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Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

1. APRESENTAÇÃO

A Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária – COTRARA é uma


sociedade cooperativa fundada em abril de 1997, com o propósito voltado ao
desenvolvimento sustentável dos assentamentos de reforma agrária existentes no
Estado do Paraná.
Ao longo da sua trajetória, a COTRARA tem mantido suas ações direcionadas
à luta em favor dos direitos das- famílias assentadas, por meio da constante
assistência técnica que presta, pela elaboração e implantação dos projetos de
desenvolvimento sustentável.
Dentre os trabalhos que realiza, devem-se destacar o acompanhamento
intensivo e a orientação aos núcleos de famílias e a elaboração de diagnósticos e
projetos por meio do trabalho de assistência técnica e extensão rural das famílias
assentadas no processo de reforma agrária, valendo-se sempre de metodologias
participativas.
A elaboração de programas de formação dos agricultores assentados
proporciona a apropriação do conhecimento, o resgate e a sistematização das
experiências próprias dos camponeses. O objetivo é integrar diferentes Instituições
para atuar nas áreas de assentamento.
Ainda, a COTRARA elabora e acompanha a execução de convênios e/ou
projetos de crédito que envolva as famílias beneficiadas, segundo o
encaminhamento das entidades competentes. Estes visam à melhoria e o aumento
da produtividade e da produção e sempre contemplam as condições climáticas de
cada região do Estado, mediante linhas de produção saudáveis e respeitosas com o
meio ambiente.
Deste modo, o que se busca na essência de suas ações técnicas é que estas
se pautem em formatos tecnológicos ambientalmente estáveis, economicamente
viáveis e socialmente justos.

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2. IDENTIFICAÇÃO

2.a. DO EMPREENDEDOR

Razão social: INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.


Autarquia Federal criada pelo Decreto-Lei nº 1.110, de 09 de julho de 1970.

Inscrição no CNPJ: 00.375.972/0001-60

Endereço, Telefone, Fax: Rua Dr. Faivre, 1.220, Bairro Centro, CEP: 80040-160
Curitiba-PR. Fone/Fax: (41) 3360-6500.

Representantes legais (CPF, Tel., Fax, e-mail): Sr. Celso Lisboa de Lacerda;
residente e domiciliado na Rua Francisco Torres 513 Apto. 203, Curitiba-PR.
Portador do CPF Nº: 557.390.089-72 e do RG Nº: 1.022.473-6 SSP/PR.
E-mail: celso.lacerda@cta.incra.gov.br

2.b. DA ENTIDADE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PDA

Razão social: COOPERATIVA DE TRABALHADORES EM REFORMA AGRÁRIA –


COTRARA

Inscrição no CNPJ: CGC: 01.865.966/0001-54

Endereço, Telefone, Fax, e-mail: Rodovia PR 456 – KM 19 Trevo de acesso a Sta.


Maria do Oeste. CEP 85.230-000. Santa Maria do Oeste - Paraná. Fone/Fax: (042)
3674 1177 e (041) 3324-7000. E-mail: cotrara@anca.org.br

Representantes legais (CPF, Tel., Fax, e-mail): Sr. Diorlei dos Santos; CPF Nº:
030786319-07. Fone/Fax: (041) 3324-7000. E-mail: cotrara@anca.org.br

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3. METODOLOGIA

O Plano de Desenvolvimento dos Assentamentos é um instrumento de


planejamento dos Projetos de Assentamento, abrangendo desde a instalação das
famílias até a consolidação do assentamento, incluindo os aspectos econômicos,
ambientais e sociais.
Para a elaboração deste Plano de Desenvolvimento Sustentável do
Assentamento – PDA foi imprescindível a participação intensa dos agricultores e
agricultoras, futuros assentados do P.A. Antônio Companheiro Tavares.
O PDA é elaborado de forma participativa para as famílias acampadas, bem
como para a assessoria técnica, social e ambiental. Consta de um levantamento da
realidade atual dos aspectos físicos e ambientais e ambientais, sociais e econômicos
e posterior elaboração de um diagnóstico, onde serão indicadas as principais
características para o Plano de Desenvolvimento, caracterizando os investimentos
produtivos; o parcelamento das unidades familiares, seu tamanho, número,
localização; o cumprimento das exigências da legislação ambiental; entre outros,
sempre referenciados por indicadores dos aspectos qualitativos e quantitativos.
A metodologia utilizada pela equipe da COTRARA tem como base as práticas
referentes à abordagem participativa de desenvolvimento que aponta para a
autodeterminação e a auto-mobilização dos grupos locais, de modo a proporcionar
aos grupos o direito nato de opinar e de participar nas iniciativas de desenvolvimento
local. Este método visa motivar e capacitar os grupos locais para o estudo e a
análise das suas oportunidades de desenvolvimento e dos obstáculos que se opõem
a ele, para a identificação de objetivos comuns, buscando colocá-los em prática.
Este diagnóstico além de considerar os aspectos técnicos para a viabilidade
do assentamento, considerou também os aspectos sociais, ambientais, culturais e
históricos como fundamentais para que o PDA seja efetivamente um instrumento
apropriado para promover a construção da cidadania no contexto rural brasileiro.
A elaboração do plano pela equipe de PDA da COTRARA esteve dividida em
duas etapas: a primeira de diagnóstico e a segunda de planejamento, conforme as
orientações do Roteiro Básico para o Plano de Desenvolvimento do Assentamento –
PDA fornecido pelo INCRA.

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Na fase de diagnóstico, foram aplicados questionários a cada uma das


famílias acampadas, procurando obter o levantamento completo dos dados sócio-
econômicos das famílias que vivem na área, além da obtenção dos dados referentes
ao município e região. Ao mesmo tempo, profissionais das áreas territorial e
ambiental realizaram diagnóstico do ambiente natural. Para tanto, a área do P.A.
Antônio Companheiro Tavares foi percorrida em toda sua extensão, para avaliar as
condições de solos, relevo, recursos hídricos, vegetação e fauna local. Foi utilizada
uma série Instrumentos tecnológicos, dentre eles o GPS (Global Positioning System)
para o levantamento dos dados em campo e programas de tratamento dos dados
levantados e confecção de mapas temáticos da área, dentre eles AutoCAD©,
Posição©, Microstation©, Spring© e outros.
Finalmente, com todos os dados sistematizados e tabulados, estes foram
apresentados às famílias, para que tomassem ciência das potencialidades e das
limitações do Projeto de Assentamento.
Na seqüência, foi realizada uma etapa de discussão da organização territorial
da área, parcelamento, sistemas de produção e demandas sociais, a fim de compor
o Plano de Ação para o desenvolvimento do assentamento, pois, mais importantes
que as análises e considerações técnicas sobre a área de estudo possam ser, mais
importantes são as impressões que têm a comunidade assentada nesta área. Trata-
se de agricultores e agricultoras possuidores de histórias únicas e um profundo
conhecimento que não deve, de modo algum, ser ignorado durante a elaboração de
qualquer plano de desenvolvimento da área.
Além do diagnóstico, já é realidade a presença constante de profissionais de
diversas áreas, compondo a equipe da assessoria técnica (ATES). Com a função de
auxiliar os assentados em todas as suas atividades, fornecem as orientações
técnicas e acompanham o desenvolvimento das atividades. Serão diretamente
responsáveis e igualmente importantes no acompanhamento das atividades durante
a fase de implantação deste Plano de Desenvolvimento de Assentamento.
Afinal, mais do que promover o desenvolvimento da área, este PDA deve
possibilitar o desenvolvimento social e econômico das pessoas que serão
assentadas, proporcionando-lhes condições apropriadas para o auto-sustento e
consolidação na área destinada a cada uma das famílias, a fim de que as futuras
gerações possam se formar sadias e com perspectivas para um futuro que se
aproxima rapidamente.

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4. INFORMAÇÕES GERAIS DO ASSENTAMENTO

Denominação do Imóvel
Fazenda Mitakoré. Matrículas Nº: 2.266, 3.177, 3.565, 3.567, 3.611, 4.482,
7.069, 7.103, 7.104, 7.836, 7.837, 7.955, 8.177, 8.178, 8.405, 8.652, 8.684, 8.685,
8.686, 8.854, 8.932, 8.937 e 9.344.

Denominação do assentamento: Projeto de Assentamento Antônio Companheiro


Tavares.

Data do Decreto de Desapropriação: a área não foi desapropriada, uma vez que
as suas terras pertenciam à União. Sendo assim, a propriedade foi arrecadada
através de decisão judicial e adquirida pelo INCRA por meio de Contrato de
Transferência.

Data da Imissão na Posse: 14 de agosto de 2002.

Data da Criação do P.A.: 17 de outubro de 2002, mediante a


PORTARIA/INCRA/SR09/N 25/2002.

Distância da sede municipal: 21 quilômetros.

Valor total dos investimentos realizados em benfeitoria e créditos: em virtude


do convenio (CRT-PR Nº 61.000/2005) que une o Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária – INCRA, e a Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária
– COTRARA, durante o presente ano (2005), serão aplicados para serviços R$
1.555.800,00; sendo R$ 19.447,50 por cada uma das 80 famílias que moram no P.A.

Área total do P.A. Antônio Companheiro Tavares:


- Registrada: 1.098,9165 hectares.
- Medida1: 1.098,9100 hectares.
Área Requerida, por lei, de Reserva Legal: 219,7820 hectares

1
Valor de área total do P.A. utilizado na elaboração do Plano de Desenvolvimento deste
assentamento.

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Área Efetiva de Reserva Legal: não há registro de averbação de reserva legal junto
à matrícula do imóvel.

Área Requerida de Preservação Permanente, sob proteção legal: 4,54 hectares.

Capacidade de assentamento do imóvel em termos das famílias: 80 famílias.

Área média das parcelas: 10 hectares.

Número de famílias atual x capacidade de assentamento prevista na Portaria


de Criação: no Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural2 realizado
pela Superintendência Regional do INCRA/PR, em fevereiro de 2001, afirma-se que
o P.A. ACT permite o assentamento de 80 famílias, o mesmo número de lotes em
que está dividida a área hoje.

2
Elaborado pelos Engenheiros Agrônomos Dirceu Sasso (CREA/PR Nº16.502/D – PR) e Jorge
Furtado (CREA/PR nº4.917/D – PA).

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5. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Projeto de Assentamento Antônio Companheiro Tavares está situado no


município de São Miguel do Iguaçu, na região oeste do Estado do Paraná, na
Microrregião de Foz do Iguaçu.
São Miguel do Iguaçu, juntamente com Foz do Iguaçu são os únicos
municípios paranaenses que têm divisas com dois países diferentes, as Repúblicas
do Paraguai e da Argentina (as terras destes municípios, próximas à tripla fronteira
com Paraguai e Argentina, consideram-se juridicamente como de Faixa de
Fronteira).
Quanto ao acesso ao imóvel, a localização do P.A. ACT é privilegiada. Fica à
margem da BR-277, no sentido que vai de São Miguel do Iguaçu a Santa Terezinha
do Itaipu, eqüidistante em aproximadamente 20 km tanto da sede do município de
São Miguel como de Foz do Iguaçu, cidade pólo da região.

Figura 01: São Miguel do Iguaçu no contexto paranaense e do sul da América

Fonte: http://www.saomiguel.pr.gov.br/

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6. CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA ÁREA DE


INFLUÊNCIA DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

6.a. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DA MICRORREGIÃO

O município de São Miguel do Iguaçu situa-se no extremo oeste do Estado e


faz parte do Terceiro Planalto Paranaense, denominado também Planalto de
Guarapuava, que é o maior do Paraná (ocupa 2/3 de superfície do Estado). O
Terceiro Planalto se estende desde a Serra Geral até o Rio Paraná e ainda continua
pelo Paraguai. Em sua maioria, nesta região as terras são de origem recente, sejam
terciárias ou quaternárias. O relevo é catalogado de suavemente ondulado.

Figura 02: Classificação climática do Estado do Paraná

P. A. Antonio Companheiro Tavares

Fonte: Instituto Ambiental do Paraná - IAPAR (www.iapar.br)


Elaboração: COTRARA, 2006

Segundo a classificação de Köppen (1918), o clima que predomina na região


é o Cfa (Figura 02); clima subtropical caracterizado por alta temperatura e umidade
com formação de florestas tropicais perenifólias. Entretanto existem condições de
micro-clima provocadas pelo lago de Itaipu. Assim, o ano se apresenta por verões
quentes e a ocorrência pouco freqüente de geadas no inverno3, como conseqüência
do micro clima que gera o importante volume de água concentrada no lago da Itaipu
Binacional. O mês de julho se destaca como o mês mais frio, com temperaturas

3
Nos últimos dez (10) anos não foram registradas geadas na área do P.A.

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entre 14ºC e 16ºC, sendo fevereiro o mês mais quente, com temperaturas médias de
25ºC a 35ºC. A temperatura média anual é de 22,14ºC.
Conforme dados fornecidos pelo Instituto Ambiental do Paraná – IAPAR e que
constam no Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural (MDA & INCRA,
2001), coletados na extinta estação meteorológica da Fazenda Mitakoré, a média
anual da precipitação pluviométrica é de 1.600 mm, numa série histórica de 1984 à
2000; dados que concordam com os fornecidos pelo IAPAR (Figura 03). A tendência
é concentração de chuvas nos meses de verão, sendo dezembro o mês mais
chuvoso e maio o mais seco.

Figura 03: Precipitação média anual do Estado do Paraná

P. A. Antonio Companheiro Tavares


Fonte: IAPAR (http://www.iapar.br/).
Elaboração: COTRARA, 2006.

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6.b. DESCRIÇÃO DA BACIA OU SUB-BACIA HIDROGRÁFICA

São Miguel do Iguaçu tem a particularidade de ser um dos poucos municípios


paranaenses que divide o seu território entre duas bacias hidrográficas, a Bacia do
Rio Iguaçu e a Bacia do Rio Paraná, todos eles pertencentes ao Aqüífero Guarani.
Em concreto, o Projeto de Assentamento Antônio Companheiro Tavares (P.A. ACT)
está situado dentro da área da III Parte da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (Figura
04).
A principal característica geográfica do Rio Paraná no decorrer pelo Estado
homônimo é ser uma divisa natural, tanto entre os estados do Paraná e Mato Grosso
do Sul, como entre o Estado do Paraná e a República do Paraguai. Sua Bacia
Hidrográfica está formada basicamente pela junção de dez pequenos rios, entre os
que se destacam: Rio São Francisco, Rio São Francisco Falso, Rio Paranapanema e
Rio Ocoí.
Apesar de sua proximidade o P.A. ACT não faz divisa com o reservatório da
Itaipu Binacional, uma vez que a Área de Preservação Permanente do lago artificial
é de domínio da própria Itaipu, e o território do P.A. inicia-se logo fora desta área.

Figura 04: Parte III da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná onde se encontra o P.A. ACT

Bacia Paraná I

Bacia
Paraná II

Bacia
Paraná III

P. A. Antonio C. Tavares
Fonte: http://www.pr.gov.br/meioambiente/suderhsa/index.shtml
Elaboração: COTRARA, 2006.

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6.c. SITUAÇÃO SOCIAL, DEMOGRÁFICA E FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO E


DA MICRORREGIÃO

6.c.1. INFORMAÇÕES SOCIAIS, DEMOGRÁFICAS E FUNDIÁRIAS DO


MUNICÍPIO4

LOCALIZAÇÃO

- Estado do Paraná, Mesorregião do Oeste Paranaense, Microrregião de Foz do


Iguaçu, Município de São Miguel do Iguaçu.
- Área total: 1.237 km2.
- Altitude média: 307 metros.
- Distâncias entre:
São Miguel do Iguaçu - Foz do Iguaçu: 25 km
São Miguel do Iguaçu - Cascavel: 124 km
São Miguel do Iguaçu - Curitiba: 626 km
- Limites de São Miguel do Iguaçu:
Norte: Santa Helena, Medianeira e Missal;
Sul: República Argentina (divisa fluvial do rio Iguaçu);
Leste: Medianeira;
Oeste: Santa Terezinha do Itaipu, Foz do Iguaçu e República do Paraguai
(divisa fluvial do rio Paraná).

ECONOMIA

- Rendimento nominal médio mensal (pessoas c/ mais de 10 anos): R$667,28


- Rendimento nominal médio mensal (mulheres c/ mais de 10 anos): R$429,95
- Rendimento nominal médio mensal (homens c/ mais de 10 anos): R$ 337,79

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Os dados deste tópico foram extraídos do site do IBGE (http://www.ibge.gov.br/) e dos questionários
aplicado à mesma Prefeitura.

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POPULAÇÃO

- População total5: 27.307 habitantes.


- Densidade demográfica: 22,07 hab./km2 (A= 1.237)
- Nascimentos registrados por ano: 482 (58,7 nascimentos / 1000 habitantes)

SAÚDE E SANEAMENTO

- Total de estabelecimentos de saúde: 13 (2.176,9 pessoas / estabelecimento de


saúde); 09 na área urbana e 03 na área rural.
- Leitos hospitalares: 81 (349,4 pessoas / leitos hospitalares6), dos quais 54 estão
disponíveis no Sistema Único de Saúde – SUS.
- Número de ambulâncias: 5 (5.560 pessoas / ambulância)
- Rede de esgoto na cidade (em %): 47,95% dos domicílios possuem fossa
rudimentar (IBGE/SIDRA)
- Coleta de lixo na área urbana (em %): 66,92% dos domicílios urbanos têm seu
lixo coletado por serviços de limpeza. O restante tem outras destinações, como
queima, é enterrado ou jogado em terreno baldio (IBGE/SIDRA).
- Coleta de lixo na área rural (em %): não possui

EDUCAÇÃO
PRÉ-ESCOLA ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO
MATRÍCULAS 792 4.530 1.093
DOCENTES 32 259 97
ALUNOS/DOCENTE 22 17,5 11,26
20 (02 privadas e 24 (02 privadas, 06 04 (02 privadas e 02
CENTROS
18 municipais) estaduais e 16 municipais) estaduais)

5
Dados obtidos em: http://www.igbe.gov.br/, para o ano de 2006.
6
A média do Estado do Paraná é de 295 habitantes para cada leito hospitalar.

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- Posição do município no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M: 66


(dos 399 municípios que conformam o Estado).
- Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município de São Miguel do
Iguaçu: 0,779 (abaixo do valor identificado para o Estado do Paraná, que é de
0,787).

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6.c.2. INFORMAÇÕES SOCIAIS, DEMOGRÁFICAS E FUNDIÁRIAS DA


MESORREGIÃO E DA MICRORREGIÃO

Dentro da divisão interna paranaense, o município de São Miguel do Iguaçu


faz parte da denominada Mesorregião do Oeste do Paraná, e dentro desta
mesorregião faz parte da Microrregião de Foz do Iguaçu.
A Mesorregião do Oeste do Paraná está constituída por um total de 50
municípios e ocupa uma área de 220.811 km2 (11,5% da área total do Estado) e
conta com 1.083.121 habitantes (0,048 habitantes / km2). Grosso modo, a região é
confinada pelos rios Piquiri, Iguaçu e Paraná, com um relevo pouco acidentado, num
plano inclinado, que tem seu topo no município de Guaraniaçu (900 metros) e seu
nível mais baixo no município de Foz do Iguaçu (180 metros).
A Mesorregião do Oeste do Paraná é formada por três microrregiões: a
Microrregião de Cascavel (378.471 habitantes), a Microrregião de Toledo (336.196
habitantes) e a Microrregião de Foz do Iguaçu (368.454 habitantes). A esta última
Microrregião é que pertence São Miguel do Iguaçu.
A Microrregião de Foz do Iguaçu é formada por 11 municípios7 localizados
nos 150 quilômetros da Faixa de Fronteira, sobretudo nas áreas baixas lindeiras ao
rio Paraná, próximas a Foz do Iguaçu onde predomina o clima tropical, sub-quente e
super-úmido.
A integração da região ao Estado do Paraná só se fez efetiva com a
emigração massiva de pessoas originárias dos estados do sul do Brasil. Desde a
implantação na região da colonização de origem européia a paisagem da
Microrregião esteve caracterizada por grandes propriedades rurais dedicadas a
agricultura para exportação com alto padrão tecnológico (sobretudo soja e milho),
conhecida como agro-business. A caracterização dos seus municípios é
principalmente rural e de pequeno porte, e tanto Foz do Iguaçu como Cascavel se
destacam como centros urbanos mais importantes.

7
Foz do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Serranópolis do
Iguaçu, Matelândia, Céu Azul, Vera Cruz do Oeste, Ramilândia, Missal e Itaipulândia.

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6.d. ECONOMIA DO MUNICÍPIO E DA MICRORREGIÃO

A microrregião de Foz do Iguaçu é uma das microrregiões do estado brasileiro


do Paraná pertencente à mesorregião Oeste Paranaense. Sua população foi
estimada em 2006 pelo IBGE em 460.220 habitantes e está dividida em onze
municípios. Possui uma área total de 5.579,936 km².
A microrregião possui uma relativa importância econômica que ela
desempenha na Mesorregião Oeste em termos de produção agrícola e como setor
absorvedor de novas tecnologias. Apesar de uma redução na área cultivada com
algumas culturas selecionadas a um aumento de produtividade que reflete a
moderna agricultura extensiva da região oeste do Paraná.
A renda familiar per capita no Paraná, na Mesorregião Oeste e nas
Microrregiões de Cascavel, de Foz do Iguaçu e de Toledo, nos anos de 1980 e
1991, indica a grande desigualdade existente na distribuição da mesma no Estado
do Paraná como um todo e a Mesorregião Oeste e as suas Microrregiões
especificamente. Pelo Quadro 01, pode se fazer esta análise, além de se ter o grau
de desigualdade e o percentual de pessoas com renda insuficiente.

Quadro 01: Comparativo da renda e do grau de desigualdade

São Miguel do Iguaçu participa da Associação dos municípios do Oeste do


Paraná – AMOP, que é composta por 45 municípios, sendo que 28 deles
apresentam percentual de pobres maior que a media do estado. Esta associação
congrega 10,83% da população do Estado e abriga o município de Quatro Pontes,
com a menor participação relativa de pessoas abaixo da linha de pobreza.

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O principal setor da economia do município de São Miguel do Iguaçu é o de


serviços (com 44,66% do PIB do município), seguido do setor agropecuário (com
43,86% do PIB do município) e do setor de indústrias (com 11,48% do PIB do
município). Sua renda per capita é de R$ 8.588,00. No setor agrícola três culturas
representam 96% da produção total do município. São elas: soja (50%), milho (40%)
e trigo (06%). Ainda se destacam no setor pecuário as atividades da bovinocultura
de leite com produção anual de 14,658 milhões de litros/ano e 7.000 vacas em
lactação, avicultura de corte (1,05 milhões de aves) e de postura, com 832 milhões
de dúzias de ovos por ano, suínos, com 37,3 mil cabeças e mel, com 12 mil quilos
por ano.
As agroindústrias do município contam com 141 empresas. Destas, 132 são
indústrias de transformação de alimentos.
O Programa da Agroindústria Familiar “Fábrica do Agricultor”, coordenado
pela Secretaria da Agricultura e executado pela Emater, foi criado para diversificar a
cadeia produtiva rural como forma de fortalecimento da agricultura familiar, fixação e
permanência do agricultor na sua atividade, integrada ao sistema de produção.
Foram criados quatro gôndolas dentro de supermercados com produtos da
agroindústria familiar do Paraná. São duas em Foz do Iguaçu, nos supermercados
Muffato, uma em Medianeira e outra em São Miguel do Iguaçu , nos supermercados
Lar. Com estes novos pontos, sobe para 36 o número de gôndolas dentro de rede
de supermercados, em todo o Estado.
No Paraná existem hoje 1.700 agroindústrias familiares apoiadas pela Fábrica
do Agricultor. Uma das estratégias adotadas pelo Programa para inserir o agricultor
familiar na venda de seus produtos transformados, diretamente ao consumidor final,
é a instalação de gôndolas em redes de supermercados. São espaços diferenciados
para divulgação e comercialização de forma organizada, produzindo assim uma
identidade visual, de fácil identificação por parte dos consumidores finais.
Atualmente, estão instaladas três instituições financeiras na sede do
município: Banco do Brasil; Sistema de Crédito Comunitário – SICREDI; e HSBC,
que movimentam 45,2 milhões de reais ao ano.

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7. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

7.a. DIAGNÓSTICO DO MEIO NATURAL

7.a.1. SOLOS

A determinação das unidades de mapeamento dos solos do P. A. Antônio


Companheiro Tavares foi dada através do estudo de material elaborado pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA de acordo com a
classificação adotada pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e, mais
detalhadamente, com estudos a campo dos perfis do solo, de acordo com a
declividade feita através da carta de declividade do Estado do Paraná (1980) na
escala de 1:50.000.
Não foram realizadas análises físico-químicas dos solos, visto que o
levantamento propunha-se a identificar a classificação do solo por meio de sua
coloração, textura e profundidade com auxílio do trado holandês, além do
conhecimento do próprio camponês que vive e cultiva nos locais reconhecidamente
de melhor qualidade.
De acordo com estes estudos, os solos do P.A. A.C.T. se enquadram dentro das
classes de Latossolo Vermelho e Solos Hidromórficos Gleyzados, os quais serão
apresentados a seguir:

LATOSSOLO VERMELHO

Esta classe é constituída por solos minerais, não hidromórficos, com


Horizonte B latossólico, formados a partir de rochas eruptivas básicas. As
características básicas que o definem são a coloração arroxeada, a alta
profundidade, a porosidade, o fato de ser muito friáveis, de drenagem acentuada, a
argila que contém é de baixa capacidade de cátions e elevados teores de
sesquióxidos de ferro, assim como alumínio e óxidos de titânio e manganês.

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Está classe de solo possui seqüência de Horizontes A, B e C, sendo que nas


regiões de clima mais quente a transição de A para B é menos nítida do que em
climas mais frios, por causa do acúmulo de matéria orgânica no horizonte superficial.
A maior parte da classe tem solos muitos profundos, normalmente com mais
de três metros, podendo chegar até dez metros de profundidade. A espessura do
Horizonte A, na grande maioria, varia entre dez e cinqüenta centímetros, com
exceção dos Latossolos Húmicos, onde é maior que um metro.
Tratam-se de solos que respondem muito bem a adubação pelos relativos
altos teores de matéria orgânica existentes na camada superficial, especialmente
nas zonas de clima tropical, onde a troca de cátions é mais elevada. É muito
resistente à erosão, porém esta resistência pode aumentar ou diminuir de acordo
com o tipo de cultivo, declividade, comprimento da vertente, tipo de manejo, tempo
de utilização e espécie de cultura.
Os solos desta classe ocupam freqüentemente superfícies de declives
suaves, entre 2% e 8%, tornando-os propícios para o modelo tecnológico de
produção baseado na intensa mecanização, em menos intensidade em relevos de
8% a 15%, sendo raras a ocorrência em declives superiores a esse porcentual. São
encontrados em altitudes variadas, desde duzentos até novecentos metros.

LVdf – Latossolo Vermelho Distroférrico, solos com saturação por bases baixa (V
< 50%) e teores de Fe2O3 (pelo H2SO4) de 180g/kg na maior parte dos primeiros 100
cm do horizonte B (inclusive BA). (EMBRAPA Solos 2006).
Esta unidade ocorre na região noroeste, central e oeste onde está localizado
o P.A. e sudoeste, nas partes aplainadas de divisores de água. Ocorre na maioria
dos municípios dessas regiões onde o material originário é de decomposição de
rochas básicas. Ocorrem em relevo ondulado, constituído por colinas de topos
arredondados, com vertentes curtas e declives que variam de 8 a 15%. Ocorrem
entre 500 e 800 metros de altitude.
Podem ocorrer inclusões de Latossolo Vermelho-Escuro Eutroférrico,
Nitossolo Vermelho Eutroférrico, Neossolos Litólicos Eutroférrico, Brunizem
Avermelhado e Latossolo Vermelho Aluminoférrico.
São solos profundos, com boa capacidade de retenção de água e boa
aeração e permeabilidade. Como ocorrem em relevo ondulado, necessitam de
práticas conservacionistas intensivas para controle da erosão. Apesar de serem de

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baixa fertilidade natural, possuem grande potencial produtivo, devido à boa


capacidade de troca de cátions que apresentam, pois são solos bem supridos de
matéria orgânica; uma vez corrigidos e adubados, respondem com produções
compensadoras.
Ocorrem em relevo suave ondulado com colinas de topos arredondados e
vertentes longas com declives suaves de 3% a 8%, não sendo incomum em relevos
de 0% a 3%. Ocorrem em partes aplainadas de divisores de água com altitude de
duzentos a setecentos metros.
Apresentam boas condições físicas e favoráveis à mecanização, elevada
capacidade de retenção de água e boa permeabilidade, sendo que sua principal
dificuldade está na baixa fertilidade (com moderados teores de alumínio,
necessitando de calagem e também adubações a base de fósforo). Trata-se de um
solo bastante resistente à erosão, possuindo tendência à formação de “pé de grade”
com a intensa mecanização.
A área ocupada no P.A.Antônio Companheiro Tavares por esta unidade de
mapeamento é de 672,46 hectares, representando 61,19% do total da área.

LVef – Latossolo Vermelho Eutroférrico, solos com saturação por bases alta (V 
50%) e teores de Fe2O3 (pelo H2SO4) de 180g/kg na maior parte dos primeiros 100
cm do horizonte B (inclusive BA). (EMBRAPA Solos 2006).
Relevo suave ondulado e ondulado, ambos com Horizonte A moderado,
textura argilosa, fase florestal tropical perenifólia. Podem ocorrer inclusões de
Latossolo Vermelho Distroférrico, Brunizem Avermelhado e Neossolos Litólicos
Eutroférrico.
Este tipo de solo é de clima chuvoso, ocupa as partes mais aplainadas de
relevo suave ondulado. Ocorrem em altitudes de trezentos a novecentos metros.
Este solo não apresenta restrições para o uso agrícola, necessitando apenas
de práticas mínimas de conservação e adubação a base de fósforo.
Este tipo de solo ocorre em 30,11% da área, o que corresponde à 330,90
hectares.

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GLEISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte glei imediatamente


abaixo de horizonte A, ou de horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura;
ou horizonte glei começando dentro de 50 cm da superfície do solo. Não apresentam
horizonte plíntico ou vértico, acima do horizonte glei ou coincidente com este, nem
horizonte B textural com mudança textural abrupta coincidente com horizonte glei,
nem qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei.
Os Gleissolos apresentam sérias limitações impostas pela presença de lençol
freático a pouca profundidade. A aeração inadequada aumenta a resistência da
difusão dos gases do solo para a atmosfera e vice-versa, consumindo rapidamente o
oxigênio do solo pelos microorganismos e plantas, inibindo o crescimento das raízes.
Além disso há importante perda de N mineralizado e o ambiente redutor facilita a
formação de compostos bivalentes de Fe e Mn os quais são tóxicos. A utilização de
tais solos com plantas mesófilas requer, portanto, que sejam drenados a fim de
melhorar as condições de aeração na zona da rizosfera.
Devido à formação em sedimentos aluviais, os gleissolos apresentam
geralmente textura errática ao longo do perfil, às vezes com variações texturais
muito grandes entre os horizontes.
A maioria dos Gleissolos são distróficos e bastante ácidos requerendo a
aplicação de corretivos e fertilizantes para a obtenção de colheitas satisfatórias.
Exceção dos solos com A chernozêmico. Os gleissolos, principalmente os melânicos
podem apresentar problemas de trafegabilidade tanto pelo alto lençol freático, como
pelos elevados teores de material orgânico, que diminuem sua capacidade de
suporte. Por estarem situados em várzeas, os gleissolos apresentam elevado risco
de inundação.

GX – Gleissolos Háplicos, textura argilosa, fase e floresta tropical perenifólia de


várzea, ocorrem nas partes baixas e abaciadas da paisagem com relevo plano. São
solos com alta fertilidade, porém devido ao relevo ser plano e baixo é de fácil
inundação e não permite uma boa drenagem interna do solo prejudicando a areação
do mesmo. Por serem solos com alto teor de argila e úmidos são de fácil
compactação, se houver o uso intensivo de maquinários agrícolas e apresenta
ainda, em alguns casos, acúmulo de matéria orgânica.

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O Horizonte A apresenta vinte centímetros ou mais de espessura, de cor meio


acinzentada.
São solos desenvolvidos a partir de meteorização de sedimentos do
Quaternário, que ocorrem em áreas praticamente sem estiagem, mas sujeitas a
geada.
Ocorrem em altitudes que variam desde cento e cinqüenta a quatrocentos
metros ao longo dos rios, e de quinhentos a seiscentos e cinqüenta metros mais
afastados dos mesmos.
Podem ocorrer inclusões de Areias Quartzosas, Solos Orgânicos,
Cambissolos e Solos Aluviais.
Estes solos ocorrem em, aproximadamente, 8,69% da área em estudo,
totalizando 95,55 hectares.

Tabela 01: Quantificação das áreas ocupadas pelas classes de solo do P.A. ACT
SÍMBOLO CLASSES DE SOLO ÁREA (ha) ÁREA (%)
LVdf Latossolo Vermelho Distroférrico 672,4600 61,19
LVef Latossolo Vermelho Eutroférrico 330,9000 30,10
HG1 Solos Hidromórficos 195,5500 8,69
TOTAL 1.098,91 100
Elaboração: COTRARA, 2006.

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7.a.2. RELEVO

Na Tabela 02 são apresentadas as classes de relevo que ocorrem no P.A.


Antônio Companheiro Tavares, e suas respectivas percentagens e área ocupada de
acordo com cada uma das classes.

Tabela 02: Qualificação e quantificação de relevo das terras do P. A. ACT


CLASSES DE
CLASSES DE DECLIVIDADE
RELEVO % DA ÁREA ÁREA APROX. (ha)
Descrição % Graus
Plano 0–3 0 – 1,7 58,07 638,13
Suave ondulado 3–8 1,7 – 4,6 38,63 424,52
Ondulado 8 – 20 4,6 – 11,3 3,30 36,260
TOTAL 100 1.098,91
Elaboração: COTRARA, 2006.

A classe de relevo dominante no P.A. ACT é a plana (0-3%), que soma


58,07% da área, seguido de relevo suave ondulado (3-8%), que soma 38,63% da
área, mostrando assim condições favoráveis a exploração mecanizada da área.
Tendo em conta as características do relevo no território anteriormente citadas, a
força de trabalho que poderá ser utilizada nas explorações agrícolas poderá ser
tanto a tração mecânica como a tração animal.

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7.a.3. RECURSOS HÍDRICOS

Como conseqüência da ausência de nascentes e de córregos, o P.A. Antônio


Companheiro Tavares encontra-se em uma situação complexa em relação aos
recursos hídricos. A maioria dos futuros lotes está localizada em “áreas secas”, ou
seja, sem disponibilidade de água superficial.
Com base no levantamento de campo nota-se que o P.A. ACT não possui
uma boa disponibilidade de águas superficiais, porém, existe uma boa
disponibilidade de água subterrânea, que é de onde vem as águas usadas no
Projeto de Assentamento. Por enquanto, as famílias estão utilizando poços
perfurados manualmente por eles próprios.
Há na área duas nascentes localizadas próximo aos açudes artificiais, sendo
estas as responsáveis pelo abastecimento dos reservatórios.
A área total dos reservatórios (açudes) existentes no P.A. é de 16,0800
hectares, o que equivale a 1,46% da área. Estes tanques são destinados à atividade
de piscicultura.
Além disso, há presença de várzeas sistematizadas utilizadas na
experimentação de arroz ecológico, sob responsabilidade do Instituto Técnico de
Educação e Pesquisa – ITEPA, centro de referência em pesquisa agroecológica no
Estado do Paraná, totalizando área de 37,03 hectares, ou 3,37% da propriedade.
Quanto à preservação das matas ciliares das nascentes e córregos, estas se
encontram, hoje, sob os estágios inicial e médio de regeneração.
Exceção se faz em duas faixas da área de preservação permanente, uma
sobre o córrego que segue logo após a várzea sistematizada de experimentação
agroecológica, e outra sobre a várzea. Estas faixas devem-se a existência de linhas
de transmissão, que compõe parte das estruturas de transmissão de energia
pertencentes a FURNAS Centrais Elétricas S/A.
A empresa possui além das linhas de transmissão, as faixas de servidão das
linhas de transmissão dentro da área do P.A., legalmente determinadas,
compreendidas em faixas de 141,75 metros de largura total, cujo eixo central são as
linhas de transmissão (Figura 05), medida específica para estas linhas, onde há
vedação legal para o plantio e cultivo de árvores de grande porte e/ou crescimento
rápido e que ultrapassem a altura máxima de 12 metros, a contar do solo, visto que
estão sujeitos a queimadas.

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Há outra linha mais ao norte, com suas estruturas sobrepostas em áreas de


lavoura e pastagem. Para esta não há supressão de vegetação dentro da área do
P.A.
Uma equipe de manutenção de Furnas S/A realiza periodicamente a
operação de corte seletivo da vegetação sob estas estruturas, permanecendo a
vegetação dentro destas faixas em estágio inicial de regeneração.
Para a realização desta atividade, visto que há impedimentos legais pelo
Código Florestal Brasileiro, a empresa possui autorização expedida por órgão
ambiental desde a década de 80, quando da instalação das estruturas.

Figura 05: Faixas de servidão de Furnas S/A no P.A. ACT

Destaque para a vegetação suprimida nas faixas de servidão de Furnas S/A


Limites do Projeto de Assentamento Antonio Companheiro Tavares
Fonte: Google Earth
Elaboração: COTRARA.

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7.a.4. FLORA

7.a.4.1. Caracterização do Ecossistema

O levantamento e reconhecimento da vegetação em qualquer P.A. que busca


a sustentabilidade econômica e ambiental é fator determinante para a definição de
diretrizes de intervenção no processo de gestão.
É sabido que uma frondosa mata ocorria no oeste paranaense, estendendo-
se do Rio Iguaçu ao Paranapanema, com transições relacionadas à altitude, solo,
clima, etc. Fornecedora de importantes espécies arbóreas para uso na indústria
madeireira, com seus ricos vales fluviais e de solo roxo, tão adequado para a
agricultura, foi alvo de grande devastação. Árvores milenares foram, em pouco
tempo, derrubadas. Extensas queimadas caracterizaram um período negro para a
flora e fauna paranaense (IAP, 1995). Mesmo assim, hoje o governo tenta manter
preservada a situação ecológica, sobretudo nas proximidades das Cataratas do
Iguaçu e Parque Nacional do Iguaçu, pois neste local a flora é rica em variedades.

Figura 06: Regiões fitogeográficas do Estado do Paraná e Unidades de Conservação

Fonte: PARANÁ, 1995.

A área do P.A., bem como o município, localiza-se em uma região


caracterizada pela formação Floresta Estacional Semidecidual (antigamente

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classificada como Floresta Subcaducifólia), uma das formações do grande Bioma da


Mata Atlântica. Esta ocorre no Terceiro Planalto Paranaense, no extremo oeste do
Estado, numa faixa de 80 km de largura na margem esquerda do rio Paraná e
acompanhando o rio Iguaçu e seus tributários. Hoje, muito pouco de sua vegetação
original encontra-se intocada.
Esta classificação estabelecida pelo IBGE, em 1991, tornou-a mais
específica, analisando todos os ambientes presentes no Brasil, levando em
consideração a diversidade de características físicas e biológicas que compõem as
diferentes paisagens. Assim, foi necessário estabelecer uma classificação para a
vegetação que considerasse todos os fatores variáveis, como o clima, o relevo, os
tipos de solos, a vegetação, etc. presentes, apreciando cada ambiente como único.
O caráter geral da Floresta Estacional Semidecidual é de uma mata de 25 a
35 metros de altura, com grande densidade de vegetação inferior, lianas e epífitas.
Em certos lugares, as samambaias arborescentes (Dicksonia sellowiana) ocorrem
em grande número.
É observado que embora a Floresta Estacional Semidecidual desenvolva uma
floresta fisionomicamente exuberante, ela é bem mais pobre em riqueza de espécies
que a Floresta Ombrófila Mista da região Sul do Brasil (com estrato superior
constituído por reduzido número de espécies), e que ocupou vastas extensões de
terras no Estado. Hoje, ambas encontram-se reduzidas a pequenos fragmentos de
remanescentes florestais (IAP, 1995).
A classificação do IBGE (1991), esta reconheceu na Floresta Estacional
Semidecidual quatro formações, estabelecidas a partir da relação entre latitude e
altitude de sua área de ocorrência (admitindo duas ou três combinações destes
fatores para uma mesma sub-formação), cada qual representada por áreas mais
representativas distribuídas desigualmente ao longo de toda a área de ocorrência
deste tipo vegetacional. Assim, tem-se a Formação Aluvial: apresenta-se sempre
nos terraços mais antigos das calhas dos rios; a Formação das Terras Baixas:
ocorrentes entre 5 a 100 m de altitude, situadas entre os 4° de latitude N e os 16° de
latitude Sul; de 5 a 50 m quando localizadas nas latitudes de 16° a 24° Sul; e de 5 a
30 m nas latitudes de 24° a 32° Sul; a Formação Submontana: situada na faixa
altimétrica que varia de 100 a 600 m, de acordo com a latitude de 4° N até 16° S; de
50 a 500 m entre os 16° até os 24° de latitude S; e de 30 a 400 m após os 24° de
latitude Sul; e a Formação Montana: está situada nas faixas altimétricas acima

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desses níveis, nas seguintes áreas: na Amazônia entre 600 e 2000 m de altitude e
acima dos 16° de latitude Sul entre os 400 e 1500 m de altitude (IBGE, 1991).
Por sua proximidade ao rio Paraná, o município é recoberto por uma transição
entre espécies terrestres e espécies com influência fluvial e grande vazão de água,
principalmente, dos gêneros Cyperus e Juncus.
Deste modo, conhecendo a altitude de 307 metros na qual se encontra o P.A.
ACT, pode-se classificar a vegetação, de maneira mais específica, como Floresta
Estacional Semidecidual Submontana.
Segundo esta classificação, esta formação florestal é condicionada pela dupla
estacionalidade climática: uma tropical, com época de intensas chuvas de verão,
condicionada por estiagens acentuadas, e outra subtropical, sem período seco, mas
com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, com temperaturas
médias inferiores a 15ºC. É constituída por fanerófitos com gemas foliares
protegidas da seca por escamas (catáfilos ou pêlos), tendo folhas adultas
esclerófilas ou membranáceas deciduais. Em tal tipo de vegetação, a porcentagem
das árvores caducifólias, no conjunto florestal, de 20 a 50% dos indivíduos, dentre
as espécies do estrato arbóreo superior, perde parte das folhas, nas estações de
seca. Nas áreas tropicais, é composta por mesofanerófitos que revestem, em geral,
solos areníticos distróficos. Já nas áreas subtropicais, é composta por
macrofanerófitos, pois revestem solos basálticos eutróficos. Esta floresta apresenta
dominância de gêneros amazônicos de distribuição brasileira, como por exemplo:
Parapiptadenia, Peltophorum, Cariniana, Lecythis, Tabebuia, Astronium e outros de
menos importância fisionômica (IBGE, 1991).
De modo geral, o estrato superior da Floresta Estacional Semidecidual
Submontana apresenta as copas das árvores isoladas acima do segundo estrato,
sem folhas no inverno. Neste extrato, as espécies dominantes são a grápia (Apuleia
leiocarpa), louro (Cordia trichotoma), angico (Parapiptadenia rigida), cedro (Cedrela
fissilis), alecrim (Holocalyx balansae), canafístula (Cassia multijuga), timbaúva
(Enterolobium contorsilliquum) e a peroba (Aspidosperma polyneuron) (IDBF, 1993).
O segundo estrato das árvores, com altura entre 20 a 25 metros constitui a
parte mais densa do interior da floresta, sendo formada basicamente por espécies
da família Lauraceae (canelas) e da família Leguminosae (gêneros Lonchocarpus,
Parapiptadenia, Apuleia e Patagonula) (IBDF, 1993). Ainda, o estrato com altura
entre 06 e 15 metros é representado pela laranjeira-do-mato (Sorocea bonplandii),

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xaxim (Dicksonia sellowiana), entre outras. De menor porte, porém muito


ornamental, a palmeira Euterpe edulis (IAP, 1995).

7.a.4.2. Vegetação do Paraná e o processo de desmatamento

Desde que se iniciaram os movimentos de colonização do Estado do Paraná,


os desbravadores vislumbraram o grande potencial madeireiro, a fertilidade do solo e
demais recursos naturais presentes no Estado e disponíveis para exploração. O
processo de extração dos recursos naturais se deu mais intensamente a partir do
século XIX, quando iniciaram as expedições de ocupação do Estado, em que
colonos mineiros, paulistas e famílias européias começaram a comprar terras para
se estabelecer. Foi neste período que os processos de desmatamento e substituição
dessas áreas de mata nativa foram ganhando força, aumentando a extração
indiscriminada de diversas espécies que fornecem madeira de lei. Além disso, foi a
grande expansão agrícola o principal fator para o aumento significativo nos
processos de derrubadas das matas, que foram substituídas por extensões
reservadas ao plantio de grãos e café e para as atividades pecuaristas. Ainda, após
a 1ª Guerra Mundial (1914-18), a exportação madeireira teve forte estímulo,
principalmente a extração e venda de Araucaria angustifolia, dessa forma esgotando
rapidamente as florestas do Estado.
A Tabela 03 mostra dados dos estudos realizados por diferentes
pesquisadores (reunidos por CAMPOS, 1998), ao longo de 105 anos, indicando as
taxas do desmatamento ocorrido no Estado do Paraná, de maneira geral. As matas
exuberantes, que antes ocupavam a quase totalidade da superfície (83,41% dos
201.203 Km2 da área do Estado), passaram a dar lugar para a agricultura, pecuária e
constituição de vilas e cidades. Atualmente, restam apenas 7,98% da superfície do
Estado recoberta por fragmentos de florestas nativas originais ou de vegetação
primária. Em termos de cobertura vegetal nativa, primária e secundária, há no
Estado 18% de áreas com formações nativas.

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Tabela 03: Remanescentes florestais do Estado do Paraná, no período de 1895-2000


ANO ÁREA (ha) % DE COBERTURA NO ESTADO

1895 16.782.400 83,41%


1930 12.902.400 64,13%
1950 7.983.400 39,68%
1965 4.813.600 23.92%
1980 3.413.447 16,97%
1990 1.848.475 9,19%
1995 1.769.449 8,79%
2000* 1.594.298 7,98%
* Dados estimados.
Fonte: CAMPOS, 1998.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Figura 06: Áreas florestadas no Estado do Paraná, em 1900 e em 1998

1900

1998

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

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Pode-se, ainda, verificar a situação da vegetação no Estado do Paraná, em


1900 e, mais recentemente, sua condição em 1998. Muitas das áreas preservadas
hoje só resistem devido à constituição de Unidades de Conservação, graças a
criação de legislação ambiental por parte dos Governos Federal e Estadual, ou por
apelos e projetos motivados por instituições de ensino, pesquisa e extensão, ou em
última instância, por serem estas áreas impróprias para o uso do solo (encostas,
terrenos rochosos, etc.).

Tabela 04: Área total desmatada e percentagem total da superfície desmatada, em 105
anos de exploração e colonização no Estado do Paraná.
COBERTURA COBERTURA ÁREA TOTAL DESMATADA % TOTAL
PERÍODO
INICIAL (ha) FINAL (ha) NO PERÍODO (ha) DESMATADA

1895-1930 16.782.400,00 12.902.400,00 3.880.000 23,12%

1930-1950 12.902.400,00 7.983.400,00 4.919.000 29,31%

1950-1965 7.983.400,00 4.813.600,00 3.169.800 18,89%

1965-1980 4.813.600,00 3.413.447,00 1.400.153 8,34%

1980-1990 3.413.447,00 1.848.475,00 1.564.972 9,32%

1990-1995 1.848.475,00 1.769.449,00 79.026 0,48%

1995-2000* 1.769.449,00 1.594.298,00 175.151 1,04%

TOTAL DESMATADO EM 105 ANOS 15.188.102 90,50%


* Dados estimados.
Fonte: CAMPOS, 1998.

Diante desses dados, os órgãos ambientais, junto aos Governos Federal e


Estadual, viram-se obrigados a tomar uma atitude para que se evitasse a perda dos
demais remanescentes florestais. Como medida para o controle desenfreado do
desmatamento, entrou em vigor a LEI N° 4.771/1965 e sua versão revisada na forma
da MEDIDA PROVISÓRIA N° 2.166-67/2001, definindo a obrigatoriedade de que em
toda propriedade rural, qualquer que seja sua extensão, haja em suas terras áreas
florestais protegidas, na forma de Áreas de Preservação Permanente (as APP's
como áreas de preservação stricto sensu que ocupam posições críticas do relevo,
como faixas ao longo dos rios, topos de morros, ao redor de nascentes e outras), e
que, no caso do Paraná, no mínimo 20% da superfície total da propriedade seja
destinada à formação de Reservas Florestais Legais (onde o uso é condicionado ao

PDA Antônio Companheiro Tavares 30


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manejo sustentável, podendo gerar bens como madeiras valiosas de espécies


nativas e produtos não lenhosos: mel, frutos, plantas medicinais e ornamentais, etc).
Deste modo, instituíram-se ferramentas legais para que se procedesse à
preservação do meio ambiente, conservando florestas ainda intocadas ou pouco
alteradas, além de proteger toda biodiversidade vegetal e animal do local e demais
recursos naturais que compõem o ambiente.

7.a.4.3. Os Corredores Ecológicos de Biodiversidade

Os Corredores Ecológicos são áreas que visam à união dos remanescentes


florestais, possibilitando o livre trânsito de animais e a dispersão de sementes das
espécies vegetais, permitindo assim o fluxo gênico entre as espécies da fauna e
flora e a conservação da biodiversidade. Também garantem a conservação dos
recursos hídricos e do solo, além de contribuir para o equilíbrio do clima e da
paisagem. Os corredores podem unir Unidades de Conservação, Reservas
Particulares, Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente ou quaisquer
outras áreas de florestas naturais.
Sua aplicação é de extrema importância para a recuperação e preservação,
principalmente, da Mata Atlântica, já que os remanescentes estão espalhados por
diversos fragmentos florestais pequenos e médios. Estes fragmentos são ilhas de
biodiversidade que guardam as informações biológicas necessárias para a
restauração dos diversos ecossistemas que integram o Bioma.
Neste sentido, sempre que não existe ligação entre um fragmento florestal e
outro, é importante que seja estabelecido um corredor entre estes fragmentos e que
a área seja recuperada com o plantio de espécies nativas ou através da
regeneração natural (abandono antrópico da área). Os corredores ecológicos podem
ser criados para estabelecer ou para manter a ligação de grandes fragmentos
florestais, como as Unidades de Conservação, e também para ligar pequenos
fragmentos dentro de uma mesma propriedade ou micro-bacia.
A aplicação correta do Código Florestal quanto à manutenção ou recuperação
das Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais permite que se faça um
planejamento da paisagem por micro-bacia ou por município, mantendo todas as
florestas interligadas. O planejamento da paisagem pode ser feito de maneira

PDA Antônio Companheiro Tavares 31


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conjunta entre os proprietários, autoridades públicas e Organizações Não


Governamentais (IAP, 2004).

Os Corredores Ecológicos no Estado do Paraná

O Estado do Paraná tem sua superfície totalmente inserida no grande Bioma


da Mata Atlântica. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabeleceu que a Mata
Atlântica é Patrimônio Nacional, onde assegura que: "A Floresta Amazônica
brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais" (Artigo 225, § 4º).
Assim, foram instituídos, há três anos, três Corredores de Biodiversidade,
segundo o Projeto Paraná Biodiversidade – Corredores Ecológicos, sob elaboração
do Instituto Ambiental do Paraná – IAP, com o propósito de “[...] promover a
conservação da biodiversidade e o manejo sustentável dos recursos naturais em
duas eco-regiões altamente ameaçadas no Estado do Paraná; conceber e
implementar um modelo para a melhoria da conservação da biodiversidade no
Paraná e; formar corredores de biodiversidade, ligando as unidades de conservação
entre si” (IAP, 2004). Assim, visando “[...] à integração de remanescentes florestais,
viabilização do fluxo dos animais, disseminação de espécies vegetais, melhoria da
qualidade de água, controle da erosão e embelezamento das paisagens locais” (IAP,
2004).
O projeto abrange três regiões distintas ao longo dos rios Iguaçu e Paraná,
além de pequenas porções dos rios Ivaí, Tibagi, Piquiri, Pirapó e seus afluentes
(Figura 08). Estende-se por uma área de 2.151.175 hectares (aproximadamente
13% de território do Estado), e envolve 63 municípios paranaenses onde se
encontram seis unidades de conservação estaduais e três federais. São os
seguintes Corredores:
a) Corredor Ecológico Araucária – localizado na região da Reserva Iguaçu, na
porção sul do Estado, onde estarão inseridos 11 dos 63 municípios do projeto.
Abrange parte da bacia do rio Iguaçu, correspondendo a, aproximadamente, 500
mil hectares;

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b) Corredor Ecológico Iguaçu-Paraná – localizado na região de Cascavel, na


porção oeste do Estado, envolvendo 26 municípios. Englobando as porções
terminais das bacias dos rios Iguaçu e Paraná e o Parque Nacional do Iguaçu;
correspondendo, aproximadamente, a 700 mil hectares. É nesta área que está
localizada também a área do Projeto de Assentamento Antônio Companheiro
Tavares.
c) Corredor Ecológico Caiuá - Ilha Grande – localizado na região de
Umuarama, na porção noroeste do Estado, reunindo 26 municípios. Este
corredor se inicia na porção final do rio Paranapanema e estendendo-se pelo rio
Paraná até aproximadamente a metade da extensão, sua área corresponde a,
aproximadamente, um milhão de hectares.

Figura 08: Abrangência do Projeto Paraná Biodiversidade – Corredores Ecológicos

Fonte: IAP, 2004.

7.a.4.4. Cobertura Vegetal do P.A. Antônio Companheiro Tavares

ÁREAS DE MATA NATIVA


As áreas de floresta nativa do P. A. Antônio Companheiro Tavares
compreendem, hoje, 33,06 hectares de mata nos estágios inicial e médio de
regeneração, que correspondem a 3,00% da área total da propriedade,
compreendidas em pequenos fragmentos e área de preservação permanente (vide
mapa A2). É composta por vegetação remanescente da Floresta Estacional

PDA Antônio Companheiro Tavares 33


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Semidecidual Submontana, reservando ainda algumas de suas espécies


características.

ÁREAS DE REFLORESTAMENTO
Dentro da área do atual P.A. ACT, foram cobertos 28,95 hectares com
população do gênero Eucalyptus com finalidade de reflorestamento comercial, no
entorno da área de dos açudes e da várzea sistematizada para experimento de arroz
ecológico, e outra porção no leste da propriedade.
Além desta, há 6,26 hectares de cobertura com indivíduos do gênero Pinus,
também com fins de reflorestamento comercial, localizada no extremo leste da área
do assentamento, ao lado de um talhão de eucalipto (vide mapa B1).

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7.a.5. FAUNA

O estudo da fauna silvestre é importante por uma série de fatores, entre eles
a avaliação do grau de conservação existente em determinadas áreas. Algumas
espécies são consideradas chave para dar sustentabilidade às diferentes formas de
vida e servem para avaliar uma área como bem conservada ou não.
Para se ter um melhor conhecimento sobre a fauna ocorrente em uma área,
deve-se conhecer as características da região como a vegetação predominante, sua
situação real e o grau de interferência antrópica existente, a fim de que possamos
levantar quais espécies são prováveis de ocorrer neste local, mediante levantamento
de vestígios, entrevistas e compreender sobre as alterações que foram realizadas e
o motivo das mesmas terem ocorrido.
A fauna paranaense apresenta uma riqueza que reflete a diversidade de
biomas e ecossistemas presentes no Estado, incluindo aproximadamente 10.000
espécies de borboletas e mariposas, 450 de abelhas, 950 de peixes, 120 de
anfíbios, 160 de répteis, 770 de aves e 180 de mamíferos. No entanto, uma parcela
significativa dessa riqueza se encontra sob algum grau de ameaça, em função da
destruição e redução dos ecossistemas, entre outros fatores, que colocam em risco
não apenas a fauna, mas deterioram a qualidade de vida do homem, que também
depende de um ambiente saudável e equilibrado (IAP, 2004).
Por compor o Corredor de Biodiversidade Iguaçu-Paraná, a área do Projeto
de Assentamento é prioritária para conservação da flora e fauna, uma vez que
protege o fluxo gênico das espécies presentes nos fragmentos florestais, a dispersão
e colonização dos ambientes degradados e/ou em regeneração, e a conseqüente
preservação da biodiversidade.

7.a.5.1. Espécies características da região8

Ao contrário do que se diz sobre a flora e até por despertar maior atenção dos
colonizadores, muitas são as informações sobre a fauna terrestre, avifauna e
ictiofauna existente na região no período da colonização.

8
Informações obtidas no Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu, 1999.

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Relatos dos pioneiros revelam ter sido grande a variedade, assim como a
quantidade de mamíferos, aves e peixes, que na exuberância das matas e nos rios
livres de poluição, encontravam ambiente adequado a seu desenvolvimento.
Essa condição foi providencial para os primeiros moradores que, isolados dos
grandes centros, como conseqüência da precariedade das estradas aliada à falta de
recursos financeiros e inexistência de criações de animais para abate, tinham na
caça e na pesca a maior fonte de proteína animal, sendo essa, por um longo
período, a única carne presente na mesa dos primeiros moradores.
Dentre as espécies mais comuns na região estes, se destacam:

Mamíferos
Dos mamíferos que ocorrem ou já foram registrados nesta região, temos: anta
(Tapirus terrestris), cutia (Dasyprocta azarae), capivara (Hydrochaeris hydrochaeris),
veado-bororó (Mazama rufina), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e cervo-
do-pantanal (Blastocerus dichotomus), tapeti (Sylvilagus brasiliensis), lebre (Lepus
capensis), mão-pelada (Procyon cancrivoros), quati (Nasua nasua), lontra (Lutra
longicaudis), irara (Eira barbara), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), gato-
mourisco (Herpailurus yagouaroundi), gato-maracajá (Felis wiedii), jaguatirica (Felis
pardalis), puma (Felis concolor), onça (Panthera onca), bugio-ruivo (Alouatta fusca),
bugio-preto (Alouatta caraya), macaco-prego (Cebus apella), tamanduá-mirim
(Tamandua tetradactyla), tatu-peba (Euphractus sexcinctus), tatu-galinha (Dasypus
novemcinctus), tatu-mulita (Dasypus septemcinctus) e cachorro-do-mato (Cerdocyon
thous).

Aves
A avifauna é bastante diversificada na região oeste do Paraná, principalmente
pela manutenção da floresta do Parque Nacional do Iguaçu. Algumas das espécies
ocorrentes são: jacu (Penelope supercilliaris), jacutinga (Pipile jacutinga), papagaio
(Amazona spp.), periquitos (família Psittacidae), araras (Ara spp.), tucanos
(Ramphastos spp.), inhambu (Tinamus spp.), perdiz (Rhynchotus rufescens),
codorna (Nothura spp.), sabiá (gênero Turdus), jaçanã (Jacana jacana), diversas
espécies de pombas, como a juriti (Leptotila verreauxi), avoante (Zenaida auriculata),
asa-branca (Columba picazuro) e rolinha (Columbina spp.), saracura (Aramides
spp.), pica-paus (família Picidae), tangará (Chiroxiphia caudata), azulão (Molothrus

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bonariensis), gralha (Cyanocorax spp.), tico-tico (Zonotrichia caoensis), canário-da-


terra (Sicalis flaveola), pavão (Pavo cristatus), martim-pescador (Chloroceryle spp.),
águia pescadora (Pandion haliaetus), gavião (Accipiter nisus) e frango-d'água
(Gallinula chloropus), entre outros.

Répteis
Os ofídios estão representados por cobras venenosas, como a coral (Micrurus
lemniscatus), a cascavel (Crotalus durissus), a jararacuçu (Bothrops spp.) e a
jararaca (Bothrops spp.). Além destas, há presença do jacaré-do-papo-amarelo
(Caiman latirostis), e lagartos (ordem Squamata), etc.

Peixes
A ictiofauna é bastante variada na região, devido a presença do rio Paraná e
o Lago de Itaipu. Muitas das espécies encontradas são características da região,
outras, no entanto, foram introduzidas através dos açudes de criação para pesque-
pagues, aumento do nível das águas pelo represamento que facilitou o processo de
migração de algumas espécies (por exemplo, as espécies vindas da Bacia
Amazônica), além de outras origens isoladas. Dentre as espécies ocorrentes, pode-
se citar: dourado (Salminus maxillous), pacu (Piaractus mesopotamicus), pintado
(Pimelodus spp.), surubim (Pseudoplatystoma spp.), cascudo (Hypostomus spp.),
piava (Leporinus), bagre (Rhamdia spp.), mandi (Pimelodus spp.), lambari (Astyanax
spp.), jundiá (Rhamdia spp.), muçum (Synbranchus marmoratus), piapara (Leporinus
obtusidens), cará (Geophagus brasiliensis), tainha (Mugil brasiliensis), traíra (Hoplias
malabaricus), trairão (Hoplias aff. lacerdae), matrinchã (Brycon sp.), piracanjuba
(Brycon orbygnianus), linguado (Achirus lineatus), armado (Pterodoras granulosus),
tilápia (Oreochromis niloticus), piranha (família Serrasalmidae), morenita
(Apteronotus brasiliensis), joaninha (Crenicichla iguassuensis) e corvina (Plagioscion
spp.).

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7.a.5.2. Ameaças à Fauna Regional

A alteração na vegetação original provoca mudanças micro-climáticas,


influenciado na intensidade da luz nos ambientes florestais, o que pode causar
redução do potencial alimentar. Diversos autores consideram também que os
impactos podem ser atenuados em função da adoção de medidas mitigadoras, como
a conservação de representantes da comunidade vegetal, embora destaquem que,
em função da ocupação de determinados nichos por determinadas espécies, poderá
resultar em sobreposição territorial, desequilibrando as populações em função das
competições intra e interespecíficas.
A competição intra-específica é considerada uma das maiores causadoras de
distúrbios físicos e emocionais, provocando estresse nas populações. Além disso,
todo ruído produzido pelo trânsito de máquinas, veículos e pessoas, pode provocar
tensão nos animais, alterando o equilíbrio fisiológico, refletindo na sanidade e nas
taxas de mortalidade e natalidade. A abertura de estradas, além de suprimir parte da
vegetação natural, pode servir de barreiras ao deslocamento das espécies em busca
de novos habitats, levando ao isolamento gênico, ou então, deixá-los mais
vulneráveis aos predadores.
Segundo o IAP (2004), grande parte dos mamíferos e aves ameaçadas são
de ocorrência predominantemente ou exclusivamente florestais, destacando a
Floresta Estacional Semidecidual como a formação que concentra boa parte dessas
espécies. Em relação aos répteis e peixes, as bacias dos rios Iguaçu e Paraná
apresentam expressivo número de espécies.
A região oeste do Estado sofreu intensa modificação ambiental quando da
construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Segundo o histórico da empresa, em
1978 foi aberto o canal de desvio do Rio Paraná, que permitiu secar um trecho do
leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. Em
1982, com a conclusão das obras da barragem de Itaipu, as comportas do canal de
desvio foram fechadas e começou a ser formado o reservatório da usina (nessas
ações ocorreram grandes perdas da biodiversidade, destruindo extensões de mata
da Floresta Estacional e a conseqüente perda de indivíduos da fauna local). O Lago
de Itaipu, com área de 1.350 Km², foi formado em apenas 14 dias, período no qual
as águas subiram um total de 100 metros. A formação do Lago custou à região a
perda de um patrimônio natural conhecido por sua beleza ímpar, o “Salto das Sete

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Quedas”. Durante a formação do reservatório, equipes do setor ambiental de Itaipu


percorreram em barcos e lanchas toda a área que seria alagada, salvando centenas
de espécies de animais da região.
Este empreendimento para o aproveitamento do potencial hidrelétrico do rio
Paraná, custou à região alterações significativas no micro-clima, na flora e na fauna,
tornando-se a represa uma barreira física à dispersão e reprodução de diversas
espécies, além de ter mudado os hábitos de muitos ribeirinhos que viviam na região.
Algumas alterações ambientais como o desmatamento para conversão em
áreas agrícolas ou de pastagens favorecem algumas espécies de ambientes semi-
florestais (àquelas que utilizam a florestas para repouso e reprodução e que buscam
alimento nessas áreas agricultáveis). Contudo, a maioria sofre com as fortes
alterações impostas ao ambiente.
Além dessa mudança, as principais ameaças à fauna são, redução e
destruição de habitats, desmatamento acelerado, introdução consciente ou
inconsciente de espécies exóticas, caça e pesca predatórias, comércio ilegal e
tráfico de animais, poluição dos recursos hídricos, do solo e do ar, desequilíbrio
ecológico na forma de competição (habitats pequenos para populações que
precisam de espaço para se desenvolver), efeito de predação (eliminação de presas
e/ou predadores naturais), hibridismo (perda do fluxo gênico e variabilidade gênica),
patogenias e parasitismo (endemismos, mudança de hospedeiros naturais), perda
de fonte alimentar, além de ameaças indiretas, principalmente, por atividades de
turismo, urbanização das áreas rurais e fogo.

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7.a.6. USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL

O território que compreende o P.A. Antônio Companheiro Tavares apresenta


diversas tipologias quanto ao uso do solo e a cobertura vegetal.
A vegetação nativa, nos estágios inicial e médio de regeneração,
compreendem 33,06 hectares do total de 1098,91 hectares (3,00% da área total da
propriedade). Os reflorestamentos de Pinus e Eucalyptus ocupam 35,21 hectares
(3,2%).
Quanto às áreas agricultáveis – as áreas de lavouras e áreas de pastagens,
respondem por 457,91 hectares (41,67% do P.A.) e 429,01 hectares (5,28%),
respectivamente.
Na Tabela 05 estão indicadas estas e as demais áreas que representam o
uso do solo e cobertura vegetal no P.A.

Tabela 05: Uso e cobertura atual do solo no P.A. Antônio Companheiro Tavares
DESCRIÇÃO ÁREA (ha) %

Lavoura 457,9100 41,67

Pastagens 429,0100 39,04

Pinus 6,2600 0,57

Eucalipto 28,9500 2,63

Áreas de Experimentos de Arroz Ecológico 37,0300 3,37

Área da Escola - ITEPA 58,0000 5,28

Áreas de Preservação Permanente 4,5400 0,41

Reserva Florestal Legal averbada 0,0000 0,00

Vegetação Nativa 28,5200 2,60

Estradas 32,6100 2,97

Reservatórios 16,0800 1,46

ÁREA TOTAL 1.098,9100 100


Fonte: Pesquisa em campo, COTRARA, 2006.

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O ITEPA9

O Instituto Técnico de Educação e Pesquisa da Reforma Agrária – ITEPA,


constituído no ano de 2000, localizado no dentro do P.A. Antônio Companheiro
Tavares, ocupa hoje uma superfície de 58,00 hectares (5,28%); além dessa, há
áreas destinadas aos experimentos realizados pela escola, sob administração da
mesma, com 37,03 hectares (3,37%). Ao todo, hoje, as instalações do ITEPA
ocupam 95,03 hectares (8,64%).
Tem por objetivos promover o desenvolvimento rural com bases técnicas
ambientais sustentáveis e melhoria das condições de vida do homem do campo;
promover a capacitação e ações educativas que visem a preservação ambiental;
promover a capacitação dos assentados da Reforma Agrária e de pequenos
agricultores nas diversas áreas do conhecimento técnico, científico e humano;
incentivar, promover e desenvolver a agroecologia; promover pesquisas e estudos
que visem contribuir para o desenvolvimento dos assentados e pequenos
agricultores e criar iniciativas de agroindustrialização para fortalecimento
organizacional e maior viabilidade econômica e produtiva das famílias assentadas da
reforma agrária.
O ITEPA mantém convênio com o MDA, na área de capacitação em
Agroecologia, com o Ministério do Meio Ambiente, com o Programa CIMAS – Centro
Irradiador de Manejo Agroecológico em 08 assentamentos da região oeste do
Paraná.
Ainda, mantém 04 Cursos Prolongados em Agroecologia, com
aproximadamente 100 participantes, organizados pelo MST com apoio de
Desenvolvimento e Paz do Canadá.
Conta também com a parceria da Escola Técnica da Universidade Federal do
Paraná (ET-UFPR) para a realização do Curso Técnico em Agroecologia, com 37
educandos(as) em sistema de internato, com duração de 3 anos e meio; e para a
realização do Curso Técnico em Saúde Comunitária (sob mesma parceria), com
duração de 3 anos.
Além destes cursos de maior duração, o ITEPA realiza pequenos cursos e
oficinas sobre diversos temas.

9
Informações deste tópico foram obtidas do histórico e do Estatuto Social do Instituto Técnico de
Educação e Pesquisa da Reforma Agrária – ITEPA.

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7.a.7. RESERVA FLORESTAL LEGAL E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO


PERMANENTE

Por se tratar de uma propriedade rural, esta área deve seguir o Código
Florestal vigente que determina a preservação das APP’s (áreas que devem ser
mantidas íntegras, isentas de qualquer forma de exploração dos recursos naturais
nela existentes) e a conservação das áreas de Reserva Legal (que permitem o uso
sustentável dos recursos naturais existentes na área, mediante a devida aprovação
dos órgãos federais e estaduais competentes).
O diagnóstico na área revela os seguintes dados:

7.a.7.1. Áreas de Preservação Permanente (APP’s)

De acordo com os estudos recentes realizados em campo, para avaliação das


Áreas de Preservação Permanente (APP’s) na área do Projeto de Assentamento
Antônio Companheiro Tavares, concluiu-se que estas se encontram razoavelmente
bem conservadas, ocupando 4,54 hectares da superfície da propriedade o que
equivale a 0,41%.
A vegetação que compõem estas faixas de vegetação, exclusivamente ao
longo dos cursos d’água e nascentes, encontram-se nos estágios inicial e médio de
regeneração.
No entorno da várzea sistematizada para experimentos com arroz
agroecológico, a faixa de 30 metros de vegetação correspondente às áreas de
preservação permanente encontra-se povoada por plantio comercial de eucalipto.
Outro aspecto, comentado no ponto sobre recursos hídricos, é a presença
das três estruturas de Furnas S/A – torres e linhas de transmissão de 750 kW. Duas
destas linhas estão sobrepostas ás áreas de preservação permanente do P.A. –
uma sobre a área sistematizada de arroz ecológico e outra sobre o córrego ao norte
da área sistematizada.
Por onde passam estas linhas, é vedado o plantio e cultivo de árvores de
grande porte e/ou crescimento rápido – pinheiros, eucalipto, cana-de-açúcar e
similares – visto a maior probabilidade de ocorrência de acidentes e danos às linhas.
São permitidas apenas culturas de pequeno e médio porte, e mesmo nesses casos,

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há recomendação da empresa para o envio da proposta para análise técnica. Desta


forma, as áreas de preservação permanente sob estas linhas sofrem corte seletivo
periodicamente para o controle da altura do dossel.
Estas áreas estarão constantemente sob estágio inicial de regeneração. E
mesmo sendo faixa de servidão de Furnas, ainda assim configuram-se como Áreas
de Preservação Permanente, onde qualquer outra forma de atividade é vedada
legalmente.
Não há, neste P.A., Áreas de Preservação Permanente em áreas com
declividades acima de 45º.

7.a.7.2. Reserva Florestal Legal

Em termos de Reserva Legal, o P.A. Antônio Companheiro Tavares encontra-


se em déficit de averbações. Não há registro de averbações de reserva legal junto à
matrícula do imóvel. Este é um passivo ambiental deixado pelo antigo proprietário do
imóvel. Este não fora responsabilizado pelo descumprimento. Agora, cabe ao
empreendedor e ao Plano de Desenvolvimento do Assentamento buscar formas
para regularizar esta situação.
A definição usual para área de reserva legal é que esta consiste em “uma
área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de
Preservação Permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas” (LEI Nº 4.771/1965 e
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001, art. 1º, parágrafo 2º inciso III). Além disso,
estes mesmos documentos, adicionam a condição de que “[...] a vegetação da
reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de
manejo sustentável da floresta, de acordo com princípios e critérios técnicos e
científicos estabelecidos no regulamento, [...], sem prejuízo das demais legislações
específicas” (artigo 16, § 2º).
Ainda, “há um incontornável impedimento legal do exercício da mineração
dentro da reserva, pois está proibido o corte raso da vegetação. Inexistindo a
vegetação nas áreas destinadas à Reserva Florestal Legal, obrigando está o
proprietário a fazer o plantio das essências vegetais” (MACHADO, 2005).

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Hoje, no P.A. há 61,1000 hectares, área está disponível para compor parte da
Reserva Legal do P.A. Sua composição se dá em 25,8900 hectares com vegetação
nativa, 28,9500 hectares com reflorestamento comercial de eucalipto e 6,2600
hectares com reflorestamento comercial de pinus.
Contudo, para estar em concordância com os termos da legislação ambiental,
seriam necessários 219,7820 hectares de superfície da propriedade destinados a
Reserva Legal (Tabela 06).

Tabela 06: Situação da reserva legal para o P.A.


SITUAÇÃO ÁREA (ha) % DO P.A.
ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE 1098,9100 100
Reserva Legal exigida por lei 219,7820 20,00
Reserva Legal averbada 0,0000 0,00
Reserva Legal deficitária na área 219,6820 20,00
Fonte: Pesquisa em campo, COTRARA, 2006.

Desde a instalação do Projeto de Assentamento esteve evidenciada a


escassez de áreas que pudessem ser estabelecidas como RL, e tem sido esta uma
preocupação constante entre os técnicos e as lideranças envolvidos na elaboração
do PDA.
Dentro do P.A., excetuadas todas as áreas destinadas ao lotes, APP’s,
benfeitorias e açudes, restaram apenas 61,1000 hectares de área, com a
composição acima, passíveis de averbação como áreas de reserva Legal para o
imóvel. Não há alternativa para alocação do restante da reserva legal dentro do P.A.,
tendo em vista que a área útil restante mantém atividades de lavouras e pastagens,
onde estão sendo propostos os lotes para as 80 famílias do P.A.
Diante deste problema, as pessoas da comunidade, o empreendedor e os
órgãos ambientais cientes deste déficit, há cerca de oito anos, propuseram que este
déficit de área poderia ser compensado procedendo a re-alocação da reserva legal
deste P.A. em uma área florestada de outra propriedade. Desta forma, esta
dificuldade seria superada, sem comprometer as áreas agricultáveis das unidades
familiares do P.A., viabilizando geração renda suficiente.
Segue no Programa Ambiental, uma proposta para adequação da
composição da reserva legal do P.A.

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7.a.8. ESTRATIFICAÇÃO AMBIENTAL DOS AGROECOSSISTEMAS

Na área do P.A. ACT foram identificadas as seguintes unidades de paisagem:


lavoura e pastagens, Pinus, Eucalyptus, experimento, vegetações nativas em
estágio inicial, médio e avançado. A tabela 07 exibe as principais características das
unidades.

Tabela 07: Unidades de paisagem do P.A. ACT e suas principais características


UNIDADES DE CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES POTENCIAL LIMITAÇÃO PRODUTIVA
10
PAISAGEM Solos Relevo Vegetação PRODUTIVO
lavouras e LVdf plano a suave inexistente muito alto inexistente
pastagens ondulado
vegetação LVdf e suave ondulado médio
nativa LVef a ondulado
arroz ecológico Lvef , ondulado muito alto a
LVdf e GX alto
Eucalyptus Lvef , ondulado povoamento muito alto
LVdf e com desbaste
Pinus Lvef , ondulado povoamento muito alto
LVdf com desbaste
APP Lvef , ondulado remanescentes muito alto a supressão da vegetação
11
LVdf e GX da FESS é proibida por lei
Elaboração: COTRARA, 2006.

10
LRd1: Latossolo Vermelho Distroférrico; LRd3: Latossolo Vermelho Eutroférrico + Nitossolo
Vermelho Eutroférrico; HG1: Solos Hidromórficos.
11
FESS = Floresta Estacional Semidecidual Submontana

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7.a.9. CAPACIDADE DE USO DA TERRA12

Tendo em conta os fatores condicionadores de uso agrícola, pode-se afirmar


que o P.A. Antônio Companheiro Tavares se enquadra nas Classes I, II, III, V, VII e
VIII de capacidade de uso das terras.
Sendo que a Classe I consiste em terras de profundidade catalogada como
“profunda ou muito profunda”, bem drenados internamente, com deflúvio superficial
lento, sem pedras, com pouca declividade e erosão laminar não aparente,
significando terras próprias para o cultivo, em geral sem muitas restrições.
A Classe II que compreende terras que já tem limitações moderadas para o
seu uso, por estarem sujeitos a riscos de depauperamento moderados, riscos de
enxurradas e erosão, mas são terras consideradas boas para o cultivo, apenas
precisam de uns mínimos cuidados no manejo e na conservação do seu solo por
estarem em declividade em torno de 5%.
Classe III, de capacidade de uso das terras; estas são terras próprias para
lavoura em geral, mas que estão sujeitas à severos riscos de depauperamento,
necessitando de medidas intensas de conservação do solo, por estarem em
declividade de em torno de 10%.
A Classe V de capacidade de uso, são terras planas ou com declives bem
suaves, praticamente livres de erosão, mas impróprias para serem usadas por
culturas anuais, podendo com segurança, ser apropriadas para pastagens, florestas
ou mesmo algumas culturas permanentes, sem aplicação de técnicas especiais, em
razão de impedimentos permanentes, tais como: encharcamento (sem possibilidade
de ser corrigido) e freqüentes riscos de inundação.
Classe VII de capacidade de uso são terras demasiadamente acidentadas,
com declives acima de 40%, prestando-se a reflorestamento e restritas para
pastagens.
A classe VIII é reservada para as Áreas de Preservação Permanente.

12
Fonte: Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural, INCRA, 2001 e pesquisa de campo
realizada pelos técnicos da COTRARA, 2005.

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Tabela 08: Quantificação das classes de capacidade de uso da terras do P.A. ACT
CLASSES ÁREA (ha) ÁREA (%)

I 316,5180 28,80

II 562,8340 51,22

III 83,2320 7,57

V 52,5080 4,78

VII 26,3700 2,40

VIII 57,4480 5,23

TOTAL 1.098,9100 100%


Elaboração: COTRARA, 2006.

As classes I, II e III incluem as terras que estão capacitadas a um regular


cultivo, abrangendo 962,584 ha 87,58%.
As classes V e VII abrangem as não adaptadas ao cultivo freqüente, a não
ser pastagens ou florestas implantadas abrangem 78,878 ha 7,18%. A classe VIII é
reservada às que não servem para cultivos, pastos ou reflorestamentos, mas que em
parte podem ser destinadas à vida selvagem, a recreação, etc.
Sendo assim, pode-se afirmar que os solos do P.A. ACT são plenamente
aptos à exploração agrícola, empregando apenas medidas de conservação, manejo
e correções para preservar à fertilidade.

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7.a.10. ANALISE SUCINTA DOS POTENCIAIS E LIMITAÇÕES DOS RECURSOS


NATURAIS E DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DO ASSENTAMENTO

Tendo conhecimento da descrição física e ambiental da área, conduzida


dentro dos tópicos anteriores, nota-se a grande aptidão do imóvel para a
implantação do Projeto de Assentamento Antônio Companheiro Tavares.
Visto as potencialidades da área, principalmente quanto ao relevo e solos que
compõem as paisagens, e que garante diversos usos da área, isto reforça ainda
mais a necessidade de um assentamento implantado em diálogo livre com as
famílias. Por outro lado, o diálogo deve ocorrer também para a busca de alternativas
que visem a recuperação dos ambientes degradados, evitando que perdas maiores
sejam possíveis, além de discutir formas de contornar as limitações constantes na
propriedade.
Sabe-se que a propriedade apresenta-se em grande parte (58,07% do total da
área) com declividade variando entre plano a ondulado, e ausência das demais
classes de relevo (forte ondulado a escarpada), o que possibilita a implantação de
áreas agricultáveis e benfeitorias para o desenvolvimento destas. Associado a esse
caráter, tem-se que a qualidade dos solos proporciona um potencial muito elevado
de produção, por se constituir de terras profundas e muito férteis. Assim, do
cruzamento dessas características de relevo e qualidade dos solos, tem-se
evidenciado o grande potencial produtivo inerente da propriedade, valendo reafirmar
que não há limitações evidentes à produção agrícola.
Segundo descrito anteriormente há áreas de exploração agroflorestal de
Pinus spp e Eucalyptus spp. Estas, não tão extensas nem tão significativas
tomando-se como parâmetro de comparação à área total da propriedade do
assentamento.
Contudo, infelizmente não se pode dizer o mesmo sobre as áreas florestadas
de mata nativa, áreas de Preservação Permanente e Reserva Florestal Legal deste
P.A. Estas se encontram sob sérias limitações, necessitando de recuperação e
manejo com urgência, para a manutenção de suas características e dos demais
recursos à ela relacionados, antes que estes se percam.
Para as formações florestais em estágios médio e avançado tem-se que é
vedado, por lei, a sua supressão ou conversão destas áreas para outras atividades.
Assim, deve-se buscar formas alternativas para sua recuperação e para o manejo

PDA Antônio Companheiro Tavares 48


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sustentável destas áreas, como implantação de apicultura, manutenção dos


sistemas agroflorestais existentes, buscando intercalar culturas de espécies como a
erva-mate (com produção potencial para a região) e espécies frutíferas adaptadas às
condições regionais. Outros sub-produtos podem ser adquiridos com o manejo
sustentável do ambiente, como a fabricação de artesanato com folhas, frutos,
sementes, taquaras e cipós, bem como a utilização, por parte da comunidade, das
plantas de uso medicinal conhecido, como alternativa à utilização da medicina
ocidental.
Há a necessidade de re-alocação da área de Reserva Florestal Legal, ato
previsto na legislação ambiental, como forma de reconstituir está área de vegetação,
necessária à propriedade rural.
Ainda, intimamente ligada à vegetação está a manutenção dos recursos
hídricos. A área do assentamento não apresenta abundância destes, apesar de ter
suas terras muito próximas do rio Paraná, tendo apenas a ocorrência duas
nascentes que geram uma área de banhado e açude, onde está implantado o
experimento de arroz ecológico do ITEPA e, após esta área, o corpo de água retorna
a escoar como um córrego pequeno e de pouca vazão. Para provimento de água
para a população tem-se um poço artesiano, mas este não demanda água suficiente
para toda a área, havendo a necessidade da construção de uma rede de
abastecimento e abertura de mais poços artesianos. É importante a manutenção
destes poucos recursos, pois uma vez esgotados, sua recuperação será muito mais
difícil.
Por fim, para melhorar a situação ambiental e, conseqüentemente, a situação
social do assentamento, há que se fazer a recuperação e incremento da vegetação
dos corpos florestais da área, enriquecendo de maneira geral a flora,
proporcionando ambiente para o retorno da fauna regional, além de melhorar a
proteção do solo e a ciclagem dos nutrientes, para que estes não se percam frente
aos diversos processos gerados pela ação antrópica sobre o meio natural, como a
erosão. Também, elaborar junto a comunidade atividades complementares de uso
do solo e dos recursos naturais, de maneira a aproveitar racionalmente os espaços,
gerando o menor impacto possível, implantando sistemas produtivos
ambientalmente sustentáveis que garantam a produção de alimentos saudáveis e a
reprodução social das famílias beneficiadas.

PDA Antônio Companheiro Tavares 49


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7.b. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL ATUAL

O P.A. Antônio Companheiro Tavares (P.A. ACT) tem suas confrontações ao


norte com a área de preservação permanente do reservatório da hidrelétrica de
Itaipu; à leste e oeste com diversas pequenas propriedades rurais; e a sul com a
rodovia BR-277, onde está localizada uma praça de pedágio.
No momento do levantamento a campo da realidade atual do P.A., em 2005,
havia uma série de encaminhamentos executados, de forma prática, no sentido da
implantação do PA:
 Pré-parcelamento dos 79 lotes (conforme previsto na portaria de criação do
PA) já executados;
 Todas famílias residindo na área, sejam nos lotes, seja no entorno do ITEPA;
 Construção de 80 residências nos lotes;
 Todos os lotes produzindo: grãos, leite, frutas, pequenos animais e
alimentação diversa;
 Criação de uma instituição de pesquisa e educação própria para a realidade
da reforma agrária (ITEPA – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA EM
REFORMA AGRÁRIA);
 Destinação de área para o ITEPA, tanto para construções, quanto para
pesquisa agropecuária;
 Atividades de pesquisa e educativas em andamento no instituto. Convênios
assinados entre o ITEPA e a Escola técnica da UFPR, o PRONERA, entre
outros;
 Abertura e readequação de estradas internas no PA, permitindo adequado
deslocamento no PA;
 Preservação de fragmentos, de vegetação nativa, localizados junto ao ITEPA,
e junto às duas nascentes (região centro-sul da área);
 Construção de estruturas comunitárias, em área destinadas para essa função;
 Destinação de área, junto à BR, para construção de um grande mercado para
os produtos da reforma agrária (segundo relatos o projeto está em
andamento no INCRA);

PDA Antônio Companheiro Tavares 50


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7.c. DIAGNÓSTICO DO MEIO SÓCIO-ECONÔMICO E CULTURAL

7.c.1. HISTÓRICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

7.c.1.1. Histórico da região

A região oeste do Estado do Paraná é uma região que só foi efetivamente


colonizada na década dos quarenta do século passado mediante pequenas colônias
agrícolas. A origem das ondas migratórias da região eram basicamente de origem
européia, na sua maioria italiana e alemã. Estes pioneiros conseguiam sua fonte de
renda através da produção de erva-mate e do corte de madeira; nesse período, as
terras do futuro município de São Miguel ainda pertenciam a Foz do Iguaçu.
Só a inícios da década de cinqüenta, foi construída uma estrada improvisada
para unir Cascavel e Foz do Iguaçu, que seguia o mesmo traçado da atual BR-277.
Até aquele momento, os únicos caminhos que traziam novos povoadores e recursos
eram picadas abertas na mata.
O primeiro nome que recebeu o atual município de São Miguel do Iguaçu13 foi
Fazenda São Miguel; posteriormente, ainda seria conhecida como Vila Gaúcha, já
que foi a Colonizadora Gaúcha Ltda. a empresa que mediria e demarcaria as
diversas colônias que conformam o atual Município.

Foto 01: Vista aérea da barragem de Itaipu

Fonte: http://www.itaipu.gov.br/

13
Fundado oficialmente no final de 1961.

PDA Antônio Companheiro Tavares 51


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7.c.1.2. Histórico de luta pela terra na área14

O histórico de luta pela terra na antiga Fazenda Mitakoré iniciou-se em seis


de agosto de 1997, quando um grupo de aproximadamente 380 famílias sem terra
vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, ocupou parte
da Fazenda Mitakoré e criaram um acampamento no seu interior.
Com anterioridade a ocupação, as famílias estavam acampadas de maneira
provisional às margens do quilômetro 706 da BR-277 (entre São Miguel do Iguaçu e
Santa Terezinha do Itaipu), bem perto da entrada da sede da Fazenda.
Foi durante a década de oitenta, sob a propriedade do político paranaense
José Eduardo de Andrade Vieira, mais conhecido como Zé Eduardo (PTB), que a
fazenda ganhou diversos prêmios internacionais de produção de grãos. A Mitakoré
tinha se destacado por ser uma “fazenda modelo” na produção de soja, aveia e
girassol com uma matriz tecnológica de alto padrão baseado no uso intensivo de
adubos solúveis inorgânicos, veneno, sementes híbridas, etc., com uma produção
encaminhada basicamente para a exportação.
Devido ao importante número de dívidas contraídas pelo político londrinense,
a Fazenda Mitakoré foi expropriada pelo Banco Bamerindus, entidade bancária com
quem Zé Eduardo tinha hipotecado a propriedade; Banco que posteriormente seria
liquidado pelo Banco Central como parte da dívida contraída pelo Bamerindus com
os cofres da União.
Depois dos fatos agora narrados, tudo indicava que os pouco mais de 1.098
hectares da Fazenda Mitakoré seriam leiloados ou direcionados pela União para
outras atividades, seja para fins de pesquisa ou exploração agrícola tradicional. Foi
nessa conjuntura que o MST da região viu na área a possibilidade de implementar
mais um assentamento de Reforma Agrária, dando assim a Fazenda Mitakoré uma
função social que até aquele momento não tinha.
Aproximadamente dois anos depois da entrada na área, as famílias acampadas
ocuparam o restante das estruturas e o local que tinham atuado como sede da
Fazenda, completando assim a ocupação total da área. Foi uma ação tão arriscada

14
As informações para realizar o presente tópico foram levantadas tanto em entrevistas às famílias
acampadas como de um texto realizado pelas próprias famílias (2002): “Histórico do Assentamento
Antônio Tavares”.

PDA Antônio Companheiro Tavares 52


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como bem sucedida, já que o local era custodiado por um grupo de seguranças
vinculados ao antigo proprietário.
Depois de um histórico de mais de cinco anos de luta e resistência, finalmente
no dia 17 de outubro de 2002, os pouco mais de 1.098 hectares foram destinadas
para fins de Reforma Agrária, e receberam o nome de Projeto de Assentamento
Antônio Companheiro Tavares.

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7.c.2. POPULAÇÃO E ORGANIZAÇÃO SOCIAL

7.c.2.1. População

O levantamento de dados a campo, “Diagnóstico Sócio Econômico – Familiar”


(COTRARA, 2005) realizado na área do futuro P.A. Antônio Companheiro Tavares,
oferece informações sobre a origem das famílias, sobre o número total de pessoas
que nele moram, sobre a faixa etária da população, sobre o grau de escolaridade e
sobre saúde e habitação.

Tabela 09: População do P.A., por faixa etária


acima de
até 1 1a6 7 a 10 11 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 40 40 a 60 60 anos TOTAL

07 36 34 14 16 22 89 51 09 278

2,5% 12,9% 12,2% 5,1% 5,7% 7,9% 32,1% 18,4% 3,2% 100%
Fonte: COTRARA, 2005.

A sistematização da pesquisa referente à origem das famílias à serem


assentadas mostra que a maioria das famílias que moram na área são originárias
dos municípios vizinhos ao P.A. apesar que também existe um reduzido grupo
originário da região norte do Brasil.
Atualmente, moram 79 famílias na área. No momento de realizar as
pesquisas de campo a população total da área era de 278 pessoas, 146 mulheres
(52,5%) e 132 homens (47,5%).

Gráfico 01: Divisão sexual da população do P.A. Antônio Companheiro Tavares

54
52
52,5%
50
%
48
47,5%
46
44
mulheres homens

Fonte: COTRARA, 2005.

PDA Antônio Companheiro Tavares 54


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Ao dividir a população em faixas etárias se visualiza a preponderância da


população que fica dentro do parâmetro entre 18-60 anos, com 58,4%, fato que
proporciona ao P.A. Antônio Tavares um grande potencial de força de trabalho para
as atividades agropecuárias dentro dos mesmos núcleos familiares.
Outra característica populacional que também se destaca é o importante peso
específico da população jovem, sendo que os menores de idade (de 0-17 anos)
somam um total de 107 pessoas, ou 37,5%.

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7.c.2.2. Organização Social

A forma de organização social das pessoas que fazem parte do Projeto de


Assentamento Antônio Companheiro Tavares está vinculada às formas de
organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST.
Na prática, isso quer dizer que o elemento de referência na estruturação
social é a unidade familiar; assim, a união de 10 famílias conforma um núcleo de
base no qual são discutidas todas as questões que se referem ao P.A.; também há a
representação pela coordenação do assentamento, que conta com diversos
representantes de cada um dos núcleos.
No P.A. possui outras formas de organizações internas como o Clube das
Mães que objetiva em atividades de recreação. Também há a Diretoria do
Assentamento formado por Assentados responsável pelas atividades organizativas e
políticas do Assentamento.
Em nível regional, o P.A. Antônio Companheiro Tavares articula-se junto com
outros assentamentos e acampamentos, formando a Brigada José Martí.

Foto 02: A organização e a solidariedade entre os camponeses é um


dos elementos articuladores do MST

Elaboração: COTRARA, 2005.

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7.c.3. INFRA-ESTRUTURA FÍSICA, SOCIAL E ECONÔMICA

Foram diversos os equipamentos e as instalações que, da antiga Fazenda


Mitakoré, passaram em regime de uso comunitário, para todas as famílias que estão
sendo assentadas no P.A. ACT. São as seguintes:

Tabela 10: Benfeitorias de uso comunitário do P.A. ACT


VALOR VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP
UNITÁRIO TOTAL (R$)
2
01 Alojamento, construção em alvenaria, possuindo 02 m 152,00 0,80 250,00 30.400,00
pisos, sendo a parte inferior, garagem e quarto, parte
externa em tijolos a vista, interna rebocado, com pintura, 07
quartos 02 banheiros (masculino e feminino), 01 cozinha e
01 sala, cobertura com telhas de fibro / cimento, piso em taco
de madeira, forrada em alvenaria, janela com esquadrias de
ferro e vidro, com 03 ar condicionado de 10.000 cada,
instalação elétrica, hidráulica e sanitária, medindo 152,00
2
m , em bom estado de conservação.
2
01 refeitório, construção em alvenaria, cobertura com folha m 88,00 0,40 200,00 7.040,00
de zinco, piso de concreto, 01 cozinha, 02 banheiros e sala
refeitório contendo 02 mesas em alvenaria, possuindo 02
02
portas na parte frontal em ferro de chapa raiada, medindo
2
88,00 m , instalação elétrica, hidráulica e sanitária, em
precário estado de conservação.
2
01 casa, construção em madeira, possuindo 01 cozinha, 03 m 63,00 0,60 150,00 5.670,00
quartos, banheiro, e sala, piso de assoalho e cimento
03 vermelhão, cobertura com folhas de zinco e fibro / cimento,
2
janelas em madeira, medindo 63 m , instalação elétrica
hidráulica e sanitária, em regular estado de conservação.
2 2
01 varanda, anexa a casa de 63,00 m , cobertura com m 14,00 0,60 90,00 756,00
04 telhas de fibro / cimento, piso de cimento / vermelhão,
2
medindo 14,00 m , em regular estado de conservação.
2
01 casa, construção em alvenaria, possuindo 01 cozinha, m 79,10 0,80 230,00 14.554,00
03 quartos, sala e área de serviço, cobertura com telhas de
fibro / cimento, piso de cimento / vermelhão, janelas com
esquadrias de ferro e vidro, forrada, com pintura, medindo
05 2
79,10 m , garagem anexa, piso de cimento / vermelhão,
2 2
medindo 24,50 m , área de serviço anexa, piso de cimento / m 24,50 0,80 115,00 2.254,00
vermelhão, instalações elétrica, hidráulica e sanitária, tudo
em bom estado de conservação.

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VALOR
VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP UNITÁRI
TOTAL (R$)
O
2
01 escritório, construção em alvenaria, piso em lajota, m 126,48 0,80 250,00 25.296,00
forrado, possuindo 08 cômodos, 02 banheiros, cobertura
com telhas de fibro / cimento, piso de assoalho, forrado,
com pintura, instalação elétrica, hidráulica e sanitária,
2 2
06 medindo 126,48 m , contendo ainda 02 varanda, piso em m 70,95 0,80 120,00 6.811,20
lajota, forrada, cobertura com telhas de fibro / cimento,
2 2
medindo 70,95 m , ainda depósito com areia de 4,65 m ,
tudo em bom estado de conservação.
2
m 4,65 0,80 150,00 558,00
2
01 garagem, construção em alvenaria de tijolos a vista, m 125,00 0,60 100,00 7.500,00
07 cobertura com telhas de fibro / cimento, piso de chão batido,
2
com área de 125,00 m , em regular estado de conservação.
2
06 casas, construção em madeira, cobertura com telhas de m 70,00 0,80 150,00 50.400,00
barro, piso em cimento / vermelhão, com pintura, forradas,
janelas com esquadrias de ferro/vidro, contendo sala,
cozinha, banheiro, 03 quartos e área de serviço, instalação
08 2
elétrica, hidráulica e sanitária, medindo 70,00 m , ainda
varanda forrada, piso em cimento / vermelhão, cobertura
com telha de fibro / cimento, em bom estado de
conservação.
02 casas, construção em madeira, cobertura com telhas de m.l 70,00 0,80 150,00 16.800,00
fibro / cimento, piso em cimento / vermelhão, com pintura,
forradas, janelas com esquadrias de ferro/vidro, contendo
sala, cozinha, banheiro, 03 quartos e área de serviço,
09 2
instalação elétrica, hidráulica e sanitária, medindo 70,00 m ,
ainda varando forrada, piso cimento / vermelhão e cobertura
com telha de fibro / cimento, em bom estado de
conservação.
03 reservatórios metálicos, com capacidade para 10.000 u 3,00 0,60 2.547,00 4.584,60
10 litros, suspenso através de pilares de concreto, em regular
estado de conservação.
2
01 casa, construção em madeira, cobertura com telhas de m 100,00 0,40 150,00 6.000,00
fibro / cimento, piso de assoalho, 05 cômodos, cozinha, e
02 banheiros, janelas com esquadrias de ferro/vidro,
11 forrada, instalação elétrica, hidráulica e sanitária, com área
2 2 2
de 100,00 m , ainda área de serviço 10,00 m , instalação m 10,00 0,40 70,00 280,00
elétrica, hidráulica e sanitária, em precário estado de
conservação.

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VALOR
VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP UNITÁRI
TOTAL (R$)
O
2
01 casa, construção em madeira, cobertura com telhas de m 80,50 0,40 150,00 4.830,00
barro, piso de assoalho, contendo sala, cozinha e 04
quartos, janelas com esquadrias de ferro/vidro, forrada e
2
com pintura, com área de 80,50 m , com varanda anexa
12 2
medindo 19,50 m , ainda lavanderia e banheiro, construção
2
em alvenaria, cobertura com telhas de fibro / cimento, m 19,50 0,40 120,00 936,00
forrada, instalação elétrica, hidráulica e sanitária, em
precário estado de conservação.
2
01 aviário, construção em alvenaria, possuindo paredes m 12,82 0,60 70,00 538,44
(parte aberta e parte fechada), cobertura com telhas de
13
barro, piso em concreto, com instalação elétrica e
hidráulica, em regular estado de conservação.
2
01 Aprisco, construção em madeira, cobertura com telhas m 37,44 0,60 70,00 1.572,48
de barro, piso de assoalho, possuindo 02 paredes fechadas
14 e 02 com grade, em madeira, com instalação elétrica e
hidráulica, possuindo rampa de acesso em alvenaria, com
2
área de 37,44 m , em regular estado de conservação.
2
06 casas, construção em madeira, cobertura com telhas de m 36,00 0,60 150,00 19.440,00
barro, piso de assoalho, forradas e com pintura, janelas em
madeira, com instalação elétrica, hidráulica e sanitária,
2
possuindo sala e 03 quartos, medindo 36,00 m , com
15
cozinha e banheiro anexos, construção em alvenaria de
2
tijolos a vista, cobertura com telhas de barro, piso em m 12,00 0,60 80,00 3.456,00
2
cimento / vermelhão, ainda varanda com área de 12,00 m ,
em regular estado de conservação.
2
03 lavanderias / banheiros, construção em alvenaria de m 5,61 0,60 100,00 1.009,80
tijolos a vista, cobertura com telhas de barro, piso de
2
16 cimento / vermelhão, medindo 5,61 m , com varandas, piso
2 2
de cimento / vermelhão, forradas, com área de 10,56 m , m 10,56 0,60 70,00 1.330,56
em regular estado de conservação.
01 poço amazonas, com profundidade de 8,00 m, u 01 0,80 700,00 560,00
possuindo abertura de 1,5 m de diâmetro, com bomba de
17
captação da Marca Schneider e motor Weg de 2,0 CV, em
bom estado de conservação.
01 reservatório de água, construção em alvenaria de u 01 0,80 1.500,00 1.200,00
18 concreto, com capacidade para 25.000 litros, em bom
estado de conservação.
2
01 área abrigo de reservatório, cobertura com telhas de m 19,84 0,80 35,00 555,52
2
19 barro, pé direito em concreto, medindo 19,84 m , em bom
estado de conservação.

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VALOR
VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP UNITÁRI
TOTAL (R$)
O
2
01 lavador de carros e máquinas agrícolas, construção em m 8,40 0,80 70,00 470,40
alvenaria de tijolos a vista, cobertura com telhas de fibro /
cimento, piso de concreto, forrado, instalação elétrica, área
20 2
de 8,40 m , e rampa de lavagem em concreto e tijolos
2 2
rebocados medindo 110,00 m de piso e paredes, em bom m 110,00 0,80 12,00 1.056,00
estado de conservação.
2
Piso em lajota de concreto, servindo o lavador, medindo m 356,00 0,80 12,00 3.417,60
21 2
356,00 m , em regular estado de conservação.
2
01 galpão para abrigo de máquinas agrícolas, construção m 605,00 0,80 80,00 38.720,00
em madeira, cobertura com telhas de zinco, piso em
22 concreto, instalação elétrica, pé direito com altura de 3,80
2
m, sendo a parte frontal toda aberta, medindo 605,00 m ,
em regular estado de conservação.
2
01 galpão para abrigo de máquinas agrícolas, construção m 302,00 0,60 80,00 14.496,00
em madeira, cobertura com telhas de zinco, piso em
23 concreto, instalação elétrica, pé direito com altura de 4,50
m, sendo a parte frontal toda aberta, com pintura, medindo
2
302,00 m , em regular estado de conservação.
2 2
01 depósito anexo ao barracão de 302,00 m , construção m 54,40 0,60 80,00 2.611,20
em madeira, cobertura com telhas de zinco, piso em
24
concreto, todo fechado, instalação elétrica, medindo 54,40
2
m , em regular estado de conservação.
2
02 silos trincheiras, construção em alvenaria de tijolos m 141,45 0,80 20,00 2.263,20
2
25 rebocados e concreto, medindo 141,45 m de paredes e
piso, em bom estado de conservação.
2
01 galpão / estábulo para bovinos, construção em estrutura m 183,00 0,80 45,00 6.588,00
pré-moldada de concreto, cobertura com telhas de fibro /
26
cimento, piso de concreto, instalação elétrica e hidráulica,
2
medindo 183,00 m , em bom estado de conservação.
Cercas do galpão / estábulo, construção em madeira, m.l 45,00 0,80 69,00 2.484,00
27 medindo 45,00 metros lineares, em bom estado de
conservação.
02 cochos, construção em concreto pré-moldado, medindo u 02 0,80 260,00 416,00
28
15,00 x 0,5 x 0,3 m, em bom estado de conservação.
2
Piso em concreto, anexo ao estábulo, com área de 145,53 m 145,53 0,80 12,00 1.397,00
29 2
m , em bom estado de conservação.
2
01 aviário, construção em alvenaria e madeira, cobertura m 213,00 0,80 130,00 22.152,00
2
30 com telhas de barro, piso de concreto, medindo 213,20 m ,
em bom estado de conservação.
2
Muro do aviário, construção em alvenaria de tijolos m 41,00 0,80 20,00 656,00
2
31 rebocados, medindo 41,00 m , em bom estado de
conservação.

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VALOR
VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP UNITÁRI
TOTAL (R$)
O.
2
01 depósito, anexo ao aviário, construção em alvenaria, m 13,65 0,60 20,00 163,80
32 cobertura com telhas de barro, piso em concreto, medindo
2
13,65 m , em regular estado de conservação.
2
Calçada do aviário, construção em concreto, medindo 98,40 m 98,40 0,80 12,00 944,64
33 2
m , em bom estado de conservação.
2
Farmácia e resfriadouro de leite, construção em alvenaria, m 35,34 0,80 150,00 4.240,80
cobertura com telhas de fibro / cimento, piso de cimento /
34 2
vermelhão, medindo 35,34 m , em bom estado de
conservação.
2
01 abrigo e ordenha mecânica, construção em alvenaria, m 38,69 0,80 170,00 5.261,84
cobertura com telhas de fibro / cimento, piso em concreto,
parte interna das paredes azuleijada na altura de 1,40 m, e
35
na parte superior desta, com tijolos vazados em 0,80 m,
2
instalação elétrica e hidráulica, medindo 38,69 m , em bom
estado de conservação.
Esterqueira, construção em alvenaria, medindo 3,3 de u 01 0,80 220,00 176,00
36 diâmetro x 4,00 m de altura, em bom estado de
conservação.
Cercas de curral, brete e embarcadouro, construção em m.l 51,90 0,80 69,00 2.864,88
madeira, 04 e 05 réguas, palanques espaçados a cada 200
37
m, medindo 51,90 metros lineares, em bom estado de
conservação.
01 cocho em alvenaria, coberto com telhas de fibro / u 01 0,60 300,00 180,00
38
cimento, em regular estado de conservação.
2
03 bezerreiros, construção em alvenaria, paredes fechadas m 84,00 0,60 70,00 10.584,00
na parte inferior, com altura de 0,90 m, cobertura com
39
telhas de barro, piso em concreto, instalação hidráulica,
2
medindo 84,00 m cada, em regular estado de conservação.
01 Poço Amazonas, medindo 14,00 m de profundidade, u 01 0,80 970,00 776,00
abertura de 1,5 m de diâmetro, como conjunto bomba da
40
marca Shinaider, e motor elétrico Weg de 2,0 CV, em bom
estado de conservação.
Reservatório de água, construção em alvenaria de tijolos u 01 0,60 700,00 420,00
41 rebocados, com capacidade para 18.000 litros, em regular
estado de conservação.
2
01 barracão para abrigo moega de recebimento, limpeza, m 541,80 0,80 70,00 30.340,80
secador e elevador de cereais, construção em alvenaria de
tijolos a vista, cobertura com telhas de zinco, piso em
42
concreto, possuindo 02 paredes laterais fechadas, e parte
frontal e de trás abertas, instalação elétrica, medindo 541,8
2
m , em bom estado de conservação.

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VALOR
VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP UNITÁRI
TOTAL (R$)
O
Conjunto silos de grãos, composto por 04 silos com u 01 0,80 120.000,0 96.000,00
capacidade para 4.000 sc cada, moega de recebimento, 0
43 máquina de limpeza, secador, elevadores, transportadores,
e descarga (tipo pulmão) da marca “CASP”, em bom estado
de conservação.
2
01 suporte para silo de descarga, construção em alvenaria m 20,40 0,80 80,00 1.305,60
2
de tijolos a vista, possuindo parte fechada de 20,40 m ,
44 2
parte aberta de 17,60 m , cobertura com laje de concreto,
2
piso de concreto, em bom estado de conservação. m 17,60 0,80 40,00 563,20
2
01 casa para abrigo de painéis controladores de energia m 4,14 0,80 70,00 231,84
elétrica, construção em alvenaria de tijolos a vista,
45
cobertura com telha de fibro / cimento, piso em concreto de
2
4,14 m , em bom estado de conservação.
2
Salão de convenção e festas, construção em alvenaria de m 312,40 0,80 170,00 42.486,40
tijolos a vista, coberta com folhas de zinco, piso em paviflex,
46 forrado, possuindo salão, sala de projeção, 02 banheiros
(masculino e feminino), instalações elétrica e sanitária,
2
medindo 312,40 m , em bom estado de conservação.
2
Área de churrasqueira do salão, toda aberta, medindo 91,00 m 91,00 0,80 130,00 9.464,00
47 2
m , em bom estado de conservação.
2
01 silo armazém, construção em alvenaria e folhas de zinco m 1.280,10 0,60 70,00 53.764,20
fazendo parte da cobertura e paredes, piso de concreto,
48 2
instalação elétrica, medindo 1280,10 m , em regular estado
de conservação.
2
01 garagem anexa ao silo armazém, construção em m 334,00 0,60 45,00 9.018,00
alvenaria, cobertura com telhas de zinco, piso em concreto,
49 2
toda aberta, medindo 334,00 m , em regular estado de
conservação.
2
01 galpão para abrigo de moega de recebimento, máquina m 320,53 0,60 45,00 8.654,31
de limpeza, secador e elevadores (desativados, e em
50 estado de sucata) de cereais, construção em alvenaria e
folhas de zinco, piso em concreto, instalação elétrica, com
2
área de 320,53 m , em regular estado de conservação.
2
Abrigo de moega de cereais, construção em alvenaria, m 226,80 0,60 80,00 10.886,40
cobertura com folhas de zinco, piso em concreto, instalação
51 2
elétrica, medindo 226,80 m , em regular estado de
conservação.
2
Calçada ao redor do Silo Armazém, construção em m 387,50 0,60 12,00 2.790,00
2
52 concreto, medindo 387,50 m , em regular estado de
conservação.

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VALOR
VALOR
ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÕES U. QUANT. DEP UNITÁRI
TOTAL (R$)
O
2
Posto e depósito de lubrificantes, construção em alvenaria, m 38,25 0,60 70,00 1.606,50
cobertura com telhas de barro, piso em concreto, instalação
53 2
elétrica, com área de 38,25 m , em regular estado de
conservação.
2
01 garagem, construção em alvenaria de tijolos a vista, m 1.139,00 0,80 80,00 72.896,00
cobertura com telhas de zinco, piso em concreto, pé-direito
2
com altura de 6,50 m, medindo 1139,00 m , possuindo
54 na]inda uma parte fechada denominada depósito de
insumos, na parte inferior, e na superior como auto peças,
com instalação elétrica, hidráulica e sanitária, tudo em bom
estado de conservação.
2 2
01 oficina, anexa a garagem de 1139,00 m , construção em m 252,00 0,80 80,00 16.128,00
alvenaria de tijolos a vista, piso de concreto, cobertura com
55
telhas de zinco, instalação elétrica, hidráulica e sanitária,
2
medindo 252,00 m , em bom estado de conservação.
Balança rodoviária, com capacidade para 50.000 kg, em u 01 0,80 23.000,00 18.400,00
56
bom estado de conservação.
Pavimentação asfáltica, em bom estado de conservação. m.l 1500,00 0,80 105,00 126.000,00
57

TOTAL R$ 837.207,61
Fonte: Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.

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7.c.4. SISTEMAS PRODUTIVOS

Os sistemas produtivos atuais se caracterizam a partir das condições


limitadas de produção e de vida, vivenciadas pelas famílias desde o período de
acampamento. A produção de auto-sustento compreende também a produção de
leite, fator que enriquece a nutrição de crianças e adultos.
O acesso a terra é feito, já há vários anos, em parcelas familiares, medidas
provisoriamente, porém com auxílio técnico. A diversidade de alimentos produzidos
pela comunidade deste P.A. é impressionante, com suficientes fontes de energia,
vitaminas e proteínas: mandioca, arroz, milho, batata-doce, leite, mel, ovos, frangos,
porcos, queijos, nata, manteiga, salame, lingüiça, torresmo, banha e frutas. Nota-se
que o beneficiamento de alguns alimentos está bastante presente, o que representa
elementos da cultura camponesa presentes.
Houve também o financiamento das culturas de soja e milho, utilizadas para
abastecimento industrial ou até mesmo para exportação, comum em várias regiões
do estado, porém, trata-se um fenômeno altamente danoso para a agricultura
familiar e principalmente para famílias da reforma agrária, que tem historicamente a
perda de suas terras a partir do endividamento com tecnologia imprópria para a
condição camponesa, de pequenas parcelas de terra. Hoje, essa política de
incentivo ao pacote dita moderna é mais praticada pelas empresas ligadas aos
“comoditties”, porém ainda existem marcas da presença do Estado, desta política,
através de políticas agrícolas, inclusive voltadas à agricultura familiar. O
financiamento próprio pelos agricultores do P.A. envolveu empresas cerealistas que
atuam na região, principalmente no ano agrícola 2004/2005. A produção foi
majoritariamente negociada com as próprias credoras. Como regra, o risco sobre
quaisquer imprevistos é de responsabilidade do agricultor, e esse ano os preços
pagos aos agricultores não puderam superam os custos de produção, culminando
em um endividamento da comunidade, somado, na ordem de seis dígitos.
Oportunamente, deve-se afirmar que a omissão do Estado, marcada pela
morosidade dos investimentos produtivos, carrega responsabilidade nesta situação
de endividamento.

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7.c.4.1. Tecnologia Utilizada

Cerca de 80% das práticas de manejo de solos executadas no P.A. Antônio


Companheiro Tavares são efetuadas via moto-mecanização, 70% da adubação
executada é com adubos químicos e 60% das sementes compradas são híbridos,
caracteriza majoritariamente o sistema do P.A. como de produção agrícola
convencional.
Contudo, algumas famílias utilizam manejo de solos via tração animal, de
adubação alternativa e de sementes crioulas e varietais, aliado ao uso de tratores e
implementos de forma coletiva, da presença da prática de “troca de serviço” e de
grande variedade de alimentos produzidos pela comunidade assentada. Permite
afirmar que existe um grupo de famílias no P.A. disposto a mudar a matriz
tecnológica. E, ainda, entendendo o período de “pré-assentamento” como de acesso
a terra, mas sem nenhum recurso nem de manutenção, nem produtivo, a opção pela
tecnologia mais facilmente oferecida pelo mercado, tem caráter de conveniência.

7.c.4.2. Comercialização

Nesta fase da existência do P.A. a comercialização se realiza de duas formas


distintas:
1. Os grãos (lavouras financiadas) e o leite são vendidos, quase que totalmente,
aos credores e laticínios atuantes na região, são:
 Frimesa; Landia; Líder e Láctico.
 Moinho Iguaçu; AB; Disan; Bras-Peron; Casa da Lavoura e Nutriguaçu.

2. Alimentos diversos, inclusive beneficiados são vendidos a comerciantes e a


consumidores diretos, levados pelos assentados a sede dos municípios:
 São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, Medianeira e Foz do
Iguaçu.

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7.c.4.3. Produção Atual

Atualmente, cerca de 760 hectares estão sendo utilizados para produção


agropecuária pelas famílias do P.A. Antônio Companheiro Tavares. Todas as
famílias têm acesso a terra e produzem em seus lotes. Em levantamento junto a
ATES local, esses foram os números que representam a produção atual do conjunto
das 80 famílias moradoras no P.A.:

Tabela 11: Produção atual e produtividade média, do conjunto de famílias do P.A. ACT

ALIMENTOS PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE


Leite 1,08 milhões de litros por ano 3.600 l/animal/ano
Mandioca 800 toneladas por ano 22 ton / ha
Soja 20 mil sacos por ano 55 sc / ha
Milho (safra e safrinha) 17 mil sacos por ano 105 sc / ha
Trigo 10 mil sacos por ano 33 sc / ha
Arroz 400 sacos por ano
Mel 6,6 mil quilos por ano 40 kg / cx.
Suínos 500 cabeças por ano
Frangos caipiras 4 mil cabeças por ano
Ovos 2,4 mil dúzias por ano
Pipoca 45 sacos por ano
Amendoim 250 sacos por ano
Abacaxi 25 mil frutos por ano 25.000 frutos / ha
Queijos 20 mil quilos por ano
Melancia 600 toneladas por ano 27 ton / ha
Batata doce 480 toneladas por ano
Banana 15 toneladas por ano 38 ton / ha
Fumo 60 arrobas por ano
Fonte: ATES – Núcleo Operacional local.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Foi realizada uma série de pesquisas de campo, em estudos de casos, a fim


de detectar os custos, rentabilidade e preços recebidos pelos produtores desta
região. Os resultados estão expressos a seguir.

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Tabela 12: Quadro representativo da economia da produção familiar, tecnologia convencional


CUSTOS / ha PREÇO DE SAFRA
15 PRODUTIVIDADE RENDIMENTO
PRODUTOS RECEBIDO P/
(R$) MÉDIA / ha ANUAL / ha (R$)
PRODUTOR(R$)

produção de auto-
- - -
consumo (2,00 ha) 4.064,40

leite 4.876,20 18.000,00 litros 0,35 / l 1.423,80

abacaxi (18 meses) 10.816,65 45.000 unidades 0,50 / fruta 7.788,90


16
milho 721,52 105 sc 16,50 / sc 1.010,98

soja 793,91 55 sc 24,00 / sc 526,09

trigo 956,56 33 sc 25,00 / sc - 139,56


Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 13: Custos de produção de leite por (litro e ha / ano), tecnologia convencional
DESCRIÇÃO
R$ / LITRO DE LEITE R$ / ha / ANO
Custos Variáveis

alimentação 0,08 1.440,00

sal mineral 0,0106 192,00

sanidade 0,028 504,00

depreciação de equipamentos 0,013 240,00

energia elétrica 0,0293 528,00

manutenção de benfeitoria 0,01 180,00

horas de trabalho permanente (4 horas / dia – R$ 5,00) 0,10 1.800,00

Custos totais 0,2709 4.884,00

Nota: Produção: 3000 litros/vaca/ano. Lotação: 6,0 UGM por ha. Produtividade: 18.000 litros/ha/ano.
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

15
Aqueles produtos acompanhados por um asterisco referem-se a valores de um ciclo.
16
Sendo que uma saca equivale a 60 quilos.

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Tabela 14: Custo de produção de milho por hectare, tecnologia convencional


ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE PREÇO (R$)

Sementes 20 kg 150,00

Fertilizantes 300 kg 232,00

Herbicidas 2,1 litros 47,77

Inseticidas / acaricidas 3,066 litros 68,75

Plantio 0,3 horas 35,00

Aplicações 3,0 horas 60,00

Colheita e transporte 0,8% 128,00

TOTAL R$ 721,52
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 15: Custo de produção da cultura do abacaxi por hectare, tecnologia convencional
VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
DESCRIÇÃO UNIDADE QUANTIDADE
(R$) (R$)

Mudas unidade 45.000 0,15 6.750,00

Preparo do solo horas-máquina 4 80,0 320,00

Mão-de-obra

Plantio dias-homem 45 20,00 900,00

Adubação dias-homem 2 20,00 40,00

Limpa dias-homem 15 20,00 300,00

Colheita dias-homem 54 20,00 1.080,00

Projeção dias-homem 10 20,00 200,00

Adubo sacos 18 48,00 1.206,00

Veneno litros 0,413 50,00 20,65

TOTAL 10.816,65
Nota: Variedade: Pérola. Ciclo; 18 meses. População: 45.000 plantas.
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

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Tabela 16: Custo de produção de soja por hectare, tecnologia convencional


ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE PREÇO (R$)

Sementes 50,00 kg 63,00

Fertilizantes 250 kg 164,00

Plantio 1h 80,00

Herbicidas / inseticidas / acaricidas 6,65 litros 306,31

Aplicações 5 vezes 75,00

Colheita e transporte 0,8% 105,60

TOTAL R$ 793,91
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 17: Custo de produção de trigo por hectare, tecnologia convencional


ESPECIFICAÇÃO PREÇO (R$)

Combustíveis 87,26

Conservação e reparos de máquinas 25,26

Mão de obra temporária 19,81

Sementes 124,10

Fertilizantes 279,76

Herbicidas 33,15

Inseticidas / acaricidas 52,83

Fungicidas 134,42

Despesas gerais 8,66

Transporte externo 33,92

Recepção, secagem e limpeza 60,34

TOTAL R$ 959,56
Fonte: Estudos de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

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Tabela 18: Economia da produção familiar, tecnologia em transição à agroecológica


CUSTOS / ha PREÇO DE SAFRA
17 PRODUTIVIDADE RENDIMENTO
PRODUTOS RECEBIDO P/
(R$) MÉDIA / ha ANUAL / ha (R$)
PRODUTOR (R$)

auto-consumo (2,00
- - - 4.064,40
ha)

soja 492,67 50 24,00 707,33

milho 449,50 90 sc 16.50 1035,50

apicultura - mel - 510 kg 3,50


762.00 - própolis – 7,65 kg 30,00 609,50
- cera – 11,90 kg 10,00

leite 3.183,20 14.400 litros 0,35 1.856,80

mandioca 1.069,66 20 ton 84,00 / ton 610,34

Fonte: Pesquisa de campo em estudos de casos.


Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 19: Custos de produção de leite (litro e ha/ano), tecnologia transição à agroecológica
DESCRIÇÃO R$ / LITRO DE
R$ / HA / ANO
LEITE
CUSTOS

alimentação 0,0124 178,07

sal mineral 0,0111 160,00

sanidade 0,0104 150,00

depreciação de equipamentos 0,0130 187,20

energia elétrica 0,0367 528,00

manutenção de benfeitoria 0,0100 180,00

horas de trabalho permanente (4 horas / dia – R$ 5,00) 0,1000 1.800,00

CUSTOS TOTAIS 0,2210 3.183,20

Nota: Produção: 3600 litros/vaca/ano. Lotação: 2,89 UGM por ha. Produtividade: 14.400
litros/ha/ano.
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

17
Aqueles produtos acompanhados por um asterisco referem-se a valores de um ciclo.

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Tabela 20: Custo de produção de milho por hectare, tecnologia transição à agroecológica
VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
DESCRIÇÃO QUANTIDADE
(R$) (R$)

sementes 20 kg 1,00 20,00

adubo orgânico 150 kg 0,56 84,00

preparo do solo 3,0 h/máq. 60,00 180,00

plantio 0,3 h/máq. 60,00 20,00

capina 4,1 dias-homem 15,00 61,50

colheita e transporte 8% 14,00 / sc 84,00

TOTAL R$ 449,50
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 21: Custo de produção de Mandioca por hectare, tecnologia transição à


agroecologia
ESPECIFICAÇÃO UNIDADE PREÇO (R$) QUANTIDADE TOTAL (R$)

preparo do solo h-máquina 80 2,08 166.66


3
rama m 20.00 8,3 166.00

plantio homem-dia 15.00 6,6 100.00

limpa homem-dia 15.00 5 75.00

corte de rama homem-dia 15.00 2,5 37.50

colheita homem-dia 15.00 8,3 124.50

frete Tonelada 20.00 20 400,00

TOTAL R$ 1.069,66
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

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Tabela 22: Custo de produção de apicultura por 20 caixas, tecnologia agroecológica


VALOR VALOR
DESCRIÇÃO QUANTIDADE UNIDADE
UNITÁRIO (R$) TOTAL (R$)
cera alveolada 08 folhas 2,80 22,40
embalagem 5 galão 12,00 144,00
dias-
trabalho manual 2,66 15,00 480,00
homem
energia elétrica 144 kwh 0,2067 29,76

manutenção de benfeitoria 20 0,01025 24,60


cx
depreciação de equipamentos e
benfeitorias
- vestimenta 1,00 conjunto 120,00 15,00
- fumegador 1,00 peça 50,00 5,00
- caixas 1,00 peça 80,00 8,00
- centrífuga 1,00 peça 500,00 33,24
TOTAL 762,00
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 23: Custo de produção de soja por hectare, tecnologia transição à agroecologia
VALOR UNITÁRIO
DESCRIÇÃO QUANTIDADE VALOR TOTAL (R$)
(R$)

sementes 50,00 kg 0,83 63,00

adubo 150 kg 0,56 84,00

inoculante 100 g 0,08 8,00

plantio 0,3 h/máq 50,00 16,67

horas de trabalho 15 dias/homem 15,00 225,00

colheita e transporte 0,8% 24 / sc 96,00

TOTAL R$ 492,67
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

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Tabela 24: Produção de auto-sustento de uma família camponesa18


PRODUTOS QUANTIDADE MENSAL VALOR DE MERCADO

abóbora 10 kg 5,00
alho 1 kg 5,00
almeirão 10 maços 6,00
arroz 25 kg 27,50
banha 4 kg 8,00
batata doce 8 kg 3,00
batata-salsa 10 kg 10,80
batatinha 12 kg 12,00
beterraba 6 kg 8,00
caqui 7 kg 7,00
carne de frango 6 kg 20,00
carne de gado 4 kg 15,00
carne de porco 4 kg 18,00
cebola 4 kg 6,00
cenoura 6 kg 6,20
couve 6 maços 4,50
couve-flor 4 cabeças 3,60
laranja 15 kg 9,10
leite 45 litros 58,50
3
lenha 1m 2,00
mandioca 8 kg 4,00
mexerica 15 kg 8,80
milho verde 5 kg 5,00
ovos 4 dz 6,50
pêssego 6 kg 10,00
pimenta 0,5 kg 2,00
queijo 5 kg 25,00
repolho 15 kg 11,20
salsa/coentro/orégano/cebolinha 08 maços 6,00
toucinho 3 kg 12,00
uva 10 kg 13,00
TOTAL 338,70
* Área utilizada: 2,00 ha.
Fonte: Estudo de caso realizado pela COTRARA, 2005 - no município de Missal.
Elaboração: COTRARA, 2006.

18
Composta de 04 adultos, na região oeste do estado do Paraná.

PDA Antônio Companheiro Tavares 73


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7.c.5. SERVIÇOS DE APOIO À PRODUÇÃO

A Assessoria Técnica e Social para Assentamentos de Reforma Agrária –


ATES, está atuando no P.A. Antônio Companheiro Tavares, deste janeiro de 2005,
quando entrou em vigência o convênio de assistência técnica e social. Conta com
um núcleo operacional composto por quatro técnicos, que têm atuação neste e em
outros P.A’s com proximidade geográfica. Assim mesmo, a equipe de ATES conta
com um escritório equipado, nas dependências do Instituto Técnico de Educação da
Reforma Agrária –ITEPA, e veículos para trabalho.
Suas linhas de atuação são a assistência técnica direta na produção, a
capacitação tecnológica e a elaboração de projetos de desenvolvimento comunitário.
A Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária –COTRARA, é a empresa que
presta serviços de assistência técnica e social para famílias assentadas neste P.A.,
mediante um convênio com o INCRA.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Paraná -
EMATER/PR-, está presente no município de São Miguel do Iguaçu e conta com
uma equipe de dois técnicos, escritório na cidade e veículos para trabalho. Sua
forma de atuação é a assistência técnica diretamente na produção e também atuam
na elaboração de projetos de desenvolvimento rural em parceria com a Prefeitura.
Ainda, se caracteriza como assistência técnica, os serviços prestados pelas
empresas vendedoras de insumos agropecuários. Porém, esse serviço mais se
assemelha com promotoria de vendas, distanciando-se muito do que pode ser
caracterizado como assistência técnica.

PDA Antônio Companheiro Tavares 74


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

7.c.6. SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS

7.c.6.1. Educação

O serviço de escolarização oferecido para o P.A. Antônio Companheiro


Tavares precisa melhorar. Essa é uma conclusão do conjunto das famílias
assentadas, que é reafirmada pelo estudo e diagnóstico realizado por este estudo de
elaboração do PDA.
No momento de escrever este PDA, o setor de educação e a coordenação,
ambos, instâncias representativas da comunidade. estão em um processo de luta
para conseguir a tão cobiçada escola de Educação Fundamental I, destinada
especificamente para as crianças do P.A. Essa futura escola, cuja construção está
sendo negociada junto a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Miguel do
Iguaçu e do INCRA, inicialmente compreenderia a Educação Fundamental I. A
comunidade que conforma o P.A. decidiu que o melhor lugar para locar esta escola
seria dentro da área comunitária, onde poderia usufruir as instalações do Centro
Comunitário e do campo de futebol.
O atendimento escolar das crianças e dos adolescentes é realizado nas
cidades vizinhas de São Miguel do Iguaçu (município a que pertence o P.A.) e Santa
Terezinha do Itaipu (o município com a sede mais próxima ao P.A.). O transporte
dos estudantes é feito com o ônibus das Prefeituras; porém, tem casos de crianças
que chegam a andar mais de 02 (dois) quilômetros para poder chegar a algum dos
pontos que ficam nas principais estradas internas. Houve casos19 em que as
crianças perderam diversos dias de aula pelo estado ruim que apresentavam às
estradas depois de registrar fortes chuvas.
De acordo com entrevistas efetuadas, os assentados(as) dão preferência ao
ensino primário dos seus filhos, em uma escola dentro da área do P.A. Os motivos
para isso são diversos e se destacam as identificações com o meio rural em que
moram e com os princípios do MST (“...não queremos a educação da burguesia, não
é a do nosso cotidiano.20”), o receio frente ao ambiente preconceituoso com sua
realidade que recebem nas escolas situadas nas cidades próximas (“...a escola da

19
O mais grave foi registrado no ano letivo 2003-2004, quando foram mais de cinqüenta (50) os dias
de aula perdidos.
20
Depoimento registrado em entrevista junto às pessoas que conformam o setor de educação do P.A.
ACT (COTRARA, 2005).

PDA Antônio Companheiro Tavares 75


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

cidade ensina as crianças a ser peão dos outros.21”), o acesso mais fácil e rápido ao
ensino e a maior proximidade com o núcleo familiar.
Os dados totais que oferecem os levantamentos de campo são os seguintes:
- analfabetos: 16 (6,59% do total),
- alfabetizados: 135 (55,55% do total),
- alfabetizados que estudam: 92 (37,86 do total),
- Pré-escolar: 9 (9,8% dos que estão matriculados),
- Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série: 42 (45,6% dos matriculados),
- Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série: 26 (28,3% dos matriculados),
- Ensino Médio: 14 (15,2% dos matriculados); e,
- Ensino Superior: 1 (1,1% dos matriculados).

Gráfico 02: Número e grau de escolaridade das pessoas matriculadas no P.A. ACT

14 1 9

26 42

pre-escola de 1 a 4 série de 5 a 8 série segundo grau superior

Elaboração: COTRARA, 2006.

O índice de analfabetismo no P.A. (18,3%) pode-se considerar alto, mas


ainda assim, este é comparado com a média paranaense que é de 7,8% (IBGE,
2003). Esse indicador vai obrigar a pensar políticas educacionais específicas para a
alfabetização de adultos. No P.A. ACT já foram implementadas algumas
experiências nesse campo as quais parecem ser o melhor ponto de partida para a
retomada desta linha educacional. A avaliação das pessoas indica dificuldades tanto
na falta de materiais escolares como no acompanhamento curricular dos educandos.

21
Depoimento registrado em entrevista junto às pessoas que conformam o setor de educação do P.A.
ACT (COTRARA, 2005).

PDA Antônio Companheiro Tavares 76


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

Tabela 25: Grau de instrução das pessoas do P.A. ACT, por faixa etária
25 a Acima de
IDADE (anos) Até 1 1a6 7 a 10 11 a 14 15 a 17 18 a 24 40 a 60 TOTAL
40 60
Analf. 07 28 00 00 01 06 00 03 06 51
Não Matricul.
Alfab. 00 00 00 00 00 79 14 40 02 135
Pré-escolar 00 08 01 00 00 00 00 00 00 09
E. Fundamental I 00 00 33 02 00 00 02 05 00 42
E. Fundamental II 00 00 00 12 09 02 02 01 00 26
Ensino Médio 00 00 00 00 06 05 00 02 01 14
Ensino Superior 00 00 00 00 00 01 00 00 00 01
TOTAL 07 36 34 14 16 22 89 51 09 278
Fonte: COTRARA, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Quase a metade (48,4%) da população total assentada é alfabetizada mas


atualmente não está matriculada e 33% do total da população está atualmente
matriculada. Sendo ainda que 12,5% ainda não se encontram em idade escolar.
O resultado da pesquisa mostra que quase metade dos educandos estão
matriculados na educação fundamental I (45,6% dos que estão estudando). Os
12,5% da população, hoje em idade não escolar, constitui a demanda futura pela
escolarização da educação fundamental I. Desta forma a opção clara da
comunidade pela construção de uma escola na área está fundamentada em termos
numéricos, o que não restringe as razões pelas quais a comunidade está lutando
pela construção da escola.
De maneira progressiva o volume de matriculados cai à medida que os
estudos avançam de nível, fato indicativo das dificuldades que, na sociedade
brasileira em geral e no contexto rural em particular, tem as pessoas com pouca
renda para conseguir realizar estudos superiores.
O Setor de Educação do PA entende que a escola a ser construída, além de
cumprir sua função de centro educativo para os educandos da educação
fundamental I, poderá também ser o lugar onde se desenvolverão aulas de
alfabetização de alunos, assim como cursos de capacitação informática e outras
atividades educativas ou culturais da comunidade.
Quanto ao ITEPA, que tem como objetivo geral desenvolver atividades
educativas e de pesquisa para a demanda geral da reforma agrária do estado do
Paraná e do país, como cursos técnicos de segundo grau, ou ainda pós-médio, não
está sendo lançado a cumprir a escolarização formal, seja fundamental ou média,
PDA Antônio Companheiro Tavares 77
Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

demandada pela população do PA. Evidente que a proximidade física, da


comunidade do PA Antônio Companheiro Tavares com o ITEPA, facilita o ingresso
nos cursos oferecidos pelo ITEPA, e estimula a escolarização dos jovens do
assentamento. Como já se confere com jovens matriculados no Curso Técnico de
Agropecuária com Ênfase em Agroecologia.

7.c.6.2. Saúde e Saneamento

A saúde no município de São Miguel do Iguaçu

Os recursos sanitários com que conta o município de São Miguel do Iguaçu


são: dois hospitais equipados com 81 leitos hospitalares, dos quais 54 estão a
serviço do SUS; 23 médicos, sendo que 18 prestam serviço pelo Sistema Único de
Saúde – SUS, e 5 no serviço particular; os médicos do sistema público atendem em
8 postos públicos, dos quais 3 estão instalados no contexto rural; os médicos
particulares atendem em 4 postos todos, eles situados na cidade.

Acesso à saúde e atendimento médico no P. A. ACT

De acordo com as informações compiladas tanto no trabalho de campo


(COTRARA, 2005) como nas reuniões com as diversas instâncias, em especial com
o Setor de Saúde do PA (instância representativa da comunidade assentada para os
assuntos da área da saúde), pode-se afirmar que no inicio da realização do PDA
(setembro, 2005) o atendimento médico público que as famílias recebem não é
satisfatório.
No momento atual, a principal reclamação material é a massificação do
serviço e a necessidade de se deslocar diversos quilômetros, sendo que o P.A. ACT
já conforma uma comunidade de quase 300 pessoas e o Instituto Técnico de

PDA Antônio Companheiro Tavares 78


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Educação e Pesquisa da Reforma Agrária – ITEPA – tem duas turmas22 de


educandos e as respectivas equipes pedagógicas, somando mais de setenta
pessoas.
É por esse motivo que a Coordenação do Assentamento e o Setor de Saúde
se reuniram, no início do mês de outubro de 2005, com o responsável da Secretaria
Municipal de Saúde para pautar mudanças nos serviços prestados. A Prefeitura de
São Miguel se comprometeu a colocar o projeto do posto de saúde do assentamento
no planejamento da Prefeitura para 2006, posto que estaria enquadrado no projeto
Programa Saúde da Família –PSF23, do Ministério da Saúde. Este consiste num
plano de saúde comunitário altamente participativo e procura seguir as
características das comunidades que tem que atender. Nesta mesma linha e para
começar a descongestionar os postos de atendimento da cidade, antes de 2006, a
Prefeitura de São Miguel se comprometeu, a partir da segunda metade de outubro, a
fazer atendimento médico generalista uma vez por semana no próprio PA.

Foto 03: Uma das responsáveis pelo Setor de Saúde na farmácia do P.A. ACT

Fonte: COTRARA, 2005.

22
Realizando cursos de agroecologia (Curso técnico de agropecuária com ênfase em agroecologia) e
saúde (Agente técnico em saúde comunitária) numa parceria entre a Universidade Federal do Paraná
– UFPR e o ITEPA.
23
Para mais informação acessar no sitio: http://portal.saude.gov.br/saude e
http://www.famema.br/saudedafamilia/equipe1.htm

PDA Antônio Companheiro Tavares 79


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Atendimento médico no acampamento

No P.A. ACT, há um Setor de Saúde constituído que, além de fazer o


atendimento de primeiros socorros, conta com uma pequena farmácia convencional
e uma farmácia viva, onde são preparados medicamentos, do tipo fitoterápicos.
O Setor de Saúde do P.A. tem suas linhas de trabalho direcionadas para
medicina natural; nesse sentido já realizou diversas oficinas com o objetivo de que
cada um dos grupos que constituem o P.A. tenha a sua própria farmácia viva.
Além da anteriormente citada, as principais atividades que realiza o setor de
saúde são o de prevenção e sensibilização (conferências sobre as doenças
sexualmente transmissíveis, alimentação orgânica, higiene, etc.), assim como
fomentar a construção de hortas orgânicas nos lotes.
Os principais problemas de saúde registrados são de caráter leve (febre,
gripe, diarréia, etc.). Nos últimos anos não foram registrados casos de doenças
graves no P.A.

Saneamento Básico

O saneamento básico (distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto)


está intimamente relacionado à qualidade de vida e à saúde da população, quer seja
ela urbana ou rural. Por esse motivo é um tema tão importante de ser tratado nesta
fase de criação do Projeto de Assentamento.
Atualmente, todas as casas do P.A. contam com água encanada, proveniente
dos poços cavados pelas mesmas famílias. Como conseqüência do tipo de matriz
tecnológica implementado na área durante as décadas passadas (altamente nocivo
ao meio ambiente e, sobretudo as capas freáticas) as análises realizadas nas águas
consumidas pelas famílias contem um alto grau de resíduos químicos; por esse
motivo, meses atrás foram furados dois poços artesianos pela Prefeitura de São
Miguel do Iguaçu com a finalidade de abastecer a totalidade do P.A. Este projeto
está atualmente parado como conseqüência de falta de verba.
No P.A. ainda não existe coleta de lixo, apesar de que no município, tanto na
área rural como na urbana, a coleta de lixo é de 0%. Isso obriga as famílias a jogar o

PDA Antônio Companheiro Tavares 80


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lixo inorgânico em fossas a céu aberto para, posteriormente, ser queimado. O lixo
orgânico é destinado, majoritariamente, para ração animal ou, em menor medida,
como base para adubação verde. As casas que conformam o P.A. contam com
redes de esgoto domiciliares que escoam para fossas secas.

7.c.6.3. Cultura e Lazer

As manifestações culturais e de lazer que acontecem no P.A. Antônio


Companheiro Tavares centralizam-se na área comunitária do assentamento. Nesta
se encontra um campo de futebol, uma Igreja24 e o Centro Comunitário. Cabe
destacar que apesar de se tratar de um P.A. que ainda não legalizou sua situação,
nele existe uma importante variedade de atividades culturais e diversas ofertas de
lazer.

Foto 04: Vista parcial da área comunitária, com a Igreja (primeiro plano) e o Centro
Comunitário (segundo plano) em construção

Fonte: COTRARA, 2005.

A maioria das atividades de lazer do P.A. ocorre no Centro Comunitário. Este,


em novembro de 2005, momento em que foram realizadas as pesquisas a campo da
área social, estava em fase final de construção. É nesse pavilhão que se situa a
cancha de bocha, a churrasqueira e a mesa de balãozinho. Também funciona como

24
De culto Católico.

PDA Antônio Companheiro Tavares 81


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local para festas e reuniões da comunidade, assim como sede do Clube das Mães.
Nos feriados e finais de semana o Centro conta também com serviço de copa. É
importante destacar aqui que todas as famílias assentadas são sócias do Centro
Comunitário, e uma vez por mês é realizado um mutirão de limpeza.
O Clube das Mães é a associação de mulheres do P.A. e podem fazer parte
dele todas as mulheres residentes no P.A., que tenham mais de 13 anos de idade.
Suas atividades principais estão direcionadas ao lazer feminino. Assim, uma vez por
mês é organizado um jogo de balãozinho com bingo. Junto com a Prefeitura de São
Miguel do Iguaçu, durante o decorrer do ano são organizados três cursos orientados
ao público feminino (crochê, pintura, saúde, etc.).
Durante o ano são diversas as festas comemorativas que se celebram tanto
de caráter religioso como de caráter laico (festa junina, páscoa, carnaval,
comemoração da ocupação, entre outras.).
No P.A. ACT é muito comum a prática do esporte. Além do popular futebol,
está muito arraigado o jogo de bocha nos finais de semana, chegando-se a realizar
com freqüência jogos com comunidades vizinhas.
A religião majoritária no P.A. é a Católica, que é a única que conta com
estrutura própria para realizar os cultos (na área comunitária há espaço para que
seja construídas infra-estruturas para outras religiões). Uma vez por mês o padre da
cidade vizinha, de Santa Terezinha do Itaipu, realiza missa.

Fotos 05: Mesa de jogar balãozinho e cancha de bocha (no Centro Comunitário)

Fonte: COTRARA, 2005.

PDA Antônio Companheiro Tavares 82


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7.c.6.4. Habitação

O caso habitacional do P.A. Antônio Companheiro Tavares é uma exceção à


realidade das milhares de famílias acampadas e assentadas no estado do Paraná,
que não tiveram acesso a uma residência e vivem sob barracos de lona. É difícil
equiparar no estado do Paraná, outro P.A. que, apesar de estar ainda em fase de
implantação tenha as residências já construídas, e assim atendido o direito
humanitário fundamental da habitação digna.
Essa situação habitacional privilegiada se deve ao fato das famílias do P.A.,
terem tido acesso aos recursos tanto INCRA (R$ 3.000,00 por família) e da Caixa
Econômica Federal (R$ 4.500,00 por família) destinados à construção das casas.
Atualmente, todas as famílias moram em casas, majoritariamente de alvenaria
(92,4%) apesar da presença de casas de madeira (7,6%). Todas elas com cobertura
de telhas, com mais de três cômodos.

Tabela 26: Número e qualidade das habitações do P.A. ACT


Instalação Instalação Instalação
Cobertura Piso
Sanitária Hidráulica Elétrica
Telha Palha Terra Madeira Cerâmica Sem Privada Sem Com Sem Com
Alvenaria 73 0 0 01 72 0 73 0 73 0 73
Madeira 06 0 0 06 0 02 04 02 04 0 06
Fonte: COTRARA, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

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7.d. SÍNTESE DAS LIMITAÇÕES, POTENCIALIDADES E CONDICIONANTES

No Paraná, o Projeto de Assentamento Antônio Companheiro Tavares é um


dos casos que tem mais elementos favoráveis para se transformar em prova viva da
Reforma Agrária.
Os elementos mais destacados destas “potencialidades” da área são,
sobretudo sua privilegiada situação geográfica às margens da Rodovia Federal BR-
277 e perto de dois dos maiores centros de consumo do Paraná: Foz do Iguaçu, que
dista à 20 quilômetros e Cascavel, que dista à 120 quilômetros. Assim mesmo, o
P.A. ACT se destaca pela grande qualidade natural de suas terras e por uma
climatologia condicionada pelo lago de Itaipu que quase elimina a possibilidade de
geadas no inverno.
No P.A. ACT, também existem limitações. Estas estão em função da
capacidade de articulação das famílias assentadas em implantar sistemas
diversificados de produção e se articularem também na comercialização, assim
buscar a eliminação dos atravessadores, levando os produtos diretamente aos
consumidores, ou ao menos aos varejistas. Esta questão da comercialização será
bastante facilitada com a implantação do mercado da reforma agrária.
Como condição fundamental para implantação do P.A. Antônio Companheiro
Tavares são: a) averbação da Reserva Legal (conforme proposta contida neste
estudo) e demarcação das Áreas de Preservação Permanente, formando um
território próprio à conservação e preservação da diversidade; b) infra-estruturas de
serviços básicos: energia elétrica, estradas, captação e distribuição d’água; social:
construção de uma escola para educação fundamental; c) Implantar programas
capacitação tecnológica para possibilitar a implantação de sistemas agroecológicos
e permitir a produção sustentável de alimentos e a recuperação da plenitude da vida
no sistema produtivo do P.A.

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8. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

8.a. OBJETIVOS E DIRETRIZES GERAIS

8.a.1. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

Depois dos estudos realizados pela Equipe Técnica da COTRARA, podemos


afirmar que o P.A. Antônio Companheiro Tavares tem suporte de 80 famílias.
Quanto à forma de uso das terras, o P.A. é propício para a produção de
grãos, porém, está em crescimento a produção pecuária leiteira e tem uma grande
potencialidade a produção de frutas e sobretudo hortaliças.
Quanto às vias de acesso e deslocamento, o P. A. está muito bem
estruturado, contando com 29,41 quilômetros de estradas internas. Além disso, foi
realizada à readequação das vias principais que somam aproximadamente a metade
do total. De qualquer forma cabe ainda a possibilidade de realizar melhoras
(sobretudo cascalhar) em algumas estradas secundárias.
Quanto ao acesso a água, muitos dos assentados estão utilizando água de
poços artificiais abertos por eles mesmos. Há dois poços artesianos, já abertos, no
PA, para uso do conjunto de famílias, porém não houve a instalação de rede de
distribuição para o abastecimento de todas as famílias.

8.a.2. SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS

O que a comunidade que conforma o P.A. Antônio Companheiro Tavares


deseja em relação aos conhecidos serviços sociais básicos (saúde e saneamento,
educação, lazer e cultura e infra-estruturas básicas) é que estes sejam instrumentos
que permitam o desenvolvimento da vida plena, como camponeses.
Na educação apresenta-se a necessidade de se oferecer a escolariza de
educação fundamental I, no próprio assentamento.
Os serviços de saúde também não estão a contento, estando por atender as
demandas no próprio assentamento.

PDA Antônio Companheiro Tavares 85


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8.a.3. SISTEMA PRODUTIVO

A determinação do sistema de produção a ser implantado em um


assentamento é uma razão de fatores, principalmente de caráter econômico e
produtivo, mas também social e cultural. O objetivo principal que orienta esta
decisão é a permanência da família no projeto de assentamento; e para isso a
melhor geração de renda deve ser conjugada com a melhor segurança,
principalmente no que se refere ao endividamento atual e futuro, procurando então
as atividades que ofereçam uma maior estabilidade.
Esse aspecto exige uma especial atenção à lógica da diversificação da
produção, justamente pelo seu papel de segurança na manutenção do sistema
familiar camponês, que fica muito fragilizado nos sistemas baseados nas
monoculturas. É por isso mesmo que se faz importante que os recursos para
projetos de assentamentos sejam investidos em linhas de produção já consolidadas
na região ou naquelas que já proporcionem rendimento, apesar de ter uma escala
menor ou em cadeias produtivas comparativamente mais estáveis, sempre
guardando a diferença de escala produtiva, para os sistemas existentes na região.
A diversificação que apresentamos, fruto do legado de conhecimentos
ancestrais que, do campesinato brasileiro de resistências, prevê que uma parte do
sistema deve atender a produção de alimentos para consumo próprio, a conhecida
como “produção de auto-consumo”, aquela que abrange a base familiar e os
pequenos animais domésticos e que garante a segurança alimentar familiar.
A produção nos projetos de assentamentos, sempre que possível, deve
manter o que se conhece tecnicamente como “alternatividade na produção”, ou seja,
além de atender o objetivo primordial da alimentação interna deve ter a qualidade
suficiente que garanta a possibilidade de comercializar o excedente nos mercados
próximos.

8.a.4. MEIO AMBIENTE

A situação ambiental do P.A. Antônio Companheiro Tavares é, em termos,


preocupante, atingindo pontos críticos de desmatamento e de não preservação dos
recursos naturais, descumprindo, assim, a legislação ambiental vigente para as

PDA Antônio Companheiro Tavares 86


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propriedades rurais e, ainda, como área integrante do corredor ecológico, na qual


esta área está inserida. Este quadro, infelizmente, é herança do manejo inadequado
desses recursos, praticado pelos antigos proprietários da área.
A partir de conversas com a comunidade do assentamento, viu-se
manifestado o desejo de recuperação destes recursos naturais, de modo que seja
efetivada a recuperação da porção florestal insuficiente hoje na propriedade,
buscando ainda a integração das atividades com a utilização sustentável dos
recursos (quando possível). Dentre os objetivos que devem ser atingidos com os
programas propostos estão:
1. recursos hídricos: proteção da cabeceira (da nascente) e de toda
extensão do córrego dela originada (mata ciliar), por meio do incremento
populacional das espécies vegetais nativas, buscando amortizar a vulnerabilidade à
qual a mata está exposta, por se tratar de área de transição vegetacional, entre a
mata ciliar e uma área de plantio de Eucalyptus, sujeita aos fortes efeitos de borda,
como queimadas acidentais.
2. flora: por meio do adensamento populacional, pode-se aumentar a
resistência do ecossistema, tornando-o menos vulnerável aos danos diversos que
estas áreas podem sofrer pela ação antrópica no seu entorno. Com o plantio de
mudas de espécies nativas nas áreas de preservação permanente e de reserva legal
proposta e manutenção do banco de sementes do solo nas áreas de preservação
permanente e na reserva legal proposta, além de promover a regeneração artificial e
natural, está-se provendo o ambiente com alimento, fazendo com que o componente
fauna também seja recuperado aos poucos.
3. fauna: pela ação das duas medidas anteriores, pode-se conseguir o
retorno de espécies nativas da região, que hoje não encontram habitat nas terras do
P.A. Antônio Companheiro Tavares. Sendo parte integrante de um corredor de
biodiversidade, alvo preferencial à proteção dos elementos bióticos e abióticos, o
trânsito de animais de todas as classes dar-se-á mais fácil e constantemente. Isso
incrementa a cadeia alimentar e, por conseqüência, a ciclagem de matéria e energia
no ambiente, o bio-controle de espécies (principalmente insetos) consideradas
prejudiciais aos cultivos agrícolas, e a dispersão e colonização de novos ambientes.
No entanto, é preciso visar medidas que previnam acidentes que possam ocorrer do
contato entre o homem e animais peçonhentos e/ou vetores de doenças.

PDA Antônio Companheiro Tavares 87


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4. solos: A proteção do solo faz-se ponto necessário ao desenvolvimento


rural. Como conseqüência do plantio, recuperação e manutenção da vegetação e
conseguindo melhor utilização e proteção do solo, pode-se evitar ou mitigar
problemas como erosão, assoreamento das nascentes e córregos, e a perda dos
nutrientes do solo por lixiviação, em áreas hoje expostas de solo.
Com essas medidas, busca-se conseguir a melhoria da situação ambiental da
área, além de prover subsídios à melhoria nos aspectos social e econômico.
Estas ações ainda podem ser obtidas de modo que não sejam diminuídas as
parcelas dos lotes, visto que já são, relativamente, reduzidas. É importante proceder
a recuperação ambiental necessária sem, no entanto, suprimir áreas destinadas a
obtenção direta de renda dos assentados.

8.a.5. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E GESTÃO DO PLANO

A totalidade das famílias assentadas no P.A. ACT faz parte do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, e seguem os princípios básicos que regem
esta organização social de massas.
Por esse motivo, tanto as relações econômicas como as sociais e políticas
têm como ator principal a comunidade, entendida esta como o conjunto de famílias
assentadas. Na prática, isso se visualiza na construção do galpão comunitário dentro
da Área Comunitária e no projeto de construção do Mercado da Reforma Agrária,
que ficará perto da praça de pedágio à beira da Rodovia BR-277.
O mercado da reforma agrária tem como objetivo comercializar produtos dos
assentamentos do Paraná e de outros estados. A proximidade física com o P.A.
ACT, trará facilidades de comercialização de seus produtos.
Para o funcionamento do mercado será eleito uma equipe de assentados e/ou
filhos entre o conjunto dos assentamentos da região oeste.

PDA Antônio Companheiro Tavares 88


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8.a.6. ASSISTÊNCIA TÉCNICA DO ACOMPANHAMENTO À IMPLANTAÇÃO DO


PLANO

Após a elaboração do PDA, o núcleo da ATES do P.A. ACT terá um papel


fundamental durante a implantação do assentamento a ser executado pelo INCRA.
Suas funções perpassarão pelo acompanhamento dos programas de
desenvolvimento do P.A. contidos no PDA. Dessa forma, através do núcleo
operacional, a equipe técnica e a coordenação da comunidade, juntamente com
técnicos do INCRA, deverão planejar a seqüência de atividades, em um cronograma
regido, principalmente, pela disponibilização de recursos.
O núcleo do ATES deve, através de metodologia de trabalho participativo,
eleger temas prioritários para capacitação tecnológica a serem desenvolvidos junto a
comunidade assentadas.
Assim mesmo, este núcleo técnico deve ser capaz de analisar e replanejar,
caso seja preciso, quaisquer elementos que se mostrem necessários, o que no
decorrer do tempo é considerado ação normal em planejamentos complexos, como
é o caso de assentamentos de reforma agrária.

PDA Antônio Companheiro Tavares 89


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

8.b. PROGRAMAS

8.b.1. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

Grande parte da proposta de organização territorial do P.A. Antônio


Companheiro Tavares já estava encaminhada pela comunidade, como: Proposta de
pré-parcelamento, construção de estradas, destinação de área para: a) Centro
Comunitário; b) ITEPA; c) Mercado da Reforma Agrária; d) Experimentação agrícola.
Esses encaminhamentos do assentamento eram levados ao conhecimento do
INCRA, como é o caso da proposta de pré-parcelamento, da locação de parte da
reserva legal em outro assentamento, do mercado da reforma agrária, a criação do
ITEPA, a locação e recuperação de estradas, entre outros.
A razão destes encaminhamentos não serem discutidos juntamente com a
elaboração do PDA é o intervalo de tempo entre a imissão de posse da área e a
contração do PDA.

8.b.1.1. Malha Viária Interna

Como o P.A. ACT já está pré-parcelado, a malha viária também já foi


planejada. Esta consta de 29,41 quilômetros de estradas, sendo que seu estado de
tráfego pode ser considerado bom, pois recentemente foi realizada a readequação
das vias principais, o equivalente a pouco mais da metade através de um convênio
entre o INCRA, a Prefeitura de São Miguel do Iguaçu e a Itaipu Binacional.
Assim, não haverá a necessidade de construção de mais estradas no P.A.
havendo, contudo, a necessidade de melhoramento e manutenção das mesmas.

8.b.1.2. Abastecimento de Água

Devido a pouca existência de minas naturais, haverá a necessidade de levar


o abastecimento de água para praticamente todas as casas. Portanto, haverá custos
com materiais para a distribuição, sendo que os custos destes são bastantes
variáveis, devido à localização das casas.

PDA Antônio Companheiro Tavares 90


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Atualmente já existem dois poços artesianos perfurados com recursos de


projeto realizado junto ao INCRA e Prefeitura, com a finalidade de atender a todas
as famílias do P.A., faltando apenas a instalação de depósitos e rede de distribuição.

8.b.1.3. Outorga do Uso da Água25

Faz-se necessária o requerimento de Outorga do Uso da Água qualquer


interferência que se pretenda realizar na quantidade ou na qualidade das águas de
um manancial necessita de uma autorização do Poder Público. A Outorga é o ato
administrativo mediante o qual o Poder Público outorgante faculta ao outorgado o
uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições
expressas no respectivo ato (SUDERHSA on-line). Neste caso, o órgão estadual
competente pela análise dos projetos e com poder de decisão sobre a Outorga é a
SUDERHSA – Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental.
Este ato destina-se a todos pretendam utilizar, para as mais diversas
finalidades, as águas de um rio, lago ou mesmo de águas subterrâneas, devem
solicitar uma Outorga ao Poder Público. Os usos mencionados referem-se à
captação de água para o abastecimento doméstico, para fins industriais ou para
irrigação; ao lançamento de efluentes industriais ou urbanos, à construção de obras
hidráulicas como barragens e canalizações de rio, ou, ainda, à serviços de
desassoreamento e de limpeza de margens (SUDERHSA on-line).
Contudo, há que se considerar que, o abastecimento de água previsto para o
P.A. Antônio Companheiro Tavares, com a perfuração de um poço semi-artesiano
para suprir as demandas de abastecimento doméstico, será enquadrado na
categoria de Dispensa de Outorga, de acordo com as disposições legais e técnicas
constantes na Resolução Nº 039/04, da SEMA-PR:
Art. 1º - Ficam dispensados de outorga, considerando-se como
de uso insignificante, as seguintes acumulações, derivações,
captações e lançamentos:
I - Acumulações com volume de até 15.000 m³, ou com área de
espelho d’água inferior ou igual 10.000 m², ou com altura de
barramento inferior a 1,5 m;

25
Referências obtidas junto à Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental - SUDERHSA.

PDA Antônio Companheiro Tavares 91


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II – Derivações e captações individuais até 1,8 m³/h;


III – Lançamentos de efluentes em corpos d’água com vazão até
1,8 m³/h.

Art. 2º - Ficam também dispensados de outorga os poços


destinados ao consumo familiar de proprietários e de núcleos
populacionais inferiores ou iguais a 400 (quatrocentos)
habitantes dispersos no meio rural.

Ainda, é dado conhecido que uma pessoa utiliza, em média, 150 litros de
água por dia em suas atividades diárias. A demanda significante para requerimento
de Outorga Prévia do Uso da Água é de um volume, no mínimo, de 43 metros
cúbicos de água por dia, ou seja, que a população ou comunidade demande de 43
mil litros de água por dia.
A população prevista para o P.A. hoje, é de 278 pessoas (79 famílias). Em um
cálculo simples, o volume de água demandado para as atividades diárias, por
pessoa, será de 41.700 litros por dia, ou 41,70 metros cúbicos de água.
Este valor é considerado como de uso insignificante, o requerente ou
empreendedor da obra poderá entrar com uma Declaração de Dispensa de
Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos26.
Esta declaração tem por finalidade:
a) Captações, Perfuração de Poço e Captação de Água
Subterrânea: Abastecimento doméstico; Abastecimento público;
Aqüicultura; Combate a Incêndio; Consumo humano; Controle de
emissão de partículas; Dessedentação de animais; Envase de água;
Extração mineral; Irrigação; Lavagem de areia; Lavagem de produtos
de origem animal; lavagem de veículos; Lazer; Limpeza;
Pesquisa/monitoramento; Processo industrial; Uso geral; Lavagem
de artigos têxteis.
b) Intervenções e Obras: Acumulação
c) Lançamento de Efluentes: Diluição de efluentes

Para estes casos estabelecidos, o empreendedor deverá preencher o


Requerimento para Dispensa de Outorga – RDO, sendo fornecida,
posteriormente, pela Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental - SUDERHSA uma Declaração de Dispensa de Outorga
de Direito de Uso de Recursos Hídricos.

26
SUDERHSA. Requerimento para DISPENSA DE OUTORGA – RDO. Disponível em:
http://www.pr.gov.br/meioambiente/suderhsa/pdf/no_005_rdo.pdf

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8.b.2. PROGRAMA SOCIAL – SERVIÇOS BÁSICOS

8.b.2.1. Educação

Como já foi colocado no diagnóstico do presente trabalho, a educação escolar


tem sido um dos elementos que mais precisa melhorar, na avaliação das famílias.
Diante dos dados coletados nos questionários realizados família por família
(COTRARA, 2005) assim como nas diversas reuniões realizados com o setor de
educação do assentamento foi levantada a demanda da construção de, no mínimo,
uma escola de Educação Fundamental I. Essa escola, cuja construção vem sendo
discutida nos últimos meses junto a Prefeitura de São Miguel do Iguaçu, precisa de
um conteúdo temático acorde com a realidade camponesa das famílias assentadas.
Como o número de adultos não alfabetizados e os que interromperam os
estudos (não matriculados) é bastante significativo, cabe no P.A. ACT uma política
de incentivo à Educação de Jovens e Adultos – EJA, com o apoio dos órgãos
públicos vinculados à educação, sejam estes municipais, estaduais ou federais.
Assim, as atividades desenvolvidas pelo EJA poderiam utilizar as instalações da
futura escola, que está sendo negociada dentro da conhecida área comunitária.
Baseando-se no agora exposto, os objetivos que vão nortear a educação no
P.A. ACT será a diminuição progressiva até a erradicação do analfabetismo no
assentamento; o aumento do grau de escolaridade do assentamento, principalmente
dos mais jovens; garantir a qualidade do ensino, mediante a adequação do conteúdo
à realidade campesina; e, finalmente, a construção de uma escola municipal dentro
do P.A.
Para conseguir o acesso e a qualidade da educação para a população do
P.A., é imprescindível a busca de parcerias com os diversas instituições públicas
que possibilitam o desenvolvimento de futuros projetos de ensino no P.A. Assim
mesmo, já foi levantado, pelo mesmo setor, a vontade de estimular os professores
potenciais que moram no P.A. e que já trabalharam na educação, já que esse fato
fortaleceria a integração da relação entre a escola e a comunidade, tornando a
educação realmente popular.

PDA Antônio Companheiro Tavares 93


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8.b.2.2. Saúde e Saneamento

A saúde plena, (física, mental, moral, etc) é uma expressão de qualidade de


vida. É por esse motivo que além do atendimento a moradia, água, esgoto e,
sobretudo, alimentação façam parte deste plano de desenvolvimento.

Foto 06: Alguns dos produtos fitoterápicos produzidos no P.A. ACT

Elaboração: COTRARA, 2005.

Uma das principais reivindicações levantadas pela equipe técnica do PDA foi
o precário atendimento médico e odontológico que recebem as famílias assentadas.
Este atendimento primário, além de estar massificado, é realizado na cidade de São
Miguel do Iguaçu, que dista quase 20 quilômetros do P.A. É por esse motivo que a
comunidade, por meio do setor de saúde, procurou o Poder Público Municipal. O
resultado desta conversa, realizada a inícios de outubro, foi o compromisso da
Prefeitura de instalar um posto provisional até janeiro de 2006, momento em que
seria construído um Posto de Saúde do Sistema Único de Saúde – SUS.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do qual fazem parte as
famílias do P.A. ACT, tem como um dos seus critérios realizar os tratamentos de
saúde através dos diversos saberes da medicina popular, entre eles: remédios
fitoterápicos. É por esse motivo que um dos objetivos colocados pelo setor de saúde
é envolver a comunidade na implantação de hortas comunitárias nos grupos de cada
10 famílias. Assim mesmo, se pretende reforçar o atual serviço de “farmácia viva” de

PDA Antônio Companheiro Tavares 94


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caráter mais emergencial. Ainda, uma outra meta que tem sido colocada para o
setor, é ter, formar, uma pessoa da comunidade como agente comunitário de saúde.
Dentro dos objetivos da área de saúde se destacam a erradicação das
doenças decorrentes da falta de informação e prevenção (realização de palestras,
passe de vídeos e elaboração de materiais didáticos); diminuição dos riscos de
acidentes de trabalho, sobretudo os relativos a utilização de produtos agrotóxicos
(campanha de informação sobre os riscos de toxicidade e organizar a coleta dos
recipientes de veneno); a diversificação da produção agropecuária para a obtenção
de uma alimentação saudável estimulando a diversidade no consumo alimentar a
partir da própria produção e, a articulação junto à Prefeitura de São Miguel do
Iguaçu, da coleta regular do lixo reciclável (na sede da comunidade poderiam ser
colocados depósitos para a armazenagem e separação dos produtos recicláveis
onde as famílias assentadas poderiam deixá-los, facilitando a coleta, fazendo-a mais
econômica e pedagógica.).
Para a viabilização de todos os objetivos agora enumerados é necessário o
envolvimento e o esforço tanto da comunidade assentada como dos diversos
poderes públicos.

8.b.2.3. Cultura, Lazer e Esporte

A comunidade que compõe o Projeto de Assentamento já mostrou na etapa


de “acampamento”, que está finalizando com a aprovação do presente documento,
uma firme vontade de dinamizar sua vida cultural, já que entende suas práticas
como elementos de integração da comunidade, assim como instrumentos de
fortalecimento da identidade das famílias assentadas.
O contexto camponês possui uma estruturação, uma escala de valores e
tradições próprias, que o Plano de Desenvolvimento do Assentamento não só tem
que respeitar como também potencializar. Assim, é preciso respeitar e incentivar as
diversas formas culturais e de diversão existentes, as quais são expressivas do
campesinato.
A identidade cultural que possui toda comunidade precisa de espaços onde
possa se viabilizar. É por esse motivo que os objetivos neste tópico visam promover

PDA Antônio Companheiro Tavares 95


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a qualidade de vida para toda a comunidade, por meio dos benefícios trazidos na
prática do lazer.
Assim, desde antes do inicio da elaboração do PDA a conhecida área
comunitária foi definida pela comunidade como centro destas atividades. E lá que
atualmente se encontram a Igreja, o campo de futebol e o Centro Comunitário, e
também será dentro do seu perímetro que será construída a futura Escola Municipal
de Ensino Fundamental Básico.
No caso concreto do P.A. ACT, uma boa parte das infra-estruturas básicas
para facilitar o lazer e a prática do esporte já foram construídas pelos próprios
assentados e, na maioria de casos, se trataria mais de um trabalho de consolidação
ou melhoramento das instalações já existentes.

8.b.2.4. Habitação

O P.A. Antônio Companheiro Tavares é um caso nada paradigmático da


realidade habitacional dos assentamentos de reforma agrária no Estado do Paraná.
Nesse aspecto, o P.A. já está perfeitamente consolidado e as famílias que
serão assentadas lá já foram beneficiadas com o crédito habitação do INCRA, e
também foi complementado com outro crédito de caráter habitacional, da Caixa
Econômica Federal.

PDA Antônio Companheiro Tavares 96


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8.b.3. PROGRAMA PRODUTIVO

Com base no levantamento das características físicas da área do diagnóstico da


economia regional e das experiências já vividas pelas famílias do P.A.,
determinaram-se as principais atividades agropecuárias componentes de um
sistema familiar de produção para o investimento, quais sejam:
1. produção de alimentos para o auto-sustento:
2. bovinocultura de leite;
3. mandiocultura;
4. fruticultura;
5. pequenos animais galinha caipira e porcos;
6. milho e soja.
Tão importante quanto a definição da própria linha de produção é o
aperfeiçoamento das estratégias experimentadas pelas famílias a fim de agregar
valor buscar o alimento de estabilidade, baseado na diminuição da dependência de
financiamento e custeios constantes; na produção de alimentos proporcionam da
diminuição dos gastos com supermercados e na conversão à agroecologia o que
leva, entre outros benefícios ao aumento da sanidade e equilíbrio ecológico do
agroecossistema.
A experiência vivida pelas famílias do P.A. Antônio Companheiro Tavares
está baseada na diminuição da dependência de financiamento e custeios
constantes, na produção de alimentos que proporcionam diminuição dos gastos com
supermercados e na conversão à agroecologia, o que leva, entre outros benefícios,
ao aumento da sanidade e equilíbrio do agroecossistemas.

8.b.3.1. Determinação do tamanho das parcelas familiares a serem


implantadas no P.A.

Com base nos resultados da capacidade de uso da terra (mapa A7) e com
referência nos números presentes nos custos e rentabilidades da produção desta
região, e ainda buscando sempre partir dos conhecimentos e saberes detidos pelas
famílias, ou seja, considerando as culturas e tecnologias usadas, ou mais aptas à

PDA Antônio Companheiro Tavares 97


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agricultura camponesa determinamos os tamanhos das parcelas das unidades de


produção.
Utilizou-se então as culturas mais aceitas pela população, ou seja, aquelas
cuja os agricultores assentados já demonstram domínio. Dentre essas, seleciona-se
algumas cujo conjunto pode resultar em um sistema harmonioso, com agregação de
valor entre os diversos produtos, como soja e milho destinado a alimentação animal,
cujo valor do leite ou da carne se justifica.
A simulação representativa obedece à razão da menor renda proporcionada
pelo sistema mais adequado, ou seja, entre as atividades mais adequadas para as
realidades de escala e da região, uma família pode, ao constituir seu sistema,
introduzir diferenças de tecnologia, proporção entre as culturas, ou ainda algumas
forma de agregar valor aos alimentos produzidos que tenderá a gerar maior
rentabilidade financeira. Ainda, esta razão segue a lógica da maior segurança de
sustentabilidade das famílias assentadas.
Como critério de renda mínima esperada, foi admitido a referência utilizada
pelo INCRA-PR, de renda líquida de três a quatro salários mínimos por mês.
Em todos os sistemas simulados, foi destinado uma área mínima para
produção de alimentos para auto-consumo, cuja referência foi determinada a partir
da existência de área similar na região de estudo. Desta forma, não se trataria de
propor alimentação ou sistema estranhos para a população nem tão pouco para
aptidão edafo-climática.

Simulação de sistemas camponeses de produção na unidade de paisagem


presente no P.A. Antônio Companheiro Tavares

Tabela 27: Sistema 1: Auto-sustento + leite + grãos


SISTEMA DE PRODUÇÃO ÁREA (ha)

Residência e auto-sustento 1,50


Leite 2,50
Milho 3,00
Soja 3,00
Sistema: auto-sustento + leite + grãos 10,00
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 98


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Tabela 28: Síntese dos resultados econômicos do sistema 1, tecnologia convencional


ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 296,46 3.557,50
Milho 239,62 2.875,44
Soja 131,52 1.578,27
TOTAL R$ 921,62 R$ 11.059,51
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 29: Síntese dos resultados econômicos do sistema 1, tecnologia transição à


agroecologia
ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
auto-consumo 254,03 3.048,30
leite 386,83 4.642,00
milho 258,88 3.106,50
Soja 187,58 2.250,99
TOTAL R$ 1.087,32 R$ 13.047,79
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Simulação de sistemas camponeses de produção na unidade de paisagem


presente no P.A. Antônio Companheiro Tavares

Tabela 30: Sistema 2: Auto-sustento + leite + grãos


SISTEMA DE PRODUÇÃO ÁREA (ha)
Residência e auto-sustento 1,50
Leite 4,50
Milho 2,00
Soja 2,00
Sistema: auto-sustento + leite + grãos 10,00
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 31: Síntese dos resultados econômicos do sistema 2, tecnologia convencional


ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 533,63 6.403,50
Milho 159,75 1.916,96
Soja 87,68 1.052,18
TOTAL R$ 1.035,09 R$ 12.420,94
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

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Tabela 32: Síntese dos resultados econômicos do sistema 2, tecnologia transição à


agroecologia
ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 696,30 8.355,60
Milho 172,58 2.071,00
Soja 125,06 1.500,66
TOTAL R$ 1.247,97 R$ 14.975,56
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Simulação de sistemas camponeses de produção na unidade de paisagem


presente no P.A. Antônio Companheiro Tavares

Tabela 33: Sistema 3: Auto-sustento + grãos + leite + abacaxi


SISTEMA DE PRODUÇÃO ÁREA (ha)
Residência e auto-sustento 1,50
Leite 4,50
Milho 2,00
Abacaxi 2,00
Sistema: auto-sustento + leite + grãos + abacaxi 10,00
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 34: Síntese dos resultados econômicos do sistema 3, tecnologia convencional


ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 533,63 6.403,50
Milho 159,75 1.916,96
Abacaxi 1.298,15 15.577,80
TOTAL R$ 2.245,56 R$ 26.946,26
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 35: Síntese dos resultados econômicos do sistema 3, tecnologia transição


à agroecologia*
ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 696,30 8.355,60
Milho 172,58 2.071,00
Abacaxi (convencional) 1.298,15 15.577,80
TOTAL R$ 2.421,03 R$ 29.052,40
*exceção para cultura do abacaxi.
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 100


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Simulação de sistemas camponeses de produção na unidade de paisagem


presente no P.A. Antônio Companheiro Tavares

Tabela 36: Sistema 4: Auto-sustento + grãos + leite + mandioca


SISTEMA DE PRODUÇÃO ÁREA (ha)
Residência e auto-sustento 1,50
Leite 4,50
Milho 2,00
Mandioca 2,00
Sistema: auto-consumo + leite + grãos + mandioca 10,00
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 37: Síntese dos resultados econômicos do sistema 4, tecnologia convencional*


ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 533,63 6.403,50
Milho 159,75 1.916,96
Mandioca (transição) 610,34 1.220,68
TOTAL R$ 1.557,75 R$ 25.589,44
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 38: Síntese dos resultados econômicos do sistema 4, tecnologia transição à


agroecologia
ATIVIDADE RENDA LÍQUIDA MENSAL (R$) RENDA LÍQUIDA ANUAL (R$)
Auto-sustento 254,03 3.048,30
Leite 696,30 8.355,60
Milho 172,58 2.071,00
Mandioca (transição) 610,34 1.220,68
TOTAL R$ 1.733,25 R$ 14.695,58
Fonte: Estudo de caso no P.A. ACT, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Portanto, entre os arranjos possíveis de constituição de sistemas produtivos


para o P.A. Antônio Companheiro Tavares, aqueles geradores de renda mínima
exigida nos critérios utilizados pelo INCRA, oportunamente, três salários mínimos
mensais, definem como uma parcela modal de 10,00 hectares.

PDA Antônio Companheiro Tavares 101


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8.b.3.2. Produção de alimentos para auto-sustento

Em pesquisa realizada a campo, na mesma região do P.A. Antônio


Companheiro Tavares, constatou-se a existência de sistemas camponeses com
elevada diversidade de alimentos produzidos, sendo a área necessária para essa
produção relativamente pequena.
A integração entre as diversas espécies, neste sistema, é intensa,
caracterizando-se como um enorme consórcio. O manejo exige habilidade,
principalmente quanto à época de plantio, que se estende durante todo o ano, e na
produção de sementes, em detrimento da força física.
Há o reaproveitamento de palhas, cascas, podas e de alimentos da cozinha.
O aproveitamento de espaço é impressionante e o sistema funcional em alta
sinergia.
As variedades e quantidades de alimentos proporcionam alimentação
saudável para a família, atingindo uma meta fundamental da reforma agrária, que é
a melhoria da qualidade de vida da população brasileira sem terra. Os custos com
supermercados são restringidos ao máximo, o que eleva à economia dos recursos
que entram.
A produção dos alimentos de auto sustento pelos princípios da agroecologia
tem o objetivo de oferecer alimentos saudáveis para oferecer qualidade de vida a
família camponês alem de gerar renda com grande diversidade de produtos como
olerícolas, frutas, grãos e criação de animais de pequeno porte.

8.b.3.3. Bovinocultura de leite

Recomenda-se a técnica do Pastoreio Racional Voisin (PRV), onde, procura-


se manter um equilíbrio do trinômio solo-capim-gado, sem beneficiar um em
detrimento de outro. Isto é obtido, quando se consegue que o gado colha o capim
sempre próximo do seu ponto ideal de desenvolvimento. Sendo que, para atender a
este preceito, é necessário que o gado seja muito bem conduzido no seu "encontro
com o pasto". O gado só deve entrar em um piquete quando este completar um
período de “repouso”, suficiente para o capim atingir o seu ponto ótimo de
desenvolvimento, passado pelo período de crescimento mais acelerado e ter

PDA Antônio Companheiro Tavares 102


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

acumulado reservas nas raízes, que permitam um vigoroso início de rebrote. Por
outro lado, a permanência do gado num piquete não deve ultrapassar 3 dias, sendo
o ideal a permanência de apenas 1 dia. Para tornar possível o atendimento destas
regras, a pastagem deve ser dividida em um número adequado de piquetes, sendo o
mínimo de 20. Quanto maior for o número de divisões, mais liberdade de ação terá o
condutor do manejo. Cinqüenta piquetes têm sido considerados um número ideal
para um módulo autônomo de Pastoreio Racional.
O método conhecido como Pastoreio Voisin (PV) constitui-se numa tecnologia
de processo que atende as melhores exigências para o crescimento e
desenvolvimento das pastagens e atendimento das necessidades dos animais em
pastoreio. Através dos tempos de repouso concedidos aos piquetes, proporciona-se
às plantas todas as condições para que possam crescer sem interrupções ou
agressões, até que atinjam um novo ponto de corte. Os animais, uma vez por dia,
todos os dias (no gado leiteiro, duas vezes), saem de uma parcela semi-pastoreada,
de odor desagradável, na qual depositaram seus excrementos, e vão para uma
nova, de pasto fresco e odor agradável. Esse manejo diário é o mais poderoso
indutor de consumo de pasto verde nos sistemas rotativos de utilização de
pastagens. Além de todos os benefícios ecológicos, essa produção reduz os custos,
o que é o anseio dos acampados de gado de leite, cuja maioria enfrenta os baixos
rendimentos econômicos de suas propriedades.
A princípio, a adoção do Sistema de Pastoreio Racional Voisin, permite
alcançar, entre outras, as seguintes vantagens, em comparação ao tradicional
sistema de pastoreio contínuo:
- Aumento da produtividade da pastagem.
- Melhoria da qualidade das pastagens, tornando desnecessárias as
reformas.
- Maior facilidade de manejo.
- Maior economia em suplementos e medicamentos.
- Maior facilidade para produção de "Leite Ecológico".
- Mais gado e mais lucro por unidade de área.

PDA Antônio Companheiro Tavares 103


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Alimentação
As principais pastagens a ser cultivada no P.A. é o Napier Roxo, Estrela
Africana, Tifton Mambaça. Também pode ser implantados o Tansânia e as
leguminosas: Amendoim Forrageiro, Soja Perene e Trevo Visiculosos, objetivando a
melhorar a qualidade nutricional do pasto realizando consórcio de leguminosas com
gramíneas e assim obter o melhor resultado na produção de leite. A quantidade de
leguminosa deverá ser controlada não passando de 20% da pastagem em sistema
de consórcio aumentando assim a digestibilidade das forrageiras pelos animais.
Realizar plantio de leucena e angico, arbóreas que possui um rápido
desenvolvimento vegetativo e captam nitrogênio do ar e fixam no solo, dentro dos
piquetes para sombreamento dos animais no pasto.
Recomendamos também que para esse tipo de sistema é necessário um
sistema hidráulico que possua alcance em todos os piquetes distribuindo água e
facilitando assim o acesso dos animais aumentando o consumo de água e em
conseqüência a produtividade.
Utilizar sal mineral que é um fato determinante para o bom desenvolvimento
produtivo do gado para suprir todas as necessidades minerais do organismo animal.
É necessário que junto com os lotes de pastoreio acompanhe um cocho de contento
de sal mineral que é fornecido para o consumo dos animais.

Raça
Os animais a serem adquiridos são o Zebuíno de raça Gir Leiteiro. Os níveis
de produção do Gir leiteiro apresentam produtividade mais do que adequada para o
clima da região do P>A e condições de criação, existindo variabilidade genética
capaz de sustentar um programa de seleção visando o melhoramento. A
percentagem de gordura é alta (em torno de 5%).
A persistência da lactação não é problema nestes rebanhos, com vacas
produzindo leite além de 305 dias. Sua produtividade média (3.233 kg) torna
possível manter o rebanho com níveis de suplementação mínima, com possibilidade
de ser mantida apenas com manejo em pastagens melhoradas. No período da
estação seca, as vacas não apresentam queda na produção de leite, desde que
atendidas em termos de exigência nutricional mínima para seus níveis de produção.
Os animais são extremamente dóceis, de boa índole e lida fácil, facilitando o
esquema de criação confinada.

PDA Antônio Companheiro Tavares 104


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

As vacas gir se adaptam facilmente à ordenha, mesmo aquelas mais velhas,


que foram criadas no sistema de cria ao pé. O bezerro é facilmente criado, com
aleitamento artificial usando mamadeira ou com acesso a um dos peitos durante ou
após a ordenha. As vacas gir permitem, sem restrição, a utilização de ordenharia
mecânica.
O gir leiteiro expressa seu potencial produtivo com menos alimento e sofre
menos com a restrição alimentar, pois sua exigência, seu índice de metabolismo e
de ingestão de alimentos é mais baixo em relação às raças taurinas, sendo
necessário menor reposição alimentar.

Infra-estrutura Básica
O sistema proposto pressupõe alguns investimentos básicos para seu
funcionamento, a saber:
- Construção ou adaptação de um curral de ordenha, com piso calcetado e
coberto, com capacidade para pelos menos três animais por vez;
- Construção de um canzil para contenção, associado a cocho para
administração de concentrados durante a ordenha;
- Construção ou adaptação de um pequeno curral de espera para os
bezerros, anexo à sala de ordenha;
- Instalação de sistema hidráulico para lavagem de mãos e tetas dos animais:
tanque de 500 litros + 12 metros de canos de PVC (1/2") e mangueiras de jardim
dotadas de pistolas nas extremidades.

Preparação das vacas


A preparação adequada da vaca para ser ordenhada traz vantagens como a
maior produção e maior velocidade de ordenha (maior descida do leite), além da
melhoria da qualidade do leite e da saúde dos animais. As vacas devem estar
calmas e limpas antes da ordenha; o bem-estar animal deve ser assegurado por
uma boa interação entre o homem e o animal. Para tanto, a manutenção de uma
rotina de ordenha e das demais atividades relacionadas é de grande importância.
A preparação das tetas para ordenha, após contenção da vaca, apojo e
contenção do bezerro, deve constar de exame e descarte dos primeiros jatos de leite
com o objetivo de identificar casos de mastite clínica e evitar a contaminação do leite
do rebanho. Na seqüência, deve-se proceder a lavagem e a secagem das tetas. O

PDA Antônio Companheiro Tavares 105


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procedimento de lavar as tetas com água sanitizada e secá-las com papel toalha
reduz significativamente o número de bactérias na superfície das tetas. É
desaconselhável o uso de toalhas coletivas.

Cuidados pós-ordenha
Realizada a ordenha, o leite deve ser filtrado ao ser transferido dos baldes
para os latões devidamente higienizados e colocados em suportes elevados do chão
para evitar contaminação por respingos de fezes e urina que normalmente ocorrem
durante o apojo. Um detalhe importante é sempre pendurar o balde quando não
estiver sendo usado, para que não entre em contato com superfícies sujas.
Completada a ordenha, vaca e bezerro são soltos para um pequeno piquete
onde permanecem até o final de toda a ordenha do rebanho, permitindo que os
bezerros mamem o leite residual antes da apartação. É de extrema importância que
as vacas permaneçam em pé por pelo menos 30 minutos para que os esfíncteres
das tetas se fechem, impedindo assim a entrada de microrganismos causadores da
mamite, o que acontece quando elas se deitam dentro do curral.

8.b.3.4. Cultura da Mandioca

Esta cultura está presente no município e tem produtividade média de 22


toneladas por hectare, o que proporciona rendas relativamente boa, quando
comparados a outras culturas anuais, e é considerada de fácil manejo.
Possui facilidades de comercialização, uma vez que há instaladas na região,
indústrias de fécula e de farinha.
Entre as vantagens da cultura está a possibilidade de uso da raiz, ramas e
folhas no arraçoamento, tanto para bovinocultura de leite, quanto para pequenos e
médios animais.
A opção por variedades próprias para consumo humano abre a possibilidade
de aumento de renda, uma vez que esta pode ser vendida para mercados, frutarias,
restaurantes e lanchonetes, ou ainda diretamente para aos consumidores finais.
A possibilidade de consorciação com abóbora, melancia, melão, amendoim,
entre outros, não releva a necessidade de rotação dessa cultura, principalmente com
adubos verdes.

PDA Antônio Companheiro Tavares 106


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As primeiras condições para obtenção dos índices satisfatórios para essa


atividade são:
a) utilização de ramas sadias;
b) opção por variedades diversificadas;
c) realização de podas, para aproveitamento da parte aérea, como ração; e
d) utilização de força de trabalho própria, quando possível trocar “dias de
serviço” entre os vizinhos.

8.b.3.5. Fruticultura

Esta atividade já tem sido experimentada pela comunidade durante esse


período de pré-assentamento (acesso a terra e ainda não aos recursos de
investimentos) e demonstra ótimos resultados, tanto produtivos quanto econômicos.
O zoneamento desta região do Estado confirma a aptidão de diversas
espécies, o que proporciona facilidade de escolha na definição de quais plantar,
inclusive facilitando a biodiversidade.
Uma estratégia útil também para agregar valor a esses produtos é a venda
direta ao consumidor, já experimentada pelas famílias do P.A. Essa forma de
agregação de valor foi citada como uma das mais positivas nas pesquisas realizadas
pela Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil – CONCRAB, no
ano de 2002 em assentamento de reforma agrária.
As primeiras condições para obtenção dos índices satisfatórios para essa
atividade são:
a) optar pelo manejo agroecológico;
b) implantar mais que uma espécie;
c) manter-se associado, para efetuar as venda; e
d) instituir o princípio da alternatividade.
O manejo da área deverá ser feita com a introdução de cultura de adubação
verde facilitando o controle de ervas espontâneas. Esse manejo ajuda na
manutenção da fertilidade e umidade do solo trazendo resultados positivos para o
desenvolvimento das frutíferas e controle de “pragas” e doenças atuando de forma
preventiva, garantindo desta forma êxito e eficácia na produção com a viabilidade
técnica, produtiva e ambiental.

PDA Antônio Companheiro Tavares 107


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As frutíferas que podem serem trabalhadas no P.A. são: citrus, ameixa,


banana, manga, acerola, jabuticaba, pêssego e goiaba, tendo o abacaxi como a
principal fonte de renda. Estas culturas podem ser consorciado com feijão-de-
porco, feijão-guandu, mucuna-anã, girassol, milho verde, todas elas introduzidas no
ciclo das águas. Todas estas culturas cumprem a função de ciclagem dos nutrientes,
produção de matéria orgânica provocando melhoramento das condições físicas e
químicas do solo tendo como resultado aumento da produtividade.
A época do plantio do abacaxi em cultivo de sequeiro recomenda-se realizar o
plantio no final da estação seca e início da estação chuvosa. Em culturas irrigadas, o
plantio pode ser realizado durante o ano todo.
O cultivar a serem trabalhadas é a Pérola também conhecida, como
Pernambuco ou Branca de Pernambuco. Caracteriza-se por apresentar plantas
eretas, folhas longas providas de espinhos, pedúnculos longos, numerosos filhotes e
poucos rebentões. O fruto é cônico com casca amarelada, polpa branca, pouco
ácida, suculenta, saborosa, peso médio entre 1 e 1,5 kg e apresenta coroa grande.
Suscetível a fusariose e à cochonilha.
Para aumentar as chances de êxito na exploração comercial de abacaxi é
fundamental o uso de material propagativo de alta qualidade. Para se obter mudas
de boa qualidade, estas devem ser retiradas de plantas sadias, livres de ataques de
pragas e doenças, vigorosas, devendo-se descartar rigorosamente, aquelas que
apresentarem sinais de goma ou resina. Para implantação da cultura pode-se utilizar
vários tipos de mudas.
O plantio pode ser feito em covas ou sulcos que devem ter entre 10 e 15 cm
de profundidade. Não havendo sulcador, pode-se abrir as covas com enxada, pá de
plantio tipo havaiano ou com coveadeira (mecanizada). O plantio das mudas pode
ser feito em filas simples ou duplas; dar preferência ao sistema de fileiras duplas. Em
terrenos com declive, dispor as covas ou sulcos em curva de nível. Após a abertura
das covas ou sulcos, faz-se a distribuição das mudas. Nesta ocasião, o plantio deve
ser realizado por quadras, separando-se as mudas por tamanho e tipo, tomando-se
o cuidado de evitar que caia terra no "olho" da planta.
A distância entre as plantas pode variar de acordo com a variedade, o destino
da produção, o nível de mecanização e outros fatores. Sendo que, os plantios mais
adensados tendem a proporcionar maiores produções por área e menor tamanho de
frutos

PDA Antônio Companheiro Tavares 108


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Espaçamentos recomendados para a cultura do abacaxizeiro


Tipo de plantio Distância entre filas e plantas (m) Plantas/ha
Filas simples 0,90 x 0,30 37.000
0,80 x 0,30 41.600
Filas duplas 0,90 x 0,40 x 0,40 38.460
0,90 x 0,40 x 0,35 43.950
0,90 x 0,40 x 0,30 51.280
Fonte: Embrapa Fruticultura

As atividades de colheita compreendem os cuidados na fase imediatamente


anterior a colheita (pré-colheita), determinação do ponto de colheita, decisão de
colheita e transporte do campo até o galpão pós-colheita (local destinado à seleção,
tratamento e acondicionamento para encaminhar para a comercialização). O abacaxi
não amadurece após a colheita, sendo portando necessário sua colheita após seu
completo desenvolvimento fisiológico. A concentração de açúcares deve ser medida
com um refratômetro e deve ser maior que 19° Brix no verão e 14,5° Brix no inverno.
Os frutos devem ser colhidos em estádios de maturação diferentes, de acordo com o
seu destino e a distância do mercado consumidor.
O manejo da soca (segundo ciclo) considera-se como segunda colheita a
produção obtida de brotações da planta-mãe, após a retirada do primeiro fruto. Em
plantios bem conduzidos, com bom estado fitossanitário, pode-se colher uma 2ª
safra (soca) desde que, as brotações recebam alguns tratos culturais necessários ao
seu desenvolvimento, como: controle de ervas espontâneas, adubação (metade da
recomendada no 1º ciclo caso seja necessário) a indução floral entre 6 a 8 meses
após a primeira colheita e controle fitossanitário.

8.b.3.6. Pequenos e médios animais

1) Galinhas Caipiras
A opção pela criação de galinhas caipiras tem sua justificativa, quando da
utilização de técnicas apropriadas de otimização de alimentos disponíveis.
Esse alimento tem ótimo preço final, e geralmente está escasso no mercado.
É de grande aceitação pela população urbana, que mantém recordações da cultura
camponesa vivida pela maioria dos brasileiros em décadas anteriores.

PDA Antônio Companheiro Tavares 109


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A utilização de pastoreio rotacionado e arraçoamento produzido pelo próprio


sistema tem demonstrado ótimos resultados produtivos.
Essas técnicas, aliadas à venda direta ao consumidor, elevam a criação de
galinhas caipiras para lugar de destaque como linha de produção para as famílias
assentadas. As raças: 7P, Pesadão e Caipirão estão apresentando ótimos
resultados de campo em assentamentos acompanhados pela ATES/COTRARA.
As primeiras condições para obtenção dos índices satisfatórios para essa
atividade são:
a) produção própria da ração;
b) realização completa do programa de vacina para aves;
c) manejo preventivo sanitário; e
d) instalação de piquetes e abrigo.

2) Criação de Porcos Caipiras


O pouco espaço demandado para essa atividade, a ótima aceitação dos
produtos pelos mercados, a diminuição dos custos de produção pela própria
produção da ração, são características que destacam esta atividade como ótima
opção entre as linhas de produção para esse assentamento.
Da mesma forma que para a criação de galinhas caipiras, há técnicas
desenvolvidas para melhor desenvolvimento desta espécie. Mantendo elevada a
conversão alimentar, mas principalmente a relação peso x custo. O Pastoreio
Racional Voisin comprovou sua eficácia também na criação de suínos.

8.b.3.7. Milho e Soja

Culturas comuns à grande maioria dos agricultores desta região e já praticada


pelos assentados deste assentamento. Porém, para a venda de grãos sua
rentabilidade exige escalas altíssimas o que evidentemente não é o caso das
famílias assentadas no P.A. Desta forma, a produção de milho e soja é vista como
linha de produção devido a grande produtividade alcançada nesta região, o que
permite acesso a alimentos baratos cuja a finalidade seja a produção de ração para

PDA Antônio Companheiro Tavares 110


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os animais, bem como a finalidade de renda e para auto-consumo uma vez que
carnes, ovos e leite são alimentos básicos na mesa do brasileiro.
As primeiras condições para obtenção dos índices satisfatórios para essa
atividade são:
a) optar por sementes crioulas e varietais;
b) realizar rotação de culturas;
c) plantio direto
d) utilizar adubação verde; e
e) realizar secagem e armazenamento no próprio lote.

8.b.3.8. Melipinocultura

A implantação de módulos de melíponas será associada aos sistemas


agroflorestais, para que possa favorecer a comunidade local uma segurança
alimentar, medicinal e econômica em curto espaço tempo.
A melipinocultura é uma atividade sustentável, já que adota formas de
consumo, produção e reprodução que respeitam e salvaguardam os direitos
humanos e a capacidade regeneradora da terra.
Propõe-se realizar oficinas e acompanhamento extensionista onde os
seguintes assuntos são abordados: o papel ecológico das abelhas, destacando a
interação com as plantas e os tipos e formas de alimentação nas épocas adequadas
e as abelhas como componentes de Sistemas Agroflorestais; a importância de se
utilizar o recurso sem destruir, permitindo que os enxames se multipliquem através
de divisões artificiais, através do método d e perturbação mínima; o valor nutricional
e medicinal do produto; as técnicas de manejo e a confecção de caixas racionais
com material local.
Para a implantação e produção de mel recomenda-se a seguinte técnica:
a) Cavaletes, para colocar as caixas, de dois metros de comprimento, com
espaçamento entre eles de três metros. Duas caixas por cavalete;
b) Oito caixas de abelha em trinta e cinco metros quadrados;
Máximo de cinqüenta caixas por hectare, depende da disposição de flores
para alimento; cada caixa pode produzir até vinte quilos de mel por ano (valor
médio/baixo);

PDA Antônio Companheiro Tavares 111


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8.b.4. PROGRAMA AMBIENTAL

Com base nas condições naturais decorrentes do presente estudo e norteado


pela legislação ambiental vigente, será sugerido um manejo compatível com a área e
com os objetivos do assentamento, sem, no entanto, desviar-se dos anseios dos
futuros assentados, em um trabalho cooperativo e integrado.
Infelizmente, a região na qual está inserido o P.A. Antônio Companheiro
Tavares sofreu forte interferência antrópica, perdendo quase toda cobertura florestal
nativa por substituição destas áreas para a colonização, para as culturas anuais e
amplas pastagens. Restaram apenas alguns poucos e pequenos fragmentos, dentre
os quais o maior é o Parque Nacional do Iguaçu, que ainda guarda as características
naturais da região.
Ainda, muitos destes poucos remanescentes foram significativamente
alterados pela exploração seletiva de algumas espécies de interesse comercial e alto
valor econômico, e sofrem os efeitos do uso inconseqüente das áreas em seu
entorno (forte efeito de borda). Contudo, ainda resguardam espécies e
características ecológicas bastante significativas ao ecossistema local, devendo a
sua conservação e preservação figurar entre as prioridades do presente PDA no
planejamento do P.A. Antônio Companheiro Tavares, cumprindo com sua função
ambiental e social, enquanto área pertencente ao corredor ecológico Iguaçu-Paraná,
servindo, de maneira íntegra, ao bem estar dos assentados.
Assim, contando com a participação ativa e constante dos assentados na
manifestação de seus interesses sobre a área e, ainda, com a disponibilidade de
uma equipe de assessoria técnica fixa e local (ATES) para o P.A., buscar-se-á
alternativas que visem à melhoria ambiental e de todo o assentamento, buscando
sua recuperação e conservação, sem, no entanto, aumentar o grau de interferência
antrópica negativa sobre as áreas naturais.
A seguir, são sugeridas algumas alternativas exeqüíveis para o
desenvolvimento sustentável do Projeto de Assentamento Antônio Companheiro
Tavares, tendo em vista suas potencialidades e limitações já descritas neste
documento.

PDA Antônio Companheiro Tavares 112


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8.b.4.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

As Áreas de Preservação Permanente do P.A. Antônio Companheiro Tavares


encontram-se, em parte com cobertura nativa secundária, e parte com plantio
comercial de eucalipto. A soma das APP’s do P.A. é de 4,5400 hectares (o que
corresponde a 0,41% da área total do P.A.).
Esta pequena quantidade de APP’s deve-se, principalmente, a escassez de
nascentes e rios na propriedade do P.A. Há apenas duas nascentes na área, e
ambas têm suas áreas próximas da área do arroz ecológico e dos açudes.

APP’s com vegetação nativa

Por tratar-se de áreas com vegetação em estágio inicial e médio, recomenda-


se que sejam tomadas medidas que corroborem para a continuidade do processo de
regeneração natural, uma vez que a área está pouco impactada, mantendo as
características bióticas e abióticas originais do meio.

Substituição de floresta homogênea de Eucalyptus nas Áreas de Preservação


Permanente

Outra medida a ser tomada, e de extrema importância neste programa


ambiental, é a substituição dos plantios homogêneos de Eucalyptus, implantados em
áreas de preservação permanente, procedendo ao plantio de espécies nativas.
Sabe-se ainda que, nas áreas de Preservação Permanente, é vedada a
supressão total ou parcial da vegetação, bem como o desenvolvimento de qualquer
atividade com utilização econômica direta não autorizada pelos órgãos ambientais,
salvo os casos prioritariamente motivados obras enquadradas como de interesse
social ou utilidade pública.
Entretanto, o conceito de que estas áreas são intocáveis não pode ser
aplicado em 100% dos casos. Neste caso, a área de preservação permanente nativa
foi suprimida ilegalmente pelo antigo proprietário do imóvel. Ainda, houve o plantio
de espécie exótica – altamente impactante para o ambiente.

PDA Antônio Companheiro Tavares 113


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Como área prioritária para a conservação dos recursos naturais, não se pode
permitir que as áreas de preservação permanente sejam compostas por espécies
exóticas.
Agora o que se propõe é que seja realizada a substituição do eucalipto. Isso
deve ocorrer paulatinamente, conforme os indivíduos atinjam idade comercial para o
corte e venda. Em seguida, deve-se proceder à recuperação da área com o plantio
de espécies nativas da região do P.A.
O estabelecimento de um programa destinado à substituição de espécies
exóticas nas Áreas de Preservação Permanente não só é recomendável, como é
ideal e necessário ao bem-estar sócio-ambiental de um Projeto de Assentamento ou
de outra obra de qualquer natureza.
A Resolução nº 028/98 disposta pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos do Estado do Paraná (SEMA-PR), orienta e dá margem legal
para este tipo de manejo nas Áreas de Preservação Permanente, a saber:
[...] considerando que27:
[...]
- os blocos florestais cultivados hoje formam maciços onde
não penetra luz, o que impede o crescimento de outro tipo de
vegetação em seu interior e, pela altura que atingem e seu
isolamento, são extremamente frágeis à ação dos ventos, cuja força
acaba por acarretar a quebra de árvores em grande quantidade;
- também tornam-se os povoamento florestais homogêneos
suscetíveis à infestação pela Sirex noctilio (vespa-da-madeira), como
ocorre em algumas regiões, por falta de manejo adequado em
função do impedimento legal; (grifo nosso)
- os povoamentos homogêneos, notadamente feitos com
espécies exóticas, não se constituem tecnicamente em
vegetação apropriada para melhor desempenhar o papel de
mata ciliar, aconselhando-se sua substituição por espécies
nativas de cada região, conforme estabelecido para as nascentes
de rios no parágrafo primeiro, Art. 2º da Lei Federal nº 7.754 de
1989; (grifo nosso)
- a Lei Federal nº 6.938, de 31.08.1981, que dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, tem como objetivos, além da
preservação, a melhoria e recuperação da qualidade ambiental,
compatibilizando o desenvolvimento sócio-econômico com a
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
ecológico;
- o parágrafo primeiro, Art. 6º da Lei Estadual nº 11.054 (Lei
Florestal Paranaense), de 1995, seguindo as diretrizes da Lei
Federal nº 6.938/81, estabeleceu que “a autoridade florestal criará
mecanismos e estimulará a recomposição das áreas de preservação

27
Redação extraída da Resolução nº 028/98 da SEMA-PR, que resolve sobre o Programa de
Substituição de Florestas Homogêneas com Espécies Exóticas localizadas às margens dos rios e
cursos d’água, por Florestas Heterogêneas com Espécies Nativas.

PDA Antônio Companheiro Tavares 114


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permanente degradadas ou sem cobertura vegetal”, constituindo-se


este um dos objetivos do IAP, conforme o inciso VIII, Art. 6º da Lei nº
10.066, de 1992, que criou o órgão;
- o Art. 4º da Lei Federal nº 4.771/65 (Código Florestal
Brasileiro) considera de interesse público “as medidas com o fim de
prevenir ou erradicar pragas e doenças que afetam a vegetação
florestal”;
- a substituição, de floresta homogênea com espécies
exóticas por floresta heterogênea com espécies nativas, nas áreas
de preservação permanente, trará benefícios para a conservação
da biodiversidade; (grifo nosso)

RESOLVE:

Art. 1º - Implementar, no Estado do Paraná, o Programa de


Substituição de Florestas Homogêneas com Espécies Exóticas
localizadas às margens dos rios e cursos d’água, por Florestas
Heterogêneas com Espécies Nativas, apropriadas ao desempenho
da função de preservação permanente.

O empreendedor, interessado na substituição de floresta homogênea com


espécies exóticas em área de mata ciliar – neste caso o INCRA como órgão
responsável direto pela implantação e gestão do Projeto de Assentamento, deverá
apresentar requerimento ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) (vide Resolução
completa) para o desenvolvimento desta atividade.

Recuperação

A recuperação de áreas degradadas por regeneração natural ou artificial da


vegetação está baseada nos princípios da sucessão ecológica.
Para proceder à recuperação das áreas de preservação permanente
degradadas com o plantio de eucalipto, deve-se realizar a retirada dos indivíduos
exóticos. A destoca é o primeiro dos procedimentos. Em seguida, faz-se necessário
tomar medidas para recuperação das características físicas, orgânicas e biológicas
do solo, tornando-o novamente equilibrado nestes aspectos. O plantio de espécies
pioneiras é altamente indicado para auxiliar neste processo.
Esses procedimentos endossam a técnica de implantação, recuperação
artificial realizada pela interferência antrópica.

PDA Antônio Companheiro Tavares 115


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Esta técnica é empregada em áreas degradadas e que não conservam as


características bióticas das formações florestais ciliares.
A função primordial desta técnica é estimular e acelerar o processo da
sucessão natural. As espécies devem ser introduzidas em uma seqüência quanto à
sua exigência lumínica, ou seja: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e
climácicas.
De acordo com as características de cada espécie e sua resposta fisiológica
em presença de diferentes graus de luminosidade, as espécies vegetais podem ser
organizadas em classes, a saber: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias
e climácicas.
As espécies pioneiras são aquelas plantas que apresentam crescimento
rápido, germinação e desenvolvimento a sol pleno. São conhecidas também por
espécies heliófitas, ou seja, aptas a altos índices lumínicos. Produzem muitas
sementes, em geral, com dormência e são dispersas, predominantemente, por
animais. Têm grande capacidade de adaptação em áreas degradadas.
O grupo das espécies secundárias é o mais abundante em número de
espécies. São plantas que se desenvolvem em pequenas clareiras. Suas sementes
germinam na sombra, mas para o seu desenvolvimento elas precisam de sol,
adaptadas à condições intermediárias de luminosidade. Este grupo é subdividido
entre as espécies secundárias iniciais e as secundárias tardias.
Por fim, o grupo das espécies climácicas reúne árvores com crescimento
lento, adaptadas a baixos índices de luminosidade. Os processos de germinação e
desenvolvimento ocorrem melhor à sombra, mas para seu desenvolvimento posterior
precisam de sol.
O modelo ideal é de 50% de espécies pioneiras, 30% de espécies
secundárias de rápido crescimento e 20% de secundárias de crescimento lento e
climácicas, devendo o plantio obedecer a esses critérios de implantação.
A implantação normalmente é efetuada pelo plantio de mudas, podendo-se
considerar a semeadura em locais mais propícios, principalmente das espécies do
estágio das pioneiras.
A recomendação é que se utilize um grande número de espécies para gerar
diversidade florística, imitando, assim, uma floresta nativa. Isto se justifica pelo fato
de que as florestas com maior diversidade apresentam maior capacidade de
recuperação de possíveis distúrbios, melhor ciclagem de nutrientes, maior

PDA Antônio Companheiro Tavares 116


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atratividade à fauna, maior proteção ao solo de processos erosivos e maior


resistência às pragas e doenças (MARTINS, 2001).
A lista de espécies indicadas, bem como as práticas de manejo e operação
para esta atividade seguem as mesmas orientações dispostas no tópico anterior,
para medidas de recuperação de áreas de preservação degradadas.

Tabela 39: Espécies arbóreas indicadas para recuperação das áreas de preservação permanente do
P.A. Antônio Companheiro Tavares
NOME GRUPO 28
NOME CIENTÍFICO CARACTERÍSTICAS
POPULAR ECOLÓGICO
29
Allophylus edulis vacum pioneira Planta semidecídua, esciófita , pioneira e seletiva
30
higrófita . Ocorre em capoeiras, capoeirões e
matas mais abertas situadas sobre solos rochosos.
Produtora de frutos apreciados por pássaros, não
pode faltar nos reflorestamentos de áreas
degradadas. As flores são melíferas.
31
Croton floribundus capixingui pioneira Planta decídua ou semidecídua, heliófita , pioneira,
característica de matas secundárias da floresta
semidecídua. Produz anualmente grande
quantidade de sementes, cuja dispersão é apenas
local pela deiscência explosiva dos frutos. As flores
são melíferas. A árvore é tolerante à áreas abertas,
sendo útil para plantios mistos em reflorestamentos
de áreas degradadas de preservação permanente.
Inga marginata ingá-feijão pioneira Planta semidecídua, heliófita, seletiva higrófita e
pioneira, característica da mata pluvial Atlântica e
Amazônica, ocorrendo também na floresta
latifoliada semidecídua da bacia do Paraná, onde
ocorre preferencialmente na vegetação secundária,
situada em solos úmidos. Igualmente abundante na
orla das matas, beira de rios e ao longo de
estradas. Produz anualmente abundante
quantidade de sementes viáveis.
Pterogyne nitens amendoim-bravo pioneira É característica da floresta latifoliada semidecídua e
da caatinga. Apresenta ampla, porém descontínua
dispersão nas formações secundárias em vários
estágios da sucessão vegetal. A árvore, pela
rusticidade e rapidez de crescimento, é ótima para
plantios mistos em áreas degradadas de
preservação permanente.
Rapanea ferruginea capororoca pioneira Planta seletiva higrófita, característica de formações
secundárias como capoeiras e capoeirões. Prefere
encostas e beira de córregos, ocorrendo até
altitudes acima de 2.000 m.
Sapium glandulatum leiteiro pioneira Espécie decídua, heliófita ou de luz difusa e seletiva
higrófita. É encontrada com freqüência em sub-
bosques de pinheirais parcialmente devastados, em
capões e capoeirões de altitude. Pode ser
empregada em reflorestamentos heterogêneos.

28
Lorenzi, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil (2002).
29
Plantas adaptadas a baixos índices de luminosidade.
30
(1) Planta que adapta com facilidade com a umidade ou que só vegeta com a umidade. (2) Vegetação
adaptada a viver em ambiente de elevado grau de umidade (Resolução CONAMA 012/94). (3) Espécie vegetal
que só se encontra em ambientes úmidos e que se caracteriza por grandes folhas delgadas, tenras e com ponta
afilada (Fonte: Glossário Ambiente Brasil).
31
Planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta.

PDA Antônio Companheiro Tavares 117


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NOME GRUPO
NOME CIENTÍFICO CARACTERÍSTICAS
POPULAR ECOLÓGICO
Zanthoxylum rhoifolium mamica-de-porca pioneira Aparentemente é indiferente às condições físicas
dos solos. Característica da floresta latifoliada
semidecídua da bacia do Paraná. É encontrada
principalmente nas formações abertas e
secundárias. Planta pioneira e rústica, é
indispensável nos reflorestamentos mistos em
áreas degradadas de preservação
Lonchocarpus feijão-cru pioneira / É característica das florestas semidecíduas (de
muehlbergianus secundária inicial altitude e da bacia do Paraná). Prefere solos
profundos, férteis e úmidos. É considerada padrão
de terra boa.
32
Anadenanthera macrocarpa angico-vermelho secundária inicial Planta seletiva xerófita , característica das
capoeiras e florestas secundárias situadas em
terrenos arenosos e cascalhentos. Ocorre
preferencialmente em terrenos altos e bem
drenados.
Cupania vernalis camboatá secundária inicial Seletiva higrófita, característica da floresta
semidecídua de altitude e da mata pluvial atlântica.
Como planta secundária adaptada a insolação
direta e, produtora de frutos procurados por
pássaros, é ótima para plantios mistos destinados à
recomposição de áreas degradadas. As flores são
melíferas.
Gallesia integrifolia pau-d’alho secundária Planta seletiva higrófita, característica da mata
fluvial atlântica e da floresta semidecídua da bacia
do Paraná. Ocorre preferencialmente em terrenos
profundos, úmidos e de alta fertilidade, sendo
considerada padrão de terra boa. De crescimento
rápido, é ótima para reflorestamentos
heterogêneos.
Luehea divaricata açoita-cavalo secundária inicial Planta seletiva higrófita, característica das florestas
aluviais (matas ciliares e de galeria).
Particularmente freqüente ao longo de rios, terrenos
rochosos e íngremes, onde a floresta pe mais
aberta e nas formações secundárias.
Piptadenia gonoacantha pau-jacaré secundária inicial Planta seletiva higrófita. Ocorre quase
exclusivamente em associações secundárias como
capoeiras e capoeirões. Vegeta indistintamente em
solos férteis e pobres, porém inexiste no cerrado.
As flores são melíferas. Crescimento rápido.
Indispensável nos reflorestamentos mistos
destinados à recomposição de áreas degradadas.
Piptocarpha angustifolia vassourão-branco secundária Planta seletiva higrófita, característica das
submatas dos pinhais que tenham sofrido
acentuada interferência humana pela extração de
madeiras. È típica das formações secundárias,
principalmente situadas em vales e encostas
úmidas.
Sebastiania commersoniana branquilho secundária inicial Planta decídua, heliófita, seletiva higrófita,
característica e quase exclusiva das florestas
aluviais e de galeria ao longo de rios e regatos,
principalmente em regiões de altitude. As flores são
melíferas. Muito indicada para a composição de
reflorestamentos mistos destinados à recomposição
de áreas degradadas ao longo das margens dos
rios e reservatórios, dada a preferência por solos
úmidos e brejosos.

32
(1) Planta adaptada a ambientes secos (Resolução CONAMA 012/94). (2) Espécie vegetal cujos indivíduos
têm uma estrutura especial, com reforço nas paredes celulares devido à abundância de tecidos mecânicos, o
que lhe protege contra a carência de água do ambiente onde vive. (3) Vegetal eficiente em reter água que pode
crescer nos desertos ou em ambientes com altas concentrações de sal.

PDA Antônio Companheiro Tavares 118


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NOME GRUPO
NOME CIENTÍFICO CARACTERÍSTICAS
POPULAR ECOLÓGICO
Aspidosperma polyneuron peroba-rosa secundária tardia / Planta esciófita, característica da floresta latifoliada
climácica semidecídua da bacia do Paraná, e da mata pluvial
atlântica. Ocorre em solos profundos e férteis,
situados nos espigões e nas encostas,
exclusivamente no interior da floresta primária
densa. Não deve faltar nos reflorestamentos mistos
destinados à recomposição de áreas degradadas
de preservação permanente.
Cedrela fissilis cedro secundária tardia Característica de várzeas úmidas e inundáveis.
Apresenta boa regeneração natural nas capoeiras
de várzeas.
Holocalyx balansae alecrim secundária tardia Planta semidecídua, ombrófila clímax da florestas
pluvial subtropical, preferindo solos rochosos e
úmidos de boa fertilidade, exceto os encharcado.
Apesar de sua ocorrência no interior da mata
primária, tolera bem a luz direta quando adulta. É
ótima para ser empregada no adensamento
florestal, por se tratar de planta típica do interior da
floresta sombria.
Pouteria torta abiu, guapeva climácica Planta semidecídua, heliófita, característica da
floresta pluvial; pode ser encontrada também na
floresta semidecídua e sua transição para o
cerrado. Ocorre preferencialmente em beira de rios,
em várzeas aluviais. Produz anualmente abundante
quantidade de frutos, consumidos também por
certas espécies da fauna; por essa razão é
indispensável nos plantios mistos destinados à
recomposição de áreas degradadas.
Vitex megapotamica tarumã climácica Planta decídua, heliófita, indiferente às condições
físicas do solo, característica das florestas de
altitude e da bacia do Paraná. Ocorre tanto no
interior da mata primária densa como em formações
abertas e secundárias. Pode ser encontrada em
vários ambientes de solos muito secos, pedregosos
e até muito úmidos nas matas de galeria. Seus
frutos são muito procurados pela fauna. Planta
rústica e adaptada ao crescimento em áreas
abertas, pode ser empregada para plantios mistos
em áreas degradadas de preservação permanente,
principalmente em beira de rios e represas.

8.b.4.2. Reserva Florestal Legal

Para adequar a área de Reserva Florestal Legal que atualmente se encontra


em dívida perante a exigência da legislação ambiental de, no mínimo, 20% do total
da propriedade rural do P.A. Antônio Companheiro Tavares, e visto que é necessária
ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de
fauna e flora nativa (Medida Provisória Nº 2.166-67/2001), segue neste documento
uma proposta para re-alocação da Reserva Florestal Legal, em regime de
condomínio, com o P.A. Ander Rodolfo Henrique.

PDA Antônio Companheiro Tavares 119


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8.b.4.2.1. Proposta de re-alocação da Área de Reserva Florestal Legal para o


Projeto de Assentamento Antônio Companheiro Tavares

Tendo ciência da situação de inexistência de averbação de Reserva Florestal


Legal (RL) e mesmo da ausência de áreas que possam se destinar a reserva legal
hoje na área do P.A. Antônio Companheiro Tavares, uma proposta que há muito
vem sendo estudada por profissionais da área ambiental, técnicos envolvidos no
Plano de Desenvolvimento de Assentamentos e demais lideranças locais, é a re-
alocação da área de reserva.
Esta proposta prevê a cessão de uma área de mata nativa que compõe parte
da Reserva Legal proposta para o Projeto de Assentamento Ander Rodolfo
Henrique (antiga Fazenda Comil), localizada no município de Diamante do Oeste,
registrada no cartório de imóveis sob as matriculas N° 13.149 e 13.125, situada à
nordeste da área do P.A. ACT, com área total de 2.973,5789 hectares. Como
referência de localização, cita-se o ponto mais extremo ao Norte do Assentamento
Ander Henrique: 190476.100 e 7244001.400 (UTM), código SIPRA PR 0395.
Tal projeto de assentamento, localizado na região oeste do estado, sob
formação florestal denominada Floresta Estacional Semidecidual, possui ainda
alguns remanescentes de vegetação nativa, principalmente em estágio inicial de
regeneração.
Consta no documento do Projeto de Assentamento Ander Henrique que a
superfície que irá compor a Reserva Legal proposta total é de 778,1701 hectares.
Conforme a legislação, a área de Reserva Legal mínima que o P.A. deve cumprir é
de 594,7158 hectares (20% da área total). Diante disto, a proposta de reserva legal
do P.A. conta com um excedente de área com cobertura nativa que soma 183,4543
hectares.

Tabela 40: Situação atual da reserva legal no P.A. Ander Rodolfo Henrique
SITUAÇÃO ÁREA (HA) % DA PROPRIEDADE
Área total do P.A. 2.973,5789 100
Reserva Legal proposta 778,1701 26,17
Reserva Legal exigida por lei 594,7158 20,00
Reserva Legal proposta excedente na área 183,4543 6,17
Fonte: INCRA.
Elaboração: COTRARA, 2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 120


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Da situação atual – motivação da proposta

A área destinada para o P.A. Antônio Companheiro Tavares apresenta-se


com um relevo plano, declive de 0 a 3%, cerca de 58% da área. A área possui
potencial ao desenvolvimento das atividades produtivas do P.A. Diante disso, há
dois fatores que devem ser considerados no PDA desta área:
- primeiro, está área já se apresenta sob alto índice de intervenção antrópica,
com reduzidos índices de preservação dos fragmentos florestais. Isso se reflete na
degradação das áreas de APP’s e na deficiência de reserva legal averbada.
- segundo, quanto ao loteamento da propriedade, as parcelas propostas neste
projeto apresentam, em média, lotes de 10 hectares por família e que, segundo os
parâmetros paranaenses, são consideradas áreas pequenas. Após a instalação das
benfeitorias necessárias, estás áreas podem reduzir-se para 7 ou 8 hectares de área
agricultável por família.
Diante disso, torna-se economicamente inviável para as famílias propor que
cada parcela ceda parte de sua área para compor a reserva legal, visto que isso
tornaria ainda menores as já pequenas áreas agricultáveis dos lotes.
Por outro lado, em termos de conservação ambiental, a região oeste do
Paraná possui diversos passivos ambientais pelo não cumprimento da legislação
vigente, herança deixada pelos grandes exploradores destas terras.
Parte da área proposta para compor a reserva legal do P.A. Antônio
Companheiro Tavares é de 61,1000 hectares indicados pelas famílias do P.A.
(5,56% da área total), como já foi citado, e é um valor muito aquém do que se exige
para as propriedades rurais. Estas áreas indicadas compõem-se de cobertura
vegetal nativa, e reflorestamentos de pinus e eucalipto.
Deste modo, o que hoje se exigiria para o ajustamento, é uma área de,
aproximadamente, 158,6820 hectares dentro do P.A., número que complementa os
20% exigidos.
Em um raciocínio simples, para alocar a reserva legal dentro do P.A., cada
família teria que ceder aproximadamente 02 (dois) hectares. Isto reduziria
automaticamente a área produtiva para 08 (oito) hectares, o que poderia tornar as
unidades familiares inviáveis, segundo dados técnicos.
Uma alternativa encontrada para solucionar esta situação é a adoção do
regime de condomínio de reserva legal entre duas áreas, com respaldo legal.

PDA Antônio Companheiro Tavares 121


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Para este caso, o Código Florestal, alterado pela Medida Provisória 2166-
67/2001, dispõe sobre o “regime de condomínio”. Segundo dispõe o art. 16, no
parágrafo 11, “[...] poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre
mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel,
mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas
averbações referentes a todos os imóveis envolvidos” (Medida Provisória 2.166-
67/2001).

Tabela 41: Situação atual das áreas de reserva legal dos P.A.’s, as demandas e as propostas
P. A. ANDER R. P. A. ANTÔNIO C.
SITUAÇÃO DAS ÁREAS % %
HENRIQUE TAVARES

Área total da propriedade (ha) 2.973,5789 100 1.098,9100 100


Área mínima de reserva legal exigida por lei 594,7158 20 219,7820 20
Área de reserva legal proposta (ha) 778,1701 26,17 61,1000 5,56
Área em déficit (ha) -- - 158,6820 14,44
Área excedente (ha) 183,4543 6,17 -- -
Área proposta para o regime de condomínio (ha) 158,6820 - -- -
Fonte: PDA Ander Rodolfo Henrique & COTRARA, 2005.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Até poucos anos atrás, a legislação ambiental permitia que se fizesse o


procedimento de re-alocação de reserva legal. E, de acordo com as informações
obtidas com a comunidade, havia um acordo para que se fizesse a compensação da
reserva legal. Ambos os projetos de assentamento estariam de acordo.
Contudo, desde então, as condições legais para que se pudesse dispor de tal
processo passaram por mudanças.
Ainda hoje se permite que se adote este procedimento, conquanto que sejam
atendidas algumas condições.
A principal delas diz respeito aos Corredores da Biodiversidade. Foi
acrescido à legislação ambiental o critério de pertencimento às áreas de Corredores
da Biodiversidade, o que condiciona alguns fatores para a realização da re-alocação.
De acordo com a Lei Federal N° 9.985/2000 (SNUC), esta institui que os
corredores de biodiversidade ou corredores ecológicos são “[...] porções de
ecossistemas naturais ou semi-naturais, ligando unidades de conservação, que
possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a

PDA Antônio Companheiro Tavares 122


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dispersão de espécies e a re-colonização de áreas degradadas, bem como a


manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com
extensão maior do que aquela das unidades individuais” (Capítulo I, art. 2°, inciso
XIX).
E sob o Decreto Estadual de Nº 387/99, são considerados Corredores da
Biodiversidade [...] as faixas ao longo dos principais rios e afluentes das diversas
bacias hidrográficas do Estado do Paraná, conforme proposto no Programa Rede da
Biodiversidade priorizando áreas do território estadual para planejamento ambiental
(Artigo 4º, alínea e).
O artigo 5º, deste mesmo decreto, traz as áreas prioritárias para a
manutenção da conservação ambiental no Estado do Paraná, inclusive dos
percentuais exigidos de Reserva Legal em todos os imóveis rurais inseridos nestas
áreas, sendo eles os seguintes corredores de biodiversidade:
I. corredores litorâneos e corredores da Ribeira:
[...]
II. corredores interiores:
a) Corredor Paranapanema - Cinzas;
b) Corredor Tibagi;
c) Corredor Iguaçu;
d) Corredor Piquiri;
e) Corredor Ivaí;
f) Corredor Paraná.

No ano de 2004, o Decreto Estadual Nº 3320 aprova os critérios, normas,


procedimentos e conceitos aplicáveis ao SISLEG – Sistema de Manutenção,
Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação
Permanente e dá outras providências.
Este decreto traz em sua redação, no Artigo 3º, o seguinte:
Art. 3º - O imóvel rural com Reserva Legal inferior ao mínimo legal de
20% (vinte por cento), poderá compensar a parte faltante da
Reserva Legal em outro imóvel, desde que observadas
simultaneamente as seguintes condições:
I - as áreas de preservação permanente de ambos os imóveis, ou
seja, o que receber e o que ceder a Reserva Legal, devem estar
preservadas ou em processo de restauração;
II - a Reserva Legal cedida deve, necessariamente, pertencer ao
mesmo bioma que a Reserva recebida;
III - a Reserva Legal cedida deve, necessariamente, pertencer à
mesma bacia hidrográfica que a Reserva recebida;
IV - a Reserva Legal deve ser composta de vegetação nativa;
V - a área cedida deve estar inserida dentro do mesmo agrupamento
de municípios que a área recebida. Para fins de Compensação de
Reserva Legal os agrupamentos de municípios em número de vinte,

PDA Antônio Companheiro Tavares 123


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serão definidos IAP – Instituto Ambiental do Paraná, ouvido o CEMA


– Conselho Estadual do Meio Ambiente.

No Decreto 3320/2004, o artigo 4º traz o complemento para a relação das


áreas prioritárias para a implantação das Reservas Legais:
I - o entorno das unidades de conservação de proteção integral;
II - o interior das Áreas de Proteção Ambiental – APA’s;
III - uma faixa de 05 (cinco) quilômetros a partir de cada margem
dos rios que compõem os Corredores da Biodiversidade
elencados no art. 5° do Decreto n° 387/99 [...].

Ao aplicar estas cinco condições aos P.A’s objetos desta proposta, ambas as
áreas enquadram-se em todas as condições exigidas neste artigo.
O P.A. Antônio Companheiro Tavares tem seu território localizado às margens
do reservatório de Itaipu, compondo o território do Corredor da Biodiversidade do rio
Paraná. Ainda, pelo Projeto Paraná Biodiversidade, o P.A. está inserido no Corredor
Iguaçu-Paraná. Ambas áreas prioritárias para ac conservação ambiental.

Figura 09: Os P.A. ACT e ARH no contexto dos Corredores de Biodiversidade do Paraná

P.A. Ander
Rodolfo
Henrique

P.A. Antonio
Companheiro
Tavares

Fonte: IAP
Elaboração: COTRARA, 2006

O agrupamento de municípios citado no inciso IV deste artigo é integrado


pelos municípios estabelecidos no mapa (Anexo II no documento do decreto). Trata-
se de pequenas regiões em que os municípios mais próximos estão “reunidos”
dadas as suas características locais (art. 23). Assim, segundo este anexo, os
municípios de São Miguel do Iguaçu e Diamante do Oeste encontram-se no Grupo
XVIII, que contempla 22 municípios da região (Figura 10).

PDA Antônio Companheiro Tavares 124


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Figura 10: Municípios que compõem o Grupo XVIII

Fonte: Anexo II constante no documento da PORTARIA do IAP Nº 233, de 26 de


novembro de 2004 (D.O.E.PR. Nº 6863 DE 30/11/2004).
Elaboração: COTRARA, 2006.

Contudo, o Artigo 6º do Decreto 3320/2004, condiciona que:


Art. 6° - A compensação da Reserva Legal é vedada:
[...]
II - se o imóvel estiver localizado em Corredores da
Biodiversidade;

A Portaria IAP Nº 233 de 2004, em seu artigo 24 consolida o disposto no


artigo 6º do decreto 3320/2004, e condiciona que:
Art. 24 - é vedada a compensação da Reserva Legal quando o
imóvel estiver localizado em áreas prioritárias de conservação
ambiental, situação em que a Reserva Legal deverá
necessariamente incidir no mesmo imóvel.
[...]
§ 2º - Nos casos em que o imóvel estiver inserido, mesmo que
parcialmente, em área prioritária para a conservação ambiental, a
Reserva Legal deverá estar localizada obrigatoriamente no mesmo
imóvel.
§ 3º - Nas condições descritas no parágrafo segundo deste Artigo, o
imóvel que estiver inserido em área prioritária para a conservação

PDA Antônio Companheiro Tavares 125


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ambiental, mesmo que parcialmente, poderá ceder o excedente de


Reserva Legal, em qualquer estágio de regeneração, inclusive inicial,
para outro imóvel.
Art. 25 - Em todos os casos, tanto o imóvel com Reserva Legal
cedida quanto o imóvel com Reserva Legal recebida, em qualquer
modalidade, deverão ter suas Áreas de Preservação Permanente
preservadas ou em processo de restauração e o imóvel que ceder a
Reserva Legal para outro deverá ter a sua própria Reserva Legal
devidamente conservada, delimitada e averbada ou registrada. ”

O que motiva esta proposta é o fato de que ambos os P.A’s estão inseridos
em áreas prioritárias para conservação. Ambos têm em comum o mesmo
empreendedor – o INCRA – e a mesma finalidade de cumprir com a função social de
garantir o acesso às famílias sem terra.
Além disso, a presente proposta não prevê a descaracterização fisionômica
da área sugerida para o regime de condomínio. A área já está assegurada como
área proposta para reserva legal, e isso condiciona sua conservação, podendo haver
apenas a utilização sustentável dos recursos naturais.
Desta forma, sabidas as condições atuais diagnosticadas e as disposições
legais, propõe-se que este caso seja encaminhados para análise especial pelo órgão
ambiental competente, com o compromisso assumido pelas famílias de manutenção
e conservação da vegetação da reserva legal proposta em ambos os P.A’s e a
preservação das APP’s, de forma a contribuir com a redução dos passivos
ambientais e com a reforma agrária no Estado do Paraná.
Para tanto, este procedimento só será possível mediante aprovação e devido
licenciamento fornecido pelos órgãos ambientais responsáveis, com a previsão das
atividades que serão desenvolvidas na área.

PDA Antônio Companheiro Tavares 126


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8.b.4.3. Produção de Lixo Inorgânico

Todo e qualquer conjunto de famílias que forma desde pequenos núcleos ou


vilas rurais até as grandes cidades reúne agentes acumuladores de lixo inorgânico
diariamente.
Segundo Censo do IBGE no ano de 2000, a produção de lixo inorgânico
estimada para as pequenas cidades é de 450 gramas por habitante por dia
(450/hab/dia). Deste modo, de maneira genérica, pode-se estimar que a população
de 80 famílias camponesas que serão assentadas no P.A. irá acumular um valor
estimado em 64 kg/dia, considerando que a população rural supostamente produza
menor quantidade que a população urbana.
O tratamento do lixo orgânico é de domínio das famílias camponesas, que
utilizam diversas técnicas para reaproveitamento (por exemplo, restos de alimentos
como “ração” para a criação e/ou adubo para hortas), sem com isso trazer maiores
transtornos ou impactos negativos ao ambiente.
Para o lixo inorgânico é constatado que o Poder Público Municipal de São
Miguel do Iguaçu não mantém nenhuma forma de coleta e destinação do lixo
inorgânico das áreas rurais do município, obrigando os moradores da zona rural a
tomarem medidas quem resolvam este problema.
Atualmente são utilizados a queima e o enterro em valas exclusivas, para não
provocar acumulação ou dispersão no meio ambiente. Contudo, embora essas
ações resolvam o problema em curto prazo, essas medidas são consideradas
poluidoras do ar, do solo, do subsolo e dos recursos hídricos, gerados pela
percolação dos resíduos contidos nestes materiais.
Para tanto, propõe-se que sejam administradas orientações técnicas para
destinação correta destes produtos. Ainda, com auxílio da assistência técnica, a
comunidade poderá estabelecer formas de coleta seletiva e separação dos
diferentes materiais. Deste modo, estes materiais poderão ser vendidos e
encaminhados às pequenas empresas que captam os materiais recicláveis e cujo
destino é as grandes fábricas que reutilizam estes materiais em embalagens novas,
oferecendo renda alternativa à comunidade do P.A. com esta atividade, além de
proporcionar melhoria na qualidade ambiental e de vida dos assentados.

PDA Antônio Companheiro Tavares 127


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8.b.4.4. Educação Ambiental

Para o desenvolvimento deste programa, faz-se necessária a contratação de


profissional ligado a área ambiental ou a capacitação de um membro da comunidade
que tenha interesse em desenvolver diversas atividades de Educação Ambiental, de
modo que estas estejam também diretamente ligadas às demais atividades que
serão desenvolvidas no assentamento, incrementando as ações previstas.
Esta ação deve assegurar suporte técnico-pedagógico às atividades que
podem ser desenvolvidas no assentamento, como palestras e cursos, ou atividades
participativas de coleta e reciclagem de lixo, produção agrícola, artesanato com
material natural, entre outras atividades relacionadas.

PDA Antônio Companheiro Tavares 128


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8.b.5. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E DE GESTÃO


DO PLANO

As unidades produtivas familiares

A área total a ser ocupada pelos 80 lotes é de 789,6800 hectares, o


equivalente a 71,86% da área total do assentamento. Este total está representado
por áreas de lavouras já abertas para agricultura e para pecuária.
Há ainda uma segunda unidade de paisagem que supõe 132,45 hectares;
trata-se da área de experimentação agroecológica, que equivalente a 12,05% da área
total. Tendo como proposta a pesquisa de sistemas de produção agroecológica e a
busca da diversificação, da recuperação da saúde do sistema agropecuário e o
estudo de sistemas mais intensivos, com equilíbrio ecológico, que garanta à inclusão
de trabalho para toda família.
A área destinada para experimentação agroecológica, assim como as demais
decisões sobre o planejamento do assentamento, a saber: pré-parcelamento, locação
de estradas, construção das residências, criação do ITEPA, do Mercado da Reforma
Agrária, locação do Centro Comunitário, construção do salão comunitário, da cancha
de bocha, da Igreja, do campo de futebol, são decisões do conjunto das famílias
assentadas no PA.
Os assentados, estão inseridos à uma organicidade interna do assentamento
que contempla todas as famílias, nas ações sobre cada área, visando a
sustentabilidade do assentamento. Esta dinâmica de fortalecimento é representada
em três níveis. Na primeira instância com os núcleos de 10 famílias, onde são
discutidos formas de ampliações nas organizações produtivas. No segundo
momento, com os representantes de cada núcleo de famílias, com propostas de
implementar sistemas produtivos, com adoção de processos tecnológicos, visando o
incremento produtivo e de renda. Já na terceira etapa serão realizados estudos com
grupos especializados de cada setor específicos, por exemplo: comércio, saúde,
educação, lazer, com finalidade de fortalecer a sustentabilidade política, econômica,
social e ambiental.
Com as ações conjuntas das famílias fortalece-se o vínculo de assessorar e
apoiar a comunidade na gestão do P.A., com a conscientização e capacitação dos
agricultores(as) na gestão de seus módulos familiares.

PDA Antônio Companheiro Tavares 129


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Dentro disto, desperta nos agricultores assentados a necessidade de


organização do processo produtivo e a comercialização.
A comunidade Antônio Companheiro Tavares tem relações com outras
comunidades sob diversas formas, assim fortalecendo o vínculo de intercâmbios no
processo de autogestão e organização social.
Com a implantação espaços de lazer no assentamento, que estimule a
participação de toda população, forja-se a inclusão de jovens e mulheres na vida do
assentamento, assim como o resgate das tradições camponesas, permitindo uma
participação plena da comunidade no desenvolvimento e gestão do PA.
Na capacitação técnica de jovens e adultos, realizados no ITEPA, há
participação de educandos de vários municípios do Estado do Paraná, o programa
educacional foi proposto pelo conjunto dos assentamentos do MST em parceria ET-
UFPR (Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná). O projeto de formação
técnico em agropecuária com ênfase em agroecologia e assessorado pela ET-UFPR,
tem participação efetiva das comunidades assentadas, onde se originam os
educandos, ou seja, há grande participação de diversos assentamentos nas
atividades realizadas pelo ITEPA.

Foto 07: Ato do MST no P.A. ACT

Elaboração: COTRARA, 2005.

PDA Antônio Companheiro Tavares 130


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Foto 08 Vista parcial do galpão comunitário quando ainda estava em construção

Elaboração: COTRARA, 2005.

PDA Antônio Companheiro Tavares 131


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8.b.6. ASSESSORIA TÉCNICA, SOCIAL E AMBIENTAL – ATES

Quanto à função específica da equipe de ATES na implantação do PDA, esta


deve ser exercida em comum acordo com os responsáveis técnicos do INCRA, que
em primeira instância têm articulação com a instituição e suas decisões quanto a
liberação de recursos.
Quanto às atividades específicas pertinentes ao núcleo operacional da ATES,
estas podem ser consideradas como já em fase avançada, pois o núcleo está
atuando no monitoramento de programas de desenvolvimento do P.A., previamente
encaminhados.
 Poços d’água - fonte: INCRA;
 Habitações – fonte: INCRA e Caixa Econômica Federal;
 Rede elétrica – fonte: Copel;
 Estradas – Itaipu Binacional e INCRA; e
 Mercado – fonte: Itaipu e INCRA.

Em se tratando das atividades produtivas, a partir da liberação do PRONAF-A


– investimento, o acompanhamento do investimento deste recurso deve ser
priorizado pela equipe de ATES, considerando as linhas produtivas apresentadas
neste PDA.
Quanto ao programa ambiental caberá a equipe de ATES assessorar a
comunidade na conservação dos fragmentos florestais (APP e RL); acompanhar,
junto ao INCRA e ao Instituto Ambiental do Paraná – IAP, o processo de locação de
parte da área de reserva legal deste P.A., contido em território do P.A. Ander
Rodolfo Henrique; desenvolver ações de educação ambiental junto à comunidade
assentada; e ainda elaborar um projeto de recuperação ambiental para o P.A.

PDA Antônio Companheiro Tavares 132


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8.c. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Para analisar a viabilidade econômica do Projeto de Assentamento Antônio


Companheiro Tavares, em primeiro plano é necessário conhecer os recursos
investidos pelo INCRA, com previsão legal de ressarcimento pelas famílias
beneficiadas neste projeto de reforma agrária, o que está contido na tabela 42,
abaixo.

Tabela 42: Valores previstos a serem pagos pelas famílias beneficiada.


INVESTIMENTO VALOR TOTAL (R$) VALOR FAMÍLIA (R$)
Valor da terra nua 4.903.197,20 61.289,97
Benfeitorias 837.207,61 10.465,10
ATES 120.000,00 1.500,00
PRONAF-A - investimento 1.320.000,00 16.500,00
TOTAL 7.180.404,81 89.755,07
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de
Imóvel Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.
Elaboração: COTRARA, 2006.

A análise econômica tem a unidade familiar (lote) como base para toda
projeção de renda, e deverá ser elevada ao número total de unidades familiares
projetadas para esse projeto de assentamento, a fim de atender a análise de
viabilidade econômica do Projeto de Assentamento.
As simulações de sistemas de produção para as condições do P.A. Antônio
Companheiro Tavares apontam para parcelas modais de 10,00 hectares, sem
nenhuma restrição entre as 80 parcelas.
As principais simulações de composição de sistemas produtivos apresentam
os seguintes resultados econômicos.

Tabela 43: Rentabilidade anual de um sistema familiar, tecnologia convencional (caso 1).
ÁREA RENDA BRUTA / RENDA BRUTA RENDA LÍQUIDA RENDA LÍQUIDA
ATIVIDADE
(ha) ha (R$) TOTAL (R$) / ha (R$) TOTAL (R$)
Auto-sustento 1,50 2.032,24 3.048,30 2.032,24 3.048,30
Leite 4,50 6.300,00 28.350,00 1.423,00 6.403,50
Milho 2,00 1.732,50 3.465,00 958,25 1.916,96
Abacaxi 2,00 15.000,00 30.000,00 7.788,90 15.577,80
TOTAL 10,00 25.064,74 64.863,30 12.202,39 26.946,56
Fonte: COTRARA, 2006.
Elaboração: COTRARA, 2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 133


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

Tabela 44: Rentabilidade anual de um sistema familiar, tecnologia convencional (caso 2).
ÁREA RENDA BRUTA / RENDA BRUTA RENDA LÍQUIDA RENDA LÍQUIDA
ATIVIDADE
(ha) ha (R$) TOTAL (R$) / ha (R$) TOTAL (R$)
Auto-sustento 1,50 2.032,24 3.048,30 2.032,24 3.048,30
Leite 4,50 6.300,00 28.350,00 1.423,00 6.403,50
Milho 1,00 1.732,50 1.732,50 958,25 958,25
Soja 1,00 1.320,00 1.320,00 526,09 526,09
Mandioca 2,00 1.680,00 3.360,00 610,34 1.220,68
TOTAL 10,00 13.064,74 37.810,80 5.549,92 12.156,82
Fonte: COTRARA, 2006.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Compreendendo que das atividades constituintes deste sistema, o auto-


sustento, a bovinocultura de leite exigem um período de, no mínimo, três anos para
atingirem a estabilidade produtiva, e pode também corresponder ao período de
carência para o crédito de investimento PRONAF-A. Consideramos ainda, que a
família camponesa dispensará 1/3 (um terço) de seu ganhos anuais, o que neste
caso corresponde a R$ 8.982,19 e R$ 4.052,27, para saldar esta dívida, isso leva à
projeções com a seguinte forma.

Tabela 45: Projeção da dívida e amortização para cada parceleiro do P.A. Antônio
Companheiro Tavares, com juros de investimento, (caso 1).
PERÍODO ANO SALDO DEVEDOR (R$) JUROS (1,15%) AMORTIZAÇÃO SALDO
1 2006 89.755,07 1.032,18 0,0 90.787,25
2 2007 90.787,25 1.044,05 0,0 91.831,30
3 2008 91.831,30 1.056,06 0,0 92.887,36
4 2009 92.887,36 1.068,20 8.982,19 84.973,37
5 2010 84.973,37 977,19 8.982,19 76.968,37
6 2011 76.968,37 885,13 8.982,19 68.871,32
7 2012 68.871,32 792,02 8.982,19 60.681,15
8 2013 60.681,15 697,83 8.982,19 52.396,79
9 2014 52.396,79 602,56 8.982,19 44.017,16
10 2015 44.017,16 506,20 8.982,19 35.541,17
11 2016 35.541,17 408,72 8.982,19 26.967,70
12 2017 26.967,70 310,13 8.982,19 18.295,64
13 2018 18.295,64 210,40 8.982,19 9.523,85
14 2019 9.523,85 109,52 8.982,19 651,18
15 2020 651,18 7,49 658,66 0,00
TOTAL 99.462,75
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2.001.
Elaboração: COTRARA, 2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 134


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

Tabela 46: Projeção de dívida e amortização para cada parceleiro do P.A. Antônio
Companheiro Tavares, com juros de investimento, (caso 2).
PERÍODO ANO SALDO DEVEDOR (R$) JUROS (1,15%) AMORTIZAÇÃO SALDO

1 2006 89.755,07 1032,18 - 90.787,25


2 2007 90.787,25 1044,05 - 91.831,31
3 2008 91.831,31 1056,06 - 92.887,37
4 2009 92.887,37 1068,20 4.052,27 89.903,30
5 2010 89.903,30 1033,89 4.052,27 86.884,92
6 2011 86.884,92 999,18 4.052,27 83.831,83
7 2012 83.831,83 964,07 4.052,27 80.743,62
8 2013 80.743,62 928,55 4.052,27 77.619,90
9 2014 77.619,90 892,63 4.052,27 74.460,26
10 2015 74.460,26 856,29 4.052,27 71.264,29
11 2016 71.264,29 819,54 4.052,27 68.031,55
12 2017 68.031,55 782,36 4.052,27 64.761,65
13 2018 64.761,65 744,76 4.052,27 61.454,14
14 2019 61.454,14 706,72 4.052,27 58.108,59
15 2020 58.108,59 668,25 4.052,27 54.724,57
16 2021 54.724,57 629,33 4.052,27 51.301,63
17 2022 51.301,63 589,97 4.052,27 47.839,33
18 2023 47.839,33 550,15 4.052,27 44.337,21
19 2024 44.337,21 509,88 4.052,27 40.794,82
20 2025 40.794,82 469,14 4.052,27 37.211,69
21 2026 37.211,69 427,93 4.052,27 33.587,35
22 2027 33.587,35 386,25 4.052,27 29.921,34
23 2028 29.921,34 344,10 4.052,27 26.213,16
24 2029 26.213,16 301,45 4.052,27 22.462,35
25 2030 22.462,35 258,32 4.052,27 18.668,39
26 2031 18.668,39 214,69 4.052,27 14.830,81
27 2032 14.830,81 170,55 4.052,27 10.949,09
28 2033 10.949,09 125,91 4.052,27 7.022,74
29 2034 7.022,74 80,76 4.052,27 3.051,23

30 2035 3.051,23 35,09 3.086,32 0,00


Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Desta forma, a projeção demonstra que a amortização da dívida total sofre


grande influência do sistema produtivo implantado pelas famílias. Os possíveis
arranjos que possam constituir um sistema camponês de produção, aptos para esta
região, demonstrado no item 7.3.d.

PDA Antônio Companheiro Tavares 135


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

Outra forma de projetar a viabilidade econômica do P.A. é considerar


primeiramente o pagamento apenas do crédito de investimento produtivo (PRONAF-
A) e da assistência técnica (ATES), o que leva à projeções da seguinte forma.

Tabela 47: Valores a serem pagos pelas famílias beneficiadas*.


INVESTIMENTO VALOR TOTAL (R$) VALOR FAMÍLIA (R$)

ATES 120.000,00 1.500,00

PRONAF–A, investimento 1.320.000,00 16.500,00

TOTAL 1.440.000,00 18.000,00


* Crédito de investimento produtivo e Assistência Técnica.
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Tabela 48: Projeção da dívida* e amortização para cada parceleiro do P.A. Antônio
Companheiro Tavares, com juros de investimento, (caso 1).
PERÍODO ANO SALDO DEVEDOR (R$) JUROS (1,15%) AMORTIZAÇÃO SALDO

1 2006 18.000,00 207,00 - 18.207,00


2 2007 18.207,00 209,38 - 18.416,38
3 2008 18.416,38 211,79 - 18.628,17
4 2009 18.628,17 214,22 8.982,19 9.860,20
5 2010 9.860,20 113,39 8.982,19 991,41
6 2011 991,41 11,40 1.002,81 0,00
* Crédito de investimento produtivo e Assistência Técnica.
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.
Elaboração: COTRARA, 2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 136


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

Tabela 50: Projeção da dívida* e amortização para cada parceleiro do P.A. Antônio
Companheiro Tavares, com juros de investimento, (caso 2).
PERÍODO ANO SALDO DEVEDOR (R$) JUROS (1,15%) AMORTIZAÇÃO SALDO

1 2006 18.000,00 207,00 0 18.207,00


2 2007 18.207,00 209,38 - 18.416,38
3 2008 18.416,38 211,79 - 18.628,17
4 2009 18.628,17 214,22 4.052,27 14.790,12
5 2010 14.790,12 170,09 4.052,27 10.907,94
6 2011 10.907,94 125,44 4.052,27 6.981,11
7 2012 6.981,11 80,28 4.052,27 3.009,12
8 2013 3.009,12 34,60 3.043,73 0,00
* Crédito de investimento produtivo e Assistência Técnica.
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Esta projeção expressa o cumprimento dos pagamentos das dívidas ativas,


junto a União e exigiria posterior negociação a respeito da dívida restante.
Não foi considerado nenhum benefício por adimplência, comumente praticada
pelo conjunto de políticas agrícolas do Estado brasileiro.

PDA Antônio Companheiro Tavares 137


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8.d. INVESTIMENTOS TOTAIS E USOS & FONTES DE FINANCIAMENTO

Investimentos e projetos de infra-estrutura já executados no Projeto de


Assentamento Antônio Companheiro Tavares, município de São Miguel do Iguaçu,
Estado do Paraná.

Tabela 50: Valores de investimentos executados no P.A. Antônio Companheiro Tavares


INVESTIMENTO VALOR (R$) FONTES

Valor de terra nua 4.903.197,20 INCRA


Benfeitorias 837.207,61 INCRA
Elaboração de PDA 16.000,00 INCRA

Assessoria Técnica Social e Ambiental – ATES


120.000,00 INCRA
33 INCRA
Habitação 240.000,00
CAIXA ECONÔMICA
360.000,00
FEDERAL
33
Alimentação e fomento 120.000,00 INCRA
33
Poços artesianos 50.000,00 INCRA

34 12.000,00 ITAIPU
Estradas vicinais
84.000,00 INCRA

TOTAL 7.974.404,81
Fonte: Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural; MDA & INCRA, fevereiro de 2001;
Caixa Econômica Federal; ITAIPU; INCRA – Divisão técnica; e COTRARA.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Investimentos e projetos sociais e a serem implantados no P.A. Antônio


Companheiro Tavares localizado no município de São Miguel do Iguaçu - PR, como
atividades propostas pelo Plano de Desenvolvimento do Assentamento.

33
Estes recursos são financiados a fundo perdido, com recursos do INCRA.
34
Estes recursos são financiados a fundo perdido, com recursos do INCRA e da ITAIPU.

PDA Antônio Companheiro Tavares 138


Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária - COTRARA

Tabela 51: Valores de investimentos projetados para o P.A. Antônio Companheiro Tavares
POPULAÇÃO VALOR ANUAL POR VALOR ANUAL FONTES DE
TIPO DE PROJETOS
BENEFICIADA FAMÍLIA TOTAL (R$) FINANCIAMENTO

Projeto de recuperação
35 80 famílias 1.000,00 80.000,00 INCRA
ambiental
36
PRONAF-A – investimento 80 famílias 16.500,00 1.320.000,00 MDA
37
Demarcação das parcelas 80 famílias 400,00 32.000,00 INCRA
PROJETOS SOCIAIS
Escola de ensino fundamental 80 famílias - - MEC
Construção de um ponto de
comercialização junto a BR-277 80 famílias - - INCRA
(MERCADO)
Restabelecer o atendimento FUNDEF / Prefeitura
79 estudantes - -
educacional de 1ª à 8ª séries Municipal
Implantar o atendimento
SUS / prefeitura
médico na comunidade (1 80 famílias 6.900,00 / mês 82.800,00
municipal
médico e 1 enfermeira)
Conclusão das obras de
38 80 famílias 25.000,00 25.000,00 INCRA
abastecimento de água
Manutenção anual da malha
32 km 500,00 / Km 16.000,00 Prefeitura municipal
viária do Assentamento

TOTAL 1.555.800,00
Fonte: COTRARA, 2006; INCRA/PR - Operacional e Divisão Técnica, 2006.
Elaboração: COTRARA, 2006.

Valores como estes expressam o montante de recursos mobilizados na


implantação de Projetos de Reforma Agrária. No caso específico do P.A. Antônio
Companheiro Tavares está envolvida uma população economicamente ativa e
ocupada de 187 pessoas, o que permite afirmar que o custo de geração de um
emprego desta natureza seja de R$ 50.963,65.
Estes números são ínfimos frente à atual política econômica brasileira, porém
representam uma política de financiamento e reestruturação econômica e social
seguras, fatores determinantes na geração de empregos e desenvolvimento
nacional.

35
Este projeto exige elaboração da equipe de ATES local, custeado com recursos de fundo perdido,
sem custo para o assentamento.
36
Para este recurso exige-se elaboração pela ATES local, financiado com carência de 3 anos, juros
de 1,15%aa, prazo de até 7 anos e rebates de 40% com pagamento no prazo.
37
Este recurso é de responsabilidade do INCRA.
38
Este projeto exige elaboração da equipe de ATES ou ainda da Prefeitura Municipal

PDA Antônio Companheiro Tavares 139


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9. RESPONSÁVEIS

___________________________________
ALAN DENIZZAR LIMEIRA COUTINHO
Engº Agrº CREA BA 48292
COTRARA - Escritório de PDA
Alameda Princesa Isabel, 714
Fone/fax: 0xx41 3324 7000

________________________________
ANDRÉ LUIZ LAZZARIN
DIRETORIA / COTRARA

COTRARA – SEDE
Rod. PR 256, km 19 / Trevo p/ Sta Mª do Oeste
Fone/Fax: 0xx42 3674-1177
E-mail: cotrara@anca.org.br

PDA Antônio Companheiro Tavares 140


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10. REFERÊNCIAS

AMBIENTE BRASIL. Notícias: “Programa Investirá U$ 32 Milhões na Preservação da


Biodiversidade do Paraná” (30/10/2003). Disponível em: <http://www.ambiente
brasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=12622>. Acesso em 26/01/2006.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Capitulo VI – Do Meio
Ambiente, Artigo 225, parágrafo 4º.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67, DE 24 DE AGOSTO DE 2001. Altera os arts.
1o, 4o, 14, 16 e 44, e acresce dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de
1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de
19 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural - ITR, e dá outras providências. Artigo 1º, parágrafo 2º, inciso III.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2166-67.htm>. Acesso em:
23/01/2006.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. Institui o novo Código Florestal.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em:
23/01/2006.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Capitulo VI – Do Meio
Ambiente, Artigo 225, parágrafo 4º.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67, DE 24 DE AGOSTO DE 2001. Altera os arts.
1o, 4o, 14, 16 e 44, e acresce dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de
1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de
19 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural - ITR, e dá outras providências. Artigo 1º, parágrafo 2º, inciso III.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2166-67.htm>. Acesso em:
23/01/2006.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. Institui o novo Código Florestal.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em:
23/01/2006.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


LEI N° 9.985 DE 18 JULHO DE 2000. Regulamenta o artigo 225, parágrafo 1°,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza (SNUC) e dá outras providências. Capítulo I, artigo
2°, inciso XIX Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L99
85.htm>. Acesso em: 23/01/2006.

PDA Antônio Companheiro Tavares 141


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BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67, DE 24 DE AGOSTO DE 2001. Altera os arts.
1o, 4o, 14, 16 e 44, e acresce dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de
1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de
19 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural - ITR, e dá outras providências. Artigo 16, parágrafo 4°, inciso III,
e parágrafo 11. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/ 2166-
67.htm>. Acesso em: 23/01/2006.

CAMPOS, J. B. Desmatamento no Paraná. Cadernos da biodiversidade. v. 1, n.1.


p.1-2. 1998

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IAP - Instituto Ambiental do Paraná. PORTARIA IAP Nº 233, de 26 de novembro de


2004 (D.O.E. PR. Nº 6863 DE 30/11/2004), Aprova os mecanismos de
operacionalização aplicáveis ao SISLEG, no âmbito do IAP, para o Estado do
Paraná e, revoga as Portarias IAP nº 100, de 26 de julho de 1999, nº 207, de 29 de
novembro de 2002, nº 054, de 17 de abril de 2003, nº 128, de 14 de agosto de 2003
e nº 135, de 27 de agosto de 2003. Capítulo IV – Compensação de Reserva
Legal, artigos 22 a 26. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/meioamb
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1991.

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MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental Brasileiro. 13ª ed. revista, atualizada e


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ANEXOS

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