos: Em princípio, dispensa ação judicial para sua
desconstituição, eis que não há o que desconstituir. Entretanto, havendo registro
ou sendo necessária a produção de provas, pode se tornar necessária a propositura
de ação judicial para a desconstituição deste (registro), em obediência aos
princípios do contraditório e da ampla defesa. Não se convalida pela ratificação ou
pela prescrição, nem admite declaração de putatividade.

- Casamento nulo - Casos:


a) contraído com infringência de impedimento.
Efeitos:
a) podem requerer a declaração da nulidade, através
de ação direta, qualquer interessado e o Ministério Público;
b) não se encontra sujeito a prazo prescricional ou
decadencial, não podendo ser suprido ou ratificado;

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c) admite a declaração de putatividade;


d) requer pronunciamento judicial para sua invalidação,
não podendo ser decretada de oficio pelo juiz;
e) a sentença que decretar a nulidade do casamento
retroagirá à data da sua celebração (efeitos ex tunc), sem prejudicar a aquisição de
direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença
transitada em julgado. Ressalvam-se, ainda, algumas conseqüências que não são
prejudicadas pelo efeito ex tunc da decretação da nulidade, tais como:
comprovação da filiação, proibição do casamento nos 10 meses subseqüentes à
dissolução da sociedade e do vínculo conjugal pela sentença que decreta a
nulidade, etc.;
f) é decretada no interesse de toda a coletividade;
g) ainda que nenhum dos cônjuges esteja de boa-fé ao
contrair o casamento, seus efeitos civis aproveitarão aos filhos comuns;
h) quando o casamento é anulado por culpa de um dos
cônjuges, este incorre na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente
e na obrigação de cumprir as promessas, que lhe fez, no contrato antenupcial;
i) admite prévia separação de corpos

- Casamento anulável: Casos:


a) De quem não completou a idade mínima para casar.
Têm legitimidade para requerer a anulação do casamento nesta hipótese: o próprio
cônjuge menor, seus representantes legais e seus ascendentes.
Entretanto, não se anulará, por motivo de idade, o
casamento de que resultou gravidez. Não bastasse isso, o menor que não atingiu a
idade núbil pode, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a
autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento
judicial. O prazo decadencial para pleitear a anulação em tal caso é de 180 dias,a

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contar, para o menor, do dia em que perfizer 16 anos e, para seus representantes
legais ou ascendentes, da data do casamento.
b) Do menor em idade núbil, quando não autorizado
por seu representante legal. Contudo, não se anulará o casamento quando à sua
celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por
qualquer modo, manifestado sua aprovação. O casamento do menor em idade
núbil; quando não autorizado por seu representante legal, só pode ser anulado se a
ação for proposta em 180 dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-Io, de seus
representantes legais ou de seus herdeiros necessários. Tal prazo é contado do dia
em que cessar a incapacidade, caso a ação seja proposta pelo incapaz; do dia do
casamento, se proposta por seus representantes legais; e da morte do incapaz, se,
proposta por seus herdeiros necessários.
c) Por vício de vontade, se houver por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. O prazo
decadencial para pleitear a anulação no caso sub examine é de três anos, a contar
da celebração do casamento. Considera-se erro essencial quanto à pessoa do outro
cônjuge:
c.1) o que diz respeito à sua identidade, sua honra e
boa fama, sendo esse erro tal, que o seu conhecimento ulterior torne insuportável
a vida em comum ao cônjuge enganado;
c.2) a ignorância de crime, anterior ao casamento, que,
por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
c.3) a ignorância, anterior ao casamento, de defeito
físico irremediável ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança,
capaz de por em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
c.4) a ignorância, anterior ao casamento, de defeito
físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e
transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro

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cônjuge ou de sua descendência;


d) Por vício de vontade, se o casamento for contraído
em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges
houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para
a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. O prazo decadencial nessa
hipótese é de quatro anos a contar da celebração.
e) Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo
inequívoco, o consentimento. A anulação, neste caso, deve ser pleiteada no prazo
de 180 dias a contar da celebração do casamento.
f) Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro
contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre
os cônjuges. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente
decretada. Neste caso, o prazo para pleitear a anulação é de cento e oitenta dias, a
partir da data, em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
g) Por incompetência da autoridade
celebrante.Todavia, subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a
competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos
e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. O prazo decadencial
para se pleitear a anulação do casamento neste caso é de dois anos, a contar da
celebração.

Efeitos:
a) a anulabilidade do casamento pode ser alegada
apenas por algumas pessoas;
b) O casamento anulável encontra-se sujeito a prazos
decadenciais relativamente exíguos, podendo ser confirmado, tacitamente, pelo
decurso do tempo;
c) admite a declaração de putatividade;

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d) requer pronunciamento judicial para sua invalidação,


não podendo ser decretada de ofício pelo juiz;
e) produz efeitos ex nunc;
f) é decretada no interesse da vítima ou de um grupo
de pessoas;
g) ainda que nenhum dos cônjuges esteja de boa-fé ao
contrair o casamento, seus efeitos civis aproveitarão aos filhos comuns;
h) quando o casamento é anulado por culpa de um dos
cônjuges, este incorre na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente
e na obrigação de cumprir as promessas, que lhe fez, no contrato antenupcial.

- Casamento irregular - contraído com infração a causa suspensiva.


Efeitos:
a) não acarreta a nulidade ou a anulabilidade do
casamento;
b) acarreta a obrigatoriedade do regime da separação
de bens.

- Casamento putativo - Casamento nulo ou anulável contraído de boa-fé por um ou


por ambos os cônjuges, o qual produz todos os efeitos civis, quanto àquele ou
àqueles que se encontravam de boa-fé e aos filhos, até o dia da sentença
anulatória. A ignorância do vício que macula o casamento pode decorrer de erro de
fato ou de direito, devendo aquela (ignorância) existir ao tempo da celebração. O
casamento nulo ou anulável produz todos os efeitos em relação aos filhos comuns,
ainda que nenhum dos cônjuges esteja de boa-fé ao contrair o matrimônio.

- Ação de anulação ou de nulidade - Sujeita-se ao procedimento ordinário, com


intervenção do MP. Admite prévia separação de corpos e arbitramento de

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alimentos provisionais. A sentença que declarar a nulidade ou anular o casamento,


depois do trânsito em julgado, deve ser averbada no livro de casamento e não mais
se sujeita ao reexame necessário, em virtude da alteração introduzida no art. 475,
I, do CPC pela Lei n. 10.352, de 26/12/2001.

12 - DOS EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO


Efeitos sociais:
I - cria a família legítima;
II - emancipa o cônjuge menor;
III - estabelece o vínculo de afinidade entre um cônjuge
e os parentes do outro.

Efeitos pessoais:
I - deveres de ambos os cônjuges: fidelidade recíproca,
vida em comum no domicílio conjugal, mútua assistência, respeito e consideração;
II - assunção pelos cônjuges da condição de consortes,
companheiros e responsáveis pelos encargos da família, havendo igualdade de
direitos e deveres;
III - direção conjunta da sociedade conjugal, no
interesse do casal e dos filhos; havendo divergência, qualquer dos cônjuges pode
recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração tais interesses; se qualquer
dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais de
cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com
exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens;
IV - concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos,
qualquer que seja o regime patrimonial;

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V - fixação conjunta do domicílio conjugal, podendo um


e outro se ausentar dele para atender a encargos públicos, ao exercício de sua
profissão ou a interesses particulares relevantes;
VI - proteção do outro cônjuge em sua integridade
física e/ou moral;
VII - possibilidade de qualquer dos nubentes,
querendo, acrescer ao seu o sobrenome do outro;
VIII- guarda e educação dos filhos.

Efeitos patrimoniais:
I - decorrentes do regime de bens - serão analisados adiante;
II - não decorrentes do regime de bens:
restrições à liberdade de ação dos cônjuges:
um cônjuge não pode, sem a autorização do outro:
alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ainda que do domínio
particular de qualquer deles;
pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
prestar fiança ou aval;
fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que
possam integrar futura meação, salvo as doações nupciais feitas aos filhos
quando casarem ou estabelecerem economia separada.
Observações:
Em caso de falta de autorização de um dos cônjuges,
por motivo injusto ou por impossibilidade de concedê-la, admite-se seu suprimento
judicial.
A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando
necessária, torna anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a
anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. A aprovação

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torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular,
autenticado.
A decretação da invalidade dos atos praticados sem
outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só pode ser demandada
pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros.
A anulação dos aludidos atos assegura ao terceiro,
prejudicado com a sentença favorável ao autor, direito regressivo contra o cônjuge
que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros; impenhorabilidade do
bem de família; dever recíproco de sustento e de prestação de alimentos; direito
sucessório do cônjuge sobrevivente.
III- relações econômicas entre pais e filhos (decorrem mais do poder familiar e da
relação de parentesco entre pais e filhos, do que propriamente do casamento):
- dever de sustentar os filhos menores;
- prestação de alimentos aos filhos;
- administração dos bens do filho menor;
- usufruto dos bens dos filhos que estiverem sob o
poder familiar.

13 - DO REGIME DE BENS
13.1-.CONSIDERACÕES GERAIS
Regime de bens "é o estatuto que regula os interesses patrimoniais dos
cônjuges durante o matrimônio" (SR).
Início - na data do casamento.
Término:com a dissolução da sociedade conjugal; pela morte de um dos cônjuges,
pela separação judicial, pelo divórcio, pela anulação ou pela declaração de
nulidade.
Princípios: variedade de regimes, liberdade de pactos
antenupciais {exceto se obrigatória a separação de bens) e imutabilidade relativa. A

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propósito, pelo Código Civil/2002, é admissível a alteração do regime de bens,


mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada
a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
Pacto antenupcial - deve ser feito por escritura pública,
sob pena de nulidade, e ser seguido do casamento, sob pena de ineficácia.
Somente se afigura necessário no caso de adoção de regime diverso do legal. A
eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação
de seu representante legal, salvo nas hipóteses de regime obrigatório de separação
de bens.
OBS: É nula a convenção ou cláusula dela que
contravenha disposição absoluta da lei.

Regimes legais:
1 - comunhão parcial - é o regime que vigora na
ausência de convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, desde que não seja
obrigatória a separação de bens;
2 - separação de bens - é obrigatória nos seguintes
casos:
a) inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento;
b) casamento de pessoa maior de 70 anos1
c) casamento de todos os que dependerem, para casar,
de suprimento judicial.

Convenções antenupciais perante terceiros - As convenções antenupciais não

1
10 Conforme adverte Carlos Roberto Gonçalves, "decidiu-se, porém (T JSP jurídica, 2ª Câm. Ap. 7.512-

4-SJRPreto, j. 18.;8-1998, v.u.), que já não vige tal restrição, por ser incompatível com as
cláusulas constitucionais de tutela da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da
intimidade, bem como com a garantia do justo processo da lei, tomado na acepção substancial
(CF, arts. 11, lU, e 51, I, Xe LlV)"

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terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo
oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. Assim, na ausência de
registro, vigorará, em relação a terceiros, o regime legal.
Responsabilidade do cônjuge que estiver na posse de
bens particulares do outro, perante ele e seus herdeiros:
I - como usufrutuário, se o rendimento for comum;
II - como procurador, se tiver mandato, expresso ou
tácito, para os administrar;
III - como depositário, se não for usufrutuário, nem
procurador.

13.2 - COMUNHÃO PARCIAL OU COMUNHÃO LIMITADA


Conceito: "É aquele em que, basicamente, se excluem da comunhão os bens que os
cônjuges possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia
ao casamento, como as doações e sucessões; e em que entram na comunhão os
bens adquiridos posteriormente" (SR). Com efeito, dispõe o art. 1.658 do Código
Civil: "No regime da comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao
casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes".

Bens e dívidas excluídos da comunhão (incomunicáveis):


I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar e os que
lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou por sucessão, e os
sub-rogados em seu lugar;
OBS: "...0 imóvel adquirido antes do casamento sob
regime de comunhão parcial de bens não integra o patrimônio comum. Ainda que
o bem tenha sido financiado, o pagamento de algumas prestações, já vigente o
regime de bens, torna a ex-esposa credora do executado na proporção de sua
contribuição, mas não lhe assegura a condição de condômina ou meeira do imóvel

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que permanece sob propriedade exclusiva do marido" (TJDFT, 1a Câmara Cível, ARC
46995-DF, Rel.: José Hilário de Vasconcelos).
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente
pertencentes a um dos cônjuges, em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo
reversão em proveito do casal;
v - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

OBS: Acerca do assunto, Sílvio Rodrigues ressalta o seguinte: "Entretanto só os


proventos, enquanto tais, não se comunicam. No exato instante em que se
transformam em patrimônio, por exemplo, pela compra de bens, opera-se, em
relação a estes, a comunhão, pela incidência da regra contida nos arts. 1.658e
1.660, I, até porque não acrescente o inciso em exame, a hipótese e os bens sub-
rogados em seu lugar.
Entendimento diverso contraria a essência do regime
da comunhão parcial, e levaria ao absurdo de só se comunicarem os bens
adquiridos com o produto de bens particulares e comuns ou pelo fato eventual,
além dos destinados por doação ou herança ao casal.
Aliás, é importante salientar que não apenas os bens
adquiridos com os proventos do trabalho de um dos cônjuges entram para a
comunhão, mas, também, o próprio dinheiro que constitui a remuneração, ao ser
esta paga. O que o dispositivo busca evitar é apenas que, dissolvida a sociedade
conjugal, seja partilhado o direito de cada cônjuge continuar a receber o seu
salário. Maria Helena Diniz, contudo, parece discordar desse entendimento, ao
lecionar que "o produto do trabalho dos consortes e os bens com ele adquiridos não

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se comunicam. Sobre eles têm os cônjuges todos os poderes de gozo, disposição e


administração, exceto no que concerne aos imóveis, cuja alienação requer outorga
marital ou uxória".

VII - pensões (quantias pagas periodicamente, em razão


da lei, decisão judicial, ato inter vivos ou causa mortis, a alguém, visando sua
subsistência), meios-soldos (metade do soldo que o Estado paga a militar
reformado), montepios (pensão paga pelo Estado aos herdeiros de funcionário
falecido, em atividade ou não) e outras rendas semelhantes.
OBS: Como alerta Carlos Roberto Gonçalves, "o que não se comunica é somente o
direito ao percebimento desses benefícios às quantias mensalmente recebidas na
constância do casamento, a esse título, porém, entram para o patrimônio do casal e
comunicam-se logo que percebidas”. Aliás, a cláusula de inalienabilidade inclui a de
incomunicabilidade.
VIII - os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anterior ao casamento;
IX - as dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na
administração de seus bens particulares e em benefício destes;
X - os direitos patrimoniais do autor, excetuados os
rendimentos resultantes de sua exploração, salvo pacto antenupcial em contrário
(art. 39, Lei n° 9.610/98).

Entram na comunhão (comunicáveis):


I - os bens adquiridos na constância do casamento por
título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior (ex.: loteria, avulsão etc.);
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado

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em favor de ambos os cônjuges;


IV - as benfeitorias em bens particulares de cada
cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de
cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de
cessar a comunhão;
VI - as dívidas contraídas para atender aos encargos da
família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal.

Bens móveis - presumem-se adquiridos na constância


do casamento, quando não se provar com documento autêntico, que o foram em
data anterior.
Administração: A administração do patrimônio comum
compete a qualquer dos cônjuges (sistema da co-gestão). Contudo, a anuência de
ambos os cônjuges É necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem
cessão do uso ou gozo dos bens comuns. Em caso de malversação dos bens, o juiz
poderá atribuir é administração a apenas um dos cônjuges. A administração e a
disposição dos bem constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge
proprietário, salve convenção diversa em pacto antenupcial.
Aqüestos - nome que se dá aos bens adquiridos na
constância do casamento.

13.3- COMUNHÃO UNIVERSAL


É o que importa a comunicação de todos os bens
presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com algumas exceções
previstas em lei.

Bens e dívidas excluídos da comunhão (incomunicáveis):

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I - bens doados ou herdados com a cláusula de


incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - bens gravados de fideicomisso e o direito do
herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
III - dívidas anteriores ao casamento, salvo se
provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - doações antenupciais feitas por um dos cônjuges
ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes;
VIII - os direitos patrimoniais do autor, excetuados os
rendimentos resultantes de sua exploração, salvo pacto antenupcial em contrário
(art. 39, Lei n° 9.610/98).
OBS: A incomunicabilidade dos aludidos bens não se
lhes estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Administração: A administração do patrimônio comum
compete a qualquer dos cônjuges (sistema da co-gestão). Contudo, a anuência de
ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem
cessão do uso ou gozo dos bens comuns. Em caso de malversação dos bens, o juiz
poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges. A administração e a
disposição dos bens constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge
proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial.
Extinção da comunhão - Extinta a comunhão, por uma
das formas de dissolução da sociedade conjugal, e efetuada a divisão do ativo e
passivo, cessa a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores

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do outro.

13.4 - PARTICIPACÃO FINAL NOS AQÜESTOS


Segundo Sílvio Rodrigues, "representa tal regime um regime híbrido, ou
misto, ao prever a separação de bens na constância do casamento, preservando,
cada cônjuge, seu patrimônio pessoal, com a livre administração de seus bens,
embora só se possa vender os imóveis com a autorização do outro, ou mediante
expressa convenção no pacto dispensado a anuência (arts. 1672, 1673, parágrafo
único clc o art.1656). Mas, com a dissolução, fica estabelecido o direito à metade
dos bens adquiridos a título oneroso pelo casal na constância do casamento (art.
1672)".

Situação na constância da sociedade conjugal:


Integram o patrimônio próprio os bens que cada
cônjuge possuir ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do
casamento.
A administração desses bens é exclusiva de cada
cônjuge, que os poderá alienar livremente, se forem móveis.
O direito à meação exercitável por ocasião da
dissolução da sociedade conjugal não é renunciável, cessível ou penhorável na
vigência do regime matrimonial, tratando-se de norma de ordem pública.
No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto,
terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou no crédito por
aquele modo estabelecido.
Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo
nome constar do registro. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge
proprietário provar a aquisição regular dos bens.
As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se

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do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro. .


Situação no caso de dissolução da sociedade conjugal:
sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos
aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:
1. os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
2. os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
3. as dívidas relativas a esses bens.

Observações:
Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos
durante o casamento os bens móveis.
Ao computar-se o montante dos aqüestos, computar-
se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização
do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou
por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da
época da dissolução.
Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em
detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus
herdeiros, de os reivindicar.
Na dissolução do regime de bens por separação judicial
ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aqüestos à data em que cessou a
convivência.
Se não for possível nem conveniente a divisão de todos
os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em
dinheiro ao cônjuge não-proprietário.
Não se podendo realizar a reposição em dinheiro serão
avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastem.
Na dissolução da sociedade conjugal por morte,

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verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade com os critérios


anteriores, deferindo-se a herança aos herdeiros da forma regulada pelo Direito
das Sucessões.

Dívidas:
Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por
um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial
ou totalmente, em benefício do outro.
As dívidas de um dos cônjuges quando superiores à sua
meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros.
Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com
bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na
data da dissolução, à meação do outro cônjuge.

13.5 - SEPARACÃO DE BENS


Conceito: É aquele em que cada cônjuge conserva, com exclusividade, o domínio,
posse e administração de seus bens presentes e futuros e a responsabilidade pelos
débitos anteriores e posteriores ao casamento (MHD).
Regra - incomunicabilidade dos bens e dívidas, presentes e futuros, de cada
cônjuge.
OBS: O regime de separação de bens, quando não obrigatório, admite a
modificação de suas regras no pacto antenupcial.
Separação de bens obrigatória - Segundo a Súmula 377 do STF, "no regime de
separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
casamento". Sem embargo disso, o ST J tem restringido o alcance de tal súmula aos
aqüestos resultantes da conjugação de esforços do casal.
Dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para a aquisição das coisas
necessárias à economia doméstica

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os bens de ambos os cônjuges ficam obrigados pelas mesmas.

Obrigação de contribuir para as despesas do casal


Esta obrigação cabe a ambos os cônjuges, na proporção
dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no
pacto antenupcial.
Aliás, as dívidas contraídas com ou para a aquisição de
coisas necessárias à economia doméstica obrigam solidariamente ambos os
cônjuges.

Administração, alienação e oneração


Os bens móveis e imóveis permanecem sob a administração exclusiva de
cada um dos cônjuges, que os pode livremente alienar ou gravar de ônus reais.

14 - DA DISSOLUCÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL


14.1 – CONSIDERACÕES PRELIMINARES
A dissolução da sociedade conjugal pode se dar por alguma das seguintes formas:
pela morte de um dos cônjuges,
pela nulidade ou anulação do casamento,
pela separação judicial ou pelo divórcio.

OBSERVAÇÕES:
- Entretanto, o casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos
cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção de óbito estabelecida quanto
ao ausente.
- Como se vê, a separação judicial, apesar de acarretar a dissolução da sociedade
conjugal, não põe fim ao casamento válido. Logo, não autoriza os cônjuges a
contraírem novas núpcias.

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- Por força da EC 66/10 que alterou o § 6º do artigo 226 da CF, existe uma corrente
que entende que a separação judicial deixou de existir, uma vez que tal instituto
existia como requisito prévio para concessão do divórcio e, com a entrada edição
da referida Emenda Constitucional que eliminou tal requisito, teríamos então a
revogação tácita dos dispositivos que tratam do assunto no Código Civil.
- Não obstante, ainda existem entendimentos em sentido contrário.

14.2 – MORTE DE UM DOS CÔNJUGES


- Acarreta a dissolução da sociedade conjugal e do casamento, mesmo na
hipótese de ser presumida.
14.3 - NULIDADE E ANULAÇÃO DO CASAMENTO
Já foram analisadas anteriormente.

14.4 – SEPARAÇÃO JUDICIAL (COM AS RESSALVAS DECORRENTES DA EC 66/10)

Considerações gerais: Não acarretando a dissolução do casamento, mas tão


somente da sociedade conjugal, a separação se apresenta como medida provisória
e preparatória de um futuro divórcio.
Espécies:
a) separação consensual ou por mútuo consentimento - exige que o casamento
conte mais de um ano;
b)separação litigiosa:
- como sanção - cabível no caso de grave violação dos deveres do casamento
que torne insuportável a vida em comum;
- como falência -cabível no caso de ruptura da vida em comum há mais de
um ano consecutivo, não havendo possibilidade de sua reconstituição;
- como remédio: cabível quando um dos cônjuges estiver acometido de grave
doença mental, manifestada após o casamento, que torne impossível a

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continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de 02 (dois)


anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável.
- Neste caso, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a
separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento,
e se o regime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na
constância da sociedade conjugal.
- Segundo o Código Civil, podem caracterizar a impossibilidade da comunhão
de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos:
a) adultério;
b) tentativa de morte;
c) sevícia ou injúria grave;
d) abandono voluntário do lar conjugal durante um ano contínuo;
e) condenação por crime infamante;
f) conduta desonrosa;
g) outros fatos que, a critério do juiz, tornem evidente a impossibilidade de
vida em comum.
Efeitos:
- Põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca, bem como ao
regime matrimonial de bens;
- Autoriza sua conversão em divórcio após o decurso de um ano, a contar do
trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial,
ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos. A
propósito, pelo art. 8° da lei n° 6.515/77, "a sentença que julgar a separação
judicial produz seus efeitos à data de seu trânsito em julgado, ou à da
decisão que tiver concedido separação cautelar". Entretanto, "a sentença
que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de
reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e
averbados no Registro Público de Empresas Mercantis" (art. 980,CC/2002);

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- Não torna possível a celebração de novo casamento, enquanto não


convertida em divórcio;
- Partilha dos bens, mediante proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz
ou por este decidida;
- Suprime o direito sucessório entre os cônjuges;
- Garante pensão alimentícia aos filhos menores e maiores inválidos, bem
como ao cônjuge desprovido de recursos, desde que não seja o culpado pela
separação litigiosa.

OBSERVAÇÕES:
- Mesmo após a separação, se um dos cônjuges separados judicialmente vier
a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-las mediante
pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação
de separação judicial, sendo que se o cônjuge declarado culpado vier a
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-las,
nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los,
fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência (art. 1.704, CC/2002).
- Na vigência do CC/1916, o STJ vinha entendendo que a renúncia a alimentos
manifestada por um dos cônjuges no acordo quanto à separação judicial era
irretratável. Todavia, o CC/2002 parece ter afastado a possibilidade de haver
renúncia quanto a tais alimentos, notadamente em face do disposto em
seus arts. 1.704 e 1.707;
- Cessa o dever de prestar alimentos, com o casamento, a união estável ou o
concubinato do credor, bem como se este tiver procedimento indigno em
relação ao devedor.
- O STJ já decidiu que é válida e eficaz a cláusula de renúncia a alimentos,
quando não ficou estabelecida qualquer cláusula que obrigava o ex-marido
a prestar alimentos à ex-mulher, em acordo de separação.

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- Segundo o STJ, quem renuncia, renuncia para sempre. o casamento válido


se dissolve pelo divórcio. Dissolvido o casamento, desaparecem as
obrigações entre os então cônjuges. A mútua assistência é própria do
casamento.
- Separação de corpos, admitindo-se esta, inclusive, como medida
preparatória;
- Atribuição da guarda dos filhos menores e maiores incapazes segundo o que
os cônjuges acordarem a esse respeito na separação consensual ou por -
deliberação do juiz, caso não haja acordo. Nesta hipótese, deve tal guarda
ser atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la, admitindo-
se, inclusive, no caso de os filhos não deverem permanecer sob a guarda de
seus genitores, o deferimento da mesma a pessoa que revele
compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em
conta o grau de parentesco e a relação de afinidade e afetividade. Aliás,
havendo motivos graves, o juiz pode, em qualquer caso, a bem dos filhos,
regular a situação deles para com os pais de maneira diferente da
estabelecida acima;
- Não altera o vínculo de filiação;
- Assegura ao genitor que não tiver a guarda dos filhos o direito de visitá-los e
de tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge,
ou for fixado pelo juiz, bem como de fiscalizar sua manutenção e educação;
- Perda por um cônjuge do direito de usar o sobrenome do outro, no caso de
ser declarado culpado na ação de separação judicial, desde que tal
providência seja expressamente requerida pelo inocente e que a alteração
não acarrete:
I - evidente prejuízo para a sua identificação;
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união
dissolvida;

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III - dano grave reconhecido na decisão judicial. O cônjuge inocente na ação de


separação judicial pode renunciar, a qualquer tempo, ao direito de usar o
sobrenome do outro. Nos demais casos de separação, cabe a opção pela
conservação do nome de casado;
- Possibilidade de os cônjuges restabelecerem a sociedade conjugal, a
qualquer tempo, por ato regular em juízo. Neste caso, a reconciliação não
prejudica os direitos de terceiros, adquiridos antes e durante a separação,
seja qual for o regime de bens;
- Impossibilidade do cônjuge do sócio que se separou judicialmente exigir
desde logo a parte que lhe cabe na quota social, podendo, entretanto,
concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade (art.
1.027, CC/2002);
- A doutrina e a jurisprudência vêm admitindo a possibilidade de indenização
por dano moral em separação judicial ou divórcio.

14.5 - DIVÓRCIO
Espécies:
1 - divórcio indireto- PREVISTO ANTES DA EC 66/10, exigia separação judicial por
mais de um ano, contando-se este prazo do trânsito em julgado da sentença que
houver decretado a separação, ou da decisão concessiva da medida cautelar de
separação de corpos. O eventual relacionamento ou convivência dos cônjuges
durante esse prazo de separação judicial não impede a conversão desta em
divórcio. Pode ser litigioso ou consensual; As pessoas que se encontravam
separadas judicialmente antes da EC 66/10 devem realizar tal procedimento.

2 - divórcio direto – Deixou de existir com a entrada em vigor da EC 66/10. Essa


espécie exigia comprovada separação de fato por mais de dois anos. Como não se
exige mais prazo prévio para decretação do divórcio, essa modalidade deixou de

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existir.

Efeitos:
- Põe termo à sociedade conjugal e ao vínculo matrimonial, com cessação dos
deveres recíprocos dos cônjuges;
- Torna possível a celebração de novo casamento;
- Partilha dos bens, embora o divórcio possa ser concedido sem que ela seja
definida previamente;
- Suprime o direito sucessório entre os cônjuges;
- Garante pensão alimentícia aos filhos menores e maiores inválidos, bem
como ao cônjuge desprovido de recursos, desde que, neste último caso, a
sentença de divórcio imponha essa obrigação (art. 1.709, CC/2002),
atendendo às mesmas diretrizes estabelecidas para a fixação da prestação
alimentar entre cônjuges na separação judicial;
- A sentença que a julgar produz seus efeitos depois de registrada no registro
público competente;
- Atribuição da guarda dos filhos menores e maiores incapazes segundo o que
os cônjuges acordarem a esse respeito no divórcio consensual ou por
deliberação do juiz, caso não haja acordo. Nesta hipótese, deve tal guarda
ser atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la, admitindo-
se, inclusive, no caso de os filhos não deverem permanecer sob a guarda de
seus genitores, o deferimento da mesma a pessoa que revele
compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em
conta o grau de parentesco e relação de afinidade e afetividade. Aliás,
havendo motivos graves, o juiz pode, em qualquer caso, a bem dos filhos,
regular a situação deles para com os pais de maneira diferente da
estabelecida acima;
- Não modifica os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos, nem

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mesmo no caso de novo casamento de algum daqueles;


- Assegura ao genitor que não tiver a guardados filhos o direito de visitá-los e
de tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge,
ou for fixado pelo juiz, bem como de fiscalizar sua manutenção e educação;
- Possibilidade, de o cônjuge manter o nome de casado, salvo, no divórcio
indireto, se dispuser o contrário a sentença de separação;
- Impossibilidade de os cônjuges restabelecerem a sociedade conjugal, salvo
mediante novo casamento.

Procedimento:
- Trata-se de ação personalíssima, sujeita portanto, ao disposto no art. 267, IX
do CPC.

III - CONCUBINATO E UNIÃO ESTÁVEL


1 - CONSIDERACÕES PRELIMINARES
Antes do advento da CF/88, os Tribunais pátrios já
asseguravam à concubina certos direitos, tais como o de ser indenizada pelos
serviços domésticos prestados, desde que restasse comprovada essa prestação, ou
à participação sobre os bens adquiridos com esforço comum; desde que
comprovasse sua contribuição para a aquisição dos mesmos, durante o tempo de
convivência.
Sobre o assunto, o E. STF editou sua Súmula 380,
segundo a qual "comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos,
é cabível a sua dissolução judicial com a partilha do patrimônio adquirido pelo
esforço comum".
Além disso, o próprio Código Civil/1916, em seu art.
363, I, já estabelecia uma presunção juris tantum de filiação dos filhos concebidos
pela mãe durante o período em que esta se encontrava concubinada com o

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suposto pai.
Por sua vez, a Lei n° 6.015/73, em seu art. 57, § 2°,
estabelecia que "a mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem
solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável,
poderá requerer ao juízo competente que, no registro de nascimento, seja
averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios,
de família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do
estado civil de qualquer das partes ou de ambas".
Posteriormente, a Constituição Federal de 1988, em
seu art. 226, § 3°, passou a dispor que, "para efeito de proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo alei facilitar sua conversão em casamento".
Além disso, o § 6° do art. 227 da Lei Fundamental
reconheceu aos filhos, havidos ou não da relação de casamento, a igualdade de
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas
à filiação.
Tendo em vista o texto constitucional, foram editadas
leis de hierarquia inferior a respeito do assunto, devendo-se ressaltar as relativas à
previdência social, que permitiram a inclusão do(a) companheiro(a) como
dependente do segurado em condição igual à do cônjuge, e, principalmente, as Leis
8.971/94 e 9.278/96, que regulamentaram o instituto e suas conseqüências
jurídicas.
O Código Civil/2002 cuida da união estável nos artigos
1723 a 1727, fazendo distinção entre união estável e concubinato ao estabelecer,
no artigo 1727, que as relações não eventuais entre o homem e a mulher,
impedidos de casar, constituem concubinato.

1.2 - DISCIPLINA ATUAL DA MATÉRIA

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O Código Civil/2002, ao disciplinar a matéria, o faz da


seguinte forma:
1 - confere direito recíproco de alimentos aos conviventes (art. 1.694);
2 - determina a cessação do dever de prestar pensão alimentícia no caso de o
credor iniciar união estável ou concubinato (art. 1.708 CC);
3 - define como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, desde
que reste configurada a convivência pública, contínua e duradoura, que tenha sido
estabelecida com o objetivo de constituição de família e desde que não existam
impedimentos matrimoniais (ascendentes e descendentes; afins em linha reta;
adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do
adotante; irmãos e colaterais até o terceiro grau; adotado com o filho do adotante;
cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte; as pessoas casadas - salvo se houver separação de fato, para
efeito de caracterização de união estável- art. 1.723).
As causas suspensivas do casamento não impedem a caracterização da união
estável, desde que não haja prejuízo para os interesses que a lei objetiva tutelar
(art. 1.723, §2°);
OBS: A lei não fixa prazo de duração preciso para que o Juiz conclua pela existência
ou não da união de fato estável, cabendo a valoração desse requisito pela análise
peculiar do caso concreto.
4 - Estabelece para os companheiros os deveres recíprocos de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos (art. 1.724);
5 - determina a aplicação do regime da comunhão parcial de bens às relações
patrimoniais entre os companheiros, salvo contrato escrito entre eles (art. 1.725);
6 - admite a conversão da união estável em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz (não mais ao Oficial do Registro Civil) e assento no Registro
Civil (art. 1.726);
7 - considera concubinato as relações não eventuais entre o homem e a mulher, no

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caso de haver entre eles impedimento matrimonial (art. 1.727), contemplando a


antiga diferenciação doutrinária entre concubinato puro (que pode se caracterizar
como união estável) e concubinato impuro (que não pode se caracterizar como
união estável);
8 - possibilita a participação de um companheiro da sucessão do outro,
exclusivamente quanto aos bens adquiridos na vigência da união estável, nas
seguintes condições (art. 1.790):
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma cota equivalente à que por lei
foi atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles;
III - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança;
IV - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
- OBS: O STF iniciou dia 31 de agosto de 2016 o julgamento de RE que
discute a legitimidade do tratamento diferenciado dado a cônjuge e a
companheiro, pelo artigo 1790 do Código Civil, para fins de sucessão. A
análise foi suspensa, contudo, por pedido de vista do ministro Dias Toffoli.
Até a data da suspensão, sete ministros já haviam votado pela
inconstitucionalidade da norma, por entenderem que a CF garante a
equiparação entre os regimes da união estável e do casamento no tocante
ao regime sucessório.
- O recurso teve repercussão geral reconhecida pela Corte em abril de 2015.
.

9 - estabelece a incapacidade testamentária passiva do concubino do testador


casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais
de cinco anos (art. 1.801).

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- Ressalva, porém a licitude da deixa ao filho do concubino, quando também


o for do testador (art. 1.803), encampando jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal que culminou com a edição de sua Súmula n° 447: "É válida
a disposição testamentária em favor do filho adulterino do testador com sua
concubina";
10 - possibilita a adoção em conjunto pelos companheiros (art. 1.618);
11 - estabelece o vínculo de afinidade entre um companheiro e os ascendentes,
descendentes e irmãos do outro (art. 1.595);
12 - prevê expressamente a dissolução judicial da união estável, admitindo a
medida cautelar de separação de corpos (art. 1.562).

OBSERVAÇÕES:
- Entretanto, o Código Civil/2002 não assegura expressamente ao
companheiro sobrevivente direito real de habitação relativamente ao
imóvel destinado à residência da família.
- Entretanto, o Enunciado 117 da I Jornada de Direito Civil: “117: O direito
real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido
revogada a previsão da Lei 9.278, seja em razão da interpretação analógica
do artigo 1.831, informado pelo artigo 6º, caput, da Constituição Federal”.
- Ainda, impende consignar que a Quarta Turma do Colendo Superior Tribunal
de Justiça, por meio de julgamento do Recurso Especial nº 1.203.144-RS
(2010/0127865-4), ocorrido em 27/05/2014, de relatoria do Ministro Luís
Felipe Salomão, em ação de manutenção de posse ajuizada antes mesmo de
eventual pedido expresso de reconhecimento de união estável, manteve
decisão que reconheceu o direito real de habitação a companheira
supérstite.
- Continua em vigor o art. 9° da Lei n° 9.278/96, o qual estabelece que a
matéria relativa à união estável é de competência do juízo da Vara de

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Família, assegurado o segredo de justiça.


- Importa salientar, ainda, que, conforme ressalta Carlos Roberto Gonçalves,
"o reconhecimento da união estável para fins sucessórios, pode ser
reconhecido nos próprios autos do inventário, enquanto discutida nas vias
próprias a qualidade de herdeiro ou o direito à meação do companheiro,
admissível o direito à reserva de bens no inventário”.
- Também se admite a homologação da separação consensual de
companheiros, para reconhecimento da sociedade de fato, partilha de bens,
guarda de filhos etc., bem como a cautelar de separação de corpos e de
arrolamento de bens.
- Por derradeiro, impõe-se reconhecer que uma pessoa pode,
concomitantemente, estar ligada a duas ou mais uniões estáveis. Nesse
caso, os direitos previstos na legislação em vigor devem ser assegurados a
todos os (as) companheiros (as) inocentes, observando-se as peculiaridades
de cada relação.
Por exemplo:
1 - o direito sucessório deve ser partilhado entre os(as) companheiros(as)
sobreviventes, no caso de morte do desleal;
2 - o direito a alimentos é assegurado a todos os (as) companheiros(as) inocentes;
3 - a meação que cabe aos(às) companheiros(as) traídos deve ter por base os bens
adquiridos com o esforço comum, identificando-se o patrimônio vinculado a cada
união. Não sendo possível essa identificação e havendo a colaboração de todos, o
patrimônio comum deve ser partilhado entre o desleal e cada um dos traídos, em
partes iguais.

* Sobre o assunto ora tratado, vide abaixo alguns julgados interessantes:


"EMENTA - DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE DE FATO - OPOSIÇÃO - CONCUBINATO
SIMULTÂNEO. Comprovado, de forma induvidosa, que o de cujus, durante anos,

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conviveu ao mesmo tempo com duas companheiras, passando os dias da semana


com uma e as folgas e férias com a outra, sem que uma soubesse da existência da
outra, impõe-se a partilha do patrimônio entre ambas." (T JDFT, 4a Turma Cível, AC
na 46054/97, Rel.: Des. Haydevalda Sampaio, decisão de 23/03/98, DJU 3 de
23/09/98, p. 112.)

"EMENTA - CONCUBINATO. BENS. PARTILHA. IMÓVEL PAGO PARCIALMENTE


DURANTE O CONCUBINATO. Direito de a concubina receber parte do imóvel que,
embora objeto de negócio celebrado um ano antes do inicio da relação, foi pago
em prestações mensais graças ao esforço comum, durante a convivência que
perdurou 14 anos. Recurso conhecido e provido." (STJ, 4a Turma, RESP na
134108/DF, Rel.: Min. Ruy Rosado Aguiar, decisão de 07/10/97, DJ de 19/12/97,p.
67.507.)

"EMENTA - CASAMENTO. COMUNHÃO DE BENS. PARTILHA. BENS ADQUIRIDOS


DEPOIS DA SEPARAÇÃO DE FATO. Adquirido o imóvel depois da separação de fato,
quando o marido mantinha concubinato com outra mulher, esse bem não integra a
meação da mulher, ainda que o casamento, que durou alguns meses, tivesse sido
realizado sob o regime da comunhão universal. Precedentes. Recurso não
conhecido." (STJ, 4a Turma, RESP na 140694/0F, Rel.: Min. Ruy Rosado Aguiar,
decisão de 13/10/97, OJ de 15/12/97, p. 66.430.)

"EMENTA - CONCUBINATO. PARTILHA. CONCUBINO CASADO. O fato de ter sido


casado o concubino, em regime de comunhão de bens, não elide o direito da
concubina de pleitear a partilha dos bens adquiridos durante a união estável,
mesmo porque se trata de outro patrimônio. Recurso não conhecido." (ST J, 4a
Turma, RESP na 51161/GO, Rel.: Min. Ruy Rosado Aguiar, decisão de 19/09/95, OJ
de 27/11/95, p. 40.891.)

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"EMENTA - DIREITO CIVIL - PARTILHA DE BENS - 'DE CUJUS' QUE, POR ONZE ANOS,
MANTEVE SOCIEDADE DE FATO, EMBORA SEM DESCONSTITUIR VÍNCULO
MATRIMONIAL HAVIDO COM OUTRA MULHER - DIREITO DA COMPANHEIRA A 50%
DO PATRIMÔNIO DO CASAL FORMADO AO LONGO DA UNIÃO ESTÁVEL -
APLICAÇÃO DO ART. 51 DA LEI N° 9.278/96 - INEXISTÊNCIA DE VILIPÊNDIO À
MEAÇÃO DO CÔNJUGE ORIGINÁRIO - RECURSO DESPROVIDO. 1- A comunicação
dos bens presentes e futuros dos cônjuges, mesmo em se tratando de comunhão
universal, somente se dá na constância da sociedade conjugal. 11- Se o marido
abandona o lar conjugal, sem se separar ou divorciar, e, por longos onze anos,
mantém união estável com outra mulher, advindo prole e constituição de nova
família, a lei (art. 50, Lei na 9.278/96) assegura à companheira perceber 50% dos
bens adquiridos na constância desta nova relação de fato, para cuja formação do
patrimônio ela igualmente contribuiu, sem que .tal direito importe em qualquer
menosprezo à meação legalmente prevista em favor da cônjuge originária. Recurso
conhecido e desprovido." (T JDFT, 3a Turma Cível, APC 4665897/DF, Rel.:
Wellington Medeiros, decisão de 02/03/98, DJDF de "EMENTA - ADMINISTRATIVO -
PENSÃO VITALÍCIA - ESPOSA E CONCUBINA - DIVISÃO EQUÂNIME - AMBAS TÊM
DIREITO À VERBA ALIMENTÍCIA - INEXISTEEXCLUSIVIDADE DA ESPOSA LEGÍTIMA -
ORDEM DENEGADA. AGIU BEM A AUTORIDADE ADMINISTRATIVA AO DIVIDIR A
PENSÃO VITALÍCIA, ADVINDA DA MORTE DE SERVIDOR QUE EM VIDA MANTEVE
CONCOMITANTEMENTE DUAS FAMÍLIAS, ENTRE A ESPOSA LEGÍTIMA E A
CONCUBINA. A Constituição Federal em seu art. 226, § 3, reconhece a união estável
como entidade familiar, o que veio a ser consagrado no parágrafo único, do art.
241, da Lei n° 8.112/90. Inexiste direito líquido e certo da esposa à exclusividade no
recebimento da pensão, se provado está que a concubina vivia sob a dependência
econômica do 'de cujus'. Ato administrativo que se manifesta sem qualquer vicio ou
ilegalidade. Ordem denegada" (TJDFT, Conselho Especial, MS 664896/DF, Rel.: P. A.

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Rosa de Farias, decisão de 24/03/98, DJDF de 19/08/98, p. 44.)

IV - DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO


1 - CONCEITO
É a relação vinculatória existente entre pessoas que
descendem, umas das outras ou de um mesmo tronco comum (parentesco por
consangüinidade ou natural), entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do
outro (por afinidade) e a resultante da adoção ou outra origem (civil).
O art. 1.593 do novo Código Civil estabelece que "o
parentesco é natural ou civil, conforme resulte da consangüinidade ou outra
origem".

2 - CONTAGEM DOS GRAUS DE PARENTESCO


- Consangüíneo:
• Em linha reta - pessoas que estão umas para com as outras na relação de
ascendentes e descendentes. Contam-se, na linha reta, os graus de
parentesco pelo número de gerações que separa um parente do outro.
• Em linha colateral, ou transversal - pessoas provenientes de um só tronco,
sem descenderem umas das outras, até o quarto grau. Contam-se, na linha
colateral, os graus de parentesco pelo número de gerações, subindo, porém,
de um dos parentes até o ascendente comum, e descendo depois, até
encontrar o outro parente.
- Por afinidade:
• Em linha reta - Contam-se os graus da mesma forma que no parentesco por
consangüinidade. Não há limite de grau. Saliente-se que a afinidade, na
linha reta, não se extingue com a dissolução do casamento ou da união
estável que a originou.
• Em linha colateral - Somente em segundo grau (irmãos do cônjuge ou

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companheiro), no caso de parentesco por afinidade. Contam-se os graus da


mesma forma que no parentesco por consangüinidade. Extingue-se com a
dissolução do casamento.
- Nenhum vínculo de afinidade existe entre os parentes de um cônjuge ou
companheiro e os parentes do outro;
- Os afins de cada cônjuge não são afins entre si. Os concunhados não são
parentes.
- Os afins do primeiro casamento não se tornam afins do cônjuge tomado em
segundas núpcias.
- Um cônjuge não é afim do outro. Marido e mulher não são parentes.
3 – DA FILIAÇÃO
Em face do disposto no art. 227, §6°, da CF/88 e no art.
1.5.96 do CC/2002, "os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por
adoção, têm os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação" (princípio da igualdade jurídica dos filhos).
Regras:
I - presumem-se concebidos na constância do casamento (presunção pater is est
quem justae nuptiae demonstrant) os filhos:
- nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal;
- nascidos nos trezentos dias subseqüentes à dissolução da sociedade
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
- havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
- havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga;
- havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia
autorização do marido;
II - salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo dez meses depois do

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começo da viuvez, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se
presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar do
falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já
decorrido o prazo de cento e oitenta dias acima referido;
III – a prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a
presunção da paternidade; é preciso, entretanto, que essa impotência seja
absoluta;
OBS: só a impotência generandi, e não a coeundi ou instrumental.
IV - não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção
legal da paternidade; não basta a confissão materna para excluir a paternidade;
V – cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua
mulher (legitimidade ativa privativa), sendo tal ação imprescritível (ação negatória
de paternidade); contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de
prosseguir na ação;
VI - a filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro
Civil;
OBS: ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro; a força probante do
assento é erga omnes;
VII - na falta ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por
qualquer modo admissível em direito, desde que haja começo de prova por escrito,
proveniente dos pais, conjunta ou separadamente, ou desde que existam
veementes presunções resultantes de fatos já certos, como a posse do estado de
filho.
VIII - a ação de prova de filiação (ação de investigação de paternidade) compete ao
filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor, ou incapaz; se
iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto
o processo; é indisponível e imprescritível; poderá ser exercitada contra os pais ou

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seus herdeiros, sem restrição, observado o segredo de justiça;


IX - quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe só a
poderá contestá-la, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele
contidas;
X - o filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou
separadamente, podendo preceder ao nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes;
XI - o reconhecimento dos filhos (reconhecimento voluntário ou perfilhação)
havidos fora do casamento pode ser feito:
- no registro do nascimento;
- por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
- por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
- por manifestação direta e expressa perante o Juiz, ainda que o
reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o
contém;
XII - o reconhecimento de filho é irrevogável e perpétuo, mesmo quando feito em
testamento, não podendo comportar condição, termo ou qualquer cláusula que
venha a restringir ou alterar os efeitos admitidos legalmente; tal irrevogabilidade,
entretanto, não obsta a anulação do reconhecimento por vício de consentimento
ou social, nem tampouco por inobservância das formalidades legais;
XIII - o filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que o
reconheceu e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem
melhor atender aos interesses do menor;
XIV - o filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento e o menor
pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade,
ou à emancipação;
XV - a ação de investigação de maternidade ou paternidade pode ser contestada
por qualquer pessoa, que tenha justo interesse;

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XVI - a sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos


efeitos do reconhecimento; mas pode o juiz ordenar que o filho se crie e eduque
fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade;
XVII - a filiação paterna ou materna pode resultar de casamento declarado nulo,
ainda que sem as condições do putativo;
XVIII - no termo de nascimento não se deve fazer qualquer referência à natureza da
filiação, à sua ordem em relação a outros irmãos do mesmo prenome, exceto
gêmeos, ao lugar e cartório do casamento dos pais e ao estado civil destes (Lei n°
8.560/92 - art. 5°);
XIX - das certidões de nascimento não constarão indícios de a concepção haver sido
decorrente de relação extraconjugal. Também não devem fazer referência à Lei n°
8.560/92. São ressalvadas autorizações ou requisições judiciais de certidões de
inteiro teor, mediante decisão fundamentada, assegurados os direitos, as garantias
e interesses relevantes do registrado (Lei n° 8.560/92 - art. 6°).

V - DO PODER FAMILIAR
1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
- Os filhos, enquanto menores, encontram-se sujeitos ao poder familiar, que
é "o conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho
menor não emancipado, exercido pelos pais, para que possam
desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista
o interesse e proteção do filho" (MHD).
- É irrenunciável, inalienável, imprescritível e incompatível com a tutela.
- Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais.
- A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram
as relações entre pais e filhos, senão quanto ao direito, que aos primeiros
cabe, de terem em sua companhia os segundos.
- O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, não

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perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder


familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou
companheiro. Igual regra se aplica ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou
estabelecerem união estável.
- O poder familiar é exercido, em igualdade de condições e em comum, pelo
pai e pela mãe, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de
discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da
divergência o filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar
exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dá-se
tutor ao menor. Na falta ou impedimento de um dos genitores, o outro
exercerá o poder familiar com exclusividade.
- Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o
do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará
curador especial.

2 - DO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR


- Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e a educação;
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência
permanente para outro Município;
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais
não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento;

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VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;


IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade
e condição.
3 - DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS FILHOS MENORES
• O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:
I - são usufrutuários dos bens dos filhos;
II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob a sua autoridade.
OBS: Entretanto, não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos
filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da
simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole,
mediante prévia autorização do juiz. Podem pleitear a declaração de nulidades de
tais atos os filhos, os herdeiros e o representante legal.
• Excluem-se do usufruto e da administração dos pais:
I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do
reconhecimento;
II – os valores auferidos pelo filho maior de16 (dezesseis) anos, no exercício de
atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos;
III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos,
ou administrados, pelos pais;
IV - os bens que aos filhos couberem na herança quando os pais forem excluídos da
sucessão

4 - DA SUSPENSÃO E EXTINCÃO DO PODER FAMILIAR:


• Casos de extinção:
I - morte dos pais ou do filho;
II - emancipação;
III - maioridade;
IV - adoção;

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V - por decisão judicial que implique em sua perda, nas seguintes hipóteses: castigo
imoderado do filho; abandono; prática de atos contrários à moral e aos bons
costumes; reiteração das faltas que podem ensejar a suspensão.
• Casos de suspensão:
I – abuso de autoridade no exercício do poder familiar, faltando aos deveres
inerentes a tal poder ou arruinando os bens do filho;
OBS: Nestes casos, cabe ao Juiz, a requerimento de algum parente ou do Ministério
Público, adotar a medida reclamada pela segurança do menor e seus haveres,
inclusive suspendendo o poder familiar quando convier.
II - condenação por sentença irrecorrível em virtude de crime cuja pena exceda a
dois anos de prisão.
- A falta ou carência de recursos materiais não constitui, por si só, motivo
suficiente para a suspensão ou perda do poder familiar, devendo o menor,
se não concorrer outro motivo que autorize a decretação da medida, ser
incluído em programas oficiais de auxílio.
- O procedimento da suspensão e da perda do pátrio poder serão analisados
em Direito da Criança e do Adolescente.

VI - DOS ALIMENTOS
1 -CONCEITO
- São prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode
provê-las por si. Segundo o art. 1.694 do CC/2002, a prestação alimentar
abrange o necessário para que o alimentando viva de modo compatível com
a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação. Entretanto, os alimentos serão apenas os indispensáveis à
subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem
os pleiteia.
- A obrigação alimentar se funda no princípio da solidariedade familiar.

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- Não se confunde com o dever de sustento dos filhos, eis que neste caso a
obrigação é incondicional. Já a obrigação alimentar, propriamente dita,
sujeita-se à verificação de certas condições, quais sejam a necessidade do
alimentando e a capacidade econômica do alimentante.

2 - PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR:


- Vínculo familiar entre o alimentante e o alimentando - estão obrigados a
prestar alimentos os parentes, os cônjuges e os companheiros.
• Quanto aos parentes, aplicam-se as seguintes regras:
- O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros;
- OBS: Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o
genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das
partes, que a ação se processe em segredo de justiça.
- Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como
unilaterais. Trata-se de uma ordem preferencial.
- Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer
os de grau imediato;
- Sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem
concorrer na proporção dos respectivos recursos e, intentada ação contra
uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide (chamamento
ao processo).
• Quanto aos cônjuges, aplicam-se as seguintes regras:
- Na separação litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de
recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar;

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- Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos,


será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz,
caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial;
- Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver
parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro
cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à
sobrevivência.
• Necessidade do alimentando: O alimentando deve necessitar dos alimentos,
por não ter bens suficientes, nem poder prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença;
• Possibilidade econômica do alimentante: O alimentante deve possuir meios
para fornecer os alimentos reclamados, sem desfalque do necessário ao seu
sustento;
• Proporcionalidade entre o valor dos alimentos, as necessidades do
alimentando e as possibilidades do alimentante: Os alimentos devem ser
fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada;
- Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem
os supre ou na de quem os recebe, pode o interessado reclamar ao juiz,
conforme as circunstâncias, exoneração, redução, ou majoração do encargo.
- As prestações alimentícias, de qualquer natureza, devem ser atualizadas
segundo índice oficial regularmente estabelecido.

3 – CARACTERES:
Do direito à prestação alimentícia:
- É direito personalíssimo;
- É incessível - o direito não pode ser cedido a terceiros, quanto às prestações
vincendas;

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- É irrenunciável - pode-se deixar de exercer, mas não se pode renunciar ao


direito a alimentos;
- É imprescritível - o direito a demandar alimentos é imprescritível, mas
prescrevem as prestações já fixadas e vencidas há mais de dois anos;
- É impenhorável;
- É incompensável;
- É intransacionável - mas o valor das prestações vencidas ou vincendas pode
ser transacionado;
- É atual - visa satisfazer somente as necessidades presentes ou futuras.

Da obrigação de prestar alimentos:


- Condicional;
- Mutabilidade do valor;
- Reciprocidade;
- É transmissível aos herdeiros do alimentante, de acordo com as forças da
herança.

4. CLASSIFICAÇÃO:
• Quanto à natureza: naturais, necessários ou mínimos (restringe-se ao
indispensável ao sustento, vestuário, habitação, assistência médica,
instrução e demais necessidades básicas); e civis ou côngruos (destinam-se a
manter a condição social);
• Quanto à causa jurídica: legais (resultantes de parentesco, casamento, união
estável), voluntários (resultantes de atos jurídicos inter vivos ou causa
mortis) e ressarcitórios ou indenizatórios (fixados como modo de
indenização de danos decorrentes de ato ilícito). Somente o
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação de prestar alimentos
legais é que pode dar ensejo à prisão civil;

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• Quanto à finalidade: definitivos ou regulares (são os de caráter permanente,


fixados em sentença ou em acordo devidamente homologado, embora
admitam revisão); provisionais ou ad fitem (são os determinados em tutela
de urgência de certas ações, destinando-se a manter o demandante durante
a tramitação do processo principal, bem como a viabilizar o pagamento das
despesas com este); e provisórios (Lei 5.478/68, artigo 4° - são os fixados
liminarmente na ação de alimentos sujeita ao rito especial).

5 - MODOS DE SATISFACÃO DA OBRIGACÃO ALIMENTAR:


- A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou
dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o
necessário à sua educação, quando menor. Entretanto, compete ao juiz, se
as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.

6 - EXTINCÃO DA OBRIGACÃO:
• Casos:
- Pela morte do alimentando;
- Pelo desaparecimento de um dos pressupostos da obrigação alimentar;
- casamento, união estável ou concubinato do credor;
- Procedimento indigno do credor em relação ao devedor.
- O novo casamento do cônjuge não extingue a obrigação constante da
sentença de divórcio.

VII – BEM DE FAMÍLIA


1 – CONCEITO: É todo imóvel que, por força de lei ou da própria vontade do dono,
se torna inalienável e/ou impenhorável, ficando reservado à sua família.
É um instituto que visa assegurar um lar à família, excluindo-o da penhora para o
pagamento de débitos posteriores a sua instituição.

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Pode ocorrer através de duas espécies:

1.1 – BEM DE FAMÍLIA LEGAL (Lei 8.009/90)


1.1.1 – CONCEITO – Consiste na exclusão, determinada por lei, da penhorabilidade
do imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, fazendo com que
ele não responda pelas dívidas civis, comerciais, fiscais, previdenciárias ou de
qualquer outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que
sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas em lei. Tal
impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam as construções,
plantações, benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive
os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. No
caso de imóvel locado, a impenhorabilidade alcança os móveis quitados que
guarnecem a residência e que sejam de propriedade do locatário. Para efeito de tal
impenhorabilidade, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou
pela família para moradia permanente. No caso de o casal ou a família possuir mais
de um imóvel utilizado como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de
menor valor, salvo se outro tiver sido registrado para tal fim (bem de família
voluntário). Excluem-se da impenhorabilidade os automóveis, obras de arte e
adornos suntuosos.
Exclusão da impenhorabilidade (art. 3º da Lei 8.009/90):
- Créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas
contribuições previdenciárias;
- Crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição
do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do
respectivo contrato;
- Crédito relativo à pensão alimentícia;
- Impostos, predial e territorial, taxas e contribuições devidas em função do
imóvel familiar.

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- Execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo


casal ou pela entidade familiar;
- Aquisição do imóvel com produto de crime;
- Execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou
perdimento de bens;
- Obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação;
OBS 1: O STF decidiu que o imóvel residencial do fiador está incluído na proteção
prevista no caput do art. 1º da Lei 8.009/90, por se constituir a moradia como
direito fundamental garantido pela Constituição Federal.
OBS 2: residência que constitui imóvel rural – a impenhorabilidade alcança apenas
a sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, XXVI da
CF/88, a área limitada como pequena propriedade rural.
OBS 3: Aquisição de imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, por
devedor que se sabe insolvente, desfazendo-se ou não da moradia antiga: não se
beneficia da impenhorabilidade relativamente ao novo imóvel. Neste caso, pode o
juiz transferir a impenhorabilidade para a residência antiga ou anular-lhe a venda,
liberando o imóvel mais valioso para execução ou concurso, conforme o caso.
OBS 4: “Configurada a união estável, aplica-se, por inteiro, a disciplina da Lei
8.009/90...” (STJ, 3a Turma, RESP nº 0103001/96, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes,
decisão de 25/03/97).
OBS 5: No que diz respeito ao devedor solteiro, o STJ possui vários julgados no
sentido de não considerá-lo protegido pela Lei 8.009/90, sob o entendimento de
que a lei visa proteger a família do devedor e não sua pessoa. Entretanto,
recentemente a Corte Especial do STJ decidiu por maioria que a pessoa solteira tem
direito à proteção da Lei 8.009/90, sob o entendimento de que o bem jurídico que
a Lei visa garantir é o direito do indivíduo à moradia.
SÚMULA 205/STJ: “A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes da sua
vigência”.

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1.2 – BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO (art. 1.711 ao 1.722 CC)


1.2.1 – CONCEITO: Consiste na destinação, pelos chefes de família, de um só prédio
para domicílio desta, com a cláusula de ficar isento de execução por dívidas, salvo
as que provierem de impostos relativos ao mesmo prédio.
Duração: enquanto viverem os cônjuges e até que os filhos alcancem a maioridade.
Instituição: por escritura pública devidamente registrada no cartório competente,
após publicação na imprensa local e, na falta desta, da Capital do Estado. Há prazo
de 30 dias para reclamação por qualquer interessado (art. 260 e ss. da LRP).
Requisito: é necessário que os instituidores, no ato da instituição, não tenham
dívidas, cujo pagamento possa ser prejudicado pelo exercício de tal direito.
Dívidas a que se referem a isenção: dívidas posteriores ao ato de instituição,
exceto as que provierem de impostos relativos ao mesmo prédio. Não atinge as
dívidas anteriores à instituição, se se provar que a solução destas se tornou
inexeqüível em virtude do ato de instituição.
Limite de valor: Após o advento da Lei n.º 6.742/79, deixou de existir limite de
valor para o bem de família, desde que o imóvel seja a residência dos interessados
por mais de dois anos.
Morte do instituidor ou do cônjuge: o prédio instituído em bem de família não
entrará em inventário, nem será partilhado, enquanto continuar a residir nele o
cônjuge sobrevivente ou o filho menor de idade.
Bem de família consistente em prédio residencial rural: podem ser incluídos na
instituição a mobília e utensílios de uso doméstico, gado e instrumentos de
trabalho, mencionados discriminadamente na escritura respectiva.
Eliminação da cláusula: mediante requerimento do instituidor ou, no caso de
morte deste ou de seu cônjuge, de qualquer interessado, se o prédio deixar de ser
domicílio da família ou por outro motivo relevante devidamente comprovado.
Alienação: mediante consentimento dos interessados e de seus representantes
legais.

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BIBLIOGRAFIA
- DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro; Direito de Família. São
Paulo: Saraiva;
- idem, Código Civil Anotado. São Paulo: Saraiva;
- FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo. Resumo de Direito Civil. São Paulo:
Malheiros;
- GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Curso de Direito de Família. São Paulo:
Saraiva;
- GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Direito de Família. Sinopses Jurídicas.
São Paulo: Saraiva;
- MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil; Direito de Família. São
Paulo: Saraiva;
- NEGRÃO, Theotônio. Código Civil e legislação civil em vigor. São Paulo: Saraiva;
- NEGRÃO, Theotônio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor.
São Paulo: Saraiva;
- NERY Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Novo Código Civil e Legislação
Extravagante Anotados; São Paulo: Revista dos Tribunais;
- PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, vol. V. Rio de Janeiro:
Forense;
- RAFFUL, Ana Cristina. A Reprodução Artificial e os direitos da Personalidade; São
Paulo: Themis Livraria e Editora;
- RODRIGUES, Sílvio. Direito civil; Direito de Família. São Paulo: Saraiva;
- VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil; Direito de Família. São Paulo: Atlas;
- WALD, Amoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro; Direito de Família. São Paulo:
Revista dos Tribunais.

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DIREITO DAS SUCESSÕES

I - DA SUCESSÃO EM GERAL
1.1 – CONCEITO DO DIREITO DAS SUCESSÕES
- O Direito das sucessões vem a ser o conjunto de normas que disciplinam a
transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro,
em virtude de lei ou de testamento.
- Com a morte do autor da herança, o sucessor passa a ter a posição jurídica
do finado, sem qualquer alteração na relação de direito, que permanece a
mesma apesar da mudança de sujeito.

1.2 - SENTIDO DA PALAVRA "SUCESSÃO"


1 - Em sentido amplo - a palavra sucessão se aplica a todos os modos derivados de
aquisição do domínio, ou seja, é o ato pelo qual alguém sucede a outrem,
investindo-se, no todo ou em parte, nos direitos que lhe pertenciam.

2 - Em sentido estrito - a palavra sucessão significa a transferência, total ou parcial,


de herança, por morte de alguém, a um ou mais herdeiros.
No presente momento, trataremos apenas da sucessão em sentido estrito, ou seja,
da sucessão causa mortis.

1.3 – FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES


- O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada ou não com
o direito de família.
- A possibilidade de transferir bens mortis causa é corolário do direito de
propriedade, uma vez que, em caso contrário, a propriedade ficaria despida
de um de seus caracteres, ou seja, a perpetuidade.

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1.4 – CONTEÚDO DO DIREITO DAS SUCESSÕES


- Em nosso Código Civil, o direito das sucessões divide-se em quatro partes:

1ª - Sucessão em geral – onde traça normas sobre a sucessão legítima e


testamentária, relativas à transmissão, aceitação, à renúncia e à indignidade;
2ª - Sucessão legítima – onde abrange a transmissão da herança, que se opera em
virtude de lei às pessoas constantes da ordem de vocação hereditária;
3ª - Sucessão testamentária – onde contém disposições relativas à transferência
de bens causa mortis por ato de última vontade;

4ª - Inventário e partilha – onde estabelece as normas sobre o processo judicial


por meio do qual se descreve os bens da herança, se lavra o título de herdeiro, se
liquida o passivo do monte, se paga o imposto de transmissão mortis causa e se
efetua a partilha dos bens entre os herdeiros.

1.5 – CLASSIFICAÇÃO
- Quanto à fonte de que deriva:
a) testamentária: oriunda de testamento válido ou de codicilo. Vigora em nosso
ordenamento jurídico o sistema da liberdade de testar limitada, por meio do qual
se o testador tiver herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge
sucessíveis - art. 1845, CC), só poderá dispor de metade da herança. Assim, o
patrimônio do de cujus é dividido em duas partes: legítima (ou reserva dos
herdeiros necessários) e porção disponível;

b) legítima ou ab intestato: resulta da lei nos casos de ausência, nulidade,


anulabilidade ou caducidade do testamento.

- Admite-se a existência simultânea dessas duas espécies de sucessão, eis que

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se o testamento não abranger a totalidade dos bens do falecido, a parte de


seu patrimônio não mencionada no ato de última vontade transmite-se aos
herdeiros legítimos na ordem da vocação hereditária.

- O ordenamento jurídico pátrio não admite a denominada sucessão


contratual, pois veda contratos que tenham por objeto herança de pessoa
viva (art. 426 CC).

- Alguns autores, nos termos do art. 2.018 do CC/2002, apontam uma


exceção a essa regra: possibilidade de partilha feita por ascendente, por ato
entre vivos ou de última vontade, conquanto que não prejudique a legítima
dos herdeiros necessários.
- O Código Civil/2002 não mais admite as chamadas doações antenupciais
causa mortis, que, na vigência do Código Civil de 1916 (art. 314), eram
consideradas como mais uma espécie de sucessão contratual.
- Quanto aos efeitos:
a) a título universal - quando houver transferência da totalidade ou de uma parte
indeterminada (porção abstrata) da herança, tanto no seu ativo como no passivo,
para o herdeiro do de cujus. Se a sucessão a título universal decorrer de
testamento, diz-se que houve a instituição de herdeiro (herdeiro instituído,
nomeado ou testamentário). A sucessão legítima é sempre a título universal e o
sucessor se denomina herdeiro legítimo. Se houver um único herdeiro que recebe a
totalidade da herança, dá-se a ele o nome de herdeiro universal;
b) a título singular - quando o testador transfere ao beneficiário apenas bens
certos e determinados. Decorre apenas de testamento e diz-se que houve a
nomeação de legatário.
O legatário não responde pelas dívidas e encargos da herança, salvo em se
tratando de débitos tributários, caso em que sua responsabilidade fica limitada ao

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montante do legado (art. 131, II do CTN).


1.6 - ABERTURA _DA SUCESSÃO, DELAÇÃO OU DEVOLUÇÃO SUCESSÓRIA

- Dá-se a abertura da sucessão no momento do falecimento do de cujus,


transmitindo-se a herança, sem solução de continuidade, aos herdeiros
legítimos e testamentários (princípio da saisine), ainda que eles ignorem o
fato.
- Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente
no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva. Entretanto,
não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário
entrar por autoridade própria.
- Sobre o assunto, Carlos Roberto Gonçalves leciona: "Quanto aos legatários,
a situação é diferente: adquirem a propriedade dos bens infungíveis desde a
abertura da sucessão; dos fungíveis, porém, só pela partilha. A posse, em
ambos os casos, deve ser requerida aos herdeiros, que só estão obrigados a
entregá-la por ocasião da partilha depois de comprovada a solvência do
espólio".
1.7 - HERANÇA
- É o objeto da sucessão, confundindo-se com o patrimônio do de cujus, ou
seja, é o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem aos seus
sucessores;
- Excluem-se da herança os direitos personalíssimos que se extinguem com a
morte (pátrio poder, tutela, :curatela, direitos políticos etc.) e os direitos e
deveres patrimoniais que não passam aos herdeiros, por serem inerentes à
pessoa do de cujus (uso, usufruto etc.).
- A herança difere da meação. Esta constitui a parte que cada cônjuge ou
companheiro possui sobre os bens comunicáveis e independe da abertura
da sucessão.

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- Aquela é o patrimônio do de cujus, abrangendo seus bens particulares e sua


meação sobre os bens comuns. Assim, quando se fala em herança, deve-se
ter em mente que dela não faz parte da meação do cônjuge ou do
companheiro sobrevivente, já que pertenciam a estes antes mesmo do
óbito do de cujus.
- O herdeiro não representa o de cujus, pois o sucede apenas nos bens e não
na sua pessoa. Somente assume a titularidade das relações jurídicas
patrimoniais do falecido.
- O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, exigindo escritura
pública para a sua cessão e autorização do cônjuge para que o respectivo
titular possa estar em juízo.
- O direito à herança, quanto à posse e à propriedade, é indivisível até a
partilha, regulando-se pelas normas relativas ao condomínio.
- Ela é inicialmente deferida como um todo unitário (universalidade de
direito), ainda que vários sejam os herdeiros. Assim, o co-herdeiro não pode
vender ou hipotecar parte determinada de coisa comum do espólio, mas
apenas ceder direitos hereditários concernentes a sua parte ideal.
- O Código Civil /2002 estabelece que "é ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro,
de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado
singularmente" (art. 1.793, §2°), bem como que "ineficaz é a disposição,
sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem
componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade" (art. 1.793,
§3°).
- Os demais co-herdeiros têm direito de preferência, tendo em vista que, até
a partilha, existe um condomínio indivisível (Arts. 1.794 e 1.795, CC/2002).
- Segundo noticia MHD, inexiste consenso na doutrina e na jurisprudência a
respeito da necessidade da anuência dos demais herdeiros para que haja a
cessão do quinhão hereditário de um deles a terceiros.

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- Qualquer dos co-herdeiros pode reclamar a universalidade da herança ao


terceiro, que indevidamente a possua, não podendo este opor-lhe, em
exceção, o caráter parcial do seu direito nos bens da sucessão. Este direito
não é personalíssimo, razão pela qual pode o cessionário se valer do
mesmo.

1.8 - LOCAL DA ABERTURA DA SUCESSÃO E DO JUÍZO DO INVENTÁRIO


O local da abertura da sucessão é o do último domicílio do falecido, o qual passa a
ser competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de
disposições de última vontade e praticamente todas as ações em que o espólio for
réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Se o autor da herança não
possuía domicílio certo, o juízo competente é o da situação dos bens e, se, além
disso, possuía bens em lugares diversos, o do lugar do óbito.
Ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha ele residido fora do
território nacional, compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra, proceder ao inventário e partilha de bens situados no Brasil.
Em princípio, cessa a universalidade do juízo do inventário com o término do
estado de indivisão da herança, o que se dá com a partilha.

1.9- CESSÃO DA HERANCA


Consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem
de todo quinhão hereditário que lhe compete após a abertura da sucessão, ou de
parte dele. Pode ser gratuita ou onerosa.
• Princípios:
- O cedente deve ter capacidade genérica e dispositiva;
- A cessão só valerá após a abertura da sucessão e deverá ser feita por
escritura pública, qualquer que seja o valor;
- Somente pode ser efetivada antes da partilha;

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- O cedente transfere sua quota ideal na massa hereditária, sem discriminar


bens, sob pena de ineficácia da cessão (art. 1.793, §§2° e 3Q, CC/2002);
- O cessionário sucede inter vivos, sendo sucessor a título singular;
- O cessionário assume, em relação aos direitos hereditários, a mesma
condição jurídica do cedente. Todavia, o Código Civil/2002 ressalva que "os
direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de
direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita
anteriormente" (art. 1.793, §1°);
- O cessionário corre o risco' de ver a herança ser absorvida pelos débitos;
- É negócio jurídico aleatório;
- O cedente, em regra, não responde pelos riscos da evicção;
- A cessão da herança feita sem a anuência dos credores do espólio autoriza
que o cedente seja acionado por eles;
- Os co-herdeiros têm direito de preferência na aquisição dos direitos
hereditários de qualquer um deles (art. 1.794, CC). Caso esse direito de
preferência não seja observado, o co-herdeiro, a quem não se der
conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota
cedida a estranho, se o requerer até 180 dias após a transmissão. Sendo
vários co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o
quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias (art.
1.795, CC);
- O cessionário intervém no processo de inventário, sendo contemplado na
partilha, tirando-se em seu nome o pagamento que caberia ao cedente,
desde que nenhum dos coherdeiros use do direito de preferência antes da
partilha;
- A cessão pode ser anulada por qualquer vício do negócio jurídico.
1.10 - LEGITIMACÃO E CAPACIDADE PARA SUCEDER

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- Capacidade civil e capacidade-sucessória - Não se confunde a capacidade


sucessória com a capacidade civil. Esta é a aptidão que a pessoa tem para exercer,
por si, os atos da vida civil. Aquela, por sua vez, é a aptidão para receber os bens
deixados pelo de cujus.
- Momento em que se verifica - A capacidade e a legitimação para suceder é a do
tempo da abertura da sucessão, que se regulará conforme alei então em vigor.
Assim, a capacidade e legitimação do herdeiro instituído e do legatário deve se
aferir ao tempo da abertura da sucessão, e não da confecção do testamento.
Entretanto, se a instituição de herdeiro ou de legatário se subordinar a condição
suspensiva, só por ocasião de seu implemento se apreciará dita capacidade e
legitimação.
- Pressupostos para a verificação da capacidade sucessória:
a) morte do de cujus;
b) sobrevivência do sucessor;
c) pertencer o sucessor à espécie humana ou se tratar"de pessoa jurídica;
d) título ou fundamento jurídico do direito de herdeiro ou legatário.
OBS:
1 – A pessoa jurídica, exceto os Municípios, o Distrito Federal e a União, não pode
suceder ab intestato. Pode, entretanto, suceder por testamento, desde que exista
legalmente, admitindo-se, ainda, transmissão hereditária condicional, no caso de
se contemplar pessoa jurídica ainda não constituída.
Sobre o assunto, Maria Helena Diniz esclarece: "Entretanto, tolera-se que o
testador transmita bens a um ente moral, sob a condição de constituir-se
regularmente, ou a uma sociedade de fato, aguardando-se sua constituição legal,
quando, então, opera-se a transmissão hereditária". O Código Civil/2002 é expresso
quanto à possibilidade de se contemplar através de testamento "as pessoas
jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação". A pessoa jurídica em liquidação não pode suceder, porque já deixou de

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existir, "uma vez que se prolonga sua personalidade apenas em atenção aos atos
necessários à liquidação patrimonial" (MHD). .
2 – A concessão de herança ou legado a uma pessoa com o encargo de cuidar de
determinada coisa inanimada ou de animal não fere o terceiro pressuposto acima
mencionado, eis que o sucessor será a pessoa contemplada.

1.10.1 - SITUACÃO DO EMBRIÃO CRIOPRESERVADO, DO NASCITURO E DA PESSOA


AINDA NÃO CONCEBIDA AO TEMPO DA ABERTURA DA SUCESSÃO.

- Segundo o Código Civil/2002, legitima-se a suceder, as pessoas nascidas ou


já concebidas no momento da abertura da sucessão (art. 1.798). E o mesmo
estatuto preceitua que "a personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro" (art. 2°).
- O primeiro problema que se impõe diante dessas disposições é o de definir
a partir de que momento considera-se concebida uma pessoa: se é, a partir
da nidação do ovo ou zigoto no útero materno (momento em que há, em
tese, uma viabilidade da gestação ser exitosa), ou se a partir da fecundação
do óvulo pelo espermatozóide (quando já se tem definida a carga genética
do potencial ser futuro).
- O problema não se propunha quando da edição do Código Civil de 1916,
uma vez que, naquela época, a ciência não estava avançada a ponto de,
como hoje, existirem inúmeros métodos de reprodução assistida, inclusive
com a fecundação extra-uterina do óvulo e subseqüente congelamento
(criopreservação) de embriões excedentários (não implantados
imediatamente).
- A questão é por demais complexa e ensejaria, a toda evidência, um trabalho
exclusivo para ela. Assim, serão abordadas apenas algumas breves

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considerações acerca do assunto.


- Maria Helena Diniz considera como ser humano concebido o óvulo
fecundado “in vitro", caracterizando-se como titular de direitos da
personalidade, como à vida, à integridade física e à saúde, tanto que há
vedações quanto à manipulação genética dos mesmos.
- No mesmo sentido, Ana Cristina Rafful considera a fecundação como ato de
conceber, antes mesmo da implantação do embrião no útero materno. Tal
autora cita julgado proferido por um Tribunal dos Estados Unidos, em que,
em outubro de 1989, decidiu-se que os embriões são pessoas e devem
acompanhar a mãe porque a vida humana se inicia na concepção.
- De fato, o embrião congelado - ou, mais tecnicamente, criopreservado - já
se caracteriza como um ser humano concebido, pois, segundo Maria Helena
Diniz, "com a fusão dos gametas (masculino e feminino), determinam-se os
caracteres do novo ser humano, surgindo, então, a pessoa, enquanto sujeito
de direito".
- O Código Civil/2002 dá respaldo a esse entendimento, pois, no art. 1.597, IV,
refere-se a embriões excedentários decorrentes de concepção artificial
homóloga, dando a entender que aqueles, antes mesmo de implantados, já
são seres humanos concebidos.
- Aí surge a pergunta: esses embriões congelados já se legitimam a suceder,
porque consideram-se pessoas concebidas no momento da abertura da
sucessão?
- Embora o embrião criopreservado possa ser considerado como ser
concebido, não ostenta a natureza de nascituro, pois, como tal, somente há
que se considerar aquele já implantado no útero materno. Isso porque
apenas a partir desse momento é que se pode falar em vida viável.
- Neste sentido, J. M. Carvalho Santos entende que o embrião não
implantado não possui direito à tutela jurídica, por não possuir condições de

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desenvolvimento fora do útero materno.


- Corroborando esse entendimento, tramita no Congresso Nacional projeto
de lei de autoria do deputado Ricardo Fiúza, o qual, entre outras coisas, visa
à alteração do art. 2° do Código Civil/2002, a fim de que o mesmo passe a
dispor que "a lei põe a salvo os direitos do embrião e os do nascituro".
Consta de tal projeto, como justificativa, a afirmação de que o embrião,
antes de implantado e viabilizado no ventre da mãe, não pode ser
considerado nascituro.
- Na mesma linha, o Código de Processo Civil somente admite a medida
denominada posse em nome do nascituro quando há prova da gravidez, não
bastando a mera demonstração da existência de embriões.
- Por motivos de razoabilidade, esse é o melhor entendimento, pois, do
contrário, teríamos que admitir, por exemplo, a reserva de bens da herança
a fim de atender ao eventual direito sucessório do embrião criopreservado
ou a posse em nome do nascituro.
- Se essas medidas fossem adotadas, até, quando elas prevaleceriam?
Enquanto a mãe vivesse, uma vez que até a sua morte haveria possibilidade
de gestação? Enquanto não fosse reconhecida a inviabilidade de
desenvolvimento do embrião, o que dependeria de comprovação e, talvez,
demandaria muito tempo? E, enquanto isso, os bens ficariam com quem?
Com a mãe ou com o inventariante? Além disso, se a reserva de bens
determinada no curso do inventário tem natureza cautelar, como seria
possível propor a ação principal provavelmente petição de herança - no
prazo de 30 dias, se, nesse prazo, não ocorresse sequer a implantação do
óvulo?
- As incertezas que decorrem dessa situação, evidentemente, não
recomendam que o embrião criopreservado tenha seus eventuais direitos
patrimoniais protegidos, senão depois de implantado no útero materno e

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demonstrado o estado de gravidez. Isso porque a ausência de viabilidade


imediata desautoriza qualquer medida de proteção a um possível direito
patrimonial, em detrimento de herdeiros já existentes e dotados de
personalidade.
- Com isso não se está sustentando que o embrião criopreservado não teria
direitos sucessórios sobre a herança deixada por seu genitor, caso este
falecesse antes da implantação daquele no útero materno. Mas,
simplesmente, que, apenas após assumir a condição de nascituro
(implantação no útero), se admitiria a posse em seu nome (providência
cautelar), assegurando-se seus direitos sucessórios a partir do nascimento,
com efeitos ex tunc, ou seja, desde a concepção in vitro.
- De outra parte, o nascituro - ser humano concebido e com vida intra-uterina
- tem capacidade sucessória excepcional, eis que, apesar de não possuir
personalidade civil, seu representante legal recebe a herança sob condição
resolutiva. Se não nascer com vida, é como se nunca houvesse existido.
- Pessoa ainda não concebida ao tempo da abertura da sucessão não pode
herdar. Entretanto, admite-se a confecção de testamento contemplando "os
filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que
vivas estas ao abrir-se a sucessão", caso em que haverá transmissão
hereditária condicional.
- Em relação a essa prole eventual, o Código Civil dispõe, em seu art. 1.800, §
4°, que se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão (prazo de
espera), não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo
disposição em contrário do testador2, caberão aos herdeiros legítimos. No
caso dessas pessoas ainda não concebidas serem contempladas em
testamento, "os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou
2
Essa expressão "salvo disposição em contrário" se refere ao destino dos bens, e
não ao prazo de espera de 4 (quatro) anos, contado da abertura da sucessão. Esta
ação não pode ser proposta. pelo ofendido, ao qual é assegurado o direito de
deserdar o ofensor.

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partilha, a curador nomeado pelo juízo (art. 1.800, caput)”, de modo que,
“nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão,
com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do
testador" (art. 1.800, §3°).

2 - INDIGNIDADE
2.1 - Conceito - "Pena civil que priva do direito à herança não só o herdeiro, bem
como o legatário que cometeu atos criminosos ou reprováveis, taxativamente
enumerados em lei, contra a vida, a honra e a liberdade do de cujus" (MHD), ou de
certas pessoas de sua família (Código Civil/2002).

2.2 - Causas:

a) os que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio


doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu
cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente. Não se aplica a
exclusão, se tratar-se de homicídio culposo, de aberratio ictus, de erro
quanto à pessoa, de legítima defesa, de estado de necessidade. Há autores
que entendem que a instigação ao suicídio se equipara ao homicídio, para
efeito de exclusão por indignidade;
b) os que houverem acusado, caluniosamente em juízo o autor da herança ou
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou
companheiro;
c) os que, por violência ou meios fraudulentos, a inibirem ou obstarem o
autor da herança de dispor livremente de seus be,ns por ato de última
vontade.

- Os casos de exclusão do herdeiro ou legatário por indignidade são somente

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estes, inadmitindo-se interpretação extensiva ou aplicação analógica.

8.2 - Declaração jurídica da indignidade - A exclusão do herdeiro ou legatário, em


qualquer dos casos de indignidade, será declarada por sentença, em ação ordinária,
movida por quem tenha interesse na sucessão. Tal ação encontra-se sujeita ao
prazo decadencial

8.3 – Efeitos da Indignidade:


1- São pessoais os efeitos da exclusão, razão pela qual os descendentes do
herdeiro legítimo excluído sucedem, como se ele fosse morto antes da
abertura da sucessão (sucedem por representação);
2- O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto e à administração dos
bens, que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão
eventual desses bens;
3- O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que
dos bens da herança houver auferido, mas tem direito a ser indenizado das
despesas com a conservação deles;
4- São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-
fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro
excluído, antes da sentença de exclusão; mas aos co-herdeiros subsiste,
quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos;
5- O excluído deverá responder por perdas e danos, no caso de restar
apurada a obstação, ocultação ou destruição do testamento por culpa ou
dolo;
6- Para alguns autores, segundo noticia MHD, o indigno não está proibido de
representar seu pai na sucessão de outro parente, já que a pena deve ser
considerada restritivamente. Entretanto, MHD e Sílvio Rodrigues têm
entendimento em sentido contrário.

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8.4 – Herdeiro aparente


- É aquele que se conduz como herdeiro, mas que não possui qualquer direito
sobre os bens da sucessão. O Código de 1916 previa a figurado herdeiro
aparente apenas no caso de exclusão por indignidade (art. 1.600 do CC).
- Diante disso perguntava-se se eram válidos os atos de alienação e de
oneração de bens da herança feitos pelo herdeiro aparente, fora do caso do
art. 1.600 do CC. Entretanto, o Código Civil/2002 resolveu o impasse, ao
dispor que "são eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro
aparente a terceiro de boa-fé" (art. 1.827, parágrafo único).

8.5 - Reabilitação do indigno


- Afigura-se possível, mediante ato autêntico, ou testamento da pessoa
ofendida, resolvendo admiti-lo na sucessão.
- O perdão dado pelo ofendido é irretratável. No entanto, "não havendo
reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido,
quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode
suceder no limite da disposição testamentária" (art. 1.818, parágrafo único,
CC/2002).

8.6 - Distinção entre incapacidade sucessória e indignidade (segundo MHD):


- a incapacidade sucessória impede que nasça o direito à sucessão; a
indignidade obsta a conservação da herança;
- o incapaz não adquire a herança em momento algum; o indigno a adquire
quando da abertura da sucessão, vindo a perdê-la com o trânsito em julgado
de sentença declaratória de sua indignidade.
9 - ACEITACÃO OU ADIÇÃO DA HERANCA
9.1 - Conceito – É o ato pelo qual o herdeiro ou legatário manifesta a vontade de
receber a herança ou o legado que lhe é transmitido.

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- Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a


abertura da sucessão. A transmissão tem-se por não verificada quando o
herdeiro renuncia à herança.

Classificação:
- Quanto à forma:
a) tácita - quando resulta tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
Não exprimem aceitação da herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os
meramente conservatórios ou os de administração e guarda provisória. Não
importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos
demais co-herdeiros;

b) expressa - quando se faz por declaração escrita;

c) presumida - o interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a


herança, poderá, vinte dias depois de aberta a sucessão, requerer ao juiz que fixe
prazo razoável, não maior de trinta dias, para, dentro nele, se pronunciar o
herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.

-Quanto à pessoa que a manifesta:


a) direta - se manifestada pelo próprio herdeiro;

b) indireta - se alguém a faz pelo herdeiro, podendo ser feita:


- pelos herdeiros do herdeiro: se este falecer antes de declarar se aceita ou não a
herança. Não se afigura admissível se se tratar de vocação adstrita a uma condição
suspensiva, ainda não verificada. "Os chamados à sucessão do herdeiro antes da
aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar
ou renunciar a primeira" (art. 1.809, parágrafo único, CC/2002);

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- pelo tutor ou curador: de heranças e legados, com ou sem encargos, mediante


autorização do juiz;
- por mandatário ou gestor de negócios: há controvérsias quanto à admissibilidade
de aceitação da herança pelo gestor de negócios;

- pelos credores do herdeiro: se a renúncia prejudicar os credores, poderão eles,


com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. Entretanto, depois de
pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente,
que será devolvido aos demais herdeiros. A habilitação dos credores se fará no
prazo de 30(trinta) dias seguintes ao conhecimento do fato (art. 1.8t_, §1°,
CC/2002).

Conteúdo: Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição, ou


a termo o herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a
herança, ou aceitando-a, repudiá-los.
- "O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar
quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia" (art. 1808, § 2°,
CC/2002)

Retratação: são irrevogáveis os atos de aceitação e de renúncia da herança (art.


1.812, CC/2002).

Anulação: É cabível, por exemplo, se o aceitante não é o herdeiro ou se existirem


vícios de consentimento.

10 - RENÚNCIA OU REPÚDIO DA HERANÇA

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10.1 – Conceito: É o ato solene pelo qual o herdeiro ou o legatário manifesta a


vontade de não aceitar a herança ou o legado que lhe é transmitido.
- A renúncia pura e simples, ou abdicativa, é a renúncia propriamente dita,
vez que é manifestada de forma incondicional em favor do monte.
- Contrapõe-se a ela a denominada renúncia translativa ou em favor de
alguém, a qual caracteriza uma aceitação tácita seguida de uma cessão dos
direitos hereditários em favor de pessoa certa e determinada.

Requisitos:
- capacidade jurídica do renunciante: exige-se, inclusive, a capacidade para alienar;
OBS: Segundo MHD, a pessoa casada pode renunciar à herança ou legado
independentemente de prévio consentimento do cônjuge. Entretanto, Amoldo
Wald e Sílvio Rodrigues têm entendimento em sentido contrário.
- O mandatário, para renunciar à herança pelo mandante, necessita de
poderes especiais e expressos. O representante legal do menor, por sua vez,
necessita de autorização judicial.

- forma prescrita em Lei: deve constar expressamente de instrumento público, ou


de termo judicial, sob pena de nulidade absoluta;

- inadmissibilidade de condição ou termo: a renúncia é ato puro e simples;

- impossibilidade de repúdio parcial da herança: admite-se, entretanto, que o


herdeiro que suceder, concomitantemente, a título universal, como herdeiro, e a
título singular, como legatário, possa renunciar integralmente à herança,
conservando o legado, ou vice-versa;
- Ademais, "o herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar

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quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia" (art. 1.808, § 2°,
CC/2002);
- Abertura da sucessão: somente a partir dela é que o herdeiro ou o legatário
adquire direito à herança ou ao legado.

Efeitos:
- o renunciante é tratado como se nunca houvesse sido chamado à sucessão;

- na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da


mesma classe, e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente (direito
de acrescer);

- os descendentes do renunciante não herdam por representação na sucessão


legítima; porém, se ele for o único legítimo de sua classe, ou se todos os outros da
mesma classe renunciarem à herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito
próprio, e por cabeça;
- na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro torna caduca a disposição de
última vontade que o beneficie, a não ser que o testador tenha indicado substituto
ou haja direito de acrescer entre Os herdeiros;

- o que renuncia a herança não se encontra impedido de aceitar legado, e vice-


versa; o renunciante pode administrar e ter usufruto dos bens que, em razão de
sua renúncia, forem transmitidos a seus filhos menores sob pátrio poder.

Retratação: A renúncia é irrevogável. Pode, entretanto, ser anulada por vício de


consentimento, por exemplo.

11 - RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS PELAS DÍVIDAS

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- O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança;


incumbe-lhe, porém, provar o excesso, salvo se houver inventário que a
escuse, demonstrando o valor dos bens herdados (arts. 1.792 e 1.821,
CC/2002).
- No mesmo sentido, dispõe o art. 597 do CPC: "O espólio responde pelas
dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas na
proporção da parte que na herança lhe coube".

OBS: Seguindo a mesma orientação, vide os arts. 836 e 1.997 do CC/2002.


- Os quinhões hereditários dos que herdam por direito de representação não
respondem pelas dívidas do representado, mas apenas pelas do falecido.
- Os bens doados, embora a título de adiantamento de legítima, não
respondem pelos encargos da sucessão (WBM).

12 - HERANCA JACENTE
Conceito: É aquela relativamente à qual não há herdeiro legítimo ou testamentário
notoriamente conhecido.

Casos:
Não havendo testamento: se o falecido não deixar herdeiros legítimos
notoriamente conhecidos;

Havendo testamento: se o herdeiro nomeado não existir ou renunciar à herança, e


se o falecido não deixar herdeiros legítimos notoriamente conhecidos.
Arrecadação: Nos casos em que a herança se considera jacente, o juiz da comarca
onde o falecido tiver domicílio procederá, sem perda de tempo (deve-se aguardar o
prazo legal de 30 dias a contar da abertura da sucessão); à arrecadação de todos os
seus bens, na forma prevista nos arts. 1.144 a 1.151 do CPC.

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- Não se procederá à arrecadação; ou suspender-se-á esta quando iniciada, se se


apresentar para reclamar os bens o cônjuge, herdeiro ou testamenteiro
notoriamente conhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer
interessado, do órgão do Ministério Público ou do representante da Fazenda
Pública.

- Ultimada a arrecadação, mandará o juiz expedir edital, que será estampado 03


(três) vezes, com intervalo de 30 dias para cada um, no órgão oficial e na imprensa
da comarca, para que a habilitar-se os sucessores do finado no prazo de 6 meses
contados da primeira publicação.

- Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade de testamenteiro ou


provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á em inventário.

- A herança jacente ficará sob a guarda e administração de um curador até a efetiva


entrega ao sucessor legalmente habilitado, ou até a declaração de vacância.

- Enquanto não for nomeado curador, o juiz designará um depositário e lhe


entregará os bens arrecadados, mediante simples termo nos autos depois de
compromissado.

- Habilitação de herdeiro e de credor para receber herança arrecadada:


1) Até o trânsito em julgado da declaração da vacância:
a) Herdeiro: No prazo de 6 (seis) meses, a contar da primeira publicação do
edital, ou até o trânsito em julgado da declaração de vacância. Far-se-á nos
próprios autos, observando-se o procedimento dos arts. 1.055 a 1.062 do
CPC.

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b) Credor: mediante habilitação na forma prevista para o inventário ou ação


direta;

2) Após o trânsito em julgado da declaração da vacância: o cônjuge, os herdeiros e


os credores somente poderão reclamar o seu direito através de ação direta.

13 - HERANÇA VACANTE
Conceito: "É a que não foi disputada, com êxito, por qualquer herdeiro e que,
judicialmente, foi proclamada de ninguém" (SR).

Declaração da vacância: Após um ano da publicação do primeiro edital, não


havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente. Pendendo habilitação, a
vacância será declarada pela mesma sentença que a. julgar improcedente. Sendo
diversas as habilitações, deve-se aguardar o julgamento da última. "Quando todos
os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada
vacante" (art. 1.823, CC/2002).

OBS:
- Para Sílvio Rodrigues a declaração da vacância não confere o domínio dos bens
vagos ao Poder Público; apenas aqueles são entregues a este, que os conserva em
condição semelhante à do depositário. Para Maria Helena Diniz e Washington de
Barros Monteiro com a declaração da vacância, a propriedade dos bens
arrecadados é transferida sob condição resolutiva, ao Município ou ao Distrito
Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situados
em território federal.

- Julgados recentes da 3ª e da 4ª Turmas do STJ parecem considerar que a


propriedade dos bens da herança jacente passa ao Poder Público com a sentença

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declaratória da vacância, razão pela qual, até esse momento, podem os mesmos
ser adquiridos por usucapião (DJU de11/06/2001, p. 196; DJU de 27/11/2000, p.
169).

- Todavia, há julgado proferido em 1994 pela 4ª Turma daquele Tribunal, no qual


decidiu-se que "antes do decurso do prazo do artigo 1594 do CC/16
(correspondente ao art. 1.822 do CC/02), os bens de herança jacente podem ser
adquiridos por usucapião" (STJ, 4ª Turma, AGA 35437/SP. Rel: Min. RUY ROSADO
DE AGUIAR, decisão de 16/12/1994, DJ de 20/02/1995, p. 3.188).

- Decorridos cinco anos da aberturada sucessão, os bens arrecadados passarão ao


domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas
circunscrições, incorporando-se ao do domínio da União, quando situados em
território federal.

Efeitos:
1 - cessação dos deveres do curador;
2 - afastamento da sucessão legítima dos colaterais que não tenham se habilitado
até a declaração de vacância;
3 - entrega dos bens vagos ao Município, Distrito Federal ou União, conforme o
caso;
4 - com a transferência definitiva do domínio dos bens vagos ao Poder Público,
deve este aplicá-los em fundações destinadas a desenvolver o ensino universitário.

14 - PETICÃO DE HERANCA
Conceito: É a ação que cabe ao herdeiro para demandar o reconhecimento de seu
direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra
quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.

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Regras:
- Ainda que exercida por um só herdeiro, essa ação pode compreender a
totalidade dos bens hereditários.
- O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo,
fixando-lhe a responsabilidade segundo a sua posse (de boa ou de má-fé).
- A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas
regras concernentes à posse de má-fé e à mora. A esse respeito, vide o
estudo da posse na parte relativa ao Direito das Coisas.
- O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de
terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo
valor dos bens alienados. Entretanto, são eficazes as alienações feitas a
título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
- O prazo para ajuizamento da ação de petição de herança é de 10 (dez) anos,
a contar da abertura da sucessão.

II -DA SUCESSÃO LEGÍTIMA


1 - ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Conceito: "É a relação preferencial, estabelecida pela lei, das pessoas que são
chamadas a suceder o finado" (SR). Muitos doutrinadores dizem que se trata do
testamento presumido do de cujus.

Ordem (quadro comparativo):


LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO CÓDIGO CÓDIGO CIVIL/2002
CIVIL/2002
1º - Descendentes 1º - Descendentes e cônjuge ou
companheiro.
2º - Ascendentes 2º - Ascendentes e cônjuge ou

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companheiro.
3º - Cônjuge ou companheiro que 3º - Cônjuge sobrevivente.
satisfaça os requisitos do art. 1º, § 1º da
Lei 8.971/94.
4º - Colaterais até o 4º grau. 4º - Colaterais até o 4º grau.
5º - Municípios, Distrito federal e União.
OBS: Tinha-se o entendimento que esses
entes, em caso de vacância da herança,
não eram propriamente herdeiros, não
se aplicando a eles o princípio da saisine,
razão pela qual o Novo CC não os incluiu
na ordem de vocação hereditária,
mantendo-os, porém, na condição de
beneficiários da herança vacante.
Regra da convocação para suceder: Geralmente, uma classe somente é chamada
quando faltarem herdeiros da classe precedente, observando-se os seguintes
critérios:

LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO CC/02 CÓDIGO CIVIL/2002


1º - Se houver descendentes, eles Se houver descendentes e não houver
herdam a totalidade da herança. cônjuge nem companheiro sucessível,
aqueles herdam a totalidade da herança.
Se houver descendentes e cônjuge
casado com o falecido por regime
diverso da comunhão universal e da
separação obrigatória, desde que não
seja comunhão parcial em que o autor
da herança não totalidade da herança

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haja deixado bens particulares, tais


herdeiros dividem entre si, segundo
critérios a serem estudados adiante, a
totalidade da herança. Se houver
descendentes e companheiro do
falecido, tais herdeiros dividem entre si,
segundo critérios a serem estudados
adiante, a totalidade da herança.
2º - Não havendo herdeiros da classe 2° - Não havendo descendentes, cônjuge
dos descendentes, são chamados à nem companheiro sucessível, os
sucessão os ascendentes. ascendentes herdam a totalidade da
herança. Se houver ascendentes e
cônjuge (qualquer que seja o regime de
bens), tais herdeiros dividem entre si,
segundo critérios a serem estudados
adiante, a totalidade da herança. Se
houver descendentes e companheiro do
falecido, tais herdeiros dividem entre si,
segundo critérios a serem estudados
adiante, a totalidade da herança.
3º - À falta de descendentes e 3º - À falta de descendentes e
ascendentes será deferida a sucessão ao ascendentes será deferida a sucessão
cônjuge sobrevivente, se, ao tempo da por inteiro ao cônjuge sobrevivente, se,
morte do outro, não estava dissolvida a ao tempo da morte'do outro, não
sociedade conjugal, ou ao companheiro estavam separados judicialmente, nem
que observe os requisitos da Lei n° separados de fato há mais de 2 (dois)
8.971/94. anos, salvo prova, neste caso, de que
essa convivência se tornara impossível

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sem culpa do sobrevivente.


4° - Se não houver cônjuge sobrevivente 4° - Se não houver cônjuge sobrevivente
nem companheiro sucessível, serão nem companheiro sucessível, serão
chamados a suceder os colaterais até o chamados a suceder por inteiro os
quarto grau. colaterais até o quarto grau. Se não
houver cônjuge sobrevivente e houver
colaterais e companheiro do falecido,
eles dividirão entre si a totalidade da
herança, segundo critérios a serem
estudados adiante.
- vide a 3° regra deste quadro 5° - Não havendo parentes nem cônjuge
sucessível, o companheiro sobrevivente
terá direito à totalidade da herança.
6º - Não sobrevivendo cônjuge, 6° - Não Sobrevivendo cônjuge,
companheiro ou qualquer parente companheiro ou qualquer parente
sucessível, ou tendo eles renunciado à sucessível, ou tendo eles renunciado à
herança, esta se devolve ao Município herança, esta se devolve ao Município
ou ao Distrito Federal, se localizada nas ou ao Distrito Federal, se localizada nas
respectivas circunscrições, ou à União, respectivas circunscrições, ou à União,
quando situada em território federal. quando situada em território federal.

Exceções (sucessão anômala ou irregular):


- A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei
brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus (art.5°, XXXI, da CF/88, e art. 10, §1°, da
LINJB – antiga LICC).

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- À brasileira, casada com estrangeiro sob regime que exclua a comunhão universal,
caberá, por morte do marido, o usufruto vitalício de quarta parte dos bens deste,
se houver filhos brasileiros do casal ou do marido, e de metade, se não os houver
(art. 17 do Decreto Lei n° 3.200/41).

- Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado,


sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação
relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único
bem daquela natureza a inventariar (art. 1.831, CC/2002).

- O Código Civil, entretanto, não trouxe expresso esse direito real de habitação ao
companheiro sobrevivente ou ao filho portador de deficiência.

OBS: Enunciado 117 da I Jornada de Direito Civil: “117: O direito real de habitação
deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da
Lei 9.278, seja em razão da interpretação analógica do artigo 1.831, informado pelo
artigo 6º, caput, da Constituição Federal”.
- Ainda, impende consignar que a Quarta Turma do Colendo Superior Tribunal de
Justiça, por meio de julgamento do Recurso Especial nº 1.203.144-RS
(2010/0127865-4), ocorrido em 27/05/2014, de relatoria do Ministro Luís Felipe
Salomão, em ação de manutenção de posse ajuizada antes mesmo de eventual
pedido expresso de reconhecimento de união estável, manteve decisão que
reconheceu o direito real de habitação a companheira supérstite.

- A Lei n° 6.858/80, regulamentada pelo Decreto n° 85.845/81 manda pagar, em


quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social e, na sua
falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial,
independentemente de inventário e arrolamento, os seguintes valores não

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recebidos em vida pelo titular:


a) Quantias devidas pelos empregadores aos empregados, em decorrência da
relação de emprego;
b) Importâncias devidas pelas pessoas jurídicas de direito público aos
respectivos servidores;
c) Saldos das contas individuais de FGTS e PIS/PASEP;
d) Restituições relativas a impostos recolhidos por pessoa física;
e) Saldos de contas bancárias, cadernetas de poupança e contas de fundos de
investimento, desde que inexistam outros bens sujeitos a inventário e
desde que de valor até 500 ORTNs.

2- DESCENDENTES
- São os que primeiro são chamados a suceder o de cujus. Entretanto; os
descendentes podem concorrer à herança com o cônjuge ou companheiro
sobrevivente, conforme regras adiante consignadas.
- Os filhos sucedem por cabeça (recebem quinhões iguais), e os outros
descendentes, por cabeça ou por estirpe (o quinhão do pré-morto é dividido entre
seus herdeiros), conforme se achem, ou não, no mesmo grau.

- Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, têm os


mesmos direitos sucessórios.
- Os descendentes mais próximos excluem os mais remotos, ressalvado o direito de
representação.

- Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus


ascendentes (art. 1.834).

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3 - ASCENDENTES
- Os de grau mais próximo excluem os de grau mais remoto, sem distinção de linhas
(linha paterna e linha materna).

- Havendo igualdade em grau e diversidade de linha, os ascendentes da linha


paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

- No caso da adoção, é recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus


descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4°
grau, observada a ordem de vocação hereditária.

- Os ascendentes podem concorrer à herança com o cônjuge ou companheiro


sobrevivente, conforme regras adiante consignadas.

4 - CÔNJUGE
- Conforme já antecipado, o cônjuge herda ab intestato, independentemente da
sua meação - que não é objeto da herança deixada pelo falecido, em concurso com
descendentes e ascendentes e, não havendo nenhum deles, sozinho.

- Todavia, para que possa participar da sucessão, o cônjuge sobrevivente não pode
estar separado judicialmente, nem de fato por mais de dois anos do falecido, salvo,
neste último caso, se provar que a convivência se tornara impossível sem culpa sua
(do sobrevivente).

- Aqui já se apresenta uma inovação, pois no sistema anterior o cônjuge só era


afastado da sucessão se, ao tempo da morte do de cujus, não estivesse dissolvida a
sociedade conjugal, ainda que houvesse prolongada separação de fato;

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- A inovação, nesse aspecto, é merecedora de elogios, uma vez que a prolongada


separação de fato, embora continue a não ser causa de dissolução da sociedade
conjugal, indica ruptura dos vínculos afetivos existentes entre os cônjuges,
afastando a presunção de que o falecido presumivelmente desejaria contemplar o
sobrevivente com parte de seu patrimônio.

- A crítica, entretanto, fica por conta da exceção: salvo se a convivência se tornou


impossível sem culpa do sobrevivente. Se por um lado, o legislador pretendeu
impedir uma eventual punição ao cônjuge inocente, por outro lado possibilitou o
surgimento de situações de difícil solução, como, por exemplo, a possibilidade de
concorrerem à mesma herança, em conjunto, cônjuge e companheiro do falecido,
além de outros parentes, conforme será abordado mais adiante. Não bastasse isso,
a existência de separação de fato por mais de dois anos é suficiente para,
independentemente de culpa de quem quer que seja, ensejara decretação do
divórcio direto, o que evidencia efetivo rompimento dos laços afetivos existentes
entre os cônjuges separados de fato.

- Como se vê, a situação é complicada, razão pela qual deveria o legislador ter
afastado a sucessão pelo cônjuge em duas hipóteses:
a) quando, após separação de fato por qualquer prazo e independentemente
do culpado, o falecido houvesse estabelecido união estável com outra
pessoa;
b) quando houvesse separação de fato por mais de dois anos, ainda que o
falecido não tivesse estabelecido união estável com outra pessoa e ainda
que fosse ele o responsável pelo impossibilidade da convivência.

Ainda sobre a sucessão pelo cônjuge, outras considerações devem ser feitas:
1°) - Só concorre com descendentes se o regime de bens não for a comunhão

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universal (o legislador entendeu que nesse caso não haveria necessidade), a


comunhão parcial sem bens particulares do falecido (porque, de fato, equivaleria à
comunhão universal) e a separação obrigatória (para não constituir burla indireta à
obrigatoriedade do regime).
- Entretanto, parece haver um contra-senso, pois não incidem essas
restrições quando o cônjuge concorre com ascendentes do de cujus.
2°) Concorrendo com descendentes, ao cônjuge sobrevivente caberá quinhão igual
ao dos que sucedem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta
parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
- Note-se que, ainda que haja descendentes não comuns, se ao menos um
deles também o for do cônjuge sobrevivente, terá ele direito a, no mínimo,
um quarto.
- Ora, apesar de o texto legal não ser claro neste aspecto (art. 1.832, CC),
deve prevalecer a interpretação mais benéfica ao cônjuge, pois não houve
restrição expressa ao mínimo de um quarto na hipótese de existirem
descendentes comuns e não comuns. A lei poderia ter sido mais clara.

3°) Concorrendo com ascendentes em primeiro grau (pais ), ao cônjuge tocará 1/3
da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior
for aquele grau (art. 1.837, CC).

4°) Cabe ao cônjuge a totalidade da herança, se não houver descendentes nem


ascendentes, ainda que haja colaterais.

5°) Se concorrer com descendentes ou com ascendentes, o cônjuge ainda terá


direito real de habitação sobre o imóvel que sirva como residência para a família,
desde que seja o único dessa natureza a inventariar, independentemente de sua
meação e da parte que lhe couber na herança, qualquer que seja o regime de bens

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(art. 1.831, CC).


- Esse direito, ao contrário do que ocorria na vigência do CC/1916 não se
extingue por novo casamento.

4.1 - QUADRO COMPARATIVO DA SITUACÃO SUCESSÓRIA DO CÔNJUGE ANTES E


APÓS O CÓDIGO CIVIL DE 2002.

LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO CC/02


- se houver descendentes, o cônjuge - O cônjuge sobrevivente concorre com
sobrevivente não herda, ressalvadas os descendentes, salvo se casado com
algumas hipóteses de sucessão anômala. o falecido no regime da comunhão
universal, da separação obrigatória de
bens, ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares.
- Em concorrência com os descendentes,
caberá ao cônjuge quinhão igual ao
dos que sucederem por cabeça, não
podendo a sua quota ser inferior à
quarta parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que
concorrer.
- Se houver ascendentes, o cônjuge - O cônjuge sobrevivente concorre com
sobrevivente não herda, ressalvadas os ascendentes, qualquer que seja o
algumas hipóteses de sucessão anômala. regime de bens. Concorrendo com
ascendentes em primeiro grau, ao
cônjuge tocará 1/3 (um terço) da

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herança; caber-lhe-á a metade desta se


houver um só ascendente, ou se maior
for aquele grau.
- A falta de descendentes e ascendentes - À falta de descendentes e ascendentes
será deferida a sucessão por inteiro ao será deferida a sucessão por inteiro ao
cônjuge sobrevivente. cônjuge sobrevivente.
- Não se reconhece direitos sucessórios - Não se reconhece direitos sucessórios
ao cônjuge sobrevivente apenas se, ao ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da
tempo da abertura da sucessão, já abertura da sucessão, eles estavam
estava dissolvida a sociedade conjugal. separados judicialmente ou separados
de fato há mais de 2 (dois) anos, salvo
prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível sem
culpa do sobrevivente.
- Ao cônjuge sobrevivente, casado sob - Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que
regime da comunhão universal, seja o regime de bens, será assegurado,
enquanto viver e permanecer viúvo, será sem prejuízo da participação que lhe
assegurado, sem prejuízo da caiba na herança, o direito real de
participação que lhe caiba na herança, o habitação relativamente ao imóvel
direito real de habitação relativamente destinado à residência da família, desde
ao imóvel destinado à residência da que seja o único bem daquela natureza a
família, desde que seja o único bem inventariar.
daquela natureza a inventariar.
- O cônjuge viúvo, se o regime de bens - O novo Código Civil não mais
do casamento não era o da comunhão estabelece o usufruto vidual em favor do
universal, terá direito, enquanto durar a cônjuge sobrevivente.
viuvez, ao usufruto da quarta parte dos
bens do cônjuge falecido, se houver

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filhos deste ou do casal, e à metade, se


não houver filhos embora sobrevivam
ascendentes do de cujus.

5 - COMPANHEIRO
- Primeiramente, a sucessão do companheiro foi disciplinada pelo Código Civil
(art. 1.790) em local bastante distante dos dispositivos que tratam da ordem
da vocação hereditária.
- Essa impropriedade técnica só se justifica pelo fato de que o projeto original
não se referia ao companheiro, tendo sido o assunto disciplinado, em local
impróprio, pelo Congresso Nacional.
- Melhor seria que tivesse sido disciplinado em conjunto com a ordem da
vocação hereditária e os herdeiros nela incluídos expressamente pelo
Código Civil/2002.
- O companheiro, para herdar, deverá estar convivendo com o falecido ao
tempo da abertura da sucessão (requisito implícito), sendo que essa
herança não prejudicará seu eventual direito à meação dos bens que se
comuniquem (a comunhão parcial é a regra).
- O companheiro concorre com os descendentes, os ascendentes e os
colaterais do de cujus, ao contrário do que ocorria anteriormente.
- Com efeito, antes do Código de 2002, o companheiro só sucedia em não
havendo descendentes nem ascendentes sucessíveis, recebendo a
totalidade da herança ainda que houvesse colaterais.
- O companheiro, ao concorrer com descendentes, não se submete às
mesmas restrições impostas ao cônjuge em situação similar (regime de
bens).
- Esse o único aspecto em que a sucessão do companheiro se apresenta em
situação mais favorável que a do cônjuge.

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- A princípio, o companheiro só participará da sucessão do outro no que


tange aos bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável. É
o que estabelece o caput do art. 1.790 do CC/2002.
- Todavia, essa restrição somente se aplica às hipóteses em que o
companheiro sobrevivente concorre com parentes do falecido
(descendentes ascendentes e colaterais).
- Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma cota equivalente à que
por lei for atribuída ao filho (sem garantia de no mínimo um quarto) e, se
concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles, exclusivamente no que pertine aos
aludidos bens.
- Se concorrer com filhos comuns e descendentes não comuns do autor da
herança, deve-se aplicar em seu favor a regra mais benéfica, que, aliás,
parece decorrer da literalidade da lei, conforme preconizam Sílvio de Salvo
Venosa e Inácio de Carvalho Neto.
- Todavia, se concorrer com outros parentes do de cujus, receberá 1/3 da
herança (apenas no que tange aos bens adquiridos a título oneroso na
constância da união estável). Por fim, assiste razão a Nelson Nery, quando
leciona que, se não houver parentes sucessíveis, o companheiro receberá a
totalidade da herança, e não apenas os bens adquiridos onerosamente na
constância da união estável.
- Essa interpretação está de acordo com o art. 1.844 do CC/2002, segundo o
qual a herança só se devolverá ao Poder Público se não, sobreviver cônjuge,
companheiro ou parente sucessível.
- Diferente é a posição de Inácio de Carvalho Neto e de Sílvio Rodrigues
(atualizado por Zeno Veloso), para quem a sucessão do companheiro
sempre incidirá exclusivamente sobre os bens adquiridos a título oneroso na
constância da união estável.

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- Como se vê, melhorou a situação sucessória do companheiro no que tange à


possibilidade de concorrer com descendentes e ascendentes, mas piorou no
que tange à impossibilidade de afastar completamente os colaterais.

OBS: O STF iniciou dia 31 de agosto de 2016 o julgamento de RE que


discute a legitimidade do tratamento diferenciado dado a cônjuge e a
companheiro, pelo artigo 1790 do Código Civil, para fins de sucessão. A
análise foi suspensa, contudo, por pedido de vista do ministro Dias Toffoli.
Até a data da suspensão, sete ministros já haviam votado pela
inconstitucionalidade da norma, por entenderem que a CF garante a
equiparação entre os regimes da união estável e do casamento no tocante
ao regime sucessório.
- O recurso teve repercussão geral reconhecida pela Corte em abril de
2015. .

11.5.1 - QUADRO COMPARATIVO DA SITUACÃO SUCESSÓRIA DO COMPANHEIRO


ANTES E APÓS O CÓDIGO CIVIL DE 2002

- CÓDIGO CIVIL/1916 E LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO NOVO CODIGO CIVIL

1º) Se houver descendentes, o companheiro sobrevivente não herda, ressalvadas


algumas hipóteses de sucessão anômala.

2º) Se houver ascendentes, o companheiro sobrevivente não herda, ressalvadas


algumas hipóteses de sucessão anômala.

3º) À falta de descendentes e ascendentes será deferida a sucessão por inteiro ao


companheiro sobrevivente que preencha os requisitos da Lei n° 8.971/94. Havendo

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companheiro sobrevivente que se enquadre nessa situação, 'os colaterais do de


cujus nada herdam.

4º) Não se reconhece direitos sucessórios ao companheiro sobrevivente se, ao


tempo da abertura da sucessão, já estava dissolvida a união estável.

5°) Ao companheiro sobrevivente que preencha os requisitos da Lei n° 8.971/94 é


assegurado, enquanto não constituir nova união, o usufruto da quarta parte dos
bens do "de cujus", se houver filhos dest_ ou comuns, e da metade, se não houver
filhos, embora sobrevivam ascendentes.

6°) Ao companheiro sobrevivente que preencha os requisitos da Lei n° 9.278/96 é


assegurado direito real de habitação.

CÓDIGO CIVIL/2002 - ANÁLISE


SISTEMÁTICA DOS DISPOSITIVOS

1°) O companheiro sobrevivente concorre com os descendentes, apenas no que


tange aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável. Se
concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for
atribuída ao filho. Se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-
lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles.

2°) O companheiro sobrevivente concorre com os ascendentes apenas no que


tange aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável. Nesse caso,
terá direito a 1/3 (um terço) da herança.

3º) À falta de descendentes, ascendentes e colaterais, o companheiro sobrevivente

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terá direito à totalidade da herança. Havendo colaterais do de cujus, o


companheiro sobrevivente concorre com eles apenas no que tange aos bens
adquiridos onerosamente na vigência da união estável. Nesse caso, terá direito a
1/3 (um terço) da herança.

4°) Não se reconhece direitos sucessórios ao companheiro sobrevivente se, ao


tempo da abertura da sucessão, já estava dissolvida a união estável.

5°) O novo Código Civil não mais confere esse direito ao companheiro sobrevivente.

6°) O novo Código Civil não mais confere esse direito ao companheiro sobrevivente.

OBS: Lembrar do julgamento do STF no RE que discute a legitimidade do


tratamento diferenciado dado a cônjuge e a companheiro mencionada na
observação anterior.
.
11.6 - POSSIBILIDADE DO CÔNJUGE CONCORRER À MESMA SUCESSÃO COM
DESCENDENTES

Antes do Código de 2002, por força da Lei n° 8.971/94,


impossível se afigurava concorrerem à mesma herança companheiro e cônjuge
sobrevivente. Todavia, agora, existe essa possibilidade.
Ora, para a caracterização da união estável, o
Código/2002 exige convivência pública, duradoura e contínua entre homem e
mulher com o objetivo de constituir família (praticamente os mesmos requisitos da
Lei n° 9.278/96), desde que entre eles. não haja impedimento para se casar.
Todavia, ressalva que se o impedimento matrimonial consistir em casamento
anterior de um dos companheiros, ainda assim admitir-se-á a configuração da

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união estável, desde que o casado esteja separado judicialmente ou de fato,


independentemente do prazo.

Por outro lado, o CC/2002 estabelece que um cônjuge


só é afastado da sucessão do outro se estiver separado judicialmente, ou de fato
por mais de dois anos, salvo, neste último caso, se provar que a convivência se
tornou impossível sem culpa sua (do sobrevivente ).
Pois bem. E se o falecido deixou esposa e companheira
em condições de suceder? A primeira por não estar separada judicialmente nem de
fato por mais de dois anos e a segunda por estar caracterizada a união estável,
embora a separação de fato do falecido fosse recente.

O CC/2002 não contém solução expressa,


provavelmente porque o legislador não se deu conta de que, pelo seu texto,
poderia haver essa possibilidade de um cônjuge e um companheiro concorrerem à
mesma herança. Diante da omissão da lei, resta ao intérprete dar a solução para o
problema.

Extrai-se do sistema inserido no Código Civil/2002 as


seguintes conclusões:
1 - o cônjuge, quando participa da sucessão com outros herdeiros legítimos, recebe
parte sobre a totalidade da herança;
2 - o companheiro, quando participa da sucessão com outros herdeiros legítimos,
recebe parte sobre os bens da herança adquiridos a título oneroso na constância da
união estável.
Nessas circunstâncias, resta, de início, a intérprete
adotar uma das seguintes linhas de raciocínio:
1ª) ou se garante ao cônjuge parte sobre a totalidade da herança, inclusive sobre

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os bens adquiridos onerosamente pelo falecido durante a união estável, mesmo


após, a separação de fato do Casal;
2ª) ou se afasta a possibilidade de o cônjuge participar da sucessão no que tange a
tais bens, relativamente aos quais sucederiam apenas os demais herdeiros
legítimos, inclusive o companheiro sobrevivente.

Das duas opções, a segunda parece ser a mais justa,


pois não seria razoável o cônjuge participar da sucessão no que tange aos bens
adquiridos pelo falecido após a separação de fato e durante a união estável
estabelecida com outra pessoa.

Logo, se cônjuge e companheiro concorrerem à mesma


herança, será preciso separar-se, dentro do patrimônio do de cujus, os bens por ele
adquiridos a título oneroso na constância da união estável dos demais.

Aqueles (bens adquiridos onerosamente na constância


da união, estável) submeter-se-ão às regras referentes à sucessão do companheiro,
ainda que em concurso com parentes do falecido. Os outros bens, submeter-se-ão
às regras referentes à sucessão do cônjuge, ainda que em concurso com parentes
do falecido.

A solução gerará a possibilidade de concorrerem à


sucessão, concomitantemente, cônjuge, companheiro e colaterais do falecido,
embora pela ordem da vocação hereditária o cônjuge afaste estes últimos.

É que, sendo aptos à sucessão apenas herdeiros das


aludidas classes, o cônjuge receberia a totalidade dos bens não adquiridos
onerosamente na constância da união estável, enquanto companheiro e colaterais

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dividiriam entre si (aquele com 1/3 apenas) os adquiridos na aludida situação.


A situação, como se vê, é complexa, podendo dar
ensejo a inúmeras interpretações. Por isso, seria melhor alterar-se o novo Código
Civil, afastando qualquer possibilidade de cônjuge e companheiro concorrerem à
mesma herança. No mínimo, dever-se-ia afastar expressamente a possibilidade de
o cônjuge separado de fato, nos casos em que pode suceder, participar da partilha
quanto aos bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável
posterior a tal separação.

11.7 - COLATERAIS

- Beneficia apenas até o quarto grau.


- Os mais próximos excluem os mais remotos, ressalvado o direito de
representação concedido aos filhos dos irmãos.
- Concorrendo irmãos bilaterais ou germanos com irmãos unilaterais, cada um
destes receberá a metade do que cada um daqueles herdar.
- Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os
bilaterais.
- Se com irmão ou irmãos do de cujus concorrerem filhos de irmão unilateral ou
bilateral, terão estes, por direito de representação, a parte que caberia ao pai ou à
mãe, se vivessem.
- Em falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. Os
sobrinhos, apesar de estarem no mesmo, grau de parentesco que os tios, herdam
com preferência sobre estes.
- Se só concorrerem à herança filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça. Se
concorrerem filhos de irmãos bilaterais, com filhos de irmãos unilaterais, cada um
destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. Se todos forem filhos
de irmãos 1terais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão todos por igual.

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- Os colaterais podem concorrer à herança com o companheiro sobrevivente,


conforme regras anteriormente consignadas.

11.8 - PODER PÚBLICO

A sucessão pelo Poder Público já foi tratada


anteriormente, quando se discorreu sobre a herança jacente e herança vacante. O
Poder Público não é herdeiro, não lhe sendo conhecido o direito de saisine.

11.9 - DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

Conceito - "Consiste na convocação legal para suceder em lugar de outro herdeiro,


parente mais próximo do finado, mas anteriormente pré-morto, ausente ou
incapaz de suceder, no instante em que se abre a sucessão" (MHD).

Herdeiros passíveis de representação:


I -na linha reta descendente, ad infinitum;
II- na linha colateral, unicamente em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando
com irmão ou irmãos deste concorrerem.

* O direito de representação nunca se dá na linha reta ascendente.

Requisitos:
I - haver o representado falecido antes do de cujus, sido declarado ausente (nos
casos em que se admite a abertura da sucessão definitiva) ou declarado indigno;
II - descender o representante do representado;
III - não ocorrer solução de continuidade no encadeamento dos graus entre
representante e sucedido;

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IV - ter o representante legitimação para herdar do representado no instante da


abertura da sucessão.
Efeitos:
I - os representantes herdam o que herdaria o representado, se vivesse;
II - o quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes;
III - a quota hereditária do representante não responde pelas dívidas do
representado, mas pelas do autor da herança;
IV - os representantes estão obrigados a trazer à colação o que o representado
deveria conferir, ainda que aqueles não o hajam herdado;
V - o renunciante à herança de uma pessoa pode representá-la na sucessão de
outra;
VI - o direito de representação só opera em relação à sucessão legítima;
VII - o representante, parente do de cujus em grau mais remoto, herdará como se
fosse do mesmo grau do representado, afastando outros parentes, mesmo que
sejam de grau mais próximo que o seu.

- DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
1 - TESTAMENTO
Conceito - É o ato revogável pelo qual alguém, de conformidade com a lei, dispõe,
no todo ou em parte, do seu patrimônio, para depois de sua morte. Pode,
entretanto, conter disposições de caráter extrapatrimonial ou mesmo limitar-se a
elas.

Caracteres:
I - revogável;
II - unilateral e personalíssimo;
III - gratuito, admitindo a instituição de encargo;
IV - solene;

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V - produz efeitos após o falecimento do testador.

2 - CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA ATIVA


Em regra, todas as pessoas físicas possuem capacidade
para testar, exceto os incapazes e os que, no ato de testar, não tiverem pleno
discernimento. Os maiores de 16 (dezesseis) anos, entretanto, podem testar,
independentemente de assistência.
A capacidade para testar deve ser aferida por ocasião
da confecção do testamento. Assim, a incapacidade superveniente do testador não
invalida o testamento eficaz, nem o testamento do incapaz se valida com a
superveniência da capacidade.

3 - CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA PASSIVA

Em regra, todas as pessoas físicas e jurídicas, existentes


ao tempo da morte do testador, que não forem excluídas por lei, possuem
capacidade e legitimação para adquirir por testamento.

Caso de incapacidade testamentária passiva: indivíduos


não concebidos até a morte do testador. Entretanto, admite-se que a disposição do
testador se refira a: filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessã06; nascituros; sociedades e
associações com contratos ainda não registrados, que se equiparam ao nascituro
(WBM entende neste sentido. SR tem entendimento em sentido contrário); e
fundações a serem criadas com bens livres dotados pelo testador.

Casos de falta de legitimação:


a) a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge, companheiro,

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ascendentes, descendentes e irmãos;


b) as testemunhas do testamento;
c) o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado
de fato do cônjuge há mais de 05 (cinco) anos;
d) O tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer,
assim como o que fizer, ou aprovar o testamento.

São nulas as disposições testamentárias em favor de


pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de
contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Presumem-se pessoas
interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou
companheira do não legitimado a suceder. Entretanto, nada obsta a que se
comprove a interposição feita através de outras pessoas (p. ex.: noivo, amigo ou
primo do não legitimado).
É lícita a deixa testamentária em favor do filho do
concubino, quando também o for do testador casado (Súmula 447 do STF e art.
1.803, CC/2002).

A lei do domicílio do herdeiro ou do legatário regula a


capacidade para suceder (art. 10, §2°, da LlCC).

A capacidade testamentária passiva deve ser aferida no


momento da abertura da sucessão, salvo se tratar de deixa testamentária
condicional, caso em que tal capacidade deverá ser aferida por ocasião do
implemento da condição.

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4 - HERDEIROS LEGITIMÁRIOS, NECESSÁRIOS OU RESERVATÁRIOS

Atualmente, são o cônjuge, os descendentes e os ascendentes' sucessíveis do de


cujus.

Metade disponível e legítima: O testador que tiver


herdeiros necessários, pão pode dispor de mais da metade de seus bens (metade
disponível), eis que a outra metade (legítima ou reserva) pertence de pleno direito
àqueles. Como conseqüência, os herdeiros necessários não podem ser excluídos
arbitrariamente da sucessão, salvo nos casos excepcionalíssimos de indignidade e
deserdação. Para excluir os demais herdeiros legítimos (colaterais e companheiro),
basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.

Cálculo da legítima: Calcula-se a legítima sobre o total


dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e. as despesas do
funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos à colação.

Acerca da colação, uma observação deve ser feita:


embora o CC/2002 estabeleça que as doações feitas a descendentes e cônjuge
consideram-se adiantamento da legítima (art. 544) o que implicaria em
necessidade de serem conferidas (colação – art. 2002) - e de o art. 2003
estabelecer que a colação tem por fim igualar, na proporção legal, as legítimas dos
descendentes e do cônjuge sobrevivente, no art. 2.002 estabelece que "os
descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados,
para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberão
sob pena de sonegação.”
Apesar de o último dispositivo indicar que somente os
descendentes estariam obrigados à colação, o certo é que os demais dispositivos

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mencionados impõem essa obrigação também ao cônjuge quando concorrer com


descendentes, tendo havido mero lapso do legislador a ser corrigido pelo
intérprete (tb. MHD, Sílvio Rodrigues, atualizado por Zeno Veloso).

Clausulação da legítima: O Código Civil/2002 estabelece


que, "salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de
incomunicabilidade, sobre os bens da legítima”, não sendo permitido ao testador
estabelecer a conversão os bens da legítima em outros de espécie diversa (art.
1.848, caput e § 1°). O mesmo diploma ainda ressalva que, "mediante autorização
judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-
se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros"
(§2°).

Pode-se indagar se a declaração de causa exigida pelo


art. 1.848 comporta apreciação judicial. Com certeza, a resposta é afirmativa. Não
haveria razão para o legislador exigir expressa declaração de justa causa, se a
mesma não pudesse ser objeto de declaração judicial. Mesmo porque nossa Carta
Magna assegura o princípio da acessibilidade ao Poder Judiciário, segundo o qual
sequer a lei pode excluir da apreciação desse Poder são ou ameaça a direito. A
ação cabível é de conhecimento e tem natureza declaratória, posto que o objeto é
basicamente a declaração de nulidade da cláusula testamentária que estabelece
indevidamente a deserdação bona mente. Com efeito, segundo o CC/2002, é nulo o
negócio jurídico quando tiver por objetivo fraudar lei imperativa - a proteção à
legítima tem caráter de norma de ordem pública - e quando a lei proibira prática do
ato, em cominar sanção - a lei proíbe a deserdação bona mente que não se baseie
em justa causa. Apesar de se tratar de nulidade absoluta, está a aludida pretensão
submetida ao prazo decadencial de cinco anos, a contar da data do registro do

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testamento, já que a aludida ação visa impugnar a validade, ainda que parcial, do
testamento (art. 1.859, CC/2002).

Quanto à porção disponível, não há restrições para a


sua clausulação, visto que essa parte do patrimônio do de cujus pode, inclusive, ser
objeto de disposição em favor de outras pessoas. Assim, se o testador pode o mais
- dispor de sua porção disponível em favor de outras pessoas, pode também o
menos – simplesmente clausular sua porção disponível ser entregue aos herdeiros
legítimos, ainda que necessários.
Herdeiro necessário a quem o testador deixa sua
metade disponível, ou algum gado - Não perde o direito à legítima.

5 - DESERDACÃO

Conceito - "É o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante
testamento com expressa declaração de causa, herdeiro necessário, privando o de
sua legítima, por ter praticado qualquer ato taxativamente enumerado no CC".

Requisitos:
1 - existência de testamento válido;
2 - declaração expressa de causa;
3 - comprovação da veracidade da causa alegada pelo testador, por parte do
herdeiro excluído ou daquele a quem aproveite a deserdação. Sujeita-se ao prazo
decadencial de 04 anos, contados da data da abertura do testamento (art. 1.965,
parágrafo único, CC/2002). Não se provando a causa invocada para a deserdação, é
nula a instituição, e nulas as disposições, que prejudiquem a legítima do
deserdado;
4 - existência de herdeiro necessário. É que, para excluir da sucessão o

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companheiro ou parentes colaterais, basta que o testador disponha do seu


patrimônio, sem os contemplar.

Casos:
1 - casos de indignidade, qualquer que seja o herdeiro necessário;
2 - ofensas físicas, se o herdeiro necessário a ser deserdado for ascendente ou
descendente;
3 - injúria grave, se o herdeiro necessário a ser deserdado for ascendente ou
descendente;
4 - relações ilícitas com a madrasta ou o padrasto, no caso da deserdação de
descendentes pelos ascendentes;
5 - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou neto, ou com o
marido ou o companheiro da filha ou neta, no caso de deserdação dos ascendentes
pelos descendentes;
6 - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade, no caso
de deserdação dos descendentes;
7 - desamparado filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade, no
caso de deserdação dos ascendentes.

* A desonestidade da filha que vive em casa paterna não mais é elencada entre as
causas de deserdação.

* Embora o CC/2002 considere o cônjuge como herdeiro necessário, deixa de


estabelecer casos específicos em que ele poderia ser deserdado, razão pela qual
isso somente será possível nas hipóteses em que for cabível a exclusão por
indignidade. Entretanto, há quem, como Inácio de Carvalho Neto e Sílvio Rodrigues
(atualizado por Zeno Veloso), sustente, impropriamente, que a deserdação do
cônjuge não seria cabível em nenhuma hipótese.

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* Embora muitos doutrinadores critiquem a ausência de dispositivo que relacione


especificamente outros casos de deserdação do cônjuge, semelhantemente ao que
ocorre com os descendentes e ascendentes, tal omissão legislativa não se mostra
tão problemática. Com efeito, as outras hipóteses (exceto as de indignidade) que
dão ensejo à deserdação dos descendentes e dos ascendentes, se aplicadas, no que
couber, ao cônjuge, podem ensejar a separação litigiosa, afastando qualquer
possibilidade de sucessão. Sendo assim, se um cônjuge quiser afastar o outro de
sua sucessão legítima em hipóteses como as de adultério, injúria grave, sevícias ou
abandono, poderá fazê-lo, não através da deserdação, mas, sim, através da
separação judicial. De qualquer modo, haveria, no mínimo, uma utilidade em se
admitir a deserdação nesses casos. É que, sendo personalíssima a ação de
separação, em falecendo um dos cônjuges durante a sua tramitação, o processo se
extinguiria sem julgamento do mérito, possibilitando ao outro participar da
sucessão do de cujus. Neste caso, a deserdação seria útil.

Efeitos:
1 - o deserdado, com a abertura da sucessão, adquire o domínio e a posse da
herança; com a publicação do testamento, passa a ter propriedade resolúvel;
2 - não provado o motivo determinante da deserdação, o testamento produzirá
efeitos em tudo o que não prejudique a legítima do herdeiro necessário;
3 - necessidade de preservar a herança durante a ação movida pelo beneficiário da
deserdação para provar a sua causa geradora, nomeando-se depositário judicial;
4 - os descendentes do deserdado o representam, como se ele fosse morto. Esse é
o entendimento majoritário.

Revogação: Somente por meio de revogação testamentária. A mera reconciliação


entre o autor da herança e o deserdado não se afigura suficiente a acarretar a
revogação da deserdação.

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Distinção entre indignidade e deserdação:


- a indignidade funda-se, exclusivamente, nos casos do art. 1.814 do CC/2002,
enquanto a deserdação repousa na vontade exclusiva do autor da herança, que a
impõe ao ofensor no ato de última vontade, desde que fundada em motivo legal;
- a indignidade é própria da sucessão legítima, embora alcance o legatário e o
herdeiro testamentário, ao passo que a deserdação só opera na seara da sucessão
testamentária;
- a indignidade priva da herança sucessores legítimos e testamentários; a
deserdação é o meio empregado pelo testador para excluir da sucessão os seus
herdeiros necessários.

6 – REDUCÃO DAS DISPOSICÕES TESTAMENTÁRIAS

Disposição apenas em parte da metade disponível - Entende-se que o testador


instituiu os herdeiros legítimos na parte remanescente.
Solução a ser adotada quando as disposições excederem a metade disponível:
* Deve-se promover a redução das disposições à metade disponível, observando-se
as seguintes regras:
- não havendo previsão do testador - serão proporcionalmente reduzidas as quotas
do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os
legados na proporção do seu valor;
- havendo previsão do testador - conforme dispuser ele no testamento, podendo
determinar que se inteirem, de preferência, certos herdeiros ou legatários, caso em
que a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se, a seu
respeito, a ordem estabelecida acima;
- quando consistirem prédio divisível o legado sujeito a redução - far-se-á a
redução, dividindo-o proporcionalmente;

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- quando não for possível tal divisão - se não for possível a divisão, e o excesso do
legado montar a mais de um quarto do valor do prédio, o legatário deixará inteiro
na herança o imóvel legado, ficando com o direito de pedir aos herdeiros o valor
que couber na parte disponível. Se o excesso não for de mais de um quarto, aos
herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que ficar com o prédio. Se o legatário
for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar sua legítima no mesmo
imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado
lhe absorverem o valor.

7 - SUBSTIUIÇÕES

Conceito - "Disposição testamentária em que o testador indica uma terceira pessoa


para receber uma gratificação testamentária, na falta de um herdeiro, ou legatário,
indicado em primeiro lugar, ou após este".

Regras:
I - o substituto fica sujeito ao encargo ou condição impostos ao substituído, quando
não for diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa
da natureza da condição, ou do encargo;
II - é lícito substituir muitas pessoas a uma só, ou vice-versa;
III - o substituto deve ter capacidade para ser instituído em primeiro grau;
IV - é uma substituição condicional, podendo ser subordinada a outra condição, a
um termo ou a um encargo;
V - o substituto pode ser nomeado no mesmo testamento em que for feita a
instituição ou em cédula testamentária posterior, desde que observados os
requisitos legais;
VI - é lícito estabelecer substituição com ou sem reciprocidade;
VII - presume-se que a substituição foi determinada para ocaso de o herdeiro ou

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legatário não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado, ainda que o
testador se refira a apenas uma dessas alternativas;
VIII - se, entre muitos coerdeiros ou legatários de partes desiguais, for estabelecida
substituição recíproca, a proporção dos quinhões, fixada na primeira disposição,
entender-se-á mantida na segunda. Se, porém, com as outras anteriormente
nomeadas for incluída mais alguma pessoa na substituição, o quinhão vago
pertencerá em partes iguais aos substitutos.

Espécies:

I - Substituição vulgar ou ordinária - Ocorre quando o testador designa


expressamente uma pessoa que deverá suceder no lugar do herdeiro ou do
legatário que não quis ou não pôde aceitar a liberalidade. Pode ser singular ou
simples (se houver um só substituto ao herdeiro ou legatário instituído) e plural ou
coletiva (se são vários os substitutos convocados simultaneamente);

II - Substituição recíproca - Ocorre quando o testador institui vários herdeiros e/ou


legatários, declarando-os substitutos uns dos outros;

III – Substituição compendiosa - Constitui um misto de substituição vulgar e de


substituição fideicomissária, eis que se verifica quando o testador dá substituto ao
fiduciário ou ao fideicomissário;

IV - Substituição fideicomissária - Ocorre quando o testador (fideicomitente) instituí


herdeiros ou legatários, impondo a um deles, o gravado ou fiduciário, a obrigação
de, por sua morte, a certo tempo, ou sob certa condição, transmitir ao outro, que
se qualifica de fideicomissário, a herança, ou legado. O fideicomisso não se
confunde com o usufruto testamentário. A substituição fideicomissária somente se

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permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador, sendo que,
se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirira
este a propriedade dos bens fideicomitidos, convertendo-se em usufruto o direito
do fiduciário (art. 1.952, CC/2002).

Requisitos para sua verificação:


a) dupla vocação;
b) eventualidade da vocação do fideicomissário;
c) sucessividade subjetiva nos bens herdados ou legados;
d) capacidade testamentária passiva do fiduciário e do fideicomissário;
e) obrigação do fiduciário de conservar a coisa fideicomitida para depois restituí-la
ao fideicomissário.

Regras específicas:
a) o fiduciário tem a propriedade da herança ou legado, mas restrita e resolúvel;
b) o fiduciário é obrigado a proceder ao inventário dos bens gravados, e, se lho
exigir o fideicomissário, a prestar caução de restituí-los;
c) se o fideicomissário aceitar a herança ou o legado, terá direito à parte que, ao
fiduciário, em qualquer tempo acrescer;
d) o fideicomissário responde pelos encargos da herança que ainda restarem
quando vier à sucessão;
e) são nulos os fideicomissos além do segundo grau;
f) a nulidade da substituição ilegal não prejudica à instituição, que valerá sem o
encargo resolutório.

Casos de caducidade do fideicomisso:


a) incapacidade testamentária passiva ou exclusão do fideicomissário; falecimento
do fideicomissário antes do testador;

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b) falecimento do fideicomissário depois do testador, mas antes do fiduciário ou,


antes da realização do termo ou condição resolutiva do direito deste último;
c) renúncia da herança ou do legado pelo fideicomissário;
d) perecimento total do bem sujeito ao fideicomisso, sem culpa ou dolo do
fiduciário.
* Nos três primeiros casos de caducidade do fideicomisso, a propriedade dos bens
gravados consolida-se no fiduciário, salvo se o testador houver disposto em sentido
contrário;
* Salvo disposição em contrário do testador, se o fiduciário renunciar a herança ou
o legado, defere-se ao fideicomissário o poder de aceitar (art. 1.954, GC/2002).

8- DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS

Conceito- "Consiste no direito do coerdeiro ou co-legatário de receber o quinhão


originário de outro coerdeiro ou co-legatário, que não quis ou não pôde recebê-lo,
desde. que sejam, pela mesma disposição testamentária, conjuntamente chamados
a receber a herança ou o legado em cotas não determinadas".

Direito de acrescer entre herdeiros


- Requisitos:
1 - nomeação conjunta dos herdeiros na mesma disposição testamentária;
2 - incidência na mesma herança e ausência de determinação do quinhão de cada
um;
3 – impossibilidade de um dos coerdeiros receberem a herança, nos casos de
premoriência, renúncia, exclusão da sucessão, não verificação da condição sob a
qual foi instituído, desde que o testador não tenha nomeado substituto.

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Direito de acrescer entre legatários


-Requisitos:
1 - nomeação conjunta dos co-legatários;
2 - incidência sobre a mesma coisa, determinada e certa, ou insuscetível de divisão
sem risco de desvalorização;
3 - ausência de determinação da cota de cada legatário;
4 - impossibilidade de um dos co-legatários receber o legado, nos casos de
premoriência, renúncia, exclusão da sucessão, não verificação da condição sob a
qual foi instituído, desde que o testador não tenha nomeado substituto.

Conseqüências do acréscimo:
I - transmissão aos coerdeiros ou co-legatários beneficiados das vantagens que
deveriam caber ao que deixou de herdar;
II - transmissão aos beneficiados das obrigações e encargos que oneravam o
quinhão do que deixou de herdar;
III - impossibilidade de o beneficiário do acréscimo repudiá-lo separadamente da
herança ou legado que lhe caiba, salvo se o acréscimo comportar encargos
especiais impostos pelo testador; nesse caso, uma vez repudiado, reverte o
acréscimo para a pessoa a favor de quem os encargos foram instituídos.

Destino da cota vaga do nomeado, quando não houver direito de acrescer:


I - se se tratar de quota de herdeiro instituído, haverá transmissão da mesma aos
herdeiros legítimos;
II - se se tratar de legado, a quota do co-legatário que faltar acrescerá ao herdeiro
ou ao legatário, incumbido de satisfazer esse legado, ou a todos os herdeiros, na
proporção dos seus quinhões, se o legado se deduziu da herança.

Acréscimo no legado de usufruto:

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Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a parte do que


faltar acresce aos co-legatários. Se, porém, não houver conjunção entre eles, ou se,
apesar de conjuntos, só foi legada certa parte do usufruto, as cotas dos que
faltarem consolidar-se-ão na propriedade, à medida que eles forem faltando.

9 - DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

- Regras interpretativas:
a) Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes,
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. Sílvio
Rodrigues e Carlos Roberto Gonçalves entendem que o juiz não pode recorrer a
outras fontes, que não o próprio testamento. Já Maria Helena Diniz tem
entendimento diverso, admitindo a pesquisa a elementos extrínsecos ao
instrumento formal do testamento.
b) A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de
caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar
do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos,
salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra
localidade. Nestes casos, as instituições particulares preferirão sempre às públicas.
c) Se o testamento designar dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de
cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador.
d) Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente,
a herança será dividida em tantas cotas quantos forem os indivíduos e os grupos
designados.
e) Se forem determinadas as cotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a
herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da
vocação hereditária.

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f) Se forem determinados os quinhões de uns e não os dos outros herdeiros,


distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as
porções hereditárias dos primeiros.
g) Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado
objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.

- Regras proibitivas:
a) Tem-se por não escrita a designação do tempo em que deva começar ou cessar o
direito do herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias (proibição de instituição
de herdeiro a termo). Aplica-se somente ao herdeiro, não se estendendo ao
legatário. Não invalida o testamento; nem anula a disposição; acarreta apenas a
ineficácia do termo.
b) É nula a disposição que:
- institua herdeiro, ou legatário, sob condição captatória de que este disponha,
também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;
- se refira a pessoa incerta, cuja identidade se não possa averiguar;
- favoreça pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro,
salvo no caso do art. 1.901, I, CC/2002;
- deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado, salvo no caso
do art. 1.901, II, CC/2002;
- favoreça pessoas não legitimadas a suceder, ainda que por interpostas pessoas.

- Regras permissivas:
a) A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob
condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo.
b) Admite-se a disposição em favor de pessoa incerta que deva ser determinada
por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou
pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por

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ele designado.
c) Admite-se a disposição em remuneração de serviços prestados ao testador, por
ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique a arbítrio do herdeiro, ou de
outrem, determinar o valor do legado.

- Outras regras:
a) O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada
anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos,
ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa, a que o testador
queria referir-se.
b)A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
impenhorabilidade e incomunicabilidade. No caso de desapropriação de bens
clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do
herdeiro, mediante autorização judicial. Além dessas duas exceções à cláusula de
inalienabilidade, a doutrina ainda cita as seguintes:
I - venda do bem clausulado, no caso de extinção do respectivo condomínio;
II - sub-rogação das cláusulas restritivas para outros bens livres, em conformidade
com o disposto nos arts. 1.103 e ss. do CPC, combinado com o Decreto-Lei n°
6.777/44. Em qualquer desses casos, o produto da alienação se converterá em
outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. Existe
controvérsia a respeito de eventual impenhorabilidade dos frutos e rendimentos
do bem gravado: I - alguns entendem serem penhoráveis os frutos e rendimentos,
pois a cláusula deve ser interpretada restritivamente; II - outros entendem que a
cláusula alcança os rendimentos dos bens inalienáveis, tendo em vista sua
finalidade protetiva (Theotônio Negrão, em nota ao art. 650 menciona que: "São
impenhoráveis os frutos e rendimentos dos bens gravados com a cláusula de
impenhorabilidade por disposição testamentária (JTA 104/106), visto serem
indisponíveis); III - há os que entendem serem impenhoráveis os frutos dos bens

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inalienáveis quando o testador assim estipular expressamente (Washington de


Barros Monteiro e Maria Helena Diniz); IV - há, ainda, os que consideram possível a
penhora dos frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, à falta de outros bens,
ainda que o testador haja vista o disposto em sentido contrário, salvo quando
tiverem caráter de alimentos (Sílvio Rodrigues e Philadelpho Azevedo).
- O art. 650, I do CPC, estabelece serem penhoráveis, à falta de outros bens, os
frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a alimentos de
incapazes, bem como de mulher viúva, solteira, desquitada, ou de pessoas idosas.

10 - FORMAS DE TESTAMENTO
10.1 - DISPOSIÇÕES GERAIS

Como já foi dito, o testamento é ato solene, devendo


ser confeccionado com observância das formalidades legais, vigentes ao tempo de
sua elaboração (ato jurídico perfeito), sob pena de nulidade.
Nosso ordenamento jurídico admite apenas seis formas
de testamento, sendo três delas ordinárias (testamento público, testamento
cerrado e testamento particular), e outras três especiais (testamento marítimo,
aeronáutico e militar).
É proibido o testamento conjuntivo (ou de mão comum
aquele que contém disposições de última vontade feitas por mais de uma pessoa,
no mesmo instrumento), seja ele simultâneo (aquele em que dois testadores
beneficiam, através do mesmo instrumento uma terceira pessoa), recíproco
(aquele em que dois testadores, num mesmo instrumento beneficiam-se
mutuamente, instituindo herdeiro o que sobreviver) ou correspectivo (aquele em
que dois testadores, num mesmo instrumento, efetuam disposições testamentárias
em retribuição de outras correspondentes).

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10.2 -TESTAMENTO PÚBLICO


Requisitos:
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de
acordo com o ditado ou as declarações do testador, podendo este servir-se de
minuta, notas ou apontamentos;
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas
testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e
do oficial.
III – ser o instrumento, em seguida, à leitura, assinado pelo testador, pela
testemunhas e pelo tabelião;
IV - se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto,
assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das
testemunhas instrumentárias;
V - pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela
inserção da declaração de vontade em partes impressas de livros de notas, desde
que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma;
V - o indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o
souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas;
VI - se o testador for cego, seu testamento deve lhe ser lido, em voz alta, duas
vezes; uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das
testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção
no testamento.

Capacidade para testar publicamente:


I - aquele que puder fazer de viva voz as suas declarações, e verificar, pela sua
leitura, haverem sido fielmente exaradas;
II - o inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e se não o souber,
designará quem O leia em seu lugar, presentes as testemunhas;

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III - o cego, a quem só é permitida esta forma de testamento.

10.3 - TESTAMENTO CERRADO, SECRETO OU MÍSTICO


Requisitos:
I - ser escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado;
pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique,
com a sua assinatura, todas as páginas; pode ser escrito em língua nacional ou
estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo;
II - ser entregue pelo testador ao tabelião em presença de duas testemunhas;
III - haver declaração do testador de que aquele é o seu testamento e quer que seja
aprovado;
IV - ser lavrado pelo tabelião, desde logo, o auto de aprovação, na presença de
duas testemunhas, e lido, em seguida, ao testador e testemunhas;
V - ser o auto de aprovação assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo
testador;
VI - ser o auto de aprovação iniciado imediatamente depois da última palavra do
testador, declarando o tabelião, sob sua fé, que o testador lhe entregou
para ser aprovado, na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o
instrumento aprovado; se não houver espaço na última folha dó testamento, para
início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a
circunstância no auto;
VII - se for feito por surdo-mudo, deve ser todo escrito por ele e assinado a sua
mão, bem como, ao ser entregue ao oficial, público, ser escrito por aquele, ante as
duas testemunhas, na parte externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu
testamento, cuja aprovação lhe pede;
VIII - depois de aprovado e cerrado, deve ser o testamento entregue ao testador, e
deve o tabelião lançar, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o
testamento foi aprovado e entregue;

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IX - ser apresentado ao juiz após a morte do testador, que o abrirá e o fará


registrar, ordenando seja cumprido, se lhe não achar vício externo que o torne
eivado de nulidade ou suspeito de falsidade, com observância do disposto nos arts.
1.125 e seguintes do CPC.

# Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não


obstante, aprová-lo.

Capacidade para testar, através de testamento cerrado:


I - quem souber e puder ler;
II - O surdo-mudo, contanto que escreva todo o testamento, o assine de sua mão, e
ao entregá-lo ao oficial público, escreva, na parte externa do papel, ou do
envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.

10.4 - TESTAMENTO PARTICULAR, ABERTO OU HOLÓGRAFO


Requisitos:
I - ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico;
II - se escrito de próprio punho, deve ser lido e assinado por quem o escreveu, na
presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever; se elaborado
por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo
ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três
testemunhas, que o devem subscrever;
III – ser escrito em língua nacional ou em língua estrangeira, caso em que as
testemunhas devem compreendê-la;
IV - publicação do testamento em juízo, após a morte do testador, com citação dos
herdeiros legítimos e intimação do MP;
V - ser confirmado, desde que as testemunhas sejam contestes sobre o fato da
disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e reconheçam as

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próprias assinaturas, assim como a do testador; se faltarem testemunhas, por


morte ou ausência, e se pelo menos uma delas reconhecer, o testamento poderá
ser confirmado, se, a critério do juiz houver prova suficiente de sua veracidade; em
circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de
próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado,
a critério do juiz;
VI - homologação do testamento pelo juiz, que determinará seu registro, inscrição
e cumprimento.

10.5 - TESTAMENTO MARÍTIMO E AERONÁUTICO


Casos:
- Testamento marítimo: quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de
guerra ou mercante;
- Testamento aeronáutico: quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar
ou comercial.

* Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem, se,
ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse
desembarcar e testar pela forma ordinária.

Forma: deve ser feito perante o comandante (no marítimo) ou pessoa por ele
designada (no aeronáutico), em presença de duas testemunhas, por forma que
corresponda ao testamento público ou cerrado. O registro do testamento deve ser
feito no diário de bordo que ficará sob a guarda do comandante, que o entregará
às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra
recibo averbado no diário de bordo.
Caducidade: O testamento marítimo ou aeronáutico caducará, se o testador não
falecer na viagem, nem nos 90 dias subseqüentes ao seu desembarque em terra,

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onde possa fazer na forma ordinária, outro testamento.

10.6 - TESTAMENTO MILITAR


Caso: Militares e mais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, dentro
ou fora do país, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações
interrompidas, não havendo tabelião ou seu substituto legal.

Formas:
I - Na presença de duas, ou três testemunhas, se o testador não puder, ou não
souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas. Se o testador pertencer a
corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo respectivo
comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. Se o testador estiver em
tratamento no hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial de saúde,
ou pelo diretor do estabelecimento. Se o testador for o oficial mais graduado, o
testamento será escrito por aquele que o substituir. Corresponde ao testamento
público.
II – Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho,
contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na
presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as
vezes neste mister. O auditor, ou oficial, a quem o testamento se apresente,
notará, em qualquer parte dele, o lugar, dia, mês e ano, em que lhe for
apresentado. Esta nota será assinada por ele e pelas ditas testemunhas.
Corresponde ao testamento cerrado.
III - Nuncupativo - As mesmas pessoas, estando empenhadas em combate, ou
feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas
testemunhas.

Caducidade:

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I - quando o testador, após o testamento, estiver 90 dias seguidos, em lugar onde


possa testar na forma ordinária, salvo se esse testamento for elaborado sob a
forma que se assemelha ao testamento cerrado;
II - no caso do testamento nuncupativo, se o testador não morrer na guerra, ou
convalescer do ferimento.

11 - CODICILO
Conceito - É o ato de última vontade, pelo qual o disponente faz disposições
especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e
determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim
como lega móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal. Pelo
codicilo ainda se afigura possível nomear e substituir testamenteiros.

Capacidade ativa - Quem tiver capacidade para testar.

Forma - Escrito particular, datado e assinado pelo disponente.

Revogação - Por atos da mesma espécie; pela superveniência de testamento, de


qualquer natureza, que não o confirme, ou que o modifique.
Coexistência com testamento - Admissível, desde que posterior a este, ou
confirmado pelo mesmo.

Abertura - Se estiver fechado, deverá ser aberto pelo mesmo modo que o
testamento cerrado.

12 - LEGADO

Conceito - "Disposição testamentária a título singular, pela qual o testador deixa a

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pessoa estranha ou não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizados ou


uma certa quantia em dinheiro".

Classificação quanto à modalidade:


a) puro e simples - produz efeitos independentemente de qualquer fato;
b) condicional - se seu efeito estiver subordinado a evento futuro e incerto, desde
que não seja captatório, caso em que será nulo;
c) a termo - se sua eficácia estiver sujeita a evento futuro e certo;
d) modal - se o testador gravar o legado com encargo ou obrigação do legatário; e)
sub-causa ou por certa causa - quando o testador declara por que fez a
liberalidade.

Caducidade:
I - modificação substancial do bem legado;
II - alienação voluntária da coisa legada, por qualquer título;
III - perecimento ou evicção da coisa legada;
IV - indignidade do legatário;
V - premoriência do legatário;
VI - renúncia do legado pelo legatário;
VII - falecimento do legatário antes do implemento da condição suspensiva;
VIII - incapacidade ou falta de legitimação do legatário para receber o legado.

13 - REVOGACÃO DOS TESTAMENTOS


Conceito - É o ato consciente do testador, por meio do qual ele torna ineficaz o
testamento anterior. Não se admite a revogação do testamento no que tange ao
reconhecimento de filho (Lei n° 8.560/92).

Forma - O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode

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ser feito. No caso específico do testamento cerrado, considera-se revogado o


mesmo quando o testador o abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu
consentimento.

Repristinação do testamento revogado: Somente se for expressa e manifestada


através de novo testamento, com observância das formalidades legais.

Espécies:
I - expressa - quando o testamento revogatório se referir expressamente ao
revogado, retirando-lhe a eficácia, total ou parcialmente;
II - tácita - quando o testamento posterior não contém cláusula revogatória
expressa e é, total ou parcialmente, incompatível com o anterior; quando o
testamento cerrado aparecer aberto ou dilacerado pelo próprio testador, ou por
terceiro com o seu consentimento;
III - presumida, legal ou rompimento - superveniência de descendente sucessível ao
testador, que o não tinha, ou não o conhecia, quando testou, se esse descendente
sobreviver ao testador; testamento feito na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários. Não se rompe, porém, o testamento, em que o testador
dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários, de cuja
existência saiba, ou quando os exclua dessa parte. Logo, se o testador já tinha um
descendente conhecido, a superveniência de outro não rompe o testamento;
IV - total - quando o testamento anterior é totalmente revogado;
V - parcial - quando a revogação dispor apenas sobre parte do testamento. Se a
revogação for parcial, ou se o testamento posterior não contiver cláusula
revogatória expressa, o anterior subsiste em tudo que não for incompatível com o
posterior.
Caducidade e anulação do testamento revogatório - A revogação produzirá seus
efeitos, ainda quando o testamento, que o encerra, caduque por exclusão,

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incapacidade, ou renúncia do herdeiro nele nomeado; mas não valerá, se o


testamento revogatório for anulado por omissão ou infração de solenidades
essenciais, ou por vícios intrínsecos.

14 - NULIDADE, ANULAÇÃO E INEFICÁCIA DAS DISPOSICÕES TESTAMENTÁRIAS

“Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a va1idade do testamento,


contado o prazo da data do seu registro” (art. 1.858, CC). Isso para hipóteses que
não sejam de erro, dolo ou coação, por força do princípio da especialidade.

"São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação",


sendo que "extingue-se em 04 (quatro) anos o direito de anular a disposição,
contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício" (art. 1.909, CC).

"A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem
aquela, não teriam sido determinadas pelo testador" (art. 1.910, CC).

BIBLIOGRAFIA

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Paulo: Saraiva;
- idem, Código Civil Anotado. São Paulo: Saraiva;
- CARVALHO, Dimas Messias de e, CARVALHO, Dimas Daniel de. Direito das
Sucessões. Belo Horizonte: Del Rey Editora;
- FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo. Resumo de Direito Civil. São Paulo:
Malheiros;
- GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Curso de Direito das Sucessões. São
Paulo: Saraiva;

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- GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Direito das Sucessões. Sinopses


Jurídicas. São Paulo: Saraiva;
- MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil; Direito das Sucessões.
São Paulo: Saraiva;
- NEGRÃO, Theotônio. Código Civil e legislação civil em vigor. São Paulo: Saraiva;
- NEGRÃO, Theotônio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor.
São Paulo: Saraiva;
- NERY Júnior, Nelson e Rosa Maria de Andrade Nery. Novo Código Civil e Legislação
Extravagante Anotados; São Paulo: Revista dos Tribunais;
- PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, vol. VI. Rio de Janeiro:
Forense;
- RAFFUL, Ana Cristina. A Reprodução Artificial e os direitos da Personalidade; São
Paulo: Themis Livraria e Editora;
- RODRIGUES, Sílvio. Direito civil; Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva;
- VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil; Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas;
- WALD, Amoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro; Direito das Sucessões. São Paulo:
Revista dos Tribunais.

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