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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Aula 01 – 03/03/16. P1: 25/05. P2: 22/06 (dissertativas)
A Constituição Federal e a Lei do divórcio (Lei nº 6.515/77) revolucionaram o Direito de
família porque estabeleceram:
1. Igualdade entre os cônjuges.
2. Igualdade da filiação.
3. Pluralidade de entidades familiares (casamento, união estável, monoparental).

Dez Princípios basilares do direito de família:


Viés constitucional; reprodução dos direitos fundamentais.

1. Princípio da Igualdade (dos cônjuges, dos filhos e dos gêneros).

Igualdade entre filhos (art. 227, § 6º, da CF/88, e art. 1.596 do CC): O art. 227, § 6º, da
Constituição Federal que “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação”. Complementando o texto constitucional, o art. 1.596 do Código Civil em
vigor tem exatamente a mesma redação, consagrando, ambos os dispositivos, o princípio da
igualdade entre filhos.

Em suma, juridicamente, todos os filhos são iguais, havidos ou não durante o


casamento. Essa igualdade abrange também os filhos adotivos e aqueles havidos por
inseminação heteróloga (com material genético de terceiro). Diante disso, não se pode mais
utilizar as expressões filho adulterino ou filho incestuoso, as quais são discriminatórias.
Também não podem ser utilizadas, em hipótese alguma, as expressões ‘filho
espúrio’ ou ‘filho bastardo’. Apenas para fins didáticos utiliza-se a expressão filho havido fora
do casamento, já que, juridicamente, todos os filhos são iguais.

Igualdade entre cônjuges e companheiros (art. 226, § 5º, da CF, e art. 1.511 do CC): a CF
reconhece a igualdade entre homens e mulheres no que se refere à sociedade conjugal
formada pelo casamento ou pela união estável (art. 226, §§ 3º e 5º, da CF/88). O art. 1º do
atual Código Civil utiliza o termo pessoa, não mais homem, como fazia o art. 2º do Código
Civil de 1916, deixando claro que não será admitida qualquer forma de distinção decorrente
do sexo. Especificamente, prevê o art. 1.511 do Código Civil de 2002 que o casamento
estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges. Por óbvio, essa igualdade deve estar presente na união estável, também
reconhecida como entidade familiar pelo art. 226, § 3º, da Constituição Federal, e pelos arts.
1.723 a 1.727 do atual Código Civil.

Diante do reconhecimento dessa igualdade, como exemplo prático, o marido/companheiro


pode pleitear alimentos da mulher/companheira ou vice-versa. Além disso, um pode utilizar
o nome do outro livremente, conforme convenção das partes (art. 1.565, § 1º, do CC). Vale
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lembrar que o nome é reconhecido, pelo atual Código Civil, como um direito da personalidade
(arts. 16 a 19). Como se pode perceber, a grande dificuldade reside em saber até que ponto
vai essa igualdade no plano fático.

Igualdade na chefia familiar (Arts. 226, § 5º, e 227, § 7º, da CF, e arts. 1.566, III e IV, 1.631 e
1.634 do CC): Como decorrência lógica do princípio da igualdade entre cônjuges e
companheiros, temos o princípio da igualdade na chefia familiar, que deve ser exercida tanto
pelo homem quanto pela mulher em um regime democrático de colaboração, podendo,
inclusive, os filhos opinarem (conceito de família democrática). Assim sendo, pode-se utilizar
a expressão despatriarcalização do Direito de Família, já que a figura paterna não exerce o
poder de dominação do passado. O regime é de companheirismo ou colaboração, não de
hierarquia, desaparecendo a figura do pai de família (patter familias), não podendo ser
utilizada a expressão pátrio poder, substituída, na prática, por poder familiar. No Código Civil
de 2002, o princípio em questão pode ser percebido pelo que consta dos incisos III e IV do
art. 1.556. Isso porque são deveres do casamento a assistência mútua e o respeito e
consideração mútuos, ou seja, prestados por ambos os cônjuges, de acordo com as
possibilidades patrimoniais e pessoais de cada um. Complementando, prevê o art. 1.631 do
atual Código Civil que durante o casamento ou união estável o poder familiar compete aos
pais. Na falta ou impedimento de um deles, o outro exercerá esse poder com exclusividade.
Em casos de eventual divergência dos pais quanto ao exercício do poder familiar, é
assegurado a qualquer um deles recorrer ao juiz para a solução do desacordo. Esse exercício
de forma igualitária também consta do art. 1.634 do Código Civil, que traz as suas atribuições,
a saber: a) dirigir a criação e a educação dos filhos; b) ter os filhos em sua companhia e guarda;
c) conceder aos filhos ou negar-lhes consentimento para casarem; d) nomear-lhes tutor por
testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou se o
sobrevivo não puder exceder o poder familiar; e) representar os filhos, até aos 16 anos, nos
atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes
o consentimento; f) reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; g) exigir que lhes prestem
obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. Quanto à última
atribuição, ela deve ser exigida com moderação, sem que a relação entre pais e filhos seja
uma relação ditatorial, violenta ou explosiva. Qualquer abuso cometido, como se sabe, pode
gerar a suspensão ou a destituição do poder familiar.

2. Princípio da Autonomia Privada

A autonomia privada é o poder que a pessoa tem de auto regulamentar os próprios


interesses. A autonomia privada não existe apenas em sede contratual ou obrigacional, mas
também em sede familiar. Quando escolhemos, na escalada do afeto, com quem ficar, com
quem namorar, com quem ter uma união estável ou com quem casar, estamos falando em
autonomia privada, obviamente. A tendência é que cada vez mais a intervenção do estado
diminua.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


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§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

É possível converter a união estável em casamento e converter o casamento em união estável


também é possível. Entretanto, ninguém costuma “diminuir” o status e os direitos da própria
união.

Regime de Procedimento Principal Em caso de Provas


bens reconhecimento benefício separação reconhecido
Deve propor
Processo
primeiramente um
O casal deve judicial com
processo para
União Estável

Apenas propor uma ação sentença


reconhecimento da
Comunhão em juízo, provar a Ter seu Direito favorável com
união e apenas em
Parcial de união e ter uma reconhecido. todas as
caso de
Bens. sentença a seu provas que
reconhecimento
favor. comprove a
pleitear seus
união.
direitos.
Comunhão
Parcial de Ter seus
Com a certidão de
Bens, direitos
Casamento

Apenas celebrar o casamento em Apenas


Separação reconhecidos
casamento sem mãos, basta propor celebração do
de Bens, sem precisar
nenhum processo. uma ação de casamento.
Comunhão de processo
divórcio em juízo.
Universal de judicial.
Bens

3. Princípio da Liberdade

Artigo 1513 e artigo 1565, § 2º do CC. Lei nº 9263/96: planejamento familiar. Prevê o art.
1.513 do Código Civil em vigor que “É defeso a qualquer pessoa de direito público ou direito
privado interferir na comunhão de vida instituída pela família”. Trata-se da consagração
do princípio da liberdade ou da não-intervenção na ótica do Direito de Família. O artigo 1639,
§2º estabelece a liberdade de escolher o regime de bens. É possível alterar o regime de bens
após o casamento.

- Emenda Constitucional nº 66/2010. Ápice da liberdade do divórcio.


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Em 13 de julho de 2010 entrou em vigor a Emenda Constitucional nº 66 que alterou a
redação do art. 226, parágrafo 6º da Constituição. Isso trouxe enormes avanços ao direito de
família no Brasil. Haviam restrições à concessão do divórcio: 1. Separação judicial há mais de
um ano; ou 2. Estarem os cônjuges separados de fato há pelo menos dois anos. A manutenção
dessa via dupla para a obtenção do divórcio sempre foi criticada em razão de multiplicar o
número de processos, de burocracia e de despesas.

A EC nº 66/2010 exclui a parte final do dispositivo constitucional, desaparecendo toda


e qualquer restrição para a concessão do divórcio, que cabe ser concedido sem prévia
separação e sem a exigência de prazos. O § 6º do art. 226 da Constituição Federal, então,
passa a vigorar, a partir de 13 de julho de 2010 da seguinte forma: “O casamento civil pode
ser dissolvido pelo divórcio." Um dos principais avanços que a nova redação traz é a extinção
da separação judicial. Esta apenas dissolvia a sociedade conjugal pondo fim a determinados
deveres decorrentes do casamento como o de coabitação e o de fidelidade recíproca,
facultando também a partilha patrimonial. Contudo, pessoas separadas não podiam casar
novamente, em razão de o vínculo matrimonial não ter sido desfeito. Somente o divórcio e
morte desfazem esse vínculo, permitindo-se novo casamento.

Com o fim do instituto da separação judicial evita-se a duplicidade de processos, tendo


em vista que o casal pode divorciar-se de forma direta e imediata; e com isso evitam-se gastos
judiciais desnecessários. Uma observação importante a ser feita é que, em razão da
segurança jurídica, pessoas já separadas ao tempo da promulgação da Emenda não podem
ser consideradas automaticamente divorciadas. Exige-se o necessário pedido de decretação
do divórcio, porém, não há mais a necessidade de cômputo de qualquer prazo.

Lei nº 11.441/2007: A Resolução nº 35 do CNJ, publicada em 24 de Abril de 2007,


regulamentou a aplicação da Lei nº 11.441/2007 que trata da possibilidade de realização de
inventário, partilha, separação e divórcio consensuais pela via administrativa, quer seja no
Cartório de Notas (Tabelionato). Com a edição da nova Lei, nasceu a possibilidade de realizar-
se, em Cartório, os referidos atos, sendo indispensável a presença de advogado para tanto,
podendo este ser comum às partes. Essa lei será regulada pelo novo CPC.
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Aula 02 – 07/03/16.

4. Princípio da Solidariedade familiar

É um dos princípios que rege as relações familiares de casamento ou parentesco. O


que sobressai é o Estado, a condição de solidariedade. Vínculo de sentimento racionalmente
guiado, limitado e autodeterminado que impõe a cada pessoa deveres de cooperação,
assistência, amparo, ajuda e cuidado em relação às outras. A solidariedade cresce de
importância na medida em que permite a tomada de consciência da interdependência social.

Art. 1.511 do CC: “O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade
de direitos e deveres dos cônjuges”.

Art. 1.566 do CC: “São deveres de ambos os cônjuges: incisos III - mútua assistência; IV -
sustento, guarda e educação dos filhos; e V - respeito e consideração mútuos”. Mútua
assistência dos pais para com os seus filhos. O direito alimentar decorre do dever de
solidariedade, que é intrínseco às relações de família.

5. Princípio da Monogamia.

É um princípio não escrito, entretanto, é da estrutura do relacionamento, pois o CC e a CF/88


estabelecem que o casamento é entre duas pessoas. As relações devem ser monogâmicas e
exclusivas. A exclusividade conjugal é uma imposição da igreja. Os tribunais reconhecem
relações paralelas, quebrando a monogamia.

6. Diversidade Familiar.

“Art. 226 da CF: A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a


mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

Antes o casamento era a única forma de constituir família. Com a CF/88 surge a família
homoafetiva. O STF reconheceu primeiro a união estável entre pessoas do mesmo sexo,
sendo possível também o casamento.

Resolução nº 175 do CNJ: que disciplina o casamento homoafetivo. Em 16 de maio de 2013


o CNJ publicou a resolução nº 175 que obriga todos os cartórios a realizarem o casamento
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homoafetivo. Obriga também a conversão da união estável em casamento. A vantagem é que
podendo ser um casamento, pode-se também adotar o regime que melhor interessar, seja
da comunhão parcial de bens, da separação total ou da comunhão universal.
Existem outras formas de família, mas elas ainda não tem a total proteção do estado. A
diversidade familiar é a aceitação e o reconhecimento de qualquer tipo de família.

7. Princípio da Afetividade
O afeto é a mola propulsora das relações de família. Exemplo: “pai biológico e pai que cria”.
Hoje a relação socioafetiva é a que prevalece. Os vínculos biológicos são muito fortes, mas
conforme o entendimento do professor as relações socioafetivas devem prevalecer. Os filhos
legítimos e ilegítimos devem ser tratados da mesma forma.

8. Princípio da Igualdade de Filiação


É um dos pilares da CF/88:
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.
A partir de 2015 a mãe declara quem é o pai da criança. Se existem dúvidas e o homem não
concorda ele pode entrar com a ação de paternidade. A Lei 13.112/15, que permite as mães
registrarem seus filhos no cartório já a partir do nascimento, entrou em vigor no dia
31/03/2015. A norma equipara mães e pais quanto à obrigação de registrar o recém-nascido.
Conforme o texto legal incumbe ao pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, o dever de
fazer o registro dos filhos. No caso de falta ou de impedimento de um dos dois, o outro terá
o prazo para declaração prorrogado por quarenta e cinco dias. Antes da referida lei, somente
o pai podia registrar o filho e, apenas se houvesse omissão ou impedimento do genitor, é que
a mãe poderia assumir seu lugar.

9. Melhor interesse da criança e do adolescente.

Está previsto na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, caput, e no Estatuto da
Criança e do Adolescente em seus artigos 4º, caput, e 5º. O parágrafo único do artigo 4º do
Estatuto da Criança e Adolescente, por sua vez, especifica, de forma meramente
exemplificativa, quais as políticas públicas que podem ser efetivadas, visando alcançar a
garantia constitucional de absoluta prioridade desta parcela da população, enquanto o artigo
6º classifica a criança e o adolescente como sendo pessoas em desenvolvimento, que têm
garantido, de forma absolutamente prioritária, o seu melhor interesse. O Princípio do Melhor
Interesse da Criança e do Adolescente possui status de direito fundamental, e, assim sendo,
deve ser necessariamente observado pela sociedade como um todo, incluindo-se aí o Estado,
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os pais, a família, os magistrados, os professores, enfim, as pessoas em geral. A ordem de
prioridade de interesses foi invertida, posto que antigamente, se houvesse algum conflito
decorrente da posse do estado de filho, entre a filiação biológica e a filiação sócio afetiva, os
interesses dos pais biológicos se sobrepunham aos interesses do filho, porque se primava
pela hegemonia da consanguinidade. Hoje, os operadores do direito, ao tratar da filiação,
têm que dar valor ao interesse do menor, devem observar o que realmente é o melhor para
a criança e/ou adolescente, de modo a favorecer sua realização pessoal, independentemente
da relação biológica que tenha com seus pais, pois muitas vezes eles encontram-se ligados
apenas pelo parentesco sanguíneo, não existindo entre os mesmos qualquer tipo de ligação
afetiva capaz de uni-los verdadeiramente como pais e filhos.

10. Princípio da Proteção do Idoso.

A CF/88, em seu artigo 230, afixa a proibição da discriminação em razão da idade. O Estatuto
do Idoso regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos,
sendo destinatário, com prioridade, e imediata aplicação de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, garantido todas as oportunidades e facilidade para a preservação
de sua saúde física e mental, tal como seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social, emoldurados por aspectos de liberdade e dignidade. Impõe o princípio da proteção
integral à pessoa do idoso que lhe seja assegurada a preservação da saúde física e mental,
em condições de liberdade e dignidade, sendo obrigação também da família garantir-lhe, com
absoluta prioridade, a efetivação de tais direitos.

Art. 1.641 do CC: “É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: II – da pessoa


maior de 70 (setenta) anos”; Esse artigo foi alterado recentemente, pois assim o idoso não
poderia escolher o regime de bens. Tal restrição era justificada por seu caráter protetivo, ou
seja, evitar que os maiores de 70 anos venham ser vítimas de casamento por mero interesse,
que sejam sujeitos passivos do popular “golpe do baú”.

Famílias
1. Matrimonial: O legislador prefere a família do casamento em detrimento da união
estável.
2. Informal: é a família da união estável, da junção, que não casou. O casamento tem
publicidade.
3. Monoparental: é a família de uma só ascendência. Exemplo: filho que mora só com a
mãe. Se morasse com ambos os pais a família seria biparental. A família monoparental
ocorre sempre que um dos pais morre e o filho passa a residir com o outro, quando o
pai ou a mãe são desconhecidos, em casos de doação anônima de espermatozoides.
4. Anaparental: é caracterizada pela convivência de pessoas que são ou não parentes
entre si, mas que vivem num grupo familiar. Exemplo: amigas, irmãos. Sem vínculo de
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afetividade e parentesco: não são amantes. As famílias anaparentais existem mas não
possuem direitos. Alguns tribunais reconhecem direitos hereditários.
5. Pluriparental ou Mosaica: famílias reconstruídas. Pessoas que constituem outras
entidades familiares. Exemplo: Maria está grávida do marido mas se separa dele para
viver com João, que a recebe como esposa e cria o filho como se fosse seu filho
biológico. Caso Maria se separe novamente, seu filho não terá direitos de pensão e
nem de herança para com João.
6. Paralela: é a família concomitante.
7. Eudemonista: relação na qual prevalece o afeto entre as pessoas. Grupo que se vincula
afetivamente.
8. Homoafetiva: tem viés constitucional e está reconhecida pelo STF na ADPF 132/2008
e na ADIN 4277/2009. É reconhecida a união estável de pessoas do mesmo sexo e
pode haver a transmutação da sua entidade em casamento.
9. Uniões poliafetivas: diferente da união paralela porque aqui as pessoas residem no
mesmo espaço e uma sabe da existência da outra e concorda com a relação paralela.
Na união paralela os cônjuges vivem em residências diferentes. Unem-se pela
escritura.
10. Ampliada: alteração do ECA/2010. Objetivo do estatuto é colocar os filhos na sua
própria família primeiramente, tios, avós.
11. Substitutiva: alteração do ECA/2010. A família da adoção, quando não é possível
inserir a criança com parentes.

DIREITO PESSOAL, TÍTULO I DO CC, ARTIGOS 1511 – 1638.

Art. 1.511 do CC: O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade
de direitos e deveres dos cônjuges.

Foi escrito originalmente para o casamento mas na união estável também se estabelece a
comunhão plena de vida, que consiste na intenção de viver como casado, com os fins próprios
do casamento. No dia em que essa comunhão desaparecer, então não existe mais casamento
e nem efeitos do casamento ou da união estável. Exemplo: quando separados de fato, os
bens comprados pelos ex-cônjuges não são mais bens comuns.

Art. 1.512 do CC: O casamento é civil e gratuita a sua celebração.

Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão


isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as
penas da lei.

O casamento é civil, ou seja, o que vale é o casamento no cartório, não o casamento religioso
que é equivalente à união estável. O casamento é gratuito. A união estável se desenvolver
bastante porque as pessoas não tinham dinheiro para pagar as custas do cartório, para
estimular o casamento o código passou a estabelecer que ele é gratuito.
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Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na
comunhão de vida instituída pela família.

É proibido, mas o que mais acontece é a intervenção estatal no direito familiar. Hoje ele é
parcialmente disponível; o ideal é que seja totalmente disponível.

Aula 03 – 09/03/2016.

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam,


perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.

Demonstra nitidamente a diferença entre casamento e união estável. Enquanto que no


casamento existe a vontade expressa e os dois externam, na união estável a finalidade é
basicamente viver junto com outra pessoa, juntar bens, sem dar a publicidade que existe no
casamento. O juiz terá dificuldade ao declarar a união estável, uma vez que as partes podem
discordar, já que não houve a vontade expressa de se casar.

Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua celebração.

Certidão de casamento = casamento civil. Casamento religioso = união estável. Os efeitos


jurídicos são diferentes e essa opinião é uma tendência no STF. O casamento não é retroativo,
quando há união estável ou casamento religioso pode ser feita a conversão. A conversão é
feita em juízo e engloba o tempo anterior de convivência. Além disso, o casamento e a união
estável também se diferem nos efeitos da sucessão.

União estável Casamento

Com filhos comuns: o companheiro tem Com filhos comuns: o cônjuge tem direito à
direito à mesma parte que for atribuída a mesma parte que for atribuída a cada filho,
cada um dos filhos. não podendo ser menos de 1/4 do total.

Com filhos apenas do autor da herança: o Com filhos apenas do autor da herança: o
companheiro receberá metade do valor cônjuge receberá a mesma parte destinada
reservado a cada um deles. aos filhos, também no mínimo de 1/4.

Com outros parentes (não apenas os Com outros parentes (somente


ascendentes, necessariamente): um terço ascendentes): um terço da herança ou
da herança. metade, se houver apenas um ascendente.

Sem parentes sucessíveis: totalidade da Sem parentes sucessíveis: totalidade da


herança dos bens adquiridos após a união. herança.
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Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.

Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos
para o casamento civil.

Os requisitos são os mesmos para casar na igreja ou no cartório. Atentar-se para os


impedimentos do casamento.

O processo de habilitação para o casamento é um procedimento que tem por objetivo


verificar se os noivos têm algum impedimento para contrair o matrimônio. Através deste
processo, que tramita junto ao Cartório de Registros Civis, é que se torna possível averiguar
se os nubentes têm algum fato que impeça o casamento. Esse processo, que é regido pelo
Código Civil (arts. 1.525 a 1.532) e pela Lei de Registros Públicos, Lei nº 6.015/73 (arts. 67 a
69), é composto de quatro fases: documentação; proclamas; certidão e registro.

§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias
de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a
habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova
habilitação.

§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá


efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art.
1.532.

§ 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos
consorciados houver contraído com outrem casamento civil. É reflexo da monogamia.

Da capacidade para o casamento

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização
de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade
civil.

Maior de 18 anos não precisa de autorização. Menores de 18, a partir dos 16 ambos os pais
devem autorizar. O parágrafo único deste artigo estabelece que se houver divergência entre
os pais acerca do casamento, deve ser aplicado o artigo 1.631:

Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na
falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
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Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a
qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.

Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.

Possibilidade de perdas e danos e danos morais movidos pelos filhos contra os pais. A lei falha
ao permitir essa possibilidade. Por isso, o art. 1.519. A denegação do consentimento, quando
injusta, pode ser suprida pelo juiz.

Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a
idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso
de gravidez. ESTÁ REVOGADO! Só é permitido casar com mais de 16 anos.

Impedimentos do casamento: no CC/1916 existiam impedimentos absolutos e


relativos, no CC/2002 existem impedimentos relativos e causas suspensivas do casamento.

Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

Parentesco natural: é o biológico. Parentesco civil: é o adotivo. As razões para o impedimento


são morais e de ordem eugênica (aperfeiçoamento da raça/genética). Exemplos: pai não
pode casar com a filha, seja ela biológica ou adotiva. Impedimento de ordem moral e
eugênica.

II - os afins em linha reta;

Os afins em linha reta são os sogros e enteados. Impedimento moral. O casamento entre
cunhados é admitido porque não estão em linha reta. Exemplos: (1) João é casado com Maria.
Sua sogra é Elaine. Mesmo que João se separe de Maria, não poderá casar com Elaine. (2)
Lucas é casado com Joana e tem uma enteada chamada Flávia. Mesmo que Lucas se separe
de Joana, não poderá se casar com Flávia. Aqui o impedimento é de ordem moral.

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante; Via de regra a adoção é unilateral. Só é bilateral se os adotantes são casados ou
companheiros. Exemplos:

Adotante “pai” Esposa “mãe”

Adotado “filho” Esposa do adotado


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IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;

Unilateral: mesmo pai ou mesma mãe. Bilateral: Filho do mesmo pai e da mesma mãe.
Colateral: tios e sobrinhos. Os primos não são parentes de segundo grau, sempre são
parentes no quarto grau. O decreto-Lei 3.200/1941 permite o casamento entre parentes do
3º grau, mediante a comprovação médica de que não haverá problemas de ordem eugênica.

V - o adotado com o filho do adotante;

Exemplo: João adotou Marcos e tem uma filha biológica chamada Cláudia. Marcos e Cláudia
não podem se casar. Há proibição quanto ao casamento, entretanto, podem viver juntos de
forma informal, pois a proibição não inibe.

VI - as pessoas casadas;

Relação direta com o princípio da monogamia. Quem está casado não pode se casar,
entretanto, é possível que uma pessoa separada de fato tenha um companheiro e que a união
estável seja reconhecida. É o que expressa o artigo 1.723, § 1º: A união estável não se
constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do
inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte. Impedimento de ordem moral.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do


casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro,
tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

O impedimento não pode ser feito de forma anônima. Se for falso pode acarretar em perdas
e danos.

Art. 1.523. Não devem casar: CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO/PROCESSO DE


HABILITAÇÃO. É POSSÍVEL CASAR APÓS A RESOLUÇÃO DO PROBLEMA.

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros; Evitar a mistura de patrimônio.

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

A viúva terá que esperar 10 meses para se casar novamente, pois pode estar grávida de um
filho do falecido (primeiro casamento).
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou


sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela,
e não estiverem saldadas as respectivas contas.

Curatela: é instituída para cuidar de uma pessoa incapaz. O curador sempre será ligado a
alguém em razão de causa psicológica, seja de absoluta ou relativa.

Tutela: tutor é a pessoa que cuida de um menor. A Tutela é um instituto de proteção àqueles
que estão fora do poder familiar, como órfãos, ou menores sem contato com os pais por
qualquer motivo. Ressalta-se que a Tutela substitui os pais e é possível somente se não
houver contato com ambos.

Com outras palavras, a diferença básica entre curador e tutor é que o curador representa
alguém adulto e incapaz, porém presente; enquanto isso, o tutor zela por um menor e
somente devido à ausência dos pais.

Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as
causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência
de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada
ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou
inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Aula 04 – 14/03/16.

Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos
parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos
colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.

A nulidade pode ser denunciada, as causas que proíbem o casamento podem ser denunciadas
por qualquer pessoa. As causas suspensivas só podem ser denunciadas por parentes em linha
reta, ascendentes para cima e para baixo, pais, avós, filhos, sogra, irmãos. Primos, tios e
sobrinhos netos não podem.

Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os
nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os
seguintes documentos: esse artigo interessa para o oficial do cartório e é puramente
administrativo. Artigos para saber como o oficial do registro civil deve agir quando alguém se
habilita ao casamento. Documentos que o casal deve se apresentar.

I - certidão de nascimento ou documento equivalente = carteira de identidade, motorista.


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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial
que a supra; está se referindo ao menor de 16 anos.

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; impedimentos do artigo 1521.

IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus


pais, se forem conhecidos; se o “noivo” mente e diz que não é casado mas é, responderá por
falsidade ideológica.

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de


anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. As
pessoas que já foram casadas podem casar novamente se já foram casadas, divorciadas, ou
o casamento anterior foi considerado nulo, cônjuge morreu.

Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a
audiência do Ministério Público.

Audiência do MP: fiscaliza o processo de habilitação hoje. No CC/16 era o juiz que fiscalizava.
Quem analisa os impedimentos para o casamento é o promotor de família e o juiz homologa.
Se o juiz não homologa as partes podem recorrer para o juiz. Exemplo: “noivo” divorciado
não havia feito a partilha dos bens do divórcio anterior. Se o juiz não concede há recurso para
o tribunal.

Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a


habilitação será submetida ao juiz.

Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará
durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e,
obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade
competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.

Testemunhas para atestar que não há impedimento. Edital é o mesmo que “proclama”,
deveria dar publicidade ao casamento, para que publicar o edital? É obrigatório porque
qualquer pessoa que veja a ocorrência do casamento pode alegar nulidades ou
impedimentos. Permanece por aproximadamente 15 dias publicado no diário oficial. Hoje em
dia isso deveria ser publicado em algum meio eletrônico porque as pessoas olham muito
mais. O juiz pode dispensar a publicação? O objetivo do edital é somente dar ciência às
pessoas. Quando o juiz dispensa a publicação ele afirma que o casamento acontecerá em
segredo. O juiz não pode dispensar, somente pode reduzir o prazo para publicação do edital.
Não pode reduzir o prazo porque é essencial. Esse é o entendimento da jurisprudência e do
professor.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que
podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.

Isso não ocorre na prática, não existem esclarecimentos. Invalidade é gênero. O casamento
pode ser invalidado. Existem algumas espécies de invalidade: nulidade, anulação e invalidade
propriamente dita.

Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em


declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação
do lugar onde possam ser obtidas.

Não existe denúncia anônima. Se forem declarados fatos falsos, responderá por perdas e
danos.

Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da
oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.

Nota da oposição: aquele que denunciou o impedimento chegará ao conhecimento dos


noivos através do oficial do cartório. Os nubentes podem recorrer.

Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária
aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Responsabilidade civil e criminal!

Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de
fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.

Se a oposição for vencida ou não ocorrer, o processo de habilitação chega ao fim e é possível
realizar o casamento. Há uma certidão de habilitação que homologa a habilitação e diz que
os candidatos estão aptos para o casamento. Na lei dos registros públicos está o resto do
procedimento para o casamento, complementa o CC. Prazo de 90 dias da habilitação* se o
prazo vencer é preciso fazer novamente a habilitação.

Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi
extraído o certificado.

Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela
autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se
mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.

Celebração do casamento: os noivos levam a certidão de habilitação aprovada/certificada e


marcam a data do casamento dentro dos 90 dias. A celebração pode ser onde os noivos
quiserem. Geralmente as pessoas casam no próprio cartório.
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Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas
abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou,
querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou
particular. Se for num prédio particular são 4 testemunhas. As portas devem ficar abertas,
mas se não ficarem é merda irregularidade.

§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante
o ato.

§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos


contraentes não souber ou não puder escrever.

Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente


com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o
casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar
perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro
casados."

Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de


registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o
oficial do registro, serão exarados:

I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual


dos cônjuges;

II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência


atual dos pais;

III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento


anterior; O nome do ex-cônjuge vai registrado também.

IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;

V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;

VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;

VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi
lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o
obrigatoriamente estabelecido.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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Obrigatoriamente deve haver um regime de bens. Quando silencia, o regime que se aplica é
o da comunhão parcial. Se eu não quiser a comunhão parcial, eu preciso fazer um pacto
antenupcial (antes do casamento). O pacto não é um contrato. É um acordo entre os
cônjuges para escolher qualquer outro regime de bens para o casamento.

Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar (aquele que tem 16 e não 18 anos
também pode escolher o regime de bens) transcrever-se-á integralmente na escritura
antenupcial.

Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos


contraentes:

I - recusar a solene afirmação da sua vontade; Se algum dos noivos diz não o casamento é
suspenso.

II - declarar que esta não é livre e espontânea; Se um dos dois disser que foi forçado à casar.

III - manifestar-se arrependido.

Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa
à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.

Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-
lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas
testemunhas que saibam ler e escrever.

Situação em que um dos nubentes está doente, hospitalizado, adoentado, etc. O oficial do
cartório celebrará o casamento onde se encontrar a pessoa. Alguém pode assinar pelo
doente. Mas ele deve dizer “sim” porque este ato é pessoal. Alguém pode assinar por ele
porque tem testemunhas. Se for por procuração o outorgado pode assinar e dizer que sim.

§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-


se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad
hoc, nomeado pelo presidente do ato.

§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro
dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.

Quando o próprio oficial do cartório não pode se fazer presente, é nomeado um oficial ad
hoc, especialmente para este ato.

Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo
a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o
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casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não
tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.

O nubente com iminente risco de vida é diferente do nubente enfermo, esse vai morrer e
quer casar antes de morrer para regularizar sua relação com a pessoa que já vive. Esse
casamento é chamado de in extremis ou nuncupativo.

Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a


autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a
declaração de:

I - que foram convocadas por parte do enfermo;

II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;

III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-


se por marido e mulher.

§ 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias


para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os
interessados que o requererem, dentro em quinze dias. O juiz precisa homologar o
casamento, para isso, fará uma espécie de processo de habilitação.

§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade


competente, com recurso voluntário às partes. Seja qual for a decisão caberá apelação.

§ 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.

§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos


cônjuges, à data da celebração.

§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo


convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do
oficial do registro. Se o enfermo não morrer, ele casará como todos casam. Fará o processo
de habilitação.

Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público,
com poderes especiais. A procuração deve ser por instrumento público, com poderes
específicos para casar com o fulano X, determinado.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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§ 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas,
celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da
revogação, responderá o mandante por perdas e danos.

Porque alguém precisa casar por procuração? Porque não pode comparecer pessoalmente
ao casamento. Se estiver fora do país a procuração pode ser feita no consulado brasileiro do
país. Se a pessoa que exarou a procuração desiste de casar depois de já ter enviado a
procuração, entretanto a procuração já foi usada, o casamento é inválido. A revogação da
procuração também é feita por instrumento público. Antigamente o maior exemplo de
casamento inválido era o casamento de pessoas do mesmo sexo.

§ 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no
casamento nuncupativo. Aquele que não está enfermo não precisa estar no local, pode
mandar um procurador.

§ 3º A eficácia do mandato (procuração) não ultrapassará noventa dias.

§ 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.

DAS PROVAS DO CASAMENTO

Provar que o casamento existe para que os efeitos jurídicos do casamento sejam aplicados.

Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. Parágrafo
único. Justificada a falta ou perda do registro civil (é a certidão de casamento), é admissível
qualquer outra espécie de prova.

Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas


autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a
contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo
domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.

Se os nubentes vivem no exterior devem casar no consulado brasileiro. Se casarem fora do


consulado, casará pelas leis daquele país. Mas se vier para o Brasil e alegar que é solteiro, e
me casar com outro(a) cometerá o crime de bigamia. O casamento no exterior é reconhecido
no Brasil. Mas é preciso fazer o registro competente em 180 dias. Se não fizer o registro é
mera irregularidade, porque um dia terá que registrar para que os efeitos do casamento
sejam reconhecidos.

Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam
manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole
comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma
delas, quando contraiu o casamento impugnado.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
O casamento prevalece mesmo na falta da prova, especialmente quando tiver filhos. In dubio
pro casamento.

Posse do estado de casado e a posse do estado de filiação. Duas situações em que alguém
precisa provar que é casado ou é filho de alguém. A pessoa não tem certidão de casamento
mas precisa provar que é casado. A pessoa deve provar que tem a posse de casada,
demonstrar que ela vive como se fosse casada. Se o filho não tem certidão de nascimento
deve provar que era tratado como filho. Para as 2 situações: Provar tratamento, nome e a
própria posse. A posse de casado é quando os nubentes se apresentam perante a sociedade
como se fossem casados, tinham uma vida longa e contínua de pessoas casadas. Tratamento
é quando os nubentes se tratam como se fossem marido e mulher, se chamavam de “marido
e mulher”, tinham um tratamento afetuoso. Nome é quando a mulher se apresenta com o
sobrenome do marido e ele tem o sobrenome que a mulher adotou.

Aula 05 – 16/03/16.

Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial,
o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges
como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.

Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento,
se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado
de casados. In dubio pro casamento.

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

Invalidade é gênero do qual pertencem a nulidade e as anulações, e também a nulidade


propriamente dita. Casamento inválido não tem valor. Exemplo: casar perante uma
autoridade que não é competente.

I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil

Revogado pela lei de inclusão social – hoje o doente mental pode casar porque desapareceu
a incapacidade absoluta com esse estatuto. Hoje só existe a incapacidade relativa. Esse
instituto tem o objetivo de incluir as pessoas socialmente. A incapacidade do doente mental
é relativa, referente ao patrimônio. Existe a incapacidade absoluta para os menores de 16
anos.

II - por infringência de impedimento.

Única hipótese de nulidade do casamento: só estão impedidos de casar aqueles arrolados no


artigo 1.521. Impedimentos eugênicos ou morais. Os impedimentos morais são um interesse
do Estado. As ações de nulidade do casamento são IMPRESCRITÍVEIS, e podem ser declaradas
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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a qualquer tempo. Quem teria interesse nisso? 1º estado representado pelo MP. 2º
sucessores – filhos. 3º cônjuges, ascendentes, descendentes, também são sucessores.

Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo


antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Público.

Art. 1.550. É anulável o casamento: Na anulação do casamento o interesse não é do Estado


e sim particular. Portanto os casamentos anuláveis prescrevem e tem prazo para propor ação.
O professor acha que não é prescrição e sim decadência.

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

Menor de 16 anos é absolutamente incapaz. O casamento é anulável. Falsificando a certidão


de nascimento a pessoa casa menor de 16 anos e o casamento é anulável. O estado não se
interessa por isso.

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

O que tem 16 anos mas não tem autorização para casar. Os pais e os próprios cônjuges podem
decretar anulável o casamento.

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

Vício de vontade: ERRO, DOLO, COAÇÃO, SIMULAÇÃO.

*PROVA! toda anulação de casamento pressupõe três condições: que obrigatoriamente


devem estar presentes:

1) o vício deve ser essencial-fundamental (exemplo: casar com um transexual sem saber).

2) esse erro essencial deve tornar a vida conjugal/casamento insuportável (exemplo: até
1988 quando não existia igualdade dos cônjuges tinha um artigo do CC/16 que dizia que o
homem poderia pedir a anulação do casamento se descobrir que sua mulher não é virgem no
prazo de 10 dias. O tribunal negou provimento por que o erro não tornava a vida
insuportável).

3) o erro deve ser anterior ao casamento e ser ignorado pelo outro cônjuge (exemplo: casar
com um portador do vírus HIV. O vírus foi contraído antes do casamento. Se eu soubesse que
ele era portador eu não posso pedir a anulação por que ignorei).

Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I - o que diz respeito à sua identidade (física – casar com o irmão gêmeo achando que era o
noivo. Civil – hipótese mais ampla – a pessoa se apresenta com nome falso ou condição social,
desigualdade social), sua honra (é a dignidade, honestidade da pessoa) e boa fama (estima
social que a pessoa tem na sociedade. Casar com um dependente químico ou uma prostituta),
sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao
cônjuge enganado;

II - a ignorância de crime (o crime foi cometido antes do casamento; qualquer crime menos
contravenção, não precisa ser condenado, basta estar respondendo ao IP. Isso está associado
à boa fama, mas não se enquadra naquela hipótese), anterior ao casamento, que torne
insuportável a vida conjugal;

III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável (impede a relação


sexual/consumação do casamento: impotência instrumental. Não é infertilidade. É um defeito
físico que não permite a relação sexual. A impotência pode ser generandi: de gerar filhos. Essa
não é causa de anulação. Ou, impotência coeundi: instrumental, incapacidade de manter
relações sexuais. Essa é causa de anulação do casamento. Dificuldade de provar.) que não
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança,
capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;

Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou


de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e
iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; Não é


doente mental. É alguém que não sabe o que está fazendo. Exemplo: casar bêbado ou
drogado.

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação
do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; O casamento não é inválido,
mas é passível de ser anulável.

Anulação = se a pessoa morre o processo termina, interesse particular.

Nulidade = interesse do estado, o processo continua.

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

§ 1º Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.


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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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§ 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair
matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou
curador. Explicando como o doente mental pode casar. Antes ele não podia.

Aula 06 – 21/03/16.

Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.

Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:

I - pelo próprio cônjuge menor;

II - por seus representantes legais;

III - por seus ascendentes.

Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar
seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com
suprimento judicial.

Quem casou com menos de 16 pode validar o casamento quando fizer 16 anos, se tiver
autorização dos pais. Se casou com menos não anula, suspende para fazer isso.

Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência
exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade,
tiver registrado o ato no Registro Civil.

O casamento deve ser realizado pelo juiz de paz pela CF. Mas os estados não têm juiz de paz,
tem oficial. Onde tem juiz de paz o casamento celebrado por ele é valido.

Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu
representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias,
por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus
herdeiros necessários.

O menor em idade núbil tem mais de 16 e menos de 18 anos, quando os pais não autorizam,
só pode ser anulado se for proposto no prazo decadencial de 180 dias. Para cada um que
pode promover a anulação tem um prazo diferente.

16 anos = prazo de 2 anos (até fazer 18 anos) + 180 dias para os incapazes.

§ 1º O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade,
no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Data do casamento = 180 dias contados da data do casamento para os representantes legais
anularem o casamento.

Os terceiros são os herdeiros do incapaz = provavelmente serão os pais, tem o prazo de 180
a partir da morte do incapaz.

§ 2º Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os


representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua
aprovação.

Os representantes legais não podem anular o casamento se compareceram na cerimônia. E


se eles foram contrariados ou repugnaram o casamento? Daí eles podem anular o casamento
em 180 dias.

Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a
anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato,
ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.

O cônjuge enganado é que tem legitimidade para anular o casamento, mas a coabitação
sabendo do erro, valida o ato, salvo se for caso do inciso III.

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data
da celebração, é de: DIFERENTES PRAZOS DE DECADÊNCIA!

I - cento e oitenta dias contados da celebração, no caso do inciso IV do art. 1.550 (do incapaz
de consentir, bêbado, sob o efeito de drogas/tóxicos, que não consegue no momento,
entender o seu ato);

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante (aquele que celebra, mas fora da sua
jurisdição - anulação);

III - três anos, nos casos dos incisos I a III, porque o IV foi revogado do art. 1.557 (vícios de
vontade);

IV - quatro anos, se houver coação.

§ 1º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de


dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data
do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. Também está no artigo
1555.

§ 2º Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento


e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Casamento com a revogação da procuração = prazo de 180 dias a partir da data em que o
mandante tiver conhecimento da celebração. Ex: Do dia em que eu fiquei sabendo que o
procurador me casou com a minha procuração revogada.

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges,
o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da
sentença anulatória.

Casamento contraído de boa-fé ou casamento putativo/aparente: é o casamento que


protege o cônjuge que casou de boa-fé. Protege quanto aos efeitos do casamento (filhos,
regime de bens, partilha, pensão alimentícia – cônjuge que depende do outro). Mas a boa-fé
deve ser demonstrada.

§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só


a ele e aos filhos aproveitarão.

Os filhos sempre aproveitarão os efeitos do casamento, mesmo que ele seja nulo ou anulável,
enquanto não decretada a nulidade, quem casou de boa-fé terá direito aos efeitos jurídicos
do casamento. A diferença está em relação aos cônjuges. Exemplo de casamento de boa-fé:
casar com um aidético sem saber; casei com alguém que já era casado;

§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis


só aos filhos aproveitarão. Não gera efeitos jurídicos para os cônjuges, só para os filhos.

Pode acontecer de os dois cônjuges casarem de boa-fé? sim. Exemplo: os dois eram irmãos,
se casaram e não sabiam. Mesmo nessa hipótese o casamento é anulável. Gera efeitos até a
sentença transitar em julgado.

3 hipóteses = 1 de boa-fé, 2 de boa-fé ou 2 de má-fé.

Exemplo: A e B casaram. B estava de boa-fé. Os efeitos permanecem até o trânsito em julgado


da sentença anulatória. *Cuidar porque o artigo do CC diz até o dia da sentença anulatória.
Mas é até o trânsito em julgado. Se durante o processo de anulação o B precisar de pensão
alimentícia ele terá a pensão até o trânsito em julgado. Se o B que está de boa-fé comprou 3
imóveis durante o casamento, os imóveis serão só dele. Se o A que estava de má-fé comprou
um apartamento durante o casamento, ele será dividido entre os dois. Se os dois estivessem
de boa-fé os imóveis eram dos dois. Se os dois estão de má-fé não tem partilha, cada um fica
com o que comprou.

O casamento nulo ou anulável sempre retoma o estado de solteiro.

Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação


judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte,
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a
possível brevidade.

Separação de corpos = era uma ação cautelar no CPC/73, hoje é uma tutela de urgência.
“Separar corpos que se odeiam e não podem mais coabitar”. É um instituto independente,
serve para o casamento nulo, anulável, válido, união estável, divórcio, serve até para tirar o
cônjuge da sociedade empresarial e para tirar filho drogado de dentro de casa. Usa-se mais
para tirar um dos cônjuges do domicílio mas serve para todas as relações.

Tipos de Separação = corpos, de fato, judicial, extrajudicial, de leitos (não tem intervenção da
justiça).

Separação de fato = saída de um dos cônjuges de casa. É o mesmo que a separação de corpos.
A única diferença é que a separação de fato não tem intervenção judicial. Na separação de
corpos um dos cônjuges sai por ordem judicial. Por exemplo: afastamento do lar –
11340/2006.

Súmula 10 do TJRS: O deferimento do pedido de separação de corpos não tem sua eficácia
submetida ao prazo do art. 806 do CPC.

Separação de corpos: Juízo de ponderação para escolher quem deve sair de casa. Previsto no
novo CPC, artigo 489, §2º. O juízo é casuístico. Tanto na separação de fato, de corpos ou de
leitos = não há mais comunhão plena de vida (artigo 1511). O que termina o casamento não
é o divórcio e sim essas separações expostas acima. A separação de corpos é ação autônoma
e não precisa ser litigiosa, e pode ser um requerimento para que o próprio cônjuge peça uma
autorização judicial para sair de casa. Essa é a prova de que o casamento terminou. Marco do
fim do regime de bens. O CPC/73 no artigo 803 previa que após a separação de corpos,
deveria entrar com a ação principal em até 30 dias. Agora com o novo CPC isso não existe
mais.

Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua
celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-
fé (preservar os direitos dos terceiros), nem a resultante de sentença transitada em julgado.
A separação de corpos está deslocada.

Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá:

I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;

Quando o casamento foi anulado por culpa de um dos cônjuges, o cônjuge inocente não tem
nenhuma obrigação para com o culpado.

II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.


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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
É um efeito da boa e da má-fé. O pacto antenupcial é a previsão de algo que o cônjuge
prometeu ao outro antes do casamento. Exemplo: se fulana casar comigo o apartamento x
será dela. Quando da separação o apartamento será dela.

Aula 07 – 23/03/16.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de


consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.

Eficácia do casamento. Está errado “homem e mulher” deveria ser “os cônjuges” os dois são
responsáveis pela manutenção da família.

§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.

Efeitos da eficácia: acrescer o sobrenome do outro. É uma opção. Antigamente só a mulher


que adotava o nome do marido. 4 opções: a mulher adota o sobrenome do marido; o marido
acrescentar o nome dela; cada um adota o sobrenome do outro; cada um fica com o seu
nome.

§ 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar


recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de
coerção por parte de instituições privadas ou públicas.

Planejamento familiar = não intervenção do estado, apenas o auxílio do estado. Ter ou não
ter filhos é uma decisão do casal. Lei própria para o planejamento familiar.

Obrigações do casamento Obrigações da união estável


Artigo 1566 Artigo 1724
Fidelidade; Lealdade;
Vida em comum – coabitação; Respeito;
Mútua assistência – material e espiritual; Assistência – material e espiritual;
Sustento, guarda, e educação dos filhos; Guarda e Sustento e educação dos filhos;
Respeito e consideração entre os cônjuges; Não é exigida a COABITAÇÃO. **

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: o casamento que é eficaz gerou obrigações.
Se descumprir não gera motivo judicial, antigamente gerava motivo judicial para a separação
porque eles eram cumpridos juridicamente e moralmente. Hoje o descumprimento é um
dever moral.

I - fidelidade recíproca; Fidelidade física; ser fiel afetivamente, fisicamente, virtualmente. Se


a fidelidade for inobservada, antes de 2010 com a EC 66 esse fato poderia ser juntado no
processo, e seria a comprovação de culpa e quebra do dever do casamento, a infidelidade
tinha um efeito jurídico de perda de direitos. Hoje não é mais assim.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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II - vida em comum, no domicílio conjugal; coabitação. Se alguém não mora em casa pode
ser acusado de abandono do lar, que antes da emenda 66/2010, acarretava numa série de
penalidades. Hoje o efeito disso é apenas um dever moral ou ético. Não união estável
também existem deveres éticos mas nunca a culpa resultou em nada. Aí entra a questão:
quem tem que se adaptar? O casamento se adapta à união estável ou o oposto? Com a EC
66, criou-se o entendimento de que não existe culpa na união estável e nem no casamento.
Somente permanecem as obrigações, que são consideradas éticas ou morais, não jurídicas.
Comunhão plena de vida exige a coabitação, é da essência do casamento.

III - mútua assistência; assistência, material/financeira, espiritual.

IV - sustento, guarda e educação dos filhos; sustento financeiro, guarda é a custódia, ambos
os pais tem o dever de educar os filhos.

V - respeito e consideração mútuos. Surgiu com a lei do divórcio. Consideração para como
cônjuge.

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de


lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Lealdade é mais que fidelidade, porque abrange também a fidelidade. Respeito e assistência,
material e espiritual. Os companheiros são responsáveis pela subsistência, educação e
informação. Não há obrigação de coabitação, porque a união estável culturalmente (era
concubinato) era uma relação marginal, sem direito e sem efeitos jurídicos. Era como se fosse
uma amante ou namorada estável, por isso não era necessária a coabitação. Mas no
momento em que a CF/88 reconheceu a união estável, a coabitação deveria ser exigida, para
concretizar também a comunhão plena de vida. Duas razões pelas quais o legislador
dispensou a união estável: união marginal/concubinato e súmula 382 do STF (a vida em
comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do
concubinato). Essa súmula era para investigação de paternidade na década de 60. Quando as
mulheres casadas tinham filho era presumível que o filho era do marido porque havia
coabitação. Quando o filho era de uma concubina o “pai” alegava que o filho não era dele
porque não coabitava com ela. Para reconhecer um filho não precisa coabitar. Mas para
reconhecer uma união estável precisa. A sumula não foi construída com o propósito de não
exigir a coabitação. Embora não seja exigível, para provar a união estável é preciso provar a
coabitação. A regra geral é coabitar para o casamento e para a união estável. Só por exceção
é que pode se dispensar.

Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e
pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.

Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que
decidirá tendo em consideração aqueles interesses. Havendo divergência o juiz decide.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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PROVA: Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que
seja o regime patrimonial.

Todo o casamento deve ter regime de bens, e seja qual for, os bens do casamento respondem
pelas dívidas do casamento. O casamento não tem personalidade jurídica, é uma sociedade
mas sem personalidade jurídica. O casamento é representado individualmente por cada um
dos cônjuges. Os bens que estão no nome de A ou de B serão comuns dependendo do regime
de bens adotado. Dívida do casamento é toda a dívida que serve de manutenção da família.
Se a dívida não for do casamento não é dívida do casal. Pensão alimentícia é meio a meio
entre os cônjuges mas é de acordo com o que cada um ganha.

Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro
podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de
sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.

O domicílio deve ser escolhido de comum acordo. Portanto os cônjuges devem coabitar, mas
pode haver exceções, quando os cônjuges não coabitam porque a coabitação se tornou
impossível

Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado
por mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com
exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.

A administração dos bens é conjunta. Mas pode acontecer nessas situações que um dos
cônjuges passe a administrar tudo sozinho, os bens da família, a empresa, os bens dele.
Nesses casos o cônjuge que ficou só entra na justiça e pede o suprimento de outorga numa
ação autônoma. O juiz estabelecerá um prazo para renovação.

Suprimento de outorga marital: A falta ocasional do marido, no caso de recusa ou de


revogação de autorização existente, habilita à mulher pedir o suprimento judicial.

Outorga uxória: a finalidade da outorga é proteger tanto a relação familiar como a riqueza do
casal, evitando surpresas desagradáveis e prejudiciais aos interesses patrimoniais dos
consortes. Para a prática de determinados atos, a lei exige que a pessoa casada tenha o
consentimento do outro cônjuge (marido ou esposa). Essa autorização é o que se
denomina outorga uxória.

*Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal.

Sociedade e vínculo conjugal são diferentes! Dissolver o vínculo é mais forte do que dissolver
a sociedade. Exemplo: Dissolver a sociedade é parar com as atividades mas não baixar na
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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junta comercial. Dissolver o vínculo é dar a baixa na junta comercial. Quando eu dissolvo o
vínculo é possível casar novamente. Porque alguém gostaria de manter a sociedade conjugal?
Antigamente o estado queria manter as pessoas casadas. O legislador por intervenção do
estado manteve o sistema dúplice: para poder casar novamente terá que se separar.
Dissolver a sociedade conjugal só pode ser feito por separação judicial. Elas continuam
casadas porque pode ser que voltem a viver juntas. A morte dissolve o vínculo.

I - pela morte de um dos cônjuges; dissolve o vínculo.

II - pela nulidade ou anulação do casamento;

III - pela separação judicial (de fato, de corpos, de leitos);

IV - pelo divórcio; dissolve o vínculo.

§ 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio,


aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.

A morte pode ser real, física ou presumida (ausência). Se é forte a presunção de morte o juiz
dará um atestado. A morte presumida passará por um processo de ausência que levará mais
ou menos 20 anos até que o juiz considere a pessoa morta. Viúvos podem casar novamente.
E se o marido retornar o que acontece? Não se sabe porque o CC não fala. Existem duas
teorias: direito alemão (casamento que vale é o último) ou italiano (se o marido
ausente/morte presumida volta ele é o marido, o segundo casamento é nulo).

Aula 08 – 28/03/16

§ 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá


manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de
separação judicial.

Separação judicial e extrajudicial. A EC 66/2010 alterou o §6º do artigo 226 da CF/88. O


casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. A redação anterior dizia que o casamento
anterior poderia ser dissolvido pelo divórcio sob prévia separação. Obrigatoriamente eu
deveria passar pela separação para depois me divorciar. A EC alterou o artigo e não fez
referência à separação. Para o professor a EC 66 acabou com a separação porque agora é
possível alcançar o divórcio direto sem passar pela separação judicial. Agora com o novo CPC
a figura da separação foi referida. Ao invés do novo CPC extinguir a separação ele voltou a
falar sobre ela nos artigos 693 e 731. Se continuar existindo a separação litigiosa existirá
também a discussão da culpa.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando
ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne
insuportável a vida em comum.

Isso é a culpa. O casamento terminou porque um dos dois foi culpado. Tradicionalmente
como sempre se passava pela separação, se ela fosse litigiosa/judicial se verificava a questão
da culpa, presente nesse artigo.

§ 1º A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da
vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição.

Antes do divórcio sempre tinha que passar pela separação. Era preciso provar que estava
separado há mais de um ano. A separação litigiosa examina a culpa e o cônjuge culpado pode
perder o nome de casado e o direito aos alimentos. Para danos morais é preciso provar a
culpa (não observar os deveres do casamento).

§ 2º O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de
doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação
da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido
reconhecida de cura improvável.

Separação culposa (atribui a desobediência aos deveres do casamento artigo 1566),


constatação (separação que se dá quando estão separados de fato há mais de 1 ano, §1º do
1572) e remédio (§2º do artigo 1572). Se o marido foi traído e a mulher não pede a separação
o homem pode sair de casa e se separar de fato, daí após 1 ano ele conseguirá a separação.
Essas eram as três hipóteses. Essa última ninguém usava porque era mais fácil ele usar a
modalidade de constatação. “Cláusula de dureza” se um dos cônjuges saísse de casa e
deixasse o cônjuge doente e ele piorasse, o que saiu deveria voltar.

§ 3º No caso do parágrafo 2º reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a


separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime
dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.

Quem pedisse a separação por motivo de doença, ficaria sem os bens que seriam revertidos
ao cônjuge doente. Remanescentes significa que os bens voltam para quem os tinha no
tempo de solteiro.

Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de


algum dos seguintes motivos: 2ª hipótese de culpa.

1ª hipótese de culpa: Desobediência dos deveres do casamento (artigo 1566);


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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
I - adultério; o adultério era muito difícil de provar porque teria que ser flagrante de
conjunção carnal do cônjuge com outra pessoa. “Quase adultério”. Quando o cônjuge traído
não conseguia provar o adultério invocava a separação por descumprimento do dever de
fidelidade.

II - tentativa de morte; atentar contra a vida do cônjuge era caso de separação.

III - sevícia ou injúria grave; ofensas pessoais e agressões físicas.

IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo; não é preciso esperar
um ano para caracterizar o abandono do lar. Ele fica caracterizado quando a pessoa expressa
a vontade de não mais voltar.

V - condenação por crime infamante; a condenação criminosa permitia a separação judicial


culposa.

VI - conduta desonrosa. Exemplo: marido que vivia bêbado e agredia os filhos e a mulher.

Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a
impossibilidade da vida em comum.

Que outros fatos? Artigo 1º, inciso III da CF. A dignidade da pessoa humana, para o professor,
seria os “outros fatos”. Sempre foi possível se separar sem discutir culpa porque existia esse
parágrafo único. Dignidade da pessoa humana (sinônimo de felicidade pessoal) + Art. 1.511
do CC: O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos
e deveres dos cônjuges. A culpa nunca fez falta para ninguém, só fez falta para tirar o nome e
a pensão alimentícia da mulher.

Prova: Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se
forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele
devidamente homologada a convenção. Esse artigo está revogado. Afronta a CF, artigo 226,
§6º, que estabelece que o divórcio será concedido a qualquer tempo. O divórcio se sobrepõe
à figura da separação. A separação ainda existe porque está nos artigos de lei, mas só existe
para quem quiser viver dentro dela, se for de consenso, por mútuo desejo, porque se não der
certo assim a pessoa poderá recorrer ao divórcio. Então não há necessidade de usar a
separação. Ela existe mas perdeu o seu sentido. Se alguém entra com uma ação de separação
alegando culpa do outro cônjuge para se separar, ele pode contestar invocando a EC 66/2010.
E daí o juiz converterá a separação em divórcio. A separação só existe na forma consensual,
porque se ela for litigiosa o juiz converterá em divórcio. Se os dois cônjuges querem
separação litigiosa o juiz converterá a separação em divórcio. O divórcio é indisponível e
potestativo: a pessoa que pede ganhará independente do que o outro quer ou não.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se
apurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um
dos cônjuges.

Serve para a separação por mútuo consenso ou divórcio por mútuo consenso. Divórcio
consensual se faz de acordo com o artigo 731 e seguintes do novo CPC, pode ser feito em
juízo ou no tabelionato. Quando for em juízo vale esse parágrafo único, pressupõe que o
juiz seja o fiscal do acordo. Quando uma partilha desigual é homologada pelo juiz não tem
volta. Mero arrependimento não gera recurso. A função do juiz é evitar a homologação de
acordo que prejudica os filhos ou um dos cônjuges. Mas se o juiz de primeiro grau homologa
o acordo, e depois os bens são avaliados e fica evidente o prejuízo de um dos cônjuges, o
juiz de segundo grau teria a obrigação de reverter a homologação. Para quem acha que só
existe o divórcio amigável ou litigioso: o divórcio amigável pode ser judicial (juiz – acordo,
prescreve em 1 ano) ou extrajudicial (tabelião - contrato, prescreve em 4 anos, mais fácil de
desfazer, mais barata e mais rápida – aqui pode haver flagrantes causas que prejudicam
minha mulher ou meus filhos mas dificilmente será recusada pelo tabelião).

A SEPARAÇÃO OU O DIVÓRCIO EXTRAJUDICIAL SÓ PODE SER FEITA SE O CASAL NÃO TEM


FILHOS MENORES. NÃO PODE ENVOLVER GUARDA E PENSÃO ALIMENTÍCIA DE FILHOS
MENORES. SE AS QUESTÕES DE GUARDA E PENSÃO JÁ ESTIVEREM RESOLVIDAS EM OUTRO
PROCESSO OU SE OS FILHOS FOREM MAIORES DE IDADE PODE FAZER EXTRAJUDICIAL.

Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de


bens. A sentença determina o fim do casamento, a separação e o fim dos efeitos. Os corpos
podem estar separados de fato ou de direito antes (ação cautelar de separação de corpos),
se os cônjuges estão num processo de divórcio e ainda vivem juntos deveriam se separar.

Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e
homologada pelo juiz ou por este decidida. A partilha pode ser consensual ou litigiosa. O juiz
pode aceitar a ideia do casal ou dividir os bens. Normalmente não decidem dividir sem
parâmetros. Daí o juiz estabelece o condomínio dos bens porque ambos querem a mesma
coisa. Meação é ter a metade dos bens – meeiros. Consequência do casamento ou da união
estável. Os cônjuges também podem ser condôminos. Condomínio e meação são institutos
diferentes. Se o juiz não acha um meio termo ele transforma a meação em condomínio, e os
dois passam a ser condôminos e cada um tem 50% dos bens, a parte ruim é que terá que ser
feita uma ação de dissolução de condomínio, no juízo cível comum.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Aula 09 – 30/03/16.

Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca
e ao regime de bens.

Não é a separação judicial que põe termo a essas obrigações. O que termina com essas
obrigações é a separação de fato. Prevalece sempre a data da separação, de fato ou de
corpos. Esse artigo é “fake” conforme o entendimento do professor.

Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no


caso de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão. A
Lei nº 13.146/2015 (estatuto do deficiente) interferiu profundamente nesse dispositivo,
revogando a segunda parte.

Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito
aos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.

Porque as pessoas mantiveram o sistema dual? Porque sempre acreditaram que os casais
poderiam se reconciliar. Não é preciso casar novamente, é só ir até o juiz para firmar a
reconciliação. Nesse dispositivo estava a esperança do legislador de que os casais
continuassem casados.

Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes


e durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens.

Se o casal voltar a viver junto os terceiros não podem ser prejudicados. Na reconciliação o
patrimônio será dividido entre os dois, novamente. O cônjuge pode se separar e gastar os
seus 50%, depois se reconciliar com o cônjuge que ainda tem 50%. Os 50% serão novamente
divididos.

Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado (geralmente a mulher que usava que o nome de
casada) na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde
que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar:

Ser culpado e não perder o nome, somente nessas 3 hipóteses:

I - evidente prejuízo para a sua identificação; prejuízo na profissão, nome profissional.

II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união
dissolvida; qual é a mulher que não tem filhos? O certo é que a mãe tenha o nome dos filhos.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
III - dano grave reconhecido na decisão judicial. Qualquer coisa que o juiz interprete como
danoso para o culpado(a). A realidade é que deu o nome, está dado e pertence a quem
recebeu.

§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer


momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. Só do ponto de vista de quem está se
divorciando, e está em dúvida se abre mão ou renuncia ao nome de casado, mantém e depois
revoga dentro do processo de divórcio se a separação for judicial, se for extrajudicial, na
escritura.

§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.

Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Esse artigo está em vários dispositivos no CC. A responsabilidade dos pais em relação aos
filhos não termina com o divórcio, na verdade, os pais continuarão compartilhando as
responsabilidades dos filhos. A lei da guarda compartilhada é desnecessária porque isso já
existe no CC. Mesmo com o divórcio, não se pode o poder parental por ter se divorciado.

A luta pelo divórcio brasileiro iniciou em 1877, mas só foi conquistado em 1977. A CF/1969
dizia que o casamento era indissolúvel. Portanto, quando o divórcio foi aprovado em 1977
foi aprovada uma emenda constitucional nº 9, que alterava o artigo da CF/69, dizendo que o
casamento passava a ser dissolúvel através do divórcio. Precisava ser feita a regulamentação
do divórcio. Em 1977 foi editada a Lei 6.515/77 que regulamentou o divórcio direto que seria
concedido para quem tivesse separado de fato a mais de 5 anos antes da data da lei, portanto
era para casamento anteriores e não os novos, o divórcio só foi concedido para quem deixou
de viver com a mulher e morava com a concubina. O objetivo foi acabar com o concubinato
marginal. O divórcio era endereçado para quem tivesse a situação do casamento irregular.
Só existia uma chance de errar e se divorciar. Se solteiras casassem com homens divorciados
nunca mais poderiam se separar. Se alguém estivesse separado da mulher há mais de 3 anos
poderia pedir o divórcio por conversão. Mas como naquela época ainda existia a igreja, o
divórcio aprovado não é o mesmo que o de hoje, que está no artigo 226, §6º da CF/88e já foi
alterado novamente pela EC 66/2010. Levamos 143 anos para ter o divórcio direto que vige
hoje. O divórcio direto de hoje pode ser concedido a qualquer tempo. Por isso não sobrevive
o processo de separação, porque tem o prazo de 1 ano para se separar. As situações levam
as pessoas para o divórcio direto. Qualquer ensaio de separação sempre será neutralizado
pelo divórcio direto. Hoje não se pede mais conversão de separação porque ela desapareceu
com a EC 66/2010. 5 anos contados de 28-06-1977.

Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar
restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo. Os novos filhos não eximem a
responsabilidade sobre os filhos do outro casamento. O pai não fica desobrigado pela
constituição de uma nova família. A responsabilidade parental continua íntegra. Os pais
divorciados continuam tendo o dever (artigo 229 da CF/88).
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a
separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos,
qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio. REVOGADO. Não tem
mais conversão da separação em divórcio! Não tem prazo!

§ 1º A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por


sentença, da qual não constará referência à causa que a determinou. REVOGADO

No divórcio não tem declaração de culpa, é um direito potestativo que deve ser concedido
com o único pressuposto da pessoa ser casada. Se ela é casada ela pode se divorciar. Essa é
a única lição que deve prevalecer. Se uma petição vier pedindo o divórcio e explicar o motivo,
o juiz deve mandar riscar o que demonstra a culpa, para que não fique nos autos. Não deve
mandar emendar a inicial porque ficará registrado o motivo. Deve pedir ao cartório que
risque o que não é necessário.

§ 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de


comprovada separação de fato por mais de dois anos. REVOGADO

PROVA: Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

É POSSÍVEL POSTERGAR A PARTILHA DOS BENS PARA DEPOIS DO DIVÓRCIO. NÃO É


CONDIÇÃO DO DIVÓRCIO A PRÉVIA REALIZAÇÃO DA PARTILHA DOS BENS. Discute-se no
divórcio a guarda dos filhos, pensão e etc., mas não a partilha. Pode-se arrolar os bens mas
não é obrigatória a partilha naquele momento. Isso é ruim para quem não fica na posse dos
bens, porque a pessoa perde dinheiro. O condomínio significa a realização da partilha, o
meeiro não paga aluguel, só o condômino. O rito da partilha é o rito do processo de
inventário, e a partilha pode ser feita posteriormente ao divórcio em outra ação.

Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges.

Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderá fazê-
lo o curador, o ascendente ou o irmão. REVOGADO.

PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS.

A proteção é relacionada à guarda ou custódia dos filhos. Os artigos todos tratam ou


priorizam o que estão chamando de guarda compartilhada. O propósito do legislador é que
a guarda fosse compartilhada. Existem duas leis sobre isso (Lei 11.698/2008 e L.
13.058/2014). A Lei antiga é a “guarda compartilhada jurídica” (artigo 1579 do CC, artigo 229
da CF) e a nova Lei é a “guarda compartilhada física". No passado essa proteção era chamada
de pátrio poder, porque era o pai quem determinava/educava/sustentava/informava os
filhos. Com a CF/88 a nomenclatura passou a ser poder familiar, o poder é do pai e da mãe
sobre os filhos menores de idade. Os portugueses usam o termo “responsabilidade parental”,
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
que o professor acha que é mais apropriado, porque parental estende aos pais, avós. Existem
vários tipos de guarda: 1. Guarda de fato (não tem intervenção do juiz) 2. Unilateral 3. Judicial
ou provisória 4. Alternada 5. De terceiros. 6. Compartilhada (judicial ou física) 7. Bilateral.

Aula 10 – 04/04/16.

Guarda de fato: não há intervenção da justiça;

Intervenção judicial: pode ter uma liminar e depois a guarda definitiva. Guardas com
intervenção judicial: unilateral, compartilhada, alternada, de terceiros.

Guarda de terceiros: não é nenhum dos pais que ficarão com os filhos. Um terceiro ficará com
a guarda. É muito comum que os avós, tios ou irmãos mais velhos fiquem com a criança.

Guarda alternada: é dividir o tempo físico dos filhos. Esse é o ideal de todo pai que se separa.
A alternância do tempo vem da vontade que os pais têm de usufruir de mais tempo com os
seus filhos. A guarda compartilhada pretendia ser um sinônimo de guarda alternada.

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. O código prefere a guarda unilateral
e a compartilhada. Já em 2008 o Brasil regulamentou a guarda compartilhada, Lei 11.698,
que aos olhos dos pais divorciados era de uma guarda alternada. Era uma divisão igualitária
de direitos entre os pais. Quando os pais começaram a reclamar da divisão igualitária de
tempo, os tribunais começaram a julgar esses pedidos de guarda compartilhada como se
fossem guarda alternada. Entendendo que não era para dividir o tempo somente, e sim tomar
grandes decisões compartilhadas sobre os filhos. A Lei 11.698/2008 não propõe a divisão do
tempo ou guarda física e sim uma divisão de responsabilidades. As decisões mais simples
deveriam ser tomadas pelo cônjuge que está com o filho naquele momento. Essa lei serviu
para lembrar que a mãe não fica “dona” dos filhos após o divórcio e sim que os pais devem
tomar as decisões juntos. Se os pais não falam entre si não tem como forçar uma guarda
compartilhada, como é que eles vão conversar e decidir a vida dos filhos se eles se odeiam?
E se eles moram longe? Determinação compulsória da guarda compartilhada (julgamento da
ministra Nancy Andrighi). Essa Lei 11.968 só foi “confirmada” por essa decisão, que decidiu
que a guarda compartilhada deveria ser imposta, para dividir as responsabilidades e trocar
informações, isso é um dever e não uma dificuldade entre os pais. Os pais sempre quiseram
a guarda alternada.

Art. 2º A Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as
seguintes alterações: art. 1.583, § 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com
os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em
vista as condições fáticas e os interesses dos filhos (alterações pela Lei 13.058/2014). Essa
foi a correção da Lei 11.968/2008. Há um plano de parentalidade previsto para analisar se
terá guarda compartilhada ou não. A análise é casuística. O professor é a favor da guarda
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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compartilhada jurídica. A física, somente quando tiver cabimento e não prejudicar os
interesses da criança.

Artigo 1.583:

§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém


que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta
e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.

Essa obrigação existe pelo poder familiar, que sempre esteve presente e não perde eficácia
com o divórcio.

§ 2º Na guarda compartilhada (física), o tempo (a lei não diz que tempo) de convívio com os
filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em
vista as condições fáticas e os interesses dos filhos:

Incisos I, II e III – REVOGADOS.

§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela
que melhor atender aos interesses dos filhos. Situação que concilia com a lei da alienação
parental. Existe muito abuso de algumas mães por parte dos filhos, que usam os filhos como
instrumento de vingança para os pais. Um dos instrumentos era esse, a mãe mudava de
cidade com o filho. Então ficou estabelecido que quando a guarda é compartilhada,
fisicamente ou só juridicamente, o domicílio da criança será aquele que os pais viviam quando
não eram separados, logo a mãe não poderia se mudar, porque acatou a guarda
compartilhada.

Do direito de família tem algumas questões que nunca transitam em julgado: alimentos,
guarda, visitas. Sempre podem ser revistos se houver alterações fáticas.

§4º VETADO.

§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os


interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será
parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas,
em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica
e a educação de seus filhos. Evitar a alienação parental! Essa prestação de contas envolve
também a prestação de contas da pensão alimentícia.

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:


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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
I – requerida, por consenso (o juiz deve pegar o comprometimento dos pais), pelo pai e pela
mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução
de união estável ou em medida cautelar (antecipatória);

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da


distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.

§ 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda


compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos
genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas.

§ 2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-
se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda
compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda
do menor.

§ 3º Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob


guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá
visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.

§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda


unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu
detentor. Reduzir ou ainda, suspender a guarda. Pode haver inversão da guarda, avaliação
psicológica.

§ 5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe,
deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida,
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
afetividade. GUARDA DE TERCEIROS!

§ 6º Qualquer estabelecimento público ou privado (por exemplo a escola) é obrigado a


prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de
R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da
solicitação.

Aula 11 – 06/04/16

Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em sede de medida


cautelar de guarda ou em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão sobre guarda
de filhos, mesmo que provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas
as partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir a concessão de
liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se as disposições do art. 1.584.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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Não existem mais as medidas cautelares conforme o novo CPC. O principal é que este artigo
é contrário ao deferimento liminar da guarda. O juiz deve evitar as determinações liminares
para não prejudicar a criança. Essa ideia vem ao encontro do novo CPC, para a auto
composição no sentido de que os litigantes componham o litígio para haver conciliação e a
resolução do problema.

Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos,
regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles
para com os pais.

A auto composição é hoje o ideal de conciliação. Mas podem acontecer situações graves que
recomendem uma medida liminar (abuso sexual, lesões, alienação). Se houver motivos
graves o juiz deve preservar a integridade física e psíquica do menor. Mas isso é uma exceção.

Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-á o


disposto nos arts. 1.584 e 1.586. Filhos do casamento nulo são filhos do casamento, e
portanto, se aplicam as mesmas regras da guarda unilateral ou compartilhada. O casamento
não existiu porque era nulo, mas os pais e os filhos existem.

Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os
filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados
convenientemente. Artigo 1579 – os pais não perdem o poder familiar quando se separam.

Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los
em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz,
bem como fiscalizar sua manutenção e educação.

Direito de visitação. O nome é apropriado, direito de convivência dos pais e irmãos. Algumas
pessoas visitam, outras convivem. Os pais têm o direito de conviver, prioritariamente. 2 finais
de semana alternados e um dia por semana = 8 dias por mês. Natal e páscoa alternados. Dia
dos pais com o pai e dia das mães com a mãe. Férias à combinar.

Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz,
observados os interesses da criança ou do adolescente. No Brasil, a visita dos avós só foi
reconhecida legalmente em 2011. Visitas avoengas. Se os avós têm a obrigação de pagar
alimentos eles também podem conviver com os netos. Além dos avós e dos pais os irmãos e
os padrastos(as) também tem o direito de visitação.

Lei da alienação parental – 12.318/2010. Não são só os filhos que são alienados, também
podem ser alienados os irmãos, avós. Conforme o entendimento do professor, essa lei foi
muito bem feita. Essa lei foi feita com o objetivo de evitar a alienação parental. A tese de
alienação parental foi desenvolvida por Richard Gardner, que a explicava como sendo uma
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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síndrome. Há discussões doutrinárias sobre a caracterização de síndrome, mas isso não
interessa, porque a alienação é nociva e existe. Em Portugal não existe a alienação parental.

Art. 2º da Lei: Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.

3 fases da alienação: 1ª leve/ 2º moderada/3º grave.

Outra hipótese: falsas memórias, também é grave mas os experts não confundem com
alienação, incutir na memória das crianças fatos que não aconteceram, o que é crime
gravíssimo.

Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros:

I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da


paternidade ou maternidade; Grau leve. 89% são de mães separadas que alienam os filhos
sobre os pais, desqualificando a imagem do pai perante o filho.

II - dificultar o exercício da autoridade parental; Grau leve. Desautorizar a autoridade


e as regras impostas pelos genitores.

III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; Grau moderado.


Impedir ou proibir o contato do filho com um dos genitores. Exemplo: mãe que proibia
a visitação do pai com o filho. O Juiz fixou astreintes, toda vez que a mãe negava a
visita ela teria que pagar uma multa de 6 mil para o pai.

IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; Grau


moderado.

V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança


ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; Grau
moderado. Na lei da guarda compartilhada também há previsão sobre a negativa de
informação. Pode ser aplicada multa. A participação do visitante está sendo facilitada
pela imposição de penalidades para quem nega o direito.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós,
para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; Grau
grave. É quase irreversível. Esse inciso faz referência às falsas memórias. O genitor que
quer impedir que o outro conviva com o filho está nessa fase de doença psíquica, capaz
de alegar qualquer coisa para que a visita não ocorra. Quando o juiz recebe uma
denúncia de abuso sexual, ele suspende as visitas para proteger a criança. O processo
demora muito, e o filho fica dependente do alienador e praticamente perde o contato
com o pai. Por isso o juiz não pode restringir as visitas, mesmo sob essas acusações,
ele deve manter as visitas de forma assistida. No Brasil não deu certo. Na Espanha tem
uma casa de ponto de encontro, onde os pais podem ir com os filhos para fazer a
visitação. Existem voluntários, normalmente assistentes sociais, que ficam fiscalizando
a visita. A mãe entrega a criança na casa e o pai busca a criança. O assistente social
relata as visitas ao juiz e não recebe mais petições sobre visitas. Se existe acusação de
abuso a criança fica lá na casa durante a visita, e o pai fica sendo observado.

VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com avós. Grau grave. A ação de visitas deve ser proposta no último domicílio da
criança, assim não adianta se separar e mudar de estado, país, porque a ação será
proposta no último local para evitar a fuga ou a distância dos filhos e privação de
visitas.

Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou


do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas
relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança
ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou
decorrentes de tutela ou guarda.

A Síndrome da Alienação Parental é conceituada pelo Professor de Psiquiatria Infantil


da Universidade Columbia, Dr. Richard A. Gardner como toda situação na qual um dos
genitores induz a criança a romper os laços com o outro genitor, criando nela
sentimentos negativos, de medo e ódio perante o genitor alienado sem qualquer
justificativa. Esta Síndrome é um transtorno psicológico caracterizado por um conjunto
de sintomas através dos quais um genitor, denominado genitor alienador, transforma
a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e estratégias de atuação,
tendo como finalidade impedir, barrar, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o
outro genitor. Este outro, então, denominado genitor alienado, sem que se tenham
verdadeiros motivos que expliquem e justifiquem essa condição.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Ou seja, é um processo no qual se tenta incentivar a prole a odiar um de seus genitores
sem justificativas, de modo que a própria criança ingressa na trajetória de
desmoralização desse mesmo genitor, gerando na cabeça da criança várias confusões
e inverdades, como por exemplo, falsas denúncias de maus-tratos e abusos sexuais,
utilizados para impedir o contato dos filhos com o genitor alienado, fazendo o filho
acreditar, de forma persuasiva, de que que estes fatos são reais, até que a própria
criança acredite.

Aula 12 -11/04/16.

Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício,


em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o
processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o
Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da
integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua
convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o
caso.

Tendo notícia de alienação parental dentro de um processo de divórcio, a alienação


parental será discutida em ação autônoma incidental para preservar os superiores
interesses do menor.

Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia


mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de
prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado
por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das
visitas.

Não pode haver solução de continuidade nas visitas. Não se deve interromper as visitas
do filho com o cônjuge que está sendo desqualificado. Essa é a intenção do outro
cônjuge. Óbvio que existem ressalvas, como acusações graves, por exemplo: abuso
sexual. É melhor que o filho sempre continue visitando ambos os cônjuges, mesmo
que a visita seja assistida. Existem muitas acusações falsas de abuso sexual. Os peritos
dizem que quando a alienação chegou nesse estágio, não adianta tirar a guarda da
criança do cônjuge alienador, porque a criança ficará mais apavorada ainda, porque é
dependente daquela mãe ou daquele pai.

Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma


ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou
biopsicossocial.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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Em ação autônoma: ação declaratória de alienação parental;

Incidental: dentro dos autos do divórcio/partilha/alimentos.

Perícia biopsicossocial: é a perícia multidisciplinar, com médicos, psicólogos e


assistentes sociais. A perícia psicológica é realizada por psicólogos.

§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial,


conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes,
exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da
separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e
exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual
acusação contra genitor.

É comum que as acusações de abuso sexual apareçam após o divórcio. Se antes não
existia e agora existe, provavelmente são falsas. Essa perícia poderá descobrir se as
acusações são falsas através dos comportamentos do filho “abusado”.

§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados,


exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou
acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.

PRAZO § 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência


de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo,
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa
circunstanciada.

Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que


dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:

Houve a denúncia e a averiguação da alienação. Todas as medidas propostas para


acabar com a alienação correm independentemente de outras ações cíveis (de
indenização, responsabilidade civil) e penais (crime).

I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; Adverte na fase


leve, onde as vezes, a advertência é suficiente para sanar a alienação.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; alienador
consciente, fase média, que precisa uma advertência mais forte, que é reduzir o
número de dias de visita do cônjuge alienador e aumentar os dias de visita do cônjuge
alienado.

III - estipular multa ao alienador; também está na fase intermediária.

IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; da fase média


para a grave. O acompanhamento é para toda a família, para o filho, para o alienado e
principalmente para o alienador.

V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;


fase mais grave da alienação, a ameaça é a guarda compartilhada. Mas até onde essa
guarda compartilhada tem efeito? O professor acha que a melhor alternativa seria a
inversão da guarda, conforme os interesses do menor. O juiz pode ordenar o
tratamento psiquiátrico compulsório do alienador, enquanto não se submeter ao
tratamento não terá a guarda.

VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; Isso iniciou


com a Declaração Universal dos Direitos da Criança em que se determinou que
nenhuma criança poderia ser deslocada de seu domicílio sem a autorização do pai. Isso
seria um sequestro internacional de crianças conforme o direito internacional. A
criança pode ser devolvida ao domicílio de origem. Esse mesmo princípio foi
transportado para a lei da guarda compartilhada. Artigo 1634, inciso V, do CC. Na
ocorrência de guarda compartilhada, tanto física como jurídica, um dos efeitos é que
o cônjuge não pode mudar de município, estado ou cidade sem a autorização do outro
cônjuge. Se for na guarda unilateral isso não se aplica.

VII - declarar a suspensão da autoridade parental. Punição mais extrema de todas.


Significa dizer suspender a responsabilidade parental, a pessoa excluída do poder
familiar não tem mais ascendência legal sobre o filho. Perde o direito de convivência.
O filho fica sendo filho de um só cônjuge. A guarda compartilhada é sugerida na
alienação parental para que os cônjuges deixem os seus interesses de lado para
preservar os interesses do menor.

Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou


obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar
para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das
alternâncias dos períodos de convivência familiar. Pode imputar ao outro cônjuge,
que fez a transferência, o custo das visitas. Se a mãe se muda com a criança para outro
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


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estado e o pai tem que gastar muito para ver a criança ele pode pedir que a mãe pague,
conforme o caso.

Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que


viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas
hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada. Se a guarda compartilhada
não é possível, num ambiente de alienação parental por exemplo, onde um cônjuge
quer excluir o outro, ela pode ser alterada, para inverter ou atribuir a guarda para o
cônjuge mais adaptado com a criança.

Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a


determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de
convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou de
decisão judicial. A transferência do domicílio da criança não muda a competência
relacionada às ações de família. Somente se um dos cônjuges se mudou com
autorização do outro. A regra é que o domicílio seja o do incapaz, onde a criança mora
com o guardião. Artigo 53, inciso I do NCPC.

Artigos 9º e 10º da lei foram vetados.

Porém, o artigo 9º não deveria ser vetado porque é temática atual envolvendo a
mediação.

“Art. 9º As partes, por iniciativa própria ou sugestão do juiz, do Ministério Público


ou do Conselho Tutelar, poderão utilizar-se do procedimento da mediação para a
solução do litígio, antes ou no curso do processo judicial.

§ 1º O acordo que estabelecer a mediação indicará o prazo de eventual suspensão


do processo e o correspondente regime provisório para regular as questões
controvertidas, o qual não vinculará eventual decisão judicial superveniente.

§ 2º O mediador será livremente escolhido pelas partes, mas o juízo competente, o


Ministério Público e o Conselho Tutelar formarão cadastros de mediadores
habilitados a examinar questões relacionadas à alienação parental.

§ 3º O termo que ajustar o procedimento de mediação ou o que dele resultar deverá


ser submetido ao exame do Ministério Público e à homologação judicial.”

Razões do veto
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
“O direito da criança e do adolescente à convivência familiar é indisponível, nos termos
do art. 227 da Constituição Federal, não cabendo sua apreciação por mecanismos
extrajudiciais de solução de conflitos. Ademais, o dispositivo contraria a Lei no 8.069,
de 13 de julho de 1990, que prevê a aplicação do princípio da intervenção mínima,
segundo o qual eventual medida para a proteção da criança e do adolescente deve ser
exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja
indispensável.”

Art. 10: O art. 236 da Seção II do Capítulo I do Título VII da Lei no 8.069, de 13 de
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar acrescido do
seguinte parágrafo único: Art. 236: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
apresenta relato falso ao agente indicado no caput ou à autoridade policial cujo
teor possa ensejar restrição à convivência de criança ou adolescente com genitor.

Razões do veto

“O Estatuto da Criança e do Adolescente já contempla mecanismos de punição


suficientes para inibir os efeitos da alienação parental, como a inversão da guarda,
multa e até mesmo a suspensão da autoridade parental. Assim, não se mostra
necessária a inclusão de sanção de natureza penal, cujos efeitos poderão ser
prejudiciais à criança ou ao adolescente, detentores dos direitos que se pretende
assegurar com o projeto.”

Aula 13 – 13/04/16.

Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos


menores estendem-se aos maiores incapazes.

Esse artigo estende a guarda compartilhada para o filho maior de idade que seja
mentalmente ou fisicamente incapaz. É muito difícil ver os pais brigando por uma
guarda compartilhada da guarda de um filho não saudável.

Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras
na relação de ascendentes e descendentes.

Quem é parente de quem? Cônjuge não é parente. O parentesco existe em linha reta
ou vertical e também em linha colateral ou transversal. Na linha reta são parentes de
descendente para ascendente: meu filho é meu parente, meu pai é meu parente, A
deu origem a B que deu origem a C. Todos são parentes porque um descende do outro.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as
pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.

Se refere àqueles que não descendem um do outro. Exemplo: irmão é parente. Mas
um irmão não deu origem ao outro. Mesmo assim os irmãos são parentes, porque eles
têm um elo comum.

irmão A
pai e mãe
irmão B

Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou


outra origem.

O parentesco tem vínculo de consanguinidade, ou biológico. Por isso o marido não é


parente da mulher. O parentesco civil é o da adoção. O legislador reconheceu que o
filho adotivo vale tanto quanto o natural. É civilmente considerado filho. O que é a
expressão “outra origem”? É uma referência à filiação socioafetiva. Existe a filiação
biológica, também chamada de natural ou genética. Existe a filiação civil, também
chamada de adotiva. A filiação socioafetiva é a conjunção de duas situações: filho que
não é biologicamente filho, que não é adotado, mas sempre foi apresentado para a
sociedade como filho. É um ato de afetividade. A filiação socioafetiva gera a solução
registral. Registrar alguém como se fosse filho mas não é meu filho biológico nem
adotivo. O registro seria falso. A filiação registral sempre existiu porque se presume
que quem registrou é o pai/mãe verdadeiro. O CC prioriza, por ordem, a filiação
biológica, adotiva, registral e socioafetiva. O professor não concorda. Ele acha que a
importância deveria ser socioafetiva, registral, adotiva e depois biológica.

Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de


gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes
até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.

Os vínculos de parentesco são consanguíneos, registrais e socioafetivos para o


professor. O parentesco vai até o quarto grau. O grau de parentesco foi reduzindo ao
longo da história. Ser parente significa ser íntimo, ter afinidade. Antigamente as
famílias grandes moravam na mesma casa e conviviam entre si. Mas hoje não é mais
assim. Hoje o 4º grau de parentesco é o que vale. Os primos estão nesse grau de
parentesco. O parentesco gera direito aos alimentos, herança. Por isso cada vez mais
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
os vínculos vão diminuindo e o grau também. O grau de parentesco na linha colateral
vai até o quarto grau, na linha reta é infinito.

Na linha reta contam-se por geração = de pai para filho é uma geração, de pai para
neto são duas gerações. A – B – C – D – E. Se A, B, C, D morreram, E é o herdeiro, porque
em linha reta ele é parente. Conta-se o grau de parentesco pelos traços.

Na linha colateral também contam-se pelas gerações: os irmãos sempre serão


parentes colaterais em segundo grau. C e B são irmãos e filhos do A. para saber qual é
a geração/grau de parentesco é preciso contar o traço do B – que é ligado ao A que é
seu pai, o elo existente entre os dois – que se liga ao C. então os irmãos B e C são
parentes colaterais.

A (pai)

B (irmão) C (irmão)

Na linha colateral o parentesco vai só até o quarto grau.

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo
da afinidade.

Os parentes afins são por afinidade. Foi criado para evitar vínculos de casamento de
ordem moral. Por exemplo o genro não pode casar com a sogra, ou casar com a
enteada. Os parentes afins são os sogros, enteados, irmãos.

§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos


irmãos do cônjuge ou companheiro.

§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da


união estável. Separando-se somente poderá casar com a cunhada(o). Não pode casar
com a sogra nem com os enteados.

Da Filiação

A filiação, na atualidade é um dos eixos das grandes mudanças da CF/88.

Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação. É uma cópia do artigo 227, §6º da CF e do artigo
20 do ECA. Antes de 1988 os filhos eram divididos entre filhos legítimos ou ilegítimos.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Os filhos eram discriminados pelos erros dos pais. Quando os pais não eram casados
os filhos eram discriminados, chamados de bastardos, incestuosos, adulterinos. Se um
dos cônjuges quisesse dar direitos aos seus filhos deveriam casar. “Filhos das estrelas”
são aqueles que não tem pai no registro, porque no campo do pai fica ****.

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

Todos os filhos são iguais, contudo, se presume que se forem filhos do casamento são
melhores do que os outros filhos. Presume-se que se a mulher é casada é honesta, e
pode registrar o filho sozinha, porque terá certidão de casamento e provavelmente o
marido é o pai. A mulher da união estável ou solteira é falsa. Por isso, o professor
acredita que no casamento não existe investigação de paternidade. Se o homem acha
que o filho não é dele, ele pode impugnar. Mulher que não casa não tem palavra. Onde
está o CC que protege a mulher e os filhos? Não há igualdade. Situações atípicas que
presumem que os filhos são do casamento:

I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência


conjugal;

180 dias são seis meses. Portanto, o parto pode ter sido antecipado ou prematuro. A
mulher casou e seis meses depois teve um filho. Para a lei, o marido é o pai da criança.

II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por


morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;

300 dias depois são 10 meses depois. O marido morreu e 10 meses depois nasceu uma
criança. A criança é do pai falecido. Acima de 300 dias não há mais presunção,
conforme a lei, mas existe a possibilidade de nascer 305 dias depois e ser filho do
marido. A preocupação do legislador é somente a presunção.

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

A medicina permite que se tenha filhos por fertilização, se o material genético é dos
pais esse filho será do marido que já morreu. É permitido ter um filho após a morte do
pai.

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,


decorrentes de concepção artificial homóloga;
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Já houve a junção do esperma com o óvulo, e agora há embriões em excesso,
excedentários, que não podem ser doados. Resolução nº 2013/13 do Conselho de
Medicina a única coisa que dispõe sobre a fertilização.

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização
do marido.

Inseminação artificial heteróloga é quando o material genético usado é de um terceiro.


Se o casal autorizou isso o filho será do casamento. O filho nascido com material
genético de outras pessoas, para os pais de criação será um filho socioafetivo, porque
ele não é biológico e nem adotivo. O CC admite aqui o filho socioafetivo.

Repetição da presunção: Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido
o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe
nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos
trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento
ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art.
1597.

**LEI Nº 13.112, DE 30 DE MARÇO DE 2015: Lei que acabou com a investigação de


paternidade. Só vai existir ação negatória de paternidade. Altera os itens 1º e 2º do
art. 52 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, para permitir à mulher, em
igualdade de condições (à mulher casada), proceder ao registro de nascimento do
filho.

Aula 14 – 18/04/16.

Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide
a presunção da paternidade.

Se é casado o filho é do matrimônio. O CC é matrimonialista e desvirtuado. Impotência


para gerar filhos, porque elide a presunção da maternidade ou paternidade, do
homem ou da mulher. O filho não pode ser do cônjuge impotente. Mas quem tem a
palavra de contestar é o homem.

Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a
presunção legal da paternidade.

Mesmo que a esposa confesse uma traição o filho será do matrimônio. Negar a filiação
biológica em detrimento do casamento é um absurdo. Exemplo: só o marido traído é
que pode dizer se aceita que o filho que não é dele seja registrado no nome do outro.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Só o marido pode contestar a paternidade. A verdadeira filiação do brasil é a registral
e não a biológica ou a socioafetiva. Multiparentalidade: é a possibilidade de se ter mais
de um pai ou mais de uma mãe. O CC não trata disso. Nasceu para preencher o espaço
nas relações homoafetivas; nas relações heterossexuais elas são complexas. Exemplo:
mãe engravidou e tinha 3 namorados. Um foi o pai que registrou, outro era o pai
biológico e o outro era o que morava com a criança, o socioafetivo. A criança tem três
pais. O CC diz que prevalece a filiação biológica, entretanto dá mais importância à
filiação registral.

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos
de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. Princípio da igualdade??? Só o marido
pode contestar. E a mulher?

Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de


prosseguir na ação.

Investigação de paternidade/maternidade: o filho quer saber quem é seu pai/mãe. A


criança só pode investigar se não tiver pai ou mãe no registro. Embora a criança tenha
um pai, esse pai pode ser meramente registral, e a criança quer saber quem é o pai
biológico. Ela entra com uma ação para anular a filiação registral e depois entra com a
investigação de paternidade, nos mesmos autos.

Adoção à brasileira: nascem por ano no Brasil, um milhão e meio de crianças sem pai.
O registro é feito falsamente. A pessoa registrou o filho como se fosse dele porque não
há prova da filiação biológica do homem, somente a prova da mulher. A mulher recebe
um certificado de nascido vivo, como nome dela. O nome do pai não aparece nesse
registro. Então o pai é aquele que se apresenta para registrar o filho.

Negatória de paternidade: exame de DNA para descartar a paternidade. Na hora do


descarte prevalece a filiação biológica. É fácil com o DNA provar que o “pai” não é o
pai biológico. Foi por isso que a filiação socioafetiva nasceu, a partir dessas ações de
negativa de paternidade. O filho foi criado pelo pai registral há 20 anos, tem o nome
dele, foi criada por ele, tem os parentes dele. Assim os tribunais decidem, que se o pai
é registral não pode pedir a negativa de paternidade porque o filho não é biológico,
porque já teve uma convivência e há socioafetividade. Claro que existiram pais que
pediram a negativa de paternidade porque foram enganados, acreditando que eram
pais biológicos. Mas o pai é aquele que exerce as funções de pai e não aquele que
procriou a criança mas nunca se interessou por ela. Não tem como negar os vínculos
socioafetivos depois de um tempo. O tempo padrão para configurar socioafetividade
não é determinado pelos Tribunais.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Vida estática: é preciso saber de onde a pessoa veio. Esse direito também vem
regulamentado pelo artigo 48 do ECA (direito constitucional de conhecimento de sua
origem): O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
após completar 18 (dezoito) anos. O adotado legalmente pode fazer uma investigação
e paternidade para saber quem são seus pais biológicos. O direito ao conhecimento
da sua origem não gera nenhum efeito jurídico, não dá direito à pensão, herança e
não muda o registro.

Todo mundo que tem um registro que não corresponde a sua realidade biológica
também pode invocar o conhecimento de sua origem. A ação de investigação de
paternidade é aberta a todos que tem dúvida sobre a sua filiação. Por isso, a filiação
que prevalece é a socioafetiva! O registro é falso, o biológico não participou da vida
da criança, participou o pai que criou a criança. Por isso o direito de saber quem é o
pai não vai gerar nenhum efeito jurídico. O artigo 48 vale para o adotado legalmente,
a criança que tem o registro falso ou que foi adotada por “dedicação”.

Duas espécies de adoção: Adotar conscientemente e adotar sendo induzido em erro.


Se o que foi induzido em erro exerceu a função de pai ele não vai poder anular, porque
se estabeleceu entre eles uma vida dinâmica. Resumidamente, somente se
conseguirá anular o registro se não houve vida dinâmica – socioafetividade.

Vida dinâmica: é a biografia ou história da pessoa. Quem ficou ao lado dela, e exerceu
a função de pai. Então o pai é aquele que estabeleceu a vida dinâmica.

Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade. Prevalece a
vontade do homem. O ideal de filiação é que os pais registrem, sejam biológicos e
tenham socioafetividade. Mas nem todos tem esse ideal. O que prevalece é o da
socioafetividade.

Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no


Registro Civil. Para o CC prevalece a verdade registral!

***Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro
de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro. O que vale mais é o
registro. Ele só pode ser anulado porque é falso ou a pessoa que registrou foi
induzida em erro. Os tribunais ignoram esse artigo porque se a pessoa teve uma vida
dinâmica com o filho que registrou e não era seu filho biológico, estabeleceu a
socioafetividade, então não poderá anular o registro.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento (é o registro), poderá provar-
se a filiação por qualquer modo admissível em direito:

I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou
separadamente; Procurar um documento que prove que eles são meus pais. Prova
escrita.

II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos. Presunção


de que a pessoa seja o pai porque viviam juntos. Prova testemunhal.

PROVA DO DNA: Súmula 301 do STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai
a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.”

AÇÃO DE PATERNIDADE: o réu é citado para dizer se vai fazer ou não o exame de DNA.
Se ele não fizer o exame presume-se que ele era o pai. E se a ação é proposta quando
o pai está morto? Os outros filhos podem se recusar? Podem se recusar, mas a
presunção também é estabelecida.

Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando
aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. A única pessoa que tem legitimidade
para investigar a paternidade é o filho. Passando aos herdeiros se ele já começou a
ação e morreu depois.

Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo
se julgado extinto o processo.

A é pai de B e não registrou. B tem os filhos C e D. Ou seja, C e D são netos de A. Mas


C e D não podem investigar a paternidade avoenga. Só o filho B pode investigar a
paternidade. Isso é conforme o CC. Existem decisões que permitem a investigação
avoenga. Esse artigo é inconstitucional conforme o entendimento do professor.

Do Reconhecimento dos Filhos

Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais,
conjunta ou separadamente. Se a mulher não fosse casada, só poderia registrar com
o pai. Hoje a mulher solteira ou casada pode ir lá e dizer quem é o pai.

**LEI Nº 13.112, DE 30 DE MARÇO DE 2015: Lei que acabou com a investigação de


paternidade. Só vai existir ação negatória de paternidade. Altera os itens 1º e 2º do
art. 52 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, para permitir à mulher, em
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
igualdade de condições (à mulher casada), proceder ao registro de nascimento do
filho.

Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe


só poderá contestá-la, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele
contidas. Presumindo que o registro da mãe seja feito falsamente.

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável


(depois de feito o registro não se altera mais) e será feito:

I - no registro do nascimento; exemplo dos namorados que brigaram e o pai não


registrou o filho. O pai vai até o registro de nascimento e afirma que a criança é seu
filho.

II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; admitir a


paternidade expressamente e registrar.

III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; é a última opção


porque só abre depois que o pai morre. Péssima opção, não terá vida dinâmica.

IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz (qualquer juiz), ainda que o
reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.

PROVA: Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento


do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
O reconhecimento pode ser feito antes do nascimento do filho ou o pai pode
reconhecer o filho após a sua morte. Só é possível reconhecer o filho morto se ele
deixou descendentes. Se a investigação for para propósitos materiais não pode
investigar a paternidade. O aspecto é de ordem moral. Não existe ordem moral só
numa direção. Não se pode reconhecer filiação e nem paternidade, só para fins de
herança!

O filho pode negar que é filho? Sim, até 4 anos depois da maioridade, mesmo tendo
uma relação socioafetiva o filho pode impugnar a paternidade. Se o filho tem 35 anos
ele pode? Pelo CC não. Mas pelo STJ o filho pode sempre impugnar a paternidade,
anular o registro e investigar quem é o verdadeiro pai, ela é imprescritível. Para o STJ
só existe a verdade socioafetiva do pai e a verdade biológica do filho. O pai não pode
impugnar mas o filho sim. Filho investiga a paternidade, anula o registro, e pede a
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
herança do pai biológico. Para o STJ, em qualquer tempo o filho pode anular o registro
para reconhecer os efeitos jurídicos, ganhar herança, nome, pensão. O STJ está errado.

Aula 14 – 20/04 /16.

Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em
testamento.

O reconhecimento do filho não pode ser revogado. Ele faz essa ressalva porque o
testamento, em regra, é revogado. Mas nesse aspecto, na declaração de filiação é
irrevogável. Mais uma vez o CC prioriza o registro.

Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não
poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro. Esse artigo foi feito
para a esposa traída, pois ela não tem que tolerar a convivência com o filho “da
traição”. Responder por abandono afetivo e pagar multa caso a criança não for
visitada.

Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que
o reconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem
melhor atender aos interesses do menor. Princípio dos superiores interesses do
menor. A guarda ficará com aquele cônjuge que atender melhor os interesses do
menor. Esse princípio é o que ordena e instrui a guarda da criança.

Art. 1.613. São ineficazes a condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento do


filho.

Reconhecer o filho é um ato incondicional, não se pode impor termo e prazo para
reconhecer o filho. O reconhecimento é puro e simples, sem imposições de tempo e
condições.

Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o
menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à
maioridade, ou à emancipação.

Ver também artigo 1.601 do CC. Vínculo de parentalidade/de parentesco: pode ser
para reconhecer o pai ou filho. O artigo 1.601 prevê que o pai pode impugnar a filiação
durante toda a vida porque é imprescritível. Porém, o filho tem prazo de 4 anos para
impugnar a sua paternidade, contados a partir da emancipação (16 anos até os 20) ou
a partir da maioridade (18-22). O STJ entendeu que é imprescritível o vínculo de
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
parentalidade do pai para o filho e do filho para o pai. Por isso, esse artigo foi
desconsiderado pelo STJ.

**João Batista Vilella – foi o primeiro a falar sobre a filiação socioafetiva. Procurar
texto desbiologização da paternidade.

Prova: O que vai prevalecer é a existência ou não de socioafetividade, é isso que deve
reger se o vínculo de parentalidade vai prevalecer ou não. Então não é imprescritível
como o STJ diz.

Artigo 26 do ECA: trata da adoção legal. O filho adotivo morre, o pai biológico pode
reconhecer o filho? Não porque o pai era o adotante! Mesmo que não tivesse um pai,
só poderia reconhecer se o morto tivesse descendentes. Ver artigo 48 do ECA. O filho
adotado legalmente não pode anular a adoção. Ele pode investigar os elos dele para
descobrir sua origem, mas não poderá trocar o pai adotante pelo pai biológico. Não
existirão efeitos jurídicos! Então porque o adotante à brasileira (falsidade ideológica)
pode anular os vínculos adotivos e ganhar a herança do pai biológico? Porque não é
a mesma coisa para os dois? Porque esse dispositivo é maltratado pelo STJ. Exemplo:
o pai biológico X morreu e deixou uma herança de 36 milhões, tinha dois filhos
biológicos, que partilharam os bens. 4 anos após a morte do pai apareceu um filho dele
que sempre teve outro pai registral e nunca conviveu com ele. Agora esse filho quer
anular a partilha para ficar com uma parte da herança do pai que nunca foi seu pai. O
STJ decidiu que sim. Mas o professor acha que isso é um absurdo porque o filho
adotado não tem esses direitos e o adotado (artigo 48 do ECA) à brasileira tem.

A única hipótese de o filho ir atrás do pai biológico é se ninguém nunca preencheu o


papel de pai “socioafetivo” ou até mesmo o registral.

Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de
investigação de paternidade, ou maternidade. Qualquer pessoa que tenha interesse
moral ou de cunho material gera legitimidade para contestar a investigação de
paternidade. A ação de investigação de paternidade não deve ser proposta contra o
espólio, deve ser individualmente proposta sobre cada um dos herdeiros e não contra
o espolio ou o inventariante. Se promover contra o espólio não haverá legitimidade.

Art. 1.616. A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os


mesmos efeitos do reconhecimento (nem sempre!!!); mas poderá ordenar que o filho
se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa
qualidade. Se for uma sentença de investigação de paternidade para mero
reconhecimento da paternidade não produzirá todos os efeitos. Este artigo está
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
defasado em função de que se adota o conhecimento do artigo 48 do ECA. A segunda
parte do artigo (em roxo) ainda está válida. Apesar da procedência da ação nem
sempre é conveniente deixar a guarda com aquele que rejeitou a criança.

Art. 1.617. A filiação materna ou paterna pode resultar de casamento declarado


nulo, ainda mesmo sem as condições do putativo. O casamento inválido não altera o
direito dos filhos.

Antigamente, as pessoas eram praticamente obrigadas a fazer DNA (sacralização do


DNA). Artigo 231 do CC e Súmula 301 ou 305 do STJ = a recusa ao exame de DNA faz
presumir a paternidade. Há recusa justa e injusta. Uma coisa é se recusar
simplesmente (presume a paternidade) outra coisa é se opor ao DNA (exemplo da
empresa de engenheiros florestais que faziam exame de DNA – o exame é médico!).
Para acabar com o abuso das investigações de DNA, hoje ninguém é obrigado a fazer
DNA se não houver nenhuma prova contundente acerca da filiação.

ADOÇÃO

Dois artigos em vigor e nove revogados. Porque o CC trata da adoção se o ECA trata da
adoção? A lei que revogou os artigos do CC foi a Lei 12.010/2009, é chamada da “nova
lei de adoção”. Antes de 2009 a adoção era prioridade, qualquer criança que fosse
abandonada seria recolhida pela fase e levada para a adoção. A função do estatuto é
a de reencaminhar os filhos para a sua família e não para a adoção. Se não for possível
recolocar a criança com os pais, deixa com os parentes mais próximos, e somente em
última instância a criança vai para adoção. Porque o CC manteve os dois artigos?

Artigo 1.618 do CC: estabelece que a adoção se faz pelo ECA.

Artigo 1.619 do CC: prevê a adoção de maiores de 18 anos. Pelo CC 1916 era feita por
escritura pública, o que era um problema porque a relação se resumia ao dinheiro. O
CC de 2002 passou a competência de adoção de adultos para o juiz, assim poderá ter
um filtro para ver se a adoção é materialista ou humanitária.

Aula 15 – 25/04/16.

ECA
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
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Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento
familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis)
meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório
elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma
fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.

§ 2º A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento


institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada
necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela
autoridade judiciária.

§ 4º Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai


privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável
ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial.

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em


procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o
art. 22. Se o filho for de rico ele será tutelado na vara de família e não será adotado.
Se for pobre será enviado à adoção pela vara da infância. Os que tem dinheiro jamais
serão adotados e sim tutelados.

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer
deles e seus descendentes.

Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende
para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de
afinidade e afetividade.

O ECA refere a família natural (artigo 25), a família extensa/ampliada (parentes mais
próximos, parágrafo único do artigo 25) e a família substituta. A nova lei da adoção
criou essas situações. Reformulou os propósitos do ECA. A família substituita é a família
da adoção.
60

Direito de Família – Rolf Madaleno.


Pamela Pilar
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais,
conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento,
mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da
filiação. Cópia do CC.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-


lhe ao falecimento, se deixar descendentes. Cópia do CC.

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou


adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos
termos desta Lei. Esta é a adoção formal. A adoção à brasileira é a informal e é crime
de falsidade ideológica, mas depois o crime será relevado porque sua razão é
humanitária, logo não se aplica penalidade nenhuma. As pessoas adotam à brasileira
com muito mais frequência do que se candidatam a uma lista formal, porque o
processo é burocrático, lento. A lentidão é porque a princípio se tenta manter o menor
em sua própria família.

§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por


equipe inter profissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
considerada. A criança e o adolescente sempre são ouvidos, especialmente porque diz
respeito a sua própria vida. O menor precisa ser ouvido. Aqui no brasil não se costuma
ouvir os menores nas questões de guarda. “Selbabetimmung” é o direito de ser ouvido,
o menor deve ser ouvido em qualquer idade e sua palavra será relevante para efeitos
de guarda.

§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu


consentimento, colhido em audiência. Não há nenhum dispositivo semelhante a esse
no CC. O menor pode ser ouvido antes dos 12 anos. A partir dos 12 anos sua declaração
é relevante para a adoção.

§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação


de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências
decorrentes da medida.

A afinidade e a afetividade devem ser sempre encontradas nas decisões acerca do


menor. Ele ficará com quem tem mais afinidade e afeto, isso sempre prevalecerá, não
importa o grau de parentesco. A pessoa precisa ter afinidade com a criança.
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§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma
família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa,
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos
fraternais.

Nunca se separam irmãos. Os irmãos sempre serão adotados em conjunto. Entre o


abandono e a adoção existem o abandono e a guarda. A tutela será no CC. A guarda
será em qualquer hipótese. A guarda é sempre o caminho natural para a adoção. Antes
de adotar é possível manter a guarda, porque ela é um estágio da adoção. A guarda do
ECA sempre que for requerida na infância e na juventude, sempre será para efeitos de
adoção. É possível a adoção pos mortem.

§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de


sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com
o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do
direito à convivência familiar. Quando não é possível manter na família natural ou na
família extensa a criança vai para adoção. Mas entre a criança e essa família deve haver
afetividade e afinidade. Não é possível dar a criança aos primeiros da lista, há um
estágio de afetividade e afinidade. Tem pais que desistem de adotar as crianças.

§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de


comunidade remanescente de quilombo (...). Crianças indígenas e quilombolas são
diferenciadas pelos seus costumes. Em função disso a proposta do ECA é de recolocar
essas crianças na sua própria cultura, e não numa cultura estranha, porque sua
adaptação seria muito mais difícil.

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por
qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça
ambiente familiar adequado. Os assistentes sociais que avaliam se o ambiente é bom
para a criança.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional,


somente admissível na modalidade de adoção. Aqui já se trata da família substituta.
Prioritariamente a adoção deve ser por famílias residentes no Brasil. A adoção por
estrangeiro é excepcional. Só vai para o exterior se não houver nenhum casal de
brasileiros. Existe um projeto de lei que prioriza adoção pelos brasileiros que moram
no exterior.
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Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à
criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
inclusive aos pais.

§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar


ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
estrangeiros. O estrangeiro precisa ficar no Brasil durante o estágio de convivência.

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta


Lei.

§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas


quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. Se essa adoção
é irrevogável porque se considera parcialmente revogável a adoção à brasileira? Não
teria que ser toda a doção irrevogável? Tanto a formal como a informal? Isso é
inexplicável para o professor.

§ 2º É vedada a adoção por procuração. A própria pessoa é que deve adotar.

***Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido,
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. Criança não pode adotar
criança. Um adulto pode adotar um menor.

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. O adotado não pode casar com o pai
biológico.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos


de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
parentes. Hoje a concubina é companheira, unido estavelmente, amante.

§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante,


seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
vocação hereditária. A adoção transformou o filho adotivo num filho normal com
todos os direitos. Se quem morre é o adotante o adotado é herdeiro. Na adoção à
brasileira o filho adotado pode ficar com a herança do pai biológico e no pai adotante.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do


estado civil. A regra da adoção é que ela seja unilateral. A única hipótese de adoção
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bilateral é se as pessoas que vão adotar são casadas ou vivem em união estável.
Casamento heterossexual ou homoafetivo.

***§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. Os avós não


podem adotar porque são avós, se adotarem se tornam pais. A partir de 2010
proibiram a adoção por ascendentes e por irmãos.

§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados


civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. A
exceção é a adoção conjunta. Só pode acessa-la nesse artigo. É preciso provar a
estabilidade do relacionamento.

****§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o
adotando. Se a pessoa tem 18 pode adotar criança no máximo de até 2 anos. Se tem
32 o máximo é de 16 anos.

§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar


conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e
afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade
da concessão. Os separados, divorciados ou dissolvidos estavelmente podem adotar.
Podem ser pessoas que começaram a adoção, criaram vínculos com o adotando e no
curso dos vínculos o casal dissolveu. O menor seria frustrado novamente. Para evitar
essa frustração pois já se estabeleceram os vínculos de afetividade, o ECA permite a
adoção. O casal regulamenta a guarda.

§ 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao


adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584
da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.

§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação


de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.
Adoção post mortem. É possível adotar em nome de uma pessoa que já morreu.
Depende do caso. Se a criança está sob a guarda de uma família e um dos cônjuges
morrer antes de conseguir a adoção da criança o outro pode pedir para continuar
adotando no nome da pessoa que já morreu.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando
e fundar-se em motivos legítimos.
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Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não
pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado. Ressalva para a tutela. O
tutor não se compara ao adotante. O tutor não é um pai é só alguém responsável pela
pessoa e pelos bens do menor. Ele não é equiparado ao adotante. O adotante é um
pai e não precisa prestar contas da administração dos bens do seu filho. O tutor que
está representando o tutelado deve prestar contas. Se o tutor quer adotar pode mas
deverá prestar contas.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do


adotando. O adotado tem pais, os pais devem renunciar ao poder familiar para que o
filho possa ser adotado. Os pais podem ser destituídos do poder familiar. Se o poder
familiar é dos pais biológicos não há como incluir novos ascendentes por adoção.

§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos


pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. Se não tem
pais porque são desconhecidos, ou não tem registro ou foram destituídos do poder
familiar está dispensada a autorização desses pais.

§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também


necessário o seu consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou


adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as
peculiaridades do caso.

§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a


tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. Toda adoção precede de um estágio
de convivência, a criança precisa se adaptar com a nova família. Os peritos e o juiz
fiscalizam. É dispensado esse estágio se já teve a guarda antes.

§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do


estágio de convivência. Guarda de fato é ter a criança na sua posse.

§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o


estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30
(trinta) dias. Os estrangeiros vêm para o Brasil para o período de adaptação.

§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a


serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos
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técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência
familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do
deferimento da medida. O estágio é monitorado pelos técnicos do juiz.

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. O máximo que o adotado pode ter é o
conhecimento de sua origem. Por saúde ou mera curiosidade, mas isso nunca terá
efeitos porque o direito de família foi despatrimonializado com a CF/88.

Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao


adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e
assistência jurídica e psicológica

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um


registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de
pessoas interessadas na adoção. Cadastro de crianças e de candidatos à adoção. O
cadastro é municipal, estadual e nacional. Começa sempre pelo municipal e vai indo
até achar um. Também existe o cadastro dos estrangeiros que é específico para eles.

Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal


postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2
da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à
Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo
no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho
de 1999. Estrangeiro é considerado quem mora no exterior, sendo brasileiro ou não.
Se o brasileiro mora no exterior é considerada adoção estrangeira e não brasileira. A
mudança que querem fazer é justamente para que essa adoção seja considerada
brasileira.

Aula 16 – 27/04/16.

ECA: artigo 48. O filho adotivo (formal) é irreversível e irrevogável. Sobre o pai
biológico é possível fazer a investigação da origem biológica e a investigação de
paternidade. Não são iguais. O filho adotivo do ECA só tem direito a fazer a
investigação de origem biológica, que não gera efeitos jurídicos. Não tem direito a
investigar a paternidade.
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E se o filho adotivo (formalmente, do ECA) foi fruto de uma inseminação artificial?
Também não pode investigar a paternidade. Terá pai socioafetivo e registral, com
direito a investigar a sua origem.

Então porque o filho da adoção à brasileira tem o direito a investigar a paternidade?


Porque o STJ decidiu em 2014. Para o professor, a adoção à brasileira é um ilícito.
Quem adotou ilicitamente não pode anular porque estaria agindo contra sua própria
torpeza. Os filhos da adoção à brasileira têm direito a investigar a paternidade. O
adotado à brasileira não participou do processo de adoção e não opinou. Artigo 1.609,
parágrafo único, do CC: o STJ nunca interpretou por esse ângulo.

Órfãos (pais adotivos morreram) também não podem procurar seus pais biológicos.
Eles entrarão na fila da adoção novamente.

*A pesquisa para descobrir a origem pode ser feita antes dos 18 anos,
excepcionalmente, se a pessoa pedir ao juiz. Motivos: anulação de casamento, saúde.
O direito à busca pela origem é um direito absoluto, não encontrando barreiras.

PODER FAMILIAR – RESPONSABILIDADE PARENTAL.

Era chamado de pátrio poder, porque o poder era só do pai, não tinha direito somente
obrigações. Há polêmica quanto a manutenção desse termo. O nome não é adequado,
porque hoje não são só poderes e sim obrigações. O nome deveria ser
responsabilidade parental ou responsabilidade dos pais. O sentido literal da expressão
poder, que deve ser interpretado como responsabilidade está no artigo 227 da CF/88.
A responsabilidade não é somente dos pais e da família, é também do Estado e da
sociedade como um todo. Na Argentina se o pai não pagar pensão o Estado paga e tem
direito regressivo contra o devedor.

Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Poder dos
pais, que se traduz em responsabilidade dos pais. Muito mais obrigações do que
direitos. Mesmo se estiverem separados. Ver artigo 1.579 do CC.

Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos
pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. O
poder familiar é de ambos os pais. Falta em que sentido: o pai/mãe morreu; o pai/mãe
nunca registrou o filho; o pai/mãe foi destituído do poder familiar.

Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é


assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
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Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não
alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros
cabe, de terem em sua companhia os segundos. Semelhante ao 1.579, 1.588.

Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da
mãe; se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.
Ambos têm o poder familiar. O tutor é para o menor que tem dinheiro. Se a mãe ou o
pai não tem capacidade, nomeia-se um curador para cuidar do dinheiro do filho e da
mãe. Pessoas maiores não tem tutor. Então o professor acha que o termo seria um
curador para os dois.

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o
pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:

I - Dirigir-lhes a criação e a educação; Obrigação dos pais. Educação de casa e


educação formal (escola, faculdade, profissão).

II - Exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; aqui o


legislador criou somente dois tipos de guarda. Unilateral com compartilhamento de
responsabilidades é a guarda ideal.

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; a partir dos 16 anos


ambos os pais devem consentir.

IV - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; para


viajar pelo Brasil não precisa de autorização dos pais. Para viajar para o exterior com o
filho, um dos cônjuges pode autorizar o outro para que não ocorra sequestro
internacional. Agora consta no passaporte que o filho pode viajar acompanhado dos
cônjuges para fora do país.

V - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência


permanente para outro Município; Só o fato de autorizar uma guarda compartilhada
(física ou jurídica) faz com que o cônjuge fique prisioneiro do município onde mora.
Para se mudar de residência precisa de autorização do outro cônjuge.

VI - Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais


não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; é direito dos
pais nomear um tutor para o filho que for órfão de ambos os pais, ou o filho que tem
somente um genitor, ou que um dos genitores perdeu o poder familiar. É possível fazer
isso por testamento ou qualquer outro documento autêntico.
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VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento;

VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; qualquer pessoa pode deter a


criança. Fazer ação de busca e apreensão da criança.

IX - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade
e condição.

Aula 17 – 02/05/16.

SUSPENSÃO OU EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR.

Suspensão, extinção ou destituição do poder familiar.

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

I - Pela morte dos pais ou do filho; as causas de extinção são motivos naturais, não é
por imposição ou intervenção do judiciário. É apenas porque os fatos levam à extinção
do poder familiar. Morrer ambos os pais. Se morre um o poder familiar fica com o
outro. Extinção não é o mesmo que perda. A perda do poder familiar ocorre pela
intervenção da justiça.

II - Pela emancipação, nos termos do art. 5º parágrafo único; a emancipação nos


retira a condição de menores. Quando nos tornamos maiores o poder familiar
desaparece. A emancipação deve ser por iniciativa dos pais. Os dois devem concordar
com a emancipação. Se houver divergência entre os pais o juiz decidirá. Se faz a
emancipação por escritura pública.

III - Pela maioridade;

IV - Pela adoção; continua o poder familiar em relação aos pais adotivos. A extinção se
dá apenas na direção dos pais biológicos, que foram destituídos do poder familiar
porque outros tomaram o seu lugar de pai. Adoção bilateral: as pessoas devem ser
casadas ou unidas estavelmente.

V - Por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

Isso é uma intervenção judicial. É uma perda. Não é uma extinção!


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Extinção/Suspensão/Perda.

Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável,
não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder
familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro.

Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste artigo aplica-se ao pai ou à mãe
solteiros que casarem ou estabelecerem união estável. O fato de casar novamente
não importa na perda do poder familiar.

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança
do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à


mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a
dois anos de prisão. ** ESTÁ REVOGADO PELO LEI Nº 12.962/ 2014: Altera o ECA para
assegurar a convivência da criança e do adolescente com os pais privados de liberdade.

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I - Castigar imoderadamente o filho; Lei da palmada/Lei Bernardo. Pode castigar com


“castigos e proibições”, mas não pode castigar fisicamente.

II - Deixar o filho em abandono; abandono material (não pagar pensão alimentícia)


também é crime; abandono afetivo (passível de indenização – reparação do abandono
do dever de cuidado, de ignorar a existência do filho. Não é do dever de amar, amar
deve acontecer de forma natural. Não se pode impor a ninguém o amor). Abandono
físico – voluntário ou involuntário. Qualquer tipo de abandono que importe em algum
tipo de dano para a criança.

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; exemplo: mãe que coloca a
filha na prostituição. A mãe praticar prostituição na frente dos filhos. Os pais devem
ter um comportamento probo, educado, civilizado.

IV - Incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente (1.637). Uma


vez feito o pai/mãe pode ser suspenso. Depois pode perder pela reiteração desses
atos.

P1 até aqui! Só o direito pessoal de família.

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