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TÍTULO DO TRABALHO

DESAFIOS DA ASSESSORIA TÉCNICA NO EXTENSIONISMO RURAL NA


MICROREGIÃO DO VALE DO AÇU/RN
Maria Evanira Araújo Silva Zacarias 1* Paulo Sidney Gomes Silva2 IFRN Campus
Ipanguaçu Rio Grande do Norte,

*E-mail: maria.zacarias@escolar.ifrn.edu.br

RESUMO
O extensionismo rural é um desafio para novos formandos nas áreas de ciências agrárias,
pois para além dos conhecimentos teóricos obtidos em sala de aula, envolve o domínio sobre
metodologias participativas, difusão de tecnologias a troca de experiência entre o extensionista
com a mulher e o homem do campo. É sobre essa temática que versa o presente trabalho, que tem
por objetivo resgatar as experiências vivenciadas por mim na condição de residente do Projeto
Residência Profissional Agrícola (PRPA). Executado em parceria entre o IFPI, NEA/IFRN e
EMATER/RN. O projeto desenvolvido pelo NEA/IFRN (campus Ipanguaçu) visa a qualificação
profissional em assistência técnica e extensão rural com enfoque agroecológico para agricultores
familiares no território Açu-Mossoró. Meu trabalho como residente abrangeu dez unidades
produtivas, previamente definidas. O trabalho consistiu em aplicar um diagnóstico participativo
e um plano de ação em cada unidade assessorada, executado ao longo de dozes meses,
acompanhado por meio de visitas técnicas mensais. Entre os resultados alcançados destacamos a
relação estabelecida entre Agricultores/produtores rurais e os técnico de assistência técnica e
extensão rural, gerando um processo de ensino-aprendizagem com importante passo para a
construção do conhecimento agroecológico no território e proporcionando o fortalecimento de
uma ATER mais participativa e colaborativa/compreensiva, além de ter propiciado uma formação
mais concreta, integrada na relação teoria e prática, adquirida pelos estudantes e profissionais
envolvidos.
Palavras-chave: Extensão rural, Ater, Agricultura Familiar.

INTRODUÇÃO
A residência Agrícola, no âmbito do PRPA foi uma importante ferramenta que
oportunizou aos residentes o aperfeiçoamento e qualificação com vistas a uma melhor
inserção profissional. É no estágio que o educando se depara com a realidade cotidiana
entendendo a luta travada pelos sujeitos, sendo capaz de inserir nessa realidade uma
perspectiva transformadora, unindo os saberes, sem haver mudanças no cenário vivido
pelas famílias no contexto da agricultura familiar (LIMA et. al, 2018).
A experiência no estágio além de complementar a formação obtida, aprimora a
atuação enquanto extensionista rural. Nessa direção, Souza e Caume (2008) afirmam que
um dos objetivos da extensão rural é a melhoria da agricultura.
Neste sentido o trabalho objetiva resgatar experiências adquiridas durante a
atuação no PRPA, no município de Itajá-RN no escritório local da Emater, em duas
frentes complementares: apoio à execução dos programas destinados à agricultura
familiar desenvolvidas pela Emater (Unidade Residente); e no assessoramento técnico
realizado a campo às unidades produtivas nas comunidades rurais durante o ano de 2022.

METODOLOGIA
Este estudo, refere-se a um relato de experiência vivenciado por mim na
condição de bolsista residente do PRPA. Integro a uma equipe composta por mais quatro
residentes, todos estudantes dos cursos de agroecologia (técnico e tecnólogo) do IFRN -
Campus Ipanguaçu, o projeto foi concebido pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia
(NEA/IP) e tinha como objetivo contribuir para a qualificação desses estudantes em
assistência técnica e extensão rural com enfoque agroecológico. Integrei durante doze
meses o escritório local da EMATER Itajá/RN, Unidade Residente do Projeto,
desenvolvendo atividades distintas mas complementares, dando suporte no escritório
local da Emater à execução de políticas públicas dirigidas à agricultura familiar e
assessoria direta à unidades produtivas familiares, em número de dez, previamente
definidas no início da execução do projeto. Abaixo o desenho operacional do projeto.
RESULTADOS ALCANÇADOS
Um dos maiores desafios enfrentados pelo extensionista rural é desenvolvimento
de estratégias metodológicas que visem a colaborar com a criação de espaços de
socialização de conhecimentos, de troca de experiências entre agricultores e entres os
assessores, bem como o estímulo à construção de espaços de inclusão dos segmentos
gênero, geração e raça nos processos de desenvolvimento de suas comunidades no tange
a Agroecologia (Projeto PRPA,2021).
A minha atuação como residente consistia em apoiar os processos de
atendimento dos agricultores com programas executados pela EMATER, a exemplo do
PRONAF, Garantia Safra, PAA, entre outros. Meu papel compreendia desde o
preenchimento de dados cadastrais até a realização de entrevistas dos potenciais
beneficiários. Esse trabalho embasava a etapa seguinte, realizada em campo, onde o
extensionista averiguava a fidelidade de tais informações e o enquadramento ou não do
agricultor(a).

No tocante ao assessoramento em campo, percebemos que dado o pouco tempo


de duração do projeto, deveríamos buscar desenvolver atividades que de fato
contribuíssem com o avanço dos processos produtivos usando como referências
experiências exitosas, em fase de consolidação. Para tanto, recorremos a metodologias
que propiciasse uma maior interação entre os agricultores, a exemplo da realização de
dias de campo.
Como forma de garantir uma maior adesão a esses eventos, uma das principais
estratégias que adotamos para estimular a participação e a interação dos agricultores
envolvidos foi a comunicação/divulgação em massa nos meios de comunicação
eletrônicos existentes que sempre mantém informado o agricultor(a) como nas redes
sociais da prefeitura, WhatsApp (grupo da EMATER), lançando o convite para que o
público (agricultores) pudesse participar de interações oportunizadas por meio de dias de
campo.
Esses eventos possibilitavam ao agricultor/produtor(a) participante acompanhar
a rotina de um dia de trabalho em outra unidade, ver de perto todas as técnicas de manejo
aplicadas e adotadas pelo integrante familiar da unidade, tendo em vista que o contato
direto com a experiência propicia ao agriculto(a)r a segurança em levar e aplicar essa
técnica em sua unidade.
De forma geral, apresentamos os principais resultados alcançados por meio de
nossa ação como residente, sempre apoiados pela equipe da Unidade Residente,
realizadas em visitas técnicas periódicas às unidades produtivas assessoradas pelo PRPA:
 Entrega de 100 mudas de plantas, frutíferas, nativas e forrageiras além de 160
raquetes de palma forrageira tipo orelha de elefante para um agricultor/produtor
da unidade familiares;
 Proposição de planilhas de controle para sistemas de criação, envolvendo a
produção, reprodução, mortalidade e venda de animais;
 Elaboração e entrega de documentos técnicos como manual de orientação para a
construção de uma leira de compostagem a partir dos insumos existentes na
propriedade, pré-projeto de criação de aves caipira poedeira em sistema rustico
Agroecológico, cartilha de medidas preventivas de pododermatite no casco de
caprinos no período invernoso no semiárido.
 Realização de (01) intercambio com os agricultores/produtores tendo na
programação: palestras sobre a produção de cordeiro de um projeto da região
conhecido como Rota do Cordeiro, produção de forragem e aplicação de hidro gel
em culturas forrageiras;
 Participação de três dias 03) de campo em eventos agropecuários realizados em
cidades vizinhas, onde na ocasião eles assistiram a palestras sobre a importância
da ATER, manejo de ordenha e confinamento de cordeiro, com o objetivo de
fortalecer a participação dos agricultores/produtores(as) nesses eventos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito embora eu tenha enfrentado dificuldades, preconceitos e insegurança no
ambiente interno durante o ano de atuação no projeto do PRPA, tanto no assessoramento
direto aos agricultores familiares em suas unidades, quanto no suporte às ações
administrativas realizadas pela Unidade Residente no interior da Unidade Residente,
avalio como satisfatória e extremamente válida a experiência vivenciada. A minha
formação de tecnóloga em Agroecologia foi um instrumento fundamental para que eu
pudesse desencadear os passos metodológicos a serem dados no assessoramento às
unidades produtivas familiares.
Ademais, minha passagem pela EMATER nessa jornada trouxe-me bastante
acúmulo e conhecimento, principalmente em relação às políticas públicas voltadas para a
agricultura familiar, o que se deu no trabalho diário ou via participações em eventos e
capacitações. Essa experiência também contribuiu para minha formação acadêmica como
profissional da ATER, um maior conhecimento do universo do agricultor familiar e um
maior estreitamento da relação com estes, além de ter oportunizando a minha participação
em eventos, capacitações.
Tudo isso me trouxe uma lição, por mais que sejamos profissionais capacitados
e envolvidos no que somos direcionados a fazer, precisamos olhar com um olhar humano
e solidário para um segmento que enxergam em nossa ação a perspectiva de dias melhores.
Pude percebem que através do trabalho de extensionista somos levados a participar de
seus sonhos (agricultores) e que por meio da nossa ação podemos contribuir para que
esses sonhos se tornem realidade.
REFERÊNCIAS

SOUZA, C. CAUME, D. Crédito Rural e Agricultura Familiar no Brasil. In: XLVI


Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2008,
Acre. Anais... Rio Branco, jul. 2008.

LIMA, Andréia Santos de; GOMES, Maria de Lourdes Saturnino; PINHEIRO, Régis de
Araújo; SOUSA, Breno Henrique de; MEDEIROS, Marcos Barros de. A
IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO de VIVÊNCIA E RESIDÊNCIA AGRÁRIA NA
FORMAÇÃO DO LICENCIANDO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS. III Congresso
Internacional das Ciências Agrárias COINTER – PDVAGRO, 2018.

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