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RESUMO
Como objetivo, busco exemplificar, por revisão bibliográfica, um estudo de caso sobre uma patologia
de fundação, de um edifício do litoral do município de Santos – SP. Problemas de execução, utilização
ou de interpretação de projetos são indicados por diversos tipos de manifestações. Essas patologias
devem ser analisadas com o objetivo de identificar suas origens e causas para que se possa planejar e
executar a melhor solução possível para o problema. Nesse processo, é muito difícil analisar a fundação
porque ela se encontra enterrada no solo. Aspectos sobre a interação entre o solo e a estrutura, que
causam movimentos diferenciais e que são responsáveis por problemas diversos nas construções, serão
revisados neste trabalho. A identificação, prevenção e solução das manifestações patológicas,
provenientes dos recalques diferenciais, devem ser corretamente levantadas e estudadas. Será
apresentada uma análise dos procedimentos realizados em um edifício no litoral do Estado de São Paulo.
Serão demonstrados problemas observados, análise do que foi constatado e quais foram os reforços
empregados para a recuperação nesse caso.
Palavras-chave: recalque de fundação; patologia; interação solo-estrutura.
ABSTRACT
As an objective, I seek to exemplify, by bibliographic review, a case study on a foundation pathology,
of a building on the coast of the municipality of Santos - SP. Problems in the execution, use or
interpretation of projects are indicated by different types of manifestations. These pathologies must be
analyzed in order to identify their origins and causes so that the best possible solution to the problem
can be planned and executed. In this process, it is very difficult to analyze the foundation because it is
buried in the ground. Aspects about the interaction between the soil and the structure, which cause
differential movements and which are responsible for different problems in the constructions, will be
reviewed in this work. The identification, prevention and solution of pathological manifestations, arising
from differential repressions, must be correctly raised and studied. An analysis of the procedures
performed in a building on the coast of the State of São Paulo will be presented. Observed problems will
be demonstrated, analysis of what was found and what were the reinforcements used for the recovery in
this case.
Keywords: settlement of foundation; pathology; soil-structure interaction.
1 Graduação em engenharia civil, Uniara - Universidade de Araraquara, Araraquara, São Paulo, Brasil;
ricardo.marquesrodrigues@outlook.com
2 Orientador. Docente Curso de Engenharia Civil da Universidade de UNIARA. Araraquara-SP.
jequaresma@uniara.edu.br
http://dx.doi.org/10.35265/2236-6717-202-9047
FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 202. V.8. ANO 2020.
PATOLOGIA – RECALQUE DIFERENCIAL EM FUNDAÇÃO
INTRODUÇÃO
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Rebello (2008, p. 57) [6], sérios danos estruturais podem ser provocados
quando há recalque de fundação. Isso pode acontecer quando a relação entre fundação e solo é
prejudicada pela falha de interação com uma camada rígida do solo em seu contato, em função
da carga a ser demandada.
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Estruturais: Para que seja evitado um possível colapso, quando ocorrer em pilares, vigas
ou lajes, reforços devem ser planejados para evitar instabilidade na construção (GOTLIEB,
1998) [3].
1.3 Fissuras
Conforme a norma ABNT NBR 6118 [13], sobre fissuração, o concreto tem baixa
resistência à tração, fissuras nas estruturas são inevitáveis devido à instabilidade exercida nos
elementos.
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Mesmo sob as ações de utilização, valores críticos de tensões de tração são atingidos.
Essa norma aborda as máximas de fissuras na ordem de 0,2 mm a 0,4 mm, onde não há
importância significativa na corrosão das armaduras.
Podemos classificar as fissuras como sendo ativa ou passiva. Para identificar o tipo
dessa fissura, deve-se observar se há movimento contínuo dessa anormalidade. Um elemento
de gesso ou vidro pode ser fixado sobre a fissura e, ocorrendo movimento, com este percebe-
se alguma violação, tanto no vidro como no gesso.
Deve-se adotar algum formulário onde se possa anotar data, tipo da fissura e a situação
da placa por prazo mínimo três meses. Esse controle deve ser efetuado mesmo quando o
rompimento do selo ocorra antes desses três meses, outro selo deverá ser aplicado. Quando
ocorre ruptura do selo antes dos três meses deve-se deduzir que a anomalia não se estabilizou.
Observando os espaços de tempo entre os rompimentos dos selos, novos dispositivos
devem ser aplicados e observados as suas rupturas. Com essas manobras e observações pode-
se deduzir sobre a estabilização ou não do elemento analisado (REBELLO, 2008) [6].
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Fonte: AUTOR
1.6 Fissurômetro
Com um lápis deve-se riscar, ao menos em dois sentidos, transpassando a fissura. Dados
como data, a distância horizontal e/ou vertical da origem do eixo até a fissura e a distância da
abertura da fissura devem ser apurados.
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m
Denominaçã Abertura da fissura (mm)
o
Fissura Menos de 0,2 mm
capilar
Fissura 0,2 mm a 0,5 mm
Trinca 0,5 mm a 1,5 mm
Rachadura 1,5 mm a 5,0 mm
Fenda 5,0 mm a 10,0 mm
Brecha Mais de 10,0 mm
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1.9 Desaprumo
Quando ocorre um recalque diferencial pode haver um desalinhamento horizontal da
edificação, modificando as cargas inicialmente dimensionadas nos elementos ligados à
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fundação. O surgimento de fissuras indica a anomalia com esse desaprumo que, em alguns
casos, podem ser facilmente percebidos, o que sinaliza que a edificação está colapsando.
2 DESENVOLVIMENTO
Será abordado um estudo com o objetivo de exemplificar, com um caso real, os tipos
de anomalias ocorridas por recalque diferencial em fundação, qual foi a abordagem no controle
da movimentação estrutural e a análise da decisão adotada pelos envolvidos responsáveis no
processo.
Foi elevado em dois metros o nível do terreno para sanar futuros problemas com invasão
de um córrego ali existente.
3 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
A edificação desabou parcialmente em dois metros até sua acomodação sobre a laje
térrea e o solo, desalinhando por completo em dois metros e meio.
O pavimento térreo foi destruído, mas como os outros pavimentos ficaram preservados
devido a pouquíssimas fissuras ou outras anomalias cogitou-se a possibilidade de recuperação.
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4 DO SOLO
Quatro sondagens por SPT foram efetuadas no terreno para que se possa estudar a
patologia. Três sondagens na frente e outra no fundo da área.
Constatou-se um solo composto por uma camada arenosa variando de 10 metros na
frente do terreno à 2 metros no fundo. A partir desse nível foi encontrada argila mole siltosa
marinha com aparência de solo de composição orgânica.
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6 SOLUÇÃO
7 ESTABILIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO
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8 INSTRUMENTAÇÃO
Durante dez dias e duas vezes por dia foi analisada a movimentação estrutural com a
utilização de um teodolito. Com mangueiras de marcação e acompanhamento de nível em todos
os lados do edifício foram obtidos valores de desníveis de 0,5 cm, cuja precisão demonstrou
que recalque diferencial ainda estava ativo (SOUZA, 2003) [7].
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Várias fissuras foram acompanhadas, com a aplicação de uma camada fina de massa
corrida sobre algumas áreas delas, foi possível, em havendo a menor movimentação, detectar
se essas fissuras estavam ativas ou passivas, devido a identificação sobre a ocorrência ou não
de um rompimento dessa camada. Souza (2003) [7]. (Figura 19).
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9 DA RECUPERAÇÃO DA EDIFICAÇÃO
Nas sondagens prévias, foi indicada, numa profundidade de trinta e cinco metros,
camada impenetrável, no entanto, o solo se demonstrou impenetrável na perfuração das estacas
de re recuperação nos vinte e cinco metros de profundidade.
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Por um perído de dois meses foi realizado gradualmente o içamento da edificação até
os seus níveis originais. Nas extremidades da construção, quatorze macacos hidráulicos,
capazes de içar até 200 toneladas cada, foram instalados. Para auxiliar no içamento, sete treliças
com suas vigas metálicas e cabos de aço de alta resistência, foram estratégicamente aplicadas
na edificação. Souza (2003) [7].
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Após o edifício ter sido reposicionado com sucesso e segurança, foi reconstruída uma
nova fundação e novas vigas e pilares foram redimensionados.
CONCLUSÃO
O solo instável verticalmente, em função do aterro, causou as rupturas nas estacas da
fundação original. A camada desse solo instável foi atravessada por estacas, cujos fustes
estavam com tensões horizontais.
Um tempo considerável foi necessário para aquisição do material necessário para a
recuperação da edificação.
Com sinais, ainda evidentes, de recalque diferencial e com alguns imprevistos, o
cronograma de recuperação foi considerado dentro do planejado.
Em dezembro de 2002, o técnico responsável por recuperar a edificação deduziu
inviável a continuação das obras com a possibilidade de colapsar a estrutura.
O controle de recalque diferencial comprovou que a solução adotada para estabilização
e movimento estrutural no solo foi ineficaz. A recuperação, inicialmente realizada, não
correspondeu ao cronograma planejado. Outro método, como congelamento de solo, deveria
ter sido considerado.
Conclui-se imprescindível a realização de investigação geotécnica com análise das
camadas de solo envolvidas, seguindo normas e acompanhada por profissional da área,
analisando os parâmetros do local e atento a erro de sondagem. Investigação complementar ou
sondagem adicional devem ser articuladas com o propósito de reduzir riscos de falsos
resultados. Informações sobre edificações vizinhas, com o objetivo de evitar possíveis
interferências, devem ser pesquisadas.
A execução da recuperação deve seguir o projeto, para que os esforços da estrutura
sejam atuantes no solo dentro dos parâmetros de segurança exigidos.
Esse processo de recuperação da patologia apresentada deve ser executado após a
análise das movimentações e investigações do solo. A decisão sobre qual tipo de reforço ou
recuperação deva ser incorporado depende desses estudos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[2] CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. R.J.: LTC, v. 2, 2012.
[4] MILITITSKY, J.; CONSOLI, C.; SCHNAID, F. Patologia das fundações. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008.
[7] SOUZA, E. G. Colapso de edifício por ruptura das estacas: estudo das causas e da
recuperação. Tese de Mestrado. São Carlos: Universidade de São Paulo. 2003. p. 107.
[10] VELLOSO, D. A.; LOPES, D. R. Fundações. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, v. I,
2011.
[11] VELLOSO, D. A.; LOPES, F. D. R. Fundações: fundações profundas. Nova. ed. São
Paulo: Oficina de Textos, v. 2, 2010.
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