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ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

SECRETARIA DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E HABITAÇÃO


AGENCIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE MS-AGEHAB

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL DE CORUMBA

PLANO DE AÇÕES PARA REPOSIÇÃO DE MORADIAS E


REMANEJAMENTO DE POPULAÇÃO

PARR-CORUMBA

1
APRESENTAÇÃO

O Governo do Estado do Mato Grosso do Sul está preparando uma operação de crédito junto ao
FONPLATA, destinada à captação de recursos para implantação do Projeto de Desenvolvimento
Sócio-Ambiental de Corumbá, cujo órgão executor será a Secretaria de Estado de Infra-Estrutura e
Habitação, por meio da Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul - AGEHAB.

O Projeto tem por objetivo geral melhorar as condições de vida e o bem-estar da população de
baixa renda de Corumbá, mediante a provisão, ampliação ou elevação da qualidade da infra-
estrutura básica e reassentamento das famílias que vivem em situação de maior risco.
Especificamente, foram estabelecidos como objetivos: (i) melhorar as condições de habitabilidade,
sanitárias e ambientais da população urbana, especialmente de baixa renda, dos bairros Cervejaria,
Beira-Rio e Generoso, na região ribeirinha do município, e reduzir os riscos de deslizamentos e
tombamentos de escarpas, mediante ampliação e melhoria da infra-estrutura e dos serviços urbanos
básicos; (ii) remanejar parte da população que vive em situação de maior risco ou em áreas
ambientalmente mais sensíveis daquela região;(iii) promover a recuperação ambiental de áreas
degradadas específicas da região ribeirinha, particularmente daquelas onde haverá desocupação por
remoção da população; (iv) aumentar a produtividade das equipes de coleta de lixo mediante
intervenções pontuais no sistema viário dos bairros para melhorar a circulação de veículos;
(v)proporcionar à população dos citados bairros espaços alternativos para a prática de atividades
lúdicas e esportivas; e (vi)consolidar a consciência sanitária e ambiental junto à população de baixa
renda.
De maneira preliminar, no âmbito da Carta Consulta encaminhada ao COFIEX foram estabelecidas
como meta (i) remanejamento de 276 famílias de baixa renda que habitam áreas de maior risco ou
ambientalmente sensíveis na região Ribeirinha, das quais 163 do bairro Cervejaria, 63 do bairro
Generoso e 50 do bairro Beira-Rio; (ii) atender 350 famílias com sistema de esgotamento sanitário
e 50 com novas ligações domiciliares à rede de abastecimento de água; (iii) construir 2.500 metros
de calçada e 5.000 metros de cerca e implantar espaços para prática de atividades esportivas e de
recreação totalizando 30 mil m2 de área; (iv) implantar 1.400 metros de galerias para captação e
escoamento de águas pluviais no Bairro Cervejaria;(v) executar pavimentação asfáltica de parte das
vias, cerca de 6.400 m2 (800 metros X 8,00) de área;(vi) implementar obras de contenção de
encostas numa extensão de 1500 metros; e (vii)plantar 1.500 mudas de árvores para revegetação de
pelo menos 6.000 m2.

Este documento apresenta o Escopo, seguido de um Guia de procedimentos para elaboração de um


Plano dedicado a reposição das moradias e remanejamento das famílias ribeirinhas que deverão ser
deslocadas de seus atuais domicílios.

O documento que segue está estruturado em dois capítulos.

O primeiro capitulo, denominado Fundamentos aponta os conceitos, entendimentos associados ao


processo de remanejamento de população, que precisam ser assumidos e/ou consolidados para
sinalizar a elaboração do Plano.

O segundo capitulo, intitulado Componentes Básicos do Plano de Ações Reposição de Moradias e


Remanejamento de População ( PARR-CORUMBA), mostra o formato geral do plano
especificando o conteúdo de cada um deles, bem como os procedimentos técnicos que precisam ser
realizados para composição do PARR-CORUMBA.

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INDICE

I. FUNDAMENTOS........................................................................................................6
B. Objetivos ..................................................................................................................7
C. Metas.........................................................................................................................7
Em um Plano de remanejamento de população, a determinação das metas precisa
levar em conta que as famílias não são relocalizadas todas ao mesmo tempo, mas
poderão ir saindo processualmente de suas antigas moradias, rumo as moradias de
reposição........................................................................................................................7
Para determinar metas processuais, é necessário determinar previamente a Hierarquia
de Reposição. Em outras palavras, estabelecer quando, quantas, e quais das
moradias como afetadas deverão sair da área de intervenção......................................7
D Diretrizes....................................................................................................................7
(i) Gestão Compartilhada entre AGEHAB e População ..............................................8
Os custos das soluções não serão repassados as famílias vulneráveis..........................8
Tratamento Pluralista...................................................................................................10
Compra de Moradias no mercado Imobiliário Local-Regional...............................11
Indenização em Dinheiro ............................................................................................12
Participação das Famílias na Localização e Modelo das Vilas Residenciais ............13
Isonomia .....................................................................................................................14
Controle da quantidade de soluções requeridas.......................................................15
Licenciamento ambiental para implantação de Vilas Residenciais.............................18
Aspectos de gênero......................................................................................................18
II. COMPONENTES BÁSICOS DO PLANO DE AÇÕES REPOSIÇÃO DE
MORADIAS E REMANEJAMENTO DE POPULAÇÃO PARR-CORUMBA ....18
Macro- Atividade 2: Consolidar o entendimento sobre casos afetados...................19
Macro-Atividade 2 : Dimensionar e caracterizar os casos a tratar (Realização de
cadastro Físico e socioeconômico)..........................................................................19
Ações predecessoras da aplicação do questionário.................................................19
Mobilização e Treinamento de Equipe ...................................................................19
(ii) Instalação das equipes em cada um dos Bairros de Corumbá ..........................20
(iii) Definição da Envoltória do Remanejamento de População (ENRE)..............20
(vi) Materialização da ENRE..................................................................................21
(v) Definição dos critérios para aplicação do questionário no universo da ENRE 21
(vi) Preparação, Teste e Consolidação do Questionário.........................................21
Preparação da população.........................................................................................21
Aplicação de questionários e traslado simultâneo das respostas para Planilha de
Transcrição..............................................................................................................22
Construção da Base de Dados.................................................................................22
Macro Atividade 6 Concepção da Logística do processo de reposição de moradias
e Remanejamento de População;.............................................................................24
Macro- Atividade 7 : Concepção do Sistema de Monitoramento...........................26
Macro Atividade 8 Concepção de Modelo para AVALIAÇAO Ex- Post...............29
CONCEITO E OBJETIVOS.......................................................................................29
B. RESULTADOS SOCIAIS DO REMANEJAMENTO NAS CONDIÇOES DE
VIDA DA POPULAÇAO DESLOCADA DO IGARAPE DO QUARENTA ..........30
ASPECTOS CENTRAIS DA AVALIAÇAO DE RESULTADOS.......................31
AVALIAÇAO DOS GRAUS DE SATISFAÇÃO DAS FAMILIAS ........................32
AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA E EFICÁCIA ......................................................32

3
Eficácia....................................................................................................................32
Macro-Atividade 9 Cronograma Executivo............................................................32
Macro Atividade 10 Orçamento..............................................................................33

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Siglas e Abreviações

FOMPLATA
ELO Escritório de gestão Local
AGEHAB Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul
FUNAR Fundo de Apoio a Reposição de Moradias Afetadas pelo PROJETO CORUMBA
PARR-CORUMBA Plano de Ações para Reposição de Moradias e Remanejamento de
População
ENRE Envoltória do Remanejamento de População

ANEXOS

ANEXO 1 : Modelo de questionário para cadastro

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I. FUNDAMENTOS

O primeiro passo para elaboração de um plano como o PARR-Corumba consiste em edificar os


fundamentos que irão sustentar tanto o processo de disponibilização de moradias de reposição como
o do remanejamento das famílias das moradias afetadas para as novas residências.

O capitulo intitulado Fundamentos será, portanto, o capitulo inaugural do documento que se


pretende elaborar. Sob o termo Fundamentos estarão explicitados no PARR-Corumba : (i) objetivos
e metas do processo de disponibilização de moradias e remanejamento de população; e (ii) as
diretrizes que deverão ser observadas para dar formato às soluções de remanejamento a construir.

A. Quantidade de Soluções Requeridas

A quantidade de soluções de remanejamento requerida foi preliminarmente definida, na Carta


Consulta, como sendo da ordem de 276 (novas moradias) que seriam ocupadas por “276 famílias
de baixa renda que habitam área de maior risco ou ambientalmente sensíveis na Região
Ribeirinha, das quais 163 no Bairro Cervejaria, 63 do bairro Generoso e 50 no Bairro Beira Rio.”

É conveniente rever e consolidar a quantidade de soluções previamente demarcada, e isso pode ser
feito através de duas abordagens:

ABORDAGEM A : A quantidade de soluções requeridas é determinado pela situação de maior ou


menor risco das moradias situadas nos bairros de Cervejaria, Generoso e Beira Rio.

Nesta perspectiva, que representa aquela adotada até então, a quantidade de soluções requeridas foi
determinada pela situação de risco ou ambientalmente sensível. É preciso consolidar o tema, e isso
pode ser feito através dos seguintes passos: (i) especificar cada um dos indicadores usados para
classificar uma moradia como estando em situação de risco ou ambientalmente sensível; (ii)
adicionar, ao elenco de indicadores técnicos, indicadores institucionais e de projeto; (iii) reaplicar
os indicadores (consolidados) no conjunto de moradias dos bairros alvo, (iv) pactuar, com cada
família das moradias alcançadas pela aplicação do indicador, o entendimento de sua situação de
risco e principalmente da necessidade de sua saída do bairro antes de outras famílias vizinhas,
também em situações semelhantes.

A importância do assunto reside em uma característica central do remanejamento de população que


ocorrerá no âmbito do PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL DE CORUMBA. : o
fato de que uma parte das moradias de um determinado bairro devem ser retiradas, podendo as
demais permanecer no novo cenário ( excepcionalmente melhorado) que emergirá após implantação
dos outros componentes do projeto.

Em situações dessa natureza, a experiência ensina sobre a possibilidade de recusa social ao


remanejamento. O argumento tradicionalmente escutado em experiências similares é “agora que o
bairro vai melhorar, vamos ter saneamento, serviços de coleta de lixo, eu tenho que sair?” Por que
eu saio e meu vizinho pode ficar? “ Eu não quero sair, vivo aqui tem muito tempo nesta tal
situação de riscoque vocês estão falando” “ O doutor pode dizer que eu vivo em situação de risco,
mas eu não acho, fico por aqui mesmo”.

ABORDAGEM B : A quantidade de soluções requeridas é determinada pela quantidade


de moradias situadas em áreas onde se pretende instalar componentes do Projeto.

Outra alternativa é assumir que o remanejamento de população se deve à necessidade de liberar


área para cumprir o objetivo de recuperação e revitalização de áreas degradadas nos citados bairros;
para implantar obras de melhoria e ampliação da infra-estrutura e para prevenir a recorrência de

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ocupações irregulares e desordenadas e propiciar espaços alternativos para atividades lúdicas da
população.

Nesta abordagem, o primeiro passo para determinação da quantidade de soluções consiste em


qualificar e localizar territorialmente, em uma foto aérea, o território onde se pretende
implantar uma das obras/ações de recuperação e revitalização de áreas degradadas; de melhoria
e ampliação da infra-estrutura e para propiciar espaços alternativos para atividades lúdicas da
população, conforme idealizado na Carta Consulta.

Os imóveis (terrenos com edificações e/ou vagos) existentes nos territórios onde se pretendem as
referidas obras e ações constituem o universo de soluções a prover. Posteriormente, neste universo,
é aplicado um cadastro físico e socioeconômico e outras ações destinadas a dimensionar e qualificar
as famílias alvo de remanejamento, conforme especificado posteriormente neste documento.

B. Objetivos

Evidente que a demarcação de objetivos e metas do PARR-CORUMBA está condicionado à


definição previa de considerar como alvo de remanejamento famílias em situação de risco
e/ou famílias instaladas em áreas requeridas para implantação e operação do Projeto, tema
este focalizado nos parágrafos anteriores.

Para efeito de orientar a elaboração do PARR-CORUMBA, foram assumidos os objetivos a


seguir explicitados.

Objetivo Geral : Liberar as áreas requeridas para implantação do PROJETO DE


DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL DE CORUMBA, através de mecanismos
que promovam melhoria das condições de vida da população residente no território
demandado para implantação do Projeto;

Objetivos Específicos : (i) Repor as moradias precárias que serão retiradas do perímetro
requerido para implantação do Projeto, por moradias superiores àquelas que deverão ser
demolidas; (ii) Apoiar a reinstalação das atividades econômicas (pequenos estabelecimentos
comerciais e de serviços eventualmente presentes na área afetada na perspectiva de
formalização e desenvolvimento dos micro e pequenos negócios que deverão ser deslocados
da área requerida para implantação do Projeto Corumbá.

C. Metas

Em um Plano de remanejamento de população, a determinação das metas precisa levar em conta que
as famílias não são relocalizadas todas ao mesmo tempo, mas poderão ir saindo processualmente de
suas antigas moradias, rumo as moradias de reposição.

Para determinar metas processuais, é necessário determinar previamente a Hierarquia de Reposição.


Em outras palavras, estabelecer quando, quantas, e quais das moradias como afetadas deverão sair
da área de intervenção.

D Diretrizes

Ainda que a definição das Diretrizes constituir passo da elaboração do PARR-


CORUMBA, estão listadas a seguir um conjunto de entendimentos que parece ser
aplicável ao caso em pauta.

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(i) Gestão Compartilhada entre AGEHAB e População

Será assegurada participação das famílias em todo o ciclo do processo de liberação de


áreas e remanejamento de população, desde a elaboração do PARR-CORUMBA, até a
reinstalação das famílias em suas novas moradias.

Para tornar operacional este preceito a equipe responsável pela elaboração do


PAAR-CORUMBA precisa concebido um sistema de gestão participativa. Em
experiências similares esse sistema tem sido implantado com base em dois eixos

(i) Implantação imediata de um Escritório Local de Gestão Compartilhada ( ELO)


em cada um dos Bairros alvo de intervenção.

É a partir do ELO que se desencadeiam todas as ações participativas, desde o


envolvimento de lideranças na elaboração do PARR-CORUMBA, passando pelas
ações de Adesão da População às Alternativas de Solução, até a fiscalização,
exercida pela própria população afetada, de todas as ações pré e pos traslado que
são desenvolvidas ao longo do ciclo de um processo de remanejamento de
população.

Em cada ELO, devidamente equipado ( computadores, telefone, Material de


Projeto) opera uma equipe composta por Assistentes Sociais, Arquiteto e
Advogado. Estes profissionais não apenas trabalham na elaboração do PARR-
CORUMBA como também desenvolverão as ações de implantação e
monitoramento do Plano.

(ii) Criação do sistema de gestão compartilhada, que pode ser operado através de
três instancias : a) criação de um Conselho formado por representantes do Poder
Publico ( Procuradoria, Habitação e outros a estudar); da Sociedade Civil ( OAB,
IAB, Universidade e outros a estudar) e por cinco representantes das famílias
afetadas; b) criação dos comitês locais de afetados : núcleos de vizinhança,
formados exclusivamente por pessoas afetadas, sendo que as mesmas são eleitas
pelas famílias afetadas, por voto direto, em evento especificamente criado para
tanto. A experiência ensina que não se deve utilizar associações e lideranças pré-
existentes. Não funciona. As lideranças pré-existentes costumam estar
comprometidas com outros objetivos, já tem compromissos assumidos, etc, com
outros interesses que aquele exclusivamente do remanejamento de população.

Os custos das soluções não serão repassados as famílias vulneráveis

Por famílias vulneráveis se entende a) famílias residentes em moradias cujo valor


de venda é inferior a R$ 20.000,independentemente de sua condição de
dono/ocupante/proprietário. do imóvel afetado; e cuja renda familiar é inferior a
R$ 600,00; (ii) pessoas e ou casais idosos ( mais de 65 anos) residindo em uma
moradia cujo valor de venda é inferior a R$ 20.000; 1
1
A equipe responsável pela elaboração do PAAR-CORUMBA trabalhará a definição de Família
Vulnerável, bem como os indicadores que deverão ser aplicados a cada caso , na perspectiva de classificar
o universo de remanejamento por graus de vulnerabilidade. As indicações de valores e faixas de renda
apresentadas neste documento são ilustrativas.

8
Entende-se que grupos nas situações indicadas não tem condições de assumir
dividas associadas à reposição da moradia que precisa ser demolida para liberar
área requerida para implantação do Projeto. Também não devem ser consideradas
como se fossem “candidatos” ao atendimento da demanda local por habitação. São
afetados por um empreendimento de caráter publico, sua saída é compulsória, com
data certa para acontecer.

Nesta perspectiva, o PARR-CORUMBA assumiria que (i) seu publico alvo é


majoritariamente insolvente do ponto de vista social: fazem parte de uma parcela
da população que já foram excluídos das possibilidades de uma moradia decente
( por isso mesmo residem onde residem, em locais que não estavam apropriados
por regras do mercado imobiliário local);

A premissa segundo a qual não recairá sobre a família remanejada o custo da


solução ira requerer regulamentação especifica para celebração de Contrato de
Permuta entre o Governo do Estado do Amazonas e cada uma das famílias que
deverão ser deslocadas da área requerida para implantação do PROJETO
CORUMBA. exceção feita, evidentemente, aos casos habilitados ao instituto da
desapropriação/indenização focalizados anteriormente neste capitulo.

O contrato em pauta irá reger e instrumentar a concretização da premissa segundo


a qual o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul proporá permuta da moradia
afetada por outra moradia, disponibilizada para a família através das alternativas
registradas no presente documento, sem custos relativos a qualquer diferença que
possa haver entre o valor da moradia afetada e o da moradia de reposição.

O uso do sistema de Permuta como meio através do qual se viabilizara


remanejamento de população depende de autorização do Poder Legislativo, e nesta
perspectiva na equipe que se encarregara de formatar o PARR-CORUMBA será
necessário especialistas da área jurídica os quais deverão traçar e realizar os
encaminhamentos requeridos tanto para formação do FUNAR como para
operacionalização do preceito da Permuta.

Em que pesem as Bondades de aplicação do preceito em tela, é preciso não perder


de vista que ele pode excluir os Inquilinos, uma vez que esta categoria não tem o
que permutar. Para evitar tal exclusão ( embora ainda não sabermos a quantidade
de inquilinos que será encontrada residindo em moradias afetadas, é liquido e
certo que esta categoria estará presente no universo afetado), poderá ser estudada a
possibilidade de realizar a reposição da moradia através do sistema de Concessão
de Uso. Neste sistema, a propriedade do imóvel de reposição não é imediatamente
repassada à família afetada, conforme ocorre com os casos de donos/ocupantes/
proprietários.

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Tratamento Pluralista

Embora entendidas como “ famílias de baixa renda”; “ famílias residindo em situação de


risco”, as famílias alvo de remanejamento apresentam singularidades. Ainda que esteja por
ser realizado o cadastro socioeconômico que permitira tipificar as famílias alvo, admite-se,
com base nas informações disponíveis, ser heterogênea a configuração física, dominial,
ambiental e socioeconômicas dos imóveis que serão demolidos e das famílias que deverão
ser remanejadas.
Sob o ângulo da subsistência familiar, por exemplo, fatalmente o cadastro socioeconômico
que deverá ser realizado apontará que existem famílias com dependência locacional do
entorno para o desenvolvimento de ocupações remuneradas estáveis, cujo remanejamento
para regiões distantes poderia ocasionar transtornos para continuidade das atividades. Mas
poderão existir, também, famílias para as quais residir onde residem não garante acesso a
trabalho remunerado e para estas a mudança para outra região poderia até ser oportunidade
de tentar inserção em outro contexto de oportunidades de trabalho.
Sob o angulo da condição de ocupação do imóvel, as informações disponíveis sobre a área
indicam a possibilidade de nos depararmos com distintos condições de ocupação dos
imóveis: Donos/proprietários residentes Donos não residentes e seus inquilinos, Pessoas
vivendo sob a condição de imóvel cedido. Cada uma destas categorias possui direitos e
capacidades distintas frente ao processo de remanejamento.
Outro aspecto que diferencia a população alvo de remanejamento, e que poderá influenciar
a adesão das famílias a esta ou aquela alternativa de remanejamento diz respeito as
diferentes predisposições e expectativas das famílias com relação ao tipo de moradia de
reposição.
Os aspectos distintivos da população alvo de remanejamento, abordados a titulo de
exemplo nos parágrafos anteriores, implicam diferentes predisposições, vulnerabilidades e
capacidades de readaptação em um processo de deslocamento involuntário, entendimento
este que remeteu à adoção de uma abordagem pluralista, no sentido de se construir varias
alternativas e modalidades de reposição de moradias, aderentes à diversidade de situações
socioeconômicas, capacidades e vulnerabilidades das famílias alvo de remanejamento.

Alternativas para Reposição de Moradia e Remanejamento de População

Operacionalmente, assumir a diretriz de uma abordagem pluralista implica a intenção de


elaborar um Plano de Remanejamento que ofereceria às famílias três alternativas de
tratamento : (i) a compra de outra moradia, a venda no mercado imobiliário local/regional;
(ii) a construção de Vilas : pequenos núcleos composto no Maximo por 20 moradias cada
um, distribuídos em diferentes pontos territoriais, evitando assim a “ periferização”
habitacional no município de Corumbá, a exemplo do que ocorre quando o modelo
adotado para tanto são os tradicionais “ Conjuntos Habitacionais”, caracterizados pelo
gigantismo e por sua localização em áreas distantes; (iii) Indenização em Dinheiro.
Na qualidade de um Escopo seguido de um Guia para elaboração do PDDR-AMAPA o
presente documento propõe um cenário de alternativas para tratamento do tema. No
capitulo posterior a este se apresentam as decisões institucionais bem como os estudos e

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respectivos procedimentos que devem ser realizados para detalhamento executivo de
cada uma das alternativas em pauta.

A idéia central é distribuir as famílias alvo de remanejamento entre três tipos de


soluções, em lugar de pretender trasladar a todas para uma única solução, como por
exemplo, um conjunto habitacional.

Nesta perspectiva, os casos a remanejar poderiam ser distribuídos entre três soluções :
(i) permuta da moradia afetada por uma casa comprada no mercado imobiliário local;
(ii) transferência para uma unidade residência em “ Vila Residencial a ser construída
pela AGEHAB; ( iii) Indenização em Dinheiro.

Compra de Moradias no mercado Imobiliário Local-Regional

Operacionalizado através de mecanismos conhecidos como “Carta de Crédito”; “Bônus da


Habitação”; “Verba de compensação”, entre outros, o mecanismo em pauta vem sendo
cada vez mais recomendado por diferentes especialistas para ser incluído no elenco de
alternativas para conduzir remanejamento involuntário de população.

Esta tendência deriva das Bondades Sociais do mecanismo, em especifico do fato de que é
a família (e não o Estado) quem executa todas as ações do processo, cabendo ao poder
publico o papel de Facilitador e Regulador das relações entre a população de baixa renda e
o mercado imobiliário.

Em resumidas contas, o mecanismo em pauta ocorre da seguinte maneira:


(i) O Governo do Mato Grosso do Sul define o valor de um Bônus, bem como os critérios que
devem ser observados para comprar a nova moradia, tais como: não estar situada em área não
edificandis; dispor de instalações sanitárias, entre outras;
(ii) Cada família, informada do valor e dos critérios busca no mercado imobiliário, onde bem
entender, uma moradia que atenda os referidos preço e critérios;
(iii) A moradia encontrada é submetida à aprovação de um comitê técnico especificamente criado
na AGEHAB para tanto, o qual analisa e conclui sobre a concordância da proposta trazida por cada
família com os critérios pré-estabelecidos para compra da residência
(iv) A transação é realizada entre a AGEHAB e o proprietário do imóvel a venda, não passando
pela família que buscou o imóvel nenhum valor correspondente a operação;
(v) Realizada a transação, e adjudicada formal e legalmente o imóvel para a família, o papel do
Estado no processo de remanejamento se encerra com o acompanhamento da mudança para o novo
imóvel.

A aplicação do mecanismo em pauta à processos de remanejamento involuntário de


população tem sido condicionado pelo tamanho da oferta de moradias no mercado
local/regional vis-a-vis o valor e sob os critérios estabelecido.

Nesta perspectiva, um dos estudos centrais antes da adoção da alternativa no âmbito do


PARR-CORUMBA será, justamente, o exame do mercado de moradias populares em
Corumbá e região, conforme indicado no próximo capitulo deste documento.

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Alem da oferta de moradias a venda no mercado imobiliário local outro aspecto que pode
condicionar a aplicação da alternativa diz respeito ao potencial do mercado da construção
civil para construção de moradias populares. Dependendo das características deste setor,
bem como de estratégias que possam ser adotadas pela AGEHAB, o processo de reposição
de moradias afetadas poderá engendrar uma dinamização do mercado da construção civil
quando da aplicação desta modalidade de reposição de moradias. Isso em função de um
código básico da Economia, segundo o qual sempre e quando existe uma demanda
financeiramente habilitada, o capital reage para atender essa demanda. A titulo de
ilustração desse código de mercado: simulando que se decida aplicar em torno de 150 casos
de distribuição de Bônus Moradia no âmbito do processo de remanejamento do Projeto
Corumbá, com um valor de referencia de R$ 24.000 por caso.( U$ 8.000 custo unitário da
solução). Neste cenário, o Governo estaria vertendo, a curtíssimo prazo para o município
de Corumbá, para o ramo da construção civil, recursos da ordem de hum milhão e duzentos
mil dólares. A experiência ensina que em situações como essa, nascem c/ou se consolidam
pequenas empresas construtoras que conseguem produzir, e obter lucros com a construção
de moradias populares. Promotores e construtores , tendo em mira o volume de recursos
lançados no mercado através do mecanismo, passam a ser integrantes do processo de
remanejamento,. Esses atores buscam terrenos, fazem o projeto e vendem os mesmos às
famílias a remanejar, emergindo, em geral, atributos inerentes a situações de concorrência,
o que favorece em muito os “ consumidores”, ( no caso a população alvo de
remanejamento) que passam a receber proposta sempre melhoradas.

Nesta perspectiva, a equipe responsável pela elaboração do PAAR-CORUMBA deverá


analisar as possibilidades de fazer do processo de remanejamento de população, também
uma oportunidade de dinamização do setor da construção civil. Esta possibilidade deverá
ser pensada em termos de tempo. Ao contrario da captação de moradias disponíveis no
mercado imobiliário local, a construção de moradias pelo setor privado da construção civil
poderá exigir um tempo maior que aquele determinado pelo cronograma de retirada das
famílias.

Indenização em Dinheiro

A indenização em dinheiro pelo bem desapropriado é direito assegurado tanto à


proprietários como para ocupantes ( donos) de imóveis. Os proprietários têm direito de
receber a soma correspondente ao valor do terreno e ao valor das benfeitorias nele
existentes (casa e demais componentes físicos). Aos ocupantes (donos) é assegurado o
direito de receber unicamente o valor correspondente as benfeitorias ( no caso a moradia-
palafita), uma vez que o terreno onde está situada sua moradia não lhes pertence.

A experiência ensina que aplicar indistintamente a indenização em dinheiro para o caso


dos ocupantes costuma resultar em uma transferência do problema e não na solução do
mesmo.Em função do fato de ser reduzido o valor alcançado pelas moradias afetadas, o
mesmo fica longe do valor de uma moradia adequada tanto do ponto de vista de sua
localização, documentação e principalmente sob o ângulo de suas condições físicas,
sanitárias e ambientais. Nesta perspectiva, fica instaurado o dilema : a mesma via que
garante o direito constitucional das famílias de receberem em dinheiro o valor de suas
moradias é a mesma que condiciona reinstalação inadequada dessas famílias no parque de
moradias. É também a mesma via que condiciona um desperdício de recursos públicos, no
sentido que os investimentos em desapropriações e indenizações poderem ser aplicados
duas ou mais vezes a uma mesma família que com o valor da indenização se instala em

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outras áreas não edificandis, de onde deverá ser retirada em outro momento pelo mesmo
poder publico que a retirou da área anterior.

Tendo em vista o anteriormente exposto, deverá o PARR-CORUMBA ser formatado à luz


do preceito de que embora garantida constitucionalmente para todos os casos, a aplicação
da indenização em dinheiro é destinada, preferencialmente, aos proprietários de imóveis e
donos de benfeitorias cujo valor alcança o preço de uma moradia apropriada a venda no
mercado imobiliário local.

Decreto de expropriação para o caso de imóveis titulados e Decreto de


Reintegração de Posse para o caso de áreas de domínio publico ocupadas
ilegalmente.

Embora assumindo o principio da negociação, a existência de imóveis titulados


( propriedade privada) no território afetado indicará necessidade de se contar com um
instrumento que possa ser usado quando não for possível adquirir o imóvel através de
negociação direta, após realização de todos os esforços possíveis para tanto.

Este recurso é o Decreto de Expropriação por Utilidade Publica. Sua emissão deve constituir referencia para
preparação do processo de reposição de moradias e remanejamento de população que deverá ocorrer no
âmbito do PROJETO CORUMBA.

Participação das Famílias na Localização e Modelo das Vilas Residenciais

A localização das Vilas deverá contar com participação direta das famílias
afetadas. As mesmas deverão interagir no tema através de suas instancias
representativas ( Comitês Locais de gestão Compartilhada).

A equipe responsável pela elaboração do PARR-CORUMBA indicará


detalhadamente como o processo ocorrerá. Por exemplo: (i) pesquisa de lotes
disponíveis na região, realizada pelas famílias que optam pela alternativa e pela
equipe técnica do Projeto; (ii) assembléia de apresentação das possibilidades,
sendo que esta assembléia ( conduzida pelo Conselho) contarão com ata e lista de
presença devidamente assinada; (iii) outras.

Constitui fator de aceitação social da proposta o envolvimento e influencia efetiva


das famílias no processo de busca e escolha dos locais onde serão construídas os
núcleos residenciais ( Vilas).

Além da participação na definição da escolha do terreno, constitui fator de êxito o


envolvimento da população afetada no desenho urbanístico e arquitetônico. Por
exemplo, a partir de uma negociação com a população afetada , foi definido o
modelo conhecido como Moradia Progressiva: para elevar a superfície da
moradia sem alterar os custos, a casa é entregue com fachada terminada.
Interiormente, as moradias possuem apenas um banheiro fechado e pia de cozinha
instalada. Progressivamente, a família vai fechando os cômodos. Todos os
serviços e infra-estrutura da Vila são entregues totalmente concluídos e operantes.

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Adesão das famílias por uma Alternativa de Tratamento

Cada uma das famílias afetadas vulneráveis escolherá entre duas alternativas para
reposição da moradia afetada : (i) permutar a moradia afetada por outra moradia
adquirida no mercado local regional; (ii) permutar a moradias afetada por outra
moradia, localizada em Vilas a serem construídas pelo Governo do Estado do
Mato Grosso do Sul.

Para os casos considerados como não vulneráveis ( moradias cujo valor de


indenização ultrapassa R$ 30.000- por exemplo) será oferecida a indenização em
dinheiro.2

A Adesão das Famílias às alternativas de Remanejamento constitui um processo


que culmina com a assinatura de um Acordo de Adesão, firmado entre cada uma
das famílias com o Governo do estado do Mato Grosso do Sul. No capitulo
posterior estão indicadas as ações que permeiam este processo. A disponibilidade
do ELO, base física da elaboração e implantação do PAAR-CORUMBA,
anteriormente abordado neste documento é fator indispensável para execução
desse processo, assim como a disponibilidade do Conselho e dos Comitês de
Famílias Afetadas.

Isonomia

Todas as famílias, independentemente de sua condição de ocupação e relação com o


imóvel (proprietários, donos, ocupantes e locatários) serão alvo de tratamento, devendo ser
aplicado à cada uma dessas categorias, soluções aderente às suas capacidades e
vulnerabilidades frente o processo de remanejamento.

Nesta perspectiva, o PARR-CORUMBA deverá indicar que tipo de tratamento é aplicável


a cada uma das categorias sociais pertencentes ao universo alvo de remanejamento.

Ainda que tais categorias venham a ser conhecidas, quantitativamente, com os resultados
da realização do cadastro socioeconômico, a titulo de ilustração para a equipe que deverá
elaborar o PARR-CORUMBA, tradicionalmente costumam aparecer as seguintes
categorias e tipos de tratamento :

Proprietários/ Donos Residentes de uma única moradia situada em zona afetada : aplicação
de uma das três alternativas de remanejamento anteriormente mencionadas neste
documento;

Proprietários/Donos de mais de uma moradia situada em zona afetada, residindo em uma


delas e alugando as demais : pela moradia que reside, aplicação de uma das três
alternativas de remanejamento anteriormente mencionadas neste documento; as moradias
alugadas serão indenizadas em dinheiro independentemente se o valor das mesmas alcança
o conceito de moradias vulnerável .

2
Evidente que a equipe responsável pela elaboração do PARR-CORUMBA deverá criar e consolidar o
conceito de família vulnerável e não vulnerável. Os exemplos dados neste documento são apenas
indicativos, no sentido de orientar as direções dos estudos e definições requeridos.

14
Proprietários de uma ou mais moradia situada em zona afetada, não residente em nenhuma
delas aplicação da indenização em dinheiro independentemente se o valor das mesmas
alcança o conceito de moradias vulnerável .

Locatários : adjudicação de uma nova moradia construída em Vilas ou adjudicação de


moradia comprada no mercado imobiliário local, através do regime de Concessão de Uso.

Controle da quantidade de soluções requeridas.

É recorrente o aumento de população em áreas requeridas para implantação de


empreendimentos públicos. Em especial quando tais empreendimentos contemplam
soluções de moradias para as famílias que precisam ser deslocadas. Esta tendência é
resultado da convergência de uma série de fatores observados em experiências similares ao
PROJETO CORUMBA, entre os quais merecem destaque: (i) A impossibilidade de
atendimento, por parte do Estado, da demanda de moradias para população de baixa renda.
Nestes contextos, planos como o PARR-CORUMBA pode representar, para a população,
uma alternativa de atendimento da demanda de moradias, que não consegue ser atendida
pelo Estado. (ii) Os longos prazos do ciclo de planejamento e execução do
empreendimento, em geral não inferiores a quatro anos. A experiência ensina que quanto
maior o horizonte de tempo para implantação do Projeto, maiores as chances de
reprodução do numero de famílias em áreas afetadas; (iii) O existente, sobejamente
conhecido e quase nunca encarado, mercado clandestino de compra e venda de moradias
localizadas em áreas irregulares.

Nesta perspectiva, o assunto precisa comparecer como componente do PARR-


CORUMBA, sob pena de enfrentar a médio/longo prazo problemas com o orçamento
inicialmente previsto para remanejamento de população.

A titulo indicativo para a equipe que deverá elaborar o PARR-CORUMBA, parece


oportuno apontar aqui que o assunto tem sido tratado, em experiências similares, através
da aplicação de um conjunto de ações combinadas, como as descritas a seguir.

Exemplo de Ações para controle da quantidade de soluções a prover

(i) Celebração de Acordo com o Conselho e os Comitês Locais ( instancias


mencionadas no item Gestão Compartilhada) para gestão do controle de ocupação da
área por novas edificações e de novas famílias nas residências já existentes. A
celebração deste acordo requer dispor dos elementos indicados no item Gestão do
Processo de Remanejamento, neste documento. ( Escritório Local da AGEHAB nos
bairros alvo em Corumbá; estabelecimento dos atores : lideranças locais devidamente
mapeadas, abordadas e sensibilizadas para atuar em conjunto com AGEHAB no
processo de remanejamento);
(ii) Realização do Cadastro Socioeconômico em cada uma das moradias definidas
como afetada ;
(iii) Entrega, para cada família cadastrada de um Certificado de Cadastramento,
devendo tal certificado ser NOMINAL E INTRASFERIVEL;

15
(iv) Publicação, em jornais de circulação local e em site especifico da AGEHAB
( deverá ser criado para tanto), nome e endereço de cada uma das famílias cadastradas;
(v) Materialização da poligonal de remanejamento: instalar, nas “ fronteiras”
dos territórios afetados elementos físicos ( “ estacas” “ colunas com logotipos do
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL DE CORUMBA ) de tamanho
visível a qualquer pessoa passante pelo local.

(vi) Marcação das moradias cadastradas: Consiste em aplicar, em cada caso onde
será realizado o cadastro socioeconômico, uma placa do PROJETO DE DESENVOLVIMENTO
SÓCIO-AMBIENTAL DE CORUMBA

(vii) Instalação de Placas Informativas : Consiste em instalar, no interior do


território cujas fronteiras receberam materialização da poligonal , de Informativos ( Placas)
sobre a destinação da área para implantação de obras e ações do Projeto, com informações
como : “ Nunca compre ou construa neste local sem antes consultar a AGEHAB. Sua
consulta pode ser realizada no Escritório de Gestão Local, situado à Rua............., n...........,
com atendimento ao publico das .............................as................horas.

(viii) Celebração de Convenio com a Prefeitura Corumbá (Setores


Habitação/Fiscalização) para controle da quantidade de soluções.

É imprescindível assumir que a eficácia das ações de controle da expansão da quantidade


de soluções de remanejamento esteve associada, em empreendimentos similares, aos
efeitos decorrentes da aplicação de todas as ações indicadas e assim sendo a não
observância de uma delas poderá desfavorecer o resultado geral esperado.

O Uso de Soluções Habitacionais Provisórias

Em Projetos de longa duração ( mais de dois anos), como é caso do PROJETO


CORUMBA, é oportuno prever a possibilidade de ser necessário retirar famílias da área
em momentos onde ainda está em curso a efetivação da solução para repor moradias : ou
bem estão em construção as moradias das Vilas,para o caso das famílias que optam por
essa solução, ou a família ainda não encontrou a moradia para comprar no mercado
imobiliário local e regional. Não obstante, pode acontecer que por razoes ligadas a
segurança das famílias ( ocorrência de enchentes, deslizamentos, e outros) e/ ou razoes
ligadas ao andamento das obras, não é possível parar as obras esperando a liberação da
área.

Ainda que seja desaconselhável e indesejado o uso de soluções transitórias de


remanejamento, isso não dispensa a necessidade de se ter disponível mecanismos para
tanto. Nesta perspectiva, a equipe responsável pela elaboração do PAAR-CORUMBA
dedicará um quantum de trabalho ao tema e como ilustração para abordagem do mesmo se
registra neste documento preceitos adotados em experiências similares.

Será admitido o uso de mecanismos de transição sempre e quando no período de


disponibilização de moradias, houver manifestação de dois fatores: a) ocorrência de
enchentes e ou alagamentos colocando em risco de vida as famílias a remanejar b) atrasos
do processo de disponibilização de moradias por problemas cujo equacionamento em
tempo hábil não dependa exclusivamente dos gestores do Projeto.

16
Nestas situações, será admitida uso de (i) locação temporária e/ou de (ii) Acomodações
Residenciais de Transição (A.R.T), conforme referenciado a seguir:

Locação Temporária

Trata-se de acomodar as famílias que estão esperando conclusão das moradias de


reposição em residências alugadas pela AGEHAB . O prazo de uma locação residencial
temporária não deve ser superior a 6 meses.É possível criar o “ Apoio Locação” : famílias
que preferem podem ir morar com parentes ou amigos. Estes recebem, em troca do
acolhimento da família afetada, uma “ bolsa” de R$ 300,00. No caso de locação direta de
imóvel disponível no mercado, será oportuno providenciar um rol de imóveis a alugar.

Alojamento Residencial de Transição ( ART)

Uma A.R.T. comportará um numero médio maximo de 30 soluções de moradia; requeridos


e as famílias não deverão permanecer na mesma por período superior a 6 meses; (ii) a
localização preferencial de uma ART é o terreno onde está em curso a construção das
moradias definitivas,ou em terreno vizinho, onde estão sendo construídas as moradias
definitivas; Uma ART deve conter: a) habitações individuais de tamanho aceitável (28 à
36m2) e qualidade/ durabilidade suficiente para comportar passagens de levas sucessivas
de família; b) área mínima de alvenaria em cada habitação individual que permita
instalação de pia interna (e fogão); sistema elétrico que suporte (sem risco de incêndio) a
instalação de aparelhos eletrodomésticos mais usuais; c) blocos sanitários por grupos de
5 famílias (incluindo área coberta para tanques de lavar roupa); d) áreas de circulação
interna entre blocos de habitações (para reduzir o grau de promiscuidade); f) área de lazer
(para permitir as crianças brincar com seguridade); g) cercas de proteção no entorno; h)
havendo demanda para estacionamento, este deverá ser próximo, porem externo ao
espaço da A.R.T., para evitar riscos de acidentes de veículos e moradores, não apenas com
carros, mas também com motos e bicicletas; i) um espaço coberto, para uso de lazer, onde
estará disponível uma TV e jogos educativos; j ) um espaço para Escritório de Gestão
Local, onde estarão, diariamente, 1 assistente social e uma psicóloga social para cada 30
famílias alojadas na A R. T. Este espaço é de fundamental importância e não deverão ser
poupados esforços para sua disponibilidade. Isto porque uma das grandes vantagens do uso
de A.R.T. em processos de remanejamento está, justamente, na maior eficácia do
mecanismo na preparação da população para o translado às novas moradias. Estando as
famílias reunidas diante de suas futuras casas em construção, costuma ser bem mais alto o
grau de adesão a uma serie de ações pré-traslado, geralmente desenvolvidas com maiores
dificuldades quando as famílias estão dispersas em suas moradias na área afetada. Esse
mecanismo também facilita a apropriação do entorno pelas famílias, que paulatinamente e
com apoio direto das assistentes sociais vão sendo apresentadas aos equipamentos e
serviços que passarão a fazer parte do seu cotidiano, tais como farmácias, comercio de
abastecimento domésticos, linhas e pontos de embarque ônibus, etc. Em síntese, embora
concebido como mecanismo para uso nas situações anteriormente indicadas, são
inequívocas as vantagens do uso de Acomodações Residenciais de Transição (A.R.T) na
perspectiva de um processo de remanejamento por fases, ou seja sem um traslado direto da
moradia afetada para a nova moradia, sempre e quando implantadas segundo os critérios
aqui explicitados.

17
Licenciamento ambiental para implantação de Vilas Residenciais

Cada um dos Núcleos residenciais a ser implantado contará com Estudo de Impacto de
Vizinhança indicando as interferências físicas, biológicas, socioeconômicas e culturais que
poderão ocorrer no local e, sobretudo no entorno das áreas escolhidas para implantação
dos empreendimentos. O referido estudo, contendo elenco de ações mitigadoras e/ou
compensatórias das interferências será encaminhado ao FONPLATA como máximo 90
dias antes do inicio das obras de implantação de cada empreendimento. A implantação dos
empreendimentos está, adicionalmente, subordinada aos requerimentos da legislação
ambiental do país sobre a matéria.

Aspectos de gênero

A experiência ensina ser adequado emitir, em nome da mulher e dos filhos do casal a
documentação de propriedade da moradia de reposição. Ainda que seja desaconselhável, é
possível ocorrer elegibilidade de casos de compensação em dinheiro (indenização) por
famílias consideradas vulneráveis. Sempre e quando isso ocorrer, o pagamento irá requer
um documento escrito e assinado pela mulher e filhos manifestando que : (i) participaram
da escolha da solução e estão de acordo com ela; (ii) conhecem o valor da indenização,
local e data onde a mesma se efetivará; (iii) e estão de acordo com o uso que será dado ao
dinheiro recebido, explicitando qual é este uso.

II. COMPONENTES BÁSICOS DO PLANO DE AÇÕES REPOSIÇÃO DE


MORADIAS E REMANEJAMENTO DE POPULAÇÃO PARR-CORUMBA

O formato do PARR-CORUMBA, visto sob a forma de um Índice tentativo poderá ser


conforme especificado a seguir.

A. O formato do PARR- CORUMBA

O Plano poderá ser organizado em seis Seções articuladas.

A primeira Seção, denominada FUNDAMENTOS, contendo objetivos, metas e Diretrizes


orientadoras do processo. A segunda seção denominada Dimensionamento do Tema,
contendo resultados do cadastro Socioeconômico. A terceira seção, denominada Pautas
para remanejamento de população, contendo o detalhamento de cada uma das alternativas
adotadas. A quarta seção, intitulada Sistema de Gestão do processo de remanejamento
mostrando a estrutura organizacional, os atores agenda de eventos adotadas para facultar a
implantação do PAAR-CORUMBA sob os preceitos participativos definidos previamente.
A quinta seção, intitulada Monitoramento e Avaliação ex-post, dedicada aos
entendimentos, definições e procedimentos básicos para monitorar desde seus primórdios,
o processo de remanejamento de população e para realizar duas avaliações do mesmo.
Finalmente, a sexta seção, denominada Cronograma e Orçamento, onde estariam

18
distribuídas no tempo todas as ações e tarefas requeridas para execução do processo, bem
como um Orçamento das mesmas.

A seguir estão detalhados os estudos e procedimentos técnicos requeridos para composição


do PARR-CORUMBA no formato indicado nos parágrafos anteriores.

B. Estudos e procedimentos técnicos para composição do PARR-CORUMBA

Para compor o PARR- CORUMBA conforme o formato registrado nos parágrafos


anteriores será necessário realização de onze macro-atividades, com tarefas especificas,
conforme especificado a continuação.

Macro-Atividade 1 : Dimensionamento e Caracterização do Tema

Macro- Atividade 2: Consolidar o entendimento sobre casos afetados

Permanecerá o conceito de “Moradia de Risco” ou bem se assumira que deverão ser


remanejados todos os imóveis ( edificados ou não; ocupados ou não) presentes na área
onde se pretende recuperação e revitalização de áreas degradadas nos citados bairros; para
implantar obras de melhoria e ampliação da infra-estrutura e para prevenir a recorrência de
ocupações irregulares e desordenadas e propiciar espaços alternativos para atividades lúdicas da
população.

Esta definição determinará inclusive uma serie de atividades destinadas a dimensionar e qualificar a
quantidade de casos a tratar, conforme anteriormente sublinhado no primeiro capitulo deste
documento.

Macro-Atividade 2 : Dimensionar e caracterizar os casos a tratar (Realização


de cadastro Físico e socioeconômico)

Ações predecessoras da aplicação do questionário

Mobilização e Treinamento de Equipe

Os serviços de cadastro deve ser realizado, preferencialmente, por equipe especifica


contratada para tanto. A composição básica de uma equipe para realização do cadastro do
PARR-CORUMBA está recomendada no quadro a seguir.

Função Formação Preferencial Quantidade


Coordenador Ciências Sociais, Trabalho Social, Arquitetura, 1
Geografia
Supervisor de Geografia, Arquitetura e outras aportando facilidade de Um supervisor de
Campo leitura geográfica espacial campo para cada 50
casos de cadastros a
aplicar
Pesquisadores Serviço Social, Ciências Sociais, Pedagogia, Psicologia 10 pesquisadores para

19
cada 100 cadastros a
aplicar.
Revisores Mesma formação recomendada aos pesquisadores. 2 revisores para cada lote de
100 cadastros aplicados
Digitadores Ciências da Computação, Informática 3 digitadores, um para cada
Base de Datos ( Base
Cervejaria, Base Generoso,
Base Beira Rio)

(ii) Instalação das equipes em cada um dos Bairros de Corumbá

onde será realizado o cadastro ( Cervejaria, Generoso, Beira Rio).

O ideal seria que os Escritórios de Gestão Compartilhada ( ELO) já estejam


instalados no momento da realização do Cadastro, assim como os comitês de
gestão local. Neste espaço físico ( ELO) seriam desenvolvidas todas as outras
atividades preparatórias do cadastro listadas a continuação.

(iii) Definição da Envoltória do Remanejamento de População (ENRE)

Uma ENRE demarca as fronteiras do território físico onde estão instalados terrenos
com edificação ( moradias, estabelecimentos comerciais e outros) e terrenos sem
edificação ( “terrenos vagos”) sujeitos a desapropriação/ demolição após realizado o
remanejamento de população.

A identificação das referidas fronteiras é dada através de trabalho conjunto entre


engenharia e a equipe responsável pela elaboração do PARR-CORUMBA, ambos
dispondo do conhecimento capital para a iniciar a demarcação de uma END, a saber :
os tipos e localização física das obras e ações a serem implantados.

Confecção de Mapas escala 1:750, onde são plotados (i) os imóveis edificados
existentes na área definida como lócus das moradias a serem retiradas.

Serão elaboradas três ENREs uma para cada um dos Bairros de Corumbá componentes
do Projeto, através dos seguintes procedimentos : (i) Sobre foto aérea atual dos Bairros,
plotar manchas de cada obra a executar, ou se a opção for continuar com o
entendimento de que serão remanejadas apenas “ moradias em situação de risco”,
aplicar às moradias indicadores previamente definidos, de forma a localizar aquelas que
se enquadram no conceito; Ainda que o ponto de partida para elaboração do Mapa Base
possa ser uma foto aérea, esse procedimento deve ser apenas um ponto de partida. A
experiência ensina que demarcar imóveis através de foto aérea, ainda que recentes, leva
a uma contagem inicial de “ telhados”, e que nem sempre a uma correspondência entre
a quantidade de “ telhados” com a quantidade de moradias existente naquele imóvel.(ii)
Dispondo do Mapa Base criado a partir de foto aérea, o próximo passo é uma inspeção
de campo visando conferir a realidade em termos da quantidade de moradias existente
sob cada “ telhado” contado na foto.

20
(vi) Materialização da ENRE

Na perspectiva de garantir que a equipe de cadastradores aplique os questionários


nos casos contidos pela ENRE é necessário ter o cuidado de instalar, previamente
ao inicio dos trabalhos de campo, estacas de madeira demarcando fisicamente as
fronteiras da área dentro da qual estavam os imóveis que deveriam ser
cadastrados. Adicionalmente, a empresa contratada para aplicação dos
questionários deverá ter o cuidado de marcar previamente os imóveis nos quais os
pesquisadores deverão aplicar o questionário do cadastro.

(v) Definição dos critérios para aplicação do questionário no universo da ENRE

(i) Nos casos onde em um Imóvel Edificado exista uma residência ou


comercio ou outro uso, aplicar um único questionário.

(ii) Nos casos onde em uma edificação existirem duas ou mais residências,
estabelecimentos comerciais ou qualquer outro uso, aplicação de um questionário para
cada um deles. Caracteriza a existência de mais de um estabelecimento (residencial,
comercial, institucional ou sem uso definido por estar desocupado) em um mesmo
imóvel é a existência de entrada independente para cada um deles e separação física
( paredes) entre eles, correspondentes as entradas independentes.

(iii) Nos casos onde existam mais de uma família em um estabelecimento


residencial, será aplicado um questionário para cada uma delas.

(vi) Preparação, Teste e Consolidação do Questionário

No ANEXO 1 do presente documento está um modelo de formulário para


cadastro físico e socioeconômico. A equipe encarregada de elaborar o PARR-
CORUMBA. Como todos os outros elementos deste documento o modelo
apresentado em ANEXO serve de referencia para o trabalho da equipe
encarregada de desenvolver o PARR-CORUMBA, a qual deverá produzir o
questionário definitivo. Antes de sua adoção como instrumental do CSE, o
questionário adotado deverá ser testado: aplicação em 24 casos, oito em cada um
dos bairros alvo da intervenção. Após aplicação deverão ser realizadas as analises
de consistência de respostas frente ao tipo de pergunta, bem como os
aperfeiçoamentos de lay-out considerados pertinentes para tornar mais confortável
e legível possível a anotação as respostas de cada pergunta

Preparação da população

Estando criado o ELO anteriormente à realização do cadastro, as ações


informativas para sensibilização dos moradores ao atendimento dos cadastradores
se realiza a partir daí. Não se dispondo deste elemento, as ações deverão ser
deslanchadas e monitoradas pela AGEHAB.

21
Aplicação de questionários e traslado simultâneo das respostas para Planilha de Transcrição

Diariamente os pesquisadores devem entregar, aos Revisores, uma cota de


questionários preenchidos. Após revisar os questionários, os Revisores procederão
a transcrição ( manual) para a Planilha de Transcrição de Resultados.

Construção da Base de Dados

Fica desencorajada a passagem direta das respostas do questionário para a Base


Digital. O trabalho intermediário ( transcrição manual para a Planilha) tem se
mostrado fatal para garantir consistência do trabalho.

É importante ter em vista que a Base de Datos gerada pelo cadastro constitui o
Marco Zero para o Monitoramento e Avaliação ex-post que deverão ser realizados
no âmbito do PARR-CORUMBA.

Por este motivo, o modelo de Planilha indicado no Anexo 2 propõe o registro na


referida Base, de alguns indicadores não tabuláveis, como Nome e endereço de
cada um dos membros da Família cadastrada. Por este motivo também foi
proposto, no modelo em pauta, a inclusão de uma coluna onde serão registrados,
futuramente, os endereços das residências de reposição. Estes endereços serão
registrados paulatinamente ao atendimento de cada família.

Macro atividade 3 Concepção das alternativas para reposição de moradias e


remanejamento de população

No primeiro capitulo deste documento foi esboçado um formato do assunto, tendo sido
indicado que o tratamento do tema poderia se dar através da aplicação combinada de
três modalidades : (i) a permuta da casa afetada por outra casa comprada no mercado
imobiliário local regional ; (ii) a permuta da casa afetada por outra casa construída em
Vilas a serem construídas pela AGEHAB, e (iii) a indenização em dinheiro,
preferencialmente aplicável aos casos não vulneráveis.

Nesta Macro- Atividade seriam consolidar, alterar, aperfeiçoar o ponto de partida


proposto neste documento. Serão mantidas (e, portanto, alvo de detalhamento) as três
alternativas propostas? Construção de Vilas; Compra de Moradias disponíveis no mercado
imobiliário local e Indenização em Dinheiro?

Macro-atividade 4 : Detalhamento de cada uma das alternativas de Tratamento

Para cada uma das alternativas de tratamento adotadas, a equipe responsável pela
elaboração do PAAR-CORUMBA especificará :

(i) Uma caracterização detalhada da modalidade, em termos conceituais e


operacionais;

(ii) O publico alvo preferencial;

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(iii) Os critérios de elegibilidade : quais requisitos devem apresentar cada família para
poder optar por esta ou aquela alternativa. No primeiro capitulo deste documento foi dado um
ponto de partida sobre o assunto, nos itens “ Abordagem Pluralista e Isonomia”, através da
indicação de tratamento para famílias de proprietário, dono, residente, não residente, e locatários;

(iv) A quantidade de soluções que será ofertada para a população escolher entre elas
( por exemplo : 100 soluções aquisição de moradias no mercado imobiliário local/regional; 50
unidades habitacionais em duas Vilas, e assim por diante).

(v) Principais ações para implantação da alternativa ( por exemplo, para o caso da
alternativa de construção de VIlas : emitir decreto desapropriação, comprar terrenos, contratar
projeto urbanismo, proceder as consultas com a população, entre outros).

Para o caso da alternativa de aquisição de moradia disponível no mercado imobiliário


local/regional, se adianta neste Guia alguns aspectos merecedores de especial atenção
durante o detalhamento:

(i) Definição de Estratégias e Encaminhamentos para criação do FUNAR, especifico


para o PARR-CORUMBA;

(ii) Determinar o Valor do Bônus ( teto máximo para aquisição de uma casa no
mercado local). Tradicionalmente o valor máximo para compra de uma moradia é determinada
levando em consideração referencias tais como o valor de uma unidade habitacional construída
pelo Governo em CH Habitacionais, considerando-se não apenas o custo de construção da casa,
mas também o custo do terreno; o custo da infra-estrutura e serviços; e o custo das ações sociais
de remanejamento, como aquelas componentes de um processo de remanejamento de população.

(iii) Determinar os critérios que deverão ser observados pelas famílias para buscar uma
casa no mercado imobiliário, tais como : (i) Estar situada fora de zonas não edificandis; (ii) ser
de alvenaria; (iii) possuir instalações sanitárias; dispor de documentação básica de titularidade.

(iv) Estudo da oferta de casas a venda no mercado imobiliário de Corumbá que atendam
aos critérios anteriormente determinados. Este estudo pode contar com duas estratégias : (i)
Chamada, através dos meios de comunicação local , convidando os interessados em vender casas
sob os critérios determinados a enviarem proposta a AGEHAB. O comunicado informaria, ainda
que o Sistema de oferta de Moradias seria atualizado a cada seis meses, e colocado à serviço dos
cidadãos através dos escritórios da SUHAB e de site especifico, na Internet. (ii) Pesquisa em
anúncios de jornais locais; (iii) pesquisa de campo junto a imobiliárias da cidade de Corumbá.
Alem de servirem de base para uma analise do tema, os resultados da pesquisa formam a “ Bolsa
de Imóveis Populares a Venda em Corumbá”, e este cadastro é oferecido posteriormente às
famílias afetadas como ponto de partida para iniciarem suas buscas por uma moradia de
reposição.

(v) Analise da capacidade e interesse de pequenas empresas da construção civil, de


construir moradias que seriam compradas através do Bônus.

Para o caso da modalidade de repor moradias através da construção de unidades


habitacionais em Vilas, minimamente devera constar no PARR-CROUMBA, os seguintes
elementos:

23
(i) Disponibilidade de terrenos
(ii) Projetos Arquitetônicos
(iii) Mecanismos de Envolvimento e participação das famílias.
(iv) Licenciamento Ambiental

Macro Atividade 5 Distribuição dos casos a remanejar por tipos de soluções

Esta macro atividade envolve ações que culminam na distribuição dos casos a tratar
pelas alternativas de solução ofertadas pelo PARR-CORUMBA as famílias afetadas.

Dispondo da proposta definida ( macro-atividades anteriores) será realizado um


processo de consultas junto as famílias, através das seguintes ações : (i) Convocação
de lideranças seguida de reuniões onde são explicadas as características de cada uma
das soluções. Tanto a convocação como a realização de reuniões (ii) Convocação
coletiva das famílias seguida de reuniões com grupos com no máximo 30 pessoas, (iii)
Convocação Individual de cada uma das famílias, sendo neste evento dirimidas duvidas
que porventura ainda existam sobre as soluções de remanejamento e assinado o Termos
de Adesão à opção de remanejamento através da qual a família será retirada de seu
atual imóvel.

Ainda que possam pairar algumas incertezas no momento da realização do processo


apontado nos parágrafos anteriores, minimamente, neste momento, a equipe
responsável pela elaboração do PARR- CORUMBA, precisa dispor dos seguintes
elementos para abordagem das lideranças e famílias : a) Critérios de elegibilidade de
cada alternativa consolidados, a partir das referencias estabelecidas no PARR-
CORUMBA; b) Proposta Urbanístico e Habitacional acompanhado de Maquete das
Moradias a construir e/ou disponibilizar em Vilas a serem construídas; com prazos
previstos de entrega das mesmas; c) Mecanismos de funcionamento do FUNAR através
do qual se operacionalizará a alternativa “ Bônus”; Bolsa de Imóveis Populares a Venda
em Corumbá e outras localidades; d) Código de Conduta dos Corretores que
eventualmente se decida serão atores de apoio no processo; credenciamento de
corretores após terem passado por treinamento; critérios para aquisição da nova
moradia devidamente consolidados : d) Laudos de Avaliação de cada um dos imóveis
instalados no interior da Envoltória de Remanejamento;

No âmbito do PARR-CORUMBA estarão, portanto especificadas as estratégias e


instrumentais técnicos que serão utilizados para se proceder a formalização da adesão
através de um ciclo de reuniões que se inicia com Lideranças, depois com grupos de
famílias, culminando com reuniões individuais com cada uma das famílias, momento
onde é assinado os Termos de Adesão.

Macro Atividade 6 Concepção da Logística do processo de reposição de moradias e


Remanejamento de População;

A elaboração do PARR CORUMBA deve contar apontar as direções e seqüência de


entrada e prosseguimento da retirada de famílias de seus domicílios de origem, na

24
perspectiva de garantir as estratégias para que o processo de remanejamento seja
realizado gradualmente, de maneira racional e eficiente, atendendo a dois
condicionantes ; (i) as necessidades das obras; (ii) o ritmo do mercado local para
disponibilizar as moradias de reposição; (iii) a consecução das ações predecessoras para
retirada das famílias, entendendo-se que nenhuma família deve ser retirado do imóvel
que ocupa sem antes haverem sido cumpridas as seguintes ações : a) ter sido
cadastrada; b) ter recebido certificado nominal e intransferível do cadastramento; c)
avaliação do imóvel, realizado por firma independente, credenciada para tanto, devendo
esta avaliação ter sido apresentada a família antes do momento da formalização da
adesão; d) formalização da adesão da família por uma das alternativas de solução
preconizada no PARR-CORUMBA.

Macro Atividade 6 Concepção do Modelo de Gestão do processo de


remanejamento

Ainda que se disponha de um sistema de gestão para todo o Projeto Corumbá, que já conta,
inclusive, com uma Unidade Coordenadora gerenciada , a experiência ensina sobre a necessidade
de um “ sub” sistema de gestão especifico para o processo de remanejamento de população.

Nesta perspectiva, a equipe responsável pela concepção do PARR-Corumba conceberá as


estratégias operativas desde “ sub sistema”, e isso precisa levar em conta conceitos anteriormente
definidos, os quais, no caso do presente Guia são aqueles associados a proposta de uma gestão
compartilhada entre o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e as famílias que deverão ser
deslocadas de suas atuais moradias.

O termo gestão compartilhada designa um sistema através do qual são as ações componentes do
processo de remanejamento preconizadas no PARR-CORUMBA serão executadas de maneira a
garantir a influência dos diversos grupos e instancias sociais e institucionais envolvidos com o
plano.

Mais especificamente, o termo Gestão Compartilhada designa um arranjo operacional para dar
sustentação à premissa de incorporar processos participativos ao longo de todo o ciclo de
implantação do PARR-CORUMBA, em especial e particularmente na etapa preparatória do
remanejamento.( Fase Pré Traslado)

Isto porque garantir a interveniência das famílias nesta etapa é assegurar que a modelagem da
proposta incorpore as capacidades e predisposições das famílias com relação ao remanejamento.
Alias, não sendo garantida a participação comunitária nesta fase de preparação, fica sem
consistência a proposta de uma gestão compartilhada. Se determinadas e consagradas as
alternativas de remanejamento sem uma real participação das famílias, a inversão de recursos no
chamado “ processo participativo” terá sido meramente ritualística, no sentido de que este é o
ponto central de interesse da população alvo de remanejamento. Este é também o ponto critico
para emergência de conflitos que podem ser evitados ou minimizados quando um plano e
projetos executivos de remanejamento são construído com influencia direta de todas as
instancias e grupos envolvidos no tema.

A participação das famílias nas outras fases de implantação do plano, em especifico na fase pos
traslado, quando já se concretizaram as alternativas de remanejamento, se reveste de um caráter
fiscalizador da implantação das ações de apoio que lhes foram prometidas pela através do
PARR-CORUMBA.

25
Nesta perspectiva, no documento PARR-CORUMBA estarão especificadas a (i) estrutura
organizacional ( escritório local? ); (ii) os atores ( lideranças de afetados, conselhos, e outros)
(iii) pauta básica de atuação. O envolvimento de Secretarias/Setores/Departamentos de Serviço
Social, Cidadania e similares é aconselhável para apoio a equipe técnica que deverá elaborar o
PARR-CORUMBA.

Macro- Atividade 7 : Concepção do Sistema de Monitoramento.

A.DEFINIÇÃO DE MONITORAMENTO

Entende-se por Monitoramento o acompanhamento continuo e sistematico da implantação das


ações determinadas para alcançar os objetivos e metas de um plano, visando assegurar que tais
ações progridam, em consonância com as diretrizes, cronograma e orçamente previamente
adotadas. Sempre e quando for detectado problemas na evolução da implantação das ações, deve
ser enviado as instancias competentes não apenas o larme do problema, mas também e sobretudo
os encaminhamentos que devem ser assumidos para garantir a implantação do plano conforme
planejado.

Assim entendido, um sistema de monitoramento não se reduz a sistematização de inúmeros


dados e fatos organizados sob complexos modelos de informática. Ainda que requerendo a
formação de um Banco de Dados devidamente informatizado como meio para operar. Neste
sentido, dispor de um sistema de monitoramento é dispor de um componente fundamental de
Gestão.

Além de concebido para seguimento da implantação de um plano, um sistema de monitoramento


deve garantir as informações necessárias a relização da avaliação ex-post, prevista para ocorrer
depois do remanejamento das famílias para suas novas moradias. Essas informações dizem
respeito a disponibilidade de uma Linha Zero, correspondente a situação das famílias em suas
áreas de origem e a um grupo de controle, no mesmo período.

B.FATORES E VARIAVEIS OBJETO DE MONITORAMENTO.

A concepção de um sistema para acompanhar a implantação de um plano de remanejamento de


população envolve, de inicio resposta para uma pergunta bastante singela: “O que deve ser
monitorado?” Trata-se de uma questão fundamental na perspectiva de evitar que o
Monitoramento se transforme em um amontoado de levantamento e informes sobre um sem
numero de aspectos socioeconomicos culturais envolvidos na execução de um plano como o
PdR-IG40.
Pode ser assumido como resposta desta questão a premissa de que interessa monitorar aqueles
aspectos da implantação do plano cuja evolução possa colocar em risco o alcance de seus
objetivos e metas, bem como a observância das diretrizes que regem o plano.

Como todo plano, a implantação do PARR-CORUMBA estará condicionado a fatores de


natureza Institucional, Técnico e Financeiro. Cada um desses Fatores é modelado por variáveis
(ações e encaminhamentos – cuja evolução ao longo do ciclo de implantação modela e determina
as perspectivas de alcançar os objeticos e metas propostos.

26
A tabela incluida a seguir alinha, tentativamente, os referidos fatores e correspondentes
variaveis consideradas determinantes da evoluçao de implantação de um plano como o PARR-
CORUMBA na Fase de Viabilizaçao do Plano.

O detalhamento do Sistema de Monitoramento deverá, evidentemente, além de consolidar as


variaveis demarcadas para a Fase de Viabilizaçao, especificar aquelas alvo de acompanhamento
na Fase de Execução e de Pós Traslado das Familias.
Variaveis Alvo de Monitoramento na Fase de Viabilizaçao do PARR-CORUMBA Listado
Preliminar

Fatores e Variáveis
Fator Institucional
Decreto Desapropriação
Decreto desafetação
Lei Orçamentária
Lei Zona Interesse Social
Contrato Adesão
Contrato Permuta
Criação Fundo e Bônus
Licenciamento Ambiental para implantação de Vilas
Convênios para Controle da Quantidade de Soluções
Fator Econômico Financeiro
Situação Documental dos Imóveis a adquirir
Valor Atribuído aos Imóveis
Negociação de Valores com os Proprietários
Consolidação Planilha Custos ( Componentes
Fator Sócio-Politico Cultural
Controle Quantidade de Soluções
Adesão da População

Uma vez demarcadas as variáveis, o próximo passo para a montagem do sistema de


monitoramento é o desenho dos instrumentos para registro da evolução de cada uma
delas.

A titulo de exemplo para a equipe técnica responsável pela elaboração do PAAR-


CORUMBA, está incluído, a seguir, dois exemplos de ficha operativa. Uma para
acompanhar a situação documental dos imóveis que precisam ser adquiridos para
implantação das Vilas Residenciais. Outro para acompanhar a obtenção de licenças
ambientais.

Situação documental dos imóveis

Note-se que a ficha operacional contem, além do diagnostico da situação ( colunas 1,2,3
e 4, um prognostico –coluna5- uma proposição –coluna 6- e o acompanhamento
propriamente dito- coluna 7-, manifesto no registro das ações realizadas para atingir o
objetivo que, no caso, seria a regularização dos imóveis cuja documentação apresente
imperfeições capazes de causar obstáculos e retardar a aquisição das áreas. Este
registro-coluna 7- deve ter uma periodicidade definida, e no exemplo dado a seguir foi
colocado a periodicidade mensal. Finalmente, note-se que cada ficha operacional

27
contempla a elaboração de uma síntese, também mensal, da evolução da variável objeto
de monitoramento.

Variável : Situação Documental dos Imóveis-Modelo de Ficha Operativa para Monitorar Evolução
do Tema

Variável : SITUAÇÃO DOCUMENTAL DOS IMÓVEIS A ADQUIRIR


Possibilidade
Nome do de Execução dos Encaminhamentos
Proprietário Documentos Situação Tipos Regularização Encaminhamentos Requeridos
requeridos para
Existentes (*) De Irreg. Em Tpo Hábil Regularizaçao ( mensal)
Coluna 1 Coluna2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6
1

28
Variável Licenciamento Ambiental – Modelo de Ficha Operativa para Monitorar Evolução do
Tema.

Licenças a Obter Data Encaminhamentos Ações Estado de Decisões que


Meta Requeridos programadas Situação devem ser
para cumprir ( no mês) assumidas
com Para garantir
requerimentos data meta frente
a este ou aquele
aspecto
desfavorável
( percebido no
mês de registro)
Licença demolição a) estudos :
imóveis
e retirada
entulhos
Licença b)
Construção
Quadras Bairro
Licança c)
IMplantaçao CH

Macro Atividade 8 Concepção de Modelo para AVALIAÇAO Ex- Post

Recomenda-se assumir a realização de 2 avaliações do PARR-CORUMBA : uma intermediaria


e a outra, final. A primeira intermediaria se realizará 6 meses após a saída das primeiras 100
famílias de suas áreas de origem. A avaliação final se realizará 1 ano após saída de todas as
famílias alvo de remanejamento .

A Avaliação seria realizada por consultoria independente, contratada especificamente para tanto.

Na seqüência estão as referencias conceituais e metodológicas que poderão guiar a equipe


responsável pela elaboração do PAAR-CORUMBA na determinação de um Modelo para
Avaliação ex-post do remanejamento de população.

CONCEITO E OBJETIVOS

Sob o termo Avaliação se entende analise de cinco aspectos do processo de remanejamento

(i) Pertinência,( conexões entre : vulnerabilidade/capacidade das famílias de


restabelecer seu quadro de subsistência e o modelo de soluções físicas, financeiras e sociais
adotados para efetivar a remanejamento);
(ii) Eficiência,( comparação entre previsto e realizado em termos de prazos e
recursos ao longo do ciclo do processo de remanejamento;
(iii) Eficácia (graus de alcance dos objetivos e metas estabelecidos ) ;
(iv) Resultados da remanejamento nas condições de vida da população alvo do
plano

29
(v) Grau de Satisfação dos beneficiários bem como suas predisposições para
usufruir e manter a moradia que lhe foi adjudicada..3

Nesta perspectiva, constituem objetivos da Avaliação : (i) Determinar a Pertinência,


Eficiência, Eficácia dos da aplicação do PARR-CORUMBA; (ii) Identificar, analisar e
medir os Resultados da aplicação do Plano nas condições de vida das famílias beneficiarias
(iii) Identificar, analisar e medir o grau de satisfação das famílias com o processo
relocalizatório e com o produto ( nova moradia) ; (iv) Produzir recomendações de ajustes
para evitar repetições de aspectos desfavoráveis e potenciar reprodução de aspectos
favoráveis em próximas relocalizações que possam vir a ser necessárias em Projetos
similares .

Cada um dos objetivos da avaliação requererá encaminhamentos metodológicos e


procedimentos operacionais específicos para realização dos estudos.
B. RESULTADOS SOCIAIS DO REMANEJAMENTO NAS CONDIÇOES DE VIDA DA
POPULAÇAO DESLOCADA DO IGARAPE DO QUARENTA

Metodologicamente, a Avaliação de Resultados se caracteriza por encaminhamentos


destinados a (i) identificar e medir diferenças entre a situação antes ( quando as famílias
viviam em seus locais de origem e a situação após remanejamento para as novas
moradias. A diferença entre estas duas situações consubstanciam os efeitos do processo nas
condições de vida das famílias alvo.

Um dos maiores desafios para avaliar os efeitos de um Plano como o PARR-CORUMBA


nas condições de vida da população alvo consiste em “isolar” os efeitos atribuíveis ao
processo de remanejamento daqueles que se produziriam independentemente deste, por
força de condicionantes exógenos, gerados pelo contexto sócio-econômico onde ocorre a
remanejamento. O recurso metodológico consagrado para manejo do tema é a utilização
de um modelo de avaliação com grupo de controle.Este caminho implica avaliar a
evolução de algumas variáveis sócio-econômicas em dois grupos específicos : (i) grupo
constituído pelas famílias remanejadas; (ii) grupo composto por famílias com
características socioeconômicas semelhantes, que não foram submetidas à remanejamento
involuntário.

Formados os dois grupos, se compara a situação em que se encontravam “antes” da


intervenção com o “depois” da implantação dos empreendimentos , conforme enunciado de
referencia registrado no próximo parágrafo.

Considerando as famílias remanejadas como X e as famílias do grupo de controle como


Y; tomando X e Y como situação anterior à remanejamento; e x’ e y’ como situação
posterior a remanejamento, o efeito (Z) da remanejamento pode ser expresso da seguinte
maneira: Z= (x’- x) - (y’- y). Ou seja, a magnitude das mudanças produzidas nos
beneficiários (x” - x) em relação àquelas observadas no grupo de controle (y’ - y) será uma
medida dos efeitos atribuíveis exclusivamente á remanejamento. Isso sucede porque: se
(x’ - x) indica, para as famílias remanejadas, efeitos endógenos (resultantes da
3
Conceito de avaliação enunciado em 1984 pela Organização das Nações Unidas (ONU), in : ONU, “Pautas
básicas para el seguimento y evaluación de programas “. Conceito adotado por SCOMBATTI E CARVALHO in: Metodologia para
avaliação da remanejamento involuntária de famílias no ciclo de construção e operação da Usina Hidroelétrica Yacyretá, EBY 1995 ;
por SCOMBATTI ,Marilia, FRANCO, Celso e MARQUES, Ronaldo IN : Metodologia para Avaliação do Programa de Verticalização
de Favelas ( PROVER;, 1997; SCOMBATTI, M. Avaliação Ex Posto do processo de remanejamento de famílias afetadas pelo
PROCAV,, São Paulo, 2003, entre outros.

30
remanejamento) e exógenos (derivados de fatores externos do contexto onde a
remanejamento se efetiva); e se (y’- y) considera apenas efeitos resultado de fatores
exógenos, consubstanciados no grupo de controle, logo (x’- x) - (y’- y) elimina a
influência dos efeitos causados por fatores exógenos, restando somente a diferença
atribuída à remanejamento.

Para o caso das famílias alvo do PARR-CORUMBA os dados referentes à situação Antes
(X) são aqueles coletados através do Cadastro Sócio Econômico e que deverão compor,
com os ajustes necessários, o Banco de Dados do Sistema de Monitoramento, abordado no
capitulo anterior deste documento. Os dados referentes à situação pós-traslado para as
novas moradias ( X`) serão obtidos através de pesquisa direta com as famílias, através de
amostra formada por famílias cujos nomes e dados do formulário de cadastro estarão
disponíveis no Banco de Dados do Sistema de Monitoramento. Note-se a importância de
garantir, através do Sistema de Monitoramento, registro da localização de todas famílias
remanejadas, e não apenas das famílias que foram para Vilas a serem construídas pela
AGEHAB Isto considerando que todas as alternativas de relocalização serão alvo desta
Avaliação e assim sendo, não bastará conhecer o paradeiro daquelas que foram para uma
alternativa, mas também daquelas que optaram por outras alternativas, como o Bônus
Moradia.

ASPECTOS CENTRAIS DA AVALIAÇAO DE RESULTADOS


A Avaliação deverá colocar ênfase em cinco variáveis : (i) moradia, minimamente
abordada em suas dimensões física ; serviços e infra-estrutura; densidades de ocupação;
situação de propriedade; modificações físicas na residência; conservação e manutenção do
residência e seus componentes construtivos; predisposições de venda do residência ); (ii)
tipo e tamanho da família, verificando alterações, entre a situação anterior e posterior a
remanejamento, no tipo de família ( nuclear, expandida, grupo não familiar, pessoa
sozinha) e na quantidade de membros (iii) trabalho/emprego, minimamente abordado em
termos de setor de ocupação de cada um dos membros da família, tipo de ocupação;
condição de trabalho; local de trabalho; distancia do local de trabalho do local de
residência; tipo e custo do transporte do trajeto local de trabalho-local de residência; valor
da remuneração do trabalho, todas elas focalizadas na situação anterior e posterior a
remanejamento (iv) renda familiar, focalizando, além dos rendimentos do trabalho,
rendimentos advindos de outras fontes tais como aposentadorias, alugueis, entre outros, na
situação anterior e posterior a remanejamento (v) orçamento familiar, detalhado nos
seguintes rubros : (a) gastos com moradia (prestações, impostos, taxas de serviços e
outros; (b) gastos com educação : vestuário, material escolar e transporte, para cada um
dos membros da família estudando na situação anterior e posterior a remanejamento; (c)
gastos com saúde, abordando os quesitos consultas médicas e medicamentos na situação
anterior e posterior a remanejamento; (d) gastos com vestuários; gastos com lazer. (e)
saneamento, com ênfase para práticas de coleta e disposição final de lixo doméstico, nas
situações anterior e posterior a remanejamento).

Toda Avaliação deve ser Conclusiva e para tanto a equipe responsável pela realização da
mesma devera lançar mão dos métodos e técnicas garantidores deste tipo de abordagem,
como a construção de Indicador Síntese e seus correspondentes Indicadores Complexos.

É ainda preciso considerar que a população remanejada apresenta distintas capacidades


para reagir ao processo de deslocamento involuntário, . Essas diferentes capacidades ( em

31
geral associadas ao tipo de ocupação, local de trabalho e renda na situação anterior a
remanejamento) implicara diferentes resultados nas condições de vida entre todas as
famílias remanejadas, esperando-se, portanto, diversos tipos e graus de efeitos do
remanejamento junto à população alvo.

AVALIAÇAO DOS GRAUS DE SATISFAÇÃO DAS FAMILIAS

A avaliação do grau de satisfação das famílias remanejadas consistirá em captar a


satisfação das famílias com relação (i) ao produto ) nova moradia) entendido enquanto o
prédio- residência para onde foi relocalizado; (iii) ao modelo econômico ( custos da nova
solução de remanejamento, em particular dos serviços e impostos); (iv) ao processo de
adesão, preparação à mudança, mudança e adaptação ao local de remanejamento.

A medida do grau de satisfação das deverá ser construída através de pontuações que os
relocalizados atribuirão à vários atributos do processo e do produto. No formulário da
pesquisa de campo que deverá ser realizada junto as famílias remanejadas constará
questões sobre este aspecto da Avaliação.

AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA E EFICÁCIA

Eficiência

A Eficiência do processo de remanejamento deverá ser examinada sob uma ótica


comparativa entre o planejado e o realizado em termos de prazos e recursos das ações
constituintes do PDDR-PROSAMIM. Os descompassos entre o planejado e o executado
deverão ser identificados e hierarquizados em função dos caminhos críticos do processo
de remanejamento.

A abordagem da relação Previsto x Realizado deverá colocar ênfase : (i) na


disponibilização de moradias em tempo hábil vis-à-vis o cronograma de obras; (ii) nas
Ações sociais de pré e pós traslado.

Eficácia

Por eficácia entende-se o grau em que foram alcançadas as metas propostas em no PARR
corumbá. Trata-se portanto, fundamentalmente, de uma relação entre as metas idealizadas
e o grau de atingimento das mesmas.Verificar se os objetivos e metas do PARR-
CORUMBA foram alcançados, em que tempo e condições constitui, ênfase central da
avaliação de eficácia da remanejamento de famílias engendrada pelo Projeto.

Macro-Atividade 9 Cronograma Executivo

A equipe responsável pela elaboração do PAAR-CROUMBA especificara cada uma das


ações e tarefas que serão desenvolvidas ( ações e tarefas especificadas ao longo do
trabalho de elaboração do Plano) colocando, para cada uma delas, o tempo necessário
para execução.

32
Macro Atividade 10 Orçamento

A equipe responsável pela elaboração do PARR-CORUMBA elaborará um orçamento


considerando componentes físicos e financeiros ( pagamento indenizações; compra de
casas, construção de Vilas, entre outros) e componentes sociais e de gestão envolvidos
no processo de remanejamento de população.

A tradição de se orçar um processo de remanejamento basicamente pelo custo das


unidades habitacionais a repor costuma causar serias dificuldades de gestão.

A titulo de referencia, estão especificados, no quadro abaixo, os componentes ( rubros)


mínimos que devem ser considerados para concepção de um Orçamento de um processo
de relocalização.

Componentes Mínimos a Considerar


1. Estudos e Projetos
1.1 Cadastro Socioeconômico
1.2 Pesquisas e eventos sobre Oferta de Moradias
1.3 Pesquisa de Terrenos para construção de Vilas
1.4 Projetos Arquitetônicos Urbanístico das Vilas
1.5 Concepção de Sistema de Monitoramento
1.6 Concepção de Modelo para Avaliação ex-post
1.5 Avaliação dos Imóveis Afetados
2. Implantação alternativas de solução
2.1 Pagamento de Indenizações
2.2 Compra de Casas no Mercado Imobiliário Local
2.3 Construção de Casas em Vilas
3. Sistema de Gestão
3.1 Instalação de Escritórios Locais
3.2 Operação dos Escritórios durante 1 ano
Equipe Técnica
Eventos
Material de Expediente
3.3 Formalização da Adesão
4. Monitoramento
4.1 Coleta de Indicadores
4.2 Informes bimensais
5 Avaliação ex-post
5.1 Pesquisa de campo
5.2 Analise e Conclusão.

sub tota
Monitoramento
Detalhamento Executivo da Proposta
Formação da Base de Dados ( Linha de Base)
Levantamentos de Campo

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Informatização de Resultados
Coleta periódica evolução fatores, variáveis, indicadores
Sub total Monitoramento
AVALIAÇÃO EX-POST
Detalhamento Executivo do Modelo Apresentado no PDR
Levantamentos de Campo
Com famílias remanejadas ( 200 famílias)
Com famílias Grupo Controle ( 200 famílias)
Laudos
Sub Total Avaliação
TOTAL

34

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