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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTOS


1.1 O QUE SÃO ORÇAMENTOS
1.2 COMO SE ORGANIZAM OS ORÇAMENTOS
1.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1.3.1 Estudo das condicionantes de um trabalho
1.3.2 Composição de custos
1.3.3 Determinação do preço
1.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES
1.5 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS
1.6 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS

MÓDULO II

2 CÁLCULO DE PREÇOS DE VENDA


2.1 ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
2.2 COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA
2.3 O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO
2.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES

MÓDULO III

3 CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS


3.1 FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS
3.2 CUSTOS DE MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
3.3 RENDIMANTOS: MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

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3.3.1 Mão de Obra
3.3.2 Materiais
3.3.3 Equipamentos
3.4 FICHAS DE CUSTOS

MÓDULO IV

4 CÁLCULO DE CUSTOS DO CANTEIRO DE UMA OBRA


4.1 MONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS
4.2 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS
4.3 DESPESAS GERAIS
4.4 DESMONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS

MÓDULO V

5 MEDIÇÕES PARA ORÇAMENTO


5.1 PRINCÍPIOS BASE
5.2 REGRAS BÁSICAS DE MEDIÇÃO
5.3 DESENVOLVIMENTO DE CHECK-LIST
5.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES
5.5 MEMÓRIA DESCRITIVA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTOS

A importância da realização de um orçamento preciso corresponde à


possibilidade direta de uma empresa obter lucro ou prejuízo em uma obra,
principalmente quando faltam critérios técnicos e econômicos mínimos para a sua
elaboração. Por ter papel de responsabilidade direta pelo sucesso ou fracasso, no
orçamento devem estar contidas todas as condicionantes de trabalho, desde a
análise dos insumos utilizados, até a previsão de alguns gastos fixos mensais, tais
como aluguéis de equipamentos e mão de obra envolvida na organização dos
trabalhos (mestres, técnicos, engenheiros ou arquitetos responsáveis pela
execução).

FIGURA 1

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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Em uma visão tradicional, um orçamento é uma previsão ou estimativa do
custo de uma obra. O custo total da obra é o valor que corresponde à soma de todos
os gastos necessários para a sua execução.
Um orçamento corresponde a uma avaliação, previsão ou estimativa do
custo de obra ou de serviço a ser executado por meio de quantificação de insumos,
mão de obra ou equipamentos, o tempo de duração do empreendimento. Assim,
será possível obter o preço total da obra (GONZÁLEZ, 2007).
Na participação de uma concorrência, o preço proposto pelo construtor não
deve ser nem tão baixo a ponto de não permitir lucro, nem tão alto a ponto de não
ser competitivo na disputa com os demais proponentes.
Há sempre a possibilidade de duas ou mais empresas chegarem a
orçamentos distintos, porque distintos são os processos teóricos utilizados, a
metodologia de execução proposta para a obra, as produtividades adotadas para as
equipes de campo e os preços coletados, dentre outros fatores.
O que é importante destacar é que o orçamento deve refletir as premissas
da construtora, constituindo-se numa meta a ser alcançada pela empresa.
Os documentos integrantes do estudo do orçamento servem como
importante fonte de informação para a preparação, organização e execução dos
trabalhos. Muitas vezes, o volume de informações para um determinado caso pode
ser bastante complexo, exigindo o registro de uma série de informações interligadas,
que fazem parte de todo o processo de execução até a entrega do trabalho.
O principal objetivo deste módulo está no entendimento dos conceitos de
todos os elementos que constituem um orçamento de obras de Construção Civil,
com a familiarização de suas características próprias e alguns aspectos relevantes.
Neste módulo será possível criar um embasamento técnico que será
necessário para a compreensão de todo o curso.

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FIGURA 2

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

1.1 O QUE SÃO ORÇAMENTOS

Os orçamentos são as formas de saber quanto custa uma obra ou projeto.


Tem o mesmo sentido de previsão, sendo o ato de estimar uma situação futura, com
base em uma análise presente, com o objetivo de alcançar uma nova situação
projetada.
No caso da Construção Civil, uma obra é uma atividade econômica, na qual
o aspecto custo possui especial importância. O orçamento possui uma proposta do
custo de uma obra, apresentada por uma empresa para a prestação de um serviço
solicitado.
Para entendimento geral de todos os passos que se deve percorrer para o
desenvolvimento de um orçamento, deve-se ter em conta uma série de aspectos,
conforme o fluxograma apresentado a seguir.

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FIGURA 3

FONTE: MATTOS, 2006.

Definição sintética de orçamento:

É a completa discriminação dos custos e serviços para a realização de uma


obra de Construção Civil.

Segundo Tisaka (2006), os principais elementos de um orçamento são:

 Projeto;
 Caderno de encargos;
 Medição;
 Quantificação;
 Memória descritiva;
 Serviço simples;
 Serviço composto;

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 Mapa de Trabalhos;
 Mão de obra;
 Materiais (insumos);
 Composição de custos;
 Composição de preços;
 Preço de venda.

Projeto

Definição do plano geral para edificar, incluindo a informação específica para


a concretização.

Caderno de Encargos

Documento de um projeto no qual se enumera as obrigações das partes e


condições técnicas para a execução da obra.

Medição

Determinar quantidades de material, mão de obra e máquinas a aplicar em


uma determinada obra. A medição gera documento em que constam os materiais e
serviços necessários para um trabalho e que servem para fazer o estudo do
orçamento.

Quantificação

É a etapa em orçamentação na qual são levantadas as quantidades de


serviços de obra a executar por meio do registro da medição.

Memória Descritiva

Documento que contém todas as explicações detalhadas, apresentando as


justificações e soluções para a execução de uma determinada construção.

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Serviço Simples

É o serviço realizado apenas a partir de insumos e ferramentas básicas, com


o emprego de mão de obra auxiliar.

Serviço Composto

É o serviço realizado a partir de insumos diversos, com o emprego de


técnica e equipamentos especiais.

Mapa de Trabalhos

É a peça gráfica em que o orçamento é apresentado. É construído pela


relação dos serviços da obra com as respectivas quantidades, custos unitários e
totalizações por grupos de serviços afins ou correlatos.

Mão de obra

É o trabalho humano que é empregado na construção.

Materiais (insumos)

São os componentes utilizados na realização física dos diversos serviços.

Composição de custos

É a discriminação das quantidades de insumos e respectivos preços


necessários à realização de um serviço (a soma define um custo para o serviço).

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Preço de venda

É a composição de custos acrescida da taxa de BDI (Benefícios e Despesas


Indiretas) que contempla os serviços realizados pelo construtor que não fazem parte
da obra em si, o emprego do capital, os riscos e o lucro.

Para a realização de um orçamento de Construção Civil é necessário


compreender inicialmente os seguintes pontos:

- Identificação da obra;
- Descrição;
- Quantificação;
- Análise e valorização dos serviços apresentados.

Como o orçamento é preparado antes da realização do trabalho, deve ser


realizado um estudo abrangente para que não existam lacunas na composição dos
custos e considerações aleatórias.
Um dos requisitos básicos para um bom orçamentista é o conhecimento
detalhado de cada serviço. Quanto maior a capacidade de interpretar desenhos,
planos e especificações da obra, melhor será o estabelecimento de ações para cada
fase do trabalho a realizar, sendo possível identificar a dificuldade de cada serviço e
consequentemente custos de execução.
Existem alguns parâmetros que não podem ser determinados com exatidão,
como é o caso das condições climáticas, condições do solo quando não ocorreram
estudos prévios, disponibilidade de materiais, principalmente em períodos de férias
coletivas dos fornecedores, além da influente flutuação da produtividade dos
operários e diversas paralisações por acidentes, feriados ou outros fatores
interligados.

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1.2 COMO SE ORGANIZAM OS ORÇAMENTOS

A organização dos elementos que fazem parte de um orçamento não pode


ser analisada apenas como uma listagem de números que foram retirados de um
livro ou de um manual.
Os orçamentos devem ser um documento regido por conceitos fundamentais
de orçamentação, como ser capaz de retratar a realidade do projeto, por se tratar de
um estudo, há sempre a possibilidade de uma margem de incerteza incorporada à
análise, muitas são as premissas de cálculo adotadas e a defasagem de tempo
entre o momento da orçamentação e o da realização do serviço.

Os principais atributos de um orçamento são (MATTOS, 2006):


 Estimativa;
 Especificação;
 Temporalidade.

Estimativa

O orçamento é baseado em previsões, obtendo levantamentos aproximados.


Por mais que todas as variáveis sejam ponderadas, há sempre uma aproximação
associada. O orçamento não tem que ser obrigatoriamente exato, porém deve ser o
mais preciso possível. Quanto mais criteriosa for a análise dos elementos
necessários para o estudo do orçamento, menor será a sua margem de erro.
Por exemplo, em um orçamento de R$ 752.350,45, o valor apresentado com
o rigor dos centavos não representa necessariamente uma “precisão” de duas casas
decimais. Esse preço de venda é decorrente de uma série de contas definidas a
partir de premissas de cálculo.

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FIGURA 4

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A estimativa de um orçamento está embutida em diversos itens:

 Mão de obra

 Produtividade das equipes

Quando, por exemplo, se admite que um pedreiro gasta 1,0 h para fazer 1,0
m2 de alvenaria de bloco cerâmico, será por meio dessa premissa que o total de
mão de obra de alvenaria será calculado. A produtividade afeta diretamente a
composição de custo.

 Encargos sociais e trabalhistas

O percentual de encargos que incidem sobre a mão de obra leva em conta


premissas tais como incidência de acidentes do trabalho, rotatividade para cálculo
de aviso prévio, faltas justificadas e outros elementos arbitrados a partir de
parâmetros estatísticos e históricos.

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 Material

 Preço dos materiais

Não é possível afirmar com certeza que os preços cotados durante a


orçamentação serão os praticados durante a obra.

 Impostos

Os impostos embutidos no preço de aquisição dos insumos podem variar


durante a obra. Além disso, a base de cálculo de impostos como o ISS é estimada
para fins de orçamento.

 Perda

O percentual de perda e desperdício é arbitrado para cada material que


entra no orçamento. Assim, por exemplo, admitir que há uma perda de 3% no bloco
cerâmico é uma consideração que pode se mostrar arrojada, realista ou
conservadora dependendo do serviço.

 Reaproveitamento

O reaproveitamento consiste na quantidade de vezes que um material pode


ser reutilizado (Exemplo: chapa de madeira compensada para forma de estruturas
de concreto).

 Equipamento

 Custo horário

O custo horário depende de parâmetros de cálculo como vida útil, custo de


manutenção e operação.

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 Produtividade

Quando se assume, por exemplo, que uma escavadeira, escava 30 m3 de


solo por hora, há uma margem de incerteza incluída, pois a produtividade é função
da disponibilidade mecânica (percentual de tempo em que o equipamento está em
condições mecânicas de ser utilizado) e do coeficiente de utilização (percentual do
tempo disponível em que o equipamento efetivamente trabalha), além do
empolamento do material escavado (aumento de volume entre os estados natural e
solto).

 Custos indiretos

 Pessoal

Os salários e encargos sociais das equipes técnica, administrativa e de


apoio.

 Despesas gerais

As contas de água, luz, telefone, aluguel de equipamentos gerais (grua,


andaimes), seguros, fretes, etc.

 Imprevistos

Os orçamentistas precisam incluir no orçamento alguma verba para os


custos que não podem ser orçados com certeza ou explicitamente: retrabalho em
razão de chuvas, por má qualidade, danos causados por fenômenos naturais ou por
terceiros, danos causados pela construtora a terceiros, etc.

Especificação

O orçamento para a construção de uma obra em um determinado local


dentro da área geográfica da sede da empresa é diferente do orçamento de uma

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obra com as mesmas características a ser realizado em outra região distante, que
necessite de mobilização da estrutura da empresa ao local. Não é correto designar
um orçamento como padrão ou generalizado para um tipo de serviço. Por mais que
um orçamentista se baseie em algum trabalho anterior, é sempre necessário adaptá-
lo à obra em questão.

Todo orçamento está intrinsecamente ligado a:

 Empresa

O orçamento traz implícita a política da empresa, na quantidade de cargos


de supervisão previstos (engenheiros, mestres, encarregados), no padrão do
canteiro de obras, na quantidade de veículos disponibilizados para a equipe, grau de
terceirização de serviços, na taxa de administração central cobrada da obra para
cobrir parte dos custos do escritório central da empresa, na necessidade de
empréstimos para fazer a obra, etc.

 Condições locais

O clima, relevo, vegetação, profundidade do lençol freático, tipo de solo,


condições das estradas locais, facilidade de acesso às fontes de matérias-primas,
qualidade da mão de obra, oferta de equipamento, qualidade dos subempreiteiros da
região, diferentes alíquotas de impostos, entre outros fatores.

Temporalidade

Um orçamento realizado há algum tempo já não é válido atualmente. Se, por


exemplo, a aprovação para iniciar um trabalho acontecer após longo tempo (fora da
previsão definida em orçamento), será necessário estabelecer alguns ajustes. Isso
se deve a:

 Flutuação no custo dos materiais ao longo do tempo;


 Alteração de impostos e encargos sociais e trabalhistas;

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 Evolução dos métodos construtivos. Surgimento de técnicas, materiais e
equipamentos mais adequados à realização do respectivo serviço;
 Diferentes cenários financeiros e gerenciais. Os diferentes cenários
podem justificar a terceirização, delegação de tarefas, condições de capital de giro,
necessidade de empréstimo, etc.

FIGURA 5

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A organização de orçamentos para obras de Construção Civil pode ter


enfoques distintos, quando analisado sob o prisma do cliente e proprietário da obra
ou pelo construtor (MATTOS, 2006).
Do ponto de vista do cliente e proprietário da obra, o orçamento é a
descrição de todos os serviços, devidamente quantificados e multiplicados pelos
respectivos preços unitários, cuja somatória define o preço total, ou seja, seu
desembolso.
Alguns pontos apresentados em um orçamento não são uma preocupação
imediata do proprietário, como a cotação de materiais, percentual de perdas e
produtividade de equipes. De uma maneira geral estará mais preocupado com o
montante do empreendimento e como esse montante será desembolsado ao longo
do tempo.
Do ponto de vista do construtor, o orçamento é a descrição de todos os
materiais, devidamente quantificados e multiplicados pelos respectivos custos
unitários, acrescidos das despesas indiretas, cuja somatória define o custo total, ou

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seja, o desembolso do construtor, mais o lucro e os impostos, gerando então o preço
total, que é quanto irá receber (TISAKA, 2006).
Para o construtor, o orçamento encerra em seu contexto todas as premissas
que passam a ser metas de desempenho durante a obra. O preço de venda dos
serviços é fixo, o custo é variável e precisa ser monitorado em função dessas metas.

1.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Para a estruturação de um orçamento destinado a obras de Construção Civil


é necessário considerar alguns conceitos fundamentais que compõem o mesmo.
O orçamento engloba três grandes etapas de trabalho:

 Estudo das condicionantes de um trabalho;


 Composição de custos;
 Determinação do preço.

Inicialmente estudam-se os documentos disponíveis em uma obra, realiza-se


a visita ao local de trabalho, e fazem-se consultas ao cliente. Em seguida, prepara-
se o custo, que é proveniente das definições técnicas, do plano de obra, dos
quantitativos dos serviços, das produtividades e da cotação de preços de insumos.
Por fim, soma-se o custo indireto, aplicam-se os impostos e aplica-se a
margem de lucro desejada, obtendo-se assim o preço de venda da obra.

1.3.1 Estudo das condicionantes de um trabalho

Quando existem elementos técnicos disponíveis pelo cliente para a


realização de um orçamento, normalmente por meio de um projeto, seja ele básico
ou técnico/executivo, a partir do projeto ou especificações técnicas por meio de um
caderno de encargos, são identificados os serviços constantes da obra com suas

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respectivas quantidades, o grau de interferência entre eles, a dificuldade relativa de
realização das tarefas, etc.
A fase de estudo das condicionantes de um trabalho faz com que sejam
conhecidas as condições da obra, englobando os seguintes passos:

Leitura e interpretação do projeto e especificações técnicas

A depender da complexidade da obra, as plantas baixas, cortes, vistas,


perspectivas, notas, detalhes, diagramas, tabelas e quadros, que em essência
definem o produto final a ser construído, demandam maior ou menor análise.
O entendimento do projeto depende muito da experiência do orçamentista e
de sua familiaridade com o tipo de obra.
As especificações técnicas são documentos que trazem informações de
natureza mais qualitativa do que quantitativa. Elas contêm, entre outras coisas:

 Descrição qualitativa dos materiais a serem empregados;


 Padrões de acabamento;
 Tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais;
 Critério de aceitação de materiais;
 Tipo e quantidade de ensaios a serem realizados;
 Resistência do concreto.

Leitura e interpretação do edital

O edital é o documento que rege a licitação, no caso de a obra ser objeto de


uma concorrência. Ele traz as "regras" do projeto. É o principal documento da fase
de licitação.
Algumas das informações contidas no edital e que são indispensáveis para a
elaboração do orçamento:

 Prazo da obra;
 Datas contratuais;

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 Penalidade por atraso no cumprimento do prazo ou bônus por
antecipação;
 Critérios de medição, pagamento e reajustamento;
 Regime de preços (unitário, global, por administração);
 Limitação de horários de trabalho;
 Critérios de participação na licitação (capital social da empresa, etc.);
 Habilitação técnica requerida com relação à empresa e responsável
técnico;
 Documentação requerida;
 Seguros exigidos;
 Facilidades disponibilizadas pelo contratante (instalações de água,
energia, etc.).

Visita técnica

A visita ao local da obra serve para tirar dúvidas, levantar dados e


características importantes para um orçamento, tirar fotos, avaliar o estado das vias
de acesso e verificar a disponibilidade de materiais, equipamento e mão de obra na
região. Em muitos casos, quando não existe projeto ou caderno de encargos, a visita
técnica torna-se a única fonte de levantamento de informações para realizar o
orçamento.

FIGURA 6

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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1.3.2 Composição de custos

Identificação dos serviços

O custo total de uma obra é fruto do custo orçado para cada um dos serviços
integrantes da obra. A origem da quantificação está na identificação dos serviços.

Levantamento de quantitativos

Cada serviço identificado deve ser quantificado. O levantamento de


quantitativos é um dos principais trabalhos do orçamentista. O levantamento de
quantitativos inclui cálculos baseados em dimensões precisas fornecidas no projeto
(volume de concreto armado, área de telhado, área de pintura, etc.) ou em alguma
estimativa (volume de escavação em solo, quando são dados perfis de sondagem,
por exemplo).

Custos Diretos

Os custos diretos são aqueles diretamente associados aos serviços dos


trabalhos em obra. Representam o custo orçado dos serviços levantados.
A unidade básica é a composição de custos, os quais podem ser unitários,
ou seja, identificados a uma unidade de serviço (quando ele é mensurável, por
exemplo: kg de armação, m3 de concreto) ou dado como verba (quando o serviço
não pode ser traduzido em uma unidade fisicamente mensurável, por exemplo:
paisagismo, sinalização).
Cada composição de custos unitários contém os insumos do serviço com
seus respectivos índices (quantidade de cada insumo requerida para a realização de
uma unidade do serviço) e valor (provenientes da cotação de preços e da aplicação
dos encargos sobre a hora-base do trabalhador).
A empresa pode usar composições de custos próprias obtidas pela
experiência e levantamento por meio de obras de igual dimensão já anteriormente

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realizadas ou obtê-las em publicações especializadas, como a TCPO (Tabelas de
Composições de Preços para Orçamentos), da Editora PINI (TCPO, 2011), sendo
atualmente uma das publicações mais completas e difundidas no mercado da
Construção Civil.

Custos Indiretos

Os custos indiretos são aqueles que não estão diretamente associados aos
trabalhos de obra em si, mas que são necessários para que tais serviços possam
ser realizados. Nestes custos são dimensionadas as equipes técnicas (engenheiros,
mestres, encarregados), de apoio (almoxarife, apontador) e de suporte (secretária,
vigia), e identificadas às despesas gerais da obra (contas, materiais de escritório e
limpeza, etc.), mobilização e desmobilização do canteiro de obras, taxas e
emolumentos, entre outras despesas.

Cotação de preços

A cotação de preços consiste na coleta de preços dos fornecedores do


mercado para os diversos materiais da obra, tanto os que aparecem no custo direto,
quanto no custo indireto. É importante que esta etapa seja feita em seguida à
seleção das composições de custos, para que o orçamentista possa ter uma relação
completa de todos os materiais do orçamento.

FIGURA 7

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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Definição de encargos sociais e trabalhistas

Análise dos encargos sociais e trabalhistas, a serem aplicados à mão de


obra a ser utilizada na obra analisada. Envolvem os diversos impostos que incidem
sobre a hora trabalhada e os benefícios a que têm direito os trabalhadores e que são
pagos pelo empregador.

1.3.3 Determinação do preço

FIGURA 8

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Definição da margem de lucro

Basea-se nas condições intrínsecas e extrínsecas da obra, o construtor


define a margem de lucro que deseja obter na obra em questão. Ele deve levar em
conta fatores como: concorrência, risco do empreendimento, necessidade de
conquistar a obra para imagem da empresa, etc. Aplicação do BDI (Benefícios e
Despesas Indiretas) sobre o preço do trabalho como taxa de majoração importante
ao custo do orçamento.

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FIGURA 9

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Ao analisar os conceitos fundamentais aqui apresentados, é importante


identificar que o propósito do orçamento não se resume à definição do custo da
obra. Ele tem uma abrangência maior, servindo de subsídio para outras aplicações,
tais como (MATTOS, 2006):

Levantamento dos materiais e serviços

A descrição e a quantificação dos materiais e serviços ajudam o construtor a


planejar as compras, identificar fornecedores, estudar formas de pagamento e
analisar metodologias executivas.

Obtenção de índices para acompanhamento

Com base nos índices de utilização de cada insumo (mão de obra,


equipamento, material), o construtor poderá realizar uma comparação entre o que
orçou e o que está efetivamente acontecendo na obra. Os índices servem também
como metas de desempenho para as equipes de campo.

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Dimensionamento de equipes

A quantidade de homem-hora requerida para cada serviço serve para a


determinação da equipe. A partir do índice, determina-se o número de trabalhadores
para uma dada duração do serviço.

Capacidade de revisão de valores e índices

O orçamento pode ser facilmente recalculado a partir de novos preços de


insumos e índices de produção. Para isso, basta que os campos de valores sejam
alterados, pois todo o restante é produto de operações aritméticas simples.

Realização de simulações

Cenários alternativos de orçamento com diferentes metodologias


construtivas, produtividades, jornadas de trabalho, lucratividade, etc.

Geração de cronogramas físico e financeiro

O cronograma físico retrata a evolução dos serviços ao longo do tempo. O


cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos e receitas desses mesmos
serviços – é a distribuição temporal dos valores.

Análise da viabilidade econômico-financeira

O balanço entre os custos e as receitas mensais fornece uma previsão da


situação financeira da obra ao longo dos meses.

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1.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES

O Mapa de Trabalhos e Quantidades deve relacionar todos os serviços a


serem realizados. Em seguida, calcular as quantidades a serem executadas e seus
custos unitários (custo para executar uma unidade de cada serviço em questão).
Os produtos de quantidades por custos unitários fornecem os custos totais
parciais. A soma destes é o custo total do orçamento. Acrescendo-se o BDI,
obtemos o preço total do orçamento (o preço a ser apresentado ao cliente).

Assim, para o exemplo apresentado a seguir (CARDOSO, 2006):

1) Medição de quantidades

escavação = 1,2 x 1,2 x 1,2 = 1,728 m3


remoção de solo = 1,2 m3
compactação do fundo = 1x1 = 1 m2
fundo em concreto = 1 x 1 x 0,05 = 0,05 m3
alvenaria = (1 + 1 + 0,8 + 0,8) x 1,15 = 4,14 m2
reboco interno = 0,8 x 4 x 1,15 = 3,68 m2
grade = 1 m2
reaterro = 0,528 m3

2) Planilha de orçamento discriminado

Orçamento para execução de caixa de drenagem em alvenaria, dimensões


externas 1 x 1 x 1,2 m, rebocada internamente com grelha de aço d= ¾”.

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TABELA 1
Item Serviço Unidade Quantidade Custo Custo
unitário parcial
1. Movimento de solo
1.1 Escavação de solo com m3 1,728 15,00 25,92
escoramento
1.2 Apiloamento do fundo m2 1,00 8,00 8,00
1.3 Remoção de solo m3 1,20 5,00 6,00
1.4 Reaterro de solo m3 0,528 10,00 5,28
2. Fundo em concreto m3 0,05 120,00 6,00
magro
3. Alvenaria de tijolos m3 4,14 22,30 92,22
maciços, e= 10 cm
4. Revestimento interno – m2 3,68 14,00 51,52
reboco misto
5. Grade de aço, barra m2 1,00 150,00 150,00
d=¾”
Subtotal 345,04
BDI 50% 172,52
Total 517,56
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Os Mapas de Trabalhos e Quantidades devem ser apresentados:

 Dividindo os trabalhos (ou projeto) em capítulos;


 Para cada capítulo é necessário individualizar as tarefas;
 Conferir as tarefas. Verificar se estão todas consideradas (um orçamento
antigo semelhante pode ajudar);
 Medir quantidades sobre peças desenhadas definindo previamente a
unidade de medição.

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FIGURA 10

Mapa de Trabalhos

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

1.5 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS

O preço de venda de um serviço é o preço calculado por uma empresa para


venda do trabalho em questão.
No estudo do preço de venda devem ser considerados os custos da
empresa para a execução do trabalho. Estes custos são definidos por meio de
composições unitárias de custos de serviços.
Para o cálculo de preços de venda deve-se criar a decomposição em
capítulos de um mapa de trabalhos, conforme o exemplo a seguir de um edifício
corrente:

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Capítulo 1 - Demolições
Capítulo 2 - Terraplanagem
Capítulo 3 - Fundações e estruturas
Capítulo 4 - Construção civil
4.1 - Alvenarias
4.2 - Revestimento exterior - fachadas
4.3 - Revestimento interior - tetos
4.4 - Revestimento interior - paredes
4.5 - Revestimento interior - pavimentos
4.6 - Coberturas e impermeabilizações
4.7 - Carpintaria
4.8 - Serralharia
4.9 - Pinturas
4.10 - Vidros
4.11 - Diversos
Capítulo 5 - Instalações Hidráulicas
Capítulo 6 - Instalações Elétricas
Capítulo 7 - Instalações de Ar-condicionado
Capítulo 8 - Instalações de Gás
Capítulo 9 - Elevadores

Composições unitárias de custos de serviços

As composições unitárias de custos são as "fórmulas" de cálculo dos custos


unitários nos orçamentos discriminados. Cada composição consiste das quantidades
individuais do grupo de insumos (material, mão de obra e equipamentos)
necessários para a execução de uma unidade de um serviço.

Exemplos:
(1) Para a execução de escavação de solo para vigas de fundação, o
único insumo é a mão de obra (servente), sendo estimado um consumo de quatro
horas para cada m3 escavado.

AN02FREV001/REV 4.0

29
Escavação de solo normal, até 3,0 m de profundidade – m2

TABELA 2
Item Descrição (função) Quantidade Custo unitário Custo
unitária parcial
1 Servente 4,00 h 5,60/h R$ 22,40
Total R$ 22,40
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

O custo unitário do serviço é obtido multiplicando-se a quantidade


empregada do insumo por seu custo respectivo. No caso apresentado, o valor da
hora é de R$ 2,00.
Acrescendo-se os percentuais de Leis Sociais, considerados como 180%, o
preço do insumo "Servente" é de R$ 5,60/h e o preço do serviço "Escavação" é de
R$ 22,40/m3.

(2) A execução da armadura de uma viga, em aço CA-50 de 12,5mm,


envolve os seguintes insumos, já incluídas as perdas nas quantidades unitárias:

TABELA 3 - ARMADURA CA-50, 12,5 MM - KG


Item Descrição Quantidade Custo unitário Custo
unitária parcial
1 Aço CA-50, 12,5 mm 1,05 kg 3,00/kg 3,15
2 Arame recozido 0,02 kg 7,00/kg 0,14
3 Armador 0,10 h 8,40/h 0,84
4 Servente 0,10 h 5,60/h 0,56
Total : R$ 4,69
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

30
Da mesma forma, os percentuais de Leis Sociais estão embutidos nos
custos de mão de obra. Não é necessário que seja assim, podendo-se calcular em
separado, acrescendo-se como um subtotal.
O valor adotado depende de vários fatores, principalmente da legislação
vigente na data e nas condições particulares da empresa (rotatividade, horas extras,
índice de ações trabalhistas, etc.).
Para estes dois exemplos, o valor calculado é o custo, válido genericamente,
para obras comuns. Contudo, em cada caso, devem ser verificados aspectos
singulares, tais como: local da obra (transporte), horário e condições de trabalho
(horas extras, periculosidade, insalubridade). Além disso, devem ser acrescidos os
custos não discriminados e o lucro desejado (BDI) (SILVA, 2006).

Obtenção das composições

As composições de custos podem ser obtidas de várias fontes. A melhor


forma é o levantamento direto nas próprias obras, verificando-se o consumo de
acordo com a produtividade da mão de obra local e nas condições técnicas em que
se produz. Porém, pela quantidade de trabalho envolvido, geralmente no início das
composições são obtidas por meio de referências em publicações.
A utilização indiscriminada, porém, é perigosa, pois os coeficientes foram
determinados em locais distintos, e não há garantias de que sejam adequados para
as condições das nossas obras. Por exemplo, uma publicação editada em São
Paulo, há trinta anos, evidentemente deve refletir condições muito diferentes das
encontradas nos dias de hoje. Outra forma de obtenção de composições é o cálculo
direto, para o qual se apresentam dois casos:

(1) Argamassa para alvenaria (1:2:9) - m3:


a) Materiais - traço em volume, considerando os pesos específicos: o volume
para cada parcela do traço é: 1 m3 / (1+2+9) = 0,083333 m3
a1) cimento (1600 kg/m3): 0,83333 x 1600 = 133,3333 kg
a2) cal hidratada (1030 kg/m3): 0,83333 x 2 x 1030 = 171,6666 kg
a3) areia: 0,83333 x 9 = 0,75 m3
a4) perdas: assume-se perda média de 10% nos materiais

AN02FREV001/REV 4.0

31
b) Mão de obra: estimada (ou medida na obra) em 10h/m3.
c) Betoneira: tempo ocupado estimado (ou medido na obra) em 4 h.

TABELA 4 - ARGAMASSA PARA ALVENARIA (1:2:9) – M3


Item Descrição Quantidade Custo unitário Custo
unitária parcial
1 Cimento 133,33 kg * 1,10 0,32/kg 46,93
2 Cal hidratada 171,67 kg * 1,10 0,28/kg 52,87
3 Areia média 0,75 m3 * 1,10 35,00/m3 28,88
4 Betoneira 500 litros 0,50 dia 20,00/dia 10,00
(aluguel)
5 Servente 10,00 h 5,60/h 56,00
Total : R$ 194,68
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

(2) Alvenaria de tijolos furados (6 furos, 10x15x20), 10 cm de largura – m2,


para revestir:

a) Quantidade de tijolos

a1) tijolos em um metro quadrado: 1/0,16 x 1/0,21 = 29,76 un


a2) àrea ocupada pelos tijolos: 29,76 x 0,15 x 0,20 = 0,89 m2
a3) volume de argamassa: (1-0,89) x 0,10 = 0,0107 m3
a4) perdas: assume-se perda média de 10% nos materiais.

b) Mão de obra: estimada 1m 1,6h de pedreiro e 0,8h de servente


(estes valores são tradicionalmente empregados)

AN02FREV001/REV 4.0

32
TABELA 5 - ALVENARIA DE TIJOLOS FURADOS (6 FUROS, 10X15X20),
10 CM DE LARGURA – M2
Item Descrição Quantidade Custo unitário Custo
unitária parcial
1 Tijolos 29,76 un * 1.10 0,28/un 9,17
2 Argamassa 1:2:9 0,0107 m3 * 1,10 194,68/m3 2,29
3 Pedreiro 1,60 h 7,80 /h 12,46
4 Servente 0,80 h 5,60/h 4,48
Total : R$ 28,42
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

É importante entender que a montagem da composição deve ser coerente


com o critério adotado para a medição de serviços, para que se saiba o que está
incluído e o que não está nos valores resultantes da composição de custos.
Embora os preços possam ser obtidos de listas, do tipo publicado
periodicamente em revistas ou fornecido por contrato (mediante assinatura), para a
execução da obra é necessário obter-se as composições de custos, propriamente
ditas, para que seja possível realizar a aquisição de materiais, contratação da mão
de obra ou de serviços subempreitados e o controle geral da obra.

1.6 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS

Para a realização de orçamentos é necessário organizar os elementos


identificados no estudo, geralmente compostos pelas seguintes etapas:

 Recebimento do conjunto de documentos e informações complementares


(prazo, condições de execução, entre outros);
 Análise preliminar dos documentos e busca de esclarecimentos ou
detalhes para elementos sobre os quais há dúvidas;

AN02FREV001/REV 4.0

33
 Identificação dos itens e discriminação orçamentária preliminar dos
serviços;
 Quantificação (medição em obra ou por meio de projetos);
 Lançamento em sistema informatizado e/ou busca das composições;
 Listagem e cotação de materiais, mão de obra e serviços subempreitados;
 Lançamento dos custos, análise de BDI, análises de prazos e viabilidade;
ajustes finais;
 Fechamento do orçamento, redação das condições da proposta ou minuta
do contrato.

Regras gerais para execução de orçamentos:

 Definir claramente as necessidades;


 Saber o que se compra, para que fim e onde comprar;
 Planejar as despesas;
 Organizar os documentos de despesa de forma funcional;
 Evitar desperdícios.

Um orçamento deve conter:

 Apresentação da empresa;
 Quadro técnico;
 Memória descritiva;
 Relatório fotográfico;
 Mapa de Trabalhos e Quantidades;
 Descrição dos serviços oferecidos;
 Planilha de custos;
 Cronograma de execução;
 Prazo de entrega;
 Validade da proposta;
 Fichas técnicas dos produtos mais relevantes.

AN02FREV001/REV 4.0

34
Nos casos em que o orçamento não seja gratuito, o profissional deve
informar sempre ao consumidor previamente do valor do seu custo, a não
informação condiciona a não obrigatoriedade de recebimento por este serviço.
Normalmente não é prática usual na construção civil o pagamento pela
realização de um orçamento, mesmo que seja preciso realizar um estudo técnico
que pode corresponder a muitas horas de trabalho.
Esta prática caracteriza o risco que existe por parte das empresas de
construção civil, que muitas vezes dedicam parte de seu tempo na criação de um
orçamento técnico, que mostra o perfil técnico e profissional da empresa, sem a
certeza de que terá sucesso.

FIM DO MÓDULO I

AN02FREV001/REV 4.0

35
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

36
CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

37
MÓDULO II

2 CÁLCULO DE PREÇOS DE VENDA

O objetivo do Módulo II é a compreensão do cálculo do preço de venda para


trabalhos em obras de Construção Civil, por meio de uma análise de todos os custos
diretos e indiretos de uma obra. Faz parte deste módulo, a análise dos diversos
elementos que compõem uma obra como um todo.

FIGURA 11

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

38
2.1 ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A definição para a estrutura de custos na Construção Civil em um orçamento


é a organização dos custos das empresas de construção para que os orçamentos
possam refletir os custos com maior rigor.
A estrutura habitualmente utilizada é a seguinte:

Diretos
Custos
Indiretos
R$
Canteiro de Obras

Custos diretos – Tudo o que é diretamente imputável às obras e em


particular às respectivas tarefas (tijolos, pedreiro, carpinteiro, equipamentos, etc.).

Custos indiretos – Custos associados à vida da empresa e que não são


diretamente imputáveis às obras (salários de pessoal do escritório, administração,
custos com a sede, estrutura da empresa, etc.).

Custos de canteiro de obras – Custos imputáveis a uma dada obra


particular, mas que não podem ser imputadas às tarefas do orçamento (eletricidade,
água, salários de pessoal de chefia, vedações, vias provisórias de comunicação,
equipamentos não imputados aos custos diretos, etc.).

FIGURA 12

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

39
Parâmetros de referência

A utilização da experiência anterior é fundamental para que o orçamentista


possa se referenciar. Alguns projetos concluídos com sucesso devem ser alvo de
estudos, gerando parâmetros para estruturar novos estudos.
Por exemplo, para uma estrutura de concreto convencional, as dimensões
esperadas são as seguintes (tabela abaixo), considerando cada medida em relação
à área total construída. Esses elementos representam médias de projetos
considerados de boa qualidade pela experiência da empresa, mas deve-se ressaltar
que estas medidas foram tomadas com base em projetos estruturais que seguiam
certo padrão.

TABELA 6 - PARÂMETROS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO


CONVENCIONAIS
Altura do Prédio Concreto Armadura Formas
<15 pavimentos 12 a 16 10 a 14 1,6 a 2,1
cm/m2 kg/m2 m2/m2
de 15 a 20 16 a 20 14 a 20
pavimentos cm/m2 kg/m2
>20 pavimentos 18 a 22 17 a 23
cm/m2 kg/m2
FONTE: BALLOU, 2003.

No caso da falta de projetos no momento do orçamento ou para permitir a


comparação de alternativas, é possível considerar estas medidas como estimativas,
indicando este fato explicitamente no orçamento. Havendo dimensões para a
estrutura, estas devem ser seguidas, estimando-se de forma aproximada apenas a
armadura.
Outra forma de auxílio para um orçamento aproximado consiste na
consideração da participação percentual média dos grandes itens no custo total,
preferencialmente obtida em obras similares anteriores. Os percentuais de

AN02FREV001/REV 4.0

40
referência podem servir para estimar custos para algumas etapas de projeto ainda
não desenvolvidas ou para verificar outras etapas, identificando certos erros ou
inconsistências destes projetos. Uma distribuição razoável é a seguinte (tabela
abaixo), adequada para prédios de apartamentos residenciais de padrão normal,
com oito a 12 pavimentos.

TABELA 7 - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL MÉDIA DOS SERVIÇOS EM UM


ORÇAMENTO (EDIFÍCIO DE PADRÃO NORMAL, DE 8 A 12 PAVIMENTOS)*1

# Item %
Custos diretos
1 Serviços Preliminares 1,00
2 Movimento de Solo e Fundações 3,50
3 Estrutura 19,00
4 Alvenaria 7,00
5 Impermeabilizações 1,40
6 Instalações elétricas e telefônicas 5,20
7 Instalações hidráulicas, sanitárias, pluviais, de incêndio e de gás. 9,80
8 Aparelhos sanitários, metais, louças e acessórios. 1,80
9 Pisos e rodapés 6,00
10 Esquadrias, vidros e ferragens. 7,00
11 Revestimento de fachada 4,80
12 Revestimentos internos, inclusive forros. 3,30
13 Pintura interna 2,00
14 Pintura externa 1,50
15 Elevador 1,80
16 Cobertura 0,50
17 Serviços complementares 1,00
18 Paisagismo 0,40
Subtotal 77,00

1
Levantamento pessoal da experiência do autor do curso em diversas empresas de construção de edíficios.

AN02FREV001/REV 4.0

41
Custos de administração e indiretos
1 Taxas e impostos 0,20
2 Equipamentos 0,80
3 Despesas indiretas 4,00
4 Gerenciamento 4,50
5 Lucro construção 5,00
6 IR sobre lucro construção 8,50
Subtotal 23,00
Total 100,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Uma referência da utilização dos percentuais, caso não existam ainda os


projetos de instalações elétricas ou hidráulicas, pode-se determinar
aproximadamente os valores correspondentes utilizando os dados da tabela anterior.

Exemplo:
Se o valor orçado (com base nos outros projetos disponíveis) foi de R$
850.000,00, e as instalações elétricas e telefônicas e as hidrossanitárias são
previstas como normais, pode-se complementar o orçamento da seguinte forma:

a) Define-se a participação: Instalações elétricas e telefônicas=5,20% e


Instalações hidrossanitárias= 9,80%, somando o equivalente a 15% do edifício;
b) O orçamento básico representa (100% - 15%)= 85%, portanto;
c) As instalações podem ser estimadas em R$ 52.000,00 e R$ 98.000,00,
respectivamente;
d) Conclui-se que o orçamento total será de R$ 1.000.000,00

Custos Diretos e Custos Indiretos

Em obras de Construção Civil, é possível perceber com alguma facilidade


que há um elevado número de despesas que não pertencem a um serviço
específico. São custos que ocorrem independentemente das quantidades

AN02FREV001/REV 4.0

42
produzidas pela obra e que não foram incluídos nas composições de custos unitários
dos serviços. Eles são de ocorrência inevitável e por isso precisam ser computados
no orçamento.
A esse novo tipo de custo denomina-se custo indireto, já que o fato gerador
do custo não está diretamente associado às atividades de produção do campo custo
direto.
Do ponto de vista da classificação, um custo é tido como indireto se não tiver
sido considerado como custo direto. Assim é que a betoneira, se não tiver sido
incluída como insumo no serviço de reboco (que seria um custo direto), terá que ser
tratada como custo indireto.
As despesas indiretas associam-se normalmente com manutenção do
canteiro de obras, salários, despesas administrativas, taxas, emolumentos, seguros,
viagens, consultaria, fatores imprevistos e todos os demais aspectos não orçados
nos itens de produção.
Enquanto o custo direto é função direta da quantidade produzida, o mesmo
não se pode dizer do custo indireto.
O salário do mestre, a alimentação da equipe e o custo de vigilância do
canteiro serão os mesmos, quer a obra produza 200 m3 de concreto em um mês,
quer produza 30 m3.
Por exemplo, o salário do engenheiro e a conta de telefone da obra não
integram as composições de custos dos serviços, mas devem ser levados em conta
no orçamento. A lista das despesas indiretas é extensa, variando com o porte da
obra, sua duração, localização e particularidades.
O custo indireto é todo custo que não apareceu como mão de obra, material
ou equipamento nas composições de custos unitários do orçamento. Em outras
palavras, é todo custo que não entrou no custo direto da obra, não integrando os
serviços de campo orçados (escavação, aterro, concreto, revestimento, etc.).

Fatores que podem influenciar os custos indiretos

O custo indireto geralmente fica na faixa de 5 a 30% do custo total da


construção. O percentual pode oscilar em função dos seguintes aspectos:

AN02FREV001/REV 4.0

43
TABELA 8
Aspecto Como influi
Localização Uma obra em local distante requer maior despesa
geográfica de mobilização de pessoal e equipamentos, etc.
Quantidade de engenheiros e supervisores (mestres
Política da
e encarregados), faixa salarial adotada, quantidade
empresa
de veículos à disposição da obra, etc.
As despesas administrativas são proporcionais à
Prazo
duração da obra.
Obras com elevado grau de dificuldade tendem a
Complexidade
exigir mais supervisão e suporte externo.
FONTE: MATTOS, 2006.

Há empresas que estimam o custo indireto como um percentual do custo


direto. Embora esse método expedito possa ser aplicado para produzir números
aproximados, é sempre aconselhável analisar em detalhe os diversos aspectos que
compõem o custo indireto para que grandes omissões ou excessos sejam evitados.
Do ponto de vista temporal, por envolver despesas provenientes de várias
origens (administrativas, legais, comerciais e técnicas), o custo indireto de uma obra
pode ter ocorrência:

TABELA 9
Ocorrência Exemplo
Anterior à obra Visitas à obra, estudos técnicos, ensaios,
elaboração de planejamento, taxas e
emolumentos (alvará), etc.
Simultânea à obra Salários e despesas correntes do canteiro
de obras.
Posterior à obra Desmobilização do canteiro, taxas e
emolumentos (licença Habite-se), confecção
de memoriais, etc.
FONTE: MATTOS, 2006.

AN02FREV001/REV 4.0

44
Para a análise dos custos indiretos de uma obra, é apresentada uma relação
com os principais custos encontrados na Construção Civil. O peso de cada um deles
é variável de obra para obra e nem todos os itens são aplicáveis a todas as obras:

TABELA 10
Item O que inclui
PESSOAL
Equipe técnica:
o Engenheiro – gerente de
contrato, de produção;
o Mestre;
o Encarregado – de carpintaria, de
Custo acrescido dos encargos sociais e
pedreiros, de armação, de
trabalhistas (mensalistas).
instalações;
o Técnico – de edificações, de
segurança;
o Estagiário.
Equipe de suporte:
o Almoxarife;
o Apontador;
o Comprador;
o Equipe de serviços gerais
Custo acrescido dos encargos sociais e
(eletricista, encanador, servente,
trabalhistas (mensalistas).
etc.);
o Operadores de equipamentos
(guincho, grua, elevador de carga,
etc.).
Item O que inclui
PESSOAL
Equipe administrativa:
o Chefe de escritório (encarregado
Custo acrescido dos encargos sociais e
administrativo financeiro);
trabalhistas (mensalistas).
o Auxiliar adiministrativo;

AN02FREV001/REV 4.0

45
o Secretária;
o Motorista;
o Vigia.
Mobilização e desmobilização da obra
o Mobilização e desmobilização do Montagem e desmontagem de escritórios,
canteiro barracões, galpões, centrais (de carpintaria,
armação, pré-moldados), refeitório, depósito
de materiais e demais construções
provisórias.
o Mobilização e desmobilização de Custo do deslocamento (transporte) e
pessoal alojamento provisório.
o Mobilização e desmobilização de
Transporte em carretas, montagem de grua.
equipamentos
o Aluguel de banheiros químicos de
Custo de locação
obra
MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO DA OBRA
o Estradas de acesso à obra e Abertura de caminhos de serviço
caminhos dentro da obra (desmatamento, terraplenagem, sinalização)
e manutenção (aspersão de água para
contenção de poeira, regularização).
o Tapumes e cercas Construção e remoção ao final da obra.
o Iluminação de obra (torres, postes
Montagem e remoção das estruturas.
e gambiarras).
o Ligações provisórias de água, luz Custo de material, instalação de
e telefone. equipamentos e taxas de ligação.
o Placas da obra
EQUIPAMENTOS DO CANTEIRO DE OBRAS
o Andaime;
o Balancim; Custo de propriedade e operação (se
o Betoneira; equipamento próprio) ou custo por mês de
o Bomba hidráulica; locação.
o Caminhão;

AN02FREV001/REV 4.0

46
o Caminhão Guindaste (tipo
“Munck”);
o Elevador de carga (monta-carga);
o Grua;
o Guincho;
o Porta-palete;
o Retroescavadeira;
o Rompedor pneumático;
o Equipamentos de uso geral
(lixadeira, furadeira, etc.);
o Serra circular;
o Teodolito, nível, baliza;
o Transformador;
o Vibrador de imersão;
o Veículo utilitário.
EQUIPAMENTOS ADMINISTRATIVOS
o Ar-condicionado, ventilador;
o Bebedouro;
o Cafeteira;
o Calculadora;
o Câmera;
o Central telefónica, telefones;
o Cofre;
o Computador e impressora;
o Copiadora; Custo de propriedade ou locação.
o Fax;
o Fogão, forno de micro-ondas;
o Mobiliário – mesa, cadeira,
escrivaninha, estante, armário, etc.;
o Refrigerador;
o Relógio de ponto;
o Sirene.

AN02FREV001/REV 4.0

47
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA
o Extintor de incêndio;
o Sinalização – placas, faixas, cones
Custo de aquisição ou verba.
e cavaletes;
o Tela de proteção.
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
o Bota;
o Uniforme/fardamento;
o Capacete;
o Luvas;
o Óculos de segurança;
Custo de aquisição ou verba.
o Capa de chuva;
o Protetor auricular;
o Cinto de segurança;
o Cabo de sustentação.

FERRAMENTAS
o Arco de serra;
o Balde;
o Broca;
o Carrinho de mão;
o Cavadeira;
o Chave de dobrar ferro;
o Colher de pedreiro;
o Corda;
Custo de aquisição ou verba.
o Desempenadeira;
o Enxada com cabo;
o Escantilhão;
o Escova de aço;
o Gerica;
o Maçarico;
o Mangueira;
o Marreta;

AN02FREV001/REV 4.0

48
o Martelo;
o Masseira;
o Pá com cabo;
o Peneira;
o Picareta com cabo;
o Régua de alumínio;
o Roldana;
o Serrote;
o Talhadeira;
o Tirfor;
o Torquês;
o Trincha.
DESPESAS CORRENTES
o Consumo de energia;
o Consumo de água;
o Consumo de gás;
o Consumo de telefone;
o Despesa com internet; Custo médio mensal.
o Material de escritório;
o Material de limpeza;
o Material de enfermaria;
o Combustível (veículos de apoio).
DESPESAS COM PESSOAL
o Alimentação – comida, vale-
refeição, cesta básica;
Custo médio mensal.
o Transporte – aluguel de veículso,
vale-transporte, etc.
o Relocação de pessoal
(mudanças);
o Exames admissionais e
Verba.
demissionais;
o Cursos e treinamento de pessoal.

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49
SERVIÇOS DE TERCEIROS
o Controle tecnológico (concreto,
solos);
o Topografia;
o Vigilância;
o Consultoria – fundações,
tecnologia de concreto,
planejamento, detalhamento de
projetos, etc.;
o Vistoria, laudo pericial;
o Instrumentação.
TAXAS E EMOLUMENTOS
o Alvará;
o ART (CREA);
o Licença Habite-se;
o Outras Licenças.
DIVERSOS
o Seguro contra acidentes coletivos;
o Seguro contra incêndio;
o Seguro de responsabilidade civil;
Prêmio e franquia.
o Seguro de vida coletivo;
o Seguro contra roubo;
o Seguro de equipamentos.
o Frete;
o Proteção de estruturas existentes
(edificações vizinhas, monumentos,
pavimentos);
o Limpeza final da obra;
o Adiministração central;
o Imprevistos/Riscos eventuais;
o Custo financeiro.
FONTE: TISAKA, 2006.

AN02FREV001/REV 4.0

50
FIGURA 13

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Custos Acessórios

Além dos custos diretos há outras fontes de despesa que são geralmente
incluídas nos orçamentos. Tais custos são acessórios porque complementam o
orçamento da obra, aparecendo perifericamente.

Os custos acessórios são:

 Administração Central;
 Imprevistos e Contingências;
 Custo Financeiro.

A administração central é a estrutura necessária para a execução das


atividades de direção geral da empresa, incluindo as áreas administrativa, financeira,
contábil, técnica, de suprimento, etc.
O escritório central é apenas um gerador de despesas, sem ser
propriamente um gerador de receitas, são as obras que suportam as despesas da
estrutura de uma empresa e precisam embutir nos seus custos uma provisão de
recursos para o custeio deste.

AN02FREV001/REV 4.0

51
As obras rateiam os custos da matriz e remetem mensalmente uma cota
proporcional ao porte de cada contrato. O percentual do custo que as obras rateiam
entre si recebe o nome de taxa da administração central. Geralmente, a taxa de
administração central fica entre 2% e 5% do custo.
Um orçamento, por mais detalhado e criterioso que seja, é sempre
aproximado, pois é impossível preverem-se todas as casualidades de uma obra.
Na construção civil, onde os cenários, os objetos de trabalho e as
particularidades de metodologia variam de obra para obra, os fatores imprevistos
têm maior importância. Podem acarretar atrasos de cronograma, acréscimo de
custos diretos e indiretos, além de colocar em risco a sanidade financeira da
construção.
Em obras por preço global, os imprevistos e contingências devem ser mais
elevados do que em obras por preço unitário. Se a construtora for utilizar seguro de
obra (responsabilidade civil, risco de engenharia), o patamar de imprevistos é
menor. Normalmente, o percentual a ser incluído no orçamento fica na faixa de 1 a
3% dos custos (diretos mais indiretos).

TABELA 11
Valores sugeridos para imprevistos e contingências
Contrato por preço Contrato por preço
Características da obra
unitário global
Obra simples e construtor 0,5% 1,0%
experiente.
Obra normal e construtor 1,5% 2,5%
experiente.
Obra complexa e construtor 3,0% 5,0%
experiente.
FONTE: SILVA, 2006.

Na maior parte dos contratos de construção, o construtor realiza os serviços


com seus próprios recursos, fecha a medição ao final do mês e só depois de alguns
dias é que recebe o pagamento.

AN02FREV001/REV 4.0

52
A empresa que faz a obra gasta do seu bolso com material, mão de obra e
equipamento, e só recebe pelo serviço algum tempo depois (que pode variar de dias
até meses). Em última análise, é como se a empresa contratada funcionasse como
um banco, financiando a construção.
No caso de obras públicas, esta é a regra. Pelo fato de haver uma
defasagem entre o momento do desembolso e o momento do recebimento da
medição, existe inevitavelmente uma perda monetária. É o que se chama de custo
financeiro. Se o dinheiro empregado pelo construtor no financiamento da obra
tivesse sido aplicado no mercado financeiro (poupança, fundos de aplicação, ações,
etc.), ele estaria rendendo e representaria um ganho real. Essa "perda", ou melhor,
esse ganho que o construtor deixa de auferir precisa então ser contabilizado no
custo indireto.
Ao incluir no orçamento o custo financeiro, não se está dando um benefício
ou regalia ou lucro ao construtor, senão apenas recompondo o poder de compra do
dinheiro com o qual ele financia a execução da obra. A única situação em que não
há a alocação de recursos próprios do construtor na obra é aquela em que a
contratante paga um sinal ou adiantamento. Neste caso, o construtor tem capital de
giro para tocar a obra e o custo financeiro é nulo. Não é prática das mais correntes,
pelo menos no setor público.

2.2 COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA

Após a realização do levantamento de todos os custos da obra, definindo o


percentual de lucro almejado e identificando todos os impostos com suas
respectivas alíquotas, o orçamentista está em condições de calcular o preço de
venda da obra. O preço de venda é o valor total ofertado pelo contrato, valor que
engloba todos os custos, o lucro e os impostos. É o valor final do orçamento. É com
ele que a construtora irá propor negócio à entidade contratante ou participar da
licitação. A passagem de custo para preço exige cuidados. Esta etapa está
certamente entre as maiores fontes de erro dos orçamentos.

AN02FREV001/REV 4.0

53
FIGURA 14

CUSTO
+
LUCRO PREÇO DE
+ VENDA

IMPOSTOS

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

O custo inclui:

o Custos diretos;
o Custos indiretos;
o Custos acessórios - administração central, custo financeiro, imprevistos e
contingências.

AN02FREV001/REV 4.0

54
2.3 O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO

Para melhor entendimento, suponha que uma obra hipotética foi


orçamentada em R$ 100,00. A diretoria da empresa determinou que a margem de
lucro almejada é de 12% do preço de venda e o orçamentista verificou que os
impostos na localidade atingem o patamar de 8%. Um orçamentista incauto aplicaria
as duas taxas percentuais sobre os R$ 100, chegando a um preço de R$ 120. Isso
está errado, pois imposto e lucro foram calculados sobre o custo, quando deveriam
ser aplicados sobre a venda!
Ao aplicar a margem de lucro e os impostos sobre o custo, o orçamentista
distorceu o sentido dessas duas taxas, que devem incidir sobre o preço de venda,
que é o faturamento da empresa. É só fazer a verificação para constatar o erro do
orçamento:

Preço de venda (PV) = R$ 120,00


Impostos = 8% x R$ 120,00 = R$ 9,60
Lucro = 12% x R$ 120,00 = R$ 14,40
Sobram apenas R$ 96,00 para a realização da obra,
porém o custo orçado tinha sido de R$ 100,00.
O orçamento está errado!

Para obter o preço de venda correto, deve-se fazer a conta de trás para
frente, descontar os 12% da margem de lucro e 8% dos impostos, o valor que sobra
é exatamente o custo de R$ 100,00.

PV – (12% + 8%)PV = R$ 100,00


PV (1 – 0,12 – 0,08) = R$ 100,00
PV = 100 / (0,80) = R$ 125,00 (correto!)

AN02FREV001/REV 4.0

55
Por meio dos cálculos, o preço de venda é suficiente:

Custo = R$ 100,00
Impostos = 8% x R$ 125,00 = R$ 10,00
Lucro = 12% x R$ 125,00 = R$ 15,00
Soma = R$ 125,00 = PV (correto!)

Um erro comum, que muitos orçamentistas cometem, é aplicar primeiro a


lucratividade e depois os impostos (ou vice-versa):

R$ 100,00 / (1 – 8%) = R$ 108,70


R$ 108,70 / 1 – 12%) = R$ 123,52 (errado!)

A explicação para esta questão, é que ao aplicar desta forma, os impostos


acabam por diminuir parte da margem de lucro prevista.
De forma a realizar um raciocínio lógico e cauteloso, leva-se à seguinte
equação em notação paramétrica (MATTOS, 2006).

Onde,

PV = preço de venda (R$);


CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo financeiro,
imprevistos e contingências) (R$);
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%).

Não é correto aplicar os percentuais de lucratividade e impostos diretamente


sobre o custo, pois eles incidem sobre o preço de venda.

AN02FREV001/REV 4.0

56
O correto é somar todos os custos e dividi-los por (1 - i%), sendo i% a
somatória de tudo que incide sobre o preço de venda.
Aplicar lucro e impostos separadamente, também altera o resultado, é
preciso somar ambos para compor a incidência total, ou seja, conforme a fórmula
apresentada, tudo que for custo deve ficar no numerador e tudo que incide sobre o
preço (faturamento) do contrato fica no denominador (MATTOS, 2006).

Exemplo:
Uma obra foi orçamentada em R$ 250.000,00 (custo total). Na localidade da
obra, os impostos atingem 7% e a margem de lucro desejada pelo construtor é de
8%. Calcular o preço de venda.

CUSTO = R$ 250.000,00
Impostos = 7%
Lucro = 8%
Incidência sobre o preço de venda = 15%

Verificação:
Custo = R$ 250.000,00
Impostos = 7% x 294.117,65 = R$ 20.588,24
Lucro = 8% x 294.117,65 = R$ 23.529,41
Soma = R$ 294.117,65 = PV

Exemplo de aplicação do BDI.


Em uma obra composta pelo mapa de trabalhos abaixo:

AN02FREV001/REV 4.0

57
TABELA 12 - CUSTO DIRETO
Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$)
Escavação m3 10,0 10,00 1.000,00
Forma m2 70,0 20,00 1.400,00
Armação kg 500,0 5,00 2.500,00
Concreto m3 5,0 200,00 1.000,00
Total 5.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A soma de R$ 5.000,00 corresponde ao total de custo direto para esta obra.


Falta acrescer o custo indireto, os custos acessórios (administração contratual, custo
financeiro, imprevistos e contingências), o lucro e os impostos. Para efeito de
exemplo de cálculo supondo que estes outros itens tenham os seguintes valores:

Custo indireto = R$ 500,00


Administração central = R$ 50,00
Imprevistos e contingências = R$ 50,00
Lucro = 10% sobre o faturamento
Impostos = 10% sobre o faturamento.
Com essas premissas de cálculo, o preço de venda será:

Para explicar este valor no Mapa de trabalhos da obra, deve-se


de maneira lógica dividir o preço de venda pelo custo direto e
multiplicar este valor a todos os serviços, gerando um
multiplicador:
Multiplicador =

AN02FREV001/REV 4.0

58
TABELA 13 - Preço de Venda
Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total
(multiplicador x (R$)
1,40)
Escavação m3 10,0 14,00 140,00
Forma m2 70,0 28,00 1.960,00
Armação kg 500,0 7,00 3.500,00
Concreto m3 5,0 280,00 1.400,00
Total 7.000,00
FONTE: SILVA, 2006.

Em resumo, todos os custos não diretos foram diluídos sobre os custos


diretos. Todos os custos indiretos, acessórios, imprevistos, lucros e impostos foram
linearmente distribuídos sobre o custo direto dos serviços. Este multiplicador que no
caso do exemplo representou uma majoração de 40%, chama-se BDI (SILVA, 2006).
BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) é o fator a ser aplicado ao custo direto
para a obtenção do preço de venda, portanto:

PV = CD x (1 + BDI)

ou de forma inversa,

BDI =

PV = preço de venda
CD = custo direto

O BDI inclui:
 Despesas indiretas de funcionamento da obra;
 Custo da administração central (matriz);
 Custos financeiros;
 Custos imprevistos;

AN02FREV001/REV 4.0

59
 Impostos;
 Lucro.

Em termos práticos, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o


custo direto dos itens do mapa de trabalhos da obra para se chegar ao preço de
venda.
Por exemplo, se o custo direto de uma determinada obra foi orçado em R$
100,00, o custo indireto em R$ 20,00 e o lucro em R$ 10,00, o BDI é igual ao
quociente (20,00 + 10,00) / 100,00 = 30%. o preço final (preço de venda) será
100,00 x 1,30 = R$ 130,00, portanto o BDI é a majoração percentual que o preço de
venda representa sobre o custo direto.

2.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES

Para o cálculo de preço de venda e BDI, pode-se utilizar a seguinte


sequência de operações (MATTOS, 2006):

PV = preço de venda (R$);


CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo financeiro,
imprevistos e contingências) (R$);
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%).

BDI =

BDI = Benefícios e Despesas Indiretas (%)


PV = preço de venda
CD = custo direto

AN02FREV001/REV 4.0

60
Outra forma de calcular o BDI é transformar os custos em percentuais, tendo
a fórmula:

BDI =

onde,
CI = Custo indireto (%) (sobre custo direto).
AC = Administração central (%) (sobre custos diretos e indiretos).
CF = Custos financeiros (%) (sobre custos diretos e indiretos).
IC = Imprevistos e contingências (%) (sobre custos diretos e indiretos).
LO = Lucro operacional (%) (sobre o preço de venda).
IMP = Impostos (%) (sobre o preço de venda).

Considerações sobre BDI

Várias são as conclusões a que se chega sobre BDI (SILVA, 2006):

 Nem toda obra tem o mesmo BDI.

Por depender diretamente da composição dos custos indiretos,


administração central, custo financeiro, imprevistos e contingências, lucro e
impostos, cada obra terá o seu próprio BDI. Não se pode querer que todas as obras
de uma mesma empresa apresentem o mesmo percentual.
Mudando as condições, muda o BDI. Por isso, recrimina-se a prática que
algumas construtoras têm de utilizar um "BDI padrão" da empresa para qualquer
orçamento. Esta simplificação na prática só teria algum cabimento se a construtora
só fizesse o mesmo tipo de obra e sob as mesmas circunstâncias, o que nem
sempre é possível. Para cada obra, o orçamentista tem que calcular o seu
respectivo BDI.

AN02FREV001/REV 4.0

61
FIGURA 15

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

 No cálculo do BDI só entram os impostos que incidem sobre o


faturamento (preço de venda).

Na construção há uma grande quantidade de impostos, mas só integram o


cálculo do BDI aqueles que incidem sobre a fatura ou preço de venda: COFINS, PIS,
CPMF, ISSQN e, no caso de regime de tributação por Lucro Presumido, o IRPJ e a
CSLL. Outros impostos e encargos, tais como IPI, ICMS, FGTS e INSS não deixam
de ser computados. O que acontece é que eles são computados em outro lugar: uns
são integrantes do custo de material, outros compõem a extensa massa de encargos
sociais e trabalhistas.

 O BDI não tem limite superior.

O BDI pode assumir qualquer valor positivo, inclusive acima de 100%.


Sendo o BDI um quociente entre as parcelas que precisam ser diluídas e o custo
direto, nada impede que o BDI atinja valores muito altos. Supondo uma obra em que
uma empresa precise construir uma casa popular a milhares de quilômetros de sua
sede.

AN02FREV001/REV 4.0

62
O custo indireto será tão alto em comparação com o custo direto -
certamente maior, que a razão indireto/direto será superior a 1, gerando um BDI
maior do que 100%.

 Em uma concorrência, duas empresas proponentes não necessariamente


chegam ao mesmo BDI.

Considerando que cada empresa tem suas peculiaridades de arranjo e


sofisticação de canteiro, formação de equipe, política salarial, margem de lucro e
estipulação de riscos e imprevistos, é virtualmente improvável que duas construtoras
cheguem a um mesmo BDI para uma mesma obra. Aliás, é basicamente pelo BDI
que as propostas se diferenciam entre si.

FIM DO MÓDULO II

AN02FREV001/REV 4.0

63
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

64
CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

65
MÓDULO III

3 CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS

O objetivo do Módulo III consiste na análise e caracterização em detalhes,


de todos os elementos que compõem os custos compostos de uma construção: mão
de obra, materiais e equipamentos.

FIGURA 16

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

66
3.1 FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS

A formação dos custos compostos do orçamento é realizada por meio do


estabelecimento dos custos necessários para a execução de um determinado
serviço ou atividade de acordo com certos requisitos.
As categorias de custos compostos envolvidas em um serviço são
(MATTOS, 2006):

 Custos de mão de obra

A mão de obra é um dos principais custos compostos de uma obra porque é


o elemento racional de uma obra e de suas ações e decisões depende em grande
parte o sucesso do empreendimento. Este custo tem influência em todas as partes
de um projeto de construção civil e é o responsável por dar forma aos serviços. É o
trabalho humano que, em última análise, gera o produto final. A importância da
estimativa correta deste custo para uma obra pode representar em algumas
ocasiões até 60% de seu custo global.

 Custos de materiais

Os materiais entram na maioria absoluta das atividades de uma obra,


representando, muitas vezes, mais da metade do custo unitário de cada serviço. A
cotação de preço dos materiais é uma tarefa que requer cuidado, porque tem
algumas particularidades que o orçamentista deve levar em consideração. São
variadas as formas nas quais os fornecedores dão seus preços, assim como nem
sempre as cotações obtidas, referem-se ao mesmo escopo de aplicação.

 Custos de equipamentos

De acordo com o porte da obra, os equipamentos podem representar grande


parcela do custo de um serviço. Os equipamentos geram diversos custos de:
aquisição, operação, manutenção, seguros, taxas, etc.

AN02FREV001/REV 4.0

67
3.2 CUSTOS DE MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

FIGURA 17

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

 Mão de Obra

 Encargos sociais e trabalhistas

O custo de um operário para o empregador não se confunde com seu


salário-base. Isso porque não é só o salário que constitui o ônus do empregador -
este arca com diversos encargos sociais e trabalhistas impostos pela legislação e
pelas convenções do trabalho, que se somam ao salário-base ao qual o funcionário
faz jus. Para compreensão mais clara deste assunto, os encargos sociais e
trabalhistas são observados sob duas óticas (MATTOS, 2006).

AN02FREV001/REV 4.0

68
 Encargos em sentido estrito

São os encargos sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e aos


quais o empregador está obrigado. É esta modalidade a mais usada entre os
orçamentistas.

 Encargos em sentido amplo - aos encargos sociais, trabalhistas e


indenizatórios somam-se outras despesas que podem ser referenciadas ao homem-
hora, tais como alimentação, transporte, EPI, seguro em grupo e até horas extras
habituais. A rigor, esta ampliação do conceito de encargo existe por conveniência do
orçamentista.

Encargos em sentido estrito

São os encargos sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e aos


quais o empregador está obrigado. Estes elementos são apresentados de forma a
dar uma referência ao orçamentista, na busca dos elementos que devem constar em
seus estudos:

TABELA 14 - ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS


A. Encargos sociais básicos
A.1 INSS 20,00 %
A.2 FGTS 8,00%
A.3 Salário-educação 2,50%
A.4 SESI 1,50%
A.5 SENAI e SEBRAE 1,60%
A.6 INCRA 0,20%
A.7 Seguro contra riscos e acidentes 3,00%
A.8 SECONCI 1,00%
Total A 37,80%
B. Encargos Trabalhistas
(Encargos que recebem incidência de A)
B.1 Repouso semanal remunerado 18,13%
B.2 Feriados 4,91%
B.3 Férias (+1/3) 15,10%

AN02FREV001/REV 4.0

69
B.4 Auxílio Enfermidade e Acidentes de Trabalho 2,58%
B.5 13º salário 11,33%
B.6 Licença Paternidade 0,13%
B.7 Faltas justificadas por motivos diversos 0,76%
Total B 52,93%
Grupo C = (A*B) 20,01%
D. Encargos ligados à demissão do trabalhador
D.1 Aviso-prévio 11,56%
D.2 Depósito por despedida injusta 3,08%
D.3 Indenização adicional 0,78%
D.4 Adicional Lei Complementar 110/01 0,77%
Total D 16,18%
Grupo D´ = (A-A2-A8)*D1 3,33%
E. Outros
E.1 Dias de chuva e outras dificuldades 1,50%
E.2 Almoço 20,48%
E.3 Jantar 7,93%
E.4 Café da manhã 3,20%
E.5 Equipamento de segurança 4,85%
E.6 Vale-transporte 7,63%
E.7 Seguro de vida e acidentes 0,59%
Total Grupo E 46,18%
Total A+B+C+D+D´+E 176,42%
FONTE: Sinduscon SP – Novembro/2012.

Na análise dos encargos sociais e trabalhistas, relativos à mão de obra,


existem alguns encargos fixos e outros variáveis.
Os fixos são aqueles em que qualquer empresa está condicionada a
legislação vigente, sendo que independem de considerações como tamanho da
empresa ou capacidade gerencial.
Os encargos variáveis dependem das premissas de cálculo adotadas por
cada empresa. Neste tipo de encargo, uma empresa pode se tornar mais
competitiva em razão de suas estratégias próprias. Com a finalidade de reduzir o
percentual de encargos, toda empresa procura se empenhar em reduzir as parcelas
variáveis, que são basicamente: aviso-prévio, faltas, acidentes de trabalho, auxílio-
enfermidade.

AN02FREV001/REV 4.0

70
O aviso-prévio, por ser o item variável mais representativo, deve ser
permanentemente monitorado pela empresa. Ele pode ser mantido em níveis baixos
se a rotatividade de trabalhadores for pequena.

Encargos em sentido amplo

Os encargos em sentido amplo representam uma extensão do conceito


tradicional dos encargos sociais e trabalhistas. A ampliação consiste em incluir no rol
dos encargos, todos os demais que possam ser referenciados à hora de cada
trabalhador, tais como:

 Encargos intersindicais

São aqueles provenientes de acordos coletivos entre sindicatos patronais e


de trabalhadores da construção civil. Compreendem:

 Almoço;
 Café da manhã (refeição mínima);
 Vale-transporte;
 Cesta básica;
 Seguro de vida e acidentes em grupo.

 Equipamentos de proteção individual (EPI): São os instrumentos de uso


pessoal para prevenir acidentes e proteger o trabalhador contra possíveis danos à
saúde causados pelas condições de trabalho.

 Ferramentas.

 Seguro coletivo.

 Horas extras habituais.

AN02FREV001/REV 4.0

71
Os encargos em sentido amplo permitem tratar a hora do funcionário dentro
do conceito de profissional remunerado, alimentado, transportado, fardado e
equipado. De uma maneira geral as empresas preferem computar os custos com:
alimentação, transporte, EPI e ferramentas nas despesas indiretas, porém a inclusão
desses custos como mais um grupo de encargos é uma tendência moderna entre os
orçamentistas.

Encargos intersindicais

Na dedução do percentual dos encargos intersindicais, será necessário


calcular o salário médio dos trabalhadores, obtido por meio de tabelas fornecidas
pelo Sinduscon – Sindicato da Indústria da Construção Civil, que disponibiliza estes
elementos para cada estado respectivamente.

TABELA 15 - HORA-BASE DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL

Função Salário/hora (R$)


Servente 4,07
Pedreiro 4,91
Carpinteiro 4,90
Armador 4,86
Eletricista 5,17
Encanador 5,05
Pintor 5,08
FONTE: Sinduscon SP – Novembro/2012.

Adicionais legais

A legislação trabalhista criou alguns adicionais ao salário, destinados a


indenizar condições desfavoráveis da prestação do trabalho:

o Trabalho noturno (majoração média de 20%);

AN02FREV001/REV 4.0

72
o Insalubridade ("atividades ou operações que, por sua natureza, condições
ou método de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade dos agentes e do tempo máximo de exposição aos seus
efeitos” Consolidação das Leis do Trabalho, art. 189, Código do
Trabalho).
o Periculosidade. A Consolidação das Leis do Trabalho, art. 193, Código do
Trabalho diz: “o adicional de periculosidade é devido quando ocorre
exercício de trabalho em atividades ou operações perigosas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado”
(SINDUSCON SP, 2012).

Estes adicionais não têm a natureza de encargos. Se estiverem presentes


em uma obra, não devem integrar a tabela dos encargos. Os adicionais são
aplicados sobre o salário (ou sobre a hora-base) e em cima desse total é que se
computam os encargos sociais e trabalhistas.

TABELA 16
Diferenças entre insalubridade e periculosidade
Aspecto Insalubridade Periculosidade
Fundamento Risco à saúde Perigo de vida
Gradação Admite 10%,20%,40% Somente 30%
Base de cálculo Salário mínimo Salário do empregado
FONTE: SINDUSCON SP, 2012.

Os adicionais de insalubridade e de periculosidade não se acumulam. Por


norma deve ser aplicado o que for mais vantajoso para o trabalhador.

AN02FREV001/REV 4.0

73
Hora extra habitual

O adicional por hora extraordinária (hora extra) destina-se a indenizar o


trabalhador pelas horas suplementares à da jornada diária ou semanal. A hora extra
pode surgir por extrapolação da carga de trabalho diária, (sendo o excesso diário
compensável não pode ser superior a quatro horas), ou semanal (quando exceder
as 44 horas da jornada legal).

FIGURA 18

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A Constituição Federal estabelece que o valor da hora extra deve ser no


mínimo 50% maior do que o valor da hora normal (SINDUSCON SP, 2012). De uma
maneira geral não se leva em conta a hora extra nas composições de custos.
Assume-se que todo o trabalho da obra se dará dentro da jornada diária e semanal
regulamentar. Contudo, verifica-se que as construtoras não conseguem trabalhar
sem recorrer a esse mal necessário e por isso é boa prática prever no orçamento um
percentual de horas extras habituais.

AN02FREV001/REV 4.0

74
Materiais

Cotação de insumos

Após a identificação dos materiais a serem empregados na obra, realiza-se


a coleta de preços junto aos fornecedores do mercado construtivo. No preço simples
obtido devem-se contemplar os custos de frete, impostos de venda, tarifas de
importação e qualquer outra taxa que venha a incidir algum custo adicional.
No processo de compra, os principais aspectos que influenciam no preço de
aquisição do insumo são:

 Especificações técnicas;
 Unidade e embalagem;
 Quantidade;
 Prazo de entrega;
 Condições de pagamento;
 Validade da proposta;
 Local e condições de entrega;
 Despesas complementares: frete, impostos, etc.
 Especificações técnicas (descrição qualitativa do material, com
informações de dimensões, peso, resistência e quaisquer outros
parâmetros que sirvam para caracterizar o produto);
 Unidade e embalagem (registro do tipo de embalagem em que o material
é acondicionado);
 Quantidade (verificação da quantidade a ser utilizada para disponibilidade
da quantidade solicitada);
 Prazo de entrega;
 Condições de pagamento;
 Local e condições de entrega;
 Despesas complementares.

AN02FREV001/REV 4.0

75
Nem sempre o menor preço é o melhor preço. Embora o menor preço
exerça uma atração de preferência, cabe ao comprador avaliar a idoneidade do
fornecedor, a qualidade do material, as condições de pagamento, se é conveniente
diversificar demais o leque de fornecedores, etc.

Equipamentos

Custos de propriedade

Quando o construtor utiliza um equipamento próprio para realizar um serviço


qualquer em sua obra, o custo envolvido com aquele equipamento não é apenas o
de combustível, lubrificação e operador. Com o decorrer do tempo, o equipamento
se desvaloriza, tem seu valor de mercado diminuído. Os custos de propriedade são
inevitáveis, ocorrendo independentemente da atividade do equipamento. São custos
provenientes da perda do valor do equipamento com o decorrer do tempo.

FIGURA 19

FONTE: Equipamentos de Construção Civil. Disponível em:


<http://sp.quebarato.com.br/carapicuiba/locacao-e-venda-de-equipamentos-para-construcao-
civil__69190C.html>. Acesso em:10/10/2012.

AN02FREV001/REV 4.0

76
Para recuperar o dinheiro investido - e poder repor o equipamento no futuro,
uma parcela do valor de aquisição deve ser cobrada de cada serviço em que o
referido equipamento for empregado.
Procedendo dessa maneira, se a vida útil de uma máquina é estimada em
10.000 horas, ao final dessa quantidade de horas o valor para reposição da máquina
deverá ter sido recolhido à receita da empresa.
À tarifa horária cobrada para reaver o valor investido dá-se o nome de
depreciação horária. Além disso, se o dinheiro não tivesse sido investido na
aquisição do equipamento, poderia estar tendo rentabilidade por meio de aplicação
financeira em um banco. Esta segunda parcela, que também precisa ser computada,
é a de juros horários. Os juros representam a remuneração do capital investido no
equipamento.
O processo de determinação da depreciação horária pode ser feito de
diferentes formas, a mais simples das quais é o método linear, onde o custo horário
é simplesmente o quociente entre o total de aquisição e a vida útil estimada. Para
efeito de estimativas e composição de custos para concorrências, este método se
mostra o mais expedito e prático. Este método será apresentado posteriormente.

Depreciação do equipamento

Quando o construtor adquire um equipamento, ele não está gastando seu


dinheiro, está investindo, está trocando uma quantia em dinheiro por um bem de
valor equivalente.
O valor do equipamento, contudo, começa a se desvalorizar a partir do
instante em que é entregue, e a desvalorização prossegue em razão de inúmeros
fatores, tais como idade, tempo de uso, desgaste e obsolescência.
Esse declínio no valor do equipamento representa um dispêndio real e deve
entrar na contabilidade da empresa. Pode-se definir depreciação como a diminuição
do valor contábil do ativo (BALLOU, 2003).
O custo de depreciação de um equipamento é comumente determinado com
dois propósitos básicos: composição de custos e contabilidade. No primeiro caso, a
depreciação serve para a determinação da tarifa horária a ser usada no orçamento
de obras e concorrências. No segundo, a depreciação é exigida para controle fiscal.

AN02FREV001/REV 4.0

77
Para fins de orçamentação, como o que se busca é o custo horário do
equipamento, faz-se necessário calcular o custo da depreciação por hora, que
depende de três parâmetros: o valor de aquisição, a vida útil e o valor residual.
Três métodos são os mais usados no cálculo da depreciação de
equipamentos: método linear, método do saldo devedor (exponencial) e método da
soma dos anos. Cabe ao construtor definir o que melhor lhe atende. Todos os três
são explicados a seguir.
O método linear é o mais comum entre os orçamentistas, sendo aplicado por
sua grande simplicidade de manuseio. Os outros dois métodos são mais adotados
na contabilidade da empresa.

Valor de Aquisição

Valor de Aquisição é o valor pelo qual o equipamento foi adquirido (conforme


registrado na nota fiscal ou no recibo de compra) acrescido dos impostos cabíveis,
seguros e despesas com frete, armazenamento e desembaraço. No caso de compra
a prazo é o valor presente do financiamento.

Juros

Quando o construtor investe na aquisição de um equipamento, ele está


dispondo de uma quantia de dinheiro que poderia estar aplicada no mercado
financeiro, rendendo juros. Por isso, o custo de propriedade de um equipamento
deve levar em consideração também os juros correspondentes ao rendimento que o
investimento auferiria ao longo de sua vida útil.

Juros não se confunde com lucro

Uma coisa nada tem a ver com a outra. Os juros não aumentam o
patrimônio, apenas corrigem o poder de compra do dinheiro. O cálculo dos juros
baseia-se no conceito de investimento médio ou valor médio do equipamento.
Esse valor pode ser obtido a partir dos valores anuais de depreciação e
saldo devedor, que vem a ser o valor do equipamento a cada ano (SILVA, 2006).

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78
O exemplo do quadro abaixo serve para ilustrar a metodologia. Suponha um
equipamento de valor de aquisição R$ 200.000,00, com vida útil de cinco anos,
depreciação linear e com valor residual nulo:

TABELA 17
Depreciação Valor contábil
Início do ano
acumulada (R$) do equipamento (R$)
1 0 200.000=Vo
2 40.000 160,000
3 80.000 120.000
4 120.000 80.000
5 160.000 40.000
6 200.000 0 = Vf
∑ = 600.000
Investimento médio = lm = R$ 600.000/ 5 anos R$ 120.000/ano
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Em termos matemáticos e assumindo valor residual não bulo, demonstra-se


que:

( )
( )

onde:
lm = investimento médio
Vo = valor inicial
Vf = valor residual
n = vida útil (em anos)

Os juros horários são então calculados da seguinte maneira:

AN02FREV001/REV 4.0

79
onde:
Jh = juros horários
lm = investimento médio
i = taxa anual de juros
a = horas de utilização por ano

Custos de operação

Embora o consumo dos elementos varie de acordo com o tipo e o estado da


máquina, e com as condições de operação, algumas fórmulas podem ser utilizadas
para o cálculo do custo horário de cada elemento.
Os custos de operação de um equipamento de construção envolvem
basicamente:

 Pneus

Os pneus já vêm normalmente embutidos no preço de aquisição do


equipamento. Como a vida útil dos pneus é diferente daquela do equipamento, deve-
se calcular o seu custo horário separadamente, em função da vida útil própria deles.
Em geral, admitem-se três faixas de vida útil para os pneus, de acordo com
a agressividade do local de trabalho:

TABELA 18 - VIDA ÚTIL DOS PNEUS


Condições medianas Condições severas
Equipamento Condições leves (horas)
(horas) (horas)
Motoniveladora 5.000 3.500 2.000
Carregadeira 3.500 2.500 1.500
Caminhão basculante 3.500 2.500 2.000
FONTE: MATTOS, 2006.

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80
Presume-se que ao final da vida útil do pneu, todo o jogo de pneus será
substituído. No caso de um caminhão de seis rodas, por exemplo, o custo de pneus
será de um jogo de seis pneus a cada 2.500 horas, supondo-se condições medianas
de agressividade do local de trabalho.
O custo horário de pneus é dado por:

onde,
Ph = custo horário de pneus
p = número de pneus do equipamento
Cp = custo unitário do pneu
VUp= vida útil do pneu

 Combustível

Trabalhando em condições ideais, um motor de combustão interna a


gasolina consome em média 0,23 litros por horsepower-hora (HP x h) desenvolvido.
Para um motor a diesel, o consumo é aproximadamente 0,15 litros por
horsepower-hora desenvolvido.
Todo equipamento tem uma utilização descontínua. Daí a necessidade de se
aplicar um fator de potência (f) sobre a potência nominal do equipamento. Para
situações de uso baixo, médio ou intenso, pode-se adotar fator de potência de 40%,
55% e 75%.

TABELA 19
Motor a gasolina: consumo (I/h) = 0,23 x f x HP
Motor a diesel: consumo (I/h) = 0,15 x f x HP
FONTE: SOUSA, 2000.

Uma fonte preciosa de dados de consumo são os manuais dos veículos.


Alguns equipamentos apresentam os seguintes consumos médios:

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81
TABELA 20 - CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL
Equipamento Consumo (l/h)
Motoniveladora 19.23
Carregadeira 23-28
Trator de esteiras médio 2330
FONTE: MATTOS, 2006.

 Lubrificantes

Os lubrificantes de um equipamento podem abranger óleo do cárter, da


transmissão e do sistema hidráulico.
Como exemplo de referência, a fórmula abaixo permite calcular o consumo
de óleo do cárter em função de três elementos: potência do motor, capacidade do
cárter e intervalo entre trocas de óleo:

FIGURA 20

( )

FONTE: PEURIFOY, 1989.

onde:
Q = consumo (lI h)
HP = potência do motor (HP)
c = capacidade do cárter (1)
t = intervalo de trocas (h)

Para os demais lubrificantes - transmissão, comando final e sistema


hidráulico, a regra recomendada é adicionar 50% ao custo obtido. Além do
combustível, há que se computar o custo de graxa e filtros.
Outra forma de calcular o consumo de materiais é por meio de uma fórmula
única que engloba combustível, óleos lubrificantes, filtro e graxa:

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82
FIGURA 21
Motor a gasolina: custo horário de materiais = 0,245 x HP x litro da gasolina (R$)
Motor a diesel: custo horário de materiais = 0,18 x HP x litro do diesel (R$)
FONTE: SOUSA, 2000.

É recomendável à empresa apropriar dados reais de campo. Nada é mais


preciso do que usar dados retirados da efetiva observação dos equipamentos em
operação.
O setor de gestão da obra de uma construtora deve ser capaz de registrar o
consumo dos materiais e equipamentos envolvidos, no caso de lubrificantes por
máquina e disponibilizar os dados para o setor de orçamento.

FIGURA 22
O preço da gasolina é 20% maior do que o do óleo diesel
O preço do óleo lubrificante é aproximadamente seis vezes o preço do óleo diesel
O preço do quilo de graxa é o dobro do preço do óleo lubrificante
FONTE: SOUSA, 2000.

Energia elétrica

Os equipamentos movidos a eletricidade têm seu consumo de energia


expresso em função de sua potência, que é dada em HP ou kW. A equivalência é
1HP = 0,75 kW.
São equipamentos elétricos: vibrador de imersão, régua vibratória, betoneira,
bomba de concreto, bomba de sucção, motosserra, britadeira, martelo pneumático,
usina de concreto e usina de asfalto.
O custo horário de energia elétrica é dado por:

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83
FIGURA 23

FONTE: SOUSA, 2000.

Mão de obra de operação

O custo da mão de obra de operação corresponde ao custo do homem-hora


de operador. A hora do operador deverá ser calculada com todos os encargos
sociais e trabalhistas vistos anteriormente.

Custos de manutenção

Equipamentos exigem manutenção. As despesas são com a aquisição de


peças de reposição e a mão de obra envolvida na troca das peças, ajustes, etc.
Os custos variam consideravelmente com o tipo de equipamento e o serviço
que executam, assim como dependem da política da empresa.
Em termos gerais, os custos de manutenção compreendem a manutenção
propriamente, os reparos e as despesas fixas. A rigor é dificil estabelecer uma
distinção clara entre manutenção e reparo.
Geralmente denomina-se manutenção o conjunto de atividades de limpeza,
lavagem, inspeção, ajuste, calibração, regulagem, retoque, reaperto e troca rotineira
de peças (filtros, mangueiras, cabos, câmaras, etc.).
Em algumas obras, a manutenção dos equipamentos é feita na própria
frente de serviço, sem necessidade de levar a oficina mecânica; em outros casos, é
necessário montar uma oficina.
Um reparo consiste no conserto ou substituição de peças e partes
danificadas, defeituosas ou quebradas. Um reparo, portanto, é uma atividade mais
esporádica, podendo ser minimizada com a maximização da manutenção. São
serviços de reparo: retífica, serviços de chaparia, usinagem de peças, troca de

AN02FREV001/REV 4.0

84
sapatas e esteiras, etc. Uma inspeção mais pormenorizada poderá ser encaixada na
categoria de reparos se envolver o desmonte completo de uma estrutura do
equipamento (MATTOS, 2006).
Os reparos em geral são feitos nas oficinas das obras ou por terceiros, em
casas especializadas. Se, por exemplo, a transmissão de um trator apresenta uma
engrenagem quebrada, a substituição pura e simples pode ser considerada
manutenção, mas se o serviço englobar a desmontagem da caixa de marchas para
limpeza e inspeção dos componentes, tem-se então um reparo.
As despesas fixas de manutenção são os gastos de oficina, mão de obra de
mecânicos e ajudantes, ferramentas, seguros dos equipamentos, impostos (IPVA),
etc. Elas ocorrem independentemente da demanda por consertos e reparos, não
sendo necessariamente proporcionais às horas trabalhadas.
Dados de custos de manutenção e reparo de um equipamento não podem
estar dissociados de informações sobre as condições de trabalho sob as quais ele
opera. Uma escavadeira trabalhando em solo arenoso terá menores custos de
manutenção e reparo do que se ela for empregada para escavar rocha ou argila
dura. Também exercem influência no custo: a qualidade dos operadores, o grau de
manutenção, a temperatura ambiente e a idade da máquina. É fácil perceber que um
equipamento novo tem um custo de manutenção inferior a um equipamento de idade
avançada, já próxima do término de sua vida útil (SOUSA, 2000).
Empresas com longa história de trabalho têm em seus registros de obras
realizadas uma proveitosa fonte de informação para os custos de manutenção.
Quanto mais detalhado e completo o banco de dados de que dispõe o
construtor, mais confiável poderá ser sua estimativa para obras futuras.
Na composição de custos de um equipamento, é importante avaliar as
características do serviço a ser executado, para que a estimativa de custos de
manutenção e reparo não venha frustrar o orçamento.

Método do coeficiente único

Por se tratar de uma categoria muito vasta, os custos de manutenção são


geralmente calculados por meio de um coeficiente multiplicador sobre a depreciação
horária calculada com valor residual nulo, ou seja:

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85
onde,
Mh = manutenção horária (R$/h)
Vo = valor de aquisição (R$)
n = vida útil em anos
a = números de horas utilizadas por ano

Se a depreciação horária for calculada com valor residual nulo, pode-se


escrever (SOUSA, 2000):

Alguns valores de k (fornecido por fabricantes de equipamentos):

TABELA 21 - CUSTO DE MANUTENÇÃO – COEFICIENTE ÚNICO


Equipamento k
Betoneira 0,60
Motoniveladora 0,60
Retroescavadora 0,60
Carregadeira 0,60
Motoescrêiper 0,90
Rolo compactador 0,80
Trator de pneus 0,75
Trator de esteiras 0,90
Caminhão basculante 0,75
Picape 0,75
FONTE: TCPO 2011.

AN02FREV001/REV 4.0

86
FIGURA 24

FONTE: Disponível em:


<http://maceio.tudotemos.com/market/vimalug_LocacaodeMaquinasparaConstrucaoCivil_Construcao
_9681>. Acesso em: dia mês ano.10/10/2012.

Método dos coeficientes múltiplos

Outro processo de estimativa de custos de manutenção baseia-se no quadro


abaixo. O orçamentista deve enquadrar cada equipamento nos dez campos
apresentados, multiplicar os coeficientes correspondentes e em seguida multiplicar o
produto por 1/10.000 do valor de aquisição do equipamento (SOUSA, 2000).

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87
TABELA 22 - CUSTO DE MANUTENÇÃO - COEFICIENTES

TIPO HORAS DE USO VIDA ÚTIL EM ANOS


Guindaste 0,5 1.000 0,5 1 0,6
Caminhão comum 0,8 2.000 0,8 2 0,7
Fora de estrada 1,0 3.000 0,6 3 0,8
Carregadeira 1,0 4.000 0,7 4 0,9
Escavadeira 1,4 5.000 0,9 5 1,0
Motoescrêiper 1,1 6.000 1,0 6 1,0
Trator de esteira 1,2 8.000 1,3 7 1,1
10.000 1,6 8 1,2
TEMPERATURA 12.000 1,9 9 1,3
Muito quente (>40ºC) 1,3 15.000 2,3 10 1,4
Quente (30 a 40ºC) 1,1 20.000 3,0 15 2,0
Médio (10 a 30ºC) 1,0
Frio ( < 10ºC) 1,2 CONDIÇÕES DE
RITMO DE
TRABALHO
QUALIDADE DO TRABALHO
Em espera 0,4
OPERADOR Folgado 0,9
Leves 0,8
Excelente 0,8 Médio 1,0
Médias 1,0
Boa 0,9 Com pressa 1,5
Pesadas 1,4
Ruim 1,2 Severas 2,0
Péssima 2,0
MANUTENÇÃO
Excelente 0,8
CONHECIMENTO
TIPO DE SERVIÇO Boa 0,8
DO SERVIÇO
Mina ou pedreira 0,8 Média 1,0
Grande 0,8
Construção geral 0,8 Ruim 1,5
Médio 0,9
Aluguel a terceiros 3,0 Inexistente 3,0
Pouco 1,0

FONTE: SOUSA, 2000.

Equipamento alugado

Em uma obra nem sempre o construtor utiliza apenas equipamento próprio.


Por conveniência utiliza-se equipamento alugado de terceiros.

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88
Alugar um equipamento nem sempre é um mau negócio. Em vários casos é
conveniente ao construtor alugar em vez de comprar.
Para tomar a decisão sobre a locação de equipamentos deve-se analisar as
seguintes situações:

 O equipamento é extremamente caro e a obra precisa dele por pouco tempo;


 O equipamento é muito específico e a empresa não terá onde utilizá-lo
depois;
 O construtor não dispõe de dinheiro para dar entrada em uma máquina nova;
 O volume de serviço é pequeno para justificar a aquisição do equipamento;
 O locador já depreciou o equipamento integralmente e está oferecendo uma
tarifa atraente.

O aluguel de um equipamento pode ser realizado de três formas (SOUSA,


2000):

 Tarifa;
 Leasing (arrendamento mercantil);
 Empreitada.

 Tarifa

O construtor paga um preço fixo por unidade de tempo (hora, dia, semana
ou mês), havendo as seguintes variantes:

o Aluguel inclui o equipamento sem operador;


o Aluguel inclui equipamento com operador;
o Aluguel inclui o equipamento com combustível, lubrificação e reparos,
sem operador;
o Aluguel inclui o equipamento com combustível, lubrificação e reparos,
com operador.

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 Leasing (arrendamento mercantil)

O construtor paga uma taxa fixa pelo aluguel do equipamento, por prazo
determinado, mas com opção de compra pelo arrendatário.
A vantagem é que boa parte do aluguel pago é descontada do preço de
aquisição do equipamento. Outra vantagem é que a empresa pode considerar a
nível contábil como despesa os pagamentos feitos, abatendo o imposto de renda
devido.

 Empreitada

O construtor paga pelo trabalho realizado pelo locador; nesta modalidade, é


interessante ao locador utilizar seus melhores operadores e máquinas para
aumentar a produtividade e receber o aluguel mais rápido.
Quando o aluguel de uma máquina é feito por hora, cobra-se a hora
trabalhada, medida no horímetro do equipamento. No caso de cobranças por
semana ou por mês, o preço normalmente independe da quantidade de horas,
sendo estabelecida uma média de horas de trabalho – se o construtor for ineficiente,
a hora de aluguel tende a ficar muito cara.

3.3 RENDIMANTOS: MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

3.3.1 Mão de Obra

Custo do homem-hora

Tendo em vista que o custo da hora de um funcionário não se confunde com


o custo de seu salário-base. Para inclusão no orçamento, devem-se somar à hora-
base os encargos sociais e trabalhistas (MATTOS, 2006).

AN02FREV001/REV 4.0

90
Custo do homem-hora = hora-base x (1 + % encargos)

Índice de produtividade

Define-se produtividade como a taxa de produção de uma pessoa ou equipe


ou equipamento isto é, a quantidade de unidades de trabalho produzida em um
intervalo de tempo especificado normalmente hora.
A produtividade indica a eficiência em transformar energia (e tempo) em
produto. Quanto maior a produtividade, mais unidades do produto são feitas num
determinado espaço de tempo. É óbvio notar que, quanto mais produtivo um
recurso, menor quantidade de tempo será gasto na realização da tarefa.
Produtividade é diferente de produção. Produção representa a quantidade
de unidades feitas num certo período. Produtividade é a rapidez com que essa
produção foi atingida.

Exemplo:
Um pedreiro assenta 800 tijolos em um dia de 8 horas, e outro pedreiro
assenta os mesmos 800 tijolos em 12 horas. No final, a produção dos dois terá sido
igual, mas a produtividade do primeiro pedreiro foi de 50% mais eficiente no trabalho
(100 tijolos/hora contra 67 tijolos/hora do segundo).
Os índices podem ser vistos como o inverso da produtividade. O
conhecimento e o domínio dos índices são de grande importância por que:

o Revelam a produtividade da mão de obra e equipamento, e o consumo


dos materiais adotados no orçamento;
o Fornecem um parâmetro para comparação do orçado com o realizado;
o Representam o limite além do qual a atividade se toma deficitária;
o Permitem a detecção de desvios;
o Ajudam o gerente a estabelecer metas de desempenho para as
equipes.

AN02FREV001/REV 4.0

91
A quantidade de homens-hora de cada categoria de trabalhador de um
serviço é função da produtividade, ou seja, da rapidez com que o trabalho é
executado. Pela própria definição de produtividade, quanto mais unidades de
trabalho o indivíduo produz na unidade de tempo, menor a quantidade de homens-
hora requerida para conclusão da atividade.
Existe uma relação direta entre duração e quantidade de recursos. Se uma
obra dispõe de muitos homens para determinada atividade, sua duração é
logicamente menor do que se um número inferior de homens estivesse disponível
para aquela tarefa.

Exemplo
Dimensionar equipe para montar 12 toneladas de estrutura metálica, com a
premissa de que o índice é de 150 h/t e que cada operário trabalha 10 horas por dia.

Total de horas requeridas = 12 t x 150 h/t = 1.800 h

TABELA 23
Quantidade de Operários Horas por dia Dias
10 10 1.800/(10x10)=18
11 10 16,4
12 10 15
14 10 12,9
FONTE: MATTOS, 2006.

Enquanto o consumo de material necessário para um serviço pode ser


matematicamente Ievantado a partir dos desenhos, pois tem as dimensões exatas, o
estabelecimento da produtividade da mão de obra é um processo empírico e
depende de uma série de fatores, tais como experiência, grau de conhecimento do
serviço, supervisão, motivação, etc. Por tudo isso, a produtividade deve estar sendo
continuamente aferida no campo, e informada ao setor de orçamento. Consultar
índices de livros pode ser uma boa prática, mas a homogeneização da produtividade
entre as obras está longe de ser uma realidade.

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92
O gerenciamento da produção de uma obra tem relação intrínseca com os
índices adotados no orçamento. A meta de todo gerente é melhorar os índices (ou
seja, diminuí-Ios) a fim de maximizar o lucro de cada serviço (MATTOS, 2006).

Quanto menor o índice, maior a produtividade.


Quanto maior o índice, menor a produtividade.

O índice pode também ser chamado de Razão Unitária de Produção (RUP).

Quanto menor a RUP, maior a produtividade.


Quanto maior a RU P,menor a produtividade.

As produtividades devem levar em conta as interrupções e oscilações que


ocorrem com a produção do trabalhador: deslocamentos entre uma frente de serviço
e outra, paradas para beber água, necessidades fisiológicas, "cera", falta de
material, espera por equipamentos, etc.
O tempo improdutivo depende do indivíduo, da supervisão, das condições
climáticas (em temperaturas muito altas há uma tendência maior a interrupções), da
complexidade do serviço, da urgência, etc.
A produtividade, portanto, deve ser colhida no campo abrangendo um
período de tempo relativamente longo, a fim de que sejam realistas, ou seja, reflitam
com precisão a taxa média de rapidez com que o serviço é feito.
Informações sobre produtividade de obras similares são realmente úteis
como ponto de partida ou referência. Com a finalidade de criar um histórico de
produtividades, as obras geralmente criam formulários de apropriação de horas onde
são registrados o número de pessoas empregadas no serviço (por categoria), a
quantidade de horas consumidas, a quantidade de unidades realizadas naquele
período de tempo e dados descritivos de clima, fatores de ineficiência, imprevistos, e
qualquer outra informação julgada importante.
Os registros devem ser feito sem intervalos de tempo relativamente curtos,
de preferência diariamente, de tal forma que possa ser possível acompanhar as
oscilações da produtividade com o tempo.

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93
Relatórios que cobrem períodos extensos são bons para a obtenção de
valores médios, mas não permitem avaliar como cada fator mencionado
anteriormente influencia o ritmo do trabalho.
Relatórios detalhados ajudam o orçamentista a detectar como a produção
cai em um dia chuvoso, por exemplo, ou como varia a quantidade de serviço com o
dia da semana.
É de conhecimento geral que nos primeiros estágios de qualquer serviço de
construção, as produtividades tendem a ser baixas. Com o passar do tempo, a
organização das tarefas e o melhor conhecimento das diversas atividades
envolvidas promovem um aumento da produtividade. Por outro lado nos estágios
finais do serviço, experimentam-se valores mais baixos para as produtividades.
Em obras pequenas, nas quais os prazos são pequenos e a quantidade de
serviço reduzida, não há tempo hábil para que as equipes atinjam a plenitude em
termos de desempenho, o que acarreta a ocorrência de produtividades menores do
que as de obras longas, em que o operário permanece em uma mesma atividade
por muito tempo e sem tantas interrupções (MATTOS, 2006).

Faixas de produtividade

Os setores de orçamento das construtoras costumam trabalhar com uma


produtividade predeterminada para cada serviço. São parâmetros históricos, quer
gerados por observações de campo da própria empresa, quer retirados de livros ou
recomendações de fabricantes.
A versão mais recente do TCPO - Tabela de Composições de Preços para
Orçamentos, da editora PINI, traz faixas de produtividade para alguns serviços. Há
faixas que se referem à mão de obra (Ex.: índice do pedreiro na produção de
alvenaria de tijolo cerâmico furado, índice do carpinteiro na fabricação de formas de
viga), outras a material e a equipamentos.

AN02FREV001/REV 4.0

94
3.3.2 Materiais

EPI´s

O custo médio anual de EPI por operário é estimado em função do consumo


de cada equipamento:

TABELA 24 - CUSTO MÉDIO ANUAL DE EPI POR FUNCIONÁRIO


Consumo Custo
EPI Unidade Custo total
anual unitário
Bota de borracha par 2,00 25,00 50,00
Capacete un 2,00 15,00 30,00
Protetor auricular un 25,00 1,00 25,00
Luva de raspa par 4,00 5,00 20,00
Cinto de náilon un 0,25 50,00 12,50
Capa de chuva un 1,00 12,00 12,00
Avental de raspa un 0,33 30,00 9,90
Óculos protetores un 0,20 10,00 2,00
Protetor facial un 0,20 1,00 0,20
Total 161,60
FONTE: MATTOS, 2006.

Ferramentas

Com ferramentas, pode-se proceder de forma análoga ao que foi feito acima
para o EPI. O custo médio anual de ferramentas (CMAF) por operário pode ser
estimado em função do consumo de cada ferramenta (SOUSA, 2000):

( )

AN02FREV001/REV 4.0

95
onde,
CMAF = custo médio anual de ferramentas por operário
S =salário médio mensal

As ferramentas como encargo possuem características específicas e


variáveis, porque o consumo médio varia de acordo com o ofício do funcionário e do
tipo de serviço que realiza. A não ser que o orçamentista componha uma tabela de
encargos para cada ofício dos funcionários, torna-se mais prático incluir os gastos
no custo indireto.
Basicamente, as ferramentas gerais são:

o Alicate, arco de serra, balde, cavadeira, chave de dobrar ferro, colher de


pedreiro, enxada com cabo, marreta, martelo, pá com cabo, peneira,
picareta com cabo, prumo, roldana, serra rápida, serrote, talhadeira,
torquês, trena metálica.

Materiais Diversos

Os diversos materiais existentes na execução de uma obra, de uma maneira


geral são analisados por meio das fichas técnicas dos fabricantes, mas sempre
considerando o histórico de uso nas obras de mesmo tipo e com as mesmas
aplicações dos mesmos.

3.3.3 Equipamentos

Custo horário total

A maneira mais prática de atribuir valor a um equipamento é por hora de


utilização, sendo esta a forma de lançamento na composição de custos unitários.
O custo horário de um equipamento é a soma de várias parcelas, sendo
preciso calcular cada uma delas. Como são vários os fatores envolvidos, não é

AN02FREV001/REV 4.0

96
tarefa das mais fáceis. Por isso os métodos de cálculo são relativamente empíricos,
baseados em parâmetros obtidos das observações das condições de trabalho, tipo
de equipamento e outras características especiais.
É importante ressaltar que cabe a cada empresa apropriar seus custos reais
e tabulá-los de forma a ter dados confiáveis para o orçamento. Mesmo dois
equipamentos idênticos em modelo, ano de fabricação e tipo de serviço podem
apresentar custos reais diferentes que a empresa só detectará se coletar os dados e
tratá-los. Os custos envolvidos na hora do equipamento são basicamente de três
famílias, como mostrados na notação horária a seguir (SOUSA, 2000):

Custo de Custo de Custo de


propriedade operação manutenção

onde,
Ch = custo horário total (R$/h)
Dh= custo horário de depreciação (R$/h)
Jh = custo horário de juros (R$/h)
Ph = custo horário de pneus (R$/h)
Gh = custo horário de combustível (R$/h)
Lh = custo horário de lubrificação (R$/h)
MOh = custo horário de mão de obra de operador (R$/h)
Mh = custo horário de manutenção (R$/h)

Para equipamentos elétricos:

onde,
Eh = custo horário de energia elétrica (R$/h).

AN02FREV001/REV 4.0

97
Hora produtiva e hora improdutiva

A hora produtiva de um equipamento é a hora de trabalho efetivo. Seu custo


é a soma de todas as parcelas de custo de propriedade (depreciação e juros), custo
de operação (pneus, combustível, lubrificantes, energia elétrica, operador) e custo
de manutenção.
A hora improdutiva corresponde a uma hora de trabalho em que o
equipamento fica à disposição do serviço, porém sem ser empregado efetivamente.
Assume que a máquina está à disposição da obra e com o operador ocioso. É o
caso, por exemplo, de um caminhão-pipa numa praça de aterro. Ele não trabalha a
hora inteira, pois fica parte do tempo aguardando o lançamento do material. Sendo
assim, o equipamento fica improdutivo em boa parte do tempo.
O tempo improdutivo surge muitas vezes do arredondamento feito ao se
dimensionar uma equipe, se uma carregadeira produz 100 m 3/h e cada caminhão
consegue fazer 30 m3/h, a necessidade teórica de caminhão é de 3,33 un, mas o
arredondamento para quatro caminhões acarreta a improdutividade: cada caminhão
trabalhará apenas 100/(4 x 30) = 83% do tempo de forma improdutiva, passando
17% do tempo em hora improdutiva.
A hora improdutiva leva em conta apenas o custo de propriedade
(depreciação e juros) e a mão de obra de operação (SOUSA, 2000):

A hora improdutiva é usada para computar o tempo que o equipamento fica


parado em um serviço e para futuras reivindicações que o construtor venha fazer no
decorrer da obra. A hora improdutiva inclui depreciação, juros e mão de obra de
operação.

AN02FREV001/REV 4.0

98
O que muitas vezes se faz é calcular a depreciação do equipamento
descontando-se o custo dos pneus e em seguida calcular o custo horário de pneus
como um custo de operação, conforme explicado mais à frente. Isso porque o
equipamento e os pneus têm vidas úteis distintas.

Vida Útil

Dá-se o nome de Vida Útil (VU) ao período de tempo em que o equipamento


trabalha de forma eficiente e produtiva. Ela depende do tipo de equipamento, das
condições de trabalho e da qualidade da manutenção. No cálculo da depreciação, a
vida útil reflete o período ao final do qual o construtor terá conseguido aprovisionar
fundos para substituir aquela máquina que está atingindo seu prazo de utilização. É
o prazo necessário para o retorno do capital investido. Em termos de horas:

onde:
n = vida útil (anos)
a = horas de utilização por ano (hJano).

A tabela abaixo apresenta a vida útil média de alguns equipamentos:

TABELA 25 - VIDA ÚTIL DOS EQUIPAMENTOS


Vida útil(VU)
Equipamento
Anos(n) Horas/ano(a) Horas(n x a)
Perfuratriz manual 3 2.000 6.000
Betoneira 4 1.250 5.000
Trator de esteira 4 (condições leves) a 6(severas) 2.000 8.000 a 12.000
Rolo pé de carneiro 8 1.750 14.000
Compressor de ar 5 2.000 10.000
Caminhão basculante 5 2.000 10.000
Caminhão fora de estrada 8 a 12 2.000 16.000 a 24.000
Carregadeira de pneus 4a6 2.000 8.000 a 12.000
Escavadeira 5 2.000 10.000
FONTE: MATTOS, 2006.

AN02FREV001/REV 4.0

99
Valor Residual

Valor Residual (Vr) é o valor que uma máquina ainda possui após haver sido
utilizada durante a quantidade de horas estabelecida como sua vida útil. É o valor
estimado de revenda ao final da vida útil.
Nos cálculos de custo horário de depreciação, normalmente adota-se um
valor residual de 10% a 20%.
Se a vida útil de uma carregadeira foi estimada em 10.000 horas, ao final
desse período ela não estará necessariamente inservível. Ao contrário, se houve
operação e manutenção eficientes, ela pode ainda estar em relativamente boas
condições de uso e ter um determinado valor de revenda no mercado.
Na pior das hipóteses, o equipamento pode servir como sucata para algum
ferro-velho. O valor residual deve ser subtraído do valor de aquisição do
equipamento para o cálculo da depreciação.
Se uma construtora depreciou certo equipamento em 8.000 horas, porém o
equipamento ainda pode ser usado após essa idade, seu custo horário a partir dali
não terá mais a parcela da depreciação, pois o valor de aquisição já foi recuperado.
Seu custo dali por diante será composto apenas de operação e manutenção,
constituindo uma grande vantagem competitiva para o proprietário.
O custo de propriedade deixa de existir a partir do número total de horas
previamente estabelecido durante o cálculo da depreciação. Nota-se, assim, que
estender a vida útil de um equipamento é de primordial importância para o
construtor. Enfatizar a necessidade de manutenção preventiva e operação cautelosa
deve ser um aspecto frequentemente abordado junto a operadores e mecânicos.
Eventualmente, o valor residual pode ser considerado nulo se houver
indícios de que o equipamento vai estar irrecuperável no final de sua vida útil ou que
dificilmente poderá ser vendido na praça.
É o caso de equipamentos empregados em condições muito agressivas ou
equipamentos muito específicos.

AN02FREV001/REV 4.0

100
Depreciação - Método Linear

Pelo Método Linear, assume-se que o valor do equipamento decrescerá a


partir do valor de aquisição original segundo uma taxa uniforme. A perda de valor
entre dois anos consecutivos é constante, independente da idade da máquina
naquele período.
Este método, que preza pela simplicidade, é o utilizado pelos orçamentistas.
A depreciação horária é o custo de aquisição da máquina, deduzido seu valor
residual, e dividido pelo número de horas da vida útil (MATTOS, 2006):

Exemplo:
Uma escavadeira foi comprada por R$ 200.000,00 e sua vida útil é estimada em
cinco anos, considerando-se uma utilização de 2.000 horas por ano. O valor residual
é de 10% do original. Calcular a depreciação horária pelo método linear.
Valor de aquisição (Vo) = R$ 200.000,00
Valor residual (Vr) = 10% x R$ 200.000,00 = R$ 20.000,00
Vida útil (VU) = 5 anos x 2.000 h/ano = 10.000 h

Em termos contábeis, a depreciação é a mesma ano a ano:

TABELA 26 - METRO LINEAR


Ano % de depreciação Depreciação anual Valor contábil
0 - - 200.000,00
1 20% 36.000,00 164.000,00
2 20% 36.000,00 128.000,00
3 20% 36.000,00 92.000,00
4 20% 36.000,00 56.000,00
5 20% 36.000,00 20.000,00 = Vr
Total depreciado ∑ = 180.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

101
Depreciação - Método do Saldo Devedor (Exponencial)

A essência do Método do Saldo Devedor é tornar a depreciação proporcional


ao estado do equipamento, ou seja, depreciar o equipamento mais nos primeiros
anos (quando ele está em melhor estado) e menos nos últimos anos da vida útil.
Este método tenta remediar as críticas feitas ao método linear, pelo qual se
paga por um trator com 5.000 horas de uso a mesma depreciação anual que se
paga por um trator idêntico com 200 horas. Uma grande vantagem que tem o
método do saldo devedor é permitir uma depreciação mais rápida, importante para o
construtor, que em pouco tempo fica com o equipamento já quase todo
contabilmente pago, fato que reduz o custo de propriedade dos equipamentos em
idade avançada.
Na depreciação baseada no saldo devedor, o percentual cobrado ano a ano
é o dobro daquele da depreciação linear, porém aplicado sobre o saldo ainda a
depreciar, ou seja, o valor da depreciação em um determinado ano é dado pela
multiplicação da referida taxa percentual pelo saldo no princípio do ano.
O saldo é o valor ainda não depreciado, isto é, a diferença entre o valor
original e o total de depreciação já cobrado até o momento. O valor residual não é
levado em conta na fórmula, somente no cálculo da última parcela, quando então o
saldo final deve ser igual ao valor residual.

Exemplo:
Calcular a depreciação do equipamento do exemplo anterior pelo Método do
Saldo Devedor. Taxa de depreciação anual = 2 x l00% / 5 = 40%

AN02FREV001/REV 4.0

102
TABELA 27 - MÉTODO DO SALDO DEVEDOR
Ano % de depreciação Depreciação anual Valor contábil
0 - - 200.000,00
1 40% 80.000,00 120.000,00
2 40% 48.000,00 72.000,00
3 40% 28.800,00 43.200,00
4 40% 17.280,00 25.920,00
5 40% 5.920,00 20.000,00 = Vr
Total depreciado ∑ = 180.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Depreciação - Método da Soma dos Anos

Neste método a taxa de depreciação anual varia ano a ano. O primeiro


passo é colocar os anos da vida útil em ordem crescente (1, 2, ...) e somá-Ios.
Por exemplo, para uma vida útil de cinco anos, a soma é 1+2+3+4+5=15. O
próximo passo é atribuir a cada ano uma taxa igual à razão entre os números em
ordem decrescente e a soma dos números, ou seja, no primeiro ano a taxa de
depreciação é 5/15; no segundo ano, 4/15, etc. Cada fração é aplicada sobre o valor
de aquisição deduzido do valor residual.

Exemplo.
Calcular a depreciação do equipamento do exemplo anterior pelo Método da
Soma dos Anos.
Vida útil = 5 anos = 1+2+3+4+5=15
Coeficientes são aplicados sobre Vo - Vr = 180.000,00

AN02FREV001/REV 4.0

103
TABELA 28 - MÉTODO DA SOMA DOS ANOS
Ano % de depreciação Depreciação anual Valor contábil
0 - - 200.000,00
1 5/15 60.000,00 140.000,00
2 4/15 48.000,00 92.000,00
3 3/15 36.000,00 56.000,00
4 2/15 24.000,00 32.000,00
5 1/15 12.000,00 20.000,00 = Vr
∑=15
Total depreciado ∑ = 180.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Os métodos do saldo devedor e da soma dos anos alocam a maior parte da


depreciação no começo do período. Eles são ditos métodos de depreciação rápida e
refletem com mais fidelidade o que ocorre com o valor do equipamento no mercado.
Como nesses métodos o valor da depreciação é variável, haveria um custo
horário diferente para cada ano, o que dificultaria a vida do orçamentista.
O método linear, por ter valores constantes ao longo dos anos, é o mais
utilizado nos orçamentos de construção.

Apropriação de índices
Por mais abrangente que seja o conjunto de composições de custos
unitários que um estudo possa conter, ele parte de referências de índices, por meio
de TCPO, ou software específico, de observações de obras diversas e realizadas
sob condições particulares.
As construtoras precisam, portanto, desenvolver suas próprias composições
de custos, que reflitam a produtividade de campo real de suas equipes e, enfim, que
melhor representem as características de produção particular da empresa.
Ao processo de obtenção dos índices reais de produção dá-se o nome de
apropriação. É pela apropriação que o construtor passa a conhecer seus índices, a
realidade de sua empresa. O passo inicial da apropriação é a observação. É a partir
dos dados coletados no campo que se construirá composição real. Observar é
assistir e registrar.

AN02FREV001/REV 4.0

104
3.4 FICHAS DE CUSTOS

As fichas de custo são a maneira de organizar os elementos coletados


durante o levantamento dos diversos elementos necessários para uma composição
de custos. O esquema a seguir apresenta uma estrutura padrão de uma ficha de
custos simples (SOUSA, 2000).

TABELA 29
Ficha de Custo n.º
Obra Descrição do artigo
Data

Designação do recurso Unidade Quantidade Custo Totais

FONTE:

TABELA 30 - EXEMPLOS DE FICHAS DE CUSTOS


3
FICHA DE CUSTO N.º EX1
ARGAMASSA - CIMENTO E AREIA AO TRAÇO 1:5 (m )
DATA – NOV 2010
CUSTO
RECURSO UN QUANTIDADE TOTAIS %
SIMPLES
MATERIAIS
Cimento kg 270,00 0,07 18,90 48,75
3
Areia m 1,120 15,00 16,80 43,32
3
Água m 0,135 0,40 0,05 0,13
TOTAL DE MATERIAIS 35,75 92,20
MÃO DE OBRA
Servente H 0,55 3,75 2,06 5,31
TOTAL DE MÃO DE OBRA 2,06 5,31
EQUIPAMENTOS
Betoneira 180 L H 0,55 1,75 0,96 2,48
TOTAL DE EQUIPAMENTOS 0,96 2,48
TOTAL GLOBAL 38,77 100,00

AN02FREV001/REV 4.0

105
PAREDES INTERIORES – ALVENARIA DE TIJOLO CERÂMICO FICHA DE CUSTO N.º EX2
ASSENTE COM ARGAMASSA - CIMENTO E AREIA AO TRAÇO DATA – NOV 2010
3
1:5 (m )
CUSTO
RECURSO UN QUANTIDADE TOTAIS %
SIMPLES
MATERIAIS
Argamassa
3
(Cimento, areia traço m 0,002 38,77 0,08 1,07
1:5) un 17,50 0,16 2,80 37,43
Tijolo cerâmico 30x20x7
TOTAL DE MATERIAIS 2,88 38,50
MÃO DE OBRA
Pedreiro H 0,40 6,50 2,60 34,76
Servente H 0,40 5,00 2,00 26,74
TOTAL DE MÃO DE OBRA 4,60 61,50
EQUIPAMENTOS

TOTAL DE EQUIPAMENTOS
TOTAL GLOBAL 7,48 100,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

FIM DO MÓDULO III

AN02FREV001/REV 4.0

106
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

107
CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

108
MÓDULO IV

4 CÁLCULO DE CUSTOS EM CANTEIROS DE OBRAS

O objetivo deste Módulo é analisar as características dos canteiros de obras,


para compreensão do sistema de seu funcionamento, a sua organização e
implantação, fatores muito importantes porque o canteiro é uma das fases mais
importantes na execução de uma obra.

FIGURA 26

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

109
4.1 MONTAGEM DOS CANTEIROS DE OBRAS

Os canteiros de obras devem conter as instalações necessárias de maneira


planejada e organizada, no sentido de ordenar a produção correta dos trabalhos
conforme definido no projeto de execução.
Definição segundo a NR-18 (Norma Regulamentadora): canteiros de obras
correspondem à área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações
de apoio e execução de uma obra. Esta norma tem a função de regularizar
procedimentos e foi elaborada em conjunto com construtoras, trabalhadores e
governo, para estabelecer diretrizes e exigências diversas, esse inter-
relacionamento e fluxo de recursos visa evitar desperdícios de materiais, mão de
obra, tempo, defeitos e de equipamentos dadas a sua relação direta com a
produtividade e qualidade durante a execução da obra, além disso, deve ser de
forma econômica com flexibilidade de modo a aperfeiçoar o espaço disponível.

FIGURA 27

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

110
Tipos de canteiros

De acordo com Bonin (1993), os canteiros de obras podem ser enquadrados


dentro de três tipos principais: restritos, amplos e longos e restritos.

• Restritos

A construção usa o terreno completo ou um grande percentual deste,


caracterizado por falta de espaço e aproveitamento integral da área disponibilizada.
Exemplo: Construções urbanas e centrais de uma cidade, ampliação e
reformas.

• Amplos

A construção ocupa um percentual relativamente pequeno do terreno, há


disponibilidade para acesso para veículos e acesso para área de armazenamento e
acomodação de pessoal.
Exemplo: Construção de plantas industriais, construções habitacionais
horizontais e outras grandes obras como barragens ou usinas hidrelétricas.

• Longos e restritos

São restritos em apenas uma das dimensões com possibilidade de acesso


em poucos pontos do canteiro.
Exemplo: Trabalho de ferro e rodagem, redes de gás e petróleo, e alguns
casos de obras de edificações em zonas urbanas.

Canteiros de obras segundo a NBR-12264: Áreas de vivência em canteiros


de obras. Conjunto de áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da
indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência.
Para tanto são destacadas algumas das principais etapas:

AN02FREV001/REV 4.0

111
Planejamento de canteiros

O planejamento em canteiros de obras pode ser definido como o


planejamento do layout e da logística das suas instalações provisórias, instalações
de segurança e sistema de movimentação e armazenamento de materiais.
O planejamento do layout envolve a definição do arranjo físico de
trabalhadores, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem.

Fase de Implantação

• Acomodamento dos Equipamentos e Materiais:

Toda acomodação deve ser feita com escoramento adequado, em seus


devidos recipientes e em local apropriado.

• Estabelecimento da Segurança e Saúde Ocupacional:

Deverá ser designada uma equipe de profissionais capacitados para garantir


a Segurança e a Saúde dos trabalhadores.

• Instalação dos Equipamentos:

Todo equipamento deve ser instalado respeitando a instrução dos


fabricantes e garantindo o funcionamento dos mesmos.

• Montagem/Instalação da estrutura administrativa:

Toda instalação administrativa deverá ser instalada ou construída,


observando toda logística de manuseio dos materiais, tráfego de pedestres, veículos
e equipamentos, sempre ministrando a distância de locomoção.

AN02FREV001/REV 4.0

112
Instalações provisórias: áreas de vivência e de apoio

De acordo com a definição da NR-18, as áreas de vivência (refeitório,


vestiário, área de lazer, alojamentos e banheiros) são áreas destinadas a suprir as
necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer e
convivência, devendo ficar fisicamente separadas das áreas laborais.
Esta norma também exige, tendo em vista as condições de higiene e
salubridade, que estas áreas não sejam localizadas em subsolos ou porões de
edificações.
Já as áreas de apoio (almoxarifado, escritório, guarita ou portaria e plantão
de vendas) compreendem aquelas instalações que desempenham funções de apoio
à produção, abrigando funcionário(s) durante a maior parte ou durante todo o
período da jornada diária de trabalho, ao contrário do que ocorre nas áreas de
vivência, as quais só são ocupadas em horários específicos.

FIGURA 28 - CONSTRUÇÃO DE INSTALAÇÃO PROVISÓRIA DE ESCRITÓRIO


PARA CANTEIROS DE OBRAS

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

113
Dimensionamento das instalações

São citadas a seguir algumas dimensões usualmente adotadas no


dimensionamento das instalações de movimentação e armazenamento de materiais:

(a) Elevador de carga: as dimensões em planta de 1,80 m x 2,30 m são as mais


usuais para torres metálicas de elevadores de carga.

(b) Distância entre roldana e tambor do guincho: esta distância deve estar
compreendida entre 2,5 m e 3,0 m (NR-18), devendo ser considerada para estimar a
posição do guincheiro.

(c) Baias de agregados: as baias devem ter largura igual ou pouco maior que a
largura da caçamba do caminhão que descarrega o material, enquanto as outras
dimensões (altura e comprimento) devem ser suficientes para a estocagem do
volume correspondente a uma carga. No caso da areia e brita, por exemplo, as
dimensões usuais são aproximadamente 3,00 m x 3,00 m x 0,80 m (altura).

(d) Estoques de cimento: a área necessária para estocagem deve ser estimada com
base no orçamento e na programação da obra. As seguintes dimensões devem ser
consideradas neste cálculo:
- dimensões do saco de cimento: 0,70 m x 0,45 m x 0,11 m (altura);
- altura máxima da pilha: 10 sacos. No caso de armazenagem inferior a 15 dias a
NBR 12655 (ABNT, 1992) permite pilhas de até 15 sacos.

(e) Estoque de blocos: a área necessária deve ser estimada com base no orçamento
e na programação da obra. O estoque deve utilizar o espaço cúbico, limitando, por
questões de ergonomia e segurança do operário, a altura máxima da pilha em
aproximadamente 1,40 m.

(f) Caçamba tele-entulho: dimensões usuais em planta de caçambas tele-entulho


são de 1,60 m x 2,65 m.

AN02FREV001/REV 4.0

114
(g) Bancada de formas: a bancada deve possuir dimensões em planta que sejam
pouco superiores as da maior viga ou pilar a ser executado.

(h) Portão de veículos: o portão deve ter largura e altura que permitam a passagem
do maior veículo que entrará por ele na obra, no decorrer de todo o período de
execução. Usualmente a largura de 4,00 m e a altura livre de 4,50 m são suficientes.

(i) Caminhões de transporte de madeira: para verificar se estes caminhões podem


entrar no canteiro e acessar as baias deve-se conhecer o seu raio de curvatura e
suas dimensões. Dimensões usuais são as seguintes:
- raio de curvatura: 5,00 m;
- largura e comprimento do veículo: 2,70 m x 10,00 m.

(j) Caminhões betoneiras: dimensões usuais desses caminhões são as seguintes:


- raio de curvatura: 5,00 m;
- largura e comprimento do veículo: 2,70 m x 8,00 m.

Fase Funcional:

• Para um bom funcionamento, é crucial:


o Garantir o cumprimento das regras de deslocamento e levantamento
de cargas.
o Prevenir e garantir os índices estabelecidos contra acidentes.
o Garantir o horário de trabalho estabelecido.
o Manter a organização e limpeza do canteiro.
o Manter o bem-estar entre os trabalhadores.

Logística em canteiros de obras

Na construção, a logística trata de um processo multidisciplinar aplicado nos


canteiros de obras, que visam garantir a aquisição do armazenamento, o
processamento e disponibilização de recursos e materiais nas frentes de trabalho,

AN02FREV001/REV 4.0

115
bem como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão dos fluxos
físicos.
O processo de controle logístico ocorre por meio das atividades de
planejamento, organização, direção e controle, tendo como principal suporte o fluxo
de informações, antes e durante o processo produtivo (CARDOSO, 2006).
A logística em canteiros de obras nada mais é do que a adequação dos
conceitos da logística aplicada dentro dos canteiros de obras.
Para que isso aconteça deve existir um estudo que vai definir a estratégia
para implantação do empreendimento, focando também o canteiro, para que se seja
possível planejar antecipadamente as condições mais apropriadas de entrada e
saída de materiais e mão de obra, assim como as escolhas dos equipamentos a
serem utilizados e seus posicionamentos.
Existe uma divisão logística que permite ser aplicada às empresas,
promovendo uma identificação com maior clareza das principais atividades
associadas à logística em uma obra. Em uma obra a divisão ocorre em logística de
suprimentos (externa) e logística de canteiro (interna).
A logística de suprimentos trata do fornecimento dos recursos materiais e
humanos necessários à produção, destacam as atividades de planejamento e
processamento das aquisições, a gestão de fornecedores, o transporte dos recursos
até a obra e a manutenção dos recursos de materiais previstos no planejamento.
Já a logística de canteiro, trata da gestão dos fluxos físicos e dos fluxos de
informações associados à execução de atividades no canteiro, suas atividades estão
associadas à:

 Gestão dos fluxos físicos ligados à execução (planejamento detalhado dos


fluxos de execução dos serviços e dos seus mecanismos de controle),
 Gestão da interface entre os agentes que interagem no processo de produção
(informações e interferência entre os serviços)
 Gestão física da praça de trabalho (implantação do canteiro, movimentação
interna, zonas de estocagem, zonas de pré-fabricação e atendimento aos
requisitos de segurança) (CARDOSO, 2006).

AN02FREV001/REV 4.0

116
Critérios de otimização do canteiro

 Minimização da distância a percorrer em obra;


 Minimização do número de operações de carga, descarga e transporte dentro
de obra;
 Minimização do número de montagens e desmontagens;
 Isolamento das áreas sociais do local de construção;
 Áreas de controle e estacionamento junto às entradas;
 Programar um espaço de trabalho flexível;
 Proporcionar segurança no trabalho e bem-estar aos trabalhadores;
 Reduzir o tempo de construção;
 Facilitar o processo construtivo.

Os canteiros de obras evoluem com o tempo. Para cada fase é necessário


estudar nova implantação, porque são acrescidas novas frentes de trabalho que
devem trabalhar em sintonia com as demais especialidades.
Um estudo bem executado dos custos dos canteiros de obras, com critérios
técnicos bem estabelecidos, utilização de informações confiáveis e bom julgamento
do orçamentista, pode gerar orçamentos precisos, embora não exatos, porque o
verdadeiro custo de um empreendimento é virtualmente impossível de se fixar de
antemão.
O que o orçamento dos canteiros de obras realmente envolve, é uma
estimativa de custos em função da qual o construtor irá atribuir seu preço de venda,
neste caso, bem estabelecido.
Em razão das fases de excesso de orçamentos a produzir, os profissionais
ligados a orçamentação, por vezes, ficam sem tempo de analisar os processos mais
detalhadamente, analisar e propor mais de uma solução técnica e fazer as devidas
simulações de cada trabalho.
Outro fator importante a que se deve atentar é a aproximação do
orçamentista e a obra em execução, na maioria das vezes o orçamentista não tem
oportunidade de acompanhar o processo in loco e não tem a retroalimentação por
parte dos profissionais de obra quanto às produtividades reais, os percentuais de

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117
perda dos principais materiais e comentários acerca dos parâmetros de orçamento
realizados.

4.2 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS

Buscaremos agora apresentar referências, sobre os principais equipamentos


normalmente alugados em canteiros de obras, no apoio para realização dos diversos
serviços.
Entre os diversos tipos de equipamentos utilizados em uma obra, existem os
equipamentos de transporte, que são classificados segundo a sua mobilidade em
móveis e fixos.

 Equipamentos Móveis

Os equipamentos móveis estão presentes em todas as fases de uma obra,


sendo que os mais comuns em canteiros de obras: são os caminhões basculantes,
máquinas de grande porte como pá carregadeiras, retroescavadeiras, etc.

 Equipamentos Fixos

São os equipamentos que devem ser localizados em lugares estratégicos de


uma obra, de forma a obter o maior potencial de apoio a diversos trabalhos. De uma
maneira geral são os equipamentos de transporte vertical como; gruas, guinchos
elevadores, andaimes, etc.

Considerações sobre os custos do aluguel de equipamentos

A análise e atribuição dos custos de equipamento em uma obra podem


tomar formas diferentes dependentes dos objetivos a atingir. Deve-se ter em conta
as vantagens que o aluguel de equipamentos pode trazer para uma empresa.
As principais vantagens do aluguel de equipamentos são (SOUSA, 2000):

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118
 A manutenção e o investimento são de responsabilidade do locador;
 Não há necessidade de capital próprio ou de captação de recursos externos;
 Alta disponibilidade do equipamento;
 Maior flexibilidade no incremento de máquinas;
 Troca de investimento por despesa planejada;
 Menor custo operacional;
 Elasticidade e flexibilidade na troca/substituição do equipamento, conforme
demanda, ou seja, o equipamento pode ser devolvido caso haja queda na
produção ou pode ser solicitado um número maior de máquinas caso seja
necessário;
 O aluguel só é cobrado com a máquina disponível;
 Em máquinas de grande porte, o operador é fornecido pela empresa de
locação;
 Comunicação direta com o fornecedor para solucionar qualquer problema;
 Como regra, existe um prazo para solução do problema e caso não seja feita,
o locador deverá disponibilizar outra máquina;
 Muitos contratos são pagos conforme produtividade ou disponibilidade da
máquina;
 Busca contínua de melhorias, pois quanto maior for o investimento do locador
em treinamento dos profissionais da operação, maior será seu lucro;
 Não há necessidade de manter estoque de peças e equipe técnica;
 Há garantias de fornecimento de equipamentos modernos e com tecnologia
de última geração, traduzindo-se em produtividade para o negócio;
 Há garantia de que os equipamentos atendem às normas de segurança, pois
a assistência técnica é feita com peças de reposição originais e mão de obra
treinada pelo próprio fabricante;
 Menor custo indireto com compras e estoque de peças, assistência técnica,
manutenção de baterias e carregadores.

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119
Ao verificar as vantagens da locação de equipamentos para a realização de
trabalhos em canteiros de obras, torna-se claro que este tipo de procedimento
corresponde a uma alternativa na maioria das vezes com menos riscos para o
construtor.
Para obter o custo deste fornecimento, na fase de estudo da obra, o
orçamentista deve transmitir ao fornecedor as principais características relativas às
condições da obra e principalmente às condições de uso dos equipamentos, quanto
mais o fornecedor se envolva ao processo, mais precisa será esta estimativa.

4.3 DESPESAS GERAIS

As despesas gerais dos canteiros de obras compreendem os seguintes


custos:
 Licenças
 Infraestrutura
o Água
o Esgoto
o Energia
o Telecomunicações
 Montagem das Instalações Provisórias
o Escritório da administração
o Depósito de Materiais
o Alojamento de pessoal
 Vedação da Obra
 Acessos
 Equipamentos
o Gruas
o Central de concreto
o Central de revestimento (argamassa)
o Andaimes
o Máquinas de terraplenagem

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120
O custo das despesas gerais de infraestrutura e execução de trabalhos nos
canteiros de obras, é determinado por meio de levantamento do histórico de obras
anteriores e requer uma interação do orçamentista e dos responsáveis pela
execução dos trabalhos, para se obter estimativa o mais precisa possível de acordo
com o tipo de estudo em desenvolvimento.

Desperdícios e perdas por mau armazenamento são comuns em obras

De acordo com Sousa (2000), desperdícios são constituídos pelas atividades


que não agregam valor e que resultam em gastos de tempo, dinheiro, recursos sem
lucro, além de adicionarem custos desnecessários aos produtos.
As definições confirmam que o desperdício corresponde às atividades que
não agregam valor às obras e que podem ser eliminadas sem que ocorra diminuição
no desempenho da empresa, como por exemplo, movimentação desnecessária,
capacidade ociosa, mão de obra e energia perdidos, entre outros.

FIGURA 29 - EXEMPLO DE EXCESSO DE RESÍDUOS EM OBRA

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

O desperdício não se associa apenas à falta de empenho das pessoas,


obsolescência de equipamentos ou por culpa dos fornecedores, mas há uma
multiplicidade de fatores, alguns individuais; outros decorrentes de diversas
variáveis.

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121
O desperdício contribui para a diminuição da lucratividade das empresas e
mesmo assim não costuma ser mensurado de forma conveniente.
Com a identificação dos desperdícios, os gestores obtêm benefícios de
ordem quantitativa e qualitativa em termos de lucratividade, bem como em relação
às necessidades de melhoria. Traz, ainda, fundamentação para novos investimentos
em qualidade.
A utilização de indicadores de desempenho da empresa favorece a análise,
a avaliação da rentabilidade do investimento em qualidade e, principalmente a
tomada de decisão.
Assim, armazenar corretamente os materiais de uma obra é fundamental
para evitar danos e perdas; além disso, quando se tem organização e planejamento
a produtividade da mão de obra é maior.

4.4 DESMONTAGEM DOS CANTEIROS DE OBRAS

FIGURA 30

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Nesta etapa da obra devem ser respeitadas todas as regras de montagem


desenvolvidas na implantação dos canteiros de obras, sendo que com um cuidado
extra, para não interferir com os elementos construídos na obra.

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122
São necessários certos cuidados com a correta:

 Interrupção dos ramais de água, esgoto e energia que ligavam as instalações


provisórias do canteiro, sem danificar as novas redes instaladas na
edificação;
 Remoção e transporte de todos os resíduos de construção gerados durante a
execução da obra para uma empresa certificada para realizar o tratamento;
 Remoção dos elementos que constituíram os escritórios de obra, tapumes e
sinalização de forma a poder reaproveitar ao máximo a sua reutilização;
 Limpeza geral da obra.

FIM DO MÓDULO IV

AN02FREV001/REV 4.0

123
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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124
CURSO DE
ORÇAMENTO DE OBRAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

MÓDULO V

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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125
MÓDULO V

5 MEDIÇÕES PARA ORÇAMENTO

O objetivo do Módulo V é analisar as características relacionadas com as


medições necessárias para a realização de um orçamento e os elementos de
apresentação do orçamento: o mapa de trabalhos e a memória descrtiva.

FIGURA 31

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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126
5.1 PRINCÍPIOS BASE

As medições podem ser elaboradas a partir de um caderno de encargos, de


um projeto ou por meio do levantamento pessoal realizado na visita ao local do
trabalho. Para todos os casos, deve-se realizar uma análise criteriosa, de forma a
obter de forma o mais clara possível todas as informações relativas a uma obra.
A experiência anterior nesta área para uma análise é muito importante,
principalmente quando a medição tem que ser realizada por meio de elementos
entregues pelo dono da obra, como caderno de encargos e projetos, sem a
possibilidade de acesso ao local da obra. Esses elementos podem conter
informações precisas, mas também podem omitir detalhes que fazem a diferença
nos cálculos a serem realizados posteriormente.
Para a realização de uma medição precisa, deve-se procurar conciliar a
análise dos documentos entregues, com a análise do local de intervenção, visando
abranger todos os pontos que direta ou indiretamente podem gerar custos no
desenvolvimento do trabalho.

Generalidades

As medições constituem a determinação analítica das quantidades de


trabalhos previstos no projeto ou especificação da obra. Estas quantidades são
organizadas em listas ou mapa de medições.
As medições devem ser realizadas seguindo regras bem definidas tendo em
vista atingir os objetivos bem definidos como os descritos no manual “Curso sobre
regras de medição na construção”, publicado pelo Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (FONSECA, 1999):

 Possibilitar, a todas as empresas que apresentam propostas a concurso, a


determinação dos custos e a elaboração de orçamentos, com base nas
mesmas informações de quantidades e nas condições especificadas para os
trabalhos indicados no projeto;

AN02FREV001/REV 4.0

127
 Elaborar listas de trabalhos, de acordo com sistemas de classificação que
individualizem cada trabalho segundo grupos específicos que possibilitem, às
várias entidades envolvidas no processo, análises comparativas de custos e
avaliações econômicas de diferentes soluções;
 Proporcionar às empresas, a avaliação das propostas cujos preços foram
formulados com idêntico critério, bem como permitir, de um modo facilitado, a
quantificação das variações que se verificarem durante a construção, devidas
a trabalhos a mais e a menos ou a erros e a omissões de projeto;
 Possibilitar às empresas um acesso simplificado à informação eventualmente
tipificada e informatizada relativa a trabalhos-tipo, permitindo assim a
formulação de propostas para concursos com bases determinísticas sólidas,
nomeadamente as relativas a custos de construção, de canteiro, e de
subempreitadas, etc.;
 Proporcionar às empresas uma sistematização de procedimentos relacionada
com o controle dos diversos trabalhos a executar, nomeadamente os devidos
a rendimentos de recursos que proporcionam o cálculo das quantidades de
materiais e avaliação das quantidades de mão de obra, de equipamentos ou
de outros recursos a utilizar na execução dos trabalhos;
 Facilitar o estabelecimento dos planos de inspeção e ensaios aplicados ao
controle da quantidade e de segurança na execução dos diferentes trabalhos;
 Estabelecer as bases para que as empresas realizem a análise e o controle
de custos dos trabalhos.

Os erros de medições acarretam consequências financeiras para os donos


de obra e para o construtor.
Para os donos de obra:

 Impedir a execução da obra prevista por insuficiência de créditos já


anteriormente calculados e previstos;
 Produzir prejuízos por avaliação excedente dos montantes a consumir na
obra.

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128
Para o construtor:

 Necessidade de remodelação do projeto pelo fato do custo real ultrapassar o


limite fixado pelo cliente;
 Provocar prejuízos consideráveis que podem por em risco a viabilidade da
empresa ou levar à falência.

Apesar de cada obra possuir suas próprias particularidades que a


diferenciam, podem ser definidos alguns princípios comuns a ter em consideração
na elaboração das medições, nomeadamente os seguintes (FONSECA, 1999):

 Estudo da documentação existente:


o Caderno de encargos, projetos, desenhos e cálculos apresentados
devem constituir fonte importante de análise inicial do orçamentista.
 As medições devem satisfazer integralmente os projetos apresentados e as
condições técnicas gerais e especiais do caderno de encargos, pois podem
existir erros e omissões que o orçamentista deve esclarecer com o autor do
projeto de imediato. Neste sentido, a conferência de metragens e dimensões
apresentadas é indispensável.
 As medições devem ser realizadas de acordo com as regras de medição
adotadas, na falta de informação do caderno de encargos, o orçamentista
deve adotar critérios que conduzam a quantidades corretas. Estes critérios
devem ser discriminados, de forma clara, nas medições do projeto.
 As medições devem ter em consideração as normas aplicáveis à construção,
nomeadamente aos materiais, produtos e técnicas de execução.
 Dentro dos limites razoáveis das tolerâncias admissíveis para a execução das
obras, as medições devem ser elaboradas de modo a que não seja
desprezado nenhum dos elementos constituintes dos edifícios.
 Durante o cálculo das medições devem ser realizadas as verificações das
operações efetuadas e as confrontações entre somas de quantidades parciais
com quantidades globais. O grau de rigor a obter com estas verificações e
confrontações depende, como é evidente, do custo unitário de cada trabalho.

AN02FREV001/REV 4.0

129
 A lista de trabalhos deve ser individualizada e ordenada segundo os critérios
seguintes:
o Os trabalhos medidos devem corresponder às atividades que
são exercidas por cada categoria profissional de operário;
o As medições devem discriminar todos os trabalhos, principais e
auxiliares, com uma definição clara de cada trabalho e indicarem
as características mais importantes necessárias à sua
execução. Sempre que possível esta definição deve ser
esclarecida com referência às peças desenhadas e às
condições técnicas ou de outras informações existentes noutras
peças do projeto.
o As medições devem ser decompostas por partes da obra que
facilitem a determinação das quantidades de trabalho realizadas
durante a progressão da construção, bem como a comparação
de custos com projetos similares.

5.2 REGRAS BÁSICAS DE MEDIÇÃO

A medição de uma obra é a determinação quantitativa dos trabalhos a que


serão executados, destinando-se a ser relacionada com o orçamento da obra.
Quando se realizam medições em uma obra, estas são em geral elaboradas em
mapas designados por mapas de medições.
A realização destes mapas é de extrema importância, pois é a partir destes
elementos que se realizam os orçamentos das obras, sendo o orçamento o
resultado da aplicação dos preços unitários às medições efetuadas e incluídas no
mapa de medições.
As medições assumem um papel importante na construção e, de forma a
minimizar os conflitos entre os intervenientes, torna-se necessária a existência de
regras específicas.

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130
A falta de uma regulamentação específica para a definição das regras de
medição de uma obra constitui uma das principais causas de conflito entre os seus
intervenientes.
Para minimizar estes aspectos, algumas empresas aplicam regras básicas
de medição utilizando roteiros genéricos preestabelecidos que facilitam e direcionam
o levantamento das medições, sendo que qualquer outro profissional da empresa ao
analisar os elementos do mapa de medições consegue encontrar a informação
desejada.
As medições constituem o modo de determinação quantitativa dos trabalhos
previstos no projeto ou executadas em obra e têm como principais objetivos:

a) Possibilitar, a todas as empresas que apresentam propostas a concurso ou


licitação, a determinação dos custos e a elaboração de orçamentos, com
base nas mesmas informações de quantidades e de especificação técnica de
execução dos trabalhos indicados no projeto;
b) Proporcionar às empresas, a avaliação das propostas cujos preços foram
formulados com idêntico critério, bem como permitir de um modo facilitado, a
quantificação das variações que se verificarem durante a construção.

Condições gerais das medições

 As medições devem descrever, de forma completa e precisa os trabalhos de


uma obra.
 Os trabalhos que implicam diferentes condições ou dificuldades de execução
serão sempre medidos separadamente.
 As dimensões a adotar a cada elemento de construção são sempre
arredondadas ao centímetro.
 O cálculo das quantidades dos trabalhos é efetuado com a indicação das
dimensões segundo a seguinte ordem:
o em planos horizontais, comprimento x largura x altura ou espessura;
o em planos verticais, comprimento x largura ou espessura x altura.
Considerando-se como comprimento e largura as dimensões em planta
dos elementos a medir.

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131
 As dimensões que não possam ser determinadas com rigor deverão ser
indicadas com a designação de quantidades aproximadas.
 As medições devem ser apresentadas com as indicações necessárias à sua
perfeita compreensão, de modo a permitir uma fácil verificação e a
determinação correta dos custos.
 As medições em ambientes exteriores devem ser apresentadas em capítulos
separados das medições de elementos interiores.
 O mapa de medições deve sempre indicar o nome do responsável pela
elaboração da medição e lista de medições.

Unidades de medida

As principais unidades de medida utilizadas em medições de obras são as


seguintes:

TABELA 31
Unidade Descrição Símbolo
Genérica unidade un
Comprimento metro m
2
Superfície metro quadrado m
3
Volume metro cúbico m
Massa quilograma kg
Tempo hora, dia h, d
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Regras básicas de medição de alguns trabalhos:

Canteiro de Obras

O canteiro de obras, em geral é medido à Unidade. Contudo, pode-se dividir


esta forma única de medir, segundo os pontos que o caracterizam (SOUSA, 2000),
como:

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132
 Instalações destinadas a pessoal e funcionários (por m2 ou à unidade);
 Vias de acesso, caminho de circulação e vedações (unidade);
 Instalações de redes de luz, água e esgoto (Unidade – uma única que
engloba todas estas instalações);
 Equipamento, como gruas, andaimes, etc. (Unidade – uma única que engloba
todas estas instalações);
 Pessoal da administração da obra, como técnicos e encarregados (geral e por
especialidades), os funcionários encontram-se incluídos nos serviços
executados (à unidade, por cada um destes, tendo em conta um plano de
mão de obra).

Serviços Preliminares

São os trabalhos necessários para a preparação da execução da obra. Entre


outros podemos citar os seguintes:

 Desvio de obstáculos (a medição será realizada à unidade com a indicação


da natureza dos trabalhos);
 Proteções (a medição será realizada à unidade e engloba a proteção de
construções ou vegetação no local da obra que não deva ser afetada durante
a execução dos trabalhos);
 Drenagens (a medição será realizada por m2 medida em planta).

Fundações

A medição dos trabalhos relativos às fundações deverá ser realizada de


forma que os trabalhos de concreto, formas e armaduras fiquem individualizados em
itens próprios permitindo, assim, uma determinação mais correta das quantidades de
materiais e consequentemente dos orçamentos. Contudo, o m3 com estas parcelas
incluídas é, na prática, mais usado.

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133
Nas fundações, todas as informações relativas às condições de planimetria,
tipo de solo e condições do terreno, a existência de obstáculos, a localização das
construções na vizinhança do edifício que possam afetar o trabalho de execução das
fundações e a existência de terrenos infectados ou infestados deverão ser referidos
nas medições ou outras peças escritas do processo.

Concreto, Formas e Armaduras

Na realização das medições dos trabalhos de concreto magro, concreto


armado e concreto protendido, deverão ficar separados em subcapítulos próprios.
Dentro destes, os trabalhos de concreto, formas, armaduras e elementos
pré-fabricados em concreto também serão individualizados. As medições serão
discriminadas por elementos de construção e devem indicar as referências de
identificação utilizadas no projeto.
Todas as operações relativas à execução dos trabalhos de concreto
(fornecimento e transporte de materiais, preparação, carga, transporte, colocação
em obra, compactação e cura) serão englobadas nas medições.
As medições de formas correntes e especiais ficarão individualizadas em
itens próprios e cada uma delas decompostas de acordo com as características das
mesmas (natureza dos materiais, condições particulares de execução, etc.).
Todas as operações relativas à execução de trabalhos de formas
(fornecimento e transporte de materiais, fabricação, montagem, desmontagem,
carga, transporte, descarga, reparações e limpezas) serão englobadas nas
medições.
Em relação às medições das armaduras, as barras de aço, os perfis
metálicos e as armaduras serão individualizados em itens próprios que por sua vez
serão decompostos de acordo com as características gerais.
Esta individualização em itens próprios dos diferentes tipos de aço permitirá
a determinação dos custos destes diferentes tipos, facilitando a encomenda e
aquisição durante a execução da obra.
Todas as operações relativas à execução dos trabalhos de armaduras
(fornecimento e transporte, armações, ligações, emendas, carga, transporte,
descarga e colocação em obra) serão englobadas nas medições.

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134
Os elementos de construção a serem utilizados nas medições de armaduras
serão os mesmos utilizados nas medições de concreto.

Alvenarias

As medições de alvenarias serão agrupadas em alvenarias de tijolos


cerâmicos e blocos de concreto. As medições em cada um dos grupos serão
individualizadas em itens próprios de acordo com a natureza, forma e dimensões
dos materiais constituintes, dimensão dos tijolos e blocos, composição das
argamassas, acabamentos, condições de execução, etc.
Em regra, as medições de alvenarias são individualizadas em itens próprios
de acordo com a sua localização no edifício (infraestrutura, superestrutura,
alvenarias em trabalhos exteriores ao edifício) e que por sua vez são decompostas
em elementos de construção que as compõe.
Todos os trabalhos relativos à execução dos trabalhos de alvenarias,
fornecimento e transporte de materiais, argamassas, cargas, descargas e execução,
são englobados nas medições.

Revestimentos de paredes, pisos, tetos e escadas

As medições serão individualizadas nos subcapítulos correspondentes aos


trabalhos de revestimentos de paramentos exteriores de paredes, revestimentos de
paramentos interiores de paredes, revestimentos de pisos interiores e exteriores,
incluindo terraços, revestimentos de tetos interiores, revestimentos de tetos
exteriores e revestimentos de escadas.
Estes subcapítulos serão, ainda, subdivididos de acordo com a designação
do tipo e complexidade dos trabalhos a realizar, que por sua vez serão decompostos
em rubricas próprias tendo em atenção a natureza dos materiais constituintes;
composição das argamassas; dimensões das peças de revestimento; acabamentos
das superfícies de revestimento; natureza, forma e posição das superfícies a
revestir; condições de execução; métodos de assentamento; etc.

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135
Na realização das medições, serão englobadas todas as operações relativas
à execução dos trabalhos (carga, transporte, descarga, preparação e aplicação dos
materiais, montagem e desmontagem de andaimes, limpezas, etc.).

Pinturas

As medições serão realizadas e individualizadas em rubricas próprias de


acordo com o tipo do trabalho, natureza e qualidade dos materiais, natureza e
acabamento da superfície a pintar, trabalhos preparatórios da superfície a pintar,
trabalhos preparatórios da pintura, trabalhos e número de demãos de acabamento,
condições de execução, etc.
Nas medições serão englobados todos os trabalhos relativos à execução de
pinturas nomeadamente: fornecimento e preparação de materiais, os trabalhos de
preparação de superfícies e preparatórios de pintura, a pintura propriamente dita
com o seu acabamento.

5.3 DESENVOLVIMENTO DE CHECK-LIST

Tendo como base os projetos, cadernos de encargos e memoriais


descritivos:

a) O primeiro passo será a análise dos desenhos e especificações técnicas


incluídas;
b) Em seguida, as identificações dos serviços e suas dimensões.

Nesta etapa é que será dada a forma do orçamento. É bastante conhecido a


conceito de que um bom orçamento se fundamenta num bom levantamento de
quantidades.
O detalhamento das quantificações levantadas em obra, dependem do tipo
de projeto, ou seja, as informações de quantidades serão proporcionais ao seu
detalhamento.

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136
Projetos tipo "prefeitura" e anteprojetos demandarão maiores ajustes,
ajustes estes que irão sendo confirmados à medida que os projetos sejam mais
detalhados.
Em todos os casos, independentemente de seu estágio de projeto,
iniciaremos com o conceito de “check-list”.
O "check-list” servirá para identificar as etapas principais da obra, a fim de
orientar-nos sobre termos quantificados à maioria de seus elementos.
Assim, como exemplo para obras de edifícios, os principais itens são:

 Instalação de Canteiro;

 Serviços Gerais;

 Movimento de Terra;

 Fundações e Infraestrutura;

 Estruturas;

 Alvenarias;

 Instalações Hidráulicas;

 Instalações Elétricas;

 Esquadrias de Madeira;

 Esquadrias Metálicas;

 Revestimentos Internos;

 Revestimentos Externos;

 Forro;

 Impermeabilizações;

 Pavimentações Internas;

 Cobertura;

 Vidros;

 Pintura;

 Pavimentação Externa;

 Elevadores;

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137
 Equipamentos;

 Diversos;

 Limpeza.

O desenvolvimento do “check-list” será específico de acordo com o tipo de


obra em estudo para desenvolver o orçamento.

5.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES

O objetivo do mapa de trabalhos e quantidades é transformar em um único


mapa, todas as informações, levantadas durante o processo, de tal forma a
visualizar um conjunto de dados, fornecendo condições das verificações, e
principalmente, possibilitar ao orçamentista um quantitativo, possibilitando que as
quantidades nele expressas, sejam autoexplicativas, evitando as análises de outros
documentos.
Para a determinação do mapa de trabalhos, buscam-se todos os elementos
do estudo, em nível de quantidades e unidades conforme o exemplo a seguir.

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138
TABELA 32 - EXEMPLO DE MAPA DE QUANTIDADES PARCIAL DE UM
EDIFÍCIO COMERCIAL, UTILIZADO PARA DIMENSÕES
PARCIAIS DE CADA SERVIÇO
Edifício Comercial

QUANTIDADES
SUB 1º 2º 3º
CÓD. DESCRIÇÃO UN TOTAL SOLO TÉRREO MEZANINO PAV. PAV. PAV. ÁTICO FACHADAS

DESPESAS INICIAIS
Projetos VB 1,00 1,00
020302 Ligação provisória de luz VB 1,00 1,00
020301 Ligação provisória de água e esgoto VB 1,00 1,00

SERVIÇOS PRELIMINARES
020202 Limpeza do terreno M² 600,00 600,00
020403 Tapume em chapa de madeira compensada M² 220,00 220,00
Placas da obra VB 1,00 1,00
020501 Locação da obra M² 480,00 480,00
020404 Abrigo provisório M² 57,15 57,15

MOVIMENTO DE TERRA

FUNDAÇÕES
Blocos / Sapatas
050301 Formas M² 42,00 42,00
050405 Aço 5,0 mm KG 43,00 43,00
050403 Aço 6,3 mm KG 306,00 306,00
050403 Aço 10,0 mm KG 72,00 72,00
050404 Aço 12,5 mm KG 174,00 174,00
050404 Aço 16,0 mm KG 59,00 59,00
050404 Aço 20,0 mm KG 434,00 434,00
050514 Concreto M³ 7,90 7,90
050515 Lançamento de concreto M³ 7,90 7,90

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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TABELA 33 - EXEMPLO DE MAPA DE TRABALHOS GERAL

MAPA DE TRABALHOS
PREÇO
ITEM SERVIÇOS UNID. QUANT. P.T SUB TOTAL TOTAL ETAPAS
SERVIÇO
1 Serviços Preliminares
1.1 Administração Direta / Canteiro de Obras vb 1,00 26797,59 26.797,59

1.2 Limpeza do Terreno


1.2.1 Limpeza geral,incl remoção da cob.vegetal - troncos c/diam.até m2 2.515,39 1,12 2.817,24
10cm
1.2.2 Remoção de entulho,inclusive transporte ate 1km m3 45,48 19,47 885,44

1.3 Movimento de Terra Mecanizado


1.3.1 Corte e aterro compactado m3 222,97 6,62 1.476,06
1.3.2 Fornecimento de terra,incl.corte,carga,descarga e transporte até 1km m3 822,89 47,36 38.972,07
1.3.3 Aterro, inclusive compactação m3 822,89 2,21 1.818,59

72.766,98
72.766,98
2 Fundação
2.1 Fundações Profundas
2.1.1 Estacas escavadas mecanicamente diam.= 25cm m 252,00 16,47 4.150,44
2.1.2 Taxa de mobilização de equipamentos para estaca escavada mecanicamente
un 1,00 7170,80 7.170,80
2.1.3 Concreto Usinado Fck 20 Mpa Dosado, bombeado e lançado m3 124,56 252,63 31.467,59
2.1.4 Aço CA-50 (80Kg/m3) kg 9.964,80 2,58 25.709,18

2.2 Valas
2.2.1 Escavação manual - profundidade igual ou inferior a 1,50m m3 456,47 14,72 6.719,24
2.2.2 Apiloamento do fundo de valas,para simples regularização m2 464,16 6,80 3.156,29
2.2.3 Lastro de brita m3 23,20 44,41 1.030,31
2.2.4 Reaterro de valas,inclusive apiloamento m3 330,95 17,70 5.857,82

2.3 Fundações Superficiais


2.3.1 Forma comum de tabuas de pinho m2 811,58 16,09 13.058,32
2.3.2 Concreto Usinado Fck 20 Mpa Dosado, bombeado e lançado m3 102,02 252,63 25.773,31
2.3.3 Aço CA-50 (80Kg/m3) kg 8.160,93 2,58 21.055,20

145.148,50
145.148,50

3 Estrutura
3.1 Estrutura em concreto armado
3.1.1 Forma especial de chapas plastificadas (10mm) - plana m2 2.534,90 29,58 74.982,34
3.1.2 Concreto Usinado Fck 20 Mpa Dosado, bombeado e lançado m3 151,60 252,63 38.298,71
3.1.3 Aço CA-50 (80Kg/m3) kg 12.128,52 2,44 29.593,59
3.1.4 Laje mista pré moldada treliçada h=8cm, c/ capeamento 4cm (12cm) m2 1.803,73 29,69 4.401,10

147.275,74
147.275,74

4 Alvenaria
4.1 Paredes de vedação
4.1.1 Bloco cerâmico e=9cm m2 812,04 49,91 40.528,92
4.1.2 Bloco cerâmico e=14cm m2 1.262,34 67,06 84.652,52
4.1.3 Verga de concret 20v20cm sob e sobre janelas m3 10,00 280,00 2.800,00

127.981,44
127.981,44

5 Impermeabilizações
5.1 Fundações
5.1.1 Membranas asfálticas - com 4 camadas de feltro asfáltico 15lbs m2 811,58 17,93 14.551,63
5.1.2 Argamassa impermeabilizada de cimento e areia - traço m2 811,58 16,09 13.058,32
1:3,esp=20mm
5.2 Pisos
Manta asfáltica e=4mm, c/ véu de poliester e proteção mecânica em
5.2.1 argamassa de cimento e areia traço 1:3 com aditivo m2 54,98 35,55 1.954,52
impermeabilizante e=20mm

5.3 Reservatório de Água


Argamassa impermeabilizada de cimento e areia (reservatórios e
m2 98,54 23,76 2.341,31
5.3.1 piscinas) - traço 1:3,esp=30mm

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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Além do orçamento propriamente dito. O departamento de orçamentos
organiza a listagem com informações úteis ao nível da execução da obra.

Listagem de composições de serviços:

 Caderno de serviço;
 Código de serviço;
 Código dos materiais;
 Nomes dos materiais;
 Coeficientes dos insumos na composição;
 Totais de materiais/equipamentos;
 Totais de mão de obra;
 Leis sociais;
 BDI;
 Custo unitário de serviço.

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TABELA 34 - EXEMPLO DE PLANILHA DE CUSTO UNITÁRIO DE SERVIÇO
Cliente:
Obra Nº

Planilha de Composição de Preços Unitários


Código Descrição Unidade

08,AO,45 Batente em chapa metálica dobrada n. 14 m

Item Material Unidade Quant. Preço Unit. Preço Total


M105010 Areia lavada m3 0,0016
M105080 Cal hidratada kg 0,1200
M105170 Cimento portland kg 0,5700
M305010 Batente metálico em chapa metálica dobrada 14 m 1,0000

Total 1

Item Mão de Obra Unidade Quant. Preço Unit. Preço Total


F000990 Servente h 0,5500
F000200 Pedreiro h 0,5000

Sub-total
Encargos Sociais Enc.Sociais
Total 2

Item Equipamentos Unidade Quant. Preço Unit. Preço Total

Total 3

Total Geral

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

5.5 MEMÓRIA DESCRITIVA

É o processo de definição das especificações técnicas de uma obra, com o


detalhamento do tipo de serviço que a empresa propõe, com as características
técnicas e soluções adotadas para o projeto em análise.
A memória descritiva é um documento que deve estar presente na maioria
dos tipos de projetos. Os projetos de obras de Construção Civil devem conter em um
documento todo o detalhamento do projeto realizado.

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Esse documento é chamado de memória descritiva da obra e, dentre
inúmeros outros tópicos, pode conter:

 Conceituação do projeto;
 Normas adotadas para a realização dos cálculos;
 Premissas básicas adotadas durante o projeto;
 Objetivos do projeto;
 Detalhamento de materiais empregados na obra ou no produto;
 Demais detalhes que podem ser importantes para o entendimento
completo do projeto.

Neste documento constam os materiais de acabamento e os respectivos


processos construtivos definidos, segundo as normas técnicas específicas, ou seja,
informa o construtor a maneira que deve proceder perante os serviços da obra.
Estas especificações são realizadas para todas as etapas de uma obra,
desde o tipo de fundações, estruturas, etc.
A memória descritiva deve conter, para uma obra tradicional de um edifício,
as seguintes informações:

 Dados e condições do local;


 Instalação do canteiro de obra e demarcação da obra;
 Serviços gerais e terraplanagem;
 Fundação;
 Superestrutura (lajes, vigas, pilares);
 Paredes e painéis;
 Esquadrias;
 Vidros;
 Cobertura;
 Impermeabilizações;
 Forros;
 Instalações elétricas;
 Instalações hidráulicas;
 Revestimentos de paredes;

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 Pisos internos e externos;
 Pintura e acabamentos especiais;
 Serviços complementares finais.

FIM DO MÓDULO V

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 12721.


Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção para
incorporação de edifício em condomínio. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR-12284. Áreas


de Vivência em Canteiros de Obras. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,


Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2003.

BONIN, L.C. et al. Manual de referência técnica para estruturas de concreto


armado convencionais. Sinduscon/RS: Programa de qualidade e produtividade na
construção civil/RS, 1993.

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR 18. Condições de Meio


Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Brasília, 1990.

CARDOSO, Francisco F. Importância dos Estudos de Preparação e da Logística na


Organização dos Sistemas de Produção de Edifícios. A Construção sem Perdas.
IDORT, São Paulo, 12 nov 2006.

GONZÁLEZ, Marco Aurélio Stumpf. Orçamento e planejamento de obras. São


Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Ciências Exatas e Tecnológicas,
2007.

FONSECA, M. Santos. Curso sobre regras de medição na construção. Lisboa:


LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1999.

MATTOS, Aldo Dória. Como preparar orçamentos de obras: dicas para


orçamentistas, estudos de caso, exemplos. São Paulo: Pini 2006.

PEURIFOY, Robert L.; OBERLENDER, Garold D. Estimating Construction Costs.


Cidade: Austin. McGraw-Hill Science/Engineering/Math; 5 edition 1989.

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145
SILVA, Mozart Bezerra da. Manual de BDI. Como incluir benefícios e despesas
indiretas em orçamentos de obras de construção civil. São Paulo: Editora, 2006.

SOUZA, Ubiraci E. Lemes de. Projeto e Implantação do Canteiro. São Paulo: Tula
Melo, 2000.

TCPO 2011. Tabelas de composição de preços para orçamentos. São


Paulo:Pini, 2011.

TISAKA, Maçahiko. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e


execução. São Paulo: Pini 2006.

FIM DO CURSO

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