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GESTÃO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS

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Caro(a) aluno(a),

A Faculdade Anísio Teixeira (FAT), tem o interesse contínuo em


proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes
que conduzem ao conhecimento.

Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional


para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo,
produzem cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito
às informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.

Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,


totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construtor melhor
para os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.

Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe
docente da Faculdade Anísio Teixeira (FAT).

Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio
de suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e
síntese dos saberes.

Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o


equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!

Atenciosamente,

Setor Pedagógico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS ACERCA DA GESTÃO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS .............. 5


CONCEITOS E DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS LÍQUIDOS ......................................................... 10
SISTEMA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS ........................................................ 15
PROCESSOS FÍSICOS................................................................................................................. 16
PROCESSOS QUÍMICOS ............................................................................................................ 16
PROCESSOS BIOLÓGICOS ....................................................................................................... 17
SISTEMA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS PERCOLADOS ............................. 17
LAGOA REGULADORA DE VAZÃO ....................................................................................... 17
LAGOAS ANAERÓBIAS I E II................................................................................................... 18
LODOS ATIVADOS .................................................................................................................... 18
TANQUE DE CLARIFICAÇÃO.................................................................................................. 18
TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO ........................................................................................... 18
BAGS ............................................................................................................................................ 18
DESINFECÇÃO POR RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA ............................................................. 18
GESTÃO TECNOLÓGICA DE ESGOTOS, LODO DE ESGOTOS E LEXIVIADOS ............... 19
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS ESGOTOS ........................................................................... 25
MATÉRIA SÓLIDA TOTAL ....................................................................................................... 25
TEMPERATURA ......................................................................................................................... 26
ODOR ........................................................................................................................................... 27
COR E TURBIDEZ ...................................................................................................................... 27
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS .................................................................................................. 27
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS ............................................................................................. 30
TRATAMENTO E MANEJO DE ESGOTOS ................................................................................. 30
OPERAÇÕES UNITÁRIAS E GRAU DE TRATAMENTO DOS ESGOTOS SANITÁRIOS .. 34
CONCEITOS E MÉTODOS DE TRATAMENTO ...................................................................... 38
TRATAMENTO AVANÇADO DE ESGOTOS SANITÁRIOS.................................................. 39
OPERAÇÕES FÍSICAS UNITÁRIAS ......................................................................................... 41
TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DE LODO DE ESGOTO .......................................................... 43
OPERAÇÕES E PROCESSOS UNITÁRIOS DE TRATAMENTO DO LODO............................. 47
ADENSAMENTO DO LODO...................................................................................................... 48
COMPOSTAGEM ........................................................................................................................ 50

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CONDICIONAMENTO ............................................................................................................... 52
DESIDRATAÇÃO ........................................................................................................................ 52
DISPOSIÇÃO FINAL DO LODO ................................................................................................ 55
AGRICULTURA .......................................................................................................................... 57
TECNOLOGIAS PARA O TRATAMENTO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS ............................. 59
PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES .................................................................... 60
PROCESSOS QUÍMICOS E FÍSICO-QUÍMICOS...................................................................... 60
PROCESSOS FÍSICOS................................................................................................................. 60
PROCESSOS BIOLÓGICOS ....................................................................................................... 61
RESÍDUOS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA ....................................................... 64
GERENCIAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO
HUMANO ............................................................................................................................................. 67
DETECÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E REMOÇÃO DE PROTOZOÁRIOS ..................................... 78
PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO: REMOÇÃO DE CÉLULAS DE
CIANOBACTÉRIAS E CIANOTOXINAS ..................................................................................... 81
CONTROLE DE AGROTÓXICOS EM ÁGUA DE ABASTECIMENTO ..................................... 83
GOSTO E ODOR NA ÁGUA POTÁVEL ....................................................................................... 90
DIRETRIZES NACIONAIS PARA O SANEAMENTO BÁSICO ................................................. 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 100

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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS ACERCA DA GESTÃO DE RESÍDUOS
LÍQUIDOS

Nem todo lixo é sólido. Pois é! Uma grande quantidade de água contendo os mais
diferentes resíduos, tais como, restos de combustíveis, corantes e outras substâncias tóxicas, é
diariamente descartada, haja vista que, esses resíduos são geralmente provenientes de atividades
industriais, mas, também domésticas contendo elementos tóxicos que acabam sendo lançados
no meio ambiente.
Em sendo, é importante conhecer os procedimentos corretos para gerenciamento e
descarte destes resíduos, já que eles podem causar danos ao solo, às plantas, à água e aos
animais. Essas águas contaminadas são denominadas efluentes líquidos, que precisam receber
tratamento adequado para que não contaminem o ambiente, principalmente os corpos d’água.
Contemporaneamente, um dos maiores desafios da humanidade é conservar e manter
as reservas de água e no Brasil não é diferente, apesar da grande disponibilidade de água
existente em todo o território nacional.
Contudo, a distribuição da água é desigual, no território brasileiro, sendo que 80% do
total dela localiza-se na região amazônica e apenas 20% encontra-se distribuída pelo restante
do território nacional. Assim, de acordo com SETTI et al (2012). a gestão racional desse recurso
torna-se imprescindível para todo planeta. Neste quadro insere-se a população brasileira que se
encontra em grande parte concentrada no litoral do país e necessita desse recurso.
Isto porque, vivemos num ecossistema no qual os recursos são limitados, mas cujo
crescimento do consumo desses recursos é ilimitado e onde os recursos existentes são
fortemente interrelacionados e interdependentes.
Uma postura exaustivamente consumista e descartável poderá, inevitavelmente,
comprometer a qualidade de vida da espécie humana e das demais espécies, haja vista que, o
uso inadequado dos recursos hídricos, por causa do desenvolvimento de atividades agrícolas e
industriais, juntamente com fatores relativos à urbanização desordenada e ao crescimento
populacional, vem provocando uma poluição de mananciais superficiais (SILVA, et al., 2012)
e algumas vezes do solo.
A utilização da água para abastecimento traz, entre outras coisas, como consequência,
a geração de esgotos sanitários, resultando em inúmeros impactos sobre o ambiente natural. A

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origem de efluente pode ser, além de doméstica, pluvial e industrial. Um dos maiores fatores
de degradação da qualidade da água é justamente a poluição resultante do lançamento dos
esgotos sanitários coletados em corpos d’água, o que justifica a necessidade do tratamento
desses, de modo a reduzir a carga poluidora antes de sua disposição final. As diversas
utilizações da água, em média 80%, resultam em esgoto (MANUAL DE IMPACTOS
AMBIENTAIS, 2018), seja ele de origem doméstica, hospitalar, industrial, entre outros.
Segundo dados do IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2014),
no ano de 2013, o volume de esgoto coletado por dia era de 14.570.079 m3 e deste montante,
mais de 65% não passava por nenhum tipo de tratamento.
Nesse sentido, de acordo com APARECIDA et al (2014) nenhuma atividade humana
poderá prescindir de três referências básicas: o ambiente, a questão do desperdício e a educação.
Todavia, estudos indicam que este é exatamente o ponto dos problemas de escassez
hídrica no Brasil: a combinação entre o crescimento exagerado das demandas localizadas e a
degradação da qualidade das águas que, segundo SETTI et al (2012), esse quadro se dá em
decorrência dos processos desordenados de urbanização, industrialização e expansão agrícola.
Nesse sentido, MORAES e JORDÃO (2012) enfatizam que os ambientes os quais
possuem água são utilizados em todo o mundo com distintas finalidades, em que se pode
destacar o abastecimento de água (doméstico e industrial), a geração de energia, a irrigação, a
navegação, pesca, entre outros. FOSTER (2013) destaca que os recursos hídricos, tanto
superficiais como subterrâneos, tornam-se cada vez mais escassos.
Assim, por mais que as águas subterrâneas sejam a maior reserva de água doce do
planeta e, também possuam proteção aos impactos danosos, podem ocorrer danos ao bem por
ação antrópica na superfície terrestre. Então, a respeito da emissão de efluentes, deve-se possuir
uma percepção ambiental sobre o tema. A percepção ambiental, segundo de FERNANDES et
al. (2010), pode ser definida como sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo homem,
ou seja, o ato de perceber o ambiente que se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do
mesmo. O crescente aumento da população humana faz com que se eleve cada vez mais a
pressão sobre os recursos hídricos (SANTOS et al., 2010). Segundo a Agência Nacional de
Águas (ANA, 2009), existe grande preocupação de que produções, como as agrícolas, realizem-
se de forma sustentável e em harmonia com as demais cadeias produtivas. As práticas de manejo
sustentáveis possibilitam a preservação do meio ambiente; por exemplo, é recomendada a
redução no uso da água, uma vez que essa demanda está crescendo.
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Não obstante, a própria natureza tem a capacidade de decompor a matéria orgânica
presente nas águas, porém no caso do esgoto, que é um efluente produzido em grande
quantidade, é fundamental que o seu tratamento seja realizado em uma Estação de Tratamento
de Esgoto (ETE), que reproduz o processo da natureza de forma mais rápida e eficaz.
Entretanto, os danos ambientais causados pelas catástrofes que ocuparam a mídia,
nestes últimos anos, mostram-se insignificantes, quando comparados aos danos cumulativos,
na maioria das vezes, imperceptíveis, provocados pela grande quantidade de poluentes menores
disponibilizados ao meio ambiente de maneira constante e gradativa, através do descarte de
resíduos no meio ambiente.
Outra questão é o manejo dos resíduos líquidos de serviços de saúde que compreende
uma série de etapas que devem ser cumpridas rigorosamente visando evitar riscos de
contaminação e intoxicação dos ecossistemas, haja vista que, a deposição desses efluentes nos
corpos d’água ao longo do tempo, sem um tratamento que neutralize ou minimize os efeitos
danosos, intensifica o risco de contaminação. As etapas do manejo compreendem desde a
segregação, o acondicionamento, a identificação, o armazenamento, o transporte, o tratamento
e a destinação final. A realização inadequada de uma das etapas compromete toda a cadeia do
manejo gerando ineficiência da destinação dos resíduos líquidos perigosos que compreendem
as substâncias químicas tóxicas, corrosivas, oxidantes, solventes orgânicos, redutoras e
carcinogênicas, e os efluentes líquidos dos equipamentos automatizados das análises
bioquímicas, estes devem sofrer um tratamento de abrandamento dos seus efeitos deletérios que
garantam a minimização dos riscos envolvidos com o manejo dos resíduos líquidos perigosos.
No Brasil, atualmente, são coletados 70 milhões de toneladas de RSU, dispostos em
aterros sanitários ou, ainda, em vazadouros, 42% (ABRELPE, 2017) constituídos
espontaneamente em vários municípios, e locais inadequados, desprovidos de planejamento e
adequação às normas técnicas vigentes, o que provoca a contaminação do ar, do solo e dos
corpos hídricos. Não é raro a presença de descarte em rios urbanos (ABRELPE, 2017) e em
pontos específicos nas cidades em que a coleta pública é prejudicada pelas dificuldades de
acesso, como ocorre nas favelas cariocas localizadas em áreas de encosta.
Como salienta PIMENTEIRA (2011), o chorume, principal subproduto da
decomposição do lixo e principalmente da sua componente orgânica, quando não tratado e
disposto de forma adequada, resulta em uma das mais graves causas de poluição do solo,
chegando a afetar o lençol freático e, consequentemente, os mananciais de águas subterrâneas
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(GOUVEIA, 2012). A percolação do chorume (sua penetração no subsolo) pode ocorrer por
conta de uma disposição final inadequada, como é o caso dos lixões a céu aberto (GOUVEIA,
2012).
As descobertas dos inúmeros danos ambientais resultantes das práticas inadequadas
das disposições dos resíduos têm aumentado o conhecimento e a preocupação da população do
planeta sobre esta questão. Nas últimas décadas, estas preocupações têm sido manifestadas e
concretizadas, através da promulgação de uma série de legislações federais, estaduais e
municipais.
Assim, os problemas passaram a exigir soluções práticas e de acordo com OTIS
(2012), somente com um sistema de gestão efetiva é possível assegurar um nível de proteção
ambiental e saúde pública para toda uma comunidade. A melhor delas é a criação de um sistema
de gestão de efluentes líquidos, cuja atenção se volta para as entradas e saídas do sistema,
possibilitando o controle e a autorregulação do sistema que a adotar. Desta forma a norma
proposta pela ISO 14000 que foi adotada por todos os países tornou-se um exemplo a ser
seguido por empresas ou instituições preocupadas com o meio ambiente.
Em um mercado globalizado, competitivo, consumidores, cada vez mais exigentes e
alicerçado por uma legislação comprometida com os anseios sociais futuristas, a gestão
ambiental passou a ter caráter marcante e decisivo na escolha de produtos. Empresas
tecnológica e culturalmente habilitadas no efetivo controle dos seus processos, apresentam seus
custos reduzidos, uma vez que consomem menos matéria-prima e insumos, geram menos
subprodutos, reutilizam, reciclam, lucram com seus resíduos e gastam menos com o manejo e
controle da poluição e recuperação ambiental. As empresas ganham competitividade, por meio
da gestão ambiental, tanto para a sua sobrevivência no mercado internacional, quanto para
controle dos aspectos ambientais, garantindo a sustentabilidade do processo de
desenvolvimento e, consequentemente, a melhoria da qualidade ambiental e de vida da
população.
Com a legislação ambiental cada vez mais rígida, os prejuízos advindos de seu não-
cumprimento podem apresentar um custo muito elevado aos infratores. Paralelamente, a
conscientização do consumidor impulsiona-os a adquirir produtos que sejam considerados
“verdes/limpos”, “ambientalmente corretos”, ou seja, produtos que, além de apresentarem boa
qualidade, possuam uma linha de produção que não gera comprometimento ambiental. Esses

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aspectos vêm incentivando, a cada dia, a indústria a procurar sistemas eficazes que provoquem
a redução de seus impactos ambientais, com custo de mercado compatível (MACÊDO, 2010).
JARDIM et al (2015) citam que o aumento da população mundial implica no aumento
do uso das reservas do planeta, da reserva de produção de bens e também da geração de lixo.
Segundo PAULELLA e SCAPIM (2016), “... tanto nos países industrializados, como
nos países em desenvolvimento, aumenta, ano após ano, a quantidade de resíduos e de produtos
que se tornam lixo, e apenas o Japão e a Alemanha têm diminuído a quantidade de lixo por
habitante”.
Trabalhos apontam o aumento do volume do lixo sem tratamento, no Brasil, e a
elevação de seu teor tóxico. Esta situação tem sido comparada a uma bomba relógio, que poderá
explodir, a qualquer momento. Os resíduos sólidos têm recebido tratamento de segunda
categoria e ainda não existe vocação e uma consciência política dos governantes, parlamentares
e demais autoridades, efetivamente comprometida com a implementação de políticas
preventivas e corretivas (BARROS, 2012). E com os resíduos líquidos tem sido pior.
O descarte de resíduos líquidos na natureza deve obedecer à resolução 20/86 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que classifica os tipos de efluente e o seu
destino mais adequado, chamados de corpos de água.
Segundo a classificação, os efluentes devem ser lançados nos corpos de água quando
estiverem tão limpos ou mais quanto o seu destino, que geralmente são os rios. Os corpos de
água que fornecem água para abastecimento têm uma classificação especial, por isso eles nunca
devem receber efluentes, ainda que tratados.
O tratamento dos resíduos líquidos de origem doméstica normalmente passa por um
processo de quatro ou cinco etapas. Basicamente, uma ETE faz a remoção de sujeiras sólidas e
visíveis, como garrafas, latas e objetos.
Em seguida são retidas a areia e terra contidas no volume líquido e é feita a
sedimentação das partículas em suspensão, que formam um lodo acumulado no fundo do
decantador. Esse lodo é encaminhado para outro processo de tratamento para ser usado como
adubo ou na geração de energia.
Por fim, as outras duas etapas do processo são para diminuir a carga poluidora do
esgoto. Com a ajuda de microrganismos que se alimentam da matéria orgânica, eles são os
responsáveis pela grande redução da carga poluidora do esgoto. Nessa fase, cerca de 90% das
impurezas são eliminadas.
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A água resultante deste tratamento é imprópria para consumo, mas pode ser reutilizada
na limpeza de ruas ou para regar plantas e jardins. O processo de gerenciamento é caro e
demorado, mas traz bons resultados quando consideramos as consequências do seu lançamento
nos rios se não fosse o tratamento.
O gerenciamento e descarte de resíduos líquidos provenientes das indústrias é um
processo mais complexo e, portanto, mais caro. Algumas fábricas e indústrias geram resíduos
líquidos químico-tóxicos com elementos como ácidos, cianetos, metais pesados e emulsões
oleosas.
Considerando as diferentes atividades industriais e processos de produção realizados
por elas, entendemos que existem diversos tipos de efluentes industriais com diferentes
composições físicas, químicas e biológicas.
Dessa forma, os níveis de impacto desses resíduos líquidos sobre o meio ambiente
também é variante. De um modo geral, as indústrias devem ser mantidas sob um rígido controle
de identificação e tratamento adequado de seus efluentes.
A disponibilização de um sistema de gerenciamento, tratamento ou condicionamento
dos resíduos industriais que serão depositados na natureza é de responsabilidade da própria
indústria.
Quando não realizado corretamente, o descarte de resíduos líquidos afeta a composição
do meio ambiente, contaminando o solo e a água, ou seja, ameaçando a própria existência
humana.

CONCEITOS E DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS LÍQUIDOS


A Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos)
apresenta o seguinte conceito:
“Art. 3° Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se
está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;”

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Segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT-NBR
9648/86) os resíduos líquidos ou esgotos sanitários são definidos como: “o despejo líquido
constituído de esgoto doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição parasitária”.
 Esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do uso da água para higiene e
necessidade fisiológicas humanas.
 Esgoto industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados
os padrões de lançamento.
 Água de infiltração é toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema
separador e que penetra nas canalizações.
 Contribuição parasitária é a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente absorvida
pela rede de esgoto sanitário.
Podemos também citar, literalmente, a definição da ABNT NBR 10.004/2004:
3 Definições
Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes definições:
3.1 resíduos sólidos: Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços
e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Quanto a sua classificação HOAG, (2008, p. 25) indica que as águas residuárias podem
ser de três tipos:
 Rejeições de origem doméstica (as águas que provêm das cozinhas, as rejeições que
resultam das atividades de lavanderia e para higiene dos pacientes e funcionários);
 Rejeições industriais (as águas que provêm das garagens e locais de manutenção, que
contêm geralmente um volume importante de óleos e de detergentes);
 Efluentes gerados pelas atividades hospitalares, de análise e de investigação, que são
muito específicas aos hospitais. Estas rejeições podem conter produtos químicos e
radioativos, líquidos biológicos, excreções contagiosas de resíduos de medicamentos
eliminados nos excrementos dos pacientes.
A geração de efluentes deve ser controlada, porém se a mesma não pode ser evitada,
tem-se que proporcionar um tratamento adequado dos mesmos. Há diversos tipos de efluentes,
os quais são gerados nos mais diversos tipos de indústrias.

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Já de acordo com UNESP (2018), a coleta e o movimento da drenagem superficial de
águas pluviais, esgotos sanitários e despejos industriais exige a solução de problemas de
natureza diferente dos existentes no sistema de abastecimento de água. Os esgotos domésticos,
por exemplo, que se constituem das águas servidas, provenientes da utilização da água potável
em zonas residenciais e comerciais, devem ser coletados e removidos para suas áreas de
disposição final ou tratamento, o mais rápido possível, a fim de que se possa evitar o
desenvolvimento de suas condições sépticas.
De acordo com JORDÃO (2015), a palavra esgoto costuma ser usada para definir tanto
a tubulação condutora das águas servidas de uma comunidade, como também o próprio líquido
que flui por estas canalizações. Hoje este termo é usado quase que apenas para caracterizar os
despejos provenientes das diversas modalidades do uso e da origem das águas, tais como as de
uso doméstico, comercial, industrial, as de utilidades públicas, de áreas agrícolas, de superfície,
de infiltração, pluviais, e outros efluentes sanitários.
Os esgotos costumam ser classificados em dois grupos principais: os esgotos sanitários
e os industriais. Os primeiros são constituídos essencialmente de despejos domésticos, uma
parcela de águas pluviais, águas de infiltração, e eventualmente uma parcela não significativa
de despejos industriais, tendo características bem definidas.
Os esgotos domésticos ou domiciliares são provenientes, principalmente de
residências, edifícios comerciais, instituições ou quaisquer edificações que contenham
instalações de banheiros, lavanderias, cozinhas, ou qualquer dispositivo de utilização da água
para fins domésticos. Compõem-se essencialmente da água de banho, urina, fezes, papel, restos
de comida, sabão, detergentes, águas de lavagem.
Os esgotos industriais, extremamente diversos, provêm de qualquer utilização da água
para fins industriais, e adquirem característicos próprias em função do processo industrial
empregado. Assim sendo, cada indústria deverá ser considerada separadamente, uma vez que
seus efluentes diferem até mesmo em processos industriais similares (JORDÃO e PESSOA,
2015).
Assim, os despejos industriais constituídos pelas águas servidas provenientes das
indústrias podem, em muitos casos, apresentar produtos químicos que impossibilitam a sua
coleta no mesmo sistema empregado para os aspectos sanitários.
Em sendo, os sistemas de coleta e remoção de resíduos líquidos (também chamado de
esgoto ou águas servidas) podem ser classificados de acordo com a composição ou espécies das
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águas a esgotar, tomando designações especiais, como: pluviais (águas pluviais); combinado
(sanitário + pluvial); cru (sem tratamento); sanitário (água usada para fins higiênicos e
industriais); sépticos (em fase de putrefação); fresco (recente, ainda com oxigênio livre).
Existem soluções para a retirada do esgoto e dos dejetos, havendo ou não água encanada.
Os resíduos líquidos, também são chamados de lexiviados e variam de local para local,
dependendo:
 Do teor em água dos resíduos;
 Do isolamento dos sistemas de drenagem;
 Do clima (temperatura, pluviosidade, evaporação);
 Da permeabilidade do substrato geológico;
 Do grau de compactação dos resíduos;
 Da idade dos resíduos;
Segundo a Resolução RDC Nº 306/2004, Cap. VI: 11.21; “Os resíduos químicos dos
equipamentos automáticos de laboratórios clínicos e dos reagentes dos laboratórios clínicos,
quando misturados, devem ser avaliados pelo maior risco ou conforme as instruções contidas
na Ficha de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) e tratados conforme o 11.18.3”.
Item 11.18.3
Resíduos no estado líquido podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo
receptor, desde que atendam respectivamente as diretrizes estabelecidas pelos órgãos
ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes (RDC Nº
306/04).

Em sendo, quanto ao uso da água pela indústria, esta pode ser de diversas maneiras:
 na incorporação ao produto;
 nas lavagens de máquinas;
 nas tubulações e pisos;
 nos sistemas de resfriamento e geradores de vapor;
 no próprio processo industrial;
 nos vasos sanitários.
Após utilizada, essa água não necessita de tratamento final somente quando é
incorporada aos produtos ou evaporada. Nos demais casos, os efluentes líquidos industriais ou
água resíduária precisam ser tratados, uma vez que são contaminados com os resíduos dos
processos produtivos e, quando não há o tratamento adequado, esses efluentes causam poluição
se forem despejados diretamente nos corpos hídricos.

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O despejo de efluentes, principalmente industriais e domésticos, em recursos hídricos,
está diretamente ligado à definição de sustentabilidade. Dentre os principais fatores de
degradação da qualidade da água fluvial, pode-se destacar a poluição ocasionada pelo
lançamento de esgotos oriundos dos mais diversos meios em corpos receptores.
A disposição inadequada de efluente no meio ambiente pode propiciar a contaminação
do solo e dos recursos hídricos, vinculado a isso, algumas culturas agrícolas, animais e a biota
podem vir a ser afetados. Para que os efluentes sejam lançados no meio ambiente ou
reutilizados, os mesmos devem atender a padrões estipulados por normas, legislações,
resoluções, entre outros. Em nível nacional há a Resolução CONAMA nº 357/2005, que dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Esta resolução segue o
procedimento reportado em Métodos Padrão para Exame de Águas e Rejeitos (Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater) e estabelece limites máximos para os
diferentes poluentes nos corpos d´água. Esta legislação estabelece o valor de 0,5 mg/L para o
limite máximo de fenóis nos corpos de água.
O tratamento de efluentes industriais ideal é indicado de acordo com a carga poluidora
e presença de contaminantes. Apenas especialistas podem avaliar e realizar a coleta de amostras
para análise de diversos parâmetros que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos
efluentes.
Assim, com relação ao conhecimento da natureza do efluente, esse é essencial tanto
para o projeto e análise de instalações de tratamento como para a tomada de decisão em relação
a uma fonte considerada poluidora. Os principais parâmetros físico-químicos e/ou biológicos
normalmente analisados conforme as características da fonte são:
 sólidos totais;
 fixos;
 voláteis;
 em suspensão;
 dissolvidos e sedimentáveis;
 temperatura;
 cor;
 odor;
 turbidez;
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 demanda bioquímica de oxigênio (DBO);
 demanda química de oxigênio (DQO);
 carbono orgânico total (COT);
 pH;
 oxigênio dissolvido (OD);
 metais pesados – chumbo, cromo, cádmio, zinco, ferro, mercúrio, etc;
 gás sulfídrico;
 metano;
 nitrogênio;
 fósforo;
 óleos e graxas (O & G);
 cloretos;
 sulfatos; compostos
 tóxicos (cianetos e cromatos);
 fenóis;
 agentes tensoativos – ABS, LAS;
 microorganismos – coliformes fecais e totais, em geral;
 vazão do efluente.
Normalmente um subconjunto destes parâmetros é utilizado para caracterizar o
efluente de determinada empresa ou setor. As análises necessárias para conhecer cada
parâmetro são realizadas em laboratórios especializados, normalmente utilizando
procedimentos padronizados segundo o Standard Methods (AWFAWWA-WEF, 2008).

SISTEMA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS


Com relação aos tratamentos de efluentes, os mesmos podem ser: tratamento primário,
secundário e terciário:
 No tratamento primário separa-se a água dos materiais poluentes a partir da
sedimentação nos equipamentos, através de ação física. Pode, em alguns casos, ser
ajudado pela adição de agentes químicos que através de coagulantes e floculantes
possibilitam a obtenção de flocos de matéria poluente de maiores dimensões e assim
mais facilmente decantáveis;

15
 Após o tratamento primário, a matéria poluente que permanece na água é de reduzidas
dimensões, normalmente constituída por coloides, devido à digestão do lodo, não sendo
por isso passível de ser removida por processo exclusivamente físicos químicos
(SILVA, 2004);
 Já o tratamento secundário é geralmente um processo biológico, do tipo lodo ativado ou
do tipo filtro biológico, onde a matéria orgânica coloidal é consumida por micro-
organismos nos chamados reatores biológicos. Estes reatores são normalmente
constituídos por tanques com grande quantidade de micro-organismos aeróbios,
havendo por isso a necessidade de promover o seu arejamento;
 Terminado o tratamento secundário, as águas residuais tratadas apresentam um reduzido
nível de poluição por matéria orgânica, podendo na maioria dos casos, serem admitidas
no meio ambiente receptor (NEVES, 2004);
 O tratamento terciário tem como objetivo a remoção de poluentes específicos, ou ainda,
remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos no tratamento
secundário.
Os processos de tratamento são classificados ainda em físicos, químicos e biológicos,
conforme a natureza dos poluentes a serem removidos e/ou das operações unitárias utilizadas
para o tratamento.

PROCESSOS FÍSICOS
São os processos que removem os sólidos em suspensão sedimentáveis e flutuantes
através de separações físicas, tais como gradeamento, peneiramento, caixas separadoras de
óleos e gorduras, sedimentação e flotação.
Os processos físicos também removem a matéria orgânica e inorgânica em suspensão
coloidal e reduzem ou eliminam a presença de microrganismos por meio de processos de
filtração em areia ou em membranas (microfiltração e ultrafiltração). Os processos físicos
também são utilizados com a finalidade de desinfecção, tais como a radiação ultravioleta.

PROCESSOS QUÍMICOS
Utilizam produtos químicos em seu processo, tais como: agentes de coagulação,
floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção em diferentes etapas dos

16
sistemas de tratamento. Conseguem remover os poluentes por meio de reações químicas, além
de condicionar a mistura de efluentes que será tratada nos processos subsequentes.
Seus principais processos são:
 Clarificação química (remove matéria orgânica coloidal, incluindo coliformes);
 Eletrocoagulação (remove matéria orgânica, incluindo compostos coloidais,
corantes e óleos/ gorduras);
 Precipitação de fosfatos e outros sais (remoção de nutrientes), pela adição de
coagulantes químicos compostos de ferro e ou alumínio;
 Cloração para desinfecção;
 Oxidação por ozônio, para a desinfecção;
 Redução do cromo hexavalente;
 Oxidação de cianetos;
 Precipitação de metais tóxicos;
 Troca iônica.

PROCESSOS BIOLÓGICOS
O tratamento biológico de esgotos e efluentes industriais tem o objetivo de remover a
matéria orgânica dissolvida e em suspensão ao transformá-la em sólidos sedimentáveis (flocos
biológicos) e gases. Basicamente, o tratamento biológico reproduz os fenômenos que ocorrem
na natureza, mas em menor tempo.
Seus principais processos são:
 Processos aeróbios, que são representados por lodos ativados e suas variantes, tais
como, aeração prolongada, lodos ativados convencionais, lagoas aeradas facultativas e
aeradas aeróbias;
 Processos facultativos, que são realizados pela utilização de biofilmes (filtros
biológicos, biodiscos e biocontactores) e por algumas lagoas (fotossintéticas e aeradas
facultativas). Os biocontactores apresentam também processos biológicos aeróbios;
 Os processos anaeróbios ocorrem em lagoas anaeróbias e biodigestores.

SISTEMA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS PERCOLADOS


LAGOA REGULADORA DE VAZÃO

17
Recebe o chorume drenado das áreas de depósito do aterro sanitário para encaminhá-lo
ao início do tratamento a uma vazão constante.

LAGOAS ANAERÓBIAS I E II
Recebem o efluente da lagoa reguladora e realizam parte do tratamento biológico.

LODOS ATIVADOS
Unidade formada por dois tanques: um de aeração e um decantador.
O tanque de aeração tem a finalidade de desenvolver micro-organismos que tratam o
efluente. Para isso recebe oxigênio de sopradores impulsionados por potentes motores.
O decantador favorece a deposição dos sólidos que formam o lodo, contendo os micro-
organismos gerados no tanque de aeração. Parte do lodo retorna ao tanque de aeração,
potencializando o tratamento, e o restante é destinado aos bags para desidratação.

TANQUE DE CLARIFICAÇÃO
Nessa unidade ocorre a sedimentação do restante dos sólidos contidos no efluente,
tornando-o o mais clarificado possível.

TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO
Produtos químicos são acrescentados para auxiliar no tratamento, gerando uma parte
líquida e também lodo.

BAGS
O lodo gerado no tratamento físico-químico e o lodo descartado do sistema de lodos
ativados são encaminhados para desidratação nos bags, espécie de bolsas que separam os
sólidos dos líquidos, para posterior descarte no aterro sanitário.

DESINFECÇÃO POR RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA


Unidade de desinfecção onde os micro-organismos patogênicos são eliminados.

18
GESTÃO TECNOLÓGICA DE ESGOTOS, LODO DE ESGOTOS E
LEXIVIADOS

Resíduo é tudo aquilo que não foi aproveitado e precisa ser descartado. Ele pode ser
classificado como perigoso; não inerente, ou seja, apesar de o resíduo não ser perigoso ele pode
conter solubilidade em água (capacidade de determinada substância em se dissolver na água);
e inerente, em que a água continuará potável mesmo após ter entrado em contato com o resíduo
líquido.
Os resíduos líquidos podem ser produzidos pela indústria e são resultados pela limpeza
do pátio, pela lavagem de peças e pelo uso de torres de resfriamento, por exemplo.
Já os resíduos líquidos hospitalares são: sangue, resíduos de análises clínicas,
medicamentos vencidos, urina, resíduos assépticos, isto é, materiais usados na limpeza, entre
outros.
Os lixões e os aterros sanitários também são responsáveis pela produção de efluentes
(resíduo líquido resultante de processos industriais) líquidos. Conhecido como chorume, o
líquido poluente de cor escura e de odor forte é gerado da decomposição de restos orgânicos.
Quanto aos esgotos, de acordo com os estudos de WELINGTON FERREIRA
CHAGAS (2010), a palavra esgoto costuma ser usada para definir tanto a tubulação condutora
das águas servidas de uma comunidade, como também o próprio líquido que flui por estas
canalizações. Hoje este termo é usado quase que apenas para caracterizar os despejos
provenientes das diversas modalidades do uso e da origem das águas, tais como as de uso
doméstico, comercial, industrial, as de utilidades públicas, de áreas agrícolas, de superfície, de
infiltração, pluviais, e outros efluentes sanitários.
Os esgotos costumam ser classificados em dois grupos principais: os esgotos sanitários
e os industriais. Os primeiros são constituídos essencialmente de despejos domésticos, uma
parcela de águas pluviais, águas de infiltração, e eventualmente uma parcela não significativa
de despejos industriais, tendo características bem definidas.
Os esgotos domésticos ou domiciliares provém principalmente de residências,
edifícios comerciais, instituições ou quaisquer edificações que contenham instalações de
banheiros, lavanderias, cozinhas, ou qualquer dispositivo de utilização da água para fins

19
domésticos. Compõem-se essencialmente da água de banho, urina, fezes, papel, restos de
comida, sabão, detergentes, águas de lavagem.
De acordo com METCALF e EDDY (2013), o fato do esgoto doméstico constituir uma
excelente e rica fonte de matéria orgânica e nutrientes minerais fez com que deixasse de ser
visto apenas como despejo residual e passasse a ser considerado um recurso hídrico
aproveitável, desde que atenda às exigências sanitárias.
Assim, as técnicas de tratamento visando ao aproveitamento das águas residuárias
domésticas ganharam impulso, principalmente aquelas que aumentam a produção de biomassa
vegetal, a ser utilizada diretamente na alimentação humana ou animal. Uma das técnicas que
têm recebido especial atenção é a de tratamento de esgotos pelo método de escoamento
superficial.
Os esgotos industriais, extremamente diversos, provêm de qualquer utilização da água
para fins industriais, e adquirem característicos próprias em função do processo industrial
empregado. Assim sendo, cada indústria deverá ser considerada separadamente, uma vez que
seus efluentes diferem até mesmo em processos industriais similares (JORDÃO, 1995).
No esgoto bruto, há quantidades substanciais de fósforo, nas formas: orgânica;
inorgânica complexa (polifosfatos), como aquelas utilizadas em detergentes; e ortofosfato
inorgânico solúvel, este como produto final no ciclo do fósforo, a forma mais prontamente
disponível para uso biológico (BLACK, 1980). Durante o processo de tratamento biológico, os
compostos orgânicos são degradados, podendo disponibilizar ortofosfatos solúveis e
polifosfatos que, quando hidrolisados, podem ser convertidos em ortofosfatos. Em um efluente
orgânico bem-estabilizado submetido a tratamento secundário, o ortofosfato é a forma
predominante do fósforo, que pode ser removido por processos de precipitação química ou
absorvido por plantas e microrganismos.
Tão importante quanto o tratamento dado à água para que chegue livre de
microrganismos até o consumidor final, é o tratamento de esgotos e as possibilidades de usá-lo
na agricultura, na piscicultura, na hidroponia.
Assim, caso o descarte desses resíduos líquidos não seja realizado corretamente, pode
acarretar danos para o meio ambiente e para a saúde.
Relembremos que saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar ou
modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a
saúde. Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas
20
há quem inclua o lixo nesta categoria. Outras atividades de saneamento são: controle de animais
e insetos, saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações.
Normalmente qualquer atividade de saneamento tem os seguintes objetivos: controlar
e prevenir doenças, melhorar a qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do
indivíduo e facilitar a atividade econômica.
Contudo, segundo a UNESP (2014), existem três tipos de sistemas de esgotos:
1. Sistema unitário: é a coleta dos esgotos pluviais, domésticos e industriais em um único
coletor. Tem custo de implantação elevado, assim como o tratamento também é caro.
2. Sistema separador: o esgoto doméstico e industrial ficam separados do esgoto pluvial.
É o usado no Brasil. O custo de implantação é menor, pois as águas pluviais não são
tão prejudiciais quanto o esgoto doméstico, que tem prioridade por necessitar
tratamento.
3. Sistema misto: a rede recebe o esgoto sanitário e uma parte de águas pluviais.
Todos esses sistemas são constituídos de canalizações enterradas, geralmente
assentadas com declividades suficientes para o escoamento livre por gravidade.
Ou seja, os sistemas de esgotos existem para afastar a possibilidade de contato de
despejos e dejetos humanos com a população, águas de abastecimento, vetores de doenças e
alimentos. Assim, os sistemas de esgotos ajudam a reduzir as despesas com o tratamento, tanto
da água de abastecimento quanto das doenças provocadas pelo contato humano com os dejetos,
além de controlar a poluição das praias.
Em sendo, o esgoto (também chamado de águas servidas) é classificado de várias
formas e vários tipos por diferentes autores. Assim, LEONETI; OLIVEIRA; OLIVEIRA (2010)
classificam os esgotos em: sanitário (água usada para fins higiênicos e industriais); sépticos (em
fase de putrefação); pluviais (águas pluviais); combinado (sanitário + pluvial); cru (sem
tratamento) e; fresco (recente, ainda com oxigênio livre).
Ainda de acordo com os mesmos autores, o esgoto sanitário é ainda um dos principais
problemas na preservação das águas no Brasil. Em grande parte do país, o esgoto ainda é
lançado diretamente nos corpos de água, gerando problemas de poluição e até de contaminação,
devido à presença de compostos tóxicos e/ou organismos patogênicos.
No ano de 2010, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE,
2010), no Brasil, quase todo o esgoto sanitário coletado nas cidades ainda era despejado in
natura em corpos de água ou no solo, sendo apenas tratado em 20,2% dos municípios.
21
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS, 2014),
em 2013, esta situação pouco se alterou. Apesar do índice médio de atendimento urbano para o
abastecimento de água mostrar um valor relativamente elevado, em torno de 93,1%, o índice
médio de coleta de esgoto sanitário ainda era muito baixo, tendo um índice médio nacional de
48,3%, sendo tratados apenas 32,2% deste esgoto.
Uma solução para a preservação das águas é o investimento em saneamento e no
tratamento do esgoto sanitário coletado. No entanto, a escolha de um sistema de tratamento de
esgoto sanitário a ser instalado em um município deve levar em consideração, além da
adequação técnica do projeto e da aplicação adequada dos recursos financeiros, a eficiência de
remoção de poluentes e matéria orgânica, uma vez que deverá atender aos requisitos ambientais
do local a ser implantado.
Nesse contexto, o saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar ou
modificar as condições do ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.
Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem
inclua o lixo nesta categoria. Outras atividades de saneamento são: controle de animais e
insetos, saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações.
Normalmente, qualquer atividade de saneamento tem os seguintes objetivos:
 controlar e prevenir doenças;
 melhorar a qualidade de vida da população;
 melhorar a produtividade do indivíduo e;
 facilitar a atividade econômica.
Investimentos em saneamento, principalmente no tratamento de esgotos, diminui a
incidência de doenças e internações hospitalares e evita o comprometimento dos recursos
hídricos do município.
A percepção de que a maior parte das doenças é transmitida, principalmente, através
do contato com a água poluída e esgotos não tratados, levou os especialistas a procurarem
soluções integrando várias áreas da administração pública.
Atualmente, emprega-se o conceito mais adequado de saneamento ambiental. Com o
crescimento desordenado das cidades, no entanto, as obras de saneamento têm se restringido ao
atendimento de emergências, como: evitar o aumento do número de vítimas de desabamento,
contornar o problema de enchentes ou controlar epidemias.

22
O saneamento é de responsabilidade do município. No entanto, em virtude dos custos
envolvidos, algumas das principais obras sempre foram administradas por órgãos estaduais ou
federais e quase sempre restritas a soluções para o problema, como enchentes.
Em sendo, ainda que só 0,1% do esgoto de origem doméstica seja constituído de
impurezas de natureza física, química e biológica, e o restante seja água, o contato com esses
efluentes e a sua ingestão é responsável por cerca de 80% das doenças e 65% das internações
hospitalares. Atualmente, apenas 10% do total de esgotos produzido recebem algum tipo de
tratamento, os outros 90% são despejados “in natura” nos solos, rios, córregos e nascentes,
constituindo-se na maior fonte de degradação do meio ambiente e de proliferação de doenças.
Investir no saneamento do município melhora a qualidade de vida da população, bem
como a proteção ao meio ambiente urbano. Combinado com políticas de saúde e habitação, o
saneamento ambiental diminui a incidência de doenças e internações hospitalares. Por evitar
comprometer os recursos hídricos disponíveis na região, o saneamento ambiental garante o
abastecimento e a qualidade da água. Além disso, melhorando a qualidade ambiental, o
município torna-se atrativo para investimentos externos.
Nas obras de instalação da rede de coleta de esgotos poderão ser empregados os
moradores locais, gerando emprego e renda para a população beneficiada, que também pode
colaborar na manutenção e operação dos equipamentos.
De acordo com Ambiente Brasil (2015), conduzido pela administração pública
municipal, o saneamento ambiental é uma excelente oportunidade para desenvolver
instrumentos de educação sanitária e ambiental, o que aumenta sua eficácia e eficiência. Por
meio da participação popular, ampliam-se os mecanismos de controle externo da administração
pública, concorrendo também para a garantia da continuidade na prestação dos serviços e para
o exercício da cidadania.
Ainda segundo Ambiente Brasil (2015), apesar de requerem investimentos para as
obras iniciais, as empresas de saneamento municipais são financiadas pela cobrança de tarifas
(água e esgoto) o que garante a amortização das dívidas contraídas e a sustentabilidade a médio
prazo. Como a cobrança é realizada em função do consumo (o total de esgoto produzido por
domicílio é calculado em função do consumo de água), os administradores públicos podem
implementar políticas educativas de economia em épocas de escassez de água e praticar uma
cobrança justa e escalonada.

23
No processo de tomada de decisão, dentre os critérios frequentemente avaliados, tais
como: eficiência de remoção, necessidade de área, simplicidade do processo, custo econômico
etc., os engenheiros e técnicos responsáveis pelos projetos de estação de tratamento de esgoto
podem divergir entre várias estratégias. Por exemplo, eles podem adotar sistemas que
minimizem o custo total, compreendendo a implantação, operação e manutenção do mesmo, ou
podem adotar sistemas que minimizem os impactos ambientais. Todavia, se não forem levados
em consideração, os vários critérios envolvidos, a interação entre esses tomadores de decisão e
suas respectivas estratégias pode fazer com que a escolha do sistema de tratamento não seja a
mais adequada (LEONETI; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2010).
Outro aspecto é a utilização de esgoto doméstico na agricultura como alternativa para
o controle da poluição do sistema água-solo-atmosfera, disponibilização de água e fertilizantes
para as culturas e aumento da produção agrícola. Entretanto, para que isso possa se tornar uma
prática viável, é preciso aperfeiçoar as técnicas de tratamento, aplicação e manejo de esgoto
doméstico (MATOS, 2014).
O tipo de tratamento dos esgotos domésticos reflete diretamente na característica dos
efluentes e, consequentemente, na sensibilidade ao entupimento dos gotejadores
(YAMAMOTO et al., 2015; CAPRA; SCICOLONE, 2014). Segundo PUIG-BARGUÉS et al.
(2015), esgoto doméstico terciário proporciona menos problemas de entupimento de
gotejadores em relação ao esgoto doméstico secundário.
Entretanto, os trabalhos apresentados por MEDEIROS (2015) indicaram que a
aplicação de esgoto doméstico em condições anaeróbias minimiza o potencial de formação de
biofilme no equipamento de irrigação. A combinação dos agentes físicos, químicos e biológicos
consiste na principal causa de obstrução de gotejadores utilizados na aplicação de esgotos
domésticos (NAKAYAMA et al., 2016).
BATISTA et al. (2013) observaram a formação de biofilme resultante da interação
entre mucilagens bacterianas e algas. As bactérias dos gêneros Clostridium, Bacillus,
Pseudomonase Enterobacterformaram um muco microbiano, no qual se aderiram partículas,
principalmente de origem orgânica, representadas por células de algas vivas ou em
decomposição. As algas predominantes pertenciam aos grupos Cyanophyta (gênero
Chlorococcus), Euglenophyta (gêneros Eu-glenae Phacus) e Chlorophyta (gêneros
Selenastrum, Scenedesmuse Sphaerocystis). Um importante negativo impacto do entupimento

24
de gotejadores consiste na aplicação não uniforme dos esgotos domésticos pelos sistemas de
irrigação por gotejamento (CARARO et al., 2014; FRI-GO et al., 2012).
A avaliação da uniformidade de aplicação é uma atividade imprescindível para obter
o desempenho de sistemas de irrigação por gotejamento (CUNHA et al., 2013). CARARO et
al. (2014) constataram redução de 5 a 28% nos valores de Coeficiente de Variação de Vazão
(CVQ) em 15 tipos de gotejadores testados com esgoto doméstico tratado durante 373 h.
O efluente passou por filtros de areia (com tamanho efetivo de 0,59 mm), de discos
(com aberturas de 100 ±m) e de tela (com aberturas de 80 ±m) em série, antes de ser aplicado
pelos gotejadores. Para a aplicação de esgotos domésticos, os gotejadores devem apresentar
tamanho de seção transversal superior a 1,0 mm (DEHGHANISANIJ et al., 2015).
HILLS e EL-EBABY (2010) verificaram que o acúmulo de material orgânico dentro
de gotejadores ocasionou redução de 48,3% no coeficiente de uniformidade (Us), após 1.000 h
de funcionamento do sistema de irrigação. CAPRA e SCICOLONE (2014) estudaram o
desempenho hidráulico de sistemas de irrigação por gotejamento dotados de quatro tipos de
gotejadores, não-autocompensantes, com vazão nominal de 3,8 a 4,0 L h-1e abastecidos com
esgoto doméstico tratado durante 60 h. Os referidos autores concluíram que os valores de CUD
nos sistemas de irrigação oscilaram de 0 a 77%.

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS ESGOTOS


As características físicas dos esgotos podem ser interpretadas pela obtenção das
grandezas correspondentes às seguintes determinações: matéria sólida, temperatura, odor, cor
e turbidez. (CHAGAS, 2010).
Das características físicas, o teor de matéria sólida é o de maior importância, em termos
de dimensionamento e controle de operações das unidades de tratamento. A remoção da matéria
sólida é fonte de uma série de operações unitárias de tratamento, ainda que represente apenas
cerca de 0,08% dos esgotos (água compõe os restantes 99,92%) (JORDÃO, 2015).

MATÉRIA SÓLIDA TOTAL


De acordo com CHAGAS (2010), a matéria sólida total do esgoto pode ser definida
como a matéria que permanece como resíduo após evaporação a 103°C. Se este resíduo é
calcinado a 600° C, as substâncias orgânicas se volatilizam e as minerais permanecem em forma
de cinza: compõe-se assim a matéria sólida volátil (sólidos voláteis) e a matéria fixa (sólidos
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fixos). O conhecimento da fração de sólidos voláteis apresenta particular interesse nos exames
dos lodos dos esgotos (para se saber sua estabilidade biológica), e nos processos de lodos
ativados (para se saber a quantidade de matéria orgânica tomando parte no processo).
(CHAGAS, 2010).
A matéria em suspensão, para efeito de controle da operação de sedimentação, costuma
ser classificada em:
 sedimentável (aquela que sedimenta num período razoável, tomado arbitrariamente em
1 ou 2 horas) e;
 não sedimentáveis (finamente dividida e que não sedimenta no tempo arbitrário de 2
horas). Em termos práticos, a matéria não sedimentável só será removida por processos
de oxidação biológica e de coagulação seguida de sedimentação.
Define-se ainda como matéria descartável (sólidos decantáveis) a fração que sedimenta
num recipiente apropriado de 1 litro (cone "IMHOFF") após o tempo arbitrário de 1 hora; a
quantidade de matéria descartável é uma indicação da quantidade de lodo que poderá ser
removida por sedimentação nos decantadores (JORDÃO, 2015).

TEMPERATURA
De acordo com CHAGAS (2010), a temperatura dos esgotos é, em geral, pouco
superior à das águas de abastecimento (pela contribuição de despejos domésticos que tiveram
as águas aquecidas). Pode, no entanto, apresentar valores reais elevados, pela contribuição de
despejos industriais. Normalmente, a temperatura nos esgotos está acima da temperatura do ar,
a exceção dos meses mais quentes do verão, sendo típica a faixa de 20 a 25°C.
Em relação aos processos de tratamento sua influência se dá, praticamente:
 nas operações de natureza biológica (a velocidade de decomposição dos esgotos
aumenta com a temperatura, sendo a faixa ideal para a atividade biológica 25 à 35°C,
sendo ainda 15°C a temperatura abaixo da qual as bactérias formadoras do metano se
tornam inativas na digestão anaeróbia);
 nos processos de transferência de oxigênio (a solubilidade do oxigênio é menor nas
temperaturas mais elevadas) e;
 nas operações em que ocorre o fenômeno da sedimentação (o aumento da temperatura
faz diminuir a viscosidade melhorando as condições de sedimentação) (JORDÃO,
2015).
26
ODOR
Os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no processo
de decomposição. Quando ocorrem odores diferentes e específicos, o fato se deve à presença
de despejos industriais. Nas estações de tratamento o mau cheiro eventual pode ser encontrado
não apenas no esgoto em si, se ele chega em estado séptico, mas principalmente em depósitos
de material gradeado, de areia, e nas operações de transferência e manuseio do lodo. Assim,
uma atenção especial deverá ser dada às unidades que mais podem apresentar esses odores
desagradáveis, como é o caso das grades na entrada da Estação de Tratamento de Esgoto, das
caixas de areia, e dos adensadores de lodo (JORDÃO, 2015).

COR E TURBIDEZ
A cor e a turbidez indicam de imediato, e aproximadamente, o estado de decomposição
do esgoto, ou sua "condição".
A tonalidade acinzentada da cor é típica do esgoto fresco. A cor preta é típica do esgoto
velho e de uma decomposição parcial. Os esgotos podem, no entanto, apresentar qualquer outra
cor, nos casos de contribuição importante de despejos industriais, como por exemplo, dos
despejos de indústrias têxteis ou de tintas.
A turbidez não é usada como forma de controle do esgoto bruto, mas pode ser medida
para caracterizar a eficiência do tratamento secundário, uma vez que pode ser relacionada a
concentração de sólidos em suspensão (JORDÃO, 2015).

CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
De acordo com CHAGAS (2010), a composição química das diversas substâncias
presentes nos esgotos domésticos é extremamente variável, dependendo dos hábitos da
população e diversos outros fatores. Esta variação vem sendo verificada devido à utilização de
modernos produtos químicos de limpeza utilizados nas residências. O grau de complexidade da
composição química de tais substâncias vem aumentando significativamente, sendo exemplo
notório a presença de detergentes em concentrações cada vez maiores, bem como alguns
inseticidas e bactericidas, que já merecem estudos específicos de região para região (ROQUE,
2012).
A origem dos esgotos permite classificar as características químicas em dois grandes
grupos: da matéria orgânica e da matéria inorgânica. (CHAGAS, 2010).
27
Substâncias orgânicas
De acordo com CHAGAS (2010), os grupos de substâncias orgânicas nos esgotos são
constituídos principalmente por compostos de proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%),
gordura e óleos (10%) e ureia, surfactantes, fenóis, pesticidas etc. (JORDÃO, 2010):
 Proteínas: são produtoras de nitrogênio e contém carbono, hidrogênio, oxigênio,
algumas vezes fósforo, enxofre e ferro. As proteínas são o principal constituinte de
organismo animal, mas ocorrem também em plantas. O gás sulfídrico, presente nos
esgotos, é proveniente do enxofre fornecido pelas proteínas;
 Carboidratos: contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. São as primeiras substâncias a
serem destruídas pelas bactérias, com produção de ácidos orgânicos. Entre os principais
exemplos de carboidratos podemos citar os açúcares, o amido, a celulose e a fibra da
madeira;
 Gordura: é um termo que normalmente é usado para se referir à matéria graxa, aos
óleos e às substâncias semelhantes encontradas no esgoto. A gordura está sempre
presente no esgoto doméstico proveniente do uso de manteiga, óleos vegetais, em
cozinha, pode estar presente também sob a forma de óleos minerais derivados do
petróleo, e neste caso sua presença é altamente indesejável, pois, geralmente são
contribuições não permitidas que chegam às canalizações, em grande volume ou grande
concentração, aderem às paredes das canalizações e provocam seu entupimento.
As gorduras e muito particularmente os óleos minerais, não são desejáveis nas unidades
de transporte e de tratamento dos esgotos, pois:
 aderem às paredes, produzindo odores desagradáveis;
 diminuem as seções úteis;
 formam "escuma", uma camada de material flutuante, nos decantadores, que
pode entupir os filtros;
 interferem e inibem a vida biológica;
 trazem problemas de manutenção.
Em vista disso, costuma-se limitar o teor de gordura nos efluentes;
 Detergente: os surfactantes são constituídos por moléculas orgânicas com a
propriedade de formar espuma no corpo receptor ou na estação de tratamento em que o
esgoto é lançado. Tendem a se agregar à interface ar-água, e nas unidades de aeração
aderem à superfície das bolhas de ar, formando uma espuma muito estável e difícil de

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ser quebrada. O tipo mais comum é o chamado ABS (Alquil – Benzeno – Sulfonado),
típico dos detergentes sintéticos e que apresenta resistência à ação biológica; este tipo
vem sendo substituído pelos do tipo "LAS" (Arquil – Sulfonado – Linear) que é
biodegradável.

Substâncias Inorgânicas
De acordo com CHAGAS (2010), a matéria inorgânica contida nos esgotos é formada,
principalmente, pela presença de areia e de substâncias minerais dissolvidas. A areia é
proveniente de águas de lavagem das ruas e de águas de subsolo, que chegam as galerias de
modo indevido ou que se infiltram através das juntas das canalizações.
De acordo com CHAGAS (2010), raramente os esgotos são tratados para remoção de
constituintes inorgânicos, salvo e a exceção de alguns despejos industriais.
No quadro 1, como ilustração, é mostrado, valores típicos de parâmetros de carga
orgânica (mg/l) no esgoto sanitário.

Quadro 1: Valores típicos de parâmetros de carga orgânica (mg/l) no esgoto sanitário

Parâmetros Condições do Esgoto

Forte Médio Fraco

DBO5 (20°C) 300 200 100


O. C. 150 75 30
O. D. 0 0 0
Nitrogênio Total 85 40 20
Nitrogênio Orgânico 35 20 10
Amônia Livre 50 20 10
Nitrito, NO2 0,10 0,05 0
Nitratos, NO3 0,40 0,20 0,10
Fósforo Total 20 10 5
Orgânico 7 4 2
Inorgânico 13 6 3
Fonte: Jordão, 2010.

29
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS
De acordo com CHAGAS (2010), os principais grupos de microorganismos que devem
ser analisados como importantes para os processos de tratamento, são os utilizados nos
processos biológicos, os indicadores de poluição e especialmente os patógenos, que são aqueles
capazes de transmitir doenças por veiculação hídrica.
Os principais organismos encontrados nos esgotos são:
 as bactérias;
 os fungos;
 os protozoários;
 os vírus;
 as algas e;
 os grupos de plantas e animais.
As bactérias constituirão talvez o elemento mais importante deste grupo de
microorganismos, responsáveis que são pela decomposição e estabilização da matéria orgânica,
tanto na natureza como nas unidades de tratamento biológico.
As algas não interferem diretamente nas unidades convencionais de tratamento, salvo
nas lagoas de estabilização onde desempenham um papel importante na oxidação aeróbia e
redução fotossintética das lagoas (JORDÃO, 2010).

TRATAMENTO E MANEJO DE ESGOTOS


Partimos do princípio de que, as estações de tratamento tem como função principal,
dar uma turbinada no processo natural de limpeza que qualquer rio faz. Todo curso d’água
possui bactérias que se alimentam da matéria orgânica do esgoto e ajudam a eliminar a sujeira.
Mesmo o combalido Tietê, um dos rios mais poluídos do mundo, consegue eliminar
boa parte das 400 toneladas de esgoto que recebe por dia. Cerca de 200 quilômetros depois de
receber toda a sujeira da Grande São Paulo, ele volta a ter peixes e condições para a prática de
esportes aquáticos. "A diferença é que uma estação de tratamento faz o serviço muito mais
rápido. Como ela possui microrganismos em concentração milhares de vezes, superior à de um
rio, dá para reproduzir em algumas centenas de metros a mesma limpeza que um rio demora
até 140 quilômetros para fazer", afirma o químico Moacir Francisco de Brito, da Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

30
Para diminuir as impurezas presentes no esgoto, o trabalho envolve ao menos cinco
etapas até que a água possa ser devolvida ao ambiente. A ideia é começar barrando a sujeira
visível a olho nu - de geladeiras a fios de cabelo -, depois eliminar grãos de terra, partículas em
suspensão e por fim atacar as impurezas solúveis na água. "O tratamento remove até 95% desses
dejetos, fazendo com que a água possa ser usada na limpeza de ruas, na irrigação, ou ser
devolvida sem perigo aos rios", dizem os estudiosos.

Fonte: SABESP1

Assim, as Estações de Tratamento de Esgoto – mais comumente conhecidas através


da sigla ETE – são unidades operacionais do sistema de saneamento que especificamente
recebem as cargas poluentes do esgoto e devolvem o efluente tratado a corpos d`água como
rios, reduzindo os eventuais impactos ambientais que poderiam ser causados sem o devido
tratamento, além de evitar que empresas sejam punidas legalmente e judicialmente pela
destinação incorreta dos efluentes gerados.
Dada sua vital importância para a preservação do ambiente, descrevemos as principais
etapas do processo realizado nas ETEs anaeróbias, com objetivo de esclarecer seu
funcionamento.

1
Disponível em: http://www.google.com.br/imgres?Imgurl=http://site.sabesp.com.br/uploads/image/saneamento
/tratamento_esgotos_liquido.gif&imgrefurl>. Acesso em: 22 abr. 2018.

31
 Gradeamentos: etapa inicial, onde resíduos sólidos maiores (gradeamento grosso), e
resíduos sólidos menores (gradeamento fino), são fisicamente retidos por meio de
barreiras no sistema;
 Desarenação: neste momento, a areia em suspensão no esgoto vai para o fundo do
tanque, enquanto os materiais orgânicos ficam nas camadas superiores;
 Decantador primário: primeira etapa de decantação onde o material orgânico sólido é
misturado e sedimentado no fundo, formando lodo;
 Peneira rotativa: depois da formação do lodo por decantação, um processo de
centrifugação separa a fase sólida da mistura em uma espécie de peneira, permitindo
que o líquido seja armazenado em tanques;
 Digestão anaeróbica: nesta fase o objetivo é a estabilização da mistura por meio de
processos químicos que atuam no lodo remanescente, neutralizando bactérias e gases
nocivos;
 Tanque de aeração: através de um processo químico específico, os resíduos orgânicos
são transformados em gás carbônico, fazendo com que a matéria ali contida sirva de
alimento para microrganismos que ajudarão na decomposição de resíduos;
 Decantador secundário: mais uma fase de decantação, onde a matéria sólida no lodo é
reduzida;
 Adensamento do lodo: o lodo é filtrado aqui, para que se retire mais uma parte da
matéria sólida da mistura;
 Condicionamento químico do lodo: o lodo é coagulado e desidratado, deixando apenas
a parte sólida do composto para trás;
 Filtro prensa de placas: o restante do líquido é extraído através de um processo de
compressão mecânica sobre a massa de lodo obtida na etapa anterior;
 Secador térmico: na fase final, o material é exposto a altas temperaturas, o que força a
evaporação de qualquer resquício de água ainda presente no material.
Como se pode ver o processo de tratamento das ETEs é longo e complexo, e é graças
a este processo que o efluente livre de contaminantes que possam trazer riscos ao meio ambiente
e às pessoas, é devolvido à natureza em segurança.
A tarefa é demorada e cara, mas vale a pena se for encarada como um investimento a
longo prazo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, a cada dólar aplicado em
saneamento e tratamento de esgoto, economizam-se 5,00 dólares em atendimento médico. No
32
Brasil, onde só 36% dos esgotos urbanos são tratados, quatro em cada cinco doenças são
causadas por água ou esgoto sem tratamento adequado.

Fonte: infoescola2

Nesse sentido, daremos continuidade à nossa empreitada acadêmica, valendo-nos de


Simone BittencourtI; Beatriz Monte SerratII; Miguel Mansur AisseIII; Lia Márcia Kugeratski
de Souza MarinIV e; Caio César SimãoV3, a partir do estudo feito por eles (Aplicação de lodos
de estações de tratamento de água e de tratamento de esgoto em solo degradado), cujo objetivo
foi avaliar o efeito da aplicação de lodo de Estação de Tratamento de Água (ETA) em solo
degradado, com presença e ausência de lodo de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), na
produtividade do milheto e nas características de fertilidade desse solo.
A área experimental foi resultante de depósito de materiais oriundos da construção da
ETE Padilha Sul, em Curitiba (PR). Os blocos casualizados foram arranjados em parcelas
subdivididas e uma testemunha, sendo a parcela principal constituída por ausência e presença

2
Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2017
/08/estacaotratamentoesgoto.jpg&imgre>. Acesso em: 20 abr. 2018.
3
IDoutora em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental pela UFPR. IIDoutora em Solos e Nutrição de Plantas
pela USP. IIIDoutor em Engenharia Civil pela USP. IVMestre em Geologia Ambiental pela UFPR - Curitiba (PR),
Brasil. VEngenheiro Agrônomo pela UFPR - Curitiba (PR), Brasil.

33
de lodo de ETE (77 Mg.ha-1 Sólidos Totais - ST) e a subparcela por doses de lodo de ETA (24,
37 e 61 Mg.ha-1(ST)).

Fonte: SABESP4

Os pesquisadores concluíram, com tal estudo, que a aplicação de lodo de ETA não
teve efeito sobre a produtividade de milheto, tampouco sobre os teores dos elementos avaliados
no solo. No entanto, na presença do lodo de esgoto, a sua aplicação foi favorável à dinâmica do
nitrogênio do solo até à dose de 37 Mg.ha-1 e a aplicação do lodo de ETE neutralizou o alumínio
trocável, elevou o pH, o cálcio, carbono, fósforo e a saturação de bases, e reduziu a acidez
potencial do solo. A seguir, continuaremos analisando o tratamento e a disposição do lodo de
esgoto.

OPERAÇÕES UNITÁRIAS E GRAU DE TRATAMENTO DOS ESGOTOS SANITÁRIOS


De acordo com CHAGAS (2010), um sistema qualquer de esgotos sanitários
encaminha seus efluentes, direta ou indiretamente, para corpos d’água receptores, formados
pelos conjuntos das águas de superfície ou de subsolo. A capacidade receptora destas águas,
em harmonia com sua utilização, estabelece o grau de condicionamento a que deverá ser

4
Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.sabesp.com.br/sabesp/filesmng.nsf/site
/tratamento_esgoto.OpenElement&imgrefurl=http://www.sabesp.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2018.

34
submetida o efluente sanitário, de modo que o corpo d’água receptor não sofra alterações nos
parâmetros de qualidade fixados para a região afetada pelo lançamento.
De modo geral, o lançamento do esgoto bruto nos rios provoca degradação ambiental,
pela disseminação de doenças e comprometimento da qualidade da água que pode se tornar
imprópria para certos usos.
Esta limitação se reflete também em perdas econômicas, uma vez que, a degradação
da água limita seus usos reduzindo consequentemente, as oportunidades de desenvolvimento.
A composição físico-química das águas residuárias domésticas é mostrada de maneira
simplificada pela figura 1.

Figura 1: Esquema da composição geral do esgoto doméstico (SANEPAR, 2010).

Assim, ainda de acordo com CHAGAS (2010), os sistemas de tratamento de esgotos


domésticos foram originalmente concebidos para remover matéria orgânica e resíduos sólidos.
Posteriormente surgiu a preocupação em reduzir outros constituintes, como nutrientes e
organismos patogênicos (GASI, 2009).
Atualmente considera-se que as estações de tratamento devem atuar como verdadeiras
barreiras à disseminação de diversas enfermidades, principalmente em países em que os padrões
de saúde pública são precários e os índices de morbidade e mortalidade elevados.

35
No quadro 2, como ilustração, é mostrado valores típicos de remoção de
microorganismos patogênicos através do tratamento de águas residuárias.

Quadro 2. Remoção de microorganismos patogênicos através do tratamento de águas


residuárias.

Processo de Tratamento Remoção (Unidades Logarítimicas)

Bactérias Helmintos Vírus Cistos de Protozoários


Sedimentação Primária 0–1 0–2 0–1 0–1

Lodos Ativados (1) 0–2 0–2 0–1 0–1

Filtros Biológicos (1) 0–2 0–2 0–1 0–1

Valos de Oxidação (1) 1–2 0–2 1–2 0–1

Desinfecção (2) 2–6 0–1 0–4 0–3

Lagoas de Estabilização (3) 1–6 1–3 1–4 1–4


Fonte: OMS, 1989

Incluindo sedimentação secundária. Cloração, ozonização.


A eficiência depende do número de lagoas em série.
Ainda conforme CHAGAS (2010), quando se planeja o tratamento de esgotos, é
importante antecipar as características do efluente por diversos motivos:
 prever se o mesmo atenderá aos limites legais;
 dimensionar unidades de pós-tratamento;
 prever impactos ambientais, entre outros.
Isto é, particularmente interessante no caso de coliformes fecais, uma vez que estes
são comumente utilizados como padrão de qualidade para lançamento em corpos receptores e
como variável para o dimensionamento de unidades de desinfecção.

Operações e Processos Unitários


Os contaminantes dos esgotos sanitários são eliminados por meios físicos, químicos e
biológicos. Os meios de tratamento em que se aplicam predominantemente forças físicas se
chamam operações unitárias.

36
Operações unitárias são, pois, a mistura, floculação, sedimentação, flotação,
elutriação, filtração a vácuo, transferência térmica e secagem. Os meios de tratamento nos que
a eliminação dos contaminantes se consegue mediante a adição de produtos químicos ou por
atividades biológicas se conhecem por processos unitários. Exemplos destes processos são a
precipitação, combustão e oxidação biológica (METCALF – EDDY, 1981).
Conforme CHAGAS (2010), as mais importantes destas operações e processos
unitários, empregadas nos sistemas de tratamento são:

Troca de Gás
Operação pela qual, gases são precipitados no esgoto ou tomados em solução pelo
esgoto a ser tratado, pela sua exposição ao ar sob condições elevada, reduzida ou normal de
pressão.

Gradeamento
Operação pela qual o material flutuante e a matéria em suspensão que for maior em
tamanho que as aberturas das grades, são retidos e removidos.

Sedimentação
Operação pela qual a capacidade de carreamento e de erosão da água é diminuída, até
que as partículas em suspensão decantem pela ação da gravidade e não possam mais ser
relevantadas pela ação de correntes.

Flotação
Operação pela qual a capacidade de carreamento da água é diminuída e sua capacidade
de empuxo é então aumentada às vezes até pela adição de agentes flotantes; as substâncias
naturalmente mais leves que a água, ou que pela ação destes agentes flotantes são tornadas mais
leves, sobem a superfície e são, então, raspadas.
Os agentes flotantes costumam ser pequenas bolhas de ar ou compostos químicos.

Coagulação Química
Processo pelo qual substâncias químicas formadoras de flocos (coagulantes) são
adicionadas ao esgoto com finalidade de se juntar ou combinar com a matéria em suspensão
37
sedimentável e, particularmente, com a não sedimentável e com a matéria coloidal; com isto se
formam rapidamente, agregados às partículas em suspensão, os flocos. Embora solúveis, os
coagulantes se precipitam depois de reagir com outras substâncias do meio.

Precipitação Química
Processo pelo qual substâncias dissolvidas são retiradas de solução; as substâncias
químicas adicionadas são solúveis e reagem com as substâncias químicas dos esgotos,
precipitando-as.

Filtração
Operação pela qual os fenômenos de coar, sedimentação e de contato interfacial
combinam-se para transferir a matéria em suspensão para grãos de areia, carvão, ou outro
material granular, de onde deverá ser removida.

Desinfecção
Processo pelo qual os organismos vivos infecciosos em potencial são exterminados.

Oxidação Biológica
Processo pelo qual os microrganismos decompõem a matéria orgânica contida no
esgoto ou no lodo e transformam substâncias complexas em produtos finais simples.

CONCEITOS E MÉTODOS DE TRATAMENTO


Conforme CHAGAS (2010), os métodos de tratamento nos quais predomina a
aplicação de princípios físicos se conhece com o nome de operações unitárias. Os métodos de
tratamento nos quais a eliminação de contaminantes se efetua por atividade química ou
biológica se conhecem como processos unitários.
Na atualidade, a maioria destes métodos estão sendo investigados intensamente desde
o ponto de vista de execução e aplicação. Como resultado dele, foi desenvolvido e posto em
prática muitas modificações, onde é necessário pesquisar mais.
No passado, os processos e operações unitárias se agrupavam para proporcionar o que
se conhecia como tratamento primário e secundário. Assim, de acordo com CHAGAS (2010),
no tratamento primário se empregam operações de tipo físico, tais como a remoção, no
38
gradeamento, da parcela de matéria em suspensão ou em flutuação que se encontram nos
esgotos sanitários.
O tratamento secundário se utiliza processos biológicos para eliminar a matéria
orgânica. Recentemente, o termo "Tratamento Terciário" ou "Tratamento Avançado" se tem
aplicado as operações e processos utilizados para eliminar contaminantes que não foi afetado
pelo tratamento primário e secundário. Deve, entretanto, fazer-se notar que a denominação de
"primário" e "secundário" são arbitrários e que não se deve dar-lhes demasiado valor
(METCALF-EDDY, 1981).

TRATAMENTO AVANÇADO DE ESGOTOS SANITÁRIOS


Conforme estudos de CHAGAS (2010), dada as características dos esgotos sanitários
a tratar, muitos dos contaminantes que agora se encontram nos esgotos, não são afetados pelos
processos e operações de um tratamento convencional, mas dada a necessidade de eliminar
estes contaminantes, tais como nitrogênio e fósforo que podem promover o crescimento de
algas e plantas aquáticas, há necessidade da aplicação de um tratamento adicional.
A estes contaminantes se aplica-lhes, para sua eliminação, meios e métodos avançadas.
Na maioria dos casos, os meios de tratamento foram adotados de outros campos, como por
exemplo, da engenharia química e tratamento da água de abastecimento. (CHAGAS, 2010).
À medida que se tem melhor conhecimento dos efeitos dos distintos contaminantes
lançados no meio ambiente, se dará maior atenção na eliminação específica dos contaminantes
(METCALF-EDDY, 1981).
Na estação convencional, cujo fluxograma constitui a ilustração 1, incluem-se as
operações e processos unitários.

39
Fonte: CHAGAS (2010).

Conforme estudos de CHAGAS (2010), conceitualmente, a estação de tratamento


primário abrange a remoção de sólidos grosseiros (no gradeamento), da areia (na caixa de areia)
e dos sólidos sedimentáveis (no decantador primário), bem como a digestão e a remoção da
umidade desse lodo no digestor e no leito de secagem, respectivamente.
A remoção de sólidos pode ser classificada em grosseira e fina. O gradeamento
grosseiro é realizado através de uma unidade constituída de uma série de barras paralelas,
igualmente espaçadas, e que servem para reter os sólidos de diâmetros consideráveis. O
gradeamento fino pode ser feito através de peneiras, chapas perfuradas ou por meio de grades
com um espaçamento menor entre as barras. critério de dimensionamento da abertura das barras
de uma grade é variável de acordo com as características da unidade ou equipamento que a
segue e também com o tamanho mínimo do sólido que pode ser removido dos efluentes.
Usualmente, o espaçamento entre as barras da grade varia de 2 a 10 cm. A limpeza dos sólidos
retidos na grade pode ser feita manualmente ou mecanicamente, através da instalação de
equipamentos de remoção de sólidos

40
A remoção da areia poderá ser realizada em caixas de areia de funcionamento
automático hidráulico ou mecanizada. Os decantadores primários podem, também, ser ou não
ser de limpeza mecanizada.
De acordo com estudos de CHAGAS (2010), a digestão, usualmente praticada nas
estações convencionais de tratamento e aqui abordada, é a anaeróbia, obtida em digestores
únicos em série (neste último caso formada por digestores primários e secundários), que se
caracterizam pelo seu formato, tipo de cobertura, homogeinização do lodo, temperatura, etc.
A remoção da umidade do lodo é, aqui abordado, como processo natural de perda de
água em leitos de secagem, ocorrendo os fenômenos de evaporação e infiltração, com a
desidratação do lodo digerido.
O tratamento secundário, na forma convencional, é realizado por meio de processos
de oxidação biológica, cujas duas alternativas mais clássicas são a filtração biológica e o
processo dos lodos ativados.
O processo dos lodos ativados costuma ser aplicado, nas estações convencionais, de
tratamento, na sua forma clássica, com introdução de ar por agitadores mecânicos superficiais
ou por difusores.
O processo dos lodos ativados admite variações, algumas das quais chegam a constituir
casos particulares com aplicações próprias, como a aeração prolongada (por vezes chamada
oxidação total) praticada nas estações compactas de tratamento e nos valos de oxidação de fluxo
horizontal, clássicos e de fluxo orbital.
Como parte fundamental de uma estação de tratamento de grau secundário, o
tratamento biológico da fase líquida engloba unidades de importância, como o filtro biológico
e decantador secundário, ou o tanque de aeração (de lodos ativados), o decantador secundário
e a elevatória de recirculação. Estas unidades de tratamento devem ser estudadas, projetadas,
operadoras e avaliadas como um sistema global e não isoladas, como se poderá eventualmente
supor, uma vez que constituem parte fundamental do tratamento com todas as características de
um processo biológico. (CETESB, 1991).
OPERAÇÕES FÍSICAS UNITÁRIAS
De acordo com estudos de CHAGAS (2010), são as operações em que há
predominância dos fenômenos físicos de um sistema ou dispositivo de tratamento. Estes
fenômenos caracterizam-se principalmente nas operações de remoção das substâncias
fisicamente separáveis dos líquidos ou que não se encontram dissolvidas. Basicamente têm por
41
finalidade separar as substâncias em suspensão no esgoto. Neste caso se incluem: remoção dos
sólidos grosseiros, remoção dos sólidos sedimentáveis, remoção dos sólidos flutuantes,
remoção da umidade do lodo, filtração dos esgotos, diluição dos esgotos e homogeinização dos
esgotos ou do lodo.

Processos Químicos Unitários


Conforme CHAGAS (2010), são os processos em que há utilização de produtos
químicos e são raramente adotados isoladamente. A necessidade de se utilizar produtos
químicos tem sido a principal causa da menor aplicação do processo. Via de regra, é utilizado
quando o emprego de processos físicos e biológicos não atendem ou não atuam eficientemente
nas características que se deseja reduzir ou remover.
A remoção de sólidos por simples sedimentação, por exemplo, poderá alcançar níveis
elevados se for auxiliado por uma precipitação química; a remoção da umidade do lodo por
centrifugação ou por filtração terá resultados nitidamente superiores com o auxílio de
polieletrólitos. Os processos químicos comumente adotados em tratamento de esgotos são:
floculação, precipitação química, elutriação, oxidação química, cloração e e neutralização ou
correção do pH (JORDÃO, 1995).

Processos Biológicos Unitários


Ainda de acordo com CHAGAS (2010) São considerados como processos biológicos
unitários de tratamento de esgotos, os que dependem da ação de microrganismos presentes nos
esgotos; os fenômenos inerentes à alimentação são predominantes na transformação dos
componentes complexos em compostos simples, tais como: sais minerais, gás carbônico e
outros.

Os processos biológicos unitários de tratamento procuram reproduzir, em dispositivos


racionalmente projetados, os fenômenos biológicos observados na natureza, condicionando-os
em área e tempo economicamente justificáveis.
Os principais processos biológicos de tratamento são: oxidação biológica (aeróbia,
como lodos ativados, filtros biológicos, valos de oxidação e lagoas de estabilização; e
anaeróbia, como reatores anaeróbios de fluxo ascendente); e digestão do lodo (aeróbia e
anaeróbia, fossas sépticas).
42
Outros Processos
Os estudos de CHAGAS (2010) informam ainda que, além dos processos de
tratamento citados, vários outros têm resultado de pesquisas ou são de implantação mais
recentes, constituindo, muitas vezes, o que se tem chamado de "tratamento avançado". A técnica
do tratamento de esgotos tem evoluído de forma extraordinária e estes outros processos
"especiais" constituirão, sem dúvida, formas normais de tratamento, à medida que o
desenvolvimento tecnológico tornar mais econômico e simples sua aplicação.
Entre alguns destes, pode-se citar:
 filtração rápida;
 adsorção/
 eletrodiálise;
 troca de íons e;
 osmose inversa.

TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DE LODO DE ESGOTO


De acordo com os estudos de WELINGTON FERREIRA CHAGAS (2010), as
pesquisas e o desenvolvimento relacionado ao tratamento e disposição de lodo de esgoto tem
aumentado nos últimos anos. Há também um aumento no conhecimento da taxa de produção,
métodos de caracterização, técnicas de manejo e processamento, benefícios e riscos da
utilização do lodo na agricultura e também do comportamento do lodo no meio ambiente. Os
lodos diferem consideravelmente, tal que duas estações de tratamento de esgotos não produzem
um lodo de mesmas características, de forma que não há uma solução geral para todas as
situações.
Nos seus estudos e pesquisas, CHAGAS (2010) define o lodo como sendo o principal
subproduto do tratamento das águas residuárias. A disposição sanitária ou a utilização deste
subproduto é um dos mais importantes problemas associados ao projeto e ao gerenciamento das
estações de tratamento de esgotos. A qualidade de lodos produzidos nas estações de tratamento
de esgotos, tende a aumentar, na medida em que mais e mais estações de tratamento a nível
secundário se tornam necessárias para preservação dos já comprometido cursos d’água
receptores.

43
Com efeito, a quantidade de sólidos retidos no processo, mede indiretamente a
extensão e a eficiência da depuração, cujo aumento é cada vez mais requerido para a
preservação dos cursos d’água que receberão o efluente tratado.
O lodo é proveniente do tratamento primário (onde os sólidos se separam do líquido
por gravidade), e do tratamento secundário (onde os sólidos são separados após a ação biológica
do tratamento) e do tratamento terciário ou avançado. Destes processos, resulta uma lama
líquida com um teor de sólidos da ordem de 2 a 5%, de conteúdo predominantemente orgânico.
Com o crescente número de instalações para o tratamento de esgoto, tanto doméstico
como industrial, e o necessário incremento no grau de tratamento, aumentará a quantidade de
lodo a ser tratada. A tarefa do tratamento do lodo e a sua disposição assumirão então um lugar
significante no controle da qualidade ambiental.
O lodo é um sinal visível do tratamento de esgoto. Contém todas as substâncias que
tenham sido alteradas por processos físico-químicos ou biológicos. É uma mistura complexa de
sólidos de origem biológica e mineral que são removidos do esgoto Sua qualidade se modifica
com o uso indiscriminado de diversos produtos químicos da sociedade moderna, que certamente
será lançado nas redes coletoras de esgoto e por consequência boa parte estará presente no lodo.
Apesar deste fato, o lodo originado pelos processos de tratamentos de esgotos pode ter como
um dos possíveis destinos finais a sua utilização na agricultura como insumo, principalmente
pela presença de nutrientes e humos. Entretanto este recurso deve ser explorado com segurança,
pois no lodo podem estar presentes substâncias contaminantes do solo.
No caso do lodo de esgoto, os componentes perigosos são os metais pesados, as
bactérias, vírus, protozoários e helmintos. A descarga desses componentes, bem como a dos
nutrientes nitrogênio e fósforo na superfície e no lençol freático, deve ser minimizada para que
se evite a degradação da qualidade da água (SANTOS, 2014).
A quantidade e a qualidade do lodo produzido varia de lugar para lugar depende do
processo de tratamentos de esgoto, do processo de tratamento dos lodos, da sua secagem (um
lodo seco ainda contem 50% de umidade) e ainda da população contribuinte e/ou dos efluentes
industriais que por ventura são lançados na rede coletora formando uma significante parcela
dos esgoto municipal. (CHAGAS, 2010).
A necessidade do destino adequado de lodos oriundos de estações de tratamento de
esgotos despertou o interesse pelo baixo custo, pelo aproveitamento dos nutrientes e por
benefícios nas propriedades físicas do solo que a matéria orgânica tratada pode ocasionar. O
44
baixo custo pela presença de nutrientes substituindo em boa parte a necessidade de fertilizantes
artificiais químicos, que vem de encontro nas propriedades que a matéria orgânica presente
confere, na melhora das condições de retenção de água porosidade total do solo e na diminuição
da densidade deste próprio solo (FIEST et. al. 2009).
A confirmar este dados estudos realizados na Itália (FIEST et. al. 2014) e na Sanepar
(PROSAB, 2013) levam em consideração que o conceito de reciclagem agrícola dos nutrientes
do lodo de esgotos é viável e desejável.
O lodo de esgotos é um fertilizante de baixo teor e de composição extremamente
variável. Comparativamente aos fertilizantes químicos tradicionais as diferenças desfavoráveis
aos lodos, inerentes aos custos de transporte, manuseio, aplicação e monitoramento, decrescem
ao longo dos anos, em virtude do incremento dos custos da energia necessária à produção dos
fertilizantes comerciais. (CHAGAS, 2010).
Os maiores problemas relativos à aplicação do lodo é devido à sua aceitação pelo
público, aos patógenos, aos riscos de contaminação do aquífero freático pela sobrecarga de
nutrientes, à diminuição do seu aproveitamento pelas concentrações excessivas de metais
pesados e os riscos de contaminação da cadeia alimentar por elementos tóxicos Ainda que os
problemas advindos da sobrecarga de nitrogênio possam ser controlados pelo uso de taxas de
aplicação anuais, equivalentes às demandas de nitrogênio, pelas culturas receptoras, a
fitoxicidade, devida aos metais pesados, é conhecida como difícil de ser predita, razão pela qual
tem influência decisiva na vida útil do sítio onde o lodo está sendo aplicado (SANTOS, 2014).
A presença de metais pesados no solo, em concentrações baixas, pode ser benéfica
para microrganismos e plantas, porém em concentrações mais elevadas, esses metais podem
tornar-se precariamente perniciosos para os organismos vivos, pela sua introdução na cadeia
alimentar.
Os metais pesados representam um grupo de poluentes que requer um tratamento
especial, pois não são degradados biologicamente ou quimicamente de forma natural,
principalmente em ambientes terrestres e em sedimentos aquáticos. Ao contrário, são
acumulados e podem tornar-se ainda mais nocivos quando reagem com alguns componentes
dos solos e sedimentos.
A matéria orgânica do solo exerce uma função nutricional importante no crescimento
das plantas, como fonte de micronutrientes. As substâncias húmicas, matéria orgânica em
determinado estágio de degradação, possuem grupos funcionais em sua estrutura molecular que
45
lhes inferem excepcional reatividade para complexar metais. A habilidade complexante de
ácidos húmicos e fúlvicos deve-se ao alto teor de grupos funcionais contendo oxigênio, tais
como carboxilas, hidroxilas fenólicas e carbonilas de vários tipos (JORDÃO et. al., 2009).
(CHAGAS, 2010).
Ácidos húmicos, em virtude de seu estado coloidal e sua estrutura local
macromolecular, retém íons metálicos de vários modos, tais como por adsorção, atração
eletrostática ou quelação. (CHAGAS, 2010).
A formação de complexos organometálicos depende das propriedades físico-químicas
do solo, do grau de humificação da matéria orgânica e principalmente do valor do pH. A
migração e a acumulação de metais nos sistemas naturais aquáticos e terrestres estão associadas
com a presença e natureza das substâncias húmicas. (CHAGAS, 2010).
Uma avaliação prévia de solos para monitoramente e delimitação de áreas disponíveis
para a agricultura já é uma prática comum em países desenvolvidos. Em estudos ambientais, a
análise tanto de solos como de sedimentos de leito de rios, lagos e estuários para determinar
níveis tóxicos dos elementos, principalmente metais pesados, tem sido largamente utilizada.
Um metal que apresenta pouca afinidade por um solo, ou seja, a capacidade deste solo de reter
o metal sendo baixa, deve constituir um problema sério de poluição para as águas vizinhas;
enquanto que uma alta afinidade do metal pelo solo deve resultar em acumulação do metal nos
horizontes da superfície do solo, e então, afetar potencialmente a biota terrestre.
As pesquisas mais recentes tem demonstrado que a matriz lodo-compostos orgânicos-
elementos químicos, exerce forte influência na bio-disponibilidade dos poluentes para as
plantas, mesmo depois do lodo ter sido misturado com o solo. Algumas ligações dos poluentes
no solo impedem que as raízes das plantas os absorvam, mesmo após quase 100 anos da
aplicação do lodo (SANTOS, 2015 e CHAGAS, 2010).
Com relação à presença de microrganismo no lodo aplicado no solo, as bactérias tem
pouco tempo de sobrevivência pela competição e predação dos microrganismos do próprio solo,
principalmente de protozoários de vida livre, considerados importantes predadores de
coliformes comprovados por estudos de ANDRAUS et. al. (2014), onde bactérias entéricas
aplicadas em solo estéril, sob controle, sobreviveram mais tempo do que aquelas semeadas em
solo não estéril.
De acordo com estudos do próprio autor acima citado, cistos de protozoários no solo
e plantas são rapidamente mortos pelos fatores ambientais, portanto considera como mínima a
46
ameaça à saúde pública e de animais contrariando as próprias recomendações da Organização
Mundial de Saúde – OMS (2015) e da Fundação Nacional de Saúde – FNS/MS (2014).
Em resumo, os autores divergem sobre a presença, ausência ou tempo de sobrevivência
de diversos microrganismos presentes tendo em vista que um grande número de fatores
ambientais influenciam os dados e que variam nas diferentes composições do solo, conclui
WELINGTON FERREIRA CHAGAS (2010).

OPERAÇÕES E PROCESSOS UNITÁRIOS DE TRATAMENTO DO LODO


No Brasil, conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), a disposição de lodos
das estações de tratamento de esgotos ou de efluentes industriais, ainda não foi objeto de
regulamentações específicas, seja a nível federal ou a nível estadual, contando apenas com
normas de resíduos sólidos de caráter genérico que, no entanto, têm servido de apoio à atuação
dos órgãos ambientais.
O tratamento dos subprodutos sólidos gerados nas diversas unidades é uma etapa
essencial do tratamento dos esgotos. Ainda que o lodo possa na maior parte das etapas do seu
manuseio ser constituído de mais de 95% de água, apenas por convenção é designado por fase
sólida, visando distingui-lo do fluxo do líquido sendo tratado.
E ainda conforme CHAGAS (2010) de maneira geral, são os seguintes os subprodutos
sólidos gerados no tratamento dos esgotos:
 material gradeado;
 areia;
 escuma;
 lodo primário;
 lodo secundário.
Destes subprodutos, o principal em termos de volume e importância é representado
pelo lodo. Determinados sistemas de tratamento têm a retirada do lodo apenas eventual. Nestes
casos, o lodo já sai usualmente estabilizado, requerendo apenas a sua disposição final. Em
outros casos o lodo é retirado frequentemente, ou mesmo continuamente, podendo sair
estabilizado ou não.
Os fluxogramas dos sistemas de tratamento do lodo possibilitam diversas combinações
de operações e processos unitários, compondo distintas sequências. As principais etapas do

47
tratamento do lodo, com os respectivos objetivos, são: adensamento, estabilização,
condicionamento, desidratação, disposição final.
No quadro 3, como ilustração, é mostrado os processos unitários nas operações de
disposição final do lodo e possibilidades de sua aplicação.

QUADRO 3: Processos unitários nas operações de disposição final do lodo e


possibilidades de sua aplicação.
Processos unitários Possibilidade de aplicação
Adensamento Gravidade. Flotação. Centrifuga.
Estabilização Digestão anaeróbia. Aeração prolongada.
Compostagem. Incineração.
Condicionamento Polieletrólitos. Reagentes químicos.
Tratamento térmico.
Desidratação Lagoa de lodo. Equipamentos
mecanizados. Leitos de secagem.
Transporte Caminhão. Canalização.
Disposição final Agricultura. Aterro sanitário.
Fonte: IMHOFF, 1986.

ADENSAMENTO DO LODO
Conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), o adensamento do lodo
proveniente das unidades de tratamento de fase líquida consiste no aumento da concentração
de sólidos nele contidos, através da remoção parcial da quantidade de água que caracteriza o
seu grau de umidade. A finalidade principal do adensamento do lodo é a redução do volume a
processar, e consequentemente os custos de implantação e operação das unidades de digestão e
secagem. As unidades de adensamento do lodo são conhecidas como adensamento,
espessadores ou tanques de sedimentação em massa. A ABNT recomenda o emprego da
expressão "adensadores".

Tipos de adensadores
Basicamente, qualquer processo de remoção da água contida no lodo constitui um
processo de concentração dos sólidos. No entanto, para o adensamento sem auxílio direto de
esforços mecânicos (como centrífugas e prensas), podem ser usados os seguintes tipos:

48
 adensador por gravidade; e
 adensador por flotação.
O emprego de adensamento do lodo através de modelos mais modernos e específicos
de centrífugas e filtros de esteira (prensas desaguadoras) já vem sendo realizado, com resultados
amplamente favoráveis, principalmente para o excesso de lodo ativado, cujo adensamento por
gravidade é particularmente difícil (JORDÃO, 2015).

Adensamento por gravidade


Conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), a teoria do adensamento do
lodo por gravidade tem como base a presença de partículas, granulares e flocosas, as quais ao
serem submetidas a processo de sedimentação e adensamento têm procedimentos diferentes.
Em um adensador por gravidade de fluxo contínuo as partículas flocosas, predominantemente
constituídas de elevado teor de sólidos em suspensão, sedimentam como uma massa única
(manta de lodo), submetida simultaneamente ao processo de sedimentação e adensamento. Este
fenômeno é conhecido como sedimentação em massa (JORDÃO, 2015).

Adensamento por flotação


CHAGAS (2010) ensina que esse é um processo de separação líquido-sólido através
de ar difuso, promovido pela injeção de bolhas de gás, usualmente ar, na massa líquida, que se
deseja separar e adensar os sólidos em suspensão, óleos ou graxas e fibras de baixas densidades,
para subsequente remoção por dispositivos apropriados. As bolhas de gás aderem às partículas
sólidas diminuindo a densidade suficiente necessária para promover o arraste ou flutuação, até
a superfície da massa líquida.
O processo de adensamento por ar difuso e consequente remoção, além da finalidade
de concentração de sólidos em suspensão, materiais graxos e resíduos flutuantes é amplamente
aplicável ao processo de clarificação, no tratamento da fase líquida dos esgotos sanitários.

Adensamento por centrifugação


Conforme CHAGAS (2010), as centrífugas separam os sólidos da água por diferença
de força centrífuga. Para que se obtenha uma água razoavelmente limpa, é necessário conservar
no lodo uma porcentagem relativamente elevada de água, obrigando a uma secagem posterior
por outro processo .
49
O lodo molhado é introduzido axialmente e sob a influência da força centrífuga, os
sólidos em suspensão se depositam na parede interna do tambor. Nesse momento, são
empurrados pela rosca, que gira a uma velocidade um pouco maior, para a extremidade de
menor diâmetro, onde saem da camada líquida, sendo então descarregados. O líquido
intersticial sai do tambor pelo lado do diâmetro maior através de um vertedor em forma de disco
(IMHOFF, 2012).

Estabilização do Lodo
De acordo com CHAGAS (2010) a estabilização do lodo é empregada principalmente
para reduzir substancialmente os números de organismos patogênicos, e desse modo minimizar
os riscos a saúde, para o controle de odores ofensivos e para diminuir a possibilidade de
decomposição posterior.
A estabilidade do lodo é geralmente associada a putrescibilidade, ou a tendência da
matéria orgânica a biodegradar, portanto, conduzindo a produção de odor. É um passo
importante do tratamento de esgotos e influência muitas características do lodo.
COMPOSTAGEM
Conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), a compostagem é um processo
de tratamento biológico onde uma mistura inicial de resíduos sofre a ação de vários grupos de
micro-organismos.
Durante o processo de biodegradação da matéria orgânica a temperatura se eleva
naturalmente chegando a 60-65º C nos primeiros dias do processo.
Esta elevação da temperatura é responsável pela eliminação ou redução dos
microorganismos patogênicos presentes no lodo.
No processo de compostagem o lodo deve ser misturado a um resíduo estruturalmente
rico em carbono (palha, resíduos de podas de árvores triturados, bagaço de cana, serragem de
madeira, etc.).
Quando realizada ao ar livre a mistura deve ser bem homogeinizada e dispostas em
leiras, conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010).
O resíduo estruturalmente sendo rico em carbono e pobre em nitrogênio equilibra a
relação C/N da mistura, que deve se situar entre 20 e 30 para que o processo de compostagem
se desenvolva em boas condições. Sendo um processo biológico, seu sucesso depende do
controle de alguns parâmetros físico-químicos básicos:
50
 Aeração;
 relação carbono/nitrogênio;
 umidade;
 pH;
 granulometria e;
 estrutura (SANEPAR, 2009).

Aeração
Conforme CHAGAS (2010), é fundamental, pois a compostagem deve ser
predominante feita por micro-organismos aeróbios. Na falta de ar predominam os
microrganismos anaeróbios e a temperatura não atingirá os valores necessários a eliminação
dos patógenos. O produto final também terá características agronômicas inferiores.
A aeração pode ser feita por revolvimento da leira ou por injeção de ar sob pressão na
mistura.

Relação carbono/nitrogênio
Indica o equilíbrio nutricional do meio e deve estar compreendida entre 20 e 30. O
excesso do nitrogênio do lodo é compensado pelo resíduo estruturalmente que fornece carbono,
mas é pobre em nitrogênio, conforme pesquisas de CHAGAS (2010).

Umidade
É necessária a atividade microbiana. Deve estar compreendida entre 55 e 65%. Caso
seja inferior a este valor a atividade biológica diminui. Se for superior, a água em excesso pode
tapar os interstícios da mistura e provocar anaerobiose, conforme os estudos de CHAGAS
(2010).

pH
Deve estar próximo da neutralidade. Normalmente as misturas contendo lodo
apresentam pH satisfatório, conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010).

Granulometria e estrutura
A mistura do lodo a um agente estruturante visa também criar condições para a
circulação de ar na mistura, pois o lodo é formado por partículas finas que resultam em uma
51
pasta. O agente estruturante deve apresentar granulometria entre 0,5 e 4,0 cm para formar uma
boa estrutura e permitir a circulação do ar. (CHAGAS, 2010).
A eficiência da compostagem na eliminação de patógenos está diretamente relacionada
com a duração da fase termófila e com a tecnologia de compostagem empregada. Portanto não
basta dizer que o produto passou por um processo de compostagem qualquer e por isso está
higienizado, conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010).
Para obter bons níveis de eliminação de patógenos é necessário que a mistura apresente
temperaturas na faixa de 60º C durante 10-20 dias. O revolvimento da mistura também contribui
na eliminação, pois incorpora para o centro da mistura as camadas externas onde a temperatura
é baixa e até favorável à vida de certos patógenos.

CONDICIONAMENTO
Conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), o condicionamento envolve o
tratamento biológico, químico, e/ou físico do lodo para aumentar a remoção da água. Em suma,
alguns processos de condicionamento também desinfetam os lodos, afetam os odores, alteram
fisicamente, e melhoram a recuperação de sólidos.
O termo condicionamento é comumente utilizado para relacionar um processo pelo
qual o lodo de esgoto é condicionado ou preparado para o desaguamento.

DESIDRATAÇÃO
Para tal fim empregam-se centrífugas, prensas e filtros à vácuo, leito de secagem, lagoa
de lodo (CHAGAS, 2010).

Centrífuga
As centrífugas separam os sólidos da água por diferença de força centrífuga. Para que
se obtenha uma água razoavelmente limpa, é necessário conservar o lodo uma porcentagem
relativamente elevada de água, obrigando a uma secagem posterior por outro processo.
A eficiência das centrífugas pode ser melhorada pela adição de coadjuvantes orgânicos
de filtração. As centrífugas sofrem acentuado desgaste quando a estação não dispõe de bons
desarenadores, conforme os estudos de CHAGAS (2010).

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Filtros – Prensa
Os filtros-prensa são filtros de pressão, constituídos de placas de ferro entre as quais
se prendem os panos filtrantes. Comumente juntam-se 3,7 kg de Fe Cl3 em solução a 40% e de
6 a 10 kg de cal por metro cúbico de lodo. Se o lodo contiver elevados teores de matérias graxas,
deverão ser juntadas maiores quantidades de cal, conforme pesquisas de CHAGAS (2010).
O lodo é submetido durante uma a duas horas à pressão de 6 a 8 atm, sendo depois
removido manualmente em estado sólido. Durante a operação, o teor de água cai de 95 para
65%, com o que seu volume fica reduzido a um sétimo (IMHOFF, 1986).
As telas filtrantes devem ser limpas continuamente por meio de esguichos. (CHAGAS,
2010).

Prensa
Conforme os estudos de CHAGAS (2010), a prensa contínua de esteiras possui duas
correias sem-fim em movimento contínuo, das quais pelo menos uma é constituída por uma tela
filtrante. As duas esteiras são progressivamente apertadas uma contra a outra por meio de
roletes. O espaçamento entre elas e a velocidade de translação são reguláveis. O lodo é
floculado com cerca de 150 g de polieletrólitos por metro cúbico e espremido com pressão
crescente entre as duas esteiras, saindo com cerca de 23% de sólidos. A tela filtrante é levada
por esguichos durante a volta.

Filtro a vácuo
Nos filtros a vácuo, o pano filtrante ou espirais de aço encontram-se na periferia de um
tambor rotativo de movimento lento mergulhado no lodo líquido. O tambor é dividido
internamente em compartimentos estanques submetidos ao vácuo um após o outro. O lodo é
aspirado de fora para dentro e fica retido no pano, quando forma um bolo contínuo com 4 a 10
mm de espessura. Durante a rotação, a água é removida para dentro do tambor. O bolo seco é
retirado do pano por meio de uma faca ou é dele destacado por meios de fios que giram junto
com a massa, caindo sobre uma correia transportadora. O teor de água do bolo é de 82% para
lodo ativado e de 70% para lodo doméstico fresco, ou digerido. (CHAGAS, 2010).

53
Leito de secagem
Os leitos de secagem são unidades de tratamento, geralmente em forma de tanques
retangulares, projetadas e construídas de modo a receber o lodo dos digestores, aeróbios e
anaeróbios. Neles se processa a redução de umidade com a drenagem e evaporação da água
liberada durante o período de secagem, conforme os estudos de CHAGAS (2010).
O funcionamento dos leitos de secagem é baseado em um processo natural de perda
de umidade que se desenvolve devido aos seguintes fenômenos:
 liberação de gases dissolvidos ao serem transferidos do digestor a pressão elevada e
submetidos à pressão atmosférica nos leitos de secagem;
 liquefação, devido a diferença do peso específico aparente do lodo digerido e da água,
estabelecendo a flotação do lodo e rápida drenagem da água;
 evaporação natural da água devido ao contato íntimo com a atmosfera; e
 evaporação devido ao poder calorífico do lodo.
O lodo em condições normais de secagem poderá ser removido do leito de secagem
depois de um período que varia de 12 a 20 dias, quando a umidade atinge valores de 70 a 60%
(JORDÃO, 2012).

Lagoa de secagem de lodo


Conforme CHAGAS (2010), as lagoas de secagem de lodo apresentam-se, em muitos
casos, como a melhor alternativa entre os processos naturais de secagem.
O sistema de disposição do lodo em lagoas resume-se no emprego de reservatórios
feitos em terra ou em simples depósitos de lodos em depressões do terreno, cujas características
evitem problemas com as fases de manuseio do lodo, carga e remoções, e ainda que os gases e
líquidos liberados pelo processo não afetem as condições ambientais.
As unidades podem ser projetadas para uso temporário, com ou sem revezamento de
aplicação, e para uso definitivo. Estas últimas deverão ser dimensionadas para a vida útil do
processo de tratamento adotado.
As lagoas de lodo vêm sendo empregadas há longo tempo, principalmente como
solução para o armazenamento dos sólidos remanescentes das estações de tratamento de esgoto.
As lagoas facultativas de secagem que operam como adensadores, armazenadores e
digestores, na realidade são unidades grosseiras, sem equipamento, com a finalidade de

54
substituir outras unidades de tratamento de lodo, utilizadas nas estações de tratamento de esgoto
convencionais.
As lagoas, quando usadas como secagem do lodo, substituem a operação realizada
pelos leitos de secagem e, como tal, exigem remoções periódicas do lodo seco para permitir o
recarregamento da unidade.
As lagoas permanentes são aquelas onde não há obrigatoriedade de remoção do lodo
seco. No entanto, este poderá ser removido após vários anos de aplicação. É considerado o
método de menor custo operacional, acarretando apenas aumento no custo da área necessária.
A remoção do sobrenadante é recomendada quando se pretende aumentar a capacidade de carga
da área utilizada (JORDÃO, 2012).

DISPOSIÇÃO FINAL DO LODO


CHAGAS (2010) afirma que apesar de todas as técnicas de tratamento e emprego do
lodo expostas até aqui, não se deve ter a ilusão de que a questão da disposição do lodo esteja
definitivamente resolvida. A principal preocupação deve ser a de encontrar qualquer forma de
descartar este lodo.
Qualquer estação de tratamento em que não se consiga alguma forma de disposição
final do lodo está fatalmente condenada ao insucesso. Mesmo nas instalações em que o lodo
seja incinerado ou gaseificado resta o problema da disposição das cinzas.
As principais formas de disposição final do lodo são: incineração, aterro sanitário e
disposição em solos agrícolas.

Incineração
Conforme CHAGAS (2010), embora a incineração seja intensamente utilizada para
destinação dos resíduos sólidos urbanos em alguns países da Europa e, particularmente no
Japão, ela é alvo de controvérsia em relação aos impactos ambientais e efeitos na saúde humana
que podem resultar das suas emissões gasosas e das cinzas.
Talvez fosse realmente mais seguro incinerar todo e qualquer resíduo, mas do ponto
de vista econômico e ecológico isto é inviável mesmo para os países ricos.
Do ponto de vista ambiental, o foco da discussão mundial são as emissões de dioxinas
e furanos e a presença de metais pesados nas cinzas.

55
A controvérsia se refere ao nível de emissões destas substâncias, com alguns grupos
tendo a afirmar sobre as contribuições desprezíveis dos incineradores e outros, sobre os seus
intensos riscos ambientais e para a saúde humana.
A principal vantagem da incineração é a de reduzir significativamente o volume do
material, além de poder destruir organismos patogênicos e substâncias orgânicas perigosas,
transformando resíduo em cinza. A desvantagem é que a incineração pode emitir quantidades
detectáveis de poluentes tais como dioxinas, furanos e metais pesados se os incineradores não
são bem projetados e operados, conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010).
A conformidade com os padrões de poluição ambiental, cada vez mais restritivos, tem
elevado os custos dos sistemas de incineração, que são excessivos até mesmo para os países
desenvolvidos.
As principais questões que se colocam sobre a utilização da incineração como método
de tratamento e disposição final de resíduos, em países em desenvolvimento como o Brasil e,
de resto, na América Latina em geral, são a exigência de capacitação técnica para garantir uma
boa qualidade operacional e, em especial, os custos absolutamente incompatíveis com a
capacidade econômica existente e a pouca capacitação técnica disponível para controlar as
emissões de incineradores, conforme os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010).
A proposta de utilização de tecnologias mais sofisticadas, que não conseguem ser
mantidas em condições operacionais adequadas, pode contribuir para agravar o problema ao
invés de resolvê-lo (FERREIRA, 2014).

Aterro sanitário
De acordo com os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), os aterros para resíduos,
tanto domésticos quanto industriais são, no Brasil, as obras de disposição mais baratas e de
tecnologia mais conhecida. Entretanto, deve-se sempre ter em mente que esses aterros não
servem para disposição de todos os tipos de resíduos.
Essa técnica consiste em confinar os resíduos sólidos na menor área e volume
possíveis, cobrindo-os com a camada de material inerte na conclusão de cada jornada de
trabalho, ou a intervalos menores, caso necessário.
A escolha da área mais apropriada é um processo que permitirá sensível diminuição
de custos de investimento e também minoração dos efeitos adversos sobre o meio ambiente.

56
Para a escolha procede-se a uma análise econômica onde serão avaliados os custos: do
terreno; de implantação de acessos; e de transportes. Aquela que apresentar o menor custo total
por unidade de massa ou volume de resíduo deve ser a escolhida.
Assim, conforme os estudos de CHAGAS (2010), a área, para qualquer que seja o
aterro, deve apresentar como condições adequadas pelo menos as seguintes:
 baixa densidade populacional;
 proximidade à fonte geradora e vias de transportes;
 baixo potencial de contaminação do aquífero;
 baixo índice de precipitação;
 alto índice de evapotranspiração;
 subsolo com alto teor de argila;
 pouca declividade e ausência de depressões naturais;
 áreas não sujeita a inundação;
 camada insaturada de pelo menos 1,5 m, entre o fundo do terreno e o nível mais alto do
lençol freático;
 subsolo não constituído essencialmente por material com coeficiente de permeabilidade
superior a 1 x 10-4 cm/s e distância mínima de pelo menos 20 m de qualquer fonte de
abastecimento humano ou animal de água (CETESB, 2017).

AGRICULTURA
De acordo com os estudos e pesquisas de CHAGAS (2010), em comparação com os
fertilizantes comerciais, o valor do lodo do esgoto urbano é reduzido, quando se leva em
consideração o teor de nitrogênio, fósforo e potássio. Entretanto, quando se trata da aplicação
agrícola do lodo, não deve ser levada tanto em conta sua composição química, quando sua
capacidade de formar húmus fixador de água.
O lodo principal constitui o principal subproduto do tratamento das águas residuárias.
A disposição sanitária ou a utilização deste subproduto, é um dos mais importantes problemas
associados ao projeto e ao gerenciamento das estações de recuperação da qualidade das águas.
A matéria orgânica do lodo bem digerido consiste principalmente de húmus ou de
constituintes húmicos. Estas substâncias se decompõem muito lentamente, propiciando
condições favoráveis para o crescimento de organismos desejáveis no solo agrícola. Possuem
também a propriedade de reter os nutrientes oriundos de fertilizantes químicos, mesmo após
57
chuvas moderadas, liberando-os lentamente – junto com os nutrientes que já possuem e que
foram originários do lodo – segundo a demanda das raízes das plantas.
O lodo bem digerido traz em sua massa uma porção muito grande de partículas
aglomerantes, que tendem a formar compostos de estruturas em forma de anéis com íons
metálicos que, por sua vez, aglomeram partículas finas do solo, minerais e sais, favorecendo a
penetração das raízes e a abertura de sulcos na terra.
Os lodos digeridos aumentam mais a fertilidade física do campo do que a sua
fertilidade química, principalmente devido aos seguintes fatores:
 capacidade de reter a umidade;
 formação de camada protetora que reduz ou elimina a erosão pelo vento e pela chuva;
 melhoria das condições de abertura de sulcos no terreno;
 melhoria da estrutura do solo quanto às condições de aeração pelo aumento do volume
de vazios;
 redução das perdas de nutrientes, pela maior dificuldade no escoamento superficial;
 condições favoráveis para proliferação de micro e macro organismos desejáveis na
agricultura.
Por outro lado, existem uma série de precauções que devem ser tomadas aos riscos
associados ao uso do lodo em solos agrícolas, afirma CHAGAS (2010).

58
TECNOLOGIAS PARA O TRATAMENTO DOS EFLUENTES
LÍQUIDOS

De acordo com os estudos de CASSIANA MAZZER e OSVALDO ALBUQUERQUE


CAVALCANTI (20145), as tecnologias para tratamento dos efluentes líquidos, ou águas
residuárias (esgoto), que são as águas com alterações indesejáveis nas características, são
classificadas em três grupos distintos de processo:
 Processos biológicos;
 Processos físicos;
 Processos químicos.
Para os mesmos autores, geralmente, esses grupos não atuam isoladamente e o
processo mais adequado ao seu efluente será definido a partir de alguns itens, como:
 As características dos efluentes a ser tratado;
 O atendimento as exigências legais;
 A área disponível;
 O custo envolvido.
Para a definição da tecnologia, MAZZER e CAVALCANTI (2014) afirmam que esta
irá remover a carga orgânica existente nos efluentes, é necessária a caracterização física e
química desse efluente. Um exemplo de caracterização, que se aplica a quase todos os ramos
de atividade industrial, é realizado, através das seguintes análises:
 Sólidos totais;
 Temperatura;
 Cor;
 Odor;
 Turbidez;
 DQO (Demanda Química de Oxigênio);
 DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio);
 pH (Potencial Hidrogênionico);
 OD (Oxigênio Dissolvido);

5
Disponível em: <http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/77/i04.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2018.

59
PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES
PROCESSOS QUÍMICOS E FÍSICO-QUÍMICOS

MAZZER e CAVALCANTI (2014) descrevem que os processos químicos e físico-


químicos podem ser utilizados para remover material coloidal, cor e turbidez, odor, ácidos,
álcalis, metais pesados e óleos. Além disso, os reagentes químicos são utilizados para
neutralizar ácidos ou álcalis (e-meioambiente, 2013). A neutralização dos efluentes industriais
pode ser necessária para adequar o efluente a ser lançado à legislação ou como medida
necessária para proteção de sistemas de tratamento posteriores. Em linha gerais, os principais
reagentes químicos utilizados para neutralização são os seguintes:
 Efluente alcalino: ácido sulfúrico (h2 so4), ácido clorídrico (hcl), dióxido de carbono
(co2).
 Efluente ácido: lama de cal, calcário, carbonato de sódio, soda caustica.

PROCESSOS FÍSICOS
De acordo com MAZZER e CAVALCANTI (2014) são processos que abrangem a
remoção de sólidos flutuantes de dimensões relativamente grandes, de sólidos em suspensão,
de areias, de óleos e gordura (e-meioambiente, 2013).
São considerados métodos físicos:
 Caixas de areia;
 Decantadores;
 Grades;
 Peneiras simples ou rotativas;
 Tanques de remoção de óleo e graxas.

Caixas de areia
Destinam-se à retenção de areias e outros detritos pesados inertes, em suspensão nos
efluentes. São utilizadas com o objetivo de proteger bombas e tubulações contra abrasão e
entupimento.

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Decantadores
São empregados na separação dos sólidos sedimentáveis contidos nos efluentes.
Podem ser divididos em dispositivos que são preenchidos intermitentemente (por cargas) ou
com fluxo constante. Os decantadores mais simples são as lagoas de decantação, em que o lodo
acumulado no fundo pode ou não ser removido.

Grades
As grades destinam-se a remover sólidos grosseiros em suspensão e também são
utilizados para proteção de bombas, válvulas e outros equipamentos contra obstrução.

Peneiras
São dispositivos destinados a retenção de partículas mais finas. A fim de evitar
entupimento, devem ser do tipo rotativo. Como exemplo de sua aplicação, podemos citar as
indústrias de conservas de pescado que as utiliza na separação de espinhas e escamas.

Tanques de remoção de óleo e graxas


Os óleos e gorduras livres presentes nos efluentes formam uma espuma de efeito
estético desagradáveis, além de prejudicarem seriamente o tratamento biológico. Esses
dispositivos para remoção de óleos e graxas, provocam a redução da velocidade da água.
Enquanto os sólidos mais densos se depositam no fundo formando lodo, os corpos menos
densos sobem á superfície formando escuma. As leis que regem o fenômeno são análogas às
que regem o fenômeno de sedimentação de sólidos granulares, com a diferença de que se
efetuam em sentido inverso, isto é, as partículas maiores sobem com velocidade maior que a
das partículas menores. (MAZZER e CAVALCANTI, 2014).

PROCESSOS BIOLÓGICOS
De ainda de acordo com MAZZER e CAVALCANTI (2014) os processos biológicos
são os processos que dependem dos microorganismos para a redução da carga orgânica dos
efluentes (emeioambiente, 2013).
Nos processos biológicos, os microorganismos transformam a matéria orgânica
existente na forma de sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos em compostos simples como
água, gás carbônico e sais minerais.

61
Os processos biológicos são classificados em função da fonte de oxigênio, em aeróbios
e anaeróbios, sendo que os microorganismos que se utilizam do oxigênio disponível no ar são
chamados de aeróbios e os que se utilizam do oxigênio presente nos compostos que serão
degradados são chamados de anaeróbios. (MAZZER e CAVALCANTI, 2014).
Os processos biológicos aeróbios normalmente encontrados são:
 Lodos ativados;
 Filtro biológico;
 Lagoas aeradas;
 Processos anaeróbios.

Lodos ativados
Nos processos biológicos, através de lodos ativados, o esgoto é estabilizado
biologicamente em um tanque de aeração, onde o oxigênio requerido pelos microorganismos
será fornecido através de equipamentos de aeração mecânica ou ar difuso. A massa biológica
resultante é separada do líquido em um decantador. Uma parte dos sólidos biológicos
sedimentados é continuamente recirculada e a massa remanescente é disposta, de forma a não
causar impacto ao meio ambiente. (MAZZER e CAVALCANTI, 2014).

Filtro biológico
No processo de filtração biológica, o despejo líquido é aspergido sobre pedras e
escoado através do leito filtrante. O filtro biológico consiste de um leito filtrante de meio
altamente permeável onde os microrganismos são afixados, e através do qual o despejo líquido
é percolado. O meio filtrante usualmente é constituído por pedras ou plásticos e a profundidade
média dos filtros de pedra é de 2 metros e de 9 a 12m quando o meio é de plástico. O filtro
biológico normalmente é circular, sendo o despejo líquido distribuído sobre a parte superior do
leito por meio de braços rotativos. O efluente sai por uma camada de drenos, juntamente com
sólidos biológicos. O material orgânico presente no despejo é degradado por uma população de
microrganismos afixada no meio filtrante. (MAZZER e CAVALCANTI, 2014).

Lagoas aeradas
Nas lagoas aeradas, é utilizada aeração mecanizada para fornecer oxigênio às
bactérias. Nas lagoas fotossintéticas aeróbias o oxigênio é fornecido pela aeração natural e pela

62
ação fotossintética das algas. O oxigênio liberado pelas algas através do processo de
fotossíntese é utilizado pelas bactérias no processo de degradação aeróbia dos poluentes
existentes dos efluentes. (MAZZER e CAVALCANTI, 2014).

Processos anaeróbios
Nos processos anaeróbios a decomposição da matéria orgânica e/ou inorgânica é
conseguida na ausência de oxigênio molecular. Sua principal aplicação está na digestão de
certos despejos industriais de alta carga e lodos de esgotos concentrados.
Os microorganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica são
comumente divididos em dois grupos, sendo que cada grupo realiza as seguintes atividades:
 O primeiro hidroliza e fermenta compostos orgânicos complexos para ácidos
orgânicos simples;
 O segundo converte os ácidos orgânicos simples em gás metano e gás carbônico.
(MAZZER e CAVALCANTI, 2014).

63
RESÍDUOS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

No processo de produção de água potável, considerado como uma das etapas da


indústria da água, há geração de resíduos devido à presença de impurezas na água bruta e
aplicação de produtos químicos. Esses resíduos apresentam características e propriedades
diversas e geralmente desconhecidas, dificultando a solução do problema.
Os principais resíduos gerados nas ETAs, que possuem tecnologia de ciclo completo,
são o lodo de decantadores e a água de lavagem de filtros (ALAF). As principais perdas de
água, neste tipo de sistema, ocorrem devido à necessidade de limpeza das unidades de
tratamento para remoção de resíduos (lavagem de floculadores, decantadores e filtros) e
vazamentos nas unidades e/ou tubulações. O lodo é definido como resíduo sólido, e, portanto,
deve estar em consonância com os preceitos da Lei 12.305/2010 (artigo 3º, inciso XVI)
(BRASIL, 2010) e da série de normas NBR 10.004/2004 (ABNT, 2004).
No Brasil, a implantação de sistemas de tratamento de água está sujeita ao
licenciamento ambiental, conforme a Resolução 237 de 19 de dezembro de 1997 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente (Conama) (BRASIL, 1997b). Esta é uma obra de utilidade pública
causadora de impactos ambientais negativos, com o lançamento de resíduos provenientes dos
decantadores e da ALAF em corpos d'água. A Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH
(Lei 9.433/97) estabelece que,
o lançamento de resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de
sua diluição, transporte ou disposição final em corpos d'água, além de outros usos que
alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água, está sujeita à outorga do Poder
Público (BRASIL, 1997a).

O lançamento em corpos d'água dos resíduos gerados em ETAs, quando não aprovado
por órgãos ambientais, pode ser considerado crime ambiental devido aos efeitos diretos
causados ao ambiente aquático do corpo receptor, provocando danos à fauna aquática.
Constitui-se crime ambiental, de acordo com o artigo 54 da Lei 9.605/98.
Com os fundamentos da PNRH e baseado na Lei de Crimes Ambientais, são relevantes
as questões do lançamento e da disposição final dos resíduos sólidos gerados em ETAs, na
gestão ambiental integrada entre "água e solo".
Quanto às características, alguns trabalhos têm mostrado que a concentração de metais
nos resíduos das ETAs pode ultrapassar limites impostos pelo padrão de emissão (CORDEIRO,

64
2013; BARROSO e CORDEIRO, 2012). Isso pode influenciar a qualidade da água tratada e
comprometer ainda mais as condições de lançamento do lodo em corpos d'água. Portanto, os
gestores responsáveis por sistemas que lançam resíduos in natura nos corpos d'água devem
iniciar ações que permitam avaliar a forma de geração e destino dos mesmos e definir
estratégias para essa solução.
A forma de remoção de lodo das ETAs pode ser considerada um dos principais
problemas de gestão deste resíduo, pois influencia diretamente em sua quantidade e qualidade.
No Brasil, a frequência de remoção de lodo nos decantadores de ETA convencional de
ciclo completo pode ser realizada em intervalos de até seis meses, pode gerar acúmulo de lodo
com elevada concentração de contaminantes orgânicos e inorgânicos e também pode dificultar
a remoção e disposição final. Assim, em algumas ETAs, é necessária a utilização de água em
alta pressão a fim de auxiliar a remoção do lodo e raspadores manuais (rodos de madeira), que
implica no contato direto de funcionários com este resíduo (ACHON, 2014).
CORNWELL et al. (2010) realizaram um levantamento sobre as formas de disposição
final de lodos das ETAs nos Estados Unidos. Tais pesquisadores verificaram que 25% das ETAs
aplicam o lodo no solo, 24% lançam-no em sistemas públicos de esgotos, 20% dispõem-no em
aterro, 13% em aterro exclusivo e 7% realizam outras formas de disposição final. Apenas 11%
das ETAs lança o lodo nos corpos d'água.
Segundo SIMPSON et al. (2012), no Reino Unido, apenas 2% das ETAs lançam o
lodo nos corpos d'água e há uma predominância de disposição final em aterros sanitários (52%),
seguida de 29% que lançam-no em sistemas públicos de esgoto, 9% têm novos métodos, 6%
realizam tal processo em aterro exclusivo e 2% em lagoas.
No Brasil, este quadro é bem diferente. Segundo CORDEIRO (2013) e MORITA et
al. (2012), a maioria das ETAs do estado de São Paulo lança os lodos gerados nos decantadores
em corpos d'água mais próximos sem tratamento prévio, causando problemas ambientais.
No Estado de Minas Gerais foram coletadas informações de 175 municípios,
mostrando que 87% das ETAs dos municípios mineiros avaliados lançam o lodo em corpos
d'água sem tratamento, 6% não informaram, 3% possuem unidades de tratamento de resíduos
(UTR), 2% lançam na rede pluvial, 1% em ETE e 1% no solo (MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DE MINAS GERAIS, 2015).
No Estado de São Paulo, levantamentos preliminares realizados na Bacia PCJ
(Piracicaba, Capivari e Jundiaí) indicaram que 56% (em termos populacionais) lançam o lodo
65
de ETA em corpos d'água, 21% em aterro, 15% não disponibilizaram dados, 6% em ETEs e
1% em outros locais (PCJ, 2014).
Tradicionalmente, no Brasil, a maior e mais importante preocupação, ainda que
incipiente, tem sido em relação aos resíduos gerados em estações de tratamento de esgotos, que
também deveria se refletir para os resíduos gerados em ETAs. Por outro lado, o
desenvolvimento tecnológico do tema tem esbarrado em replicar tecnologias importadas, em
pesquisas desarticuladas e soluções empíricas localizadas. Esse desenvolvimento muitas vezes
é incentivado por mudanças e cobranças nos campos normativo e legal.
Inúmeros direcionamentos foram elaborados quanto aos aspectos qualitativos,
quantitativos e de técnicas para redução de água no resíduo. No entanto, correspondem, ainda,
a ações desarticuladas entre os diversos institutos de pesquisas e, principalmente, com
dificuldade quanto à transferência de tecnologia para empresas, municípios e estados. Salvo
iniciativas como o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico – Prosab (REALI, 2010;
ANDREOLI, 2011) e, mais recentemente, em 2014, com a realização do Seminário Nacional
sobre Tratamento, Disposição e Usos Benéficos de Lodos de ETAs, que concluiu:

ainda hoje a maioria das ETAs lança diretamente seus lodos nos corpos d'água mais
próximos; o setor de saneamento ambiental precisa ter uma visão mais abrangente do
sistema de tratamento de água. Atualmente ela é horizontal [...]; há tendência
internacional em se reduzir a quantidade de lodo produzido nas ETAs; o restante deve
ser reciclado ou reusado e somente o que não puder ser aproveitado deve ser
disposto (IE/SP, 2014).

66
GERENCIAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
PARA CONSUMO HUMANO

O desenvolvimento e a adaptação de ferramentas metodológicas de avaliação e


gerenciamento de riscos à saúde, associados aos sistemas de abastecimento de água, desde a
captação até o consumidor, facilita a implementação dos princípios de múltiplas barreiras, boas
práticas e gerenciamento de riscos, inseridos na portaria do Ministério da Saúde sobre
potabilidade da água para consumo humano – Portaria MS nº 2.914/2011. Tais ferramentas são
conceituadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Planos de Segurança da Água
– PSA.
A Portaria MS nº 2.914/2011 explicita a necessidade de o responsável pelo sistema ou
pela solução alternativa de abastecimento de água para consumo humano manter avaliação
sistemática do sistema sob a perspectiva dos riscos à saúde, com base na qualidade da água
distribuída, conforme os princípios dos PSA recomendados pela OMS ou definidos em
diretrizes vigentes no País, tornando-se, assim, o primeiro país do mundo a incorporar o tema
PSA em legislação nacional.
A implantação de um PSA justifica-se pelo reconhecimento das limitações da
abordagem tradicional de controle da qualidade da água para consumo humano, focada em
análises laboratoriais, com métodos demorados e de baixa capacidade para o alerta rápido à
população, em casos de contaminação da água, não garantindo a efetiva segurança da água para
consumo humano. A implantação de um PSA traz benefícios para todos os sistemas e soluções
alternativas de abastecimento de água para consumo humano, podendo ser aplicado a pequenos
e grandes sistemas.
Assim, com base no documento oficial do Ministério da Saúde, iniciamos a nossa
pesquisa que embasará a confecção desse material que trata da segurança no gerenciamento do
sistema de abastecimento de água para o consumo humano.
Isto porque, é inegável a compreensão de que a melhoria da gestão do saneamento
básico proporciona melhoria para a saúde e é essencial para a redução da mortalidade infantil.
A gestão adequada do saneamento básico melhora as condições de saúde da população em
especial das crianças que vivem nas regiões mais pobres das cidades onde as moradias são mais
precárias e as condições do local são insalubres, aumentando a exposição das crianças a

67
inúmeras ameaças. Segundo dados dos Indicadores e Dados Básicos – Brasil – IDB (2015), a
mortalidade atribuível a diarreias agudas em crianças menores de 05 anos foi de 3,9% (média
nacional), sendo que a região nordeste foi a mais afetada com 6,5% e a região sul apresentou o
menor índice com 1,5%.
No Brasil, as doenças diarreicas e as parasitoses estão entre as principais causas de
morbidade em menores de 05 anos. Existe uma relação entre a oferta dos serviços de
saneamento básico, Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (engloba três dimensões:
riqueza, educação e esperança média de vida e saúde). Locais com maior oferta de
abastecimento de água potável e coleta de esgoto apresentam melhores níveis de IDH que são
inversamente proporcionais à taxa de mortalidade infantil em menores de 05 anos.
O impacto econômico decorrente das intervenções em saneamento básico pode
representar redução dos casos de doença ou morte proporcionando economias em relação a
necessidade de tratamento para o setor da saúde e também para os pacientes; valores
relacionados às mortes evitadas e ao tempo economizado como também pela não necessidade
de assistência médica de tempo de ausência em escola, trabalho, entre outros (LIMA; LIMA;
OKANO, 2015).
Vale destacar que os investimentos em saneamento têm um efeito direto na redução
dos gastos públicos com serviços de saúde. Segundo MELO (2015), estudos da Organização
Mundial de Saúde mostram que R$ 1,00 (um real) aplicado em Saneamento gera R$ 2,50 (dois
reais e cinquenta centavos) de economia em saúde.
Sendo assim, ao analisarmos as questões relacionadas ao saneamento encontramos a
questão da água, especialmente da água para o consumo humano e nesse sentido, encontramos
os protozoários e as cianobactérias que são considerados organismos emergentes em sistema de
abastecimento de água para consumo humano e nosso foco neste momento.
Esses microrganismos emergentes são aqueles para os quais a atenção ou preocupação
de médicos, especialistas e epidemiologistas tem se voltado a partir de períodos mais ou menos
recentes. Assim, podem constituir espécies recém-descobertas ou organismos já conhecidos e
identificados, porém que somente recentemente descobriu-se serem capazes de infectar e serem
patogênicos para os seres humanos (BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2009).
A emergência dos organismos acima está relacionada não ao fato de serem espécies
recém-descobertas, mas ao fato de que, recentemente, em diferentes países, tem-se registrados
surtos ou epidemias de doenças em que os mesmos foram identificados como os agentes
68
etiológicos envolvidos e onde o abastecimento de água, mesmo tratada, foi incriminado como
a fonte da exposição.
Os protozoários constituem um grupo de organismos que inclui seres de vida livre e
parasitas, que se caracterizam por apresentar diferentes formas, tipos de metabolismos e locais
de ocorrência. O ser humano e diferentes espécies animais constituem os hospedeiros
obrigatórios ou acidentais dos protozoários patogênicos, sendo que alguns desses podem
apresentar complexos ciclos biológicos envolvendo, inclusive, diferentes modos e mecanismos
de transmissão.
A transmissão de protozoários patogênicos via água de consumo é há muito tempo
conhecida e consolidada na comunidade técnica e científica. Como exemplos, citam-se a
associação entre Giardia sp e água com qualidade imprópria ao consumo humano e, mais
recentemente, Cryptosporidium spp., responsável por parasitose de caráter emergente, tanto
pela sua ampla distribuição (cosmopolita) quanto pela ocorrência de diversos surtos e infecções
esporádicas registradas em várias partes do mundo. Também se somam a essa lista Cyclospora
cayetanensis e Toxoplasma gondii, com menor incidência, mas com alguns surtos registrados
em diferentes países (KARANIS; KOURENTI; SMITH, 2014 apud BEVILACQUA,
AZEVEDO, CERQUEIRA, 2013), inclusive no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
Protozoários patogênicos são alvo de preocupações, tanto das autoridades de saúde
pública quanto da comunidade científica, devido à transmissão comprovada de cistos de Giardia
sp. e oocistos de Cryptosporidium spp. por meio do consumo de água tratada e distribuída por
sistemas de abastecimento (LeCHEVALLIER; NORTON; ATHERHOLT, 2007 apud
BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2013). Esse fato alerta que populações que
consomem água tratada apenas pelo processo de desinfecção (cloração), ou que consomem água
de estações de tratamento que não realizam um controle rigoroso da eficiência do processo de
filtração e/ou apresentam deficiências operacionais, podem estar sob maior risco de infecções
por esses agentes.
A crescente preocupação com a transmissão de protozoários via abastecimento de água
para consumo humano envolve ainda as seguintes dificuldades na busca de equacionamento do
problema:
(i) as limitações dos processos convencionais de tratamento de água na
remoção/inativação de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium;

69
(ii) a insuficiência do controle tradicional da qualidade da água tratada por meio do
emprego de bactérias do grupo coliforme ou outros indicadores;
(iii) as limitações analíticas dos métodos disponíveis de pesquisa de protozoários em
amostras de água;
(iv) a dificuldade de estimar riscos à saúde associados à presença de cistos de Giardia e
oocistos de Cryptosporidium em águas de consumo humano, principalmente quando
em números reduzidos;
(v) o conhecimento da participação de reservatórios animais na manutenção dessas
parasitoses em nosso meio, haja vista o potencial zoonótico de ambas.
Devido aos diferentes aspectos relacionados aos organismos patogênicos e à ampla
variedade existente dos mesmos, não é necessário nem possível considerar todos os patógenos
com o objetivo de projetar e/ou operar sistemas de abastecimento garantindo o fornecimento de
água segura, ou mesmo em procedimentos de avaliação de risco de sistemas de abastecimento
de água para consumo humano.
Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2018) introduz o termo
“patógeno/organismo referência”, o que significa selecionar de uma lista de organismos aquele
que melhor reúne informações que possam representar o grupo como um todo. As informações
normalmente utilizadas na seleção, com o objetivo último de proteção à saúde pública, incluem
aspectos relacionados à remoção/inativação no tratamento da água e aqueles associados a
impactos à saúde, tanto no âmbito individual como coletivo.
Usualmente, havendo informação disponível, a escolha recai sobre o organismo mais
difícil de ser removido/inativado e que apresenta os mais importantes impactos à saúde. Uma
vez feita a seleção, se o sistema de abastecimento cumpre os requisitos de forma a produzir
água com qualidade adequada considerando o “patógeno referência”, significa que também
atinge aqueles necessários para o grupo de patógenos como um todo (WHO, 2006 apud
BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2013).
A introdução do termo “patógeno referência” muito se deve ao reconhecimento de que
a avaliação da qualidade da água, utilizando os indicadores microbiológicos tradicionais
(coliformes e Escherichia coli), não é adequada quando se quer avaliar a presença/ausência de
protozoários em amostras de água. Sendo assim, essa referência tem sido particularmente
aplicada a esse grupo específico de organismos patogênicos, os protozoários.

70
Os protozoários Cryptosporidium spp. e Giardia duodenalis são os mais significativos,
uma vez que provocam sintomas moderados e os casos de doença são comuns na população;
além disso, já foram associados a epidemias/surtos envolvendo o consumo de água. Também
se destacam pelo fato de persistirem por longos períodos no ambiente e apresentarem elevada
resistência aos processos usuais de desinfecção da água.
A informação relativa à ocorrência de surtos/epidemias é particularmente importante,
uma vez que demonstra que o organismo foi capaz de atravessar diferentes barreiras, alcançar
a população consumidora e produzir doença, eventualmente com grande impacto, como a
incidência elevada de casos e/ou a ocorrência de casos graves/fatais.
KARANIS, KOURENTI e SMITH (2007 apud BEVILACQUA, AZEVEDO,
CERQUEIRA, 2015), em um trabalho de revisão das epidemias/surtos causadas por
protozoários patogênicos em todo o mundo, verificaram que de 325 registros, em 32% a
epidemia/surto esteve associada com a água de consumo contaminada ou presumivelmente
contaminada com Giardia duodenalis e, em 23,7%, com Cryptosporidium spp.
Por outro lado, outros protozoários também vêm, mais recentemente, adquirindo
importância relativa, principalmente devido à emergência de epidemias/surtos relacionados ao
abastecimento de água. Destacam-se o Toxoplasma gondii e o Cyclospora cayetanensis, onde,
somada a importância à saúde, chamam atenção as características que envolvem as dificuldades
de controle de ambos, ou seja, são protozoários que também possuem elevada resistência no
ambiente e aos processos usuais de desinfecção da água. Entretanto, Cryptosporidium e Giardia
ainda são apontados como os de maior importância e significado.
Também é importante mencionar alguns aspectos relacionados ao ciclo de vida desses
agentes que contribuem para que a transmissão dos protozoários Cryptosporidium e Giardia via
água de consumo seja mais provável. Esses organismos apresentam potencial zoonótico, ou
seja, outras espécies de animais (domésticos e selvagens) podem ser seus hospedeiros e os
hospedeiros infectados (humano ou animal), normalmente, eliminam grandes quantidades de
formas infectantes (cistos e oocistos). Esses aspectos são significativos, uma vez que um maior
e mais diversificado número de indivíduos é capaz de disseminar grandes quantidades dos
agentes no ambiente. Adicionalmente, são eliminados dos hospedeiros já em suas formas
infectantes, não necessitando, assim, de um período no ambiente para causarem novos casos de
infecção. Nessas circunstâncias, a transmissão entre indivíduos também é possível. E,

71
finalmente, são protozoários monoxenos, ou seja, completam seu ciclo de vida em apenas um
hospedeiro.
Outro aspecto relevante em relação aos protozoários de transmissão fecal-oral,
incluídos o Cryptosporidium e a Giardia, é o fato de serem eliminados, frequentemente, em
grandes quantidades nas fezes dos hospedeiros infectados, podendo, assim, ocorrer em elevado
número no ambiente. Por outro lado, requerem doses infectantes relativamente baixas para
causar novos casos de infecção/doença.
A tendência mundial é considerar o Cryptosporidium como o “protozoário referência”
em se tratando da transmissão de protozooses via abastecimento de água para consumo humano.
A atenção e preocupação em relação a esse protozoário são observadas tanto no meio científico,
como alvo de pesquisas e investigações, quanto nos serviços de saúde pública e de saneamento,
como uma das referências à produção de água segura à população. Além das características já
citadas, Cryptosporidium spp. é objeto de maior preocupação devido às dificuldades de
controle, uma vez que apresenta oocistos de menor tamanho, sendo mais dificilmente
removidos da água, considerando os processos tradicionais de clarificação; também são mais
persistentes no meio ambiente e mais resistente aos processos usuais de desinfecção da água de
consumo.
A definição de possíveis organismos que possam ser utilizados como “patógenos
referência” também é importante para a aplicação da metodologia de Avaliação Quantitativa de
Risco Microbiológico (AQRM), sendo necessária a existência de dados sobre dose-resposta à
exposição ao microrganismo, os quais são normalmente obtidos em estudos experimentais com
voluntários humanos ou animais ou constituem evidências epidemiológicas, usualmente
levantadas em investigações de surtos/epidemias. Essas informações estão mais bem
estabelecidas e sistematizadas para Cryptosporidium e Giardia, reforçando a escolha do
primeiro como “patógeno referência” (BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014).
Outro aspecto que vem adquirindo importância é a capacidade de sobrevivência dos
oocistos em águas estuarinas e marinhas e a possibilidade de contaminação de espécies animais
desses ambientes, aumentando o significado de saúde pública desse protozoário, tanto no que
diz respeito à transmissão envolvendo o contato primário/recreação, como devido ao consumo
de produtos marinhos, principalmente crus.
A detecção de oocistos em água do mar ou de estuários é documentada na literatura
(JOHNSON et al., 1995; FERGUSON et al. 2006; LIPP et al., 2001 apud BEVILACQUA,
72
AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014), entretanto, a grande maioria dos relatos, em diferentes
partes do mundo, refere-se ao isolamento/identificação de oocistos em moluscos aquáticos
(ostras, mexilhões e mariscos). Esses animais podem desempenhar importante papel na
transmissão do Cryptosporidium, uma vez que, pela forma de alimentação dos mesmos
(filtração da água), podem reter oocistos infectantes em seus tecidos.
O comportamento da Giardia em condições de laboratório e no ambiente e semelhante
ao do Cryptosporidium, porém, normalmente, a sobrevivência de cistos é menor que a dos
oocistos. A temperatura também é um fator que interfere na manutenção da infectividade dos
cistos. No solo, os cistos apresentam períodos variados de sobrevivência (OLSON et al., 2009
apud BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014).
Considerando os mananciais superficiais, trabalhos registram que, dentre outras
características, o grau e o tipo de ocupação da bacia, a existência de cobertura vegetal, o
lançamento de efluentes industriais e domésticos, além da pluviosidade são fatores que
contribuem para o aumento de (oo)cistos nesses mananciais (BEVILACQUA, AZEVEDO,
CERQUEIRA, 2014).
As águas subterrâneas podem apresentar níveis de contaminação menores ou quase
nulos devido ao processo natural de filtração da água por meio das camadas do solo, entretanto,
este poder filtrante pode ser afetado pela profundidade do aquífero, presença e concentração
das contaminações nas proximidades desses e nas águas contribuintes. Poços localizados perto
de rios que recebem esgotos não tratados podem potencialmente apresentar impactos na
qualidade de sua água devido a essa proximidade. Adicionalmente, de forma geral, a frequência
de mananciais contaminados com cistos de Giardia é menor do que com oocistos de
Cryptosporidium. Ainda há que se registrar que os estudos que demonstram a presença de
(oo)cistos em mananciais subterrâneos normalmente apontam que características do aquífero,
fluxo da corrente e características sobre a construção dos poços indicaram a existência de
contaminação por águas superficiais (BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014).
A ocorrência de (oo)cistos em águas tratadas e em sistemas de abastecimento não
determina, necessariamente, comprometimentos da saúde da população consumidora. Em
princípio, os (oo)cistos identificados podem não ser viáveis/infectantes e/ou as concentrações
observadas não são suficientes para determinar processos de infecção e/ou os processos
infecciosos que ocorrem não implicaram em quadro sintomático. Adicionalmente, há que se
considerar o fato de que podem ocorrer casos eventuais que, devido a pouca gravidade, não são
73
identificados e, por conseguinte, não são notificados; ou ainda, quando as concentrações são
suficientes para desencadear processos de infecção, resultando em casos de giardiose e/ou
criptosporidiose, os sintomas podem ser atribuídos a outros agentes.
Se, por um lado, a identificação de oocistos na água tratada não revela a condição de
viabilidade/infectividade, limitando a definição do real risco microbiológico à saúde da
população, por outro, são indicadores incontestes da ocorrência de falhas no processo de
tratamento e/ou no controle da qualidade da água.
No Brasil, não são conhecidos dados devidamente documentados que comprovem a
ocorrência de surtos de giardiose e criptosporidiose associados ao consumo de água.
Predominantemente, as formas de transmissão dos surtos descritos em nosso país se referem a
contatos interpessoais, notadamente envolvendo crianças em creches (BEVILACQUA,
AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014).
Ainda que seja tarefa difícil a associação inequívoca entre a ocorrência de
surtos/epidemias e a água consumida pela população, alguns registros exemplificam de modo
mais ou menos consistente a participação da água de consumo como veículo de transmissão de
agentes patogênicos.
De maneira geral, observa-se que alguns surtos estiveram associados ao abastecimento
de água sem tratamento, entretanto, outros ocorreram em populações onde a água consumida
recebia algum tipo de tratamento, inclusive filtração. Alguns aspectos normalmente indicados
como as possíveis causas da presença de (oo)cistos na água distribuída e, consequentemente,
origem do surto/epidemia incluem:
(i) contaminação dos mananciais de abastecimento (principalmente superficiais) por
esgoto doméstico ou água residuária provenientes de instalações de produções
animais;
(ii) aumento súbito da contaminação dos mananciais (principalmente superficiais) após
intensas chuvas ou degelo;
(iii) existência de assentamentos humanos e/ou explorações agropecuárias na área da
bacia hidrográfica do manancial;
(iv) falhas nos processos de tratamento (humanas e/ou instrumentais);
(v) tratamento da água por técnicas e processos inadequados aos níveis de poluição dos
mananciais de abastecimento; e/ou,

74
(vi) recontaminação da água na rede de distribuição (infiltração de esgotos/águas
residuárias). Adicionalmente, registra-se que, de modo geral, a qualidade da água
tratada normalmente atendia aos requisitos exigidos nas legislações específicas
(BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014).
As cianobactérias são microrganismos aeróbicos fotoautotróficos. Seus processos
vitais requerem somente água, dióxido de carbono, substâncias inorgânicas e luz. A fotossíntese
é seu principal modo de obtenção de energia para o metabolismo; entretanto, sua organização
celular demonstra que esses microrganismos são procariontes e, portanto, muito semelhantes,
bioquímica e estruturalmente, às bactérias.
As cianobactérias formam um grupo bastante diverso de microrganismos procarióticos
fotossintetizantes. Elas podem ser unicelulares coloniais ou filamentosas, podendo crescer em
suspensão na coluna d'água, sendo então caracterizadas como organismos fitoplanctônicos, ou
aderidas à superfícies, o que leva à identificação de algumas espécies como bentônicas (quando
estão aderidas a substratos no fundo dos ambientes aquáticos), ou, ainda, podem ser epífitas
(quando estão aderidas a substratos localizados em profundidades diferentes nos ambientes
aquáticos, como macrófitas flutuantes ou submersas, por exemplo). As cianobactérias
apresentam a reprodução assexuada como único tipo de reprodução e crescimento de sua
população, que se dá pela divisão de células vegetativas.
A capacidade de crescimento nos mais diferentes meios é uma das características
marcantes das cianobactérias. Entretanto, ambientes de água doce são os mais favoráveis, visto
que a maioria das espécies apresenta melhor crescimento em águas neutro-alcalinas (pH 6-9),
temperatura entre 15 a 30°C e alta concentração de nutrientes, principalmente nitrogénio e
fósforo (PAERL, 2008 apud BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA, 2014).
As espécies de cianobactérias unicelulares apresentam diâmetro compreendido na
faixa de 0,4 µm até 40 µm e podem apresentar variação de volume celular num fator de 3x105.
Algumas espécies filamentosas apresentam diâmetro de até 100 µm, mas normalmente essas
células apresentam diâmetro pequeno, o que lhes confere volumes celulares menores do que os
usualmente encontrados para espécies unicelulares (WHITTON; POTTS, 2000 apud
BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).
As cianobactérias são consideradas como o primeiro grupo de organismos que foi
capaz de realizar fotossíntese oxigênica. Esse fato permitiu o início da acumulação de oxigênio
na atmosfera, que se deu entre 3,5 a 2,8 bilhões de anos, representando fato crucial na evolução
75
da vida na Terra (WHITTON; POTTS, 2000 apud BEVILACQUA; AZEVEDO;
CERQUEIRA, 2014).
As cianobactérias são atualmente reconhecidas como um grupo de bactérias Gram-
negativas incluídas no grupo Eubacteria. Apesar do sistema de classificação utilizado para se
fazer o agrupamento taxonômico das cianobactérias não ser consenso entre os especialistas,
recentes revisões propõem aproximadamente 124 gêneros de cianobactérias e 2 mil espécies
(53 gêneros de organismos unicelulares e coloniais e 71 gêneros de organismos filamentosos).
De forma geral, aceita-se que a descrição das espécies baseada nas características morfológicas
por microscopia ainda é o método mais acessível. Duas breves revisões sobre esse tema,
adaptadas às necessidades nacionais da área de saneamento podem ser encontradas em
SAN’ANNA et al (2014) e CYBIS et al (2016).
Dentre as espécies são encontradas linhagens produtoras ou não produtoras de toxinas
e, de acordo com APELDOORN et al (2007 apud BEVILACQUA, AZEVEDO, CERQUEIRA,
2014), pelo menos 40 gêneros distintos incluem espécies com linhagens tóxicas já identificadas.
Entretanto, de maneira geral, as espécies tóxicas mais comumente identificadas estão incluídas
nos gêneros: Anabaena, Aphanizomenon, Cylindorspermopsis, Lyngbya, Microcystis, Nostoc,
Oscillatoria e Planktothrix.
De acordo com uma recente revisão de SAN’ANNA et al. (2014), já foram
identificados no Brasil 32 espécies de cianobactérias comprovadamente produtoras de toxinas.
Entretanto, é importante destacar que a produção de toxinas por essas espécies é altamente
variável, tanto em uma mesma floração como entre florações distintas, podendo, assim, variar
tanto espacialmente como temporalmente.
Cabe esclarecer que utilizamos o termo floração como definição de uma coloração
visível da água de um referido manancial, devida à presença de elevado número de células,
filamentos ou colônias de cianobactérias em suspensão. Também, muitas vezes, com a
subsequente formação de uma nata verde na superfície da água, decorrente da acumulação
desses microrganismos na superfície, em períodos de pouca ou nenhuma movimentação da
coluna d'água.
As toxinas de cianobactérias, que são conhecidas como cianotoxinas, constituem
grande fonte de produtos naturais tóxicos produzidos por esses microrganismos e, embora ainda
não estejam devidamente esclarecidas as causas da produção dessas toxinas, tem-se assumido
que esses compostos tenham função protetora contra herbivoria, como acontece com alguns
76
metabólitos de plantas vasculares (CARMICHAEL, 2009 apud BEVILACQUA, AZEVEDO,
CERQUEIRA, 2014). Uma visão mais inovadora encara as cianotoxinas como potenciais
moléculas mediadoras em interações de cianobactérias com outros componentes do habitat,
como bactérias heterotróficas, fungos, protozoários e algas (PAERL; MILLIE, 2008 apud
BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).
Algumas dessas toxinas, caracterizadas por sua ação rápida, causando a morte de
mamíferos por parada respiratória após poucos minutos de exposição, têm sido identificadas
como alcalóides ou organofosforados neurotóxicos. Outras atuam menos rapidamente e são
identificadas como peptídeos ou alcalóides hepatotóxicos.
No Brasil, as florações de cianobactérias vêm aumentando em intensidade e frequência
e, atualmente, é possível se visualizar um cenário de dominância desses organismos no
fitoplâncton de muitos ambientes aquáticos, especialmente durante os períodos de maior
biomassa e/ou densidade (AZEVEDO, 2015). Essa dominância é marcante, sobretudo, em
reservatórios e, em vários deles, tem sido observado o predomínio de cianobactérias durante
grande parte do ano (BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).
As intoxicações de populações humanas pelo consumo oral de água contaminada por
cepas tóxicas de cianobactérias já foram descritas em países como Austrália, Inglaterra, China
e África do Sul (HILBORN et al., 2008). Em nosso país, o trabalho de TEIXEIRA et al. (2013)
descreve forte evidência de correlação entre a ocorrência de florações de cianobactérias, no
reservatório de Itaparica, na Bahia, e a morte de 88 pessoas, entre as 200 intoxicadas, pelo
consumo de água do reservatório, entre março e abril de 1988.
Contudo, o primeiro caso confirmado de mortes humanas no Brasil causadas por
cianotoxinas ocorreu no início de 1996, quando 130 pacientes renais crônicos, após terem sido
submetidos a sessões de hemodiálise em uma clínica da cidade de Caruaru (PE), passaram a
apresentar quadro clínico compatível com grave hepatotoxicose. Desses, 60 pacientes vieram a
falecer até dez meses após o início dos sintomas. As análises confirmaram a presença de
microcistinas e cilindrospermopsina no carvão ativado utilizado no sistema de purificação de
água da clínica, e de microcistinas em amostras de sangue e fígado dos pacientes intoxicados
(AZEVEDO et al., 2002). Além disso, as contagens das amostras do fitoplâncton do
reservatório que abastecia a cidade demonstraram dominância de gêneros de cianobactérias
comumente relacionados com a produção de cianotoxinas (BEVILAQUA; AZEVEDO;
CERQUEIRA, 2014).
77
DETECÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E REMOÇÃO DE PROTOZOÁRIOS
Vamos falar de algumas técnicas analíticas de detecção e quantificação de (oo)cisto de
Cryptosporidium spp. e Giardia sp., mas já justificando que devido á extensão do assunto,
falaremos superficialmente e deixamos nas referências, opções para maiores aprofundamentos.
Os métodos de detecção e recuperação de protozoários na água envolvem três passos
fundamentais:
 concentração da amostra de água com a finalidade de recuperar ou capturar (oo)cistos;
 purificação dos (oo)cistos; e,
 identificação e confirmação.

Basicamente, a primeira etapa é realizada por meio da filtração de volumes variados,


centrífugo-concentração ou eluição dos microrganismos. A etapa de purificação tem sido
amplamente estudada e pode ser obtida por meio de gradientes de sacarose ou pela separação
imunomagnética. A etapa de identificação e confirmação geralmente é obtida através de
visualização em microscopia com imunofluorescência direta e prova confirmatória da
morfologia por meio de microscopia de contraste de fase seguida de enumeração dos (oo)cistos.
MUSIAL et al. (2007 apud BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014)
desenvolveram um método para detecção e recuperação de (oo)cistos de protozoários através
de filtros de cartucho de polipropileno com porosidade de 1µm. Segundo essa técnica, grandes
volumes de água (100 L a 1.000 L) podem ser filtrados e a etapa de purificação é obtida com o
uso de sacarose-Percol ou solução de cloreto de sódio e a visualização, mediante a
imunofluorescência (BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).
A técnica de floculação química com carbonato de cálcio foi proposta como método
de concentração de volumes de 10 litros de água por precipitação (VESEY et al., 2008 apud
BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014). O sedimento obtido é extremamente rico
em material particulado, interferindo na leitura de imunofluorescência, podendo resultar em
falso-positivos. Esse método possui eficiência de recuperação entre 30% a 40% (FRICKER;
CRABB, 2008).
A técnica de filtração em membranas, proposta por ALDOM e CHAGLA (2005 apud
BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014), foi desenvolvida para detecção de
(oo)cistos em água tratada, sendo posteriormente aplicada em amostras de água bruta. Consiste
na captura dos (oo)cistos através da filtração em membranas de acetato de celulose, seguida de
78
eluição por dissolução em acetona e etanol. A turbidez da água é o maior fator limitante, pois
pode ocorrer rápida obstrução da malha filtrante, com consequente redução do volume filtrado.
O método sofre influência do processo de eluição nas etapas de dissolução em acetona e pode
alterar a infectividade dos (oo)cistos. A média de recuperação da metodologia de membrana
filtrante pode chegar a 70,5%. Um protocolo alternativo foi desenvolvido no Brasil por
FRANCO, CANTUSIO NETO e BRANCO (2011), no qual a recuperação dos (oo)cistos é feita
por extração mecânica, fazendo-se raspagem e lavagem da superfície da membrana, evitando
assim as perdas de infectividade.
Com a ocorrência de surtos de criptosporidiose veiculados pela água de consumo,
surgiu a necessidade de desenvolver um novo método para detectar os patógenos na água, no
entendimento de que as técnicas até então utilizadas apresentam desvantagens em comum
como:
 baixa eficiência de recuperação;
 taxas elevadas de falsos positivos e falsos negativos e;
 baixa precisão. Em 1997, a USEPA desenvolveu o método 1622 para a detecção de
oocistos de Cryptosporidium na água através de filtração, separação imunomagnética
(IMS) e imunofluorescência.
O método era inovador e apresentava as seguintes vantagens:
i) novo filtro aumentando a eficiência da captação e da eluição dos oocistos;
ii) incorporação da separação imunomagnética reduzindo falsos positivos e
interferências inespecíficas;
iii) uma etapa adicional na confirmação e identificação dos oocistos com inclusão do
corante 4,6-Diamidino-2-fenilindol (DAPI) e prova confirmatória da morfologia
através de microscopia de contraste de fase (CID) e;
iv) incorporação de medidas de controle de qualidade (McCUIN; CLANCY, 2003 apud
BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).
Posteriormente, o método 1623 foi desenvolvido visando a detecção conjunta de
(oo)cistos Giardia e Cryptosporidium utilizando as mesmas etapas do anterior.
Comprovadamente, a IMS é uma alternativa superior às técnicas da flutuação com gradientes
de sacarose para isolar oocistos em amostras ambientais. As porcentagens da recuperação das
amostras de água bruta variam de 19,5 a 54,5% para oocistos de Cryptosporidium e 46,7 a 70%
para cistos de Giardia (BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).
79
Uma limitação comum a todas as técnicas citadas é a incapacidade de fornecer
informações sobre a espécie, viabilidade e infectividade dos (oo)cistos. A viabilidade pode ser
avaliada por ensaio de excistamento in vitro, inclusão ou exclusão de corantes fluorogênicos
e/ou observação microscópica da morfologia dos (oo)cistos. Entretanto, atualmente, as técnicas
mais aceitas e aplicadas para definição de viabilidade e infectividade são o ensaio com
camundongos e o cultivo celular.
As metodologias moleculares têm sido utilizadas, mais recentemente, na etapa
confirmatória da pesquisa de protozoários. O principal objetivo é a avaliação de fatores
associados ao ambiente e ao hospedeiro que possam auxiliar no entendimento da dinâmica dos
patógenos no ambiente, resultando assim em medidas preventivas que visem a minimização do
risco de transmissão. Os estudos moleculares apresentam como vantagem a genotipagem com
vistas a desvendar a espécie do patógeno, indicando a origem dos microrganismos
eventualmente isolados. No entanto, as técnicas não fornecem informações sobre a
infectividade do (oo)cistos. Além disso, não dispensam as etapas anteriores de concentração e
purificação (BEVILACQUA; AZEVEDO; CERQUEIRA, 2014).

80
PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO: REMOÇÃO DE CÉLULAS DE
CIANOBACTÉRIAS E CIANOTOXINAS
Dentre os sistemas convencionais, para efetiva remoção de células de cianobactérias
nos processos de separação sólido-líquido adotados no tratamento de água (sedimentação,
flotação, filtração rápida), as etapas de coagulação e floculação devem ser otimizadas
(BASTOS; BRANDÃO; CERQUEIRA, 2014).
Os mecanismos de desestabilização (coagulação) das microalgas e cianobactérias,
segundo BENHARDT e CLASEN (2011 apud BASTOS; BRANDÃO; CERQUEIRA, 2014),
são os mesmos que atuam no caso de partículas inorgânicas, mas são dependentes da estrutura
desses organismos. Esses autores relatam que, ao passo que microalgas e cianobactérias que
são mais ou menos esféricas e com superfícies suaves podem ser desestabilizadas pelo
mecanismo de adsorção e neutralização de cargas, estruturas não esféricas, grandes ou
filamentosas necessitam de dosagens elevadas de coagulante, resultando na predominância do
mecanismo de varredura. BENHARDT e CLASEN (2011 e 2012 apud BASTOS; BRANDÃO;
CERQUEIRA, 2014) ressaltam que para que a agregação das células de microalgas e
cianobactérias seja efetiva, estas devem possuir estrutura geométrica adequada e que exclua a
interação estérica. Entretanto, devido à grande variedade de formas de células, não é possível
satisfazer tal requisito para todas as espécies de microalgas e cianobactérias e, por essa razão,
os referidos autores sugerem que mais investigações sejam conduzidas sobre a influência das
estruturas das células na coagulação e separação desses organismos.
Dentre as diferentes variantes das sequências de tratamento que envolvem a
coagulação química, a filtração direta é a que maiores problemas operacionais enfrentam ao
tratar águas com elevada densidade de fitoplâncton. De modo geral, nessa condição de água
bruta, os estudos realizados (SENS et al., 2012, 2013, 2016; Di BERNARDO et al., 2016; entre
outros) indicam que para melhorar o desempenho dessa técnica faz-se necessário a introdução
de etapa de pré-oxidação, o que, por sua vez, causa preocupação relativa à geração de
subprodutos potencialmente prejudiciais à saúde humana.
MOUCHET e BONNÉLYE (2010 apud BASTOS; BRANDÃO; CERQUEIRA, 2014)
destacam que a remoção de microalgas e cianobactérias na filtração direta varia
consideravelmente (10 a 70%) em função da espécie presente na água e das características de
projeto e operação do filtro. Os autores relatam que a pré-oxidação, combinando peróxido de
hidrogênio com ozônio, foi capaz de promover melhora apreciável no desempenho da filtração
81
direta, resultando em remoção de microalgas superior a 99% (remoção de 93% foi obtida sem
aplicação de ozônio e de 95,3% usando apenas ozônio). Apesar dos bons resultados, os autores
concluíram que a aplicação da filtração direta na remoção de microalgas e cianobactérias deve
ser restrita a situações específicas, sempre precedida por estudos em escala piloto.
A filtração lenta é citada na literatura como o primeiro processo de tratamento de água
efetivamente projetado por critérios de engenharia. A dominância dos mecanismos biológicos
na remoção de impurezas e de organismos patogênicos, assim como a possibilidade de ser usada
de forma combinada com outros processos, fizeram com que a filtração lenta, apesar do tempo,
nunca fosse de todo abandonada como alternativa de tratamento. Mais recentemente, tanto a
filtração lenta como os chamados processos de biofiltração (que incluem a filtração em margem,
além da filtração em carvão biologicamente ativado e filtração biológica induzida pela oxidação
em filtros de taxas mais elevadas), tem assumido grande relevância em função da capacidade
de remover também micropoluentes complexos, como fármacos e toxinas.
Embora existam vários relatos positivos quanto a eficiência da filtração lenta na
remoção de microalgas e cianobactérias, os textos clássicos frequentemente apontam limitações
na capacidade dessa técnica de filtração para tratar águas com elevada concentração de
fitoplâncton. Elevadas concentrações de microalgas ou cianobactérias na água bruta podem
provocar rápida colmatação do meio filtrante, exigindo a remoção da camada biológica
superficial. Por sua vez, essa operação reduz a capacidade de remoção de substâncias orgânicas
dissolvidas em função da redução da capacidade de biodegradação do meio filtrante não
amadurecido biologicamente. No entanto, estudos recentes sugerem que o problema da
colmatação dos filtros lentos pode ser contornado com a adoção de unidades de pré-tratamento,
entre as quais se destacam: a pré-filtração em pedregulho e a pré-oxidação (BASTOS;
BRANDÃO; CERQUEIRA, 2014).
A filtração em margem tem se mostrado um processo promissor para remoção de gama
de microcontaminantes orgânicos e já é praticada em diversos países, com destaque para
Alemanha. Na filtração em margem, durante a passagem pelo solo, as impurezas podem ser
removidas da fase aquosa por filtração, biodegradação (que faz com que esse processo seja
considerado um processo biológico), inativação, adsorção, sedimentação e por diluição
resultante da mistura com águas subterrâneas. Os mecanismos de remoção são complexos e a
eficiência depende de vários fatores, particularmente as características do solo e a velocidade
de percolação. Esses aspectos são discutidos por SENS et al. (2016).
82
Certa similaridade com a filtração lenta, os bons resultados relatados na literatura em
relação à remoção de patógenos emergentes e microcontaminantes orgânicos complexos, como
fármacos, pesticidas, compostos aromáticos sintéticos, além dos resultados favoráveis
encontrados em estudos laboratoriais em escala de bancada e em colunas de sedimentos e solos,
demonstram o grande potencial da filtração em margem na remoção de cianobactérias e
cianotoxinas.

CONTROLE DE AGROTÓXICOS EM ÁGUA DE ABASTECIMENTO


A exposição do homem aos agrotóxicos ocorre por três tipos de vias: oral; respiratória
e cutânea. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a contaminação dos alimentos
pelos agrotóxicos é a via de exposição mais importante. As avaliações dos riscos atribuem 90%
da exposição a alimentação, 9,5% a água e uma parte menor ao ar. Faltam estudos dos efeitos
através da via cutânea em populações expostas. Uma vez no organismo, os agrotóxicos se
acumulam no tecido adiposo e a toxicidade difere segundo a substância ativa que o compõe. A
acumulação dos organoclorados é importante, no homem, no tecido adiposo, no fígado e nos
músculos (SENS et al., 2012).
Depois de serem aplicados sobre o solo e/ou plantas, os agrotóxicos são submetidos a
uma série de complexos processos biológicos e não biológicos que podem implicar na
degradação ou transporte através da atmosfera, dos solos, dos organismos e particularmente da
água. O caminho e a extensão deste transporte são diferentes em função do composto
(GICQUEL, 2009 apud SENS et al., 2013). As áreas agrícolas são fontes potenciais de
contaminação de águas subterrâneas e superficiais por fontes difusas, decorrente do uso de
grande quantidade de fertilizantes e agrotóxicos, tais como ametrina, diuron, tebutiuron,
hexazinona, metribuzin, halosulfuron, clomazone, ametrina, 2,4-D, imazapic, fluazifop-p-butil,
que por serem facilmente lixiviadas no solo, oferecem riscos de contaminação das águas
(JACOMINI, 2016; SILVA, 2014).
Para o controle de agrotóxicos em água de abastecimento, faz-se necessário conhecer
quais os princípios ativos utilizados, além de suas propriedades físicas e químicas, tais como:
solubilidade, grau de adsorção no solo (Koc), meia-vida no solo (DT50) e taxa de volatilização.
Estas propriedades, associadas a diferentes fatores ambientais, caracterizam os agrotóxicos do
ponto de vista de persistência que os relaciona aos riscos ambientais, toxicidade associada aos
efeitos na saúde humana e bioacumulação. Em trabalho realizado por PESSOA et al. (2017),
83
foram avaliados 145 princípios ativos mais utilizados no país com relação à sua presença em
mananciais, levando em conta o seu potencial de transporte, avaliando-se solubilidade, Koc,
DT50, dados estes obtidos em literatura nacional e internacional.
Entre os princípios ativos estudados, encontram-se o glifosato, que apresentou alto
potencial de transporte em água, associado ao sedimento e dissolvido em água; o 2,4-D, que
apresentou baixo potencial de transporte em água, associado ao sedimento e médio potencial
de transporte dissolvido em água; o diuron e a hexazinona, que apresentaram médio potencial
de transporte em água associados ao sedimento e alto potencial de transporte dissolvidos em
água; e o carbofurano (inseticida e nematicida), que apresentou médio potencial de transporte
em água associado ao sedimento e alto potencial de transporte dissolvido em água. O
carbofurano apresentou provável potencial de lixiviação para água subterrânea, enquanto o 2,4-
D e diuron ficaram na faixa chamada de transição com relação à lixiviação para água
subterrânea (SENS et al, 2014).
O certo é que altas concentrações podem acarretar em hemólise e redução na
capacidade de carrear oxigênio, pela formação de metahemoglobina, com o aparecimento de
sintomas como cianose, fraqueza e respiração curta.
Os estudos crônicos em animais com hexazinona mostraram que pode ocorrer perda
de peso, aumento no peso do fígado, alterações nas medidas químicas do sangue, aumento na
atividade enzimática e danos patológicos hepáticos. Dentre os herbicidas comercializados no
país, o glifosato e o 2,4-D também se encontram entre os mais utilizados.
A seleção da tecnologia de tratamento de água depende de fatores como a natureza dos
poluentes, sua concentração, volume a tratar e toxicidade. Existem diferentes métodos físicos,
químicos e biológicos que são usados para a remoção de pesticidas, sejam independentes ou
associados, tais como: oxidação química, fotodegradação, combinação de ozônio com radiação
UV, degradação pelo reagente de Fenton, degradação biológica, coagulação e adsorção em
carvão ativado.
Nas Figuras abaixo são apresentados os fluxogramas das tecnologias de tratamento de
água para remoção e transformação de agrotóxicos.

84
Fluxograma das tecnologias de oxidação, adsorção e separação em membranas para
tratamento de águas subterrâneas contaminadas por agrotóxicos

Fonte: SENS et al. (2015, p. 202)

85
Fluxograma das tecnologias com filtração em margem e filtração lenta para tratamento
de água superficial contaminada com agrotóxico

Fonte: SENS et al. (2015, p. 202)

86
Fluxograma da tecnologia de filtração direta para água superficial contaminada com
agrotóxico

Fonte: SENS et al. (2015, p. 204)

No Brasil, em torno de 50% das estações de tratamento de água empregam a tecnologia


de tratamento convencional, que consiste em uma sequência de processos que incluem a
coagulação, floculação, sedimentação (ou flotação), filtração, fluoração, cloração e correção de
pH. Por apresentar algumas limitações na remoção de determinados agrotóxicos (LAMBERT;

87
GRAHAM, 2005 apud SENS et al., 2014), são propostas algumas associações, tais como:
adição de polímeros, pré-oxidação, inter-oxidação, adsorção em carvão ativado pulverizado e
carvão ativado granular ou associação destes.
A filtração direta por si só não remove agrotóxicos. SENS, DALSASSO e
HASSEMER (2014) estudaram a remoção de carbofurano na filtração direta (FD) e na FD com
pré-oxidação com ozônio. A água bruta continha em torno de 70 µg/L de carbofurano, e no
primeiro tratamento a remoção foi de apenas 2,5% e no segundo tratamento, acrescentando-se
a pré-ozonização, a remoção foi de 95% para uma aplicação de 4 mg/L de 03. Evidentemente
que a remoção se deu principalmente pela oxidação e não pela filtração, mas os autores queriam
observar se não haveria desprendimento do agrotóxico acumulado no lodo no meio filtrante
durante a carreira de filtração. O desprendimento não aconteceu nem mesmo sem a pré-
ozonização. O item a seguir trata da oxidação de forma geral para remoção de agrotóxicos.
A oxidação química tem sido utilizada em tratamento de água e tratamento de efluentes
industriais e domésticos. A tecnologia encontra-se estabelecida no Brasil e tem sido empregada
para oxidar contaminantes refratários como substâncias húmicas, fenóis, agrotóxicos, solventes
clorados, hidrocarbonetos aromáticos, benzeno, tolueno, entre outros. Os produtos químicos
normalmente utilizados como oxidantes são cloro, dióxido de cloro, peróxido de hidrogênio,
permanganato de potássio, oxigênio, ozônio e produtos de decomposição do ozônio, como o
radical hidroxila (SENS et al, 2013).
A adsorção com carvão ativado é a tecnologia mais utilizada no tratamento de águas
contaminadas por pesticidas e outros compostos químicos que oferecem risco a saúde. O carvão
ativado pode ser empregado em pó ou granular. Existe, na literatura, referência a estes dois
tipos de aplicação, sendo recomendado pela OMS como tecnologia para remoção da maioria
dos compostos orgânicos, entre eles os agrotóxicos. O uso de carvão ativado em pó em estações
de tratamento de água é comum em situações de acidente ou quando um contaminante é
detectado na água bruta e possui características de sazonalidade. Em algumas estações de
tratamento de água o uso é feito de forma contínua. Este é o método mais comum, porque seu
uso pode ser adequado em instalações já existentes sem investimentos significativos (USEPA,
2011 apud SENS et al., 2015).
Segundo DI BERNARDO e DANTAS (2015), a maior parte das substâncias que
causam sabor e odor, cor, mutagenicidade e toxicidade, incluindo agrotóxicos, geosmina, MIB
e cianotoxinas, em geral, podem ser adsorvidas em carvão ativado (CA).
88
COELHO e DI BERNARDO (2013) estudaram a filtração lenta com camada de areia
(FLA) e camada intermediária de carvão ativado granular (CAG), precedida ou não de pré-
oxidação com ozônio associado ao peróxido de hidrogênio, para avaliação da remoção de
atrazina presente em mananciais abastecedores da cidade de São Carlos (SP).
No filtro lento com camada única de areia, a remoção de atrazina variou entre 35 e
89% para valores no afluente entre 53 e 101 µg/L; no filtro lento de areia com camada
intermediária de carvão ativado granular (FLA-CAG), no entanto, foram observados valores da
concentração desse agrotóxico, inferiores a 2 µg/L. Por outro lado, no FLA-CAG foram
observados valores da concentração de atrazina inferiores a 2 µg/L para relação 03/H202
superior a 0,5.
A tecnologia de filtração em margem (FM) pode ser uma alternativa de remoção de
contaminantes das águas, podendo mesmo, em muitos casos, torná-las potável. A FM pode
remover vários contaminantes, como agrotóxicos, microalgas, toxinas, metais pesados,
fármacos, patógenos, entre outros. A remoção dos contaminantes orgânicos, na FM, ocorre em
torno da interface manancial-aquífero por processos físicos e bioquímicos. Entretanto, os
processos biológicos, responsáveis pela sua eliminação, ocorrem predominantemente nos
primeiros metros de leito filtrante. Por sua vez, a fração biodegradável da matéria orgânica pode
ser degradada por bactérias, enquanto a fração refratária pode ser removida por adsorção na
fase sólida (MARMONIER et al., 2005 apud SENS et al., 2014).
As técnicas que utilizam membranas para tratar água de abastecimento são
notadamente eficazes para reduzir a turbidez, microrganismos, microcontaminantes,
subprodutos da oxidação e desinfecção e para melhorar a qualidade gustativa da água potável.
A natureza do material da membrana (poliamida, amida, acetato de celulose)
influencia o mecanismo de retenção.
A presença de matéria orgânica (MO) favorece a remoção de certos agrotóxicos, como
a atrazina e a simazina. O fenômeno de adsorção dos agrotóxicos sobre a MO se faz por
fisiosorção e por quimiosorção (BOUSSAHEL; BAUDU; MONTIEL, 2010 apud SENS et al.,
2014).
Os sistemas de nanofiltração não removem completamente todos os agrotóxicos. A
eficiência de remoção depende de vários fatores e necessita-se de estudos de todas as famílias
de agrotóxicos sobre os diferentes tipos de membranas. Para garantir, durante todo o tempo de

89
tratamento, que a água atenda os padrões de qualidade em relação aos agrotóxicos, um
tratamento suplementar (adsorção em CAG) pode ser necessário.
A prática da nanofiltração necessita de pré-tratamentos físicos e químicos
perfeitamente adaptados para assegurar a perenidade das membranas e reduzir os riscos de
perda de desempenho. Como para as aplicações a base de CAP, faz-se necessário uma reflexão
com relação aos rejeitos (o concentrado pode representar até 15% da vazão de alimentação)
(SENS et al., 2014).

GOSTO E ODOR NA ÁGUA POTÁVEL


Gosto e odor na água potável podem ter origem no manancial de abastecimento, no
tratamento e no sistema de distribuição da água potável. No manancial, a origem pode ser
natural ou antropogênica. No tratamento e na distribuição, compostos que conferem gosto e
odor a água podem ser introduzidos ou formados (BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014).
Muitos compostos químicos de origem industrial podem contribuir diretamente para
gosto e odor na água. Por outro lado, esgotos domésticos, efluentes industriais e águas de
drenagem urbana e agrícola contêm nutrientes que estimulam o crescimento de organismos
planctônicos e outras formas de matéria orgânica. Produtos metabólitos de microrganismos e
decomposição de matéria orgânica presentes em mananciais de abastecimento são fontes
comuns de compostos causadores de gosto e odor na água potável. Cianobactérias, microalgas
e actinomicetos produzem substâncias químicas como trans-1,10-dimetil-trans-9-decalol
(geosmina) e 2-metilisoborneol (2-MIB) que apresentam limiares de detecção da ordem de
ng/L. Geosmina e 2-MIB estão entre os principais responsáveis pela presença de odores de terra
e mofo em água potável.
Compostos químicos adicionados ou formados no tratamento e na rede de distribuição
de água também podem originar alterações nas características organolépticas da água. Os
compostos classificam-se em três categorias (BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014):
1. Substâncias que resultam da adição de compostos químicos usados para coagulação e
desinfecção da água, conferindo gosto e odor diretamente ou através de formação de
subprodutos;
2. Desinfetantes adicionados para garantir um residual até os pontos de consumo, podendo
haver, também, formação de subprodutos;

90
3. Substâncias lixiviadas de materiais usados na rede de distribuição ou que resultam da
corrosão de metais.
Em geral, a presença de gosto e odor na água potável é considerada um problema
estético, não trazendo, necessariamente, riscos à saúde da população. Este enfoque se reflete
nos padrões de potabilidade para gosto e odor estabelecidos por vários países e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). Contudo, alguns contaminantes podem ser, ao mesmo
tempo, tóxicos e causarem gosto e odor.
De acordo com JARDINE, GIBSON e HRUDEY (2009 apud BEDETTI; DE LUCA;
CYBIS, 2014), há evidências de que a presença de odores anormais na água potável seja um
indicador também da presença de substâncias que podem trazer riscos à saúde dos
consumidores. Esses autores acreditam que não há uma base confiável para se assumir que a
detecção de odores ocorrerá sempre a níveis inferiores aos de proteção à saúde. Desta forma, a
detecção de odores na água potável deve ser considerada como evidência da presença de
compostos indesejáveis. A conclusão de que não há riscos à saúde somente poderá ser feita
após a identificação dos compostos responsáveis.
A orientação da OMS (WHO, 2014 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2016) é que
ocorrências de gosto e odor na água potável sejam investigadas, porque elas podem indicar a
presença de alguma forma de poluição ou mau funcionamento das operações de tratamento e
distribuição da água, podendo ser indicativo da presença potencial de compostos prejudiciais à
saúde.
A rejeição à água potável apresenta um efeito indireto sobre a saúde, pois os indivíduos
podem reduzir a quantidade ingerida a um valor menor do que o necessário para a satisfação
das suas necessidades fisiológicas. Para elaboração das guias de qualidade da água, a OMS
considera um consumo médio de dois litros de água por dia, por adulto (WHO, 2014 apud
BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2016). Também, uma água que contenha odores e gosto
ofensivos origina efeitos psicossomáticos, como dores de cabeça, estresse e distúrbios
estomacais (JARDINE; GIBSON; HRUDEY, 2009 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS,
2014). Esses efeitos afetam de maneira especial certos grupos de pessoas dentro do conjunto da
população, não devendo ser minimizados pelas autoridades responsáveis pela saúde pública.
A qualidade da água potável no Brasil é regulada pela Portaria MS n° 518/2004
(BRASIL, 2004). Esta portaria estabelece padrões microbiológicos, de turbidez, de potabilidade
para substâncias químicas que apresentam risco à saúde, de radioatividade e de aceitação para
91
consumo humano. Gosto e odor estão enquadrados na categoria de padrões de aceitação, sendo
seus valores máximos permitidos (VMP) representados pela expressão “não objetável”, de
acordo com o “critério de referência”. Todavia, este critério de referência não é estabelecido
pela portaria. A expressão não objetável pode ter diferentes interpretações, uma vez que os
limiares de detecção de gosto e odor variam entre as pessoas (APHA; AWWA; WEF, 2010
apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014).
A OMS não apresenta recomendações quantitativas para constituintes que causem
gosto e odor na água sem que haja comprovação de efeitos diretos adversos sobre a saúde. Nos
Estados Unidos, indicadores que apresentam efeitos classificados como estéticos (gosto e odor,
cor e formação de espumas), cosméticos (descoloração de pele e dentes) e técnicos (corrosão,
deposição e incrustação) são recomendados como padrões secundários de qualidade da água
(USEPA, 2012 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014). Isto significa que os contaminantes
relacionados a estes efeitos têm seus padrões atendidos de maneira voluntária.
IZAGUIRRE e DEVALL (2005 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014) sugerem
quatro componentes para o controle na fonte de problemas de gosto e odor.
1) Definição do problema: nesta etapa investiga-se se o problema tem origem na fonte de
abastecimento, na estação de tratamento ou no sistema de distribuição. Também, se o
gosto e odor são de origem biológica ou podem estar relacionados a despejos industriais.
Procura-se identificar o composto envolvido;
2) Inspeção sanitária: a inspeção sanitária na área de drenagem do manancial de
abastecimento de água tem a finalidade de identificar fontes de emissão de
contaminantes que possam contribuir, direta ou indiretamente, para a ocorrência de
episódios de gosto e odor;
3) Estratégias de controle: este componente do programa envolve a definição de medidas
a serem tomadas para o controle das causas de gosto e odor;
4) Monitoramento: um programa de monitoramento regular é essencial para
acompanhamento da qualidade da água, para avaliação das medidas de controle e para
alertar com antecedência sobre o surgimento de condições propícias para o
desenvolvimento de episódios de gosto e odor.

Os processos de tratamento usados para remoção de gosto e odor se classificam em


duas categorias:
92
1) os que destroem ou modificam os compostos responsáveis pelo problema; e,
2) os que removem os compostos da água (HOEHN; MALLEAVILLE, 2005 apud
BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014).
Processos de oxidação enquadram-se no primeiro grupo, enquanto aeração e adsorção
em carvão ativado pertencem ao segundo. Processos biológicos incluem mecanismos que
envolvem transformação e remoção, desta forma classificam-se em ambas as categorias.
A escolha dos processos mais adequados, assim como os pontos de adição de produtos
químicos, é otimizada por meio de ensaios em planta piloto e jartestes, uma vez que as
características da água de abastecimento tem grande influência na efetividade dos processos de
tratamento (Di BERNARDO; DANTAS, 2015).
Os processos de tratamento constituídos por coagulação, floculação, decantação,
filtração e pós-cloração são pouco eficientes na remoção de muitos compostos que causam
gosto e odor na água (BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014).
A filtração em meio granular objetiva remover material particulado da água, tais como
precipitados de alumínio ou ferro usados na coagulação, partículas de argila, silte e
microrganismos. Dessa forma, compostos dissolvidos odoríferos têm remoção apenas residual
na filtração granular. No caso particular de filtros lentos de areia, desenvolve-se, junto à
superfície, uma camada biológica que pode contribuir para a oxidação de compostos odoríferos.
Os processos de oxidação química e biológica objetivam a conversão de compostos
indesejáveis presentes na água, em outros de características mais aceitáveis.
Adsorção em carvão ativado em pó (CAP) ou granular (CAG) é consistentemente
citada como um dos processos indicados para a remoção de compostos causadores de gosto e
odor na água. Adsorção envolve a acumulação de uma substância que se encontra dissolvida na
água na interface com o sólido.
MWH (2010 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2015) cita as vantagens e
desvantagens da adição de carvão ativado em pó em quatro pontos do sistema de tratamento de
água:
1) junto à tomada de água;
2) no tanque de mistura rápida;
3) na entrada do filtro; e,
4) em reator de contato entre a suspensão de carvão em pó e água bruta, precedendo a
mistura rápida.
93
Destes, o menos indicado é a entrada do filtro, pois há a possibilidade de passagem do
carvão pelo meio granular, comprometendo a qualidade do efluente. Baseados em estudos
realizados, GRAHAM et al. (2010 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014) recomendam
que a aplicação de CAP seja feita antes da coagulação.
A performance da filtração em carvão ativado granular é influenciada pela distribuição
do tamanho de partículas, pela lavagem em contracorrente e pela carga hidráulica. O tamanho
de partículas influencia a taxa de adsorção e a perda de carga no filtro. A lavagem de filtros de
carvão diminui sua eficiência e desintegra a zona de transferência de massa do filtro (ZTM é a
extensão do leito granular necessária para a transferência do contaminante do líquido para o
carvão). A carga hidráulica afeta a perda de carga no filtro. O CAG deve ser usado após a
filtração granular convencional, devendo receber somente águas de baixa turbidez.
Aeração e dessorção gasosa são processos físicos aplicados com as finalidades de
absorção ou remoção de gases para/ou da água. Esses processos têm várias aplicações no
tratamento de água, tais como a absorção de 03 e Cl2 e a dessorção de CO2 e H2S.
A tecnologia de separação por membranas e suas aplicações no tratamento de água é
apresentada por MIERZWA (2015). Dependendo da capacidade e da forma de separação dos
contaminantes, e do tipo e intensidade da força motriz utilizada, os processos são classificados
em microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração, osmose reversa e eletrodiálise. Nos quatro
primeiros, a pressão hidráulica força a passagem do líquido pelas membranas, ficando retidas
partículas com tamanhos que excedam o diâmetro dos poros. Na eletrodiálise, a força motriz de
separação é a corrente elétrica.
A aplicação de sistemas de membranas ao tratamento de água teve início no começo
da década de 1960, com o uso de osmose reversa para dessalinização de água do mar. Nas
décadas seguintes, iniciaram-se aplicações da nanofiltração para remoção de dureza de águas
subterrâneas no Estado da Flórida, EUA, e remoção de cor de águas de abastecimento
originadas de regiões de turfas, na Noruega.
Em algumas ocasiões a fonte de abastecimento poderá experimentar alterações
intensas na qualidade da água. A intensidade e a frequência destes episódios devem ser
cuidadosamente estudadas, reportadas e armazenadas pela concessionária dos serviços de
saneamento, pois ajudarão nas decisões futuras quando estes eventos se repetirem.
A variação na qualidade da água do manancial poderá se estender ou não à água
potável, dependendo da capacidade dos processos de tratamento existentes em remover os
94
contaminantes ao nível considerado seguro para consumo. No caso de episódios de gosto e odor
causados por compostos como 2-MIB e geosmina, o mais usual é que a água seja rejeitada mais
por razões estéticas do que pela presença de compostos que tragam risco imediato à saúde.
Desta forma, é muito importante que os serviços de saneamento estabeleçam planos de
emergência para os períodos críticos de qualidade da água do manancial. Estes planos devem
conter protocolos para avaliação e diagnóstico da qualidade da água para subsidiarem tomadas
de decisão com o objetivo de controlar o problema. Estas medidas devem se inserir no contexto
do Plano de Segurança da Água do sistema de abastecimento (BEDETTI; DE LUCA; CYBIS,
2014).
A variação de qualidade da água do manancial poderá ser devida a compostos
originados do metabolismo dos microrganismos ou por compostos químicos específicos
descartados de maneira irregular por indústrias.
Também é possível que haja acidentes que causem derramamentos de substâncias
indesejáveis na água. Estes acidentes podem ocorrer em plantas industriais, em estações de
tratamento de águas residuárias ou em vias de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário.
BOLEDA et al. (2007 apud BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014) relatam episódios de
contaminação de fontes de água superficial e subterrânea da cidade de Barcelona, na Espanha,
por despejos de creosoto, 2-EDD, diacetil e diciclopentadienos. Estudos cromatográficos
permitiram identificar a origem dos despejos como sendo de indústrias de preservação de
madeira, de resinas químicas, de papel e descarte de gasolina no solo, respectivamente.
A determinação da causa do evento de gosto e odor é importante, pois muitas
substâncias, além de conferirem estas características à água, também são tóxicas. No caso de
substâncias tóxicas estarem presentes em concentrações que colocam em risco à saúde da
população, deverá ser tomada uma decisão de interromper o suprimento de água potável de
modo temporário até que o corpo d'água volte a apresentar qualidade segura. Para o caso de
compostos que causem rejeição à água, mas que não sejam tóxicos aos níveis presentes no
manancial, as concessionárias deverão encontrar alternativas para minimizar os transtornos
trazidos pela situação, sem que haja a descontinuidade do serviço de abastecimento de água
potável (BEDETTI; DE LUCA; CYBIS, 2014).

DIRETRIZES NACIONAIS PARA O SANEAMENTO BÁSICO

95
A Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, estabeleceu diretrizes nacionais para o
saneamento básico, e determina que os municípios elaborem seus planos de saneamento dentro
de uma visão integrada com a participação da sociedade. Estes planos devem abranger os
serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, limpeza urbana e
manejo dos resíduos sólidos, a serem realizados de formas adequadas atendendo a saúde pública
e a proteção do meio ambiente sob os seguintes princípios:
 Universalidade - Esse princípio visa garantir que todos tenham acesso aos serviços de
saneamento básico, dentro do menor prazo possível.
 Integralidade das ações - Deve-se contemplar o conjunto de serviços de saneamento
básico, atendendo a população conforme suas necessidades e objetivando obter o
máximo de eficácia das ações e resultados.
 Equidade - O princípio da equidade enseja que todos recebam os serviços com o mesmo
nível de qualidade sem que haja qualquer restrição ou discriminação, exceto quando se
priorizar o atendimento à população de menor renda.
 Integração - Integrar os diferentes setores afins da área de saneamento tais como:
desenvolvimento urbano; a saúde pública; áreas ambientais e de recursos hídricos;
entendida como indispensáveis para se atingir o pleno êxito das ações.
 Participação e controle social - Garantir a participação popular como requisito
indispensável para tornar legítima a consolidação das políticas públicas de saneamento.
 Promoção da Saúde Pública - Garantir que os serviços que integram o saneamento
básico tenham qualidade e quantidade suficientes para a promoção da saúde pública e
controle da poluição ambiental.
 Promoção da Educação Sanitária e Ambiental - Contemplar ações de educação sanitária
e ambiental, de forma a disseminar comportamentos mais positivos quanto ao meio
ambiente, e incorporar programas de comunicação social para atendimento ao cidadão.
 Orientação pelas Bacias Hidrográficas - Buscar a integração das infraestruturas e
serviços de saneamento básico, com a gestão dos recursos hídricos pelas bacias
hidrográficas do município. Esse princípio visa a melhoria da qualidade dos corpos
d’água e a integração homem, meio ambiente.
 Sustentabilidade - As tecnologias devem ser apropriadas a cada realidade do ponto de
vista sociocultural e ambiental, de forma a se obter eficácia na utilização e operação das

96
obras e serviços implantados e eficiência no processo de implementação com relação
aos custos e ao cronograma físico e financeiro.
 Proteção ambiental - Garantir que os recursos hídricos terão capacidade de atender a
demanda para o abastecimento de água da população, sem comprometer a manutenção
dos ecossistemas locais.
 Informação tecnológica - Incorporar temas que apresentem viabilidade técnica e
operacional, conciliando a gestão eficiente e economicamente viável.
 Gestão pública - Desenvolver gestão pública que contemple ações que envolvam a
questão intersetorial e de entrelaçamento, bem como a adoção de políticas públicas
específicas incluindo uma abordagem interdisciplinar.

De acordo com a lei é de competência do titular a elaboração do Plano Municipal de


Saneamento Básico – PMSB que poderá ser específico para cada serviço, desde que haja a
consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço que deverão ainda ser
compatíveis com o Plano de bacias hidrográficas em que estiverem inseridos.
O PMSB deve refletir as necessidades e os anseios da população, devendo, para tanto,
resultar de um planejamento democrático e participativo para que atinja sua função social. O
planejamento dos serviços integrantes do saneamento básico tem por finalidade a valorização,
a proteção e a gestão integrada, assegurando a compatibilização com o desenvolvimento local
e regional.
Principais aspectos que devem ser englobados e/ou compatibilizados pelo PMSB:
1) Com relação a preservação ambiental deve-se considerar:
 preservação de nascentes;
 preservação de cursos de água;
 preservação de mananciais superficiais;
 preservação de mananciais subterrâneos;
 expansão sustentável das áreas urbanas;
 plano de manejo integrado ecológico-econômico nas áreas de mananciais.
2) Com relação a drenagem urbana e recuperação ambiental, deve-se considerar:
 recuperação de cursos de água;
 recuperação de áreas degradadas;
 medidas de controle de enchentes;
97
 identificação de famílias vivendo em áreas de risco socioambiental;
 mitigação de riscos de inundação;
 mitigação de riscos de deslizamento;
 Mitigação de riscos de desabamento.
3) Com relação à água e esgotamento sanitário, deve-se considerar:
 universalização do Sistema de Coleta de Esgotos com incentivos para Ligações
Intradomiciliares;
 implantação e ampliação de Coletores, Interceptores e Estações de Tratamento
de Esgoto;
 universalização do Sistema de Abastecimento de Água;
 implantação e ampliação de Redes, Reservatórios, Elevatórias e Reguladores
de Pressão;
 gestão eficaz dos recursos naturais minimizando as perdas e otimizando a
distribuição da água; e,
 qualidade dos efluentes de esgoto.
4) Com relação ao Planejamento e Gestão de Resíduos Sólidos, deve-se considerar:
 implantação de Programa de Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos;
 inventário de Geradores de Resíduos Sólidos;
 implantação de Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil;
 programa de racionalização da geração e destinação de resíduos, incluído os de
Tratamento de Água e Esgoto;
 mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL e Cogeração de Energia;
 implantação de Aterros Sanitários, Estações de Transbordo e Centrais de
Reciclagem;
 plano de Recuperação de Lixões e Aterros Controlados;
 estudo de Tecnologias para Resíduos Sólidos e Efluentes;
 integração com Programas de Interesse Social de Habitação, Emprego e Renda.

Qualquer ação no campo do Saneamento Ambiental deve ser encarada como sendo
uma ação social e coletiva, pois atende a população socializando seus efeitos positivos que são
usufruídos por todos.

98
Por essa natureza social e coletiva, é fundamental que sua promoção aconteça através
de vários atores, cada qual cumprindo seu papel, seja ele o cidadão, a comunidade ou o Estado.
O Saneamento Ambiental carrega na sua essência uma pluralidade de funções, pois ao
mesmo tempo em que se trata de uma ação de saúde pública e proteção ambiental constitui-se
também como bem de consumo coletivo, um serviço essencial ao ser humano e
consequentemente um direito do cidadão e um dever do Estado.
Assim, visto por esse ângulo, as ações de saneamento se enquadram nas políticas
públicas e sociais e sua promoção deve ser fruto de ações conjuntas entre a sociedade e o estado
(LIMA; LIMA; OKANO, 2015).

99
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